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Mecânico de Manutenção

Aeronáutica

GRUPO MOTOPROPULSOR
Edição Revisada
23 de Outubro de 2002

INSTITUTO DE AVIAÇÃO CIVIL


DIVISÃO DE INSTRUÇÃO PROFISSIONAL
PREFÁCIO
Edição revisada
Este volume, Grupo Motopropulsor, foi revisado, tendo sido feitas correções em
todos os capítulos, bem como algumas alterações consideradas necessárias.
Este volume, Grupo Motopropulsor, é uma tradução do AC 65-12A do FAA
(Airframe & Powerplant Mechanics-Powerplant Handbook) e tem por finalidade
padronizar a instrução em todos os cursos de formação de mecânicos de manutenção
aeronáutica.
Este volume contém as matérias necessárias ao desenvolvimento da instrução
referente a especialidade Grupo Motopropulsor (GMP), tendo como complemento
obrigatório, o conteúdo do volume Matérias Básicas.
Os assuntos técnicos estão aqui apresentados sob um ponto de vista generalizado e,
de maneira nenhuma, devem substituir as informações e regulamentos oficiais
fornecidos pelos fabricantes das aeronaves e autoridades aeronáuticas.
Contribuíram para a tradução do AC 65-12A, as companhias aéreas Varig, Vasp,
Tam, Lider e os componentes civis e militares da TE-1. A revisão gramatical da
Primeira Edição foi efetuada por Helena Aquino de Araujo e a revisão técnica por Jorge
Nunes das Neves.
O DAC obteve autorização da editora (FAA) para traduzir o conteúdo desse
volume (AC 65-15A Célula de Aeronaves) e sua distribuição mediante indenização do
valor material, sendo proibida a reprodução total ou parcial do mesmo sem a
autorização do DAC (TE-1).
É de nosso interesse receber críticas e sugestões às deficiências encontradas para as
devidas alterações em uma próxima revisão.
O prefácio original, traduzido, está reproduzido nas páginas seguintes.
A correspondência relativa a esse manual deverá ser endereçada ao
Instituto de Aviação Civil – DIP
Avenida Almirante Silvio de Noronha, 369, Edifício anexo, CEP 20021-010 Rio de
Janeiro - RJ – Brasil, ou enviada ao e-mail: dacg302@uninet.com.br

III
PREFÁCIO DO MANUAL AC 65-12A

Esta circular consultiva é impressa para pessoas que se preparam para obter um
certificado de mecânico de Grupo Motopropulsor. Propõe-se apresentar informação
básica sobre princípios, fundamentos e procedimentos técnicos nas áreas relacionadas a
grupos motopropulsores. Designa-se a servir como guia para estudantes matriculados
em um curso formal de instrução bem como aqueles que estudam por conta própria.
Este volume é devotado a uma explanação das unidades que perfazem cada um dos
sistemas que unem combustível, ar e ignição em um motor de combustão de aviação e
também contém informação sobre as características de construção de motores, sistemas
de lubrificação, sistemas de escapamento, sistemas de refrigeração, remoção e
substituição de cilindros, verificações de compressão e ajustes de válvulas.
Pelo fato de existirem muitos tipos diferentes de motores de aeronaves em uso
atualmente, pode-se esperar pequenas diferenças em componentes similares. Para evitar
repetição desnecessária, a prática do uso de unidades e sistemas representativos é
adotada ao longo da circular consultiva. Assunto sujeito a análise ao longo do texto é
abordado de um ponto de vista geral e seu uso deve ser suplementado por consultas aos
manuais dos fabricantes e outros impressos se maior detalhe for desejado.
Essa circular consultiva não pretende substituir ou suplantar regulamentos oficiais
ou instruções do fabricante de motores, os quais devem ser consultados como fonte
autorizada final.
Agradecemos aos fabricantes de motores, hélices e acessórios de grupos
motopropulsores pela cooperação ao colocarem a disposição informações para inclusão
nesse manual.
Este manual contém material para o qual direitos autorais foram emitidos. Material
“COPYRIGHT” é usado com permissão especial da “United Aircraft Corporation”,
“Pratt and Whitney Aircraft Division” e não pode ser extraído ou reproduzido sem
permissão do proprietário do direito autoral.
Os avanços na tecnologia aeronáutica pedem que essa circular consultiva seja
periodicamente atualizada. Ela foi atualizada, erros foram corrigidos, novo material foi
acrescentado e alguns dados foram reagrupados para aumentar a utilidade do manual.
Apreciaríamos, entretanto, que possíveis erros sejam levados ao nosso
conhecimento bem como sugestões para melhorar sua utilidade. Seus comentários e
sugestões serão retidos em nossos arquivo até que a próxima revisão seja completada.
O endereço para correspondência referente a esse manual é o seguinte:
U.S. Departament of Transportation
Federal Aviation Administration
Flight Standards National Field Office
P.O. Box 25082, Oklahoma City, Oklahoma 731
Os manuais que formam a série com o AC 65-12A são o AC65-9A e AC 65-15A.

V
CONTEÚDO

PREFÁCIO ................................................................................................................................. III


CONTEÚDO............................................................................................................................... VII
CAPITULO 1 TEORIA E CONSTRUÇÃO DE MOTORES DE AERONAVES

Introdução ............................................................................................................. ............. 1-1


Comparação dos motores de aeronaves .............................................................................. 1-2
Tipos de motores alternativos ............................................................................................. 1-4
Eixos de manivelas ............................................................................................................. 1-11
Bielas .................................................................................................................................. 1-12
Pistões ................................................................................................................................. 1-14
Anéis de segmento .............................................................................................................. 1-15
Cilindros ............................................................................................................................. 1-16
Numeração dos cilindros .................................................................................................... 1-18
Ordem de fogo .................................................................................................................... 1-19
Válvulas .............................................................................................................................. 1-19
Mecanismo de operação da válvula .................................................................................... 1-21
Engrenagens de redução da hélice ...................................................................................... 1-26
Eixo da hélice ..................................................................................................................... 1-28
Motores alternativos - Princípios de funcionamento .......................................................... 1-28
Ciclos de operação .............................................................................................................. 1-29
Ciclos de quatro tempos...................................................................................................... 1-29
Potência e eficiência dos motores alternativos ................................................................... 1-31
Rendimentos ....................................................................................................................... 1-38
Construção do motor a turbina ........................................................................................... 1-41
Entrada de ar ....................................................................................................................... 1-42
Seção de acessórios............................................................................................................. 1-43
Seção do compressor .......................................................................................................... 1-45
Tipos de compressor ........................................................................................................... 1-45
Seção de combustão............................................................................................................ 1-50
Seção da turbina.................................................................................................................. 1-55
Seção de escapamento ........................................................................................................ 1-59
Subconjuntos maiores ......................................................................................................... 1-62
Motor turboélice ................................................................................................................. 1-63
Motores a turbina ................................................................................................................ 1-64
Motores turbofan ................................................................................................................ 1-64
Princípios de operação do motor a turbina ......................................................................... 1-65
Empuxo............................................................................................................................... 1-66
Desempenho do motor de turbina a gás.............................................................................. 1-67

CAPITULO 2 SISTEMAS DE ADMI ssÃO E DE ESCAPAMENTO


Sistema de admissão dos motores convencionais (alternativos) ........................................ 2-1
Formação de gelo no sistema de admissão ......................................................................... 2-3
Inspeção e manutenção do sistema de admissão ................................................................ 2-4
Turboalimentadores acionados internamente ..................................................................... 2-6
Superalimentadores acionados externamente ..................................................................... 2-11
Sistema de turbo-superalimentador para grandes motores convencionais ......................... 2-11
Turboalimentadores ............................................................................................................ 2-13
Sistema turboalimentador, reforçado, ao nível do mar....................................................... 2-15
Sistemas compostos com turbo para motores convencionais ............................................. 2-18

VII
Sistemas de admissão do motor turbojato........................................................................... 2-19
Entradas de ar do compressor em motores turboélice ........................................................ 2-23
Sistemas de escapamento de motores convencionais ......................................................... 2-24
Práticas de manutenção do sistema de escapamento do motor convencional .................... 2-27
Dutos de escapamento do motor a turbina .......................................................................... 2-30
Sistema de escapamento de turboélice................................................................................ 2-32
Reversores de empuxo ........................................................................................................ 2-32
Supressores de ruído do motor............................................................................................ 2-33
Dissipador de “vortex” da entrada de ar do motor.............................................................. 2-36

CAPÍTULO 3 SISTEMAS DE COMBUSTÍVEL DO MOTOR E MEDIÇÃO DO


COMBUSTÍVEL

Introdução ........................................................................................................................... 3-1


Sistema básico de combustível ........................................................................................... 3-2
Dispositivos de medição de combustível para motores alternativos .................................. 3-3
Princípios da carburação ..................................................................................................... 3-6
Sistemas do carburador ....................................................................................................... 3-8
Tipos de carburador ............................................................................................................ 3-9
Congelamento do carburador .............................................................................................. 3-10
Carburadores tipo bóia........................................................................................................ 3-11
Carburadores de injeção de pressão.................................................................................... 3-16
` Carburadores série PS “Stromberg”.................................................................................... 3-27
Sistemas de injeção direta de combustível.......................................................................... 3-29
Manutenção de carburadores .............................................................................................. 3-34
Manutenção e inspeção do sistema de combustível............................................................ 3-38
Sistema de combustível para motores a turbina - Requisitos gerais................................... 3-40
Controle de combustível dos jatos ...................................................................................... 3-41
Coordenador........................................................................................................................ 3-45
Controlador de combustível................................................................................................ 3-45
Controle sensitivo de velocidade ........................................................................................ 3-46
Válvula dreno da linha de combustível principal (Drip) .................................................... 3-47
Operação do sistema ........................................................................................................... 3-47
Controle hidromecânico de combustível ............................................................................ 3-48
Descrição do controle de combustível ................................................................................ 3-50
Sistema de programação de combustível ............................................................................ 3-53
Sistema de rearme com injeção de água ............................................................................. 3-57
Manutenção do controle do combustível dos jatos ............................................................. 3-58
Componentes do sistema de combustível do motor ............................................................ 3-59
Unidade indicadora de quantidade de combustível ............................................................ 3-64
Injeção de água ................................................................................................................... 3-65

CAPÍTULO 4 SISTEMAS DE IGNIÇÃO E ELÉTRICO DO MOTOR

Introdução ........................................................................................................................... 4-1


Sistemas de ignição do motor alternativo ........................................................................... 4-1
Sistema de ignição por bateria ............................................................................................ 4-1
Princípios de operação do sistema de ignição por magneto ............................................... 4-1
Unidades auxiliares de ignição ........................................................................................... 4-14
Velas de ignição.................................................................................................................. 4-20
Manutenção e inspeção do sistema de ignição de motores alternativos ............................. 4-21
Dispositivos de regulagem do magneto de ignição............................................................. 4-22
Checando a sincronização interna do magneto................................................................... 4-26

VIII
Sincronizando o magneto de alta tensão com o motor ...................................................... 4-28
Manutenção e inspeção da vela .......................................................................................... 4-39
Analizador de motores ........................................................................................................ 4-54
Sistemas de ignição em motores a turbina.......................................................................... 4-56
Inspeção e manutenção do sistema de ignição de motores a turbina.................................. 4-60
Remoção, manutenção e instalação dos componentes do sistema de ignição .................... 4-60
Sistemas elétricos do motor ................................................................................................ 4-61
Amarração e laçagem dos chicotes..................................................................................... 4-71
Corte de fios e cabos........................................................................................................... 4-73
Desencapamento de fios e cabos ........................................................................................ 4-73
Emendas de emergência...................................................................................................... 4-77
Conexão de terminais a blocos terminais ........................................................................... 4-78
Ligação à massa .................................................................................................................. 4-78
Conectores .......................................................................................................................... 4-80
Conduite.............................................................................................................................. 4-82
Instalação de equipamento elétrico..................................................................................... 4-83

CAPÍTULO 5 SISTEMAS DE PARTIDA DOS MOTORES

Introdução ........................................................................................................................... 5-1


Sistemas de partida de motores convencionais................................................................... 5-1
Sistema de partida usando motor de partida de inércia combinado................................... 5-3
Sistema de partida elétrico, de engrazamento direto, para grandes motores convencionais5-4
Sistema de partida elétrico, de engrazamento direto, para pequenas aeronaves ................ 5-6
Partidas dos motores de turbina a gás................................................................................. 5-8
Sistema de partida arranque-gerador .................................................................................. 5-10
Motor de partida de turbina a ar.......................................................................................... 5-14
Motor de partida pneumático / cartucho para motor a turbina ........................................... 5-19
Motor de partida a combustão de mistura combustível / ar................................................ 5-21

CAPÍTULO 6 SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO E REFRIGERAÇÃO

Introdução ........................................................................................................................... 6-1


Requisitos e características dos lubrificantes para motores a explosão (convencionais) .. 6-1
Sistema de lubrificação de motores a explosão (convencionais)........................................ 6-3
Lubrificação interna dos motores a explosão (convencionais)........................................... 6-10
Práticas de manutenção em sistemas de lubrificação ......................................................... 6-11
Exigências para os lubrificantes de motores a reação ........................................................ 6-17
Sistema de lubrificação dos motores a reação .................................................................... 6-17
Sistema típico de lubrificação por cárter seco .................................................................... 6-24
Sistema de refrigeração do motor ....................................................................................... 6-29
Manutenção do sistema de refrigeração de motores convencionais................................... 6-31
Inspeção das aletas de refrigeração do motor ..................................................................... 6-33
Refrigeração de motores a turbina ...................................................................................... 6-36

CAPÍTULO 7 HÉLICES

Introdução ........................................................................................................................... 7-1


Princípios básicos das hélices............................................................................................. 7-1
Operação da hélice.............................................................................................................. 7-3
Tipos de hélices .................................................................................................................. 7-5
Classificação das hélices..................................................................................................... 7-7
Hélices usadas em aeronaves leves..................................................................................... 7-7

IX
Hélices de velocidade constante ......................................................................................... 7-10
Embandeiramento ............................................................................................................... 7-13
Desembandeiramento.......................................................................................................... 7-13
Hélices Hartzell Compacta ................................................................................................. 7-14
Hélice hidromática Hamilton Standard............................................................................... 7-15
Governadores hidráulicos ................................................................................................... 7-21
Sincronização das hélices ................................................................................................... 7-22
Sistema de controle do gelo na hélice................................................................................. 7-23
Inspeção e manutenção da hélice........................................................................................ 7-25
Vibração da hélice............................................................................................................... 7-26
Centralização das pás.......................................................................................................... 7-26
Checando e ajustando os ângulos das pás........................................................................... 7-26
Balanceamento da hélice..................................................................................................... 7-28
Serviços nas hélices ............................................................................................................ 7-29
Turboélice ........................................................................................................................... 7-30
Bainha das pás..................................................................................................................... 7-35

CAPÍTULO 8 REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DE MOTOR

Introdução ........................................................................................................................... 8-1


Razões para remoção de motores alternativos .................................................................... 8-1
Partículas metálicas no óleo................................................................................................ 8-2
Preparação dos motores alternativos para instalação.......................................................... 8-3
Método QECA de montagem de motores radiais ............................................................... 8-3
Inspeção e substituição das unidades e sistemas externos ao motor................................... 8-7
Preparação do motor para remoção..................................................................................... 8-8
Removendo o motor............................................................................................................ 8-12
Içando e ajustando o motor para a instalação ..................................................................... 8-13
Preparação do motor para teste no solo e em vôo............................................................... 8-16
Inspeção da hélice ............................................................................................................... 8-18
Verificações e ajustes após o motor ter sido girado e operado ........................................... 8-18
Remoção e instalação de um motor de cilindros opostos ................................................... 8-18
Instalação do motor............................................................................................................. 8-19
Remoção e instalação de motores a reação......................................................................... 8-21
Instalação de motores turbojato .......................................................................................... 8-22
Alinhamentos, inspeções e ajustagens ................................................................................ 8-23
Remoção e instalação de um motor turboélice ................................................................... 8-25
Remoção e instalação de um motor de helicóptero ............................................................ 8-26
Alinhamento e ajuste de um QECA de helicóptero ............................................................ 8-27
Berço dos motores............................................................................................................... 8-28
Preservação e estocagem de motores .................................................................................. 8-30
Tratamento de prevenção de corrosão ................................................................................ 8-31
Embalagens para transporte de motores ............................................................................. 8-33
Inspeção em motores estocados .......................................................................................... 8-34
Preservação e preparação para utilização de um motor a turbina....................................... 8-35

CAPÍTULO 9 SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA FOGO NO MOTOR

Introdução ........................................................................................................................... 9-1


Sistema de proteção de fogo de motores convencionais..................................................... 9-1

X
Zonas de fogo...................................................................................................................... 9-5
Agentes de extinção de fogo............................................................................................... 9-5
Sistemas de proteção de fogo de motores a turbina............................................................ 9-9
Sistema típico de proteção de fogo de multimotores.......................................................... 9-10
Procedimentos de manutenção dos sistemas de detecção de fogo...................................... 9-14
Práticas de manutenção do sistema extintor de fogo .......................................................... 9-16
Sistema de proteção contra fogo de aeronave turbojato ( Saberliner )............................... 9-17

CAPÍTULO 10 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO MOTOR

Introdução ........................................................................................................................... 10-1


Revisão dos motores alternativos (convencionais)............................................................. 10-1
Revisão maior ..................................................................................................................... 10-1
Recondicionamento do conjunto do cilindro ...................................................................... 10-6
Inspeção do eixo de manivelas ........................................................................................... 10-18
Bielas .................................................................................................................................. 10-18
Banco de testes para motores alternativos .......................................................................... 10-19
Equipamento móvel de teste de motor convencional ......................................................... 10-20
Operação do motor convencional ....................................................................................... 10-27
Princípios básicos de operação do motor............................................................................ 10-35
Fatores que afetam a operação do motor ............................................................................ 10-39
Superposição das fases da operação de um motor.............................................................. 10-47
Pesquisa de panes em motores............................................................................................ 10-48
Manutenção do cilindro ...................................................................................................... 10-53
Testes de compressão no cilindro ....................................................................................... 10-55
Remoção do cilindro........................................................................................................... 10-59
Instalação do cilindro.......................................................................................................... 10-60
Válvula e mecanismo da válvula ........................................................................................ 10-62
Teste de cilindro frio........................................................................................................... 10-68
Manutenção de motores a turbina....................................................................................... 10-70
Seção de combustão............................................................................................................ 10-73
Inspeção e reparo do disco da turbina................................................................................. 10-77
Classificações comerciais ................................................................................................... 10-81
Instrumentação de motores ................................................................................................. 10-82
Operação do motor a reação ............................................................................................... 10-85
Operação no solo ................................................................................................................ 10-85
Desligamento do motor....................................................................................................... 10-87
Pesquisando panes em motores a reação ............................................................................ 10-88
Operação de turboélice ....................................................................................................... 10-90
Procedimento para pesquisa de panes para motores turboélice.......................................... 10-90
Unidade de testes de calibração de jatos (JETCAL) .......................................................... 10-92
Pesquisa de panes no sistema do tacômetro da aeronave ................................................... 10-96
Programa de análise do óleo do motor com espectrômetro ................................................ 10-98

XI
CAPÍTULO 1

TEORIA E CONSTRUÇÃO DE MOTORES DE AERONAVES

INTRODUÇÃO pressão é alta em relação à pressão atmosférica.


Esses motores são usualmente divididos
Para que uma aeronave permaneça em vôo em grupos ou tipos dependendo de:
e com velocidade constante, deve existir um
empuxo igual e em direção oposta ao arrasto (1) do fluido de trabalho utilizado no ciclo do
aerodinâmico dessa aeronave. Esse empuxo ou motor;
força propulsora é fornecida por um motor tér- (2) dos meios pelos quais a energia mecânica é
mico adequado. transformada em força de propulsão; e
Todos os motores térmicos têm em comum
a capacidade de converter energia calorífica em (3) do método de compressão do fluido de tra-
energia mecânica, por meio do fluxo de uma balho do motor.
massa de fluido através desse motor. Em todos
os casos, a energia calorífica é liberada em uma Os tipos de motores estão ilustrados nas
posição (um ponto) do ciclo onde a figura 1-1.

TIPO DE PRINCIPAL MÉTODO DE FLUÍDO DE TRABALHO DO FLUÍDO DE TRABA-


MOTOR COMPRESSÃO MOTOR LHO DE PROPUSÃO
TURBO JATO COMPRESSOR À TURBINA MISTURA AR/COMBUSTÍVEL O MESMO DO TRA-
BALHO DO MOTOR
TURBOÉLICE COMPRESSOR À TURBINA MISTURA AR/COMBUSTÍVEL AR AMBIENTE
ESTATO- AR DE IMPACTO DEVIDO À MISTURA AR/COMBUSTÍVEL O MESMO DO TRA-
REATOR ALTA VELOCIDADE DE VÔO BALHO DO MOTOR
PULSO-JATO COMPRESSÃO DEVIDO À MISTURA AR/COMBUSTÍVEL O MESMO DO TRA-
COMBUSTÃO BALHO DO MOTOR
ALTERNATIVO AÇÃO ALTERNADA DOS PIS- MISTURA AR/COMBUSTÍVEL AR AMBIENTE
TÕES
FOGUETE COMPRESSÃO DEVIDO À MISTURA OXIDADOR/COM- O MESMO DO TRA-
COMBUSTÃO BUSTÍVEL BALHO DO MOTOR
Figura 1-1 Tipos de motores.

A força de propulsão é obtida através do para a força de propulsão, o mesmo fluido de


deslocamento de um fluido de trabalho (não ne- trabalho utilizado dentro dos motores.
cessariamente o mesmo fluido utilizado dentro Um foguete transporta seu próprio oxidan-
do motor) na direção oposta àquela na qual a te ao invés de utilizar ar ambiente para combus-
aeronave é propelida. tão. Ele descarrega os sub-produtos gasosos de
Isso é uma aplicação da terceira lei de combustão através do bocal de escapamento, a
Newton. O ar é o principal fluido utilizado para uma velocidade extremamente alta.
propulsão em todos os tipos de motores exceto Além disso, os motores são caracterizados
foguetes, nos quais apenas sub-produtos da por comprimir o fluido de trabalho antes da adi-
combustão são acelerados e deslocados. ção de calor, os métodos são caracterizados por
As hélices de uma aeronave equipada com comprimir o fluido de trabalho antes da adição
motores turboélices aceleram uma grande massa de calor.
de ar através de uma pequena mudança de velo- São estes os métodos básicos de compres-
cidade. O fluido (ar) utilizado para a força de são:
propulsão, é em diferente quantidade daquela
utilizada no motor para produzir energia mecâ- (1) compressor à turbina (motor à turbina).
nica. (2) descolamento positivo, compressor tipo
Turbojatos, estatojatos e pulsojatos acele- pistão (motor alternativo).
ram uma menor quantidade de ar através de uma (3) ar de impacto devido à velocidade de vôo
maior mudança de velocidade. Eles utilizam (estatoreator).

1-1
(4) aumento da pressão devido à combustão Potência e Peso
(pulsojato e foguete).
O rendimento útil de todo motor de aero-
Uma descrição específica dos principais ti- nave é o empuxo, a força que impele a aerona-
pos de motores utilizados na aviação comercial ve. Sendo a potência do motor alternativo medi-
é dada adiante, nesse capítulo. da em BHP (cavalo força ao freio), e a potência
do motor de turbina a gás medida em libras de
COMPARAÇÃO DOS MOTORES DE empuxo, não pode ser feita uma comparação
AERONAVES direta.
Contudo, uma vez que a combinação mo-
Além das diferenças nos métodos empre- tor alternativo/hélice recebe o empuxo da héli-
gados pelos diversos tipos de motores para pro- ce, a comparação pode ser feita convertendo o
duzir empuxo, existem diferenças em sua ade- cavalo força, desenvolvido pelo motor alternati-
quabilidade para diferentes tipos de aeronaves. vo, para empuxo.
A discussão seguinte assinala algumas das im- Se desejado, o empuxo de um motor de
portantes características que determinam sua turbina a gás pode ser convertido em THP (ca-
adequabilidade. valo força de empuxo). Porém, é necessário
considerar a velocidade da aeronave. Essa con-
Exigências gerais versão pode ser feita através da fórmula:

Todos os motores devem obedecer as exi- Empuxo ×Velocidade (MPH )


THP =
gências gerais de eficiência, economia e confia- 375 lbs − MPH
bilidade. Além de econômico quanto ao consu-
mo de combustível, um motor deve ser econô- O valor 375 libras-milha por hora é tirado
mico quanto ao custo de sua obtenção original e da fórmula básica de cavalo-força abaixo.
quanto ao custo de manutenção, e tem que aten- 1hp = 33.000 lb. pé por minuto
der às exigências rigorosas da razão de eficiên- 33.000 x 60 = 1.980.000 lBb. pé por hora.
cia e baixo peso de unidade por potência. 1980
. .000
O motor deve ser capaz de prover alta po- = 375 Libras - milhas por hora
5.280
tência de saída sem sacrifício da confiabilidade,
e deve ter durabilidade para operar por longos Um cavalo-força é igual a 33.000 lb pé por
períodos entre revisões. É necessário que o mo- minuto ou 375 libras-milha por hora. Sob condi-
tor seja tão compacto quanto possível, apesar do ções estáticas, o valor do empuxo é equivalente
fácil acesso para manutenção. a aproximadamente 2,6 libras por hora.
É requerido que ele seja tão livre de vibra- Se uma turbina a gás está produzindo
ções quanto possível, e que possa cobrir um 4.000 libras de empuxo, e a aeronave na qual o
largo alcance de potência de saída a várias velo- motor está instalado está voando a 500 m.p.h., o
cidades e altitudes. THP será:
Essas exigências ditam o uso dos sistemas
de ignição que irão entregar o impulso elétrico 4000 x 500
para as velas ou ignitores no tempo exato, em = 5333
. ,33 thp.
375
qualquer condição de tempo, mesmo adversa.
Dispositivos medidores são necessários para
entregar combustível na proporção correta para É necessário calcular o cavalo-força para
o ar ingerido pelo motor, independente da alti- cada velocidade de uma aeronave, uma vez que
tude ou condições de tempo nas quais o motor o cavalo-força varia com a velocidade. Portanto,
está sendo operado. não é prático tentar comparar o rendimento de
O motor precisa de um tipo de sistema de motor à turbina na base de cavalo força.
óleo, que seja fornecido sob pressão adequada O motor de aeronave opera a uma percen-
para todas as peças móveis, quando ele estiver tagem relativamente alta de sua potência máxi-
em funcionamento. Ele deve, também, ter um ma durante sua vida em serviço. Durante uma
sistema para amortecer as vibrações, quando decolagem, o motor está sempre em potência
estiver operando. máxima. Ele pode manter essa potência por um

1-2
período, até o limite estabelecido pelo fabrican-
te.
Raramente um motor é mantido à pon-
tência máxima por mais de 2 minutos, e usual-
mente nem atinge esse tempo. Poucos segundos
após a decolagem, a potência é reduzida para
aquela utilizada durante a subida, e que pode ser
mantida por longos períodos. Após a aeronave
atingir a altitude de cruzeiro, a potência do(s)
motor(es) é reduzida para a potência de cruzei- Figura 1-2 Comparação do consumo específico
ro, a qual pode ser mantida, enquanto durar o de três tipos de motores, à potência
vôo. homologada, ao nível do mar.
Se o peso de um motor por B.H.P. (cha-
mado peso específico do motor) diminui, a car- Durabilidade e Confiabilidade
ga útil que uma aeronave pode transportar, e a
performance da aeronave, obviamente aumen- Durabilidade e confiabilidade são geral-
tam. Cada libra a mais no peso do motor de uma mente considerados fatores idênticos, uma vez
aeronave reduz o seu desempenho. Enormes ga- que é difícil mencionar um sem incluir o outro.
nhos, reduzindo o peso de motores de aeronaves Um motor de aeronave é confiável quando pode
através de melhoria de projetos e metalurgia, manter seu desempenho dentro de uma classifi-
têm resultado em motores alternativos, produ- cação específica, em variações amplas de atitu-
zindo, atualmente, 1hp por cada libra de peso. des de vôo, sob condições atmosféricas extre-
mas. Padrões de confiabilidade de motores de-
Economia de combustível vem satisfazer as exigências da autoridade aero-
náutica, do seu fabricante e do fabricante do seu
O parâmetro básico para descrever a eco- produto através do projeto, pesquisa e teste. Um
nomia de combustível de motores aeronáuticos rígido controle de fabricação e de procedimen-
é, geralmente, o consumo específico. O consu- tos de montagem é mantido, e cada motor é tes-
mo específico de combustível para turbojatos e tado antes de sair da fábrica.
estatojatos é o fluxo de combustível (Lbs.h) Durabilidade é o tempo de vida do motor,
dividido pelo empuxo (Lbs); e para motores enquanto mantém a confiabilidade desejada. O
alternativos o fluxo de combustível (Lbs.h) di- fato de um motor ter completado com sucesso
vidido pelo B.H.P. São denominados: "consumo seu ensaio de carga estática, indica que ele pode
específico por unidade de empuxo" e "consumo ser operado de forma normal por um longo perí-
específico por B.H.P.”, respectivamente. odo, antes de requerer uma revisão geral. Con-
O consumo específico equivalente é utili- tudo, intervalos definidos de tempo entre revi-
zado para motores turboélices, e é o fluxo em são geral, não é especificado ou implicado na
libras por hora dividido pela equivalente potên- classificação do motor.
cia no eixo. Comparações podem ser feitas entre O TBO (intervalo entre revisões), varia
os diversos motores com relação à base de con- com as condições de operação do motor, tais
sumo específico. como temperaturas, duração do tempo em que o
À baixa velocidade, os motores alternati- motor é operado em alta potência e manutenção
vos e turboélices têm melhor economia que os recebida.
motores turbojatos. Confiabilidade e durabilidade são, dessa
Contudo, à alta velocidade, devido a per- forma, criadas no motor por seu fabricante, po-
das na eficiência da hélice, a eficiência dos mo- rém a confiabilidade continuada desse motor é
tores alternativos ou turboélices torna-se menor determinada pela manutenção, revisão geral e
que a dos turbojatos. pessoal operador. Manutenção e métodos de
A figura 1-2 mostra uma comparação dos revisão, cuidadosas inspeções períodicas e de
consumos específicos de empuxo médio de três pré-vôo e estrita observância dos limites de ope-
tipos de motores à potência homologada, ao ração estabelecidos pelo fabricante, tornarão a
nível do mar. falha do motor uma rara ocorrência.

1-3
Flexibilidade de operação nativos, permitindo assim, maior carga de com-
bustível ou carga paga para motores de uma
Flexibilidade de operação é a capacidade dada potência.
de um motor funcionar suavemente, e apresentar O rendimento total máximo de um motor
o desempenho desejado a cada regime de opera- turboélice, é menor que aquele de um motor
ção, desde a marcha lenta até a potência máxi- alternativo à baixa velocidade. Motores turboé-
ma. O motor de aeronave tem que funcionar lice operam de forma mais econômica a grandes
eficientemente sob todas as variações nas condi- altitudes, porém eles têm um teto de serviço
ções atmosféricas encontradas nas operações ligeiramente inferior ao dos motores al-
correntes. ternativos com turbo-compressor.
A economia de operação dos motores tur-
Compactação boélices, em termos de toneladas de carga-milha
por libra de combustível, será usualmente menor
Para que hajam linhas de fluxo apropriadas que a dos motores alternativos, porque as aero-
e balanceamento da aeronave, a forma e o tama- naves de carga são geralmente projetadas para
nho do motor tem que ser tão compactos quanto baixa velocidade de operação. Por outro lado, o
possível. Em aeronaves monomotoras, a forma e custo de operação de um turboélice pode se a-
o tamanho do motor também afetam a visibili- proximar daquele de um motor alternativo devi-
dade do piloto, tornando o motor pequeno me- do à utilização de combustível mais barato.
lhor, desse ponto de vista, além de reduzir o ar- Aeronaves que pretendam operar entre
rasto criado pela área frontal maior. altas velocidades sub-sônicas e Mach 2.0 são
Limitações de peso, são rigorosamente equipadas com motores turbojatos. A exemplo
relacionadas com a compactação necessária. dos turboélices, os turbojatos operam mais efi-
Quanto mais alongado e "espalhado" for o mo- cientemente em grandes altitudes. Em altas ve-
tor, mais difícil se torna manter o peso específi- locidades, a economia de combustível de aero-
co dentro dos limites permissíveis. nave, impulsionada através de motor turbojato
em termos de milhas por libra de combustível, é
Seleção do motor inferior àquela atingida em baixas velocidades
com motores alternativos.
O peso e o consumo específico foram dis- Contudo, em operação os motores alterna-
cutidos em parágrafos anteriores, porém, devido tivos são mais complexos que outros motores. A
à necessidade de determinados projetos, a sele- operação correta de motores alternativos requer
ção final de um motor pode ser baseada em ou- quase que o dobro da instrumentação requerida
tros fatores além daqueles, os quais, podem ser pelos turbojatos ou turboélice, além de requer
discutidos do ponto de vista analítico. Por essa diversos controles adicionais.
razão, uma discussão geral sobre a seleção do Uma troca no ajuste de potência na insta-
motor é aqui incluída. lação de alguns motores alternativos pode re-
Para aeronaves cujas velocidades de cru- querer o ajuste de cinco controles, enquanto a
zeiro não excederão 250m.p.h., o motor alterna- mudança na potência em um turbojato requer
tivo é a escolha usual. Quando é requerida eco- apenas a alteração no conjunto de manetes. A-
nomia em alcance de baixa velocidade, o motor lém disso, existe um grande número de tempe-
alternativo convencional é escolhido devido à raturas e pressões críticas a ser observado na
sua excelente eficiência. Quando é requerido um instalação dos motores alternativos que na insta-
desempenho em grandes altitudes, o motor al- lação dos turbojatos ou turboélices.
ternativo com turbo-compressor pode ser esco-
lhido devido à capacidade de manter a potência TIPOS DE MOTORES ALTERNATIVOS
homologada para grandes altitudes (acima de
30.000 pés). Muitos tipos de motores alternativos já
Para alcançar velocidades de cruzeiros de foram projetados. Contudo, fabricantes têm de-
180 até 350 m.p.h., o motor turboélice apresenta senvolvido alguns projetos que são geralmente
melhor desempenho que o apresentado por ou- mais utilizados que outros e são, portanto, reco-
tros tipos de motores. Eles desenvolvem mais nhecidos como convencionais. Motores alterna-
potência por libra de peso que os motores alter- tivos podem ser classificados de acordo com a

1-4
montagem dos cilindros com relação ao eixo de refrigerada a ar é utilizada predominantemente
manivelas (em linha, em V, radial e opostos) ou em aviação. Ele pode ser montado com os cilin-
de acordo com método de refrigeração (a líqui- dros na posição horizontal ou vertical. Os moto-
do ou a ar). Realmente, todos os motores são res opostos têm uma baixa razão peso-cavalo-
refrigerados através da transferência do excesso força, e sua estreita silhueta o torna ideal para
de calor para o ar ao seu redor. instalação horizontal em asas de aeronaves. Ou-
Nos motores refrigerados a ar, essa trans- tra vantagem é sua relativamente baixa vibra-
ferência de calor é feita diretamente dos cilin- ção.
dros para o ar. Nos motores refrigerados a líqui-
do, o calor é transferido dos cilindros para o
refrigerante, o qual é então enviado através de
tubulações e resfriado dentro do radiador, insta-
lado no fluxo de ar. O radiador deve ser sufici-
entemente grande para resfriar o líquido com
eficiência. O calor é transferido para o ar mais
devagar que para o líquido, portanto, é necessá-
rio prover finas aletas metálicas nos cilindros,
para uma efetiva troca de calor. A maior parte
dos motores aeronáuticos é refrigerada a ar.

Motores em linha

Um motor em linha tem geralmente um


número par de cilindros, muito embora alguns
motores de 3 cilindros já tenham sido construí-
dos. Esses motores podem ser refrigerados a Figura 1-3 Motor de cilindros opostos.
água ou a ar e têm somente um eixo de manive-
las, o qual está localizado abaixo ou acima dos Motores em “V”
cilindros. Se um motor for projetado para operar
com os cilindros abaixo do eixo de manivelas, Nos motores em “V” os cilindros são mon-
será denominado motor invertido. tados em duas carreiras em linha, geralmente a
O motor em linha tem uma pequena área 60º. A maioria dos motores tem 12 cilindros, os
frontal, e é melhor adaptado ao fluxo de ar. quais são refrigerados a líquido ou a ar. Os mo-
Quando montado com os cilindros na posição tores são designados por um “V” seguido de um
invertida, ele oferece a vantagem adicional de traço, e pelo "deslocamento" do pistão em pole-
um trem de pouso menor e maior visibilidade gadas cúbicas, por exemplo, V-1710.
para o piloto. Os motores em linha têm maior
razão peso-cavalo-força que muitos outros mo- Motores radiais
tores. Com o aumento no tamanho do motor, o
tipo refrigerado a ar, em linha, oferece desvan- Os motores radiais consistem de uma car-
tagem adicional quanto à refrigeração adequada; reira ou carreiras de cilindros dispostos ao redor
portanto, esse tipo de motor é, em larga escala, de um cárter central (figura 1-4). Esse tipo de
restrito aos de pequenas e médias potências uti- motor demonstrou ser muito rijo e digno de con-
lizadas em pequenas aeronaves. fiança.
O número de cilindros que compõem uma
Motores opostos ou tipo “O” carreira pode ser três, cinco, sete ou nove.
Alguns motores radiais têm duas carreiras
Os motores opostos, mostrados na figura de sete ou nove cilindros dispostos ao redor do
1-3, têm duas carreiras de cilindros diretamente cárter. Um tipo tem quatro carreiras de cilindros
opostos, com eixo de manivelas no centro. Os com sete cilindros em cada.
pistões das duas carreiras de cilindros são co- A potência produzida pelos diferentes ta-
nectados ao eixo de manivelas. Embora o motor manhos de motores radiais varia de 100 a 3800
possa ser refrigerado a líquido ou a ar a versão cavalos-força.

1-5
Seções do carter

A base de um motor é o seu cárter. Ele


contém os rolamentos nos quais o eixo de ma-
nivelas se apoia. Além de auto sustentar-se o
cárter deve prover um recipiente para o óleo de
lubrificação, e tem que apoiar diversos mecanis-
mos externos e internos do motor. Ele também
provê apoio para fixação dos conjuntos de ci-
lindros e para fixação do motor à aeronave. O
cárter deve ser suficientemente rígido e forte
para evitar desalinhamento do eixo de manive-
Figura 1-4 Motor radial.
las e de seus rolamentos. Ligas de alumínio,
fundidas ou forjadas, são geralmente usadas na
Projeto e construção de Motores alternativos
construção de cárter devido à sua leveza e resis-
tência. Cárteres de aço forjado são utilizados em
As peças básicas de um motor são o cárter,
alguns motores de alta potência.
os cilindros, os pistões, as bielas, o mecanismo
O cárter está sujeito a muitas variações de
de comando de válvulas e o eixo de manivelas.
vibração e de outras forças. Considerando que
Na cabeça de cada cilindro estão as válvulas e
os cilindros são presos ao cárter, enormes forças
as velas. Uma das válvulas dá passagem para o
de expansão tendem a arrancar os cilindros do
sistema de admissão; a outra dá passagem para
cárter.
o sistema de escapamento. Dentro de cada cilin-
As forças de inércia e centrífuga desba-
dro está um pistão móvel conectado ao eixo de
lanceadas do eixo de manivelas, agindo no rola-
manivelas por uma biela. A figura 1-5 ilustra as
mento principal, expõem o cárter a momentos
partes básicas de um motor alternativo.
de flexão, os quais trocam continuamente de
direção e de intensidade. O cárter precisa ter
suficiente rigidez para resistir a esses momentos
de flexão sem deflexões de oposição. Se o mo-
tor for equipado com engrenagem de redução de
hélices, a parte frontal estará sujeita a forças
adicionais.
Além das forças de empuxo desenvolvidas
pelas hélices sob condições de alta potência,
existem severas forças centrífugas e giroscópi-
cas aplicadas ao cárter devido às súbitas trocas
de direção de vôo, tais como aquelas que ocor-
rem durante as manobras das aeronaves. Forças
giroscópicas são, particularmente severas quan-
do uma hélice muito pesada é instalada.`

Motores radiais

O motor mostrado na figura 1-6 é um mo-


tor radial de nove cilindros, em uma carreira de
construção relativamente simples, possuindo a
parte frontal interiça e o cárter em duas seções.
Os motores com duas carreiras de cilindros são
de construção ligeiramente mais complexa que
os de uma só carreira. Por exemplo o cárter do
motor Wright R-3350 é composto de uma seção
Figura 1-5 Partes básicas de um motor alterna- frontal, quatro seções principais (principal dian-
tivo. teira, central dianteira, central traseira e princi-

1-6
pal traseira),alojamento do prato de resaltos e Os motores Pratt and Whitney de tamanho
tuchos traseiros, alojamentos frontal e traseiro equivalente, incorporam as mesmas seções bási-
do compressor e tampa traseira do alojamento cas, muito embora a construção e a nomenclatu-
do compressor. ra tenham diferenças consideráveis.

Figura 1-6 Seções do motor.

Seção do nariz O projeto e construção da seção do nariz


constituem um importante fator, pois ela está
As formas da seção do nariz variam consi- sujeita a uma ampla variação de forças de vibra-
deravelmente. Em geral, elas são cônicas ou ar- ção. Por exemplo, se o mecanismo de válvulas
redondadas, de forma a manter o metal sob ten- estiver localizado na frente dos cilindros, a vi-
são ou compressão, ao invés de esforços cisa- bração e as forças que ocorrem nos tuchos e
lhantes. conjunto guia são aplicadas próximo à parte
Uma seção de nariz cônica, é utilizada flangeada do cárter.
frequentemente em motores de baixa potência As forças criadas pelas engrenagens de
de acionamento direto, porque não é requerido redução da hélice são aplicadas ao cárter como
espaço extra para alojar as engrenagens de redu- um todo. Cuidadosas inspeções quanto à vibra-
ção da hélice. É, geralmente fundido em liga de ção são conduzidas durante os testes experimen-
alumínio ou magnésio, uma vêz que a baixa po- tais dos motores projetados mais recentemente,
tência desenvolvida e a utilização de hélice leve para observarmos que essas condições não irão
não requerem seção forjada, que é de custo tornar-se danosa durante toda a faixa de opera-
mais elevado. ção do motor.
A seção do nariz nos motores que desen- A montagem do governador da hélice é
volvem de 1.000 a 2.500 h é geralmente arre- variável. Em alguns motores, ele se localiza na
dondada e, algumas vezes, contêm nervuras seção traseira, muito embora isso complique sua
para mantê-la o mais rígido possível. instalação - especialmente se a hélice for opera-
A liga de alumínio é o material amplamen- da ou controlada por pressão de óleo, devido à
te utilizado devido à sua adaptação aos proces- distância entre o governador e a hélice. Onde
sos de forjamento, e suas características de ab- são utilizadas hélices operadas hidraulicamente,
sorver vibrações. é prático instalar o governador na seção do na-

1-7
riz, o mais próximo possível da hélice, para re- plosão do motor; a seção do cárter principal
duzir o comprimento das passagens de óleo. O deve ser muito bem projetada e construída.
governador é então acionado ou através de den- É aconselhável forjar essa seção em liga de
tes de engrenagem da periferia desse meca- alumínio, para obter uniformidade na densidade
nismo ou por algum outro meio adequado. do metal e máxima resistência.
Uma vez que a seção do nariz transmite Os grandes motores utilizam uma seção
forças muito variáveis para a seção principal ou principal em liga de aço forjado, a qual é ligei-
seção de potência, ela deve ser fixada de ma- ramente mais pesada, porém apresenta resistên-
neira conveniente, para que possa transmitir as cia muito maior. O projeto de seções forjadas é,
cargas com eficiência. Ela deve também fazer geralmente, de tal forma, que ambas as metades
um contato adequado para proporcionar uma podem ser fabricadas no mesmo molde, de for-
condução de calor rápida e uniforme, e, tam- ma a diminuir o custo de fabricação. Nenhuma
bém, uma boa vedação, para evitar vazamento variação deverá ocorrer durante a operação de
de óleo. Isso geralmente é conseguido através fabricação. As duas metades são unidas na linha
de juntas e parafusos. central dos cilindros e presas por meio dos para-
Em alguns dos grandes motores, uma pe- fusos adequados e de alta resistência.
quena câmara está localizada no fundo da seção As superfícies usinadas, sobre as quais os
do nariz para a coleta de óleo. Essa seção é cha- cilindros são montados, são chamadas base dos
mada de cárter inferior ou coletor de óleo. cilindros. Elas dispõem dos meios de fixação
dos cilindros ao cárter. A prática geral quanto à
Seção de potência forma de fixar o flange do cilindro à base, con-
siste em montar prisioneiros em furos roscados
Nos motores equipados com biela mestra no cárter.
bipartida e eixo de manivelas tipo maciço, a se- Nos motores equipados com seção princi-
ção do cárter principal ou de potência pode ser pal de aço, parafusos de cobertura estão sendo
maciça, geralmente de liga de alumínio. A parte utilizados porque as roscas podem ser abertas
frontal dessa seção é aberta quando o prato do em material mais resistente, que não sofra dila-
diafragma, no qual o rolamento principal dian- tação ou extensão, durante a instalação e remo-
teiro é montado, for removido. Os pivôs podem ção continua de corpos roscados. A parte interna
ser removidos através dessa abertura por meio das bases dos cilindros é algumas vezes chan-
de um sacador disponível. A biela mestra é en- frada para permitir a instalação de um anel de
tão removida, desmontando-se o terminal bipar- vedação em volta da saia do cilindro, o qual
tido e tirando a haste através do furo do cilindro provê selagem eficiente entre o cilindro e o cár-
da biela mestra. Existe também, um motor equi- ter, evitando vazamento de óleo.
pado com essa montagem de eixo de manivelas Tendo em vista que o óleo é arremessado
e biela mestra que utiliza um cárter bipartido, no cárter, especialmente nos motores em linha
cujas partes são unidas através de parafusos. invertida e radiais, as saias dos cilindros se es-
A seção principal bipartida (liga de alumí- tendem a uma distância considerável dentro da
nio ou magnésio) pode ser ligeiramente mais seção do cárter, para reduzir o fluxo de óleo no
cara, porém permite melhor controle de quali- interior dos cilindros invertidos. O conjunto
dade da fundição ou forjamento. Essa seção pistão e anel, naturalmente, deve ser montado de
geralmente é necessária, quando a biela mestra forma tal que o óleo expelido por eles irá salpi-
maciça e o eixo de manivelas do tipo bipartido car diretamente sobre os próprios pistões e a-
são utilizados. néis. Como mencionado anteriormente, a seção
Essa parte do motor é comumente denomi- do nariz é presa a um lado da unidade da seção
nada seção de potência, porque é nela que o principal, e a seção difusora é presa ao outro
movimento alternativo do pistão é convertido lado.
em movimento rotativo do eixo de manivelas.
Devido às enormes cargas e forças do con- Seção difusora
junto do eixo de manivelas, e da tendência dos
cilindros de separarem o cárter, especialmente A seção do difusor ou do compressor é ge-
em condições extremas, quando ocorre a ex- ralmente fundida em liga de alumínio, muito

1-8
embora, em alguns casos, a liga de magnésio ção, e o material pode ser liga de alumínio ou
mais leve seja utilizada. magnésio ambos bastante utilizados.
Essa seção dispõe de flange em sua perife- Em alguns motores, essa seção é fundida
ria para ligar o conjunto do motor a sua estrutu- em peça única, e provida de meios para fixação
ra ou berço, destinados a ligar o motor à fusela- de acessórios, tais como magnetos, carburado-
gem das aeronaves monomotoras, ou à nacele res, bombas de combustível, óleo e vácuo, mo-
da estrutura da asa nas aeronaves multimotoras. tores de partida, geradores, etc., nos diversos
Os flanges podem ser de construção integral ou locais requeridos, de forma a facilitar o acesso.
separável, como no caso dos berços flexíveis ou Outras adaptações consistem na fundição de liga
dinâmicos. O conjunto do berço suporta todo o de alumínio e uma cobertura fundida em mag-
motor, incluindo a hélice e, dessa forma, é pro- nésio, separadamente, na qual os montantes de
jetado para prover ampla resistência quanto a fixação dos acessórios são montados.
rápidas manobras ou outras cargas. A prática nos recentes projetos tem padro-
Devido a dilatação e contração dos cilin- nizado a montagem dos adaptadores para os di-
dros, as tubulações de admissão, as quais trans- versos acessórios, de forma que eles sejam in-
portam a mistura da câmara difusora através da tercambiáveis entre os diversos tipos de moto-
passagem da válvula de admissão, são montadas res. Por exemplo, a grande demanda de corrente
para prover uma junta flexível e que deve ser à elétrica nas grandes aeronaves e, o torque de
prova de vazamento. partida mais elevado, requerido nos motores
A pressão atmosférica sobre o lado externo mais possantes tem resultado no aumento do
do invólucro de um motor sem compressor, será tamanho dos motores de partida e geradores.
maior que a pressão interna, especialmente, Isso significa que um maior número de parafu-
quando o motor estiver operando em marcha sos de fixação será necessário e, em alguns ca-
lenta. Se o motor for equipado com um com- sos, a seção traseira reforçada.
pressor e operado em potência máxima, a pres- Os eixos de acionamento de acessórios são
são será consideravelmente maior interna que montados em buchas de bronze, localizadas nas
externamente ao invólucro. seções difusora e traseira. Esses eixos se pro-
Se a conexão da junta flexível tiver um pe- longam pela seção traseira e são ligados a en-
queno vazamento, o motor pode girar em mar- grenagens, das quais se tira potência, ou a arran-
cha lenta alta devido à mistura pobre. Se o vaza- jos de acionamento que são ligados aos adapta-
mento for maior, não se conseguirá marcha len- dores de acessórios. Dessa forma, diversas ra-
ta. zões de engrenagens podem ser montadas para
Com a manete toda aberta, um pequeno dar a velocidade adequada para o magneto,
vazamento, provavelmente, não seria perceptí- bomba e outros acessórios, para se obter a sin-
vel na operação do motor, mas a mistura cronização correta ou o funcionamento adequa-
ar/combustível poderia causar detonação ou da- do. Em alguns casos há uma duplicação dos
nos nas válvulas e nas sedes das válvulas. acionadores, tais como o acionador do tacôme-
Em alguns motores radiais, as tubulações tro, para conectar instrumentos instalados em
de admissão têm comprimento considerável; em locais separados.
alguns motores em linha, essas tubulações estão A seção de acessórios prevê local de fixa-
em ângulos retos com relação aos cilin- ção para o carburador, bombas de injeção de
dros.Nesses casos, a flexibilidade das tubula- combustível, bomba de combustível acionada
ções de admissão ou de suas montagens, elimina pelo motor, gerador do tacômetro, gerador de
a necessidade da junta flexível. sincronismo para o analisador do motor, filtro
Em qualquer caso, o sistema de indução de óleo e válvula de alívio de pressão de óleo.
deverá ser montado, de forma que não haja va-
zamento de ar nem altere a razão ar/combustível Trens de engrenagens dos acessórios
desejada.
Trens de engrenagens, com engrenagens
Seção de acessórios de dentes retos ou de dentes chanfrados, são
usados em diferentes tipos de motores para a-
A seção de acessórios (traseira) é geral- cionar componentes e acessórios. As engrena-
mente fabricada através do processo de fundi- gens de dentes retos são utilizadas geralmente

1-9
para acionar os acessórios com cargas mais pe- Quando um motor está equipado com um
sadas, aqueles que requerem jogo ou folga mí- compressor de duas velocidades, a embreagem
nima no trem de engrenagens. As engrenagens operada à pressão de óleo age como um disposi-
de dentes chanfrados permitem posição angular tivo, absorvendo choques para proteger o trem
de eixos principais curtos para os diversos su- de engrenagens do compressor.
portes de acessórios. Nos motores em linha e nos opostos de
Praticamente, todos os motores de alta po- baixa potência, os trens de engrenagens são ge-
tência são equipados com compressor. De 75 a ralmente de montagem simples. Muitos desses
125HP pode ser requerido acionar o compres- motores utilizam acoplamentos de mola ou de
sor. As forças de aceleração e desacelaração im- borracha sintética, para proteger os trens de en-
postas ao trem de engrenagens do compressor, grenagem do magneto e do gerador contra car-
durante os avanços e recuos da manete, produz gas excessivas.
um dispositivo antichoque para aliviar as cargas
excessivas. A prática corrente nos grandes mo- Tipos em linha e opostos
tores radiais é usar a engrenagem principal de
acionamento de acessórios, a qual é adaptada Os cárteres utilizados nos motores com
com diversas molas entre a borda da engrena- montagem de cilindros opostos ou em linha, va-
gem e o eixo de acionamento. Esse dispositivo, riam de forma para os diferentes tipos de moto-
chamado de engrenagem acionadora de acessó- res, porém, em geral, eles são aproximadamente
rios, carregada por mola, permite absorção de cilíndricos. Um ou mais lados são facetados
forças elevadas, prevenindo os trens de engrena- para servir de base, onde cilindros são presos
gens dos acessórios contra danos. por meio de parafusos ou de prisioneiros.

Figura 1-7 Vista explodida de um típico motor de cilindros opostos e seus componentes.

Essas superfícies trabalhadas de forma é geralmente, suportado por meio de um rola-


precisa são frequentemente referidas como base mento principal entre cada curso. O rolamento
do cilindro. principal do eixo de manivelas deve ser rigida-
O eixo de manivelas é montado em uma mente apoiado no cárter. Isso geralmente é con-
posição paralela ao eixo longitudinal do cárter e, seguido por meio de nervuras transversais no

1-10
cárter, uma para cada rolamento principal. As Os eixos de seis manivelas são utilizados
nervuras formam uma parte integral da estrutura nos motores em linha de seis cilindros, motores
e, além de suportar os rolamentos principais, au- em V de doze cilindros e opostos de seis cilin-
menta a resistência do invólucro como um todo. dros.
O cárter está dividido em duas seções em Os eixos de manivelas dos motores radiais
um plano longitudinal. Essa divisão pode ser no podem ser de manivela única; duas ou quatro
plano do eixo de manivelas, de forma que meta- manivelas , dependendo do motor, que pode ser
de do rolamento principal (e algumas vezes ro- do tipo de uma, duas ou quatro fileiras de cilin-
lamentos do eixo de ressaltos) está montada dros.
numa seção do invólucro e a outra metade, na A figura 1-9 mostra um eixo de manivelas
seção oposta (ver figura 1-7). de motor radial de uma manivela.
Um outro método consiste em dividir o
invólucro, de maneira que os rolamentos princi-
pais sejam presos apenas a uma seção do invó-
lucro, sobre a qual os cilindros estão presos,
proporcionando dessa forma condições de re-
mover a seção do cárter para inspeção sem alte-
rar o ajuste do rolamento.

EIXOS DE MANIVELAS

O eixo de manivelas é a espinha dorsal dos


motores alternativos. Ele está sujeito à maioria
das forças desenvolvidas pelo motor. Seu objeti-
vo principal, é transformar o movimento
alternativo do pistão e da biela em movimento Figura 1-9 Eixo de manivelas de um motor ra-
rotativo, para acionamento da hélice. O eixo de dial de uma série de cilindros.
manivelas, como o próprio nome sugere, é um
eixo composto de uma ou mais manivelas Independente do número de manivelas que
localizadas em pontos específicos ao longo do ele tenha, cada eixo tem três partes principais:
seu comprimento. As manivelas são feitas munhão, pino da manivela (moente) e braço da
forjando-se protuberâncias em um eixo antes manivela. Muito embora não façam parte do
dele ser trabalhado. Tendo em vista que os eixos eixo de manivelas, contrapesos e amortecedores
de manivelas tem que ser muito resistentes, eles são geralmente ligados a ele para reduzir as vi-
são geralmente forjados em ligas muito brações do motor.
resistentes, tais como aço cromo-níquel- O munhão é suportado por um rolamento
molibidênio.
Um eixo de manivelas pode ser construído principal que gira dentro dele. Ele serve como
em uma ou em múltiplas peças. A figura 1-8 centro de rotação do eixo de manivelas e tem
mostra dois tipos representativos de eixos de sua superfície endurecida para reduzir o desgas-
manivelas compactos, utilizados em motores de te. O moente é a seção à qual a biela está conec-
aeronaves. A construção de quatro manivelas tada. Ele está fora do centro do munhão princi-
pode ser utilizada, ou nos motores de quatro ci- pal e é comumente chamado de manivela.
lindros opostos, ou nos de quatro cilindros em Dois braços da face e um moente consti-
linha. tuem uma manivela. Quando uma força é aplica-
da ao moente em qualquer direção, que não seja
paralela ou perpendicular, e passando pela linha
de centro do eixo de manivelas, irá acusar a
rotação do eixo de manivelas. A superfície ex-
terna é endurecida por nitruração para aumentar
sua resistência ao desgaste, e prover a superfície
de contato do rolamento.
O moente é geralmente ôco. Isso reduz o
Figura 1-8 Eixos de manivela do tipo sólido. peso total do eixo de manivelas e proporciona a

1-11
passagem para transferência do óleo de lubrifi- lanceamento estático. Um eixo de manivelas
cação. O moente ôco também serve como uma está dinamicamente balanceado, quando todas
câmara para coleta de borra, depósitos de car- as forças criadas pela sua rotação e impulsões
bono e outras matérias estranhas. A força centrí- estão balanceados entre si, de maneira que pou-
fuga arremessa essas substâncias para fora da ca ou nenhuma vibração é produzida quando o
câmara, impedindo que elas alcancem a superfí- motor está funcionando.
cie do rolamento da biela. Em alguns motores a Para reduzir ao mínimo a vibração durante
passagem é feita na cabeça da manivela, para o funcionamento do motor, amortecedores di-
permitir que o óleo do interior do eixo de mani- nâmicos são incorporados ao eixo de manivelas.
velas salpique as paredes dos cilindros. O braço Um amortecedor dinâmico é simplesmente
da manivela conecta o moente ao munhão prin- um pêndulo, o qual é bem preso ao eixo de ma-
cipal. Em alguns projetos, a cabeça se estende nivelas, de forma que ele fique livre para se
além do munhão e leva um contrapeso para ba- mover num pequeno arco. Ele está incorporado
lancear o eixo de manivelas, o braço da manive- ao conjunto de contrapesos.
la deve ser de construção robusta para obter a Alguns eixos de manivelas incorporam
rigidez entre o moente e o munhão. dois ou mais desses conjuntos, cada um ligado a
Em todos os casos, o tipo de eixo de mani- um diferente braço da manivela.
velas e o número de moentes deve corresponder A distância em que o pêndulo se move, e
à montagem do cilindro do motor. A posição sua frequência de vibração, correspondem à fre-
das manivelas no eixo, em relação a outras ma- quência dos impulsos de potência do motor.
nivelas do mesmo eixo, é expressa em graus. Quando ocorre a frequência de vibração do
O eixo de manivelas mais simples é exata- eixo de manivelas, o pêndulo oscila fora de
mente o de manivela única ou de 360º. Esse tipo tempo, reduzindo, dessa forma, a vibração ao
é usado em motores radiais de uma só carreira mínimo.
de cilindros. Pode ser construído em uma ou
duas peças. Dois rolamentos principais (um em
cada extremidade) são requeridos quando esse Amortecedores dinâmicos
tipo de eixo de manivelas é usado.
O eixo de dupla manivela ou 180º é utili- A construção do amortecedor dinâmico
zado nos motores radiais de dupla manivela. No utilizado em um motor, consiste de um contra-
motor radial uma manivela é requerida para peso de aço com ranhuras, conectado ao braço
cada carreira de cilindros. da manivela.
Dois pinos de aço em forma de carretel se
prolongam pela ranhura, e passam através dos
Balanceamento do eixo de manivelas tubos superdimensionados nos contrapesos e
braço da manivela.
Vibração excessiva em um motor, resulta A diferença nos diâmetros entre os pinos e
não apenas em falha por fadiga da estrutura me- os furos provoca um efeito de pêndulo. Uma
tálica, mas também causa rápido desgaste das analogia do funcionamento de um amortecedor
partes móveis. dinâmico é mostrado na figura 1-10.
Em alguns exemplos, a vibração excessiva
é causada pelo desbalanceamento do eixo de
manivelas. Eixos de manivelas são balanceados BIELAS
estática e dinamicamente.
Um eixo de manivelas está estaticamente As bielas são elos que transmitem forças
balanceado quando o peso de todo o conjunto de entre o pistão e o eixo de manivelas.
moentes, braço da manivela e contrapesos, está Elas devem ser suficientemente fortes para
balanceado em volta do eixo de rotação. permanecerem rígidas sob cargas, e ainda serem
Durante o teste de balanceamento estático leves o bastante para reduzir as forças de inér-
do eixo de manivelas, ele é colocado sobre dois cia, as quais são produzidas quando a haste e
cutelos. Se o eixo tender a girar através de qual- pistão param, invertem a direção e começam
quer posição durante o teste, estará fora de ba- novo movimento ao fim de cada curso.

1-12
Figura 1-10 Princípios de um amortecedor dinâmico.
Existem três tipos de bielas. (1) Tipo plana em liga aço forjado, com seção reta na forma de
(2) Tipo forquilha e pá; (3) Biela mestra e arti- I ou H. Buchas de bronze são prensadas nos
culada. (ver figura 1-11.) olhais em cada extremidade da biela articulada,
para alojar os rolamentos do pino de articulação
da biela e do pino do êmbolo.
A biela mestra serve como articulação de
ligação entre o pino do pistão e o moente. O
terminal do pino da manivela, contém o ro-
lamento do moente ou biela mestra. Flanges em
torno do terminal, possibilitam a ligação das
bielas articuladas. Estas são ligadas à biela
mestra através de pinos de articulação, os quais
são prensados em furos nos flanges da biela
mestra durante a montagem. Um mancal plano,
geralmente chamado de bucha do pino do pistão
está instalado no terminal do pistão da biela
mestra para receber o pino do pistão.
Quando um eixo de manivelas dos tipos
fenda canelada ou fenda em braçadeira é empre-
gado, é utilizada uma biela mestra do tipo intei-
riça. As bielas mestra e articulada são montadas,
e então, instaladas no moente da biela; as seções
do eixo de manivelas são portanto, unidas. Em
motores que usam o eixo de manivelas do tipo
inteiriço, o terminal da biela mestra é em fenda,
como o mancal. A parte principal da biela mes-
Figura 1-11 Conjunto de bielas. tra está instalada sobre o moente; então o man-
cal é colocado no lugar e preso à biela mestra.
Conjunto de biela mestra e articulada Os centros dos pinos de articulação não
coincidem com o centro do moente da biela.
O conjunto de biela mestra e articulada é Então, enquanto o moente descreve um círculo
comumente usado em motores radiais. Em um verdadeiro para cada rotação do eixo de manive-
motor radial, o pistão do cilindro número um las, os centros dos pinos de articulação descre-
em cada carreira, é conectado ao eixo de mani- vem um caminho elíptico (ver figura 1-12). Os
velas por meio da biela mestra. Todos os outros caminhos elípticos são simétricos em relação a
pistões da fileira são conectados à biela mestra uma linha central do cilindro da biela mestra.
por meio de uma biela articulada. Pode ser notado que os diâmetros maiores das
Em um motor de 18 cilindros, o qual tem elípses não são os mesmos. Assim, as bielas
duas carreiras, existem duas bielas mestras e 16 articuladas terão variação de ângulo em relação
bielas articuladas. As articuladas são fabricadas ao centro do braço de manivela.

1-13
Devido à variação de ângulo das bielas ar- sólida, exceto quanto às passagens de óleo usi-
ticuladas, e ao movimento elíptico dos pinos de nadas nos pinos, através das quais são lubrifica-
articulação; os pistões não se movem em cursos das as buchas. Esses pinos podem ser instalados
iguais em cada cilindro, para em dado número por pressão nos furos dos flanges da biela mes-
de graus do movimento do braço de manivelas. tra, de forma a evitar que eles girem.
Essa variação na posição do pistão entre cilin- Pinos de articulação podem também ser
dros pode ter efeito considerável sobre a opera- instalados com um encaixe frouxo, de forma que
ção do motor. eles possam girar nos furos dos flanges das bie-
Para minimizar o efeito desses fatores so- las mestras e, também, nas buchas das hastes
bre a válvula e o tempo de ignição, os furos do articuladas. Esses são chamados de “pinos de
pino de articulação no flange da biela mestra articulação flutuantes".
não são equidistantes do centro do moente da Em cada tipo de instalação, uma chapa em
biela, compensando dessa forma uma extensão cada lado retém o pino de articulação, evitando
do efeito do ângulo da biela articulada. seu movimento lateral.

Biela plana

As bielas são usadas nos motores opostos e


em linha. A extremidade ligada ao moente é en-
caixada com um mancal com capa ou em fenda.
Os mancais com capa são presos através de pa-
rafusos.
Para manter o balanceamento e a folga a-
propriados, as bielas devem sempre ser reinsta-
ladas no mesmo cilindro e na mesma posição
relativa.

Biela tipo forquilha e pá

A biela tipo forquilha e pá, é um conjunto


usado inicialmente nos motores tipo em V. A
biela bifurcada é dividida no terminal do pivô
para prover espaço para a fixação da lâmina
Figura 1-12 Percurso elíptico dos pinos de cir- entre os pinos. Um mancal simples bi-partido é
culação num conjunto de bielas. usado na extremidade do braço de manivela.

Outro método de minimizar os efeitos ad-


versos sobre a operação do motor, é utilizar um PISTÕES
magneto compensado. Nesse magneto, o came
interruptor (brecker cam) tem um número de O pistão de um motor alternativo é uma
ressaltos igual ao número de cilindros do motor. parte do cilindro que se move para baixo e para
Para compensar a variação na posição do pistão, cima dentro desse cilindro de aço. O pistão age
devido ao ângulo da biela articulada, os ressal- como uma parede móvel dentro da câmara de
tos do came interruptor são estabelecidos com combustão.
espaçamentos desiguais. Conforme o pistão se move para baixo no
Isso permite que os contatos interruptores cilindro, ele aspira a mistura ar/combustível.
abram quando o pistão estiver na posição corre- Na medida em que ele se move para cima,
ta de queima. Esse assunto será discutido mais comprime a carga, ocorre a ignição e os gases
tarde no capítulo 4, tempo de ignição. em expansão forçam o pistão para baixo. Essa
força é transmitida para o eixo de manivelas
Pinos de articulação através da biela.
No golpe de retorno, o pistão força os ga-
Os pinos de articulação são de construção ses de escapamento para fora do cilindro.

1-14
Fabricação do pistão Além de agir como um guia para a cabeça
do pistão, a saia incorpora o orifício para passa-
A maioria dos pistões de motores de aero- gem do pino do pistão. Os orifícios são constru-
naves são usinados de forjamentos de liga de ídos, de forma a permitir que as pesadas cargas
alumínio. sobre a cabeça do pistão sejam transferidas para
Ranhuras são usinadas em suas faces ex- o pino do pistão.
ternas para receberem os anéis do pistão e, ale-
tas de refrigeração, estão instaladas em sua parte Pino do pistão
interna para grandes transferências de calor para
o óleo do motor. O pino do pistão une o pistão à biela. É
Os pistões podem ser do tipo sapata ou usinado na forma de tubo, de aço-níquel, forja-
êmbolo; ambos são mostrados na figura 1-13. do, cementado e retificado. O pino do pistão é,
Os pistões do tipo sapata não são utiliza- algumas vezes, chamado de pino de punho, de-
dos nos motores modernos de alta potência, vido à similaridade entre os movimentos relati-
porque eles não proporcionam vos do pistão e da biela com os do braço huma-
adequada resistência ao desgaste. A face superi- no. O pino do pistão usado nos motores de ae-
or do pistão, ou cabeça, pode ser plana, convexa ronaves modernas são do tipo completamente
ou côncava. flutuante, assim chamados porque o pino está
Rebaixos podem ser usinados na cabeça do livre para girar nos mancais, tanto do pistão
pistão, afim de evitar interferência com as vál- quanto da biela.
vulas. O pino do pistão tem que ser contido para
evitar riscos nas paredes do cilindro. Nos moto-
res primitivos, molas helicoidais eram instaladas
nas ranhuras dos pinos do pistão em cada ex-
tremidade. A prática corrente, é instalar um bu-
jão de alumínio relativamente macio, nas ex-
tremidades dos pinos, para proporcionar uma
boa superfície de mancal em contato com as
paredes dos cilindros.

ANÉIS DE SEGMENTO

Os anéis de segmento evitam o vaza-


Figura 1-13 Conjunto de pistão e tipos de pis- mento de gases sob pressão e, reduzem ao mí-
tão. nimo, a infiltração de óleo na câmara de com-
bustão. Os anéis se ajustam às ranhuras do pis-
Seis ranhuras podem ser usinadas em volta tão, mas se expandem para fazer pressão sobre
do pistão para acomodar os anéis de compressão as paredes dos cilindros. Quando lubrificados
e de óleo. (ver figura 1-13.) Os anéis de com- adequadamente, os anéis constituem um selo
pressão estão instalados nas três ranhuras supe- efetivo de gases.
riores; os anéis de controle de óleo estão insta-
lados imediatamente acima do pino do pistão. Fabricação dos anéis de segmento
O pistão é geralmente furado nas ranhuras
dos anéis de controle de óleo, para permitir que A maioria dos anéis de segmento são fa-
o óleo excedente raspado das paredes do cilin- bricados com ferro fundido de altos teores. A-
dro, pelos anéis de controle de óleo retorne para pós a fabricação, eles são retificados para o cor-
o cárter. te transversal desejado. Eles são então seciona-
Um anel raspador de óleo está instalado na dos, de forma que possam deslizar sobre a face
base da parede do pistão ou saia, para evitar o externa do pistão e nas ranhuras, as quais são
consumo excessivo de óleo. As partes da parede usinadas nas paredes dos pistões. Uma vez que
do pistão que estão entre cada par de ranhura seu propósito é vedar a folga entre o pistão e a
são chamados de anel plano. parede do cilindro, eles têm que se ajustar na

1-15
parede do cilindro, o suficiente para torná-lo velas, bem como detonação, pré-ignição ou ex-
hermeticamente fechado. Eles devem exercer cessivo consumo de óleo.
pressões iguais em todos os pontos das paredes Para permitir que o óleo excedente retorne
dos cilindros, e um fechamento hermético con- ao cárter, são usinados furos nas ranhuras dos
tra os lados das ranhuras dos anéis. anéis, ou nas regiões próximas dessas ranhuras.
Ferro fundido cinzento é frequentemente
mais usado na fabricação de anéis de segmento. Anel raspador de óleo
Contudo, muitos outros materiais têm sido ten-
tados. Em alguns motores, são usados anéis de O anel raspador de óleo, geralmente tem
aço macio cromado na ranhura superior de uma face chanfrada, e está instalado em uma ra-
compressão, porque esses anéis resistem melhor nhura no fundo da saia do pistão. O anel está
às altas temperaturas presentes nesse ponto. instalado com a face raspadora para fora da ca-
beça do pistão ou na posição reversa, depen-
Anéis de compressão dendo da posição do cilindro e da série do mo-
tor. Na posição reversa o anel raspador retém o
A finalidade dos anéis de compressão é óleo em excesso acima dele, no golpe as-
evitar o escapamento de gases através do pistão, cendente do pistão, e esse óleo, é retornado para
durante a operação do motor. Eles são coloca- o cárter através dos anéis de controle de óleo, no
dos nas ranhuras, imediatamente abaixo da ca- golpe descendente.
beça do pistão.
O número de anéis de compressão, utiliza-
dos em cada pistão, é determinado pelo tipo de CILINDROS
motor e de seu projeto, embora a maioria dos
motores de aeronaves usem dois anéis de com- A parte do motor na qual a potência é de-
pressão, além de um ou mais anéis de controle senvolvida, é chamada de cilindro. O cilindro
de óleo. provê a câmara de combustão onde ocorrem a
A seção transversal dos anéis é retangular queima e a expansão dos gases, e aloja o pistão
ou em forma de cunha com uma face cônica. A e a biela.
face cônica apresenta uma estreita borda de Existem quatro fatores principais que pre-
mancal para a parede do cilindro, que ajuda a cisam ser considerados no projeto e construção
reduzir a fricção e proporcionar melhor sela- do conjunto de um cilindro. São eles:
gem.
(1) o cilindro tem que ser suficientemente forte
Anéis de controle de óleo para resistir às pressões internas, desen-
volvidas durante a operação do motor.
Os anéis de controle de óleo são colocados
nas ranhuras, imediatamente abaixo dos anéis de (2) tem que ser construído de um metal leve
compressão, e acima das cavidades dos pinos do para diminuir o peso do motor.
pistão. Pode haver um ou mais anéis de controle
de óleo por pistão. Dois anéis podem ser instala- (3) tem que possuir boas propriedades de con-
dos na mesma ranhura ou em ranhuras separa- dução de calor, para um eficiente resfria-
das. mento.
Os anéis de controle de óleo regulam a
espessura do filme de óleo sobre a parede do (4) tem que ser comparativamente fácil e bara-
cilindro. Se entrar muito óleo na câmara de to quanto à fabricação, inspeção e manuten-
combustão, ele será queimado e deixará uma ção.
fina camada de carbono sobre as paredes da câ-
mara de combustão, na cabeça do pistão, velas e A cabeça é produzida unitariamente para
cabeça das válvulas. cada cilindro nos motores refrigerados a ar, ou é
Esse carbono pode causar o emperramento fundida "em bloco"(todas as cabeças em um
das válvulas ou dos anéis, se ele penetrar nas bloco) para motores refrigerados a líquido. A
ranhuras dos anéis ou nas guias das válvulas. cabeça de cilindro de um motor refrigerado a ar
Além disso, o carbono pode causar falha das é geralmente feita de liga de alumínio, porque

1-16
essa liga constitui um bom condutor de calor, e Cabeças de cilindro
seu baixo peso reduz o peso total do motor.
Cabeças de cilindro são forjadas ou fundi- A finalidade da cabeça do cilindro é prover
das sob pressão para maior resistência. A forma um lugar para a combustão da mistura
interna da cabeça de um cilindro pode ser plana, ar/combustível, e dar ao cilindro maior conduti-
semi-esférica ou na forma de telhado. vidade de calor para uma adequada refrigeração.
O tipo semi-esférico tem sido satisfatório A mistura ar/combustível é inflamada pela
porque é mais forte, e ajuda numa expulsão centelha na câmara de combustão e, dá início à
mais rápida e mais completa dos gases de esca- queima, quando o pistão passa através do ponto
pamento. morto superior, no tempo de compressão.
Os cilindros usados nos motores refrigera- A carga inflamada é rapidamente expan-
dos a ar são do tipo válvula sobre a cabeça, dida a essa altura, e a pressão é aumentada, de
mostrado na figura 1-14. Cada cilindro é um forma que, assim que o pistão passar através do
conjunto de duas partes principais: (1) a cabeça ponto morto superior, ele seja impelido para
do cilindro, e (2) o corpo do cilindro. Na mon- baixo no tempo de potência.
tagem, a cabeça do cilindro é expandida através As passagens das válvulas de admissão e
de aquecimento, e então roscada no corpo do ci- escapamento estão localizadas na cabeça do
lindro que foi resfriado. Então, quando a cabeça cilindro, junto com as velas e mecanismos das
esfria e se contrai e o corpo é aquecido e se ex- válvulas.
pande, resulta em uma junta hermeticamente Após a fundição, as buchas das velas, gui-
fechada. as de válvulas, buchas dos balancins e sede das
Enquanto a maioria dos cilindros usados válvulas, são instaladas na cabeça do cilindro.
são construídos dessa maneira, alguns são cons- As aberturas para as velas podem conter buchas
truídos em peça única, em liga de alumínio, de bronze ou aço, que são contraídas e atarra-
fundidos em areia. A cavidade do pistão de um chadas nessas aberturas.
cilindro fundido em areia é presa a uma camisa Muitos motores correntemente fabricados
de aço, a qual se estende por toda a seção do utilizam velas com roscas postiças ("heli-coil")
corpo do cilindro e se projeta abaixo do flange. de aço inoxidável.
Essa camisa é facilmente removida, e outra no- Guias de válvulas de bronze ou aço, são
va, pode ser instalada em seu lugar. geralmente contraídos ou roscados em aberturas
usinadas na cabeça do cilindro, para prover gui-
as para as hastes das válvulas.
As guias estão geralmente localizadas a
um determinado ângulo, com a linha de centro
do cilindro. As sedes das válvulas são anéis cir-
culares de metal endurecido, o qual protege o
metal, relativamente macio, da cabeça do cilin-
dro, da ação de martelamento das válvulas e dos
gases de escapamento.
As cabeças de cilindro dos motores refri-
gerados a ar estão sujeitas a temperaturas extre-
mas. É portanto, necessário prover adequadas
áreas com aletas de refrigeração, e utilizar me-
tais que conduzam calor rapidamente. As cabe-
ças de cilindro de motores refrigerados a ar são
geralmente fundidas ou forjadas isoladamente.
Liga de alumínio é utilizada em sua fabricação,
por diversas razões.
Essa liga se adapta bem à fundição e à usi-
nagem de aletas fundas e com pouco espaça-
mento, e, é mais resistente que a maioria dos
Figura 1-14 Vista em corte de um conjunto de metais ao ataque corrosivo do chumbo tetra-
cilindro. etílico presente na gasolina.

1-17
As grandes melhorias na refrigeração a ar Em alguns exemplos, o corpo tem roscas
têm resultado da redução da espessura das aletas na superfície externa de uma extremidade, para
e do aumento de suas profundidades. Com isso, que ele possa ter a cabeça rosqueada. Alguns
a área das aletas tem sido aumentada de aproxi- corpos de cilindro, refrigerados a ar, possuem
madamente 1200 para mais de 7500 polegadas aletas de alumínio substituíveis, enquanto outros
quadradas por cilindro, nos motores modernos. têm aletas usinadas, como parte integrante desse
Aletas de refrigeração são afiladas de 0,090" na corpo.
base para 0,060" nas pontas.
Devido à diferença de temperatura entre as NUMERAÇÃO DOS CILINDROS
diversas seções da cabeça do cilindro, é neces-
sário prover maior área de aletas em umas se- Ocasionalmente, é necessário referir-se ao
ções que em outras. A região da válvula de es- lado esquerdo ou direito de um motor, ou a um
capamento é a parte mais quente da superfície particular cilindro. Dessa forma faz-se necessá-
interna; por isso, maior área de aletas deve pro- rio conhecer as direções do motor, e como os ci-
ver a face externa do cilindro, nessa seção. lindros são numerados. A ponta do eixo da héli-
ce do motor é sempre a parte dianteira e a ex-
Corpo do cilindro tremidade dos acessórios é a parte traseira, in-
dependentemente de como o motor tenha sido
Em geral, o corpo do cilindro no qual o instalado na aeronave. Quando nos referimos ao
pistão trabalha, tem que ser fabricado de um lado direito ou esquerdo de um motor, é porque
material de alta resistência, geralmente aço. Ele olhamos da seção traseira ou de acessórios. Vis-
tem que ser o mais leve possível, além de possu- to dessa posição, a rotação do eixo de manivelas
ir as características apropriadas para operação é referido como horário ou anti-horário.
em altas temperaturas. Ele tem que ser fabricado Cilindros de motores radiais são numera-
com bom material de qualidade e possuir alta dos no sentido horário quando vistos da seção
resistência à tensão. de acessórios. Os cilindros dos motores em li-
O corpo do cilindro é fabricado de liga de nha ou em V são conhecidos como séries direita
alumínio forjado, com a face interna endurecida e esquerda, quando vistas da parte dos acessó-
para resistir ao desgaste provocado pelo pistão e rios.
pelos anéis, os quais deslizam apoiados nele. A numeração dos cilindros de um motor é
Esse endurecimento é, geralmente feito, mostrada na figura 1-15.
expondo-se o aço à amônia ou ao cianureto, en- A numeração dos cilindros de motores
quanto ele estiver muito quente. opostos mostrado, começa com o direito traseiro
O aço absorve nitrogênio, o qual forma como número 1 e o esquerdo traseiro como nú-
ferro nitrurado sobre a superfície exposta. Como mero 2. O situado adiante do número 1 é o nú-
resultado desse processo, o metal passa a ser mero 3; o adiante do número 2 é o número 4, e
chamado de nitretado. assim por diante.

Figura 1-15 Numeração dos cilindros dos motores.

1-18
A numeração dos cilindros de motores queimam em sucessão numérica, os cilindros
opostos não segue um padrão. Alguns fabrican- pares.
tes numeram seus cilindros a partir da traseira, e Nos motores radiais de 5 cilindros, por
outros, da parte dianteira do motor. Recorremos exemplo, a ordem de fogo é 1-3-5-2-4, e nos
sempre ao manual apropriado do motor, para motores radiais de 7 cilindros é 1-3-5-7-2-4-6.
determinar o sistema de numeração correto uti- A ordem de fogo em um motor radial de 9 cilin-
lizado pelo fabricante. dros é 1-3-5-7-9-2-4-6-8.
Os cilindros de motores radiais com uma
só carreira de cilindros, são numerados no sen- Motores radiais de duas carreiras de cilin-
tido horário, quando vistos da parte traseira. O dros
cilindro número 1 é o da parte superior do mo-
tor. Em motores com duas carreiras de cilindros, Nos motores radiais de duas carreiras de
é utilizado o mesmo sistema, onde o número 1 é cilindros, a ordem de fogo é de certa forma
o cilindro da parte superior do motor, na fileira complicada. A ordem de fogo é arranjada com o
traseira. Desta forma, todos os cilindros ímpares impulso de fogo ocorrendo no cilindro de uma
estão na fileira traseira e todos os cilindros pa- carreira, e então, no cilindro da outra carreira.
res, na dianteira. Dessa forma, a queima de dois cilindros da
mesma carreira nunca ocorre de forma su-
cessiva.
ORDEM DE FOGO Um método fácil de calcular a ordem de
fogo de um motor radial de duas fileiras, 14 ci-
A ordem de fogo de um motor, é a sequên- lindros, é começar com qualquer número de 1 a
cia na qual o tempo motor ocorre nos diferentes 14, e adicionar 9 ou subtrair 5 (esses são chama-
cilindros. A ordem de fogo é projetada para pro- dos de números de ordem de fogo), quaisquer
porcionar o balanceamento, e para eliminar a vi- que sejam, darão uma ordem de fogo entre 1 e
bração ao máximo possível. 14, inclusive. Por exemplo, começando com 8,
Nos motores radiais, a ordem de fogo tem não pode ser adicionado 9, uma vez que a res-
que seguir um padrão especial, uma vez que os posta seria maior que 14; dessa forma, subtrai-
impulsos provocados pela explosão têm que mos 5 de 8 para obtermos 3; adicionamos 9 ao
seguir o movimento do braço de manivelas du- 3 para obtermos 12; subtraímos 5 de 12 e obte-
rante sua rotação. mos 7; subtraimos 5 de 7 para obtermos 2, e
Nos motores em linha, as ordens de fogo assim por diante.
podem variar fazendo existir diferentes arranjos Os números da ordem de fogo de um mo-
de ordem de fogo, de forma que a força das ex- tor radial de 18 cilindros e duas fileiras são 11 e
plosões nos cilindros seja igualmente distribuída 7; isto é, começando com qualquer número en-
ao longo do eixo de manivelas. tre 1 e 18 adicionamos 11 ou subtraimos 7. Por
Os motores em linha de seis cilindros, ge- exemplo, começando com 1, adicionamos 11
ralmente têm a ordem de fogo 1-5-3-6-2-4. A para obtermos 12; 11 não pode ser adicionado
ordem de fogo dos motores opostos, pode geral- ao 12, porque o total ultrapassaria 18, então,
mente, ser listada em pares de cilindros, con- subtraimos 7 para obtermos 5, adicionamos 11
forme cada par queime de um lado e do outro do ao 5 para obtermos 16; subtraimos 7 do 16 para
rolamento principal. A ordem de fogo dos moto- se obter 9, subtraimos 7 do 9 para se obter 2;
res opostos de 6 cilindros é 1-4-5-2-3-6. A or- adicionamos 11 para se obter 13; e continuamos
dem de fogo de um modelo oposto de 4 cilin- o processo para os 18 cilindros.
dros é 1-4-2-3, porém em outro modelo é 1-3-2-
4. VÁLVULAS

Motores radiais de fileira única A mistura ar/combustível entra nos cilin-


dros através das passagens das válvulas de ad-
Nos motores radiais de uma só fileira de missão, e os gases queimados são expelidos
cilindros, primeiramente todos os cilindros ím- através das passagens das válvulas de escapa-
pares queimam em sucessão numérica, depois mento.

1-19
A cabeça de cada válvula abre e fecha es- As faces das válvulas são frequentemente
sas passagens nos cilindros. As válvulas utiliza- mais duráveis por meio da aplicação de um ma-
das em motores de aeronaves são do tipo gatilho terial denominado estelita, cerca de 1/16" dessa
convencional. As denominações dos tipos de liga é soldada à face da válvula, e retificada para
válvulas são também em função de sua forma e, o ângulo correto. A estelita é resistente à corro-
são ainda, chamadas de cogumelo ou tulipa, são por altas temperaturas e, também resiste ao
devido a sua semelhança com a forma dessas choque e desgaste, associados à operação da
plantas. válvula. Alguns fabricantes de válvulas usam
A figura 1-16 ilustra os diversos tipos e um revestimento de nicromo. O nicromo é utili-
formas dessas válvulas. zado com a mesma finalidade da estelita.
A haste da válvula tem sua superfície en-
durecida para resistir ao desgaste causado pelo
seu deslocamento atravéis da guia de válvula. O
pescoço é a parte que forma a junção entre a
cabeça e a haste. A extremidade da válvula é
endurecida para resistir ao martelamento do
balancim, quando ele abre a válvula. Uma ra-
nhura usinada na haste, próximo à extremidade,
recebe o anel freno dela. Esse mecanismo forma
uma trava para prender a arruela da mola de
retenção no lugar.
Algumas válvulas de admissão e de esca-
pamento são ocas e, parcialmente, cheias com
sódio metálico. Esse material é utilizado porque
é um excelente condutor de calor. O sódio irá
fundir a aproximadamente 110ºC, e o movi-
mento alternativo da válvula faz circular o sódio
líquido, facilitando a retirada de calor da cabeça
Figura 1-16 Tipos de válvulas. da válvula para a haste, onde é dissipado atráves
da guia da cabeça do cilindro e das aletas de
Construção das válvulas refrigeração. Então, a temperatura de operação
da válvula pode ser reduzida tanto a 167ºC co-
As válvulas nos cilindros do motor de uma mo a 230ºC.
aeronave estão sujeitas a altas temperaturas, Sob nenhuma circunstância deve uma vál-
corrosão e tensão de operação; com isso, a liga vula cheia de sódio ser cortada, ou sujeita a tra-
metálica nas válvulas têm que resistir a todos tamento, o qual possa causar ruptura. A ex-
esses fatores. posição do sódio, dessas válvulas ao ar exterior,
Devido ao fato das válvulas de admissão irá resultar em fogo ou explosão com possíveis
trabalharem em temperaturas mais baixas que as ferimentos no pessoal.
temperaturas das válvulas de escapamento, elas As válvulas de admissão comumente mais
podem ser fabricadas de aço cromo-níquel. As utilizadas, têm haste sólida, e as cabeças são na
válvulas de escapamento são geralmente fabri- forma plana ou de tulipa. Válvulas de admissão,
cadas de nicromo, silcrômo ou aço cobalto- para motores de baixa potência, são geralmente
cromo. de cabeça plana.
A cabeça das válvulas tem uma face retifi- Em alguns motores, a válvula de admissão
cada, a qual forma um selo contra a sede na ca- pode ser do tipo tulipa, e ter uma haste menor
beça do cilindro, quando a válvula está fechada. que a haste da válvula de escapamento, ou pode
A face da válvula é geralmente retificada para ser similar à da válvula de escapamento, mas ter
um ângulo de 30º ou 45º. Em alguns motores a hastes e cabeça sólidas. Muito embora essas vál-
face da válvula de admissão é retificada para um vulas sejam similares, elas não são intercambiá-
ângulo de 30º e a face da válvula de escapamen- veis, uma vez que as suas faces são construídas
to, retificada para um ângulo de 45º. de materiais diferentes. A válvula de admissão

1-20
tem, geralmente, um serrilhado na extremidade tos, os quais trabalham contra um rolete do tu-
para identificá-la. cho (ver figura 1-18 e 1-19).
O tucho, aciona uma haste impulsora que,
MECANISMO DE OPERAÇÃO DA VÁL- por sua vez, atua no balancim que abre a válvu-
VULA la.
As molas, que deslizam sobre as hastes das
Para que um motor alternativo funcione de válvulas e, que são mantidas no lugar pela arru-
forma apropriada, cada válvula deve abrir no ela de retenção da mola e pela ranhura da haste,
tempo certo, permanecer aberta pelo espaço de fecham cada válvula e, empurram o mecanismo
tempo requerido e fechar no tempo requerido. da válvula na direção oposta, quando o rolete do
As válvulas de admissão são abertas antes tucho rola ao longo da baixa seção do anel de
do êmbolo ou pistão atingir o ponto morto supe- ressalto.
rior, e as válvulas de escapamento permanecem
abertas após o ponto morto superior.
Em um instante particular, contudo, am-
bas as válvulas são abertas ao mesmo tempo
(fim do escapamento e início da admissão).
Esse claro da válvula permite melhor efi-
ciência volumétrica e mais baixas temperaturas
de operação de cilindros mais baixas. Esse sin-
cronismo das válvulas é controlado pelo seu
mecanismo de operação.
O curso da válvula (distância que a válvula
é desalojada de sua sede), e a duração (tempo
que a válvula permanece aberta) são determina-
dos pela forma do ressalto de came.
Ressaltos típicos estão ilustrados na figura
1-17. A parte do ressalto que pouco a pouco dá
início ao mecanismo de operação da válvula é
chamada rampa ou degrau.

Figura 1-17 Tipos de ressaltos.

A rampa é usinada em cada lado do ressal-


to, para facilitar o contato do balancim com a
extremidade da válvula, reduzindo, dessa forma,
a carga de choque que de outra forma ocorreria.
O mecanismo de operação da válvula con- Figura 1-18 Mecanismo de operação das válvu-
siste de um anel ou eixo, equipado com ressal- las ( motor radial)

1-21
Figura 1-19 Mecanismo de operação das válvulas ( motor de cilindros opostos).

Anel de ressaltos talado entre a extremidade traseira da seção de


potência e a seção do compressor.
O anel de ressaltos é montado concentrica-
O mecanismo da válvula de um motor ra- mente com o eixo de manivelas, e por ele é a-
dial é operado por meio de um ou dois anéis de cionado a uma razão de velocidade reduzida,
ressaltos` dependendo do número de carreiras através do conjunto de engrenagens acionadoras
de cilindros. intermediarias do anel.
Em um motor radial, com uma só carreira O anel de ressaltos tem dois conjuntos de
de cilindros, é utilizado um anel com dupla cur- lóbulos paralelos espaçados na periferia, sendo,
va motriz (ou trilha). Uma, aciona a válvula de um conjunto para as válvulas de admissão e
admissão; a outra, aciona a de escapamento. outro para as de escapamento.
O anel de ressaltos é uma peça circular de Os anéis de ressaltos utilizados podem ter
aço, com uma série de ressaltos ou lóbulos na quatro ou cinco lóbulos sobre as trilhas de am-
superfície externa. bas as válvulas.
A superfície desses lóbulos e o espaço en- O tempo de operação das válvulas, é de-
tre eles (sobre o qual o rolete do tucho desliza) é terminado pelo espaçamento desses lóbulos e
conhecido como curva motriz. pela velocidade e direção, na qual os anéis de
À medida que o anel de ressaltos gira, os ressaltos são acionados em relação à velocidade
lóbulos provocam o levantamento do impulsor e direção do eixo de manivelas.
na sua guia, transmitindo dessa forma a força, Os métodos de acionamento dos cames va-
através da vareta e do balancim, para abrir a vál- riam com as diferentes marcas de motores. O
vula. anel de ressaltos pode ser projetado com dentes
No motor radial de carreira simples, o anel interna ou externamente.
de ressaltos é geralmente localizado entre a en- Se as engrenagens de redução engrenam-se
grenagem de redução da hélice e a extremidade com a parte externa do anel, ele irá girar na di-
frontal da seção de potência. reção de rotação do eixo de manivelas. Se o
No motor radial de duas carreiras de cilin- disco for acionado pelo lado interno, o anel de
dros, um segundo anel de ressaltos, destinado à ressaltos irá girar na direção oposta a do eixo de
operação das válvulas da carreira traseira, é ins- manivelas. Esse método está ilustrado na figura

1-22
1-18. Um estudo da figura 1-20 mostrará que espaço de 80º entre os impulsos de ignição. O
um anel de quatro lóbulos pode ser usado tanto espaçamento nos quatro lóbulos do anel de res-
nos motores de sete quanto nos de nove cilin- saltos é de 90º, que é maior que o espaçamento
dros. Nos motores de sete cilindros, irão girar na entre impulsos.
mesma direção do eixo de manivelas e, nos de Dessa forma, para se obter a relação ade-
nove cilindros, na direção oposta. quada entre a operação das válvulas e a ordem
Nos motores de nove cilindros, o espaça- de fogo, é necessário acionar o anel em oposi-
mento entre cilindros é de 40º e a ordem de fogo ção à rotação do eixo de manivelas.
é 1-3-5-7-9-2-4-6-8. Isso significa que há um

5 cilindros 7 cilindros 9 cilindros Direção da rotação


com relação ao eixo
de manivelas
Nº de res- Velocidade Nº de res- Velocidade Nº de res- Velocidade
saltos saltos saltos
3 1/6 4 1/8 5 1/10 A mesma
2 ¼ 3 1/6 4 1/8 Oposta

Figura 1-20 Tabela do anel de ressaltos de um motor radial.

Utilizando o anel de ressaltos de quatro


lóbulos nos motores de sete cilindros o espaça- Eixo de ressaltos
mento entre a ignição dos cilindros será maior
que o espaçamento dos lóbulos do anel. Com O mecanismo de um motor de cilindros
isso, será necessário que o anel tenha rotação na opostos é acionado pelo eixo de ressaltos (ou
mesma direção que a do eixo de manivelas. eixo de comando de válvulas). O eixo de ressal-
A fórmula que algumas vezes é utilizada tos é acionado por uma engrenagem que se une
no cômputo da velocidade do anel é: velocida- a outra presa ao eixo de manivelas (ver figura 1-
de do anel de ressaltos = ½ ÷ pelo número de 21).
lóbulos em cada curva motriz. O eixo de ressaltos sempre gira com meta-
"Metade" (1/2) é a velocidade na qual o de da velocidade do eixo de manivelas. À medi-
anel funcionaria se fosse equipado com apenas da em que o eixo de ressaltos gira, os lóbulos
um lóbulo para cada válvula. provocam o levantamento do tucho em sua guia,
É dividida pelo número de lóbulos, o que transmitindo a força através de hastes impulso-
determinará o quanto a velocidade terá que ser ras e balancim, para abrir a válvula.
reduzida.
Em um motor radial de duas carreiras, com
14 cilindros, e que possuem sete cilindros em
cada carreira, o mecanismo das válvula pode
consistir de dois conjuntos separados, um para
cada carreira.
Poderia ser considerado como dois moto-
res de sete cilindros atrelados, tendo os impul-
sos de ignição espaçados ou com folga apropri-
ada. Por exemplo, num motor de duas carreiras,
dois anéis de ressaltos de quatro lóbulos podem
ser utilizados.
Os aneis são acionados, por engrenagens
ligadas ao eixo de manivelas por meio dos den- Figura 1-21 Mecanismo de acionamento do
tes de engrenagens, na periferia do anel de res- eixo de ressaltos de um motor de
saltos. cilindros opostos.

1-23
Conjunto de tuchos lancim, e então para a extremidade da válvula,
abrindo esta no tempo apropriado.
O conjunto de tuchos consiste em: O propósito da mola do tucho, é ocupar a
folga entre o balancim e a extremidade da vál-
(1) Um tucho cilíndrico, o qual desliza para vula, para reduzir o impacto quando a válvula
dentro e para fora em uma guia, em uma for aberta. É feito um furo no tucho, para permi-
das seções do cárter em volta do anel de- tir que o óleo do motor flua através das cavida-
ressaltos. des das hastes impulsoras, para lubrificar o con-
junto de balancins.
(2) Um seguidor de ressaltos ou rolete de tu-
cho, o qual segue o contorno do anel de res- Tuchos hidráulicos
saltos.
Alguns motores de aeronaves incorporam
(3) Um soquete de bola de tucho, ou soquete de tuchos hidráulicos, os quais, automaticamente,
haste impulsora. mantêm a folga das válvulas a zero, eliminando
a necessidade de qualquer ajuste no mecanismo
(4) Uma mola de tucho. de claro de válvulas. Um tucho hidráulico típico
(zero-folga no curso da válvula) é mostrado na
A função do conjunto de tuchos, é conver- figura 1-22.
ter o movimento de rotação do lóbulo do anel de Quando a válvula é fechada, a face do cor-
ressaltos em movimento alternativo, e transmitir po do tucho está sobre o círculo base ou costas
esse movimento para a haste impulsora, e ba- do came, conforme mostrado na figura 1-22.

Figura 1-22 Tucho hidráulico.

A mola do êmbolo ergue o êmbolo hidráu- fora. Esse ato, força o assentamento da esfera da
lico, de forma que sua extremidade externa con- válvula em sua sede; assim, o óleo retido na
tacta o soquete da haste impulsora, exercendo câmara de pressão age como uma almofada.
uma leve pressão sobre ele, eliminando assim, Durante os intervalos em que a válvula do
qualquer folga na articulação da válvula. Na motor está fora de sua sede, um vazamento pre-
medida em que o êmbolo se move para fora, a determinado ocorre entre o êmbolo e o corpo do
esfera da válvula sai de sua sede. cilindro, o que compensa qualquer expansão ou
Óleo da câmara de fornecimento, que está contração no conjunto da válvula. Imediatamen-
diretamente ligado ao sistema de lubrificação do te, após a válvula fechar, a quantidade de óleo
motor, entra e enche a câmara de pressão. Con- requerida para encher a câmara de pressão flui
forme o eixo gira, o ressalto empurra o corpo do da câmara de fornecimento, preparando novo
tucho e o cilindro levantador hidráulico para ciclo de operação.

1-24
Haste impulsora Duas ou mais molas também reduzem o
perigo de enfraquecimento e possível falha por
As hastes impulsoras de forma tubular fratura, devido ao aquecimento e fadiga do ma-
transmitem a força de levantamento do tucho terial.
para o balancim. As molas são mantidas no lugar por meio
Uma esfera de aço endurecido é pressiona- de travas bipartidas, instaladas no rebaixo do
da sobre ou para dentro de cada extremidade do batente superior da mola da válvula ou arruela,
tubo. Uma esfera encaixa-se no balancim. Em e engraza num entalhe usinado na haste da vál-
alguns exemplos, as esferas estão nos tuchos e vula. As funções das molas são fechar as válvu-
balancins e os soquetes estão na haste impulso- las e prendê-las seguramente em suas sedes.
ra. A forma tubular é empregada devido à sua
leveza e resistência. Ela permite que o óleo sob Levantador hidráulico de válvulas (tuchos
pressão de lubrificação do motor passe através hidráulicos)
da haste oca e extremidades esféricas, com furo
para lubrificar os terminais esféricos, rolamento Levantadores hidráulicos de válvulas, são
do balancim e guia da haste de válvula. A haste normalmente ajustados durante a revisão geral.
impulsora está revestida por um envelope, que Eles são montados a seco (sem lubrificação), as
se estende do cárter à cabeça do cilindro. folgas são verificadas e os ajustes são geral-
mente feitos por meio de hastes impulsoras de
Balancins diferentes comprimentos. São estabelecidas as
folgas mínima e máxima. Qualquer medida en-
Os balancins transmitem a força de acio- tre esses extremos é aceitável, porém, o ideal é
namento do ressalto para as válvulas. Os con- que esta seja aproximadamente a média entre os
juntos de balancins são suportados por mancais extremos. Levantadores hidráulicos de válvulas
lisos, de roletes ou de esferas, ou uma combina- requerem menos manutenção, são melhor lubri-
ção deles, os quais servem como um eixo (pi- ficados, e de operação mais silenciosa que os do
vô). Geralmente, uma extremidade do braço tipo ajustados por meio de parafuso.
encosta na haste impulsora e, a outra, encosta na
haste da válvula. Mancais
Algumas vezes, a extremidade do balan-
cim possui uma ranhura para acomodar um role- Um mancal é qualquer superfície que su-
te de aço. A extremidade oposta é construída ou porta, ou é suportada, por outra superfície. Um
com grampo bi-partido roscado e parafuso trava, bom mancal deve ser composto de material que
ou furo rosqueado. seja suficientemente forte para resistir às pres-
O braço pode ter um parafuso para ajustar sões impostas a eles, e deve permitir que a outra
a folga entre o balancim e a ponta da haste da superfície se movimente com um mínimo de
válvula. O parafuso é ajustado à folga especifi- atrito e desgaste.
cada, para garantir a abertura completa da vál- As peças têm que ser montadas dentro de
vula. pequenas tolerâncias, para proporcionar um
funcionamento eficiente e silencioso, e ainda,
Molas das válvulas permitir liberdade de movimento.
Para se conseguir essa condição e, ao
Cada válvula é fechada por meio de duas mesmo tempo reduzir o atrito entre as peças
ou três molas helicoidas. Se apenas uma mola móveis, de forma que a perda de potência não
fosse utilizada, haveria vibração ou oscilação seja excessiva, são utilizados mancais de diver-
em determinadas velocidades. Para eliminar sos tipos.
essa dificuldade, duas ou mais molas (uma den- Os mancais são requeridos para suportar
tro da outra) são instaladas em cada válvula. cargas radiais, cargas de empuxo ou uma com-
Cada mola irá vibrar em diferentes velocidades binação das duas.
do motor, resultando num rápido amortecimento Existem dois meios, pelos quais as superfí-
das vibrações e oscilações durante o funciona- cies dos mancais se movem, uma em relação à
mento. outra.

1-25
Um é pelo movimento de deslizamento de para apoiar os diversos eixos na seção de aces-
um metal contra o outro e, o segundo, é pelo sórios, são denominados buchas.
rolamento de uma superfície sobre outra. Os três Buchas "porous oilite" são amplamente
diferentes tipos de mancais, em uso geral, são li- usadas nesse exemplo. Elas são impregnadas
sos, de rolete e de esfera (ver figura 1-23). com óleo, de tal forma que o calor proveniente
da fabricação, traz o óleo para a superfície do
mancal durante a operação do motor.

Mancais de esferas

Um mancal de esferas consiste em canais


ranhurados interno e externamente, um ou mais
conjuntos de esferas, e, nos mancais projetados
para serem desmontáveis, um retentor. Eles são
utilizados nos eixos de ventoinha dos compres-
sores e balancins de alguns motores. Mancais de
esferas especiais (deep-grove) são usados em
motores de aeronaves, para transmitir o empuxo
da hélice para a seção do nariz do motor.

Mancais de roletes

Mancais de roletes são fabricados de mui-


tos tipos e formas, porém os dois tipos geral-
mente usados nos motores de aeronaves são os
roletes retos e de roletes cônicos.
Mancais de roletes retos são utilizados
onde esse mancal está sujeito apenas a cargas
radiais. Eles são utilizados como mancais prin-
cipais dos eixos de manivelas, nos motores de
aeronaves de alta potência e, também em situa-
ções onde as cargas radiais são elevadas.
Figura 1-23 Rolamentos. Nos mancais de roletes cônicos, conforme
o próprio nome sugere, as superfícies interna e
Mancais lisos externa têm a forma de cone. Esses mancais
resistem tanto às cargas de empuxo, quanto às
Os mancais lisos são utilizados geralmente radiais. .
nos eixos de manivelas, anéis de ressaltos, eixo
de comando de ressaltos, bielas e eixo de acio- ENGRENAGENS DE REDUÇÃO DA HÉ-
namento de acessórios. Tais mancais estão, ge- LICE
ralmente, sujeitos apenas a cargas radiais, em-
bora alguns tenham sido projetados para absor- A potência elevada entregue por um motor
ver cargas de empuxo. de alta potência, resulta da alta rotação do eixo
Os mancais planos são, de modo geral, fa- de manivelas.
bricados de metais não-ferrosos (sem ferro), tais É, portanto, necessário prover engrenagens
como prata, bronze, alumínio, e diversas ligas de redução para limitar a velocidade de rotação
de cobre, estanho ou chumbo. da hélice, para um valor no qual uma operação
Os rolamentos da biela mestra ou pino de eficiente seja obtida.
biela, em alguns motores, são finos invólucros Sempre que a velocidade das pontas das
de aço, protegidos com prata sobre as superfí- pás se aproxima da velocidade do som, a efici-
cies interna e externa; com chumbo-estanho ência da hélice diminui rapidamente. A prática
protegendo a prata apenas na superfície interna. geral tem sido prover engrenagens de redução
Mancais menores, como aqueles utilizados para hélices de motores, cujas velocidades são

1-26
acima de 2.200 RPM, porque a eficiência da Os sistemas de engrenagens do tipo plane-
hélice diminui rapidamente acima dessa veloci- tário de dentes retos consistem de uma grande
dade. engrenagem acionadora ou engrenagem sol,
Uma vez que as engrenagens de redução presa por chaveta (e algumas vezes por estrias)
têm que resistir a tensões extremamente altas, ao eixo de manivelas, uma grande engrenagem
elas são usinadas em aço forjado. Existem em estacionária chamada engrenagem sino, e um
uso, muitos tipos de sistemas de redução. Os conjunto de pequenas engrenagens planetárias
três tipos (figura 1-24) comumente mais utiliza- de dentes retos, montadas sobre um anel de su-
dos são: porte.
O anel é preso ao eixo da hélice, e as en-
(1) Planetário de dentes retos; grenagens planetárias unidas tanto à engrena-
(2) Planetário de dentes chanfrados; e gem sol quanto à sino estacionária ou anel. A
(3) Pinhão cilíndrico. engrenagem estacionária é presa ou estriada na
carcaça da seção central. Quando o motor está
em operação, a engrenagem sol gira. Estando as
engrenagens combinadas com o anel, elas tam-
bém têm que girar. Uma vez que, também estão
engrazadas com a engrenagem estacionária, elas
irão caminhar ou rolar em torno da mesma, à
medida em que ela gira; e o anel no qual estão
montadas irá girar o eixo da hélice na mesma
direção do eixo de manivelas, mas a uma velo-
cidade reduzida.
Em alguns motores, a engrenagem sino é
montada no eixo da hélice, e a engrenagem do
pinhão planetário é ali fixada. A engrenagem sol
é encaixada por estrias ao eixo de manivelas e,
dessa forma, age como uma engrenagem aciona-
dora. Nessa montagem, a hélice move-se a uma
velocidade reduzida, porém em direção con-
trária a do eixo de manivelas.
No sistema de engrenagens de redução do
tipo planetário de dentes chanfrados, a engrena-
gem acionadora é usinada com dentes externos
chanfrados e presa ao eixo de manivelas.
Um conjunto de engrenagens de pinhão
cônico conjugado, é montado na caixa ligada ao
eixo da hélice.
As engrenagens pinhão, são acionadas pela
engrenagem acionadora, e, giram em torno da
engrenagem estacionária, a qual é presa por
parafusos ou por estrias à carcaça da seção fron-
Figura 1- 24 Engrenagens de redução. tal. O empuxo das engrenagens tipo pinhão cô-
nico é absorvido pelo empuxo de um mancal de
Os sistemas de engrenagens de redução do esferas de projeto especial.
tipo planetário são usados com motores radiais e As engrenagens acionadora e fixa são, ge-
opostos; e os de dentes retos e pinhão cilíndrico ralmente, suportadas por mancais de esferas
são usados com os motores do tipo em linha e apropriados para trabalhos pesados. Esse tipo de
em “V”. conjunto de redução planetário é mais compacto
Dois desses tipos, o planetário de dentes que o outro descrito e, pode, por isso, ser utili-
retos e o planetário de dentes chanfrados, são zado onde uma menor engrenagem redutora de
aqui discutidos. hélice é desejada.

1-27
EIXO DA HÉLICE MOTORES ALTERNATIVOS - PRINCÍ-
PIOS DE FUNCIONAMENTO
Os eixos de hélices podem ser de três tipos
principais: cônico, estriado ou flangeado. Eixos Um estudo dessa seção ajudará no enten-
cônicos são identificados pelos números de co- dimento dos princípios básicos de operação dos
nicidade. Os eixos estriados e flangeados são motores alternativos. Os princípios que gover-
identificados pelos números SAE. nam o relacionamento entre a pressão, volume e
O eixo de hélice, da maioria dos motores temperatura dos gases são os princípios básicos
de baixa potência de saída, é forjado como parte da operação do motor.
do eixo de manivelas. Um motor de combustão interna, é um dis-
Ele é cônico e provido de uma fenda serri- positivo para conversão de energia térmica em
lhada, de forma a permitir que o cubo da hélice energia mecânica. A gasolina é vaporizada e
seja fixado ao eixo. O rasgo da chaveta e indi- misturada com ar, forçada para dentro do cilin-
cador de posição ("key index") da hélice está dro, comprimida por meio de um êmbolo, e en-
relacionado ao ponto morto superior do cilindro tão inflamada através de uma centelha. A con-
número 1. A ponta do eixo da hélice é rosquea- versão da energia calorífica, resultante em ener-
da para receber a porca de retenção da hélice. gia mecânica e, daí em trabalho, é levada a ter-
Eixos de hélice cônicos são comuns tanto em mo dentro do cilindro.
motores mais antigos, quanto em motores em A figura 1-25 ilustra os vários componen-
linha. tes necessários para executar essa conversão e
O eixo de uma hélice de motor com alta também apresenta os principais termos utiliza-
potência de saída, geralmente é estriado. Ele é dos para indicar a operação do motor.
rosqueado em uma extremidade, para fixar a
porca do cubo da hélice.
O mancal de empuxo, o qual absorve o
empuxo da hélice, está localizado em torno do
eixo e transmite o empuxo para a carcaça da
seção do nariz.
O eixo é rosqueado para receber a porca de
retenção do mancal de empuxo. Na parte so-
bressalente à carcaça (entre as duas partes ros-
cadas), estão localizadas as estrias para receber
o cubo da hélice. O eixo é geralmente usinado
de uma liga de aço forjado por todo o seu com-
primento.
O eixo da hélice pode ser conectado por
meio de engrenagens redutoras ao eixo de mani-
velas do motor, porém nos pequenos motores o
eixo da hélice é simplesmente uma extensão do
eixo de manivelas.
Para girar o eixo da hélice, o eixo de ma-
nivelas também tem que girar. Eixos de hélices
flangeados são usados em motores alternativos
de média ou baixa potência, em motores turbo-
jato. Uma extremidade do eixo é flangeada, com
furos para receber os parafusos do montante da
hélice.
O conjunto pode ser um curto eixo, com Figura 1-25 Componentes e terminologia de
roscas internas para receber a válvula distribui- operação do motor.
dora, a ser usada com uma hélice controlável. O
eixo flangeado é normal na maioria dos motores O ciclo de operação de um motor alternati-
alternativos aprovados. vo de combustão interna, inclui a série de even-

1-28
tos requerida para introduzir, comprimir, infla- A maioria dos motores alternativos de ae-
mar, queimar e expandir a carga ar/combustível ronaves opera com o ciclo de quatro tempos, às
dentro do cilindro, e para recuperar ou descarre- vezes chamado de ciclo Otto. O nome do seu
gar os sub-produtos do processo de combustão. descobridor, um físico alemão. Os motores de
Quando a mistura comprimida é inflama- quatro tempos apresentam muitas vantagens
da, os gases resultantes da combustão se expan- quanto ao seu uso em aeronaves. Uma das van-
dem muito rapidamente, e forçam o movimento tagens é que ele presta-se prontamente para alta
do êmbolo, afastando-se da cabeça do cilindro. performance através de supercompressor.
Esse movimento do êmbolo para baixo, agindo Nesse tipo de motor, são requeridos quatro
sobre o eixo de manivelas através da biela, é tempos para completar a série de eventos ou ci-
convertido em movimento circular ou rotativo clos de operação de cada cilindro, como mostra-
do eixo de manivelas. do na figura 1-26. São requeridas duas voltas
Uma válvula no topo ou cabeça do cilindro completas do eixo de manivelas (720º) para os
se abre para permitir o escapamento dos gases quatro tempos; então, cada cilindro em um mo-
queimados, e o movimento do eixo de manive- tor desse tipo, queima uma vez a cada duas vol-
las e da hélice força o êmbolo a retornar para tas do eixo de manivelas.
cima, no cilindro, onde estará pronto para novo
evento no ciclo. Então, abre-se outra válvula na
cabeça do cilindro para deixar entrar uma nova
carga da mistura ar/combustível.
A válvula que permite a saída dos gases
queimados é chamada de válvula de escapa-
mento, e a válvula pela qual entra a carga de
mistura ar/combustível é denominada válvula de
admissão. Essas válvulas são abertas e fechadas
mecanicamente nos tempos apropriados, por
meio do mecanismo de operação das válvulas.
Chamamos de diâmetro de um cilindro,
seu diâmetro interno. O curso é a distância que
o êmbolo se move de uma extremidade à outra
do cilindro, especificamente do p.m.s. (ponto
morto superior) ao p.m.i. (ponto morto inferior),
ou vice-versa (ver figura 1-25).

CICLOS DE OPERAÇÃO

Existem dois ciclos de operação de uso


geral:
Figura 1-26 Ciclo de quatro tempos.
(1) ciclo de dois tempos; e
(2) ciclo de quatro tempos.
CICLO DE QUATRO TEMPOS
Os motores de dois tempos, há muito desa-
parecidos do cenário da aviação, não será aqui Na discussão seguinte à operação dos mo-
discutido. Como o próprio nome sugere, os mo- tores com ciclo de quatro tempos, deve ser per-
tores de dois tempos requerem apenas um mo- cebido que, a relação entre a distribuição de
vimento para cima e um para baixo, para que o ignição e a abertura das válvulas, varia conside-
êmbolo complete a série de eventos requeridos ravelmente entre diferentes motores.
dentro do cilindro. Muitos fatores influenciam a distribuição
Dessa forma, o motor completa o ciclo de de um motor específico, e o mais importante é
operação com uma rotação do eixo de manive- que as recomendações do fabricante a esse res-
las. peito sejam seguidas na manutenção e revisão

1-29
geral. A distribuição de ignição e a abertura das introduzida no cilindro e para ajudar na expul-
válvulas são sempre especificadas em graus, são dos sub-produtos da combustão.
com relação ao eixo de manivelas. A válvula de admissão é regulada para
Nos parágrafos seguintes, o tempo de cada fechar entre 50º e 75º após o ponto morto infe-
evento será especificado em termos de graus em rior no tempo de compressão, dependendo da
relação ao eixo de manivelas, no tempo em que especificação do motor, para permitir que a im-
o evento ocorre. pulsão dos gases de admissão carregue o cilin-
Deve ser lembrado que é requerido um dro mais completamente. Devido ao volume do
certo intervalo de movimento do eixo de mani- cilindro acima do êmbolo, comparativamente
velas para abrir completamente a válvula; dessa grande, quando o êmbolo está próximo ao ponto
forma, o tempo especificado representa o início morto inferior, o ligeiro curso do êmbolo para
da abertura, ao invés da posição completamente cima durante esse tempo não tem grande efeito
aberta. sobre o fluxo de gases sendo admitidos. Esse
retardo pode ser estendido, porque os gases po-
Tempo de admissão dem ser forçados de volta através da válvula de
admissão, e anular o proposito do retardo no
Durante o tempo de admissão, o êmbolo é fechamento.
puxado para baixo no cilindro, através da rota-
ção do eixo de manivelas. Isso reduz a pressão Tempo de compressão
no interior do cilindro e provoca um fluxo de ar
na pressão atmosférica através do carburardor, Após a válvula de admissão estar fechada,
que mede a quantidade correta de combustível. a continuação do movimento do êmbolo para
A mistura ar/combustível passa através das cima comprime a mistura ar/combustível, para
tubulações de admissão, e da válvula de admis- obter as características de queima e expansão
são para os cilindros. desejadas.
A quantidade ou a carga da mistura A carga é queimada por meio de uma cen-
ar/combustível depende da abertura da manete telha elétrica, quando o êmbolo se aproxima do
de aceleração. ponto morto superior. O tempo de ignição varia
A válvula de admissão é aberta muito an- de 20º a 35º antes do ponto morto superior, de-
tes do êmbolo atingir o ponto morto superior no pendendo do que seja requerido pelo motor es-
tempo de escapamento, de modo a provocar a pecífico, para assegurar completa combustão da
entrada de maior quantidade de carga carga, no tempo em que o êmbolo tiver passado
ar/combustível no cilindro, aumentando dessa ligeiramente do ponto morto superior.
forma sua potência. Muitos fatores afetam a distribuição de
A distância antes do ponto morto superior ignição. O fabricante do motor gasta tempo con-
em que a válvula pode ser aberta, está, contudo siderável em pesquisa e teste para determinar o
limitada por vários fatores; tal como a possibili- melhor ajustamento.
dade de que os gases quentes remanescentes do Todos os motores incorporam dispositivos
ciclo anterior, retornem pela tubulação de ad- para ajuste da distribuição de ignição, e, é mais
missão e sistema de indução. importante que os sistema de ignição seja regu-
Em todos os motores de aeronaves de alta lado de acordo com as recomendações do fabri-
potência, as válvulas de admissão e escapamen- cante do motor.
to estão fora de suas sedes no ponto morto supe-
rior, no início do tempo de admissão. Tempo de potência
Conforme mencionado acima, a válvula de
admissão abre antes do ponto morto superior no Quando o êmbolo se move para o ponto
tempo de escapamento (avanço de válvula). morto superior, no fim do tempo de compressão,
Esse tempo é denominado claro de válvu- e começa a descer no tempo de potência, ele é
la, e é projetado para ajudar na refrigeração do forçado para baixo pela rápida expansão dos
cilindro, internamente, por meio da circulação gases, queimando na cabeça do cilindro com
da mistura ar/combustível que está fria na ad- uma força que pode ser maior que 15 toneladas,
missão, para aumentar a quantidade de mistura à potência máxima de saída do motor.

1-30
A temperatura de saída desses gases pode POTÊNCIA E EFICIÊNCIA DOS
estar entre 1650ºC e 2200ºC. Na medida em que MOTORES ALTERNATIVOS
o êmbolo é forçado para baixo, durante o tempo
de potência, através da pressão que os gases
queimados exercem sobre ele, o movimento da Todos os motores são homologados de
biela para baixo é transformado em movimento acordo com sua capacidade para produzir traba-
de rotação pelo eixo de manivelas. Então, o mo- lho e potência.
vimento de rotação é transmitido ao eixo da Esta seção apresenta uma explanação so-
hélice para acioná-la. bre trabalho e potência, e sobre como eles são
Conforme os gases queimados são expan- calculados. Também são discutidas as diversas
didos, a temperatura cai para limites seguros, competências que governam a saída de um mo-
antes de fluirem pelo escapamento. tor alternativo.
O tempo de abertura da válvula de esca-
pamento é determinado, entre outras considera- Trabalho
ções, pela conveniência de utilizar as forças de
expansão o máximo possível, e de esvaziar o Os físicos definem trabalho da seguinte
cilindro o mais completo e rapidamente possí- forma:"Trabalho é força multiplicada por dis-
vel. tância.O trabalho realizado por uma força agin-
A válvula é aberta antes do ponto morto do sobre um corpo, é igual ao produto dessa
inferior no tempo de potência (em alguns moto- força pela distância através da qual ela age."
res, de 50º a 75º antes do ponto morto inferior),
enquanto ainda existe alguma pressão no cilin- trabalho (w) = força (f) x distância (d)
dro.
Esse tempo é utilizado de forma que a O trabalho é medido em diversos sistemas,
pressão possa forçar a saída dos gases através a unidade mais comum é chamada libra-pé. Se a
do escapamento, o mais imediato possível. massa de uma libra for erguida de um pé, uma
Esse processo livra o cilindro das sobras lb.pé de trabalho foi produzido.
de calor, após a expansão desejada ter sido obti- Quanto maior a massa e maior a distância,
da, e evita superaquecimento do cilindro e do maior será o trabalho realizado.
êmbolo.
Uma drenagem completa é muito impor- Cavalo-vapor (HP)
tante, uma vez que qualquer produto de exaus-
tão remanescente no cilindro, irá diluir a carga A unidade comum de potência mecânica é
ar/combustível, sendo admitida no início do o hp ( ou HP).
ciclo seguinte. Há muito tempo no século 18, James Watt,
o inventor do motor a vapor, descobriu que um
Tempo de escapamento cavalo inglês poderia trabalhar à razão de 550
lb.pé por segundo ou 33.000 lb.pé por minuto,
Conforme o êmbolo passa no ponto morto por um espaço razoável de tempo. A partir des-
inferior no fim do tempo de potência, e sobe no sas observações veio o hp, o qual é a unidade
tempo de escapamento, ele começa a empurrar padrão de potência no sistema inglês de medida.
os gases queimados. Para calcular a capacidade de um motor em hp,
A velocidade dos gases de escapamento divide-se a potência desenvolvida em lb.pé por
deixando o cilindro, cria uma baixa pressão no minuto por 33.000, ou a potência em lb.pé por
seu interior. segundo por 550.
Essa pressão baixa ou reduzida acelera o
fluxo da mistura ar/combustível para o cilindro, lb . pé / min lb . pé / seg
HP = ou
quando a válvula de admissão começar a abrir. 33.000 550
A abertura da válvula de admissão é regu-
lada para ocorrer entre 8º e 55º antes do ponto Conforme mostrado acima, trabalho é o
morto superior, no tempo de escapamento em produto de uma força por uma distância;e po-
muitos motores. tência é o trabalho por unidade de tempo.

1-31
Consequentemente, se um peso de 33000 Área de um círculo
lb. for levantado verticalmente na altura de um
pé, em um minuto, a potência despendida é Para se encontrar a área de um círculo é
33000 lb.pé por minuto ou exatamente um hp. necessário, usar um número denominado Pi (¶).
O trabalho não é realizado apenas quando Esse número representa a razão entre a circun-
a força é aplicada para levantamento. A força ferência e o diâmetro de qualquer círculo.
pode ser aplicada em qualquer direção. Se um O valor de π (Pi) não é exato, uma vez que
peso de 100 lb. for arrastado no solo, uma força ele representa uma dízima, porém com quatro
estará sendo aplicada para desenvolver trabalho, casas decimais, seu valor é 3,1416, aproximação
embora a direção do movimento resultante seja suficiente para a maioria dos cálculos.
aproximadamente horizontal, o valor dessa for- A área de círculo, como de um retângulo
ça dependerá da aspereza do piso. ou de um triângulo, tem que ser expressa em
Se o peso for ligado a uma mola com esca- unidades quadradas.
la graduada em lbs., e então arrastado, puxando- A distância equivalente à metade do diâ-
se o punho da escala, o valor da força requerida metro do círculo é denominada raio. A área de
pode ser medido. Suponhamos que a força re- um círculo é obtida multiplicando-se ¶ pelo raio
querida seja 90 lb. e que o peso de 100 lbs. seja elevado ao quadrado. A f'órmula é expressa por:
arrastado 660 pés em dois minutos. O valor do
trabalho realizado em dois minutos será 59.400 A = ¶ R²
lb. pé, ou 29700 lb.pé por minuto; o hp. despen-
dido nesse caso será 29700 dividido por 33000 Onde A é a área do círculo, ¶ é a constante da-
ou 0,9 hp. da, e R é o raio do círculo, o qual é igual à me-
tade do diâmetro ou:
Deslocamento do êmbolo
D
Quando outros fatores permanecem iguais, R =
quanto maior o deslocamento, maior será a po- 2
tência máxima que o motor desenvolverá. Exemplo:
Quando um êmbolo se move do ponto
morto inferior para o ponto morto superior, ele Encontrar o volume deslocado pelo êmbo-
desloca um volume específico. O volume deslo- lo ou cilindrada de um motor PWA, 14 cilin-
cado é conhecido como cilindrada, e é expresso dros, tendo cada cilindro 5,5 polegadas de diâ-
em polegadas cúbicas para a maioria dos moto- metro e um curso de 5,5 polegadas. As fórmulas
res de fabricação americana, e centímetros cúbi- requeridas são:
cos para os outros.
O volume deslocado pelo pistão de um D
R=
cilindro (ou cilindrada) pode ser obtido multipli- 2
cando a área da seção reta de um cilindro pela
distância total que o êmbolo se desloca em um A = ¶R²
tempo do motor. Para motores multicilindros, V=AxH
esse produto é multiplicado pelo número de VTOT = V x N (NÚMERO DE CILINDROS)
cilindros, para se obter o volume total ou cilin-
drada do motor. Substituindo os valores nessas fórmulas, e com-
Uma vez que o volume (v) de um cilindro pletando os calculos.
é igual a área (A) da base multiplicada pela altu-
ra (H), é expresso matematicamente como: D 5,5
R= R= = 2,75
2 2
V = A x H. A = ¶R² A = 3,1416 . (2,75 x 2,75)
A = 3,1416 x 7,5625 = 23,7584 pol².
Para nossos propósitos, a área da base é a V = A x HV = 23,7584 x 5,5 V = 130,6712
área da seção reta do cilindro ou da face superi- VTOT = V x N VTOT = 130,6712 x 14
or do êmbolo. VTOT = 1829, 3968

1-32
Arredondando para o inteiro imedi- primida, mais trabalho é potencialmente capaz
atamente superior, o volume total é igual a 1830 de realizar.
pol³. A razão de compressão de um motor (ver
Outro método de calcular esse valume é figura 1-27), é uma comparação do volume de
utilizar o diâmetro do êmbolo, ao invéz do raio um cilindro quando o êmbolo está no ponto
na fórmula para a área da base. morto inferior, e o volume quando ele está no
ponto morto superior.
A = ¼¶D² Essa comparação é expressa como uma
Substituindo A =1/4 x 3,1416 x 5,5 x 5,5 razão, daí a expressão "razão de compressão".
Taxa de compressão é um fator de controle na
A = 0,7854 x 30,25 A = 23,758 pol². maxíma potência desenvolvida por um motor,
mas ela está limitada pela quantidade dos com-
A partir desse ponto, os cálculos são idên- bustíveis atuais, pelas elevadas velocidades dos
ticos ao exemplo precedente. motores e pressões de admissão requeridos para
decolagem.
Taxa de compressão Por exemplo, se existem 140 pol³ de volu-
me em um cilindro quando o êmbolo está no
Todo motor de combustão interna tem que ponto morto inferior, e 20 pol³ quando o êmbolo
comprimir a mistura ar/combustível, para rece- está no ponto morto superior, a razão de com-
ber uma quantidade razoável de trabalho em pressão é 140 para 20.
cada tempo de potência. A carga ar/combustível Se essa razão é expressa na forma de fra-
em um cilindro pode ser comparada com uma ção, será escrita como 140/20 ou 7 para 1, ge-
mola helicoidal, em que, quanto mais é com- ralmente representada por 7:1.

Figura 1-27 Razão de compressão.

Para compreender inteiramente as limita- A pressão de admissão depende da veloci-


ções localizadas na razão de compressão, deve- dade do motor (posição da manete) e do com-
se entender a pressão de admissão e seus efeitos. pressor. O compressor interno acionado por
Pressão de admissão é a pressão média motor (ventoinha), e o compressor externo acio-
absoluta da carga de ar ou ar/combustível na nado pelos gases de escapamento (turbo), são
entrada, e é medida em polegadas de mercúrio. geralmente compressores do tipo centrífugo.

1-33
A operação desses compressores aumenta mais potência pode ser liberada pelo motor por
o peso da carga que entra no cilindro. Quando curtos períodos, tais como na decolagem e du-
um ou ambos são usados com um motor de ae- rante emergências, quando a potência é crítica.
ronave, a pressão de admissão pode ser conside- Essa alta potência deve ser usada apenas por
ravelmente mais elevada que a pressão at- curtos períodos.
mosférica.
A vantagem dessa condição, é que uma Potência indicada
quantidade maior de carga é forçada em um
dado volume de cilindro, resultando em uma A potência indicada, produzida por um
potência maior. motor, é a potência calculada da pressão efetiva
A taxa de compressão e a pressão de ad- média e de outros fatores, os quais afetam a
missão determinam a pressão no cilindro naque- potência de saída de um motor.
la parte do ciclo de operação em que ambas as Potência indicada é a potência desenvolvi-
válvulas estão fechadas. A pressão da carga, da na câmara de combustão sem referência à
antes da compressão, é determinada pela pres- perdas por atrito no interior do motor.
são de admissão, enquanto a pressão em alta Essa potência é calculada como função da
compressão (no momento da ignição) é deter- pressão real do cilindro, observada durante a
minada pela pressão de admissão vezes a razão operação do motor. Para facilitar o cálculo da
de compressão. potência indicada, um dispositivo mecânico,
Por exemplo, se um motor operou com ligado ao cilindro, risca a pressão real existente
pressão de admissão de 30"Hg, com uma razão no cilindro durante um ciclo completo de opera-
de compressão de 7:1, a pressão no instante an- ção. Essa variação de pressão pode ser repre-
terior à ignição foi de aproximadamente sentada pelo tipo gráfico mostrado na figura 1-
210"Hg. Contudo, em uma pressão de admissão 28.
de 60"Hg, a pressão seria 420"Hg. Observamos que a pressão do cilindro au-
Sem entrar em detalhes, foi mostrado que menta no tempo de compressão, alcança o pico
o tempo de compressão aumenta o efeito da após o ponto morto superior, e então diminui à
variação de pressão de admissão e, o aumento medida que o êmbolo se desloca para baixo,no
de ambos, afeta a pressão da carga de combustí- tempo de potência.
vel, exatamente no momento que antecede a Uma vez que a pressão do cilindro varia
ignição. Se a pressão nesse instante se tornar durante o ciclo de operação, uma pressão média
muito alta, ocorrerá ignição prematura ou deto- é registrada, linha AB, essa pressão média, se
nação, produzindo superaquecimento. aplicada durante o tempo de potência, invaria-
Uma das razões para utilização de motores velmente produzirá a mesma quantidade de tra-
com elevadas razões de compressão é obter uma balho que a pressão variável produziria nesse
maior economia de combustível, ou seja, con- mesmo período. Essa pressão média é conhecida
verter mais energia térmica em trabalho útil do como pressão efetiva média, e está incluída no
que é obtido em motores com baixa taxa de cálculo da potência indicada com outras especi-
compressão; uma vez que, mais calor da carga ficações do motor.
sendo convertido em trabalho útil, menos calor Se as características e a pressão efetiva
é absorvido pelas paredes do cilindro. Esse fato média indicada de um motor são conhecidas, é
proporciona uma operação do motor com tem- possível calcular a razão de potência indicada.
peraturas mais baixas, o que por consequência A potência indicada para um motor de qua-
aumenta a eficiência térmica. tro tempos pode ser calculada pela fórmula se-
Aqui, mais uma vez, um acordo é necessá- guinte, na qual os símbolos ou letras que consti-
rio entre a demanda para uma economia de tuem o numerador são colocados de maneira a
combustível, e a demanda para uma potência formar a palavra "PLANK", com a finalidade de
máxima, sem detonação. ajudar na memorização da referida fórmula:
Alguns fabricantes de motores de alta
compressão eliminam detonação a altas pressões PLANK
de admissão, injetando um fluido antidetonante POTENCIA =
na mistura ar/combustível. O fluido age primei- 33000
ramente como um refrigerante, de forma que ONDE:

1-34
P = pressão efetiva média indicada (em PSI) N = Número de tempos de potência por minuto:
L = Comprimento do curso (em PÉS ou fração) RPM
A = Área da cabeça do pistão ou sa seção reta 2
do cilindro (em sq. in.)
K = Número de cilindros

Figura 1-28 Pressão do cilindro durante o ciclo de potência.

Na fórmula acima, a área do êmbolo mul- A é calculado usando-se a equação:


tiplicada pela pressão efetiva média indicada, dá A = ¼ ¶D²
a força que atua sobre o pistão em polegadas. A = ¼ x 3,1416 X 5,5 X 5,5 = 23,76 POL²
Essa força,multiplicada pelo comprimento do
curso, em pés, dá o trabalho desenvolvido em N é calculado multiplicando-se a RPM por
um tempo de potência, o qual multiplicado pelo N = x 3.000 = 1.500 RPM
número de tempos de potência por minuto, for-
nece o número de lb.pé por minuto, de trabalho Agora, substituindo na fórmula:
produzido por um cilindro. HP INDICADA =
Multiplicando-se esse resultado pelo nú-
mero de cilindros do motor, encontramos a 165x 0,5x 23,7x1500x12
= 1069,20
quantidade de trabalho desenvolvido em lb.pé 33.000 LB. PE / MIM
pelo motor.
Uma vez que HP é definido como o traba-
lho produzido à razão de 33.000 lb.pé por minu- Potência ao freio
to, o número total de lb.pé de trabalho desen-
volvido pelo motor é dividido por 33.000 para O cálculo da potência indicada, discutido
se encontrar a potência indicada. no parágrafo precedente, é a potência teórica de
um motor sem atrito.
EXEMPLO A potência total pedida para vencer o atri-
DADOS: to, tem que ser subtraída da potência indicada,
para chegar à potência real entregue à hélice.
Pressão efetiva média indicada (P) = 165 PSI A potência entregue para a hélice para
CURSO (L) = 6" ou 0,5 PÉ trabalho útil é conhecida como B.H.P. (potência
Diâmetro interno do cilindro (A) = 5,5" ao freio).
RPM = 3.000 A diferença entre potência indicada e po-
Número de cilindros (K) = 12 tência ao freio é conhecida como potência de
atrito, a qual é a potência requerida para vencer
PLANK as perdas mecânicas, tais como a ação de bom-
HP INDICADA = Encon-
33000 LB PE / MIM beamento e atrito dos êmbolos e de todas as
tre a HP indicada. partes móveis.

1-35
Na prática, a medição do BHP de um mo- O produto reultante será o torque exercido pela
tor envolve a medição de variáveis, conhecidas rotação do eixo.
como torque ou momento de torção. Exemplo: Se uma balança registra 200 lb,
Torque é o produto de uma força pela dis- e o comprimento do braço for 3,18 pés; o torque
tância dessa força, ao eixo sobre o qual ela atua, exercido pelo eixo será:
ou:
200 lb x 3,18 pés = 636 lbs.pé
TORQUE = FORÇA x DISTÂNCIA (A 90º DA
FORÇA) Uma vez conhecido o torque, o trabalho
produzido por rotação do eixo da hélice pode
Torque é uma medida de carga, expressa ser registrado sem dificuldade por meio da e-
em libra-polegada (lb.pol.) ou libra-pé, e não quação:
deverá ser confundida com trabalho, que é ex-
presso em polegada-libra (pol.lb) ou pé-libra Trabalho por rotação = 2 π x Torque.
(pé.lb).
Existe uma quantidade de dispositivos para Se o trabalho por rotação for multiplicado
medição de torque, da qual o freio de Prony, o pela RPM, o resultado será trabalhado por
dinamômetro e o torquímetro são exemplos. minuto ou potência.
O freio de Prony é um desses dispositivos Se o trabalho for expresso em lb.pé por
típicos (figura 1-29), o qual mede a potência de minuto, esse valor será dividido por 33.000; o
saída disponível de um motor na bancada de resultado será a potência ao freio do eixo. Em
teste. outras palavras:
Ele consiste essencialmente em um anel
articulado ou freio, o qual pode ser preso a um Potência = Trabalho por rotação x RPM
tambor estriado preso ao eixo da hélice. E BHP
O anel e o tambor formam um freio de
atrito, o qual pode ser ajustado por meio de uma Trabalho por rotação × RPM
roda. =
Um braço de alavanca de comprimento 33.000
conhecido, é rigidamente ligado ao anel estriado
ou constitui parte do mesmo, e termina num Comprimento do braço ( pé ) × RPM
ponto onde se apóia num conjunto de balança. 33.000

ou BHP = 2π x força indicada na balança(LBS)

Exemplo:
Dados:
Força na balança = 200 lbs
Comprimento do braço = 3,18 pés
RPM = 3.000
π = 3,1416
Encontro BHP

Substituindo na equação

Figura 1-29 Típico freio de Prony. 6,2832 x 200x 3,18x 3,000


BHP = = 363,2
33.000
Na medida em que o eixo gira, tende a
girar também o anel estriado, sendo impedido BHP = 363
pelo braço de alavanca que se apóia na balança.
A escala da balança mostra a leitura da força Enquanto o atrito entre o anel freio e o
necessária para impedir o movimento do braço. tambor do eixo da hélice for suficiente para im-

1-36
por uma carga aplicável ao motor, porém insufi- tudo, está relacionada com a pressão real, a qual
ciente para provocar sua parada, não será neces- ocorre no cilindro e pode ser usada como uma
sário conhecer o valor do atrito entre o anel e o medida dessas pressões.
tambor para calcular o BHP. Para registrar a perda por atrito e a potên-
Se não houvesse carga imposta, não have- cia líquida de saída, a potência indicada de um
ria torque a ser medido e o motor sofreria um cilindro pode ser conceituada como duas potên-
"disparo". cias separadas, cada uma produzindo um efeito
Se a carga imposta for tão grande que cau- diferente. A primeira vence o atrito interno, e a
se o estol do motor, pode haver considerável potência assim consumida é conhecida como
torque a ser medido, mas não haverá RPM. Nes- potência de atrito. A segunda, conhecida como
se caso é impossível medir o BHP do motor. potência de freio, produz trabalho útil para o
Contudo, se existir um atrito razoável en- eixo da hélice. Logicamente, por conseguinte, a
tre o tambor-freio e o anel, e a carga for aumen- porção de P.E.M.I. que produz potência de frei-
tada, a tendência do eixo da hélice de conduzir o o, é denominada P.E.M.F. (pressão efetiva mé-
anel e o braço aumenta, impondo dessa forma, dia de atrito). Isso está ilustrado na figura 1-30.
maior força à balança. A P.E.M.I., é uma expressão útil da potência
Enquanto o aumento de torque for propor- total de saída do cilindro, mas não é a quantida-
cional à diminuição de RPM, a potência libera- de física real. Da mesma forma, P.E.M.A. e
da no eixo permanece inalterada. Isso pode ser P.E.M.F. são teóricas, mas expressões úteis das
visto da equação na qual 2¶ e 33.000 são cons- perdas por atrito e potência líquida de saída.
tantes e torque e RPM são variáveis. Embora P.E.M.F. e P.E.M.A. não existam
Se a alteração na RPM for inversamente de fato, no cilindro elas provêem meios conven-
proporcional à alteração no torque, seu produto cionais de se representar os limites de pressão
irá permanecer inalterado. Dessa forma, o BHP ou taxas de desempenho do motor, por toda sua
permanecerá, também, inalterado. faixa de operação. Isto é verdade, desde que
Isso é importante porque mostra que a po- haja um relacionamento entre P.E.M.I.,
tência é função tanto do torque quanto da RPM, P.E.M.F. e P.E.M.A.
e pode ser alterada, alternando-se o torque, a Uma das limitações básicas da operação do
RPM ou ambos. motor é a pressão desenvolvida no cilindro, du-
rante a combustão. Na discussão de razão de
Potência de atrito compressão e pressão efetiva média indicada,
foi observado que, dentro de certos limites, o
Potência de atrito é a potência indicada aumento de pressão resulta em aumento de po-
menos a potência de freio. É a potência usada tência. Foi notado também, que se a pressão no
por um motor para vencer o atrito entre as partes cilindro não for controlada dentro de limites
móveis, aspirar combustível, expulsar os gases estreitos, perigosas cargas internas serão impos-
de escapamento, acionar bombas de óleo e tas, podendo resultar em falha do motor. É, por-
combustível, e similares. tanto, necessário ter meios de determinarmos
Nos motores aeronáuticos modernos, essa essas pressões no cilindro, como medida de pro-
potência perdida por atrito é elevada, podendo teção, e para uma aplicação eficiente da potên-
atingir de 10% a 15% da potência indicada. cia.
Se o BHP for conhecido o P.E.M.F. pode
Pressões efetivas médias de freio e de atrito ser calculado por meio da seguinte equação:
BHP x 33000
A P.E.M.I. (pressão efetiva média indica- P. E . M . F . =
LANK
da), discutida anteriormente, é a pressão média Exemplo: Calcule P.E.M.F
produzida na câmara de combustão durante o
ciclo de operação, e é uma expressão teórica de Dado:
potência sem fricção, conhecida como potência BHP =1000
indicada. Além de desprezar completamente a Curso = 6"
potência perdida por atrito, a potência indicada Diametro interno do cilindro = 5,5"
não informa quanta potência real é entregue ao RPM = 3.000
eixo da hélice para produzir trabalho útil. Con- número de cilindros = 12

1-37
Calcule o comprimento do curso (em pés): Se uma hélice pudesse ser projetada para
L = 0,5 ser 100% eficiente, o empuxo e a potência freio
seriam os mesmos. Contudo, a eficiência da
Calcule a área do cilindro hélice varia com a velocidade do motor, atitude,
A = ¼¶D² = 0,7854 x 5,5, x5,5 = 23,76 pol² altitude, temperatura e velocidade do ar; portan-
to, a razão da potência de empuxo e a potência
Calcule o número de tempos de potência por ao freio entregue para o eixo da hélice nunca
minuto: serão iguais.
N = ½ x RPM = ½ x 3.000 = 1.500 Por exemplo, se um motor desenvolve
Substituindo na equação: 1.000 BHP e é usado com uma hélice com efici-
1000x 33000 ência de 85%, a potência de empuxo dessa
PEMF = = 154 ,33 ibl / pol 2
0,5x 23,76x1500x12 combinação motor-hélice é 85% de 1.000 ou
850 HP de empuxo.
Dos quatro tipos de potência discutidos, é
a potência de empuxo que determina o desem-
penho do conjunto motor-hélice.

RENDIMENTOS

Rendimento térmico

Qualquer estudo de potência em motores


envolve considerações de calor como fonte de
potência. O calor produzido pela queima da
gasolina nos cilindros causa uma rápida expan-
são dos gases nesses cilindros, e eles por sua
vez, movimentam os êmbolos e criam energia
mecânica.
Há muito tempo sabemos que trabalho
mecânico pode ser convertido em calor e que
uma dada quantidade de calor contém a energia
equivalente a uma certa quantidade de trabalho
mecânico.
Calor e trabalho são teoricamente inter-
cambiáveis, e mantendo uma relação fixa entre
um e outro.
Calor pode ser então medido em unidades
de trabalho (Lb.pé por exemplo), bem como em
unidades de calor. O BTU (Unidade inglesa de
medição de calor) é a quantidade de calor reque-
rida para aumentar a temperatura de uma Lb de
água de 1ºF. Isso é equivalente a 778 Lb.pé de
trabalho mecânico.
Uma libra de combustível derivado de pe-
Figura 1-30 Pressões e potências. tróleo, quando queimado com uma quantidade
de ar suficiente para consumí-lo completamente,
Potência de empuxo libera 20.000 BTU, o equivalente a 15.560.000
Lb.pé de trabalho mecânico.
Potência de empuxo pode ser considerada Esses valores expressam a energia calorí-
como resultado do trabalho conjunto do motor e fica do combustível em unidades de calor e tra-
da hélice. balho, respectivamente.

1-38
A razão de trabalho útil produzido por um O termo, rendimento de um motor, pode
motor, em relação à energia calorífica do com- ser baseado em BHP ou IHP, e é representado
bustível que ele utiliza, expresso em unidades pela fórmula:
de trabalho e calor é chamado de rendimento Rendimento térmico indicado=
térmico.
Se dois motores similares utilizam quanti- IHP × 33.000
=
dades iguais de combustível, obviamente o mo- Peso comb. queimado/ min × valor do calor× 778
tor que converter em trabalho a maior parte da
energia do combustível (maior rendimento tér-
A fórmula para obtenção da eficiência tér-
mico) irá liberar maior quantidade de potência.
mica ao freio, é a mesma mostrada acima, subs-
Além disso, o motor que tiver maior rendimento
tituindo-se o IHP pelo valor do BHP.
térmico terá menos calor residual disponível
Exemplo:
para as válvulas, cilindros, êmbolos e sistema de
Um motor fornece 85 BHP por um período
refrigeração do motor.
de 1 hora e, durante esse tempo, consume 50
Um alto rendimento térmico também signi-
libras de combustível. Considerando-se que o
fica um baixo consumo específico de combustí-
combustível tem um conteúdo de calor de
vel e, dessa forma, menos combustível para um
18.800 BTU por libra, calcular o rendimento
vôo de uma determinada distância a uma deter-
térmico do motor.
minada potência. Assim, a importância prática
de um alto rendimento térmico, é que ele consti-
Rendimento térmico ao freio:
tui uma das mais desejáveis características no
desempenho de um motor aeronáutico. 85x 33.000 2.805.000
Do calor total produzido, 25% a 30% é = = 0,23.
utilizado na potência de saída, 15% a 20% é 833x18.800x 778 12.184.569
perdido em refrigeração (calor irradiado das
aletas da cabeça do cilindro); 5% a 10% é per- Rendimento térmico ao freio = 0,23 ou 23%.
dido para vencer o atrito no movimento de pe-
ças; e 40% a 45% é perdido através do escapa- O rendimento térmico dos motores alterna-
mento. tivos situa-se em aproximadamente 34%, isto é,
Qualquer coisa que aumente o conteúdo eles transformam apenas cerca de 34% do calor
térmico que produz trabalho mecânico no êmbo- produzido pelo combustível queimado em ener-
lo, o qual reduz o atrito e perdas na aspiração, gia mecânica. O calor restante é perdido através
ou que reduzem a quantidade de combustível dos gases de escapamento, refrigeração do sis-
que não é queimada, ou perda de calor para as tema e atrito interno do motor. A distribuição
peças do motor, aumentam o rendimento térmi- térmica em um motor alternativo é ilustrado na.
co.
A porção do calor total de combustão, que Rendimento mecânico
é transformada em trabalho mecânico, depende
em grande parte da razão de compressão. Rendimento mecânico, é a taxa que mostra
Razão de compressão é a razão entre o o quanto da potência desenvolvida pelos gases
volume deslocado pelo pistão e o volume da expandidos no cilindro são realmente entregues
câmara de combustão. Se os outros parâmetros na saída do eixo. É uma comparação entre BHP
permanecem iguais, quanto maior a razão de e IHP. Pode ser expresso pela fórmula:
compressão, maior será a proporção entre ener- BHP
rendimento mecânico =
gia calorífica de combustão transformada em IH P
trabalho útil no eixo de manivelas.
Por outro lado, aumentando-se a razão de Potência ao freio, é a potência útil entregue
compressão, aumenta-se a temperatura da cabe- ao eixo da hélice; potência indicada, é a potên-
ça do cilindro. Esse é um fator limitante, já que cia total desenvolvida nos cilindros. A diferença
as temperaturas, extremamente altas, criadas por entre as duas é a potência de atrito, potência
elevadas taxas de compressão, causam rápida perdida para vencer o atrito. O fator de maior
deterioração do material do cilindro e detonação efeito no rendimento mecânico é o atrito dentro
do combustível. do motor. O atrito, entre as peças móveis de um

1-39
motor, permanece praticamente constante em a máxima BHP for desenvolvida. O rendimento
toda faixa de velocidade do motor. Portanto, o mecânico de um motor aeronáutico alternativo
rendimento mecânico de um motor será maior médio aproxima-se de 90%.
quando ele estiver funcionando à RPM, na qual

Figura 1-31 Distribuição térmica em um motor.

Rendimento volumétrico Um motor aspirando um volume inferior a


esse, tem rendimento volumétrico inferior a
Rendimento volumétrico, outro ren- 100%. Um motor equipado com um compressor
dimento do motor, é uma taxa expressa em ter- interno ou externo de alta velocidade, pode ter
mos de porcentagem. É uma comparação entre um rendimento volumétrico maior que 100%. A
volume da carga ar/combustível (corrigida pela equação para rendimento volumétrico é:
temperatura e pressão) introduzida nos cilindros rendimento volumétrico =
e o deslocamento total do êmbolo do motor. vol. da carga corrigida quanto à temp./pressão
Diversos fatores provocam a saída de um ren- deslocamento do êmbolo
dimento volumétrico de 100%.
Os êmbolos de motores, sem supercom- Muitos fatores diminuem o rendimento
pressor, deslocam o mesmo volume cada vez volumétrico, alguns deles são:
que são deslocados no cilindro, do ponto morto
superior ao ponto morto inferior. (1) operação com o motor reduzido.
A quantidade de carga que preenche esse (2) tubulações de admissão compridas e de pe-
volume, no tempo de admissão, depende da queno diâmetro.
pressão existente e da temperatura do ar exteri-
(3) curvas acentuadas no sistema de indução.
or. Dessa forma, para calcular o rendimento
volumétrico de um motor, é necessário estabele- (4) temperatura do ar do carburador muito ele-
cer padrões para a pressão atmosférica e para a vada.
temperatura. (5) temperatura da cabeça do cilindro muito
O padrão americano para atmosfera foi elevada.
estabelecido em 1958, e fornece a pressão ne- (6) descarga incompleta.
cessária e o valor de temperatura para se calcu- (7) tempo de abertura de válvulas inadequado.
lar rendimento volumétrico.
A temperatura padrão ao nível do mar é Rendimento propulsivo
15ºC. A essa temperatura, a pressão de uma
atmosfera é 14.69 lb/pol² e essa pressão suporta Uma hélice é utilizada com um motor para
uma coluna de mercúrio de 29,92 pol. de altura. prover empuxo. O motor fornece BHP através
Essas condições de padrão ao nível do da rotação do eixo, e a hélice absorve a BHP e a
mar, determinam uma densidade padrão, e se o converte em potência de empuxo. Nessa conver-
motor aspira um volume de carga dessa densi- são, alguma potência é perdida.
dade exatamente igual ao deslocamento do êm- Uma vez que o rendimento de qualquer
bolo, é dito que ele está operando a 100% de máquina é a razão entre a potência útil de saída
rendimento volumétrico. e a de entrada; o rendimento propulsivo (nesse

1-40
caso, rendimento da hélice) é a razão entre a po- Um motor de turbina a gás tipico consiste
tência de empuxo e a potência ao freio. Na mé- em:
dia, a potência de empuxo constitui aproxima- (1) uma entrada de ar
damente 80% da potência ao freio. Os outros (2) seção do compressor
20% são perdidos em atrito e escorregamento. (3) seção de combustão
O controle dos ângulos das pás da hélice, é (4) seção de turbina
o melhor método de obtermos o máximo de ren-
(5) seção de escapamento
dimento propulsivo para todas as condições
encontradas em vôo. (6) seção de acessórios
Durante a decolagem, quando a aeronave (7) sistemas necessários para partida, lubrifica-
está se deslocando em baixa velocidade e, ção, suprimento de combustível e fins auxi-
quando são requeridos potência e empuxo má- liares, tais como degelo, refrigeração e
ximos, um baixo ângulo de pá da hélice produ- pressurização.
zirá o máximo de empuxo.
Para vôos em alta velocidade ou picada, o Os principais componentes de todos os
ângulo da pá é aumentado para se obter o má- motores de turbina a gás são basicamente os
ximo de empuxo e rendimento. A hélice de ve- mesmos; contudo, a nomenclatura das peças
locidade constante é utilizada para fornecer o componentes de diversos motores de uso cor-
empuxo requerido, a um rendimento máximo, rente, varia ligeiramente devido à diferença na
para todas as condições de vôo. terminologia de cada fabricante. Essas diferen-
ças estão refletidas nos manuais de manutenção
CONSTRUÇÃO DO MOTOR A TURBINA aplicáveis.
O fator que mais influencia as carac-
Em um motor alternativo, a admissão, a terísticas de construção de um motor de turbina
compressão, a combustão e o escapamento ocor- a gás é o tipo do compressor (de fluxo axial ou
rem na mesma câmara de combustão; conse- centrífugo) para o qual o motor é projetado.
quentemente, cada uma dessas funções tem o- Adiante neste capítulo, será dada uma descrição
cupação exclusiva da câmara, durante sua res- detalhada de compressores, mas para o momen-
pectiva parte no ciclo de combustão. to vejamos as figuras 1-32 e 1-33.
Uma vantagem significante do motor de Observe o efeito físico que os dois tipos de
turbina a gás, contudo, é que existem seções compressores têm sobre as características de
separadas para cada função, e todas as funções construção do motor. É obvio que existe uma
ocorrem simultaneamente sem interrupção. diferença nos seus comprimentos e diâmetros.

Figura 1-32 Motor de fluxo axial.

1-41
Figura 1-33 Motor de fluxo centrífugo.

Observamos que no motor de fluxo axial, o lência para alcançar o máximo de eficiência de
duto da entrada de ar é um dos principais com- operação.
ponentes do motor; por outro lado, no motor de Um projeto adequado contribui meterial-
fluxo centrífugo, o ar, após passar pela entrada, mente para o desempenho da aeronave, aumen-
é dirigido para as aletas indutoras do compres- tando a taxa de pressão de descarga do compres-
sor através de passagens circunferenciais, loca- sor em relação à pressão de entrada do duto.
lizadas à frente e atrás do impelidor. A quantidade de ar que entra no motor
As passagens são protegidas com tela, para depende de três fatores:
evitar a entrada de objetos estranhos que poderi-
am causar sérios danos em componentes metáli- (1) velocidade do compressor (rpm)
cos, quando permitida a sua entrada no com- (2) velocidade da aeronave
pressor. (3) densidade do ar ambiente
Os acessórios dos dois tipos de motores
estão localizados em pontos diferentes. Isso é As entradas de ar podem ser classificadas
necessário devido à construção do motor. como:
A parte dianteira do motor de fluxo axial é
utilizada como entrada de ar; consequentemen- (1) entradas de ar localizadas no nariz da
te, os acessórios deverão estar localizados em fuselagem ou nacele do motor.
outra parte.
Além das características já mencionadas, (2) entradas de ar localizadas ao longo dos
existem poucas dissimilaridades visuais entre os bordos de ataque das asas, geralmente na
demais componentes principais dos dois moto- raiz, para as instalações de monomoto-
res. res.

Entrada de ar (3) entradas de ar anulares, circundando, no


todo ou em parte, a fuselagem ou nacele
A entrada de ar é projetada de forma a di- do motor.
rigir o ar para o compressor com um mínimo de
perda de energia, resultante do arrasto aerodi- (4) entradas de ar de aspiração, as quais se pro-
nâmico ou pressão de impacto; ou seja, o fluxo jetam além da superfície imediata da fuse-
de ar no compressor deve estar livre de turbu- lagem ou nacele.

1-42
(5) Entradas de ar embutidas, as quais são re- Seção de acessórios
baixadas do lado da fuselagem ou nacele.
A seção de acessórios de um motor turbo-
Existem dois tipos básicos de entrada de ar jato tem diversas funções. A função principal é
em uso: a entrada simples e a entrada dividida. prover espaço para instalação dos acessórios
Geralmente é mais vantajoso utilizar um motor necessários à operação e controle do motor.
com entrada simples com fluxo axial, para se Geralmente, também são incluídos acessórios
obter a máxima pressão de impacto, através do concernentes à aeronave, tais como geradores
fluxo direto. Ela é utilizada quase que exclusi- elétricos e bombas de fluidos.
vamente sobre as asas ou instalações internas, As funções secundárias incluem a utiliza-
onde as entradas desobstruídas ajudam pronta- ção como reservatório e/ou coletor de óleo e
mente a dirigir o fluxo para um duto direto, cur- alojamento de engrenagens, acionadoras de a-
to e simples. cessórios e engrenagens de redução.
Uma entrada dividida oferece maior opor- A montagem e acionamento dos acessórios
tunidade de difusão do ar; e uma entrada na câ- têm sido sempre um dos grandes problemas nos
mara plena, com a velocidade suficientemente motores de turbina a gás. Acessórios acionados
baixa, requerida para utilizar com eficiência um são geralmente montados em apoios comuns,
compressor de entrada dupla. acima ou adjacentes à seção do compressor,
A câmara plena é um lugar de acúmulo de dependendo de ser um motor de fluxo centrífu-
ar de impacto, geralmente associado com a ins- go ou axial. As figuras 1-34 e 1-35 ilustram a
talação da fuselagem. montagem dos acessórios de um motor de fluxo
É também vantajoso quando a instalação centrífugo e de um motor de fluxo axial, respec-
do equipamento ou localização do piloto torna o tivamente.
uso de um duto direto ou simples impraticável. Os componentes da seção de acessórios de
Na maioria dos casos, a entrada dividida permi- todos os motores de fluxo centrífugo e axial têm
te o uso de dutos muito curtos, com menor que- essencialmente o mesmo propósito, mesmo
da de pressão resultante, devido ao atrito com a quando eles diferem muito em detalhes de fabri-
superfície. cação e nomenclatura.

Figura 1-34 Localização dos acessórios de um motor de fluxo centrífugo.

1-43
Os elementos básicos de uma seção de acessó- Os componentes de uma seção de acessó-
rios de um motor de fluxo centrífugo são: rios de um motor de fluxo axial são uma caixa
de engrenagens de acessórios e um conjunto de
(1) caixa de acessórios, a qual tem usinados, potência de decolagem, alojando os eixos de
adaptadores para os acessórios acionados pelo acionamento necessários e engrenagens de re-
motor; e dução. A figura 1-36 mostra a localização da
(2) o trem de engrenagens, o qual está alojado caixa de engrenagens de acessórios.
no interior da caixa de acessórios.
(3)

Figura 1-36 A-Caixa de engrenagens dos aces-


sórios por baixo do compressor; e
Figura 1-35 Seção de acessórios de um motor B - Caixa de engrenagens dos a-
de fluxo axial. cessórios por baixo do suporte do
rolamento dianteiro.
A caixa de acessórios pode ser projetada
para servir como um reservatório de óleo. Se for Muito embora o estreito relacionamento
utilizado um tanque de óleo, um depósito cole- entre a caixa de engrenagens de acessórios e a
tor de óleo, geralmente abaixo do suporte do de potência de decolagem necessitem estar loca-
rolamento dianteiro, para drenagem e recupera- lizadas, uma próxima à outra, dois fatores afe-
ção do óleo, é utilizado para lubrificar rolamen- tam a localização das caixas de engrenagens.
tos e engrenagens de acionamento. Esses fatores são o diâmetro do motor e a insta-
A caixa de acessórios é também provida de lação do motor.
tubulações adequadas ou passagens na própria Os projetista estão continuamente empe-
carcaça, para borrifar óleo de lubrificação sobre nhando-se em reduzir o diâmetro do motor para
o trem de engrenagens e mancais de apoio. melhorar sua linha de fluxo, aumentando dessa
O trem de engrenagens é acionado pelo forma o desempenho da aeronave através da
rotor do motor por meio do acoplamento da en- redução do arrasto. Também a instalação em
grenagem do eixo acionador de acessórios, o uma particular aeronave, pode ditar a localiza-
qual é preso por estrias a um eixo de engrena- ção ou remontagem da caixa de engrenagens de
gens e conjunto do rotor do cubo do compres- acessórios.
sor. A caixa de engrenagens de acessórios tem
As engrenagens de redução, na caixa de basicamente a mesma função da seção de aces-
engrenagens provêem velocidade adequada para sórios de um motor de fluxo centrífugo. Ela tem
cada acessório ou componente do motor. o usual adaptador usinado para os acessórios do
Devido ao fato da RPM de operação do motor, e aloja e suporta o trem de engrenagens
rotor ser muito alta, a razão das engrenagens de acionadoras dos acessórios.
redução de acessórios é relativamente alta. Também são incluídas tubulações adequa-
Os acessórios acionados, são suportados das e passagens na própria carcaça, para lubrifi-
por mancais de esferas, montados nos furos do cação dos trens de engrenagens e seus mancais
adaptador da caixa de acessórios. de apoio.

1-44
Os acessórios, usualmente instalados em ou danoso, será enviado através de uma unidade
um motor, são o controle de combustível com de refrigeração.
seus dispositivos de governo, a(s) bomba(s) de O ar sangrado do motor é utilizado numa
alta pressão de combustível; bombas de pressão ampla variedade de situações, incluindo o acio-
e de retorno de óleo, bomba auxiliar de combus- namento dos acessórios mencionados anterior-
tível e, algumas vezes, bomba de combustível mente. Algumas das aplicações correntes do ar
de partida e diversos acessórios do motor, inclu- extraído são:
indo motor de partida, gerador e tacômetro. (1) pressurização, aquecimento e refrigeração da
Embora esses acessórios sejam na maioria cabine.
peças essenciais, uma combinação particular
dos acessórios acionados pelo motor depende do (2) equipamentos de degelo e anti-gelo
uso para o qual o motor foi projetado.
Os acessórios acima mencionados (exceto (3) partida penumática de motores
os motores de partida) são do tipo acionado pelo
motor. Também associados com os sistemas do (4) unidade de acionamento auxiliar (APU)
motor estão os acessórios não acionados meca-
nicamente tais como excitadores de ignição, (5) sistema servo de reforço
filtros de óleo e combustível, unidades baromé-
tricas, válvulas de drenagem, válvulas de san- (6) potência para acionamento de instrumentos.
gria do compressor e válvulas de alívio.
A localização da seção do compressor,
Seção do compressor depende do tipo deste último. As figuras 1-32 e
1-33, ilustram como a montagem dos compo-
A seção do compressor de um motor de nentes do motor variam com o tipo de compres-
turbina a gás tem muitas funções. A principal sor. No motor de fluxo centrífugo, o compres-
delas é suprir ar em quantidade suficiente às sor está localizado entre a seção de acessórios e
necessidades dos queimadores de combustão. a seção de combustão; no motor de fluxo axial o
Especialmente para cumprir sua finalidade, o compressor está localizado entre o duto de en-
compressor tem que aumentar a pressão da mas- trada de ar e a seção de combustão.
sa de ar recebida do duto de entrada, e então
descarregá-la para os queimadores em quanti- Tipos de compressor
dade e pressão requeridas.
Uma função secundária do compressor é Os dois tipos principais de compressores,
suprir ar de sangria para as diversas finalidades sendo utilizados correntemente em motores tur-
no motor e na aeronave. bojatos de aeronaves, são de fluxo centrífugo e
O ar de sangria é tomado em qualquer um axial.
dos diversos estágios do compressor. A locali- O tipo de compressor é um meio de classi-
zação exata das tomadas de sangria depende ficação do motor.
naturalmente da pressão ou temperatura, reque- Os termos "fluxo centrífugo"e "fluxo axi-
rida para um próposito particular. As tomadas al" têm sido muito usados para descrever o mo-
são pequenas aberturas na carcaça do com- tor e o compressor. Contudo, eles são aplicá-
pressor, adjacente ao particular estágio do qual veis para o fluxo de ar através do compressor.
o ar será extraído; assim, níveis variados de Nos motores de fluxo centrífugo, o com-
pressão e calor estão disponíveis, simplesmente pressor alcança seu propósito, captando a massa
sangrando no estágio apropriado. de ar de entrada e acelerando-a de dentro para
O ar é frequentemente extraído do último fora através de ação centrífuga.
estágio ou estágio de pressão mais elevado, uma No motor de fluxo axial, o ar é comprimi-
vez que nesse ponto, a pressão e temperatura do do enquanto continua em sua direção original de
ar estão no máximo. fluxo, evitando dessa forma perda de energia
Algumas vezes, pode ser necessário resfri- causada pela rotação.
ar esse ar de alta pressão. Se ele for utilizado Da entrada para a saída, o ar flui por um
para pressurização da cabine ou outros propósi- caminho axial, e é comprimido a uma razão
tos onde o calor excessivo seria desconfortável aproximada de 1,25:1 por estágio. Os compo-

1-45
nentes de cada um desses tipos de compressores Incluída no duto para motores com com-
têm suas funções individuais na compressão do pressor de entrada dupla está uma câmara plena.
ar para a sua combustão. Essa câmara é necessária nos compressores de
entrada dupla porque o ar deve ser admitido no
Compressores de fluxo centrífugo motor a ângulos quase retos, em relação ao eixo
do motor. Portanto, o ar deve, a fim de pro-
O compressor centrífugo consiste basica- porcionar um fluxo positivo, circundar o com-
mente de um impulsor (rotor), um difusor (esta- pressor do motor a uma pressão positiva antes
tor) e um coletor compressor, ilustrado na figura de entrar nessa unidade.
1-37. Os dois principais elementos funcionais Incluídas em algumas instalações, como
são o impulsor e o difusor. Embora o difusor peça essencial da câmara plena, estão as entra-
seja uma unidade, separada e instalada, interi- das de ar auxiliares (blow-in doors). Essas en-
ormente presa por parafusos ao coletor; o con- tradas auxiliares admitem ar para o comparti-
junto (difusor e coletor) é freqüentemente cha- mento do motor durante a operação no solo,
mado de difusor. Para classificação durante a quando o ar requerido para o motor excede o
familiarização com o compressor, as unidades fluxo que passa através dos dutos de entrada.
são tratadas individualmente. As entradas são mantidas fechadas por
O impulsor é geralmente fabricado em liga ação de mola, quando o motor não está ope-
de alumínio forjado, tratado termicamente, usi- rando.
nado e polido para restrição mínima ao fluxo e Durante a operação, no entanto, as entra-
turbulência. Em alguns tipos, o impulsor é fa- das abrem automaticamente sempre que a pres-
bricado com um único forjamento. Esse tipo de são no compartimento do motor cai abaixo da
impulsor é mostrado na figura 1-37(A). Em ou- pressão atmosférica.
tros tipos de aletas curvas de indução curvas são Durante a decolagem e em vôo, a pressão
partes separadas, como ilustrado na figura 1-38. do ar de impacto no compartimento do motor
O impulsor, cuja função é captar e acelerar auxilia a mola a manter a entrada fechada.
o ar de dentro para fora para o difusor pode ser O impelidor é uma câmara anular provida
de dois tipos: entrada simples ou dupla. de uma quantidade de aletas formando uma sé-
Ambas são similares em construção, ao rie de passagens divergentes no coletor. As ale-
impulsor do compressor do motor alternativo, tas difusoras dirigem o fluxo para reter a máxi-
sendo o tipo de entrada dupla similar a dois im- ma quantidade de energia imprimida pelo im-
pulsores costa com costa. pulsor.
Contudo, devido à quantidade de ar muito Elas também distribuem o ar para o cole-
maior, requerida nos motores turbojato, os im- tor a uma velocidade e pressão satisfatórias para
pulsores são maiores que os impulsores dos su- uso nas câmaras de combustão.
percompressores. Vejamos a figura 1-37(A) e observamos a
A principal diferença entre os dois tipos de seta indicando o caminho seguido pelo fluxo de
impulsores são o tamanho e a montagem do ar através do difusor, e então através do coletor.
duto. O tipo de entrada dupla tem um diâmetro O coletor do compressor, mostrado na fi-
menor, mas funciona geralmente em velocida- gura. 1-37(A) desvia o fluxo de ar do difusor, o
des de rotação mais elevadas, para assegurar um qual é parte integral do coletor nas câmaras de
fluxo de ar suficiente. combustão.
O impulsor de entrada dupla permite um O coletor tem uma saída para cada câmara,
duto conveniente direto para o olhal do impul- afim de que o ar seja igualmente dividido. Um
sor (palhetas do indutor), oposto aos dutos mais cotovelo de saída do compressor está preso por
complicados, necessários para alcançar a parte parafusos à janela de saída. Essas saídas de ar
traseira do tipo de entrada dupla. são construídas na forma de dutos e são conhe-
Embora ligeiramente mais eficiente na cidas por uma variedade de nomes, tais como
recepção de ar, o impulsor do tipo entrada sim- dutos de saída de ar, cotovelos de saída ou dutos
ples precisa ter um grande diâmetro para forne- de entrada da câmara de combustão.
cer a mesma quantidade de ar que o tipo entrada Indiferente à terminologia utilizada, esses
dupla fornece; isso, naturalmente, aumenta o dutos de saída cumprem uma parte muito impor-
diâmetro total do motor. tante do processo de difusão; isto é, eles mudam

1-46
a direção radial do fluxo de ar para uma direção Compressor de fluxo axial
axial, onde o processo de difusão é completado
após a volta. O compressor de fluxo axial tem dois ele-
Para ajudar os cotovelos a cumprirem sua mentos principais: o rotor e o estator. O rotor
função de maneira eficiente, defletores em cas- tem lâminas fixas a um eixo. Essas lâminas im-
cata são algumas vezes presos dentro deles. Es- pelem o ar para trás da mesma forma que uma
sas aletas ou deflectores reduzem as perdas de hélice, devido ao seus ângulos e perfil de aero-
pressão de ar, apresentando uma suave super- fólio. O rotor, girando a alta velocidade, toma o
fície torneada. Ver figura 1-37(B). ar na entrada do compressor e o impele através
de uma série de estágios. A ação do rotor au-
menta a compressão do ar em cada estágio, e o
acelera para trás através dos diversos estágios.
Com essa velocidade aumentada, a energia
é transferida do compressor para o ar na forma
de energia dinâmica.
As lâminas estatoras atuam como difusores
em cada estágio, convertendo parcialmente alta
velocidade em pressão. Cada par consecutivo de
rotor e lâminas estatoras constitui um estágio de
pressão. O número de fileiras de lâminas (está-
gios) é determinado pela quantidade de ar e au-
mento de pressão total requeridos. Quanto maior
o número de estágios, mais alta será a taxa de
compressão.
Muitos motores utilizam de 10 a 16 está-
gios.
O estator tem fileiras de lâminas ou aletas
em forma de cauda de andorinha, em anéis bi-
Figura 1-37 A- Componentes de um compressor partidos, os quais são, por sua vez, presos inte-
centrífugo; e B- Saídas de ar do cotovelo, com riormente a uma camisa envolvente. As lâminas
aletas curvas para reduzir as perdas da pressão estatoras projetam-se radialmente pelo eixo do
do ar. motor e se unem em cada lado de cada estágio
do rotor.
A carcaça do compressor, na qual as lâmi-
nas estatoras são fixas, é dividida horizontal-
mente em metades. Tanto a metade superior
quanto a inferior podem ser removidas para ins-
peção e manutenção do rotor e das aletas estato-
ras.
A função das lâminas é duplicada. Elas são
projetadas para receber ar do duto de entrada ou
de cada estágio precedente do compressor, e
distribuí-lo para o estágio seguinte ou para os
queimadores, à pressão e velocidade trabalhá-
veis.
Elas também controlam a direção do ar pa-
ra cada estágio do rotor, para obterem a máxima
eficiência possível das palhetas do compressor.
São mostrados na figura 1-39 os elementos do
rotor e do estator de um compressor típico de
Figura 1-38 Compressor de duas entradas com fluxo axial. As palhetas do rotor são geralmente
palhetas indutoras como peças se- precedidas por um conjunto de lâminas guias de
paradas. entrada. As lâminas guias direcionam o fluxo de

1-47
ar para as palhetas do primeiro estágio do rotor As lâminas estatoras são geralmente fabri-
a ângulos apropriados e imprimem um movi- cadas de aço, resistente à corrosão e à erosão.
mento em forma de redemoinho ao ar que entra Freqüentemente elas são protegidas por uma
no compressor. Esse pré-redemoinho na direção cinta de material apropriado para simplificar o
de rotação do motor melhora as características problema de fixação. As lâminas são soldadas
aerodinâmicas do compressor, reduzindo o ar- nos reforços, e a cinta externa é presa à parede
rasto nas palhetas do primeiro estágio do rotor. interna do compressor por meio de parafusos de
As lâminas-guia são lâminas de aço curvas, ge- retenção.
ralmente soldadas a proteções de aço, interna e As palhetas do rotor são fabricadas geral-
externamente. As lâminas-guia podem ser pre- mente em aço inoxidável. Os métodos para fi-
cedidas de uma tela de proteção na entrada de xação das palhetas nas bordas dos discos do
ar. Essa tela reduz a possibilidade de entrada rotor variam com os diferentes projetos, mas
acidental de corpos estranhos, tais como pedras, elas são geralmente fixas aos discos por raíz
sujeiras, panos e outros restos, em geral no tipo bulbo ou por raíz tipo pinheiro. (ver figura.
compressor. 1-40). As palhetas são então fixas por meio
A carcaça do compressor de fluxo axial de parafusos, martelamento, arames de freno,
não apenas suporta as lâminas estatoras e provê pinos ou chavetas.
a parede externa do caminho axial que o ar se- As pontas das palhetas do compressor são
gue, mas também provê os meios para extração de espessura reduzida por "cutouts" chamadas
de ar do compressor para os diversos propósitos. de contorno de palhetas. Esses contornos evitam
sérios danos às palhetas ou à carcaça, no caso
das palhetas encostarem na carcaça. Essa condi-
ção pode ocorrer se as palhetas do rotor tor-
narem-se excessivamente folgadas, ou se o su-
porte do motor for reduzido por uma deficiência
do mancal. Mesmo se o contorno das palhetas
reduzir tais possibilidades, ocasionalmente uma
palheta pode quebrar sob fadiga por fricção e
causar danos consideráveis às palhetas do com-
pressor e ao conjunto de lâminas estatoras.

Figura 1-40 Métodos comuns de retenção das


lâminas do rotor do compressor.

As palhetas variam de comprimento da


entrada para a saída do escapamento porque o
espaço de trabalho anular (do tambor para a car-
caça) é reduzido progressivamente para trás pela
diminuição do diâmetro da carcaça (ver figura
1-41). Antes de concluir a matéria de fami-
liarização do rotor, é bom mencionar que ele
Figura 1-39 Rotor estator componentes de um pode ser de construção tipo tambor ou tipo dis-
compressor de fluxo axial. co.

1-48
são ilustrados nas figuras 1-41 e 1-42, respecti-
vamente.
A focalização do compressor de fluxo axi-
al até este ponto, tratou apenas do rotor tipo
simples, convencional.
Realmente existem duas configurações do
compressor axial correntemente em uso, o rotor
simples e o rotor duplo, às vezes chamado de
compressor tipo carretel - sólido e carretel bi-
partido, respectivamente.
Uma versão do compressor carretel-sólido
usa aletas guias de entrada variável. Também, as
primeiras fileiras de aletas estatoras são variá-
veis. Esta é a montagem do motor General Ele-
Figura 1-41 Rotor do compressor do tipo tam- tric CJ805. Ele incorpora um compressor de 17
bor. estágios e os ângulos e as aletas guias de entra-
da e os primeiros seis estágios das aletas estato-
. O rotor do tipo tambor consiste de anéis ras são variáveis. Durante a operação o ar entra
flangeados para fixar um contra o outro, em que pela parte frontal do motor, e é direcionado para
o conjunto pode então ser preso através de para- o compressor num ângulo apropriado pelas gui-
fusos. Esse tipo de construção é satisfatório para as de entrada e aletas estatoras variáveis. O ar é
compressores de baixa velocidade onde as ten- comprimido e forçado para a seção de combus-
sões centrífugas são baixas. tão. Um bico injetor, o qual se estende em cada
O rotor tipo disco consiste de uma série de câmara atomiza o combustível para a combus-
discos usinados de alumínio forjado, encaixados tão.
por contração em um eixo de aço, com palhetas Essas variáveis são controladas em relação
do tipo cauda de andorinha, nas bordas dos direta com a potência requerida a ser produzida
discos. Outro método de construção do rotor é pelo motor, em função do posicionamento da
usinar os discos e o eixo de um forjamento de manete de potência.
alumínio, e então aparafusar eixos curtos de aço Uma versão do compressor tipo carretel
nas partes dianteira e traseira do conjunto para bipartido é encontrada no motor Pratt and
prover superfícies suportes de mancais e estrias Whitney JT3C. Ele incorpora dois compressores,
para fixação do eixo da turbina. com suas respectivas turbinas e eixos conjuga-
dos, os quais formam dois sistemas de rotores
fisicamente independentes.
Como previamente mencionado, os moto-
res de fluxo centrífugo e axial dominam o cam-
po das turbinas a gás. Existem, contudo, diver-
sas configurações possíveis desses tipos de mo-
tor, algumas das quais têm sido verificadas ex-
perimentalmente, enquanto outras estão ainda
em projeto ou estágio de desenvolvimento em
laboratório.
Analisando os compressores de motores de
fluxo centrífugo e axial em seu atual estágio de
desenvolvimento, o de fluxo axial parece ter
vantagens definidas. O advento do compressor
Figura 1-42 Rotor do compressor do tipo disco. axial do tipo carretel bipartido tornou essas van-
tagens bem mais positivas, oferecendo maior
Os rotores tipo disco são usados quase que flexibilidade de partida e melhorando a perfor-
exclusivamente em todos os motores de alta mance em grandes altitudes.
velocidade atuais, e são do tipo a que se refere As vantagens e desvantagens desses dois
esse texto. Os rotores tipo tambor e tipo disco tipos de compressores estão incluídas na lista

1-49
seguinte. Lembre-se que embora cada tipo de ca na traseira do motor na forma de jato em alta
compressor tenha méritos e limitações, o de- velocidade.
sempenho em potencial é a chave para desen- A função principal da seção de combustão
volvimento e utilização ulteriores. é, naturalmente, queimar a mistura
As vantagens do compressor de fluxo cen- ar/combustível, adicionando dessa forma ener-
trífugo são: gia calorífica ao ar. Para fazer essa queima de
forma eficiente a câmara de combustão deve:
(1)a alta pressão a cada estágio.
(1) prover os meios para a mistura apropriada
(2)boa eficiência sobre largo alcance de ve- do ar e do combustível para assegurar boa
locidade rotacional. combustão.
(3)simplicidade de fabricação, além do baixo (2) queimar essa mistura de forma eficiente.
custo. (3) resfriar os produtos da combustão para uma
(4)Baixo peso. temperatura na qual as palhetas da turbina
(5)necessidade de baixa potência de partida. possam resistir sob condições de operação.
(4) distribuir os gases quentes para a seção da
As desvantagens dos compressores de flu- turbina.
xo centrífugo são:
A posição da seção de combustão é entre o
(1) extensa área frontal para o fluxo obtido. compressor e as seções da turbina. As câmaras
(2) não são práticos para mais de dois estágios, de combustão são sempre montadas
devido às perdas nas curvas entre estágios. coaxialmente com o compressor e com a
turbina, independente do tipo, uma vez que as
As vantagens do compressor de fluxo axial câmaras devem estar numa posição de fluxo
são: direto para funcionar eficientemente.
(1) alto rendimento máximo. Todas as câmaras de combustão contêm os
(2) pequena área frontal para um dado fluxo de mesmos elementos básicos:
ar.
(3) fluxo direto, permitindo alta eficiência de (1) carcaça;
impacto. (2) camisa interna perfurada;
(4) elevação da pressão, através do aumento do (3) sistema de injeção de combustível;
número de estágios com perdas desprezí- (4) alguns dispositivos para a ignição inicial;
veis. (5) um sistema de drenagem para drenar o
combustível não queimado, após o corte do
As desvantagens do compressor de fluxo motor.
axial são:
(1) são eficientes apenas numa estrita faixa de Existem três tipos básicos de câmara de
rotação. combustão, sendo as variações dentro desses
(2) difícil fabricação e alto custo. tipos, apenas particularidades. Esses tipos são:
(3) relativamente pesado.
(4) requer alta potência para partida (isso (1) câmara múltipla ou caneca
tem sido parcialmente superado pelos (2) anular ou tipo cesta
compressores divididos. (3) caneca anular, ou canelar

Seção de combustão A câmara de combustão tipo caneca é típi-


ca dos modelos usados, tanto nos motores de
A seção de combustão encerra o processo fluxo centrífugo quanto nos de fluxo axial. É
de combustão, o qual eleva a temperatura do ar particularmente adequada para motores de com-
que passa através do motor. Esse processo libera pressor centrífugo (uma vez que o ar que deixa
a energia contida na mistura ar/combustível. A o compressor já está dividido em porções iguais,
maior parte dessa energia é requerida na turbina quando deixa as lâminas difusoras). Ela é então
para acionar o compressor. A energia remanes- um simples espaço para conduzir o ar dos difu-
cente cria uma reação ou propulsão e desembo- sores nas respectivas câmaras de combustão,

1-50
montadas radialmente em volta do eixo do mo- câmara de combustão tipo caneca. Nos motores
tor. No passado, o número de câmaras, de duas de construção americana essas câmaras são nu-
passaram a dezesseis. meradas no sentido horário, com a câmara nú-
Nos tempos atuais esse número é bastante vari- mero um fazendo o topo do motor, visto por
ado. A figura 1-43 ilustra a montagem para a trás.

Figura 1-43 Arranjo das câmaras de combustão do tipo caneca.

Figura 1-44 Câmara de combustão do tipo caneca.

1-51
Cada câmara de combustão tipo caneca Os ignitores anteriormente mencionados
consiste de uma carcaça externa, dentro da qual são geralmente dois; e estão localizados em du-
existe uma camisa de aço inoxidável perfurada as câmaras de combustão tipo caneca.
(resistente a altas temperaturas) ou camisa in- Outro requisito muito importante na cons-
terna. (ver figura 1-44). A carcaça externa está trução das câmaras de combustão é prover mei-
dividida para facilitar a substituição da camisa. os para drenagem do combustível não queima-
A seção maior ou o corpo da câmara, encaixa a do. Essa drenagem evita a deposição de goma
camisa na extremidade de saída, e a tampa da nas tubulações de combustível, bicos injetores e
câmara menor encaixa na extremidade frontal câmaras de combustão.
ou entrada da camisa. Esses depósitos são causados pelo resíduo
Os tubos interconectores (propagadores de deixado quando o combustível evapora. Prova-
chama) são peças necessárias das câmaras de velmente mais importante é o perigo de explo-
combustão tipo caneca. são (pós chama), se houver acúmulo de combus-
Uma vez que cada caneca é um queimador tível após o corte do motor. Se o combustível
separado, operando independentemente de ou- não for drenado, existe uma grande possibilida-
tras canecas, deve haver um meio de espalhar a de de, na tentativa da partida seguinte, o excesso
combustão durante a operação inicial de partida. de combustível na câmara se inflame e a tempe-
Isso é conseguido interconectando todas as câ- ratura do tubo de escapamento ultrapasse os
maras, de forma que a chama seja iniciada pelos limites seguros de operação. As camisas dos
ignitores em duas das câmaras inferiores, pas- combustores tipo caneca(figura 1-44) têm perfu-
sando através dos tubos e inflamando a mistura rações de tamanhos e formas variados, tendo
de combustível na câmara adjacente. cada furo um propósito e efeito específicos so-
A ação é continuada até que todas as câ- bre a propagação da chama dentro da camisa.
maras estejam queimando. O ar que entra na câmara de combustão é
Os tubos de chama variam em detalhes de dividido entre os próprios furos, venezianas e
construção de um motor para outro, embora os fendas em duas correntes principais: ar primário
componentes básicos sejam quase idênticos. e ar secundário.
Os tubos interconectores são mostrados na O ar primário ou de combustão é dirigido
figura 1-45. Devemos ter em mente que as câ- dentro da camisa na extremidade frontal, onde
maras não apenas devem estar interconectadas se mistura com o combustível e é queimado. O
por um tubo externo (nesse caso uma virola), ar secundário ou ar de refrigeração passa entre a
mas deve haver também um tubo ligeiramente carcaça externa e a camisa e se junta aos gases
maior, dentro do tubo externo, para interconec- de combustão através dos furos maiores em di-
tar, as camisas das câmaras onde a chama está reção à parte traseira da camisa, resfriando os
localizada. gases de combustão de cerca de 192ºC para a-
Os tubos externos ou invólucros em volta proximadamente 815ºC.
dos tubos de interconex Para ajudar na atomização do combustível,
o da chama, não apenas proporcionam um fluxo são construídos furos em volta dos injetores, na
de ar entre às câmaras, mas também cumprem cúpula ou extremidade de entrada da camisa do
uma função isoladora em volta dos tubos de combustor tipo caneca.
chama. As camisas dispõem também de venezia-
nas ao longo do comprimento do eixo axial para
direcionar uma camada de ar de refrigeração ao
longo de suas paredes internas.
Essas camadas de ar tendem a controlar a
forma da chama mantendo-a centrada na cami-
sa, evitando dessa forma a queima das paredes
da camisa.
A figura 1-46 ilustra o fluxo de ar através
Figura 1-45 Tubos interconectores de chama das venezianas na câmara de combustão anular
para câmaras do tipo caneca. dupla.

1-52
Figura 1-46 Componentes e fluxo de ar de uma câmara anular dupla.

Algumas provisões são feitas na carcaça A câmara de combustão tipo caneca anu-
da câmara de combustão ou no joelho de saída lar é um desenvolvimento Pratt and Whitney
de ar do compressor, para instalação dos ato- para uso em seus motores turbo jato de fluxo
mizadores de combustível. Os atomizadores axial JT3. Uma vez que esse motor utiliza o
distribuem o combustível na camisa numa for- compressor carretel bipartido, ele requer uma
ma finamente atomizada de borrifo. Quanto câmara de combustão capaz de reunir as seve-
mais fino o borrifo, mais rápido e eficiente é o ras exigências de máxima resistência e com-
processo de queima. primento limitado, com elevado rendimento
Dois tipos de atomizadores de com- global. Essas exigências são necessárias devido
bustível correntemente usados em diversos às altas pressões e velocidades do ar presentes
tipos de câmaras de combustão são os atomiza- nesse tipo de compressor, juntamente com as
dores simples e os atomizadores duplos. As limitações de comprimento do eixo, explicadas
características de construção desses atomizado- nos dois paragráfos seguintes.
res estão cobertas em maiores detalhes no O compressor bipartido requer dois eixos
Capítulo 3 "Combustível do motor e sistemas concêntricos ligando os estágios da turbina aos
de medição de combustível". seus respectivos compressores. O compressor
A câmara de combustível anular consiste frontal ligado aos estágios traseiros da turbina
basicamente de um alojamento e uma camisa, requer o eixo mais comprido.
assim como a do tipo caneca. A camisa consis-
te de um anel de contenção circular interior que
se estende em volta da parte externa na carcaça
do eixo da turbina. A câmara pode ser constru-
ída de uma ou mais cestas; isto é, se duas ou
mais câmaras forem usadas, elas serão coloca-
das uma externamente à outra, no mesmo plano
radial, por isso, câmara anular dupla. A câmara
anular dupla está ilustrada na figura 1-47.
As velas de ignição das câmaras de com-
bustão anulares são do mesmo tipo básico utili-
zado na câmara tipo caneca, embora os deta-
lhes de construção possam variar. Existem ge-
ralmente duas velas instaladas em dois orifícios
providos em cada carcaça de câmara. As velas
devem ser suficientemente compridas para pro-
jetarem-se da carcaça para a coroa circular da Figura 1-47 Câmara de combustão anular du-
câmara de combustão anular dupla. pla.

1-53
Estando esse eixo interno ao outro, uma
limitação de diâmetro lhe é imposta, pois a
distância entre o compressor frontal e a turbina
traseira deve ser limitada se os comprimentos
críticos do eixo tiverem que ser evitados.
Uma vez que o compressor e a turbina
não são susceptíveis a encurtamentos apreciá-
veis, a necessária limitação de comprimento do
eixo deve ser absorvida pelo desenvolvimento
de um novo tipo de queimador. Os projetistas
tinham que desenvolver um projeto, que daria a
performance desejada numa distância relativa
muito menor do que tinha sido previamente Figura 1-48 Montagem e componentes da câ-
designada para esse propósito. mara de combustão tipo caneca
As câmaras de combustão tipo caneca anular.
anular são montadas radialmente em volta do
eixo do motor, sendo o eixo nesse caso a carca- pressurização), conforme mencionado na dis-
ça do eixo do rotor. A figura 1-48 mostra as cussão sobre a câmara de combustão do tipo
vantagens dessa montagem. caneca. Ao redor de cada atomizador estão ale-
As câmaras de combustão estão enclausu- tas de turbilhonamento para imprimir um re-
radas em um anel de contenção removível de demoinho ao combustível pulverizado, o que
aço, o qual cobre toda a seção do queimador. resulta em melhor atomização desse combustí-
Essa característica torna os queimadores pron- vel, melhor queima e maior eficiência.
tamente disponíveis para qualquer manutenção As aletas de turbilhonamento desempe-
requerida. nham duas importantes funções imperativas
Os queimadores estão interligados por para a propagação adequada da chama:
tubos de chama saliente, os quais facilitam o
processo de partida do motor (como menciona- (1) alta velocidade de chama: melhor mistura
do anteriormente na familiarização da câmara de ar e combustível, assegurando queima
de combustão tipo caneca). Esses tubos de espontânea.
chama funcionam de forma idêntica aos anteri-
ores discutidos, porém eles diferem em deta- (2) baixa velocidade do ar, axialmente: o
lhes de fabricação. turbilhonamento evita que a chama se
A figura 1-48 também mostra que cada propague muito rápido.
câmara de combustão contém uma camisa cen-
tral perfurada em forma de bala. O tamanho e As aletas de turbilhonamento ajudam em
forma dos furos são projetados para admitir a muito a propagação da chama, uma vez que é
quantidade correta de ar à velocidade apropria- desejado um alto grau de turbulência na com-
da e no ângulo requerido. bustão precoce e nos estágios de refrigeração.
O fundo das câmaras de combustão dis- A mistura mecânica é também estabelecida
põe de dois orifícios para instalação das velas. para outros fins, tais como colocação de uma
Nota-se também, na figura 1-48, como as câ- tela bruta na saída do difusor, como no caso da
maras de combustão são sustentadas na extre- maioria dos motores de fluxo axial.
midade posterior por braçadeiras de dutos, as As câmaras de combustão caneca anular
quais prendem esses dutos ao conjunto de ato- também devem ter as válvulas dreno requeri-
mizadores da turbina. das, localizadas em dois ou mais dos fundos
Voltando a figura 1-48, notamos como a das câmaras, assegurando a drenagem apropri-
face anterior de cada câmara apresenta seis ada e a eliminação do combustível residual
aberturas alinhadas com seis atomizadores de para a partida seguinte.
combustível dos grupos correspondentes. Esses O fluxo de ar, através dos orifícios e ve-
atomizadores são do tipo orifício duplo, reque- nezianas das câmaras caneca anular, é quase
rendo o uso de um divisor de fluxo (válvula de idêntico ao fluxo através dos outros tipos de

1-54
queimadores. Um sistema especial de deflecto-
res é utilizado para provocar uma turbulência
no fluxo de ar. A figura 1-49 mostra o fluxo de
ar de combustão, ar de refrigeração do metal e
ar diluente ou gás de refrigeração. Prestamos
particular atenção para a direção do fluxo de ar
indicado pelas setas.

Figura 1-50 Elemento estator do conjunto da


Figura 1-49 Fluxo de ar através de uma câma- turbina.
ra anular.
ar e o distribui igualmente para os bocais ejeto-
SEÇÃO DA TURBINA res da turbina, o trabalho dos bocais ejetores é
preparar o fluxo da massa de ar para aciona-
A turbina transforma uma quantidade de mento do rotor da turbina. As aletas estacioná-
energia cinética dos gases de escapamento em rias ou aletas guias da turbina, são contornadas
energia mecânica, para acionar o compressor e e colocadas num ângulo tal que formam uma
acessórios. Essa é a única finalidade da turbina quantidade de pequenos bocais ejetores descar-
e, essa função, absorve aproximadamente 60 a regando o gás a velocidades extremamente ele-
80% da energia total da pressão dos gases de vadas; assim, os bocais ejetores convertem uma
escapamento. A quantidade exata de energia porção variável de calor e energia sob forma de
absorvida na turbina é determinada pela carga pressão para energia sob forma de velocidade,
que é impelida por ela, isto é, do tamanho e do a qual pode então ser convertida em energia
tipo do compressor, da quantidade de acessó- mecânica através das palhetas do rotor.
rios e pela hélice e suas engrenagens de redu-
ção, se o motor for turboélice.
A seção da turbina de um motor turbojato
está localizada na parte traseira ou à jusante da
seção da câmara de combustão. Especificamen-
te, ela está na saída da câmara de combustão.
O conjunto da turbina consiste de dois
elementos básicos: o estator e o rotor, como a
unidade do compressor. Esses dois elementos
são mostrados nas figura 1-50 e 1-51, respecti-
vamente.
O estator é conhecido por uma variedade Figura 1-51 Elemento rotor do conjunto da
de nomes, como: aletas guias dos bocais da turbina.
turbina e aletas guias da turbina. As aletas gui- A segunda finalidade dos bocais ejetores
as dos bocais da turbina estão localizados após da turbina é defletir os gases para um ângulo
a câmara de combustão, e imediatamente à específico na direção de rotação da roda da
frente da roda da turbina. turbina. Uma vez que o fluxo de gás dos bocais
A função das aletas guias da turbina é ejetores tem que penetrar no curso das aletas da
dupla. Primeiro, depois que a câmara de com- turbina enquanto ela ainda está girando, é es-
bustão introduz a energia calorífica na massa sencial dirigir o gás na direção de rotação da
de turbina.

1-55
O conjunto de bocais ejetores da turbina proteção adicional, os anéis de contenção estão
consiste de um anel de contenção interno e envolvidos por um anel protetor interno e um
outro externo, entre os quais são fixadas as externo, os quais dão um aumento de resistên-
aletas. cia e rigidez. Esses anéis de proteção também
O número de aletas empregadas varia com facilitam a remoção de cada aleta; de outra
os diferentes tipos e tamanhos dos motores. A forma, elas se soltariam na medida em que os
figura 1-52 ilustra ejetores de turbina típicos anéis de contenção fossem removidos.
com aletas livres e soldadas. Outro método de construção para permitir
a expansão térmica é fixar as aletas nos anéis
de contenção interno e externo; contudo nesse
método, as aletas são soldadas ou rebitadas na
posição (ver figura 1-52 B). Alguns recursos
devem ser providos para permitir a expansão;
por tanto ou anel de contenção interno ou o
externo é partido em segmentos. Esses cortes,
dividindo os segmentos, irão permitir expansão
suficiente para evitar esforço e empenamento
das aletas.
O rotor da seção da turbina consiste es-
sencialmente de um eixo e uma roda. (ver figu-
ra 1-51).
A roda da turbina é uma unidade balance-
ada dinamicamente, consistindo de lâminas
presas a um disco rotativo. O disco, por sua
vez, está preso ao eixo principal de transmissão
de potência do motor. O jato de gases, deixan-
do as aletas dos bocais da turbina agem sobre
Figura 1-52 Conjuntos típicos de aletas ejeto- as lâminas da roda da turbina, causando à rota-
ras da turbina. ção do conjunto uma taxa de velocidade
bastante elevada. A elevada velocidade de
As lâminas ou aletas dos ejetores da tur- rotação impõe severas cargas centrífugas sobre
bina podem ser montadas entre os anéis de con- a roda da turbina e, ao mesmo tempo, as
tenção interno e externo numa variedade de elevadas temperaturas resultam em uma
formas. Embora os elementos reais possam diminuição da resistência do material.
variar levemente em sua configuração e carac- Consequentemente, a rotação e a temperatura
terísticas de construção, existe uma carac- devem ser controladas para manter a operação
terística peculiar para todos os bocais ejetores da turbina dentro dos limites de segurança.
de turbina; isto é, as aletas têm que ser cons- Referimo-nos ao disco da turbina, como
truídas para permitir a expansão térmica. se ela estivesse sem as palhetas. Quando as
Por outro lado, pode haver severas distor- aletas da turbina são instaladas, então o disco
ções ou empenamento dos componentes de torna-se a roda desta. O disco atua como um
metal devido às rápidas mudanças de tempera- componente de ancoragem para as lâminas.
tura. Uma vez que o disco é aparafusado ou soldado
A expansão térmica dos bocais da turbina ao eixo, as lâminas podem transmitir ao rotor a
é consumada por diversos métodos. Um méto- energia extraída dos gases de escapamento.
do necessita que as aletas sejam montadas li- A extremidade do disco é exposta aos
vremente nos anéis de contenção interno e ex- gases quentes, que passam através das lâminas,
terno. (ver figura 1-52 A). e absorve quantidade de calor considerável
Cada aleta assenta em uma fenda contor- desses gases. Além disso, a extremidade tam-
nada nos anéis de contenção, as quais estão em bém absorve calor das lâminas da turbina por
conformidade com a forma de aerofólio das condução. Portanto, as temperaturas das extre-
aletas. Essas fendas são ligeiramente maiores midades dos discos são normalmente altas e
que as aletas para proporcionar uma folga. Para bem acima das temperaturas das partes mais

1-56
internas do disco. Como resultado desses gra- O método mais satisfatório usado é o for-
dientes de temperatura, tensões térmicas são mato pinheiro, mostrado na figura 1-53.
adicionadas às tensões de rotação.
Existem diversas maneiras de aliviar, ao
menos parcialmente, as tensões acima mencio-
nadas. Uma delas é sangrar o ar de refrigeração
atrás da face do disco.
Outro método de aliviar a tensão térmica
do disco é a casual instalação das aletas. Uma
série de ranhuras ou entalhes, de acordo com o
projeto da raiz da lâmina, são abertos na extre-
midade do disco. Essas ranhuras prendem as
aletas da turbina ao disco, e, ao mesmo tempo, Figura 1-53 Palheta da turbina com formato de
provê um espaço através dos entalhes para a pinheiro e o método de freno para
expansão térmica dos discos. Existe folga sufi- retenção.
ciente entre a raiz das aletas e os entalhes para
permitir o movimento das aletas quando o dis- As palhetas são presas às suas respectivas
co está frio. Durante a operação do motor, a ranhuras por uma variedade de métodos; alguns
expansão do disco diminui a folga. Isso faz dos mais comuns são martelagem, soldagem,
com que a raiz da aleta fique justa na borda do frenagem e rebitagem. A figura 1-54 mostra
disco. uma roda de turbina típica, usando rebitagem
O eixo da turbina, ilustrado na figura 1- para retenção das palhetas.
51, é geralmente fabricado de liga de aço. A
liga deve ser capaz de absorver os altos torques
que são exercidos, quando é dada partida num
compressor de fluxo axial. Os métodos de fixar
o eixo ao disco da turbina são variáveis. Em
um método, o eixo é soldado ao disco, o qual
tem uma parte mais grossa ou protuberância
existente para a fixação. Um outro método é
através de parafusos, esse requer que o eixo
tenha um cubo o que coincida com a superfície
usinada na face do disco. Os parafusos são en-
tão inseridos através de orifícios no cubo do
eixo, e fixados em orifícios com rosca interna Figura 1-54 Método de rebitagem para reten-
nos discos. Dos dois métodos, o último é o ção da palheta da turbina.
mais comum. O método de martelagem para retenção
O eixo da turbina deve ter alguns meios das palhetas é utilizado frequentemente em
para ligação ao cubo do rotor do compressor. várias formas. Uma das mais comuns aplica-
Isso é geralmente feito por um rasgo de chaveta ções da martelagem requer que se faça um pe-
na parte dianteira do eixo. A chaveta encaixa queno entalhe na raiz da palheta tipo pinheiro,
no entalhe entre o compressor e o eixo da tur- antes da sua instalação.
bina. Se não for utilizado esse método, a ex- Após a aleta ter sido inserida no disco, o
tremidade estriada do eixo da turbina pode ser entalhe é preenchido pelo metal do disco, o
presa ao encaixe ranhurado no cubo do rotor do qual "flui" por um sinal de punção feito no dis-
compressor. Esse arranjo estriado é utilizado co, adjacente ao entalhe. A ferramenta empre-
quase exclusivamente nos motores de compres- gada para esse serviço é idêntica a um punção
sor centrífugo, enquanto os motores de com- de centro.
pressor axial podem usar qualquer um dos mé- Outro método de retenção de palheta é
todos descritos. Existem diversos meios de construir sua raiz, de forma que a aleta conte-
fixar palhetas, alguns similares à fixação das nha todos os elementos necessários à sua reten-
aletas do compressor. ção. Esse método, ilustrado na figura 1-55,

1-57
mostra que a raiz da aleta tem um batente em
sua extremidade, de forma que a aleta possa ser
inserida e removida apenas em uma direção,
enquanto a extremidade oposta é uma espiga.
Essa espiga é dobrada para fixar a aleta no dis-
co.

Figura 1-56 Palhetas de turbina do tipo refor-


çadas.

Um estágio de turbina consiste de uma


fileira de aletas estacionárias, seguida de uma
fileira de lâminas rotativas. Em alguns modelos
de motores turboélice, tanto quanto cinco está-
gios de turbina, têm sido utilizados com suces-
so. Deve ser lembrado que independentemente
do número de rodas necessárias para o aciona-
mento dos componentes do motor, existe sem-
pre um bocal ejetor da turbina precedendo cada
roda.
Conforme descrito na discussão sobre
estágios da turbina, o uso ocasional de mais de
uma roda de turbina justifica-se nos casos de
pesadas cargas rotacionais. Deve ser assinalado
Figura 1-55 Método de batente espiga para que as mesmas cargas que necessitam turbinas
retenção das palhetas da turbina. de múltiplos estágios, freqüentemente fazem
com que se torne vantajosa a incorporação de
As palhetas da turbina podem ser forjadas compressores com múltiplos rotores.
ou fundidas, dependendo da composição da Nas turbinas de rotor com estágio simples
liga. A maioria das aletas são fundidas com (figura 1-57), a potência é desenvolvida por um
precisão e usinadas para a forma desejada. rotor, e todas as peças acionadas pelo motor
A maioria das palhetas são abertas no seu são acionadas por essa roda simples. Essa mon-
perímetro externo; contudo, um segundo tipo tagem é usada em motores onde predomina a
denominado turbina reforçada é algumas vezes necessidade de baixo peso e compacticidade.
utilizado. As palhetas de turbinas reforçadas,
de fato formam uma cinta no perímetro externo
da roda da turbina. Isso mediante a eficiência e
características de vibração, e permite menor
peso dos estágios; por outro lado, limita a velo-
cidade da turbina e requer mais lâminas (ver
figura 1-56). Na fabricação do rotor da turbina,
ocasionalmente é necessário a utilização de Figura 1-57 Rotor da turbina de estágio sim-
turbinas de mais de um estágio. Uma roda de ples.
turbina simples frequentemente não é capaz de Na turbina com múltiplos rotores a potên-
absorver potência suficiente dos gases de esca- cia é desenvolvida por dois ou mais. É possível
pamento para acionar os componentes que de- cada rotor de turbina acionar uma peça separa-
pendem da turbina para obter a potência de da do motor. Por exemplo, uma turbina de rotor
rotação, e assim, fazem-se necessários estágios triplo pode ser montada de forma que a primei-
de turbina adicionais. ra turbina acione a metade traseira do com-

1-58
pressor e acessórios, a segunda turbina acione a SEÇÃO DE ESCAPAMENTO
metade frontal do compressor e a terceira tur-
bina forneça potência para uma hélice. (ver a
figura 1-58). A seção de escapamento de um motor
turbo jato é constituída de diversos componen-
tes, cada um tendo suas funções individuais.
Embora os componentes tenham propósitos
individuais, eles também têm uma função co-
mum: eles têm que dirigir o fluxo de gases
quentes para trás, de maneira a evitar turbulên-
cia e ao mesmo tempo conceder uma alta velo-
Figura 1-58 Rotor da turbina de múltiplo está-
cidade final ou de saída para os gases.
gio.(Triplo).
Na execução de cada função, cada com-
ponente afeta o fluxo de gases de diferentes
A montagem do rotor para uma turbina
formas, como descrito nos parágrafos seguin-
com rotor duplo, como os requeridos para um
tes.
compressor carretel bipartido, é similar à mon-
A seção de escapamento está localizada
tagem da figura 1-58. A diferença é que onde é
atrás da seção da turbina, e termina quando os
usada a terceira turbina para uma hélice, na
gases são ejetados na parte traseira, na forma
figura 1-58, seria unida com a segunda turbina
de um jato de alta velocidade. Já incluídos co-
para formar uma turbina de dois estágios para
mo componentes da seção de escapamento, o
acionamento do compressor dianteiro. Essa
cone, o tubo de saída (se requerido), bocal ou
montagem é mostrada na figura 1-59.
jato de escape.
Cada componente é discutido individual-
mente.
O cone de escapamento coleta os gases
descarregados da palheta da turbina e, gradu-
almente, converte esses gases num jato sólido.
Figura 1-59 Turbina de duplo rotor para com- Durante esse processo, a velocidade dos gases
pressor carretel bipartido. é ligeiramente diminuída, e sua pressão aumen-
tada. Isso se deve à passagem divergente entre
O elemento restante a ser discutido, con- o duto externo e o cone interno, ou seja, a área
cernente à familiarização com a turbina é a anular entre as duas unidades aumenta para
carcaça da turbina ou invólucro. Esta encerra a trás.
roda da turbina e o conjunto de aletas orienta- O conjunto do cone de escapamento con-
doras e ao mesmo tempo apoia direta ou indire- siste de um revestimento externo ou duto, um
tamente os elementos estatores da seção da cone interno, três ou quatro longarinas radiais
turbina. ocas ou aletas, e a quantidade necessária de
A carcaça sempre dispõe de flanges nas tirantes para ajudar as longarinas a suportar o
partes dianteira e traseira para fixação, por pa- cone interno do duto.
rafusos ao invólucro da câmara de combustão e O revestimento externo, ou duto, é geral-
ao conjunto do cone de escapamento, respecti- mente fabricado de aço inoxidável, e é preso ao
vamente. Uma carcaça de turbina está ilustrada flange traseiro da carcaça da turbina. Esse ele-
na figura 1-60. mento coleta os gases de escape e distribui es-
ses gases, ou diretamente, ou via tubo de saída,
para o bocal de descarga, dependendo natural-
mente de ser ou não requerido o tubo de saída.
Em alguns tipos de instalação de motores não é
requerido o tubo de saída.
Por exemplo, quando o motor é instalado
em nacele, é requerido apenas um tubo de saída
curto, caso em que o duto de escapamento e o
Figura 1-60 Conjunto de carcaça de turbina. bocal de descarga serão suficientes.

1-59
O duto deve ser construído de forma a através da folga entre o disco da turbina e o
incluir características, como um predetermina- cone interno.
do número de saliências dos pares térmicos do O conjunto do cone de escapamento com-
tubo de escape, e deve haver também orifícios pleta o motor básico. Os componentes restantes
para inserir os tirantes de sustentação. Em al- (bocal de descarga e bocal ejetor)são geralmen-
guns casos, não são utilizados tirantes para te considerados componentes da fuselagem. O
sustentação do cone interno. Se for o caso, as bocal de descarga é utilizado primeiramente
longarians ocas proporcionam a base de sus- para fazer com que os gases escapem da fuse-
tentação do cone interno, sendo soldadas por lagem. A utilização do bocal de escape impõe
pontos, posicionadas para a superfície interna uma penalidade à eficiência de operação do
do duto e cone interno, respectivamente. (ver motor, na forma de perdas de calor e atrito.
figura 1-61). Essas perdas materialmente afetam a velocida-
de final dos gases de escapamento e
consequentemente, o empuxo.
O bocal de escape termina em um bocal
ejetor que está à frente da extremidade da fuse-
lagem. A maioria das instalações utiliza um
escapamento dirigido simples, em oposição às
saídas de escapamento duplas, para obter as
vantagens de baixo peso, simplicidade e perdas
mínimas no duto (ver a figura 1-62).

Figura 1-61 Coletor de escapamento com su-


porte soldados.

As longarinas radiais têm uma função


duplicada. Elas não apenas fixam o cone inter-
no ao duto de escapamento, como também de-
sempenham a importante missão de alinhamen-
to dos gases de escape, que, de outra forma,
deixariam a turbina a um ângulo de aproxima-
damente 45º.
O cone interno de localização central é
fixado junto à face traseira do disco da turbina,
evitando a turbulência dos gases quando eles
deixam a roda da turbina. O cone é suportado
por longarinas radiais. Em algumas configura- Figura 1-62 Tipos de tubos de escapamento.
ções um pequeno orifício está localizado na
extremidade de saída do cone. Esse orifício O bocal de descarga é geralmente fabrica-
permite que o ar de refrigeração circule da tra- do com características semiflexíveis. Mais uma
seira do cone, onde a pressão de ar na roda da vez, a necessidade dessas características de-
turbina é relativamente alta, para o interior do pende do seu comprimento.
cone, e consequentemente, contra a face da Nos bocais de escape extremamente com-
roda da turbina. O fluxo de ar é positivo, já que pridos, uma montagem de foles é incorporada à
a pressão de ar na roda da turbina é relativa- sua construção, permitindo movimentos tanto
mente baixa devido sua rotação, garantindo, na instalação quanto na manutenção, além da
assim, a circulação do ar. Os gases utilizados expansão térmica. Isso elimina as tensões e
para refrigeração da roda da turbina retornam deformações que, de outra forma, estariam pre-
ao trajeto de escoamento principal, passando sentes.

1-60
A irradiação de calor do cone e bocal de A proteção do calor consiste de um invó-
escapamento pode danificar os componentes da lucro de aço inoxidável contornando todo o
estrutura em volta dessa unidade. Por essa ra- sistema de escapamento (ver figura 1-65).
zão, alguns processos de isolamento devem ser
idealizados. Existem diversos métodos dispo-
níveis para proteção da estrutura da fuselagem,
sendo os dois mais comuns, a manta de isola-
mento e as proteções de isolamento.
As mantas de isolamento, ilustradas nas
figura 1-63 e 1-64, consistem de diversas ca-
madas de lâminas de alumínio, cada uma sepa-
rada por uma camada de lã de vidro ou algum Figura 1-65 Reforço do sistema de
outro material adequado. Embora essas mantas escapamento.
protejam a fuselagem da irradiação de calor,
elas são utilizadas, inicialmente, para reduzir O escapamento imprime aos gases um
perdas de calor do sistema de escapamento. A importante reforço final da velocidade. O inje-
redução de perdas de calor melhora o desempe- tor, como o turbo de saída, não está incluído
nho do motor. Uma manta de isolamento típica, como parte do motor básico, mas sim como
e as temperaturas na seção de escapamento, são componente da fuselagem.
mostradas na figura 1-64. Essa manta contém Ele, também, está preso à parte traseira do
fibra de vidro como material de baixa condu- tubo de saída como requerido, ou ao flange
tância e lâminas de alumínio como blindagem traseiro do duto de escapamento, se o tubo de
de irradiação. A manta deve ser conveniente- saída não for necessário.
mente coberta para evitar que seja impregnada Existem dois tipos de projetos de bocal
com óleo. ejetor: convergente, para velocidades subsôni-
cas dos gases; e convergente-divergente, para
velocidades supersônicas dos gases. Tudo é
discutido com maiores detalhes no capítulo 2
"Sistemas de indução e escapamento".
A abertura do ejetor pode ser de área fixa
ou de área variável. O de área fixa é o mais
simples dos dois. Uma vez que não existem
peças móveis, nenhum ajuste nas áreas dos
ejetores deve ser feito mecanicamente.
Figura 1-63 Sistema de escapamento com
Ajustes na área dos ejetores são algumas
manta isolante.
vezes necessários, porque o tamanho do orifí-
cio de saída afeta diretamente a temperatura de
operação do motor. Quando necessário, um
ejetor de área fixa pode ser ajustado de diversas
formas.
Um método de mudar essa área, é a utili-
zação de compensadores, os quais são instala-
dos dentro do ejetor e presos por parafusos.
Os compensadores são de tamanhos e
curvaturas variáveis.
Os diferentes tamanhos de compensadores
permitem a variação na área do ejetor, variando
os incrementos.
Assim, através da experiência, um mecâ-
Figura 1-64 Manta isolante com as temperatu- nico pode fazer o motor funcionar à maxima
ras encontradas nas diferentes lo- velocidade com uma combinação de compen-
calizações. sadores, verificar a temperatura e substituir

1-61
outra combinação para completar uma tempera- partido irá requerer maior apoio que um com-
tura deficiente ou corrigir uma temperatura em pressor centrífugo.
excesso. Provavelmente o número mínimo de man-
cais requeridos seria três, enquanto alguns dos
SUBCONJUNTOS MAIORES modelos mais modernos de compressor axial
bi-partido requerem seis ou mais.
Os conjuntos incluídos na discussão que Os rotores de turbina a gás são geralmente
se segue são parte integral, ou uma combinação suportados, ou por mancais de esferas, ou de
dos componentes, os quais contêm as seções roletes. Mancais hidrodinâmicos ou tipo desli-
principais do motor turbojato. zante estão recebendo alguma atenção quanto
ao uso em turbinas, onde a velocidade de ope-
Difusor ração do rotor aproxima-se de 45.000RPM e
onde são previstas excessivas cargas nos man-
O difusor é a seção divergente do motor. cais durante o vôo (ver figura 1-66). Em geral,
Tem a importante função de trocar a alta velo- os mancais antifricção de esferas ou roletes são
cidade do ar de descarga do compressor para preferidos, uma vez que eles:
pressão estática. Isso prepara o ar para entrar
nos queimadores à baixa velocidade,de forma (1) oferecem pouca resistência à rotação;
que irá queimar sem que apague. (2) facilitam a precisão de alinhamento dos
elementos rotativos;
Adaptadores de ar (3) são relativamente baratos;
(4) são facilmente substituídos;
Os adaptadores de ar do compressor cen- (5) resistem as sobrecargas momentâneas;
trífugo estão ilustrados na figura 1-37 junta- (6) são de fácil refrigeração, lubrificação e
mente com o difusor. O propósito dos dutos de manutenção;
saída de ar é distribuir o ar do difusor para as (7) acomodam tanto cargas radiais quanto axi-
câmaras de combustão individuais, tipo caneca. ais;
Em alguns casos, os injetores de combustível (8) são relativamente resistentes a tempe-
ou plugs de ignição também estão montados no raturas elevadas.
duto de escape.

Rotor do motor

O rotor do motor é uma combinação dos


rotores do compressor e da turbina em um eixo
comum, o eixo comum liga os eixos da turbina
e do compressor por um método conveniente.
O rotor está apoiado por mancais, os quais es-
tão apoiados em convenientes caixas de man-
cais

Mancais principais

Os mancais principais têm a função crítica Figura 1-66 Tipos de mancais principais usa-
de suportar o rotor principal. dos para suportar o rotor de turbi-
O número necessário de mancais para su- na a gás.
portar o motor adequadamente, e para a maioria
das peças, será decidido pelo comprimento e Suas principais desvantagens são a vulne-
peso do rotor. rabilidade a materiais estranhos e a tendência a
O comprimento e peso são afetados dire- falhas sem aviso antecipado.
tamente pelo tipo de compressor usado no mo- Geralmente os mancais de esferas são
tor. Naturalmente, um compressor axial bi- posicionados no eixo do compressor ou no da

1-62
turbina, de forma que possam absorver quais- O mancal é geralmente provido de uma
quer cargas (trações) axiais ou radiais. Devido face de assentamento usinada no eixo apropria-
os mancais de roletes apresentarem uma super- do. Ele é, geralmente, travado na posição por
fície trabalhante maior, eles são melhor equi- uma arruela de aço ou outro dispositivo de tra-
pados para suportar cargas radiais que cargas va adequado.
de tração. Portanto, eles são utilizados primari- O eixo do rotor também provê um reves-
amente para esse propósito. timento ajustado para o selo de óleo no aloja-
Um conjunto típico de mancais de esferas mento do mancal.
ou de roletes inclui um alojamento de sustenta- Esses revestimentos usinados são chama-
ção, o qual deve ser fortemente construído e dos estrias e se encaixam no selo de óleo, em-
apoiado, de forma a suportar as cargas radial e bora sem tocá-lo realmente. Se ocorrer roça-
axial do veloz movimento do rotor. mento, resultará em desgaste e vazamento.
O alojamento do mancal geralmente con-
tém selos para evitar vazamentos de óleo, do
seu caminho ou fluxo normal. Ele também dis- MOTOR TURBOÉLICE
tribui o óleo para os mancais para sua lubrifi-
cação, geralmente através de pulverizadores. O motor turboélice é a combinação de
O selo de óleo pode ser o labirinto ou do uma turbina a gás e uma hélice. Motores turbo-
tipo fio helicoidal. Esses selos também podem élice são basicamente similares aos turbojatos,
ser pressurizados para minimizar o vazamento já que ambos têm um compressor, câmara de
de óleo ao longo do eixo. O selo labirinto é combustão, turbina e um pulverizador, todos
geralmente pressurizado, porém o selo helicoi- operando da mesma forma em ambos os moto-
dal depende apenas do rosqueamento reverso res.
para impedir o vazamento. Esses dois tipos de Contudo, a diferença é que a turbina no
selos são similares, diferindo apenas no tama- motor turboélice geralmente tem mais estágios
nho do fio, e no fato de que o selo labirinto é que a do motor turbojato. Além disso, para o-
pressurizado. perar o compressor e acessórios, a turbina tur-
Outro tipo de selo de óleo utilizado em bopropulsora transmite potência aumentada
alguns dos motores mais recentes é o selo de para a frente através de um eixo e um trem de
carbono. Esses selos são geralmente carregados engrenagem para acionar a hélice. A força mai-
por mola e são similares quanto ao material e or é gerada pelos gases de escapamento pas-
aplicação às escovas de carvão utilizadas em sando através dos estágios adicionais da turbi-
motores elétricos. Os selos de carbono apoiam- na.
se numa face provida para criar uma cavidade Fazemos referência a figura 1-58, a qual
selada para o mancal; com isso, evitando o va- mostra uma turbina multirotor com eixos coa-
zamento de óleo ao longo do eixo no fluxo de xiais para acionamento independente do com-
ar do compressor ou seção da turbina. pressor e da hélice.
Embora existam três turbinas utilizadas
nessa ilustração, nada mais que cinco estágios
de turbina têm sido usados para acionar os dois
elementos rotores, hélice e os acessórios.
Os gases de escapamento também contri-
buem para a potência entregue pelo motor atra-
vés da reação, embora a quantidade de energia
disponível para o empuxo seja consideravel-
mente reduzida.
Uma vez que os componentes básicos de
um turbojato ou turboélice diferem apenas li-
geiramente quanto às características de projeto,
seria simples aplicar os conhecimentos obtidos
do turbojato ao turboélice.
O motor turboélice típico pode ser sepa-
Figura 1-67 Selo de carbono para óleo. rado em conjuntos, como se segue:

1-63
(1) o conjunto da seção de potência, o qual (3) o conjunto do torquímetro, o qual transmi-
contém os componentes maiores usuais te o torque do motor para a caixa de engre-
dos motores de turbina a gás (compressor, nagens da seção de redução.
câmara de combustão, turbina e seção de (4) o conjunto acionador de acessórios.
escapamento). Esses conjuntos estão ilustrados na figura
(2) o conjunto da caixa de engrenagens ou 1-68.
engrenagens de redução, o qual contém
aquelas seções peculiares à configuração O motor turboélice pode ser usado com
do turboélice. diferentes configurações. .

Figura 1-68 Conjuntos de componentes principais de um motor turboélice.

Ele é frequentemente utilizado em aeronaves de ro estágio do compressor ou pode ser montada


transporte, mas pode ser adaptado para utiliza- como um conjunto separado de palhetas. As
ção em aeronaves monomotoras palhetas podem ser montadas à frente do com-
pressor ou atrás da roda da turbina.
MOTORES A TURBINA

Um motor de turbina a gás, que entrega


potência através de um eixo para acionar algu-
ma coisa além da hélice é chamado de motor à
turbina. Motores à turbina são similares aos
motores turboélices.
A potência de decolagem pode ser acopla- Figura 1-69 Motor turbofan com ventoinha à frente.
da diretamente à turbina do motor, ou o eixo
pode se acionado por uma turbina livre, locali- O princípio geral do motor turbofan é con-
zada no fluxo de escapamento. verter o máximo de energia do combustível em
A turbina livre gira de forma independen- pressão. Com o máximo de energia convertida
te. Esse princípio é utilizado extensivamente na em pressão, um maior produto pressão vezes
produção corrente de motores à turbina. O mo- área pode ser obtido. Um das grandes vantagens
tor à turbina é muito utilizado em helicópteros. é que o turbofan produz esse empuxo adicional
sem aumento do fluxo de combustível. O resul-
MOTORES TURBOFAN tado final é economia de combustível com con-
sequente aumento no alcance.
O motor turbofan (fig. 1-69) é, a princípio, Devido ao fato da energia do combustível
o mesmo que o turboélice, exceto que a hélice é ser transformada em pressão no motor turbofan,
substituída por uma ventoinha axial do duto. A outro estágio deve ser acionado na turbina (para
ventoinha pode ser parte das palhetas do primei- prover a potência para adicionamento na vento-

1-64
inha), e assim, aumentar a expansão através da Os motores a hélice e turbojatos têm uma rela-
turbina. Isso significa que haverá menos energia ção muito próxima. A hélice gera empuxo dan-
perdida e menos pressão atrás da turbina. Tam- do uma aceleração relativamente pequena a uma
bém os pulverizadores devem ter maior área. O grande quantidade de ar. O motor turbojato al-
resultado final é que o motor principal não de- cança o empuxo, imprimindo maior aceleração a
senvolve tanto empuxo quanto o motor turboja- uma menor quantidade de ar.
to direto. A ventoinha então compensa a dimi- A massa de ar é acelerada dentro do motor
nuição no empuxo do motor principal. Depen- pelo uso de um ciclo de fluxo contínuo. O ar
dendo do projeto da ventoinha, ela produzirá ambiente entra pelos difusores onde é sujeito a
algo em torno de 50% de empuxo total dos mo- trocas de temperatura, pressão e velocidade;
tores turbofan. causado pelo efeito do impacto. O compressor
Em um motor de 18.000 libras de empuxo, então, aumenta a pressão e a temperatura do ar,
cerca de 9000 libras serão desenvolvidas pela mecanicamente.
ventoinha, e as 9000 libras remanescentes pelo O ar continua à pressão constante para a
motor principal. O mesmo motor turbojato bási- seção dos queimadores, onde a sua temperatura
co sem uma ventoinha desenvolverá cerca de é aumentada pela queima do combustível. A
12.000 libras de empuxo. energia é tomada dos gases quentes pela expan-
são através de uma turbina que aciona um com-
pressor, e, expandindo-se através de um tubo,
projetado para descarregar os gases de escapa-
mento à alta velocidade para produzir empuxo.
O jato de alta velocidade de um motor tur-
bojato pode ser considerado uma bobina contí-
nua, imprimindo força contra a aeronave na qual
está instalado, dessa forma produzindo empuxo.
A fórmula para empuxo pode ser derivada da
Figura 1-70 Instalação de motor turbofan com segunda lei de Newton, a qual estabelece que a
ventoinha à frente. força é proporcional ao produto da massa pela
Dois diferentes projetos de conduto são aceleração. Essa lei é expressa na fórmula:
utilizados com motores turbofan. O ar que deixa F=MxA
a ventoinha pode ser conduzido por cima da Onde:
borda (figura 1-70) ou externamente à carcaça F = força em Newtons
do motor básico para ser descarregado através M = massa em quilograma
dos pulverizadores. O ar da ventoinha é mistu- A= aceleração em metro por segundo ao
rado com os gases de escapamento antes de ser quadro
descarregado ou vai diretamente para a atmosfe-
ra, sem que antes seja misturado. Na fórmula acima, "massa" é similar a
O turbofan, algumas vezes chamado de "peso", porém é realmente uma quantidade dife-
jatofan está se tornando o motor de turbina a gás rente.
mais usado. O turbofan é um compromisso entre Massa se refere a uma quantidade de maté-
a operação eficiente, uma alta capacidade de ria, enquanto peso se refere à atração da gravi-
empuxo de um turboélice e a alta velocidade e dade sobre aquela quantidade de matéria. Ao
capacidade de grande altitude de um turbojato. nível do mar, sob condições padrão, um quilo de
massa terá o peso de um quilo.
PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DO MOTOR Para calcular a aceleração de uma dada
A TURBINA massa, a constante gravitacional é usada como
unidade de comparação. A força da gravidade é
O princípio usado por um motor turbojato 9,8 m/s². Isso significa que um objeto de um
quando ele provê força para mover um avião, quilo, em queda livre, terá uma razão de acele-
baseia-se na segunda lei de Newton. Essa lei ração de 9,8 metros por segundo, a cada segun-
mostra que uma força é requerida para acelerar do que a gravidade agir sobre ela.
uma massa; portanto, se um motor acelerar uma Uma vez que a massa do objeto é de um
massa de ar, ele aplicará uma força à aeronave. quilo, o qual é também a força real imprimida a

1-65
ela pela gravidade, podemos assumir que a força Isso ilustra que, se a velocidade de 50 qui-
de um Newton irá acelerar um objeto de um logramas de massa por segundo for aumentada
quilograma à razão de 9,8 metros por segundo de 100 Newtons por segundo ao quadrado o
ao quadrado. empuxo resultante será de 510 N.
Também uma força de 10 Newtons irá Uma vez que o motor turbojato acelera
acelerar uma massa de 10 quilogramas à razão uma massa de ar, a fórmula seguinte pode ser
de 9,8 metros por segundo quadrado. Isso, con- usada para determinar o empuxo:
siderando que não existe atrito ou outra resis-
tência a ser vencida. Está agora evidente que a Ms (V2 − V1 )
F=
razão de uma força (em Newtons) está para a g
massa (em quilograma) como a aceleração em O
metros por segundo ao quadrado está para 9,8. nde:
Usando “m” para representar a massa em quilo- F = força em Newtons
grama, a fórmula pode ser expressa as- Ms = fluxo de massa em quilograma por
F A segundo
sim: =
M g V1 = velocidade de entrada
ou, V2 = velocidade do jato (escapamento)
M .A V2 - V1 = troca de velocidade; diferença
F=
g entre velocidade de entrada e
velocidade do jato de ar.
onde: g = aceleração da gravidade ou 9,8 m/s²
F = força
Como exemplo, usar a fórmula para troca
M = massa de velocidade de 100 quilogramas de fluxo de
A = aceleração massa de ar por segundo de 600 m/s para 800
g = gravidade m/s; a fórmula pode ser aplicada assim:

Em qualquer fórmula envolvendo trabalho, 1 0 0 (8 0 0 - 6 0 0 )


F =
o fator tempo tem que ser considerado. É con- 9 ,8
veniente ter sempre fatores em unidades equiva-
lentes, ou seja, segundo, minuto ou hora. No F = 2040 N
cálculo de empuxo, o termo "quilograma de ar Como mostrado pela fórmula, se o fluxo
por segundo" é conveniente, uma vez que o fa- de massa de ar por segundo e a diferença de
tor tempo é o mesmo que o tempo na força de velocidade do ar da admissão para o escapamen-
gravidade, isto é, segundo. to são conhecidos, é fácil calcular a força neces-
sária para produzir a mudança de velocidade.
Dessa forma, o empuxo do motor tem que ser
EMPUXO igual à força requerida para acelerar a massa de
ar através do motor. Então, usando o símbolo
Utilizando a fórmula já mencionada, calcu- "E" para empuxo, a fórmula fica:
lamos a força necessária para acelerar a massa
de 50 quilogramas e 100 metros por segundo ao Ms (V2 − V1 )
quadrado, como segue: E=
g
50 KG x 100 M / S2
F= É fácil ver nessa fórmula que o empuxo de
9 ,8 um motor de turbina a gás pode ser aumentado
de duas formas: primeiro, aumentando o fluxo
50 x 100 da massa de ar através do motor e, segundo,
F=
9,8 aumentando a velocidade do jato de ar.
Se a velocidade do motor turbojato perma-
F = 510 N. necer constante com respeito à aeronave o em-
puxo diminuirá se a velocidade da aeronave

1-66
aumentar, porque o valor de V1 aumentará. Isso O duto convergente aumenta a velocidade
não apresenta um problema sério, contudo, con- e diminui a pressão. O duto divergente diminui
forme a velocidade da aeronave aumenta, maior a velocidade e aumenta a pressão. O princípio
quantidade de ar entra no motor e a velocidade de convergência é geralmente utilizado para o
do jato aumenta. O empuxo líquido resultante é tubo e bocal de descarga. O princípio de diver-
quase constante com a velocidade do ar aumen- gência é utilizado no compressor, onde a velo-
tada. cidade do ar é diminuída e o ar pressurizado.
Ciclo de Brayton, é o nome dado ao ciclo
termodinâmico de um motor de turbina a gás
destinado a produzir empuxo. Isso é um ciclo de DESEMPENHO DO MOTOR DE TURBINA
eventos, o volume variável e a pressão constan- A GÁS
te, e é comumente chamado de ciclo a pressão
constante. Um termo mais recente é ciclo de A eficiência térmica é o fator principal no
combustão contínua. desempenho de uma turbina a gás. É a razão
Os quatro eventos contínuos e constantes entre o trabalho líquido produzido pelo motor e
são admissão, compressão, expansão (inclui a energia química suprida na forma de combus-
potência) e escapamento. Esses ciclos serão tível.
discutidos à medida em que eles se referem a Os três fatores mais importantes que afe-
motores de turbina a gás. tam a eficiência térmica são: a temperatura da
No ciclo de admissão, o ar entra à pressão entrada da turbina, a razão de compressão; e as
ambiente e a um volume constante. Ele deixa a eficiências componentes do compressor e da
admissão a uma pressão aumentada e com vo- turbina.
lume diminuído. Na seção de compressão,o ar é Outros fatores que afetam a eficiência tér-
recebido da admissão a uma pressão aumentada mica são a temperatura da entrada do compres-
ligeiramente acima da pressão ambiente, e com sor e eficiência dos queimadores.
uma pequena diminuição de volume. O ar entra A figuras 1-71 mostra o efeito que a alte-
no compressor onde é comprimido, ele deixa o ração da razão de compressão tem sobre a efici-
compressor com um grande aumento de pressão ência térmica, quando a temperatura na entrada
e redução de volume. Isso é causado pela ação do compressor e a eficiência no componente do
mecânica do compressor. O passo seguinte, a compressor e na turbina permanecem constan-
expansão, acontece na câmara de combustão tes.
pela queima do combustível, o qual expande o
ar pelo calor. A pressão permanece relativamen-
te constante, porém ocorre um aumento notável
do volume. Os gases em expansão se movem
para trás através do conjunto da turbina e, são
convertidos pela turbina, de energia dinâmica
para energia mecânica.
A seção de escapamento, a qual é um duto
convergente, converte o volume em expansão e
a pressão reduzida dos gases para uma alta ve-
locidade final.
A força criada dentro do motor para man-
ter esse ciclo contínuo tem uma reação igual e
oposta (empuxo) para movimentar a aeronave
para frente. Figura 1-71 O efeito da razão de compressão
O princípio de Bernoulli (sempre que um na eficiência térmica.
fluxo de um fluido qualquer tiver sua velocidade
aumentada em um dado ponto, a pressão desse O efeito, que a eficiência dos componentes
fluxo nesse ponto é menor que no resto do flu- do compressor e da turbina, têm sobre a eficiên-
xo) é aplicado ao motor a jato através dos proje- cia térmica quando as temperaturas das entradas
tos de seus dutos de ar. Os dois tipos de dutos da turbina e do compressor permanecem cons-
são convergente e divergente. tante, é mostrada na figura 1-72. Em operação

1-67
real a temperatura do tubo de escapamento do
motor, à turbina varia diretamente com a tempe-
ratura da entrada da turbina a uma razão de
compressão constante.
R.P.M. é uma medida direta de razão de
compressão; portanto, a RPM constante a efici-
ência térmica máxima, pode ser obtida manten-
do a temperatura do tubo de escapamento o
mais alto possível. Uma vez que a vida do mo-
tor é altamente reduzida a uma elevada tempera-
tura de entrada da turbina, o operador não deve
exceder as temperaturas de tubo de escapamento
especificados para operação contínua. A figura
1-73 ilustra o efeito da temperatura da entrada
da turbina sobre a vida das palhetas da turbina. Figura 1-73 Efeitos da TIT na vida da turbina.
Na discussão anterior foi assumido que a
condição do ar na entrada para o compressor As três ilustrações a seguir mostram como
permanece constante. Uma vez que o motor se altera a densidade através da variação de alti-
turbojato é uma aplicação prática de um motor a tude, velocidade da aeronave e temperatura do
turbina. Torna-se necessário analisar o efeito da ar exterior, afetando o nível de potência do mo-
variação das condições de entrada sobre a po- tor.
tência produzida. As três principais variáveis A figura 1-74 mostra que o empuxo me-
que afetam as condições de entrada são a velo- lhora rapidamente com a redução da temperatu-
cidade da aeronave, a altitude da aeronave e a ra do ar exterior à altitude, RPM e velocidade da
temperatura ambiente. Para simplificar a análi- aeronave constantes. Esse aumento ocorre, em
se, a combinação dessas três variáveis pode ser parte, porque a energia requerida por quilogra-
representada por uma simples variável, denomi- ma de fluxo de ar para acionar o compressor,
nada "densidade de estagnação". varia diretamente com a temperatura, deixando,
dessa forma, mais energia para desenvolver em-
puxo. Além disso, o empuxo liberado irá au-
mentar, uma vez que o ar em temperaturas redu-
zidas tem uma densidade aumentada. O aumen-
to na densidade causa o aumento do fluxo de
massa através do motor.

Figura 1-72 Eficiência do compressor e turbina


( C & T) “versus” eficiência térmi- Figura 1-74 Efeitos da O.A.T. na saída do em-
ca. puxo.

A potência produzida por um motor a tur- O efeito da altitude sobre o empuxo, como
bina é proporcional à densidade de estagnação mostrado na figura 1-75, pode também ser dis-
na entrada. cutido como um efeito de densidade e tempera-

1-68
tura. Nesse caso, um aumento de altitude causa dade dos gases de escapamento permanece rela-
uma redução da pressão e da temperatura. tivamente constante; desse modo, o efeito do
aumento na velocidade da aeronave resulta na
redução do empuxo específico, como mostrado
na figura 1-76. À baixa velocidade, a redução
do empuxo específico é mais rápida que o au-
mento do fluxo de ar, causando uma redução do
empuxo líquido. À alta velocidade, na medida
em que a velocidade do ar aumenta, o aumento
do fluxo de ar é mais rápido que a redução do
empuxo específico e causa o aumento do empu-
xo líquido até que a velocidade sônica seja al-
cançada. O efeito da combinação do empuxo
Figura 1-75 Efeitos da altitude na saída do em- líquido é ilustrado na figura 1-77.
puxo.

Uma vez que o gradiente de temperatura é


menor que o gradiente de pressão, conforme se
aumenta a altitude a densidade é reduzida. Em-
bora a temperatura reduzida aumente o empuxo,
o efeito da redução de densidade compensa o
efeito das temperaturas mais baixas. O resultado
líquido do aumento da altitude é uma redução
do empuxo liberado.
Figura 1-77 Efeitos da velocidade no empuxo
O efeito da velocidade da aeronave sobre o
específico e fluxo de ar total do
empuxo de um motor turbojato é mostrado na
motor.
figura 1-76. Para explicar o efeito da velocida-
de da aeronave, é necessário primeiro entender
Recuperação de impacto
o efeito da velocidade da aeronave sobre os fa-
tores que se combinam para produzir o empuxo
Um aumento na pressão na entrada do mo-
liberado. Esses fatores são, o empuxo específico
tor, acima da pressão atmosférica, como resul-
e fluxo de ar do motor.
tado da velocidade da aeronave, é denominado
impacto. Uma vez que qualquer efeito do im-
pacto causará um aumento na pressão de entrada
do compressor, além da pressão atmosférica, a
pressão resultante causará um aumento na mas-
sa de fluxo de ar e, na velocidade, ambos ten-
dendo a aumentar o empuxo.
Embora o efeito do impacto aumente o
empuxo do motor, o empuxo produzido diminui
para uma dada posição das manetes, à medida
que a aeronave ganha velocidade. Portanto, duas
tendências opostas ocorrem quando a velocida-
Figura 1-76 Efeitos da velocidade no empuxo de de uma aeronave é aumentada. O que real-
líquido. mente acontece é o resultado líquido desses dois
Empuxo específico são os quilogramas de efeitos diferentes.
empuxo liberado, desenvolvido por quilograma Um empuxo liberado do motor, temporari-
de fluxo de ar por segundo. Ele é o restante do amente diminui, à medida em que a velocidade
empuxo específico bruto, menos a resistência da aeronave aumenta a partir da estática, porém,
aerodinâmica específica. Na medida em que a rapidamente com a aproximação da alta veloci-
velocidade da aeronave aumenta, a resistência dade, o empuxo liberado começa a aumentar
aerodinâmica aumenta rapidamente. A veloci- outra vez.

1-69
CAPÍTULO 2

SISTEMAS DE ADMISSÃO E DE ESCAPAMENTO

SISTEMA DE ADMISSÃO DOS MOTORES


CONVENCIONAIS (ALTERNATIVOS)

O sistema de admissão de um motor


convencional de aeronave consiste em: um car-
burador; uma tomada de ar (ou duto que conduz
o ar ao carburador); e uma tubulação de admis-
são. Essas unidades formam um longo canal
curvo, que conduz o ar e a mistura
ar/combustível aos cilindros.
Esses 3 componentes, que compõem um
sistema de admissão típico, são geralmente su-
plementados por um sistema indicador e por
uma unidade de controle de temperatura, apre-
sentados na forma de uma válvula de ar alterna-
tiva e de uma fonte de aquecimento do carbura- Figura 2-1 Sistemas de admissão, não supera-
dor. Adicionalmente pode haver um sistema limentado, usando um carburador.
para compressão da mistura ar/combustível.
Muitos motores instalados em aeronaves A válvula de ar frio admite o ar pela to-
leves não usam qualquer tipo de compressor ou mada externa para a operação normal, e é con-
superalimentador, porém os sistemas de admis- trolada da cabine de comando. A válvula de ar
são para motores convencionais podem ter uma quente admite o ar do compartimento do motor
classificação genérica de motores superalimen- para a operação em condições, onde há forma-
tados, ou não. ção de gelo e carga de mola para a posição “fe-
chada”.
Sistemas de admissão de motores não supera- Quando a porta do ar frio é fechada, a
limentados seção do motor abre uma válvula de ar quente,
que tem carga de mola. Caso haja retorno de
O motor não superalimentado é comu- chama, enquanto a válvula de ar quente estiver
mente utilizado em aeronaves leves. O sistema aberta, a tensão da mola fecha a válvula para
de admissão desses motores pode ser equipado impedir que as chamas saiam do compartimento
com um carburador ou com sistema de injeção do motor.
de combustível. O filtro de ar do carburador está instala-
Se for usado um carburador, esse poderá do na tomada de ar em frente ao duto; sua fina-
ser do tipo bóia ou do tipo pressão. Utilizando a lidade é impedir que a poeira, ou outros materi-
injeção de combustível, esta normalmente será ais estranhos entrem no motor através do carbu-
de fluxo constante (por gravidade) ou de rador. O filtro de ar consiste em uma armação
alimentação por pressão (pulsed system). de liga de alumínio e numa tela de trama bem
A Figura 2-1 mostra o diagrama de um fechada, para proporcionar o máximo de área de
sistema de admissão em um motor não supera- filtragem do fluxo de ar.
limentado, equipado com um carburador. Os dutos de ar do carburador consistem
Nesse sistema de admissão, o ar frio para em dois dutos, um que é fixo e rebatido à care-
o carburador é admitido pelo bordo de ataque da nagem do nariz; e outro, flexível entre o fixo e a
carenagem do nariz, abaixo do cone da hélice, e válvula de ar do carburador.
é conduzido através de um filtro de ar até os Os dutos de ar do carburador permitem a
dutos de alimentação do carburador. Há no car- passagem de ar externo, ou seja, de ar frio para
burador uma válvula, que permite buscar o ar de dentro do carburador.
uma fonte de aquecimento, impedindo a forma- O ar entra no sistema através de uma
ção de gelo. tomada de ar de impacto. A abertura dessa to-

2-1
mada de ar está localizada na corrente de ar o gelo será eliminado em questão de poucos
pressurizada pela hélice; de modo a forçá-lo minutos. Caso a temperatura no compartimento
para dentro do sistema de admissão, dando-lhe do motor não seja alta o suficiente para comba-
um efeito de ar de impacto. ter o gelo, a capacidade de pré-aquecimento
O ar passa através dos dutos para o car- pode ser aumentada fechando-se os flapes de
burador; este mede o combustível em proporção capota e elevando a potência do motor. Isto,
ao ar admitido; e mistura o ar com a quantidade entretanto, pode mostrar-se ineficiente se a for-
correta de combustível. Da cabine de vôo pode- mação de gelo tiver progredido demais, quando,
se controlar o carburador na regulagem do fluxo então, a perda de potência tornará impossível
de ar. gerar calor suficiente para a remoção do gelo.
O sistema de indicação de temperatura O uso inadequado do aquecimento do
de ar mostra a temperatura do ar medida na en- carburador pode ser tão perigoso quanto uma
trada do carburador. Se o sensor (bulbo) estiver grande formação de gelo nos sistema de admis-
ao lado do motor e próximo ao carburador, o são. O aumento da temperatura do ar faz com
sistema medirá a temperatura da mistura que este se expanda e perca a densidade. Esta
ar/combustível. ação faz com que se reduza o peso da carga en-
tregue ao cilindro, levando a uma sensível perda
Unidades adicionais do sistema de admissão de potência devido à eficiência volumétrica di-
minuída. Além disso, a alta temperatura do ar de
As unidades do sistema de admissão entrada pode causar detonação e falha do motor,
típico, como o anteriormente descrito, atendem especialmente durante a decolagem e em ope-
às necessidades do motor no que se refere à sua ração com alta potência. Portanto, durante todas
capacidade de produzir força. as fases de operação do motor, a temperatura do
Existem duas unidades adicionais que carburador deve ser capaz de proporcionar o
não acrescentam nada que auxilie o motor a máximo de proteção contra a formação de gelo
fazer o seu trabalho, mas que são vitais para que e detonação.
haja uma operação eficiente: uma unidade é o Quando não há perigo de formação de
pré-aquecedor; e a outra é o degelo com fluido. gelo, o controle de calor é normalmente mantido
A formação de gelo no sistema de ad- na posição “cold”. Será melhor deixar o contro-
missão pode ser impedida ou eliminada pelo le nessa posição, se houver partículas de neve
aumento da temperatura do ar que passa através seca ou de gelo no ar. O uso do calor poderá
do sistema. Isso é conseguido, utilizando-se de derreter o gelo, e a umidade resultante poderá
um pré-aquecedor localizado no início da linha, concentrar-se e congelar nas paredes do sistema
próximo à entrada do sistema de admissão e à de admissão.
frente, portanto, das perigosas zonas de forma- Para impedir que haja danos às válvulas
ção de gelo do aquecedor no caso de retorno de chama, os
O calor é usualmente obtido através da aquecedores do carburador não deverão ser uti-
abertura de uma válvula de controle, que permi- lizados durante a partida do motor.
te ao ar quente circular no compartimento do Do mesmo modo, durante a operação no
motor, atingindo o sistema de admissão. solo deve-se utilizar o calor do carburador ape-
Quando há perigo de formação de gelo nas na quantidade suficiente que permita uma
no sistema de admissão, deve-se mover o dispo- operação suave do motor. O medidor de tempe-
sitivo de controle na cabine de vôo para a posi- ratura do ar de entrada do carburador deve ser
ção “hot”, até que seja obtida uma temperatura monitorado, para que se tenha certeza de que
de ar no carburador, capaz de proporcionar a não foi excedido o valor máximo especificado
proteção necessária. pelo fabricante do motor.
Obstrução da borboleta por gelo, – ou Em algumas aeronaves, o sistema básico
qualquer formação de gelo que restrinja a pas- de degelo é suplementado por um sistema de
sagem do fluxo de ar, ou reduza a pressão nos degelo fluido. Esse sistema auxiliar consiste em
dutos – pode ser removida pelo uso de calor em um tanque, uma bomba, bicos de vaporização
todo carburador. adequados instalados no sistema de admissão e
Se o calor obtido no compartimento do de uma unidade de controle na cabine de vôo.
motor for suficiente e a sua aplicação for rápida, Tal estrutura destina-se a eliminar o gelo, sem-

2-2
pre que o calor do compartimento do motor não A formação de gelo no sistema de ad-
for alto o suficiente para prevenir sua remoção. missão é um problema operacional perigoso,
O uso de álcool como agente desconge- porque é capaz de cortar o fluxo da carga de
lante tende a enriquecer a mistura de combustí- ar/combustível ou variar a razão de proporção
vel, – e em regime de alta potência esse leve entre ar e combustível.
enriquecimento é desejável; por outro lado, em O gelo pode se formar no sistema de
regime de baixa potência, o uso do álcool pode- admissão enquanto a aeronave está voando em
rá superenriquecer a mistura. Por esta razão, a nuvens, neblina, chuva, granizo, neve ou até
aplicação de álcool deverá ser feita com muito mesmo em céu claro em que o ar tenha uma alta
cuidado. taxa de umidade.
A formação de gelo no sistema de ad-
FORMAÇÃO DE GELO NO SISTEMA DE missão é geralmente classificada em três tipos:
ADMISSÃO gelo de impacto; gelo da evaporação de
combustível; e gelo na válvula de aceleração.
Uma breve explicação à respeito da for- Para que se entenda porque a operação
mação e dos pontos onde ocorre a formação de com potência reduzida leva à formação de gelo,
gelo no sistema de admissão tem utilidade para é preciso que se examine a área de produção de
o mecânico (figura 2-2); muito embora, nor- forças durante a operação.
malmente ele não esteja concentrado em opera- Quando a borboleta é colocada em uma
ções que ocorram quando a aeronave está em posição parcialmente fechada causa, na verdade,
vôo. uma limitação da quantidade de ar disponível
para o motor. O ângulo de planeio, que permite
que uma hélice de passo fixo gire em catavento,
faz com que o motor consuma maior quantidade
de ar que o seu normal, agravando, desta forma,
a falta de ar atrás da borboleta.
Sob tais circunstâncias, a borboleta par-
cialmente fechada imprime ao ar, que passa por
ela uma velocidade muito maior que a normal-
mente verificada naquele ponto, produzindo
assim, uma área de pressão extremamente baixa.
A área de baixa pressão diminui a temperatura
do ar em torno das válvulas de aceleração, pela
mesma lei física que eleva a temperatura do ar
quando este é comprimido.
Se a temperatura do ar cair abaixo do
ponto de congelamento e houver presença de
Figura 2-2 Tipos de gelo no sistema de admis- umidade, o gelo se formará nas pás da borboleta
são. e nas unidades próximas, do mesmo modo que o
gelo de impacto se forma em unidades expostas
O mecânico deve saber alguma coisa a temperaturas abaixo do ponto de congelamen-
sobre a formação de gelo no sistema de admis- to.
são, principalmente, por causa do seu reflexo no O gelo na borboleta de aceleração pode
desempenho do motor. ser minimizado em motores equipados com hé-
Mesmo quando a inspeção mostra que lices de passo variável, por meio do uso de uma
tudo está funcionando corretamente, o gelo no pressão efetiva média ao freio (BMEP-brake
sistema de admissão pode levar um motor a fa- mean effective pressure) maior que a normal,
lhar e perder potência no ar, ainda que o motor aplicada à baixa potência.
trabalhe perfeitamente no solo. Muitos proble- A BMEP alta reduz a tendência de for-
mas com motores, comumente atribuídos a ou- mação de gelo, porque uma grande abertura da
tros motivos são, na verdade, causados pela borboleta, com uma baixa rpm do motor, remo-
formação de gelo no sistema de admissão. ve parcialmente a obstrução que reduz a tempe-

2-3
ratura, oferecida pela operação com potência ventura são levadas para dentro das aletas são
reduzida. facilmente removidas pelo filtro.
Em vôo, estando os filtros em funciona-
Filtragem no sistema de admissão mento, há que se considerar todas as possíveis
condições em que possa ocorrer a formação de
Enquanto a poeira é meramente um in- gelo, seja pelo seu acúmulo em superfícies, ou
cômodo para a maioria das pessoas, para o mo- por congelamento do filtro, que venha a ser en-
tor de uma aeronave torna-se uma fonte de sé- charcado por água de chuva.
rios problemas. A poeira consiste em partículas Algumas instalações apresentam o filtro
de material sólido e abrasivo, que pode ser car- equipado com uma porta movida por carga de
regado para dentro dos cilindros do motor pelo mola, que automaticamente passa à posição a-
mesmo ar que é succionado. Pode formar-se berta quando o filtro fica excessivamente blo-
acúmulo de poeira também nos elementos me- queado. Isto impede que o fluxo de ar seja inter-
didores de combustível do carburador, alterando rompido quando ocorrer o bloqueio do filtro por
a proporção adequada entre o fluxo de formação de gelo ou acúmulo de sujeira. Outros
ar/combustível, em todos os regimes de potên- sistemas utilizam uma proteção contra gelo ins-
cia. talada na entrada do ar filtrado.
A poeira pode atuar nas paredes do ci- Essa proteção contra gelo consiste em
lindro, desgastando as superfícies e os anéis do uma tela grossa, áspera, localizada a uma pe-
pistão. Com isso, acaba por contaminar o óleo quena distância do ar filtrado. Nessa posição, a
que é passado pelo motor, provocando o desgas- tela do filtro fica instalada diretamente na traje-
te dos rolamentos e engrenagens. Em casos ex- tória do ar que está sendo aspirado, forçando-o a
tremos, a poeira pode bloquear uma passagem passar através, ou em torno da tela.
de óleo, causando danos por falta de lubrifica- Quando se forma gelo na tela, o ar, que
ção (starvation). perdeu suas partículas pesadas de umidade, pas-
Uma quantidade de poeira já foi encon- sará contornando a tela congelada, entrando no
trada em vôo, e sendo o suficiente para prejudi- filtro. A eficiência de qualquer sistema de filtro
car a visibilidade do piloto. Em algumas partes depende de sua manutenção e serviços adequa-
do mundo a poeira pode ser carregada para alti- dos. A remoção e limpeza periódica do filtro são
tudes extremamente elevadas. Uma operação essenciais para que se proporcione ao motor
continuada sob tais condições, sem contar com a uma proteção satisfatória.
proteção para o motor, resultará em um desgaste
excessivo, ocasionando um grande consumo de
óleo. INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DO
Quando for necessária a operação em SISTEMA DE ADMISSÃO
atmosfera onde tiver poeira, o motor pode ser
protegido por uma tomada de ar alternativa para Durante todas as inspeções periódicas de
o sistema de admissão, a qual inclui um filtro rotina do motor, o sistema de admissão deve ser
para poeira. checado para constatar a existência ou não de
Esse tipo de filtro de ar consiste nor- rachaduras e vazamentos. Deve ser verificada a
malmente em um elemento filtrante, de uma segurança da instalação de suportes em todas as
porta e de um atuador, operados eletricamente. unidades do sistema.
No momento em que o sistema de filtragem está O sistema deve ser mantido limpo, uma
em funcionamento, o ar é conduzido ao motor vez que fibras de tecidos ou pedaços de papel
através de um painel com aletas que não está podem vir a restringir o fluxo de ar, se entrarem
voltado diretamente para a corrente de ar. Por nas tomadas de ar ou dutos.
causa da localização da entrada de ar, uma Parafusos e porcas frouxos podem tam-
quantidade considerável de poeira é removida bém causar sérios danos se passarem para den-
na medida em que o ar é forçado a mudar o seu tro do motor.
curso, entrando no duto. Em sistemas equipados com filtro de ar
Uma vez que as partículas de poeira são do carburador, deve haver uma inspeção regular
sólidas, têm a tendência de continuar a trajetória do filtro.
em linha reta. As partículas de poeira, que por Se estiver sujo, ou sem a película de óleo

2-4
adequada, o filtro deve ser removido e limpo; Pesquisa de panes no sistema de admissão
depois de seco, ele é geralmente imerso em uma
mistura de óleo e composto antiferrugem. O quadro seguinte fornece uma orientação geral
O fluido em excesso é então drenado an- referente às panes mais comuns no sistema de
tes de proceder a reinstalação do filtro. admissão-

CAUSA PROVÁVEL PROCEDIMENTO DE PESQUISA CORREÇÃO


1. Falha na partida do motor
( a ) Sistema de admissão ( a ) Inspecionar a tomada e dutos de ( a ) Remover as obs-
obstruído. ar. truções.
( b ) Vazamento de ar. ( b ) Fixar/apertar o
( b ) Inspecionar o suporte do carbu- carburador, e reparar ou
rador e dutos de entrada de ar. substituir o duto de
entrada de ar.
2. Mal funcionamento do motor
( a ) Dutos de ar soltos. ( a ) Inspecionar a tomada de ar e du- ( a ) Remover as obs-
tos do ar. truções.
( b ) Vazamento nos dutos cole- ( b ) Inspecionar o suporte do carbu- ( b ) Fixar/apertar o
tores de ar. rador e dutos de entrada do ar. carburador, e re-
parar ou substi-
tuir o duto de
entrada de ar.
( c ) Válvulas do motor pren- ( c ) Remover a tampa dos balancins ( c ) Lubrificar e solte
dendo. o eixo de manivelas, e checar a as válvulas que
ação da válvula. estejam presas.
( d ) Hastes de comando das ( d ) Inspecionar as hastes. ( d ) Substituir as has-
válvula tortas ou desgasta- tes gastas ou danifica-
das. das.
3. Baixa potência
( a ) Bloqueio no duto coletor de ( a ) Examinar o duto coletor. ( a ) Remover obstru-
ar. ções.
( b ) Porta quebrada, na válvula ( b ) Inspecionar a válvula de ar. ( b ) Substituir a válvu-
de ar para o carburador. la de ar.
( c ) Filtro de ar sujo. ( c ) Inspecionar o filtro de ar. ( c ) Limpar o filtro.
4. Motor com marcha lenta irregular
( a ) Vedação da tomada de ar ( a ) Verificar se há desgaste ou des- ( a ) Substituir a veda-
reduzida. locamento do vedador. ção.
( b ) Tubo de tomada de ar per- ( b ) Inspecionar os tubos de toma-
furado. da de ar. ( b ) Substituir os tubos
de tomada de ar
defeituosos.
( c ) Folga no suporte do carbu- ( c ) Inspecionar os parafusos de fi- ( c ) Apertar os para-
rador. xação. fusos de fixação.

Sistemas de admissão superalimentados tação externa ou interna (motores turboalimen-


tados).
As superalimentações utilizadas no sis- Os superalimentadores internos compri-
tema de admissão dos motores convencionais mem a mistura ar/combustível, após esta ter
são normalmente classificadas em superalimen deixado o carburador; já nos motores turboali-

2-5
mentados o ar é comprimido, antes de ser mistu- eficiência volumétrica ou causar detonação do
rado ao combustível dosado pelo carburador. combustível.
Cada aumento na pressão do ar ou na Na presença desses requisitos, todos os
pressão da mistura ar/combustível em um siste- sistemas de admissão que utilizem turboalimen-
ma de admissão significa um estágio. tadores devem incluir dispositivos sensores de
Os superalimentadores podem ser classi- temperatura e pressão; e as unidades necessárias
ficados Como sendo de estágio único, de dois para aquecer ou resfriar o ar.
estágios, ou de múltiplos estágios, dependendo
do número de vezes em que ocorrer compres- Sistemas turboalimentados de estágio único
são. Os super-alimentadores também podem
operar em diferentes velocidades. Dessa forma, O sistema de admissão simples, mostra-
podem também ser denominados superalimen- do na Figura 2-3, é utilizado para explicar a
tadores de velocidade única, de duas velocida- localização das unidades e a passagem do ar e
des, ou de velocidade variável. da mistura ar/combustível. O ar entra no sistema
A combinação dos métodos de classifi- através da tomada de ar de impacto. A abertura
cação produz a nomenclatura, normalmente em- dessa tomada de ar está localizada para que o ar
pregada para que se descreva os sistemas de seja forçado a entrar no sistema de admissão,
superalimentação. produzindo um efeito de ar de impacto.
Assim, a partir de um sistema de veloci-
dade única, que opera a uma razão fixa de velo-
cidade, é possível progredir para um sistema de
estágio único com duas velocidades engatadas
selecionadas mecanicamente, ou de um supera-
limentador de estágio único com engate de ve-
locidade hidráulico.
Muito embora os sistemas de dupla ve-
locidade ou os de velocidade múltipla permitam
uma variação da pressão de saída, o sistema
ainda permanece classificado como de estágio
único de compressão, se este apresentar apenas
um estágio de turbina, uma vez que isto implica Figura 2-3 Sistemas simples de admissão.
num aumento ou decréscimo de compressão
obtido por vez. O ar passa através de dutos para o carbu-
rador, que mede o combustível em proporção ao
TURBOALIMENTADORES ACIONADOS ar, misturando-o com uma quantidade correta de
INTERNAMENTE combustível. O carburador pode ser controlado
da cabine de comando, para que regule o fluxo
Os turboalimentadores são quase que, de ar. Desta forma, pode ser controlada a potên-
exclusivamente, utilizados por motores aspira- cia de saída produzida pelo motor.
dos de alta potência. Excetuando-se a constru- O medidor de pressão da admissão ava-
ção e a disposição dos vários tipos de superali- lia a pressão da mistura ar/combustível antes
mentadores, os sistemas de admissão com tur- que esta entre nos cilindros, passando uma indi-
boalimentadores são quase idênticos. cação do desempenho que pode ser esperado do
O motivo para esta similaridade está no motor.
fato de todos os motores de aeronaves modernas O indicador da temperatura do ar do mo-
requererem o mesmo controle de temperatura do tor mede tanto a temperatura de ar de entrada
ar, para que possam produzir uma boa combus- quanto a temperatura da mistura de
tão nos cilindros do motor. ar/combustível.
Por exemplo, a temperatura da carga de Tanto a indicação da temperatura do ar
ar deve estar suficientemente aquecida para as- de entrada quanto a da mistura servem
segurar uma completa vaporização do combus- como parâmetro, para que a temperatura da car-
tível, e assim sua distribuição uniforme; contudo ga de ar admitido seja mantida dentro dos limi-
não deve estar tão quente que venha a reduzir a tes de segurança.

2-6
Se na entrada do carburador, a tempera- Um método de melhorar a distribuição
tura do ar admitido estiver a 100ºF, ocorrerá de combustível é mostrado na Figura 2-4. Trata-
uma queda de temperatura de aproximadamente se de um dispositivo conhecido por impulsor de
50ºF devido à vaporização parcial do combustí- admissão.
vel que sai pelo pulverizador do carburador. O impulsor é acoplado diretamente à
Quando acontece a vaporização parcial, a tem- haste posterior do eixo de manivelas, preso por
peratura do ar cai devido à absorção do calor parafusos ou pinos.
pelo combustível vaporizado. Uma vez instalado na ponta do eixo de
A vaporização final acontece no mo- manivelas, e operando a mesma velocidade do
mento em que a mistura ar/combustível entra eixo, o impulsor não tem o papel de material-
nos cilindros, onde encontra uma temperatura mente aumentar a pressão da mistura que flui
mais alta. aos cilindros, porém o combustível remanescen-
te, ainda em forma globular, será dividido em
partículas menores ao chocar-se com o impul-
sor, passando a entrar em contato com uma
maior porção do ar admitido.
Isso, consequentemente, criará uma mis-
tura mais homogênea com uma melhor distribu-
ição aos vários cilindros, especialmente quando
houver aceleração do motor, ou em situações
em que prevalecerem as baixas temperaturas.

Figura 2-5 Difusor superalimentado (tipos se-


ção aleta e aerofólio).

Quando houver necessidade de uma


Figura 2-4 Impulsor de distribuição usando um pressão maior na mistura ar/combustível, que se
motor radial. encontra no sistema de admissão, para que os
cilindros fiquem melhor carregados, o difusor
O combustível, agora pulverizado na (ou blower section) contará com um impulsor de
corrente de ar que flui dentro do sistema de ad- alta velocidade.
missão, está em forma globular (gotículas). Diferente do impulsor de distribuição, que é
O problema a ser resolvido, então, é o de conectado diretamente ao eixo de manivelas, o
separar e distribuir uniformemente o combustí- superalimentador (ou blower impeller) é acio-
vel remanescente, em forma globular, aos vários nado por um conjunto de acionamento que se
cilindros. origina no eixo de manivelas.
Em motores equipados com um grande O difusor tipo Venturi apresenta superfí-
número de cilindros, a distribuição uniforme da cies lisas, às vezes com secções onde existem
mistura torna-se um problema ainda maior, es- maiores ou menores restrições (afunilamento)
pecialmente em altas velocidades do motor, que produzem o formato geral de um tubo de
quando deve haver um aproveitamento total da Venturi, entre as extremidades do impulsor e a
grande capacidade de ar. secção anular da tubulação.

2-7
Esse tipo de difusor tem sido mais am- Além disso, é preciso que entre o eixo de
plamente utilizado em motores de média potên- manivelas e o impulsor seja incorporado ao con-
cia, ou nos superalimentados; ou ainda naqueles junto de acionamento algum dispositivo anti-
que tenham que trabalhar com menores volumes choque ou com carga de mola.
de misturas e, onde a turbulência da mistura Geralmente existe uma vedação de óleo (se-
entre as extremidades e a câmara da tubulação, lo) em torno do eixo do impulsor, logo à frente
não seja crítica. da unidade impulsora. As funções da vedação
Em motores de grande volume, variando do selo nessa unidade são as de minimizar a
de 450 hp para mais, nos quais o volume da passagem de óleo lubrificante e de vapores, que
mistura tenha que ser trabalhado em velocidades possam vir da caixa do eixo de manivelas para
mais altas e a turbulência é o fator mais impor- dentro da câmara difusora quando o motor esti-
tante, são mais utilizados os difusores do tipo ver em marcha lenta; e, também, de minimizar o
aleta ou aerofólio. vazamento da mistura ar/combustível quando a
A secção de aletas ou de aerofólio torna pressão exercida sobre a mistura for maior em
o fluxo de ar mais reto dentro da câmara difuso- regime de potência total (de acelerador aberto).
ra, para que se imprima aos gases um fluxo mais O espaçamento entre a seção do difusor
eficiente. e o impulsor será obtido pela variação do com-
As tubulações de admissão em modelos primento do selo de óleo, ou da espessura dos
de motores mais antigos, estendiam-se em linha espaçadores, comumente chamados de calços. É
reta desde o anel de alimentação até o ponto de preciso que haja pouco espaçamento para que
entrada no cilindro. seja dada a maior compressão possível à mistura
Em projetos mais recentes, os tubos de como também para eliminar, tanto quanto for
admissão estendem-se do anel em uma tangente, possível, o vazamento em torno das superfícies
apresentando uma curvatura enquanto segue em dianteira e posterior do impulsor.
direção ao ponto de entrada do cilindro, a qual Os conjuntos de eixo intermediário de
também recebeu um formato aerodinâmico, tor- acionamento podem ser montados sobre uma
nando mais eficiente o fluxo de gases que en- cabeça esférica antiatrito; ou sobre rolamentos
tram. Isto reduz a turbulência ao mínimo. ou buchas de atrito.
Este tem sido um dos métodos importan- O eixo do impulsor e a engrenagem são
tes de conseguir aumento da capacidade de ad- geralmente forjados integralmente em aço de
missão de ar ou de volume de ar, que um deter- alto grau de tolerância. A extremidade do eixo,
minado tipo de motor possa requerer. Os au- que se liga ao impulsor, é chavetada para pro-
mentos na eficiência do superalimentador têm porcionar uma superfície de acionamento maior
sido um dos principais fatores que contribuem o possível.
para o aumento da potência produzida pelos O eixo intermediário, as engrenagens
motores modernos. grandes e pequenas também formam uma única
A razão de torque do conjunto de engre- peça. Ambas as unidades são mantidas com li-
nagens do impulsor varia aproximadamente 6:1 mites dinâmicos ou equilíbrio de funcionamento
até 12:1. bastante próximos, devido as altas velocidades e
A velocidade do impulsor instalado em esforços envolvidos.
um motor, tendo 10:1 de razão de torque do
conjunto e engrenagens e operando a 2.600 rpm, Sistemas superalimentadores de estágio único
seria de 26.000 rpm. e duas velocidades
Isto requer que a unidade impulsora seja
uma peça cuidadosamente desenhada e constru- Alguns motores de aeronave são equipa-
ída, com alto grau de tolerância de forjamento e dos com superalimentadores, acionados inter-
geralmente feita de liga de alumínio. namente, que são sistemas de estágio único e
Por causa do alto grau de torque dos duas velocidades. Em tais sistemas, o impulsor
conjuntos de acionamento, criam-se forças de pode ser acionado em duas velocidades diferen-
aceleração e desaceleração consideráveis quan- tes por meio de embreagens.
do a velocidade do motor é aumentada ou dimi- Esta unidade é equipada com um dispo-
nuída rapidamente; exigindo que o impulsor sitivo que permite acionar o impulsor direta-
seja chavetado em seu eixo. mente do eixo de manivelas a uma razão de tor-

2-8
que de 10:1, ação esta que é realizada ao mover- cia da alimentação de combustível mais comple-
se o controle correspondente na cabine de vôo, ta sendo entregue ao cilindro.
desta forma aplicando pressão de óleo através
da embreagem de alta velocidade, travando com
isso todo o conjunto de embreagens intermediá-
rias.

Figura 2-7 Diagrama de superalimentador, de


duas velocidades, em baixa.

O acréscimo dessa unidade tam-


bém complica a operação do grupo motopropul-
Figura 2-6 Diagrama de superalimentador de sor, porque este passa a requerer mais atenção
duas velocidades, em alta razão. e acrescenta mais variáveis que devem ser con-
troladas. Um outro exemplo de sistema supera-
Tal operação é conhecida pelo nome de limentador de dois estágios e duas velocidades é
“high blower”, sendo empregada acima de uma mostrado na figura 2-8, onde as seções da
altitude especificada, entre 7.000 e 12.000 pés. ventoinha e da intermediária posterior estão
Abaixo desses níveis, o controle é posi- abertas para mostrar sua construção interna.
cionado para liberar a pressão da embreagem de Nesse exemplo, a carcaça da ventoinha
alta velocidade e aplicá-la à de baixa velocidade serve de suporte para o motor na aeronave; sua
Isto trava o pinhão sol da engrenagem circunferência externa apresente oito peças de
planetária pequena. apoio para os suportes de montagem do motor.
O impulsor é, então, acionado pelo con- Uma camisa no centro da carcaça aco-
junto de eixo e de aranha, onde os pinhões pla- moda os anéis de vedação de óleo, que se en-
netários giram por ação de uma grande alavanca contram no suporte frontal de anéis do eixo do
em cotovelo. Neste caso, o impulsor é acionado impulsor.A carcaça da ventoinha abriga o im-
a uma razão de 7:1 relativa a velocidade do eixo pulsor que é acionado por embreagens à razão
de manivela (ver figura 2-7). de 7,15 ou 8,47 vezes a velocidade do eixo de
Essa condição é chamada “low blower”, manivelas. Um canal anular em torno da
e é utilizada durante a decolagem e em todas as carcaça leva a mistura de ar e combustível do
altitudes, abaixo daquelas em que se obtenha impulsor aos 14 pontos de saída da carcaça.
maior eficiência com “high blower”. Conectado a cada uma dessas saídas,
Combustível de maior graduação deve encontra-se um tubo de admissão, através do
ser usado para suportar as pressões adicionais e, qual a mistura ar/combustível prossegue em
em alguns casos, temperaturas mais altas são direção à válvula de admissão do respectivo
criadas na câmara de combustão em consequên- cilindro.

2-9
Figura 2-8 Compressor e seções intermediárias e traseira.

Figura 2-9 Seções traseira e intermediária traseira do carter

2-10
Carcaça intermediária traseira A pressão do óleo faz com que os cones
engrazem os segmentos que, por sua vez, en-
A carcaça intermediária traseira abriga o grazam as engrenagens de qualquer dos pa-
conjunto de engrenagens de acionamento do res de embreagens que tenham sido seleciona-
impulsor, e oferece suporte a um difusor de ale- das para acionar o impulsor. O óleo, drenado
tas (ver figura 2-9). A válvula seletora de velo- das duplas de embreagens desengrazadas, é for-
cidade do impulsor fica instalada em um apoio çado a ir para trás através da válvula seletora,
na porção superior esquerda da carcaça. Do sendo descarregado na carcaça intermediária
flange de montagem do carburador, no topo da posterior.
carcaça, desce um duto largo que leva o ar ad- Para que melhor se efetue a limpeza de
mitido ao impulsor. sedimentos acumulados nas embreagens, há o
A tubulação de transferência de combus- equipamento com uma engrenagem transporta-
tível do carburador está ligada a uma passagem dora; sendo que esta apresenta um dente a mais
na carcaça, atrás do flange de montagem do que a engrenagem de embreagem.
carburador. Um orifício de escoamento na própria
Essa passagem leva à válvula de alimen- engrenagem transportadora alinha-se, momen-
tação de combustível, esta entrega combustível taneamente, com cada um dos orifícios de esco-
ao injetor, o qual mistura esse combustível com amento na engrenagem da embreagem corres-
o ar admitido. pondente. O óleo sob pressão dentro da embrea-
O conjunto de invólucro e diafragma da gem engrazada é expulso, carregando consigo
válvula de alimentação de combustível fica ins- os sedimentos acumulados.
talado no lado dianteiro do flange do carbura-
dor. Uma bomba de aceleração é fixada a um
apoio no lado direito da carcaça. SUPERALIMENTADORES ACIONADOS
No ponto mais baixo do duto de ar do EXTERNAMENTE
carburador, passagens usinadas descem até a
válvula de dreno automático de combustível na Os superalimentadores acionados exter-
parte inferior da carcaça, a qual drena qualquer namente destinam-se a entregar ar comprimido
quantidade de combustível que possa se acumu- à entrada do carburador ou da unidade de con-
lar enquanto é dada a partida no motor. trole de ar/combustível de uma aeronave. Esses
A carcaça intermediária traseira guarda superalimentadores retiram sua força da energia
também as engrenagens de dupla velocidade e a dos gases de escapamento do motor, direciona-
válvula seletora de velocidade do impulsor. dos contra algum tipo de turbina. Por este moti-
Tanto a embreagem de alta velocidade (8,47:1) vo, são comumente chamados turbosuperali-
como a de baixa (7,15:1) são montadas em cada mentadores.
um dos dois eixos, uma em cada lado do eixo
impulsor.
Esses eixos são apoiados em suas pontas SISTEMA DE TURBOSUPERALIMEN-
dianteiras por buchas, que estão na porção pos- TADOR PARA GRANDES MOTORES
terior da carcaça. CONVENCIONAIS
Os eixos são movidos pelas engrenagens
de acionamento dos acessórios por meio de Em aeronaves que voam a grandes alti-
pinhões chavetados. tudes, o superalimentador interno é suplementa-
Os cones são chavetados aos eixos da do por um turbosuperalimentador externo, acio-
embreagem e, quando engrazados, acionam as nado por uma porção dos gases de escapamento
engrenagens da embreagem, as quais, por sua do motor da aeronave.
vez, movem as engrenagens dentadas sobre o Esse tipo de superalimentador é montado
eixo do impulsor. à frente do carburador, conforme mostra a figu-
A válvula seletora direciona óleo sob ra 2-10, para que possa pressurizar o ar na
pressão para as câmaras de óleo, localizadas entrada do carburador.
entre os cones e as engrenagens, tanto das duas Se a pressão do ar, que está entrando no
embreagens de baixa como das duas de alta ve- carburador, é mantida a uma densidade próxi-
locidade. ma a do nível do mar durante a subida da

2- 11
aeronave para altitude, não haverá nenhuma possa ser tolerado pelo motor sem que ocorra
perda de potência como ocorre em aeronaves detonação do combustível.
não equipadas com turbos. Entretanto, esse tipo O controle sobre a massa de ar de res-
de superalimentador impõe certas condições ao friamento é exercido pelas comportas do resfri-
sistema de admissão, as quais não são necessá- ador intermediário, que regulam a quantidade de
rias em outras instalações de superalimentado- ar que passa sobre, e em torno dos tubos cheios
res. de ar quente.
Na medida em que o ar se desloca atra- Um turbosuperalimentador típico é com-
vés do turbo, sofre um aumento de temperatura posto de três partes principais:
causado pela compressão.
Se a massa de ar quente não for adequa- (1) O conjunto do compressor;
damente resfriada antes de atingir o superali-
mentador interno, o segundo estágio de supera- (2) O conjunto de turbina de gás;
limentação produzirá na massa de ar uma tem-
peratura final excessivamente elevada. O (3) A carcaça da bomba e dos rolamentos.
ar, nos sistemas de admissão equipados com
turbos, é feito por um resfriador intermediário Essas seções são mostradas na figura 2-
(figura 2-10), assim chamado porque resfria a 11. Além dos conjuntos principais, há uma pla-
massa de ar entre os estágios de compressão, ao ca defletora entre a caixa do compressor e a
invés de fazê-lo somente após o último estágio. turbina dos gases de escapamento, a qual dire-
O ar quente flui através dos tubos desse ciona o ar de resfriamento para a carcaça da
resfriador intermediário, de um modo semelhan- bomba e dos rolamentos, protegendo o com-
te ao fluxo da água dentro do radiador de um pressor do calor irradiado pela turbina.
automóvel. Em instalações onde não há quantidade
Uma massa de ar fria externa, separada suficiente do ar de resfriamento, o defletor é
da massa de ar quente, é coletada e conduzida substituído por uma carenagem que recebe seu
ao resfriador intermediário para que flua sobre ar diretamente do sistema de admissão.
os tubos, resfriando-os. O conjunto de compressão (“A” da figu-
ra 2-11) é formado por um impulsor, um difusor
e uma carcaça.
Para o sistema de admissão, o ar entra
através de uma abertura circular situada no cen-
tro da carcaça do compressor, onde ele é coleta-
do pelas pás do impulsor, e onde adquire velo-
cidade à medida que se desloca para frente em
direção do difusor.
As aletas do difusor direcionam o fluxo
de ar, quando este deixa o impulsor e, também,
converte a alta velocidade do ar em alta pres-
são.
A força motriz do impulsor vem da co-
nexão do impulsor com o eixo da roda da turbi-
na dos gases de escapamento. A esse conjunto
completo chama-se rotor.
O rotor gira sobre um rolamento de esfe-
Figura 2-10 Sistemas de admissão com turbo- ra no lado posterior da bomba e num rolamento
superalimentador. de roletes, no final da turbina. Esse rolamento
suporta a carga radial (centrífuga) do rotor, e os
Na medida em que a massa de ar de ad- rolamentos de esfera apóiam o rotor da seção do
missão flui através dos tubos, seu calor é remo- impulsor e suportam toda a carga de empuxo
vido até atingir um grau de resfriamento, que (axial) e parte da carga radial.

2- 12
O conjunto de turbina dos gases de esca- direcionados à turbina e, desta forma, regulam a
pamento (“B” da figura 2-11) consiste em uma velocidade do rotor (turbina e impulsor).
roda de turbina, uma caixa de pulverizadores, Se a válvula borboleta estiver totalmente
uma válvula borboleta de desvio e tampa de fechada, toda a massa de gases de escapamento
refrigeração. A roda da turbina, acionada por será “empurrada para trás” e forçada a passar
gases de escapamento, move o impulsor. A cai- através da caixa de pulverizadores e roda da
xa de pulverizadores coleta e direciona os gases turbina. Se essa válvula estiver parcialmente
de escapamento para a roda da turbina; e a vál- fechada, uma quantidade correspondente de
vula borboleta de desvio regula a quantidade de gases de escapamento será direcionada à turbi-
gases de escapamento que são direcionados à na.
turbina pela caixa de pulverizadores.

Figura 2-12 Conjunto válvula de desvio.

Os pulverizadores da caixa permitem


que os gases se expandam e atinjam uma alta
velocidade antes de entrarem em contato com a
roda da turbina.
Então direcionados, os gases de escapa-
mento chocam-se contra as cubas, que estão
dispostas radialmente em torno da borda externa
da turbina, fazendo com que o rotor (turbina e
impulsor) gire.
Os gases são, então, expulsos para a at-
mosfera através de espaços entre as cubas.
Quando a válvula borboleta encontra-se
totalmente aberta, quase todo o gás de escapa-
mento passa para a atmosfera através do duto
localizado no cone de cauda.

TURBOALIMENTADORES
Figura 2-11 Seções principais de um típico
turbosuperalimentador. Em aeronaves leves, um número cres-
cente de motores está sendo equipado com sis-
A tampa de refrigeração controla o fluxo temas de superalimentação, acionados externa-
de ar para o resfriamento da turbina. mente.
A válvula borboleta (figura 2-12) contro- Esses superalimentadores recebem sua
la o volume dos gases de escapamento, que são força da energia dos gases de escapamento e

2- 13
são, geralmente, denominados sistemas “turboa- independentemente da temperatura. O turboali-
limentadores” ao invés de “turbosuperalimenta- mentador é completamente automático, não re-
dores”. Em muitos motores de aeronaves pe- querendo do piloto qualquer ação até atingir a
quenas, o sistema turboalimentador é projetado altitude crítica.
para operação apenas acima de uma determina-
da altitude, por exemplo, a 5.000 pés, se a força
máxima disponível, sem o auxílio do superali-
mentador, for alcançada abaixo daquela altitude.
A localização dos sistemas de admissão
e escapamento de ar, de um sistema turboali-
mentador típico, destinado a uma aeronave pe-
quena é mostrada na figura 2-13.

Figura 2-13 Sistemas de admissão e escapa-


mento de um motor com turboali-
mentador. Figura 2-14 Esquema do sistema de admissão
de ar.
Sistema de admissão de ar
Controladores e atuador da válvula de desvio
O sistema de admissão de ar mostrado
na Figura 2-14 consiste em uma tomada de ar de O atuador da válvula de desvio e os con-
impacto filtrado, localizada na lateral da nacele. troladores utilizam óleo do motor como sua fon-
Uma porta de tomada de ar alternativa, te de força (ver diagrama do sistema turboali-
localizada dentro da nacele, permite que a seção mentador na figura 2-15). O turboalimentador é
do compressor automaticamente admita ar por controlado pela válvula de aceleração e o res-
via alternativa (ar aquecido do compartimento pectivo atuador; e também por um controlador
do motor) caso haja obstrução do filtro de ad- de pressão absoluta e de razão de mudança.
missão. Um controlador de razão de pressão con-
A porta de ar alternativa pode ser opera- trola o atuador da válvula de desvio acima da
da manualmente na eventualidade de haver obs- altitude crítica de 16.000 pés. A válvula “Was-
trução do filtro. Um turboalimentador acionado te-gate” desvia os gases de escapamento do mo-
pelos gases de escapamento, montado separa- tor em torno da entrada da turbina de turboali-
damente, é incluído em cada sistema de admis- mentação.
são de ar. O atuador da válvula de desvio, que é fi-
O turboalimentador está automati- sicamente conectado à válvula por meios mecâ-
camente sob um controlador de pressão, para nicos, controla a posição da válvula borboleta
que seja mantida a pressão no duto, na marca de desvio..
aproximada de 34,5 in. Hg ao nível do mar em O controlador de razão absoluta e o contro-
uma altitude crítica (tipicamente 16.000 pés), lador de razão de mudança têm dupla função:

2- 14
(1) O controlador de pressão absoluta con- (2) O controlador de razão de mudança contro-
trola a pressão máxima de descarga do la a taxa em que deve ser aumentada a pres-
compressor ( 34± 0,5 in. Hg na altitude são de descarga do compressor do turboa-
crítica, aproximadamente 16.000 pés); e limentador

Figura 2-15 Esquema de um típico sistema turboalimentador.

SISTEMA TURBOALIMENTADOR RE- sua altitude crítica. Esses motores, reforçados ao


FORÇADO AO NÍVEL DO MAR nível do mar, podem desenvolver mais potência
que um motor sem turboalimentação.
Alguns sistemas turboalimentadores são A figura 2-16 é um esquema do sistema
projetados para operar desde o nível do mar até turboalimentador.

Figura 2-16 Controles do turboalimentador e sistema de desvio do escapamento.

2- 15
Esse sistema é automaticamente regula- A posição da válvula de escapamento,
do por três componentes: o conjunto de válvula que determina a potência de saída, é controlada
de desvio de escapamento, o controlador de pela pressão do óleo. A pressão de óleo do mo-
densidade e o controlador de pressão diferenci- tor atua sobre um pistão, mecanicamente conec-
al. Nota-se que alguns sistemas turboalimenta- tado ao conjunto de válvulas de escapamento.
dores não são equipados com tais recursos de Quando a pressão do óleo é aumentada
controle automático; pois são semelhantes, em no pistão, a válvula de escapamento é movida
projeto e operação, ao sistema mostrado na figu- para a posição “fechada” e a potência de saída
ra 2-16, exceto pelo fato de terem a potência de do motor aumenta. Ao contrário, quando a pres-
saída do turboalimentador controlada manual- são do óleo diminui, a válvula de escapamento
mente. Uma potência de saída constante pode move-se para a posição “aberta” e a potência de
ser mantida regulando-se a posição da válvula saída do motor diminui.
de desvio do escapamento (waste gate), ou ain- A posição do pistão, conectada à válvula
da na posição “totalmente aberta” ou “fechada” de escapamento, depende da sangria do óleo que
(Figura 2-16). Quando a válvula de desvio do controla a pressão do óleo do motor, aplicada
escapamento está totalmente aberta, toda a mas- sobre o topo do pistão.
sa de gases de escapamento é direcionada para O óleo é devolvido ao cárter do motor
se dissipar na atmosfera, não havendo ar sobre através de dois dispositivos de controle: o con-
pressão para à entrada de ar do motor. trolador de densidade e o controlador de pressão
Do modo oposto, quando a válvula do diferencial. Esses dois controladores, atuando
escapamento está totalmente fechada, um volu- independentemente, determinam quando o óleo
me máximo de gases de escapamento flui para a deve ser sangrado e retornado ao cárter do mo-
turbina do turboalimentador, proporcionando tor, e assim estabelece a pressão do óleo sobre o
com isso uma superalimentação máxima. pistão.
Entre as duas posições extremas da vál- O controlador de densidade é destinado a
vula de escapamento, uma potência de saída limitar a pressão na tubulação, abaixo da altitu-
constante pode ser conseguida abaixo da altitu- de crítica do turboalimentador, e regula a san-
de máxima de operação projetada para o motor. gria de óleo somente na posição “manete a ple-
Existe uma altitude crítica para todo e na”.
qualquer ajuste de potência feito abaixo do teto Os foles sensores de pressão e tempera-
máximo operacional, e, se a aeronave for levada tura do controlador de densidade reagem às mu-
a uma altitude superior à máxima operacional danças de pressão e temperatura, entre a entrada
sem que tenha sido feita a correspondente modi- do injetor de combustível e o compressor do
ficação no ajuste de potência, a válvula de esca- turboalimentador.
pamento irá automaticamente para a posição Os foles, cheios com nitrogênio seco,
“totalmente fechada”, em um esforço de manter mantêm uma densidade constante, permitindo
uma potência de saída constante. que a pressão aumente à medida que há um au-
Deste modo, a mesma válvula de esca- mento de temperatura.
pamento estará quase totalmente aberta operan- O movimento dos foles reposiciona a
do ao nível do mar, e continuará a mover-se válvula de sangria, causando uma alteração na
para a posição “fechada” à medida que a aero- quantidade de óleo sangrado, o que modifica a
nave subir, de modo a manter no duto o ajuste pressão do óleo sobre o topo do pistão da válvu-
de pressão pré-selecionado. Quando a válvula la de aceleração. Ver a figura 2-16.
de escapamento está totalmente fechada (dei- O controlador de pressão diferencial
xando apenas uma pequena abertura para evitar funciona durante todos os posicionamentos da
aderência), a pressão na tubulação começará a válvula de aceleração que sejam diferentes da
cair caso a aeronave continue a subir.Se não for posição “totalmente aberta”, a qual é regulada
possível selecionar um ajuste de potência mais pelo controlador de densidade. Um lado do dia-
alto, a altitude crítica do turboalimentador terá fragma no controlador de pressão diferencial
sido atingida. Além dessa altitude, a potência de sente a pressão do ar no fluxo anterior (upstre-
saída continuará a decrescer. am) à aceleração; o outro lado toma uma

2- 16
amostragem de pressão no lado da válvula de turbina, ocasionará uma modificação na potên-
potência próximo ao cilindro (Figura 2-16). cia de saída, o que será refletido pelas indica-
Na posição da manete “totalmente aber- ções de pressão na tubulação.
ta”, quando o controlador de densidade regula a A “contra-reação” é, desta forma, um ci-
posição da válvula de aceleração, a pressão so- clo indesejável de eventos de turboalimentação
bre o diafragma do controlador de pressão dife- que leva a pressão da tubulação a flutuar na ten-
rencial está em seu mínimo, e a mola do contro- tativa de alcançar um estado de equilíbrio.
lador mantém a válvula de sangria fechada. Às vezes o fenômeno “contra-reação” é
Na posição “potência parcial” o diferen- confundido com uma condição conhecida por
cial de ar é aumentado, abrindo assim a válvula (“overboost”), mas a “contra-reação” não é uma
de sangria para levar óleo ao cárter do motor e condição que comprometa a vida do motor.
reposicionar o pistão da válvula de aceleração. Uma condição de “sobrecarga” é aquela
Desse modo, ambos os controladores em que a pressão da tubulação excede aos limi-
operam independentemente, para controlar a tes prescritos para um determinado motor e po-
operação do turboalimentador em todas as posi- de, por este motivo, causar sérios danos.
ções de potência. Sem a função de ultrapassa- Assim, o controlador de pressão diferen-
gem do controlador de pressão diferencial du- cial é necessário para que haja um funcionamen-
rante a operação de potência parcial, o controla- to suave do turboalimentador de controle auto-
dor de densidade poderia posicionar a válvula mático, uma vez que reduz a “contra-reação”
de aceleração em potência máxima. pela redução do tempo requerido para trazer o
O controlador de pressão diferencial re- sistema ao equilíbrio.
duz a pressão na entrada do injetor e, continua- Um motor turboalimentado apresenta
mente, reposiciona a válvula durante todos os muito mais sensibilidade ao comando de potên-
regimes de operação do motor. cia do que um motor convencional. Um movi-
O controlador de pressão diferencial mento rápido da manete de potência pode causar
reduz a condição de instabilidade conhecida por uma certa variação de pressão no duto em um
“contra reação” durante a operação de potência motor turboalimentado. Essa condição, menos
parcial. grave que a “contra-reação”, é conhecida por
“Contra-reação” é uma indicação de mu- sobrecarga.
dança de potência desregulada, que resulta em Mesmo não sendo uma condição de pe-
uma flutuação contínua de pressão na tubulação. rigo, ela pode ser um motivo de preocupação
Essa condição pode ser ilustrada, consi- para o piloto, ou operador, que selecione um
derando-se a operação de um sistema quando a determinado ajuste de pressão no duto, verifi-
válvula de aceleração encontra-se totalmente cando, poucos segundos depois, que essa pres-
fechada. Durante esse período, o controlador de são oscilou e necessita de novo ajuste.
pressão diferencial não está modulando a posi- Uma vez que os controles automáticos
ção da válvula de aceleração. não possam responder com rapidez suficiente às
Qualquer alteração mínima de potência, mudanças bruscas nos ajustes de potência, de
causada por uma mudança de temperatura ou modo a eliminar a inércia das mudanças de ve-
flutuação de rpm será aumentada, e resultará em locidade do turboalimentador, a sobrecarga deve
uma modificação na pressão da tubulação, uma ser eliminada pelo operador.
vez que uma pequena alteração fará com que se Isto pode ser conseguido ao se modificar
altere a quantidade dos gases de escapamento lentamente os ajustes de potência, sempre dando
fluindo para a turbina. Qualquer alteração no ao sistema alguns segundos para alcançar um
fluxo de gases de escapamento fluindo para a equilíbrio.

2- 17
PANE CAUSA PROVÁVEL REPARO
Aeronave não • Roda da turbina ou compressor dani- • Substituir o turboalimentador.
atinge a altitude ficado.
crítica. • Vazamento no sistema de escapamen- • Fazer o reparo dos vazamentos.
to. • Substituir o turboalimentador.
• Rolamentos defeituosos no turboali-
mentador. • Ver “comporta de escapamento” na
• Comporta de escapamento não fecha coluna PANE.
totalmente. • Ver “controlador diferencial” na co-
• Mal funcionamento do controlador. luna PANE.
Vibrações do • Vibração de pressão na tubulação. • Verificar se o motor está operando na
motor. • Mal funcionamento da comporta de faixa adequada.
escapamento. • Ver “comporta de escapamento” na
• Mal funcionamento do controlador. coluna PANE.
• Ver “controlador diferencial” na co-
luna PANE.
Comporta de • Rolamentos da válvula de desvio da • Substituir a válvula de desvio.
escapamento comporta estão emperrados.
não fecha to- • Orifício de entrada de óleo bloquea- • Limpar o orifício.
talmente. do. • Ver “controlador” na coluna PANE.
• Mal funcionamento do controlador. • Substituir a articulação; e ajustar a
comporta de escapamento para abrir e
• Articulação da comporta de escapa- fechar adequadamente.
mento está quebrada.
Comporta de • Saída de óleo obstruída. • Limpar e reconectar a linha de retorno
escapamento de óleo.
não abre. • Articulação da comporta de escapa- • Substituir a articulação; e ajustar a
mento quebrada. abertura e fechamento da comporta.
• Mal funcionamento do controlador. • Ver “controlador” na coluna PANE.
Mal funciona- • Vazamento na vedação. • Substituir o controlador.
mento do con- • Diafragma danificado. • Substituir o controlador.
trolador dife- • Válvula do controlador emperrada. • Substituir o controlador.
ren-cial.
Mal funciona- • Vazamento na vedação. • Substituir o controlador.
mento do con- • Foles danificados. • Substituir o controlador.
trolador de den- • Válvula emperrada. • Substituir o controlador.
sidade.

TABELA 1. Pesquisa de Panes em Sistema Turboalimentador

Esse procedimento aplica-se aos motores SISTEMAS COMPOSTOS COM TURBO


turboalimentados, independentemente do seu PARA MOTORES CONVENCIONAIS
grau de sensibilidade aos ajustes de potência.
A tabela 1 inclui as panes mais comuns O motor composto com turbo consiste
do sistema turboalimentador, acompanhadas de em um motor convencional, no qual turbinas
uma descrição de causas e reparos. movimentadas por gases de escapamento encon-
Esses procedimentos de pesquisa de pa- tram-se acopladas ao eixo de manivela.
nes são apenas apresentados como um guia, não Esse sistema de obtenção de força adi-
devendo, portanto, serem substituídos pelas ins- cional é, às vezes, denominado sistema de recu-
truções e procedimentos de pesquisa de panes peração de força da turbina (PRT-power reco-
aplicáveis, fornecidas pelo fabricante. very turbine)

2- 19
Não é um sistema de superalimentação, e
não está conectado de qualquer maneira ao sis-
tema de admissão de ar da aeronave.O sistema
PRT permite que o motor recupere for-
ça/potência utilizando os gases de escapamento
que, de outra forma, estariam sendo direciona-
dos para a atmosfera.
Dependendo do tipo de motor, a quanti-
dade de HP recuperada varia com a quantidade
de potência aplicada. Tratando-se de motores
convencionais grandes, é uma situação típica do Figura 2-18 Diagrama esquemático de um sis-
sistema apresentar uma recuperação de 130 HP tema PRT.
de cada uma das três turbinas.
A figura 2-17 mostra uma turbina de O coletor de gases de escapamento dire-
recuperação de potência conectada por engrena- ciona os gases na roda da turbina. O eixo da
gens ao eixo de manivela do motor. turbina transmite a força para o eixo de manive-
la do motor, através das engrenagens e de seu
acoplamento.
O acoplamento impede que a vibração
de torção seja passada ao eixo de manivelas.
Devido ao seu elevado peso e custo, a
serem considerados, os sistemas de turbinas de
recuperação de potência são utilizados exclusi-
vamente em motores convencionais grandes.

SISTEMAS DE ADMISSÃO DO MOTOR


TURBOJATO

Embora não se possa estabelecer um


paralelo direto, o duto de admissão de ar de um
motor a turbina, de algum modo, assemelha-se
ao sistema de admissão de ar dos motores con-
vencionais.
A admissão de um motor convencional
e o duto de admissão de um motor a turbina
proporcionam um suprimento de ar de alta ener-
Figura 2-17 Transmissão da força da turbina gia, relativamente livre de distorção, e na quan-
para o eixo de manivelas tidade requerida para o compressor. Um fluxo
de ar contínuo e uniforme é necessário para evi-
tar o estol do compressor e excessivas tempera-
Tipicamente, existem três turbinas de re- turas internas do motor na turbina. A alta ener-
cuperação de potência em cada motor, dispostas gia permite que o motor produza uma quantida-
a intervalos de 120º. Elas são numeradas em de maior de empuxo. Normalmente, o duto de
sentido horário, vistas no sentido de trás do mo- admissão de ar é considerado como uma parte
tor para frente. A turbina nº 1 está localizada na integrante da estrutura do avião, e não uma par-
posição 3 horas, e a turbina nº 3 fica na posição te do motor. No entanto, esse duto é tão impor-
11 horas. tante para o desempenho do motor, que precisa
A posição da turbina, em relação ao ser levado em conta qualquer discussão sobre o
sistema de escapamento dos vários cilindros em motor como um todo.
um motor de 18 cilindros, é mostrada no es- Um motor a turbina consome 10 vezes
quema da figura 2-18. mais ar por hora que o motor convencional de

2- 20
tamanho equivalente. A passagem de entrada de na chapa de metal, podem comprometer total-
ar é correspondentemente maior. mente o que, de outro modo, seria uma instala-
Além do mais, é mais crítica que uma ção de duto aceitável.
tomada de ar de motor aspirado, no que se refe-
re ao desempenho do motor e da aeronave, es- Duto de entrada única
pecialmente em altas velocidades.
Deficiências do duto resultam do aumen- O duto de entrada única é o mais simples
to de perdas sucessivas, através de outros com- e eficiente, devido a sua entrada ficar localizada
ponentes do motor. diretamente à frente do motor e da aeronave,
O duto de admissão de ar apresenta duas que podendo captar um fluxo de ar livre de tur-
funções: uma para o próprio motor e outra para bulência.
a aeronave. A figura 2-19 ilustra a posição do duto
Em primeiro lugar, deve ser capaz de de entrada única em um avião monomotor tur-
admitir o máximo possível de pressão da corren- bojato. Além disso, o duto pode ser construído
te de ar livre, e conduzir essa pressão à frente do em configuração reta ou apresentando apenas
motor com um mínimo de perda de pressão ou algumas discretas curvaturas. Na instalação feita
de diferencial. Isto é conhecido como recupera- em avião monomotor, em que o motor é monta-
ção de ar de impacto, ou ainda, como “recupe- do na fuselagem, o duto é necessariamente lon-
ração total de pressão”. go. Se por um lado, pode haver uma pequena
Em segundo lugar, o duto deve conduzir queda de pressão ocasionada pelo comprimento
o ar uniformemente à entrada do compressor, do duto, essa condição é superada pelas caracte-
com o mínimo possível de turbulência e varia- rísticas que, por outro lado, permitem que haja
ção de pressão. No que se refere à aeronave, o no duto um fluxo de ar uniforme.
duto deve reduzir ao mínimo o seu efeito de Em instalações de multimotores, é ne-
arrasto. cessário que o duto seja curto, reto ou com um
Uma queda ou diferencial de pressão é mínimo de curvatura. Embora o duto mais curto
causado pela fricção do ar ao longo das laterais e sem curvaturas permita um mínimo de queda
do duto e pelas curvas no sistema. de pressão, o motor passa a ficar sujeito a sofrer
O fluxo suave depende do nível de tur- os efeitos de turbulência na entrada da admissão
bulência ser mantido a um mínimo quando o ar de ar, particularmente em condições de baixa
entra no duto. velocidade do ar ou acentuados ângulos de ata-
O duto deve apresentar uma secção sufi- que.
cientemente reta que possibilite em seu interior
um fluxo de ar uniforme.
A escolha da configuração de entrada
do duto é determinada pela localização do motor
na aeronave, e ainda, a velocidade do ar, altitu-
de e atitude em que a aeronave é projetada para
operar. Há dois tipos básicos de duto de admis-
são: o duto de entrada única e o de entrada divi-
dida.
Qualquer que seja o tipo do duto, é es-
sencial que a sua construção seja feita com mui-
to cuidado; da mesma forma em que o reparo da
Figura 2-19 Aeronave com duto de entrada
entrada do duto requer bastante atenção e habi-
única.
lidade, pois é surpreendente como pequenas
quantidades de distorção do fluxo de ar podem Duto de entrada dividida
resultar em uma considerável perda de eficiên-
cia do motor, ou podem ainda resultar em por As exigências dos aviões monomotores
um estol do compressor aparentemente inexpli- de alta velocidade, nos quais o piloto senta-se
cável. na parte baixa da fuselagem e próximo ao nariz,
Pontas de rebites que não estejam perfei- são dificuldades impostas para a utilização do
tamente faceadas, ou um trabalho mal realizado duto de entrada única.

2- 20
Pode ser necessária, então, alguma forma localizadas tão à frente quanto for possível, para
de duto de admissão com entrada dividida, com permitir que haja uma curvatura gradativa em
tomadas de ar nos dois lados da fuselagem. direção à entrada do compressor, trazendo as
Esse duto dividido pode apresentar suas características do fluxo de ar para condições
entradas nas raízes das asas, ou uma em cada próximas daquelas encontradas no duto de en-
lado da fuselagem, conforme mostra a Figura 2- trada simples.
20. Qualquer desses tipos de duto oferece mais Uma série de pequenas hastes são, às
problemas ao projetista da aeronave do que os vezes, colocadas na entrada de ar lateral para
dutos de entrada única; por causa da dificuldade ajudar no direcionamento do fluxo de ar admiti-
em se conseguir uma área de admissão de ar do, que deve continuar em linha reta para evitar
suficiente, que não venha a ser proibida devido turbulência.
à quantidade de arrasto que possa produzir. In-
ternamente, o problema é o mesmo encontrado Duto de geometria variável
pelo duto de entrada simples, ou seja: o de cons-
truir um duto que tenha um comprimento razoá- A função principal de um duto de admis-
vel e, ao mesmo tempo, com o mínimo possível são é fornecer a quantidade de ar adequada para
de curvaturas. o motor. Em um motor turbojato típico, a exi-
gência de um fluxo de ar máximo são tais que o
número “Mach” do fluxo de ar, diretamente
acima da frente do motor fica em torno de 0,5
ou pouco menos.
Portanto, sob praticamente todas as con-
dições de vôo exceto decolagem e pouso, a ve-
locidade do fluxo de ar deve sofrer uma redu-
ção, antes que o mesmo ar esteja pronto para
entrar no compressor. Para se conseguir isso, os
dutos de admissão são projetados para funcionar
como difusores e, assim, diminuir a velocidade
do ar e aumentar a sua pressão estática.
Para as aeronaves multimotoras subsôni-
cas, um duto de admissão normal tem o seu ta-
manho aumentado em direção à sua extremidade
posterior, conforme ilustra a figura 2-21.

Figura 2-20 Dois tipos de dutos de entrada di-


vidida.

A localização da entrada de ar na raiz da


asa de uma aeronave, em que a asa esteja bas- Figura 2-21 Entrada de ar subsônica divergente .
tante deslocada para trás, oferece um problema Um difusor supersônico tem sua área
de projeto porque, embora curto, o duto deve progressivamente diminuída no sentido da con-
apresentar uma curvatura considerável que pos- tinuação do fluxo de ar. Desta forma, um duto
sa entregar adequada demanda de ar para o de admissão supersônico seguirá a configuração
compressor. geral até que a velocidade do ar admitido seja
Geralmente são utilizadas tomadas de ar reduzida para Mach 1.0. A partir daí, a secção
nas laterais da fuselagem. Essas tomadas são posterior do duto começará a ter sua área au-

2- 21
mentada, uma vez que esta parte deva funcionar estabelece a onda de choque que, em seguida,
como um difusor subsônico. (Ver a figura 2-22). irá reduzir a velocidade do ar que está sendo
Para aeronaves de velocidade muito alta, admitido para dentro do duto. A modificação na
a área interna da configuração do duto será mo- área do duto e a magnitude do choque são vari-
dificada por dispositivos mecânicos, dependen- adas automaticamente com a velocidade do ar
do do aumento ou diminuição de velocidade da na aeronave.
aeronave. Um duto desse tipo é geralmente co- Com a entrada de geometria variável, o zum-
nhecido por duto de admissão de geometria va- bido que às vezes ocorre na tomada de ar duran-
riável. te vôos com número Mach elevado, pode ser
Dois métodos são utilizados para a difu- evitado alterando-se a o valor da variação da
são do ar e diminuição da velocidade de seu área de entrada, que será afetada durante a ope-
fluxo em vôos supersônicos. Um método possí- ração do sistema de geometria variável.
vel é o de variar, a área ou geometria do duto de O zumbido resulta da instabilidade do ar
admissão, pelo uso de restritores móveis dentro que ocorre quando a onda de choque é alterna-
do duto. Existe ainda um outro sistema que fun- damente engolida e regurgitada na tomada de ar.
ciona como um tipo de combinação de desvio Em condições severas, esse fenômeno pode cau-
variável de fluxo de ar que extrai do duto e à sar violentas flutuações de pressão da tomada de
frente do motor, parte do ar admitido. Em al- ar, que pode resultar em danos a sua estrutura
guns casos utiliza-se a combinação de ambos os ou, possivelmente, ao próprio motor.
sistemas. Um duto de geometria variável adequado
irá eliminar o zumbido pelo aumento da estabi-
lidade do fluxo de ar dentro do duto de admis-
são.

Entrada do compressor tipo boca de sino

Embora não se trate de um duto, no sen-


Figura 2-22 Entrada de ar supersônica. tido real da palavra, a entrada tipo boca de sino
é geralmente instalada em um motor que está
O outro método é a utilização de uma sendo calibrado em bancada de teste, de modo a
onda de choque na corrente de ar. Uma onda de levar o ar externo estático às aletas guias do
choque é uma área estreita de descontinuidade bocal do compressor.
em um fluxo de ar ou gás, durante a qual a velo- Esse tipo de entrada de ar é facilmente
cidade, a pressão, densidade e temperatura do ar instalado e removido, sendo projetado com o
ou gás são submetidas a uma modificação brus- único objetivo de obter uma eficiência aerodi-
ca. nâmica bastante alta.
Ondas de choque mais fortes produzem Essencialmente, esta entrada de ar é um
maiores alterações nas propriedades do ar ou do funil em forma de sino com bordas cuidadosa-
gás. mente arredondadas que praticamente não ofe-
Uma onda de choque é deliberadamente recem resistência ao ar.(Ver figura 2-23).
colocada no fluxo supersônico do ar que está A perda no duto é tão insignificante que
entrando no duto, por meio de algum tipo de é considerada zero. O motor pode, portanto, ser
restrição ou pequena obstrução que, automati- colocado em funcionamento sem as complica-
camente, projeta-se dentro do duto em vôos com ções resultantes das perdas comuns a um duto
um número “Mach” alto. instalado na aeronave.
A onda de choque resulta na difusão do Os dados de desempenho do motor, tais
fluxo de ar, o qual, por sua vez, tem a sua velo- como potência nominal e consumo específico de
cidade reduzida. combustível (a uma determinada potência) são
Em pelo menos uma instalação de aero- obtidos pelo uso de uma entrada de compressor
nave é utilizada a combinação dos dois méto- tipo boca de sino.
dos, o de choque e de geometria variável, para Geralmente, as entradas de ar são fixa-
se conseguir a difusão do fluxo de ar. O mesmo das com telas protetoras. Nesse caso, a eficiên-
dispositivo que modifica a área do duto também cia perdida à medida que o ar atravessa a tela

2- 22
deve ser levada em conta quando é necessária
uma verificação precisa de dados do motor.

Figura 2-23 Entrada do compressor do tipo


boca de sino.

ENTRADAS DE AR DO COMPRESSOR
EM MOTORES TURBOÉLICE

A admissão de ar em um motor turboé-


lice é mais problemática que em um motor tur-
bojato, porque o eixo de acionamento da hélice,
o cubo e a carenagem (cone) de proteção do Figura 2-24 Entradas do compressor de turboé-
cubo têm que ser levados em conta, além dos lices.
outros fatores de projeto que comumente fazem
parte deste dispositivo. Telas de entrada do compressor
Uma configuração de cone protetor do
tubo e duto de admissão de ar (figura 2-24A) é É bastante conhecido o apetite que uma
geralmente considerada como o melhor projeto turbina de gás tem por parafusos, pequenos pi-
para um motor turboélice, no que se refere ao nos, rebites, pequenas ferramentas de mão, pe-
fluxo de ar e características aerodinâmicas. daços de pano e coisas do gênero.
Entretanto, o duto que tem um cone é Para impedir que tais objetos sejam inge-
mais pesado e oferece mais dificuldades para a ridos pelo motor, coloca-se uma tela de entrada
manutenção e controle antigelo do que o cone do compressor para proteger a área (diâmetro)
convencional de fluxo aerodinâmico, freqüen- de entrada de ar do motor.
temente utilizado. As vantagens e desvantagens de uma tela
A proteção do cubo da hélice com for- desse tipo variam. Se o motor estiver muito sus-
mato cônico, que é uma versão modificada do ceptível a sofrer avarias internas, como seria o
cone aerodinâmico é, às vezes, utilizado. Em caso, por exemplo, de um motor que tenha um
qualquer dos casos, a disposição do spinner e do compressor axial com palhetas de alumínio,
duto de admissão de ar é semelhante àquela uma tela no duto de admissão de ar chega a ser
ilustrada na figura 2-24B. Quando a seção do quase uma necessidade.
nariz de um motor turboélice é deslocada do As telas, no entanto, contribuem para
eixo principal do motor, pode ser utilizada uma que haja uma apreciável perda de pressão no
configuração semelhante à apresentada na figura duto de admissão, e ficam muito sujeitas à for-
2-24C. mação de gelo.

2- 23
Panes que surgem devido à fadiga tam-
bém são um problema. Uma tela defeituosa po-
de causar mais danos do que se não houvesse
nenhuma instalada.
Existem casos, em que as telas no duto
de admissão de ar são retráteis, podendo ser
retiradas do fluxo de ar após a decolagem, ou
sempre que prevaleçam condições de formação
de gelo. Essas telas ficam sujeitas a apresenta- Figura 2-25 Fluxo de ar através de um motor
rem falhas mecânicas, e acrescentam a instala- de “fan” dianteiro.
ção como um todo, tanto peso quanto volume.
Em motores grandes que apresentam O ar de escapamento do fan, que é conduzido
palhetas do compressor de titânio ou de aço, ou para a atmosfera, pode ser descarregado de dois
seja, peças que não se danificam facilmente, as modos:
desvantagens da tela do compressor superam as
vantagens e, por esse motivo não são, em geral, 1. Para a atmosfera através de dutos curtos,
utilizadas. logo atrás do fan, conforme mostra a fi-
gura 2-26, e no diagrama da configura-
Seções do “fan” dos motores “turbofan” ção de duto bifurcado.
Embora alguns motores “turbofan” apre-
2. Conduzido até a parte posterior do mo-
sentem a sua seção do fan ou palhetas, integral
tor, onde é então expulso para a atmosfe-
com a turbina e posterior à câmara de combus-
ra, próximo ao duto de escapamento de
tão, outras versões são comumente construídas
cauda do motor.
com o fan na extremidade dianteira do compres-
sor.
Em motores que têm compressor duplo,
o fan é integral, com o compressor de baixa
pressão e de baixa velocidade, o que permite
que o carretel gire no topo da palheta para se
obter melhor eficiência.
O fan dianteiro permite a utilização de
um duto de admissão de ar convencional, resul-
tando em baixa razão de perda do ar admitido e,
também, reduz os danos ao motor por ingestão
de objetos estranhos. Figura 2-26 Instalação típica de um motor tur-
A maior parte de qualquer material que bofan de “fan” dianteiro.
venha a ser sugado, será arremessada radialmen-
te para fora, e passará através da descarga do
fan ao invés de continuar a trajetória através da SISTEMAS DE ESCAPAMENTO DE
parte principal do motor. MOTORES CONVENCIONAIS
O fan consiste em um ou mais estágios
de palhetas rotativas e aletas estacionárias, todas O sistema de escapamento dos motores
bem maiores que os estágios dianteiros do com- convencionais é fundamentalmente um sistema
pressor ao qual estão ligados. de limpeza, que coleta e envia para a atmosfera
O ar acelerado pelas pontas das palhetas gases de alta temperatura e nocivos.
do fan, forma uma cor-rente de ar secundária, Sua exigência básica impõe que os gases
que é conduzida de volta para a atmosfera, sem sejam entregues à atmosfera em completa segu-
passar através da seção principal do motor. O ar rança para a estrutura da aeronave e, também,
que passa através do centro do fan forma o fluxo dos seus ocupantes.
de ar primário que passa através do motor.(Ver O sistema de escapamento pode desem-
figura 2-25). penhar várias funções úteis, sendo a primeira

2- 24
proporcionar proteção contra a ação potencial- O sistema aberto é relativamente sim-
mente destrutiva dos gases de escapamento. Os ples, e a sua remoção e instalação consistem
sistemas de escapamento modernos, embora essencialmente em remover e instalar os parafu-
comparativamente leves, resistem adequada- sos e garras de fixação.
mente a altas temperaturas, corrosão e vibração; Na figura 2-28 é mostrada, em corte ver-
de forma a proporcionar uma operação livre de tical, a localização dos componentes do sistema
problemas e por períodos longos com um míni- de escapamento de um motor de cilindros opos-
mo de manutenção. tos instalado horizontalmente.
Existem dois tipos básicos de sistemas
de escapamento em uso nos motores de aerona-
ves: o sistema aberto e o sistema coletor. O sis-
tema aberto é geralmente utilizado em motores
não superalimentados, onde o nível de ruído não
é alto demais.
O sistema coletor é utilizado na maioria
dos grandes motores não superalimentados e em
instalações em que esse sistema poderia melho-
rar o fluxo aerodinâmico da nacele, ou ainda
oferecer uma manutenção mais fácil na área da
nacele.
Nos motores turboalimentados, os gases
de escapamento devem ser coletados para acio-
nar a turbina do compressor do superalimenta-
dor.
Esses sistemas apresentam tubos de co-
municação individuais para os gases de escapa-
mento que são descarregados em um único cole-
tor anular, que por sua vez tem apenas uma
única saída.
Figura 2-28 Sistema de escapamento de um
Dessa saída, os gases de escapamento
motor de cilindros horizontalmente
quentes são conduzidos por um duto até a caixa
opostos.
do turboalimentador para acionar a turbina.
Embora o sistema coletor eleve a pres-
O sistema de escapamento nesta instala-
são de retorno do sistema de escapamento, o
ção consiste em um tubo partindo de cada cilin-
ganho em potência decorrente do turboalimen-
dro, de um tubo coletor dos gases de escapa-
tador supera em muito a perda de potência, re-
mento em cada lado do motor, um conjunto eje-
sultante do aumento da pressão de retorno.
tor de gases de escapamento avançado para trás,
e abaixo de cada lado da parede de fogo.
Os tubos são conectados aos cilindros
por porcas de trava resistentes a altas temperatu-
ras, e presas ao coletor de escapamento por a-
néis de fixação.
Uma proteção para a cabine, contra o ca
lor dos gases de escapamento, está instalada em
torno de cada tubo coletor. Ver a figura 2-29.
Os tubos coletores terminam nas abertu-
ras do ejetor dos gases de escapamento, na pa-
rede de fogo, e têm sua abertura regulada para
aos gases tenham uma velocidade apropriada,
Figura 2-27 Configuração de um duto bifurca- tal que induza um fluxo de ar através dos ejeto-
do. res de escapamento.

2- 25
A figura 2-30 mostra o anel coletor de
escapamento instalado em um motor radial de
14 cilindros. Esse anel é um conjunto de peças
feitas de aço resistente à corrosão e manufatura-
do em sete seções, cada peça coleta o escapa-
mento de dois cilindros.
As seções são graduadas por tamanho
(figura 2-31). As pequenas ficam no lado inter-
no e as maiores ficam no lado externo, na ponta
onde o duto de cauda é conectado com o anel
coletor.

Figura 2-29 Vista explodida do conjunto de


reforço do aquecedor pelo escapa-
mento.

Os ejetores de escapamento consistem


em um conjunto de garganta e duto (throat and
duct) que utilizam a ação bombeadora dos gases
de escapamento, para induzir um fluxo de ar de
resfriamento através de todas as partes do com-
partimento do motor.

Sistema de coletor anular de escapamento de


motores radiais
Figura 2-31 Anel coletor de escapamento.

Cada seção do anel coletor é presa por


parafusos a uma garra (bracket) na seção do
compressor do motor, e é parcialmente apoiada
por uma luva de conexão entre as saídas do anel
coletor e as saídas de escapamento do motor.
O duto de cauda de escapamento é liga-
do ao anel coletor por uma junção de expansão
telescópica que apresenta folga suficiente para
se efetuar a remoção dos segmentos desse anel,
sem que o duto de cauda tenha que ser removi-
do.O duto de cauda de escapamento é um con-
junto de peças soldadas feitas de aço resistente à
corrosão, que consiste em duto de cauda e, em
algumas aeronaves, um trocador de calor tipo
mufa.

Conjunto de tubulação de escapamento e


intensificador

Figura 2-30 Anel coletor de escapamento insta- Alguns motores radiais são equipados
lado. com uma combinação de tubulação de escapa-

2- 26
mento e intensificador. Em um motor de 18 ci- cauda. Quando a mesma está totalmente fecha-
lindros típicos, são utilizados dois conjuntos de da, a secção transversal do duto de cauda fica
escapamento e dois conjuntos de intensificado- reduzida em aproximadamente 45%.
res. As aletas do intensificador são operadas
Cada conjunto de tubulação coleta os ga- por um atuador elétrico, e indicadores adjacen-
ses de escapamento de nove cilindros, e descar- tes às chaves da aleta do intensificador, locali-
rega esses gases na ponta dianteira do conjunto zados na cabine de comando, mostram as suas
intensificador. posições.
Os quatro tubos de cada conjunto de As aletas podem ser movidas para a po-
tubulação são conjuntos idênticos entre si, cada sição “fechada” com o intuito de diminuir a
um recebendo gases de escapamento de dois velocidade do fluxo através do intensificador, e
cilindros (ver figura 2-32). A ordem de queima com isso aumentar a temperatura do motor.
dos dois cilindros, que mandam gases de esca-
pamento para cada tubo, é a mais separada pos- PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DO
sível. Os cilindros da linha dianteira ficam co- SISTEMA DE ESCAPAMENTO DO
nectados aos tubos por extensões. MOTOR CONVENCIONAL
Esse tipo de tubulação de escapamento é
manufaturado com aço resistente à corrosão, e Qualquer pane no sistema de escapamen-
apresenta apenas um acabamento simples de to deve ser encarada como um problema sério.
jato de areia ou de revestimento de cerâmica. Dependendo da localização e do tipo de pane,
uma falha no sistema de escapamento pode re-
sultar em envenenamento da tripulação e passa-
geiros, por ingestão de monóxido de carbono,
perda parcial ou completa da potência do motor,
ou ainda fogo na aeronave.
As panes do sistema de escapamento
geralmente atingem um índice máximo de ocor-
rência quando a aeronave atinge a marca de 100
a 200 horas de operação. Mais de 50% de todas
as panes de sistema de escapamento ocorrem
dentro das 400 horas.

Inspeção do sistema de escapamento

Enquanto o tipo e a localização dos


componentes do sistema de escapamento variam
bastante, conforme o tipo da aeronave, as exi-
gências de inspeção para a maioria dos sistemas
de escapamento de motores convencionais man-
têm-se bastante semelhantes. Os parágrafos a
seguir incluem uma apreciação dos itens de ins-
Figura 2-32 Instalação de um sistema de esca- peção mais comuns para os sistemas de escapa-
pamento. mento, e os procedimentos para todos os moto-
res convencionais. A figura 2-33 mostra as áreas
Os gases de escapamento são direciona- de inspeção primária de três tipos de sistemas de
dos para dentro das bocas de sino dos intensifi- escapamento.
cadores. Antes de se falar sobre a remoção e ins-
Os intensificadores são projetados para talação dos sistemas de escapamento básicos, é
produzir um efeito de tubo de Venturi para for- preciso salientarmos uma precaução que deve
mar um fluxo de ar aumentado sobre o motor, ser tomada ao fazer a manutenção de qualquer
intensificando seu resfriamento. A aleta do in- sistema de escapamento que venha a ser men-
tensificador fica localizada em cada duto de cionado.

2- 27
Nunca devem ser utilizadas no sistema em funcionamento para permitir que os gases de
de escapamento, ferramentas galvanizadas ou escapamento sejam aquecidos até as marcas de
com revestimento de zinco, e as peças do siste- temperaturas operacionais normais. O motor é
ma de escapamento nunca devem ser marcadas desligado e sua carenagem removida para expor
com lápis grafite (por causa do chumbo). o sistema de escapamento.
As marcas de chumbo, zinco ou galvani- Cada conexão fixada e de saída de esca-
zadas podem ser absorvidas pelo metal do sis- pamento deve ser inspecionada para se ave-
tema de escapamento quando aquecido, criando riguar se há vazamento de gases.
com isso uma alteração distinta em sua estrutura Um vazamento desse tipo é indicado por
molecular. Essa alteração amolece o metal na linhas de cor cinza ou pretas, de fuligem, verifi-
área em que foi feita a marca, causando racha- cados na tubulação, na área do vazamento. Um
duras; e finalmente uma pane. vazamento de escapamento é geralmente resul-
tante do alinhamento incorreto no encaixe das
duas peças do sistema. Quando se identifica
uma conexão de escape com vazamento, as gar-
ras de fixação devem ser afrouxadas e as unida-
des com vazamento devem ser reposicionadas
para que haja um encaixe justo e correto.
Após serem reposicionadas, as porcas do
sistema devem ser apertadas novamente, o bas-
tante para eliminar qualquer folga sem exceder
o torque especificado. Se o ajuste feito pelo tor-
que especificado não chega a eliminar as folgas,
deve-se substituir tanto os parafusos quanto as
porcas, pois esses devem provavelmente ter
sofrido alongamento. Após terem seu ajuste
feito pelo torque especificado, todas as porcas
devem ser frenadas.
Uma vez removida a carenagem do mo-
tor, podem ser feitas todas as operações de lim-
peza necessárias. Algumas unidades de escape
são fabricadas recebendo apenas um jato de
areia para o acabamento, outras poderão ter re-
vestimento cerâmico. Os tubos com revestimen-
to cerâmico devem ser limpos apenas com um
desengordurante, e nunca devem ser limpos com
jato de areia ou produtos alcalinos.
Durante a inspeção do sistema de esca-
pamento, deve ser dada uma atenção especial a
todas as superfícies externas para averiguar se
há rachaduras, mossas ou partes faltando. O
mesmo cuidado se aplica para soldas, garras de
fixação, suportes, alças de fixação de suportes,
braçadeiras, juntas, flanges, vedações e peças
Figura 2-33 Áreas de inspeção primária. flexíveis.
Cada curva deve ser examinada, assim
Depois que um sistema de escapamen- como as áreas adjacentes às soldas; e qualquer
to completo tiver sido instalado, a abertura de área que apresente mossa ou áreas mais baixas
admissão de ar ou duto, as linhas de dreno de no sistema devem ser inspecionadas, para se
combustível, os flapes de refrigeração e todas as verificar se algum ponto está sendo desgastado
peças da carenagem do motor devem ser insta- ou perfurado, devido à corrosão interna pelos
ladas e fixadas. Depois que é realizada a inspe- produtos resultantes da combustão ou por acú-
ção de segurança desses itens, o motor é posto mulo de umidade.

2- 28
Um furador de gelo ou outro instrumen- Panes no “Stack” e na tubulação de escapa-
to pontiagudo similar pode ser útil na inspeção mento
dessas áreas.
Caso haja necessidade, o sistema deve As panes da tubulação de escapamento
ser desmontado para a inspeção dos difusores e são geralmente resultantes de fadiga nos pontos
defletores internos. que receberam solda ou fixação, como por e-
Se um componente do sistema de xemplo conexões, flange, “stack” para tubula-
escapamento estiver em local inacessível para ção, no duto de alimentação cruzada ou no si-
uma inspeção visual completa, ou escondido por lenciador.
partes não removíveis, ele deve ser removido e Embora essas panes apresentem em pri-
checado para a detecção de possíveis vazamen- meiro lugar o perigo de fogo, apresentam tam-
tos. bém os problemas com monóxido de carbono.
Geralmente, a melhor forma de executar Os gases de escapamento podem entrar
essa tarefa é bloquear as aberturas dos compo- na cabine através de vedações defeituosas ou
nentes, em seguida aplicar uma pressão interna inadequadas em aberturas na parede de fogo, de
adequada (aproximadamente 2 psi) e submergi- dispositivos na estrutura da asa, portas e abertu-
la em água. ras na raiz da asa.
Os vazamentos provocarão bolhas que
poderão ser prontamente identificadas. Panes no silenciador interno
Os procedimentos requeridos para uma
inspeção de instalação são também observados As panes internas (defletores, difusores,
durante a maioria das inspeções regulares. etc.) podem causar perda de potência do motor
A inspeção diária consiste em checar o parcial ou completa, uma vez que restringem o
sistema de escapamento geralmente exposto, fluxo dos gases de escapamento. Ao contrário
para verificar se existem rachaduras, escamação, de outras panes, a erosão e carburação devidas
vazamento excessivo e peças de fixação frou- às condições térmicas extremas, são as causas
xas. principais das panes internas.
Retorno de chama do motor e combustí-
Pane de silenciador e de trocador de calor vel não queimado, dentro do sistema de esca-
pamento, são provavelmente fatores que contri-
Aproximadamente, metade de todas as buem para essas panes.
panes de silenciador e de trocador de calor po- Além disso, áreas particularmente quen-
dem ser identificadas por rachaduras ou rupturas tes como resultantes de um fluxo de gases de
nas superfícies do trocador de calor, que é utili- escapamento não uniforme, podem vir a causar
zado como fonte de calor para a cabine e para o queima, abaulamento ou ruptura da parede ex-
carburador. terna do silenciador.
As panes na superfície do trocador de
calor (geralmente na parede externa) permitem Sistemas de escapamento com turboalimen-
que os gases de escapamento saiam diretamente tador
de dentro do sistema de aquecimento da cabine.
Essas panes, na maioria dos casos, são causadas Quando há um sistema turboalimentador
por rachaduras provenientes de fadiga por vi- (ou um turbosuperalimentador) o sistema de
bração ou temperatura nas áreas de concentra- escapamento do motor opera sob uma condição
ção de esforço. de pressão e temperatura grandemente aumenta-
A pane nos pontos de solda, que ligam da. Portanto, devem ser tomadas precauções
os pinos de transferência de calor, pode resultar extras no cuidado e manutenção do sistema de
em vazamento dos gases de escapamento. escapamento.
Além do perigo oferecido pelo monóxi- Durante a operação em altitude com alta
do de carbono, a pane nas superfícies do troca- pressão, o sistema de escapamento é mantido ao
dor de calor pode permitir que os gases de esca- nível do mar ou próximo a esses valores. Devi-
pamento sejam levados para dentro do sistema do à pressão diferencial, quaisquer vazamentos
de admissão do motor, provocando um supera- no sistema permitirão que os gases de escapa-
quecimento e perda de potência. mento saiam com a intensidade de um maçarico,

2- 29
podendo causar severos danos às estruturas ad- Entretanto, quando os reparos com solda
jacentes. são necessários, deve-se tomar o cuidado de
Uma causa comum de mal funciona- manter os contornos originais; o alinhamento do
mento desse tipo são os depósitos de coque (a- sistema de escapamento não deve ser deformado
cúmulo de carbono) na unidade da comporta de ou afetado. Marcas de reparo ou gotas de solda
escapamento, provocando um funcionamento que se projetem internamente não são aceitá-
errado do sistema. veis, uma vez que podem se constituir em pon-
Um acúmulo de depósito excessivo pode tos de acúmulo de calor e, também, restringir o
fazer com que a válvula da comporta de esca- fluxo dos gases de escapamento.
pamento fique presa na posição “fechada”, cau- Durante o reparo ou substituição de
sando uma condição de sobrepressão (overbo- componentes do sistema de escapamento, sem-
ost). pre devem ser utilizadas as peças de fixação e
O acúmulo de depósito de coque no pró- ferramentas adequadas. Porcas de aço ou de
prio turbo pode causar uma perda gradativa de baixa temperatura, e que se fecham por si mes-
potência em vôo; e uma leitura de baixa pressão mas (de auto-aperto), não devem ser substituí-
antes da decolagem. A experiência tem mostra- das por porcas de trava utilizadas pelo fabrican-
do que a remoção dos depósitos de carbono, te, feitas de latas e especiais para altas tempera-
feita periodicamente, é necessária para que o turas.
máximo de eficiência seja mantido. Limpa-se, Nunca se deve reutilizar vedações ve-
repara-se, usina-se e ajustam-se os componentes lhas. Quando torna-se necessário desmontar o
e controles do sistema, sempre de acordo com as sistema de escapamento, as vedações usadas
indicações de procedimentos aplicáveis feitas devem ser substituídas por novas, e do mesmo
pelo fabricante. tipo, fornecidas pelo fabricante.

Sistema com intensificador de escapamento DUTOS DE ESCAPAMENTO DO MOTOR


A TURBINA
Os sistemas de escapamento equipados
com tubos intensificadores deveriam ser inspe- O termo “duto de escapamento” aplica-
cionados periodicamente a intervalos regulares se a tubulação de escapamento do motor, ou
para manter seu perfeito alinhamento, segurança duto do cone de cauda, o qual conecta a saída da
da instalação e de suas condições gerais. Mesmo turbina ao bocal de jato de escapamento de um
onde os tubos intensificadores não contêm su- motor que não apresenta pós-combustor. Embo-
perfícies trocadoras de calor, a inspeção deve ra o pós-combustor possa também ser conside-
ser feita para detecção de rachaduras, assim rado como um tipo de duto de escapamento, a
como em todo o sistema de escapamento. Ra- pós-combustão em si é um outro assunto a ser
chaduras em tubos intensificadores podem apre- posteriormente discutido neste capítulo.
sentar uma condição de fogo ou de perigo, devi- Se os gases de escapamento de um motor
do ao monoxido de carbono que pode entrar nas pudessem ser descarregados diretamente ao ar
áreas da nacele, asa e cabine. externo, em uma direção axial exata em relação
à saída da turbina, o duto de escapamento pode-
Reparos no sistema de escapamento ria não ser necessário. Isso, contudo, não é o
que ocorre na prática; uma quantidade total de
É recomendação geral que partes do sis- empuxo maior pode ser obtida do motor, desde
tema de escapamento que vierem a receber repa- que os gases sejam descarregados da aeronave a
ros tais como suportes, silenciadores, cone de uma velocidade maior que a permissível na saí-
cauda, etc., sejam substituídos por peças novas da da turbina. Por este motivo é acrescentado
ou recondicionadas. No sistema de escapamen- um duto de escapamento que tanto coleta
to, os reparos por solda são complicados pela como direciona o fluxo de gás em linha reta, à
dificuldade de se identificar com precisão o me- medida que esse deixa a turbina, aumentando,
tal base, para que possam ser selecionados os desta forma, a velocidade dos gases antes que
materiais de reparo mais adequados. Alterações sejam descarregados no bocal de escapamento,
na composição e na estrutura de granulação do localizado na parte posterior do duto. O aumen-
metal básico original vem a dificultar o reparo. to de velocidade dos gases aumenta também sua

2- 30
energia e, consequentemente, o empuxo resul-
tante. Na maioria dos motores sem pós-
Um duto de escapamento do motor é queimador, a área do bocal de escapamento é
geralmente chamado de duto do cone de cauda bastante crítica. O ajuste nessa área modifica
do motor, embora o duto seja, na verdade, es- tanto o desempenho do motor como a tempera-
sencialmente uma tubulação simples, cônica ou tura dos gases de escapamento. Em alguns mo-
cilíndrica, feita de aço inoxidável. Seu conjunto tores, o ajuste para que se obtenha a correta
inclui um cone de cauda do motor e estruturas temperatura dos gases de escapamento é reali-
dentro do cone. O cone de cauda e sua estrutura zado com a alteração da área do bocal de esca-
reforçam o duto, proporcionam um direciona- pamento.
mento axial ao fluxo dos gases de escapamento, Quando isso for necessário, pequenos
dando também a esse mesmo fluxo mais uni- compensadores que podem ser envergados, con-
formidade. forme o caso requeira, são colocados na abertu-
Imediatamente após a saída da turbina, e ra do bocal de escapamento; ou ainda; podem
usualmente logo à frente do flange, onde o duto ser fixadas em torno do perímetro do bocal, pe-
de escape é conectado, encontram-se os senso- quenas peças chamadas “mice” que modificam
res de pressão de descarga da turbina. Uma ou sua área.
mais sondas são inseridas no duto de escapa-
mento para que possam fornecer uma amostra- Bocal de escapamento convergente/ divergen-
gem adequada da pressão dos gases de escapa- te
mento.
Em motores grandes não se mede a tem- Sempre que a razão de pressão do motor
peratura interna na entrada da turbina (por difi- for bastante alta para produzir velocidades de
culdades práticas que isso apresenta), e, portan- gases de escapamento, que possam exceder a
to, o motor costuma receber instrumentos senso- Mach 1 no bocal de escapamento do motor,
res que meçam a temperatura dos gases de esca- mais empuxo pode ser ganho com o uso de um
pamento na saída da turbina. bocal do tipo convergente/divergente (Figura 2-
35). A vantagem desse bocal é maior com os
Bocal de escapamento convergente conven- números Mach altos por causa de uma razão de
cional pressão mais alta resultante ao passar pelo bocal
de escapamento.
Dá-se o nome de bocal de escapamento
(Figura 2-34) a abertura posterior do duto de
escapamento da turbina de um motor. O bocal
atua como um orifício cujo diâmetro determina
densidade e velocidade dos gases de escapa-
mento quando esses deixam o motor.

Figura 2-35 Duto de escapamento convergente


- divergente.

Para garantir que o peso ou volume


constante de gás fluirá por um determinado pon-
to após a velocidade sônica ter sido atingida, a
porção posterior do duto de escapamento su-
Figura 2-34 Áreas de escapamento convergente persônico é aumentada para acomodar o peso
convencional. ou volume adicionais de um gás que fluirá a

2- 31
razões supersônicas. Se isto não for feito, o bo-
cal não operará eficientemente. Esta seção do
duto de escapamento é conhecida como diver-
gente.
Quando se utiliza um duto divergente em
combinação com um duto de escapamento con-
vencional, o conjunto é então chamado duto de
escapamento convergente/divergente ou bocal
“C-D”; em que a seção convergente é destinada
a trabalhar o fluxo de gases, enquanto, esse se
mantém subsônico, e entrega os gases à gargan-
ta do bocal no ponto em que atingem velocidade Figura 2-36 Tubos de escapamento de turboéli-
sônica. ce, de duas seções.
A seção divergente trabalha os gases,
aumentando-lhes mais a velocidade, no ponto Uma seção integral de foles permite a
em que deixam a garganta e tornam-se supersô- expansão entre a parede de fogo e dois disposi-
nicos. tivos fixos com rolamentos, os quais podem ser
ajustados para deslocar o duto de cauda em um
plano vertical.
SISTEMA DE ESCAPAMENTO DE TUR- A seção posterior do duto de cauda é
BOÉLICE presa a estrutura da aeronave por dois braços de
suporte, um em cada lado. Os braços de suporte
Em um sistema de escapamento turboé- são fixados à superfície superior da asa, de tal
lice típico, os gases de escapamento são dire- modo, que seja permitido o movimento à frente
cionados da seção da turbina do motor para a e para trás, compensando a expansão.
atmosfera, através de um conjunto do duto do O conjunto do duto de cauda é envolto
cone de cauda. em uma manta isolante, que visa proteger a área
Em uma instalação típica, o conjunto do circundante do alto calor produzido pelos gases
cone de cauda é montado na nacele e fixado em de escapamento. Algumas mantas podem ser
sua extremidade dianteira, à parede de fogo. A feitas de aço inoxidável laminado em seu exte-
seção dianteira do cone de cauda tem a forma rior e de fibra de vidro no interior.
afunilada; e circunda, sem, entretanto ter conta-
to com a seção de escapamento da turbina. REVERSORES DE EMPUXO
Essa configuração forma um espaço anu-
lar que serve como ejetor de ar para a massa de O difícil problema de parar a aeronave
ar que envolve a seção quente do motor. Assim após o pouso aumenta muito com as velocidades
que os gases de escapamento em alta velocidade do ar e pesos brutos cada vez maiores, fato co-
entram no duto de cauda, é produzido um efeito mum entre as aeronaves modernas, que têm suas
de baixa pressão que faz com que o ar em torno áreas de asa aumentadas assim como suas velo-
da seção quente do motor flua através do espaço cidades de pouso. Em muitos casos, não se pode
anular para dentro do duto de cauda. mais confiar inteiramente apenas na freagem
Um duto de cauda deste tipo é geralmen- das rodas como recurso para reduzir a velocida-
te fabricado em duas seções (ver Figura 2-36); de da aeronave dentro de uma distância razoá-
tanto a dianteira de forma afunilada quanto a vel, imediatamente após o toque. A hélice de
traseira são feitas de aço resistente à corrosão, e passo reverso conseguiu resolver a questão para
uma braçadeira resistente a altas temperaturas e os motores convencionais e para as aeronaves
à corrosão mantém as duas partes unidas em impulsionadas por motores turboélice. As aero-
uma junção a prova de gás. naves comerciais turbojato, entretanto, precisam
O flange de montagem soldado à extre- contar com a reversão do empuxo produzido
midade dianteira da seção do duto de cauda en- pelos motores.
caixa-se ao lado da parede de fogo, que está Um reversor de empuxo do motor (ver
mais próxima do motor, e é fixada a esta por figura 2-37) não apenas proporciona uma força
parafusos. de frenagem de velocidade no solo, mas tam-

2- 32
bém quando for aplicável, é um recurso desejá- tor, e deve estar continuando a linha aerodinâ-
vel para uso em vôo antecedendo ao pouso. Al- mica da nacele.
gumas formas de reduzir a velocidade do ar e Para satisfazer um mínimo dos requisitos
aumentar a razão de descida, tal como um freio, de frenagem após o pouso, um reversor de em-
são quase uma necessidade para as aeronaves puxo deve ser capaz de produzir uma potência
turbojato que então utilizam o freio aerodinâmi- de reverso de pelo menos 50% da força à frente
co ou um reversor de empuxo que possa ser total que o motor tem capacidade de proporcio-
operado enquanto o avião está no ar. nar.
O reversor de bloqueio mecânico tipo
concha (Figura 2-38) satisfaz adequadamente a
maioria destes requisitos e, em um formato ou
outro, tem sido adotado para uso em motores
sem pósqueimador.
Em posições da manete de potência a-
baixo de marcha lenta, o reversor operará para
formar uma barreira de desvio na passagem dos
Figura 2-37 Operação do reversor de empuxo. gases de escapamento, o que, por sua vez, anula
e reverte a potência à frente produzida pelo mo-
Muitas variedades de reversor de empu- tor. As posições da manete de potência abaixo
xo já foram propostas, e um grande número de- de marcha lenta podem fazer com que o motor
las já foi testado, alcançando um considerável acelere em quantidades controláveis até atingir
grau de sucesso. O tipo mais eficiente de rever- rpm total, de tal modo que a força de reversão
sor de empuxo pode ser classificado em duas parcial ou total pode ser utilizada conforme a
categorias: do tipo de bloqueio mecânico e blo- necessidade.
queio aerodinâmico. O bloqueio mecânico é Quando o reversor não está em uso, a
realizado pela colocação de uma obstrução re- concha se retrai ficando guardada em encaixe
movível no fluxo dos gases de escapamento, perfeito em torno do duto de escapamento do
geralmente bem afastado da parte posterior do motor, geralmente formando a seção posterior
bocal. Os gases de escapamento do motor são da nacele. A maioria dos reversores de empuxo
bloqueados e desviados a um ângulo convenien- em uso atualmente, está combinada com um
te voltado para a direção reversa por meio de silenciador de escapamento do motor.
um cone invertido.
No reversor de empuxo do tipo de blo-
queio aerodinâmico, finos aerofólios ou obstru-
ções são colocados no fluxo do gás, tanto ao
longo do comprimento do duto de escapamento,
como imediatamente atrás do bocal.
Em uma adaptação de reversor aerodi-
nâmico, aletas dentro do duto criam um turbi-
lhonamento dos gases para que sigam em mo-
vimento centrífugo, em uma sequência de aletas
rotativas. Pelo menos um modelo de aeronave,
dentre as de tipo turbojato em uso comercial Figura 2-38 Bloqueio de ruído do escapamento
atualmente, faz uso de uma combinação de re- de um turbojato.
versores do tipo de bloqueio mecânico e aerodi-
nâmico. SUPRESSORES DE RUÍDO DO MOTOR
Um reversor de empuxo não deve afetar
a operação do motor, esteja ele sendo utilizado, Uma aeronave, impulsionada por gran-
ou não. Deve ser capaz de suportar altas tempe- des motores turbojato, requer algum tipo de
raturas, ser mecanicamente forte e ter um peso dispositivo silenciador de ruído para os gases de
relativamente leve, confiável e “à prova de fa- escapamento do motor, quando está operando
lhas”. Não estando em uso, não deve se tornar em aeroportos localizados em/ou próximos a
um acréscimo apreciável à área frontal do mo- áreas densamente povoadas.

2- 33
Dois tipos de supressores de ruído são A aeronave turbojato produz uma eleva-
utilizados, sendo um deles dispositivo portátil, ção de ruído distinta, drástica, que atinge o seu
separado da aeronave, destinado ao uso no solo ponto máximo depois que a aeronave tiver pas-
para as atividades de manutenção: fica posicio- sado pelo indivíduo no solo, e estiver em rela-
nado na parte posterior do motor sempre que ção a esta pessoa, a um ângulo de aproximada-
para este houver previsão de uma operação pro- mente 45º.
longada. O ruído então persiste a um nível alto
O outro tipo de supressor de ruído é uma durante um período de tempo considerável, se
peça integral ao motor, fazendo parte de sua comparado com aquele produzido pela aeronave
instalação ou do duto de escape do motor. Ape- de motor convencional e hélice.(ver figura 2-
nas esta última modalidade de supressor, que 39).
primariamente suprime o ruído do motor duran- Há três fontes de ruído envolvidas na
te a decolagem, subida, aproximação e pouso, é operação de um motor de turbina a gás. A en-
que será discutida aqui. trada de ar do motor e a vibração dos montantes
É geralmente aceito, que a quantidade de de fixação são fontes de algum ruído, mas o
som a ser atenuada e requerida para uma aero- ruído gerado deste modo não se compara em
nave turbojato, será a necessária para conseguir magnitude com aquele produzido pelo escapa-
moderar o ruído do motor para um nível que não mento do motor, conforme está ilustrado na fi-
perturbe mais que aquele produzido por uma gura 2-40.
combinação de motor convencional, que esteja O ruído produzido pelo escapamento do
operando em condições similares. motor é causado pelo alto grau de turbulência,
Embora a quantidade de redução de ruí- de um fluxo de jato de alta velocidade, através
do necessária geralmente esteja em torno de 12 de uma atmosfera relativamente silenciosa.
decibéis, a forma pela qual o ruído de uma ae-
ronave turbojato possa ser reduzido para um
nível mais aceitável como o do avião com motor
convencional, não é uma coisa simples de se
determinar.
A hélice, que é a maior fonte de ruído na
aeronave de motor convencional, tem um pa-
drão de ruído que se eleva drasticamente para o
seu ponto máximo assim que o seu plano passa
por um indivíduo no solo.

Figura 2-40 Padrão de ruído do escapamento


de um turbojato.

Por uma distância equivalente a algumas


vezes o diâmetro do bocal, e em direção ao sen-
tido do fluxo atrás do motor, a velocidade do
fluxo de jato é alta e quase não há mistura desse
com a atmosfera.
Nesta região, a turbulência dentro do
fluxo de jato em alta velocidade constitui-se de
granulação muito fina e produz um ruído de
frequência relativamente alta.
Ainda no sentido do fluxo, porém a uma
distância maior do motor, à medida que a velo-
cidade do fluxo de jato diminui, esse fluxo mis-
tura-se à atmosfera, dando início a uma turbu-
Figura 2-39 Níveis de ruído.
lência de tipo mais grosseiro.

2- 34
Comparado com o ruído verificado em Os motores turbofan requerem uma tur-
outras porções do fluxo de jato, o ruído nessa bina maior que proporcione força adicional para
fase apresenta uma frequência muito mais baixa. acionar o “fan”.
À medida que a energia do fluxo de jato A turbina grande, que costuma apresen-
é finalmente dissipada em grandes espirais de tar um estágio adicional reduz a velocidade do
turbulência, uma porção maior da energia é gás e, com isso, reduz o ruído produzido, porque
convertida em ruído. O ruído gerado na disposi- o ruído do gás de escapamento é proporcional à
ção dos gases de escape está a uma frequência sua velocidade.
próxima do ponto mais baixo da faixa audível. Vista separadamente, o escapamento do
Quanto mais baixa for a frequência do fan ocorre em velocidade relativamente baixa e,
ruído, maior será a distância que ele percorrerá. portanto, não cria um problema de ruído.
Isto significa que os ruídos de baixa frequência Por causa das características do ruído de
alcançarão um indivíduo no solo em um volume baixa frequência que o faz deixar um rastro de
maior que o dos ruídos de alta frequência, sendo alto volume, uma redução de ruído eficiente
por isso alvo de maiores objeções. para uma aeronave turbojato precisa ser conse-
O ruído de alta frequência é enfraqueci- guida pela reavaliação do padrão de ruído, ou
do mais rapidamente que o de baixa frequência, pela modificação da frequência do ruído emitido
pela distância e interferência dos edifícios, ter- pelo bocal do jato.
reno e distúrbios atmosféricos. Os supressores de ruído em uso atual-
Uma buzina de nevoeiro, por exemplo, mente podem ser tanto do tipo de perímetro
com o seu timbre grave, de baixa frequência, corrugado, mostrado na figura 2-41; ou do tipo
pode ser ouvida a uma distância muito maior multitubular, mostrado na figura 2-42.
que a estridente alta frequência de um apito, Ambos os tipos de supressores dividem
muito embora ambos possam ter o mesmo vo- o fluxo principal e único de gases de escapa-
lume (decibéis) em suas fontes. mento em um número de fluxos de jato meno-
Os níveis de ruído variam com a potên- res. Isso aumenta o perímetro total da área do
cia do motor e são proporcionais à quantidade bocal de escapamento e, ao mesmo tempo, re-
de trabalho feito pelo motor com o ar que passa duz o tamanho dos redemoinhos criados quando
através dele. os gases são dissipados na atmosfera.
Um motor que tenha um fluxo de ar rela- Embora a energia de ruído total perma-
tivamente baixo mas com alto empuxo, devido à neça inalterada, a frequência é
descarga da turbina (gases de escapamento) com consideravelmente elevada.
alta temperatura, alta pressão e/ou um pós- O tamanho dos redemoinhos assume
queimador, irá produzir um fluxo de gás de alta uma escala menor com o tamanho do fluxo de
velocidade e, consequentemente, altos níveis de escapamento.
ruído.
Um motor maior, trabalhando mais ar,
será mais silencioso à mesma potência. Assim, o
nível de ruído pode ser consideravelmente redu-
zido pela operação do motor a baixos ajustes de
potência, e os motores grandes operando em
potência parcial serão menos ruidosos que os
motores operando em regime de potência total.
Comparado a um turbojato, a versão
turbofan do mesmo motor será mais silenciosa
durante a decolagem.
O nível de ruído produzido por um mo-
tor tipo “fan” é menor, principalmente porque as
velocidades dos gases de escapamento, ejetados
no duto de cauda do motor, são menores que
aquelas constatadas em um turbojato de mesmo Figura 2-41 Vista traseira de um supressor de
tamanho. ruído de perímetro corrugado.

2- 35
Isto traz dois efeitos: primeiramente, a em direção ao solo, de modo que possa destruir
mudança na frequência pode colocar uma parte a base do vortex, ou redemoinho.
do ruído acima da faixa de audibilidade do ou- A figura 2-43 ilustra a direção e a di-
vido humano e, em segundo lugar, altas fre- mensão geral do jato de ar dissipador de “vor-
quências dentro da faixa audível, mais pertuba- tex”.
doras, são altamente atenuadas pela absorção
atmosférica.
Dessa forma, a perda em intensidade é
maior e o nível de ruído torna-se menor a uma
dada distância da aeronave.

Figura 2-43 Jato de ar destruidor do “vortex”


da entrada do motor.

A figura 2-44 é um diagrama que mostra


a localização do ponto de saída do jato de ar e a
válvula de controle.
Para o jato de ar que eliminará a forma-
ção de redemoinhos, é usado ar sangrado do
Figura 2-42 Vista traseira de um supressor de motor. Esse jato de ar é controlado por uma
ruído multitubo. válvula localizada na carenagem do bocal do
motor.
DISSIPADOR DE “VORTEX” DA A válvula de controle é geralmente uma
ENTRADA DE AR DO MOTOR válvula de duas posições, sendo aberta pela
chave de segurança do trem de pouso.
Quando os motores turbojatos estão ope- A válvula se fecha quando a aeronave
rando no solo, é possível que por vezes forme deixa a pista e o peso da aeronave é removido
um redemoinho (vortex) entre a entrada de ar do do trem de pouso.
motor e o solo.
Esse “vortex” pode causar uma grande
força de sucção capaz de levantar do chão pe-
quenos objetos, e conduzi-los a entrada do mo-
tor. A ingestão de tais objetos estranhos pode
causar danos ao motor.
Para minimizar o perigo de ingestão de
objetos estranhos que possam ser encontrados
na pista, alguns motores turbojato são equipados
com um dissipador de “vortex” na entrada de ar
do motor.
Esse dissipador é um pequeno fluxo de
jato direcionado para baixo a partir do bordo de Figura 2-44 Localização dos componentes de
ataque inferior da carenagem do bocal do motor destruição do “vortex”.

2- 36
CAPÍTULO 3

SISTEMAS DE COMBUSTÍVEL DO MOTOR E MEDIÇÃO DO COMBUSTÍVEL

INTRODUÇÃO formação de bolhas de vapor. Este vapor, preso


ao combustível líquido, pode causar bolha de
O desenvolvimento nas aeronaves tem vapor no sistema.
aumentado as exigências no sistema de combus- A transferência de calor do motor tende
tível, aumentando a instalação, o ajuste e os a causar ebulição do combustível nas linhas e na
problemas de manutenção. bomba. Tal tendência aumenta se o combustí-
O sistema deve suprir combustível para vel no tanque estiver quente.
o carburador ou, então, outro dispositivo de Altas temperaturas de combustível fre-
dosagem em todas as condições de solo ou quentemente combinam com baixa pressão para
vôo; ele deve funcionar apropriadamente nas aumentar a formação de vapor . Isto é mais pro-
constantes trocas de altitudes e em qualquer vável de ocorrer durante uma subida rápida em
clima; deve, também, ser livre de vapor que um dia quente.
resultam das trocas das condições climáticas no Quando a aeronave sobe, a temperatura
solo ou no ar. externa cai, mas a temperatura do combustível
Em pequenas aeronaves, um sistema não cai rapidamente. Se o combustível estiver
simples de alimentação por gravidade é instala- quente durante a decolagem, ele retém este a-
do, consistindo de um tanque para suprir o quecimento, e entra em ebulição mais facilmen-
combustível ao motor. te em grandes altitudes.
Em aeronaves "multimotoras", sistemas As principais causas da turbulência do
complexos são necessários para que o combustí- combustível, são: o deslocamento dentro dos
vel possa ser bombeado, de modo que qualquer tanques, a ação mecânica da bomba acionada
tanque possa alimentar qualquer motor. pelo motor, e subidas em curvas acentuadas nas
Previsões para transferência de combus- linhas de combustível.
tível, de um tanque para outro, também deve ser A agitação do combustível no tanque
incluído na aeronave de grande porte. tende a misturá-lo com ar. Quando esta mistura
passa através das linhas, o ar preso se separa do
Bolha de vapor (vapor lock) combustível, formando bolsas de vapor em mui-
tos pontos, onde existem trocas repentinas na
Normalmente, o combustível permanece direção ou elevações acentuadas.
no estado líquido até ser descarregado no fluxo A turbulência na bomba de combustível
de ar, e então, instantaneamente, troca para va- muitas vezes combina com a baixa pressão na
por. entrada da bomba, para formar um uma bolha de
Sob certas condições, o combustível pode vapor neste ponto.
vaporizar nas linhas, bombas ou outras unida- A bolha de vapor pode ser perigosa o
des. As "bolhas de vapor", formadas pela vapo- suficiente para bloquear o fluxo de combustível,
rização prematura, restringe o fluxo de combus- e parar o motor. Pequena quantidade de vapor,
tível através das unidades que são projetadas na entrada da linha, restringe o fluxo para a
para operar com líquidos ao invés de gases. bomba acionada pelo motor, reduzindo a pres-
O resultado da interrupção total ou par- são de saída.
cial do fluxo de combustível é chamado de “bo- Para reduzir a possibilidade da bolha de
lha de vapor” (vapor lock). vapor, as linhas de combustível são mantidas
As três causas gerais da formação do afastadas das fontes de calor; as curvas e subi-
"bolha de vapor" são: redução da pressão, alta das acentuadas, também, são evitadas. Em adi-
temperatura e excessiva turbulência do com- ção , a volatilidade do combustível é controlada
bustível. na fabricação para que ele não vaporize muito
Em grandes altitudes, a pressão do rapidamente.
combustível no tanque é baixa. Isto diminui o O maior aperfeiçoamento na redução da
ponto de ebulição do combustível e causa a bolha de vapor é a incorporação de bombas de

3-1
reforço (“Booster Pumps") no sistema de com- de combustível do motor, que, usualmente, in-
bustível. Essas bombas mantêm o combustível clui uma bomba acionada pelo motor e um sis-
nas linhas para a bomba acionada pelo motor tema de medição de combustível.
sob pressão. Esta pequena pressão no combustí- Nas aeronaves acionadas por motor al-
vel reduz a formação de vapor e ajuda a mover ternativo, o sistema de calibração do combustí-
a bolha de vapor para fora do sistema. vel consiste de um dispositivo de controle do
A bomba de reforço também libera o ar e do combustível, desde o ponto onde o
vapor do combustível, quando este passa por combustível entra na primeira unidade de con-
ela. O vapor move-se para cima através do trole, até ele ser injetado na seção de sobrecar-
combustível no tanque, e sai através dos tubos ga, ou no tubo de entrada, ou cilindro. Por e-
de ventilação. xemplo: o sistema de medição de combustível
Para prevenir as pequenas quantidades do motor Continental IO-470L consiste numa
de vapor que permanecem no combustível, pre- unidade de controle combustível / ar, bomba
judicando sua medição, eliminadores de vapor injetora, válvula da linha principal de combustí-
são instalados em alguns sistemas, antes do dis- vel, e injetores de descarga de combustível.
positivo de medição, ou são instalados dentro No motor PRATT AND WHITNEY R-
das unidades. 1830-94, o sistema de medição de combustível
consiste de carburador, válvula de alimentação
SISTEMA BÁSICO DE COMBUSTIVEL de combustível e uma bomba de aceleração do
carburador.
As partes básicas do sistema de combus- No último caso, a válvula de alimenta-
tível incluem tanques, bombas de reforço, li- ção de combustível e a bomba de aceleração são
nhas, válvulas seletoras, filtros, bombas aciona- montadas no motor, e são componentes forneci-
das por motor e indicadores de pressão. dos pelo fabricante.
A revisão do capítulo 4, no Livro de O sistema de medição de combustível,
Matérias Básicas, deverá fornecer algumas in- nos motores alternativos atuais, medem o com-
formações referentes a estes componentes. In- bustível em uma pré-determinada razão para o
formações adicionais serão apresentadas no fluxo de ar.
decorrer deste capítulo. O fluxo de ar para o motor é controlado
Geralmente são vários tanques em con- através do carburador ou unidade de controle,
junto com um sistema simples para armazenar o combustível/ar.
volume de combustível necessário.A localização O sistema de medição de combustível
desses tanques depende do projeto do sistema de dos motores com turbina a gás, consiste num
combustível e do projeto estrutural da aerona- jato de combustível controlado, e pode ser a-
ve. primorado através da inclusão de injetores de
De cada tanque, uma linha conduz para a combustível.
válvula seletora. Essa válvula está na cabine de Em alguns motores turboélice, uma vál-
comando para selecionar o tanque, do qual o vula de controle de dados de temperatura (vál-
combustível deverá ser liberado para o motor. vula T.D.) faz parte do sistema de combustível
A bomba de reforço força o combustível do motor.
através da válvula seletora para o filtro da linha A razão de liberação de combustível é
principal. A unidade filtrante, localizada na par- função do fluxo da massa de ar, temperatura de
te mais baixa do sistema, remove água e sujeira entrada do compressor, pressão de descarga do
do combustível. Durante a partida, a bomba de compressor, RPM e pressão na câmara de com-
reforço força o combustível através de uma vál- bustão.
vula de desvio (BYPASS) na bomba, acionada O sistema de medição de combustível
pelo motor para o sistema de medição. Uma vez deve operar satisfatoriamente para assegurar a
que a bomba acionada pelo motor alcance velo- eficiente operação do motor, medida pela po-
cidade suficiente, fecha-se a válvula de desvio, tência de saída, temperatura de operação do
e libera-se o combustível para o sistema de motor, e autonomia da aeronave.
medição com pressão normal. Devido a variações em projetos nos dife-
O sistema de combustível da aeronave rentes sistemas de medição de combustível, o
começa com o tanque, e termina com o sistema desempenho esperado de qualquer parte do e-

3-2
quipamento, assim como as dificuldades que Nas curvas da Figura 3-1 (mistura com-
possam causar, podem ser várias. bustível/ar), nota-se que os melhores requisitos
de potência e economia de mistura
DISPOSITIVOS DE MEDIÇÃO DE COM- ar/combustível, para todos os motores alternati-
BUSTÍVEL PARA MOTORES vos, são aproximadamente os mesmos.
ALTERNATIVOS. Um segundo requisito do sistema de
medição de combustível é para atomizar e dis-
Esta seção explica os sistemas que libe- tribuir o combustível do carburador na massa de
ram a mistura correta de combustível e ar para ar, de maneira que a carga de ar que vai para
as câmaras de combustão do motor. todos os cilindros assegure quantidades simila-
Na discussão de cada sistema, o propó- res de combustível, de modo que a mistura com-
sito geral e os princípios operacionais são acen- bustível/ar chegue a cada cilindro na mesma
tuados, com ênfase particular nos princípios proporção .
básicos de operação. Não serão dados detalhes Os carburadores tendem a manter a mis-
operacionais e instruções de manutenção para tura mais rica em maiores altitudes do que ao
tipos específicos e fabricação de equipamentos. nível do solo, por causa do decréscimo da den-
sidade do fluxo de ar através do venturi do car-
burador para um dado volume de ar por hora
para o motor.
Portanto, é necessário que no controle da
mistura seja providenciada uma mistura pobre
para compensar este natural enriquecimento.
Alguns motores usam carburadores com
controle de mistura operado manualmente. Ou-
tras aeronaves empregam carburadores que,
automaticamente, empobrecem a mistura do
carburador, para em maiores altitudes manter a
mistura combustível/ar adequada.
Os requisitos para uma mistura rica ao
motor de uma aeronave são estabelecidos pela
curva de tração de funcionamento, para deter-
minar a mistura combustível/ar, obtendo o má-
ximo de tração utilizável.
Esta curva (figura 3-2) está dividida em
intervalos de 100 RPM, da marcha lenta para a
velocidade de decolagem.
Figura 3-1 Curvas de mistura combustível / ar.

Para informação necessária e específica


à inspeção ou manutenção de uma instalação
ou unidades em particular, consulta-se as instru-
ções do fabricante.
O requisito básico de um sistema de me-
dição de combustível é o mesmo, indiferente-
mente do tipo de sistema usado ou do modelo
do motor, no qual o equipamento é instalado.
Ele precisa medir o combustível pro-
porcionalmente ao ar, para estabelecer a razão
própria da mistura combustível/ar para o motor
em qualquer velocidade e altitude, na qual o
motor deverá operar. Figura 3-2 Curva de potência por mistura de
combustível / ar

3-3
No limite de tração, o motor deverá ope- Este estado (condição) deve ser muito
rar com a mistura mais pobre, como indicado exato para que o combustível queime com o
nas curvas. oxigênio no ar. Setenta e oito por cento (78%)
Contudo, nas misturas pobres, a tempe- do volume do ar é nitrogênio, o qual é inerte e
ratura na cabeça do cilindro poderá exceder a não participa do processo de combustão; e 21%
temperatura máxima permitida, e a detonação é oxigênio. O aquecimento é gerado pela quei-
poderá ocorrer. ma da mistura de gasolina e oxigênio.
A melhor economia ajustada é estabele- Nitrogênio e gases produzidos pela com-
cida pelo funcionamento das séries de curvas bustão absorvem esta energia calorífica, trans-
através do limite de cruzeiro, como mostrado formando-a em força pela expansão. A propor-
no gráfico 3-3. O ponto inferior (auto-lean) na ção de combustível e ar pelo peso é de extrema
curva mostra a mistura ar/combustível, onde o importância para o desempenho (performance)
mínimo de combustível por cavalo-potência do motor. As características de uma dada mis-
(horsepower) é usado. Neste limite, (período) o tura podem ser medidas em termos de
motor deverá operar normalmente com misturas velocidade da chama e temperatura da combus-
levemente pobres, e deverá, obviamente, operar tão.
com misturas mais ricas do que no ponto inferi- A composição da mistura combustível/ar
or de mistura. é descrita como razão de mistura. Por exemplo,
a mistura com a razão 12 para 1 (12:1) é com-
posta de 12 libras de ar e 01 libra de combus-
tível. A razão é expressa em peso porque o
volume de ar varia muito com a temperatura e a
pressão.
A razão de mistura também pode ser
expressa como decimal. Assim, a razão combus-
tível/ar de 12:1 e a razão combustível/ar de
0,083 descreve a mesma razão de mistura. As
misturas ar e gasolina, rica de 8:1 e pobre de
16:1, deverão queimar em um cilindro do motor.
O motor desenvolve a força máxima, com a
mistura de aproximadamente 12 partes de ar e 1
parte de gasolina.
Do ponto de vista químico, a mistura
Figura 3-3 Curva de consumo especifico de perfeita de combustível e ar para a combustão
combustível deve ser de 0,067lb de combustível para 1 libra
de ar (razão de mistura de 15:1).
Se a mistura usada for mais pobre do Os cientistas chamam esta combinação
que a especificada para o motor em uso, o cilin- química de mistura estequiométrica. Com essa
dro com a mistura mais pobre estará sujeito ao mistura (entregue no tempo suficiente e em tur-
retorno de chama, porque a razão de queima bulência), todo o combustível e todo o oxigênio
muito lenta da mistura pobre resulta na queima do ar devem ser completamente usados no pro-
contínua no cilindro, quando a próxima admis- cesso de combustão. A mistura "estequiomé-
são começar. trica" produz altas temperaturas de combustão,
porque a proporção de calor disponível na mas-
Misturas combustível/ar sa de carga (combustível e ar) é muito grande.
Contudo, a mistura é raramente usada, pois não
Gasolina e outros líquidos combustíveis resulta em maior economia nem em maior po-
não devem queimar totalmente antes de serem tência para o fluxo de ar ou pressão de admis-
misturados com ar. Se a mistura tem a queima são.Se mais combustível for adicionado para a
adequada no cilindro do motor, a razão de ar mesma quantidade de carga de ar, do que a
para combustível deve ser mantida no limite quantidade dada como mistura quimicamente
certo. perfeita, variações de força e temperatura deve-
rão ocorrer.

3-4
A temperatura do gás da combustão de- força, o custo do combustível para manter cada
verá ser reduzida quando a mistura for enri- cavalo-força (Horse-power) por hora (SFC)
quecida; e a força será aumentada até que a também é ao mesmo tempo reduzido. Embora a
razão combustível/ar seja de aproximadamente carga da mistura seja convenientemente enfra-
de 0,0725. Da razão combustível/ar de 0,0725 quecida, esta perda de potência ocorre para uma
até a razão combustível/ar 0,080, a força per- razão menor do que a redução do fluxo de
manecerá essencialmente constante, embora combustível. Esta tendência favorável continua,
continue a queda da temperatura da combustão. até que uma potência de mistura conhecida co-
Misturas com razões combustível/ar de mo a melhor economia, seja alcançada. Esta
0,0725 até razões combustível/ar de 0,080 são razão combustível/ar, o HP necessário, é des-
chamadas misturas de melhor potência, desde envolvido com o menor fluxo de combustível,
que seu uso resulte na maior força para um dado ou, por um aumento do fluxo de combustível
fluxo de ar ou pressão no tubo de admissão. que produz mais força.
Nesta variação da razão combustível/ar, não A razão combustível/ar varia com a
existe o aumento no calor total disponibilizado, RPM e outras condições, mas para tração de
mas o peso de nitrogênio e produtos da com- cruzeiro na maioria dos motores auternativos,
bustão são aumentados através do vapor forma- isto é o suficiente para definir este limite de
do com o excesso de combustível; desse modo, operação da razão combustível/ar, sendo de
o trabalho da massa de carga é aumentado. 0,060 até 0,065 com retardo de ignição, e razão
Em adição, o combustível a mais na car- combustível/ar de 0,055 até 0,061 com avanço
ga (acima da mistura estequiométrica) é aumen- de ignição. Estas razões, combustível/ar, são
tado a velocidade do processo de combustão, mais comumente usadas em aviões onde há
através da providência do fator tempo favorável empobrecimento manual.
a conversão da energia do combustível em for- Abaixo da melhor mistura econômica
ça. para a tração, potência e temperatura continuam
O enriquecimento da razão com- caindo com fluxo de ar constante, enquanto o
bustível/ar acima de 0,080 resulta na perda de SFC aumenta.
força devido a redução da temperatura, como o Quando a razão combustível/ar é redu-
efeito de refrigeração alcançado pelo excesso de zida, a combustão se torna mais fria e lenta,
combustível é o fator favorável para o aumento deste modo, a potência para uma certa pressão
da massa. A temperatura reduzida, e a menor no duto torna-se baixa e antieconômica.
razão de queima, é dirigida para um aumento O efeito da redução de temperatura das
da perda de eficiência da combustão. misturas ricas ou pobres resultam do excesso de
Se, com fluxo de ar constante, a mistura combustível ou ar, acima daquele necessário
for empobrecida abaixo de 0,067 da razão com- para a combustão. A refrigeração interna do ci-
bustível/ar, força e temperatura deverão dimi- lindro é obtida pelo combustível não usado
nuir juntas. Nesta ocasião, a perda de força não quando razões de combustível/ar acima de 0,067
é uma perda, mas uma vantagem. O propósito são usadas.
do empobrecimento é para economizar com- A mesma função é verificada pelo ex-
bustível. cesso de ar, quando razões combustível/ar abai-
O objetivo é para obter a força necessá- xo de 0,067 são usadas.
ria com o menor fluxo de combustível, e permi- Variando a mistura de combustível/ar,
tir que o consumo de ar seja auto controlado. A produz-se variações nas condições operacionais
medição do uso econômico do combustível é do motor afetando potência, temperatura e ne-
chamado SFC (Consumo Especifico de Com- cessidades de ignição. A razão de combustí-
bustível), o qual é lbs de combustível por hora vel/ar para a melhor potência é desejada quando
HP (PPH-HP). Portanto, SFC = lbs com- a maior potência de um dado fluxo de ar é re-
bustível/Hr/Hp. Através do uso desta razão, o de querido. A mistura mais econômica resulta da
combustível nos motores nos vários ajustes de obtenção da potência de saída, obtida com o
força podem ser comparados. fluxo mínimo de combustível. A razão combus-
Quando o empobrecimento for abaixo de tível/ar considerada de maior eficiência opera-
0,067 da razão combustível/ar com um fluxo de cional varia com a velocidade do motor e da
ar constante, nivelado através da diminuição da potência de saída.

3-5
No gráfico que mostra a variação da PRINCÍPIOS DA CARBURAÇÃO
razão combustível/ar (figura 3-1), nota-se que a
mistura é rica nas operações de marcha lenta, na Princípios do Venturi
operação de alta velocidade, e pobre na faixa de
cruzeiro. Na marcha lenta, algum ar ou gás de Os carburadores têm que medir o fluxo
descarga é retido no interior do cilindro, através de ar através do sistema de indução, esta medi-
da tomada de descarga durante a abertura da ção é usada para regular a massa de combustí-
válvula. vel descarregada dentro da massa de ar. A uni-
A mistura que entra no cilindro através dade medidora de ar é o Venturi, que faz uso de
do porte de admissão deve ser suficientemente uma lei básica da física:
rica para compensar este gás ou ar adicional. Na
potência de cruzeiro, as misturas pobres eco- "Quando a velocidade de um gás ou líquido
nomizam combustível e aumentam a autonomia aumenta, a pressão diminui."
do avião.
Um motor funcionando perto da potên- Como mostrado no diagrama de um
cia máxima necessita de uma mistura rica para Venturi simples (figura 3-4), isto é uma "via
prevenir super aquecimento e detonação. Desde de passagem" ou tubo, no qual existe uma pas-
de que o motor seja operado em potência máxi- sagem estreita chamada de garganta. Como a
ma apenas por curtos períodos, o alto consumo velocidade do ar é alta para passar através da
de combustível não é importante. Se o motor é passagem estreita, a pressão cai: nota-se que a
operado com mistura muito pobre, e ajustes são pressão na garganta é menor do que em qual-
feitos para aumentar o volume de combustível, a quer outra parte do Venturi .
potência de saída do motor no início aumenta A queda dessa pressão é proporcional a
rapidamente, até que, gradualmente, a força velocidade, e é usada para medida do fluxo de
máxima é alcançada. Com o aumento adicional ar. O princípio básico de operação da maioria
no volume de combustível, a potência de saída dos carburadores depende da pressão diferenci-
cai gradualmente conforme a mistura é enri- al entre a entrada e a garganta do Venturi.
quecida.
Existem instruções específicas concer- Aplicação do princípio de venturi no carbu-
nentes a razões de mistura para cada tipo de rador
motor sobre várias condições de operação. A
não observação destas instruções poderá resultar O carburador está montado no motor
em baixa performance e frequentes danos para o para que o ar, que vai para os cilindros, passe
motor. Misturas excessivamente ricas resultam através do tubo, que é a parte do carburador
em perda de potência e desperdício de combus- que contém o Venturi. O tamanho e a forma do
tível. Venturi depende das necessidades do motor
Com o motor operando perto da descar- para o qual o carburador é projetado. Um carbu-
ga máxima, misturas muito pobres causaram rador para um motor de alta tração deve ter um
perda de potência e, sob certas condições, sério Venturi GRANDE ou vários PEQUENOS.
aquecimento. Quando o motor é operado com O ar pode ter fluxos altos ou baixos no
mistura pobre, o indicador de temperatura da Venturi, dependendo do projeto do motor e do
cabeça de cilindro deve ser mantido dentro da carburador. Aquele em que o ar passa para bai-
temperatura padrão. xo são conhecidos como carburador de corrente
Se a mistura é excessivamente pobre, descendente, e aquele que o ar passa para cima
poderá ocorrer retorno de chama, através do é chamado carburador de corrente ascendente.
sistema de indução ou parada completa. O re- O ar pode ser dirigido através de um
torno de chama é resultado da queima lenta de tubo de borracha pela colocação de um termi-
uma mistura pobre. Se ainda estiver ocorrendo a nal na boca, e exercendo a ação de sucção. Na
queima, quando a válvula de admissão for aber- verdade, a pressão no interior do tubo é menor,
ta, será dada ignição a nova mistura, e a chama e a pressão atmosférica empurra o ar pela aber-
migrará através da mistura de combustível para tura da extremidade.
o sistema de indução.

3-6
Figura 3-4 Venturi simples.

O fluxo de ar que passa através do sis- Figura 3-5 Ação aceleradora.


tema de indução ocorre da mesma maneira.
Quando o pistão move o eixo de atuação no Medição e descarga de combustível
sentido da admissão, a pressão no cilindro é
reduzida. Na ilustração é mostrada a descarga do
O ar é lançado através do carburador e é combustível na corrente de ar (figura 3-6),
admitido na tubulação principal para o cilindro, localizada na entrada através da qual o
devido a maior pressão na entrada do carbura- combustível entra no carburador, vindo da
dor. Mesmo um motor supercarregado com alta bomba mecanicamente acionada ( acionada
pressão no duto principal, será mantida baixa pelo motor ).
pressão.
A pressão atmosférica na entrada de ar,
empurra- o através do carburador para a entrada
supercarregada.
A válvula aceleradora está localizada
entre o Venturi e o motor.
Ligações mecânicas conectam esta vál-
vula com a manete de aceleração na cabine de
comando.
Através dos meios de aceleração, o flu-
xo de ar para os cilindros é regulado e controla
a potência de saída do motor. (Esta é a válvula
de aceleração no carburador de seu automóvel Figura 3-6 Descarga de combustível
que abre quando você "pisa no pedal do acele-
rador".) A válvula de agulha operada por bóia
Na verdade, quanto mais ar é admitido regula o fluxo através da entrada, e esta via
para o motor, o carburador automaticamente mantém o nível correto na câmara de combus-
supre a gasolina adicional, suficiente para tível. Este nível deve ficar ligeiramente abaixo
manter a correta razão combustível/ar.A válvula da saída do injetor de descarga, para prevenir
aceleradora faz uma pequena obstrução na pas- transbordamento quando o motor não estiver
sagem do ar quando está em paralelo com o funcionando.
fluxo. Esta é a posição totalmente aberta. A O injetor de descarga é localizado na
ação aceleradora é ilustrada na figura 3-5. garganta do Venturi, no ponto onde ocorre a
Nota-se que a restrição no fluxo de ar é maior queda de pressão quando o ar passa atra-
maior quanto mais fechada estiver a válvula. vés do carburador para os cilindros do motor.
Portanto, são duas pressões diferentes atuando
no combustível no carburador - a baixa pressão

3-7
no injetor de descarga e a alta pressão ( at- baixa e deverá ocorrer uma pequena queda na
mosférica) na câmara de flutuação. pressão.
A alta pressão na câmara de flutuação Consequentemente, o diferencial de
força o combustível através do injetor de des- pressão não é suficiente para operar o sistema
carga para a massa de ar. Se o acelerador ( principal de medição, e nenhum combustível é
válvula de aceleração) é totalmente aberto para descarregado para o sistema. Por este motivo, a
aumentar o fluxo de ar para o motor, haverá maioria dos carburadores possui um sistema de
uma grande queda de pressão na garganta do marcha lenta para suprir combustível nas baixas
Venturi. Por causa da alta pressão diferencial, a velocidades do motor.
descarga de combustível é aumentada em pro- O sistema de aceleração supre o motor
porção ao aumento do fluxo de ar. Se o acelera- com combustível extra durante o aumento na
dor é movido no sentido da posição potência do motor. Quando o acelerador é aber-
"FECHADA", o fluxo de ar e o fluxo de com- to para obter mais tração do motor, o fluxo de ar
bustível diminuem. através do carburador aumenta. O sistema prin-
O combustível deve passar através do cipal de medição neste momento aumenta a
jato medido (figura 3-6) para chegar ao injetor descarga de combustível.
de descarga. O tamanho deste jato determina a Durante a aceleração rápida, o aumento
razão da descarga de combustível para cada do fluxo de ar é rápido num tempo curto, não
pressão diferencial. Se o jato é substituído por sendo suficiente para aumentar a descarga de
um maior, o fluxo de combustível aumentará, combustível na razão correta de mistura com o
resultando em uma mistura rica. Se um jato me- novo fluxo de ar. Através do suprimento extra
nor é fornecido, isto deverá diminuir o fluxo de de combustível durante este período, o sistema
combustível e empobrecer a mistura. de aceleração previne o empobrecimento da
mistura e permite uma aceleração uniforme.
SISTEMAS DO CARBURADOR O sistema de controle de mistura deter-
mina a razão de combustível para o ar na mistu-
Para proporcionar ao motor operação ra. Através de meios de controle na cabine de
sobre várias cargas e diferentes velocidades, comando, o mecânico, piloto ou mecânico de
cada carburador possui seis (6) sistemas: vôo podem selecionar a razão de mistura ajus-
tando para as condições operacionais. Em adi-
1 - Medidor principal; ção a estes controles manuais, muitos carbura-
2 - Marcha lenta; dores possuem controles automáticos de mistura
3 - Acelerador; para que a razão combustível/ar, uma vez sele-
4 - Controle de mistura; cionada, não troque com as variações na densi-
5 - Corte de lenta; dade do ar. Isto é necessário, porque o avião
6 - Potência de enriquecimento ou economi- sobe e a pressão atmosférica diminui, corres-
zador. pondendo a diminuição no peso do ar que passa
Cada um desses sistemas possui uma através do sistema de indução.
função definida, podendo atuar sozinho com O volume, contudo, permanece constan-
um ou mais de um dos outros. te, o carburador tende a manter a mesma massa
O sistema de medição principal fornece de combustível para este ar rarefeito, como para
combustível para o motor em todas as velocida- o ar mais denso ao nível do mar. Deste modo, a
des acima de marcha- lenta. tendência natural desta mistura é tornar-se rica
O combustível descarregado por este sis- quando o avião ganhar altitude. O controle au-
tema é determinado pela queda de pressão na tomático de mistura previne isto através da re-
garganta do Venturi. dução da razão da descarga de combustível,
Um sistema em separado é necessário para compensar esta diminuição da densidade
para a marcha lenta, porque o sistema principal do ar.
de medição não é confiável nas velocidades O carburador possui um sistema de corte
muito baixas do motor. Nas baixas velocidades de lenta para que o combustível possa ser corta-
o acelerador está perto de fechado. Como resul- do na parada do motor. Este sistema, incorpora-
tado, a velocidade do ar através de Venturi é do ao controle manual de mistura, corta a des-
carga do combustível do carburador completa-

3-8
mente, quando a manete de controle de mistura máximo de força e ajudar a refrigeração do mo-
é colocada na posição " IDLE CUT OFF ". tor.
Em alguma discussão do sistema de O sistema de enriquecimento automático
corte de lenta, esta questão usualmente vem a causa a troca necessária na razão combus-
tona. Porque o motor de um avião é parado a- tível/ar. Essencialmente, isto é uma válvula que
través do corte de combustível e não pelo siste- é fechada para as velocidades de cruzeiro, e
ma de ignição? Para responder esta questão, é aberta para suprir combustível a mais para a
necessário que se examine o resultado de ambos mistura nas operações com alta potência.
os métodos. Se a ignição é desligada com o Através deste aumento do fluxo de com-
carburador mantendo o suprimento de bustível nas altas trações, o sistema de enrique-
combustível, a nova mistura combustível/ar cimento é atualmente um meio de economizar
continua a passar através do sistema de indução combustível. Sem este sistema, seria necessário
para os cilindros, e com isto o motor demora a operar o motor com mistura rica durante toda a
parar. Se o motor estiver excessivamente variação de potência. A mistura deve ser tão
quente, esta mistura de combustível pode conti- rica quanto necessário na velocidade de cru-
nuar queimando através de pontos quentes nas zeiro, para assegurar uma operação segura na
câmaras de combustão, e o motor pode manter- tração máxima.
se funcionando ou funcionando irregularmente. O sistema de enriquecimento de potência
Novamente, a mistura pode passar para fora do é chamado de "economizador" ou um "compen-
cilindro sem ser queimada, mas ser inflamada sador de potência ".
no tubo quente de escape. Apesar dos vários sistemas, que devem
Frequentemente, contudo, o motor pode- ser discutidos separadamente, o carburador fun-
rá ter uma parada aparentemente normal, mas ciona como uma unidade. O fato de um sistema
ter mistura de combustível nas passagens de estar em operação não necessariamente previne
indução, nos cilindros e nos sistemas de descar- o funcionamento de outro.
ga. Esta é uma condição insegura, desde que o Ao mesmo tempo que o sistema princi-
motor possa se manter funcionando irregular- pal de medição descarrega combustível em pro-
mente após ter parado, causando sérios danos porção para o fluxo de ar, o sistema de controle
para alguém perto da hélice. de mistura determina se a mistura resultante
Quando o motor é cortado por meio do deverá ser RICA ou POBRE.
sistema de corte de lenta, as velas de ignição Se o acelerador for bruscamente aberto,
continuam a centelhar na mistura ar/combustível os sistemas de aceleração e enriquecimento de
até que a descarga de combustível do carburador potência atuam para adicionar combustível ao
cesse. Isto apenas deverá evitar que o motor que está sendo descarregado, através do sistema
pare com mistura de combustível nos cilindros. principal de medição.
Alguns fabricantes de motor sugerem
que pouco antes das hélices pararem de girar, o TIPOS DE CARBURADOR
acelerador seja totalmente aberto para que os
pistões possam bombear ar fresco através do Na discussão dos princípios básicos do
sistema de indução, dos cilindros, e do sistema carburador, o combustível era mostrado arma-
da descarga. Após o motor estar completamente zenado na cuba de bóia, e descarregado pelo
parado, a chave de ignição é retornada para a injetor localizado na garganta do Venturi. Com
posição "OFF". adição de alguns poucos detalhes para torná-lo
O sistema de enriquecimento de potência mais viável, isto torna o sistema principal de
automaticamente aumenta o volume de combus- medição em um carburador tipo BÓIA.
tível da mistura durante a operação com alta Este tipo de carburador, completo com
potência. Desta maneira, é possível fazer a vari- sistemas de marcha lenta, acelerador, controle
ação da razão combustível/ar necessária para as de mistura, corte de marcha lenta, e sistemas de
diferentes condições operacionais. Nas veloci- enriquecimento, é provavelmente o mais comum
dades de cruzeiro, misturas pobres são desejá- de todos os tipos de carburador.
veis por razões econômicas, enquanto em alta Contudo, o carburador tipo bóia possui
potência a mistura deve ser rica para obter o várias desvantagens. Em primeiro lugar, é só

3-9
imaginar o efeito que a operação brusca tem zido na massa de ar. Isto frequentemente ocorre
sobre a ação da bóia. Em segundo lugar, o fato naqueles sistemas onde o combustível é injetado
que este combustível deve ser descarregado em na corrente de ar do acelerador do carburador,
baixa pressão, conduzindo uma vaporização como no caso dos carburadores tipo bóia.
incompleta, e dificultando a descarga de com- Motores que empregam "SPINNER" ou
bustível em alguns tipos de sistemas sobrecarre- impelidor de injeção de combustível estão livres
gados. A principal desvantagem do carburador deste tipo de gelo, exceto aqueles que possuem
de bóia, contudo, é sua tendência a congela- aletas de curva ( para trocar a direção do fluxo)
mento. na entrada para o impelidor. Neste tipo, o gelo
Desde que o carburador de bóia deva pode ser depositado nas aletas de curva. Gelo de
descarregar combustível no ponto de baixa pres- refrigeração pode ser formado em temperaturas
são, o injetor de descarga deve estar localizado de ar acima de 100ºF em torno da maior varia-
na garganta do Venturi e a válvula aceleradora ção nas condições de umidade da atmosfera,
deve estar no motor ao lado do injetor de des- igual a umidade relativa favorável abaixo de
carga. Isto quer dizer que a queda de temperatu- 100%. Geralmente, o gelo da evaporação do
ra, devido a vaporização do combustível, tem combustível tenderá a acumular-se no injetor de
lugar dentro do Venturi. Como resultado, o distribuição do combustível, nas aletas de curva,
gelo forma-se rapidamente no Venturi e na vál- e em qualquer protuberância no carburador. Este
vula aceleradora. tipo de gelo pode baixar a pressão do duto prin-
O carburador tipo pressão, descarrega o cipal, interferir com o fluxo de combustível, e
combustível na massa de ar a uma pressão bem afetar a distribuição da mistura.
acima da atmosférica. Isto resulta na melhor O gelo na borboleta do acelerador é for-
vaporização, e permite a descarga do combustí- mado no lado traseiro, usualmente quando a
vel na massa de ar do motor ao lado da válvula borboleta está parcialmente na posição
aceleradora. "FECHADA". A precipitação de ar através e ao
Com o injetor de descarga localizado redor da válvula de borboleta causa baixa pres-
neste ponto, a queda da temperatura devido a são no lado traseiro. Isto determina uma pressão
vaporização do combustível se dá após o ar ter diferencial, com a qual temos o efeito de refri-
passado a válvula aceleradora neste ponto, onde geração na carga combustível / ar. Umidade
o aquecimento do motor tende a compensar o congelada nesta área de baixa pressão é coleta-
problema. Portanto, o perigo do combustível da como gelo.
vaporizado congelar está praticamente elimina- O gelo da borboleta tende a acumular-se
do. na passagem restrita. A ocorrência de uma pe-
Os efeitos da rápida atuação e do ar irre- quena quantidade de gelo pode causar uma re-
gular nos carburadores tipo pressão são negli- dução no fluxo de ar e no duto principal de
genciáveis, desde que as câmaras permaneçam pressão. Um acumulo grande de gelo pode cau-
preenchidas (cheias) sobre todas as condições sar trancamento dos aceleradores e uma condi-
operacionais. ção de ficarem inoperantes. Gelo nos ace-
leradores raramente ocorrem em temperaturas
CONGELAMENTO DO CARBURADOR acima de 38ºF.
O gelo de impacto é formado através da
Existem três (03) classificações gerais presença de água na atmosfera em forma de
de congelamento de carburador que são comuns neve, chuva ou líquido de refrigeração, que é
para todas as aeronaves: condensado nas superfícies que chegam a tem-
peraturas abaixo de 30ºF. Devido aos efeitos de
(1) gelo na evaporação do combustível inércia, o gelo de impacto se forma perto da
(2) gelo na borboleta do acelerador superfície que troca a direção do fluxo de ar.
(3) gelo de impacto Este tipo de gelo pode formar-se na curva in-
terna, no filtro do carburador e nos elementos de
Gelo na evaporação do combustível, ou medição. O mais perigoso gelo de impacto é
gelo na refrigeração é formado por causa da aquele que se forma no filtro do carburador e
diminuição na temperatura de ar, resultante da causa um rápido estrangulamento do fluxo de ar
evaporação do combustível após ele ser introdu- e da potência. Em geral, o perigo do gelo de im-

3-10
pacto existe apenas quando ele se forma-se nos Mecanismo da bóia
bordos de ataque da estrutura do avião.
Sob certas condições, o gelo pode entrar A câmara de flutuação está colocada
no carburador em estado comparativamente entre o suprimento de combustível e o sistema
seco, não aderindo ao filtro ou paredes; por isso, de medição do carburador. A câmara de flutua-
não afetando o fluxo de ar do motor ou a pres- ção fornece um nível de combustível aproxima-
são do duto principal. damente constante para o injetor principal de
Este gelo pode entrar no carburador e, descarga.
gradualmente, obstruir passagens, e afetando Este nível é usualmente em torno de 1/8
suas características de medição. de polegada abaixo dos orifícios no injetor prin-
cipal de descarga.
O nível de combustível deve ser mantido
CARBURADORES TIPO BÓIA ligeiramente abaixo dos orifícios de saída do
injetor de descarga, para manter a correta quan-
Um carburador tipo bóia consiste essen- tidade de fluxo de combustível, e para prevenir
cialmente de uma passagem principal de ar, vazamento de combustível pelo injetor quando o
através da qual o motor extrai seu suprimento de motor estiver parado.
ar, um mecanismo para controle de quantidade O nível do combustível na câmara de
de combustível descarregado em relação ao flu- flutuação é mantido aproximadamente constan-
xo de ar, e um modo de regulagem da quantida- te, por meio de uma válvula de agulha operada
de da mistura combustível / ar liberado para os pela bóia e uma sede.
cilindros do motor. A sede da agulha é usualmente feita em
As partes essenciais do carburador tipo bronze.
bóia estão ilustrados na figura 3-7 . Estas partes A válvula de agulha é construída de aço
são: duro, ou pode ter uma seção de borracha sintéti-
ca, a qual serve de sede. Com a câmara de flutu-
ação sem combustível, a bóia cai para a parte
inferior da câmara e mantém a válvula de agu-
lha totalmente aberta.
Quando o combustível é admitido da
linha de suprimento, a bóia se eleva, fechando a
válvula quando o combustível chega ao nível
pré-determinado.
Quando o motor está funcionando e o
combustível está sendo arrastado para fora da
câmara de flutuação, a válvula assume uma po-
sição intermediária até que a abertura da válvula
seja suficiente para suprir a quantidade de com-
bustível suficiente e manter o nível constante.
Com o combustível no nível correto, a
razão de descarga é controlada corretamente
Figura 3-7 Carburador tipo bóia. pela velocidade do ar, através do carburador e
da pressão atmosférica, na parte superior do
(1) O mecanismo da bóia e sua câmara. combustível na câmara de flutuação.
A ventilação, ou pequena abertura, na
(2) O sistema principal de medição. parte superior da câmara de flutuação, libera o
ar para entrar ou sair da câmara quando o nível
(3) O sistema de marcha lenta.
de combustível se eleva ou cai.
(4) O sistema de controle de mistura. Esta passagem de ventilação é aberta pa-
ra a tomada de ar do motor; deste modo, a pres-
(5) O sistema de aceleração. são do ar na câmara é sempre a mesma da exis-
(6) O sistema economizador. tente no ar de admissão.

3-11
Sistema principal de medição trada atua no ar que passa através da garganta
do carburador. Devido a esta diferença na pres-
O sistema principal de medição fornece são entre a atmosfera e o duto principal de ad-
combustível para o motor em todas as velocida- missão, o ar deverá fluir da entrada de ar através
des acima da marcha- lenta, e consiste de: da garganta do carburador para o duto principal
de admissão. O volume do fluxo de ar depende
(1) Venturi do grau de abertura do acelerador.
Quando o ar flui através do Venturi, sua
(2) Jato principal de medição velocidade aumenta. Esta velocidade cria uma
(3) Injetor principal de descarga área de baixa pressão na garganta do Venturi.
(4) Passagem direcional para o sistema de mar- O injetor de descarga de combustível é exposto
cha lenta para esta baixa pressão.
(5) Válvula de aceleração (borboleta) Visto que a câmara de flutuação é venti-
lada para a pressão atmosférica, uma pressão
Visto que a válvula aceleradora controla baixa ao redor do injetor de descarga é criada.
a massa do fluxo de ar através do Venturi do Esta diferença de pressão, ou força de medição,
carburador, ela pode ser considerada a maior é que causa o fluxo de combustível do injetor de
unidade no sistema principal de medição, assim descarga.
como nos outros sistemas do carburador. O combustível sai do injetor como uma
Um típico sistema principal de medição fina névoa (atomizado), e minúsculas partículas
é ilustrado na figura 3-8. de combustível da névoa rapidamente se vapori-
O Venturi executa 3 funções: zam no ar.
A força de medição na maioria dos car-
(1) Dosa a mistura combustível / ar buradores é aumentada quando a abertura do
acelerador é aumentada. Uma queda de pressão
(2) Diminui a pressão no injetor de descarga de pelo menos 0,5 pol de Hg é necessária para
(3) Limita o fluxo de ar em tração máxima elevar o combustível no injetor de descarga, até
o nível onde ele será descarregado na massa de
ar.
Nas baixas velocidades do motor, quan-
do a força de medição é consideravelmente
reduzida, o combustível liberado para o injetor
de descarga deve diminuir se uma sangria de ar
( jato de medição de ar) não estiver incorporada
ao carburador.
A redução do fluxo de combustível em
relação ao fluxo de ar é devido a dois fatores:

(1) O combustível tende a aderir às paredes do


injetor de descarga, e ocorrem precipitações
de grandes gotas ao invés da névoa fina, e

Figura 3-8 Sistema principal de medição. (2) Uma parte da força de medição é ne-
cessária, para elevar o nível de combustível
O injetor de descarga de combustível do nível da câmara de flutuação, para a saí-
está localizado na garganta do carburador, de da do injetor de descarga.
modo que sua abertura fique na passagem de
combustível, entre a câmara de flutuação e o O princípio básico de sangria de ar pode
injetor de descarga, para limitar o fluxo de com- ser explicado através de diagramas simples,
bustível quando a válvula aceleradora estiver como mostrado na figura 3-9. Em cada caso, o
totalmente aberta. Quando o eixo de manivelas mesmo grau de sucção é aplicado no tubo verti-
é girado com o acelerador do carburador aberto, cal colocado no recipiente do líquido. A sucção
a baixa pressão criada no duto principal de en- aplicada na parte superior do tubo é suficiente

3-12
para manter o líquido a uma distância em torno dade do motor, ou potência de força, pela regu-
de 1 polegada, acima da superfície. lagem do fluxo de ar para o motor.
A válvula é um disco que pode girar
num eixo, de modo a abrir ou fechar a passagem
de ar do carburador. Quando mais de uma vál-
vula aceleradora (borboleta) é necessária, elas
podem ser colocadas no mesmo eixo de acelera-
ção ou em eixos separados. No último caso, é
necessário testar a uniformidade de abertura ou
sincronização.

Figura 3-9 Princípio da sangria de ar. Sistema de marcha lenta

Se um pequeno furo é feito no lado do Com a borboleta do carburador fechada


tubo, acima da superfície do líquido, como na nas velocidades de marcha lenta, a velocidade
opção "B", e a sucção é aplicada, bolhas de ar de ar através do venturi é tão baixa que não po-
deverão entrar no tubo; e o líquido deverá ser de arrastar o combustível suficiente do injetor
arrastado para cima, em uma série contínua de principal; este fato pode parar a atomização do
pequenas bolhas ou gotas. Portanto, sangria de combustível completamente. Contudo, a baixa
ar entra no tubo e reduz parcialmente a força, pressão (sucção do pistão) existe no motor ao
tendendo a retardar o fluxo de líquido através do lado da borboleta.
tubo. Contudo, uma abertura grande no fundo Para permitir que o motor opere em
do tubo efetivamente previne que algum volume marcha lenta, uma passagem de combustível é
de sucção seja exercido no orifício de sangria de incorporada para a descarga de combustível de
ar ou ventilação. uma abertura na área de baixa pressão, próximo
Similarmente, o orifício de sangria de ar, da borda da borboleta do carburador . Esta aber-
que está muito grande em proporção a medida tura é chamada jato de marcha lenta. Com a
do tubo, deve reduzir a sucção disponível para borboleta aberta o suficiente, de modo que o
levantar o líquido. Se o sistema é modificado injetor principal de descarga esteja operando, o
através da colocação de um furo calibrado no combustível não sai do sistema de marcha len-
fundo do tubo, e o ar é tomado abaixo do nível ta. Tão logo a borboleta é fechada, o suficiente
do combustível através de um tubo de sangria para parar a atomização do injetor principal de
de ar, há uma divisão entre o ar e o líquido no descarga, o combustível flui do sistema de mar-
tubo, como mostrado na opção "C". cha lenta.
No carburador, uma pequena sangria de
ar é introduzida no injetor de combustível, ligei-
ramente abaixo do nível. O terminal da abertura
do ar de sangria está no espaço atrás da parede
do venturi, onde o ar é relativamente sem mo-
vimento.
A baixa pressão na ponta do injetor não
apenas arrasta o combustível da câmara de flu-
tuação, mas também arrasta o ar de trás do ven-
turi.
O ar sangrado para o sistema principal
de medição de combustível, diminui a densidade
deste, e destrói a tensão da superfície. Isto resul-
ta em melhor vaporização e controle da descar-
ga de combustível, especialmente nas baixas Figura 3-10 Sistema de marcha lenta.
velocidades do motor.
Uma sangria de ar separada, conhecida
O acelerador, ou válvula borboleta, está
como ar de sangria de marcha lenta, é incluída
localizado na parte inferior do tubo de Venturi.
como parte do sistema de marcha lenta. O
Isto proporciona um meio de controle da veloci-

3-13
funcionamento é o mesmo que o da sangria de
marcha-pincipal. Um mecanismo de ajuste de
mistura de lenta é também incorporado. Um
sistema típico de marcha-enta é ilustrado na
Figura 3-10.

Sstema de controle de mistura

Quando a altitude aumenta, o ar fica


menos denso. Em uma altitude de 18.000 pés, o
ar possui apenas a metade da densidade que
tinha ao nível do mar. O pé cúbico de espaço Figura 3-12 Sistema de controle tipo sucção
contém apenas a metade do mesmo ar a 18.000 traseira.
pés do que ao nível do mar. Um cilindro de mo-
tor cheio de ar a 18.000 pés contêm apenas a Com o sistema tipo agulha, o controle
metade do oxigênio, se comparado ao cilindro manual é fornecido através de uma válvula de
cheio de ar ao nível do mar. agulha na base da câmara de flutuação (figura 3-
A área de baixa pressão criada pelo ven- 11). Esse sistema pode ser aumentado ou dimi-
turi é mais dependente da velocidade do que da nuído através de um controle de ajuste na cabine
densidade do ar. A ação do venturi arrasta o de comando. Movendo o controle para "RICH",
mesmo volume de combustível através do inje- abre-se a válvula de agulha totalmente, o que
tor de descarga, em baixas ou em altas altitudes. permite que o fluxo de combustível seja irrestri-
Por este motivo, a mistura é enriquecida quando to para o injetor. Movendo o controle para
a altitude aumenta. Isto pode ser superado ma- "LEAN", fecha-se uma parte da válvula, e res-
nualmente, ou com um controle automático de tringe-se o fluxo de combustível para o injetor.
mistura. O sistema tipo sucção traseira é o mais
Nos carburadores tipo bóia existem dois usado. Nesse sistema (figura 3-12) um certo
(2) tipos de mecanismos controlados manual- volume de baixa pressão do venturi atua acima
mente da cabine, são em geral usados para con- do combustível na câmara de flutuação, até que
trolar as misturas combustível/ar: o tipo agulha isto se oponha a baixa pressão existente no inje-
e o tipo sucção traseira. Os dois (2) tipos são tor principal de descarga. Uma linha atmosféri-
ilustrados na figura 3-11 e 3-12. ca, incorporando uma válvula ajustável, abre a
entrada para a câmara da bóia.
Quando a válvula está completamente
fechada, a pressão do combustível na câmara de
flutuação e no injetor de descarga são quase
equalizados; e o fluxo de combustível é reduzi-
do para o máximo de mistura pobre. Com a vál-
vula totalmente aberta, a pressão do combustível
na câmara de flutuação é maior; e a mistura de
combustível é enriquecida.
O controle da mistura é feito ajustando-
se a válvula entre estes dois extremos. O qua-
drante na cabine de comando é usualmente mar-
cado "LEAN", perto do batente traseiro; e
"RICH", no batente dianteiro. A posição extre-
ma traseira é marcada com "IDLE CUT OFF" e
é usada quando o motor é cortado.
Nos carburadores tipo bóia, equipados
com controle de mistura tipo agulha, ao colocar
Figura 3-11 Sistema de controle de mistura tipo o controle de mistura na posição de "CORTE
agulha. DE LENTA", a válvula de agulha acomoda-se

3-14
na sua sede, cortando o fluxo de combustível
completamente.
Nos carburadores equipados com con-
trole de mistura tipo succção traseira, uma linha
exclusiva de "CORTE DE LENTA", que con-
duz para um extremo de baixa pressão no lado
do motor da válvula aceleradora, está in-
corporada. (ver a linha pontilhada na figura 3-
12).
O controle da mistura é ligado a essa li-
nha quando é colocado na posição "IDLE
CUTOFF", abrindo outra passagem que co-
manda o pistão de sucção. Quando o controle
da mistura é colocado em outras posições, faz
com que a válvula abra a passagem, conduzindo
para a atmosfera.
Ao parar o motor com tal sistema, fecha- Figura 3-13 Sistema de aceleração.
se a válvula aceleradora, e coloca-se a chave da
mistura na posição "IDLE CUTOFF". O acele- Sistema economizador
rador (borboleta) é mantido fechado até que o
motor tenha parado de girar, voltando a abrir o Para um motor desenvolver o máximo de
acelerador completamente. potência, com o acelerador totalmente aberto, a
mistura de combustível deve ser mais rica do
Sistema de aceleração que a do Cruzeiro. O combustível adicional é
usado para refrigerar o motor e prevenir detona-
Quando a válvula aceleradora é aberta ção.
rapidamente, um grande volume de ar precipita- Um economizador é, essencialmente,
se através da passagem de ar do carburador. uma válvula que é fechada para se colocar abai-
Contudo, a quantidade de combustível que está xo de 60 a 70% da razão de potência. Esse sis-
misturada com o ar é menor que a quantidade tema, assim como o sistema de aceleração, é
normal; devido a razão de resposta lenta do sis- operado pelo controle de aceleração.
tema principal de medição. Como resultado, Um sistema economizador típico é mos-
depois da rápida abertura do acelerador, a mis- trado na figura 3-14, consiste de uma válvula de
tura combustível/ar empobrece momentanea- agulha que começa na abertura, quando a válvu-
mente. la aceleradora chega a um determinado ponto
Para vencer esta tendência, o carburador perto da posição de abertura máxima.
é equipado com uma pequena bomba de com-
bustível, chamada bomba de aceleração. Um
tipo comum de sistema de aceleração, usado no
carburador de bóia, é ilustrado na figura 3-13.
Esse sistema consiste de uma bomba de
pistão simples, operado através de haste pelo
controle do acelerador, e uma linha abrindo no
sistema principal de medição ou na garganta
perto do venturi.
Quando o acelerador é fechado, o pistão
se move para baixo, e o combustível enche o
cilindro.
Se o pistão é empurrado para frente, len-
tamente, ele vaza através de uma passagem para
a câmara de flutuação; mas se for empurrado Figura 3-14 Sistema economizador tipo válvula
rapidamente, irá emitir uma carga de com- de agulha.
bustível, e enriquecer a mistura no Venturi.

3-15
Como o acelerador continua a abrir, a
válvula de agulha abrirá, e um combustível adi-
cional fluirá através dela. Esse combustível adi-
cional suplementa o fluxo do jato principal de
medição diretamente para o injetor principal de
descarga.
Um sistema economizador, operado por
pressão, é mostrado na figura 3-15. Este tipo
possui uma cápsula selada localizada no com-
partimento interno. O compartimento é ventila-
do para o duto principal de pressão do motor.
Quando a pressão do duto chega a um certo va-
lor, a cápsula é comprimida e abre a válvula na
passagem de combustível no carburador, suple-
mentando a quantidade normal de combustível
que é descarregada através do injetor principal.

Figura 3-16 Sistema economizador do tipo suc-


ção traseira.

O combustível medido é acompanhado por um


posicionamento relativo entre um dos cantos do
rasgo na cavidade da válvula medidora, e um
dos cantos do rasgo na luva de medição. Mo-
vendo o controle de mistura, para reduzir o ta-
manho do rasgo, obtém-se uma mistura pobre
para compensação de altitude.

Figura 3-15 Sistema economizador operado por CARBURADORES DE INJEÇÃO DE


pressão. PRESSÃO

Outro tipo de economizador é o sistema Os carburadores de injeção de pressão


de sucção traseira mostrado na figura 3-16. A são distintamente diferentes dos carburadores
economia de combustível em Cruzeiro é pro- tipo bóia, sendo assim, eles não têm incorporada
porcionada pela redução da pressão efetiva de uma ventilação na câmara de flutuação ou pic-
atuação no nível de combustível, no comparti- kup de sucção do injetor de descarga, localizado
mento da bóia. Com a válvula aceleradora na no tubo de venturi. Em lugar disso, um sistema
posição de Cruzeiro, a sucção é aplicada na câ- de pressurização de combustível é fornecido, e
mara de flutuação através de um orifício eco- fechado da bomba combustível do motor para
nomizador, e através do jato e do canal econo- o injetor de descarga.
mizador tipo sucção traseira. O venturi serve apenas para criar uma
A sucção, assim aplicada na câmara de pressão diferencial, a fim de controlar a quanti-
flutuação, opõe-se a sucção do injetor aplicada dade de combustível para o jato, medido em
pelo venturi. O fluxo de combustível é reduzido, proporção ao fluxo de ar para o motor.
desse modo empobrecendo a mistura para a e-
conomia em Cruzeiro. Carburador de injeção típico
Outro tipo de sistema de controle de
mistura usa uma válvula medidora, que é livre O carburador de injeção é um me-
para girar em uma luva de medição estacionária. canismo hidromecânico, empregando um siste-
O combustível entra nos sistemas princi- ma de alimentação fechada, da bomba de com-
pal e de lenta, através de um rasgo feito na luva bustível para o injetor de descarga. Esse carbu-
de mistura (mixture sleeve). rador mede o combustível através do jato, de

3-16
acordo com a massa de fluxo de ar, e através do
corpo da aceleradora, descarregando sob pres-
são positiva.
A ilustração na figura 3-17 representa
um carburador do tipo pressão simplificado.
Para ser melhor entendido são mostradas apenas
as partes básicas.
Nota-se que as duas pequenas passagens,
uma conduzindo a entrada de ar do carburador
para o lado esquerdo do diafragma flexível; e o
outra, da garganta do venturi para o lado direito
do diafragma.
Quando o ar passa através do carburador
para o motor, a pressão na direita do diafragma
é liberada por causa da queda da pressão na
garganta do venturi. Como resultado, o dia-
fragma move-se para a direita, abrindo a válvula
de combustível.
A pressão da bomba acionada pelo mo-
tor força o combustível através da abertura da Figura 3-17 Carburador tipo pressão.
válvula para o injetor de descarga, onde será
pulverizado na massa de ar. A distância da a- Essa baixa pressão é ventilada para o la-
bertura da válvula de combustível é determinada do de baixa pressão do diafragma de ar (câmara
pela diferença entre as duas pressões atuantes “B”, figura 3-18 ), no conjunto regulador. Os
no diafragma. Essa diferença de pressão é tubos de impacto do carburador sentem a pres-
proporcional ao fluxo de ar através do são do ar de entrada e o direcionam para o con-
carburador. Portanto, o volume de fluxo de ar trole automático de mistura, que mede a densi-
determina a razão do combustível de descarga. dade do ar.
O carburador tipo injeção de pressão é Do controle automático de mistura, o ar
composto das seguintes unidades: é direcionado para o lado de alta pressão do
diafragma (câmara “A”). A pressão diferencial
(1) Corpo do acelerador . das duas câmaras, que atuam sobre o diafragma
(2) Controle automático de mistura. de ar, é conhecida como a força de medição do
ar que abre a válvula "POPPET" de combustí-
(3) Unidade Reguladora. vel.
(4) Unidade de controle de combustível; algu- O corpo do acelerador controla o fluxo
mas são equipadas com um adaptador. de ar com as válvulas aceleradoras; estas podem
ser de tipo retangular ou em forma de disco,
Corpo do acelerador dependendo do projeto do carburador.
As válvulas são montadas em um eixo,
O corpo do acelerador contém as válvu- que é conectado por haste na válvula de lenta, e
las de borboleta, o venturi principal, venturi de no controle de aceleração na cabine de coman-
apoio e tubos de impacto. Todo o ar que entra do. O acelerador possui um batente de curso
nos cilindros deve fluir através do corpo do ace- para a válvula aceleradora e um ajuste que regu-
lerador; por isso, este é o controle de ar e o meio la a velocidade de marcha lenta do motor.
de medição. O fluxo de ar é medido pelo volu-
me e peso, assim como a quantidade própria de Unidade reguladora
combustível, que pode ser adicionada para man-
ter a demanda do motor em todas as condições. O regulador (figura 3-18) é uma unida-
Como o ar flui através do venturi, sua de controlada por diafragma, e dividido em cin-
velocidade é aumentada, e sua pressão é co câmaras, contendo dois diafragmas regulado-
diminuída (princípio de BERNOULLI). res e o conjunto da válvula "POPPET".

3-17
A câmara “A” tem pressão regulada da válvula "POPPET", permitindo que mais com-
entrada de ar. A câmara “B” é o reforço de bustível entre na câmara “D”.
pressão do venturi. A câmara “C” contém com- A pressão na câmara “C” é mantida
bustível medido com pressão controlada pelo constante em 5 P.S.I. (10 P.S.I. na mesma insta-
injetor de descarga, ou pela válvula de alimen- lação) pelo injetor de descarga, ou pela válvula
tação de combustível. impelidora de alimentação de combustível. Por
A câmara “D” contém combustível não esse motivo, o conjunto do diafragma e a válvu-
medido com pressão controlada pela abertura da la "POPPET" deverão se mover na direção da
válvula "POPPET". A câmara “E” tem a pressão abertura, até que a pressão na câmara “D” che-
da bomba de combustível, controlada pela vál- gue a 5 1/4 P.S.I. Sob essas pressões, há uma
vula de alívio de pressão da bomba de combus- condição balanceda do conjunto de diafragma
tível. O conjunto da válvula "POPPET" é conec- com uma queda de pressão de 1/4 P.S.I., ao
tado por uma haste aos dois diafragmas princi- redor dos jatos na unidade de controle de com-
pais de controle. bustível (AUTO-RICO ou AUTO-POBRE).

Unidade de controle de combustível

A unidade de controle de combustível


(figura 3-19) é fixada no conjunto do regulador,
e contém todos os jatos e válvulas de medição.
As válvulas de lenta e de enriquecimento de
força, junto com as lâminas de controle de mis-
tura, selecionam as combinações de jatos para
as várias ajustagens, sendo, AUTO-RICO,
AUTO-POBRE e CORTE DE LENTA.

Figura 3-18 Unidade reguladora.

O filtro de combustível do carburador,


localizado na entrada da câmara “E”, é uma fina
malha filtrante, através da qual todo o combus-
tível deve passar quando entra na câmara “D”.
O filtro deve ser removido e limpo nos interva-
los previstos.
O propósito da unidade reguladora é Figura 3-19 Unidade de controle de combustí-
ajustar a pressão do combustível para o lado de vel.
entrada dos jatos, medidos na unidade de con-
trole. Se o injetor de pressão (pressão de câ-
Essa pressão é automaticamente regula- mara “C”) elevar-se para 5 1/2 P.S.I., o conjunto
da de acordo com a massa do fluxo de ar para o do diafragma de balanceamento deverá ser ele-
motor. vado, e o conjunto de diafragma deverá se mo-
Tomando-se como referência a figura 3- ver para abrir a válvula "POPPET", restabele-
18, assume-se que para ser dado o fluxo de ar cendo a pressão necessária de 5 3/4 P.S.I. na
em libras/hora através do corpo do acelerador e câmara “D”.
venturi, a pressão negativa de 1 / 4 P.S.I. é esta- Desse modo, a pressão diferencial de 1/4
belecida na câmara “B”. P.S.I. entre a câmara “C” e a câmara “D” é rees-
Isto tende a mover o conjunto do diafragma e a tabelecida, e a pressão cai ao redor dos jatos de
válvula "POPPET" na direção de abertura da medição, e deverá permanecer a mesma.

3-18
Se a pressão de entrada do combustível é em que o "VAPOR VENT" é instalado, ele se
aumentada ou diminuída, o fluxo de combustí- eleva para a parte superior da câmara, deslocan-
vel dentro da câmara “D” tenderá a aumentar do o combustível e baixando seu nível.
ou diminuir com a troca de pressão, fazendo Quando o nível de combustível chega a
com que ocorra o mesmo com a câmara “D”. uma predeterminada posição, a bóia (que flutua
Isto elevará a condição de equilíbrio previamen- no combustível ) puxa a válvula do "VAPOR
te estabelecida, e a válvula "POPPET" e o con- VENT" para a posição fechada sobre sua sede,
junto do diafragma, responderão através do mo- permitindo que o vapor na câmara escape atra-
vimento para aumentar ou diminuir o fluxo para vés do assentamento da ventilação de vapor, da
reestabelecer a pressão diferencial de 1/4 P.S.I.. linha de conexão, e retornando para o tanque de
Quando as lâminas de controle de mistu- combustível.
ra são movidas de AUTO-POBRE para AUTO- Se a válvula de "VAPOR VENT" tranca
RICO, ou vice-versa, selecionam os diferentes na posição fechada, ou a linha de ventilação do
ajustes dos jatos, que podem cortar uma ou duas "VAPOR VENT" para o tanque de combustível
entradas ou saídas do sistema, ocasionando a for obstruída, a ação de diminuição de vapor
mudança do fluxo de combustível. Contudo, cessará. Isto fará com que o vapor aumente
quando a posição da mistura é alterada, o dia- dentro do carburador e, por extensão, passe atra-
fragma e o conjunto da válvula "POPPET" serão vés dos jatos medidores com o combustível.
reposicionados para manter a pressão diferenci- Com o tamanho dado ao jato medidor do
al, estabelecida de 1/4 P.S.I. entre as câmaras carburador, a medição do vapor deverá reduzir a
“C” e “D”, mantendo a diferencial estabelecida quantidade do combustível medido. Isto deverá
através dos jatos. causar a saída de uma mistura combustível/ar
Sob baixos ajustes de potência (baixos pobre, usualmente intermitente.
fluxos de ar), a diferença de pressão criada pelo Se a válvula de "VAPOR VENT" trancar
venturi reforçador não é suficiente para acomo- em aberta, ou a bóia da "VAPOR VENT", ali-
dar uma regulagem consistente de combustível. nhar com o combustível e afundar, um fluxo
Por isso, uma mola de lenta, mostrada na figura contínuo de combustível e vapor ocorrerá atra-
3-18, é incorporada ao regulador. vés da linha de ventilação. Isto é importante
Assim que a válvula "POPPET" move-se para detectar esta condição, com o fluxo de
em direção à posição fechada, ela contacta a combustível do carburador suprindo o tanque
mola de lenta. A mola mantém a válvula que pode causar o transbordamento com o resul-
"POPPET" fechada e fora do seu assentamento, tado do aumento de consumo de combustível.
o bastante para fornecer mais combustível ne- Para se testar o sistema de ventilação,
cessário para a lenta. Esta mistura potencial- desconecta-se a linha do "VAPOR VENT" onde
mente super-rica é regulada pela válvula de len- é fixada no carburador, ligando a bomba refor-
ta. çadora de combustível ( BOOSTER PUMP ), ao
Na velocidade lenta, a válvula de lenta mesmo tempo que se observa a conexão da
restringe o fluxo de combustível para a quanti- "VAPOR VENT" no carburador. Move-se o
dade apropriada. Nas altas velocidades, esta é controle de mistura do carburador para "AUTO-
retirada da passagem de combustível e não pos- RICH"; então retorna-se para corte de lenta (
sui efeito de medição. IDLE CUT
Sistemas de eliminação de vapor OFF ).
(VAPOR VENT) são instalados nestes carbura- Quando a bomba de combustível ( FUEL
dores para eliminar o vapor de combustível, BOOSTER PUMP ) é ligada, deverá ocorrer
criado pela bomba, aquecido no compartimento uma ejeção inicial de combustível e ar, seguidos
do motor, e a queda de pressão através da vál- pelo corte com não mais do que um constante
vula "POPPET". gotejamento da conexão de ventilação. Nas ins-
O "VAPOR VENT" é localizado na en- talações onde a sangria é fixada na câmara “D”,
trada do combustível (Câmara “E”), ou em al- é conectada para a "VAPOR VENT" na entrada
guns modelos de carburadores em ambas as de combustível por uma curta linha externa, e
câmaras “D” e “E”. logo haverá uma ejeção inicial de combustível e
O sistema de "VAPOR VENT" opera da ar, seguidos por um contínuo e pequeno jato de
seguinte maneira: quando o ar entra na câmara combustível. Se não houver fluxo, a válvula

3-19
estará trancada em “fechado”; se houver fluxo fluxo de combustível nas regulagens de
constante, estará trancada em “aberto”. baixa potência (variação de lenta).
O propósito da unidade de controle de
combustível é medir e controlar o fluxo de (2) O controle manual de mistura é uma válvu-
combustível para o injetor de descarga. A uni- la tipo disco rotativo, consistindo de um
dade básica consiste de três (03) jatos e quatro disco redondo estacionário com “ports”
(04) válvulas dispostas em série, paralelo, e condutores do jato auto-pobre e jato auto-
série-paralelo (Veja a figura 3-19). rico, e dois pequenos orifícios de ventila-
Esses jatos e válvulas recebem combus- ção. Outra parte rotativa, parecida com uma
tível sob pressão da unidade reguladora, e então, folha de trevo, é soldada no disco estacio-
o combustível que vai para o injetor de descarga nário através de uma mola de tensão, e gira
é medido. A válvula de controle manual de mis- ao redor dos portes neste disco, através da
tura controla o fluxo de combustível. Pelo uso manete de controle manual de mistura. To-
do tamanho próprio dos jatos, e regulando a dos os portes e ventilações são fechados na
pressão diferencial através dos jatos, a quanti- posição de "IDLE CUT OFF". Na posição
dade correta de combustível é liberada para o "AUTO LEAN", os portes do jato auto-
injetor de descarga, dando a razão combustí- pobre e dois orifícios de ventilação estão
vel/ar desejada nas várias ajustagens de potên- abertos. O porte do jato auto-rico permane-
cia. Deve ser relembrado que a pressão de en- ce fechado nesta posição. Na posição
trada para os jatos está sob a unidade regulado- "AUTO-RICH", todos os portes estão aber-
ra e a pressão de saída é controlada pelo injetor tos. As posições do disco da válvula são
de descarga. mostradas na figura 3-20. As três (03) posi-
Os jatos são, na unidade básica de con- ções da manete do controle manual de mis-
trole de combustível, auto-rico e auto-pobre, e tura tornam isto possível para selecionar a
jato de enriquecimento de potência. O fluxo mistura pobre ou a mistura rica, ou para
básico de combustível é o necessário para fazer parar o fluxo de combustível inteiramente.
funcionar o motor com mistura pobre, e é medi- A posição "IDLE CUT OFF" é usada para
do pelo jato auto-pobre. dar partida ou parar o motor. Durante a par-
O jato auto-rico adiciona o combustível tida, o combustível é suprido através do
suficiente no fluxo básico para obter o enrique- "PRIMER".
cimento lento da mistura, então, teremos a me-
lhor mistura para a tração quando o controle (3) A válvula reguladora de abastecimento é
manual de mistura é colocado na posição uma pequena válvula tipo "POPPET", loca-
"AUTO-RICH". lizada na passagem de combustível que a-
As quatro válvulas da unidade básica de limenta a câmara "C" da unidade regulado-
controle de combustível são: ra, com pressão de combustível medida. Em
corte de lenta (IDLE CUT OFF), a parte li-
(1) Válvula de agulha de lenta sa da rampa de subida do ressalto, com a
(2) Válvula de enriquecimento de potência haste da válvula e a mola, fecham a válvula.
(3) Válvula reguladora de enchimento Isto proporciona um meio de cortar
(4) Controle manual de mistura (SHUTTING OFF) o fluxo de combustível
para a câmara "C" e, desse modo, propor-
As funções destas válvulas são: cionando um corte de lenta (IDLE CUT
OFF) positivo.
(1) A válvula de agulha de lenta mede o com-
bustível na variação de lenta apenas. Ela é (4) A válvula de enriquecimento de potência é
uma válvula agulha redonda e perfilada, ou outra válvula tipo "POPPET". Ela está em
uma válvula cilíndrica, colocada em série paralelo com os jatos de AUTO-POBRE e
com todos os outros meios de medição da AUTO-RICO, mas está em série com o jato
unidade básica de controle. A válvula de de enriquecimento de potência. Esta válvula
agulha de lenta é conectada por haste ao ei- inicia a abertura no começo de variação da
xo de aceleração, para que seja restrito o tração . Ela é aberta pela pressão de com-
bustível não medida, sobrepondo a pressão

3-20
de combustível medida e a tensão da mola. Esta é uma lei básica de hidráulica, onde
A válvula de enriquecimento de potên- o montante de fluido que passa através de um
cia continua orifício varia de acordo com o seu tamanho; e a
pressão cai através dele. Os mecanismos inter-
nos automáticos e o controle de mistura atuam
juntos para determinar o tamanho efetivo da
passagem do medidor, através da qual o com-
bustível passa. Os mecanismos internos, jatos
fixos, e válvula de enriquecimento de potência
variável, não estão sujeitos ao controle externo
direto.

Controle automático de mistura (AMC)

Consiste de um conjunto de cápsulas,


agulha calibrada e uma sede. O propósito do
controle automático de mistura é compensar as
trocas na densidade do ar, devido as trocas na
temperatura e altitude.
O controle automático de mistura con-
tém uma cápsula metálica, selada em 28" de Hg,
de pressão absoluta, que responde as trocas na
pressão e temperatura. Na ilustração (Figura 3-
Figura 3-20 Posição dos discos da válvula de 21), nota-se que o controle automático de mistu-
controle de mistura manual. ra está localizado na entrada de ar do carbura-
dor. Como a densidade do ar muda, a expansão
totalmente aberta e, durante toda a variação e contração da cápsula move a agulha na linha
de potência, até que o fluxo combinado a- da atmosfera.
través da válvula e o jato AUTO-RICO ex-
ceda aquele jato de enriquecimento de for-
ça. Neste ponto, o jato de enriquecimento
de força supera o jato medido, e mede o
combustível através da saída da variação de
força.

(5) Carburadores equipados, com injeção de


água são modificados pela adição de uma
válvula e um jato de derivação. A válvula e
o jato de derivação estão em série um com
o outro, e em paralelo com o jato de enri-
quecimento de potência.
O carburador controla o fluxo de com-
bustível através da variação de dois fatores bá- Figura 3-21 A unidade automática de mistura.
sicos.
A unidade de controle de combustível, Ao nível do mar, a cápsula é
atuando como uma válvula redutora de pressão, contraída, e a agulha não está obstruindo a pas-
determina a pressão medida em resposta para a sagem atmosférica. Quando a aeronave sobe e a
força de medição. pressão atmosférica diminui, a cápsula se ex-
A unidade reguladora, com efeito, varia pande, inserindo a agulha, distanciando na pas-
o tamanho do orifício, através do qual faz a me- sagem atmosférica e restringindo o fluxo de ar
dição da força de pressão do combustível. para a câmara "A" da unidade reguladora (Figu-
ra 3-18).

3-21
Ao mesmo tempo, o ar vaza lentamente Dois outros difusores instalados em al-
da câmara "A" para a câmara "B", através de guns motores são acionadores de anel
uma pequena sangria (muitas vezes referido (SLINGER RING) usados com a válvula de
como sangria de sucção traseira, ou sangria de alimentação de combustível, e o anel SPINNER
controle de mistura). usado com a válvula de descarga de injeção tipo
A razão com que o ar vaza através desta SPINNER.
sangria é em torno da mesma em grandes alti- A bomba de aceleração é usada para
tudes, assim como ao nível do mar. Portanto, a compensar o atraso inerente do fluxo de com-
agulha restringe o fluxo de ar para a câmara bustível durante a aceleração rápida do motor.
"A", a pressão do lado esquerdo do diafragma
de ar diminui; como resultado, a válvula PO- Sistemas de carburador de injeção de pressão
PPET move-se em direção a sua sede, reduzindo
o fluxo de combustível para compensar a dimi- O carburador tipo pressão, semelhante
nuição da densidade do ar. ao carburador tipo bóia, contém um sistema
O controle automático de mistura pode principal de medição, um de lenta, um sistema
ser removido e limpo, verificando que o selo de acelerador, um de controle de mistura (tanto
chumbo no ponto de ajuste não tenha problema. MANUAL como AUTOMÁTICO), um sistema
de corte de lenta, e um sistema de
Unidade adaptadora enriquecimento de força. Uma representação
esquemática de um carburador tipo injeção-
O próposito do adaptador está no carbu- pressão, série PD, é ilustrado na Figura 3-22.
rador. Esta unidade também pode conter o inje-
tor de descarga e a bomba de aceleração (veja a
figura 3-22).
Nos motores que usam válvulas de ali-
mentação de combustível, o injetor de descarga
é eliminado desde que a válvula de alimentação
sirva para o mesmo propósito, e seja construída
dentro do motor.
Onde a válvula de descarga de injeção
do "SPINNER" é usada no lugar do injetor de
descarga, a bomba de aceleração é normalmente
instalada no lado do corpo do acelerador, e o
adaptador nada mais é do que o espaçador, não
possuindo partes móveis.
O injetor de descarga é uma válvula car-
regada por mola (SPRING-LOADED) que man-
tém a pressão no combustível medido. Antes do Figura 3-22 Adaptador.
combustível poder passar através do injetor de
descarga, uma pressão suficiente deve ser apli- Sistema principal de medição
cada contra o diafragma para sobrepujar a ten-
são da mola, que está do lado do ar do dia- Talvez a mais conhecida característica
fragma. do sistema principal de medição é a de venturi
O diafragma quando levanta, arrasta a duplo (DOUBLE VENTURI). Na figura 3-23,
válvula que está fixada a seu corpo, e o combus- nota-se que a abertura inferior do venturi au-
tível é pulverizado para fora do injetor. A segu- mentador é perto da garganta do principal. Por-
rança para o injetor é o difusor que é projetado tanto causa uma aceleração no fluxo de ar atra-
para permitir a distribuição e atomização do vés do venturi reforçador e, consequentemente,
combustível dentro da massa de ar. uma queda ainda maior de pressão na sua gar-
Existem três tipos de difusores usados na ganta. Como resultado, uma grande diferencial
montagem do adaptador do injetor de descarga - de pressão e uma grande força de medição de ar
Tipo “RAKE”, “BAR” e “BOW TIE”. são obtidas.

3-22
Para fazer uso dessa força de medição, a O injetor de descarga atua como uma
garganta do venturi reforçador e a entrada para válvula de alívio para manter a pressão relati-
o venturi principal são conectadas para as câma- vamente constante, indiferente do volume de
ras de ar do carburador. combustível que seja descarregado. A pressão
Há duas destas câmaras de ar, "A" e "B". deste combustível medido atua no lado esquerdo
Câmaras "C" e "D" são câmaras de combustível. do diafragma.
As passagens da câmara "B" para a garganta do O combustível admitido para a câmara
venturi reforçador (BOOST VENTURI) pode "D" através da válvula "POPPET" (válvula de
ser facilmente percorrida. A outra passagem é pistão) exerce pressão contra o lado oposto do
menos direta. Isto conduz da câmara "B" para o diafragma.
espaço atrás do venturi principal. Os tubos de A pressão do combustível não medido
impacto ventilam esse espaço para a pressão na na câmara "D" varia com a posição da válvula
entrada de ar do carburador. Em alguns sistemas "POPPET" (pistão), e com a razão de descarga
de indução, a pressão na entrada de ar do carbu- do combustível. Durante a operação do motor,
rador é levemente acima da atmosférica por ela é maior do que na câmara "C". Portanto,
causa do efeito de compressão (RAM EFFECT). existem duas forças atuando na válvula
Se houver um turbo ou outro super carregador "POPPET":
na cabeça do carburador, a entrada de pressão é
consideravelmente maior que a atmosférica, sob (1) Uma força no diafragma de ar (diferença de
certas condições operacionais. pressão entre as câmaras “A” e “B”) ten-
Em todos os sistemas, a queda da pres- dendo a abrir a válvula; e
são na garganta do venturi reforçador é propor-
cional ao fluxo de ar. Isto causa uma redução (2) A força no diafragma de combustível (dife-
na posição da câmara "B". Desse modo, a pres- rença de pressão entre as câmaras “D” e
são nas duas câmaras de ar são diferentes, pres- “C”) tendendo fechar a válvula. A válvula
são de impacto na câmara "A" e sucção do ven- "POPPET" move-se na direção da posição
turi reforçador na câmara "B". aberta até que a pressão do combustível na
Essa diferença de pressão é uma medida câmara "D" seja bastante alta para fazer a
do fluxo do ar. força de balanceamento, que é alcançada
O diafragma da câmara de ar move-se quando a descarga de combustível e o fluxo
em direção da baixa pressão (para a direita), de ar estão na proporção correta.
abrindo a válvula POPPET (válvula a pistão).
Isto permite que o combustível, enviado para a Para prevenir que o ar no combustível
entrada do carburador sob pressão da bomba perturbe a medição do carburador, existe um
acionada pelo motor entre na câmara "D". separador de vapor na entrada do combustível.
Este combustível passa através da uni- Uma pequena bóia e uma válvula de
dade de controle para o injetor de descarga, on- agulha são posicionadas no separador de vapor
de ele força a válvula para fechar-se sobre sua na câmara.
sede, pulverizando na massa de "ar". A pressão Quando não temos vapor na câmara, a
na linha de descarga do combustível é determi- bóia é levantada e mantém a válvula de agulha
nada pelo ajuste do injetor. fechada.
A pressão na qual a bomba acionada pe- Quando há um acúmulo de vapor, o ní-
lo motor libera o combustível para o carburador vel de combustível na câmara cai, abaixando a
varia com os diferentes modelos, −embora ela bóia até que a válvula de agulha abra.
esteja sempre bem acima da regulagem da des- Os vapores, então, escapam através da
carga do injetor. linha de ventilação para um dos tanques de
A câmara "C" é abastecida de combustí- combustível.
vel com a mesma pressão que a da linha de des- Esta ação não é apenas um processo de
carga. A função da câmara "C" é permitir que o abertura e fechamento, é também um processo
combustível seja descarregado sob pressão, e onde a válvula de agulha toma uma posição
compensar as variações de pressão na linha de intermediária, permitindo que o vapor escape
descarga. tão rapidamente quanto acumula.

3-23
Sistema de marcha lenta dição está em operação. Por causa da baixa
velocidade do ar através do venturi, contudo, a
No carburador tipo pressão, o combus- pressão diferencial no diafragma de ar não é
tível segue o mesmo caminho em marcha lenta, suficiente para regular o fluxo de combustível.
como é feito quando o sistema principal de me-

Figura 3-23 Representação esquemática de um carburador de injeção de pressão, série PD.

Em vez disso, a mola de lenta na câmara Nas altas velocidades, a válvula é reti-
"D" segura a válvula pistão (POPPET) fechada rada da passagem de combustível e não temos o
sobre a sede, para admitir combustível da entra- efeito de medição.
da do carburador durante as operações em velo-
cidades lentas. O encarte na figura 3-23 mostra Sistema de aceleração
como a válvula de lenta mede o combustível da
câmara "D" para o injetor de descarga. A válvu- A bomba de aceleração é inteiramente
la é conectada para a haste aceleradora, da automática em operação. Na ilustração da figura
mesma maneira que ela regula o fluxo de com- 3-24, nota-se que a passagem de vácuo conecta
bustível durante os primeiros poucos graus de a câmara da bomba de vácuo com a passagem
abertura do acelerador. de ar do lado da válvula aceleradora do motor.

Figura 3-24 Bomba de aceleração de simples diafragma.

3-24
A pressão de ar no lado do motor da vál- de combustível para compensar o decréscimo na
vula de aceleração varia com a posição do ace- densidade do ar.
lerador. Quando o acelerador está perto Na ilustração do controle manual de
de fechar e, restringindo o fluxo de ar para o mistura, figura 3-23, nota-se que o combustível
motor, a pressão é baixa devido a sucção do entra na unidade de controle da câmara "D",
pistão. No desenho esquerdo, o acelerador está passa através deste, e sai para o injetor de des-
perto da posição fechada, e, como resultado, a carga. O caminho do combustível através da
baixa pressão na câmara de vácuo causará ao unidade de controle é determinado pela válvula
diafragma mover-se para a direita. Isto compri- tipo folha de trevo. O disco móvel desta válvula
me a mola e armazena o combustível do lado é girado da cabine de comando através da ma-
esquerdo do diafragma. nete de controle de mistura, que é ligada a ma-
Quando o acelerador é aberto, a pressão nete no carburador.
no lado do motor da válvula aceleradora aumen-
ta. Como resultado, a baixa pressão na câmara
de vácuo é perdida, e a mola move o diafragma
para a esquerda, descarregando o combustível
armazenado durante o ajuste de baixa do acele-
rador. Esse combustível é adicionado para que o
sistema principal de medição compense o súbito
aumento no fluxo de ar e forneça uma acelera-
ção uniforme.
Sistema de controle de mistura

O sistema de controle de mistura con-


tém unidades operadas automatica e manual-
mente.
O controle automático de mistura varia a
pressão do ar na câmara "A" para compensar as
mudanças na densidade do ar. O controle manu-
al de mistura fornece para seleção a razão com- Figura 3-25 Sistema de controle automático da
bustível/ar adequada para as condições opera- mistura.
cionais do motor.
O controle automático de mistura con- A posição que o disco móvel assume
tém cápsulas metálicas seladas, que respondem quando o controle na cabine de comando é ajus-
as mudanças na pressão e temperaturas. Quan- tado para auto-pobre é mostrada na figura 3-26.
do a densidade do ar muda, a expansão e con- Nota-se a grande abertura no disco fixo que é
tração da cápsula move a agulha na linha da parcialmente descoberto. Isto permite que o
atmosfera. combustível liberado para a unidade de controle
Ao nível do mar, a cápsula se contrai e a da câmara "D" passe através do jato medido
agulha é retirada da passagem atmosférica. Ver auto-pobre, o canal auto-pobre, e a abertura no
a figura 3-25 na condição ao nível do mar. disco fixo para dentro da linha de descarga.
Quando o avião sobe e a pressão atmosférica
diminui, a cápsula expande, inserindo a válvula
agulha na passagem atmosférica, restringindo o
fluxo de ar para a camara "A". Ao mesmo tem-
po, o ar vaza lentamente da câmara "A" para a
câmara "B" através de uma pequena sangria.
Portanto, quando a agulha restringe o
fluxo do ar, para dentro da câmara "A", a pres-
são no lado esquerdo do diafragma de ar dimi-
nui, e como resultado, a válvula "POPPET" Figura 3-26 Controle manual da mistura em
(Pistão) move-se de sua sede, reduzindo o fluxo auto pobre.

3-25
A razão do fluxo depende do tamanho turas, cortando completamente a descarga de
do jato e da pressão do combustível da câmara combustível.
"D". A válvula tipo folha de trevo não faz o
efeito de medição desde que a abertura no disco
fixo seja maior do que o jato de medição.
Na figura 3-27 nota-se que, no ajuste de
"AUTO-RICH", o disco móvel não cobre duas
aberturas adicionais no disco fixo. O combustí-
vel, então, flui para dentro da linha de descarga
através de ambos os jatos, automático pobre e
automático rico. Portanto, para cada pressão, o
Figura 3-28 Corte de lenta no controle de mis-
fluxo de combustível aumenta e enriquece a
tura manual.
mistura fornecida para o motor.
Sistema de enriquecimento de potência

O sistema de enriquecimento de potência


está ilustrado na figura 3-29.

Figura 3-27 Controle manual de mistura ajuste


"auto-rich".

Em todos os ajustes de misturas, a posi-


ção do disco móvel determina quais jatos deve-
rão medir o combustível. A descarga de com- Figura 3-29 Sistema de enriquecimento de
bustível depende do tamanho e número de jatos, potência.
através do qual o combustível pode passar, e na
pressão do combustível que é determinada pela Nota-se que a válvula de enriquecimento
queda de pressão no venturi do carburador. de potência é operada por diafragma. A câmara
Nos ajustes de "AUTO-LEAN" e da esquerda do diafragma é conectada a câmara
"AUTO-RICH" do controle manual de mistura, "D". A passagem conecta a câmara da direita
o controle automático varia a pressão de com- com o canal de empobrecimento automático.
bustível com as trocas na densidade do ar. Por- Portanto, a pressão do combustível medido (a
tanto, durante a operação "AUTO-LEAN" e pressão no injetor de descarga e na câmara "C"),
"AUTO-RICH", a razão de descarga do com- atua no lado direito do diafragma.
bustível depende de três (03) fatores: (1) o Nas baixas velocidades do motor, a pres-
volume do fluxo de ar através do venturi, (2) a são do combustível medido mais a força da
densidade do ar, e (3) do ajuste do controle ma- mola segura a válvula em sua sede. Como a
nual de mistura. válvula "POPPET" (Pistão) abre mais nas altas
velocidades do motor, a pressão na câmara "D"
Sistema de corte de marcha lenta aumenta. Quando esta pressão, atuando no
lado esquerdo do diafragma, é alta o suficiente
Ao parar o motor, a manete de controle para vencer as forças combinadas da mola e da
manual de mistura na cabine de comando deve pressão do combustível medido, a válvula de
ser colocada em corte de lenta (IDLE CUT enriquecimento de potência abre. Nota-se, en-
OFF). Isto gira a válvula tipo folha de trevo para tão, o aumento do fluxo de combustível no inje-
a posição correspondente. Como mostrado na tor de descarga, para fornecer uma mistura rica
figura 3-28, o disco móvel cobre todas as aber- à operação em alta potência de saída.

3-26
CARBURADORES SÉRIES PS "STROM- A pressão de ar que chega é transmitida para a
BERG" câmara "A" da parte de regulagem do carbura-
dor e para a descarga de sangria principal no
O carburador série "PS" é de baixa pres- jato de descarga principal de combustível.
são, cuba simples, carburador tipo injeção. O injetor de descarga consiste em um
O carburador consiste, basicamente, de diafragma carregado por mola (SPRING-
uma seção de ar, seção de combustível e o inje- LOADED), conectado a válvula injetora de des-
tor de descarga; todos montados juntos para carga, que controla o fluxo do combustível inje-
formar um completo sistema de medição de tado no jato de descarga principal.
combustível. Este carburador é similar ao tipo Aqui, ele é misturado com ar para
pressão-injeção; por esse motivo, os princípios executar a distribuição e a atomização da massa
operacionais são os mesmos. de ar que entra no motor.
Neste tipo de carburador (Figura 3-30) a Nos carburadores série PS, como nos
medição é executada na base da massa do fluxo carburadores de pressão-injeção, a mola do re-
de ar. O ar fluindo através do venturi principal gulador tem uma tensão fixa, que tenderá a
cria uma sucção na garganta do venturi que é manter a válvula "POPPET" (Pistão) aberta du-
transmitida para a câmara "B", na parte princi- rante as velocidades de lenta, ou até a pressão
pal reguladora do carburador, e para o lado de da câmara "D" equalizar aproximadamente 4
ventilação do diafragma do injetor de descarga. P.S.I.

Figura 3-30 Diagrama esquemático de um carburador da série PS.

3-27
A mola do injetor de descarga possui um Nas posições de baixo fluxo de ar, a se-
ajuste variável que, quando ajustado para man- ção delgada da válvula converte-se no jato pre-
ter 4 P.S.I., resultará na condição de balance- dominante do sistema, controlando o fluxo de
amento de pressão de 4 P.S.I. na câmara "C" do combustível para o regime de lenta.
conjunto do injetor de descarga, e 4 P.S.I. na Como a válvula se move para a posição
câmara "D". Isto produz uma queda zero atra- de Cruzeiro, uma seção reta na válvula estabe-
vés dos jatos principais com fluxo zero de lece um orifício fixo, cujo efeito controla a mis-
combustível. tura de Cruzeiro.
No fluxo de ar obtido, se a sucção criada Quando a válvula é colocada totalmente
pelo venturi é equivalente a um quarto de libra aberta (FULL-OPEN) pela válvula aceleradora,
(1/4 POUND), este decréscimo de pressão é o jato é puxado completamente para fora da
transmitido para a câmara "B" e para o lado de sede, e o tamanho da sede torna-se o controlador
ventilação do injetor de descarga. do jato. Este jato é calibrado para misturas de
Desde que a área do diafragma de ar potência (TAKE OFF POWER) e decolagem.
entre as câmaras "A" e "B" sejam duas vezes a Uma válvula de enriquecimento de po-
grandeza que existe entre as câmaras "B" e "D"; tência controlada por fluxo de ar pode também
e a redução de l/4 de libra de pressão na câmara ser usada com este carburador. Isto consiste de
"B" deva mover o conjunto do diafragma para a uma mola tensionada, e uma válvula de medi-
direita, abrindo a válvula "POPPET". Entretan- ção operada por diafragma. Referência a figura
to, a redução de pressão no lado da ventilação 3-31 para uma vista esquemática de uma válvula
do conjunto injetor de descarga causará a redu- de enriquecimento de potência tipo fluxo de ar.
ção da pressão total de 4 LBS para 3 3/4 LBS. Um lado do diafragma está exposto a
A maior pressão do combustível medido pressão do combustível não medido e, o outro
(4 l/4 LBS) resulta num diferencial através da lado, para a sucção do venturi mais a tensão da
cabeça de medição de um quarto de libra (por mola.
um quarto de libra de pressão diferencial criado Quando a pressão diferencial ao redor
pelo venturi). do diafragma estabelece uma grande força sufi-
A mesma razão da queda de pressão ciente para comprimir a mola, a válvula deverá
através do jato para a sucção do venturi aplicar- abrir e suprir um volume adicional de combustí-
se-á durante toda sua extensão. Qualquer au- vel para o circuito, medido em adição ao com-
mento ou diminuição na pressão de entrada de bustível suprido pelo jato principal de medição.
combustível tenderá a perturbar o
balanceamento nas várias câmaras, da maneira
já descrita.
Quando isto ocorre, o conjunto do diafragma no
regulador principal de combustível reposiciona-
se para reestabelecer o balanceamento.
O controle de mistura, se operado manu-
al ou automaticamente, compensa o enriqueci-
mento em altitudes através da sangria de pressão
do ar de impacto dentro da câmara "B", desse
modo, aumentando a pressão (diminuindo a
sucção) na câmara "B".
O aumento da pressão na câmara "B"
tende a mover o diafragma e a válvula Figura 3-31 Válvula de enriquecimento de po-
"POPPET" em direção da posição fechada, des- tência tipo fluxo de ar.
se modo, restringindo o fluxo de combustível
para corresponder proporcionalmente a diminu- Bomba de aceleração
ição da densidade do ar na altitude.
A válvula de lenta e o jato economizador A bomba de aceleração é um conjunto
podem ser combinados em um conjunto. A uni- de diafragma carregado por mola (SPRING-
dade é controlada manualmente pelo movimento LOADED), localizado no canal de medição do
do conjunto da válvula. combustível com o lado oposto do diafragma

3-28
ventilado para o lado do motor da válvula acele- A aceleração é também melhorada por
radora. causa da ação positiva do sistema de injeção.
Com este arranjo, a abertura da válvula Em adição, a injeção direta de combustível me-
aceleradora resulta na rápida diminuição da suc- lhora a distribuição de combustível, reduzindo o
ção. Esta diminuição permite que a mola es- superaquecimento dos cilindros, frequentemen-
tenda e mova o diafragma da bomba de acelera- te causado pela variação na mistura devido a
ção. A ação do diafragma e da mola desloca o distribuição desigual.
combustível na bomba de aceleração, forçando- O sistema de injeção de combustível
o para fora do injetor de descarga. também proporciona uma melhor economia de
O vapor é eliminado da parte superior do combustível do que um sistema em que a mistu-
combustível principal na câmara "D" através de ra, para a maioria dos cilindros, deva ser mais
um furo de sangria, então, através de uma linha rica do que a necessária para aquele cilindro
de ventilação retorna para o tanque principal de com mistura mais pobre, que operará mais a-
combustível do avião. propriadamente.
Os sistemas de injeção de combustível
Controle manual de mistura variam em seus detalhes de construção, disposi-
ção e operação. Os sistemas de injeção de com-
O controle manual de mistura fornece bustível BENDIX e CONTINENTAL serão
um meio de correção do enriquecimento em discutidos nesta seção. Eles serão descritos para
altitude. Ele consiste de uma válvula de agulha prover o entendimento dos princípios operacio-
e a sede, que formam uma sangria ajustável en- nais envolvidos. Para detalhes específicos de
tre a câmara "A" e a câmara "B". A válvula po- algum sistema, consulta-se as instruções do fa-
de ser ajustada para fechar a sangria da sucção bricante para o equipamento envolvido.
do venturi, mantendo a correta razão combustí-
vel/ar quando o avião ganha altitude. Sistema de injeção de combustível "Bendix"
Quando a manete de controle de mistura
é movida para a posição "IDLE CUT OFF", um O sistema de injeção de combustível
ressalto (CAM) na haste atua o "braço embala- série "BENDIX RSA" consiste de um injetor,
dor" (ROCKER ARM), que move o pistão in- divisor de fluxo e injetor de descarga de com-
terno de corte de lenta contra a manete livre na bustível. É um sistema de fluxo contínuo que
câmara "A". A manete comprime a mola do mede o consumo do ar do motor, e usa força do
diafragma do regulador para aliviar toda a ten- fluxo de ar para controlar o fluxo de combustí-
são do diafragma entre as câmaras "A" e "B". vel para o motor.
Isto permite que a pressão de combustível mais
a força da mola da válvula "POPPET" forçe Injetor de combustível
para fechar a válvula "POPPET", parando o
fluxo de combustível. Colocando a manete de O conjunto do injetor de combustível
controle de mistura em corte de lenta "IDLE consiste de: (1) uma seção de fluxo de ar; (2)
CUT OFF", também posiciona a válvula de uma seção reguladora; e (3) uma seção medido-
controle de mistura para fechado ("OFF") em ra de combustível. Alguns injetores de combus-
sua sede, e permite medir a sucção com a san- tível são equipados com uma unidade de contro-
gria do carburador fechada (BLEED OFF). le automática de mistura.

Seção de fluxo de ar
SISTEMAS DE INJEÇÃO DIRETA DE
COMBUSTÍVEL O consumo do fluxo de ar do motor é
medido pela sensibilidade da pressão de impac-
O sistema de injeção direta de combus- to e pressão na garganta do venturi no corpo do
tível possui muitas vantagens sobre o sistema acelerador. Essas pressões são ventiladas para
convencional de carburador. Há menos perigo os dois lados do diafragma de ar.
de formação de gelo, desde que a queda na tem- O movimento da válvula aceleradora
peratura devido a vaporização do combustível causa a mudança no consumo de ar do motor,
tenha lugar no/ou perto do cilindro.

3-29
resultando na troca da velocidade do ar no ven-
turi. A seção reguladora consiste de um dia-
Quando o fluxo de ar através do motor fragma de combustível que se opõe a força de
aumenta, a pressão na esquerda do diafragma é medição de ar.
reduzida (Figura 3-32) devido a queda de pres- A pressão de entrada do combustível é
são na garganta do venturi.Como resultado, o aplicada em um dos lados do diafragma de
diafragma move-se para a esquerda, abrindo a combustível; e a pressão medida do combustível
válvula de esfera. Esta pressão diferencial é é aplicada no outro lado. A pressão diferencial
referida como força de medição de ar. em torno do diafragma de combustível é cha-
Seção reguladora mada de força de medição do combustível.

Figura 3-32 Seção de fluxo de ar do injetor de combustível.

A distância de abertura da válvula de IDLE SPRING) é incorporada para manter uma


esfera é determinada pela diferença entre a pres- pressão diferencial constante de combustível.
são atuante nos diafragmas. Essa diferença na Isto permite um fluxo final adequado no regime
pressão é proporcional para o fluxo de ar através de lenta.
do injetor. Portanto, o volume do fluxo de ar
determina a razão do fluxo de combustível. Seção de medição de combustível
Sob baixos ajustes de potência, a dife-
rença na pressão criada pelo venturi é insufici- A seção de medição de combustível,
ente para acomodar uma regulagem consistente mostrada na figura 3-33, é fixada na seção de
do combustível. Uma determinada mola de re- medição de ar, contendo um filtro de entrada de
tenção de marcha lenta (CONSTANT-HEAD combustível, uma válvula de controle manual de

3-30
mistura, uma válvula de lenta e o jato principal o combustível para os cilindros individuais são
medidor. divididos em lenta pelo divisor de fluxo.

Figura 3-33 Seção de medição de combustível Figura 3-34 Divisor de fluxo.


do injetor. Como o fluxo de combustível através do
Em alguns modelos de injetores, o jato regulador é aumentado acima dos requisitos de
de enriquecimento de força está também locali- lenta, a pressão é aumentada nas linhas dos inje-
zado nesta seção. O propósito da seção de medi- tores. Essa pressão abre totalmente a válvula
ção de combustível é medir e controlar o fluxo divisora de fluxo, e a distribuição de combustí-
de combustível para o divisor de fluxo. vel para o motor torna-se função dos injetores
de descarga.
Divisor de fluxo O manômetro de pressão, calibrado em
libras-por-hora de fluxo de combustível pode
O combustível medido é liberado da ser usado como medidor de fluxo de combustí-
unidade de controle para o divisor de fluxo vel, com o sistema de injeção do "BENDIX
pressurizado. Essa unidade mantém o combustí- RSA". Esse manômetro é conectado ao divisor
vel medido sob pressão, divide-o para os vários de fluxo, sentindo a pressão sendo aplicada no
cilindros em todas as velocidades do motor, e injetor de descarga. Essa pressão é diretamente
corta (desliga) as linhas individuais dos injeto- proporcional ao fluxo de combustível, e indica a
res quando o controle é colocado em corte de potência de saída do motor e o consumo de
lenta (IDLE CUT OFF) . combustível.
Com referência ao diagrama es-
quemático na figura 3-34, a pressão do combus- Injetores de descarga de combustível
tível medido entra no divisor de fluxo através do
canal que permite ao combustível passar no di- Os injetores de descarga de combustível
âmetro interno da agulha do divisor de fluxo. (figura 3-34) são de configuração sangria de ar.
Na velocidade lenta, a pressão do com- Há um (01) injetor para cada cilindro, localiza-
bustível do regulador deve aumentar para supe- do na cabeça do cilindro. O injetor de saída é
rar a força da mola aplicada ao diafragma e ao direcionado para o porte de admissão. Cada
conjunto da válvula. Isto move a válvula para injetor incorpora um jato calibrado.
cima até o combustível poder passar através do O tamanho do jato é determinado pela
"anular" da válvula para o injetor de combustí- pressão de entrada do combustível disponível e
vel. Desde que o regulador meça e libere uma pelo fluxo máximo de combustível requerido
quantidade fixa de combustível para o divisor de pelo motor. O combustível é descarregado para
fluxo, a válvula deverá abrir apenas o necessário dentro de um ambiente nas câmaras de pressão
para passar a quantidade aos injetores. Em lenta, de ar dentro do conjunto injetor. Antes de en-
a abertura requerida é muito pequena; portanto, trar na válvula individual de admissão da câma-
ra, o combustível é misturado com ar para aju-
dar na atomização do combustível.

3-31
linha de retorno de vapor. Esta linha carrega o
Sistema de injeção de combustível Continen- vapor de volta para o tanque de combustível.
tal Ignorando o efeito da altitude ou condi-
ções do ar ambiente, o uso da descarga positiva,
O sistema de injeção de combustível na bomba acionada pelo motor, significa que
Continental injeta combustível diretamente no trocas na velocidade do motor afetam o fluxo
porte da válvula de admissão na cabeça de cada total da bomba proporcionalmente.
cilindro. Desde que a bomba tenha maior capaci-
O sistema consiste de uma bomba injeto- dade do que a necessária para o motor, a recir-
ra de combustível, uma unidade de controle, um culação interna é necessária. Pelo arranjo de um
duto e um injetor de descarga de combustível; orifício calibrado e uma válvula de alívio no
ele é do tipo fluxo contínuo, que controla o flu- caminho (curso), a pressão liberada pela bomba
xo de combustível para se igualar ao fluxo de ar é também mantida na proporção de velocidade
do motor. do motor. Estas provisões asseguram uma pres-
O sistema fluxo contínuo permite o uso são adequada, e liberam combustível para todas
de uma bomba tipo palheta rotativa, que não ne- as velocidades operacionais do motor.
cessita de sincronização (regulagem) com o Uma válvula unidirecional (CHECK
motor. VALVE) é usada para que a pressão da bomba
"BOOST", para o sistema possa derivar
Bomba de injeção de combustível (BYPASS) a bomba acionada pelo motor para a
partida.
A bomba de combustível é de desloca- Esta característica também suprime a
mento positivo, tipo palheta rotativa, com um formação de vapor sobre altas temperaturas am-
eixo fusível para conexão com o sistema de a- bientes do combustível. Além disso, permite o
cionamento de acessórios do motor. É adiciona- uso de uma bomba auxiliar como fonte de pres-
da uma válvula de alívio tipo diafragma, carre- são de combustível no caso de eventual falha da
gada por mola (SPRING-LOADED). A câmara bomba acionada pelo motor.
da válvula de alívio tipo diafragma é ventilada
para a pressão atmosférica. A vista seccional de Unidade de controle combustível/ar
uma bomba de injeção de combustível é mos-
trada na figura 3-35. A função do conjunto de controle de
combustível/ar é controlar o ar de admissão do
motor, e ajustar a pressão de combustível medi-
do para a adequada razão combustível/ar. Esta
unidade está montada no duto de entrada; e, sua
válvula borboleta, posicionada através do con-
trole de aceleração no avião, controla o fluxo de
ar para o motor (Veja a figura 3-36).
O conjunto desta unidade é fundido em
alumínio que contém o eixo e um conjunto de
válvula borboleta. O tamanho do furo de fundi-
ção é projetado para o tamanho do motor, e não
é usado venturi ou outra restrição.

Figura 3-35 Bomba de injeção de combustível. Conjunto de controle de combustível

O combustível entra na roda em espiral O corpo do controle de combustível é


do separador de vapor. Aqui o vapor é separado feito em bronze para melhor ação de rolamento
pelo movimento espiral até que, apenas o com- com as válvulas de aço inoxidável.
bustível líquido, seja liberado para a bomba. Sua furação central contém uma válvula
O vapor é puxado para a parte superior medidora em uma extremidade e uma válvula de
do centro da roda espiral por uma pequena pres- controle de mistura na outra extremidade. Cada
são do jato de combustível, e direcionado para a
3-32
válvula rotativa de aço inoxidável inclui uma controle de mistura com esta passagem determi-
ranhura que forma a câmara de combustível. na o montante do combustível, que será retorna-
O combustível entra na unidade de con- do para a bomba. Através da conexão da válvula
trole através de um filtro e passa para a válvula medidora com o ar de aceleração, o fluxo pró-
medidora (Figura 3-37). prio de combustível é proporcional ao fluxo de
A válvula rotativa possui uma aresta de ar para a correta razão combustível/ar.
forma excêntrica na parte externa do terminal da O controle de nível é montado no eixo
face. A posição do excêntrico no porte de libe- da válvula de controle de mistura, e conectado
ração do combustível controla o combustível, ao controle de mistura na cabine de comando.
que é passado para a válvula do duto principal e
para os injetores. Válvula do duto principal de combustível

A válvula do duto principal de combus-


tível (Figura 3-38) contém uma entrada de com-
bustível, uma câmara diafragma e portes de saí-
da para as linhas dos injetores individuais.
Um diafragma carregado por mola opera
a válvula no orifício central do corpo. A pressão
de combustível fornece a força para mover o
diafragma.
Quando a válvula é abaixada contra a
sede sobreposta no corpo, as linhas de combus-
tível para os cilindros são fechadas.
A válvula é furada para a passagem do
combustível da câmara do diafragma para sua
base, e uma válvula de esfera é instalada dentro
da válvula. Toda a entrada de combustível deve
passar através de uma fina tela instalada na câ-
mara do diafragma.

Figura 3-36 Unidade de controle combustível /


ar.

Figura 3-37 Conjunto de controle de combustí- Figura 3-38 Conjunto da válvula do duto prin-
vel. cipal de combustível.
O porte de retorno de combustível é co-
nectado à passagem de retorno do centro do Da válvula de controle de injeção, o
plugue medidor. O alinhamento da válvula de combustível é liberado para a válvula do duto

3-33
principal, que fornece o ponto central para a Uma proteção é fixada por pressão no
divisão do fluxo de combustível para os cilin- corpo do injetor, e se estende ao redor da maior
dros individuais. parte da tela do filtro, mantendo aberto próxima
Na válvula do duto principal, um dia- ao topo. Isto proporciona tanto proteções mecâ-
fragma levanta ou abaixa a válvula de imersão nicas como trocas repentinas na direção do flu-
para abrir ou fechar, simultaneamente, os portes xo do ar e, assim, mantém a sujeira e o material
de suprimento de combustível para cada cilin- estranho fora do injetor.
dro. MANUTENÇÃO DE CARBURADORES
Injetores de descarga de combustível
Os procedimentos de remoção poderão
Os injetores de descarga de combustível variar, tanto com os tipos de carburador, quanto
estão localizados na cabeça do cilindro, com sua com o tipo de motor que está sendo usado. Ge-
saída direcionada para o porte de entrada. O ralmente estes procedimentos deverão ser muito
corpo do injetor, ilustrado na figura 3-39, con- parecidos, independente do tipo de carburado-
tém um orifício central de passagem com um res. Algumas precauções gerais são discutidas
corpo rebaixado em cada extremidade. abaixo.
Antes de se remover o carburador, é
preciso que a válvula de corte de combustível
(ou seletora) esteja fechada. Desconecta-se as
hastes de controle do acelerador misturando-as,
e frenando a válvula aceleradora na posição
fechada.
Desconecta-se a linha de entrada de
combustível e todo o retorno de vapor, indi-
cador de pressão e linhas de partida (PRIMER
LINES).
A figura 3-40 ilustra os pontos de insta-
lação das conexões em um carburador típico. Se
o mesmo carburador é para ser reinstalado, não
se altere o ajuste dos controles de aceleração e
mistura. Remove-se a entrada e o adaptador da
entrada do ar, assim como os filtros de ar e jun-
tas do carburador.
Figura 3-39 Injetor de descarga de combustível.

A extremidade inferior é usada como


câmara para a mistura do combustível/ar antes
da atomização chegar ao injetor. O corpo su-
perior contém um orifício removível para cali-
bragem dos injetores.
Os injetores são calibrados em várias
faixas e, todos os injetores fornecidos para um
motor, têm o mesmo ajuste e são identificados
por uma letra estampada no sextavado do corpo
do injetor.
Furos radiais de passagem conectam a
parte superior alargada com a saída do corpo do
injetor. Esses furos entram no corpo rebaixado
acima do orifício e puxam o ar através de uma
tela cilíndrica, fixada ao redor do corpo do inje- Figura 3-40 Pontos de conexão na instalação
tor. do carburador.

3-34
As porcas e arruelas que seguram (fi- O fluxo de combustível é desligado, a
xam) o carburador ao motor são removidas. entrada e saída de ventilação do vapor são fe-
Quando se remove uma parte do carburador, é chados, e o carburador abastecido para aguardar
preciso ter a certeza de que nada caiu dentro do no mínimo 8 horas. Isto é necessário para man-
motor. ter os diafragmas encharcados, e devolver-lhes
Remove-se o carburador, imediatamente, a flexibilidade para o grau que devem ter,
instala-se uma cobertura de proteção no flange quando a unidade for originalmente calibrada.
de montagem do carburador para prevenir que Aperta-se os parafusos de montagem do
pequenas partes ou material estranho caia dentro carburador com valores especificados na tabela
do motor. de limite de torque conforme o manual de ma-
Quando houver perigo de material estra- nutenção. Qualquer outras porcas ou parafusos
nho entrar nas linhas de combustível durante a que possam haver na instalação do carburador,
instalação ou remoção do carburador, elas são são apertadas e frenadas antes de conectar as
cobertas com fitas. manetes de controle de aceleração e mistura.
Após o carburador ter sido fixado no motor,
Instalação do carburador verifica-se as manetes de controle de mistura e
aceleração na unidade quanto a liberdade de
Verifica-se no carburador a frenagem movimento, antes de conectar os cabos ou has-
apropriada antes da instalação no motor. Todos tes de controle.
os tampões de transporte devem ser removidos Verifica-se as linhas de ventilação de
das aberturas do carburador. vapor do carburador para o tanque de combustí-
Remove-se a cobertura protetora do vel do avião quanto a restrição por bloqueio
flange de montagem do carburador no motor, através da linha.
colocando a junta no flange de montagem na
posição. Em alguns motores, passagens de san- Regulagem dos controles do carburador
gria são incorporadas na espera de montagem. A
junta deve ser instalada, tal que o furo de san- Conecta-se e ajusta-se o carburador ou
gria, esteja alinhado com a passagem no flange os controles de aceleração e equipamento de
de montagem. medição de combustível quanto ao total movi-
Inspeciona-se as passagens de indução mento do acelerador, que é obtido com o cor-
quanto a presença de qualquer corpo estranho respondente movimento total do controle na
antes da instalação do carburador. cabine de comando. Em adição, verifica-se e
Tão logo o carburador seja colocado na ajusta-se as hastes de controle do acelerador
posição no motor, fecha-se e frena-se as válvu- para que o "BATENTE-MOLA" (SPRING-
las aceleradoras na posição, até que o restante BACK) no quadrante do acelerador no avião seja
da instalação esteja completo. igual em ambas posições: "FULL OPEN" e
Onde for praticável, o filtro do compar- "FULL CLOSED". Qualquer excesso, di-
timento do carburador é colocado em posição minuindo ou aumentando as hastes de controle
para ajudar a eliminar a possibilidade de objetos ou cabos, devem ser corrigidos.
estranhos entrarem no sistema de indução. Quando da instalação de carburadores ou
A respeito da instalação de carburador, equipamento de medição de combustível, ajus-
que usa diafragmas para controlar o fluxo de ta-se o mecanismo de controle de mistura para
combustível, conecta-se as linhas de combustí- prover um montante igual de "BATENTE-
vel, abastecendo o carburador com combustível. MOLA" (SPRINGBACK). Em ambos os termi-
Para isto, liga-se a bomba de combustível nais do quadrante de controle "RICH" e
(BOOSTER), e move-se o controle de mistura "LEAN", na cabine de comando, quando o con-
para a posição de "IDLE CUT OFF". trole de mistura no carburador ou equipamento
O fluxo é contínuo, até que o combustí- de medição de combustível é movido através do
vel que flua da válvula dreno do limite máximo.
"SUPERCHARGER" esteja livre de óleo. O que Onde controles de mistura com batente
indica que o óleo preservativo foi eliminado do forem usados, regula-se o mecanismo de contro-
carburador. le para que a posição determinada no quadrante

3-35
de controle no avião deva coincidir com as po- nunca com temperaturas que se aproximam da
sições correspondentes no carburador ou equi- máxima permitida.
pamento de medição de combustível. O ajuste da mistura de lenta é feito na
Em todas os casos verifica-se os contro- válvula de controle de combustível de lenta. Isto
les adequados de posicionamento em ambas as não deve ser confundido com o ajuste do baten-
posições "ADVANCE" e "RETARD". As folgas te de velocidade de lenta. A importância do a-
ou perdas nas hastes de controle ou cabos são juste da mistura de lenta não pode ser superten-
corrigidas. Todos os controles devem estar ajus- sionado.
tados apropriadamente para eliminar a possibili- A operação ótima do motor em baixas
dade de perdas por vibração durante a operação. velocidades pode ser obtida apenas quando a
mistura combustível/ar apropriada é liberada
Ajuste das misturas de marcha lenta para cada cilindro do motor. Misturas de lenta,
excessivamente ricas, e a resultante combustão
Excessivamente ricas ou pobres as mis- incompleta são responsáveis por mais falhas nas
turas de lenta resultam em combustão imcom- velas que qualquer outra causa simples. Mistu-
pleta no cilindro do motor, com resultante for- ras de lenta excessivamente pobre resultam em
mação de depósitos de carvão nas velas de ig- falhas de aceleração. Para maior ajuda, os efei-
nição, e subsequente falha nas velas. Em adição, tos do ajuste da mistura combustível/ar no mo-
as excessivas misturas de lenta, ricas ou pobres, tor melhoram a operação em limite de cruzeiro.
são necessárias para o táxi de velocidades de Em um motor que possui carburador
marcha lenta alta (HIGH IDLE), como resultan- convencional, a mistura de lenta é verificada
te de altas velocidades de táxi, e excessivo uso através do empobrecimento manual da mistura
dos freios. Cada motor deve ter a mistura de com o controle de mistura na cabine de coman-
lenta no carburador ajustada para a instalação do. Move-se o controle de mistura do carbura-
do motor em particular, para se obter melhor dor lenta e suavemente em direção e posição de
operação. "IDLE CUT OFF" ao mesmo tempo, ob-
Motores que são adequadamente ajusta- servando o manômetro de pressão do duto prin-
dos não terão problemas com operação de vál- cipal para determinar se a pressão deste diminui
vula, compressão de cilindro e ignição; o que antes de aumentar assim que o motor pare de
concerne a mistura de lenta do carburador, man- funcionar. A mistura ótima é obtida quando a
terá a lenta na RPM, descrita por indefinidos pressão do duto principal diminui imediatamen-
períodos sem aumento de carga, superaqueci- te, precedida pelo aumento de pressão no duto
mento, ou falha de vela. principal quando o motor para de funcionar.
Se o motor não responder ao ajuste para O montante do decréscimo deverá variar
a mistura de lenta com o resultado de caracterís- com a construção e modelo do motor e instala-
ticas estáveis, de lenta previsiveis não descritas, ção. Como regra geral, o montante de pressão
indica que alguma outra fase de operação do no duto principal deverá diminuir aproximada-
motor não está correta. Em tais casos, determi- mente l/4" (um quarto de polegada).
na-se a causa da dificuldade, corrigindo-a. Nas instalações que não usam um ma-
Em todas as instalações do avião, onde nômetro no duto principal de pressão, será ne-
manômetros de pressão do duto principal são cessário observar o tacômetro para uma indica-
usados, haverá um fornecimento consistente da ção de troca de RPM.
indicação de troca de força em velocidade de Com mais instalações, a mistura de lenta
lenta, maior que o tacômetro. Por este motivo, o deverá ser ajustada para prover uma razão de
manômetro de pressão do duto principal é utili- RPM antes para diminuir, quando cortar o mo-
zado quando se ajusta a mistura combustível/ar tor.
de lenta. A mistura de lenta e velocidade, em Este aumento de RPM deverá variar de
todos os tipos de motores alternativos, são ve- 10 a 50 RPM, dependendo da instalação.
rificadas e ajustadas. Seguindo o momentâneo aumento da
Os ajustes de mistura de lenta são feitos RPM, a velocidade do motor deverá começar a
com a temperatura na cabeça do cilindro em cair. Imediatamente, o controle de mistura para
valores normais (em torno de 150° a 170° C) e trás ("AUTO RICO"), é movido para prevenir
que o motor corte completamente.

3-36
Nos motores com injeção de combustí- A mistura de lenta continua sendo veri-
vel direta, a troca de mistura durante o empo- ficada e ajustada, até que as verificações termi-
brecimento manual com o controle de mistura é nem propriamente. Durante este processo, é
usualmente tão rápido que é impossível notar necessário mover o batente de velocidade de
qualquer aumento momentâneo na RPM, ou lenta completamente para fora de seu curso, e
diminuição da pressão no duto principal. Por manter a velocidade do motor na RPM desejada
este motivo, nesses motores, a mistura de lenta é através dos meios de aceleração. Isto deverá
ajustada ligeiramente mais pobre que a melhor eliminar a necessidade de frequentes reajustes
tração, sendo verificada através do enriqueci- do batente de lenta, assim como a mistura de
mento da mistura com o "PRIMER". lenta para melhorar e aumentar a sensibilidade
Para a verificação da mistura de lenta na da velocidade. Depois de cada ajuste, o motor é
instalação da injeção de combustível, primeiro liberado para um rápido funcionamento em alta
ajusta-se o acelerador para obter a velocidade de RPM. Isto evita falha das velas que, certamente,
lenta apropriada. Então, momentaneamente por outro lado, será causada pela mistura de
comprime-se a chave do "PRIMER" enquanto lenta incorreta.
observa-se o tacômetro e o manômetro de pres- Depois do ajuste da mistura de lenta,
são do duto principal. Se a mistura de lenta está verifica-se várias vezes para determinar defini-
correta, o combustível adicionado através do tivamente que a mistura está correta e permane-
"PRIMER" deverá causar um momentâneo au- ce constante nas repetidas trocas de alta tra-
mento na velocidade do motor, e uma momentâ- ção
nea queda na pressão do duto principal. Se o retornando para a lenta. Qualquer inconsistência
aumento na velocidade do motor, ou a diminui- de lenta no motor, antes de disponibilizar o avi-
ção da pressão no duto, exceder os limites espe- ão para serviço, é corrigida.
cificados para uma instalação em particular, a Nos carburadores tipo injeção
mistura de lenta é muito pobre (muito pobre em STROMBERG, e nas unidades de controle prin-
relação a melhor potência). Se a RPM cair cipal de injeção direta de combustível, a haste
totalmente quando a mistura é enriquecida com de controle de lenta, localizada entre a haste da
o "PRIMER", a mistura de lenta está muito válvula e a manete de controle de lenta no eixo
rica. do acelerador, incorpora uma bucha colocada
Antes de se verificar a mistura de lenta em cada extremidade (Veja figura 3-41).
em qualquer motor, ele á aquecido até que a
temperatura do óleo e da cabeça do cilindro
esteja na temperatura normal.
O controle da hélice é mantido para um
aumento de RPM, ajustando através do processo
completo de aquecimento do motor, verificando
a mistura, e fazendo o ajuste de lenta. O contro-
le de mistura, em "AUTO-RICH" é mantido
exceto pelo empobrecimento manual, requerido
na verificação da mistura de lenta nos carbura-
dores que equipam os motores.
Quando usando o "PRIMER" para veri- Figura 3-41 Mecanismo de ajuste da mistura
ficação da mistura de lenta nos motores com em marcha lenta, dos carburadores
injeção de combustível, simplesmente aperta-se de injeção Stromberg.
o botão de "PRIMER"; por outro lado, um adi- O parafuso deve estar apertado, e ter as
cional muito grande de combustível deverá ser arruelas onduladas e conjuntos de buchas. Em
introduzido, e uma indicação satisfatória deverá adição, ele não deve ter folga entre a haste e a
ser obtida através da mistura de lenta quando manete. Se houver alguma folga no terminal da
ajustada para muito pobre. haste, misturas erradas poderão ocorrer.
Se a verificação da mistura de lenta Se a suficiente variação de mistura não
revelar que está muito pobre ou muito rica, o pode ser obtida pelo ajuste normal de mistura de
fluxo de combustível de lenta é aumentado ou lenta na injeção do carburador STROMBERG,
diminuído, como necessário. disconecta-se a haste do terminal da válvula de

3-37
lenta pela remoção do parafuso e arruela auto Sistema completo
frenante.
Então, para maior alteração na mistura, O sistema é inspecionado quanto ao uso,
gira-se para fora ou para dentro (para fora para danos ou vazamentos. Todas as unidades devem
enriquecer, para dentro para empobrecer). Uma estar seguramente fixadas e frenadas.
volta no parafuso equivale a 13 Nós, ou Os tampões de drenos ou válvulas do
"CLICKS", no ajuste de lenta normal. sistema de combustível devem ser abertos e
verificados quanto a presença de sedimentos ou
Ajuste de velocidade de marcha lenta água.
O filtro e o alojamento (SUMP) devem
Depois de ajustar a mistura de lenta, o ser também verificados quanto a sedimentos,
batente de "IDLE" é recomposto para a RPM de água ou limo. Os filtros ou telas, incluindo a-
lenta, especificada no manual de manutenção do queles que provêm dos medidores de fluxo e
avião. bombas auxiliares, devem estar limpos e livres
O motor deve estar aquecido e verificado de corrosão.
quanto a um mau funcionamento do sistema de Os controles devem ser verificados
ignição. quanto a liberdade de movimento, segurança de
Após terminado qualquer procedimento bloqueio e liberdade de danos devido a aqueci-
de ajuste no carburador, coloca-se para funcio- mentos. As ventilações de combustível devem
nar o motor, com aproximadamente metade da ser verificadas quanto ao correto posicionamen-
razão normal de velocidade para liberar o mo- to e liberdade quanto a obstrução; de outra ma-
tor. neira, o fluxo de combustível ou a pressão de
Alguns carburadores são equipados com combustível pode ser afetado.
parafusos excêntricos para ajuste da RPM de Os drenos do gargalo de abastecimento
lenta; outros usam um parafuso carregado por devem ser verificados quanto a liberdade de
mola para limitar o fechamento da válvula ace- obstrução.
leradora. Se as bombas "BOOSTER" estão insta-
Em ambos os casos, o ajuste do parafuso ladas, o sistema deve ser verificado quanto a
é necessário para aumentar ou diminuir a RPM, vazamentos através da operação das bombas.
com o acelerador retardado contra o batente. Durante esta verificação, o medidor de ampera-
Abre-se o acelerador para liberar o mo- gem ou medidor de carga deve ser lido, e a lei-
tor; fecha-se o acelerador e mantém-se a RPM tura de todas as bombas, onde aplicável, deve
para estabilizar. Esta operação é repetida até que ser aproximadamente a mesma.
a velocidade de lenta seja obtida.
Tanques de combustível

MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DO Todos os painéis aplicáveis no revesti-


SISTEMA DE COMBUSTÍVEL mento, ou estrutura do avião, devem ser remo-
vidos; e os tanques devem ser inspecionados
quanto a corrosão nas superfícies externas,
A inspeção da instalação do sistema de quanto a segurança de fixação e o ajuste correto
combustível consiste basicamente de um exame nos fixadores e cordas de fixação. Verifica-se os
do sistema em conformidade das necessidades suportes e conexões quanto a vazamentos ou
do projeto, junto com testes funcionais para falhas.
provar a correta operação. Alguns Tanques de combustível fabrica-
Desde que existam consideráveis varia- dos de liga leve são equipados com cartuchos
ções nos sistemas de combustível usados nos inibidores, para reduzir os efeitos da corrosão
diferentes aviões, não procuraremos fazer uma combinados e conduzidos através do combustí-
descrição de nenhum sistema em detalhes. É vel e da água.
importante que as instruções do fabricante para Onde aplicável, o cartucho deve ser ins-
o avião sejam seguidas quando forem realizadas pecionado e renovado em determinados perío-
as funções de inspeção e manutenção. dos.

3-38
Linhas e fixadores Válvula seletora

As linhas devem estar devidamente fixa- Gira-se as válvulas seletoras, e verifica-


das, e as porcas e braçadeiras seguramente aper- se quanto a operação livre, excessiva trepidação
tadas. Para se apertar braçadeiras de mangueira e corretos pontos de indicação. Se a trepidação
com o torque apropriado, usa-se torcômetro. é excessiva, verifica-se o mecanismo de opera-
Se esta ferramenta não está disponível, ção quanto as junções gastas, falta de pinos e
aperta-se a braçadeira com uma ferramenta ma- orelhas de acionamento quebrados. Qualquer
nual. (Ref. Livro Matérias Básicas, Capítulo 5). parte defeituosa é substituída.
Se a braçadeira não vedar com o torque especí- Os sistemas de cabos de controle são
fico, ela é substituída. Depois da instalação da inspecionados quanto a desgastes, roldanas da-
nova mangueira, as braçadeiras são verificadas e nificadas, ou rolamentos de roldanas gastos.
apertadas, se necessário.
Quando a verificação diária pára de ce- Bombas
der, inspeciona-se as braçadeiras em intervalos
menos frequentes. Durante uma inspeção de bombas
A mangueira é substituída se a capa tiver ("BOOSTER") auxiliares, verifica-se as seguin-
sido separada, se ela apresentar excessiva dila- tes condições: (1) operação apropriada; (2) va-
tação, ou se estiver enrijecida. zamentos e condição das conexões elétricas e de
Permanentes impressões da braçadeira e combustível; e (3) desgaste das escovas.
rachaduras no tubo, ou na cobertura de arma As linhas de dreno devem estar livres de
zenamento, indicam excessiva dilatação. As obstruções, dobradas ou com restrições. É preci-
mangueiras que entraram em colapso são substi- so que a bomba seja acionada pelo motor quanto
tuídas, como resultado do desalinhamento de a vazamentos e segurança dos montantes. Veri-
suportes ou linhas. fica-se, também, as linhas de ventilação e dreno
Algumas mangueiras tendem a alargar- quanto a obstruções.
se nas extremidades além das braçadeiras. Isto
Filtros das linhas principais
não é uma condição insatisfatória a não ser que
haja vazamento. Drena-se a água e sedimentos do filtro
Bolhas podem se formar na cobertura da linha principal a cada inspeção de pré-vôo.
externa de borracha sintética da mangueira. Es- A tela é removida e limpa em períodos especifi-
sas bolhas não afetam necessariamente o seu cados no Manual de Manutenção do Avião. Par-
uso. Quando a bolha é descoberta, ela é furada tículas de borracha são frequentemente avisos
logo após ser removida do avião. Se o fluido prematuros de deterioração de mangueira. Veri-
(óleo, combustível ou hidráulico) emergir do fica-se quanto a vazamentos e danos nas gaxe-
furo da bolha, condena-se a mangueira. Se ape- tas.
nas ar emergir, é feito um teste de pressão.
Se não ocorrer vazamento de fluido, a Indicadores de quantidade de combustível
mangueira pode ser considerada como utili-
zável. Furos na cobertura externa podem permi- Se o indicador visual (SIGHT GAGE) é
tir a entrada de elementos corrosivos, como á- usado, o vidro tem que ficar claro e sem vaza-
gua, que poderá atacar a fiação de cobertura e, mentos nas conexões. As linhas de condução
finalmente, resultar em sua falha. Por esta ra- quanto a vazamentos e segurança nas fixações
zão, furação na cobertura externa da mangueira, devem permanecer.
que a expõe para os elementos, devem ser evita- Os indicadores mecânicos são verifica-
dos. dos quanto a liberdade de movimento do braço
A superfície externa da mangueira pode da bóia, e a apropriada sincronização do pon-
desenvolver pequenas rachaduras, usualmente teiro com a posição.
pequenas e curtas, que são causadas pela ação Nos indicadores elétricos, ou eletrônicos,
do tempo na superfície. O conjunto da manguei- o indicador e as unidades do tanque precisam
ra pode ser considerado como utilizável, desde ficar montados, e suas conexões elétricas aper-
que estas rachaduras não penetrem para a pri- tadas.
meira lona.

3-39
Indicador de pressão de combustível Sistema de injeção de água para motores
convencionais
Verifica-se o ponteiro para tolerância
zero e excessiva oscilação; a cobertura de vidro, São poucos os que ainda estão sendo
quanto a perda das marcações de limitações; e usados, mas o sistema de injeção de água dispo-
as linhas e conexões quanto a vazamentos. Não nibiliza mais tração, que será obtida do motor
deve haver obstrução na ventilação. em potência de decolagem. O carburador ( ope-
rando em ajustes de alta tração) libera mais
Sinal de aviso de pressão combustível do que o motor realmente precisa.
O empobrecimento da mistura deverá
Inspeciona-se a instalação quanto a se- produzir mais força; contudo, o combustível
gurança de montagem e condição das conexões adicional é necessário para prevenir supera-
de ar, combustível e elétrica. quecimento e detonação.
Verifica-se a lâmpada através da pressão Com a injeção de um fluido anti deto-
da chave de teste; a operação que liga a chave nante, a mistura pode ser mais empobrecida do
da bateria; e o aumento de pressão com a bomba que àquela que produz a máxima tração, e a
"BOOSTER", observando a pressão que deverá vaporização da mistura água/álcool, que provê a
apagar a luz. Se necessário, ajusta-se o meca- refrigeração formada pelo suprimento em ex-
nismo de contato.’ cesso de combustível. (Figura 3-42).

Figura 3-42 Diafragma esquemático de um típico sistema ADI.

Operando nesta melhor mistura para potência, e a pressão máxima do duto principal
tração, o motor desenvolve mais força, nivelado pode ser aumentada.
através da pressão do duto principal e ajuste de
RPM sem variação. Em adição a isto, a pressão SISTEMA DE COMBUSTÍVEL PARA
do duto principal pode ser aumentada para o MOTORES A TURBINA - REQUISITOS
ponto que poderá causar detonação sem injeção GERAIS
da mistura água/álcool.
Desse modo, o aumento da tração com a O sistema de combustível é um dos as-
injeção anti detonante é duplamente vantajosa: o pectos mais complexos do motor de turbina a
motor pode ser operado na mistura de melhor gás. A variedade dos métodos usados para aten-

3-40
der as mais variadas necessidades do motor a energia deve ser fornecida para a turbina acima
turbina, fazem com que a carburação do motor do que é necessário para manter a RPM cons-
convencional se torne simples na comparação. tante. Contudo, se o fluxo de combustível au-
É possível aumentar ou diminuir a mentar muito rapidamente, uma mistura super
potência, para ser obtida a tração requerida a rica poderá ser produzida, com a possibilidade
qualquer condição operacional. Nos aviões e- de uma "RICH BLOWOUT". Motores Turboja-
quipados com turbina, este controle é provido to, Turbofan e Turboélice são equipados com
pela variação do fluxo de combustível para as uma unidade de controle de combustível que
câmaras de combustão. Contudo, aviões turboé- satisfaz automaticamente as necessidades do
lice podem usar hélices de passo variável; deste motor.
modo, a seleção de tração é alcançada através de Através de necessidades básicas aplica-
duas variáveis controláveis, o fluxo de combus- véis, geralmente para todos os motores de turbi-
tível e o ângulo da pá da hélice. na a gás, o meio com o qual os controles indivi-
A quantidade de combustível fornecida duais de combustível necessitam não podem ser
deve ser ajustada automaticamente para corrigir convenientemente generalizados.
as trocas na pressão ou temperatura ambiente. Cada fabricante de unidade de controle
Se a quantidade de combustível se tornar exces- de combustível tem sua própria peculiaridade de
siva em relação a massa do fluxo de ar através reunir as demandas para o motor.
do motor, a limitação de temperatura das palhe-
tas da turbina pode ser excedida, ou poderá pro- CONTROLE DE COMBUSTÍVEL DOS
duzir a queda de pressão do compressor (com- JATOS
pressor stall), e, uma condição de corte do mo-
tor por mistura rica, referida como "Rich Blo- Os controles de combustível podem ser
wout". divididos em dois grupos básicos: (1) Hidrome-
Essa condição ocorre quando o volume cânico; e (2) Eletrônico.
de oxigênio no ar de suprimento não é suficiente O controle de combustível eletrônico é
para manter a combustão, e quando a mistura é uma combinação dos dois grupos básicos. A
resfriada abaixo da temperatura de combustão maioria dos controles de combustível em uso
através do excesso de combustível. No outro são do tipo completamente hidromecânico.
extremo, o corte por mistura pobre, "Lean die- Indiferentemente do tipo, todos os con-
out", ocorre se a quantidade de combustível é troles de combustível executam essencialmente
reduzida proporcionalmente abaixo da quanti- as mesmas funções, apenas alguns sensores a
dade de ar. mais nos motores variam dos outros.
O sistema deve liberar combustível para O controle de combustível sente a posi-
a câmara de combustão, não apenas na quanti- ção da manete de potência , RPM do motor,
dade certa, mas também na condição certa, para cada uma das pressões de entrada do compres-
satisfazer a combustão. Os injetores de com- sor ou temperatura, e pressão de queima ou
bustível formam parte do sistema de combustí- pressão de descarga do compressor.Essas varia-
vel, e atomizam ou queimam o combustível que ções afetam o volume de tração que o motor
deverá ser eficiente. O sistema deve, também, poderá produzir pela demanda do fluxo de com-
suprir combustível para que o motor possa ser bustível.
facilmente colocado em funcionamento no solo
Controle hidromecânico
e no ar.
Estes são os meios que deverão injetar o Os controles dos jatos de combustível
combustível dentro das câmaras de combustão, são dispositivos complexos. Os tipos hidrome-
em condições para queimar, quando o motor cânicos são compostos por governadores de
estiver sendo operado lentamente pela sistema velocidade, sistema de servos, válvulas piloto e
de partida. Essa combustão deve ser sustentada luvas, sinal de retorno ou meios de verificação,
até que o motor seja acelerado para sua veloci- e sistemas de medição. Em adição, os controles
dade normal. eletrônicos de combustível incorporam amplifi-
Outra condição crítica que o sistema de cadores, termopares, relés, sistemas servo-
combustível deve responder ocorre durante uma elétricos, chaves e solenóides.
aceleração rápida. Quando o motor é acelerado,

3-41
Cada controle de combustível deve ser Controle eletrônico
estudado para poder ser entendido. Um sistema
de controle eletrônico de combustível e um ou- Os principais componentes do sistema
tro típico de controle de combustível hidrome- "Temperature datum" do Turboélice (
cânico serão discutidos. Para informações espe- ALLISON 501-D13) são as válvulas T.D., o
cíficas necessárias para inspeção ou manutenção coordenador, controle de combustível, SPEED
de instalações particulares, ou da unidade, con- SENSITIVE CONTROL, válvula DRENO do
sulte as instruções do fabricante, devem ser con- duto de combustível, e o ELETRONIC
sultadas. TEMPERATURE DATUM CONTROL.

Figura 3-43 Esquema do sistema de combustível do motor allison 501-d13.

“Temperature datum valve” la T.D., em resposta aos sinais do controle ele-


trônico associado. A rotação do motor é aplica-
A válvula de controle de dados de tem- da através de uma engrenagem de redução para
peratura (figura 3-44) ou válvula T.D. (Tempe- o pino de acionamento da válvula medidora;
rature Datum Valve) é o meio de ajuste fino no esta determina a percentagem de combustível
fluxo do sistema de combustível do motor, entre que deve ser ajustado (TRIMMED) do supri-
o controle principal e o duto de combustível. mento de combustível do motor e do derivado
A DATUM VALVE, opera em conjunto para as bombas.
com o controle eletrônico associado da válvula A válvula pressurizadora está localizada
T.D., ajusta o combustível fornecido do contro- imediatamente acima da saída de combustível
le principal para manter a temperatura pré- da válvula T.D., ela é carregada por mola para
selecionada na entrada da turbina. manter uma pressão residual no sistema de
A válvula consiste de um venturi, uma combustível. O lado de baixa pressão da válvula
válvula reguladora, uma válvula medidora com pressurizadora é ventilada através de uma saída
um conjunto de luvas e uma válvula pressuriza- de sangria, para derivar a pressão da saída da
dora. A válvula T.D. apresenta um parafuso de bomba "BOOSTER".
batente variável, atuado através de uma válvula A sangria de saída minimiza os efeitos
solenóide e de um pistão de acionamento. Isto da variação de pressão do combustível na ope-
limita a quantidade total de fluxo de combustí- ração da válvula pressurizadora. O parafuso de
vel do motor que pode ser reduzido. batente variável permite a redução no fluxo de
A válvula reguladora mantém uma pres- combustível nominal para o motor. O batente é
são ao redor do orifício da válvula medidora, posicionado através do pistão de acionamento.
proporcional a quantidade montante de combus- A válvula solenóide de duas posições direciona
tível que está sendo suprido para a válvula T.D. o fluido sob pressão para o pistão de aciona-
A válvula medidora é posicionada por mento, para estabelecer uma tomada de posição
suas luvas e orifícios através do motor da válvu- do parafuso batente.

3-42
Figura 3-44 diagrama esquemático da válvula T.D.

Venturi e válvula reguladora liza a pressão na garganta do venturi do lado


oposto do diafragma da válvula reguladora, um
Combustível medido sob pressão, do orifício regulado deriva o excesso de combustí-
controle principal, ao sair entra na válvula T.D. vel do motor que é estabelecido pela válvula
através de um venturi. A pressão de combustível reguladora. Simultaneamente, a queda de pres-
na garganta do venturi é uma amostra para pro- são apropriada pela regulagem fina do supri-
ver um sinal de pressão, inversamente propor- mento de combustível na garganta do venturi é
cional, para o volume de combustíel que entra conseguido em torno do orificio da válvula me-
na válvula T.D. didora. Nesta condição balanceada, a elevação
O combustível sob pressão na garganta de pressão da entrada da garganta do venturi
do venturi é aplicado para um lado do diafragma para a saída do venturi equaliza a queda de
da válvula reguladora, para prover uma força de pressão em torno do orifício da válvula medi-
posicionamento da válvula, inversamente pro- dora.
porcional ao fluxo de combustível através da Quando a válvula medidora está na posi-
entrada do venturi. ção "NULL", aproximadamente vinte por cento
O combustível da saída do venturi é ca- (20%) do total do combustível medido e suprido
nalizado diretamente para a válvula pressuriza- pela válvula T.D., é retornado para as bombas
da na saída da T.D. A válvula medidora faz o do motor.
ajuste fino do combustível em excesso do fluxo
de combustível do motor, e direciona este com- Válvula medidora (metering valve)
bustível em excesso para a válvula reguladora.
O combustível sob pressão na saída do venturi A válvula medidora é reposicionada em
flui para a válvula medidora e, através do orifí- seu orifício da posição "NULL" para variar a
cio dessa válvula, para a válvula reguladora. percentagem de combustível ajustado do venturi
Este combustível é derivado através da abertura de combustível na válvula T.D., desse modo
da válvula para a saída de derivação da entrada ajustando o montante de combustível liberado
da bomba do motor. Simultaneamente, a pressão para as câmaras do motor.
medida derivada é reduzida até que chegue a A válvula medidora é acionada em am-
equalizar a pressão da garganta do venturi no bas as direções para "PUT ou TAKE" da posi-
lado oposto do diafragma. ção "NULL", de acordo com a necessidade de
Quando a pressão medida derivada equa- temperatura do motor.

3-43
A válvula medidora posiciona sinais que Operação do motor
são enviados para o controle eletrônico associa-
do que sente as temperaturas no motor. A válvula medidora é posicionada em
Quando a válvula medidora é acionada seus orifícios através de um motor bifásico com
na direção de seu orifício, move-se na direção a válvula T.D. A voltagem de operação do mo-
de "PUT" para reduzir o fluxo de retorno. Isto tor é fornecida pela operação do controle eletrô-
faz com que o fluxo de combustível para as nico em combinação com a válvula T.D. A fase
câmaras do motor seja aumentado acima de da voltagem suprida para o motor determina a
cem por cento (100%), nominal de alimentação, direção da rotação do motor e o subsequente
quando a válvula medidora está na posição movimento da válvula medidora. A fase de vol-
"NULL". tagem, em curso, é determinada pelo tipo de
Simultaneamente, a pressão de retorno é correção de temperatura requerida, isto é, o flu-
reduzida, permitindo que a pressão na garganta xo de combustível do motor precisa ser aumen-
do venturi seja também reduzida pela abertura tado para aumentar a temperatura, ou precisa ser
da válvula, através da qual o combustível é de- reduzido para abaixar a temperatura.
rivado para as bombas do motor. A RPM do motor é transmitida através
O orifício da válvula medidora fechando de engrenagens de redução para a engrenagem
pode continuar até que os contatos da válvula de acionamento da válvula medidora em uma
atinjam o batente máximo de "PUT". O batente das extremidades do eixo. A extremidade oposta
máximo de "PUT" é ajustado durante a calibra- do eixo-pino é soldada a um tubo que carrega o
ção da válvula T.D. pino de acionamento da válvula medidora. Este
Quando a válvula medidora é acionada tipo de construção de "EIXO-PINO" provê um
para fora do seu orifício de assentamento, ela se eixo de torção, que reduz o choque mecânico no
move na direção de "TAKE" para aumentar o trem de engrenagens de redução e no motor, se
fluxo da garganta do venturi para o retorno, a válvula medidora é acionada contra algum
causando uma redução do fluxo de combustível batente.
para as câmaras do motor, abaixo daquele nor-
malmente fornecido quando a válvula medidora Operação do motor gerador
está na posição "NULL".
Concomitantemente, a pressão de retor- O motor da válvula T.D. possui um ge-
no é aumentada para mover o diafragma da vál- rador acoplado no eixo do motor. Enquanto o
vula reguladora contra a pressão na garganta do motor está acionando a válvula medidora para
venturi, desse modo, aumentando a abertura da trocar a posição da válvula, este gerador acopla-
válvula reguladora através da qual o combustí- do produz voltagem A.C., proporcional a velo-
vel é retornado para as bombas do motor. A cidade do motor.
abertura do orifício da válvula medidora pode A voltagem A.C. é o retorno para o con-
continuar até que a válvula medidora faça baten- trole eletrônico associado. A fase desta volta-
te, no variável "TAKE STOP". gem A.C. é determinada pela direção da rotação
O batente variável "TAKE STOP" permi- do motor/gerador.
te ser acionado através da válvula T.D. O fluxo A magnitude da voltagem A.C. é pro-
de combustível para o motor pode ser reduzido porcional a velocidade de rotação. Desse modo,
permitindo a proteção de temperatura máxima o retorno da voltagem provê um sinal de troca
do motor durante a partida. de razão, enviando ao controle eletrônico a ra-
Quando a velocidade do motor atinge e zão que a válvula medidora é movimentada.
excede um valor pré-selecionado, a válvula so- Com o controle eletrônico, esta volta-
lenóide da válvula T.D. é desenergizada. A gem amortece, ou reduz, o sinal de erro de tem-
ação da válvula solenóide reposiciona o batente peratura, que inicia a rotação do motor. A razão
variável de "TAKE". de redução do sinal de erro é proporcional a
O fluxo de combustível pode então ser razão em que o motor gerador está girando. A
reduzido o suficiente para diminuir qualquer redução do sinal de erro causa a correspondente
condição de super aquecimento durante a opera- redução da variação de fase da voltagem suprida
ção do motor. para o motor da válvula T.D.

3-44
O sinal desviado de erro lança a ação pa- O potenciômetro no coordenador é acionado do
ra obter a estabilidade da válvula T.D., pela re- eixo da manete de força através de um conjunto
dução da força de inércia, sem perda do torque de engrenagens.
sob condições de perda de sustentação. Deste Acima de certa posição nominal do co-
modo, a temperatura de entrada da turbina apro- ordenador, o potenciômetro esquematiza a tem-
xima-se do valor correto, a voltagem para o mo- peratura de entrada da turbina através do envio
tor é reduzida e o motor estola. Quando o motor de sinal elétrico, da temperatura desejada para o
estola, a válvula medidora deverá ser devida- controle da T.D.
mente reposicionada para prover a temperatura A chave no coordenador é atuada através
correta do fluxo de combustível. de um ressalto no eixo da manete de tração,
para transferir a função de controle de T.D. do
.Freio do motor limitador de temperatura para o controlador de
temperatura, em certa posição nominal do coor-
Um freio operado por solenóide está denador.
incorporado no eixo de saída do motor, entre o
motor e a caixa de engrenagem redutora. O freio
é desacoplado quando o solenóide é energizado, CONTROLADOR DE COMBUSTÍVEL
e acoplado quando o solenóide é desernegizado.
A voltagem de operação do freio é controlada O controlador de combustível está mon-
pelo motor do avião e circuito de controle ele- tado no alojamento de acionamento de acessó-
trônico. Quando o solenóide do freio é desener- rios, e ligado mecanicamente ao coordenador. O
gizado e o freio acoplado, a pressão de mola controle de combustível é projetado para execu-
segura a sapata do freio contra o disco, no eixo tar as seguintes funções:
de transmissão de força através do freio.
Esta ação previne que o motor nivele a (1) Prover os meios para variação do fluxo de
rotação através do ajuste do variador de fase combustível para permitir a seleção de for-
suprida para o motor. Quando o solenóide é ça que é coordenada entre o ângulo das pás
energizado e o freio liberado, a armadura do da hélice e a RPM do motor.
freio, no qual a sapata é localizada, é levantada
contra a força de mola no alojamento do sole- (2) Regular a razão do combustível medido
nóide. Isto libera a força do eixo de transmissão, durante a aceleração para prevenir excesso
permitindo que a rotação do motor seja aplicada de TIT.
para a caixa de engrenagem de redução.
(3) Controlar a razão do combustível medido
COORDENADOR durante a desaceleração do motor para pre-
venir o seu apagamento (FLAME OUT).
O coordenador está fixado na face trasei-
ra do controlador de combustível, e possui alo- (4) Controlar o motor e a velocidade de RPM
jamentos do eixo da manete de tração, discrimi- da hélice para o limite de operação do go-
nador mecânico, eixo de corte manual de com- vernador da hélice. Isto inclui tração
bustível, chaves e ressaltos atuadores, potenci- "REVERSA", baixa RPM de operação no
ômetro seletor de temperatura, potenciômetro solo, lenta de vôo e alta RPM e lenta de so-
acionador de engrenagens e fiação elétrica ne- lo.
cessária.
A unidade coordena a hélice, o controle (5) Prover meio de proteção do motor durante
eletrônico de "Temperature Datum" e o controle condições de disparo, através de redução
de combustível; ela recebe sinais através da has- do fluxo de combustível e TIT.
te da manete de tração e da manete de emer-
gência na cabine de comando, e transmite estes (6) Prover o esquema do início do fluxo de
sinais para o controlador de combustível e o combustível que, em conjunto com válvula
regulador da hélice através de um sistema de T.D. previne super aquecimento e “surge”
manetes e hastes. no compressor.

3-45
(7) Compensar as mudanças na densidade do A válvula de corte, que pode ser manual
ar, causadas pelas variações de temperatura ou eletricamente controlada, é atuada através de
e pressão na entrada de ar do compressor. uma ligação mecânica e um atuador elétrico. O
corte mecânico está combinado com a entrada
(8) Prover os meios de corte de fluxo de com- da ligação de controle de emergência. Mas, am-
bustível, elétrica e manualmente. bos, devem estar na posição "OPEN" para per-
O controle de combustível sente a pres- mitir o fluxo de combustível.
são de entrada do compressor, temperatura da Durante a partida do motor, a válvula
entrada do compressor e RPM do motor. Usan- operada permanece fechada até que o motor
do esses três fatores e o ajuste da manete de chegue a velocidade onde atua o controle de
tração, o controle de combustível mede o volu- sensibilidade de velocidade (SPEED
me apropriado de combustível através do limite SENSITIVE CONTROL) para abrir a válvula
de operação do motor. moto operada, permitindo o fluxo de combustí-
Sistemas compensadores de pressão e vel para o motor.
temperatura são projetados para manter constan-
te a temperatura da entrada da turbina (TIT),
quando as condições de entrada do compressor CONTROLE SENSITIVO DE
variarem. VELOCIDADE
O controle de combustível é projetado
para enriquecer a mistura, depois que as neces- O controle de sensibilidade de veloci-
sidades nominais do motor são acomodadas a dade (figura 3-45) é montado na base do tacô-
válvula T.D., que deriva parte do controle de metro na caixa de acessórios. Ele contém três
saída quando estiver na posição "NULL". Este chaves (SW) que são atuadas a certas velocida-
excesso de fluxo para a válvula T.D. lhe dá a des através de contrapesos centrífugos.
capacidade de adicionar tão melhor quanto sub- Durante a partida, uma chave (SW) a-
trair o combustível, para manter a temperatura ciona o combustível e a ignição, colocando em
pré-fixada pelo potenciômetro do coordenador e paralelo os elementos da bomba de combustível,
o controle da válvula T.D. O controle inclui energizando o sistema de enriquecimento de
uma válvula de corte para interromper o fluxo combustível (PRIMER) da partida quando está
de combustível ao motor. atuado, e fechando a válvula dreno.

Figura3-45 Controle sensitivo de velocidade.

3-46
VÁLVULA DRENO DA LINHA operação do motor. O que se torna segurança
PRINCIPAL DE COMBUSTÍVEL (DRIP) máxima da temperatura de operação do motor.
Durante a limitação de operação, a
O combustível de saída da válvula T.D. temperatura do motor é resguardada de exceder
é conectado para o duto principal de combustí- este valor através do sistema de controle da vál-
vel. O duto principal consiste de seções de man- vula T.D.
gueiras flexíveis, blindadas com malhas de aço, A temperatura de limite normal é efe-
que conectam a parte inferior do motor para a tuada através de todo o curso de variação da
válvula dreno. manete de tração, abaixo do ângulo em que o-
Essas seções conectam diretamente para corre uma super posição de comando de opera-
os injetores de combustível. Uma válvula dreno ção, e sempre que a chave de controle na cabine
operada por solenóide, e carregada por mola, é do avião é movida para a posição "LOCKED",
localizada na parte inferior no duto principal de como durante o pouso do avião.
combustível. Isso é projetado para drenar o A temperatura limitadora de partida é
duto principal quando a pressão de combustível efetiva apenas durante a partida do motor e da
cair abaixo de certo volume, enquanto o motor operação acima da velocidade pré-selecionada.
estiver parado para prevenir que o combustível O valor da temperatura do limite de partida é
fique gotejando dentro das câmaras. menor do que o limite normal de temperatura.
Durante o ciclo de partida, a válvula é O limite de temperatura de partida pro-
fechada através da energização do solenóide, tege o motor de temperaturas transitórias exces-
que é mantida fechada pela pressão do combus- sivas durante a partida do motor.
tível, vindo do duto principal quando o motor A temperatura de referência é projetada
está funcionando. de acordo com o ângulo da manete de tração,
controlando a variação de operação do motor. O
OPERAÇÃO DO SISTEMA valor da temperatura de referência é projetado
de acordo com a necessidade de tração do mo-
O sistema de controle da T.D. é essenci- tor.
almente um sistema servo. Deste modo, a ope- Tanto a temperatura limite como a tem-
ração do sistema é baseada em algum erro, ou peratura controlada de operação são seleciona-
variação para determinar as condições de tem- das pelo motor e chaves no avião. As chaves do
peratura do motor. O controle eletrônico da T.D. motor incluem: a chave de sensibilidade de ve-
sente qualquer erro de temperatura, e envia um locidade; e dois interruptores atuados pela ma-
sinal de correção para o servo-motor bifásico na nete de tração no coordenador do motor. A cha-
válvula T.D. associada. ve do avião atuada pelo piloto é a chave de con-
A referência para que as temperaturas do trole do sistema T.D.
motor sejam comparadas é estabelecida pelo As chaves do motor selecionam o valor
controle eletrônico. Essa referência é equivalen- limite de temperatura, "NORMAL ou
te a milivoltagem para o gerador do termo- PARTIDA" e troca o sistema de controle T.D.
couple do motor para uma temperatura determi- de operação limite para operação controle.
nada. A chave seletora de sensibilidade de
Qualquer variação entre a referência do velocidade seleciona a referência desejável para
gerador de milivoltagem do termocouple causa limitação de partida (START LIMITING) duran-
um sinal de correção de erro, −para ser mandado te a partida inicial do motor.
para o servo-motor da válvula T.D. O controle eletrônico permanece na con-
Três diferentes referências nas condições dição de limitador de partida, até que a chave de
de temperatura são usadas durante a operação velocidade abra. Quando a chave de velocidade
do sistema T.D. abrir, o controle eletrônico é comandado para a
Essas condições são limites normais, li- operação de limitação normal de temperatura.
mite de partida, e controle. O valor de tempera- As chaves (SW) atuadas pela manete de
tura de referência de controle é projetado em tração estabelecem o ângulo destas, que vão
função do ângulo da manete de tração. sobrepujar o limite de temperatura para ocorrer
A temperatura de referência do limite o controle da temperatura de operação.
normal é disponível em todas as condições de

3-47
Nos ângulos da manete de tração meno- Isto provê combustível para as câmaras
res que o ponto de ultrapassagem, (CROSS de combustão em pressão e volume necessários,
OVER) essas chaves mantêm o controle de T.D. −para manter o desempenho do motor progra-
no limite operacional. Depois que o ângulo de mado pela posição da manete de tração. Ao
ultrapassagem é atingido e ultrapassado, elas mesmo tempo, limita o fluxo de combustível
realinham oQuando a chave de controle de T.D. para manter as condições operacionais.
está na posição "LOCKED", é comandada de O JFC 12-11 é um controlador de com-
partida para o limite normal de operação. bustível totalmente mecânico para o motor Tur-
Quando a chave está colocada na posi- bojato PRATT AND WHITNEY. O diagrama
ção "AUTOMATIC" outra condição ocorre. O esquemático de operação é mostrado.
sistema de controle da T.D. é trocado da opera- O propósito do JFC é medir combustível para o
ção de controle para limite sempre que a chave motor, para controlar a RPM, prevenir supera-
de controle da T.D. é movida para a posição quecimento e excesso de combustível, ou parada
"LOCKED". do motor por falta de combustível.
Isto é conseguido pelo suprimento de si-
CONTROLE HIDROMECÂNICO DE nais da RPM do motor (N2) e pressão de quei-
COMBUSTÍVEL ma (PB). O controle, então, projeta fluxo de
combustível (Wf) em Libras/Hora, para manter
O JFC ( Jet Fuel Control ) projeta a o motor funcionando no ajuste desejado através
quantidade de fluxo de combustível necessária da manete de potência, e dentro dos limites ope-
para o motor Turbojato. racionais do motor.

Figura 3-46 Diagrama da operação do controlador de combustível JFC12-11.

3-48
Duas manetes de controle estão disponí- combustível é necessário, e, por este motivo, a
veis. A manete de tração controla a RPM do razão combustível/ar será constante (Wf / Pb ).
motor durante toda as operações de aceleração e A medição de fluxo de ar através do mo-
reverso. tor é dada pela pressão de queima (Pb). A pres-
Uma manete de corte do combustível são de queima é uma medição desigual do fluxo
controla, através da operação do corte de com- de ar, sendo usada para programar o fluxo de
bustível. O sinal da válvula "DUMP" do duto combustível durante a desaceleração, prevenin-
principal tem a sequência própria. do um corte do motor por falta de combustível.
Quando a manete de potência é movida Durante a aceleração, o fluxo de ar é
para um ajuste selecionado, uma certa percenta- programado em função da RPM e a pressão de
gem de força disponível é esperada do motor. queima, para prevenir uma parada por enrique-
A tração resulta da aceleração conferida cimento (BLOW OUT) de ar, ou supe-
a massa de ar, fluindo através do motor. Conse- raquecimento por excesso de combustível.
quentemente, qualquer variação da densidade do A curva de equilíbrio de um motor, con-
ar através de trocas de pressão ou temperatura forme a figura 3-47, indica o trabalho que o
afetarão a tração devido a mudança na massa do controle de combustível deve fazer.
fluxo de ar. O fluxo de combustível durante a partida
No limite da operação do motor ao nível é limitado pela linha de aceleração, e deverá
do mar para a altitude, as variações de pressão cair para o valor necessário de operação de lenta
atmosférica têm um maior efeito na densidade quando a RPM do motor aumentar.
do ar do que a mudança na temperatura ambien- A diminuição para o fluxo de combustí-
te. vel ocorre ao longo do declínio da curva, que é
Por qualquer condição constante de ope- uma característica governada de fabricação
ração do motor (massa do fluxo de ar através dentro do controle de combustível para um me-
do motor constante), um volume definido de lhor controle de RPM, sem aumento de pressão.

Figura 3-47 Condições de operação do motor (curva de equilíbrio).

A posição da manete de tração varia a manete de tração é movida para frente. O fluxo
compressão da mola de velocidade para sele- de combustível aumenta rapidamente no início
cionar o ajuste próprio do declínio da curva... e, então, mais gradualmente, de acordo com o
Para acelerar de lenta para máxima, a programa de aceleração que deverá resguardar

3-49
as condições de alta pressão e super aquecimen- outro lado, para o efeito combinado da pressão
to do motor. da descarga da válvula aceleradora e a força da
Pouco antes do máximo ser atingido, o mola pré-regulada, para manter a queda de pres-
fluxo de combustível começa a decrescer ao são desejada em torno da válvula aceleradora.
longo da linha de declínio para que o nível de A força da mola é ajustada para permitir
RPM não chegue ao máximo sem afogar. a compensação para uso de vários combustíveis.
Para a desaceleração da potência, o fluxo Com uma queda de pressão constante em
de combustível cai rapidamente para o progra- torno da válvula aceleradora, o fluxo através
ma mínimo, e retorna para lenta. dela deverá ser proporcional a área de seu ori-
Embora a razão do fluxo mínimo de ficio.
combustível seja mostrado através de linha reta Qualquer excesso de combustível acima
na Figura 3-47, o fluxo de combustível varia do requerido, para manter a pressão diferencial
com a pressão de queima e, deste modo, é mais ajustada, é derivado de volta para a seção entre
alta na RPM de máxima do que na RPM de len- estágios da bomba de suprimento. O orifício de
ta. alijamento na passagem para a válvula regula-
dora de pressão minimiza vibração da válvula.
DESCRIÇÃO DO CONTROLE DE COM-
BUSTÍVEL Válvula aceleradora

Operação do sistema de medição A válvula aceleradora, figura 3-48, é a


válvula medidora principal. E consiste em uma
O combustível é fornecido para a entra- mola tensionada e uma válvula de contorno ci-
da da unidade de controle, vindo dos tanques do líndrico, que se move com um flape em um ori-
avião através de uma série de bombas de refor- ficio.
ço.
O combustível é passado através de telas
e filtros no sistema de combustível do avião,
antes de ir diretamente para o controle de com-
bustível.
O combustível entra no porte de entrada
da unidade de controle, e passa através de uma
tela filtro de 200 MICRONS (figura 3-48).
Se o filtro se obstruir, permitirá que o
combustível não filtrado o derive, devido a ten-
são de mola, e a válvula será levantada de sua
sede se a pressão diferencial em torno da tela for
maior de 25 a 30 PSID. Algum combustível que
passar através do filtro comum é filtrado dire-
tamente.
Todo o combustível de alta pressão usa-
do nas válvulas e servos do controle de combus-
tível passa através do filtro fino. Esse filtro é
uma tela de 35 MICRONS e é também carrega-
do por mola. Se ocorrer um entupimento, o
combustível não filtrado deverá derivar do filtro
quando a pressão diferencial for de 10 a 17
PSID.

Válvula reguladora de pressão

O diafragma da válvula reguladora de


pressão, mostrado na figura 3-48, é exposta em Figura 3-48 Sistema de medição.
um lado para a pressão de saída da bomba e, no

3-50
Essa válvula controla o fluxo principal vula dreno do duto principal e dos dutos do mo-
de combustível, que vem da bomba do motor tor.
para os injetores de combustível.
Assim, uma pressão diferencial constan- Válvula piloto e operação da válvula acelera-
te é mantida em torno da válvula aceleradora dora
através da válvula reguladora de pressão.
Cada posição da válvula representa um O sinal de pressão que atua a válvula de
definido fluxo de combustível, indiferentemente corte e pressão mínima origina-se da válvula
da pressão de descarga da válvula aceleradora. piloto e operação da aceleradoras (Figura 3-49).
Um fluxo mínimo positivo de ajuste é feito na Em adição a este sinal de pressão, a válvula
válvula aceleradora. A válvula é carregada por piloto e a operação da válvula aceleradora fa-
mola para a sua posição de fluxo mínimo, mas zem duas outras funções. O porte desta válvula
nunca fecha completamente. determina a sequência destas funções. Essa vál-
A mola da válvula aceleradora a move vula piloto é posicionada através de um ressalto,
na direção para diminuir o fluxo, e a ação com- montado no eixo rotativo da manete de corte na
binada da pressão do servo do compressor e do cabine.
servo do governador move a válvula na direção Em operação ou na posição "ON", a vál-
para aumentar o fluxo. vula piloto direciona a alta pressão de combus-
A saída da válvula aceleradora direciona tível para a válvula de pressurização e "DUMP"
o combustível medido para a pressão mínima e do motor, onde ela trabalha contra a mola para
a válvula de corte. manter a válvula "DUMP" fechada. Como ante-
O combustível medido também atua do riormente mencionado, o lado da mola da válvu-
lado da mola da válvula reguladora de pressão, e la, de corte de pressão mínima, é exposto para a
é liberado para a válvula piloto, onde ele pode cavidade do dreno do corpo, mantendo o fluxo
derivar para o dreno, quando a manete de corte de baixa pressão da válvula aceleradora para
de combustível é colocada na posição "OFF". forçar a abertura. A terceira função da válvula
piloto, e a operação da válvula aceleradora, é
Válvula de pressão mínima e de corte para bloquear a linha de derivação do ar de im-
pacto.
A válvula de corte e pressão mínima é Quando a manete de corte de combustí-
uma válvula tipo "lançadeira", atuada para cima vel é movida para a posição "OFF", a válvula
em um lado pela pressão de descarga da válvula piloto é reposicionada pelo resssalto. Primeiro, a
aceleradora; e do outro pela combinação da for- linha de derivação de ar de impacto é aberta. A
ça da mola, tanto pela alta pressão de combus- válvula piloto, operada pela válvula aceleradora,
tível durante o corte, como pela pressão do dre- também direciona a alta pressão de combustível
no do corpo do J.F.C. durante a operação nor- para o lado da mola da válvula de corte e pres-
mal. são mínima; assegurando o fechamento da vál-
A mola também mantém a válvula fe- vula.
chada após o corte do motor. Durante a opera- A válvula mantém a linha de pressão
ção normal, quando o lado da válvula é jogado para a válvula "DUMP" e pressurizadora do
para cima pela pressão do dreno do corpo, se a motor, para drenar para dentro da cavidade do
pressão de descarga da válvula aceleradora cair corpo, permitindo que a mola abra a válvula; e
abaixo de um valor pré-regulado, ela deverá se qualquer combustível no duto principal do mo-
mover na direção da posição "CLOSED", res- tor seja drenado.
tringindo o fluxo do controle de combustível, Durante o corte do motor em vôo, o ar
até que a pressão de descarga da válvula acele- de impacto do motor, e a bomba de combustível,
radora aumente novamente para o valor pré- continuam a operar. Desde que o fluxo externo
ajustado. Isto assegura que pressão suficiente do controle de combustível seja cortado, a saída
seja mantida disponível para operação dos ser- da bomba deve ser aliviada. Isto não pode ser
vos e válvulas. feito pela válvula de alivio da bomba (1000 PSI)
O fluxo de combustível medido vem da ou pelo controle de combustível. Para evitar as
válvula de corte e pressão mínima para a saída condições de alta carga na bomba e alta tempe-
do controle de combustível, e então para a vál- ratura que acompanham a operação da válvula

3-51
de alívio, a função de derivação é feita com o combustível é estabelecido através da válvula
controle de combustível em pressão mínima. cilíndrica.
A linha de derivação de ar de impacto A figura 3-50 é uma representação es-
traz pressão de combustível medido ( pela vál- quemática do sistema de computação. As unida-
vula aceleradora) para um porte no alojamento des que compõem esse sistema e sua operação
da válvula piloto e de aceleração. Se a válvula são descritas nos parágrafos seguintes.
piloto é posicionada para cortar o fluxo de com-
bustível para o motor, a pressão do combustível Conjunto servo de pressão de queima
medido é sangrada através da linha de derivação
e do alojamento da válvula piloto, para a baixa Os conjuntos de controle do servo de
pressão da cavidade do corpo. pressão de queima controlam a posição do ser-
A diminuição da pressão do combustível vo.
medido também reduz a força do lado da mola A posição do servo de pressão do com-
do diafragma regulador de pressão. Isto mantém pressor provê a entrada para a multiaplicação
a válvula reguladora totalmente aberta, deri- das ligações que atuam sobre a válvula acelera-
vando a saída da bomba. dora. O conjunto queimador consiste em duas
Se um corte do motor é feito durante a cápsulas, uma que é ventilada para a pressão da
condição de alta pressão (posição de manete em câmara e outra que é evacuada.
máxima tração), um orifício na linha de deriva- As duas cápsulas estão instaladas, dia-
ção de ar de impacto é colocado, para que a metralmente opostas, em uma estrutura rígida,
pressão na cavidade do corpo não possa aumen- com seus terminais móveis conectados em uma
tar para valores que possam danificar o controle haste comum.
de combustível. Se a pressão de queima aumenta durante
a operação, a cápsula esquerda se distende. Esse
Operação do sistema de computação movimento é transmitido através da manete,
conectada para a haste da cápsula, movendo a
Através do posicionamento da válvula válvula piloto no servo de pressão do compres-
principal de medição, o sistema de computação sor.
seleciona um fluxo de combustível para cada O movimento da válvula piloto direcio-
condição operacional do motor. Esse fluxo de na alta pressão de combustível para a câmara
servo do governador.

Figura 3-49 Válvula piloto atuada pela aceleração.

3-52
A seção transversal da válvula servo do
governador é maior que o terminal da câmara
servo que está na extremidade oposta, o qual é
atuado para cima pela alta pressão de combustí-
vel. Por este motivo, o aumento de pressão na
câmara causa o movimento na válvula servo do
governador, deste modo trocando a entrada da
ligação da multiaplicação da válvula acelerado-
ra. Assumindo que o servo do governador é
estacionário, um aumento na pressão de queima
deverá causar um aumento no fluxo de combus-
tível. Quando o servo de pressão do compressor
se move, a passagem de combustível aberta pelo
movimento da válvula piloto é gradualmente
fechada, até que o servo, seguido pelo acompa-
nhamento da válvula piloto, assuma nova posi-
ção de equilíbrio. Se a pressão de queima
diminui, a cápsula contrai, movendo a válvula
piloto para que a câmara servo do governador
seja drenada para a pressão do corpo. A alta
pressão de combustível atuando no terminal da
área menor do servo da válvula do governador,
movimenta-o, portanto, há uma mudança na
Figura 3-50 Sistema de computação.
entrada para a ligação de multiaplicação da vál-
vula aceleradora. Assumindo que o servo do
Se, devido a mudança da pressão do
governador é estacionário, a diminuição da
servo, a força exercida através desta pressão na
pressão de queima causa uma diminuição no
extremidade da área maior do governador servo
fluxo de combustível. A pressão da válvula ser-
é maior que aquela exercida pela alta pressão na
vo do compressor se move para uma nova posi-
extremidade oposta, o servo do governador mo-
ção de equilíbrio, e isto é acompanhado nova-
ve-se e, através da ligação de multiaplicação,
mente pela válvula piloto.
mantém a válvula aceleradora para o curso em
direção a diminuição de fluxo. Inversamente, se
Servo do governador
a força exercida pela pressão do servo é menor
do que a exercida pela alta pressão, o gover-
O servo do governador controla o fluxo
nador servo se move e aciona a válvula acele-
de combustível com a função de ajustar a velo-
radora na direção de aumentar o fluxo. O fluxo
cidade do motor, levando em consideração do
de combustível do servo para o servo do
CIT (Compressor Inlet Temperature) e as limi-
governador é controlado por
tações operacionais do motor.
(1) governador de velocidade; e
O servo do governador (Figura 3-50)
(2) (2) pela válvula piloto limitadora de
atua sobre a válvula aceleradora através da liga-
temperatura e "SURGE".
ção de multiaplicação, em conjunto com o servo
de pressão do compressor.
SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO DE
Para uma discussão da operação do ser-
COMBUSTÍVEL
vo do governador, deverá ser assumido que a
válvula servo de pressão do compressor é esta-
Regulagem do governador de velocidade
cionária. O governador servo é uma válvula
"lançadeira", que atua com alta pressão de com-
A regulagem do governador de veloci-
bustível em uma pequena área da extremida-
dade (Figura 3-51) controla a posição do servo
de do servo de pressão da válvula piloto do go-
do governador, − ele é um governador tipo cur-
vernador de velocidade atuando na outra
va permanente centrífugo, acionado pelo rotor
extremidade.
de alta velocidade do motor (N2), através de um

3-53
trem de engrenagens. Quando a velocidade do te, quando a velocidade do motor diminui, os
motor aumenta, os contrapesos centrífugos ten- contrapesos centrífugos se movem para dentro e
dem a se mover para fora, levantando a válvula a válvula piloto é abaixada.
piloto de seu ajuste de velocidade. Inversamen-

Figura 3-51 Sistema de programação.

A manete de tração na cabine de coman- o combustível de alta pressão para o servo do


do posiciona os ressaltos de ajuste de velocida- governador, através da válvula "OVERRIDE
de na unidade de controle de combustível, para CHECK".
manipular o sistema de manetes e, desse modo, O servo se move para cima, causando a
controlar a compressão da mola de velocidade. diminuição da razão combustível/ar. Como a
Esta, exerce força na válvula piloto de regula- posição do governador servo é alterada, a mane-
gem de velocidade. te se move em torno do ponto de pivotamento.
A condição de "ON SPEED" indica que O movimento da manete altera a compressão da
a força da mola de velocidade e a força dos con- mola de velocidade, que força a válvula piloto,
trapesos centrífugos estão iguais. enquanto o "centrífugo" de RPM força o balan-
Quando a RPM excede àquela que a ma- ceamento dos contrapesos, resultando na condi-
nete de tração ajustou, os contrapesos centrífu- ção de equilíbrio "ON SPEED".
gos do governador de velocidade se movem Inversamente, se a RPM do compressor
para fora, levantando a válvula piloto. Isto mede de "ALTA" é mais baixa do que a demanda re-

3-54
guladora da manete de tração, os contrapesos se motor deve continuar até que o motor possa
movem para dentro, permitindo a pressão do acelerar além da velocidade de auto sustentação.
servo do governador drenar para a pressão de Quando a manete de corte está sendo
reforço. Isto permite qua a alta pressão de com- avançada para a posição "ON", os procedimen-
bustível no terminal oposto do servo desloque-o tos de aceleração devem ser os seguintes: (1) a
para baixo, aumentando a razão combustível/ar. manete de tração deve ser levada para o aumen-
O reposicionamento da manete altera a to máximo do fluxo de combustível; e (2) o res-
força da mola de velocidade. salto de ajuste posiciona a haste de velocidade
Os contrapesos e a força da mola de ve- até que a mola do ajuste do governador seja
locidade irão novamente equilibrar para a con- comprimida além da força necessária, para con-
dição "ON SPEED". trabalançar a força centrífuga dos contrapesos.
As condições operacionais não são cons- Na partida, os contrapesos estão girando
tantes. Portanto, a posição da curva de equilí- tão lentamente que a força da mola de velocida-
brio pode mudar. (Esta curva é ilustrada na figu- de é maior que a força dos contrapesos, e o ajus-
ra 3-47). te de velocidade da válvula piloto é movido para
As características de declínio da regula- baixo. Isto expõe a linha de pressão do gover-
gem de velocidade do governador são utilizadas nador servo para o dreno do corpo; e a alta pres-
para prover novas regulagens - "ON SPEED". são na extremidade oposta do servo do governa-
Por exemplo, a densidade do ar pode pressionar dor aciona o servo para baixo, aumentando o
o compressor do motor, causando um decrésci- fluxo de combustível. Essa ação é representada
mo de velocidade. E, neste caso, a força dos pelos pontos 1 e 2 na figura 3-47.
contrapesos é menor do que a força da mola de
velocidade, e a válvula piloto se move para bai- Válvula de limite de temperartura e "surge"
xo, aumentando o fluxo de combustível. Isto
corrige a queda na RPM. A válvula limitadora (figura 3-51) so-
A manete diminui a força da mola de brepuja a ação do governador de velocidade
velocidade na válvula piloto. A manete ajusta durante as rápidas acelerações, para assegurar
levemente para baixo a RPM final, quando o que o "SURGE" e os limites operacionais de
sistema vai para "ON SPEED" para uma nova temperatura do motor não sejam excedidos.
condição de equilíbrio. A posição da válvula piloto limitadora é
As condições operacionais podem causar controlada através de uma haste. A haste é atua-
um aumento de velocidade no motor. da pela posição do servo do governador, pela
O fluxo de combustível é diminuído RPM do motor e pela temperatura de entrada do
para esta condição, mas a manete reajusta o go- compressor.
vernador de velocidade para a condição "ON Durante o estado de operação constante,
SPEED", e aumenta, ligeiramente, a RPM. uma passagem através da válvula limitadora
As características de declínio de curva está aberta entre o governador de velocidade e o
indiretamente controlam a temperatura máxima governador servo, mantendo um fluxo de
da turbina através da limitação da RPM desta. combustível com o qual o governador servo
poderá ser controlado pelo governador de
Partida velocidade.
Durante as rápidas acelerações, a válvula
piloto limitadora é movida para restringir ou
Durante a partida, um volume apropria- bloquear esta passagem.
do de combustível deve ser suprido, para asse- A pressão é, deste modo, medida em
gurar que ela seja rápida e, durante algum tem- torno do piso da válvula piloto limitadora, que
po, mantenha as temperaturas na entrada da deverá mover o servo do governador para con-
turbina dentro dos limites especificados. trolar o fluxo de combustível numa razão má-
Quando o motor parte, a manete de corte xima segura.
de combustível não é movida até aproximada- Quando o motor atingir a RPM ajustada,
mente 12 a 16% da RPM que é indicada no ta- o governador de velocidade deverá dirigir o
cômetro. Nesta velocidade, a manete de corte é combustível de alta pressão para o servo do go-
movida para a posição "ON". A velocidade de vernador, para diminuir o fluxo de combustível.
ignição está agora sendo obtida, mas o giro do

3-55
Desde que a passagem através da válvu- cilíndrica inclinada posiciona a válvula “surge”
la piloto limitadora possa ser bloqueada, uma e a limitadora de temperatura.
válvula unidirecional é mantida para que o A outra superfície do ressalto não é usa-
combustível em alta pressão possa ser derivado do no controle de combustível JFC-12-11. O
da passagem bloqueada, chegando ao governa- ressalto 3D e a unidade de translação são mos-
dor servo, e diminuindo o fluxo de combustível tradas na figura 3-52.
para evitar um excesso de velocidade. Quando o A RPM do motor é sentida pelos contra-
servo do governador se move para diminuir o pesos centrífugos, e aciona a unidade sensível
fluxo de combustível, a válvula piloto limitado- de velocidade através do motor por um trem de
ra retornará à posição operacional de "STEADY engrenagens.
STATE". A válvula piloto é balanceada entre uma
mola fixa e as forças dos contrapesos.
Ressalto tridimensional e unidade de trans- Os contrapesos não movem o ressalto
lação 3D diretamente, ele é posicionado através de
outro ressalto 3D do servo de translação, conec-
Os ressaltos tridimencionais operam tado ao primeiro ressalto.
através de hastes para prover uma limitação de O servo do ressalto possui uma alta pres-
velocidade de "SURGE" para a válvula são de combustível (7 a 50 PSI), atuando em sua
"SURGE", limitação de temperatura e uma en- menor área durante todo tempo.
trada de força para a mola do governador de A área maior do servo do ressalto 3D,
velocidade. tanto é atuado para cima pela alta pressão do
O ressalto 3D são realmente dois ressal- combustível da bomba do motor, ou é ventilado
tos em um eixo comum. para o dreno do corpo de controle de combustí-
vel.
Quando a velocidade do motor aumenta,
os contrapesos se movem para fora. A força
dos contrapesos, mais a mola de retorno, mo-
vem a válvula piloto para baixo, comprimindo a
mola fixa. A válvula piloto abre o porte da área
maior do servo do ressalto 3D.
Quando a pressão do servo na câmara é
direcionada para o dreno da cavidade do corpo,
a alta pressão de combustível atua na área me-
nor, levantando o ressalto do pistão do servo e o
ressalto superior.
Como o ressalto se translada (move-se
verticalmente), a força na mola de retorno é
diminuida. Isto aumenta a força em cadeia, em
oposição a força dos contrapesos. O resultado é
que a própria válvula piloto retorna para a posi-
ção neutra, e o servo do ressalto pára de mover-
se.
Quando a velocidade do motor é redu-
zida, a força fixa da mola força os contrapesos
para dentro, permitindo que se desloque a vál-
vula piloto para cima. Isto dirige a alta pressão
de combustível para a câmara do servo do res-
salto.
Figura 3-52 Unidade de translação e ressalto 3d. O servo e o ressalto se movem para bai-
xo. Como o ressalto se movimenta, o aumento
Dois ressaltos cilíndricos (CAMS) foram da força da mola de retorno traz para neutro a
mecanizados em sua superfície. Uma superfície válvula piloto.

3-56
Proteção do motor contra disparo (over- clínio do governador reduzem a razão combus-
speed) tível/ar, quando a velocidade do compressor
aumenta até que a operação de equilíbrio é al-
Se o sinal de RPM para o controle de cançada no ponto nove (9).
combustível é rompido, o ajuste de velocidade
do governador deverá reagir através das condi- Desaceleração do motor
ções existentes de baixa velocidade do motor. A
mola de velocidade força a válvula piloto para Quando a desaceleração é desejada, a
baixo, e alija a pressão do servo do governador; manete de potência na cabine de comando é
este último solicita mais combustível, que tende retardada, reduzindo a compressão na mola de
a causar disparo do motor. velocidade.
O ressalto 3D desloca a válvula piloto, A válvula piloto de velocidade do go-
que também é posicionada pelo sinal de RPM. vernador se move para cima (da força centrífu-
Com o sinal de RPM interrompido, a mola fixa ga); e alta pressão de combustível é dirigida
empurra a válvula piloto para cima. para o lado de baixo do servo do governador
Alta pressão de combustível é dirigida através da válvula "unidirecional”. O governa-
através da válvula piloto, e força o ressalto ser- dor servo é movido para cima à razão mínima,
vo e o 3-D para baixo, na posição 0% de RPM. representado pelo ponto dez (10) na figura 3-47.
O ressalto circular de 0% de RPM provê um O fluxo de combustível do ponto dez/onze
conhecido fluxo constante de combustível. Esta (10/11) é determinado pela posição do servo de
ação previne o programa de excesso de combus- pressão do compressor.
tível, protegendo o motor contra disparo, se o A pressão de queima programa o fluxo
acionamento do controle de combustível falhar. de combustível como se o motor perdesse RPM,
continuando até que a própria válvula acelera-
Aceleração do motor dora se encaminhe contra o batente de fluxo
mínimo, onde ela pode fechar sem problema.
O programa de aceleração é mostrado Esses são os pontos onze e doze na curva
nos pontos 4,5,6,7,8 e 9 na figura 3-47. ( 11 e 12). O limite de fluxo mínimo representa
O posicionamento do servo do governa- a condição mínima de auto sustentação do mo-
dor é similar àquele do programa de partida. Em tor. A razão combustível/ar mínima é projetada
"lenta", o motor é operado na extremidade es- para evitar o apagamento por pouco com-
querda da curva de equilíbrio do ponto quatro bustível nas áreas.
(4). Para iniciar a aceleração, a manete de tração
na cabine de comando é movida na direção SISTEMA DE REARME COM INJEÇÃO
"TAKE OFF", causando um imediato salto no DE ÁGUA
fluxo de combustível.
Quando a manete de tração é movida, o
ressalto de ajuste aumenta a carga na mola de Em dias quentes, a tração é reduzida por
velocidade. Esse aumento causa um outro au- causa da diminuição na densidade do ar. Isto
mento de velocidade na válvula piloto do go- pode ser compensado através da injeção de água
vernador para mover-se para baixo, permitindo na entrada do compressor ou no alojamento do
a pressão certa para dreno, da extremidade de difusor; baixando a temperatura e aumentando
área maior do servo do governador. A alta pres- a densidade do ar.
são na extremidade oposta força o servo do go- Um contator (Micro Switch) no controle
vernador para baixo, aumentando a razão com- de combustível é atuado pelo eixo de controle,
bustível/ar. quando a manete de tração é movida para posi-
Esta ação é representada entre os pontos ção de tração máxima.
quatro e cinco ( 4 e 5 ). A injeção de água reajusta a velocidade
O programa de combustível, durante a do servo (figura 3-53), recalibrando a velocida-
aceleração dos pontos cinco e oito ( 5 e 8 ), é de ajustada para valores mais altos durante a
similar para a operação discutida sobre a partida injeção de água.
com a manete de potência ajustada em "lenta". Sem este ajustamento, o controle de
Após o ponto oito (8), as características de de- combustível iria diminuir a RPM para que ne-

3-57
nhum adicional de tração fosse realizado duran- de controle de combustível é atuada. Quando a
te a injeção. água é disponível, uma porção é direcionada
para o reajuste de velocidade do servo.

MANUTENÇÃO DO CONTROLE DO
COMBUSTÍVEL DOS JATOS

O reparo do controle do jato de combus-


tível é muito limitado. Os reparos permitidos na
pista são de substituição do controle e ajustes
após serviços. Esses ajustes são limitados para a
RPM de lenta e ajustes de velocidade máxima,
comumente chamada "TRIMMING" do motor.
Ambos os ajustes são feitos no limite normal de
operação.
Durante o "Trimming" do motor, o con-
trole de combustível é verificado quanto a RPM
de lenta, máxima, aceleração e desaceleração.
Os procedimentos usados para verificar o con-
trole de combustível variam, dependendo do
avião e da instalação do motor.
O motor é "ajustado" de acordo com os
procedimentos do manual de manutenção, ou
revisão, para cada motor em particular. Em ge-
ral, o procedimento consiste na obtenção da
temperatura do ar ambiente e da pressão baro-
métrica na pista ( não ao nível do mar). Deve-se
obter a temperatura real, lida e comparada, do ar
que deverá entrar no motor. Usando essas leitu-
ras, a pressão de descarga da turbina desejada, e
lida, é computada de cartas publicadas no ma-
nual de manutenção.
O motor é operado em tração máxima
(ou no controle de combustível no batente de
Figura 3-53 Sistema de rearme com injeção de "TRIM") por um período suficiente de tempo,
água. para assegurar-se que está completamente esta-
bilizado.
O servo é uma válvula "SHUTTLE" que Cinco minutos é o período usualmente
é atuada para cima pela pressão de água durante recomendado para a estabilização. Uma verifi-
a injeção de água. cação deve ser feita para se assegurar de que
O movimento do servo desloca uma as válvulas de sangria de ar do compressor estão
manete na operação da haste de ressalto para a totalmente fechadas, e que todos os acessórios
mola de velocidade no governador, aumentando acionados por sangria de ar (como a curva
a força da mola e a calibragem. "TRIM") não estão sendo corrigidos.
Devido a resultante RPM ser maior Quando o motor estiver estabilizado,
enquanto a água está fluindo, o aumento da tra- uma comparação é feita, a pressão de descarga
ção durante a injeção da água é assegurado. da turbina (ou EPR) é computada para determi-
Se o sistema de injeção de água não é nar o volume aproximado de calibragem neces-
armado na cabine de comando, ou, se não hou- sária.
ver disponibilidade de água, nada acontece Se uma calibragem é necessária, o con-
quando a chave de injeção de água na unidade trole de combustível do motor é então ajustado

3-58
para obter a pressão de descarga da turbina de- obter um jato satisfatório no injetor, assim como
sejada, ou "EPR", no manômetro. Imediatamen- apurada regulagem de combustível.
te, seguindo o ajuste do controle de combustí- As bombas de combustível para motores
vel, a leitura do tacômetro é observada e grava- turbojato são geralmente do tipo engrenagem e
da. O fluxo de combustível e as leituras de tem- de descarga, positiva ou pistão.
peratura dos gases de descargas também devem O termo descarga positiva ( Positive
ser medidos. Displacement) significa que a engrenagem, ou o
Nos motores Pratt and Whitney, que pistão, deverão suprir uma quantidade fixa de
usam compressor duplo, é observado a leitura combustível para o motor a cada revolução das
do tacômetro de N2, em seguida corrigido pela engrenagens da bomba ou cada golpe do pistão.
velocidade parcial por meios da curva de tempe- Essas bombas de combustível podem ser
ratura/RPM. divididas em duas categorias distintas de siste-
A observação da leitura do tacômetro é ma: descarga constante; e descarga variável. O
dividida pela velocidade percentual do "TRIM" seu uso depende da regulagem do fluxo de com-
obtida da curva. O resultado é um novo ajuste bustível para o controle.
de velocidade em percentagem do motor, corri- Isto tanto pode ser uma válvula de alívio
gido para a temperatura do dia STANDARD ( de pressão (unidade barométrica) para uma des-
59F ou 15°C). A nova velocidade de ajuste na carga constante das bombas (tipo engrenagem)
RPM pode ser calculada, quando a RPM lida como um método para regular a saída do com-
no tacômetro for 100%. bustível nas bombas de descarga variável (tipo
Esse valor pode ser obtido no manual do pistão).
motor apropriado. Se todos estes procedimentos
tiverem sido concluídos satisfatoriamente, o Bomba de descarga constante
motor foi calibrado.
O ajuste fino do motor deve sempre ser As bombas tipo engrenagem possuem
conduzido sob condições precisas e controla- aproximadamente a mesma característica nas
das, com o avião virado para o vento. O controle linhas de fluxo, onde houver necessidade de
preciso é necessário para assegurar a manuten- flutuação de combustível em condições de vôo
ção de nível mínimo de tração sobre a qual o ou ar ambiente.
desempenho do avião é baseado. Portanto, a bomba de capacidade ade-
Em adição, o controle preciso do ajuste quada a todas as condições operacionais dos
fino do motor contribui para melhorar em ter- motores deverá ter excesso de capacidade acima
mos, como o máximo tempo entre revisões e o do limite de operação.
tempo mínimo fora de operação, devido as ne- Esta é a caracteristica que requer o uso
cessidades de manutenção do motor. Motores de uma válvula de alívio de pressão para descar-
jamais devem ser ajustados se existirem condi- regar o excesso de combustível. Uma típica
ções de gelo. bomba tipo engrenagens, de descarga constante,
é ilustrada na figura 3-54. O impelidor, que é
COMPONENTES DO SISTEMA DE acionado a uma maior velocidade que os ele-
COMBUSTÍVEL DO MOTOR mentos de alta pressão, aumentam a pressão do
combustível de 15 a 45 PSI, dependendo do
Bombas principais de combustível (acionadas aumento da velocidade do motor. O combustível
pelo motor) é descarregado do elemento da bomba ( impeli-
dor ) para a engrenagem dos elementos de alta
As bombas principais de combustível pressão.
liberam um suprimento contínuo, a uma pressão Cada um desses elementos descarrega
apropriada em todo o tempo durante a operação combustível através de uma válvula unidirecio-
do motor do avião. nal para um porte de descarga comum. Os ele-
As bombas de combustível, acionadas mentos de alta pressão liberam aproximadamen-
pelo motor, devem ser capazes de liberar o má- te 51 "galões" por minuto a uma pressão de des-
ximo de fluxo necessário em alta pressão, para carga de 850 PSIG.

3-59
Figura 3-54 Bomba de combustível acionada pelo motor.

Seções de lâminas são incorporadas no A duplicação das bombas aumenta a se-


sistema de acionamento de cada elemento. Des- gurança em operação, especialmente durante as
te modo, se um elemento falhar o outro continua decolagens e pousos.
a operar. A válvula unidirecional previne a cir- Na descarga positiva, a bomba tipo im-
culação através do elemento inoperante. Um pacto variável incorpora um rotor, um pistão,
elemento pode suprir combustível suficiente um governador de velocidade máxima, e o me-
para manter velocidades moderadas do avião. canismo da válvula de alívio.
Uma válvula de alívio é incorporada no
porte de descarga da bomba. Essa válvula abre Aquecedor de combustível
com aproximadamente "900 PSI", e é capaz de
derivar o total do fluxo as "960 PSI". Isto O sistema de combustível de motores de
permite que o excesso de combustível turbina a gás são muito sucetíveis a formação
necessário para a operação do motor seja de gelo nos filtros de combustível.
recirculado. A derivação do combustível é Quando o combustível nos tanques do
dirigida para o lado de entrada dos dois avião resfriarem a 32°F, ou abaixo, a água resi-
elementos de alta pressão. dual do combustível tende a congelar quando
Bomba de descarga variável está em contato com a tela do filtro.
O aquecedor de combustível (Fuel Hea-
O sistema da bomba de descarga variá- ter) opera como um trocador de calor. O aque-
vel difere do sistema de descarga constante. A cedor pode usar ar sangrado ou óleo de lubrifi-
descarga da bomba é trocada para manter a va- cação do motor como fonte de aquecimento.
riação necessária no fluxo de combustível; isto Este tipo de formação é chamado um
é, a quantidade de combustível descarregada da trocador “ar para líquido”, e o último tipo é co-
bomba pode ser feita para variar em qualquer nhecido como trocador de “líquido para líqui-
velocidade. do”.
Com uma bomba de fluxo variável, a A função do aquecedor é proteger o sis-
aplicação da unidade de controle de combustível tema de combustível do motor da formação de
pode, automatica e precisamente, regular a pres- gelo. Contudo, estando o gelo formado, o aque-
são da bomba e liberar para o motor. cedor pode também ser usado para descongelar
Onde as bombas de descarga variáveis a tela do filtro de combustível.
são instaladas, duas bombas similares são ne- Em algumas instalações, o filtro de
cessárias, conectadas em paralelo. Cada uma combustível é equipado com uma chave de a-
pode transmitir a pressão, se a outra em paralelo larme de queda de pressão, que ilumina uma luz
falhar durante as operações normais. Neste tem- de aviso no painel de instrumentos da cabine de
po, uma bomba pode ser insuficiente para man- comando. Se o gelo começar a se formar
ter a força necessária. na superfície do filtro, a pressão através dele
deverá lentamente cair.

3-60
Quando a pressão chegar a um valor pré- mento sensível termostático no aquecedor de
determinado, a luz de aviso acenderá. Os siste- combustível, para abrir ou fechar o ar ou a vál-
mas de degelo de combustível são projetados vula de corte do óleo. O aquecedor de combus-
para serem usados intermitentemente. O contro- tível que tem operação automática é ilustrado na
le do sistema pode ser manual, através de uma figura 3-55.
chave na cabine de comando, usando um ele-

Figura 3-55 Aquecedor de combustível.

Filtros de combustível tipo de filtro de fácil obstrução; por este motivo,


uma válvula de derivação (Bypass) é necessária
Um filtro de baixa pressão é instalado como fator de segurança.
entre o suprimento dos tanques e o sistema de O papel do microfiltro é fazer um traba-
combustível do motor, para proteger a bomba de lho completo de remoção de material estranho,
combustível acionada pelo motor e vários outros especialmente necessário entre o tanque de
mecanismos de controle. Um filtro adicional de combustível e o motor.
alta pressão é instalado entre a bomba e o con-
trole de combustível, para proteger o controle de
contaminações.
Os três tipos mais comuns de filtros em
uso são: o micro filtro, filtro de tela tipo colméi-
a, e o filtro tipo malha peneira. O uso individual
de cada um desses filtros é ditado pela necessi-
dade do tratamento de filtragem em cada lugar.
O micro filtro (Figura 3-56) tem a maior
ação de filtragem de qualquer tipo de filtro até o
presente momento e, como o nome diz, a razão
é em "MICRONS" ( um micron é a milésima
parte de um milímetro). A porosidade do mate-
rial de celulose, frequentemente usado na cons-
trução dos cartuchos filtros, é capaz de remover
material estranho medindo de 10 a 25
MICRONS. As pequenas passagens tornam este Figura 3-56 Filtro de combustível do avião.

3-61
O material de celulose (Papel) também de combustível antes dos filtros das bombas de
absorve água, prevenindo que esta passe através alta pressão.
das bombas. Se a água conseguir passar através O tamanho da malha deste tipo de filtro
do filtro, que acontecerá quando o filtro come- varia de acordo com o propósito para o qual este
çar a ser saturado com água, ela pode, e causará, será usado.
rápido dano ao elemento de trabalho da bomba e
da unidade de controle (desde que estes ele- Injetores de combustível e duto principal de
mentos dependam somente do combustível para combustível
sua lubrificação).
Para reduzir os danos produzidos pela Embora os injetores de combustível se-
água nas bombas e unidades de controle, perio- jam uma parte integral do sistema, seu projeto é
dicamente é imperativa a verificação e substitu- rigorosamente ligado ao tipo de câmara de com-
ição dos elementos do filtro. Se, diariamente o bustão, na qual eles serão instalados.
combustível dos alojamentos dos tanques e dos Os injetores levam combustível à área de
filtros de baixa pressão for drenado muitos pro- combustão em alta atomização, para que a
blemas com filtros serão eliminados. Não se queima seja completada igualmente, no menor
pode deixar de prevenir a manutenção indevida tempo e espaço possível.
das bombas e unidades de controle de com- É muito importante que o combustível
bustível. seja igualmente distribuído e melhor centrado
A maior grandeza (capacidade filtrante), na área da chama com os queimadores. Isto é
usada nos filtros, é a malha 200 e a de 35 para excluir a formação de qualquer ponto quen-
MICRONS. Elas são usadas nas bombas e con- te nas câmaras de combustão, e para prevenir e
trole de combustível; e, entre a bomba e o con- expansão da chama através da câmara.
trole de combustível, onde a remoção de partí- Os tipos de injetores de combustível
culas de tamanho micrométricas for necessária. variam consideravelmente entre os motores,
Esses filtros, usualmente feitos de uma fina ma- embora a maior parte do combustível seja inje-
lha de fio de aço, são uma série de camadas. tado na área de combustão sob pressão, através
O filtro tipo colméia (Figura 3-57) pos- de pequenos orifícios nos injetores. Os dois
sui um elemento substituível, que é feito em tipos de injetores de combustível geralmente
discos de camada de tela de bronze, latão, aço usados são das configurações simples e a dupla.
ou material similar. Esse tipo de filtro é capaz
de remoção de partículas tamanho micrométri-
cas, e também possui resistência para alta pres-
são. O filtro tipo tela de malha é o mais comum,
usado em motores de combustão interna para
todos os tipos de combustível e de óleo.

Figura 3-58 Injetor simples.

O injetor duplo usualmente requer um


duto duplo e uma válvula pressurizadora ou
divisora de fluxo, para dividir os fluxos primá-
rio e principal, mas o injetor simples requer a-
penas um duto simples para liberação adequada
de combustível.
Os injetores de combustível podem ser
Figura 3-57 Filtro colméia. construídos para serem instalados de várias ma-
neiras. Os dois métodos usados freqüentemente
Hoje em dia, motores turbojato estão são: (1) montagem externa, onde a espera de
usando esse filtro em unidades onde a ação fil- montagem é providenciada para fixação dos
trante não é muito crítica, assim como em linhas injetores no alojamento ou no cotovelo de en-
trada de ar com o injetor próximo ao domo; ou

3-62
(2) montagem interna na linha do domo, no qual A passagem furada no injetor mantém a
a cobertura do alojamento da câmara deve ser direção do combustível através da segunda tela
removida para a substituição ou manutenção do dentro da câmara primária.
injetor. Os portes de entrada para a câmara são
furados para causar uma mudança brusca na
Injetor de combustível simples direção do combustível ao entrar na câmara,
conferindo um movimento rotativo para o com-
O injetor de combustível simples foi o bustível.
primeiro tipo de injetor usado em motores O movimento rotativo do combustível
turbojato, e foi substituído em muitas estabelece o ângulo e ajuda a atomização do
instalações pela injetor duplo, que combustível para melhor combustão. O combus-
proporcionava melhor atomização nas partidas tível da câmara é descarregado através do bico
e em velocidades lentas. primário do atomizador para dentro da câmara
O injetor simples (figura 3-58) está sen- de combustão.
do usado para uma determinada condição, ele
consiste de um bico injetor, um inseridor, e um Princípio de operação
filtro feito de uma fina malha de tela e um su-
porte. Quando a pressão do combustível atin-
gir aproximadamente 90 PSIG, ela abre o divi-
Injetor duplo de combustível sor de fluxo, e o combustível é direcionado para
dentro da segunda passagem furada na haste. O
O injetor duplo de combustível é o inje- combustível da passagem secundária é direcio-
tor mais usado em motores de turbina a gás. nado para dentro da câmara.
Como mencionado anteriormente, seu uso re- O combustível rotativo da câmara se-
quer uma divisora de fluxo, mas ao mesmo cundária é descarregado, através do bico injetor
tempo ele oferece uma atomização desejável, secundário, para dentro da câmara de combus-
para a combustão ao redor de uma larga faixa tão. A figura 3-60 ilustra um atomizador de um
de pressões de operação. Um injetor deste tipo é típico injetor duplo.
ilustrado na figura 3-59 .

Figura 3-59 Injetor de combustível duplo.

Divisor de fluxo
Figura 3-60 Jato do injetor duplo.
Um divisor de fluxo em cada injetor cria
um suprimento de combustível primário e se- Uma pequena quantidade de ar é jogada
cundário, os quais são descarregados separada- para fora da massa de ar principal pela estrutura
mente, e os bicos e atomizadores concêntricos, ao redor do bico injetor, para refrigerar. Em
desse modo, proporcionando uma atomização adição, o fluxo de ar de refrigeração ajuda a
no ângulo adequado para todos os fluxos de combustão pelo retardamento da acumulação
combustível. dos depósitos de carvão na face do injetor, e,
O combustível chega na entrada do inje- por providenciar, algum ar para a combustão, o
tor e passa através da tela. qual ajuda a conter o fogo no centro da câmara.

3-63
Válvula pressurizadora e de drenagem combustão; outro problema é o depósito de bor-
ra depois da evaporação, em alguns lugares co-
A vávula pressurizadora de combustível mo: duto principal e injetores de combustível.
é usualmente necessária em motores que possu- Em alguns instantes, o duto principal de
em injetores de combustível duplo, para dividir combustível é drenado através de uma unidade
o fluxo para dentro dos dutos primário e princi- individual, conhecida como válvula "DRIP” ou
pal. “DUMP". Este tipo de válvula pode operar atra-
Nos fluxos de combustível, necessários vés da pressão diferencial, ou também pode ser
para a partida e marcha lenta de vôo, todo o operada por solenóide.
combustível passa através da linha primária. A válvula dreno da câmara de combus-
Quando há o aumento do fluxo de combustível, tão drena todo combustível que se acumula na
a válvula começa a abrir para a linha principal, câmara após cada parada do motor; ou drena
até que o fluxo máximo da linha esteja passsan- combustível que foi sendo acumulado durante
do aproximadamente 90% de combustível. uma falsa partida. Se a câmara de combustão é
As válvulas de pressurização de combus- tipo caneca, o combustível será drenado pela
tível deverão, usualmente, apanhar o com- gravidade através dos tubos de chama ou tubos
bustível na parte fronteira do duto principal, interconectores, até serem colhidos da parte
dando um corte positivo. inferior da câmara, onde são fixados com linhas
Este corte previne que o combustível fi- para a válvula dreno.
que gotejando no duto principal e, através das Se a câmara de combustão é do tipo anu-
injetoras de combustível, eliminando o maior lar, o combustível deverá simplesmente drenar
grau de pós-queima e carbonização dos injetores através dos orifícios de ar na câmara, e acumu-
de combustível. lar no reservatório na parte inferior do aloja-
A carbonização ocorre porque as tempe- mento, que está conectado para a linha dreno.
raturas na câmara de combustão se tornam mais Depois que o combustível acumula na
baixas, e o combustível não é completamente linha, a válvula dreno o mantém para ser drena-
queimado. do, −quando a pressão dentro do duto principal
Um típico exemplo deste arranjo na vál- ou nos queimadores houver sido reduzida para
vula pressurizadora e "DUMP" é usado no mo- perto da pressão atmosférica.
tor “PRATT and WHITNEY J.T3”. Esta válvula É imperativo que esta válvula seja man-
executa duas funções maiores, como indicado tida trabalhando em boas condições, para drenar
através de seu nome: (1) durante a operação do o combustível acumulado em cada parada do
motor ela divide o fluxo de combustível medido motor.
em duas porções, primário e secundário, como De outro modo, uma partida quente, du-
requerido para a atomização nos injetores de rante a próxima tentativa, ou uma pós-queima,
combustível; (2) no corte do motor provê um depois do corte, é possível que ocorra.
sistema de drenagem que conecta o duto princi-
pal de combustível para um dreno no exterior. UNIDADE INDICADORA DE
Um divisor de fluxo executa, essencial- QUANTIDADE DE COMBUSTÍVEL
mente, a mesma função que a válvula pressuri-
zadora. Isto não é raro para unidades que execu-
tam funções idênticas para terem diferente no- As unidades de quantidade de com-
menclatura entre motores. bustível variam de uma instalação para outra.
Um contador ou indicador de combustível, mon-
Válvulas dreno tado no painel de instrumento, é eletricamente
conectado a um medidor de fluxo instalado na
As válvulas dreno são unidades usadas linha de combustível do motor.
para drenagem de combustível de vários com- O contador de combustível, ou totaliza-
ponentes do motor, onde o combustível acumu- dor, é similar em aparência a um odômetro de
lado é mais propenso a apresentar problemas na automóvel. Quando o avião é abastecido, o con-
operação. tador é manualmente ajustado para o número
É um problema, com risco de fogo, a total de libras de combustível em todos os tan-
possibilidade de acumulação na câmara de ques.

3-64
Quando o combustível passa através do duzido com sua queima. Contudo, a eficiência
elemento medidor do indicador de fluxo, ele da combustão do álcool é normalmente baixa.
envia impulsos elétricos para o contador de O valor de aquecimento do álcool metí-
combustível. Esses impulsos atuam o mecanis- lico ou etílico é apenas em torno da metade do
mo do contador de combustível, a fim de que o querosene ou gasolina.
número de libras, que passa para o motor, seja A maior parte do fluxo da mistura álco-
subtraído da leitura original. ol/ar não passará pela zona de combustão, onde
Desse modo, o contador mostra continu- as temperaturas são bastante altas para suportar
amente a quantidade total de combustível, em eficientemente a combustão da fraca mistura
libras, remanescente no avião. Contudo, existem álcool/ar. Poucos motores usam injeção de água
certas condições que poderão fazer com que a atualmente.
indicação do contador de combustível não seja
confiável.
Operação do sistema de injeção de água
Qualquer jateamento de combustível é
indicado no contador, e considerado disponível
para o uso. Qualquer combustível que vaze do Um típico sistema duplo de injeção de
tanque, assim como o montante da linha de água é ilustrado na figura 3-61.
combustível do medidor de fluxo, não são con- O sistema duplo significa, atualmente,
tados. dois sistemas independentes. Um sistema injeta
água na seção de entrada do compressor do mo-
INJEÇÃO DE ÁGUA tor; e a potência é grandemente aumentada atra-
vés do efeito do aumento da massa do fluxo de
A sensibilidade dos motores a turbina ar.
para com a temperatura de entrada do compres- O outro sistema injeta água dentro do
sor, resulta em uma apreciável perda de tração alojamento do difusor do motor. Este sistema
disponível, ou força no alojamento do motor a aumenta consideravelmente a tração através do
jato, em um dia quente. princípio de refrigeração, que permite altos
Em alguns momentos, é necessário o fluxos de combustível.
aumento da tração de saída. A injeção de água é O sistema de injeção de água é projetado
um meio de aumentar a tração do motor. Isto para operação dupla, em temperaturas ambien-
reduz as temperaturas da seção quente, e o fluxo tes acima de 5°C (40°F).
de combustível pode ser aumentado, obtendo-se Em temperaturas acima de 5°C, a inje-
grande tração por este meio. ção na entrada do compressor não deve ser usa-
O aumento de tração é particularmente da por causa do perigo da entrada de gelo que
desejável na decolagem, quando um motor de poderá ocorrer.
avião é solicitado para a maior resposta de for- A água do sistema do tanque do avião é
ça. Por isso, o sistema de injeção de água é pro- dirigida para as duas válvulas de corte, que go-
jetado para funcionar apenas em alta tração do vernam o fluxo para os dois controles de inje-
motor. O efeito sobre a tração do motor depende ção de água.
do tipo de refrigerante usado, a proporção dos As válvulas de corte são armadas através
ingredientes, e a quantidade do fluxo do refrige- da atuação de uma chave na cabine de comando.
rante. A(s) válvula(s) seletora(s) abrem ou fecham no
Para uma refrigeração efetiva, um líqui- momento que um sinal elétrico da chave do con-
do com uma alta temperatura de vaporização é trole de injeção de água for recebido.
necessário.A água é o refrigerante mais deseja- Com a manete de tração avançada para a
do. O álcool é adicionado ocasionalmente em posição de decolagem, a chave de controle de
variadas proporções, para baixar o ponto de injeção de água supre um sinal "OPEN" para a
congelamento do refrigerante ou para eliminar (s) válvula (s) de corte selecionadas. Inversa-
a necessidade de um enriquecimento, separado mente, quando a manete de tração é retardada
da mistura de combustível, que pode ser neces- abaixo do ponto de acionar a água, a chave su-
sário se apenas água pura for usada. pre um sinal "CLOSE" para a(s) válvula(s) de
Quando o álcool é adicionado, algum pe- corte. Da válvula de corte aberta flui a água para
queno volume adicional de tração pode ser pro- os controles de injeção.

3-65
Figura 3-61 Sistema típico de injeção de água

Desde que o sistema de injeção de água seja e, é então, direcionada para um duto principal
usado apenas quando a tração estiver ajustada divisor, do qual é atomizada dentro do aloja-
para o máximo, ou perto do máximo, os contro- mento do divisor.
les não fazem variação nem medem o fluxo de Quando o sistema de injeção de água não
água. Em lugar disto, eles mantém uma pressão está em uso, a válvula unidirecional também
constante de saída através de um orificio fixo, não estará, prevenindo que o ar com alta tempe-
deste modo mantendo o fluxo de água constante ratura de descarga do compressor retorne pela
para o motor. A água do controle de injeção da tubulação do sistema de injeção de água.
entrada do compressor é direcionada para um Válvulas dreno, localizadas abaixo das
duto principal, e atomizado diretamente dentro válvulas de corte de água, drenam as linhas de
do compressor neste ponto. água do motor quando o sistema de injeção é
Do controle do alojamento do difusor a desligado; desse modo, evitando que a água
água passa através de uma válvula unidirecional congele nestas linhas.

3-66
CAPÍTULO 4

SISTEMAS DE IGNIÇÃO E ELÉTRICO DO MOTOR

INTRODUÇÃO na secundária, a qual é direcionada por um dis-


tribuidor para o cilindro apropriado. A figura 4-
Os requisitos básicos para o sistema de 1 mostra o esquema simplificado deste sistema.
ignição de motores de combustão interna são
sempre os mesmos, independente do tipo de
motor envolvido ou do feitio dos componentes
do sistema.
Esse sistema deve liberar uma centelha
de alta energia para cada cilindro do motor na
seqüência de ignição, com um número de graus
de avanço predeterminado em relação ao ponto
morto alto do pistão.
A voltagem de alimentação do sistema
deve ser suficiente para garantir a ocorrência do
centelhamento entre os eletrodos da vela, sob Figura 4-1 Sistema de ignição por bateria.
todas as condições de operação.
O sistema de ignição dos motores a rea- PRINCÍPIOS DE OPERAÇÃO DO SISTE-
ção é operado apenas durante o ciclo de partida MA DE IGNIÇÃO POR MAGNETO
do motor, sendo, portanto, menos complexo e
estando sujeito a um menor número de proble- O magneto, um tipo especial de gerador
mas em comparação com os sistemas de ignição de corrente alternada acionado pelo motor, usa
dos motores convencionais. um ímã permanente como fonte de energia.Ele
desenvolve alta voltagem, forçando uma cente-
SISTEMA DE IGNIÇÃO DO MOTOR lha que salta entre os eletrodos da vela em cada
ALTERNATIVO cilindro. Sua operação está sincronizada com o
motor, de maneira que a centelha ocorra somen-
O sistema de ignição pode ser dividido te quando o pistão estiver no curso apropriado
em duas classes: ignição por bateria ou ignição em um específico número de graus do eixo de
por magneto. O sistema é também classificado manivelas, antes do ponto morto alto.
como: simples ou de ignição dupla. O sistema de ignição por magneto nos
O sistema simples consiste em um mag- aviões pode ser classificado como: sistema por
neto e fiação associada. Esse sistema foi usado magneto de baixa ou de alta tensão.
em muitos motores pequenos de baixa rotação; O de baixa tensão (que será comentado
atualmente é mantido em uso em pequenos mo- posteriormente) gera uma baixa voltagem que é
tores de cilindro opostos de aeronaves. distribuída para uma bobina de transformador,
próximo de cada vela, eliminando assim alguns
SISTEMA DE IGNIÇÃO POR BATERIA problemas inerentes ao sistema de alta tensão.
O sistema por magneto de alta tensão é o
Poucas aeronaves ainda utilizam o sis- mais antigo dos dois e, desprezando algumas
tema de ignição por bateria, onde o suprimento desvantagens, ainda é o mais largamente usado
de energia elétrica provém de uma bateria ou de na aviação.
um gerador, ao invés do magneto.
Esse sistema é similar ao utilizado na Sistema por magneto de alta tensão
maioria dos automóveis. Um excêntrico, acio-
nado pelo motor, comanda a abertura de um O sistema por magneto de alta tensão
contato elétrico diversas vezes para interromper pode ser dividido, para efeito de discussão, em
o fluxo de corrente da bobina primária de um três circuitos distintos; são eles: o circuito
transformador. O resultado do colapso do cam- magnético, o circuito elétrico primário e o cir-
po magnético induz uma alta voltagem na bobi- cuito elétrico secundário.

4-1
O circuito magnético consiste em um o colapso gradual do fluxo do campo magnético
ímã permanente rotativo de múltiplos pólos, um de um eletroímã comum.
núcleo de ferro doce, e sapatas polares. A posição neutra é aquela onde um dos
O ímã é acionado pelo motor, e gira na ímãs permanentes encontra-se entre as sapatas
folga entre as sapatas polares, para fornecer li- polares. Como o ímã gira no sentido horário, as
nhas magnéticas de força (fluxo), necessárias linhas de fluxo que haviam sido curto-
para produzir uma voltagem elétrica. Os pólos circuitadas nas extremidades da ferradura come-
do ímã estão arranjados com polaridades alter- çam a fluir novamente através do núcleo da bo-
nadas, de modo que o fluxo magnético consiga, bina. Entretanto, desta vez, as linhas fluem no
saindo do pólo norte, passar através do núcleo sentido contrário, conforme é mostrado em "C"
de ferro doce, retornando ao pólo sul. da figura 4-2.
Quando o ímã está na posição mostrada A inversão do fluxo se deve ao fato de
em "A", da figura 4-2, o número de linhas de que o ímã, saindo da posição neutra, deixa o
força através do núcleo da bobina é máximo, pólo norte em frente à sapata direita em vez da
porque os dois pólos, magneticamente opostos, esquerda. (Ilustrado em "A" da figura 4-2)
estão perfeitamente alinhados com os pólos da Quando o ímã é girado novamente num
ferradura. total de 90°, mais uma vez a posição de capaci-
dade plena é atingida, conseqüentemente o fluxo
máximo é obtido, mas em sentido contrário. A
progressão de 90° do ímã é ilustrada grafica-
mente na figura 4-3, onde a curva mostra como
a densidade do fluxo magnético do núcleo da
bobina (sem a bobina primária em torno do nú-
cleo) muda ao passo que o ímã gira.
A figura 4-3 mostra que, conforme o ímã
se afasta da posição de capacidade plena (0°), o
fluxo vai diminuindo até atingir zero, exatamen-
te na posição neutra (45°). Agora, à medida que
Figura 4-2 Fluxo magnético nas três posições o ímã se afasta da posição neutra, o fluxo au-
do ímã rotativo. menta, porém em sentido contrário, como indi-
cado pela curva abaixo da linha horizontal.
Essa posição do ímã rotativo é chamada
de "capacidade plena". Ela produz o número
máximo de linhas de força magnética no sentido
horário através do circuito magnético, partindo
da esquerda para a direita do núcleo.
Conforme o ímã vai saindo da posição
de capacidade plena, a quantidade de fluxo atra-
vés do núcleo vai diminuindo. Isso ocorre devi- Figura 4-3 Mudança na densidade do fluxo
do os pólos do ímã serem afastados das sapatas durante a rotação do ímã.
polares, permitindo que apenas parte das linhas
de fluxo passem através do núcleo. Em 90°, mais uma vez o fluxo máximo é
Quanto mais o ímã se afasta da posição atingido. Desta forma, para cada volta completa
de capacidade plena, mais e mais linhas são (360°) do ímã de quatro pólos, existirá quatro
curto-circuitadas através das extremidades das posições de fluxo máximo, quatro posições de
sapatas. Finalmente, na posição neutra (45° da fluxo zero, e quatro posições de fluxo reverso.
posição de capacidade plena), todas as linhas Uma discussão do circuito magnético
estarão curto-circuitadas, e não haverá fluxo demonstra como o núcleo da bobina é afetado
através do núcleo da bobina ("B" da figura 4-2). pela rotação do ímã permanente, ficando sujeito
Conforme o ímã gira de 0° para 45°, o a uma elevação ou redução do campo magnético
número de linhas de fluxo através do núcleo da e a uma mudança na polaridade, a cada progres-
bobina diminui, da mesma maneira como ocorre são radial de 90° do ímã.

4-2
Uma bobina que faz parte integrante do que o magnetismo (gerado por esta corrente) se
circuito elétrico primário do sistema de ignição oponha a qualquer alteração a ele induzido."
por magneto de alta tensão, quando é enrolada Para rever a Lei de Lenz, consulta-se o
em torno do núcleo de ferro doce, também é capítulo 8 de Matérias Básicas. Desta maneira, a
afetada pela variação do campo magnético. corrente que passa pelo circuito primário man-
O circuito elétrico primário (figura 4-4) tém o fluxo magnético com um elevado valor e
consiste em um par de contatos chamados de na mesma direção, até que o ímã em rotação
platinado (visto receberem um banho de platina, tenha tempo de passar pela posição neutra para
melhorando a condução elétrica e evitando a um ponto poucos graus à frente. Essa posição é
corrosão dos mesmos), um condensador e uma chamada de folga “E”(onde “E” corresponde a
bobina de fios eletricamente isolados. eficiência e "folga" ao vão entre as sapatas pola-
A bobina é constituída de várias espiras res).
de fio grosso em cobre, com uma de suas ex- Com o rotor de ímãs em posição de folga
tremidades aterrada no próprio núcleo, e a outra “E e a bobina primária mantendo o campo mag-
conectada ao contato platinado que não se en- nético do circuito em polaridade oposta, uma
contra aterrado (ver figura 4-4). brusca mudança na direção do fluxo pode ser
obtida pela abertura dos contatos.
A abertura dos contatos interrompe a
circulação de corrente no circuito primário, e
permite que o rotor de ímãs inverta rapidamente
o sentido do fluxo magnético na bobina. Essa
súbita reversão produz uma brusca mudança no
sentido do fluxo no núcleo, que é sentida por
uma segunda bobina chamada de secundária
(exposta magneticamente, mas eletricamente
isolada do núcleo), na qual será induzido um
pulso de corrente de alta voltagem, pulso este
Figura 4-4 Circuito elétrico primário de um necessário para provocar o centelhamento entre
magneto de alta tensão. os eletrodos da vela.

O circuito primário é fechado somente


quando os dois contatos se juntam. A terceira
unidade no circuito, que é o condensador, está
conectado em paralelo com o par de contatos. O
condensador evita o arco voltaico entre os con-
tatos quando o circuito está aberto, e acelera o
colapso do campo magnético sobre a bobina
primária.
O platinado será comandado próximo da
posição de capacidade plena. Quando os conta-
tos se tocam, o circuito elétrico primário está
fechado e a rotação do ímã induz um fluxo de
corrente na bobina.
Essa corrente, por sua vez, gera um
campo magnético, que possui a tendência de se
opor a qualquer mudança no fluxo gerado pelo
circuito de ímãs permanentes.
Enquanto a corrente induzida estiver Figura 4 -5 Componentes do circuito com mag-
circulando no circuito primário (bobina), ela se neto de alta tensão.
opõe a qualquer redução do fluxo magnético no
núcleo. Isso está de acordo com a Lei de Lenz, Como o rotor está em movimento, na
que afirma: "Uma corrente induzida, sempre que próxima vez em que estiver próximo de atingir a
fluindo em uma determinada direção, faz com posição de capacidade plena, os contatos da

4-3
bobina primária se fecharão novamente e o ciclo valos de tempo entre os momentos de abertura e
será repetido para provocar o centelhamento dos fechamento são aproximadamente os mesmos.
eletrodos da vela do pistão seguinte na seqüên- Partindo da posição de máximo fluxo
cia de explosão. (demarcada como 0° e que se encontra no topo
A seqüência de eventos pode, agora, ser da figura 4-6), a seqüência de eventos é descrita
revista em maiores detalhes para explanar como nos próximos parágrafos. Quando o rotor de
a situação de indução magnética ocorre. ímãs é acionado em direção ao neutro, a quanti-
Com o platinado, o excêntrico (came) e dade de fluxo através do núcleo começa a dimi-
o condensador conectados no circuito, como nuir (D da figura 4-6). Esta mudança do fluxo
mostrado na figura 4-5, a ação cíclica é repre- induz uma corrente na bobina primária (C da
sentada pela curva gráfica quando o rotor gira. figura 4-6) que, por sua vez, induz um campo
No topo “A” da figura 4-6, é mostrada a magnético em torno da própria bobina por onde
curva original do fluxo estático. Abaixo da cur- circula. Esse campo magnético se opõe a qual-
va é indicado o momento de abertura e fecha- quer alteração de seu fluxo.
mento do platinado. Quando o rotor estiver em neutro ne-
Nota-se que essa abertura e fechamento nhuma corrente circula pela bobina primária,
são sincronizados pelo excêntrico. conseqüentemente, o fluxo no núcleo cai a zero
Os contatos se tocam no momento em e começa a aumentar em direção oposta, con-
que a maior quantidade de fluxo estiver passan- forme o ímã se afasta do neutro (a curva do flu-
do através do núcleo, e separam-se após a posi- xo estático é mostrada pela linha tracejada em
ção neutra. “D” da figura 4-6).
Uma vez que existem quatro ressaltos no No entanto, a ação eletromagnética da
excêntrico, os contatos irão fechar e abrir quatro corrente primária evita que o fluxo se altere, e
vezes, na mesma relação das quatro posições mantém o campo temporariamente inalterado
neutras do rotor magnético. Também, os inter- (linha do fluxo resultante em “D” da figura 4-6).

Figura 4-6 Curvas do fluxo magnético.

4-4
Como resultado desse processo, observa- toda vez que o ressalto o empurra para cima.
se que ocorre um elevado colapso no circuito Um feltro com óleo, instalado sob a lâmina,
magnético, durante o tempo que o rotor de ímãs lubrifica e evita a corrosão do came.
leva até atingir a posição na qual os contatos
estavam próximos de abrir.
Os platinados, quando abertos, funcio-
nam com o condensador para interromper o flu-
xo de corrente na bobina primária, causando
uma mudança extremamente rápida no fluxo. A
alta tensão na bobina secundária é descarregada
através dos eletrodos da vela, para inflamar a
mistura ar/combustível no cilindro do motor.
Cada centelha consiste em um pico de
descarga, após o qual uma série de pequenas
oscilações ocorrem. Isso continua até que a ten-
são se torne muito baixa para manter a descarga.
A corrente flui na bobina secundária, Figura 4-7 Platinado do tipo desarticulado e
durante o tempo levado para descarregá-la com- ressalto.
pletamente. A energia no circuito magnético é
completamente dissipada, durante o tempo que Um tipo simples de platinado pode ser
os contatos se encontram fechados para a gera- encontrado em alguns motores de baixa potên-
ção da centelha seguinte. cia. Esse tipo, chamado de articulado, possui
uma dobradiça ou um pivô suportando uma ala-
Conjunto de contatos platinados vanca, onde na extremidade oposta se encontra
um dos platinados. O outro platinado está preso
Esse conjunto, usado em sistemas de a uma lâmina estacionária.
ignição por magneto de alta tensão, abre e fecha Uma bucha de fricção, normalmente
automaticamente o circuito primário no devido feita de materiais fibrosos, está instalada próxi-
tempo, em relação à posição do pistão no cilin- mo ao centro da alavanca. Quando o motor a-
dro, no qual está ocorrendo o centelhamento. ciona o came, os ressaltos exercem pressão con-
A interrupção do fluxo da corrente pri- tra a bucha, causando o movimento da alavanca
mária é conseguida através de um par de conta- no sentido de aproximar as extremidades pivo-
tos platinados, feito de uma liga resistente à tadas, conseqüentemente afastando os contatos
corrosão e ao calor. platinados e abrindo o circuito.
A maioria dos platinados utilizados em O came rotativo pode ser acionado dire-
sistemas de ignição de aeronaves são do tipo tamente pelo eixo do rotor do magneto, ou atra-
desarticulados, no qual um dos contatos é móvel vés de uma caixa de engrenagens. A maioria dos
e o outro fixo (ver figura 4-7). O contato móvel, motores radiais usa um came compensado, que
suportado por uma lâmina, está isolado da car- já é desenhado para operar com um motor espe-
caça do magneto e conectado a bobina primária cífico, possuindo um ressalto para cada cilindro
(figura 4-7). em que ocorre a centelha. Os ressaltos são usi-
O contato fixo está aterrado a carcaça nados em intervalos desiguais para compensar
para fechar o circuito primário quando os conta- as variações do ponto morto superior de cada
tos se tocam; e o came rotativo está ajustado de posição. Um came compensado de 14 ressaltos,
maneira que os contatos se afastem no devido junto com os outros não compensados de 02, 04
tempo. e 08 ressaltos são mostrados na figura 4-8.
Ainda fazendo parte deste conjunto, en- O espaço desigual entre os ressaltos do
contraremos o seguidor do came, suportado pela came compensado, embora proporcione a mes-
mesma lâmina, a qual o manterá com uma certa ma posição relativa do pistão para que a ignição
tensão contra o came rotativo. O seguidor do ocorra, causa uma pequena variação da folga
came composto de um aglomerado em mica (ou “E” do rotor de ímãs e, desta forma, uma pe-
material similar) se encontra apoiado no came quena variação no impulso de alta tensão gerado
rotativo e afasta o contato móvel do contato fixo pelo magneto.

4-5
Figura 4-8 Platinados típicos.

Uma vez que o espaço entre os ressaltos sam o enrolamento secundário, induzindo uma
é feito sob medida para cada cilindro de um força eletromotriz.
motor em particular, os cames compensados são Quando o circuito primário é aberto, o
marcados para mostrar a série do motor e a loca- campo magnético sobre o enrolamento primário
lização da biela mestra ou bielas, o ressalto usa- entra em colapso, levando o enrolamento secun-
do para regulagem do magneto, a direção de dário a ser atravessado pelas linhas de força. A
rotação do came, e a especificação da folga “E” potência da tensão induzida no enrolamento
do rotor em graus além de neutro. Em adição a secundário, quando todos os outros fatores per-
estas marcas, o came recebe um corte, o qual, manecem constantes, é determinada pelo núme-
quando alinhado com o risco de marcação na ro de espiras do enrolamento. Uma vez que a
carcaça do magneto, coloca o rotor na posição maioria dos magnetos de alta tensão possui mi-
de folga “E” para ajuste do cilindro. lhares de voltas na bobina secundária, uma vol-
Uma vez que os contatos devem iniciar tagem muito alta, geralmente superior a 20.000
sua abertura quando o rotor se encontra na posi- volts é gerada no circuito secundário para ven-
ção folga “E”, o corte no came alinhado com a cer o vão livre entre os eletrodos da vela.
marca na carcaça proporciona um rápido e fácil
método de estabelecer a exata posição de folga Distribuidor
“E”, para verificação e ajuste do platinado.
A alta tensão induzida na bobina secun-
Conjunto de bobina dária é enviada ao distribuidor, o qual consiste
em duas partes. A parte rotativa é chamada de
O conjunto das bobinas do magneto con- rotor do distribuidor e a estacionária, de bloco
siste em um núcleo em ferro doce, em torno do do distribuidor.
qual encontraremos as bobinas primária e se- A parte rotativa, que pode ter o formato
cundária, sendo que a secundária se encontra de um disco, tambor, ou lingueta, é confeccio-
enrolada sobre a primária. nada em material não-condutor com um condu-
A bobina secundária é feita de um enro- tor embutido. A parte estacionária consiste de
la-mento contendo aproximadamente 13.000 um bloco também feito de um material não-
voltas de fio fino e isolado, com um terminal condutor, que possui terminais e receptáculos
eletricamente aterrado a bobina primária ou ao para terminais, no qual a fiação para o distribui-
núcleo, e o outro terminal conectado ao rotor do dor é conectada. Em alguns sistemas, o conjunto
distribuidor. Ambas as bobinas são revestidas distribuidor é parte integrante do magneto, mas
com um material não-condutivo como baquelita, em outros, estão remotamente localizados e se-
borracha rígida, ou cambraia envernizada. Por paradamente acionados.
fim, o conjunto é fixado nas sapatas polares por No momento em que o rotor de ímãs
parafusos e braçadeiras. encontra-se na posição de folga “E” para o ci-
Quando o circuito primário está fechado, lindro N° 1 e o platinado aberto, o rotor do dis-
a corrente que flui através da bobina primária tribuidor alinha-se com o eletrodo N° 1 no bloco
produz linhas de força magnética que atraves- distribuidor.

4-6
A tensão secundária induzida no mo- eletrodo marcado com "2" para o segundo cilin-
mento que o platinado abre, passa pelo rotor, dro a ser explodido; o eletrodo marcado com "3"
onde ocorre o arco num pequeno vão de ar para para o terceiro cilindro a ser explodido, e assim
o eletrodo N° 1 do bloco. por diante.
Já que o distribuidor gira com metade da Na figura 4-9, a lingueta do rotor do dis-
velocidade do eixo de manivelas em todos os tribuidor está alinhada com o eletrodo marcado
motores de quatro tempos, o bloco terá tantos "3", o qual explode o cilindro N° 5 de um motor
eletrodos quantos cilindros existirem, ou tantos radial de 9 cilindros.
eletrodos como cilindros servidos pelo magneto. Uma vez que a seqüência de explosão de
Os eletrodos estão localizados circunfe- um motor radial de 9 cilindros é 1-3-5-7-9-2-4-
rencialmente em torno do bloco distribuidor, de 6-8, o terceiro eletrodo na ordem de centelha-
tal maneira que, conforme o motor gira, um cir- mento do magneto servirá o cilindro N° 5.
cuito é completado para um diferente cilindro e Nas instalações onde o magneto e o rotor
uma vela, cada vez que ocorre o alinhamento do distribuidor são combinados em um único
entre a lingueta do rotor e um eletrodo no bloco conjunto, a lingueta do distribuidor será ajustada
distribuidor. na revisão ou na fabricação.
Nos motores onde o distribuidor está
separado do magneto, o distribuidor assim como
o magneto, devem ser manualmente ajustados
para o cilindro na apropriada distribuição de alta
tensão.

Ventilação do magneto e distribuidor

Uma vez que o magneto e o conjunto


distribuidor são submetidos a rápidas mudanças
de temperatura, os problemas de condensação e
umidade são levados em consideração no proje-
to dessas unidades.
A umidade, em qualquer situação, é um
bom condutor de eletricidade e, se absorvida
pelos materiais não-condutores do magneto,
como o bloco distribuidor, lingueta, e carcaças
das bobinas, pode criar uma fuga na condução
elétrica.
A corrente de alta tensão que normal-
mente flui pelos vãos de ar do distribuidor pode
passar por uma superfície isoladora molhada
para a massa, ou pode ser má orientada para
alguma vela que não deveria ser ativada. Esta
condição é chamada de "flashover" e, normal-
Figura 4-9 Relação entre os números dos ter- mente, resulta em explosão de cilindro fora de
minais do distribuidor e os números seqüência. Por esta razão, bobinas, condensado-
dos cilindros. res, distribuidores e rotores são encerados de
forma a reter a umidade em gotas isoladas, e
Os eletrodos do bloco distribuidor são não formando um circuito completo que permita
numerados na seqüência de rotação do rotor o “flashover” (arco).
(figura 4-9). Os números do distriibuidor repre- Esse arco pode carbonizar os contatos,
sentam mais propriamente a ordem de centelha os quais tomam a aparência de uma fina linha de
do magneto do que o número do cilindro do lápis na unidade onde ocorreu o arco. A trilha
motor. de carbono é o resultado das partículas de poeira
O eletrodo do distribuidor marcado com queimadas pela centelha que contém hidrocar-
"1" é conectado à vela N° 1 no cilindro N° 1; o bono.

4-7
A água no material hidrocarbonado é e- Um tipo comum de cabo de ignição é um
vaporada durante o arco, deixando o carbono tubo, com várias ligações para fixar em volta do
formar uma passagem condutora de corrente. E cárter do motor com extensões flexíveis termi-
mesmo quando a umidade não se faz presente, a nando em cada ignitor. Um típico cabo de igni-
centelha continua a seguir a trilha para a massa. ção de alta tensão é mostrado na figura 4-10.
Os magnetos não podem ser hermetica-
mente fechados para evitar a entrada de umida-
de, pois estão sujeitos a mudanças de pressão e
temperatura em altitude.
Entretanto, drenos adeqüados e apropri-
ada ventilação, reduzem a tendência ao arco e à
carbonização.
Boa circulação de ar no magneto tam-
bém garante que os gases produzidos pelo arco
normal, através dos vãos do distribuidor, sejam
eliminados para o exterior.
Em algumas instalações, a pressurização
de várias partes do sistema de ignição é essenci-
al para manter uma elevada pressão absoluta e
eliminar o arco.
Independentemente do método de venti-
lação empregado, os respiros ou válvulas devem Figura 4-10 Cablagem de ignição de alta tensão.
ser mantidos livres de obstrução.
Além disso, a circulação de ar através Outro tipo é conhecido como tipo veda-
dos componentes do sistema de ignição deve do ou enxertado. Um cabo desse tipo tem os fios
estar livre do óleo, uma vez que, mesmo em de ignição colocados em uma tubulação anular,
pequena quantidade nas unidades, resulta em de maneira que cada extremidade do fio termine
formação de arco e carbonização nas mesmas. na saída da tubulação. Este conjunto é então
enchido com uma gelatina isoladora que elimina
Cabos de ignição atrito e condensação da umidade.
Cabos de ignitores separados são fixados
Os cabos de ignição possuem um fio às saídas da tubulação. Desta maneira, é possí-
isolado para cada cilindro que o magneto supre vel recondicionar a extremidade do cabo do
no motor. Uma extremidade de cada fio é co- ignitor, evitando, assim, a substituição da cabla-
nectada ao bloco distribuidor, e a outra é conec- gem completa entre o ignitor e o distribuidor.
tada à vela apropriada. O cabo de ignição tem
um duplo propósito: ele suporta os fios e os pro-
tege de danos devido ao aquecimento do motor,
vibração ou chuva e também serve como um
condutor para campos magnéticos desviados,
que circundam os fios enquanto estão carrega-
dos momentaneamente com corrente de alta-
voltagem.
Através da condução destas linhas de
força magnética à massa, os cabos de ignição
eliminam a interferência elétrica com o rádio e
outro equipamento sensível.
Quando o rádio e outro equipamento elé-
trico são protegidos desta maneira, diz-se que a
fiação do cabo de ignição está protegida por
blindagem. Sem essa blindagem, a rádio- Figura 4-11 Cabos de ignição de motores de 9
comunicação se tornaria virtualmente impossí- cilindros com acessórios monta-
vel. dos.

4-8
Em instalações onde os magnetos são Como mostra a figura 4-12, as duas ma-
montados na seção de acessórios do motor, dois neiras de completar o circuito primário são: (1)
conduítes flexíveis e longos, cada um contendo através do platinado fechado para a massa; ou
metade dos fios de ignição, levam da extremi- (2) através do interruptor de ignição fechado
dade oposta até o ponto onde são conectados ao para a massa.
magneto (veja figura 4-11). Neste tipo de cabla- Na figura 4-12, pode ser visto que a cor-
gem, os fios de ignição são contínuos desde o rente primária não fica interrompida quando os
bloco do distribuidor até a vela. Se houver al- contatos se abrem, desde que haja um caminho
gum problema, o cabo inteiro deve ser substitu- mais curto para a massa através do interruptor
ído. fechado (off).
Uma vez que a corrente primária não
Interruptores de ignição está interrompida quando os pontos de contato
abrem (figura 4-12), não poderá haver repentino
Todas as unidades do sistema de ignição colapso do campo magnético da bobina primá-
de um avião são controladas por um interruptor ria, e nenhuma alta voltagem induzida na bobina
localizado na cabine de comando. secundária para a queima da vela.
O tipo de interruptor utilizado varia com À medida que o magneto gira, passando
o número de motores instalados no avião e o pela posição folga “E”, ocorre uma queda gra-
tipo de magneto utilizado. Todos os interrupto- dual do campo magnético primário. Mas essa
res, entretanto, ligam e desligam o sistema da queda ocorre tão lentamente, que a tensão indu-
mesma maneira. zida é muito baixa para que ocorra centelha na
O interruptor de ignição se diferencia em vela. Portanto, quando o interruptor está na po-
pelo menos um aspecto de todos os outros tipos sição "OFF" (fechado), os pontos de contato
de interruptores, no fato de que, quando o inter- estão completamente curto-circuitados, como se
ruptor é posicionado para "OFF", um circuito é tivessem sido removidos do circuito e o mag-
fechado através dele para a massa. Em outros neto fica inoperante.
interruptores elétricos, a posição "OFF", nor- Quando o interruptor de ignição é colo-
malmente abre o circuito. cado na posição "ON" (aberto), como mostrado
O interruptor de ignição tem um terminal na figura 4-13, o interruptor de corrente primá-
conectado ao circuito elétrico primário, entre a ria e o rápido colapso do campo magnético da
bobina e os platinados. O outro terminal do in- bobina primária são novamente controlados pela
terruptor é conectado à massa do avião (estrutu- abertura do platinado. Quando o interruptor está
ra). na posição "ON", o mesmo não tem absoluta-
mente efeito algum no circuito primário.

Figura 4-12 Chave típica de ignição na posição Figura 4-13 Chave tipica de ignição na posição
desligada. ligada.

4-9
Muitos sistemas de ignição de aviões Quando o interruptor é colocado na po-
monomotores empregam um sistema de duplo- sição "esquerda", somente o magneto esquerdo
magneto, no qual o magneto direito fornece a funciona; na posição "direita", somente o direito
centelha elétrica para as velas dianteiras em funciona, e na posição "ambos", os dois magne-
cada cilindro, e o esquerdo supre as velas tra- tos funcionam.
seiras. Um interruptor é utilizado para controlar As posições "direita" e "esquerda" são
ambos os magnetos. Um exemplo deste tipo é usadas para testar sistemas de ignição dupla,
mostrado na figura 4-14. permitindo o desligamento de um sistema de
cada vez.
A figura 4-14 também se refere ao cir-
cuito do sistema de ignição por bateria, que será
discutido como unidade auxiliar de ignição na
próxima seção.
Muitos interruptores de bimotores forne-
cem ao operador controle independente de cada
magneto em um motor, pela rotação dos inter-
ruptores em cada lado do interruptor de ignição.
Em adição, um interruptor "master" de
Figura 4-14 Posição da seletora para uma cha-
alavanca é geralmente incorporado para dar
ve de ignição que controla dois (2)
massa a todos os magnetos primários. Então, em
magnetos.
uma emergência, toda ignição para ambos os
motores (quatro magnetos primários) pode ser
Este interruptor possui 4 posições: "des-
cortada pelo movimento desse interruptor (figu-
ligado", "esquerdo", "direito" e "ambos". Na
ra 4-15).
posição "desligado", ambos os magnetos estão
aterrados, portanto, ficam inoperantes.
Magnetos com sistema simples e duplo de
alta tensão

Magnetos em sistema de alta tensão,


usados em motores radiais, são do tipo simples
ou duplos.
O projeto do magneto simples incorpora
o distribuidor no alojamento com o conjunto de
contatos, ímã rotativo e bobina. O magneto du-
plo incorpora dois magnetos em um alojamento.
Um ímã rotativo e um "came" são comuns para
dois jogos de platinados e bobinas.
Duas unidades do distribuidor são mon-
tadas no motor, separadas do magneto.

Sistemas de montagem do magneto

Os magnetos do tipo simples podem ser


projetados para montagem em base ou flange.
Os de tipo duplo são todos montados em
flange.
Os magnetos montados em base são pre-
sos em um suporte no motor.
Magnetos montados em flanges são pre-
sos ao motor por um flange, em redor da extre-
midade acionadora do eixo rotativo do magneto.
Figura 4-15 Chave de magneto para um avião Fendas alongadas no flange de montagem per-
bimotor. mitem ajuste através de um alcance limitado,

4-10
que auxilia na regulagem do magneto para o No primeiro, a tensão é gerada no mag-
motor. neto e flui para o enrolamento primário de uma
bobina do transformador, localizado próximo da
vela. Lá, a tensão é aumentada pela ação do
Sistema de magneto de baixa tensão transformador e conduzida para a vela pelos
cabos muito curtos de alta tensão.
O sistema de ignição de alta tensão foi A figura 4-16 é um esquema simplifica-
usado por mais de meio século. do de um sistema típico de baixa tensão.
Muitas melhorias no projeto têm sido O sistema de baixa tensão elimina cente-
feitas, mas certamente problemas fundamentais lha tanto no distribuidor como na cablagem,
permanecem e outros se intensificaram, como: pois o vão dentro do distribuidor foi eliminado
pelo uso de um outro distribuidor tipo escova, e
1) O aumento do número de cilindros por a alta tensão está presente somente em cabos
motor. curtos entre o transformador e a vela.
Apesar de uma certa quantidade de fuga
2) A exigência de que todas as aeronaves e- elétrica ser característica de todos os sistemas de
quipadas com rádio tenham seus cabos ignição, ela se manifesta mais em instalações de
de ignição blindados. rádio-blindagem, pois o conduíte metálico está
aterrado e envolve os cabos de ignição em toda
3) A tendência favorável a todas as condi- a sua extensão.
ções de intemperies. Em sistemas de baixa tensão, essa fuga é
reduzida consideravelmente, porque a corrente
4) O aumento de operações em elevadas alti- através da maior parte do sistema é transmitida
tudes. em um potencial de baixa tensão. Apesar dos
Sistemas de baixa tensão foram desen- cabos entre as bobinas do transformador e as
volvidos para resolverem esses problemas. velas serem curtos, eles são condutores de alta
Eletronicamente, o sistema de baixa ten- tensão, estando sujeitos às mesmas falhas que
são é diferente do sistema de alta tensão. ocorrem em sistemas de alta tensão.

Figura 4-16 Esquema simplificado do sistema de ignição de baixa tensão.

-Operação do sistema de ignição de baixa tuído com 7 peças de uma polaridade, decaladas
tensão com 7 peças de polaridade oposta.
Quando o ímã é inserido no circuito
O circuito magnético de um típico siste- magnético da figura 4-17, com 3 dos pólos norte
ma de magneto de baixa tensão consiste em um do ímã perfeitamente alinhados com as sapatas,
ímã permanente rotativo, sapatas e o núcleo da o fluxo magnético estático máximo é produzido
bobina (figura 4-17). O ímã cilíndrico é consti- da direita para esquerda no núcleo da bobina.

4-11
máximo na direção oposta. Isso constitui um
fluxo reverso.
Catorze desses fluxos reversos ocorrem
durante cada rotação do ímã, ou sete, para cada
rotação do eixo de manivela do motor.
A produção de tensão na bobina do
magneto de baixa tensão ocorre da mesma ma-
neira como no circuito magnético primário de
um magneto de alta tensão.

Distribuidor do sistema de baixa tensão

Cada pulso de corrente produzido pelo


magneto de baixa tensão é direcionado para
várias bobinas de transformador na adequada
ordem de fogo, através do distribuidor do tipo
Figura 4-17 Sistema de baixa tensão usando escova (figura 4-18). O conjunto do distribuidor
ímã rotativo de 14 pólos. consiste em uma peça giratória, chamada de
escova do distribuidor, e uma peça estacionária,
Quando o ímã é girado no sentido horá- chamada de bloco do distribuidor.
rio até que os pólos adjacentes se alinhem com O rotor (figura 4-18A) tem duas partes
as sapatas, o fluxo magnético no núcleo da bo- separadas das escovas do distribuidor, que per-
bina terá diminuído de um máximo para zero correm nos 3 trilhos concêntricos do bloco do
em uma direção, e então aumentado para um distribuidor (figura 4-18B).

Figura 4-18 Distribuidor do tipo escova para um sistema de magneto de baixa tensão.

Esses trilhos são divididos em sete seg- ladas eletricamente, estão conectadas juntas
mentos, cada qual isolado eletricamente um do internamente, cada uma tem a tensão da bobina
outro. do magneto impressa sobre ela.
O trilho externo consiste em uma série O rotor do distribuidor possui escovas de
de seções de eletrodos alternados, longos e cur- imantação (figura 4-18A), uma em cada extre-
tos. Essas sete longas seções de eletrodos do midade do rotor. A escova de imantação inferior
trilho externo são eletricamente isoladas, e ser- é eletricamente conectada à fileira de escova
vem somente para prover uma contínua passa- "D" ou "C", que percorre os trilhos intermediá-
gem próxima às escovas do distribuidor. rios do bloco do distribuidor (figura 4-18A, B e
A corrente de baixa tensão do magneto C).
entra no distribuidor através de um fio, conecta- Quando o platinado abre, a corrente da
do em uma das curtas seções de eletrodo do bobina do magneto está disponível no eletrodo
trilho externo. de seção curta do trilho externo (figura 4-19).
Uma vez que todas as curtas seções de Nesse instante, somente uma das escovas de
eletrodos, apesar de separadas pelas seções iso- imantação do rotor do distribuidor está num

4-12
eletrodo de seção curta; a outra escova de iman- A sexta bobina do transformador na or-
tação está numa seção, que é isolada eletrica- dem de centelhamento do magneto, é energizada
mente do mesmo trilho. à medida que a escova de imantação para o lado
interno do trilho se move no sentido horário de
uma seção isolada eletricamente, e no próximo
eletrodo de seção curta. A corrente é captada do
lado externo do trilho, e direcionada para a se-
ção do eletrodo do trilho interno, que alimentará
o transformador para o sexto cilindro na ordem
de centelhamento.
Enquanto a bobina do transformador do
sexto cilindro está recebendo seu pico de
corrente, a escova de imantação para o trilho
intermediário está numa seção isolada do lado
externo, e não interfere com o fluxo do pico de
corrente auto-induzido. Como a escova do
distribuidor continua no sentido horário, a
escova de imantação para o lado interno do
trilho se movimenta para uma seção isolada
eletricamente. Ao mesmo tempo, a escova de
imantação para o trilho intermediário se
movimenta para um eletrodo de seção curta, e
entrega o pico de corrente ao transformador,
Figura 4-19 Operação do distribuidor do tipo servindo o sétimo cilindro na ordem de
escova. centelhamento
A corrente
do magneto.
relativamente baixa auto-
induzida deixa o distribuidor através das cabla-
A escova no eletrodo de seção curta gens para o transformador. Os fios são conecta-
capta a corrente da bobina do magneto, direcio- dos no tubo circular de ignição por um "plug".
nando-a para uma seção do trilho intermediário. Para este sistema de magneto existem 60
Se o magneto for o de N° 1 (R-1 ou L-1), o tri- cabos dentro do tubo circular de ignição. Quatro
lho intermediário servirá os sete cilindros na fila cabos (um para cada um dos quatro magnetos)
"D"; se for o N° 2 (R-2 ou L-2), esse trilho ser- correm do interruptor de ignição ao terminal no
virá os sete cilindros da fila "C" (figura 4-18). "plug", conectado aos do interruptor de ignição.
Similarmente, o lado interno do trilho Os outros 56 cabos conectam as seções
serve os sete cilindros da fila "B" − se ele for do eletrodo do distribuidor, do lado interno e
um magneto N° 1; ou os sete cilindros da fila intermediário do trilho de quatro magnetos, às
"A" −se ele é um magneto N° 2. Desde que bobinas primárias dos transformadores das ve-
cada seção de eletrodo do lado interno e inter- las. A corrente da bobina secundária do trans-
mediário dos trilhos sejam conectados a uma formador é conduzida a vela por um curto cabo
bobina transformadora separada, a escova do de alta tensão blindado.
distribuidor rotativo determina qual bobina do Os magnetos de baixa tensão são desli-
transformador recebe o pico de corrente auto- gados e ligados da mesma maneira que os sis-
induzida. temas de alta tensão são controlados, isto é, por
Em operação, cada magneto servirá pri- um interruptor conectado ao fio-massa do cir-
meiro a um cilindro de uma fileira, e em seguida cuito da bobina do magneto.
um cilindro na outra. Por exemplo, na figura 4- Quando o interruptor é fechado (posição
19, o transformador do 5° cilindro, na ordem de desligada), uma passagem de baixa resistência
fogo, está recebendo o pico de corrente auto- direcionada para a massa é alcançada para a
induzida. O transformador seguinte ao receber bobina do magneto, se os platinados estiverem
um pico de corrente na ordem de centelhamento abertos ou fechados.
do magneto será o sexto cilindro, o qual é servi- Como o interruptor de ignição fechado
do por uma seção de eletrodo nos trilhos inter- provê um caminho de baixa resistência para a
nos. massa, a corrente na bobina do magneto não é

4-13
direcionada para a bobina primária do transfor- Então, para facilitar a partida do motor,
mador. Ao contrário, a corrente é curto- um dispositivo auxiliar é conectado ao magneto
circuitada pelo caminho do interruptor de igni- para suprir a alta tensão de ignição.
ção fechado. Ordenadamente, essas unidades auxilia-
res de ignição são energizadas pela bateria, e
UNIDADES AUXILIARES DE IGNIÇÃO conectadas ao magneto direito, ou distribuidor.
Os sistemas de partida dos motores alternativos,
Durante a partida do motor, a saída de normalmente, incluem um dos seguintes tipos
cada magneto, de alta ou baixa tensão, é baixa de sistemas auxiliares: dínamo, vibrador de in-
porque a velocidade de partida do motor tam- dução (algumas vezes chamado vibrador de par-
bém o é. Isto é aceitável quando os fatores que tida), acoplamento de impulso, e vibrador de
determinam a quantidade de tensão induzida em sistemas de partida.
um circuito são considerados.
Para aumentar o valor de uma tensão
induzida, a força do campo magnético deve ser Dínamo
aumentada pelo uso de um ímã mais poderoso,
pelo aumento do número de voltas na bobina, ou O conjunto dínamo (figura 4-20) consis-
aumentando a razão de movimento relativo en- te em duas bobinas enroladas em torno de um
tre o ímã e o condutor. núcleo de ferro doce, um jogo de contatos, e um
Uma vez que a força de rotação do ímã, condensador.
e o número de voltas na bobina, são fatores O enrolamento primário possui um de
constantes em ambos os sistemas de ignição por seus terminais aterrado por meio de uma tira
magneto de alta ou baixa tensão, a tensão pro- interna, e outro terminal conectado ao contato
duzida depende da velocidade com que o ímã móvel.
gira. Durante a partida do motor, o ímã é girado O contato fixo é provido de um terminal,
a aproximadamente 80 RPM. onde é aplicada a tensão da bateria quando a
Uma vez que o valor da tensão induzida chave do magneto é colocada na posição "start",
é muito baixo, uma centelha não pode saltar a ou automaticamente quando o motor de arran-
fenda no ignitor. que é engatado.

Figura 4-20 Dínamo.

4-14
A bobina secundária, a qual contém i-
númeras vezes mais quantidade de voltas que a
primária, possui também um de seus terminais
aterrado por meio de uma tira interna, porém o
outro está conectado com um terminal de alta
tensão. O terminal de alta tensão está conectado
para um eletrodo no distribuidor por meio de
um cabo de ignição.
Uma vez que o terminal regular do dis-
tribuidor está aterrado através das bobinas pri-
mária ou secundária de um magneto de alta ten-
são, a alta tensão fornecida pelo dínamo deve
ser distribuída por um circuito separado no rotor
do distribuidor. Isso é obtido pelo uso de dois
eletrodos em um único rotor.
O eletrodo principal, ou lingueta, descar-
rega a tensão do magneto e o eletrodo auxiliar
distribui somente a descarga do dínamo. O ele-
trodo auxiliar está constantemente localizado
como se fosse a cauda do eletrodo principal, Figura 4-21 Esquema do dínamo.
dessa forma retardando a centelha durante o
período de partida. O resultado desta ação é uma contínua
A figura 4-21 ilustra, de forma esquemá- expansão e retração (colapso) do campo magné-
tica, os componentes do dínamo mostrado na tico, transmitindo para a bobina secundária do
figura 4-20. Em operação, a tensão da bateria é dínamo. Como a bobina secundária possui mui-
aplicada para o terminal positivo (+) do dínamo to mais espiras que a primária, a tensão induzida
através da chave de partida. Isto causa um fluxo resultante dessas linhas de força sobre a bobina
de corrente através dos contatos fechados (figu- secundária é altíssima, o suficiente para o siste-
ra 4-21) para a bobina primária e a massa. ma de ignição do motor.
Esta corrente, fluindo através da bobina O condensador (figura 4-21), o qual está
primária, produz um campo magnético sobre a conectado através dos contatos, tem uma impor-
bobina, magnetizando o seu núcleo. tante função no circuito.
Quando o núcleo se encontra magnetiza- Como o fluxo de corrente na bobina
do, ele atrai o contato móvel, o qual se encontra primária é interrompido pela abertura dos conta-
normalmente mantido contra o contato fixo por tos, a alta tensão auto-induzida, que acompanha
mola. cada colapso do campo magnético, é absorvida
Quando o contato móvel é atraído pelo pelo condensador.
núcleo de ferro, o circuito primário é aberto, Sem o condensador, ocorreria um arco
levando ao colapso o campo magnético da bobi- através dos contatos a cada colapso do campo
na e, conseqüentemente, o do núcleo. magnético. Isso poderia queimar e provocar
Já que o núcleo atua como um eletroímã covas nos contatos, reduzindo brutalmente a
somente quando flui corrente pela bobina pri- tensão de saída do dínamo.
mária, ele perde seu magnetismo no momento
em que ocorre a abertura dos contatos. Isso Vibrador de indução
permite que a mola torne a fechar os contatos e,
novamente, complete o circuito da bobina pri- O vibrador de indução (ou vibrador de
mária que por sua vez, remagnetiza o núcleo, partida) mostrado na figura 4-22, consiste em
atraindo o contato móvel, o qual novamente um vibrador operado eletricamente, um conden-
abre o circuito da bobina primária. Essa ação faz sador e um relé.
com que o contato móvel vibre rapidamente, Essas unidades estão montadas em uma
enquanto for mantida a chave de partida na po- base, e estão envolvidas por uma carcaça metá-
sição fechado ("on"). lica.

4-15
Figura 4-22 Vibrador de indução.

O vibrador de partida, ao contrário do O fluxo de corrente na bobina do vibra-


dínamo, não produz a alta tensão de ignição dor produz um campo magnético que atrai e
dentro de sí. abre os contatos do vibrador. Quando esses con-
A sua função é transformar a corrente tatos abrem, a circulação de corrente é inter-
contínua da bateria em corrente pulsante e for- rompida e o campo magnético que estava atra-
necê-la para a bobina primária do magneto. indo o contato móvel desaparece. Isso permite
Também funciona como um relé, desconectando que os contatos do vibrador fechem e, novamen-
o circuito auxiliar quando esse não estiver em te, conduzam a corrente da bateria através da
uso. bobina do vibrador, completando um ciclo de
Como mostrado na figura 4-22, o termi- operação. Este ciclo, entretanto, ocorre várias
nal positivo do vibrador de partida está conecta- vezes por segundo, tão rapidamente que os con-
do ao circuito solenóide de acoplamento do ar- tatos do vibrador produzem um audível "buzz".
ranque. Cada vez que os contatos do vibrador
Fechando a chave, o solenóide de fecham, flui corrente para o magneto. Se o inter-
acoplamento é energizado, permitindo a circula- ruptor primário está fechado, quase toda a cor-
ção de corrente através da bobina do relé para a rente da bateria passa para a massa através de-
massa. Ao mesmo tempo, a corrente flui através les, e pequena corrente passa pela bobina primá-
da bobina do vibrador e pelos seus contatos. ria.
Uma vez que a corrente flui através da bobina Deste modo, uma carga desprezível flui-
do relé estabelece um campo magnético que rá pela bobina primária.
atrai e fecha os contatos do relé, o circuito vi- Quando os pontos de contato do inter-
brador é agora completado para o magneto. ruptor do magneto abrem, a corrente que antes
A trajetória da corrente elétrica da bate- passava por esses pontos agora segue direto
ria consumida pelo magneto é determinada pela através da bobina primária para a massa. Uma
posição do platinado primário; se os mesmos vez que essa corrente é interrompida muitas
estiverem fechados, a corrente flui através deles vezes por segundo, o campo magnético resultan-
para a massa, se estiverem abertos, a corrente te é ligado e interrompido, através das bobinas
flui através da bobina primária para a massa. primária e secundária do magneto, na mesma

4-16
ordem. A rápida sucessão de voltagens distintas com um acoplamento de impulso. Essa é uma
induzidas na bobina secundária produz uma unidade que, durante a produção da centelha,
"chuva" de centelhas, através dos pólos da vela pega um dos magnetos ligados ao motor numa
de ignição selecionada. breve aceleração e produz uma centelha quente
A sucessão de voltagens distintas é dis- para a partida.
tribuída através da saída de um distribuidor Esse dispositivo consiste em pequenos
principal para várias velas de ignição, porque os contrapesos e um conjunto de molas, localiza-
pontos de contato do interruptor armam no dos na carcaça que fixa o magneto ao eixo de
mesmo instante em que o magneto está gerando acessórios.
a sua voltagem. O sistema de ignição que utiliza O magneto é flexivelmente conectado
um vibrador por indução não possui provimen- através do acoplamento de impulso por meio de
tos para retardo de centelha; portanto, ele não molas que, durante a baixa velocidade do mag-
possui um eletrodo guia auxiliar no distribuidor. neto, é temporariamente mantido enquanto o
Quando se dá a partida num motor equi- eixo de acessórios é girado até que o pistão che-
pado com um vibrador indutivo, o interruptor de gue aproximadamente ao ponto morto alto. Nes-
ignição pode ser mantido desligado até que o se ponto, o magneto é liberado e a mola retorna
motor de partida tenha girado a hélice pelo me- a posição original, resultando em um rápido
nos uma volta. retorno na rotação do magneto. Sendo equiva-
Então, enquanto a hélice é mantida gi- lente à alta rotação do magneto, produzindo
rando, o interruptor de ignição pode ser ligado. uma faisca quente.
Se essa precaução não for observada, um impac- Depois que o motor der a partida e o
to contrário no motor será o provável resultado magneto alcançar uma velocidade suficiente
da ignição antes da correta RPM de partida. para produzir corrente, os contrapesos no aco-
Depois que a hélice tiver completado pelo me- plamento voam devido a força centrífuga e blo-
nos uma volta, produzirá um momento sufici- queiam os dois membros de acoplamento juntos.
ente para evitar o impacto contrário. Isso torna a unidade sólida, retornando o
Tão logo o motor inicia o disparo e o magneto para a condição de sincronia relativa
interruptor de partida é liberado; e o circuito ao motor.
elétrico da bateria para o vibrador indutivo é A presença do acoplamento de impulso
aberto. pode ser identificada por meio de um curto esta-
Quando a corrente da bateria é cortada lo, quando o eixo de manivelas e girado até que
do vibrador indutivo, os contatos do relé se a- a velocidade dos cilindros se estabilize após o
brem e interrompem a conexão entre o vibrador ponto morto alto em cada cilindro.
de indução e o magneto. O uso do acoplamento de impulso pro-
Essa conexão deve ser interrompida para duz forças de impacto no magneto, partes acio-
evitar que o magneto fique fora do aterramento nadas do motor e várias partes das unidades
do relé da bobina. acopladas.
Se os contatos do relé do vibrador indu- Muitas vezes os contrapesos ficam
tivo não abrirem quando a corrente da bateria magnetizados e não engatam os pinos batentes;
for cortada, a corrente primária do magneto não e o óleo congelado durante o tempo frio produz
poderá ser interrompida quando os contatos o mesmo resultado.
abrirem; ao invés disso, a corrente primária po- Outra desvantagem do acoplamento de
de fluir através do relé e dos contatos do vibra- impulso é que esse pode produzir somente uma
dor indutivo, e então para o terra através da bo- centelha por cada ciclo de movimento do cilin-
bina do relé. dro.
Nesse caso, o magneto estaria inoperante Essa é uma desvantagem, especialmente
como se o interruptor de ignição estivesse em durante condições adversas de partida.
“OFF”.
Vibrador interruptor de retardo de alta ten-
Acoplamento de impulso são

Motores que possuem um pequeno nú- O magneto interruptor de retardo e o


mero de cilindros, algumas vezes são equipados sistema vibrador de partida são usados como

4-17
parte do sistema de alta tensão na maioria das O vibrador de partida é também adapta-
aeronaves pequenas. Projetado para sistemas de do para muitos sistemas de ignição de helicópte-
ignição de quatro ou seis cilindros, o magneto ro.
interruptor de retardo elimina a necessidade de O esquema do diagrama de um sistema
um acoplamento de impulso em pequenas aero- de ignição, usando o magneto interruptor de
naves. Esse sistema usa um interruptor adicional retardo e o conceito de vibrador de partida, é
para obter o retardo da centelha para a partida. mostrado na figura 4-23.

Figura 4-23 Circuito vibrador de partida e magneto interruptor de retardo de alta tensão.

Com o seletor do magneto na posição através dos contatos do interruptor principal e


"ambos" (figura 4-23), e o interruptor de partida de retardo do magneto esquerdo.
S1 ligado, o solenóide de partida L3 e a bobina Desde que o relé R4 é fechado, o motor
L1 são energizados, fechando os contatos R4, de partida é energizado e o eixo do motor come-
R1, R2 e R3 do relé. ça a girar. Quando o motor atinge sua posição
R3 liga o magneto direito ao aterramen- normal de ignição, os contatos do interruptor
to, mantendo esse inoperante durante a operação principal do magneto esquerdo abrem.
de partida. A Corrente elétrica flui da bateria A interrupção momentânea de corrente
através de R1, pontos V1 do vibrador, bobina do vibrador pode manter um caminho para o
L2, através de ambos os pontos do interruptor aterramento através dos contatos do interruptor
de retardo, e através de R2 e o contato principal de retardo, que não abrem até que a posição de
do interruptor do magneto esquerdo para a mas- retardo do motor seja atingida. Nesse ponto do
sa. movimento do eixo de partida, os contatos de
A bobina L2 energizada abre os contatos retardo abrem. Uma vez que os contatos do in-
V1 do vibrador, interrompendo o fluxo de cor- terruptor principal são mantidos abertos, a bobi-
rente através de L2. O campo magnético de L2 na primária do magneto não fica em curto pro-
interrompe bruscamente, e os contatos V1 do longado, e a corrente produz um campo magné-
vibrador fecham novamente. Uma vez mais, tico através de T1.
corrente flui através de L2, e novamente os con- Cada vez que os contatos V1 do vibrador
tatos V1 do vibrador abrem. Este processo é abrem, o fluxo de corrente é interrompido. O
repetido continuamente, e o fluxo de corrente campo interrompido através de T1 corta através
interrompido da bateria flui para o aterramento, da bobina secundária do magneto, e induz uma

4-18
interrupção de energia de alta voltagem, usada Vibrador interruptor de retardo de baixa
para produzir centelha na vela de ignição. tensão
Desde que os contatos V1 são abertos e
fechados rápida e continuamente, uma chuva de O sistema, projetado para aeronaves pe-
centelhas é fornecida aos cilindros quando os quenas de quatro e seis cilindros, elimina as
contatos dos interruptores principal e de retardo desvantagens dos sistemas de ignição de aco-
são abertos. plamento de impulso e de alta tensão. Um sis-
Depois que o motor inicia a aceleração, tema típico, mostrado na figura 4-24, consiste
o interruptor de partida manual é liberado, cau- em magneto interruptor de retardo, um magneto
sando a desenergização de L1 e L3. Isso faz interruptor simples, um vibrador de partida,
com que o vibrador e os circuitos de retardo bobinas de transformador e um interruptor de
fiquem inoperantes, e também abra os contatos partida e ignição.
do relé R3, o que remove a massa do magneto Para operar o sistema mostrado na figura
direito. 4-24, coloca-se o interruptor de partida S3 na
Ambos os magnetos agora disparam no posição ligado. Isso energiza o solenóide L3 e a
avanço (funcionando normalmente) da posição bobina L1, fechando os contatos R1, R2, R3 e
do pistão. R4 do relé.

Figura 4-24 Magneto de retardo de baixa tensão e circuito vibrador de partida.

Com o seletor do magneto na posição Desde que o interruptor de partida seja


"L" (esquerdo), uma corrente flui através de R1, fechado, o eixo do motor começa a girar. Quan-
dos contatos L2 e R2 do vibrador, e através dos do o giro atinge o avanço normal da posição de
contatos do interruptor principal para o aterra- ignição, os contatos principais do interruptor do
mento. magneto abrem; entretanto, a corrente mantém o
A corrente também flui através de R3 e fluxo para a massa através dos contatos fecha-
contatos do interruptor de retardo para a massa. dos do interruptor de retardo.
Correntes através de L2 produzem um campo Como o motor continua girando, a posi-
magnético, os quais abrem os contatos do vi- ção de retardo de ignição é atingida e os conta-
brador e quando a corrente pára de fluir através tos do interruptor de retardo são abertos. Desde
de L2, os contatos novamente se fecham. Estas que os contatos do interruptor principal sejam
ondas de fluxo de corrente, através de ambos os mantidos abertos, a corrente vai fluir para a
contatos dos interruptores de retardo e principal massa através da bobina L4, produzindo um
vão para a massa. campo magnético ao seu redor.

4-19
Como o motor continua girando, os con- dor interno, entre o metal externo da cobertura e
tatos do interruptor vibrador abrem, interrom- o isolador, e entre o isolador e o conjunto do
pendo bruscamente o campo magnético L4 atra- eletrodo central.
vés do T1 primário, induzindo uma alta volta- O isolador provê uma proteção em torno
gem no secundário do T1 para detonar a vela de do eletrodo. Em adição à isolação elétrica, o
ignição. isolador de cerâmica também transfere calor da
Quando o motor “pega”, o interruptor de ponta da cerâmica para o cilindro.
partida é liberado, desenergizando L1 e L3. Isso
abre os contatos do circuito do vibrador e do
interruptor de retardo. O interruptor de ignição é
então girado para "ambos", permitindo que o
magneto direito opere ao mesmo tempo que o
magneto esquerdo.

VELAS DE IGNIÇÃO

A finalidade da vela em um sistema de


ignição é conduzir um curto impulso de corrente
de alta voltagem, através de um espaço dentro
da câmara de combustão.
Dentro da câmara de combustão existe
um espaço por onde o impulso pode produzir
uma centelha elétrica para inflamar a carga de
ar/combustível.
Embora as velas de ignição de aeronaves
sejam de simples construção e operação, elas
estão direta ou indiretamente relacionadas com Figura 4-25 Uma vela típica.
a maioria das grandes falhas nos motores de
aeronaves. Mesmo assim, as velas permitem Os tipos de velas de ignição usados em
uma grande operação sem problemas, conside- diferentes motores variam em relação ao calor,
rando as condições adversas em que operam. faixa, tamanho da rosca ou outras características
Em cada cilindro de um motor operando de instalação − requeridas por diferentes moto-
a 2.100 RPM, aproximadamente 17 separadas e res.
distintas pontes de centelhas de alta voltagem A faixa de calor de uma vela de ignição
saltam em uma vela de ignição simples, por é medida pela sua capacidade de transferir calor
segundo. Isso aparece para os nossos olhos co- para a cabeça do cilindro. A vela deve operar
mo um disparo contínuo, saltando dos eletrodos quente, permitindo queimar depósitos que po-
das velas de ignição à temperatura acima de dem causar sujeira, entretanto, a uma temperatu-
3000 °F. ra que evite a condição de pré-ignição.
Ao mesmo tempo, a vela suporta uma al- O comprimento do nariz central é o prin-
ta pressão de gás como 2000 p.s.i., e uma alta cipal fator para estabelecer a faixa de calor da
pressão elétrica da ordem de 15.000 volts. vela. Velas "quentes" possuem um grande nariz
Os três principais componentes de uma isolador, que cria um longo caminho de transfe-
vela de ignição (figura 4-25) são os eletrodos, rência de calor, enquanto que as velas "frias"
isolante e cobertura externa.A cobertura externa possuem um isolador relativamente pequeno,
que possui rosca para fixação ao cilindro, é para permitir uma rápida transferência de calor
normalmente feita de aço especial resistente à para a cabeça do cilindro (figura 4-26).
corrosão devido aos gases do motor, garantindo Se um motor fosse operado somente em
a fixação. uma velocidade, o desenho das velas de ignição
A falta de tolerância da rosca de fixação poderiam ser bastante simplificado. Devido ao
e do vedador evita vazamento da pressão de gás fato do vôo demandar diferentes situações de
de escapamento através da vela. A pressão que carga do motor, as velas de ignição precisam ser
vier a escapar através dessa é retida pelo veda- projetadas para operar tão quentes quanto possí-

4-20
vel, e em baixas velocidades e poucas cargas, e Há todas as possibilidades de um sistema
tão frias quanto possível em cruzeiro e potência de ignição estar bom, dependendo do serviço e
de decolagem. da manutenção adequada. Entretanto, dificulda-
A opção pela vela de ignição que deve des podem ocorrer, afetando a performance de
ser utilizada em um motor de aviação é deter- um sistema de ignição.
minada pelo fabricante do motor após testes A mais comum dessas dificuldades de
completos. manutenção, junto com o método mais genérico
de inspeção de ignição, será discutido nesta se-
ção.
Quebra do material isolante, surgimento
e aumento de pontos de rachaduras e curto-
circuito, ou quebra de conectores elétricos, não
são incomuns. Esses defeitos devem ser encon-
trados e corrigidos.
Menos comuns são as irregularidades
que envolvem erros humanos.
Por exemplo, o tempo de ignição requer
um ajuste preciso e cuidadoso, para que quatro
condições sejam seguidas no mesmo instante:
Figura 4-26 Velas quentes e frias. 1) O pistão do cilindro número 1 deverá estar
em uma posição descrevendo um número de
Quando um motor é certificado para graus, antes do ponto morto alto no tempo de
utilizar uma vela de ignição quente ou fria, a compressão.
vela utilizada e determinada pela forma como o
motor vai ser operado. 2) O rotor do magneto deve estar na posição da
folga “E”.
3) Os contatos do platinado devem estar abertos
pelo ressalto do came número 1.
4) A haste do distribuidor deve estar alinhada
com o eletrodo servindo o cilindro número 1.

Se uma dessas condições estiver fora de


sincronização, com qualquer outra, diz-se que o
Figura 4-27 Alcance da vela. sistema de ignição está "fora de tempo".
Quando a ignição de um cilindro ocorre
Uma vela com alcance apropriado (figu- antes do eixo de acionamento atingir o ponto
ra 4-27) irá determinar o quanto a extremidade ideal, isso é classificado como "avançado". Se a
do eletrodo penetrará no cilindro, em uma posi- ignição ocorre muito cedo, o pistão surge no
ção ideal para ativar a ignição. O alcance da cilindro em oposição a força total da combustão.
vela de ignição é a quantidade de rosca inserida Essa condição resulta em perda de potência do
na bucha, no cilindro. Gripamento da vela e/ou motor, superaquecimento, e possibilidade de
combustão incorreta no cilindro, são causas detonação e pré-ignição.
prováveis de velas com alcances errados em Se a ignição ocorre em um tempo após a
uso. posição ótima do eixo de manivela ser atingida,
o tempo de ignição é chamado de "atrasado".Se
MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DO SIS- isso ocorrer muito tarde, não haverá tempo sufi-
TEMA DE IGNIÇÃO DE MOTORES AL- ciente para queima da carga de ar/combustível,
TERNATIVOS e ocorrerá uma combustão incompleta.
Como resultado, o motor perde potência
Um sistema de ignição de uma aeronave e aumenta a abertura necessária ao acelerador,
é o resultado de um cuidadoso projeto e de es- para manter a carga da hélice.
merados testes. As irregularidades mais comuns são a-

4-21
quelas causadas por formação de umidade em dos dispositivos que seguem é facilmente justi-
diferentes partes do sistema de ignição. Umida- ficada.
de pode entrar nas unidades do sistema de igni- Erros podem facilmente ocorrer no posi-
ção através de fendas ou coberturas soltas, ou cionamento do pistão na sincronização com o
pode ser resultado de condensação. cilindro; ele pode ser colocado em um grau er-
"Respingos", uma situação que acontece rado do eixo de manivela ou em um correto grau
durante um reajuste do sistema, devido a baixa do eixo, mas em um tempo errado. Quando
ou alta pressão atmosférica, pode acontecer posicionado o rotor do magneto, um desacerto
quando o ar está carregado de umidade. Nor- pode ser causado pela não remoção da folga
malmente o calor do motor é suficiente para entre as engrenagens de acionamento.
evaporar a umidade, mas ocasionalmente esta se O conjunto dos platinados estando ou
condensa com o motor frio. O resultado é um não corretamente sincronizado, não pode ser
considerável acúmulo de umidade, que pode aberto na folga “E”.
causar a perda da resistência elétrica do material Qualquer outro erro pode alterar a regu-
isolante. lagem final da vela de ignição. Devido às gran-
Uma pequena quantidade de contamina- des possibilidades de erros, dispositivos tempo-
ção, por umidade, pode causar redução na saída rizadores estão sendo desenvolvidos para tornar
do magneto por curto-circuito, para a massa, da mais consistente os métodos de temporização.
parte de corrente de alta voltagem destinada à
vela de ignição. Se este acúmulo de umidade for Marcas de referências para a regulagem no
considerável, a saída do magneto pode ser dissi- próprio motor
pada para o aterramento. O acúmulo de umidade
durante o vôo é extremamente raro, devido a Muitos motores alternativos pos-
alta temperatura de operação do sistema que é suem marcas de referências no próprio motor.
suficiente para evitar a condensação, portanto, Em um motor que não tem engrenagem de re-
as dificuldades por esss causas podem ocorrer dução de hélice, a marca poderá ser normalmen-
mais provavelmente durante a operação no solo. te encontrada no flange da hélice (figura 4-28).
As velas de ignição de aeronaves podem
ser injustamente apontadas como causas de fa-
lhas no funcionamento. Elas podem ser aponta-
das como defeituosas quando, na realidade, o
defeito está ocorrendo em outro sistema. Falha
no funcionamento do carburador, sujeira no
distribuidor, válvula travada, vazamento no sis-
tema primário, ou sujeira na marcha lenta, e
ajuste de mistura podem apresentar os mesmos
sintomas de falha no sistema de ignição.
Infelizmente, muitas dessas condições
podem ser temporariamente resolvidas com a
substituição de uma vela de ignição, mas o pro-
blema voltará a ocorrer em um curto espaço de
tempo porque sua causa real não foi eliminada.
Um total desconhecimento dos vários sistemas
do motor, após cuidadosa inspeção e bons mé-
todos de manutenção, podem reduzir substanci-
almente muitos erros.

DISPOSITIVOS DE REGULAGEM DO
MAGNETO DE IGNIÇÃO

Quando muitas oportunidades para errar


a regulagem do sistema de ignição para o motor Figura 4-28 Marcas do tempo no flange da hé-
são consideradas, a ênfase para o correto uso lice.

4-22
A marca de ponto central (TC), estam- Isso acontece porque não existe como
pada no bordo, irá alinhar-se com o eixo longi- impor uma carga à caixa de engrenagens, em
tudinal abaixo do eixo de manivelas, quando o direção oposta à rotação do eixo de manivelas.
pistão número 1 estiver no ponto morto alto. Outro aspecto desfavorável na utilização de
Outras marcas no flange indicam grau antes do marcas na caixa de redução é um pequeno erro
ponto morto alto. que surge quando verifica-se de baixo essa mar-
Em alguns motores existem marcas de ca de referência, para ajustá-la dentro da carcaça
graus na caixa de redução das hélices. Para es- da caixa de redução.
ses motores é necessário remover um plugue na Devido ao fato de haver folga entre as
caixa de engrenagens de redução, para que se duas marcas de referência, cada mecânico deve
possa ver as marcas do tempo do motor.Em ou- ter seus olhos no mesmo plano, se não, cada
tros motores, as marcas de temporização estão homem irá selecionar uma posição diferente do
na flange do eixo de manivelas, e podem ser eixo de manivelas para o ajuste da ignição.
vistos removendo a conexão à frente do eixo.
Em qualquer caso, as instruções do fa- Disco de sincronização
bricante do motor irão indicar a localização des-
sas referências no motor. O disco de sincronismo é um dispositivo
Utilizando as marcas (figura 4-29) para de posicionamento do eixo de manivelas mais
posicionar o eixo de manivelas, o ponteiro esta- preciso do que as marcas de referência. Esse
cionário, ou a marca na seção dianteira, deve dispositivo consiste em um disco e um ponteiro
estar alinhado no eixo da hélice, no flange do mecânico, montado em um acessório acionado
eixo ou na caixa de engrenagens. pelo motor. Esse ponteiro, que é montado em
Verifica-se se um ângulo poderá resultar um eixo acionador de acessório, indica o núme-
em um erro de posicionamento do eixo de ma- ro de graus do movimento do eixo de manivelas
nivelas. sobre o disco.
Embora muitos motores tenham marcas O disco é marcado em graus relativos ao
de referências de tempos, eles ainda deixam a eixo de manivelas. Pela simples aplicação do
desejar. torque no acionador de acessórios em uma dire-
O principal inconveniente é o fator folga. ção oposta à rotação normal, a folga na caixa de
A folga em um sistema de engrenagens irá vari- engrenagens pode ser removida, e o eixo de
ar entre as instalações e, muitas vezes, entre manivelas pode ser levado para a posição, e
duas verificações distintas da mesma peça do obter um ajuste preciso de tempo após tempo.
equipamento. Nem todos os discos são marcados no
mesmo número de graus. Por exemplo, o disco
destinado para uso em um tipo de motor é mon-
tado no eixo de acionamento da bomba de com-
bustível. Desde que a bomba seja acionada com
a mesma velocidade do eixo de manivelas, o
ponteiro irá descrever um circuito completo
quando o eixo de manivelas completar uma vol-
ta.
Portanto, o disco pode ter incrementos
de um em um grau até completar 360°. Entre-
tanto, o disco utilizado em um outro motor pode
ser montado sobre o magneto, que é acionado
com a metade da velocidade do eixo de manive-
las.
Com essa relação, o eixo move um grau,
enquanto o ponteiro indicador move apenas
meio grau. Por essa razão, o disco está marcado
com 720 espaços de 1/2 grau. Cada 1/2 grau
Figura 4-29 Marca do tempo típico na caixa de indicado corresponde a um grau completo no
redução da hélice. eixo de manivela.

4-23
A figura 4-30 mostra um disco de sin- Nota-se que o pistão não se move, en-
cronia. As marcas variam de acordo com as es- quanto que, o eixo de manivela descreve um
pecificações do motor. A escala nesse exemplo pequeno arco da posição “A” para a posição
é fixada nos parafusos de fixação da placa de “B”. Esta zona que "não desloca" o pistão ocor-
torque e o ponteiro no eixo de acionamento da re entre o tempo em que o eixo de manivelas
hélice. termina de leva-lo para cima através da biela, e
posiciona a biela para puxar o pistão para baixo.
O ponto morto alto é a posição do pistão
e do eixo de manivelas, a qual todas as outras
localizações do pistão e eixo de manivela são
referenciadas.
Quando um pistão está na posição de
ponto morto alto, ele está na distância máxima
do centro do eixo de manivelas, e também no
centro da zona que "não desloca". Nessa posi-
ção, o pistão está localizado de modo que pode
ser traçada uma linha de centro do eixo de ma-
nivelas, biela e pino do pistão, como mostrado
na figura 4-31. Com esse alinhamento, uma for-
ça aplicada no pistão não pode mover o eixo de
manivelas.
Figura 4-30 Uma placa de sincronia e ponteiro. Talvez uma haste ou um lápis tenham
sido os primeiros indicadores de posição do
Indicador de posição do pistão pistão. Uma extremidade dessa simples ferra-
menta pode ser inserida em um ângulo através
Precisamos obter a indicação de posição do orifício da vela de ignição do cilindro de
do pistão para sincronizar a ignição, válvulas ou sincronia, até atingir o outro bordo do pistão,
injeção de combustível. Essa referência é cha- como mostrado na figura 4-32.
mada de ponto morto alto. Esta posição do pis- Nesse ponto, este mecanismo deve ser
tão não pode ser confundida com a posição do marcado com a unha do polegar em relação à
pistão chamada ponto alto. face do orifício da vela de ignição. Com essa
Um pistão no ponto alto tem pouco valor marca mantida na haste, pode-se retirar a haste e
para o ponto de ajuste padrão, porque corres- fazer um chanfro de uma polegada acima da
ponde a uma variação de 1 a 5° da posição do marca.
eixo de manivelas. Isso é ilustrado na figura 4-
31, que foi exagerado para dar ênfase a zona em
que o pistão "não desloca".

Figura 4-31 Ilustração da diferença entre o Figura 4-32 Um simples indicador de posição
ponto alto e o ponto morto alto. do pistão.

4-24
Esse chanfro provê um ponto de referên- A extensão final do braço compensado
cia que, algumas vezes, estará antes do ponto dentro do cilindro, através do orifício da vela de
morto alto. ignição é atuado pelo movimento do pistão. A
Um procedimento incorreto não poderá outra extremidade da extensão do braço passa
encontrar a mesma posição do pistão em cada através da fenda na face, e atua o ponteiro desli-
tempo. zante sobre a escala.
Todas as indicações de posição do pistão Esse indicador acoplado tem uma varie-
em uso utilizam o orifício da vela de ignição, dade de diferentes braços e escalas graduadas.
que sempre encontra o cilindro em um plano Tanto os braços, como as escalas, são compen-
exato, e a haste de indicação toca a mesma parte sados para os diferentes motores que utilizam
da cabeça do pistão. essas marcas. A compensação é necessária por-
Um dos vários indicadores de posição do que há variação entre golpes dos pistões e loca-
pistão usados hoje é um indicador mostrador de lização dos orifícios das velas em diferentes
tempo (figura 4-33). cilindros. Os braços são compensados pela vari-
Isso serve para o propósito de indicar a ação de suas formas e comprimentos, e a escala
posição do pistão em um número limitado de é compensada pelo espaçamento das marcas em
graus, como o disco de sincronia. graus.
Esse dispositivo consiste em duas partes:
a carcaça do corpo e a face. A carcaça é essen- Desse modo, uma combinação particular de
cialmente um adaptador com um parafuso, que uma escala e braço indicarão a posição ver-
atravessa o orifício da vela de ignição e suporta dadeira do pistão, se for usada corretamente.
a face. Para garantir uma maior precisão com o
A face é montada no adaptador e contém "Indicador", uma pequena luz, alimentada por
uma mola de carga que compensa o braço do uma pequena bateria, é montada na face. Quan-
indicador, um ponteiro deslizante, uma escala do o braço compensado toca o ponteiro móvel,
substituível calibrada em graus, um indicador um circuito elétrico é completado e a luz acen-
luminoso, e a borda que distende-se acima da de. Essa luz permite maior precisão, porque o
face para formar uma dobradiça para compensar ponteiro deslizante pode ser posicionado para
o braço do indicador. marcar um determinado grau sobre a escala, e o
eixo de manivelas pode ser girado lentamente
pelo eixo da hélice até que a luz acenda.
O eixo da hélice deve ser movimentado
lenta e cuidadosamente, para que o braço não
movimente o ponteiro além do grau ajustado
após a luz acender.
Existem dois outros tipos comuns de
indicadores de posição de pistão em uso, e am-
bos utilizam o mesmo princípio de posiciona-
mento do pistão. Um possui a escala e pontos de
referência. O outro é simplesmente uma luz que
acende quando o pistão toca o braço atuador, e
apaga quando o pistão se move para baixo do
braço.

Luzes de sincronia

A luz de sincronia é utilizada para ajudar


a determinar o instante exato em que os contatos
do magneto se abrem. Eles são encontrados em
dois tipos gerais e de uso comum. Ambos pos-
suem duas luzes e três fios de conexão externa,
embora possuam circuitos internos completa-
Figura 4-33 Indicador de posição do pistão. mente diferentes, suas funões são as mesmas.

4-25
Um tipo de luz e seu circuito interno são mos- Cada uma das duas luzes é operada sepa-
trados na figura 4-34. radamente por contatos do interruptor, no qual
estão conectadas. Isso torna possível observar o
tempo ou o ponto de referência para ajustar ro-
tor do magneto para no ponto onde os contatos
abrem.
Muitos destes sincronizadores utilizam
bateria seca que são substituídas após longo
tempo de uso.
A atenção para a utilização é com rela-
ção a bateria fraca, que pode causar resultados
errôneos de leitura, devido ao baixo fluxo de
corrente no circuito.

CHECANDO A SINCRONIZAÇÃO IN-


TERNA DO MAGNETO

Ao substituir um magneto ou prepará-lo


para a instalação, a primeira preocupação é com
a sincronização interna.
Para cada modelo de magneto, o fabri-
cante determina com quantos graus da posição
neutra um polo do rotor pode ser mantido para
obter a melhor centelha na vela, no instante em
que os contatos do platinado se abrem.
Figura 4-34 Diagrama elétrico de luz e luz de Esse deslocamento angular da posição
sincronia. neutra, conhecido como ângulo de folga “E”,
varia com os diferentes modelos de magnetos.
Três fios conectores saem do topo da Em um modelo, o "passo" é verificar o came do
caixa de luzes (“A” na figura 4-34). Também platinado para checar a sincronia interna do
possui duas luzes na face dianteira da unidade e magneto.
um interruptor para ligar e desligar a unidade.
No diagrama de fios (“B” na figura 4-34)
percebe-se que a unidade contem uma bateria,
uma bobina do vibrador e dois transformadores.
Para utilizar a luz de sincronia, o fio central,
marcado "terra" é conectado à carcaça do mag-
neto a ser testado. As outras pernas são conecta-
das aos fios do primário do conjunto de platina-
dos dos magnetos.
Com as pernas conectadas dessa manei-
ra, pode ser facilmente determinado se os con-
tatos estão abertos ou fechados pelo comando
do interruptor, observando as duas luzes.
Se os contatos estiverem fechados, a
maior parte da corrente fluirá através dos conta-
tos do interruptor, e não através dos transforma-
dores, então as luzes não acendem.
Se os contatos estiverem abertos, a cor-
rente irá fluir através do transformador e as lu-
zes irão acender. Alguns modelos operam de Figura 4-35 Marcas de sincronismo que indi-
maneira inversa, ou seja, a luz se apaga quando cam posição n° 1 de centelhas do
os contatos abrem. magneto.

4-26
Quando uma régua é colocada nesse Para alinhar o magneto em bancada, cer-
passo e coincide com as marcas na borda da tas ferramentas são necessárias. Normalmente
carcaça, o rotor do magneto está na posição de usa-se a luz de sincronia, uma ferramenta para
folga “E” e os contatos do platinado devem es- segurar o magneto, uma chave de fenda comum
tar começando sua abertura. para soltar alguns parafusos do conjunto e uma
Outro método para checar a folga “E” é régua para verificar a folga “E”.
alinhando a marca de sincronismo com um den- Os contatos do platinado são protegidos
te chanfrado (figura 4-35). por uma cobertura. A remoção dessa cobertura
Os contatos devem estar começando a como mostrado na figura 4-37, expõe o ressalto
abertura quando essa marca estiver alinhada. e os contatos do platinado.
Em um terceiro método, a folga “E” es-
tará correta quando o pino de sincronia estiver
posicionado, e os pontos vermelhos visíveis
através de um furo de ventilação, no lado da
carcaça do magneto, estiverem alinhados (figura
4-36).
Os pontos de contato deverão estar co-
meçando a abertura, quando o rotor se encontrar
na posição descrita.
O ajuste de sincronismo do magneto
envolve o posicionamento do rotor na posição
da folga “E”, e o ajuste dos contato do platinado
para abrirem quando as marcas de sincronia,
Figura 4-37 Contatos do platinado e ressalto
destinadas a esse propósito, estiverem perfeita-
compensado.
mente alinhadas.
Para iniciar o ajuste de sincronização do
magneto, conecta-se os dois fios vermelhos do
sincronizador de luzes nos parafusos primários
do magneto. E o fio preto restante liga-se na
carcaça do magneto para fazer o aterramento.
Com a maioria dos magnetos desse tipo,
uma ferramenta especial é usada para receber o
encaixe do eixo de acionamento do magneto.
Essa ferramenta mantém o magneto com os con-
tatos para a posição perpendicular, e mantém o
rotor do magneto estacionário durante o proces-
so de alinhamento.
O movimento do rotor pode ser simula-
do, girando o magneto em torno do rotor. Para
alguns tipos de magnetos a ferramenta que segu-
ra o rotor contém uma braçadeira para travá-lo
na carcaça do magneto, estabelecendo a relação
Figura 4-36 Checando a folga do magneto. entre os dois.
Com o magneto instalado na ferramenta
Sincronia do magneto de alta tensão em ban- fixadora, e o sincronizador de luzes instalado, o
cada posicionamento das marcas de alinhamento do
rotor do magneto e o alinhamento do magneto
No assunto a seguir os procedimentos pode ser perfeitamente localizado. Trava-se a
para sincronismo de um magneto de motor radi- ferramenta nessa posição.
al de duas carreiras de cilindros é citado somen- Com o rotor posicionado e travado, am-
te para exemplo. Consulte as instruções do fa- bos os parafusos inferiores (figura 4-37) podem
bricante em qualquer caso, antes de alinhar a ser afrouxados. Então, aperta-se estes dois para-
referência do magneto. fusos até que haja algum arrasto (fricção), per-

4-27
mitindo movimentar a base nos parafusos de SINCRONIZANDO O MAGNETO DE AL-
ajuste. TA TENSÃO COM O MOTOR
Liga-se o sincronizador de luzes e move-
se os parafusos de ajuste para trás e para frente Quando se substitui magnetos em moto-
até que as luzes de sincronia para ajuste dos res de aeronaves, dois fatores são considerados:
pontos iniciem a acender. Trava-se este ajuste A sincronia interna do magneto, incluindo o
nos pontos de contato, apertando os dois parafu- ajuste do ponto de contato, que deve ser correto
sos sem alterar o ajuste. para obter o máximo potencial de voltagem dos
A trava do rotor do magneto deve ser magnetos; e a posição do eixo de manivelas em
solta e o ajuste pode ser verificado com a régua relação a centelha.
e o sincronizador de luzes, para determinar que Uma folga dos contatos do platinado
os pontos estejam abertos exatamente na folga nunca pode ser comparada com outra, desde que
“E”. Isso é conseguido colocando e mantendo- não se conheça o outro ajuste dos contatos, que
se a régua no ressalto do rotor, e girando a car- abre com um determinado número de graus an-
caça do magneto em torno do eixo do rotor su- tes do ponto morto alto na posição sincronismo
portado pelo dispositivo de fixação. de tempo do motor.
Primeiro, gira-se a carcaça do magneto O magneto deve ser sincronizado pri-
na direção indicada pela seta no ressalto do ro- meiro ajustando o próprio sincronismo interno
tor até que a luz se apague. Indicando dessa e, então, checando e ajustando os contatos de
forma que os contatos estão completamente fe- ignição para abrir nesta posição.
chados,então, o magneto é rodado na direção Se a marca de sincronia de referência pa-
oposta. Isso fará com que o rotor do magneto ra o alinhamento do magneto, alinhar quando a
volte para a posição de folga “E” na direção sincronia do pistão estiver um número descrito
normal de rotação. Se o ajuste estiver correto, o de graus adiante do ponto morto alto verdadeiro
ressalto do rotor do magneto se alinhará com a e, ambos os ajustes dos platinados, direito e
posição de folga “E”, que será indicado pela esquerdo abrirem nesse instante e permanece-
régua, no exato momento em que a luz acende rem abertos por um número de graus prescritos,
para mostrar que os contatos estão abertos. A a sincronia interna do magneto estará correta, a
sincronia interna pelo ajuste dos contatos do sincronia apropriada magneto-motor existe e
platinado estará concluída. todas as fases do magneto operam sincroniza-
Existem diversas maneiras para ajustar e das.
manter o ajuste dos contatos abertos na posição No caso dos platinados não serem ajustados
de folga “E”. Talvez o método mais fácil já seja quando da sincronia interna do magneto, como
utilizado, ajustando os pontos do interruptor descrito pelas marcas de referência de ajuste
com uma verificação de contato. interno, o magneto estará fora da posição pres-
Utilizando a indicação de luzes através crita em relação ao pistão.
dos pontos, com uma correta referência da fol- Para que haja sincronia do magneto com
ga, o segundo ajuste pode ser sincronizado para o motor no exemplo seguinte, uma luz de sin-
abrir exatamente no mesmo tempo. cronismo é usada.
Quando os dois parafusos de fixação no A luz de sincronismo é projetada de tal
segundo ponto de ajuste (figura 4-37) são libe- forma que uma das duas estará acesa quando os
rados, para permitir que os parafusos de ajuste contatos se abrirem.
movam as partes dos pontos de aterramento, os A sincronia de luzes incorpora duas
contatos podem ser ajustados até que a luz a- lâmpadas; portanto, quando conectamos o
cenda exatamente ao mesmo tempo que o pri- sincronizador de luzes ao magneto, os fios
meiro ajuste. devem ser ligados de tal forma que a luz no lado
Então os parafusos de trava podem ser direito da caixa represente os platinados do lado
apertados sem alterar o posicionamento do in- direito do magneto, e a luz do lado esquerdo do
terruptor antes de rodar a carcaça do magneto teste represente os platinados do lado esquerdo.
para ver se ambas as luzes acendem simultane- A conexão apropriada dos fios pode ser
amente. O magneto agora está pronto para ser estabelecida pelo acendimento da luz de sincro-
instalado no motor e isso requer sincronia desse nia, tocando um dos fios vermelhos com o fio
com o motor. preto.

4-28
Se a luz direita apagar, o fio vermelho
utilizado deve ser conectado na carcaça do
magneto, ou no motor, para completar o aterra-
mento.
Quando se utiliza a luz de sincronia para
verificar um magneto em um sistema completo
de ignição instalado na aeronave, o interruptor
principal de ignição da aeronave deve ser ligado
e o seletor de ignição colocado em "ambos"
(both).
Do contrário, as luzes não irão indicar a
abertura dos platinados.
Com o interruptor de ignição ligado e o
sincronizador de luzes conectado, o magneto
Figura 4-38 Posicionando o ponteiro de Indi-
ficará inoperante; portanto, não haverá centelha
cação.
quando a hélice for girada.
Após se concluir que o sincronismo in-
6) Puxar a hélice lentamente na direção de rota-
terno do magneto está correto, gira-se o eixo de
ção, até que o braço de indicação mova o
manivelas do motor até que o pistão do cilindro
ponteiro deslizante na distância máxima e o
número 1 atinja a posição de faiscamento no
braço indicador inicie o movimento para trás,
tempo de compressão. Esta posição pode ser
subindo na fenda (figura 4-39).
determinada por referência do manual de servi-
ços do fabricante. Localiza-se essa posição utili-
7) Mover a escala calibrada para que a marca do
zando um indicador do pistão.
zero se alinhe com a marca descrita no pon-
Para se estabelecer o posicionamento do
teiro deslizante.
eixo de manivelas, com o indicador de posição
do pistão, alguns itens são seguidos:
1) Remover a vela de ignição mais acessível do
cilindro número 1.

2) Instalar o braço de contato e a escala calibra-


da corretos para o motor específico (consul-
tar as instruções específicas do fabricante pa-
ra serem utilizados corretamente).

3) Puxar a hélice na direção de rotação, até que


o pistão número 1 venha para cima na fase
de compressão. Isso pode ser determinado
mantendo o polegar sobre o orifício da vela
de ignição, enquanto a compressão o empurre Figura 4-39 Posição máxima do ponteiro indi-
para fora. cador.

4) Separar o conjunto indicador de posição do 8) Mover o ponteiro deslizante para trás, até o
pistão, e atarrachar a carcaça no orifício da topo da fenda, ou até encostar no braço de
vela de ignição. Inserir o conjunto indicador indicação.
dentro do corpo com a extremidade do gan-
cho para cima ou para baixo, como indicado 9) Girar a hélice na direção oposta, para que o
na escala. braço do indicador possa retornar ao topo da
fenda.
5) Empurrar o ponteiro deslizante para ci-
ma na fenda até atingir a extremidade da 10) Verificar novamente a marca do zero na
mesma, e pare no braço indicador ( figu- escala calibrada contra a marca de referência no
ra 4-38). ponteiro indicador (figura 4-40).

4-29
A luz de sincronização é conectada ao
magneto e aos platinados com o interruptor das
luzes ligado e o conjunto do magneto é girado,
primeiro na direção de rotação, e então na dire-
ção oposta.
Utiliza-se esse procedimento para verifi-
car que as luzes apagam, e acendem quando o
ressalto para o cilindro número 1, normalmente
marcado por um ponto, levanta os platinados do
magneto, enquanto este é girado.
Se a fenda no flange de montagem do
magneto não permitir movimento suficiente
para efetuar a abertura dos platinados para o
Figura 4-40 Rechecando a marca zero contra a
cilindro número 1, move-se o magneto para fora
marca de referência no ponteiro
da posição, afastando-o o suficiente para permi-
indicador.
tir que seu eixo gire um ressalto para à frente ou
para trás. Então, instale o magneto novamente
11) Novamente mover o ponteiro deslizante
nessa posição, e repita a verificação anterior
para a parte superior da fenda, ou até encos-
para os pontos abertos.
tar no braço indicador.
Depois que o magneto estiver acoplado
no encaixe do motor (permitindo a abertura e o
12) Puxar a hélice na direção de rotação. O bra-
fechamento com pequenas viradas), instala-se
ço indicador moverá o ponteiro deslizante,
suas porcas de fixação. Quando elas forem aper-
que indicará a posição do eixo de manivelas
tadas não deverá haver movimento no conjunto
em relação ao ponto morto alto na escala
do magneto em relação ao flange.
calibrada (figura 4-41).
Enquanto se mantêm destravadas as en-
grenagens do magneto e do acoplamento de
13) Ajustar a quantidade de graus do eixo de
acionamento, leves batidas são dadas no magne-
manivelas do motor para o correto ponto
to, para avançar ou retardar a unidade até que
morto (tempo de ignição) como descrito nas
as marcas de sincronia se alinhem (figura 4-42).
instruções do fabricante.
Isso o leva a sincronia interna prescrita na quan-
tidade de graus antes do ponto morto alto. O
Enquanto se mantém o ressalto de cente-
ajuste se completa quando as porcas são aperta-
lhamento na posição para o cilindro número 1,
das.
como indicado pelo alinhamento da marca de
referência do magneto, instala-se o magneto na
engrenagem de acionamento no motor.

Figura 4-41 Movendo o eixo de manivelas para


a posição de centelhamento do pis- Figura 4-42 Posição da régua para checar a
tão. folga “E” (“E-GAP”).

4-30
Então, a hélice é movida para a direção Portanto, alternando o movimento do
oposta da rotação, de uma pá, e empurrada len- acoplamento acionador, um "estalo" ou dente,
tamente na direção de rotação até o eixo de ma- teremos um ganho de 0,65° no sentido anti-
nivelas, para novamente confirmar o número de horário.
graus à frente do ponto morto alto (o propósito
desta checagem é eliminar a possibilidade de
erros entre a trava da engrenagem de aciona-
mento do motor e as engrenagens do magneto).
Se a marca de sincronia não estiver ali-
nhada, solta-se as porcas e ajusta-se o magneto
até a régua se alinhar com a marca de sincronia,
quando a hélice é puxada para um determinado
número de graus.
A luz de sincronia é reconectada. Move-
se a hélice uma pá na direção oposta à de rota-
ção, e então, enquanto se observa a luz de sin-
cronia, move-se a hélice na direção de rotação
até que o número prescrito de graus à frente do
ponto morto alto seja atingido.
As luzes de ambos os pontos de ajuste
devem acender com meio grau de movimento
do eixo de manivelas.
Após os pontos estarem ajustados como
necessário, verifica-se os parafusos e a trava dos Figura 4-43 Dispositivo de catraca do magneto.
pontos de ajuste estão firmes. Sempre se verifi-
ca a abertura dos contatos após apertar os para- Para regular esse tipo de magneto, fer-
fusos de fixação. ramentas especiais são geralmente determinadas
pelas instruções do fabricante. Por outro lado, as
Regulagem do magneto usando o dispositivo instruções seguem geralmente àquelas discuti-
de catraca das anteriormente, a exceção está nos ajustes
finos, que são feitos pela catraca de acoplamen-
Por causa do projeto da cablagem de to acionadora do magneto.
ignição em alguns motores, não é possível girar
o magneto no seu montante e conseguir peque- Ajuste de magneto de montagem fixa sem
nas alterações para sua regulagem. Provisões ferramentas especiais
para se conseguir regulagem do magneto insta-
lado são proporcionadas por um arranjo de ca- Alguns tipos de magnetos de alta tensão
tracas, na extremidade do seu eixo de aciona- podem ser ajustados ao motor sem ferramentas
mento (figura 4-43). especiais, usando o seguinte procedimento:
Quando a porca do eixo de acionamento
for desrosqueada, aproximadamente 1/8", a ação 1) Instalar o equipamento apropriado para esta-
de fixação do mecanismo de catraca é elimina- belecer a posição do eixo de manivelas.
da, e o acoplamento acionador é mantido contra
as catracas somente por uma mola. Nessa posi- 2) Posicionar o eixo de manivelas para o núme-
ção, o acoplamento pode ser girado, produzindo ro de graus de avanço predeterminado do
um efeito de "estalos" entre as catracas que são ponto morto alto para centelhar, como espe-
mantidas pelas molas. cificado na instrução aplicável do fabricante.
Uma típica catraca de regulagem possui
24 dentes em um dos lados e 23 no outro. Gi- 3) Remover a tampa do magneto, e colocar uma
rando o acoplamento acionador um "estalo" ou régua ou escala longitudinalmente ao came
dente no sentido horário, move 15° na mesma de ressalto (figura 4-44/A). Alinhar a régua
direção; no sentido anti-horário, o mesmo se com a marca de ajuste na borda da peça fun-
movimentará 15,65°. dida.

4-31
4) Enquanto o ressalto é mantido na posição de 5) Manter o came na direção oposta de rotação,
centelhamento, colocar o magneto em posi- a fim de remover a folga entre o magneto e o
ção do motor, permitindo que o ressalto se trem da caixa de engrenagens. Então, en-
movimente o necessário para que o eixo de quanto é mantida sem folga, a caixa de en-
acionamento com a chaveta do magneto des- grenagens, colocar a régua transversalmente
lize dentro do acionador do motor. no ressalto do came do magneto e fazer uma
marca com lápis no alojamento (figura 4-
44/B).

Figura 4-44 Régua de alinhamento.

6) Remover o magneto do motor e, usando uma do é um alinhamento do acoplamento acio-


régua no ressalto, alinhá-lo no alojamento. nador similar àquela mostrada na vista B da
Enquanto o ressalto é mantido nessa posição, figura 4-45.
aplicar força no acionador do magneto na di-
reção de rotação, para remover a folga das 8) Enquanto se mantém o ressalto na posição
engrenagens. Com a folga removida e o res- correta de ajuste, catracar o acoplamento a-
salto no came alinhado com a marca a lápis, cionador até que o dente marcado da chaveta
fazer uma marca na chaveta do eixo de acio- se alinhe com a marca, que foi feita a lápis,
namento e outra correspondente na carcaça na carcaça (figura 4-45/A).
(figura 4-45/A).
9) Apertar a porca do eixo acionador do
7) Girar o ressalto do magneto para a posição de magneto, e travá-la com contrapino. Instalar
centelhamento n° 1, onde a régua alinha com o magneto enquanto o came está na posição
a marca de ajuste (figura 4-44/A). O resulta- de centelhamento n° 1.

Figura 4-45 Marcação da chaveta do eixo.

4-32
10) Após o magneto estar instalado, e antes de correta posição do ponto morto alto. Então, o
apertar as porcas de fixação, verificar no- eixo de manivelas é colocado no número pré-
vamente o alinhamento do ressalto do came determinado de graus de avanço desta mesma
com a marca de ajuste. Quando se faz esse posição. Finalmente, a palheta é ajustada para se
"check", geralmente gira-se o ressalto na di- alinhar com o eletrodo n° 1, quando todas as
reção oposta de rotação, para remover a folgas forem eliminadas entre as engrenagens
folga do magneto e da caixa de engrenagens acionadoras.
do motor. Uma vez que há vários tipos diferentes
de distribuidores com sistema de alta tensão, as
11) Mover a hélice, vagarosamente, uma pá na instruções aplicáveis do fabricante devem sem-
direção oposta de rotação, até que o eixo pre ser consultadas, antes de ajustar o distribui-
de manivelas esteja nos designados núme- dor para o motor. Um resumo dos procedimen-
ros de graus de avanço do ponto morto alto tos usados no ajuste de um determinado tipo de
(posição de faiscamento). Verificar nova- distribuidor está incluido como exemplo.
mente o alinhamento da régua com a marca Para se ajustar o distribuidor ao motor,
de referência. Se o alinhamento correto não solta-se o alojamento, removendo-se alguns
foi obtido, remover o magneto e substituir cabos das velas presos ao distribuidor. O aloja-
o mecanismo catracado no eixo acionador, mento é solto pela remoção do anel fixador da
como necessário. base, então, o alojamento é empurrado, expondo
a palheta no distribuidor.
12) Aterrar o fio preto da luz de sincronismo do O passo seguinte no procedimento de
motor, conectando um dos fios vermelhos ajuste do distribuidor é remover a palheta para
ao platinado. Girar a hélice na direção expor a porca que fixa o acoplamento aciona-
oposta a de rotação. Com a luz de ajuste li- dor. Solta-se a porca e instala-se a ferramenta de
gada, mover a hélice vagarosamente na di- ajuste apropriada. Gira-se a unidade de acopla-
reção de rotação até que o platinado abra mento contra a linha normal com a linha traçada
para o cilindro n° 1. Se o platinado não a- na superfície divisória. A porca de acoplamento
brir dentro de mais ou menos meio grau do é presa nesta posição após todas as folgas terem
curso do eixo de manivelas, da posição es- sido eliminadas das engrenagens acionadoras do
pecificada nas instruções do fabricante, re- distribuidor. A ferramenta de ajuste pode, agora,
pete-se o procedimento de ajuste. ser removida e a palheta instalada.
Agora, o conjunto de alojamento do dis-
tribuidor pode ser colocado na posição da base.
Ajuste da palheta de contato do distribuidor Prende-se todos os anéis de fixação no distribu-
no sistema de alta tensão idor, instalando os cabos de vela que foram
removidos.
As palhetas do distribuidor são partes O distribuidor deve ser protegido como
básicas para os magnetos esquerdo e direito, na necessário.
maioria dos modelos de motores.
Quando os distribuidores são separados, Procedimento de ajuste do sistema de magne-
um ajuste fino é conseguido através da regula- to de baixa tensão
gem apropriada de palhetas.
As palhetas, em alguns motores, são No ajuste do magneto para o motor, um
ajustadas pela mudança do flange acionador do número de diferentes indicadores pode ser usa-
distribuidor e pela seleção apropriada do furo de do para localizar à posição do ponto morto alto
fixação. Em qualquer motor que incorpore dis- do pistão. No exemplo, a luz indicadora (figura
tribuidores separados, a palheta deve estar ali- 4-46) será usada com um disco fixado ao flange
nhada com o eletrodo para o cilindro n° 1, do arranque na caixa de acessórios.
quando o eixo de manivelas estiver no número Para se usar a luz indicadora a fim de
determinado de graus de avanço do ponto morto encontrar o ponto morto alto, gira-se a hélice na
alto para o magneto centelhar. direção normal de rotação até que o êmbolo de
Nos motores, o ajuste apropriado da pa- compressão seja visto e, então, a luz indicadora
lheta é obtido, primeiramente, estabelecendo a é instalada no orifício da vela.

4-33
Gira-se a hélice na direção normal de motor (figura 4-47), mantendo o êmbolo na po-
rotação até que a luz acenda, o que indica que o sição, sem que ele deslize.
pistão moveu a haste do indicador. No momento Se a chaveta no membro acionador não
em que a luz acender, pare e anote a leitura do encaixar quando o magneto estiver devidamente
grau do disco de ajuste. posicionado no flange de montagem, move-se o
A hélice é movida na direção normal de magneto para fora do flange, girando o seu eixo
rotação até que a luz se apague. Neste momento,
anote a leitura dos graus que aparecem no disco
de ajuste.

Figura 4-47 Instalação de um magneto.


Figura 4-46 Lâmpada indicadora do ponto mor- em 90°, para que as partes inferiores do êmbolo
to alto. se encaixem na próxima fenda no eixo de mag-
Anote o número de graus do percurso, neto.
entre o acender e apagar da luz. A metade do O magneto é colocado de volta no flange
curso entre luz acesa e luz apagada indica o de montagem, as chavetas e as fendas encaixa-
ponto morto alto. das. Se não, repete-se este procedimento até que
Antes da instalação de qualquer parte do as chavetas se encaixem, e o magneto esteja
sistema de ignição, a unidade que está sendo posicionado no flange de fixação. Após a corre-
instalada já deve ter sido verificada e inspecio- ta posição ter sido encontrada, mantém-se o
nada, quanto a correta operação. Examina-se magneto nela, apertando as porcas do prisionei-
todos os parafusos externos quanto ao torque ro para fixá-lo ao flange do motor.
correto, observando se os frenos foram confec- Para determinar que o magneto esteja
cionados nos devidos lugares. Usa-se uma nova montado na posição de folga “E”, gira-se a héli-
junta no flange de montagem. ce lentamente, quando estiver próximo da posi-
Após se localizar o ponto morto alto, ção normal de faiscamento para o cilindro n° 1,
retorna-se a hélice aproximadamente 3/4 de vol- o êmbolo é comprimido, devendo encaixar no
ta em direção oposta a de rotação. Então, gira-se entalhe, assim que a posição for alcançada.
a hélice até que o pistão esteja na posição nor-
mal de faiscamento. Instalação do distribuidor do sistema de bai-
O eixo acionador do magneto deve estar xa tensão
apertado, e o contrapino instalado. Remova a
presilha de mola do êmbolo de ajuste, a qual o O distribuidor em um sistema de baixa
mantém na posição "para fora". Existem quatro tensão, como aquele discutido anteriormente, é
entalhes no eixo do magneto; o êmbolo se en- instalado como unidade separada. Ele é uma
caixa nesses entalhes durante a operação de a- montagem em flange, com fendas alongadas
juste, para manter o eixo do magneto na correta usadas para ajuste.
posição de folga “E”. Empurre o êmbolo (giran- Antes da instalação do distribuidor, veri-
do o eixo de acionamento do magneto) até ficar fica-se a designação da haste “master” na placa
encaixado em um desses entalhes; então, posi- de identificação do distribuidor em relação à
cione o magneto no flange de montagem do placa dos dados do motor para ver se o distribu-

4-34
idor possui o platinado correto, correspondendo 1", e o fio preto no alojamento (figura 4-49).
com a localização da haste “master” no motor. Gira-se o distribuidor no sentido horário no seu
Deixa-se o pistão no número especifica- flange de montagem até que a luz acenda, indi-
do de graus antes do ponto morto alto usado cando que os contatos estão começando a abrir.
para ajuste do magneto. Para impedir que partí- Aperta-se a porca de fixação com o distribuidor
culas estranhas entrem na unidade, a tampa pro- nesta posição; instala-se o outro distribuidor do
tetora não é removida até o momento exato da motor, usando o mesmo procedimento.
instalação do distribuidor. Nesta hora, remove- Após estarem ambos os distribuidores
se o anel de fixação e, também, a tampa de pro- instalados, sua operação deve ser sincronizada.
teção do distribuidor. O fio vermelho da luz de ajuste é conec-
O eixo de acionamento é girado até que tado em cada platinado principal e o fio preto na
a linha marcada com "1" na palheta esteja ali- massa. Retorna-se a hélice pelo menos um quar-
nhada com a linha marcada "time-open" no pra- to de volta, e depois gire-a lentamente na dire-
to coletor, como mostrado na figura 4-48. ção normal de rotação até a posição de fais-
Mantém-se o distribuidor na posição, camento n° 1, – para ver se ambos os platinados
instalando-o no flange de montagem, a fim de principais abrem ao mesmo tempo. Se ambas as
que os prisioneiros fiquem alinhados no centro luzes de ajuste acenderem simultaneamente,
das fendas alongadas desse flange, como mos- significa que os distribuidores estão sincroniza-
trado na figura 4-48. dos. Se elas não acenderem ao mesmo tempo, os
Se os prisioneiros não estiverem alinha- distribuidores devem ser resincronizados.
dos na parte intermediária nas fendas do flange,
remove-se o distribuidor e desloca-se a engre-
nagem acionadora um dente na chaveta. Então,
reinstala-se o magneto para que a palheta seja
mantida alinhada com a posição "1". Quando a
posição correta for encontrada na engrenagem
acionadora, tira-se o distribuidor do flange de
montagem, aperta-se a porca, e instala-se um
novo contrapino na porca-castelo.

Figura 4-49 Ajustando o distribuidor de baixa


tensão do motor.
Para isto, basta girar o segundo distribu-
idor lentamente no flange de montagem até que
ambos os pares de contatos (um em cada distri-
buidor) abram no mesmo instante (que deve ser
também no mesmo instante em que o cilindro n°
1 atinge o ponto de faiscamento).
As cabeças do distribuidor são substituí-
da e os anéis de fixação presos. O sistema de
ignição está agora pronto para um teste opera-
cional.

Efetuando um teste no sistema de ignição


Figura 4-48 Instalação do distribuidor.
Existem, normalmente, três testes de
O fio vermelho da luz de ajuste é conec- ignição efetuados na aeronave durante a verifi-
tado no lado isolado do platinado principal "N° cação operacional do motor.

4-35
O primeiro é efetuado durante o aqueci- A operação de ignição simples por mais
mento, o segundo, pela pressão barométrica do de um minuto não é considerada excessiva, mas
campo e o terceiro, antes do corte do motor. esse intervalo de tempo, geralmente, não deve
O primeiro teste de ignição é feito duran- ser excedido.
te o aquecimento por recomendação do fabri- A quantidade total da queda de R.P.M.,
cante. Realmente, ele é uma combinação do que ocorre, imediatamente, é anotada e, tam-
teste do sistema e do interruptor de ignição, e é bém, a quantidade que ocorre lentamente para
usado para verificar o sistema quanto ao correto cada seleção do interruptor.
funcionamento antes que outros testes sejam A análise na queda de R.P.M. fornece in-
realizados. formações úteis. Esse teste do sistema de igni-
O segundo teste é efetuado como no tes- ção é normalmente efetuado no início da virada
te do sistema de ignição, e é usado para verificar do motor, porque se a queda da R.P.M. não esti-
individualmente os magnetos, as cablagens e as ver dentro dos limites, ele pode afetar todos os
velas.O terceiro é efetuado como o teste do in- outros testes posteriores.
terruptor de ignição, e é usado para testar o in-
terruptor quanto ao devido aterramento para a Verificação da chave seletora de ignição
segurança no solo.
O teste do sistema de ignição é normal-
mente efetuado com o teste de potência, e é, A verificação da chave seletora de igni-
algumas vezes, referido como barométrico do ção é normalmente realizada em 700 R.P.M.
campo, porque nos motores de grande porte ele Nos motores em que a marcha lenta está
é efetuado a uma pressão no distribuidor igual à acima deste valor, a mínima R.P.M. possível é
pressão barométrica do campo. O teste de po- selecionada.
tência é também efetuado nessa mesma pressão Quando a velocidade para efetuar esse
(o de ignição não deverá ser confundido com o teste é obtida, momentaneamente gira-se a cha-
teste de alta potência). A exata R.P.M. e a pres- ve de ignição para a posição "off".
são no distribuidor, para fazer esse teste, pode A ignição do motor deve ser perdida
ser encontrada nas instruções do fabricante. completamente.
A pressão barométrica usada como refe- Após uma queda entre 200 a 300 R.P.M.
rência será a leitura obtida do manômetro da ser observada, retorna-se a chave para a posição
tubulação para o motor envolvido, antes da par- "both" o mais rápido possível.
tida e após o corte. Isso é feito rapidamente, para eliminar a
Após atingida a R.P.M. do motor especi- possibilidade de pós-explosão, e um retorno de
ficado para o teste do sistema de ignição, aguar- chama quando a chave for retornada para a po-
da-se a estabilização da mesma. sição"both".
Coloca-se o interruptor da ignição na Se a chave não for retornada rapidamen-
posição "right", notando se a R.P.M. cai no ta- te, a rotação do motor cairá a ponto dele parar.
cômetro. O interruptor é retornado para a posi- Nesse caso, a chave seletora fica na posição
ção "both"; permanecendo nela por alguns se- "off", e o controle de mistura é colocado na po-
gundos até que a R.P.M. se estabilize novamen- sição "idle-cut-off", para evitar sobrecarga nos
te. cilindros, e a emissão de combustível não quei-
Coloca-se o interruptor para a posição mado pela descarga do motor.
"left" e, novamente, nota-se se a R.P.M. cai. Em Quando o motor estiver completamente
seguida retorna-se o interruptor de ignição para parado, deve ficar desligado por um curto perí-
"both". odo antes de ser acionado novamente.
Efetuando este teste, basta bater leve- O teste da chave seletora é efetuado para
mente na borda do tacômetro, para garantir que observar se todos os cabos massa do magneto se
o ponteiro indicador se mova livremente. Um encontram eletricamente aterrados.
ponteiro paralisado pode ocultar mau funciona- Se o motor não cessar a explosão com a
mento da ignição. chave na posição "off", indica que o cabo massa
Existe uma tendência desse teste ser efe- do magneto, mais comumente referido como
tuado rapidamente, o que resulta em erros de cabo "P", está aberto, e o problema deve ser
indicações. corrigido.

4-36
Substituição dos cabos de ignição 6) Desencapar aproximadamente 3/8 de polega-
da do terminal do bloco distribuidor.
Quando um cabo defeituoso é descoberto Dobrar os terminais do fio para trás, e
pelo teste na cablagem de ignição, é preciso preparar os terminais do cabo para instalação
saber se são apenas os cabos, ou o bloco distri- no bloco distribuidor, como mostrado na fi-
buidor que está com o defeito. Se o problema se gura 4-50. Introduzir o cabo no distribuidor,
encontra em apenas um cabo, a fuga elétrica e apertar os parafusos.
pode estar no cotovelo da vela ou em outra par-
te. 7) Desencapar aproximadamente 1/4” do cabo
Remove-se o cotovelo, puxando uma na extremidade junto à vela, e instalar o co-
parte do cabo para fora do conduíte, e repete-se tovelo, o selo integral e o "cigarette", como
o teste de cablagem no cabo. Se parar de ocorrer ilustrado na figura 4-50.
a fuga, corta-se o pedaço defeituoso, instalando
o cotovelo, o selo integral, e o "cigarette" (figu- 8) Instalar um marcador no terminal do cabo no
ra 4-50). distribuidor, para identificar o número do ci-
Se o cabo estiver muito curto, dificultan- lindro.
do o reparo descrito ou se a fuga elétrica for
internamente na cablagem, substitui-se o cabo Se um novo marcador não estiver dis-
defeituoso. ponível, usar o marcador removido do cabo
Se a cablagem não for do tipo reparável, usado.
a mesma deve ser substituída integralmente. Substituição da cablagem
Os procedimentos para substituir os cabos de
ignição são os seguintes: Substitui-se uma cablagem reparável de igni-
ção completa somente quando a blindagem
1) Desmontar o magneto ou o distribuidor de do conduíte estiver danificada, ou quando o
maneira que o bloco distribuidor fique aces- número de cabos danificados tornar mais prá-
sível. tico a substituição da cablagem do que a dos
fios individualmente
2) Soltar o parafuso correspondente ao fio a ser
substituído no bloco distribuidor e removê-
lo.

3) Desencapar as extremidades do fio defeituo-


so que vem do bloco distribuidor e do fio
substituto, aproximadamente 1 polegada.
Unir e soldar as extremidades.

4) Remover o cotovelo do terminal do cabo


ignitor defeituoso, puxar o cabo velho e em-
purrar o novo na cablagem. Enquanto se pu- Figura 4-50 Procedimentos para substituição
xa os cabos através da cablagem, é importan- dos terminais do cabo de ignição.
te empurrar o cabo substituto por dentro do Substitui-se uma cablagem blindada so-
conduíte, pela extremidade junto ao terminal mente quando ocorre indicação de fuga na por-
distribuidor, para reduzir a força requerida a ção blindada. Antes de se substituir qualquer
retirar o cabo completamente. cablagem para corrigir um mau funcionamento
no motor, efetua-se um teste completo. Os pro-
5) Quando o cabo substituto estiver completa- cedimentos típicos para se instalar uma cabla-
mente introduzido no conduíte, o cabo de ig- gem de ignição são:
nição é forçado para dentro do conduíte, de
maneira a proporcionar um comprimento ex- 1) Instalar a cablagem no motor. Apertar e
tra para futuros reparos, que poderão ser ne- frenar as porcas e os parafusos, instalando e
cessários devido ao roçamento com o cotove- apertando os suportes individuais dos ca-
lo. bos, de acordo com as instruções. A cabla-

4-37
gem está, então, pronta para a conexão do bloco. Qualquer falha de conexão deve ser cor-
cabo individual com o bloco distribuidor. rigida antes de se instalar o bloco distribuidor.
Um colar é preso em cada cabo no terminal
junto ao distribuidor para identificação do
cilindro. Contudo, cada cabo deve ser veri-
ficado individualmente quanto a continui-
dade, ou através da luz de ajuste antes de
conectá-lo.

2) Verificar quanto a continuidade, aterrando o


cabo ao cilindro e testando o terminal junto
ao bloco distribuidor, para confirmar que o
aterramento está de acordo com o colar de
identificação.

3) Após verificar todos os cabos quanto a


correta identificação, cortá-los com o
comprimento apropriado para a instala-
ção no bloco distribuidor. Entretanto, an-
tes de cortar os cabos, introduzi-los, o
quanto possível, no conduíte, proporcio-
nando uma extensão extra de cabo. Esta
reserva poderá ser útil mais tarde, no ca-
so do roçamento do cabo com o cotovelo
tornar necessário o seccionamento da ex-
tremidade para reparos. Após cortar cada
cabo no comprimento adequado, desen- Figura 4-51 Tabela para cabos conectores do
capá-lo apro-ximadamente 3/8”, e prepa- bloco distribuidor de vários moto-
rá-lo para a inserção no bloco distribui- res.
dor. Antes de instalar o cabo, retirar o
parafuso do bloco para permitir a intro- Teste do sistema de bobina de alta tensão de
dução do cabo no furo sem forçar. Após ignição
introduzido, apertar o parafuso. Conectar
os cabos na ordem de fogo, isto é, o pri- Para se verificar o enrolamento da bobi-
meiro cilindro explode na posição n° 1 na de alta tensão quanto a correta operação, re-
no bloco, o segundo na ordem de fogo move-se o cabo de alta tensão do mesmo.
para a posição n° 2, etc. As conexões do Uma das extremidades do cabo de teste
bloco distribuidor com o cilindro para da ignição de 7mm de comprimento é instalada
vários motores são mostradas na tabela no enrolamento da bobina de alta tensão,
da figura 4-51. mantendo o outro terminal com 3/8" com uma
massa apropriada.
Após conectar cada cabo, verifica-se a Um ajudante deve verificar se o controle
continuidade entre o mesmo e o eletrodo do manual de mistura está na posição "idle-cut-
bloco distribuidor, com uma luz de continuidade off", se a válvula de corte e a bomba de combus-
ou uma luz de regulagem. Para efetuar este tes- tível daquele motor estão desligados, e se o in-
te, aterra-se o cabo de ignição (para o motor) no terruptor da bateria está ligado.
terminal da vela, assim como um dos cabos de Se o motor estiver equipado com um ar-
teste e encosta-se o outro no eletrodo do bloco ranque combinado, ou de inércia, o ajudante
distribuidor correspondente. deve fechar o interruptor de malha ou de engate.
Se a luz não indicar que o circuito está Não se deve energizar o arranque antes de enga-
completo, é sinal de que o parafuso não está tá-lo. Se o motor estiver equipado com um ar-
fazendo contato com o cabo de ignição, ou o ranque de acionamento direto, a hélice deverá
mesmo está conectado em local incorreto no estar livre e o interruptor de partida fechado.

4-38
Quando o interruptor de engate, malha
ou partida (dependendo do sistema de partida do
motor) estiver fechado, deve ocorrer o cente-
lhamento contínuo através do terminal do cabo
de teste.
Estas centelhas devem ser abundantes,
além de saltarem rapidamente com um luminoso
arco azul para serem consideradas satisfatórias.
Se a bobina de alta tensão estiver operando sa-
tisfatoriamente, é preciso avisar o ajudante que
ele deve soltar o interruptor de partida. Então,
remove-se o cabo de teste e reinstala-se o cabo
de alta tensão da bobina.
Para se testar o vibrador de indução, o
controle manual de mistura deve estar em "idle-
Figura 4-52 Vela carbonizada.
cut-off", a válvula de corte de combustível fe-
chada, a bomba de combustível desligada, e o
Cada vez que uma vela não centelha, o
interruptor da bateria ligado.
combustível não queimado e o óleo se acumu-
Uma vez que o vibrador de indução emi-
lam nos eletrodos e na borda dessa vela. Essas
te um característico "buzz" se o interruptor de
dificuldades estão quase invariavelmente asso-
ignição for ligado ou desligado, deixa-se o inter-
ciadas com o ajuste incorreto da marcha lenta,
ruptor desligado durante o teste.
um vazamento da injeção (primer), ou um mau
Se o motor estiver equipado com um ar-
funcionamento do carburador, – que provoca o
ranque combinado ou de inércia, o teste é reali-
enriquecimento da mistura no tempo de marcha
zado pelo fechamento do interruptor de malha
lenta.
ou de engate. Se o motor está equipado com um
Uma mistura combustível/ar muito rica é
arranque de acionamento direto, verifique se a
detectada pelo aparecimento de fuligem ou fu-
hélice está livre, e acione o interruptor de parti-
maça preta na descarga, e pelo aumento de
da, fechado.
R.P.M. quando a mistura combustível/ar é em-
Um ajudante, situado próximo ao vibra-
pobrecida para "best power".
dor, deve ouvir o som característico produzido.
A fuligem que se forma é o resultado do
Se isso ocorrer quando o arranque for engatado
excessivo enriquecimento da mistura em marcha
ou acionado, indica que o vibrador está operan-
lenta que se acumula dentro da câmara de com-
do corretamente.
bustão devido ao baixo calor do motor e a baixa
turbulência da câmara.
MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DA VELA Em altas velocidades e regimes de po-
tência do motor, a fuligem é facilmente elimi-
A operação da vela pode freqüentemente nada, e não se condensa na câmara de combus-
ser a maior responsável por um mau funciona- tão.
mento do motor, devido ao acúmulo de chumbo, Mesmo que a mistura em marcha lenta
grafite, ou carbono, e à erosão do vão entre os esteja correta, existe a tendência do óleo ser
eletrodos da vela. puxado para dentro do cilindro pelos anéis do
Muitas dessas falhas, que geralmente a- pistão, guias de válvula e anéis retentores de
companham uma operação normal da vela, po- óleo do eixo acionador. Em baixas rotações, o
dem ser minimizadas através de boas práticas de óleo se combina com a fuligem no cilindro para
manutenção e operação. formar um sólido, que é capaz de curto circuitar
os eletrodos da vela.
Carbonização das velas As velas, quando molhadas ou cobertas
com óleo lubrificante, geralmente estão eletri-
A carbonização (figura 4-52) provenien- camente isoladas na partida do motor.
te do combustível é associada com misturas que Em alguns casos essas velas podem se
são muito ricas para queimar ou misturas que tornar limpas e operarem adequadamente após
são pobres e causam uma queima intermitente. um curto período de operação do motor.

4-39
O óleo de motor que foi utilizado duran- Em qualquer dos casos, formações de
te qualquer duração de tempo manterá em sus- chumbo nas velas das aeronaves,impedem sua
pensão pequenas partículas de carbono, as quais operação normal, como mostrado na figura 4-
são capazes de conduzir corrente elétrica. Deste 53. Para minimizar a formação de depósitos de
modo, não ocorrerá o arco no vão desta vela chumbo, dibromido de etileno é adicionado ao
entre os eletrodos quando a mesma estiver en- combustível como agente limpante (que combi-
charcada. na com o chumbo durante a combustão).
Em vez disso, o impulso de alta tensão Incrustações de chumbo podem
fluirá através do óleo de um eletrodo para o ou- ocorrer em qualquer regime de potência, mas
tro sem centelhar, como se fosse colocado um provavelmente o mais propício para a formação
fio condutor entre os dois eletrodos. A combus- de chumbo é o de cruzeiro com mistura pobre.
tão no cilindro afetado não ocorrerá, até que a Nesse regime, a temperatura na cabeça do cilin-
r.p.m. se torne elevada, aumentando o fluxo de dro é relativamente baixa, e há um excesso de
ar que expelirá o excesso de óleo. oxigênio em relação ao necessário para consu-
Então, durante a partida intermitente, a mir todo combustível da mistura ar/combustível.
combustão auxilia na emissão do óleo remanes- O oxigênio, quando aquecido, é muito
cente. ativo e agressivo; e quando todo o combustível
Em poucos segundos o motor está ope- é consumido, parte do excesso de oxigênio
rando livre, com emissão de fumaça branca da combina com parte de chumbo e parte do agente
evaporação e da queima de óleo pela descarga. limpante para formar oxigênio composto de
chumbo ou bromo, ou de ambos. Alguns desses
Depósito de chumbo nas velas compostos de chumbo indesejáveis solidificam
e formam camadas, que aderem nas paredes do
O depósito de chumbo nas velas de avia- cilindro e nas velas, que estão relativamente
ção é uma condição provável em qualquer mo- frias.
tor que use combustível com chumbo. Apesar da carbonização ocorrer em
O chumbo é adicionado ao combustível qualquer regimes de potência, a experiência
de aviação para melhorar suas qualidades anti- indica que a formação do chumbo é geralmente
detonantes. Contudo, ele tem o efeito indesejá- confinada a uma específica faixa de temperatura
vel de formação de óxido durante a combustão. de combustão, e que as temperaturas, maiores
Esse óxido de chumbo forma um sólido com ou menores que aquelas da faixa especificada,
vários graus de dureza e consistência. minimizam a tendência de formação de chumbo.
Depósitos de chumbo nas superfícies da Se a incrustação for detectada antes das
câmara de combustão são bons condutores elé- velas estarem completamente obstruídas,o
tricos em elevadas temperaturas e causam falhas chumbo pode normalmente ser eliminado ou
na detonação. Em baixas temperaturas os mes- reduzido por um aumento ou decréscimo brusco
mos depósitos podem se tornar bons isoladores. na temperatura de combustão. Isto impõe um
choque térmico nas partes do cilindro, causando
sua expansão ou contração.
Havendo um grau diferente de expansão
entre depósitos e partes de metal onde eles se
formam, os depósitos descascam ou soltam, e
então são liberados da câmara de combustão
pela exaustão, ou são queimados no processo de
combustão.
Diversos métodos de produção de cho-
que térmico para partes do cilindro são usados.
O método usado, naturalmente, depende do e-
quipamento e acessório instalado no motor.
Um aumento brusco na temperatura de
combustão pode ser obtido em todos os moto-
res, operando-os em potência máxima por apro-
Figura 4-53 Velas com depósito de chumbo. ximadamente 1 minuto.

4-40
Quando usado esse método para elimi- lindros que recebem a carga de injeção podem
nação, o controle de hélice deve ser colocado ser limpos.
em passo mínimo (alta r.p.m.) e a manete avan- Em motores equipados com injeção de
çada vagarosamente para obter a rotação de de- água, a temperatura pode ser bruscamente dimi-
colagem e pressão de admissão. Um vagaroso nuída pela operação manual desse sistema.
movimento da manete de controle evita retorno A injeção de água é normalmente reser-
de chama nos cilindros afetados durante a apli- vada para operações de altas potências; mas
cação de potência. quando ela é usada somente para limpeza, o
Outra forma de produção de choque tér- sistema é mais eficaz quando ativado no limite
mico é o uso de misturas ar/combustível exces- de cruzeiro, sendo ele acompanhado por uma
sivamente ricas. Essa forma refrigera repenti- momentânea perda de potência.
namente a câmara de combustão por causa do Essa perda pode ser traçada pelos se-
combustível em excesso que não contribui para guintes fatores: primeiramente, o jato de empo-
a combustão; ao contrário, ele absorve calor da brecimento não é medido no regime de cruzeiro.
área de combustão. Por essa razão, quando a válvula de empobre-
Alguns carburadores usam controle de cimento é fechada pelo sistema de injeção de
mistura manual de 2 posições, que dosa uma água, não existe decréscimo no fluxo de com-
mistura pobre em cruzeiro econômico e uma bustível do carburador.
mais rica para todas as potências acima de cru- O segundo fator é que, quando o regula-
zeiro. dor de água primeiro começa a dosar, ele dosa o
Nenhum controle manual nesse tipo de combustível que retornou para dentro da linha
configuração é capaz de produzir uma mistura de transferência de água durante a operação
excessivamente rica. Mesmo quando o motor é normal seca. Esse combustível, acrescido de um
operado em mistura rica automática as potências outro fluxo de combustível proveniente do car-
onde um regime de mistura mais pobre poderia burador, produz uma mistura extremamente
ser completamente satisfatório, ela não é rica o rica, que, temporariamente, encharca o motor.
suficiente. Tão logo esse combustível seja consu-
Conseqüentemente, para obter uma mis- mido pelo motor, a potência se normaliza, mas
tura mais rica que o carburador é capaz de do- para um valor menor do que foi obtido antes da
sar, um sistema de injeção é usado para suple- injeção de água. Quando a injeção é usada para
mentar o fluxo de combustível normal. Enrique- baixas temperaturas de combustão, ela é limita-
cimento da mistura e choque térmico podem ser da a um curto intervalo (aproximadamente 1
alcançados pelo sistema de injeção em todas as minuto), mesmo se diversos intervalos forem
velocidades do motor, mas esta eficiência na necessários para livrarem os cilindros dos depó-
remoção de chumbo diminui à medida que o sitos de chumbo.
combustível dosado, através dos canais normais, Alguns sistemas de injeção de água são
aumenta. A razão para isto é que toda injeção considerados automáticos; isto porque o opera-
elétrica envia um fluxo constante a todas as ve- dor não tem nenhum controle da potência na
locidades e potências dos motores em um mes- qual o sistema interromperá o processo. Esses
mo período de tempo. sistemas iniciam injeção de água automatica-
Portanto, comparativamente, a injeção mente a uma pressão pré-determinada, se a
enriquecerá as misturas pobres às baixas veloci- bomba de água tiver sido ligada.
dades, mais que ela enriqueceria para altas velo- Quando eles são usados para eliminação
cidades. de chumbo, o benefício total da injeção de água
Independente da potência em que a inje- não pode ser obtido por causa das altas potên-
ção ocorra, ela deverá ser usada continuamente cias selecionadas, onde o sistema automático
com 2 minutos de intervalo. Se a operação nor- começa a operar, mais calor é gerado pelo mo-
mal do motor não for restabelecida após um tor, a proporção ar/combustível é empobrecida e
intervalo de 2 minutos, deve ser necessário re- a temperatura de combustão não pode ser dimi-
petir o processo diversas vezes. nuída o suficiente.
Alguns sistemas de injeção injetam so- Independentemente de como o chumbo é
mente nos cilindros acima da linha central hori- removido das partes do cilindro, se é através de
zontal do motor; no caso, somente aqueles ci- operação de alta potência, pelo uso da injeção,

4-41
ou pelo uso do sistema de injeção de água, a Devido a grande voltagem no sistema de
ação corretiva deve ser iniciada antes que as ignição existe uma grande tendência para des-
velas estejam completamente danificadas. carga da vela em algum ponto de isolamento.
Desde que a resistência de uma folga também
Formação de grafite nas velas aumente, quando a pressão nos cilindros do mo-
tor aumentar, um duplo perigo existe na decola-
Como resultado do descuido e da exces- gem, e durante uma aceleração súbita com alar-
siva aplicação de uma camada de lubrificante gamento das folgas das velas; a quebra de um
nas roscas das velas, o lubrificante fluirá sobre isolamento provoca uma faísca prematura e so-
os eletrodos, causando um curto-circuito. Isso bras de carbono resultam em falha das velas.
ocorre porque o grafite é um bom condutor elé- Fabricantes das velas têm parcialmente
trico. A eliminação das dificuldades causadas sobrepujado o problema de folgas de erosão,
pelo grafite depende dos mecânicos de aviação. usando um resistor selado hermeticamente no
Devemos tomar cuidado quando apli- eletrodo central de algumas velas.
carmos o lubrificante, assegurando que dedos Essa resistência adicionada ao circuito
sujos, farrapos ou fios não entrem em contato de alta tensão reduz o pico de corrente no ins-
com os eletrodos ou parte do sistema de igni- tante da ignição. O fluxo de corrente reduzida
ção, exceto na rosca das velas. Praticamente, ajuda na prevenção da desintegração metálica
nenhum sucesso tem sido experimentado na nos eletrodos. Também, devido a razão de alta
tentativa de queimar ou expelir a camada de erosão do aço, ou algumas ligas conhecidas, os
lubrificante da rosca. fabricantes de velas estão usando tungstênio ou
uma liga de níquel para as tomadas dos eletro-
Folga por erosão das velas dos e galvanização de platina para fios finos de
tomadas de eletrodo.
A erosão dos eletrodos acontece em to-
das as velas de aeronaves quando a faísca salta Remoção de velas
entre os eletrodos (veja figura 4-54).
As velas devem ser removidas para ins-
peção ou serviço em intervalos recomendados
pelo fabricante.
Uma vez que a razão de falhas de erosão varia
com diferentes condições de operação, modelos
de motores e tipo de velas, uma provável falha
de velas, causando mau funcionamento do mo-
tor, pode ocorrer antes que o intervalo de servi-
ço regular seja alcançado. Normalmente, nestes
casos, somente as velas que falharam são subs-
tituídas.
Cuidadoso manuseio dos cabos usados e
substituídos durante a instalação e remoção de
velas em um motor não pode ser enfatizado,
uma vez que velas podem ser facilmente danifi-
Figura 4-54 Folga da vela causada pela erosão. cadas.
Para prevenir danos, elas deverão sem-
A faísca carrega consigo uma porção do pre ser individualmente manuseadas e as novas
eletrodo, parte do qual é depositada no outro e recondicionadas, deverão ser armazenados em
eletrodo, já o remanescente é soprado na câmara caixas de papelão separadas.
de combustão. Um método comum de armazenamento é
Como a folga é alargada pela erosão, a ilustrado na figura 4-55.
resistência que a faísca deve superar para saltá- Isto é, uma bandeja furada que previne
la também aumenta. Isso significa que o magne- as tomadas contra choques de umas com as ou-
to deve produzir uma voltagem mais elevada tras, que danificam os frágeis isoladores e ros-
para superar aquela resistência. cas.

4-42
Após o cabo ter sido desconectado, sele-
ciona-se a ferramenta apropriada para remoção
das velas. Aplica-se uma pressão com uma das
mãos no cabo da ferramenta, mantendo a soque-
te em alinhamento com a outra mão. Falha nesse
alinhamento da ferramenta, como mostrado na
figura 4-57, causará um levantamento na ferra-
menta para um lado, e danificará a vela.
Figura 4-55 Tabuleiro de velas.

Se uma vela cair no chão ou em outra


superfície, ela não deverá ser instalada no mo-
tor, uma vez que impactos usualmente causam
pequenas e invisíveis rachaduras nos isoladores.
As velas deverão ser testadas sob condições de
pressão antes do uso.
Antes dela ser removida, a cablagem de
ignição deve ser desconectada. Usando uma Figura 4-57 Técnica apropriada para remoção.
chave especial para o acoplamento tipo cotove-
lo, remove-se da vela a porca do mesmo. Toma- No curso de operação do motor, carbono
se cuidado ao puxar o fio dos cabos, alinhando- e outros produtos de combustão serão deposita-
o com a linha de centro do corpo da tomada. dos através dos ignitores e cilindros, e algum
Se uma carga lateral é aplicada, como carbono pode penetrar nas extremidades inferio-
mostrado na figura 4-56, danos ao corpo isola- res da rosca. Como resultado, um alto torque é
dor e ao terminal de cerâmica podem ocorrer. Se geralmente requerido para soltar a vela. Este
o cabo não puder ser removido facilmente desta fator impõe uma carga de divisão na seção do
maneira, o colar de neoprene deve ser colocado revestimento do plug, e, se a carga for grande o
no corpo blindado. Quebra-se o colar de neo- suficiente, a vela poderá se partir, fazendo com
prene pela torção do mesmo, como se estivesse que a seção do revestimento fique com um ori-
desenroscando uma porca de parafuso. fício.

Inspeção e manutenção antes da instalação

Antes de instalar uma vela nova ou re-


condionadas no cilindro, limpe a rosca cuidado-
samente.
Buchas de velas de latão ou aço inoxidá-
vel são usualmente limpas com uma escova.
Antes de se inserir a bucha de limpeza no orifí-
cio do ignitor, as ranhuras da escova (canais
entre as superfícies roscadas) são enchidas com
graxa limpa para prevenir o carbono ou outro
material removido pela escova caia dentro do
cilindro.
Alinha-se a escova com as extremidades
da bucha com um sinal qualquer, e inicia-se a
escovação com a mão até que não haja possibi-
lidade dela atravessar a bucha. Para iniciar a
escovação em algumas instalações, onde os ori-
fícios dos ignitores estão localizados mais pro-
fundamente do que se pode direcionar pelo a-
Figura 4-56 Técnica inadequada para remoção perto com a mão, deve-se usar uma extensão
do cabo de vela. curta.

4-43
Quando se rosqueia a escova no embu- Acumulações de composto preventivo da
chamento, as extremidades dessa devem encon- ferrugem são removidos lavando-se a vela
trar o fundo rosqueado do embuchamento. Isto com uma escova e solvente para limpeza.
removerá depósitos de carbono proveniente das Ela deve, então, ser seca com um sopro de
roscas das buchas sem remoção de metal, a me- ar seco.
nos que o passo das roscas tenha sido contraído. 3) Verificar ambas as extremidades da vela
Se durante o processo de limpeza das quanto a entalhes ou rachaduras, assim co-
roscas, o embuchamento for encontrado solto no mo alguma indicação de rachadura no iso-
cilindro, ou ainda com elas cruzadas ou, por lante.
outro lado, seriamente danificadas, troca-se o
cilindro. 4) Inspecionar o lado interno da carcaça quan-
Roscas de velas do tipo postiças (Heli- to a rachaduras no isolante e o contato cen-
Coil) são limpas com escova de fio arredonda- tral do eletrodo quanto à corrosão e materi-
do, preferencialmente tendo o diâmetro ligeira- ais estranhos, os quais podem causar empo-
mente mais largo que o diâmetro do orifício do brecimento no contato elétrico.
ignitor.
Uma escova mais larga que o orifício 5) Inspecionar a junta da vela. Uma junta que
pode causar remoção de material proveniente da tenha sido excessivamente comprimida,
rosca helicoidal ou da cabeça do cilindro. Tam- vincada, ou distorcida, não deve ser usada.
bém, a mesma não deverá desintegrar-se com o Quando a junta do termocouple for aplica-
uso, permitindo a queda dos fios das cerdas para da, não devem ser usadas juntas adicionais.
dentro do cilindro.
Limpa-se a rosca postiça girando-se cui- A folga dos eletrodos da vela deve ser
dadosamente o fio da escova com uma ferra- checada com um calibre de folga redondo, como
menta adequada. mostrado na figura 4-58. Um calibre tipo "cha-
Ao usar a escova, nenhum material deve to" dará uma indicação incorreta de folga, por-
ser removido da superfície da junta da vela, que os eletrodos massa acompanham o formato
pois, caso contrário, causará uma mudança no circular do eletrodo central. Quando se usa o
limite de aquecimento, vazamento de combus- calibre, ele é inserido em cada folga paralela à
tão, e eventual dano ao cilindro. linha central do eletrodo. Se o mesmo estiver
Nunca se limpa a rosca helicoidal com ligeiramente inclinado, a indicação estará incor-
um macho, pois esse poderá causar danos per- reta. Não se instala uma vela que não tenha a
manentes. folga especificada.
Se uma rosca helicoidal de inserção esti-
ver danificada como resultado de uma operação
normal ou enquanto estiver sendo limpa, ela
deve ser trocada de acordo com as instruções
aplicáveis do fabricante. Usando um pano e sol-
vente para limpeza, na superfície da junta da
vela do cilindro, elimina-se a possibilidade de
sujeira ou graxa depositada acidentalmente nos
eletrodos da vela durante a instalação.
Antes de instalar velas novas ou recon-
dicionadas, elas devem ser inspecionadas para
cada uma das seguintes condições:

1) Ter certeza de que a vela é do tipo certo,


como indicado pelas instruções de aplica-
ção do fabricante.

2) Verificar quanto a evidência de composto


preventivo da ferrugem no exterior da vela,
do isolante e no lado interno da carcaça. Figura 4-58 Uso de um calibre de folga.

4-44
Instalação da vela Instalação do cabo de vela

Antes de se instalar a vela, as primeiras Antes da instalação do cabo de vela,


duas ou três roscas do final do eletrodo são co- esfrega-se a bucha terminal (algumas vezes cha-
bertas cuidadosamente com um composto à base mada de cigarrete) e o selo integral com um
de grafite. Antes da aplicação, agita-se o com- pano embebido com acetona, MEK, ou um sol-
posto para assegurar perfeita mistura. vente apropriado. Após a limpeza do cabo de
Quando se aplica o composto nas roscas, vela, o mesmo deve ser inspecionado quanto a
ele não deve se alojar entre os eletrodos exter- rachaduras e riscos. Se a bucha terminal estiver
nos e o central, ou na ponta da vela, onde ele danificada ou fortemente manchada, deve ser
possa escorrer para a massa ou eletrodo central substituída.
durante a instalação. Esta precaução é necessá- A aplicação de uma camada leve de um
ria porque o grafite no composto é um excelente material isolante na superfície externa da bucha
condutor elétrico, e poderia causar uma fuga de terminal, e o preenchimento do espaço ocupado
corrente. pela mola de contato, são muitas vezes reco-
Para se instalar uma vela, basta enroscá- mendados. Esses materiais isolantes, através da
la sem usar nenhum tipo de ferramenta até que ocupação do espaço na área de contato elétrico
ela assente na junta. da carcaça, evitam que a umidade entre na área
Se a vela puder ser enroscada com faci- de contato causando um curto-circuito na vela.
lidade, usando os dedos, isto é uma boa indica- Alguns fabricantes recomendam o uso desses
ção de roscas limpas. Nesse caso, somente será compostos isolantes somente quando a umidade
necessário um pequeno aperto para comprimir a no sistema venha a causar problema, enquanto
junta, que irá formar um selo vedante. Se, por outros desaconselham totalmente o uso desses
outro lado, um alto torque for necessário para materiais.
sua instalação, isso indica que pode haver su- Após a inspeção do cabo de ignição, ele
jeira ou dano na rosca. O uso de torque exces- é colocado dentro da carcaça do plugue. Então,
sivo pode comprimir a junta, e distorcê-la. aperta-se a porca de acoplamento do ignitor com
A dilatação da carcaça da vela ocorrerá a ferramenta apropriada.
enquanto continuar um torque excessivo para Muitas instruções de fabricantes especi-
rosquear sua extremidade inferior no cilindro, ficam o uso de uma ferramenta projetada para
após a parte superior ter sido parada pela junta. evitar o torque excessivo. Após a porca estar
apertada, deve ser evitado um teste de aperto,
torcendo o conjunto.
Após todas as velas terem sido instaladas
e torqueadas e os cabos instalados corretamente,
aciona-se o motor para efetuar uma verificação
completa do sistema de ignição.

Inspeção do platinado

A inspeção do magneto consiste essenci-


almente em uma inspeção periódica do platina-
do e dielétrico.
Após o magneto ter sido inspecionado
quanto à segurança de montagem, remove-se
sua tampa, ou a tampa do platinado, e verifica-
se o came quanto à lubrificação apropriada.
Sob condições normais, existe uma
quantidade suficiente de óleo no feltro de encos-
to do came acionador para mantê-lo lubrificado
entre os períodos de revisão.
Figura 4-59 Efeitos de um torque excessivo na Entretanto, durante inspeção de rotina, o
instalação de uma vela. feltro de encosto no came acionador deve ser

4-45
examinado para assegurar que o óleo contido abertos mais que o recomendado, a mola princi-
seja suficiente para lubrificação. pal (a mola pressiona o contato móvel) prova-
Esse teste é feito pressionando-se a unha velmente assumirá uma outra tensão. Conse-
do polegar contra o feltro de encosto. qüentemente, os contatos perderão parte da ten-
Se ficar retido óleo na unha, o feltro con- são de fechamento; então eles saltarão, evitando
tém óleo suficiente para lubrificação do came. indução normal do magneto.
Se aparecer óleo na unha, a quantidade Um esfregão pode ser feito enrolando
está adequada. uma tira de linho ou um pequeno pedaço de
Se não existir evidência de óleo na unha, aplica- pano livre de fiapos sobre uma das superfícies
se um pouco de óleo de motor embaixo e acima de abertura, e embebendo o esfregão em um
do conjunto, como mostra a figura 4-60. solvente apropriado. Então, passa-se cuidado-
samente o esfregão nas superfícies de contato
separadas. Durante toda esta operação, gotas de
solvente não devem cair nas partes lubrificadas
como o came e o feltro de encosto.
Para se inspecionar as superfícies de
contato do platinado, é preciso conhecer o as-
pecto dos contatos, qual condição de superfície
é considerada com desgaste permissível, e
quando é necessário sua substituição. A prová-
Figura 4-60 Lubrificação do came seguidor. vel causa de uma superfície anormal pode ser
determinada pela aparência dos contatos.
Após a aplicação, aguarda-se pelo menos A superfície de contato normal (figura 4-
15 minutos para que o feltro absorva o óleo. 61) tem aparência áspera e de cor cinza opaca
Depois desse tempo, o excesso de óleo deve ser sobre a área onde o contato elétrico é feito. Isso
removido com um pano limpo. Durante esta indica que os pontos de contato se acamaram,
operação, ou a qualquer hora em que a tampa estão alinhados um com o outro, e estão propor-
esteja fora, é preciso extremo cuidado para man- cionando o melhor contato possível.
ter o compartimento livre de óleo, graxa ou sol-
ventes de limpeza do motor, uma vez que eles
têm uma adesividade que retém poeira e fuli-
gem, o que prejudicaria um bom desempenho
do platinado.
Após o feltro de encosto ter sido inspe-
cionado, abastecido e encontrado satisfatoria-
mente, inspeciona-se visualmente o platinado
quanto a qualquer condição que possa interferir Figura 4-61 Superfície normal de contato.
na correta operação do magneto. Se a inspeção
revelar uma substância oleosa ou pastosa nas Esta não é a única condição aceitável.
laterais dos contatos, basta esfregá-lo com um Irregularidades pequenas, sem fendas profundas
pano em um tubo flexível, embebido em aceto- ou picos elevados, como mostrado na figura 4-
na ou outro solvente apropriado. Formando um 62, são consideradas desgastes normais, e não
gancho na extremidade do limpador, ganha-se são motivo para serem desbastadas ou substituí-
acesso à parte traseira dos contatos. das.
Para limpar as superfícies de contato, o
platinado deve ser forçado para abrir o suficien-
te para admitir um pequeno esfregão. Se a aber-
tura dos pontos forem feitas com o propósito de
limpeza ou teste das superfícies de contato,
quanto às suas condições, aplica-se sempre a
força de abertura na extremidade externa da
mola principal, e nunca se abre os contatos mais
que 1/16" (0,0625 pol.). Se os contatos forem Figura 4-62 Platinado com irregularidade.

4-46
Entretanto, quando tiver ressaltos na Isto, junto com o oxigênio no ar, rapi-
superfície, como ilustrado na figura 4-63, eles damente oxida e desgasta a superfície de platina
devem ser desbastados ou substituídos. Infeliz- dos pontos, deixando, então, a superfície com a
mente, quando picos se formam em um contato, aparência áspera, cristalina ou de fuligem.
a junção terá fenda ou orifícios. Durante a operação normal é comum o
Essa fenda é mais problemática que o aparecimento de uma fuligem granulada fina ou
pico, pois ela penetra na camada de platina da prateada, que não deverá ser confundida com a
superfície. Isso, algumas vezes, dificulta o jul- grossa, e os pontos de fuligem causados pela
gamento para saber se uma superfície de contato falha do condensador.
Os itens “B” e “C” da figura 4-64 ilus-
tram pontos com fendas prejudiciais. Esses pon-
tos são identificados claramente pelas bordas
dos contatos (no estágio inicial) e pequenas fen-
das, ou cavidades, no centro dos contatos ou
próximo deles, com uma aparência esfumaçada.
Em estágios mais avançados, a fenda pode se
desenvolver na largura, profundidade e eventu-
almente, o conjunto da superfície de contato
Figura 4-63 Platinado com “picos” bem defi- tomará a aparência de queimado, escuro e amas-
nidos. sado.
Pontos fendados, como regra geral, são
está com uma fenda o suficientemente funda causados por poeira e impurezas nas superfícies
para requerer desbaste, porque, na análise final, de contato. Se os pontos estiverem excessiva-
isso depende do quanto de platina foi retirado da mente fendados, um conjunto novo ou recondi-
superfície. cionado deve ser instalado.
O risco surge da possibilidade da cama- O item “D” da figura 4-64 ilustra um
da de platina já estar fina como resultado de um ponto em forma de "coroa", e pode ser rapida-
longo tempo de uso e prévios desbastes. mente identificado pelo centro côncavo e a bor-
Nas revisões, em oficina, um instrumen- da convexa na superfície de contato. Essa con-
to é usado para medir a espessura remanescente dição é resultante de um desbaste inadequado,
do contato, e não existe nenhuma dificuldade como pode ser o caso de uma tentativa de des-
em determinar sua condição. baste, bem com o platinado instalado no magne-
Mas na manutenção de linha, esse ins- to.
trumento geralmente não está disponível. Por- Em adição a uma superfície desigual e
tanto, se o pico é muito alto ou a fenda é muito irregular, as partículas minúsculas de material
profunda, não se desbasta esses contatos, em estranho e metálico, que permanecem entre os
vez disso, eles são removidos e substituídos por pontos após a operação de desbaste, se fundem e
uma unidade nova ou recondicionada. causam uma queima irregular da superfície in-
Uma comparação entre as figuras 4-62 e terna dos contatos.
4-63 ajudará a desenhar a linha entre as "meno- Essa queima difere do congelamento,
res irregularidades" e os "picos bem definidos". uma vez que um arco menor produz menos ca-
Alguns exemplos de condições de super- lor e menos oxidação. Nesse caso, a razão de
fícies de contatos são ilustrados na figura 4-64. queima é mais gradual.
O item "A" ilustra um exemplo de erosão ou Pontos coroados, desde que ainda este-
desgaste chamado "frosting". jam em condições podem ser limpos e retoma-
Essa condição é resultante de um con- dos para serviço. Se tiver sido formado um ex-
densador com circuito aberto; e é facilmente cessivo coroamento, o platinado deve ser remo-
reconhecida pela superfície cristalina e áspera e vido e substituído por um conjunto novo ou
o aparecimento de uma fuligem preta nas late- recondicionado.
rais dos pontos. O item “E” da figura 4-64 ilustra um
A falta da ação efetiva do condensador ponto formado que pode ser reconhecido pela
resulta em um arco de intenso calor, que se for- quantidade de metal que foi transferida de um
ma cada vez que os contatos abrem. ponto para outro.

4-47
Os vapores também aderem às superfí-
cies do conjunto do platinado, e formam um
depósito de fuligem. Pontos oleosos podem ser
corrigidos através de um procedimento de lim-
peza. Entretanto, a remoção das manchas de
fumaça podem revelar uma necessidade de des-
baste dos pontos. Se preciso, desbasta-se os
pontos, ou instala-se um conjunto de platinado
novo ou recondicionado.

Recondicionamento (retífica) dos contatos do


platinado

Genericamente falando, a desmontagem


e a retificação dos contatos do platinado não
deveriam ser uma rotina regular da manutenção
do magneto.
Com a execução de uma manutenção ca-
ra e desnecessária, muitos conjuntos de contatos
Figura 4-64 Exemplos de condições de super- atingem um estado de refugo prematuramente,
fícies de contato. talvez com dois terços ou três quartos do mate-
rial das superfícies de contato de platina gastos
"Formações", tais como outras condições pelas repetidas operações de retífica.
mencionadas, resultam primariamente da trans- Na maioria dos casos, os contatos do
ferência do material de contato por meio de ar- platinado permanecerão em condições satisfató-
cos separam. Mas, diferente dos outros, não há rias entre os períodos de revisão apenas com
queimadura ou oxidação no processo por causa inspeção de rotina, limpeza e lubrificação.
da proximidade entre a depressão de um ponto e Se os contatos do platinado tiverem mar-
a formação de outro. cas profundas, elevações ou superfícies queima-
Esta condição pode resultar de tensão de das, devem ser retificados, ou substituídos, de
mola excessiva nos pontos do platinado, que acordo com as práticas de manutenção reco-
retarda a abertura dos contatos ou causa uma mendadas pelo fabricante.
lenta ruptura. Isto também pode ser causado por Se a retífica for aprovada, um conjunto
um condensador primário muito usado e precá- especial de retífica de pontos de contatos estará
rio, ou por uma conexão frouxa na bobina pri- normalmente disponível. O conjunto inclui: um
mária. Se uma formação excessiva tiver ocorri- bloco de retificação; adaptadores para segurar os
do, um conjunto de platinado novo ou recondi- contatos durante a operação de retífica; uma
cionado deve ser instalado. lima especial para remover picos e elevações e
O item “F” da figura 4-64 ilustra pontos uma lixa muito fina para ser usada no final da
oleosos, os quais podem ser reconhecidos por operação, para remover qualquer rebarba deixa-
sua aparência manchada e pela falta de qualquer da pela lima.
das irregularidades acima mencionadas. Essa Por ocasião da retífica de um conjunto
condição pode ser resultante do excesso de lu- de contatos que tenham marcas e elevações, não
brificação do came ou de vapores de óleo, os se deve tentar remover os sulcos completamen-
quais podem ser provenientes de dentro ou de te. Lima-se somente o material o suficiente para
fora do magneto. tornar plana a superfície em torno de tais irregu-
Um motor expelindo fumaça, por exem- laridades. Isto deixará usualmente uma grande
plo, poderia produzir vapores de óleo. Esses área de contato em torno do orifício (figura 4-
vapores então entram no magneto através de sua 65) e o conjunto terá desempenho idêntico ao de
ventilação e passam entre e em torno dos conta- um novo conjunto de pontos. É óbvio que se o
tos do platinado. Estes vapores condutivos pro- sulco for profundo, um pouco da camada de
duzem queimaduras nas superfícies dos conta- platina será removida, se houver uma tentativa
tos. de remoção de todo o sulco..

4-48
cerca de dois terços do total da área de contato
(figura 4-67).
A superfície de contato real pode ser
checada mantendo-se o conjunto montado em
frente de uma luz e observando o quanto de luz
pode ser vista entre as superfícies de contato.

Figura 4-65 Platinado “furado”após retífica.

Na retificação do lado elevado do con-


junto de contatos, os picos devem ser limados e
removidos.
A superfície dos contatos deve estar per-
feitamente plana para promover a maior área
possível contra o outro contato, o qual terá ago-
ra uma área levemente diminuída devido as
marcas remanescentes.
Em complemento à operação de retífica Figura 4-67 Verificação da área de contato dos
não é necessário obter um acabamento espelha- platinados.
do na área de contato. Apenas algumas passadas
Se os pontos de contato tiverem sido
são requeridas para remover qualquer rebarba
removidos por alguma razão, os pontos substitu-
deixadas pela lima (Fig.4-66).
ídos ou recondicionados devem ser instalados e
precisamente regulados para abrir quando o
magneto girar e se movimentar dentro da posi-
ção de folga “E” para o cilindro número 1.

Inspeção dielétrica

Outra fase de inspeção do magneto é a


inspeção dielétrica. Essa inspeção é uma checa-
gem visual quanto a rachaduras e limpeza.
Se ela revelar que a carcaça da bobina,
os condensadores, o rotor distribuidor ou blocos
estão oleosos, sujos ou tenham qualquer sinal de
carbono em evidência, tais unidades necessita-
rão de limpeza e, possivelmente, um polimento
para restabelecer suas qualidades dielétricas.
Figura 4-66 Utilização da pedra de retífica dos Limpa-se todos os condensadores aces-
contatos dos platinados. síveis e as carcaças de bobina que contenham
condensadores, esfregando-os com um tecido
O objetivo primário é ter uma superfície sem fiapo embebido com acetona.
de contato plana para promover uma área de Muitas peças desse tipo possuem uma
contato satisfatória quando montado. camada protetora. Essa camada não é afetada
Uma área de contato total para duas su- pela acetona, mas pode ser danificada pela
perfícies recondicionadas é difícil de ser obtida, fragmentação ou pelo uso de outros fluidos de
pois isso requer um perfeito acabamento das limpeza.
superfícies. Esta dificuldade é um tanto com- Nunca se usa solventes de limpeza ina-
prometida por uma aproximação, que permite dequados, ou métodos impróprios de limpeza.

4-49
Também, quando na limpeza de condensadores Se esse pico ocorrer mais tarde que o
ou peças que contenham condensadores, elas normal, resultará em perda de potência no cilin-
não são mergulhadas em qualquer tipo de solu- dro.
ção, porque essa pode penetrar no condensador Entretanto, a perda de potência para um
e provocar um curto. cilindro simples torna-se um fato menor quando
Carcaças de bobinas, blocos distribuido- o efeito de um tempo longo de queima é consi-
res, rotores distribuidores e outras partes dielé- derado. Um longo tempo de queima superaque-
tricas do sistema de ignição são tratadas com ce o cilindro afetado, causando detonação, pos-
uma camada de cera quando novos e nas revi- sível pré-ignição e, talvez, uma danificação per-
sões gerais. O polimento dos dielétricos ajuda manente.
na sua resistência à absorção de umidade, car- O fio isolado que transporta o impulso
bono e depósitos de ácido. Quando essas peças elétrico é um tipo especial de cabo projetado,
encontram-se sujas ou oleosas, uma parte da para prevenir excessivas perdas de energia elé-
proteção original é perdida, o que pode resultar trica. Esse fio é conhecido como cabo de igni-
em resistência de carbono. ção de alta tensão, sendo confeccionado em três
Se qualquer sinal de carbono ou depósito diâmetros.
de ácido estiver presente na superfície do dielé- Os diâmetros externos dos cabos em uso
trico, coloca-se a peça mergulhada em solvente corrente são de 5, 7 ou 9 mm. A razão para dife-
de limpeza apropriado, friccionando fortemente rentes diâmetros de cabos é que a quantidade e o
com uma escova de cerdas firmes. tipo de isolamento em torno do fio determina a
Quando os sinais de carbono ou depósi- perda elétrica durante a transmissão de alta vol-
tos de ácido tiverem sido removidos, usa-se um tagem.
pano seco para remover todo o solvente. Então, Uma vez que o núcleo condutor trans-
cobre-se a peça com uma camada de cera espe- porta apenas baixas correntes, esse condutor é
cial. Após o tratamento com cera, remove-se o de menor diâmetro.
excesso, e reinstala-se a peça no magneto. O cabo de 9 mm tem uma aplicação
limitada, porque é de projeto antigo e tem uma
Manunteção dos cabos de ignição camada relativamente grossa de isolamento.
Para muitas partes, os motores de hoje
Embora os cabos de ignição sejam sim- usam cabos de 7mm, mas há poucos sistemas
ples, eles são a ligação vital entre o magneto e a que são projetados para usar cabos de 5 mm. O
vela de ignição. Devido ao fato deles serem uso crescente de cabos de menor tamanho é lar-
montados no motor, e expostos à atmosfera, eles gamente utilizado devido as melhorias no mate-
são vulneráveis ao calor, umidade e aos efeitos rial de isolamento, o qual permite um revesti-
das mudanças de altitude. Esses fatores, soma- mento mais superficial. O adaptador de cone-
dos ao desgaste do isolamento e a erosão, traba- xões tem sido projetado para as pontas de cabos
lham contra uma operação eficiente do motor. O mais finos, podendo assim ser usado em arma-
isolamento pode ser avariado dentro da cabla- dura (cablagem) trançada; onde o distribuidor
gem e permitir uma fuga de alta voltagem, ao foi originalmente projetado para cabos mais
invés de fluir para a vela de ignição. grossos.
Circuitos abertos podem ser resultantes Um tipo de construção de cabo utiliza
de fios partidos ou conexões fracas. Um fio des- um núcleo consistindo em 19 fios finos de co-
coberto pode estar em contato com a blindagem, bre, cobertos por um revestimento de borracha.
ou dois fios podem estar em curto. Isso é coberto por uma fita entrelaçada e uma
Qualquer defeito sério evitará que a alta camada na parte externa (A da figura 4-68). Um
tensão atinja a vela de ignição, a qual está co- novo tipo de construção (B da figura 4-68) tem
nectado o cabo. Como resultado, essa vela não um núcleo de 7 fios de aço inox coberto com
funcionará. Quando somente uma vela de igni- um revestimento de borracha. Além disso é usa-
ção estiver funcionando no cilindro, a mistura da uma trança de reforço e uma camada de neo-
não será consumida tão rapidamente quanto preme para completar o conjunto. Esse tipo de
poderia ser se ambas as velas de ignição estives- construção é superior aos tipos mais antigos,
sem funcionando. Este fator faz com que o pico principalmente porque o neopreme melhorou a
da pressão de combustão ocorra atrasado. resistência ao calor, ao óleo e à erosão.

4-50
Figura 4-68 Vista em corte de um típico cabo de ignição de alta tensão.

Falhas das cablagens de ignição de alta ten- Um aumento na pressão do duto aumen-
são ta a pressão de compressão e a resistência do ar
através da folga da vela de ignição. Um aumen-
Talvez, a mais comum e mais difícil to na resistência da folga de ar (na vela de igni-
falha de sistemas de ignição de alta tensão a ser ção) opõe à descarga da centelha, e produz uma
detectada, seja o vazamento de alta voltagem. tendência ao disparo desta num dado ponto fra-
Isto é uma fuga do condutor através do isola- co do isolamento. Um ponto fraco na cablagem
mento para a massa do distribuidor blindado. pode ser agravado pela coletagem de umidade
Uma pequena fuga de corrente existe até em no distribuidor da cablagem.
cabos de ignição novos, durante a operação Com a presença de umidade, a operação
normal. contínua do motor causará falhas intermitentes e
Vários fatores se combinam para produ- tornará permanentes as trilhas de carbono. Desta
zir primeiro uma alta razão de perda e, então, a maneira, a primeira indicação de cablagem de
completa interrupção. ignição sem condições de serviço pode ser a
Desses fatores, umidade em qualquer falta de centelha para o motor, causada pela
forma é provavelmente o pior. Sob alta volta- perda parcial da voltagem de ignição.
gem, um arco se forma e queima a trilha através A figura 4-69 mostra uma seção em cor-
do isolador onde existe a umidade. Se houver te de uma cablagem, e demonstra 4 falhas que
gasolina, óleo ou graxa presente, irá interromper podem ocorrer.
o circuito e formar carbono. A falha (A) mostra um curto de um cabo
A trilha queimada é chamada de marca condutor para outro. Essa falha usualmente cau-
de carbono, já que realmente é uma trilha de sa falta de centelha, visto que a vela está curto-
partículas de carbono. circuitada no cilindro, onde a pressão no mesmo
Com alguns tipos de isolamento, pode é baixa.
ser possível remover a trilha de carbono e resta- A falha (B) mostra um cabo com uma
belecer o isolador para sua condição total de parte do isolamento desgastado. Embora o iso-
uso. Isto é conseguido com a porcelana, cerâmi- lamento não esteja completamente rompido,
ca e alguns plásticos, pois esses materiais não existe uma perda de força maior que a normal, e
são hidrocarbonos, e qualquer trilha de carbono a vela de ignição, que está conectada a este ca-
formada nos mesmos é resultado de sujeira, po- bo, pode ser perdida durante a decolagem,
dendo ser limpo. quando a pressão do distribuidor de admissão é
Diferenças na localização e quantidade muito elevada.
de perda produzirão diferentes indicações de A falha (C) é o resultado da condensação
mau funcionamento durante a operação do mo- coletada no ponto mais baixo do distribuidor de
tor. ignição.
As indicações são geralmente falta de Essa condensação pode evaporar com-
centelha ou centelha cruzada. A indicação pode pletamente durante a operação do motor, mas a
ser intermitente, mudando com a pressão do trilha de carbono, que é formada pelo centelha-
duto ou com condições climáticas. mento inicial, permanece para permitir um cen-

4-51
telhamento contínuo toda vez que existir uma Teste de cablagem de ignição de alta volta-
alta pressão do distribuidor. gem
A falha (D) pode ser causada por um alto
fluxo de ar no isolamento ou pelo resultado de Muitos tipos diferentes de dispositivos
um ponto fraco na isolação, o qual é agravado de testes são usados para determinar o estado de
pela presença de umidade. uma cablagem de ignição de alta tensão. Um
tipo comum de teste, ilustrado na figura 4-70, é
capaz de aplicar uma corrente contínua em
qualquer tensão, de 0 até 15.000 volts, com uma
entrada de 110 volts, 60 Hz.

Figura 4-69 Seção reta de uma cablagem.

Entretanto, visto que a trilha de carbono Figura 4-70 Teste de cablagem de ignição de
é um contato direto com a childragem de metal, alta tensão.
provavelmente resultará no centelhamento sob
todas as condições de operação. A fuga de corrente entre o cabo de igni-
ção e o tubo de distribuição é medida em duas
Teste de cablagem escalas de um microamperímetro, graduadas
para leituras de 0 a 1000 microampères.
O teste elétrico das cablagens de ignição Desde que 1000 µa seja igual a 1 ma
checa a condição do isolamento em torno de (miliampère), a escala de 0 a 1000 é chamada
cada cabo da cablagem. O princípio desse teste "escala de miliampère", e a outra "escala de
envolve a aplicação de uma voltagem definida microampère".
para cada cabo e, então, a medida muito sensí- Leituras podem ser obtidas em qualquer
vel da quantidade de corrente de fuga entre o escala através do uso da chave de ajuste de alta
cabo e o distribuidor da cablagem aterrado. ou baixa resistência, localizada à direita do
Esta leitura, quando comparada com amperímetro.
especificações conhecidas, torna-se um guia Resistores limitadores de corrente são
para análise das condições de serviço do cabo. usados em ambas as escalas para evitar danos
Como mencionado anteriormente, há uma dete- aos circuitos de teste, através de aplicação aci-
rioração gradual do material de isolamento fle- dental de tensões excessivas.
xível. A tensão aplicada ao cabo testado é indi-
Quando novo, o material terá uma baixa cada em um voltímetro calibrado para ler de 0 a
razão de condutividade, tão baixa de fato, que 15000 volts. Um botão de controle à esquerda
sob uma voltagem de alguns milhares de volts do voltímetro permite um ajuste de voltagem
de pressão elétrica, a fuga de corrente será de para a tensão recomendada. Em adição ao ampe-
apenas alguns milésimos de ampère. O envelhe- rímetro e voltímetro, uma luz neon indica cente-
cimento natural causará uma mudança na resis- lhamento que pode ser tão rápido a ponto de
tência do material de isolamento, permitindo um causar significativa deflexão da agulha do mi-
aumento da corrente de fuga. croamperímetro.

4-52
Os botões de controle para o teste (figura circuito completo através dos cabos curto-
4-70) incluem um interruptor de filamento, in- circuitados e qualquer fuga ou sobrecorrente
terruptor de placa e interruptor remoto. O inter- para a massa é indicada pelo microamperímetro
ruptor de filamento completa um circuito entre a ou pelo acendimento da luz néon do indicador
entrada do circuito C.A. e o elemento do fila- de ruptura .
mento da válvula retificadora. O fluxo de cor- Quando todos os cabos de vela estiverem
rente pelo filamento o aquece e prepara a válvu- desconectados das mesmas e aterrados ao mo-
la para operação. A função da válvula, entretan- tor, prepara-se o equipamento para teste da ca-
to, não estará completa até que a placa da mes- blagem. Inicia-se pela conexão do cabo de ater-
ma esteja energizada. ramento na parte traseira do equipamento a al-
A tensão da placa do retificador depende gum objeto bem aterrado. Conecta-se o cabo
de dois interruptores: o da chave de controle de vermelho de alta tensão (figura 4-70) para o
placa e do botão remoto. A chave de controle de terminal de alta tensão do equipamento. Conec-
placa arma ou prepara o circuito da mesma para ta-se a outra extremidade desse cabo para a ca-
operar. Com as chaves da placa e do filamento blagem de ignição a ser testada.
ligadas, pressionando-se o botão remoto, a vál- Prende-se uma das extremidades do cabo
vula estará em operação e, soltando-o, verifica- massa (preto) no receptáculo de aterramento na
se a tensão dos cabos de ignição se os cabos de parte da frente do equipamento de teste e a outra
testes estiverem conectados. extremidade ao motor ou qualquer outro ponto
O botão remoto de calcar deve ser ligado comum de massa. Fixa-se o cabo do botão re-
a um soquete no canto inferior esquerdo do pai- moto no painel de teste de ignição. Todas as
nel de instrumentos. chaves devem estar desligadas, e o botão de
Esta configuração permite uma operação controle de alta tensão em zero; então conecta-
de teste a distâncias de até 5 pés. Os parágra- se o cabo de alimentação para uma fonte de 110
fos seguintes ilustram o uso desse tipo de uni- volts, 60 Hz de C.A. Liga-se a chave de controle
dade de teste. Estas instruções são apresentadas do filamento, aguardando pelo menos 10 segun-
somente como um guia geral. Consulta-se as dos para que o filamento da válvula se aqueça.
instruções aplicáveis do manual do fabricante Após este intervalo, liga-se a chave da placa.
antes de efetuar um teste da cablagem de igni- Com as chaves da placa e do filamento ligados,
ção. ajusta-se a tensão que será aplicada para cada
A cablagem não necessita ser removida cabo de ignição durante o teste.
do motor para o teste. Se o mesmo for efetuado O ajuste é efetuado pressionando-se o
com a cablagem no motor, todos os cabos de botão remoto e girando-se o botão de controle
vela devem ser desconectados das mesmas, vis- de alta tensão no sentido horário, até que o vol-
to que a tensão aplicada durante o teste é alta o tímetro registre 10.000 volts. Assim que a ten-
suficiente para provocar o centelhamento entre são recomendada for atingida, solta-se o botão e
os eletrodos. automaticamente o suprimento de alta tensão é
Após cada cabo ser desconectado, o seu interrompido.
terminal, exceto o que vai ser testado, deve estar Uma vez que a tensão seja ajustada para
encostado contra o cilindro, de modo a garantir o valor recomendado, não será mais necessário
o seu perfeito aterramento. A razão do aterra- o ajuste da mesma durante o teste. O passo final
mento de todos os cabos de vela durante o teste é o posicionamento do selector de alcance de
é a necessidade de se verificar e detectar exces- resistência para "high", de maneira que qualquer
siva fuga ou ruptura, resultante de um curto- fuga de corrente poderá facilmente ser detectada
circuito entre dois cabos de ignição. no microamperímetro.
Se os cabos estiverem sem massa duran- Esse teste é normalmente iniciado pelo
te o teste, o curto-circuito não poderá ser detec- cilindro n° 1. Visto que todos os cabos de vela
tado, devido a todos os cabos se encontrarem já se encontram aterrados e o cabo vermelho de
como um circuito aberto e somente à fuga, atra- alta tensão está conectado ao cabo do cilindro n°
vés do isolamento para a massa do conduíte da 1, testa-se esse cabo simplesmente pressionando
cablagem, poderá ser indicada. Entretanto, o botão remoto e observando o microamperíme-
quando todos os cabos estão aterrados, exceto o tro. Após obter a indicação, solta-se o botão,
que receberá o teste de tensão, é formado um remove-se o cabo de teste de alta tensão, ater-

4-53
rando o cabo seguinte a ser testado, e proceden- Sempre que a maioria deles apresentar
do da mesma maneira na ordem numérica dos fuga excessiva, a falha pode ser por sujeira ou
cilindros. tratamento inadequado dos contatos do distribu-
É importante que cada cabo, bom ou idor. Se esse for o caso, limpa-se os contatos do
ruim, seja novamente aterrado antes de se testar distribuidor com os procedimentos descritos no
o seguinte. Conforme o teste progride em torno manual do fabricante.
do motor, anota-se somente aqueles cabos pelo
número que deram uma indicação de fuga ex- Teste de isolamento de corrente contínua
cessiva (mais que 50 µa) ou de ruptura indicada
pelo acendimento da lâmpada. Existem vários testes pequenos, leves e
Na conclusão do teste, pelo menos dois portáteis, que podem operar com alimentação de
cabos em qualquer cablagem provavelmente 115 volts, 60 Hz C.A., ou 28 v C.C. da fonte de
apresentam falhas. Isto pode ser explicado pela alimentação da aeronave.
referência da figura 4-71, e notando-se a posição Esses testes usam essencialmente os
do rotor do distribuidor. Quando a tensão de mesmos medidores e interruptores que os testes
teste é aplicada para o cabo inferior da ilustra- de cabos de ignição de alta tensão já discutidos.
ção, um centelhamento pode ocorrer através do Além disso, as indicações de fuga e interrupção
pequeno vão do distribuidor e pela bobina pri- são praticamente as mesmas. Esse tipo de teste é
mária do magneto ou da chave de ignição para a um instrumento geralmente portátil.
massa.
ANALISADOR DE MOTORES

O analisador de motores é uma adapta-


ção do osciloscópio. É um instrumento portátil
ou permanentemente instalado, cuja função é
detectar, localizar e identificar anomalias na
operação de motores, como as que são causadas
por falha do sistema de ignição, detonação, vál-
vulas, mistura pobre, etc.
A necessidade de meios de detecção e
localização de problemas operacionais mais
eficazes se tornou evidente com a introdução de
maiores e mais complexos motores de aerona-
ves.
A maioria dos problemas operacionais
Figura 4-71 Ruptura não atribuida à falha do de aeronaves são devidos à falha no sistema de
isolamento. ignição, e normalmente se manifestam em bai-
xas altitudes, ou durante a operação no solo.
Esta aparente falha será mostrada em Entretanto, muitos problemas de motores, prin-
ambos os cabos da vela de ignição, dianteira e cipalmente aqueles relacionados ao sistema de
traseira, para um cilindro em particular. Para se ignição, ocorrem em elevadas altitudes de vôo.
determinar se existe realmente uma interrupção Já que as condições de elevadas altitudes
nesses cabos, gira-se a hélice de um quarto a não podem ser simuladas no solo, é desejável
meia volta, repetindo neles o teste. Isto afastará uma unidade que, a qualquer momento, possa
o rotor do distribuidor do terminal de cabo tes- indicar uma anormalidade na operação dos mo-
tado, dando uma indicação precisa de suas con- tores.
dições. Analisadores de motores são classifica-
A hélice não deve ser girada imediata- dos em 2 tipos: um produz somente evidência
mente após a localização de um cabo aparente- da condição do sistema de ignição; o outro reve-
mente em mau estado, pois o rotor do distribui- la vibrações anormais durante a operação, como
dor pode parar em posição oposta à de outro as causadas pela explosão, válvulas, ou mistura
cabo que não tenha sido testado, sendo necessá- pobre de combustível, como também o mau
rio girar a hélice novamente. funcionamento na ignição.

4-54
Os analisadores são projetados para se- nado. Neste caso, um fixador de cabos é utiliza-
rem usados como portáteis, ou permanentemen- do.
te instalados na aeronave. A maioria dos mode- Mais tarde, o analisador é levado de avi-
los comuns contém o controle de voltagem de ão para avião para fazer testes de ignição, ou vai
ignição e seletoras que permitem o uso de cap- nele para fazer testes de ignição em altitudes.
tadores de indução, conjunto de retardo ou ge- O analisador instalado a bordo tem uma
rador de 3 fases para sincronização. grande vantagem, – está sempre com o avião.
Os pesos do portátil e do instalado na Fazer tal instalação envolve custos adicionais do
aeronave variam com a forma de instalação en- analisador.
volvida. Obviamente isto requer que se tenha
Em uma aeronave típica de 2 motores pessoal a bordo capaz de operar o instrumento
equipada com sistema de ignição de baixa ten- em vôo, permitindo que esse pessoal teste o
são, a instalação portátil pesa aproximadamente sistema de ignição antes do pouso, e, assim,
22 Lbs (incluindo fios, conectores e equipamen- torne possível resolver prontamente as dificul-
to). A instalação a bordo pesa aproximadamente dades após o pouso.
45,5 Lbs. O diagrama na figura 4-72 ilustra uma
Uma instalação a bordo é aquela em que instalação do analisador de ignição a bordo em
a unidade analisadora de ignição e seus associa- um avião típico. A figura mostra que um con-
dos estão permanentemente instalados na aero- junto de retardo e filtro é requerido pelo motor.
nave. Nenhum fixador de cabos é usado, neste Somente uma caixa relé/resistor é requerida por
caso. avião. Uma exceção à regra são os aviões que
Uma instalação portátil é aquela na qual têm certos tipos de instalação de ignição de alta
o equipamento associado é permanentemente tensão. Essas instalações requerem uma caixa
instalado no avião, porém, o analisador é elimi- relé/resistor por motor.

Figura 4-72 Instalação do analisador em bimotores.

O conjunto de retardo de sincronização O filtro de interferência do rádio é mon-


"dispara" o circuito de varredura horizontal do tado na parede de fogo e no circuito primário de
tubo de raios catódicos. Ele opera à metade da ignição.
velocidade do eixo de manivelas do motor e é O número de unidades por filtro depende
temporizado de 3° a 4° antes da explosão do do número de fios massa em cada circuito pri-
cilindro n° 1. mário de ignição.

4-55
Uma unidade normalmente consiste em motor (proteções são instaladas para prevenir
uma bobina de reatância e um ou dois conden- acidentes na operação do interruptor), e um con-
sadores ligados em paralelo com o condensador junto interruptor de força com fusível e luz de
primário do magneto. O filtro é requerido por- indicação. Isso constitui o centro de controle
que o equipamento analisador não é blindado. para o analisador.
Ele também permite que a fiação do circuito Um diagrama de bloco de um analisador
analisador primário não seja blindado. A caixa de ignição está mostrado na figura 4-73. Sinais
de relé/resistor contém um resistor isolante para podem ser tracejados através de três tipos possí-
cada motor. Ela também contém relés selados veis de dispositivos sensores, os quais serão
hermeticamente, que permitem a derivação apresentados na face do tubo de raios catódicos.
seletiva e individual dos resistores para qualquer A figura 4-74 ilustra seis imagens típicas
motor. Os resistores de isolamento são para pre- de uma analisador de motores. Apesar de ser
venir qualquer curto no circuito analisador. Os requerido treinamento adicional para que se
relés de derivação permitem o uso do controle possa interpretar com exatidão o significado de
de voltagem de ignição. cada sinal, a configuração dos sinais na figura 4-
O conjunto do painel contém um motor e 74 mostra que todo mau funcionamento é apre-
um interruptor seletor de condição, um relé in- sentado através de figuras distintas e reconhecí-
dividual de operação por interruptores para cada veis.

Figura 4-73 Diagrama do analisador de ignição.

SISTEMAS DE IGNIÇÃO EM MOTORES


A TURBINA

Como os sistemas de ignição de motores


à turbinas são operados por um curto período
durante o ciclo de partida do motor, eles são, via
de regra, menos passíveis de problemas em re-
lação aos sistemas de ignição em motores con-
vencionais.
A maioria dos motores turbojato é equi-
pado com um sistema de ignição do tipo capaci-
Figura 4-74 Imagens típicas de um analisador tivo de alta energia. Ambos os motores do tipo
de motor. turboélice e turbojato podem ser equipados com

4-56
um sistema de ignição tipo eletrônico, o qual é A figura 4-76 apresenta um diagrama
uma variação do sistema tipo capacitivo simpli- esquemático de um sistema de ignição do tipo
ficado. capacitor utilizado em motores turbojato.
Uma tensão de entrada de 24 vcc é for-
Sistema de ignição de motores turbojato necida ao conector da unidade excitadora.
Esta alimentação inicialmente passa a-
O motor turbojato típico é equipado com través de um filtro de energizar a unidade exci-
um sistema de ignição do tipo capacitivo (des- tadora, tal filtro tem a função de evitar que si-
carga capacitiva), consistindo em duas unidades nais de ruído sejam induzidos no sistema elétri-
idênticas e independentes de ignição, operando co da aeronave.
a partir de uma fonte elétrica de corrente contí- A baixa tensão de entrada opera um mo-
nua de baixa tensão comum, que é a bateria de tor C.C., o qual aciona um sistema excêntrico
bordo da aeronave. singelo e um sistema excêntrico múltiplo. Ao
Os sistemas de ignição dos motores tur- mesmo tempo, a tensão de entrada é fornecida a
bojato podem ser rapidamente operados em um conjunto interruptor, que é acionado pelo
condições atmosféricas ideais, mas uma vez que sistema excêntrico múltiplo.
freqüentemente eles operam em condições de No conjunto de interruptores, uma cor-
grandes altitudes e baixas temperaturas, é impe- rente que é rapidamente interrompida, é enviada
rativo que o sistema seja capaz de fornecer cen- a um autotransformador.
telhas de alta intensidade de calor. Quando o interruptor é fechado, o fluxo
Com isso, uma alta tensão é fornecida ao de corrente através da bobina primária do trans-
terminal da vela de ignição, fornecendo ao sis- formador gera um campo magnético.
tema um alto grau de confiabilidade em condi- Quando o interruptor abre, o fluxo de
ções variáveis de altitude, pressão atmosférica, corrente cessa e a queda do campo induz uma
temperatura, vaporização de combustível e ten- tensão no secundário do transformador.
são de entrada. Essa tensão causa um pulso de corrente
Um sistema de ignição típico inclui duas que flui para o capacitor de carga através do
unidades excitadoras, dois transformadores, dois retificador que limita o fluxo em uma única di-
cabos de ignição intermediários e dois cabos de reção.
ignição de alta tensão. Com pulsos repetitivos no capacitor de
Com isso, como um fator de segurança, carga, este carrega-se com uma carga máxima
o sistema de ignição é realmente um sistema aproximada de 4 joules (1 joule por segundo
duplo, projetado para ativar duas velas de igni- equivale a 1 watt).
ção. A figura 4-75 apresenta parte de um siste- O capacitor de carga é conectado a vela
ma típico de ignição. de ignição através de um transformador de dis-
paro e de um contactor, normalmente abertos.
Quando a carga do capacitor é elevada, o
contator é fechado pela ação mecânica do siste-
ma excêntrico singelo.
Uma parte da carga flui através do pri-
mário do transformador de disparo, e o capaci-
tor é conectado em série com esses. Esta corren-
te induz uma alta tensão no secundário do trans-
formador, o qual ioniza a vela de ignição.
Quando a vela se torna condutiva, o ca-
pacitor de carga descarrega o restante de sua
energia acumulada juntamente com a carga do
capacitor, que está em série com o primário do
transformador de disparo.
A razão de centelhamento na vela de
ignição terá uma variação que será proporcional
Figura 4-75 Parte de um sistema típico de igni- à tensão da fonte de alimentação C.C., a qual
ção. afeta a rotação do motor.

4-57
Uma vez que ambos os sistemas excên- carga. A aplicação do transformador de disparo
tricos são atuados pelo mesmo eixo, o capacitor de alta freqüência, com um secundário de baixa
de carga acumulará sempre a sua energia com o reatância, mantém o tempo de disparo em um
mesmo número de pulsos antes do ciclo de des- valor mínimo.

Figura 4-76 Esquema de um sistema de ignição do tipo capacitor.

Esta concentração de máxima energia da do motor. Uma vez iniciada a combustão, a


em um mínimo de tempo fornece uma ótima chama é contínua. A figura 4-77 mostra os
centelha para o propósito de ignição, capaz de componentes de um sistema eletrônico de igni-
eliminar a carbonização e vaporizar os glóbulos ção típico.
de combustível. O sistema consiste em uma unidade di-
Toda a alta tensão nos circuitos de dispa- namotora/reguladora/filtro, um excitador, dois
ro é completamente isolada dos circuitos primá- transformadores de alta tensão, dois cabos de
rios. O excitador é completamente selado, pro- alta tensão e duas velas de ignição. Além desses
tegendo com isto todos os componentes de con- componentes são também usados cabos de in-
dições adversas de operação, eliminando a pos- terconexão, terminais, chaves de controle e o
sibilidade de perda de centelha em altitudes de- equipamento necessário para sua operação na
vido à mudança de pressão. Isto também asse- aeronave.
gura uma blindagem que evita a fuga de tensão O dinamotor é utilizado para elevar a
de alta freqüência, a qual interfere na recepção corrente contínua que é extraída da bateria de
de rádio da aeronave. bordo ou da fonte externa, para a tensão de ope-
ração do excitador.
Sistema eletrônico de ignição Essa tensão é utilizada para carregar dois
capacitores, os quais armazenam a energia que
Este sistema tipo capacitivo modificado será utilizada durante a ignição.
fornece ignição para os motores turboélice e Nesse sistema, a energia requerida para
turbojato. Como os outros sistemas de ignição, ativar a vela de ignição na câmara de combustão
este é requerido apenas durante o ciclo de parti- não é armazenada em uma bobina de indução,

4-58
como acontece nos sistemas convencionais de Velas de ignição de turbina
ignição.
No sistema eletrônico, a energia é arma- A vela de um sistema de ignição de tur-
zenada em capacitores. Cada circuito de descar- bina é consideravelmente diferente daquelas
ga inclui dois capacitores, ambos localizados na utilizadas nos sistemas de ignição dos motores
unidade excitadora. A tensão através desses convencionais. O seu eletrodo deve ser capaz de
capacitores é elevada por meio de transformado- resistir a uma corrente de muito maior energia,
res. em relação ao eletrodo de velas para motores
convencionais.
Essa corrente de alta energia pode rapi-
damente causar a erosão do eletrodo, mas os
pequenos períodos de operação minimizam a
manutenção da vela. O espaço do eletrodo de
uma vela de ignição típica é muito maior do que
aquela das velas de centelha, uma vez que as
pressões de operação são muito menores, e as
centelhas podem ser mais facilmente consegui-
das do que nas velas comuns.
Finalmente, a sujeira nos eletrodos, tão
comum nas velas de motores convencionais, é
minimizada pelo calor das velas de alta intensi-
dade.

Figura 4 -77 Sistema de ignição eletrônico.

No instante de ativação da vela de igni-


ção, a resistência do eletrodo é reduzida o sufi-
ciente para permitir que o capacitor maior des-
carregue sua energia através do eletrodo.
A descarga do segundo capacitor é de
baixa tensão, porém com alta energia.
O resultado é uma centelha de alta inten-
sidade de calor, capaz não somente de causar a
ignição de misturas anormais de combustível,
mas também de eliminar quaisquer depósitos de
material estranho nos eletrodos da vela.
O excitador é uma unidade dupla, e esse Figura 4-78 Vela de ignição do tipo angular.
produz centelhas em cada uma das duas velas de
ignição. A figura 4-78 mostra uma ilustração em
Uma série contínua de centelhas é pro- corte de uma vela de ignição típica com espa-
duzida até que o motor acenda. A corrente da çamento anular do eletrodo, por vezes conheci-
bateria é então interrompida, e as velas de igni- da como de "longo alcance", em função de pro-
ção não mais emitem centelha enquanto o motor jetar-se na câmara de combustão, produzindo
estiver operando. uma centelha mais efetiva.

4-59
REMOÇÃO, MANUTENÇÃO E INSTA-
LAÇÃO DOS COMPONENTES DO SIS-
TEMA DE IGNIÇÃO

As instruções seguintes constituem em


procedimentos típicos sugeridos pela maioria
dos fabricantes de turbinas. Essas instruções são
aplicáveis aos componentes do sistema de igni-
ção do motor (ilustrado na figura 4-77).
As instruções fornecidas pelo fabricante
devem sempre ser consultadas antes de se exe-
cutar manutenção em qualquer sistema de igni-
ção.

Figura 4-79 Vela de ignição do tipo confinado. Cabos do sistema de ignição


Outro tipo de vela de ignição, a vela con-
1) Remover as braçadeiras que fixam os cabos
finada (figura 4-79), é usada em alguns tipos de
de ignição ao motor.
turbinas. Essa opera em condições de tempera-
turas muito mais frias e é por esta razão, que
2) Remover os frenos e soltar os conectores
não se projetam diretamente na câmara de com-
elétricos da unidade excitadora (caixa de ig-
bustão.
nição).
Isto é possível porque a centelha não
permanece muito próxima da vela, mas produz
3) Remover freno e desconectar o cabo da vela
um arco além da face da câmara de combustão.
de ignição.
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DO SIS-
4) Descarregar qualquer carga elétrica armaze-
TEMA DE IGNIÇÃO DE MOTORES A
nada no sistema através da massa, e remover
TURBINA
os cabos do motor.
A manutenção de um sistema típico de
5) Limpar os cabos com solvente seco aprova-
ignição de turbinas consiste primariamente em
do.
inspeção, teste, pesquisa de problemas, remoção
e instalação.
6) Inspecionar os conectores quanto as roscas
danificadas, corrosão, isoladores quebrados e
Inspeção
pinos do conector amassados ou quebrados.
A inspeção de um sistema de ignição
7) Inspecionar os cabos quanto as áreas quei-
normalmente inclui o seguinte:
madas ou gastas, cortes, desgaste e deteriora-
ção de modo geral.
Inspeção / che- Reparo
que
8) Executar o teste de continuidade dos cabos.
Fixação dos Reaperto e fixação como
9) Reinstalar os cabos, obedecendo o procedi-
componentes, requerido
mento inverso ao da remoção.
parafusos e
braçadeiras
Velas de Ignição
Curtos e arcos Substituição dos compo- 1) Desconectar os cabos de ignição das velas.
de alta tensão nentes em falha e fiação.
2) Remover as velas de seus suportes.
Conexões soltas Fixação e aperto
como requerido 3) Inspecionar a superfície do eletrodo da vela.

4-60
4) Inspecionar a haste da vela quanto ao desgas-
te.

5) Substituir velas de ignição cuja superfície


esteja granulada, lascada, ou danificada de
forma generalizada.

6) Substituir velas sujas ou carbonizadas.

7) Instalar as velas de ignição nos suportes.


8) Verificar a distância adequada entre a câmara
de combustão e a vela de ignição.
Figura 4-80 Dois tipos de fio de avião.
9) Apertar as velas de ignição de acordo com o
torque especificado pelo fabricante. O termo cabo, como é usado nas instala-
ções elétricas do avião inclui:
10) Frenar as velas de ignição.
4) Um condutor central simples, isolado com
SISTEMAS ELÉTRICOS DO MOTOR um condutor externo de revestimento metáli-
co (cabo de radiofreqüência). A concentrici-
O desempenho satisfatório de qualquer dade do condutor central e do condutor ex-
avião moderno depende em grande parte da con- terno é cuidadosamente controlada durante a
fiabilidade contínua nos sistemas e subsistemas fabricação para assegurar que eles sejam co-
elétricos. A instalação ou manutenção incorreta axiais (cabo coaxial).
ou descuidada da fiação pode ser fonte de peri-
go imediato e potencial. Bitola de fio
O funcionamento adequado e contínuo
dos sistemas elétricos depende do conhecimento O fio é fabricado em bitola de acordo
e da técnica do mecânico que os instala, inspe- com o modelo padrão especificado pelo AWG
ciona e mantém os fios e cabos do sistema elé- (American Wire Gage).
trico. Como apresentado na figura 4-81, os di-
âmetros dos fios tornam-se menores à medida
Os procedimentos e as práticas apresentadas em que os números do calibre tornam-se maio-
neste manual são recomendações gerais e não res.
pretendem substituir as instruções e práticas A maior bitola do fio mostrado na figura
aprovadas pelo fabricante. 4-81 é o número 0000, e a menor é o número
40. As bitolas maiores e menores são fabricadas,
Para efeito desse manual, um fio é apre- mas não são comumente usadas.
sentado como um condutor simples e rígido, ou Um calibre de fio é apresentado na figu-
como um condutor retorcido, ambos revestidos ra 4-82. Esse tipo de calibre medirá os fios vari-
com um material isolante. A figura 4-80 ilustra ando em bitola do 0 até o número 36. O fio a ser
estas duas definições de um fio. medido é colocado na fenda menor que só medi-
rá o que estiver desencapado.
1) Dois ou mais condutores isolados separada- O número do calibre, correspondente à
mente e no mesmo invólucro (cabo multi- fenda, indica a bitola do fio. A fenda possui
condutor). lados paralelos e não deve ser confundida com a
abertura semicircular na sua extremidade. A
2) Dois ou mais condutores isolados separada- abertura simplesmente permite o movimento
mente e torcidos juntos (par torcido). livre do fio em direção e através da fenda.
Os números do calibre são úteis
3) Um ou mais condutores isolados, revestidos na comparação da bitola dos fios, mas nem to-
com uma blindagem trançada metálica (cabo dos os tipos de fio ou cabo podem ser medidos
blindado). precisamente com um calibre.

4-61
Fatores que afetam a seleção da bitola do fio

Diversos fatores devem ser considerados


na seleção da bitola do fio para transmissão e
distribuição de força elétrica.
O primeiro fator é a perda da energia
permitida (perda I2R) na linha. Essa perda re-
presenta a energia elétrica transformada em ca-
lor.
O uso de condutores maiores reduzirá a
resistência e, portanto, a perda de I2R. Entretan-
to, os condutores maiores, em princípio, são
mais caros do que os menores; eles são mais
pesados e necessitam de suportes mais substan-
ciais.
Um segundo fator é a queda de voltagem
permitida (queda IR) na linha. Se a fonte manti-
ver uma voltagem constante na entrada para as
linhas, qualquer variação na carga da mesma
provocará uma variação na corrente e, conse-
qüentemente, uma variação da queda IR.
Uma variação extensa da queda IR pro-
voca uma regulagem deficiente de voltagem na
carga. A solução óbvia é reduzir a corrente ou a
resistência. Uma redução na corrente de carga
Figura 4-81 Bitola de fio americano, padrão diminui a potência de saída da energia que está
sólido, de cobre. sendo transmitida, enquanto que uma redução
na resistência da linha aumenta o tamanho e o
peso dos condutores necessários.
Geralmente é alcançado um ponto de
equilíbrio, por meio do qual a variação de volta-
gem na carga permanece dentro dos limites tole-
ráveis, e o peso dos condutores na linha não é
excessivo.
Um terceiro fator é a capacidade do con-
dutor de corrente. Quando a corrente passa atra-
vés do condutor há produção de calor. A tempe-
ratura do fio aumenta até que o calor irradiado,
ou dissipado, seja igual ao calor gerado pela
passagem de corrente através da linha. Se o
condutor for isolado, o calor gerado nele não
será logo removido, como seria se esse não
fosse isolado. Dessa forma, para proteger o iso-
lante de calor excessivo, a corrente através do
Figura 4-82 Calibre para fio. condutor deve ser mantida abaixo de um certo
valor.
Os fios maiores são geralmente trança- Quando os condutores elétricos se acham
dos para aumentar sua flexibilidade. Em tais instalados em locais onde a temperatura ambi-
casos, a área total pode ser determinada multi- ente é relativamente alta, o calor gerado pelas
plicando-se a área de um fio trançado (geral- fontes externas constituem uma parte apreciável
mente computado em milipolegadas circulares do aquecimento total do condutor.
quando o diâmetro ou número da bitola é co- Deve ser feita uma compensação pela
nhecido) pelo número de fios no cabo trançado. influência do aquecimento externo sobre a cor-

4-62
rente permitida no condutor, e cada caso possui usado um fio de diâmetro menor ao invés de um
suas próprias limitações específicas. A tempera- de diâmetro maior.
tura máxima de operação permitida nos condu-
tores isolados varia com o tipo de isolante que CARACTERÍSTICAS COBRE ALUMÍNIO
Resistência a tensão 55.000 25.000
está sendo utilizado. Resistência a tensão para a mes- 55.000 40.000
Existem tabelas que relacionam os valo- ma condutividade (Ib)
res de segurança de corrente para as várias bito- Peso para a mesma condutivida- 100 48
las e tipos de condutores, revestidos com diver- de (Ib)
Secção para a mesma condutivi- 100 160
sos tipos de isolantes. A figura 4-83 mostra a dade (C.M)
capacidade dos condutores simples de cobre em Resistência especifica (Ω/mil ft.) 10,6 17
conduzir corrente, em ampères, numa tempera- Tabela 2 - Características do cobre e do alumí-
tura ambiente abaixo de 30°C. Este exemplo nio
fornece medidas somente para uma relação limi-
tada de bitolas de fios. Algumas barras de ligação são feitas de
alumínio ao invés de cobre, onde existe uma
Fatores que influenciam a seleção do materi- superfície de radiação maior para a mesma con-
al condutor dutância. As características do cobre e do alu-
mínio são comparadas na tabela 2.
Embora a prata seja o melhor condutor,
seu custo limita seu uso a circuitos especiais, Queda de voltagem nos fios e nos cabos de
onde é necessário um material com alta condu- um avião
tibilidade. Os dois condutores mais comumente
usados são o cobre e o alumínio. Cada um pos- É recomendado que a queda de voltagem
sui características próprias que tornam seu uso nos cabos principais da fonte de força de gera-
vantajoso sob certas circunstâncias, porém, pos- ção do avião, ou da bateria para a barra, não
suem também suas desvantagens. O cobre pos- exceda 2% da voltagem regulada quando o ge-
sui maior condutibilidade que o alumínio. Ele é rador estiver conduzindo uma corrente nominal,
mais dútil (pode ser estirado), possui relativa- ou a bateria estiver sendo descarregada na razão
mente alta resistência à tração e pode ser facil- de 5 minutos.
mente soldado. É mais caro e pesado do que o A tabela 3 mostra a queda de voltagem
alumínio. máxima recomendada em circuitos em carga
entre a barra e o equipamento de utilização.

QUEDA DE VOLTAREM PERMISSÍVEL


VOLTAGEM NO- OPERAÇÃO OPERAÇÃO
MINAL DO SIS- CONTINUA INTINERANTE
TEMA
14 0,5 1
28 1 -----
115 4 8
200 7 14

Tabela 3 - Queda de voltagem máxima reco-


Figura 4-83 Capacidade dos fios no transporte mendada nos circuitos de carga.
de corrente.
A resistência do circuito de retorno de
Embora o alumínio possua apenas cerca corrente à massa, através da estrutura do avião,
de 60% da condutibilidade do cobre, é usado é sempre considerada desprezível.
extensivamente. Entretanto, isto se baseia na suposição de
Sua leveza torna possível vãos extensos que tenham sido proporcionadas adequadas li-
e seu diâmetro, relativamente grande para uma gações a estrutura ou circuito especial de retor-
dada condutibilidade, reduz a corona (a descar- no da corrente elétrica à massa, e que sejam
ga de eletricidade do fio quando ele possui um capazes de conduzir a corrente elétrica necessá-
alto potencial). A descarga é maior quando é ria com uma queda mínima de voltagem.

4-63
Uma medida de resistência de 0,005 ohm distância necessária; 2) A bitola deve ser sufici-
de um ponto massa do gerador ou da bateria até ente para evitar superaquecimento do cabo du-
o terminal massa de qualquer componente elé- rante o transporte da corrente devida.
trico é considerada satisfatória. Os gráficos das figuras 4-84 e 4-85 po-
Outro método satisfatório de determinar dem simplificar essas determinações.
a resistência do circuito é o de verificar a queda Para usar esses gráficos a fim de selecio-
de voltagem através do circuito. nar a bitola apropriada do condutor, deve-se
Se essa queda não exceder os limites es- conhecer o seguinte:
tabelecidos pelo fabricante do componente ou
1 - O comprimento do condutor em pés.
do avião, o valor da resistência para o circuito
será considerado satisfatório. 2 - A quantidade de ampères da corrente a ser
Quando se usar o método de queda de conduzida.
voltagem para verificar um circuito, a voltagem
3 - O valor da queda de voltagem permitida.
de entrada deverá ser mantida num valor cons-
tante. 4 - Se a corrente a ser conduzida é intermitente
ou contínua e, se contínua, se o condutor é
Instruções para usar o gráfico de fios elétri- simples ao ar livre, em conduíte ou em chi-
cos cote.

O gráfico da figura 4-84 aplica-se a con- Suponha-se que seja desejado instalar
dutores de cobre conduzindo corrente contínua. um condutor a 50 pés da barra do avião para um
As curvas 1, 2 e 3 são traçadas para mostrar a equipamento num sistema de 28 volts. Para essa
máxima amperagem nominal para o condutor, distância, uma queda de 1 volt é permitida para
especificado sob as condições apresentadas. operação contínua.
Para selecionar a bitola correta do con- Consultando-se o gráfico da figura 4-84,
dutor, dois requisitos principais devem ser obe- pode-se determinar o número máximo de pés
decidos: 1) A bitola do fio deve ser suficiente que um condutor pode ter conduzindo uma cor-
para evitar queda de voltagem excessiva, en- rente específica com uma queda de 1 volt. Nesse
quanto estiver conduzindo a corrente devida na exemplo, é escolhido o número 50.

Figura 4-84 Gráfico de condutor fluxo contínuo (aplicável aos condutores de cobre).

4-64
Suponha-se que a corrente requerida tável para conduzir uma corrente de 20 ampères
pelo equipamento seja de 20 ampères. A linha num fio simples ao ar livre, sem superaqueci-
que indica o valor de 20 ampères deve ser sele- mento.
cionada pelas linhas diagonais. Segue-se essa Se a instalação se aplicar ao equipamen-
diagonal para baixo até que ela intercepte a li- to tendo apenas uma necessidade intermitente
nha horizontal de n° 50. (máximo de 2 minutos) de energia, o gráfico da
Deste ponto, basta ir direto para baixo do figura 4-84 será usado da mesma maneira.
gráfico, para verificar que um condutor entre as
bitolas 8 e 10 é necessário para evitar uma que- Isolamento do condutor
da maior do que 1 volt.
Sendo o valor indicado entre dois números, o de As duas propriedades fundamentais dos
maior bitola, o de n° 8, deve ser selecionado. materiais isolantes (por exemplo, borracha, vi-
Esse é o condutor de menor bitola que pode ser dro, amianto ou plástico) são: resistência do
usado para evitar uma queda de voltagem exces- isolamento e força dielétrica. Estas são proprie-
siva. dades inteiramente diferentes e distintas.
Para determinar a bitola do condutor A resistência do isolamento é a resistên-
suficiente para evitar superaquecimento, despre- cia à passagem de corrente, através e ao longo
za-se ambos os números ao longo do lado es- da superfície dos materiais isolantes.
querdo do gráfico e das linhas horizontais. A resistência do isolamento pode ser
Suponha-se que o condutor seja um fio medida com um megôhmetro sem danificar o
simples exposto ao ar livre que conduz corrente isolamento, de modo que a informação obtida
contínua. Localiza-se um ponto no alto do gráfi- sirva como guia para determinar as condições
co na diagonal numerada de 20 ampères. gerais do isolamento.
Segue-se esta linha até interceptar a dia- Entretanto, a informação obtida desta
gonal marcada "curva 2". Agora é só descer maneira não será um retrato fiel da condição do
desse ponto diretamente até o fundo do gráfico. isolamento.
Esse ponto está entre os números 16 e 18. Isolamento limpo e seco, contendo fen-
A bitola maior de n° 16 deve ser a sele- das ou defeitos, pode mostrar um alto valor de
cionada. Este é o condutor de menor bitola acei- resistência, mas não seria adequado para uso.

Figura 4-85 Gráfico de condutor fluxo intermitente.

4-65
Resistência dielétrica é a propriedade Alguns componentes do sistema, especi-
que o isolante possui de suportar a diferença de almente os plugues e as tomadas, são identifica-
potencial, e é geralmente expressa em termos de dos por uma letra ou grupo de letras e números,
voltagem na qual o isolamento não funciona adicionados ao número básico. Essas letras e
devido à tensão eletrostática. números podem indicar a localização do com-
A resistência dielétrica máxima pode ser ponente no sistema.
medida aumentando-se a voltagem de uma a- Os cabos interconectados são também
mostra de teste, até que o isolamento seja rom- marcados em alguns sistemas para indicar a
pido. localização, a terminação correta e a utilização.
Devido ao custo do isolamento e seu e- Em qualquer sistema a marca deve ser
feito de endurecimento junto a grande varieda- legível e a cor da estampagem deve contrastar
de de condições físicas e elétricas, sob as quais com a cor do isolante do fio. Por exemplo, a
os condutores são operados, somente o isola- estampagem preta deve ser usada com um fundo
mento mínimo necessário é aplicado para qual- de cor clara, e a branca com um fundo de cor
quer tipo específico de cabo destinado a desem- escura.
penhar uma determinada tarefa. Os fios são geralmente estampados com
O tipo de material de isolamento do con- intervalos de até 15 polegadas de extensão, e
dutor varia com o tipo de instalação. Tais tipos dentro de 3 polegadas de cada junção ou ponto
de isolantes como a borracha, seda e papel não terminal. A figura 4-87 mostra a identificação
são mais usados extensivamente em sistemas de de fios numa barra de ligação de terminais.
avião. Os mais comuns hoje em dia são o vinil, Cabos coaxiais e fios nas barras de liga-
algodão, náilon, teflon e amianto mineral. ção de terminais e caixas de junção são geral-
mente identificados pela estampagem de uma
Identificação de fios e cabos luva nos fios.
Para fiação de um modo geral, é geral-
A fiação e os cabos do sistema elétrico mente usada uma luva flexível de vinil, que po-
de avião podem ser estampados com uma com- de ser clara ou branca opaca. Para aplicações em
binação de letras e números para identificar o alta temperatura, é recomendada a luva de bor-
fio, o circuito a que ele pertence, o número da racha de silicone ou de fibra de vidro de silico-
bitola e, também, outra informação necessária ne. Se a resistência a fluidos hidráulicos sintéti-
para relacionar o fio ou cabo com um diagrama cos ou solventes for necessária, a luva de náilon
elétrico. Essas marcas são denominadas código clara ou branca opaca pode ser usada.
de identificação.
Não há nenhum procedimento padroni-
zado para estampar e identificar a fiação; cada
fabricante normalmente desenvolve seu próprio
código de identificação. Um sistema de identifi-
cação (figura 4-86) mostra o espaçamento usual
na marcação de um fio. O número 22 no código
refere-se ao sistema no qual o fio se acha insta-
lado, isto é, o sistema de VHF. O conjunto de
números seguinte indica que 013 é o do fio e o
18, sua bitola.

Figura 4-87 Identificação de fios numa barra de


Figura 4-86 Código de identificação de fios. terminais.

4-66
Embora o método preferido seja estam- Grupos de fios e chicotes
par a marca de identificação diretamente sobre o
fio ou sobre a luva, outros métodos são freqüen- Deve-se evitar a formação de chicote ou
temente empregados. A figura 4-88 mostra dois grupos com certos fios, tais como fiação de for-
métodos alternativos: um utiliza uma luva es- ça elétrica desprotegida e fiação para duplicação
tampada amarrada no lugar; o outro utiliza uma de equipamento vital.
fita de pressão. Os chicotes geralmente devem ser limi-
tados em 75 fios, ou 2 polegadas de diâmetro,
onde possível.
Quando diversos fios estiverem agrupa-
dos em caixas de junção, barras de terminais,
painéis, etc., a identidade do grupo de fios no
chicote (figura 4-89) pode ser mantida.
Figura 4-88 Métodos alternativos para identifi-
car chicotes.

Instalação de fiação elétrica

Os seguintes procedimentos recomenda-


dos para a instalação da fiação elétrica nos avi- Figura 4-89 Amarrações de grupo de fios e
ões são típicos daqueles usados na maioria dos chicotes.
casos. Para propósito desta descrição, as seguin-
tes definições são aplicáveis: Fios trançados

1) Fiação descoberta - qualquer fio, grupo de Quando especificados em desenhos de


fios ou chicote não envolvido por conduíte. engenharia, ou quando realizados como uma
prática local, os fios paralelos devem, às vezes,
2) Grupo de fios - dois ou mais fios indo para o ser trançados. Os exemplos que se seguem são
mesmo local amarrados juntos para manter a os mais comuns:
identidade do grupo. 1) Fiação nas vizinhanças de bússola magnética
ou da válvula de fluxo.
3) Chicote - dois ou mais grupos de fios amar-
rados juntos, porque eles estão indo na mes- 2) Fiação de distribuição trifásica.
mo direção para um ponto onde a amarração
está localizada. 3) Outros fios (geralmente na fiação para o sis-
tema rádio) como especificado nos desenhos
4) Fiação protegida eletricamente - fios que de engenharia.
incluem (no circuito) proteção contra sobre-
carga, tais como fusíveis, disjuntores ou ou- Trançar os fios de modo que eles se a-
tros dispositivos de limitação. comodem entre si, formando aproximadamente
o número de voltas por pés como mostrado na
5) Fiação sem proteção elétrica - fios (geral- tabela 4.
mente dos geradores até os pontos de distri- Verificar sempre se o isolamento dos fi-
buição da barra principal) que não possuem os foi danificado depois de trançados. Se o iso-
proteção, tais como fusíveis, disjuntores ou lamento estiver rompido ou com desgaste, subti-
outros dispositivos limitadores de corrente. tui-se o fio.
BITOLA DE FIO
#22 #20 #18 #16 #14 #12 #10 #8 #6 #4
2FIOS 10 10 9 8 7 1/2 7 6 1/2 6 5 4
3FIOS 10 10 8 1/2 7 6½ 6 5½ 5 4 3
Tabela 4 - número recomendado de voltas por pé.

4-67
Emendas nos chicotes Entretanto, nas barras de terminais, onde
o fio está adequadamente suportado em cada
As emendas em grupos de fios ou chico- extremidade da curvatura, o diâmetro externo do
tes devem ser localizadas, de modo que elas grupo de fios ou do chicote igual a 3 vezes o
possam ser inspecionadas facilmente. As mes- diâmetro externo é normalmente aceitável.
mas devem ser afastadas umas das outras (figura Existem, é claro, exceções a estas orien-
4-90), de modo que o chicote não se torne ex- tações. É o caso de certos tipos de cabo, como
cessivamente grosso. Todas as emendas não por exemplo, o cabo coaxial que nunca pode ser
isoladas devem ser revestidas com plástico e curvado num raio inferior a 10 vezes do diâme-
presas firmemente nas duas extremidades. tro externo.

Instalação e encaminhamento

Toda fiação deve ser instalada de modo a


Figura 4-90 Emendas de cabos em um chicote. ficar firme e com boa aparência. Sempre que
possível, os fios e os chicotes devem correr pa-
Chicotes frouxos ralelos ou em ângulos retos com as nervuras ou
longarinas da área envolvida.
Os fios simples, ou chicotes, não devem Como exceção desta regra temos o cabo
ser instalados com frouxidão excessiva. coaxial, que deve ser orientado em linha reta
A frouxidão entre os suportes não deve, tanto quanto possível.
normalmente, exceder uma deflexão máxima de A fiação deve ser fixada adequadamente
½ polegada com pressão manual (figura 4-91). em toda sua extensão. Um número suficiente de
Entretanto, esta pode ser excedida se o suportes deve ser instalado para evitar vibração
chicote for fino e as braçadeiras estiverem muito indevida dos trechos sem sustentações. Todos os
separadas. fios e grupos de fios devem ser direcionados e
A frouxidão nunca deverá ser tão grande instalados contra:
que o chicote possa roçar contra qualquer super-
fície. Uma quantidade suficiente de frouxidão 1) Fricção ou roçamento.
deve ser permitida próximo a cada extremidade 2) Alta temperatura.
de um chicote para: 3) Ser usado como alças ou como suporte de
pertences pessoais e equipamento.
1) Permitir fácil manutenção. 4) Danos pela movimentação de pessoal no in-
2) Permitir a substituição dos terminais. terior do avião.
3) Evitar a fadiga mecânica nos fios, junções 4) Danos por armazenamento ou movimentação
dos fios e suportes. da carga.
4) Permitir livre movimento do equipamento 6) Danos por vapores, borrifos ou salpicos de
montado contra choque e vibração. ácido da bateria.
5) Permitir a remoção do equipamento para fins 7) Danos por solventes ou fluidos.
de manutenção.
Proteção contra fricção

Os fios e os grupos de fios devem ser


protegidos contra fricção ou roçamento nos lo-
Figura 4-91 Frouxidão do chicote entre os su- cais onde o contato com superfícies pontiagudas
portes. ou outros fios possam danificar o isolamento.
Os danos ao isolamento podem provocar
Raio de curvatura curto-circuito, mau funcionamento ou operação
indevida do equipamento.
As curvaturas nos grupos de fios ou chi- Braçadeiras devem ser usadas para sus-
cotes não devem ser inferiores a 10 vezes do tentar os chicotes em cada orifício através de
diâmetro externo do grupo. um anteparo (figura 4-92).

4-68
Se os fios se aproximarem mais de ¼ de pole- Alguns fios devem invariavelmente pas-
gada da borda do orifício, usa-se um ilhós ade- sar através de áreas quentes. Esses fios devem
quado (figura 4-93). ser isolados com material resistente a altas tem-
peraturas, tal como amianto, fibra de vidro ou
teflon. Proteção adicional é também freqüente-
mente necessária sob a forma de conduítes. Um
fio com isolamento de baixa temperatura não
deve ser usado para substituir um fio com iso-
lamento de alta temperatura.
Muitos cabos coaxiais possuem isola-
mento de plástico mole tal como polietileno, o
qual está especialmente sujeito a deformações e
deterioração a temperaturas elevadas. Todas as
áreas sujeitas a temperaturas elevadas devem ser
evitadas ao se instalar esses tipos de cabos.
Proteção adicional contra fricção deve
ser fornecida aos fios de amianto envolvidos por
um conduíte. Pode ser usado um conduíte com
Figura 4-92 Braçadeira de cabo no orifício do revestimento de borracha de alta temperatura;
anteparo. ou os fios de amianto podem ser envolvidos,
individualmente, em tubos plásticos de alta
Às vezes é necessário cortar o ilhós de temperatura antes de serem instalados no condu-
náilon ou borracha para facilitar a instalação. íte.
Nestas circunstâncias, depois de colocado, o
ilhós pode ser mantido no lugar com cola de uso Proteção contra solventes e fluidos
geral. O corte da emenda dele deverá estar na
parte superior do orifício, e feito num ângulo de Os fios não devem ser instalados em
45° com o eixo do orifício do chicote. áreas onde fiquem sujeitos a estragos por flui-
dos, ou a menos de 4 polegadas da parte mais
baixa da fuselagem do avião, com exceção da-
queles que devem atingir aquela área.
Se houver possibilidade do fio ser mo-
lhado com fluidos, deverá ser usada uma tubu-
lação plástica para protegê-lo. Essa tubulação
deve estender-se através da área em ambos os
sentidos, e deve ser amarrada em cada extremi-
dade. Se o fio possuir um ponto baixo entre as
extremidades da tubulação, um orifício de dreno
de 1/8 de polegada deverá ser feito) nessa área
(figura 4-94).

Figura 4-93 Braçadeira de cabo e gromete no


orifício de passagem.

Proteção contra alta temperatura

Para evitar deterioração do isolamento,


os fios devem ser mantidos afastados de equi-
pamentos de alta temperatura, tais como resisto-
res, tubos de descarga ou dutos de aquecimento.
A distância de separação é normalmente especi- Figura 4-94 Orifício de dreno no ponto baixo
ficada pelos desenhos de engenharia. da tubulação.

4-69
Esse orifício deve ser perfurado na tubu- luva de polietileno pode ser usada sobre o chi-
lação após completar-se a instalação e o ponto cote para proporcionar maior proteção. Além
baixo, estabelecido pelo uso do perfurador para disso, duas braçadeiras de cabo, costas com cos-
cortar um meio círculo. tas (figura 4-95), podem ser usadas somente
Toma-se cuidado para não danificar para manter uma separação rígida, e não para
qualquer um dos fios no interior da tubulação suportar o chicote.
quando se usa o perfurador.
O fio nunca deve passar por baixo da
bateria do avião.
Todos os fios nas proximidades da bate-
ria devem ser inspecionados freqüentemente, e
os fios descoloridos pelos gases prejudiciais da
bateria devem ser subtituídos.

Proteção dos fios na área do alojamento das


rodas

Os fios localizados nos alojamentos das Figura 4-95 Separação entre a fiação e a tubu-
rodas estão sujeitos a diversos problemas adi- lação.
cionais em serviço, tais como: exposição a flui-
dos, apertos e acentuada flexibilidade. Nenhum fio pode ser direcionado de
Todos os chicotes devem ser protegidos modo que fique localizado mais próximo do que
por luvas de tubulação flexível, presas firme- ½ polegada de uma tubulação. Nem mesmo um
mente em cada extremidade, e não deve existir fio ou um chicote pode ser sustentado por tubu-
nenhum movimento relativo nos pontos onde a lação que conduza fluidos inflamáveis ou oxi-
tubulação flexível estiver presa. gênio.
Esses fios e a tubulação isolante devem A fiação deve ser instalada para manter
ser inspecionados cuidadosamente a intervalos uma folga mínima de pelo menos 3 polegadas
freqüentes e, tanto os fios quanto a tubulação, dos cabos de controle. Se isso não puder ser
devem ser substituídos ao primeiro sinal de des- observado, guardas mecânicas deverão ser insta-
gaste. ladas para evitar o contato entre a fiação e os
Não deve haver nenhum esforço nas cabos de controle.
fixações quando as partes estiverem completa-
mente estendidas, mas a frouxidão não deverá Instalação das braçadeiras de cabos
ser excessiva.
As braçadeiras de cabo devem ser insta-
Precauções na instalação ladas considerando-se o ângulo adequado (figu-
ra 4-96).
Quando a fiação tiver que ser instalada
paralelamente a linhas de fluidos combustíveis
ou de oxigênio em curtas distâncias, a separação
deverá ser mantida tanto maior quanto possível.
Os fios devem estar nivelados com ou
acima das tubulações.
As braçadeiras devem ser espaçadas de
modo que, se um fio for quebrado em uma bra-
çadeira, ele não entrará em contato com a linha.
Onde não for possível uma separação de 6 pole-
gadas, o chicote e a tubulação podem ser fixa-
dos na mesma estrutura para impedir qualquer
movimento relativo.
Se a separação for menor do que 2 pole- Figura 4-96 Ângulos de montagem adequados
gadas, porém maior do que ½ polegada, uma para braçadeiras de cabo.

4-70
O parafuso de montagem deve estar a- Essas braçadeiras devem se adaptar fir-
cima do chicote. É também conveniente que a memente, mas não devem ser deformadas quan-
parte traseira da braçadeira de cabo se apoie do fixadas no lugar.
contra um membro estrutural, onde e quando for
prático.
A figura 4-97 mostra algumas ferragens
típicas de montagens usadas na instalação das
braçadeiras de cabo.

Figura 4-97 Ferragens típicas de montagem


para braçadeiras de cabo.

É preciso atenção para que os fios não Figura 4-99 Instalação da braçadeira de cabo
fiquem comprimidos nas braçadeiras de cabo. na estrutura tubular.
Onde possível, instala-se os cabos diretamente
aos membros estruturais (figura 4-98). AMARRAÇÃO E LAÇAGEM DOS CHI-
COTES

Os grupos de fios e chicotes são amarra-


dos, ou laçados, com cordão para tornar mais
fácil a instalação, manutenção e inspeção. Esta
seção descreve e ilustra os procedimentos reco-
mendados para amarrar e laçar os fios com nós,
que se manterão firmemente sob todas as condi-
ções. A finalidade dessa apresentação defini-
mos os seguintes termos:

1) Laçagem é prender junto um grupo de fios ou


um chicote através de pedaços individuais de
cordão, amarrados em volta daqueles em in-
tervalos regulares.

2) Amarração é prender junto um grupo de fios


ou um chicote por um pedaço contínuo de
cordão, formando laços em intervalos regula-
res em volta daqueles.

3) Um grupo de fios é constituído de dois ou


Figura 4-98 Montagem da braçadeira de cabo mais fios amarrados ou laçados juntos para
na estrutura. identificar um sistema individual.

As braçadeiras podem ser usadas com 4) Um chicote é constituído de dois ou mais


proteção de borracha, para prender os chicotes grupos de fios amarrados ou laçados juntos
às estruturas tubulares (figura 4-99). para facilitar a manutenção.

4-71
O material usado para laçar ou amarrar é As meias-voltas devem ser espaçadas de
um cordão de náilon ou de algodão. O cordão de modo que o chicote apresente bom aspecto e
náilon é resistente à umidade e fungos, mas o segurança.
cordão de algodão deve ser encerado antes de A amarração termina com um nó de
ser usado, para que adquira as características meia-volta, continuando um dos cordões no
necessárias de proteção. sentido horário e o outro no sentido anti-horário,
e amarra-se as extremidades com um nó qua-
Amarração com cordão inteiriço drado. As extremidades livres dos cordões de
amarração devem ser aparadas em aproximada-
A figura 4-100 mostra o processo gradu- mente 3/8 de polegada.
al de amarração do chicote com um cordão in-
teiriço.

Figura 4-100 Amarração com cordão inteiriço.

A amarração é iniciada na extremidade


espessa do grupo de fios ou chicote com nó,
denominado "nó de porco" com um laço extra.
A amarração é então continuada com meias la-
çadas em intervalos regulares ao longo do
chicote e a cada ponto onde um fio ou um grupo
de fios se ramificam.
As meias laçadas devem ser espaçadas,
de modo que o chicote apresente bom aspecto e
segurança.
A amarração termina com um "nó de
porco" e um laço extra. Após apertar o nó, as Figura 4-101 Amarração com cordão duplo.
extremidades livres do cordão devem ser apara-
das em aproximadamente 3/8 de polegada. Amarração de ramificações

Amarração com cordão duplo A figura 4-102 ilustra um procedimento


recomendado para amarrar um grupo de fios que
A figura 4-101 ilustra o processo de a- ramifica do chicote principal.
marração com cordão duplo. A amarração do grupo de fios começa
A amarração é iniciada na extremidade com um nó localizado no chicote logo após o
mais espessa do chicote com um nó tipo "laça- ponto de ramificação.
da" ("A" da figura 4-101). Ela é continuada ao longo do grupo de
Em intervalos regulares ao longo do chi- fios ramificados, usando meias-voltas regular-
cote, e em cada ponto onde um fio se ramifica, a mente espaçadas.
amarração continua usando meias-laçadas, com Se for usado o cordão duplo, ambos os
ambos os cordões firmemente juntos. cordões devem ser mantidos apertados juntos.

4-72
Depois de um nó quadrado com uma al-
ça extra é amarrado, e as extremidades livres do
cordão são aparadas.
. Laços temporários são, às vezes, usados
para formar e instalar grupos de fios e chicotes.
O cordão colorido é normalmente usado para
fazer laços temporários, visto que eles serão
retirados assim que a instalação estiver comple-
ta
Sejam laçados ou amarrados, os chicotes
devem estar seguros para evitar deslizamento,
mas não tão fortemente que o cordão chegue a
cortar ou deformar o isolamento. Isto se aplica
especialmente ao cabo coaxial, que possui um
isolamento dielétrico mole entre o condutor in-
terno e o externo.
A parte de um chicote localizada no inte-
rior de um conduíte não é amarrada ou laçada,
Figura 4-102 Amarração de uma ramificação. mas os grupos de fios ou chicotes dentro de par-
tes fechadas, tais como caixas de junção, devem
As meias-voltas devem ser espaçadas ser apenas laçados.
para amarrar o grupo de fios com bom aspecto e
segurança. A amarração é terminada com o nó CORTE DE FIOS E CABOS
final regular usado na amarração de cordão in-
teiriço ou duplo. As extremidades livres do cor- Para tornar mais fácil a instalação,
dão devem ser aparadas corretamente. manutenção e o conserto, os cabos e fios instala-
dos num avião são interrompidos em locais
Enlaçe específicos por junções, tais como conectores,
blocos terminais ou barras. Antes de serem
Todos os grupos de fios ou chicotes de- instalados nestas junções, os fios e cabos devem
vem ser enlaçados onde os suportes estiverem ser cortados no comprimento adequado.
com mais de 12 polegadas de distância. As la- Todos os fios e cabos devem ser corta-
çadas são feitas usando-se cordão de algodão dos na extensão especificada nos desenhos ou
encerado, cordão de nylon ou de fibra de vidro. nos diagramas elétricos.
Alguns fabricantes permitem o uso de +.O corte deve ser feito cuidadosamente
uma fita de vinil, sensível à pressão e própria e, o fio ou o cabo, não devem ser deformados.
para equipamentos elétricos. Quando for possí- Se necessário, um fio de bitola grande deve ser
vel, a fita deverá ser enrolada três voltas em retocado depois do corte.
torno do chicote, e o final deve ser selado para Bons cortes podem ser feitos somente se
evitar que a fita desenrole. as lâminas das ferramentas estiverem afiadas e
A figura 4-103 ilustra um procedimento sem dentes.
recomendado para laçar um chicote. O laço é Uma lâmina cega (sem corte) deformará
iniciado passando-se o cordão em volta do chi- e deslocará as extremidades do fio.
cote fazendo um "nó de porco".
DESENCAPAMENTO DE FIOS E CABOS

Praticamente todos os fios e cabos utili-


zados como condutores elétricos possuem al-
gum tipo de isolamento.
Antes que o fio possa ser instalado nos
conectores, terminais, emendas, etc., o isola-
mento deve ser desemcapado nas extremidades
Figura 4-103 Laçando um chicote. de conexão para expor o fio nu.

4-73
O fio de cobre pode ser desencapado de que ¾ de polegada, é mais fácil executá-lo
várias maneiras, dependendo da bitola e do iso- em duas ou mais operações.
lamento.
A tabela 5 apresenta alguns tipos de fer- 6) Retorcer as pernas de cobre manualmente ou
ramentas desencapadoras recomendadas para com um alicate, se necessário, para restaurar
várias bitolas de fios e tipos de isolamento. a camada natural e a rigidez das pernas.

DESCASCADOR BITOLA ISOLANTE A figura 4-104 mostra um alicate desen-


Térmico #26---#4 TODOS MENOS capador de fio. Esta ferramenta é usada geral-
AMIANTO mente para desencapar a maior parte dos tipos
Elétrico #26---#4 TODOS de fio.
Debaricata #20---#6 TODOS
Manual #26---#8 TODOS
Tipo faca #2---#0000 TODOS
Tabela 5 - Desencapadores de fio de cobre.

O fio de alumínio deve ser desencapado


muito cuidadosamente, usando cuidado extre-
mo, visto que as pernas quebrar-se-ão facilmen- Figura 4-104 Desencapador manual de fios.
te após terem sido apertadas.
As seguintes precauções são recomenda- Os itens seguintes descrevem os proce-
das quando é desencapado qualquer tipo de fio: dimentos para desencapar o fio com um alicate
(ver a figura 4-105).
1) Ao se usar qualquer tipo de desencapador,
segure o fio de modo que fique perpendicular 1) Colocar o fio no meio exato da fenda cortan-
às lâminas de corte. te correspondente à bitola do fio a ser desen-
capado. Cada fenda está marcada com a bito-
2) Ajustar as ferramentas desencapadoras auto- la do fio.
máticas cuidadosamente. Seguir as instruções
do fabriante para evitar incisões, cortes ou,
de algum modo, danificar as pernas dos fios.
Isto é muito importante para os fios de alu-
mínio e para os fios de cobre de bitola menor
do que a n° 10. Examinar os fios desencapa-
dos quanto a avarias. Cortar e desencapar
novamente (se a extensão for suficiente), ou
rejeitar e substituir qualquer fio tendo mais
do que o número permitido de incisões ou
pernas quebradas, como mencionado na lista
de instruções do fabricante.

3) Ter a certeza de que o isolamento possui um


corte definido sem bordas esgarçadas ou ás-
peras. Aparar se necessário.

4) Ter a certeza de que todo o isolamento foi


retirado da área desencapada. Alguns tipos de
fio são fornecidos com uma camada transpa-
rente de isolante entre o condutor e o isola-
mento primário. Se este estiver presente, reti-
rá-lo.

5) Ao fazer uso de alicates desencapadores para Figura 4-105 Desencapando o fio com o de-
retirar extensões de isolamento maiores do sencapador manual.

4-74
2) Apertar os punhos tanto quanto possível. Terminais de fio de cobre

3) Soltar os punhos, permitindo que o prendedor Os fios de cobre possuem um acabamen-


do fio retorne à posição aberta. to com terminais de cobre reto pré-isolados sem
solda. O isolamento é parte do terminal e se
4) Retirar o fio desencapado. estende ao longo do seu cilindro, de modo que
revestirá uma parte do isolamento do fio, tor-
Terminais e emendas sem solda nando desnecessário o uso de uma luva isolante
(figura 4-106).
A emenda do cabo elétrico deve ser
mantida num mínimo, e totalmente evitada em
locais sujeitos às vibrações externas.
Os fios individuais num grupo de fios ou
em um chicote podem ser geralmente emenda-
dos, desde que toda a emenda seja localizada de
modo que ela possa ser inspecionada periodi-
camente.
As emendas devem ser espaçadas para Figura 4-106 Terminal pré-isolado.
que o grupo de fios não se torne excessivamente
grosso. Diversos tipos de conectores de emenda Além disso, os terminais pré-isolados
são utilizados para a emenda de fios individuais. possuem uma garra (uma luva de reforço metá-
Os conectores de emenda auto-isolante lico) embaixo do isolamento, para reforço de
geralmente são os mais preferidos; entretanto, aperto extra sobre o isolamento do fio.
um conector de emenda não isolado pode ser Os terminais pré-isolados adaptam-se a
usado se a emenda for revestida com luva plás- mais de uma bitola de fio, o isolamento geral-
tica presa nas duas extremidades. mente possui um código colorido cuja finalida-
As emendas de solda podem ser usadas, de é identificar as bitolas dos fios, cujos acaba-
mas elas são geralmente inseguras e não reco- mentos podem ser executados com cada termi-
mendáveis. nal.
Os fios elétricos possuem um acabamen-
to com alça de terminal sem solda para permitir Ferramentas de estampagem
uma conexão fácil e eficiente, e para a descone-
xão dos blocos terminais, barras de ligação, ou Existem ferramentas portáteis, manuais e
outro equipamento elétrico. elétricas, bem como máquinas elétricas de ban-
As emendas sem solda ligam os fios elé- cada, para estampagem dos terminais. Essas
tricos para formar um circuito contínuo perma- ferramentas prendem o cilindro do terminal ao
nente. condutor e, simultaneamente, prendem a garra
As alças de terminal sem solda e as e- isolante ao isolante do fio.
mendas são feitas de cobre ou alumínio, e são Todas as ferramentas de estampagem
pré-isoladas ou não isoladas, dependendo da manual possuem uma catraca auto-frenante, que
aplicação desejada. evita a abertura da ferramenta até que a estam-
As alças de terminal são geralmente en- pagem esteja pronta. Algumas ferramentas de
contradas em três tipos, para serem usadas em estampagem manual são equipadas com um
condições e locais diferentes. Essas alças são do jogo de diversas estampas para adaptar os tama-
tipo bandeirola, reta e em ângulo reto. Os termi- nhos diferentes de terminais.
nais são estampados com os fios por meio de Outras são usadas com um tamanho
alicates de estampagem manual ou máquinas de único de terminal.
estampagem. Todos os tipos de ferramentas de estam-
A explanação seguinte descreve os mé- pagem manual são verificadas pelos calibrado-
todos recomendados para acabamentos de fios res para ajuste adequado nas mandíbulas de a-
de cobre ou alumínio, utilizando terminais sem perto.
solda. Ela ainda descreve o método de emenda A figura 4-107 mostra um terminal in-
dos fios de cobre usando emendas sem solda. troduzido numa ferramenta manual.

4-75
Os itens abaixo descrevem como proce- A luva proporciona proteção elétrica e
der durante a estampagem: mecânica à conexão.
Quando o tamanho da luva usada for o
1) Desencapar o fio na extensão adequada; ideal para que ela se ajuste firmemente sobre o
cilindro do terminal, a luva não precisa de aper-
2) Enfiar o terminal, começando pela alça, nas to; caso contrário, ela deve ser laçada com um
mandíbulas de aperto da ferramenta, até que cordão, como ilustrado na figura 4-108.
a alça do terminal encoste no batente da fer-
ramenta; Terminais de alumínio

3) Instalar o fio desencapado no cilindro do O uso do fio de alumínio nos sistemas de


terminal até que o isolamento do fio encoste aeronaves está aumentando devido à vantagem
na extremidade do cilindro; de seu peso sobre o do cobre.
Entretanto, a dobradura freqüente do
4) Apertar os punhos da ferramenta até que a alumínio provoca fadiga do metal tornando-o
catraca seja liberada; quebradiço. Isso resulta em falha ou rompimen-
to das pernas dos fios mais rápido do que num
5) Retirar o conjunto completo, e examiná-lo caso semelhante com fio de cobre.
quanto à estampagem adequada. O alumínio também forma uma película
de óxido altamente resistente assim que exposto
Alguns tipos de terminais não-isolados- ao ar. Para compensar estas desvantagens, é
anteriormente são isolados após a instalação importante que sejam usados os mais confiáveis
num fio, por meio de tubos flexíveis transparen- procedimentos de instalação.
tes denominados luvas. Somente as alças de terminal de alumí-
nio são usadas para acabamento dos fios. Elas
são geralmente encontradas em 3 (três) tipos:
(1) Retos; (2) Ângulo Reto; e (3) Bandeira. To-
dos os terminais de alumínio possuem um furo
de inspeção (figura 4-108) onde se verifica a
profundidade da inserção do fio. O cilindro do
terminal de alumínio contém um composto de
pó de petrolato de zinco.
Esse composto retira a camada muito
fina do óxido de alumínio através do processo
de abrasão, durante a operação de estampagem.

Figura 4-107 Inserindo o terminal na ferramen-


ta manual.

Figura 4-109 Introdução de fio de alumínio em


Figura 4-108 Luva isolante. terminal de alumínio.

4-76
O composto também diminuirá, mais Emenda com solda e composto condutor/anti-
tarde, a oxidação pela eliminação da umidade do oxidante
ar. O composto é retido na parte interna do ci-
lindro do terminal por um plástico ou um selan- Quando não houver disponibilidade de
te de alumínio na sua extremidade. nenhuma emenda permanente ou nenhum ter-
minal, um fio quebrado pode ser emendado da
Emenda de fios de cobre usando emendas seguinte maneira (figura 4-111):
pré-isoladas

As emendas de cobre permanente pré-


isoladas unem fios pequenos de bitola 22 até 10.
Cada tamanho de emenda pode ser usado para
mais de uma bitola de fio. As emendas são iso-
ladas com plástico branco; elas também são
usadas para reduzir as bitolas dos fios (figura 4-
110).

Figura 4-111 Soldando um fio quebrado.

1) Instalar um pedaço de luva plástica com 3


Figura 4-110 Redução da bitola do fio com polegadas de comprimento e de diâmetro a-
uma emenda permanente. propriado para adaptar-se frouxamente sobre
o isolamento, num dos lados do fio quebrado.
As ferramentas de estampagem são usa-
das para realizar esse tipo de emenda. Os proce- 2) Desencapar aproximadamente 1 ½ polegada
dimentos de estampagem são semelhantes aos de cada extremidade do fio quebrado.
usados para os terminais, excetuando-se que o
aperto deve ser feito duas vezes, uma para cada 3) Colocar as extremidades desencapadas lado a
extremidade da emenda. lado, e enrolar um fio ao redor do outro com
aproximadamente quatro voltas.
EMENDAS DE EMERGÊNCIA
4) Enrolar a extremidade livre do segundo fio
Os fios quebrados podem ser con- ao redor do primeiro com aproximadamente
sertados através de emendas de estampagem, 4 voltas. As voltas de fio são soldadas juntas,
usando um terminal do qual a alça foi cortada, usando uma solda de 60/40 estanho chumbo
ou soldando as pernas quebradas, e aplicando o com núcleo de resina.
composto condutor antioxidante.
EsSes consertos são aplicáveis ao fio de 5) Quando a solda estiver fria, puxar a luva so-
cobre; já o fio de alumínio danificado não deve bre os fios soldados e amarrá-la numa das ex-
ser emendado temporariamente. tremidades. Se o composto condutor anti-
As emendas são usadas somente em caso oxidante estiver disponível, encher a luva
de emergência temporária, e devem ser substitu- com esse material, e amarrar firmemente a
ídas, logo que seja possível, fazer consertos outra extremidade.
permanentes. 6) Permitir que o composto permaneça sem ser
Visto que alguns fabricantes proibem a tocado durante 4 horas. A cura completa e as
emenda, as instruções fornecidas por eles devem características elétricas são atingidas em 24
ser consultadas permanentemente. horas.

4-77
CONEXÃO DE TERMINAIS A BLOCOS As instruções do fabricante fornecem
TERMINAIS torques de instalação para todos os tipos de ter-
minais.
Os terminais devem ser instalados sobre
os blocos terminais, de modo que eles sejam LIGAÇÃO À MASSA
presos contra o movimento no sentido de afrou-
xamento (figura 4-112). Ligação à massa é a ligação elétrica de
um objeto condutor com a estrutura primária
completando o caminho de retorno da corrente.
As estruturas primárias são a fuselagem e as
asas do avião, comumente denominadas como
massa ou terra. A ligação à massa é encontrada
nos sistemas elétricos do avião, para:

1) Proteger o avião e o pessoal contra descarga


de raio.
Figura 4-112 Conexão de terminais a bloco de
terminais. 2) Proporcionar caminhos de retorno da corren-
te.
Os blocos terminais são geralmente e-
quipados com estojos retidos por uma arruela 3) Evitar o desenvolvimento de potenciais de
lisa, uma arruela-freno e uma porca. Ao conec- radio-freqüência.
tar os terminais, a prática recomendada é colo-
car a alça dos terminais de cobre diretamente 4) Proteger o pessoal contra choques.
sobre a porca, seguida por uma arruela lisa e
uma porca autofrenante, ou uma arruela lisa, 5) Proporcionar estabilidade de transmissão e
arruela-freno de aço e uma porca comum. recepção do rádio.
Os terminais de alumínio devem ser ins-
talados sobre arruelas lisas com banho de latão, 6) Evitar a acumulação de carga estática.
seguida por outra arruela igual, uma arruela-
freno de aço e uma porca comum ou autofrenan- Procedimentos gerais para ligação à massa
te.
A arruela lisa deve possuir um diâmetro Os procedimentos gerais e as precauções
igual a largura da alça do terminal de alumínio. seguintes são recomendadas quando forem fei-
As instruções fornecidas pelo fabricante concer- tas ligações à massa:
nentes às dimensões dessas arruelas devem ser
consultadas. 1) Ligar as partes à massa através da estrutura
Não se instala nenhuma arruela entre os primária do avião, e onde for mais adequado.
dois terminais de alumínio, ou entre dois termi-
nais de cobre. 2) Fazer as conexões de massa de modo que
Além disso, não se instala uma arruela- nenhuma parte da estrutura do avião seja en-
freno junto a um terminal de alumínio. fraquecida.
Para unir um terminal de cobre a um
terminal de alumínio, coloca-se uma arruela lisa 3) Ligar as partes à massa individualmente, se
com banho de latão sobre a porca que mantém o possível.
estojo no lugar; e depois o terminal de alumínio,
seguido por uma arruela lisa com banho de la- 4) Instalar as ligações à massa sobre superfícies
tão, um terminal de cobre, uma arruela lisa, uma lisas e limpas.
arruela-freno de aço e uma porca comum ou
auto-frenante. 5) Instalar as ligações à massa, de modo que a
Como regra geral, usa-se uma chave vibração, expansão ou contração, ou o mo-
dinamométrica para apertar as porcas, a fim de vimento relativo em operação normal não
assegurar pressão de contato suficiente. quebre ou afrouxe a conexão.

4-78
6) Instalar as conexões à massa em áreas prote-
gidas sempre que for possível

As ligações à massa devem ser mantidas


tão próximas quanto possível; ela não deve in-
terferir na operação dos elementos móveis do
avião tais como superfícies de controle.
O movimento normal destes elementos
não deve resultar em avaria na ligação à massa.
A ação eletrolítica pode corroer rapida-
mente uma ligação à estrutura se não forem ob-
servadas as precauções adequadas.
As ligações de liga de alumínio são re-
comendadas para a maioria dos casos; entretan-
to, as de cobre podem ser usadas para unir as
partes feitas de aço inoxidável, aço com banho
de cádmio, cobre latão ou bronze.
Onde o contato entre metais diferentes
não possa ser evitado, a escolha da ligação e das
ferragens deve ser tal que a corrosão seja redu-
zida, e a parte que mais provavelmente sofrerá
corrosão seja a ligação ou a ferragem associada.
As partes A e B da figura 4-113 mostram algu-
mas combinações para fazer as conexões de
ligação à estrutura.
Em locais onde o acabamento é removi-
do, uma camada protetora deve ser aplicada à
conexão completa, para evitar corrosão. Figura 4-113 Combinações de ferragens para
O uso de solda para fixar as conexões fazer conexões à estrutura.
deve ser evitado.
Os membros tubulares devem ser ligados 1) Na confecção de uma conexão estojo (figu-
por meio de braçadeiras às quais a conexão está ra 4-114), um parafuso é preso firmemente
fixada. à estrutura, tornando-se assim um estojo.
A escolha correta do material de braça- As ligações à massa podem ser retiradas ou
deira diminui a probabilidade de corrosão. acrescentadas à espiga, sem retirar o estojo
Quando as ligações à estrutura conduzirem uma da estrutura.
corrente de retorno de intensidade substancial, a
capacidade de corrente da conexão deve ser
adequada, e deverá ser determinado que seja
produzida uma queda de voltagem insignifican-
te.
As ligações à massa são geralmente fei-
tas em superfícies planas, furadas por meio de
parafusos onde existe fácil acesso para instala-
ção. Outros tipos gerais de conexões aparafusa-
das são as seguintes:
A. Conexão de junção de cobre à estrutura tubu- Figura 4-114 Ligação à massa com estojo numa
lar; superfície plana

B. Fixação do conduíte à estrutura; 2) As porcas de âncora são usadas onde o aces-


so às porcas para conserto é difícil. Elas são
C. Conexão de junção de alumínio à estrutura rebitadas ou soldadas numa área limpa da es-
tubular. trutura (figura 4-115).

4-79
Devido a facilidade com que o alumínio
é deformado, é necessário distribuir a pressão
do parafuso e da porca por meio de arruelas
lisas.
As ferragens usadas para fazer as liga-
ções à massa devem ser selecionadas com base
na resistência mecânica, na corrente a ser con-
duzida e na facilidade de instalação.
Se a conexão for feita por terminal de
Figura 4-115 Ligação à massa com porca de alumínio ou de cobre, uma arruela de material
âncora numa superfície plana. adequado deverá ser instalada entre os metais
diferentes, de modo que qualquer corrosão que
As ligações à massa são feitas também ocorre na arruela, poderá ser descartada.
numa chapa rebitada na estrutura. Em tais casos,
é importante limpar a superfície da ligação à
massa, e fazer a ligação como se a conexão esti-
vesse sendo feita na estrutura. Se for necessário
remover a chapa por qualquer motivo, os rebites
devem ser substituídos por outros de um número
imediatamente superior, e as superfícies conju-
gadas da estrutura e da chapa devem estar lim-
pas e livres de película anódica.
As ligações à massa podem ser feitas Figura 4-117 Ligação à massa numa superfície
com às ligas de alumínio, magnésio ou de estru- cilíndrica.
tura tubular de aço resistente à corrosão, con-
forme apresentado na figura 4-116, que mostra O material e o acabamento da ferragem
o arranjo das ferragens para conexão com ter- devem ser selecionados a partir do material da
minal de alumínio. estrutura, onde a fixação é feita, e no material da
ligação e do terminal especificado para ligação à
massa.
Pode ser usado qualquer tipo de parafuso
do tamanho adequado para o terminal da cone-
xão especificada. Quando se consertar, ou subs-
tituir, as ligações de massa existentes, deverá ser
mantido o mesmo tipo de ferragem usado na
conexão original.

CONECTORES

Os conectores (plugues e receptáculos)


facilitam a manutenção quando for necessária
uma desconexão freqüente. Visto que o cabo
está soldado aos pinos inseridos no conector, as
ligações devem ser instaladas individualmente,
e o chicote firmemente suportado para evitar
danos devido a vibração.
No passado, os conectores foram parti-
cularmente vulneráveis à corrosão devido a con-
densação dentro do invólucro. Conectores espe-
ciais, com características à prova d’água, têm
sido desenvolvidos para que possam substituir
Figura 4-116 Ligação à massa numa superfície plugues que não são à prova d'água nas áreas
cilíndrica. onde a umidade constitui um problema.

4-80
Um conector do mesmo tipo e modelo As classes A, B, C e D são feitas de alumínio e
deve ser usado quando substituir um outro. a classe K é feita de aço.
Os conectores suscetíveis à corrosão
podem ser tratados com uma gelatina à prova 1 - Classe A - Conector sólido, de invó-
d’água quimicamente inerte. lucro traseiro inteiriço com finalidade geral.
Quando se substitui os conjuntos de co-
nectores, o tampão do tipo soquete deve ser u- 2 - Classe B - O invólucro traseiro do
sado na metade que está "viva" ou "quente" de- conector separa-se em duas partes longitudinal-
pois da desconexão do conector, para evitar uma mente. Usado principalmente onde for impor-
ligação à massa. tante o pronto acesso aos conectores soldados.
O revestimento traseiro é mantido junto por um
Tipos de conectores anel roscado ou por parafusos.
3 - Classe C - Um conector pressurizado
Os conectores são identificados pelos com pinos inseridos não removíveis. Semelhan-
números da classe AN, e são divididos em clas- te ao conector classe “A” na aparência, mas a
ses com variações do fabriante para cada classe. disposição do selante interno é, às vezes, dife-
As variações do fabricante são diferentes em rente. Ele é usado nos anteparos do equipamen-
aparência e em método para seguir uma especi- to pressurizado.
ficação.
Alguns conectores mais comumente u- 4 - Classe D - Conector resistente à vi-
sados são mostrados na figura 4-118. bração e a umidade, que possui um ilhós selante
Existem cinco classes básicas de conec- de borracha no invólucro traseiro. Os fios são
tores AN usados na maioria das aeronaves. Ca- passados através dos orifícios apertados de bor-
da classe de conector diferencia-se ligeiramente racha selante no ilhós, e, dessa forma, selados
da outra em sua característica de construção. contra a umidade.

Figura 4-118 Conectores AN.

4-81
5 - Classe K - Um conector à prova de 3) Alternadamente, empurrar o plugue para den-
fogo, usado em áreas onde é vital que a corrente tro, e apertar o anel de acoplamento até que o
elétrica não seja interrompida, mesmo quando o plugue esteja completamente assentado.
conector estiver exposto a uma chama aberta
contínua. 4) Se o espaço ao redor do conector for muito
Os fios são estampados aos pinos ou pequeno para segurá-lo firmemente, usar ali-
contatos do soquete, e os invólucros são feitos cates de conectores para apertar os anéis de
de aço. Essa classe de conector é geralmente acoplamento 1/16 até 1/8 de uma volta além
maior do que as outras. do aperto manual.

Identificação de conectores 5) Nunca usar força para unir os conectores aos


receptáculos. Não usar martelo para introdu-
As letras e os números do código são zir um plugue em seu receptáculo, e nunca
marcados no anel de acoplamento ou no invólu- usar uma chave de torque ou alicate para fre-
cro, para identificar o conector. nar os anéis de acoplamento.
O código (figura 4-119) proporciona to-
da informação necessária para se obter uma Um plugue é geralmente desmontado de
substituição correta da peça defeituosa ou avari- um receptáculo da seguinte maneira:
ada.
1) Usar alicates de conectores para afrouxar os
anéis de acoplamento, que estejam apertados
demais para serem afrouxados manualmente.

2) Alternadamente, puxar o plugue, e desapertar


o anel de acoplamento, até que o plugue este-
ja solto.

3) Proteger os plugues e os receptáculos desco-


nectados com tampões ou sacos plásticos, pa-
ra evitar a entrada de materiais estranhos que
possam acarretar falhas.
Figura 4-119 Codificação do conector AN.
4) Não usar força excessiva, e não puxar os
Muitos conectores com finalidades espe- fios instalados.
ciais têm sido construídos para o uso em aero-
naves. Esses incluem conectores de invólucro CONDUÍTE
subminiatura e retangulares, e conectores com
invólucro de corpo pequeno ou de construção de O conduíte é usado nas instalações da
invólucro bipartido. aeronave para a proteção mecânica dos fios e
dos chicotes. Ele é encontrado em materiais
Instalação de conectores metálicos e não metálicos, nas formas rígida e
flexível.
Os procedimentos seguintes descrevem Quando é selecionado o diâmetro do
um método recomendado de instalação dos co- conduíte para a aplicação em um chicote, para
nectores com os receptáculos. facilitar a manutenção, no caso de uma possível
expansão futura, é comum especificar o diâme-
1) Localizar a posição adequada do plugue em tro interno do conduíte em torno de 25% maior
relação ao receptáculo, alinhando a chaveta do que o diâmetro máximo do chicote. O diâme-
de uma peça com a ranhura da outra peça. tro nominal de um conduíte metálico rígido é o
diâmetro externo.
2) Colocar o plugue no receptáculo com uma Portanto, para se obter o diâmetro inter-
leve pressão para frente, e encaixar as roscas no, basta subtrair duas vezes a espessura da pa-
do anel de acoplamento e do receptáculo. rede do tubo.

4-82
Do ponto de vista da abrasão, o condutor componentes e equipamentos elétricos comu-
é vulnerável nas extremidades do conduíte. A- mente usados.
daptações apropriadas são afixadas às extremi- Os limites de carga elétrica, meios acei-
dades do conduíte, de maneira que uma superfí- táveis de controle das cargas elétricas e disposi-
cie lisa entre em contato com o condutor. Quan- tivos de proteção do circuito, são assuntos com
do as conexões não forem usadas, a extremidade os quais os mecânicos devem se familiarizar
do conduíte deve ser flangeada para evitar es- para instalar e manter adequadamente os siste-
tragos no isolamento do fio. O conduíte é sus- mas elétricos do avião.
tentado por braçadeiras ao longo de seu percur-
so. Limites de carga elétrica
Muitos dos problemas comuns de insta-
lação de conduíte podem ser evitados, prestan- Ao se instalar equipamento elétrico adi-
do-se atenção aos seguintes detalhes: cional que consuma energia elétrica numa aero-
nave, a carga elétrica total deverá ser controla-
1) Não instalar o conduíte onde ele possa ser da, ou remanejada, dentro dos limites dos com-
usado como apoio das mãos ou dos pés. ponentes afetados no sistema de alimentação da
aeronave.
2) Instalar orifícios dreno nos pontos mais bai- Antes que qualquer carga elétrica de
xos ao longo do conduíte. As rebarbas devem aeronave seja aumentada, os fios, cabos e dispo-
ser cuidadosamente retiradas desse orifícios. sitivos de proteção de circuito (fusíveis ou dis-
juntores) associados deverão ser verificados
3) Apoiar o conduíte para evitar atrito na estru- para determinar se a nova carga elétrica (carga
tura, e ainda evitar esforço nas adaptações elétrica anterior mais a carga acrescentada) não
em suas extremidades. excede os limites estabelecidos dos fios existen-
tes, cabos ou dispositivos de proteção.
As partes danificadas do conduíte devem Os valores de saída do gerador ou do
ser consertadas para evitar danos aos fios ou aos alternador, determinados pelo fabricante, devem
chicotes. O raio de curvatura mínimo permitido ser comparados às cargas elétricas que podem
para um conduíte rígido deve ser o descrito nas ser impostas ao gerador ou alternador afetado
instruções do fabricante. As curvaturas torcidas pelo equipamento instalado.
ou enrugadas num conduíte rígido não são acei- Quando a comparação mostra que a car-
táveis. ga elétrica total provável conectada pode exce-
O conduíte de alumínio flexível é encon- der os limites de carga de saída dos geradores
trado comumente em dois tipos: conduíte flexí- ou dos alternadores, deverá haver uma redução
vel desencapado; e revestido com borracha. O para que não ocorra sobrecarga.
conduíte de latão flexível é normalmente usado Quando uma bateria fizer parte do siste-
no lugar do conduíte de alumínio flexível, onde ma de força elétrica, essa deve ser continuamen-
for necessário minimizar a interferência no rá- te carregada em vôo, exceto quando pequenas
dio. cargas intermitentes estiverem ligadas, tais co-
O conduíte flexível pode ser usado onde mo um transmissor de rádio, um motor de trem
for impossível usar o conduíte rígido, como em de pouso ou outros aparelhos semelhantes, que
áreas que possuam movimento entre as extremi- possam solicitar cargas da bateria em curtos
dades do conduíte, ou onde forem necessárias intervalos de tempo.
curvaturas complexas. A fita adesiva transpa- Controle ou monitoramento da carga elétrica
rente é recomendada quando se corta a tubula-
ção flexível com uma serra para minimizar a É recomendável a instalação de placares
desfiadura da trança. para informar a tripulação quanto às combina-
ções de cargas elétricas que podem ser conecta-
INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTO ELÉ- das com segurança ao sistema de geração da
TRICO aeronave.
Nas instalações onde o amperímetro se
Esta parte fornece os procedimentos ge- encontra no cabo da bateria, e o sistema regula-
rais e medidas de segurança para instalação de dor limita a corrente máxima que o gerador ou o

4-83
alternador pode distribuir, um voltímetro pode A figura 4-120 mostra um exemplo da
ser instalado na barra do sistema. Enquanto o tabela usada na seleção do disjuntor e do fusível
amperímetro não indicar "descarga" (exceto de proteção para condutores de cobre. Essa
para pequenas cargas intermitentes, tais como as tabela limitada é aplicável a um conjunto
que operam trens de pouso e flapes), e o voltí- específico de temperaturas ambientes e bitolas
metro permanecer indicando "voltagem do sis- dos fios dos chicotes, e é apresentada somente
tema" , o gerador ou alternador não estarão so- como um exemplo típico. É importante
brecarregados. consultar tais tabelas antes de selecionar um
Nas instalações onde o amperímetro se condutor para uma finalidade específica. Por
encontra no cabo do gerador ou do alternador, e exemplo, um fio único ao ar livre pode ser
o regulador do sistema não limita a corrente protegido pelo disjuntor de valor imediatamente
máxima que o gerador ou o alternador pode for- superior aquele mostrado na tabela.
necer, o amperímetro pode ser marcado em
vermelho em 100% da capacidade do gerador .Fio de cobre Amperagem Amperagem
AN Do disjuntor Do fusível
ou do alternador.
Se nunca for permitido à leitura do am- 22 5 5
perímetro exceder a linha vermelha, exceto para 20 7,5 5
pequenas cargas intermitentes, o gerador ou o 18 10 10
alternador não serão sobrecarregados. 16 15 10
Quando dois ou mais geradores funcio- 14 20 15
nam em paralelo, e a carga total do sistema pode 12 30 20
exceder a capacidade de saída de um gerador, 10 40 30
deverão ser providenciados meios para corrigir 8 50 50
rapidamente as sobrecargas súbitas que possam 6 80 70
ser causadas por falha do gerador ou do motor. 4 100 70
Poderá ser empregado um sistema de redução 2 125 100
rápida de carga, ou um procedimento especifi- 1 150
cado onde a carga total possa ser reduzida a um 0 150
valor que esteja dentro da capacidade do gera-
dor em operação. Figura 4-120 Tabela do fio e protetor do circui-
As cargas elétricas devem ser conectadas to.
aos inversores, alternadores ou fontes de força Todos os disjuntores rearmáveis devem
elétrica semelhantes, de maneira que os limites abrir o circuito no qual eles estão instalados,
de capacidade da fonte de força não sejam exce- independentemente da posição do controle de
didos, a menos que algum tipo de monitoramen- operação quando ocorrer sobrecarga ou falha do
to efetivo seja fornecido para manter a carga circuito. Tais disjuntores são chamados de "de-
dentro de limites prescritos. sarme-livre".
Os disjuntores de “rearme automático”
Dispositivos de proteção de circuitos ligam-se automaticamente, como o próprio no-
me sugere. Eles não devem ser usados como
Os condutores devem ser protegidos com dispositivos de proteção nos circuitos da aero-
disjuntores ou fusíveis localizados, tão próxi- nave.
mos quanto possível, da barra da fonte de força Interruptores
elétrica. Geralmente, o fabricante do equipa-
mento elétrico especifica o fusível ou disjuntor a Um interruptor especificamente projeta-
ser usado ao instalar o equipamento. do deve ser usado em todos os circuitos onde
O disjuntor ou fusível deve abrir o cir- um mau funcionamento de um interruptor seria
cuito antes do condutor emitir fumaça. Para ob- perigoso.
ter isto, a característica corrente/tempo do dis- Tais interruptores são de construção ro-
positivo de proteção deve cair abaixo da do busta, e possuem capacidade de contato sufici-
condutor associado. As características do prote- ente para interromper, fechar e conduzir conti-
tor do circuito devem ser igualadas para obter a nuamente a carga da corrente conectada. O do
utilização máxima do equipamento conectado. tipo de ação de mola é geralmente preferido

4-84
para se obter abertura e fechamento rápidos sem apropriado do interruptor, quando a corrente da
considerar a velocidade de operação da alavan- carga de trabalho for conhecida.
ca, o que, conseqüentemente, diminui o cente- Essa seleção é, essencialmente, uma re-
lhamento dos contatos. dução da capacidade normal de carga para se
O valor da corrente nominal do interrup- obter uma razoável vida útil e eficiência do in-
tor convencional do avião está geralmente es- terruptor.
tampado no seu alojamento. Esse valor repre- Os erros prejudiciais na operação do
senta o valor da corrente de trabalho com os interruptor podem ser evitados por uma instala-
contatos fechados. Os interruptores devem ter ção consistente e lógica.
reduzida a capacidade nominal de corrente para Os interruptores de duas posições, "liga-
os seguintes tipos de circuitos: desliga", devem ser instalados de modo que a
posição "liga" seja alcançada movimentando-se
1) Circuitos de Alta-Intensidade Inicial - Os a alavanca para cima ou para frente.
circuitos que possuem lâmpadas incandes- Quando o interruptor controlar partes
centes podem puxar uma corrente inicial que móveis do avião, tais como trem de pouso ou
seja 15 vezes maior do que a corrente de tra- flapes, a alavanca deve se mover no mesmo
balho. A queima ou fusão do contato pode sentido que o desejado.
ocorrer quando o interruptor for fechado. A operação acidental de um interruptor
2) Circuitos Indutivos - A energia magnética pode ser evitada instalando-se uma guarda ade-
armazenada nas bobinas dos solenóides ou quada sobre o mesmo.
relés é liberada, e aparece sob forma de arco
quando o interruptor de controle for aberto. Relés

3) Motores - Os motores de corrente contínua Os relés são usados como interruptores,


puxarão diversas vezes sua corrente nominal onde se possa obter redução de peso, ou simpli-
de trabalho durante a partida, e a energia ficação dos controles elétricos.
magnética, armazenada no seu rotor e nas Um relé é um interruptor operado eletri-
bobinas de campo será liberada quando o in- camente, e está, portanto, sujeito a falhas sob
terruptor de controle for aberto. condições de baixa voltagem no sistema.
A apresentação anterior sobre os inter-
A tabela da figura 4-121 é similar às ruptores é geralmente aplicável para os valores
encontradas para seleção do valor nominal de contato dos relés

VOLTAGEM NOMI- TIPO DE CARGA FATOR DE REDU-


NAL DO SISTEMA ÇÃO DA CAPACI-
DADE
24 V.C.C. Lâmpada 8
24 V.C.C. Indutiva ( Relé /Sole 4
noide)
24 V.C.C. Resistiva ( Aquecedor) 2
24 V.C.C. Motor 3
12 V.C.C. Lâmpada 5
12 V.C.C. Indutiva ( Relé / Sole- 2
noide)
12 V.C.C. Resistiva ( Aquecedor) 1
12 V.C.C. Motor 2

Figura 4-121 Fatores de redução da carga dos interruptores.

4-85
CAPÍTULO 5

SISTEMAS DE PARTIDA DOS MOTORES

INTRODUÇÃO A maioria dos arranques de motores


convencionais é do tipo elétrico de engrazamen-
A maioria dos motores de aeronaves é to direto.
acionada por um dispositivo chamado motor de Alguns dos poucos modelos mais antigos
partida (starter), ou arranque. O arranque é um de aeronaves estão ainda equipados com um dos
mecanismo capaz de desenvolver uma grande tipos de acionadores de inércia, sendo em ocasi-
quantidade de energia mecânica que pode ser ões muito raras, um exemplo de arranque de
aplicada a um motor, causando sua rotação. acionamento manual, inércia manual ou de car-
Nos estágios anteriores de desenvolvi- tucho podem ser encontrados. Então, somente
mento de aeronaves, os motores de baixa potên- uma breve descrição desses sistemas de partida
cia eram acionados pela rotação da hélice atra- estarão incluídos nesta seção.
vés de rotação manual. Algumas dificuldades
foram frequentemente experimentadas na parti-
da, quando as temperaturas do óleo estavam
próximas ao ponto de congelamento.
Em adição, os sistemas de magnetos for-
neciam uma centelha fraca na partida, e em ve-
locidades muito baixas de acionamento.
Isto foi muitas vezes compensado provi-
denciando-se uma centelha quente, usando dis- Figura 5-1 Motor de partida de inércia, combi-
positivos de ignição como bobina de reforço, nado manual e elétrico.
vibrador de indução ou acoplamento de impul- Motores de partida de inércia
so.
Algumas aeronaves de baixa potência, Existem três tipos gerais:
que usam acionamento manual da hélice para a
partida, ainda estão sendo operadas. Para instru- (1) Manual de inércia;
ções gerais sobre a partida desse tipo de aerona- (2) Elétrico de inércia;
ve, consulta-se o Capítulo 11 do volume 1 de (3) De inércia, combinado manual e elétrico.
Matérias Básicas.
A operação de todos os tipos de arran-
ques de inércia, depende da energia cinética
SISTEMAS DE PARTIDA DE MOTORES armazenada em um volante de rotação rápida
CONVENCIONAIS em condições de giro. (Energia cinética é a for-
ça processada por um corpo pela eficiência do
Desde o início do desenvolvimento de seu estado de movimento, que pode ser movido
motores convencionais ou alternativos de aero- ao longo de uma linha ou pela ação de rotação).
naves (do sistema de partida mais antigo até o No arranque de inércia, a potência é ar-
presente), os inúmeros sistemas foram desen- mazenada vagarosamente durante o processo de
volvidos. Os mais comuns são: energização pelo giro manual ou elétrico, utili-
zando-se um pequeno motor.
(1) Cartucho. (Não usado comumente). O volante e as engrenagens móveis de
(2) Manual de Inércia . (Não usado comumen- um arranque de inércia, combinado manual e
te). elétrico, são mostrados na figura 5-1. O circuito
(3) Elétrico de Inércia. (Não usado comumen- elétrico para um arranque de inércia elétrica é
te). mostrado na figura 5-2.
(4) Inércia Combinado. (Não usado comumen- Durante a energização do motor de par-
te). tida, todas as partes internas se movem, incluin-
(5) Elétrico de Engrazamento Direto. do o volante, formando um conjunto em movi-
mento.

5-1
Assim que o arranque tiver sido completamente ou por um solenóide de acoplamento que é ele-
energizado, ele é acoplado ao eixo de manivelas tricamente energizado.
do motor por um cabo, acionado manualmente,

Figura 5-2 Circuito de partida.

Quando o arranque é acoplado ou engra- Esse tipo de arranque provê acionamento


zado, a energia do volante é transferida para o instantâneo e contínuo quando energizado, con-
motor através de um conjunto de engrenagens sistindo, basicamente, em um motor elétrico,
de redução e embreagens de liberação de sobre- engrenagens de redução e um mecanismo de
carga de torque.(ver figura 5-3) acoplamento e desacoplamento, que são opera-
dos através de uma embreagem ajustável de
alívio de sobrecarga de torque.
Um circuito típico para um arranque
elétrico de acionamento direto é mostrado na
figura 5-4.
O motor é acionado diretamente quando
o solenóide do arranque é fechado.
Desde que não haja nenhum volante
sendo usado, não há armazenamento preliminar
de energia, como no caso de um arranque de
inércia.
Conforme mostrado na figura 5-4, os
cabos condutores principais do arranque para a
bateria, são para os serviços pesados, para con-
Figura 5-3 Embreagem de alívio da sobrecarga duzir o fluxo que pode ser tão alto como 350
de torque. ampères, dependendo do torque requerido na
partida.
O uso de solenóides e cablagens grossas
Motor de partida elétrico de engrazamento com chaves de controle remoto, reduzem, acima
direto de tudo, o peso do cabo e a queda total de volta-
gem no circuito.
O sistema de partida largamente utiliza- Um motor de arranque típico é um motor
do em todos os tipos de motores alternativos, é de 12 ou 24 volts, enrolamento em série, que
o arranque elétrico de acionamento direto. desenvolve elevado torque na partida.

5-2
O torque do motor é transmitido através plando-a à castanha de acionamento do motor
de engrenagens de redução para a embreagem da aeronave, antes que a castanha do arranque
de alívio de sobrecarga. Tipicamente, essa ação comece a girar. Assim que o motor da aeronave
faz atuar um eixo estriado helicoidal, movendo alcança uma velocidade pré-determinada, o mo-
a castanha do motor de arranque para fora, aco- tor de arranque desacopla automaticamente.

Figura 5-4 Típico circuito de partida, usando um motor de partida elétrico de engrazamento direto.

O esquema da figura 5-5 provê um ar- arranque de inércia combinado, uma bobina de
ranjo pictorial de um sistema de partida comple- reforço, uma chave de polo simples, duplo acio-
to para uma aeronave leve de dois motores. namento na cabine, cablagens e solenóides con
forme necessário.
O arranque de inércia combinado é mostrado na
figura 5-6.

Figura 5-5 Esquema de partida do motor de Figura 5-6 Motor de partida de inércia combi-
uma aeronave leve bimotora. nado.

SISTEMA DE PARTIDA USANDO MO- Controles externos de partida manual,


TOR DE INÉRCIA COMBINADO incorporando uma manivela para acionamento
do arranque e cabo de controle para a partida,
O assunto seguinte cobre um tipo de são providos para a partida do motor, manual-
sistema utilizado em grandes aeronaves bimoto- mente (figura 5-7).
ras. Esse sistema inclui para cada motor, um

5-3
engrenagem sol e integral, uma embreagem li-
mitadora de torque, e um conjunto de castanha e
cone.
Quando o circuito do motor é fechado, o
torque desenvolvido no motor do arranque é
transmitido para a castanha através do trem de
engrenagem de redução e embreagem. O trem
de engrenagem do arranque converte a alta ve-
locidade e baixo torque do motor em baixa ve-
locidade e alto torque.
Na seção de engrenagem, o pinhão do
motor acopla a engrenagem na árvore de trans-
missão intermediária (consultar a figura 5-8). O
Figura 5-7 Controles de partida. pinhão da árvore intermediária acopla a engre-
nagem interna, esta fica sendo uma parte inte-
Duas chaves de partida estão localizadas gral do conjunto da engrenagem sol, e é rigida-
no painel elétrico da cabine. Colocando a chave mente fixada ao eixo da engrenagem. A engre-
na posição “up” opera-se o arranque. A mesma nagem sol aciona três engrenagens planetas, que
chave, colocada na posição “down” opera o so- são parte do conjunto planetário.
lenóide de acoplamento de arranque e a bobina Os eixos individuais das engrenagens
ativadora de ignição. A posição “off ” da chave planetas são suportados por um braço de apoio
está entre as outras duas posições. do planetário, uma parte semelhante a um cilin-
A bobina de reforço operada pela bateri- dro mostrado na figura 5-8. O braço de apoio
a, montada em um alojamento blindado, está transmite o torque das engrenagens planetas
instalada no suporte de cada motor. Conduítes para a castanha do arranque como segue:
flexíveis protegem os condutores da bobina
para os magnetos de cada motor. (1) A porção cilíndrica do braço de apoio é
estriada longitudinalmente ao redor da su-
SISTEMA DE PARTIDA ELÉTRICO DE perfície interna.
ENGRAZAMENTO DIRETO PARA
GRANDES MOTORES CONVENCIONAIS ( 2) As ranhuras são cortadas sobre a superfície
exterior da parte cilíndrica da castanha do
Para um sistema de partida típico para arranque.
motor alternativo de alta potência, o arranque
elétrico de acionamento direto consiste em dois (3) A castanha desliza para frente e para trás,
componentes básicos: um conjunto motor e uma dentro do braço de apoio, para acoplar e de-
seção de engrenagens. sacoplar com o motor.
A seção de engrenagens é aparafusada
no terminal do eixo de acionamento do motor As três engrenagens planetárias também
para formar uma unidade completa. acoplam os dentes internos circundantes nos
O motor consiste de um induzido e um seis discos de embreagem (figura 5-8). Esses
conjunto pinhão, o conjunto do sino traseiro e o discos são intercalados com os de bronze, que
conjunto do alojamento do motor. O alojamento são estriados externamente, evitando-os de gi-
do motor também age como cabeçote magnético rar.
para o campo da estrutura. A pressão correta é mantida sobre o pa-
O motor de arranque é irreversível, in- cote de embreagens por um conjunto de mola de
terpolado em série. Sua velocidade varia dire- retenção da embreagem.
tamente com a voltagem aplicada, e Uma porca de passeio cilíndrica dentro
inversamente com a carga. da castanha do arranque estende e retrai a casta-
A seção de engrenagens do motor de nha. Estrias espirais da castanha de acoplamento
arranque, mostrada na figura 5-8, consiste de ao redor da parede interna da porca casam com
um alojamento com flange de montagem, en- as estrias similares, cotadas sobre a extensão do
grenagem planetária de redução, um conjunto de eixo da engrenagem sol (figura 5-8).

5-4
coidal. Enquanto o arranque continua a girar, há
uma pressão suficiente sobre as superfícies da
embreagem cônica para prover torque sobre as
estrias espirais, que pesam mais do que a pres-
são da mola da castanha.
Se o motor falhar na partida, a castanha
do arranque não se retrairá, desde que o meca-
nismo do arranque não produza força de retra-
ção.
Entretanto, quando o motor inflama e
ultrapassa a velocidade do arranque, as rampas
inclinadas dos dentes da castanha forçam a cas-
tanha do arranque para dentro, contra a pressão
de mola.
Assim, desacopla inteiramente as super-
fícies cônicas da embreagem, e a pressão da
mola da castanha força a porca de passeio a des-
Figura 5-8 Seção de engrenagens do motor de lizar ao longo das estrias espirais, até que as
partida. superfícies da embreagem cônica estejam no-
vamente em contato.
A rotação do eixo força a porca para fora Com ambos, motor e arranque girando,
e esta faz o apoio com a castanha. haverá uma força de acoplamento mantendo as
A mola, ao redor da porca de passeio, castanhas em contato, que continuarão até que o
apoia com a porca, e tende a manter a superfície arranque seja desenergizado. Entretanto, o rápi-
da embreagem helicoidal ao redor da parede do movimento dos dentes da castanha do motor,
interna da cabeça da castanha, assentada contra encontrarão o movimento vagaroso dos dentes
uma superfície similar ao redor do lado inferior da castanha do arranque, segurando o desaco-
da cabeça da porca. plamento desta.Tão logo o arranque comece a
Uma mola de retorno está instalada so- repousar, a força de acoplamento é removida, e
bre a extensão do eixo da engrenagem sol, entre a pequena mola de retorno jogará a castanha do
o anteparo formado pelas estrias ao redor da arranque para dentro da posição totalmente re-
parede interna da porca de passeio e uma porca traída, onde permanecerá até a próxima partida.
de retenção do batente sobre a ponta do eixo. Quando a castanha do arranque acopla a
Por causa da superfície cônica das em- castanha do motor, o induzido do motor precisa
breagens, a porca de passeio e a castanha do ter um tempo para alcançar uma velocidade con-
arranque são acopladas pela pressão de mola da siderável por causa do seu alto torque na
castanha, e as duas partes tendem a girar na partida.
mesma velocidade. Entretanto, a extensão do O repentino acoplamento da castanha do
eixo da engrenagem sol gira seis vezes mais arranque em movimento poderia desenvolver
rápida do que a castanha. forças suficientemente altas para danificar seve-
As estrias espirais sobre ela são cortadas ramente o motor ou o arranque, não fazendo de
à esquerda, e a extensão do eixo da engrenagem certo modo sobre os discos embreagens, na
sol, girando para a direita em relação a castanha, qual deslizariam quando o torque do motor ex-
força a porca e a castanha para fora do arranque cedesse o torque de deslizamento da embrea-
no seu passeio total (cerca de 5/16 polegadas), gem.
em aproximadamente 12 graus da rotação da Em ação normal de acionamento, os dis-
castanha. A castanha move-se para fora até ser cos internos da embreagem (aço) são mantidos
parada pelo acoplamento com o motor, ou pela parado pela fricção dos discos de bronze, além
porca de retenção do seu batente. de serem intercalados.
O passeio da porca continua a mover-se Quando o torque imposto pelo motor
lentamente além do limite do curso da castanha; excede o conjunto de embreagens, os os discos
sendo o suficiente para aliviar a pressão da mola de embreagem interna giram contra as embrea-
sobre as superfícies da embreagem cônica heli- gens de fricção, permitindo que as engrenagens

5-5
planetas girem enquanto o braço de apoio da A chave seletora do motor deve ser po-
planetária e a castanha permanecem parados. sicionada, e ambas as chaves do arranque e de
Quando o motor da aeronave sobe para a segurança (ligadas em série) devem ser fechadas
velocidade na qual o arranque está tentando antes da energização do arranque.
acioná-lo, o torque cai para um valor menor que A corrente é suprida para o circuito de
o assentado para as embreagens. controle do arranque através de um interruptor,
Os discos de embreagem da engrenagem estampado “Starter, Primer e Induction Vibra-
interna permanecem parados, e a castanha gira a tor” (figura 5-9). Quando a chave seletora está
uma velocidade na qual o motor está tentando posicionada para a partida do motor, fechando
acioná-los. as chaves do arranque e de segurança, ela ener-
As chaves de controle do arranque são giza o relé do arranque localizado na caixa de
mostradas esquematicamente na figura 5-9. junção da parede de fogo.

Figura 5-9 Circuito de controle de partida.

Energizando o relé do arranque, comple- elétrico de acionamento direto. Alguns desses


ta-se o circuito de potência para o motor de par- sistemas são automaticamente acoplados aos
tida. A corrente necessária para essa carga pesa- sistemas de partida, enquanto outros o são ma-
da está sendo tomada diretamente do barramen- nualmente.
to principal através dos cabos do arranque. Os sistemas de partida acoplados auto-
Após a energização do arranque por um maticamente, empregam um motor de arranque
minuto, deverá ser permitido pelo menos um elétrico montado sobre um adaptador do motor.
minuto para resfriamento. Após um segundo, ou Um solenóide de partida é ativado, ou por um
subsequente período de acionamento de 1 minu- botão de empurrar, ou por uma chave de ignição
to, deveria resfriar por 5 minutos. no painel de instrumento.
Quando o solenóide é ativado, seus con-
SISTEMA DE PARTIDA ELÉTRICO DE tatos fecham, e a energia elétrica energiza o
ENGRAZAMENTO DIRETO PARA PE- motor de partida.
QUENAS AERONAVES A rotação inicial do motor elétrico aco-
pla o motor de partida através de uma embrea-
A maioria das pequenas aeronaves de gem no adaptador, que incorpora engrenagens
motor alternativo emprega sistema de partida espirais (sem fim) de redução.

5-6
Os sistemas de partida acoplados manu- É importante que a alavanca do motor de partida
almente em pequenas aeronaves empregam um mova a engrenagem pinhão a uma distância
pinhão de acionamento da embreagem para apropriada, antes que o estojo da alavanca ajus-
transmitir potência de um motor de partida elé- tável faça contato com a chave do arranque.
trico para uma engrenagem de acionamento de
partida da árvore de manivelas. (Ver fig. 5-10). Práticas de manutenção do sistema de parti-
Um botão ou punho no painel de instrumento da
está conectado por um controle flexível a uma
alavanca sobre o motor de partida. Esta alavan- A maioria das práticas de manutenção do
ca eleva o pinhão de acionamento do motor de sistema de partida incluem substituição das mo-
partida para a posição acoplada, e fecha os con- las e das escovas, limpeza de acúmulos dos co-
tatos da chave do motor de partida quando o mutadores e torneamento das partes queimadas
botão do motor de partida ou o punho é empur- ou arredondamento dos comutadores do motor
rado. A alavanca do motor de partida está presa de partida.
na mola que retorna a alavanca e o controle Como regra, as escovas do motor de
flexível para a posição OFF. Quando o motor dá partida devem ser substituídas quando desgasta-
a partida, a ação da embreagem protege o pi- das aproximadamente na metade do seus com-
nhão de acionamento do motor de partida até primentos originais.
que a alavanca de mudança possa estar livre A tensão da mola da escova deve ser o
para desacoplar o pinhão. suficiente para que elas tenham um bom e firme
contato com o comutador. Os guias das escovas
devem ser inquebráveis, e os parafusos do ter-
minal bem apertados.
Sujeira ou espelhamento dos comutado-
res do motor de partida podem ser limpos segu-
rando uma tira de lixa “00”, ou uma pedra de
assentamento da escova contra o comutador
enquanto ele é girado.
A lixa ou a pedra devem ser movidas pa-
ra frente e para trás para evitar desgaste da ra-
nhura.
Lixa de esmeril ou “carborundum” nun-
ca devem ser usadas para este propósito, por
causa de sua possível ação de curto circuito.
Rugosidade, fora de arredondamento, ou
condições de “alta mica”, são razões para tor-
Figura 5-10 Hastes de controle do motor de near o comutador.
partida e ajustes. No caso de condição de “alta mica”, ela
deve ser cortada assim que a operação de torne-
Conforme mostrado na figura 5-10, para amento esteja cumprida.
uma unidade típica, há um comprimento especí- Consulta-se, o Manual de Matérias Bá-
fico de curso para engrenagem pinhão do motor sicas (Volume 1), para uma revisão de comuta-
de partida. dores de “alta mica” nos motores

PROBLEMAS ISOLANDO O PRO- AÇÃO CORRETIVA


BLEMA
ARRANQUE NÃO OPERA:
Defeito da chave principal ou Verificar o circuito. Reparar o circuito.
do circuito.
Defeito na chave do arranque Verificar a continuidade da Substituir a chave ou os fios.
ou no circuito. chave e do circuito.
A alavanca do arranque não Verificar o ajuste da alavanca Ajustar a alavanca de acordo
atua a chave. do arranque. com as instruções do fabri-

5-7
cante.
Arranque defeituoso. Verificar os itens anteriores, Remover e reparar ou substi-
se não houver outra causa, o tuir o arranque.
defeito é do arranque.
O ARRANQUE GIRA MAS NÃO ENGRAZA NO MOTOR
Alavanca do arranque ajusta- Verificar a ajustagem da ala- Ajustar a alavanca de acordo
da para ativar a chave sem vanca do arranque. com as instruções do fabri-
engrazar o pinhão na engre- cante.
nagem.
Defeito na embreagem ou na Remover o arranque e testar Substituir a parte defeituosa.
engrenagem de acionamento. a embreagem e a engrena-
gem.
Engrenagem pinhão ou de Remover e testar o pinhão e Substituir a parte defeituosa.
acionamento com defeito. a engrenagem de acionamen-
to.
ARRANQUE SEM FORÇA PARA GIRAR
Bateria fraca. Testar a bateria. Recarregar a bateria ou subs-
titui-la.
Contatos do relé ou da chave Testar os contatos. Substituir por unidades per-
queimados ou sujos. feitas.
Arranque defeituoso. Verificar as escovas e a ten- Reparar ou substituir o ar-
são das suas molas e fixação. ranque.
Comutadores sujos ou gas- Limpar e verificar visual- Tornear o comutador.
tos. mente.
ARRANQUE EXCESSIVAMENTE BARULHENTO:
Pinhão gasto Remover e examinar o pi- Substituir o acionamento do
. nhão. arranque.
Engrenagens gastas ou com Remover o arranque e girar o Substituir as partes danifica-
dentes quebrados. seu motor com a mão para das.
examinar o eixo das engre-
nagens.

Tabela 6 - Procedimentos para pesquisa de problemas no sistema de partida de pequenas aeronaves.

Pesquisa de panes nos sistemas de partida em queimadores. Uma vez que o combustível tenha
pequenas aeronaves. sido introduzido, e o motor tenha partido, o mo-
tor de partida deve continuar acionando o motor
Os procedimentos de pesquisa de panes para chegar a uma velocidade acima da veloci-
listados na tabela 6 são típicos daqueles usados dade de auto aceleração. O torque suprido pelo
para isolar mal funcionamento em sistemas de motor de partida deve estar acima do que é re-
partida de pequenas aeronaves. querido, a fim de superar a inércia do compres-
sor e as cargas de fricção do motor.
Os tipos básicos de motores de partida,
PARTIDAS DOS MOTORES DE TURBINA que foram desenvolvidos para uso nos motores
A GÁS de turbina a gás, são motores elétricos C.C.,
turbina de ar e combustão. Um sistema de parti-
Motores de turbina a gás são acionados da de impacto é algumas vezes usado em moto-
pela rotação do compressor. Nos motores com res pequenos. Uma partida desse tipo consiste
dois estágios axiais do compressor, apenas o de jatos de ar comprimido, dirigidos para dentro
compressor de alta pressão é girado pelo motor do compressor ou da carcaça da turbina, de mo-
de partida. Para acionar um motor de turbina a do que a rajada do jato de ar seja direcionada
gás, é necessário acelerar o compressor proven- para dentro do compressor ou das palhetas do
do ar suficiente para suportar a combustão nos rotor da turbina, causando sua rotação.

5-8
O gráfico na figura 5-11 ilustra uma se- Sistemas elétricos de partida
qüência típica de partida para um motor de tur-
bina a gás, a despeito do tipo de motor empre- Os sistemas elétricos de partida são de
gado. dois tipos, em geral:
Tão logo o arranque tenha acelerado o (1) Sistemas elétricos de acionamento direto; e
compressor suficientemente para estabelecer o (2) sistemas de arranque e gerador.
fluxo de ar através do motor, a ignição é ligada, Os sistemas elétricos de partida de acio-
e depois o combustível. A sequência exata do namento direto são similares aqueles usados nos
procedimento de partida é importante, desde que motores alternativos.
haja fluxo de ar suficiente através do motor para O sistema de motor de partida e gerador
suportar a combustão, antes que a mistura são similares aos sistemas elétricos de aciona-
ar/combustível seja inflamada. mento direto.
A baixas velocidades do eixo do motor, Eletricamente, os dois sistemas podem
a razão do fluxo de combustível não é suficiente ser idênticos, mas o motor de partida-gerador é
para possibilitar a aceleração do motor e, por permanentemente acoplado com o eixo do mo-
essa razão, o motor de partida continua a girar tor através de necessárias engrenagens de acio-
até que a velocidade de auto aceleração tenha namento, enquanto o motor de partida de acio-
sido conseguida. Se a assistência do motor de namento direto deve empregar alguns meios de
partida for cortada abaixo da velocidade de auto desacoplamento do eixo após o acionamento do
aceleração, o motor falha para acelerar até a motor da aeronave.
velocidade de marcha lenta, ou pode ainda ser
desacelerado, porque não pode produzir energia Motores de partida de acionamento direto
suficiente para sustentar a rotação ou para acele- nos motores de turbina a gás
rar durante a fase inicial do ciclo de partida.
O motor de partida não deve continuar a Em alguns arranques de acionamento
auxiliar o motor, consideravelmente acima da direto, usados nos motores de turbina a gás, ne-
velocidade de auto aceleração, para evitar um nhuma embreagem de alívio de sobrecarga ou
retardo no ciclo de partida, que poderia resultar mecanismo de engrenagem de redução são usa-
em uma partida quente ou falsa, ou uma com- dos. Isto acontece por causa dos requerimentos
binação de ambas. de baixo torque e de alta velocidade para a par-
Em pontos apropriados na sequência, o tida dos motores de turbina a gás. Um mecanis-
motor de partida, e geralmente a ignição, serão mo de redução de voltagem é utilizado, princi-
desligados automaticamente. palmente nos sistemas de partida para evitar
danos no conjunto de acoplamento.
A figura 5-12 mostra o circuito de con-
trole de redução de voltagem. O mecanismo é
montado em alojamento à prova de explosão,
que contém 5 relés e uma resistência de
0,042 ohm. Quando a chave da bateria é fecha-
da, a mola do relé de retardo é energizada. O
aterramento do circuito para a mola deste relé é
completada através do motor de partida.
Quando a chave do motor de partida é
movida para a posição partida, um circuito é
completado para a mola do relé de aceleração. O
fechamento dos contatos do relé completam um
circuito da barra através dos contatos fechados,
o resistor de 0,042 ohm, da bobina do relé em
série, e finalmente através do motor de partida
para o aterramento. Desde que o resistor de
0,042 ohm cause uma queda na voltagem, a bai-
Figura 5-11 Típica sequência de partida de xa voltagem é aplicada ao motor de partida,
motor a turbina. evitando danos de torque elevado. O relé de

5-9
retardo volta para a sua posição normal (fecha- ção de arranque-gerador que opera como um
do), desde que nenhuma diferença de potencial motor de arranque para acionar o motor durante
exista entre os terminais da bobina do relé de a partida; e, após o motor ter alcançado a velo-
retardo com os contatos fechados do relé de cidade de auto-sustentação, opera como um ge-
aceleração. rador para suprir a potência do sistema elétrico.
O fechamento do relé de retardo comple-
ta um circuito para a bobina do relé do motor
(fig. 5-12). Com o relé do motor energizado, um
circuito completo existe através desse relé e a
bobina do relé em série para o motor de partida,
desviando o resistor de 0,042 ohm.
Quando a corrente de 200 ampères ou
mais flui para o motor de partida, a bobina do
relé em série é energizada suficientemente para
fechar os seus contatos .
A chave do motor de partida pode então
estar liberada para retornar para sua posição
normal “off”, porque o circuito do motor de
partida está completo através do relé de parada,
e o relé em série contacta a mola do relé do mo-
tor. Conforme o motor de partida aumenta a
rotação, uma força eletromotiva contrária se Figura 5-13 Típico “Arranque-gerador”.
desenvolve o suficiente para permitir ao relé em
série abrir-se e interromper o circuito para o relé A unidade arranque-gerador, mostrada
do motor. Entretanto, o período de partida é na figura 5-13, é basicamente uma derivação do
controlado automaticamente pela velocidade do gerador com uma quantidade adicional de enro-
motor do arranque. lamentos em série. Este enrolamento em série
está eletricamente conectado para produzir um
forte campo, resultando num alto torque para a
partida.
As unidades arranque-gerador são dese-
jáveis por um ponto de vista econômico, uma
vez que executa as funções de ambos, arranque
e gerador.
Adicionalmente, o peso total dos com-
ponentes do sistema de partida é reduzido, e
poucas peças de reposição são requeridas.
O circuito interno de um arranque-
gerador mostrado na figura 5-14 tem 4 enrola-
mentos de campo. (1) Campos em série (campo
“C’); (2) Uma derivação do campo; (3) Um
campo de compensação; e (4) Um enrolamento
Figura 5-12 Circuito de controle de voltagem de interpolação ou comunicação. Durante a par-
reduzida para sistema de partida de tida, os enrolamentos em série (“C”), de com-
engrazamento direto para motor de pensação e comunicação, são usados.
turbina a gás. A unidade é similar ao arranque de acio-
namento direto, uma vez que todos os enrola-
SISTEMA DE PARTIDA ARRANQUE- mentos usados durante a partida estão em série
GERADOR com a fonte.
Enquanto agindo como arranque, a uni-
Muitos dos aviões de turbina a gás são dade não faz uso prático da sua derivação de
equipados com sistemas de arranque-gerador. campo. Uma fonte de 24 volts e 15500 ampères
Esses sistemas de partida usam uma combina- é geralmente requerida para a partida.

5-10
A figura 5-15 ilustra o circuito externo
de um arranque-gerador com um controlador de
baixa corrente.
Essa unidade controla o arranque-
gerador quando este é usado. Seu propósito é
assegurar ação positiva de arranque, e mantê-lo
operando até que o motor esteja girando rápido
o suficiente para sustentar a combustão.
O bloco de controle do controlador de
baixa corrente contém dois relés, um é o relé do
motor, que controla a entrada para o arranque; o
outro é o relé de baixa corrente, que controla a
operação do relé do motor.
A sequência de operação para o sistema
Figura 5-14 Circuito interno do arranque- de partida mostrado na figura 5-15 é discutido
gerador. nos parágrafos seguintes.
Para dar partida num motor equipado
Quando operando como gerador, os en- com um relé de baixa corrente, primeiro é ne-
rolamentos de derivação, compensação e comu- cessário desligar a chave mestra do motor. Isto
nicação são usados. O campo “C” é usado so- completa o circuito da barra da aeronave para a
mente para propósitos de partida. O campo de chave de partida, para as válvulas de combustí-
derivação é conectado no circuito de controle de vel e para o relé da manete de potência. Energi-
voltagem convencional para o gerador. Enrola- zando esse relé, as bombas de combustível são
mentos de compensação e comutação (interpo- acionadas, e completando o circuito da válvula
los) suprem a comutação quase sem centelha, de de combustível, dá a pressão necessária para a
nenhuma carga para carga total. partida do motor.

Figura 5-15 Circuito de motor de arranque-gerador.

5-11
Conforme a chave da bateria e de partida A potência de partida, que só pode ser
são ligadas, três relés fecham. Eles são o relé do aplicada a um arranque-gerador por vez, está
motor, o da ignição e o de corte da bateria. O conectada a um terminal de seleção do arran-
relé do motor fecha o circuito da fonte de potên- que-gerador através de um relé de partida cor-
cia para o motor de arranque; o relé de ignição respondente. A partida do motor é controlada
fecha o circuito da unidade de ignição; e o de por um painel.
corte da bateria, desconecta a bateria. A abertura Um painel de partida típico (figura 5-
do circuito da bateria é necessária devido ao 16) contém as seguintes chaves: chave seletora
pesado dreno de energia motor de arranque da- do motor, seletora de potência, de partida em
nificaria a bateria. vôo e uma chave de partida. A chave seletora do
O fechamento do relé do motor permite motor mostrada na figura 5-16 tem cinco posi-
que uma corrente muito alta flua para o motor. ções (“1”, “2”, “3”, “4” e “OFF”), e é girada
Desde que essa corrente flua através da bobina para a posição correspondente ao motor a ser
do relé de baixa corrente, ele fecha. acionado. A chave seletora de energia é usada
O fechamento do relé de baixa corrente para selecionar o circuito elétrico aplicável da
completa um circuito da barra positiva para a fonte de externa (unidade auxiliar de energia ou
bobina do relé do motor de partida, bobina do bateria) que está sendo usada. A chave de par-
relé de ignição e bobina do relé de corte da bate- tida em vôo, quando colocada na posição
ria. “NORMAL”, arma o circuito de partida no
A chave de partida está liberada para re- solo.
tornar a sua posição normal “desligada“, e todas Quando colocada na posição “AIR-
as unidades continuam a operar. START”, os ignitores podem ser energizados
Conforme a velocidade do motor se independentemente da chave de ignição da ma-
desenvolve, o dreno de corrente começa a dimi- nete. A chave de partida, quando na posição
nuir, e ao atingir menos de 200 ampères o relé “START”, completa o circuito para o arranque-
de baixa corrente abre. Isto abre o circuito da gerador do motor selecionado para a partida, e
barra positiva para as bobinas dos relés do mo- causa a rotação do motor. O painel de partida do
tor, ignição e corte da bateria. A desenergização motor, mostrado também, inclui uma chave de
das bobinas dos relés faz parar a operação de bateria.
partida.
Depois que os procedimentos descritos
estiverem completos, o motor está operando
eficientemente, e a ignição auto sustentada. Se o
motor falhar para atingir a velocidade suficiente,
interrompendo a operação de partida, a chave de
parada pode ser usada para abrir o circuito da
barra positiva para os contatos principais do relé
de baixa corrente.
Numa instalação típica de aeronave, um
arranque-gerador é montado na caixa de acessó-
rios do motor.
Durante a partida, a unidade do arran-
que-gerador funciona como um motor de partida
C.C. até que o motor tenha chegado a uma velo- Figura 5-16 Painel de partida do motor.
cidade pré-determinada de auto-sustentação.
Aviões equipados com duas baterias de 24 volts Quando um motor de partida é selecio-
podem suprir a carga elétrica requerida pela nado com a chave seletora, e a chave de partida
operação das baterias em configuração. é mantida na posição “START”, o relé de parti-
A descrição seguinte do procedimento de da correspondente ao motor selecionado é ener-
partida usado num avião turbojato de 4 motores, gizado, e conecta aquele arranque-gerador do
equipado com uma unidade de arranque- motor à barra de partida. Quando a chave de
gerador, é típico da maioria dos sistemas de partida é colocada na posição “START”, um
partida de arranque-gerador. relé de travamento de partida é também energi-

5-12
zado. Uma vez energizado, o relé provê seu efetuadas. Um relé em série para a bateria é
próprio circuito de atuação e permanece energi- também uma unidade necessária no sistema de
zado, provendo circuitos fechados para as fun- partida. Quando energizado, o relé da bateria
ções de partida. conecta duas baterias de 24 volts em série para o
Durante a partida no solo, o relé de alí- barramento de partida, provendo uma voltagem
vio temporário de sobrevoltagem para cada ar- inicial de 48 volts. A grande queda de voltagem,
ranque-gerador selecionado, é energizado atra- que ocorre na entrega da corrente necessária
vés de circuitos de controle de partida. Quando para a partida, reduz a voltagem em aproxima-
o relé está energizado, a proteção de sobrevolta- damente 20 volts. A voltagem aumenta gradu-
gem para o arranque-gerador selecionado é sus- almente, à medida em que a corrente de partida
pensa. Um caminho alternativo do regulador de diminui com a aceleração do motor e a vol-
voltagem para o arranque-gerador selecionado é tagem no barramento do arranque.
também provido para remover controle e resis- Eventualmente se aproxima do seu má-
tência indesejáveis do campo de derivação de ximo original de 48 volts.Algumas aeronaves
partida. multimotoras equipadas com arranque-
Em algumas aeronaves, uma chave de geradores incluem um relé de partida em parale-
bateria está instalada no compartimento do re- lo no seu sistema de partida.
ceptáculo da fonte externa. Quando a porta é Logo que os dois primeiros motores de
fechada, ativando a chave, os circuitos de con- uma aeronave de 04 motores tenha girado,o flu-
trole de partida no solo funcionam somente para xo de corrente para partida dos dois últimos
partida com a bateria. Quando a porta é aberta, motores passa através de um relé de partida em
somente partidas com a fonte externa podem ser paralelo.

Problemas Isolando o problema Ação corretiva


O MOTOR DA AERONAVE NÃO GIRA DURANTE A TENTATIVA DE PARTIDA:
Baixo suprimento de volta- Verificar a voltagem da bate- Ajustar a voltagem da fonte
gem para o arranque. ria ou da fonte externa. externa ou das baterias.
Chave de força defeituosa. Verificar a continuidade do Substituir a chave.
interruptor.
Interruptor do quadrante da Verificar a continuidade do Substituir o interruptor.
manete. interruptor.
Relé de travamento (lockout) Verificar a posição da chave Colocar a chave na posição
energizado. de controle do gerador. “OFF”.
Relé em série da bateria está Com o circuito de partida Substituir o relé se não hou-
defeituoso. energizado, verificar se atra- ver voltagem.
vés da bobina do relé em
série da bateria, acusa 48 V.
C.C.
O relé de partida está defei- Com o circuito de partida Substituir o relé se não hou-
tuoso. energizado, verificar se atra- ver voltagem.
vés da bobina do relé de par-
tida, cruzam 48 V. C.C.
Defeito no motor de arran- Com o circuito de partida Se houver voltagem, substi-
que. energizado, verificar se a tuir o arranque.
voltagem adequada chega ao
arranque.
Defeito no relé de travamen- Com o circuito de partida Substituir o relé se não hou-
to ligado (lock-in). energizado, verificar se atra- ver voltagem.
vés da bobina do relé cruzam
28 V. C.C.
Eixo de acionamento do ar- Ouvir o som do arranque Substituir o motor da aero-
ranque de um componente da durante a tentativa de partida. nave.

5-13
caixa de engrenagens está Se o arranque gira e o motor
cisalhado. da aeronave não, o eixo está
cisalhado
O MOTOR DA AERONAVE DÁ PARTIDA, MAS NÃO ACELERA PARA A MARCHA
LENTA
Arranque com voltagem in- Testar a voltagem terminal Utilizar uma fonte externa de
suficiente. do arranque. maior potência, ou aumentar
a carga da bateria.
O MOTOR DA AERONAVE FALHA NA PARTIDA QUANDO A MANETE É COLOCADA
EM MARCHA LENTA (IDLE):
Sistema de ignição com de- Ligar o sistema e ouvir se os Limpar ou substituir os a-
feito. acendedores estão operando. cendedores, ou substituir os
excitadores ou a fiação para
os acendedores..

Tabela 7 - Procedimentos para pesquisa de problemas no sistema de partida Arranque-gerador.

Quando se parte os dois primeiros moto- ta). Esta ação atua sobre a chave de ignição da
res, o requerimento de potência, necessário para manete, energizando o relé do ignitor. Quando o
a partida, conecta as duas bateria em série. As- relé do ignitor é fechado, a energia é provida
sim que os geradores de dois ou mais motores para excitar os ignitores e inflamar o motor.
estejam provendo energia, a energia combinada Quando o motor chega entre 25 a 30%
das duas baterias em série não é mais necessá- de r.p.m., a chave de partida é liberada para a
ria. Quando o relé de partida em paralelo é e- posição “OFF”.
nergizado, o circuito da bateria é trocado de Isto remove os circuitos de ignição e
série para paralelo. partida do ciclo de partida do motor, que então
Para dar a partida num motor com as acelera sob sua própria potência.
baterias do avião, a chave de partida é colocada
na posição “START” (Figura 5-16). Isto com- Pesquisa de panes do sistema de partida ar-
pleta um circuito através de um disjuntor, da ranque-gerador
chave de ignição da manete e da chave seletora
do motor, para energizar o relé de travamento na Os procedimentos listados na tabela 7
posição ligada (lock-in). A energia, então, tem são típicos daqueles usados para reparo de mal
um caminho da chave do arranque através da funcionamento no sistema de partida arranque-
posição “BAT START” da chave seletora de gerador, similar ao sistema descrito nesta seção
energia, para energizar o relé de baterias em Esses procedimentos são apresentados como um
série, pois ele conecta as baterias do avião em guia.. As instruções apropriadas dos fabrican-
série com a barra de partida tes e as diretivas aprovadas de manutenção de
Energizando o relé do arranque do motor vem sempre ser consultadas para a aeronave
Nº 1, direciona-se energia da barra de partida envolvida.
para o arranque-gerador Nº 1, que então gira o
motor. MOTOR DE PARTIDA DE TURBINA A
Ao mesmo tempo em que as baterias são AR
conectadas para a barra de partida, a energia é
direcionada para a barra apropriada pela chave Os arranques de turbina a ar são projeta-
de ignição da manete. O sistema de ignição é dos para proverem alto torque na partida de uma
conectado para a barra de partida através de um fonte pequena e de peso leve. O arranque de
relé de sobrevoltagem, que não se torna energi- turbina a ar típico pesa de um quarto a metade
zado até que o motor comece a acelerar e a vol- de um arranque elétrico, capaz de dar partida no
tagem da barra de partida chegue acerca de 30 mesmo motor. Ele é capaz de desenvolver duas
volts. Conforme o motor é girado pelo arranque, vezes o torque de um arranque elétrico. O ar-
a aproximadamente 10% de r.p.m., a manete é ranque de turbina a ar típico consiste em uma
avançada para a posição “IDLE” (Marcha Len- turbina de fluxo axial, que gira um acoplamento

5-14
de acionamento através de um trem de engrena- para abrir a chave quando o arranque alcançar a
gens de redução e um mecanismo de embrea- velocidade desta. A abertura da chave da turbina
gens de partida. O ar, para operar um arranque interrompe o sinal elétrico para a válvula regu-
de turbina a ar, é suprido tanto de um compres- ladora de pressão. Isto fecha a válvula e corta o
sor operado no solo ou ar sangrado de outro suprimento de ar para o arranque.
motor. Garrafas auxiliares de ar comprimido O alojamento da turbina contém o rotor
estão disponíveis em algumas aeronaves para da turbina, o atuador da chave do rotor e os
operar o arranque de turbina a ar. componentes dos bocais que direcionam o ar de
A figura 5-17 é uma vista em corte de entrada contra as palhetas do rotor. O alojamen-
um arranque de turbina a ar. O arranque é ope- to da turbina incorpora um anel de contenção do
rado pela introdução de pressão e volume sufi- rotor da turbina, projetado para dissipar a ener-
cientes de ar na entrada do arranque. O ar passa gia dos fragmentos das palhetas e, direcionar
por dentro do alojamento da turbina do arran- suas descargas a baixas energias para os dutos
que, onde é direcionado contra as lâminas do de escapamento, no caso de falha do rotor devi-
rotor pelas aletas do bocal, ocasionando a rota- do a excessiva velocidade da turbina.
ção do rotor da turbina. Conforme o rotor gira, O alojamento da turbina contém as en-
ele aciona o trem de engrenagens de redução e grenagens de redução, componentes da embrea-
o arranjo de embreagens, que inclui o pinhão do gem e o acoplamento de acionamento. O aloja-
rotor, engrenagens planetárias e de suporte, con- mento da transmissão também possui um reser-
junto de embreagens de escora, conjunto do vatório de óleo lubrificante.
eixo de saída e acoplamento de acionamento. O óleo é acrescentado ao cárter do alo-
O conjunto de embreagens de escora a- jamento da transmissão através de um bocal na
copla automaticamente assim que o rotor come- parte superior do arranque. Esse bocal é fechado
ça a girar, mas desacopla logo que o conjunto de por uma tampa ventilada, contendo uma válvula
acionamento gira mais rapidamente que o lado de esfera que permite que o cárter seja ventilado
do rotor. Quando o arranque alcança esta velo- para a atmosfera durante o vôo normal, e evita
cidade, a ação da embreagem de escora permite perda de óleo durante o vôo invertido.
que o trem de engrenagem gire livre até parar. O O alojamento também incorpora dois o-
conjunto do eixo de saída e o acoplamento de rifícios de verificação do nível de óleo. Uma
acionamento continuam a girar enquanto o mo- tampa magnética na abertura do dreno da
tor estiver girando. transmissão atrai qualquer partícula ferrosa que
Um atuador da chave do rotor, montado possa estar no óleo.
no cubo do rotor da turbina, está programado O alojamento da engrenagem anel, que é
interno, contém o conjunto do rotor. O aloja-
mento da chave contém a chave da turbina e o
conjunto de ferragens.
Para facilitar a instalação e remoção do
arranque, um adaptador de montagem está apa-
rafusado na bloco de montagem do motor.
Braçadeiras de desengate rápido juntam
o arranque ao adaptador de montagem e ao duto
de entrada.
Então, o arranque é facilmente removido
para manutenção ou revisão, desconectando a
linha elétrica, afrouxando-se as braçadeiras e,
cuidadosamente, removendo o acoplamento de
acionamento do arranque do motor conforme
Figura 5-17 Corte de um motor de partida à este seja retirado máxima disponível do arran-
turbina de ar. que for alcançada.

5-15
Figura 5-18 Válvula de corte e de regulagem da pressão na posição “aberta”.

O arranque de turbina a ar, mostrado na alojamento de controle onde o solenóide é usado


figura 5-17, é utilizado para acionar grandes para parar a ação do controle da haste na posi-
motores de turbina a gás. O arranque é montado ção “OFF” (Figura 5-18).
no bloco do motor, e seu eixo de acionamento é A haste de controle é ligada a uma vál-
conectado por hastes mecânicas ao compressor vula piloto, que mede a pressão para o pistão
do motor. Ar vindo de uma fonte disponível, servo, e aos foles conectados por uma linha de
como uma unidade operada no solo ou compres- ar à entrada sensitiva de pressão no arranque.
sor de ar, é utilizado para operar o arranque. Ligando-se a chave do arranque, energi-
O ar é direcionado através de uma com- za-se o solenóide da válvula. O solenóide retrai
binação de pressão regulada e válvula de corte e permite que o controle de acionamento gire
no duto de entrada do arranque. para a posição “OPEN”. O controle de aciona-
Essa válvula regula a pressão do ar de o- mento é girado pela mola da haste de controle,
peração do arranque, e corta o suprimento de ar movendo-a contra o terminal dos foles. Como a
quando a velocidade O conjunto da válvula válvula reguladora está fechada, e a pressão a
reguladora consiste de um corpo de válvula, jusante é desprezível, os foles podem ser esten-
contendo uma válvula tipo borboleta (figura 5- didos totalmente pelas molas.
18). Conforme o controle de acionamento
O eixo da válvula borboleta é conectado gira para a posição aberta, a haste da válvula
através de um arranjo de cames para o pistão de piloto abre, permitindo ar a montante, que é
um servo. Quando o pistão é atuado, seu movi- suprido para a válvula piloto através de um fil-
mento sobre o came causa a rotação da válvula tro e uma restrição no alojamento, para fluir
borboleta. para o interior da câmara do pistão servo.
A inclinação do ressalto foi projetada O lado de dreno da válvula piloto, que
para prover pequenos passeios iniciais e eleva- sangra a câmara do servo para a atmosfera, é
dos torques, quando o arranque é atuado. A in- agora fechado pela haste da válvula piloto, e o
clinação do ressalto também provê ação mais pistão servo move-se para dentro (Figura 5-18).
estável pelo aumento do tempo de abertura da Esse movimento linear do pistão do servo é
válvula. transformado em movimento de rotação do eixo
O conjunto de controle está montado da válvula pela rotação do came, abrindo então
sobre o alojamento da válvula, e consiste de um a válvula reguladora.

5-16
Conforme a válvula abre, a pressão aju- brado e, o solenóide é desenergizado, a válvula
sante aumenta. Essa pressão é sangrada de volta piloto é forçada a voltar para a posição “OFF”,
para os foles através da linha sensitiva, compri- abrindo a câmara do servo para a atmosfera (ver
mindo-os. Esta ação move a haste de controle, figura 5-19). Esta ação permite que a mola do
girando o controle de acionamento e movendo a atuador mova a válvula reguladora para a posi-
haste da válvula piloto gradualmente na direção ção “CLOSED”. Para manter um vazamento
da câmara do servo, para escapar para a atmos- mínimo na posição “OFF”, a válvula piloto in-
fera (Figura 5-18). corpora uma cobertura interna, que sela a pres-
Quando a pressão a jusante (regulada) são a montante para o servo e a passagem de ar
alcança um valor pré-deterrminado, a quantida- sangrado para a câmara do servo.
de de ar fluindo no interior do servo através da Quando o ar para o arranque é cortado, a
restrição, equaliza a quantidade de ar sendo san- engrenagem da embreagem externa acionada
grada para a atmosfera, através do servo e do pelo motor, começará a girar mais rápido do que
sistema que está em estado de equilíbrio. a engrenagem da embreagem interna, e a engre-
Quando a válvula está aberta, o ar regu- nagem da embreagem interna, atuada pela mola
lado passando através da entrada do alojamento de retorno, desacoplará a engrenagem da em-
do arranque, colide com a turbina causando a breagem externa, permitindo ao rotor girar livre
rotação. até parar. O eixo da embreagem externa conti-
Conforme a turbina gira, o trem de en- nuará a girar com o motor.
grenagem é ativado e a engrenagem da embrea-
gem interna que é rosqueada a um parafuso he- Guia de pesquisa de panes do arranque de
licoidal, move-se para frente conforme este gira turbina a ar
e seus dentes acoplam aqueles da engrenagem
da embreagem externa, para acionar o eixo de Os procedimentos de pesquisa de panes
saída do arranque. A embreagem é do tipo “o- listados na tabela 8 são aplicáveis aos sistemas
verruning” para facilitar o acoplamento positivo de partida à turbina a ar, equipados com uma
e minimizar trepidações. Quando a velocidade combinação de válvula reguladora de pressão e
de partida é alcançada, um jogo de contrapesos válvula de corte.
em uma chave de corte centrífuga atua um pis- Estes procedimentos devem ser usados
tão, que corta o circuito de aterramento do sole- como guia, não tendo a intenção de substituir as
nóide. Quando o circuito de aterramento é que- instruções do fabricante.

Figura 5-19 Válvula de corte e de regulagem da pressão na posição “fechada”.

5-17
PROBLEMA CAUSA PROVÁVEL AÇÃO CORRETIVA
Arranque não gira Sem suprimento de ar. Verificar o suprimento de ar.
Circuito elétrico aberto na chave Verificar a continuidade da chave.
de corte. Se não houver, remover o arranque e
ajustar ou trocar a chave.
.
Acoplamento do arranque cisa- Remover o arranque e substituir o
lhado. acoplamento.
Defeito interno do arranque. Remover e substituir o arranque.
Arranque não acelera para a Pouco suprimento de ar. Verificar a pressão da fonte de ar.
velocidade normal de corte.
Chave de corte do arranque des- Ajustar o rotor atuador da chave.
regulada.
Válvula regulada para pressão Substituir a válvula.
muito baixa.
Defeito interno do arranque. Remover e substituir o arranque.
Vazamento externo de óleo Nível de óleo muito alto. Drenar o óleo e reabastecer como
previsto.

Conexões de ventilação Apertar o plugue magnético para o


do filtro de óleo, ou do plugue torque previsto. Apertar e frenar as
magnético, frouxas. conexões de ventilação e do filtro de
óleo.
O arranque gira, sem acionar Conjunto de união com braçadei- Apertar a braçadeira para o torque
o motor da aeronave. ras frouxas. adequado.
Acoplamento do arranque cisa- Remover o arranque e substituir o
lhado. acoplamento. Se persitir a quebra do
acoplamento em um período relati-
vamente curto, substituir o arranque.
A admissão do arranque não Instalação imprópria do arranque Verificar a instalação e/ou adequa-
se alinha com o duto de su- no motor, ou adaptação inade- ção de acordo com as instruções de
primento. quada para o arranque. instalação do fabricante e a posição
da adaptação específica da aeronave.
Partículas metálicas no plu- Partículas diminutas como pó Nenhuma ação é necessária.
gue do dreno magnético indicam desgaste normal.
. Partículas mais grossas do que pó Remover e substituir o arranque.
como lascas, limalhas etc., indi-
cando problemas internos.
Aletas orientadoras quebra- Grandes partículas estranhas no Remover e substituir o arranque, e
das. suprimento de ar. verificar o filtro do suprimento de
ar.
Vazamento de óleo do con- Instalação inadequada do arran- Verificar o alinhamento das cone-
junto de ventilação. que. xões de óleo, e fazer as correções de
acordo com as instruções do fabri-
cante.
Vazamento de óleo no con- Vazamento no conjunto de veda- Remover e substituir o arranque.
junto de acionamento. ção traseiro.

Tabela 8 - Procedimento para pesquisa de problemas no sistema de partida dos motores de partida
(arranque) de turbina a ar.

5-18
Arranques de cartucho de motores à turbina MOTOR DE PARTIDA PNEUMÁTI-
CO/CARTUCHO PARA MOTOR A TUR-
O arranque de cartucho de motores à BINA
turbina, algumas vezes chamados de sólido pro-
pelente, é usado em alguns grandes motores à Um arranque típico pneumático/cartucho
turbina. Ele é similar em operação ao arranque de motores a turbina é mostrado na figura 5-20.
de turbina a ar, mas deve ser construído para Este tipo de arranque pode ser operado como
suportar altas temperaturas, resultantes da um simples arranque de turbina a ar, de um su-
queima da carga do propelente sólido para su- primento de ar operado no solo ou de uma fonte
prir a energia para a partida. Proteção é também de ar sangrado do motor. Ele pode também ser
provida contra as pressões de torque excessivas operado como um arranque de cartucho.
e sobrevelocidade da turbina de partida.
Desde que os arranques de cartucho são
similares em operação aos arranques à turbina,
alguns fabricantes fazem um arranque de motor
à turbina que pode ser operado usando-se gás
gerado por um cartucho, ar comprimido de uma
carreta de suprimento em terra, ou ar sangrado
do motor.
Um arranque típico de cartu-
cho/pneumático é descrito em detalhes na pró- Figura 5-20 Motor de partida pneumáti-
xima seção. ca/cartucho.

Figura 5-21 Esquema de motor de partida pneumática/cartucho.

Os principais componentes do arranque meio de um punho e girado uma fração de volta


de cartucho estão ilustrados no diagrama es- para acoplar as orelhas entre as duas seções tra-
quemático da figura 5-21. seiras.
A referência deste diagrama facilitará o Esta rotação permite que a seção inferior
entendimento da discussão seguinte. Para efetu- do punho da culatra caia dentro de uma soquete
ar uma partida deste tipo, um cartucho é primei- e complete o circuito de ignição do cartucho.
ro colocado na tampa traseira (culatra). A parte Até que o circuito de ignição esteja completado,
traseira é então fechada sobre a câmara por é impossível ao cartucho inflamar-

5-19
se. O cartucho é inflamado pela aplicação de cuito é completado para a massa por um gram-
voltagem ao conector do terminal do punho da po, uma parte do cartucho que faz contato com a
culatra. Este energiza o contato de isolamento parede interna da tampa da culatra. Um esquema
de ignição na entrada da tampa da culatra, que do sistema elétrico de partida cartu-
toca um ponto sobre o próprio cartucho. O cir- cho/pneumático é mostrado na figura 5-22.

Figura 5-22 Esquema elétrico do motor de partida pneumático/cartucho.

Na ignição, o cartucho começa a gerar cionado para o exterior através do coletor de


gás. O gás é forçado para fora da culatra para descarga.
aquecer os bocais de gás que são direcionados Se a partida for efetuada pelo cartucho
rumo ao êmbolo no rotor da turbina, e a rotação ou ar comprimido, alguma força oposta é reque-
é produzida. rida para manter a velocidade da turbina entre os
Gás emergindo do lado oposto da roda limites de segurança. Essa força de oposição é
da turbina entra no anel e no duto de exaustão, fornecida por uma ventoinha de freio aerodinâ-
onde é coletado e enviado para fora do arranque mico.
via coletor de descarga. Antes de chegar ao bo- A ventoinha é conectada diretamente ao
cal, o gás passa por um condutor de saída para a eixo da turbina. Ele é suprido com ar da nacele
válvula de alívio. da aeronave e sua saída é descarregada para fora
Essa válvula direciona gás quente para a por um anel de exaustão concêntrico, localizado
turbina, fazendo um caminho alternativo ao bo- dentro do anel de descarga da turbina. Gás a-
cal de gás, conforme a pressão aumenta acima quecido ou ar comprido da descarga e, a saida
da pressão pré-determinada. Então, a pressão de da ventoinha de freio aerodinâmico, são manti-
gás dentro do circuito de gás quente é mantido dos separados pelo coletor de escapamento para
num ótimo nível. o exterior.
O arranque cartucho/pneumático tam- O eixo da engrenagem é parte da redu-
bém pode ser operado por um compressor de ar ção de dois estágios, que reduz a velocidade
de uma fonte no solo, ou por uma sangria de ar máxima da turbina de aproximadamente 60.000
do motor conduzido por um duto da aeronave r.p.m. para uma saída de aproximadamente
para a entrada de ar do compressor. 4.000 r.p.m. A engrenagem maior gira o conjun-
O ar passa pelo interior do anel de um to do eixo de saída através de uma embreagem.
bocal, e é direcionado contra o êmbolo do rotor A embreagem está situada na área de
da turbina pelas palhetas colocadas ao redor do saída entre o eixo da engrenagem, sobre o qual a
anel. A rotação é então produzida essencialmen- engrenagem de acionamento está localizada, e o
te da mesma maneira, como a partida a cartu- conjunto do eixo de saída. A embreagem é do
cho. Ar comprimido, deixando o rotor da turbi- tipo uma via; seu propósito é evitar que o motor
na coletado no mesmo anel de descarga, é dire- seja acionado pelo arranque após ele operar sob

5-20
sua própria potência. A natureza da embreagem Os distribuidores de óleo, presos na pista
é que esta possa levar o torque somente em uma de saída da embreagem, retiram o óleo da cuba e
direção. Então o membro de acionamento pode o distribuem através do interior do arranque,
operar através da embreagem, para entregar o quando as ranhuras giram.
torque total para o motor, pois o membro acio- Uma pequena cuba, constituída na car-
nado não pode se tornar o acionador, ainda que caça e acoplada a um tubo de óleo, transporta o
voltando na mesma direção. Qualquer tendência óleo para a embreagem de ultrapassagem e ou-
para fazê-lo desacoplará a embreagem. tras áreas difíceis de serem atingidas. Como a
Quando o motor tiver partido e o arran- parte em que os distribuidores de óleo estão
que completado o seu ciclo, somente o conjunto fixados está constantemente em rotação, sempre
do eixo de saída e a parte externa (acionamento) que o arranque tiver completado o seu ciclo, a
da embreagem estarão girando. As outras partes lubrificação continua enquanto o motor da aero-
do arranque estarão em descanso. nave estiver em operação.
No caso de mal funcionamento ou tra- A cuba de óleo contém um plugue mag-
vamento da embreagem de saída, o motor pode, nético para coletar a contaminação do óleo.
sem outro dispositivo de segurança, acionar o
arranque a uma velocidade acima da projetada MOTOR DE PARTIDA À COMBUSTÃO
“disparo de r.p.m.” do rotor da turbina. Para que DE MISTURA COMBUSTÍVEL/AR
isto seja evitado, o arranque é projetado com um
desacoplamento para o conjunto do eixo de saí- Esse tipo de arranque é usado para parti-
da. das, tanto em motores turbojato como turboéli-
Esse conjunto consiste de duas molas ce, usando a energia da combustão comum do
pré- carregadas, seções ranhuradas presas juntas motor à reação e ar comprimido.
por um parafuso de tensão. Uma série de dentes O arranque consiste de uma unidade de
da cremalheira engrenam as seções. Se a falha força girando a turbina e sistemas auxiliares de
interna causa ou manifesta um torque excessivo combustível, ar e ignição.
no eixo, os dentes da cremalheira tenderão a A operação deste tipo de arranque é, na
separar as duas seções do eixo. maioria das instalações, totalmente automática;
A força de separação é suficiente para a atuação de uma simples chave faz com que o
cisalhar o parafuso de tensão e desacoplar o arranque funcione e acelere o motor desde o
arranque completamente. Ambos, parafuso de repouso até a velocidade de corte do arranque.
tensão e eixo, cisalham e dasacoplam o arran- O arranque a combustão (figura 5-23) é
que, se o torque brusco exceder os limites proje- um motor a turbina de gás, que libera a sua po-
tados para seção de cisalhamento do eixo. tência através de um sistema de engrenagens de
Durante partidas pneumáticas, um relé redução de alta razão.
corta o ar comprimido quando a saída tiver che-
gado a uma velocidade pré-determinada. Isto é
cumprido por um sensor de velocidade do mo-
tor, que monitora a r.p.m. no bloco de monta-
gem do arranque. O sensor é atuado por um par
de contrapesos. Nas velocidades abaixo da de
corte do motor, a haste de um atuador pressiona
contra uma chave.
Conforme o arranque se aproxima da
velocidade de corte, uma força centrífuga criada
pela rotação do eixo de saída, causa ao par de
contrapesos a compressão da mola, levantando a
haste do atuador e abrindo a chave. Figura 5-23 Motor de partida a combustão de
A velocidade de corte pode ser regulada combustível/ar.
pelo ajuste do parafuso que controla a pressão
sobre a mola. O ar comprimido é normalmente estoca-
` O motor de partida (arranque) é lubrifi- do em um cilindro a prova de estilhaçamento,
cado por um sistema de salpique. próximo a turbina de combustão a gás.

5-21
Esse arranque foi desenvolvido inicial- vencional, está atualmente substituindo os de
mente para aeronaves de transporte para vôos combustão de misturas combustível/ar.
curtos. Quando ele está instalado, permite parti- Normalmente são fornecidos meios de
das rápidas em terminais onde não existe equi- recarga dos cilindros atavés de uma unidade
pamento de solo para partida. auxiliar de solo. Este tipo de sistema permite
O uso de cilindros de ar comprimido, pa- várias partidas com apenas uma garrafa de ar
ra girar diretamente um arranque à turbina con- comprimido.

5-22
CAPÍTULO 6

SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO E REFRIGERAÇÃO


-
INTRODUÇÃO A resistência de um óleo para fluir é co-
nhecida como viscosidade. Um óleo que flui
O primeiro propósito da lubrificação é vagarosamente é viscoso ou tem alta viscosida-
reduzir a fricção entre as partes móveis. de; se flui livremente, este possui baixa viscosi-
Devido o fato dos lubrificantes líquidos dade. Infelizmente, a viscosidade do óleo é afe-
(Óleos) poderem circular prontamente, eles são tada pela temperatura.
usados, universalmente, em motores aeronáuti- Não é incomum para alguns tipos de ó-
cos. leo se tornarem sólidos em climas frios. Isso
O calor excessivo é sempre indesejável, aumenta o arrasto e faz com que a circulação
tanto no motor convencional como no motor a seja quase impossível.
reação.Se não houver um meio de controlar o Outros óleos podem se tornar tão “finos”
calor,ou eliminá-lo, um grande dano ou falha a alta temperatura, que a película de óleo se
completa do motor poderá ocorrer. rompe, resultando em rápido desgaste das partes
Em Teoria, a lubrificação fluida é basea- móveis.
da na ação da separação de superfícies, de tal O óleo selecionado para lubrificação de
forma que o contato “metal com metal” não o- motores aeronáuticos deve ser “fino” o suficien-
corra. te para circular livremente, e encorpado o bas-
Enquanto uma película de óleo permane- tante para prover uma película de óleo nas tem-
cer contínua, a fricção metálica é substituída por peraturas de operação do motor.
uma fricção interna no fluido lubrificante. Sob Desde que os lubrificantes variem suas
condições ideais, fricção e desgaste são manti- propriedades, e nenhum óleo é satisfatório para
dos em um nível mínimo. todo tipo de motor e condições de operação, é
Em adição à redução de atrito, a película de extrema importância que somente o óleo de
de óleo age como um colchão entre as peças grau recomendado seja usado.
metálicas. Diversos fatores devem ser considerados
Este efeito de amortecimento é particu- na determinação do grau do óleo a ser utilizado
larmente importante para peças como bielas e em um motor. A carga de operação, as rotações
eixos de manivelas, – as quais estão sujeitas a e as temperaturas de trabalho são as mais impor-
cargas de choque. Como o óleo circula através tantes.
do motor, ele absorve o calor das peças. As condições de operação, a serem atin-
Pistões e paredes dos cilindros em moto- gidas em vários tipos de motores, determinarão
res a explosão (convencionais) são especialmen- o grau do óleo lubrificante a ser usado.
te dependentes do óleo para resfriamento. O óleo usado em motores a explosão
O óleo ajuda na formação de um selo (convencionais) tem uma viscosidade relativa-
entre o pistão e a parede do cilindro, para pre- mente alta, porque:
venir vazamentos dos gases da câmara de com-
bustão; além de reduzir o desgaste abrasivo, re- 1. O motor possui grandes folgas no funciona-
colhendo partículas estranhas e levando-as até o mento, devido a partes móveis de tamanho
filtro, onde são retidas. relativamente grande, diferentes materiais
usados e diferentes taxas de expansão térmi-
REQUISITOS E CARACTERÍSTICAS DOS ca desses materiais.
LUBRIFICANTES PARA MOTORES A
EXPLOSÃO (CONVENCIONAIS) 2. Está sujeito a altas temperaturas de operação.
3. Está sujeito a altas pressões nos rolamentos.
Existem diversas propriedades que um
óleo adequado para motores deve possuir, po- As seguintes características dos óleos
rém a viscosidade é o mais importante para a lubrificantes servem para medir o grau e ade-
operação do motor. quabilidade:

6-1
1. Ponto de vapor e ponto de chama - São de- um acurado orifício calibrado, é anotado como a
terminados a partir de testes em laboratórios, medida da viscosidade do óleo.
que mostram a temperatura em que o óleo Se os valores de Saybolt obtidos fossem
começa a desprender vapor; e a temperatura usados para designar a viscosidade do óleo,
em que há suficiente vapor para alimentar provavelmente existiriam centenas de tipos de
uma chama. Esses pontos são estabelecidos óleo.
para óleos dos motores para determinar se e- Para simplificar a seleção de óleos, eles
les suportarão as altas temperaturas. freqüentemente são classificados sob um siste-
ma SAE (Society of Automotive Engineers), o
2. Ponto de névoa e ponto de fluidez - Tam- qual divide os óleos em sete grupos (SAE 10 a
bém ajudam a indicar a adequabilidade. O 70), de acordo com a viscosidade a 130°F ou
ponto de névoa de um óleo é a temperatura 210°F.
na qual o seu conteúdo parafínico, normal- As classificações SAE são puramente
mente mantido em solução, começa a solidi- arbitrárias, e não possuem relacionamento direto
ficar e separar em microcristais, dando ao ó- com o de Saybolt ou outra classificação.
leo uma aparência nebulosa ou enfumaçada. A letra “W” ocasionalmente é incluída
O ponto de fluidez de um óleo é a temperatu- no número SAE, dando uma designação tal co-
ra mais baixa, em que este fluirá ou poderá mo SAE 20W. Essa letra “W” indica que o óleo,
ser derramado. por ter atingido os requerimentos de viscosidade
nas temperaturas de teste especificadas, é um
3. Peso específico - É a proporção do peso de óleo satisfatório para o uso no inverno (Winter)
uma substância pelo peso, de igual volume em climas frios.
de água destilada a uma temperatura deter- Embora a escala SAE tenha eliminado
minada. Como exemplo, a água pesa aproxi- alguma confusão nas designações dos óleos lu-
madamente 8 libras por galão; um óleo de brificantes, não se deve assumir que essa especi-
peso específico 0.9 pesará 7,2 libras por ga- ficação cubra todos os requisitos de viscosidade
lão. importante.
Um número SAE indica somente a vis-
Geralmente os óleos comerciais de avia- cosidade (grau) ou viscosidade relativa; isso não
ção são classificados numericamente como indica qualidade ou outra característica essenci-
80,100,140, etc., os quais são uma aproximação al.
das suas viscosidades medidas por um instru- É bem sabido que existem bons óleos, e
mento de teste chamado Viscosímetro Universal óleos inferiores, que possuem a mesma viscosi-
de Saybolt. Nesse instrumento um tubo retém dade a dadas temperaturas e, desta forma, estão
uma quantidade específica do óleo a ser testado. sujeitos à classificação no mesmo grau.
O óleo é colocado na temperatura exata – As letras “SAE” em uma lata de óleo não são
por um banho aquecido em torno do tubo. um endosso, ou recomendação de um óleo, pela
O tempo em segundos, requerido para “Society of Automotive Engineers”.
que exatamente 60 cm³ de óleo fluam através de

Número da Aviação Número SAE Comercial Número da Especificação Militar


Comercial
65 30 1065
80 40 1080
100 50 1100
120 60 1120
140 70

Figura 6-1 - Designação de graus para óleos de aviação

6-2
SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO DE
MOTORES A EXPLOSÃO (CON--
VENCIONAIS )

Sistemas do tipo cárter seco.

Muitos motores à explosão (convencio-


nais), de aeronaves, possuem sistemas de lubri-
ficação do tipo cárter seco sob pressão.
O suprimento de óleo nesse tipo de sis-
tema é mantido em um tanque.
Uma bomba de pressão circula o óleo atra-
vés do motor; enquanto que as de sucção o re-
tornam ao tanque.
A necessidade de um tanque de supri-
mento separado é evidente quando se considera
as complicações que resultariam em uma larga
quantidade de óleo, sendo mantida no cárter do
motor. Em aeronaves multimotoras, cada motor
é suprido com óleo pelo seu completo e inde-
pendente sistema.
Embora o arranjo do sistema de óleo em
diferentes aeronaves varie grandemente; e as
unidades das quais esses sistemas são compos-
tos diferem em detalhes de construção, as fun-
ções de todos esses sistemas são as mesmas. Um
estudo irá esclarecer a operação, em geral, assim
como os requerimentos de manutenção de ou-
tros sistemas.
Os principais componentes em um sis-
tema do tipo cárter seco em um motor à explo- Figura 6-2 Sistema típico de lubrificação.
são incluem um tanque de suprimento de óleo,
uma bomba de óleo do motor, um radiador de O tubo do bocal de abastecimento é po-
óleo, uma válvula de controle de óleo, um atua- sicionado para prover espaço suficiente à ex-
dor para controle de ar para o radiador de óleo, pansão do óleo e à espuma formada. A tampa de
uma válvula de corte na parede de fogo, tubula- abastecimento, ou carenagem, é marcada com a
ção necessária e indicadores de quantidade, palavra “Oil” e a capacidade do tanque. Um
pressão e temperatura. dreno na área do bocal elimina qualquer sobre-
A maioria desses componentes é mostra- fluxo causado durante a operação de abasteci-
da na figura 6-2. mento.
Linhas de ventilação do tanque de óleo
Tanques de óleo são instaladas para garantir uma ventilação a-
propriada no tanque, em todas as atitudes de vô-
Os tanques de óleo são geralmente cons- o. Essas linhas usualmente são conectadas ao
truídos de liga de alumínio. cárter do motor para prevenir a perda de óleo
O tanque de óleo usualmente é colocado através da ventilação. Isso indiretamente ventila
próximo ao motor, e alto o bastante, acima da o tanque para a atmosfera através do suspiro do
bomba de óleo, para lhe garantir alimentação cárter.
por gravidade. Alguns tanques de óleo possuem um
A capacidade do tanque de óleo varia “tubo interno” (Figura 6-3), ou turbilhonador
com os diferentes tipos de aeronaves, mas ge- acelerador de temperatura, que se estende desde
ralmente é suficiente para assegurar um adequa- a conexão de retorno de óleo no topo do tanque
do suprimento de óleo pelo total de combustível até a conexão de saída no coletor na base do
fornecido. tanque.
6-3
tical, pois assim haverá sempre uma reserva de
óleo para o embandeiramento da hélice em caso
de falha do motor.
Um coletor de óleo do tanque, fixado na
superfície inferior do tanque, age como um cap-
tador de sedimentos e condensação (figura 6-2).
A água e os resíduos podem ser drenados manu-
almente, abrindo a válvula de dreno na parte
inferior do coletor.
Muitos sistemas de óleo de aeronaves
são equipados com medidores de quantidade
tipo vareta, freqüentemente chamados medidor
baioneta. Alguns sistemas também têm um sis-
tema de indicação de quantidade de óleo, que
mostra a quantidade de lubrificante durante o
vôo.
Um tipo de sistema consiste essencial-
Figura 6-3 Tanque de óleo com turbilhonador. mente de um braço e uma bóia, que verificam o
nível de óleo, e atuam um transmissor elétrico
Em alguns sistemas, o “tubo interno” é no topo do tanque. O transmissor é conectado a
aberto para o suprimento principal de óleo na um indicador de painel, o qual indica a quanti-
extremidade inferior; outro sistema tem válvulas dade de óleo em galões.
do tipo “flapper” que separam o suprimento
principal de óleo do óleo que está no tubo acele-
rador de temperatura. Bomba de óleo
A abertura na parte de baixo do tubo a-
celerador em um tipo, e as aberturas das válvu-
las tipo “flapper” no outro tipo, permitem que o O óleo que entra no motor é pressuriza-
óleo do tanque principal entre no tubo e reponha do, filtrado e regulado por componentes dentro
o óleo consumido pelo motor. Toda vez que o do motor. Esses componentes serão discutidos
“tanque funil” incorpora as aberturas do tipo durante a exposição do sistema externo, para
“flapper”, as válvulas são operadas por diferen- prover um conceito do sistema de óleo comple-
cial de pressão de óleo. to.
Devido o óleo que está circulando estar Assim que o óleo entra no motor (figura
separado daqueles que envolvem o tubo no tan- 6-4), ele é pressurizado por uma bomba de des-
que, menos óleo é circulado; acelerando o aque- carga positiva, consistindo de duas engrenagens
cimento deste quando o motor é acionado. O combinadas que giram dentro de uma caixa. A
tubo acelerador de temperatura também faz de folga entre os dentes e a caixa é pequena. A en-
maneira prática a diluição do óleo, porque so- trada da bomba é localizada na esquerda; e a
mente uma pequena quantidade terá de ser dilu- conexão de descarga é conectada na linha de
ído. Quando é necessário diluir o óleo, gasolina pressão do sistema do motor. Uma engrenagem
é adicionada em algum ponto da linha de entra- é ligada a um eixo acionador que se estende da
da no motor, onde é misturada com o óleo em caixa da bomba até um eixo de acionamento de
circulação. acessórios do motor.
A linha de retorno na parte superior do Retentores são usados para prevenir va-
tanque é posicionada para descarregar o óleo de zamento em torno do eixo de acionamento. Co-
retorno próximo a parede do tubo interno, em mo a engrenagem inferior é girada no sentido
um movimento circular. Esse método reduz anti-horário, a engrenagem acionada gira no
consideravelmente a espumação. sentido horário.
Deflectores na parte de baixo do tanque Assim que o óleo entra na câmara da en-
anulam a ação de movimento circular, para pre- grenagem, ele é colhido pelos dentes da engre-
venir a sucção de ar na linha de alimentação das nagem, aprisionado entre eles e os lados da câ-
bombas de pressão de óleo. No caso de hélices mara, é levado pelo lado externo e descarregado
controladas por pressão de óleo, a principal saí- na saída de pressão pela tela de passagem de
da do tanque pode ser em forma de um tubo ver- óleo.
6-4
O óleo sob pressão flui para o filtro, on- Quaisquer partículas estranhas no óleo
de quaisquer partículas sólidas suspensas são são depositadas na superfície mais externa do
separadas dele, prevenindo possíveis danos às cartucho.
partes móveis do motor. O óleo sob pressão, Quando o cartucho é girado, as lâminas
então, abre a válvula unidirecional do filtro limpadoras retiram materiais estranhos dos dis-
montada na parte superior. Essa válvula é fe- cos. O cartucho de um filtro “cuno” operado
chada por uma leve pressão de mola, de 1 a 3 manualmente é girado por uma manete externa.
libras, quando o motor não está operando para Filtros “cuno” automáticos têm um motor hi-
prevenir e alimentar o motor de óleo por gravi- dráulico montado dentro do cabeçote do filtro.
dade, e este se assentar nos cilindros inferiores Esse motor, operado pela pressão do óleo, gira o
de motores radiais. cartucho sempre que o motor está funcionando.
Se ao óleo fosse permitido cair nos ci- Há uma porca de giro manual no filtro “cuno”
lindros inferiores, ele iria gradualmente passan- automático para girar o cartucho durante as ins-
do pelos anéis do pistão, e enchendo a câmara peções.
de combustão, contribuindo para uma possível O filtro de labirinto de ar contém uma
trava hidráulica. série de telas circulares de malha fina montadas
A válvula de desvio (By-Pass), localiza- em um eixo.
da entre a saída de pressão da bomba de óleo e o O óleo vindo da bomba entra na caixa,
filtro, permite que o óleo não filtrado suplante o circunda as telas e então passa através delas e
filtro e entre no motor, no caso do filtro de óleo do eixo antes de entrar no motor.
estar obstruído, ou durante uma partida com o Os depósitos de carbono, que são coleta-
motor muito frio. dos nas telas, acabam por melhorar a sua efici-
A pressão de mola na válvula de desvio ência de filtragem.
permite sua abertura antes que a pressão de óleo
danifique o filtro; em caso de óleo frio, ele en-
contra uma via de baixa resistência em torno do
filtro. Isso significa que óleo sujo em um motor
é melhor que não ter nenhuma lubrificação pre-
sente.

Filtros de óleo

Os filtros de óleo usados em motores de


aeronaves são usualmente um destes três tipos:
tela, cuno ou labirinto de ar.
Um filtro tipo tela (figura 6-4) com sua
construção em parede dupla, provê uma grande Figura 6-4 Bomba de óleo do motor e unidades
área de filtragem em uma unidade bem compac- associadas.
ta.
Assim que o óleo passa através da tela Válvula de alívio de pressão de óleo
de malha fina, materiais estranhos são removi-
dos e assentados na base da carcaça. Em inter- Uma válvula de alívio de pressão de óleo
valos regulares, a tampa é retirada; e a tela e a (figura 6-4), limita a pressão de óleo a um valor
carcaça são limpas com solvente. pré-determinado, dependendo da instalação.
O filtro de óleo do tipo “cuno” tem um A pressão de óleo deve ser suficiente-
cartucho feito de discos e espaçadores. Uma lâ- mente alta, para assegurar lubrificação adequada
mina limpadora é posicionada entre cada par de do motor e de seus acessórios a altas rotações e
discos; as lâminas limpadoras são estacionárias, potências.
mas os discos giram quando o eixo é acionado. Por outro lado, a pressão não pode ser
O óleo vindo da bomba entra na caixa tão, pois ocorreriam vazamentos e danos ao sis-
que envolve o cartucho, passando através dos tema de óleo.
espaços entre os discos e o cartucho com folga A pressão de óleo é ajustada, removendo
mínima, atravessando o centro da cavidade e uma tampa de proteção, afrouxando a porca cô-
indo para o motor. nica e apertando o parafuso de ajuste.
6-5
Na maioria dos motores de aeronaves, varie muito com mudanças de temperatura, o
girando o parafuso no sentido horário, aumenta- indicador responderá melhor as mudanças na
se a tensão na mola que segura a válvula de alí- pressão de óleo.
vio em sua sede, aumentando, assim, a pressão Com o tempo, o óleo do motor irá mistu-
de óleo. Girando-se o parafuso no sentido anti- rar-se com algum óleo fino na linha do trans-
horário, reduz-se a tensão da mola, abaixando a missor, e durante o clima frio, a mistura mais
pressão. espessa causará um retardo nas leituras do ins-
O procedimento exato para ajustar a trumento. Para corrigir essa condição, a linha do
pressão de óleo, e os fatores que irão variar no indicador deve ser desconectada, drenada e rea-
ajuste de pressão, estão incluídos nas instruções bastecida com novo óleo fino.
aplicáveis do fabricante. A tendência futura é em direção a trans-
missores e indicadores elétricos, para sistemas
Indicador de pressão de óleo de indicação de pressão de óleo e combustível
em toda as aeronave. Nesse tipo de sistema de
Usualmente, o indicador de pressão de indicação, a pressão do óleo a ser medido é a-
óleo mostra a pressão quando o óleo entra no plicada na entrada do transmissor elétrico, onde
motor, vindo da bomba. é conduzida a um diafragma por um tubo capi-
Esse indicador avisa uma possível falha lar. O movimento produzido pela expansão e
de motor causada por uma perda no suprimento contração do diafragma é ampliado através de
de óleo, falha da bomba, queima de rolamentos, um arranjo de braço e engrenagem. A engrena-
ruptura de linhas de óleo, ou outras causas que gem varia o valor elétrico do circuito de indica-
podem ser indicadas pela perda de pressão de ção, o qual por sua vez, é refletido no indicador
óleo. na cabine de comando. Esse tipo de sistema de
Um tipo de indicador de pressão de óleo indicação substitui longas linhas de tubos cheios
usa um mecanismo de tubo de Bourdon, que de fluido, por fios praticamente sem peso.
mede a diferença entre a pressão de óleo e a Quando o óleo em circulação executou
pressão da cabine (atmosférica). sua função de lubrificar e resfriar as partes mó-
Esse indicador é construído da mesma veis do motor, ele é drenado em coletores nas
forma que outro manômetro do tipo Bourdon, partes mais baixas do motor. Óleo recebido nes-
exceto por uma restrição feita dentro da caixa ses coletores é recolhido por bombas de recal-
do instrumento, ou na conexão que direciona o que, do tipo engrenagem, tão rapidamente quan-
óleo ao tubo de Bourdon. Essa restrição previne to ele se acumula. Essas bombas têm maior ca-
que a ação de oscilação da bomba danifique o pacidade que a bomba de pressão. Em motor de
indicador, ou faça que o ponteiro oscile violen- cárter seco, esse óleo deixa o motor e passa a-
tamente a cada pulsação de pressão. través do regulador de temperatura, e retorna ao
O indicador de pressão de óleo tem uma tanque de suprimento.
escala de zero a 200 ou de zero a 300 psi. As
marcações da escala de operação são colocadas Regulador de temperatura de óleo
no vidro ou na face do indicador, para indicar
um limite seguro de pressão para uma dada ins- Como visto previamente, a viscosidade
talação. do óleo varia com sua temperatura. Desde que a
Um indicador de pressão de óleo do tipo viscosidade afete suas propriedades de lubrifi-
duplo está disponível para uso em aeronaves cação, a temperatura na qual o óleo entra no
multimotoras. motor tem que ser mantida dentro de certos li-
O indicador duplo contém dois tubos de mites.
Bourdon, colocados em uma caixa de instru- Geralmente, o óleo ao deixar o motor
mentos padrão, e um tubo sendo usado para ca- tem de ser resfriado antes de voltar a circular.
da motor. As conexões vão da parte traseira da Obviamente, a quantidade de resfriamento deve
caixa de instrumentos até cada motor. ser controlada, já que o óleo tem que retornar ao
Há uma montagem comum, mas as par- motor com a temperatura correta.
tes móveis funcionam independentemente. Em O regulador de temperatura de óleo, lo-
algumas instalações, a linha dirigida do motor calizado na linha de retorno para o tanque, pro-
ao indicador de pressão é preenchida com óleo vê esse resfriamento controlado. Como o nome
fino. Desde que a viscosidade desse óleo não já diz, essa unidade regula a temperatura, resfri-
6-6
ando o óleo ou passando-o para o tanque sem Radiador de óleo
resfriamento, dependendo da temperatura na
qual o óleo sai do motor. O Radiador (figura 6-5), de formato ci-
O regulador consiste de duas partes líndrico ou elíptico, consiste de um núcleo den-
principais: um radiador e uma válvula de tro de uma camisa de parede dupla.
controle de óleo (veja figura 6-2). O radiador O núcleo é feito de tubos de cobre ou
transfere o calor do óleo para o ar, enquanto a alumínio, com as terminações do tubo criando
válvula de controle regula o fluxo de óleo um formato hexagonal e se agrupando em um
através do radiador. efeito colméia, mostrado na figura 6-5.
As pontas dos tubos de cobre são solda-
Indicador de temperatura de óleo das, enquanto os tubos de alumínio são soldados
com latão ou mecanicamente unidos. Os tubos
Em sistemas de lubrificação de cárter apenas se tocam nas pontas, existindo assim, um
seco, o sensor de temperatura de óleo pode estar espaço entre eles por toda a extensão do com-
em qualquer posição da linha de entrada de en- primento. Isso permite que o óleo flua
tre o tanque e o motor.
Sistemas de óleo para motores de cárter
cheio tem o sensor de temperatura onde se possa
sentir a temperatura do óleo após ter passado
pelo radiador. Em qualquer sistema, o sensor é
devidamente localizado, para medir a tempera-
tura do óleo antes de entrar na seção quente do
motor.
Um indicador de temperatura na cabine
de comando é conectado ao sensor de tempera-
tura através de terminais elétricos. A temperatu-
ra do óleo será mostrada no indicador. Qualquer
falha do sistema de arrefecimento de óleo apa-
recerá como uma leitura anormal.
O fluxo de óleo no sistema mostrado na
figura 6-2 pode ser seguido a partir da conexão
de saída de óleo do tanque. As unidades seguin- Figura 6-5 Radiador de óleo.
tes, através das quais o óleo deve fluir para atin-
gir o motor, são a válvula de dreno e a válvula através dos espaços entre os tubos, enquanto o
de corte da parede de fogo. ar de resfriamento passa.
A válvula de dreno nessa instalação é O espaço entre as camisas interna e ex-
uma válvula manual de duas posições. Ela é lo- terna é conhecido como jaqueta anular ou de
calizada na parte mais baixa da linha de entrada desvio.
de óleo para o motor, para permitir uma comple- Duas vias são abertas para o fluxo de ó-
ta drenagem do tanque e suas linhas de abaste- leo através do radiador. Vindo da tomada de en-
cimento. trada, o óleo pode fluir a metade do cominho em
A válvula de corte da “Parede de Fogo” torno da jaqueta de desvio, entrar no núcleo
é acionada por motor elétrico, e instalada na li- vindo de baixo, e então passar através dos espa-
nha de entrada de óleo na parede de fogo da na- ços entre os tubos e sair para o tanque de óleo.
cele. Essa válvula corta a alimentação de óleo Essa é a via que o óleo segue quando
quando há fogo, quando há ruptura na linha de está quente o bastante para requerer resfriamen-
fornecimento de óleo, ou quando um serviço de to. Uma vez que o óleo flui através do núcleo,
manutenção executado requer que o óleo seja ele é guiado por difusores, os quais forçam o
estancado. Em algumas aeronaves, as válvulas óleo a trafegar para frente e para trás diversas
de corte para o sistema de óleo, sistema de vezes antes de atingir a saída do núcleo.
combustível e sistema hidráulico são controla- O óleo pode também, vindo da entrada,
das por um único interruptor de ligações; outros passar totalmente em volta da jaqueta de desvio
sistemas utilizam interruptores de controle sepa- para a saída, sem passar através do núcleo. O
rados para cada válvula. óleo segue essa rota de desvio quando está frio
6-7
ou quando o núcleo está bloqueado com óleo válvula de sobrepressão (C) e, ao mesmo tempo,
espesso demais. fechou a válvula de movimento vertical (E).

Válvula de controle de fluxo

A válvula de controle de fluxo determina


qual das vias de óleo será tomada em direção ao
radiador.
Há duas aberturas na válvula de controle
de fluxo, as quais se conectam nas saídas cor-
respondentes no topo do radiador.
Quando o óleo está frio, uma cápsula
dentro da válvula contrai e a levanta de sua se-
de. Sob esta condição, o óleo que entra no radi- Figura 6-6 Válvula de controle com proteção
ador tem a escolha de duas saídas e duas vias de contra sobrepressão.
acesso.
Seguindo a via de menor resistência, o A válvula de movimento vertical fecha-
óleo flui em torno da jaqueta, e sai pela válvula da previne que o óleo entre no circuito de resfri-
termostática para o tanque. amento; desta maneira, o óleo recalcado passa
Isso permite que o óleo se aqueça rapi- diretamente para o tanque através da saída (A),
damente e ao mesmo tempo, aqueça o que está sem passar pela jaqueta de desvio ou núcleo do
contido no núcleo. radiador. Quando a pressão cai até um valor se-
Assim que o óleo se aquece e atinge sua guro, a força da mola força a válvula de sobre-
temperatura de operação, a cápsula do termosta- pressão e a de movimento vertical para baixo,
to se expande e fecha a saída vinda da jaqueta fechando a de sobrepressão, e abrindo a válvula
de desvio. de movimento vertical (E).
O óleo tem, agora, que passar através do O óleo então passa da entrada da válvula
núcleo por uma abertura na base da válvula de de controle (D) através da válvula de movimen-
controle de fluxo, e sair para o tanque. Não im- to vertical aberta, e pela jaqueta de desvio pela
porta que caminho o óleo toma através do radi- tomada (H), ou através do núcleo pela tomada
ador, ele sempre flui pela cápsula da válvula (G). A válvula unidirecional (B) abre para per-
termostática. mitir que o óleo atinja a linha de retorno do tan-
que.
Válvulas protetoras de sobrepressão
Controles de fluxo de ar
Quando o óleo no sistema está congela-
do, a bomba de recalque pode criar uma pressão Pela regulagem do fluxo de ar que passa
muito alta na linha de retorno. pelo radiador, a temperatura do óleo pode ser
Para evitar que essa alta pressão venha a controlada para adequar as diversas condições
explodir o radiador, ou estourar as conexões das de operação. Por exemplo, o óleo atingirá a
mangueiras, algumas aeronaves possuem válvu- temperatura de operação mais rapidamente se o
las protetoras de sobrepressão no sistema de lu- fluxo de ar for cortado durante o aquecimento
brificação do motor. do motor.
Um tipo de válvula de sobrepressão (fi- Há dois métodos geralmente usados: um
gura 6-6), que está integrada a uma válvula de método emprega janelas instaladas na parte tra-
controle de fluxo, é o tipo mais comum. Embora seira do radiador de óleo; e o outro usa um “fla-
essa válvula de controle de fluxo seja diferente pe” no duto de saída de ar.
daquela descrita anteriormente, ela é essencial- Em alguns casos, o flape no duto de saí-
mente a mesma, exceto pelo dispositivo de pro- da de ar do radiador de óleo é aberto manual-
teção de sobrepressão. mente, e fechado por ligações mecânicas fixadas
A condição de operação em alta pressão em uma alavanca na cabine de comando, Fre-
é mostrada na figura 6-6, onde a alta pressão de qüentemente, o flape é aberto e fechado por um
óleo na entrada da válvula de controle forçou a motor elétrico.

6-8
Um dos dispositivos mais utilizados para Durante a operação, a temperatura do
controle automático da temperatura do óleo é o óleo do motor, que flui sobre o elemento bime-
termostato flutuante de controle, que provê con- tálico (B na figura 6-7), faz com que esse ele-
trole automático e manual da temperatura de mento enrole ou desenrole levemente. Esse mo-
entrada do óleo. Com esse tipo de controle, a vimento gira o eixo (A) e o braço central do
porta de saída de ar do radiador é aberta e fe- contato para a “massa”.
chada automaticamente por um atuador operado Assim que o braço de contato para a
eletricamente. massa é girado, ele se move para abrir ou fechar
A operação automática do atuador é de- o braço de contato flutuante (G). Os dois braços
terminada por impulsos elétricos recebidos de de contato flutuantes são movidos pelo eixo de
um termostato controlador, instalado na tubula- cames (F), o qual é acionado continuamente por
ção que direciona o óleo do radiador para o tan- um motor elétrico (D) através de um jogo de
que de suprimento. engrenagens.
O atuador pode ser operado manualmen- Quando o braço central de contato para a
te por um interruptor de controle da porta de massa é posicionado pelo elemento bimetálico
saída de ar do radiador de óleo. até que toque um dos braços de controle
Colocando essa chave nas posições “A- flutuantes, um circuito elétrico para o motor
berto” ou “Fechado” num movimento corres- atuador do flape de saída de ar do radiador é
pondente na porta do radiador. Colocando a fechado, fazendo com que o atuador opere e
chave na posição “Auto” coloca-se o atuador posicione o flape de saída de ar do radiador de
sob controle automático do termostato flutuante óleo. Em alguns sistemas de lubrificação, ra-
de controle (figura 6-7). diadores duplos de ar são usados.
O termostato mostrado na figura 6-7 é Se o típico sistema de óleo previamente
ajustado para manter uma temperatura normal descrito é adaptado para dois radiadores de óleo,
do óleo, de tal forma que não irá variar mais do o sistema será modificado para incluir um divi-
que aproximadamente 5 a 8 °C, dependendo da sor de fluxo, dois radiadores idênticos e regula-
instalação. dores de fluxo, duas portas de saída de ar, um
mecanismo de atuação para duas portas e uma
conexão “Y”, como mostra a figura 6-8.

Figura 6-8 Sistema de duplo radiador de óleo.

O óleo retornado do motor é enviado


através de um único tubo para o divisor de fluxo
(E), onde o fluxo de óleo de retorno é dividido
igualmente em dois tubos (C), um para cada ra-
Figura 6-7 Termostato de controle flutuante. diador. Os radiadores e reguladores têm a mes-

6-9
ma construção e operação que os radiadores e O óleo flui dos mancais principais atra-
reguladores de fluxo descritos anteriormente. vés de orifícios no eixo de manivelas para os
O óleo vindo dos radiadores é direciona- mancais inferiores das bielas. Cada um desses
do por dois tubos (D) para uma conexão “Y”, orifícios (pelos quais o óleo é alimentado) está
onde o termostato flutuante de controle (A) ana- localizado de tal maneira que a pressão no man-
lisa a temperatura do óleo e posiciona as duas cal naquele ponto seja a menor possível.
portas de saída de ar do radiador pela ação do O óleo atinge o eixo de ressaltos (em um
mecanismo atuador das portas. Vindo da cone- motor em linha ou cilindros opostos) ou um anel
xão “Y”, o óleo lubrificante retorna ao tanque, ou tambor de ressaltos (em um motor radial)
onde completa seu circuito. através de uma conexão com o mancal final, ou
o captador de óleo principal; o óleo então flui
LUBRIFICAÇÃO INTERNA DOS para os diversos ressaltos e mancais dos eixos,
MOTORES À EXPLOSÃO placas ou tambores de ressaltos.
(CONVENCIONAIS) As superfícies dos cilindros do motor
recebem óleo por salpico do eixo de manivelas,
O óleo de lubrificação é distribuído a e também dos mancais do pino munhão.
diversas peças móveis, de um típico motor de Desde que o óleo escape vagarosamente
combustão interna, por um dos seguintes méto- através das pequenas folgas do pino munhão
dos: Pressão, Salpico, ou uma combinação de antes de ser salpicado nas paredes do cilindro,
ambos. um tempo considerável é requerido para que
óleo suficiente atinja as paredes do cilindro, es-
Lubrificação por pressão pecialmente em dias frios, quando o fluxo de
óleo é mais vagaroso.
Em um sistema típico de lubrificação Essa é uma das razões básicas para se di-
por pressão (figura 6-9), uma bomba mecânica luir o óleo do motor com gasolina para partidas
supre com óleo sob pressão os mancais por todo em tempo frio.
o motor.
O óleo flui pelo lado de entrada ou suc- Combinação de lubrificação por pressão e
ção da bomba, por uma linha conectada ao tan- salpico
que em um ponto mais alto que a parede inferior
do coletor. Isso evita que sedimentos que caiam O sistema de lubrificação por pressão é o
no coletor sejam sugados para a bomba. A bom- principal método de lubrificação de motores de
ba força o óleo para o captador, que o distribui aeronaves.
através de passagens perfuradas para os mancais Lubrificação por salpico pode ser usada
do eixo de manivelas e outros mancais por todo em adição à lubrificação por pressão em moto-
motor. res de aeronaves, mas nunca usado por si só; por
essa razão, os sistemas de lubrificação de moto-
res de avião são sempre do tipo pressão, ou uma
combinação de salpico e pressão; usualmente
este último.
As vantagens de lubrificação por pressão
são:

1. Introdução positiva de óleo para os mancais;


2. Efeito de resfriamento causado pela grande
quantidade de óleo que pode ser circulada a-
través do mancal;
3. Lubrificação satisfatória em várias atitudes
de vôo.

Lubrificação com cárter cheio

Figura 6-9 Esquema de um sistema de lubrifi- A forma simples de um sistema de cárter


cação por pressão de carter seco. cheio é mostrada na figura 6-10.
6-10
Depois de lubrificar as várias unidades
nas quais foi borrifado, o óleo drena de volta ao
cárter e o ciclo é então repetido.
As principais desvantagens do sistema
de cárter cheio são:

1. O Suprimento de óleo é limitado à capacida-


de do cárter (coletor de óleo);

2. Provisões para resfriamento do óleo são difí-


ceis de se obter devido o sistema ser uma u-
nidade contida em um espaço limitado;

3. Temperaturas do óleo têm a probabilidade de


serem maiores em grandes motores, porque o
suprimento de óleo está muito próximo ao
motor e é constantemente submetido às tem-
peraturas de operação;

4. O sistema não é prontamente adaptável para


vôo de dorso, uma vez que todo o suprimento
Figura 6-10 Vista esquemática de um típico de óleo irá inundar o motor.
sistema de lubrificação de carter
molhado. PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO EM
SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO
O sistema consiste de um cárter ou cole-
tor no qual o suprimento de óleo é mantido. O As seguintes práticas em sistemas de
nível (quantidade) de óleo é medido por uma lubrificação são típicas daquelas executadas em
vareta vertical que adentra ao óleo por um furo pequenas aeronaves monomotoras. Os sistemas
elevado no topo do bloco. de óleo e componentes são aqueles usados para
Na parte inferior do cárter (coletor de lubrificar um motor horizontal de seis cilindros
óleo) está um filtro de tela tendo uma malha a- opostos, refrigerados a ar e com 225 HP.
dequada, ou séries de aberturas, para reter partí- O sistema de óleo é do tipo cárter seco,
culas indesejáveis do óleo, e ainda passar uma usando um sistema de lubrificação por pressão
quantidade suficiente para a tomada de sucção acionada pelo motor, bombas do tipo engrena-
da bomba de pressão de óleo. gem e deslocamento positivo.
A rotação da bomba, a qual é acionada
pelo motor, faz com que o óleo passe ao redor
da parede externa das engrenagens, da maneira
ilustrada na figura 6-4. Isso desenvolve uma
pressão no sistema de lubrificação do eixo de
manivelas (furos de passagem).
A variação na velocidade da bomba, de
marcha lenta até potência total da faixa de ope-
ração do motor, e a flutuação da viscosidade do
óleo devido a mudanças de temperatura, são
compensadas pela tensão da mola da válvula de
alívio.
A bomba é desenhada para criar uma
grande pressão que, provavelmente, será mesmo
requerida para compensar o desgaste dos man-
cais ou redução da viscosidade do óleo. As par-
tes oleadas pela pressão borrifam um jato lubri-
ficante nos conjuntos de cilindro e pistão. Figura 6-11 Esquema do sistema de óleo.
6-11
O sistema (figura 6-11) consiste de um Dentro do tanque, uma mangueira de
resfriador de óleo (radiador), um tanque de óleo borracha flexível e balanceada é instalada, de
de 3 galões (U.S.), bomba de pressão de óleo e forma a se reposicionar automaticamente, para
de recalque, e as necessárias linhas de interco- assegurar a captação de óleo durante manobras
nexão de óleo. invertidas. Um protetor da vareta de nível é sol-
O óleo vindo do tanque é bombeado para dado dentro do tanque para proteger a linha fle-
o motor, onde circula sob pressão, e é conectado xível de captação de óleo.
no radiador e enviado de volta ao tanque. Durante um vôo normal, o tanque de ó-
Um termostato no radiador controla a leo é ligado à caixa de engrenagens do motor
temperatura do óleo, permitindo que uma parte através de uma linha flexível, instalada na parte
delel flua através do radiador, enquanto a outra superior do tanque.
flua diretamente ao tanque de suprimento de Entretanto, durante um vôo invertido,
óleo. esta linha de ventilação é coberta pelo óleo que
Esse sistema permite que o óleo quente está no tanque. Por esta razão, um arranjo de
do motor, com uma temperatura ainda abaixo de uma linha de ventilação secundária e mais uma
65 °C (150 °F), possa se misturar com o óleo válvula unidirecional estão incorporadas ao tan-
frio que não está em circulação no tanque de que, para este tipo de operação. Durante a inver-
suprimento. Isso eleva o suprimento completo são, quando o ar dentro do tanque atinge uma
de óleo do motor à temperatura de operação em determinada pressão, a válvula unidirecional
um curto período de tempo. na linha secundária de ventilação se abre,
O tanque de óleo, construído de alumí- permitindo que o ar escape do tanque. Isto
nio soldado, é abastecido através de um bocal de assegura um fluxo ininterrupto de óleo para o
enchimento localizado no tanque e equipado motor. A localização dos componentes em rela-
com uma tampa de travamento por tensão de ção uns aos outros e o motor são mostrados na
mola. figura 6-12.

Figura 6-12 Sistema de óleo, em perspectiva.

6-12
Tanque de óleo rança deve ser removido antes da trava ser alivi-
ada e a correia desconectada.
O reparo em um tanque de óleo normal-
mente necessita de sua remoção. Os procedi-
mentos de remoção e instalação permanecem os
mesmos independentemente do motor, estar ou
não, instalado na aeronave.
Primeiramente, o óleo deve ser drenado.
A maioria das aeronaves leves possui um dreno
de óleo similar ao da figura 6-13. Em algumas
aeronaves, a posição normal dela no solo pode
impedir a drenagem completa do óleo.
Figura 6-15 Remoção das braçadeiras de segu-
rança.

Finalmente o tanque pode ser removido.


O tanque é reinstalado, revertendo-se a seqüên-
cia usada na remoção do tanque.
Depois da instalação, o tanque de óleo
deve ser abastecido, verificando-se sua capaci-
dade (figura 6.16).

Figura 6-13 Dreno do tanque de óleo

Se a quantidade de óleo que não foi dre-


nado for grande, a parte traseira do tanque pode
ser suavemente levantada, após o mesmo ter su-
as correias de fixação aliviadas, para completar
a drenagem.
Depois da drenagem do tanque, as care-
nagens necessitam ser removidas para se ter a-
cesso a instalação do tanque de óleo.
Figura 6-16 Reabastecimento de um tanque de
Depois de desconectar as linhas de en-
óleo.
trada e saída (figura 6-14), a mangueira do sus-
piro e o fio de aterramento do mesmo podem ser
retirados.

Figura 6-17 Checagem do nível de óleo com a


Figura 6-14 Desconexão das linhas de óleo. vareta.

Agora as correias de fixação presas ao Após o abastecimento do tanque


redor do tanque podem ser removidas, como de óleo, o motor deve ser acionado por 2 minu-
mostra a figura 6-15. Qualquer freno de segu- tos. Então o nível de óleo deve ser verificado
6-13
novamente e, se necessário, deve-se adicionar
mais óleo para levar o mesmo para o nível cor-
reto, mostrado na vareta (figura 6.17).

Radiador de óleo

O radiador de óleo (figura 6-18) usado


nessas aeronaves é do tipo colméia.

Figura 6-19 Removendo o bulbo de temperatu-


ra do óleo.

Filtros de pressão e recuperação de óleo

A sujeira irá se acumular nos filtros de


pressão e recuperação (figura 6-20) durante a
operação do motor. Esses filtros devem ser re-
movidos, inspecionados e limpos em intervalos
especificados pelo fabricante.
Figura 6-18 Radiador de óleo.

Com o motor em operação e a tempera-


tura do óleo abaixo de 65°C (150°F), uma vál-
vula de desvio abre, permitindo que o óleo des-
vie do radiador.
Essa válvula começa a fechar quando a
temperatura do óleo atinge aproximadamente
65°C 150(°F).
Quando a temperatura do óleo atinge
85°C (185°F) ±2°C, a válvula é fechada por
completo, fazendo com que todo óleo passe pelo
radiador. Figura 6-20 A - Filtro da linha de pressão: e
B - Filtro de linha de recalque.
Bulbo de temperatura do óleo
Um típico procedimento de remoção in-
A maioria dos bulbos de temperatura do clui a remoção dos dispositivos de segurança e o
óleo são instalados junto ao filtro da linha de afrouxamento do alojamento ou cavidade onde
pressão. Eles enviam um sinal que representa a está instalado o filtro. Um vasilhame deve ser
temperatura do óleo ao entrar no motor, para os providenciado para coletar o óleo que será dre-
indicadores de temperatura instalados no painel nado na remoção do filtro, ele deve estar limpo
de instrumentos da aeronave. para que se verifique a presença de partículas
Os bulbos de temperatura podem ser estranhas.
substituídos, removendo-se o freno de seguran- Qualquer contaminação já existente no
ça, retirando o conector elétrico e então remo- vasilhame induzirá a uma falsa indicação da
vendo o bulbo de temperatura usando uma cha- condição do motor. Isto poderia resultar numa
ve adequada, como mostra a figura 6-19. remoção prematura.
6-14
Após a remoção dos filtros, eles devem Gira-se o parafuso de ajuste no sentido
ser inspecionados quanto à contaminação e à horário para aumentar a pressão, ou no sentido
presença de partículas metálicas, que possam anti-horário para diminui-la. Os ajustes de pres-
indicar uma falha interna do motor. O filtro de- são são feitos enquanto os motores estiverem
ve estar limpo antes de sua reinstalação. em marcha lenta; e aperta-se a porca de trava-
Em alguns casos é necessário desmontar mento após cada ajuste.
o filtro para inspeção e limpeza. Os Verifica-se o instrumento de pressão do
procedimentos do fabricante devem ser óleo enquanto o motor está em funcionamento a
seguidos; a partir da remoção e instalação do uma determinada RPM, especificada pelo ma-
conjunto do filtro. nual de manutenção. Este valor pode variar de
Quando se reinstala um filtro, usam-se 1900 RPM a 2300 RPM. O valor da pressão de
anéis retentores e juntas novas, apertando-se as óleo deve estar dentro dos valores especificados
porcas de fixação do alojamento ou cavidade do pelo fabricante.
filtro, de acordo com o torque especificado no
manual de manutenção. Os filtros devem ser Drenagem do óleo
devidamente frenados.
O óleo, em uso, é constantemente expos-
Válvula de alívio de pressão do óleo to a várias substâncias prejudiciais, que redu-
zem sua capacidade de proteger partes móveis.
Uma válvula de alívio de pressão man-
tém a pressão de óleo em valores especificados Os principais contaminantes são:
pelo manual do fabricante do motor.
Os valores de pressão de óleo variam de 1. Gasolina
35 PSI a 90 PSI, dependendo da instalação. A
pressão de óleo deve ser suficientemente alta 2. Água
para assegurar uma lubrificação adequada ao
motor e acessórios, quando em alta rotação (mo- 3. Ácidos
tor).
Por outro lado, a pressão não pode ser 4. Sujeira
excessivamente alta, pois vazamentos e danos
podem ocorrer ao sistema. 5. Carbono
A pressão de óleo é ajustada removendo-
se a tampa do parafuso de ajuste, afrouxando a 6. Partículas magnéticas
trava e girando o parafuso de ajuste (veja a figu-
ra 6-21). Por causa do acúmulo dessas substâncias
prejudiciais, a prática mais comum é drenar to-
do o sistema de lubrificação em intervalos regu-
lares, e reabastecê-lo com óleo novo. O tempo
entre cada troca de óleo varia com cada fabri-
cante, modelo de aeronave e combinação de
motor.

Pesquisa de problemas no sistema de óleo

As principais causas de mau funciona-


mento e suas respectivas ações corretivas, lista-
das na tabela 9, constituem um guia para pes-
quisa de problemas no sistema de lubrificação.
O propósito desta tabela é apresentar os
problemas mais típicos no sistema de lubrifica-
ção, e não o de dizer que esses problemas são
Figura 6-21 Ajustando a válvula de pressão do exatamente iguais em todas as aeronaves.
óleo.

6-15
TABELA 9. Procedimentos para pesquisa de problemas no Sistema de Óleo
Problemas Isolando o Problema Ação Corretiva
Consumo excessivo de óleo
Vazamento na linha Verifique as linhas externas Substitua ou repare as
quanto a sinais de vazamento. linhas defeituosas.
Vazamento pelo selo de um ou mais Verifique os componentes quanto Substitua o componen-
componentes a vazamentos logo após a opera- te e/ou selo defeituoso.
ção do motor.
Baixo nível de óleo. Abasteça com o óleo
correto.
Rolamento defeituoso ou danificado Verifique o reservatório e a tela Substitua o motor se
da bomba de pressão quanto a forem detectadas partí-
presença de partículas metálicas. culas metálicas.
Indicação de Pressão de Óleo Alta ou Baixa
Indicador defeituoso Verifique o indicador. Substitua o indicador
se o mesmo estiver
defeituoso.
Operação indevida da válvula de alí- Indicações erradas de pressão, Remova, limpe e ins-
vio de pressão excessivamente, alta ou baixa. pecione a válvula de
alívio.
Fornecimento inadequado de óleo Verifique a quantidade de óleo. Abasteça o tanque de
óleo.
Óleo contaminado ou diluído. Drene o motor e o tan-
que; abasteça o tanque.
Tela obstruída. Remova e limpe a tela.
Viscosidade do óleo incorreta. Tenha certeza que o óleo correto Drene o motor e o tan-
esteja sendo usado. que; abasteça o tanque.
Ajuste incorreto da válvula de alívio Verifique o ajuste da válvula de Faça o ajuste correto
da bomba de pressão de óleo. alívio de pressão. da válvula de alívio da
bomba de pressão de
óleo.
Indicação de Temperatura de Óleo Alta ou Baixa.
Indicador de temperatura defeituoso. Verifique o indicador. Substitua o indicador
se defeituoso.
Fornecimento inadequado de óleo. Verifique a quantidade de óleo. Abasteça o tanque de
óleo.
Óleo contaminado ou diluído. Drene o motor e o tan-
que; abasteça o tanque.
Obstrução no tanque de óleo. Verifique o tanque. Drene o tanque e re-
mova a obstrução.
Tela obstruída. Remova e limpe a tela.
Obstrução na passagem do resfriador Verifique se a passagem está Substitua o resfriador
do óleo. obstruída ou deformada. de óleo se defeituoso.
Formação de Bolhas no Óleo.
Óleo contaminado ou diluído. Drene o motor e o tan-
que; abasteça o tanque.
Nível de óleo no tanque muito alto. Verifique a quantidade de óleo. Drene o excesso de
óleo do tanque.

6-16
EXIGÊNCIAS PARA OS LUBRIFICANTES Os óleos sintéticos são fornecidos nor-
DE MOTORES A REAÇÃO malmente em latas de metal com capacidade de
¼ de galão ou 1 galão. Embora esse tipo de ar-
Existem vários requisitos para os óleos mazenamento escolhido minimize a contamina-
lubrificantes de motores, mas pelo fato de exis- ção, freqüentemente tem sido necessário filtrar o
tir um número menor de partes móveis e a com- óleo para remover impurezas, tais como resí-
pleta ausência de movimento cíclico, os pro- duos metálicos, ou selantes, que aparecem como
blemas de lubrificação são menos freqüentes resultado da abertura da lata. Alguns óleos po-
nos motores a reação que nos motores conven- dem conter antioxidantes, aditivos e substâncias
cionais. que diminuem o seu ponto de fluidez em adição
Pela ausência de movimento cíclico mais aos materiais sintéticos de base química.
o uso de rolamentos do tipo esfera e rolete, o
motor a reação usam um óleo lubrificante me- SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO DOS
nos viscoso. Os motores turboélices, embora MOTORES A REAÇÃO
usem o mesmo tipo de óleo dos motores que
equipam um jato, devem usar um óleo com uma Os sistemas de lubrificação utilizados
viscosidade maior pelo fato de sofrerem um nos motores a reação são do tipo cárter molhado
maior esforço sobre os rolamentos. Esforço este ou cárter seco. A maioria dos motores à reação é
produzido pelas engrenagens de redução das do tipo de fluxo axial e usam o sistema de cárter
hélices. seco. Entretanto, alguns motores utilizam a
A viscosidade do óleo dos motores a re- combinação cárter seco e molhado.
ação deve ser suficientemente alta para suportar Motores que utilizam o sistema de cárter
o esforço exigido pelas diferentes cargas a que o molhado estocam o óleo dentro do próprio mo-
motor se submete, e também suficientemente tor, enquanto motores que utilizam o sistema de
baixa para prover uma boa fluidez do óleo. cárter seco utilizam um tanque externo, instala-
O óleo deve ter uma baixa volatilidade do geralmente no próprio motor ou em um pon-
para evitar perdas por evaporação em maiores to da estrutura próximo ao motor. Para assegu-
altitudes. Em adição, o mesmo não pode criar rar a temperatura adequada do óleo, o mesmo é
bolhas e deve ser, essencialmente, não- direcionado através de um resfriador, que utiliza
destrutivo para os diversos selos de borracha ou ar ou o próprio combustível para resfriar o óleo.
sintéticos existentes no sistema de lubrificação. O rolamento da parte final do motor (e-
Com relação aos rolamentos de antifricção, o xaustão) é considerado o ponto de lubrificação
óleo tem de manter a formação de carbono e mais crítico em um motor à reação, devido a
verniz no mínimo possível. alta temperatura existente naquela região. Em
Os vários requisitos exigidos para os ó- alguns motores o ar é usado, adicionalmente ao
leos lubrificantes podem ser encontrados nos óleo, para resfriar os rolamentos do motor. O ar,
óleos sintéticos, especialmente desenvolvidos quando usado, é fornecido pelo compressor
para os motores a reação. O óleo sintético tem principal. Também, algumas rodas de turbinas
duas vantagens principais em relação ao óleo contêm aletas que forçam o ar de sua parte fron-
derivado de petróleo, ele tem menos tendência à tal sobre os discos de turbinas. Os quais, por sua
formação de borra e a evaporar em altas tempe- vez , reduzem a radiação de calor para os rola-
raturas, sua principal desvantagem é a tendência mentos.
a formar bolhas e remover a tinta da superfície O ar sangrado do compressor, como é
que entre em contato com o mesmo. conhecido, é usado para resfriar áreas do motor;
As superfícies contaminadas com óleo e normalmente é retirado do quarto ou quinto
devem ser limpas com um solvente de petróleo estágio, já que neste ponto o ar possui pressão
o mais rápido possível.O intervalo para troca de suficiente, e a temperatura ainda não é tão ele-
óleo dos motores à reação varia largamente de vada. O uso de ar, para resfriamento de algumas
modelo para modelo, dependendo principalmen- áreas no motor, elimina a necessidade de se usar
te das condições de temperaturas a que o óleo é resfriadores de óleo em sistemas de lubrificação
exposto pela instalação do conjunto aerona- do tipo cárter molhado. Uma considerável quan-
ve/configuração do motor. As instruções de a- tidade de calor, que normalmente se faz presen-
plicabilidade do fabricante devem ser seguidas. te, é dissipada pelo ar de resfriamento, ao invés
6-17
de ser absorvido pelo óleo. O uso do ar reduz Neste tipo de sistema, uma grande quantida-
sensivelmente a quantidade de óleo necessário de de óleo pode ser transportada, e a temperatu-
para manter o resfriamento adequado dos rola- ra pode ser prontamente controlada. Um resfria-
mentos. dor de óleo é incorporado ao sistema de cárter
Motores que dependem exclusivamente seco, figura 6-22. Esse resfriador pode usar o ar
de óleo para resfriamento dos rolamentos neces- ou o próprio combustível como agente resfria-
sitam de um resfriador. Quando um resfriador se dor.
faz necessário, normalmente uma grande quan- O sistema de cárter seco permite que
tidade de óleo é utilizada para manter a circula- motores de fluxo axial mantenham seus diâme-
ção entre o resfriador e o motor. tros relativamente pequenos, uma vez que o
tanque de óleo se encaixa dentro do projeto do
Lubrificação de motores a reação com cárter motor. As descrições que se seguem incluem a
do tipo seco maioria dos componentes encontrados nos vá-
rios sistemas de lubrificação de motores. Entre-
No sistema de lubrificação de motores tanto, como os sistemas de lubrificação dos mo-
do tipo cárter seco, o óleo fica em um tanque tores variam de acordo com os modelos e fabri-
normalmente montado. cantes, nem todos os componentes serão neces-
sariamente encontrados num sistema.

Figura 6-22 Sistema de lubrificação de um motor turbojato de carter seco.

Embora o sistema de cárter seco use um atitudes da aeronave. Sendo que isto é feito por
tanque que contém a maioria do óleo utilizado uma ação conjunta de uma conexão de saída ori-
no sistema, uma pequena quantidade é mantida entável, uma divisória de metal que divide o
dentro do motor em um pequeno reservatório. tanque horizontalmente, duas válvulas unidire-
Nesse reservatório encontramos a bomba de ó- cionais e um sistema de ventilação positiva.
leo, as telas das linhas de pressão e recuperação, A conexão de saída é controlada por um
as conexões de retorno, um filtro e os pontos de peso, que por sua vez está livre para balançar,
fixação do transmissor de pressão de óleo e do abrindo ou não a saída para o óleo. As válvulas
bulbo de temperatura. unidirecionais, instaladas na divisória, são nor-
Uma vista típica de um tanque de óleo é malmente abertas; elas se fecham somente
mostrada na figura 6-23, foi projetado para for- quando óleo na parte inferior do tanque tende a
necer óleo constantemente para o motor durante correr para a parte superior durante uma desace-
os vários regimes de operação do mesmo e das leração.
6-18
Com isso, o óleo é retido na parte inferi- Entretanto, existem algumas bombas que tem
or do tanque sendo coletado pela conexão de uma única função; que é fornecer ou recuperar o
saída. Um dreno está instalado na parte inferior óleo.
do tanque. O número de elementos de pressão e re-
O sistema de ventilação dentro do tan- cuperação dependerá do tipo e modelo do mo-
que, figura 6-23, é arranjado para que o espaço tor. Por exemplo, motores de fluxo axial tem um
ocupado pelo ar seja aliviado toda vez que o ó- longo eixo rotor, o que representa um número
leo é forçado para a parte superior do tanque maior de rolamentos para suportá-los. Enquanto
pela desaceleração sofrida pela aeronave. motores de fluxo centrífugo não necessitam da
mesma quantidade. Por essa razão, os elementos
utilizados para as bombas de pressão e recupe-
ração devem ser diferentes em número e capaci-
dade.
Em todos os tipos de bombas o elemento
de recuperação tem uma capacidade de bombe-
ar, maior que o elemento de pressão, para evitar
o acúmulo de óleo nos rolamentos.
As bombas podem ser de vários tipos,
cada uma tem suas vantagens e limitações. Os
Figura 6-23 Tanque de óleo. três tipos mais usados de bombas são as de en-
grenagens, gerotor e pistão, sendo a de engrena-
Todos os tanques de óleo são projetados gem a mais utilizada. Cada uma dessas bombas
para receber o óleo após sua expansão térmica. tem suas configurações.
Expansão essa causada pela absorção do calor Na bomba do tipo engrenagem, ilustrada
dos rolamentos, engrenagens e o atrito causado na figura 6-24, há somente dois elementos, um
pela circulação do mesmo dentro do sistema. para pressão e outro para recuperação. Entretan-
Alguns tanques incorporam um desace- to, alguns tipos de bombas podem ter mais ele-
lerador, que separa o ar do óleo retornado a par- mentos, dois ou mais para o elemento de recu-
te superior do tanque pelo sistema de recupera- peração e um ou mais para o elemento de pres-
ção. O ar é enviado para fora pelo sistema de são.
ventilação instalado na parte superior do tanque.
Na maioria dos tanques um aumento na
pressão interna é desejado, de modo a assegurar
um fluxo positivo para a entrada da bomba de
óleo.
Esse aumento de pressão é controlado e
mantido por uma válvula de alívio regulada. A
válvula é ajustada para manter a pressão no tan-
que em torno de 4 PSI.
Experiências têm mostrado que existe
uma pequena necessidade de se manter o siste-
ma mais diluído. Se a temperatura do ar é ex-
tremamente baixa, o óleo pode se tornar mais
denso. Por isso alguns motores têm instalado
um aquecedor de óleo do tipo imersão. Figura 6-24 Vista em corte de uma bomba de
engrenagem.
Bomba de óleo Uma válvula de alívio na linha de saída
da bomba (figura 6-24) limita a pressão de saída
A bomba de óleo tem a função de forne- a valores pré-determinados, desviando o óleo
cer óleo sob pressão para as partes do motor que para a linha de entrada da bomba. A figura tam-
requerem lubrificação. Muitas bombas de óleo bém mostra um eixo de proteção contra trava-
não consistem somente de um elemento de pres- mento “shaft shear”, que se parte se houver um
são, mas também de elementos de recuperação. travamento da bomba.
6-19
A bomba do tipo gerotor, tal como a retornado para o reservatório de óleo. A bomba
bomba de engrenagem, contém um elemento do tipo pistão é usada por ser menos extensa que
para a parte de pressão e outro para a parte de as dos outros tipos.
recuperação. Os elementos são quase iguais no
formato, entretanto a capacidade de cada ele- Filtros
mento pode ser alterada, variando-se o tamanho
do elemento gerotor. Os filtros são uma parte importante no
Por exemplo, o elemento de pressão po- sistema de lubrificação, já que eles são respon-
de ter uma capacidade de bombeamento de 3,1 sáveis pela remoção das partículas estranhas
gpm (galões por minuto) enquanto o elemento contidas no óleo. Isto é particularmente impor-
de recuperação tem a capacidade de 4,25 gpm. tante em motores à reação, já que altas veloci-
Conseqüentemente, o elemento de pressão é dades são alcançadas internamente ao motor, e
menor, já que os elementos são todos movidos os rolamentos de esferas e de roletes utilizados
pelo mesmo eixo. A pressão é determinada pela para reduzir a fricção seriam danificados rapi-
rpm do motor, sendo que, com o motor em mar- damente por estas partículas estranhas contidas
cha lenta (idle), a pressão é mínima; e com o no óleo. Também existem várias passagens para
motor com potência de decolagem a pressão é vários pontos de lubrificação. Por essas passa-
máxima. gens serem de diâmetro reduzido, muitas vezes
Um conjunto gerotor típico é mostrado elas entopem.
na figura 6-25. Cada elemento do conjunto é Existem vários tipos de filtros usados
separado por um prato de aço, fazendo de cada para a filtragem do óleo lubrificante. Os
elemento uma unidade individual de bombea- elementos filtrantes possuem diversas
mento. configurações. Já que seria inviável citar a todos
os tipos existentes de elementos, citaremos
apenas os mais comuns.
Um filtro de óleo comum usa um ele-
mento descartável com várias lâminas de papel,
filtros como esse são muito usados em sistemas
hidráulicos. Um outro tipo de elemento de filtro
é feito por uma série de espaçadores e telas,
como mostrado na figura 6-26. Esse filtro é feito
Figura 6-25 Elemento de uma bomba tipo gero- de uma pilha de discos recobertos por telas e
tor. separados por espaçadores, de forma que o flu-
xo de óleo flui através das telas até o orifício de
O elemento interno, que é menor, tem a saída do conjunto de filtragem.
forma de estrela e possui lobos externos que se
casam com os lobos internos do elemento exter-
no da bomba. O elemento menor é ligado ao ei-
xo da bomba e atua como uma fonte de força
para o elemento externo que gira livremente. O
elemento externo acopla dentro de um prato de
aço que contém um furo excêntrico. Em um
modelo de motor, a bomba de óleo tem quatro
elementos, sendo um para pressão e três para
recuperação. Em outros modelos a bomba tem
seis elementos, sendo um para pressão e cinco
para recuperação. Cada alojamento de óleo pos-
sui fluxo, desde de que o eixo do motor esteja
girando. Figura 6-26 Filtro de óleo de tela e espaçadores.
A bomba de lubrificação do tipo pistão é
do tipo de êmbolos múltiplos. A saída de cada Um outro tipo de filtro, usado como par-
pistão forma um jato de lubrificação indepen- te principal da filtragem é mostrado na figura 6-
dente. O óleo drenado dos pontos de lubrifica- 27. O interior do elemento do filtro é de aço i-
ção é recuperado por um elemento da bomba, e noxidável.
6-20
estiver incorporado ao sistema, já que estes res-
friadores se rompem facilmente devido ao fato
de sua construção utilizar um sistema de paredes
finas. A válvula de alívio é ajustada para aliviar
a pressão e desviar o óleo de volta a linha de
entrada da bomba toda vez que a pressão exce-
der ao limite pré-estabelecido.

Bicos de lubrificação

Os bicos de lubrificação (ou esguicho)


estão localizados nas linhas de pressão adjacen-
tes aos compartimentos dos rolamentos e das
junções dos rotores de eixo; ou juntamente com
Figura 6-27 Conjunto de filtragem. eles. Estes esguichos são na forma de jatos ato-
mizados. Alguns motores usam jatos de ar e ó-
Cada um dos tipos de filtros menciona- leo na forma de esguicho, o qual é produzido
dos apresenta algumas vantagens. Em cada um usando-se ar de alta pressão retirado do com-
dos casos o filtro selecionado é aquele que me- pressor para as saídas dos jatos de óleo. Este
lhor atende às necessidades individuais de cada método é utilizado para rolamentos de esfera e
motor. Os filtros discutidos geralmente são usa- de rolete, no entanto, o jato de óleo apenas é
dos como filtros de óleo principal; ou seja, eles considerado melhor do que os outros dois.
retiram as impurezas do óleo logo após a saída Os bicos de lubrificação entopem facil-
da bomba, antes que ele seja bombeado até os mente por causa do pequeno orifício que existe
vários pontos de lubrificação. normalmente em sua extremidade; conseqüen-
Adicionalmente aos filtros principais, temente, o óleo deve estar sempre livre de qual-
existem os filtros secundários, localizados ao quer forma de partículas estranhas. Se os filtros
longo do sistema por vários motivos. Por exem- secundários entupirem teremos como resultado
plo, talvez tenhamos uma tela de filtro na forma uma provável falha dos rolamentos, já que os
de um dedo (finger), o qual às vezes é usado jatos de óleo não são acessíveis para limpeza,
para filtragem do óleo na linha de retorno. Tam- exceto durante as revisões gerais dos motores.
bém, existem as telas de malha fina, também Para prevenir uma falha devido ao entupimento
chamadas de filtros de “ultima chance”, para a nos esguichos, os filtros principais devem ser
filtragem do óleo antes que ele passe dos bicos checados freqüentemente quanto à contamina-
injetores para a superfície dos rolamentos. ção.
Os componentes típicos de um filtro
principal incluem o alojamento do filtro, o qual Posicionamento dos manômetros do sistema
possui uma válvula de alívio ou de desvio e, é de lubrificação
claro, o elemento filtrante.
A válvula de desvio evita que o fluxo de Manômetros de pressão e de temperatura
óleo seja interrompido caso o filtro de óleo este- são incorporados ao sistema para a medição da
ja entupido. A válvula de alívio abre sempre que pressão e da temperatura do óleo.
uma determinada pressão é atingida na linha. O manômetro para a medição da pressão
Caso isto ocorra, a filtragem feita pelo filtro é do óleo é colocado logo após a saída da bomba,
interrompida, permitindo que o óleo não filtrado para medir a pressão do lubrificante no caminho
seja bombeado até os rolamentos. até os esguichos de óleo.
Os dois métodos mais comuns para a
Válvula de alívio da pressão de óleo obtenção da indicação da temperatura do óleo
são: um encaixe com um termopar na linha de
Uma válvula de alívio de pressão é in- óleo; ou um bulbo de temperatura na linha de
cluída na linha de pressão do óleo para limitar a óleo. O medidor de pressão do óleo está locali-
pressão máxima do sistema. Esta válvula é es- zado na linha de pressão entre a bomba e os vá-
pecialmente importante se um resfriador de óleo rios pontos de lubrificação. O medidor de tem-
6-21
peratura está normalmente localizado na entrada passagem forçada do óleo na traseira do rola-
de pressão do motor. mento através do selo até atingir a área do com-
pressor.
Ventilação do sistema de lubrificação
Válvulas unidirecionais do sistema de lubrifi-
Ventiladores ou respiradouros são li- cação
nhas, ou aberturas, no tanque de óleo ou nos a-
lojamentos dos acessórios de vários motores, As válvulas unidirecionais (check val-
dependendo de quando o motor tiver um sistema ves), às vezes, são instaladas na linha de alimen-
de lubrificação a seco ou cárter molhado. tação do sistema de óleo para o cárter seco no
Os respiradouros no tanque de óleo pro- sistema, de forma a prevenir que ocorram vaza-
tegem a pressão do tanque de forma que a mes- mentos (por gravidade) na região do reservató-
ma não aumente ou diminua para valores dife- rio de óleo; ou através dos elementos da bomba
rentes ao da atmosfera externa. No entanto, o de combustível, ou nas linhas de alta pressão do
respiradouro pode ser direcionado através de motor após o corte (desligamento) dos mesmos.
uma válvula de alívio (check relief valve) de As válvulas unidirecionais, por impedirem um
pressão para manter uma pequena pressão (de fluxo na direção oposta, previnem o acúmulo
aproximadamente 4 p.s.i.) no óleo, de forma a desnecessário de óleo na caixa de acessórios, na
assegurar um fluxo positivo até a entrada da parte anterior do alojamento do compressor, e
bomba. na câmara de combustão.
Os ventiladores dos alojamentos de a- Tais acúmulos podem causar uma carga
cessórios (ou respiradouros) são aberturas pro- excessiva nas engrenagens da caixa de acessó-
tegidas por telas, as quais permitem que o ar rios durante a partida do motor, na contamina-
acumulado nos alojamentos seja sangrado para a ção do ar pressurizado da cabine; assim como
atmosfera. O óleo do sistema de retorno contém podem causar combustão interna do óleo.
ar que deve ser sangrado; caso contrario, haverá As válvulas unidirecionais são normal-
um aumento da pressão interna no alojamento mente do tipo mola (spring loaded), tipo esfera
de acessórios que irá impedir o fluxo do óleo e soquete (ball-and-soquet), construídas para
drenado dos rolamentos, fazendo com que o ó- que haja um fluxo livre do óleo pressurizado. A
leo retorne dos rolamentos para os selos, e va- pressão necessária para a abertura destas válvu-
zando para a região do compressor. las varia, mas as válvulas requerem normalmen-
Vazamentos de óleo podem ter várias te de 2 a 5 p.s.i. para permitir que o óleo flua até
conseqüências, a mais inofensiva delas é um os rolamentos.
aumento no consumo de óleo do motor; a mais
séria é o surgimento de pontos de queima devi-
do ao vazamento de quantidades maiores de ó- Válvulas termostáticas de desvio (by-pass) do
leo, os quais podem causar uma falha da turbi- sistema
na, já que provocam o surgimento de pontos
quentes. Nos sistemas que utilizam os radiadores
As aberturas de ventilação protegidas de óleo são incluídas válvulas termostáticas de
por telas estão normalmente localizadas no cen- desvio.
tro da parte frontal do alojamento da caixa de Apesar destas válvulas poderem ser
acessórios, a fim de prevenir um vazamento de chamadas por nomes diferentes, seu objetivo é o
óleo através do respiradouro durante uma atitu- de manter sempre uma temperatura adequada do
de não usual do avião. Alguns respiradores pos- óleo, através de uma variação do fluxo de óleo
suem um defletor para impedir o vazamento de que passa pelo radiador.
óleo durante manobras em vôo. Uma vista em corte de uma válvula de
Um respiradouro direcionado diretamen- desvio termostática pode ser visto na figura 6-
te sobre o compartimento do rolamento pode ser 28.
usado em alguns motores. Estes respiradouros Esta válvula consiste do corpo da válvu-
equalizam a pressão em torno da frente do ro- la, com dois pontos de entrada e apenas um de
lamento, de forma que a pressão inferior, no saída, e um elemento da válvula termostática
primeiro estágio do compressor, não cause uma carregado por uma mola.
6-22
tos, o que significa uma maior transferência de
calor para o óleo do sistema.
Terceiro, o ar que entra no motor de flu-
xo axial não circula em torno do reservatório de
óleo, como nos motores com sistema de cárter
úmido. Conseqüentemente, o radiador de óleo é
o único meio de dissipar o calor contido.
Dois tipos básicos de radiadores são uti-
lizados normalmente: os do tipo resfriados a ar e
o de resfriamento óleo-combustivel. O radiador
do tipo óleo-combustível funciona como um
trocador de calor entre o óleo e o combustível
do motor, de forma que o calor é retirado do ó-
leo para aquecer o combustível. O radiador a ar
Figura 6-28 Uma típica válvula de desvio ter- normalmente é instalado na parte dianteira do
mostática. motor, seu funcionamento é bastante parecido
como resfriador usado nos motores a pistão.
A válvula é carregada por uma mola,
porque uma queda de pressão no radiador de Trocadores de calor entre combustível/óleo
óleo poderia ser muito grande devido ao entu-
pimento, ou amassamento, na tubulação do ra- O trocador de calor combustível/óleo
diador. Neste caso, a válvula irá se abrir, desvi- ilustrado na figura 6-29 foi projetado para o res-
ando o fluxo do radiador de óleo. friamento do óleo, e para o pré-aquecimento do
combustível a ser usado na combustão.
Radiadores de óleo O combustível do motor deve passar a-
través do trocador de calor; no entanto, existe
Os radiadores de óleo são usados em al- uma válvula termostática que controla o fluxo
guns motores para reduzir a temperatura do óleo de óleo, que pode desviar o trocador quando não
no sistema, a um valor aceitável para a recircu- há a necessidade de resfriamento do mesmo.
lação do óleo através do sistema de lubrificação.
Em prévia discussão, foi mostrado que
em sistemas do tipo cárter molhado não há a
necessidade e de se utilizar um radiador de óleo
devido ao ar de refrigeração, o qual é forçado ao
redor da roda e dos rolamentos da turbina. Este
ar de refrigeração, fornecido por um impelidor
auxiliar no eixo do rotor, ou através do sangra-
mento do ar do compressor, reduz o calor que
normalmente é absorvido pelo óleo. Outro fator
de redução do calor no óleo nos sistemas do tipo
cárter molhado é que o ar que entra no motor
primeiro circula em torno da caixa de acessó- Entrada do
rios, refrigerando o óleo destinado ao reservató- combustível

rio.
Nos sistemas de cárter seco existe a ne- Figura 6-29 Radiador por troca de calor ó-
cessidade de uso do radiador de óleo por vários leo/combustível.
motivos. Primeiro, a refrigeração nos rolamen-
tos utilizando o ar sangrado do compressor não O trocador de calor óleo/combustível
é eficiente como a refrigeração feita por ar vin- consiste de um conjunto de tubos com um orifí-
do de um impelidor auxiliar, já que o ar sangra- cio de entrada e um de saída.
do do compressor possui um calor presente. O óleo entra por um orifício, movimen-
Segundo, o motor de fluxo axial nor- tando em torno da tubulação de combustível, e
malmente requer um número maior de rolamen- sai pelo outro.

6-23
O trocador de calor tem como vantagem O sistema de pressão fornece óleo aos
permitir sua instalação, ocupando uma pequena rolamentos principais do motor e as engrena-
área frontal do motor, oferecendo apenas um gens dos acessórios do mesmo.
pequeno arrasto. O sistema de retorno faz o retorno do ó-
leo para o reservatório do motor, o qual nor-
SISTEMA TÍPICO DE LUBRIFICAÇÃO malmente é montado junto à caixa do compres-
POR CÁRTER SECO sor; ele está conectado ao lado de entrada da
bomba de pressão de óleo do motor, que com-
O sistema de lubrificação de motor a ja- pleta o ciclo de fluxo de óleo.
to, ilustrado na figura 6-30, representa um motor Um sistema de sangramento, conectando
a reação que utiliza o sistema de cárter seco. os alojamentos dos rolamentos e o tanque de
O sistema de lubrificação é do tipo de al- óleo com a válvula de pressurização (breather
ta pressão; ele é constituído por pressão, retor- pressurization valve), completa o sistema de
no, e subsistemas de ventilação. lubrificação.

Figura 6-30 Sistema de lubrificação de um motor à turbina típico de carter seco.

Manutenção do sistema de pressurização do passagem através da parte inferior da bomba e


óleo do alojamento das engrenagens dos acessórios
(accessory drive housing).
A parte pressurizada do sistema de lubri- Perto da parte anterior do alojamento,
ficação do motor (figura 6-30) é pressurizada esta passagem é interceptada por outras duas;
por uma bomba de engrenagens, localizada no uma passagem transmite óleo com pressão para
lado esquerdo da bomba de óleo e do alojamen- os rolamentos instalados na parte anterior do
to das engrenagens dos acessórios. motor; enquanto a outra transmite óleo com
A bomba de pressão recebe óleo em seu pressão para uma passagem axial, que será res-
orifício inferior (de entrada), e o descarrega, ponsável pela lubrificação dos rolamentos na
pressurizado, no filtro localizado em seu aloja- parte frontal do motor, bem como dos dentes
mento. das engrenagens frontais dos acessórios.
Do filtro de óleo, o qual possui uma vál- Atravessando a passagem axial existe
vula de desvio que funciona em caso de entupi- um pequeno furo, que irá levar óleo pressuriza-
mento, o óleo pressurizado é transmitido a uma do até o centro da bomba de óleo e do alojamen-
6-24
to das engrenagens dos acessórios. Esse óleo é 2. Remover a tampa e o conjunto do filtro (figu-
então transmitido a caixa intermediária do com- ra 6-31). Descartar o anel de vedação antigo.
pressor (intermediate compressor case) para
lubrificar a parte frontal e posterior do rolamen- 3. Instalar o conjunto do filtro em uma bancada
to anterior. Existe, ainda, na parte superior da de fixação, e remover o conector da tampa do
passagem axial, duas passagens que conduzem filtro. O filtro deve ser instalado em uma
óleo ate o medidor de pressão de óleo e para a bancada de fixação própria, antes da remoção
válvula de alívio de pressão. do conector, para prevenir que as telas e es-
O óleo pressurizado é distribuído nos paçadores empilhados se soltem devido a sua
rolamentos principais, sendo que são pulveriza- pressão de mola.
dos nos rolamentos através dos orifícios dos bi-
cos de lubrificação, que fornecem um fluxo 4. Cuidadosamente a cobertura do filtro da fi-
relativamente constante em todos os regimes de xação é removida; desliza-se as telas e os es-
funcionamento do motor. paçadores em uma haste de limpeza apropri-
A válvula de alívio é posicionada após a ada, mantendo-os em sua ordem original. As
bomba, ela é ajustada de forma a manter uma peças devem ser posicionadas de forma a não
pressão própria sobre os bicos de lubrificação deslizarem na haste durante ao processo de
calibrados do motor. A válvula de alívio é de limpeza.
fácil acesso para ajuste.
A manutenção do sistema de lubrifica- 5. Separar as telas e os espaçadores, deslizando
ção é feita basicamente através de ajuste, remo- as partes ao longo da haste. Examinar as telas
ção, limpeza e substituição de componentes. e os espaçadores quanto à presença de partí-
Para ajustar a pressão de óleo, primeiro culas estranhas que possam indicar uma con-
remove-se a tampa protetora do parafuso de a- dição insatisfatória do motor.
juste no conjunto da válvula de alívio de pres-
são. Solta-se a porca, girando o parafuso no sen- 6. Mergulhar as telas e os espaçadores em um
tido horário, de forma a aumentar; e no sentido removedor de carvão a uma temperatura am-
anti-horário para diminuir a pressão de óleo. biente por alguns minutos. Enxaguar as peças
Em um sistema de lubrificação de motor com um fluido desengraxante ou solvente de
a reação típico, o parafuso de ajuste é posicio- limpeza. Soprar as peças até secar com um
nado de forma a fornecer ao sistema uma pres- jato de ar.
são de óleo de 40-50 P.S.I. a 75% da potência
de empuxo do motor. O ajuste deve ser feito 7. Montar os espaçadores e as telas do filtro no
com o motor em marcha lenta (idle); portanto, deflector, usando uma bancada de montagem.
talvez seja necessário fazer vários ajustes antes Verificar que um espaçador de saída está co-
de se obter a pressão desejada. Quando o ajuste locado em cada uma das extremidades. Tam-
da pressão desejada é atingido, a porca do para- bém, verificar se cada tela está localizada en-
fuso de ajuste deve ser apertada, a tampa prote- tre um espaçador de saída e um espaçador de
tora reinstalada com uma nova junta, apertada e entrada. Instalar a placa externa na monta-
frenada. gem das telas e dos espaçadores; depois ins-
talar a tampa na placa externa. Colocar um
novo selo no bujão (plug) da tampa, e insta-
Manutenção do filtro de óleo lar o bujão (plug) nas roscas existentes no
deflector.
O filtro de óleo deve ser removido em
toda revisão regular. O filtro deve ser desmon- 8. O bujão (plug) deve ser apertado de acordo
tado e limpo, e os elementos do filtro danifica- com o torque especificado pelo fabricante, de
dos ou desgastados devem ser substituídos. Os forma que os espaçadores e as telas não pos-
itens a seguir ilustram uma típica remoção do sam ser rodados com a mão.
filtro de óleo:
Frenar o bujão na tampa com arame de freno.
1. Providenciar um recipiente adequado para a Após isto, remover o conjunto da bancada de
coleta do óleo drenado. fixação.
6-25
A bomba de sucção do óleo do rolamen-
to traseiro do compressor está localizada no
compartimento formado pelo conjunto soldado
do duto interno do difusor e o suporte do rola-
mento n°5, conhecido como compartimento de
óleo n°3.
A bomba é acionada pelo eixo de engre-
nagem da caixa de acessórios, ela está fixada ao
conjunto de soldas do duto interno através de
um adaptador. A bomba recupera o óleo dos ro-
lamentos n°4 e n°4 1/2 quando o motor está em
posição nivelada.
Quando o motor está na posição de nariz
para baixo (nosedown), o óleo do rolamento n°5
Figura 6-31 Removendo o conjunto do filtro de irá fluir para frente, e ser recuperado no cárter
óleo. de óleo do rolamento traseiro do compressor.
Esta bomba também direciona o óleo recupera-
Sistema de recuperação do para um ponto de recuperação central da cai-
xa de acessórios principal.
O sistema de recuperação mantém o óleo A bomba de sucção do rolamento dian-
das cavidades principais dos rolamentos do mo- teiro da turbina está localizada no mesmo alo-
tor e, em certas temperaturas, circula o óleo re- jamento e compartimento que o da bomba de
cuperado através do radiador(es) de óleo e de sucção do rolamento traseiro do compressor;
volta ao tanque. ela é acionada pelo eixo de engrenagens da cai-
O sistema de recuperação do óleo ilus- xa de acessórios.
trado na figura 6-30 inclui seis bombas de en- A bomba recupera o óleo do rolamento
grenagem. A bomba de recuperação do n°5 quando o motor está em posição nivelada.
rolamento da entrada do compressor é acionada Quando o motor está na posição de nariz para
pelo acoplamento das engrenagens de comando, baixo (nosedown), o óleo dos rolamentos n°4 e
através das engrenagens de comando n°4 1/2 fluem para frente e são recuperados pela
intermediárias, ela recupera óleo acumulado no bomba de sucção do rolamento dianteiro da tur-
compartimento frontal da caixa de acessórios. O bina; esta, por sua vez, também direciona o óleo
óleo é direcionado através da linha externa até recuperado para um ponto de recuperação cen-
um ponto central de coleta no compartimento tral da caixa de acessórios principal.
principal da caixa de acessórios. A bomba de sucção do rolamento trasei-
A bomba de sucção do alojamento da ro da turbina está localizada na face interna,
caixa de acessórios é acionada por uma engre- posterior ao cárter do rolamento traseiro da tur-
nagem de comando intermediária, que recupera bina, o qual é o compartimento de óleo n°4. Es-
óleo acumulado pelo vazamento na bomba e no se compartimento está junto ao cárter do rola-
compartimento n°2. mento traseiro, e é acionado por um pinhão. Es-
O óleo retorna dos rolamentos n°2 e n°3 sa bomba recupera o óleo do compartimento do
através de passagens internas até um ponto cen- rolamento n°6, direcionando-o através de uma
tral de coleta na caixa principal. passagem existente no montante da caixa da
O cotovelo da bomba de sucção da caixa turbina. Deste ponto, o óleo é direcionado para
de acessórios, localizado na caixa de acessórios o alojamento dos acessórios, de onde a bomba
principal, recupera óleo do alojamento das en- do conector dos acessórios o retorna para um
grenagens em ângulo da caixa de engrenagens ponto de recuperação central da caixa de aces-
(accessory elbow housing), e retorna o óleo até sórios principal.
o ponto de coleta central na caixa principal. O Existem dois sistemas de apoio no sis-
óleo acumulado no compartimento do joelho da tema de recuperação, para que haja uma perfeita
caixa de acessórios por gravidade, flui dos man- refrigeração do mesmo.
cais e rolamentos e do óleo recuperado do rola- A válvula de regulagem da temperatura
mento n°6. do óleo está localizada na entrada do trocador
6-26
de calor entre óleo e o combustível do motor. A pressão no sistema de lubrificação suficiente
válvula opera em uma faixa entre 165°F. até a para que o fluxo nos bicos de lubrificação seja
posição toda aberta à 185°F. A válvula direcio- próximo ao existente ao nível do mar. A válvula
na o fluxo de óleo de retorno ao redor das linhas de exaustão do tipo mola age como ponto de
de combustível no trocador de calor. alívio de pressão do sistema, ficando aberta a-
O seletor (switch) do sensor de tempera- penas se uma pressão acima de um valor máxi-
tura do combustível está localizado na linha de mo predeterminado existir dentro do sistema.
saída do trocador de calor óleo/combustível, ele A válvula de equalização de pressão li-
opera na faixa entre 200°F. até 205°F., atuando mita a pressão fornecida aos selos de ar/óleo.
sobre a porta no radiador de óleo, o qual permite
que o ar passe refrigerando o óleo que flui atra-
vés do radiador todo o tempo.
Parte da manutenção regular em todas as
inspeções inclui a verificação de vazamentos de
óleo e a segurança da fixação dos componentes
do sistema de recuperação.

Suspiro do sistema pressurizado

O suspiro do sistema pressurizado garan-


te um padrão correto no jato dos bicos de lubri-
ficação dos rolamentos principais, e fornece
uma cota de pressão ao sistema de recuperação.
Os tubos de suspiro no compartimento
de admissão do compressor, no tanque de óleo,
na caixa do difusor, e na caixa do tubo de exaus-
tão da turbina são conectados a tubulação exter-
na na parte superior do motor. Por meio destes
tubos, os vapores carregados para a atmosfera
pelos vários compartimentos de rolamentos e Figura 6-32 Válvula de suspiro do sistema de
pelo tanque de óleo são trazidos juntos, até que pressurização.
a coroa circule a caixa intermediária do com-
pressor. Isto ajuda na prevenção de uma sobre-
Os compartimentos de rolamentos com- pressurização em todos os compartimentos do
partilhados pelo rolamento traseiro da seção di- sistema de suspiro. O ar acima de uma pressão
anteira do compressor e o rolamento da parte de 54 p.s.i. é direcionado para a válvula de e-
traseira do compressor são ventilados (através qualização de pressão. Toda pressão superior a
de aletas ocas) ate a coroa circular da caixa in- 24 ± 2 p.s.i., valor de ajuste da válvula de equa-
termediária do compressor. Deste ponto em di- lização, é retornado a caixa intermediária.
ante o vapor entra para a caixa de acessórios O suspiro rotativo (separador de ar e ó-
principal, a qual está montada na parte inferior leo) remove o óleo do ar através da centrifuga-
da caixa intermediária do compressor. ção. O seu propósito é o de reduzir a pressão do
A válvula de suspiro do sistema de pres- ar sobre os selos de carvão.
surização (figura 6-32) consiste em uma válvula O ar do nono estágio do compressor, não
com aneróide (mola e cápsula) e uma válvula de importando a pressão, é direcionado sobre a par-
exaustão do tipo mola. A pressurização é forne- te dianteira do selo de carvão. O ar sobre a parte
cida por ar vindo do compressor, o qual vaza traseira do selo de carvão impede o óleo do ro-
através dos selos, entrando nas linhas de óleo do lamento n°2 de entrar na corrente de ar. Este ar
motor. é retornado no anel circular da caixa intermediá-
A uma pressão do nível do mar, a válvu- ria. O ar acima de 25 p.s.i. de pressão, que é di-
la de suspiro do sistema pressurizado está aber- recionado para a válvula equalizadora de pres-
ta; ela vai fechando gradualmente na medida em são, é também direcionado para a válvula de
que a altitude vai aumentando, e mantém uma suspiro do sistema pressurizado.
6-27
Sistema de cárter molhado do motor a jato já que apenas alguns motores do tipo de fluxo
centrífugo continuam em operação. Um diagra-
Em alguns motores, o sistema de lubrifi- ma esquemático de um sistema de óleo de cárter
cação é do tipo cárter molhado, poucos o usam, molhado é mostrado na figura 6-33.

Figura 6-33 Sistema de lubrificação do motor turbojato de carter molhado.

Os componentes do sistema de cárter 4. Um bujão magnético de drenagem pode ser


molhado são similares aos do sistema de cárter utilizado para drenar o óleo, e também para
seco. A grande diferença entre os dois sistemas segurar a partículas ferrosas. Este bujão deve
é a localização do reservatório de óleo. ser examinado cuidadosamente durante as
O reservatório nos sistemas de cárter inspeções. A presença de partículas metálicas
molhado pode estar localizado na caixa de en- pode indicar uma falha nos rolamentos ou
grenagens, a qual é composta pela caixa das en- nas engrenagens.
grenagens dos acessórios e o suporte do rola- 5. Também podem ser colocados um dispositi-
mento dianteiro do compressor (figura 6-33), ou vo de bulbo de temperatura e um encaixe de
talvez no cárter montado na parte inferior da pressão para óleo.
caixa de acessórios. Independendo da configu-
ração, o reservatório no sistema de cárter mo- Esse é o sistema típico de qualquer mo-
lhado é uma parte integral do motor, e contém o tor que use um sistema de cárter molhado. O
volume do suprimento de óleo. rolamento e as engrenagens de acionamento na
Incluídos no reservatório do sistema de caixa de acessórios são lubrificados por um sis-
cárter molhado, mostrado na figura 6-33, estão tema de salpico.
os seguintes componentes: O óleo nos demais pontos de lubrifica-
1. Um indicador de nível de óleo do tipo baio- ção mantém a bomba com pressão, e passam
neta. através de um filtro para os bicos ejetores que
2. Duas ou mais telas filtros do tipo dedo (fin- direcionam o óleo sobre os rolamentos e aco-
ger strainers) são inseridas na caixa de aces- plamentos.
sórios para filtrar o óleo da linha de pressão e A maioria dos sistemas de pressão de
de retorno, antes de deixar ou entrar no cár- cárter molhado são sistemas de pressão variada,
ter. Esses filtros auxiliam o filtro principal de nas quais a pressão de saída da bomba depende
óleo. da rotação (R.P.M.) do motor.
3. Um suspiro, ou respiradouro, equaliza a pres- O óleo é retornado para o reservatório
são com o alojamento dos acessórios. por gravidade e através da sucção da bomba. O
6-28
óleo do rolamento dianteiro do compressor, e deste calor, e o retransmite à corrente de ar atra-
das engrenagens dos eixos dos acessórios, é vés do radiador de óleo. O sistema de refrigera-
drenado diretamente para o reservatório. ção do motor se encarrega do resto.
O óleo dos acoplamentos da turbina e Refrigeração é uma questão de transfe-
dos demais rolamentos do eixo rotor é drenado rência do excesso de calor do cilindro para o ar,
em um cárter, do qual ele é bombeado através mas exige mais do que simplesmente posicionar
de um elemento de retorno, e através de uma o cilindro junto ao fluxo de ar.
tela do tipo dedo até o reservatório. Um cilindro de um motor de grande por-
te tem o tamanho de um vasilhame de um galão.
SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO DO A sua superfície externa, no entanto, é aumenta-
MOTOR da com a utilização de aletas de refrigeração
pelas quais o ar de refrigeração passa. Este ar-
Sistema de refrigeração do motor convencio- ranjo aumenta a transferência de calor por radi-
nal ação.
Um motor de combustão interna é uma Se uma grande quantidade de aletas de
máquina de calor que converte energia química, refrigeração for quebrada, o cilindro não poderá
contida no combustível, em energia mecânica resfriar de maneira correta, e pontos quentes
contida no eixo do motor. Ele não faz isto sem aparecerão no mesmo.
que haja uma certa perda de energia, até mesmo Portanto, o cilindro é normalmente subs-
o mais eficiente motor de aeronave talvez perca tituído quando uma determinada área das aletas
cerca de 60 a 70% da energia original do com- estiver danificada.
bustível; a não ser que grande parte desta perda Capotas e deflectores são utilizados para
de calor seja rapidamente removida, os cilindros forçar a passagem do ar sobre as aletas do cilin-
talvez fiquem quentes o suficiente para causar dro (figura 6-34). Os deflectores de ar estão em
uma falha completa do motor. torno do cilindro, e previnem a formação de
Calor excessivo é indesejável em um bolsões de ar quente estagnado enquanto a cor-
motor de combustão interna por três razões: rente não for usada. Tubos de injeção são feitos
nos defletores de forma a direcionar os jatos de
1. Ele afeta o comportamento da combustão da refrigeração na parte traseira dos conectores das
mistura de ar/combustível. velas de ignição de cada cilindro, para prevenir
2. Ele encurta e enfraquece a vida dos compo- o super aquecimento dos cabos de ignição.
nentes do motor.
3. Ele prejudica a lubrificação. Se a temperatura
interna do cilindro é muito alta, a mistura
ar/combustível será pré-aquecida, e a com-
bustão ocorrerá antes do tempo desejado. A
combustão prematura causa detonação, bati-
mento e outras condições indesejáveis; – de-
ve haver um modo de se eliminar o calor an-
tes que este cause danos. Figura 6-34 Dissipação do calor.

Um galão de gasolina aeronáutica possui ca- Um motor pode ter uma temperatura de
lor em quantidade equivalente a contida em 75 operação que seja muito baixa. Pela mesma ra-
galões de água fervendo; portanto, é fácil de zão que um motor é pré-aquecido antes da deco-
compreender porque um motor que queima 4 lagem, ele será mantido aquecido durante o vôo.
galões por minuto libera uma quantidade enor- A evaporação e distribuição de combustível, e a
me de calor. O restante do calor tem de ser dis- circulação do óleo, dependem do motor ser
sipado de forma que ele não se torne destrutivo mantido aquecido. O motor usado em um auto-
ao motor. móvel depende de uma válvula termostática em
Em um típico sistema motopropulsor de seu sistema de água, para manter o motor em
aeronave, metade do calor sai junto com o gás sua faixa de temperatura de maior eficiência.
de combustão, e a outra metade é absorvida pelo O motor de uso aeronáutico também
motor. O óleo que circula no motor retém parte possui seus controladores de temperatura. Esses
6-29
controladores regulam a circulação do ar em Quando estendido para o aumento da re-
torno do motor, a não ser que algum controle frigeração, os flapes produzem arrasto e sacrifi-
seja fornecido, o motor irá sobreaquecer durante cam as linhas de fluxo aerodinâmico para uma
a decolagem e ficar muito frio durante vôos a refrigeração adicional.
alta velocidade e baixa potência de descida. Na decolagem, os flapes de refrigeração
O modo mais comum de controle da re- são abertos apenas o bastante para que o motor
frigeração é a utilização de flapes de refrigera- seja mantido abaixo de seu limite de temperatu-
ção, como o ilustrado na figura 6-35. Esses fla- ra.
pes são abertos e fechados por eixos sem-fim, Um aquecimento acima da faixa normal
acionados por motores elétricos, por atuadores é permitido, de forma que o arrasto seja o menor
hidráulicos, ou manualmente em algumas aero- possível.
naves. Durante a operação no solo, os flapes de
refrigeração deverão estar bastante abertos, já
que o arrasto não é relevante.
Algumas aeronaves usam aumentadores
de fluxo(figura 6-36) para fornecer um fluxo de
refrigeração adicional.
Cada nacele possui dois conjuntos de tu-
bos em torno do motor, ligando o compartimen-
Figura 6-35 Regulagem do fluxo de ar de refri to do motor com a parte traseira da nacele.
geração.

Figura 6-36 Aumentador de fluxo.

Os coletores de escapamento alimentam minado pelos gases de exaustão. O ar aquecido


os tubos internos das linhas do aumentador. Os é usado no aquecimento da cabine, degelo e no
gases de escapamento misturados com o ar que sistema antigelo.
passa através do motor, o aquecem de forma a Os aumentadores usam a velocidade dos
produzir um jato de saída de baixa pressão e alta gases de exaustão para causar um fluxo de ar
temperatura. Esta área de baixa pressão perto sobre o motor, de forma que a refrigeração não
dos aumentadores produz um ar de refrigeração dependa exclusivamente do rastro da hélice.
adicional em torno do motor. Aletas instaladas nos sopradores contro-
O ar entrando no espaço entre o tubo in- lam o volume de ar. Essas aletas normalmente
terno e o externo dos aumentadores é aquecido são deixadas na posição recuada para permitir
pelo contato com os tubos, mas sem ser conta- um maior fluxo; elas podem ser fechadas para
6-30
aumentar o calor na cabine ou o uso do anti- um controle manual simples situado na cabine,
gelo, ou para prevenir que o motor resfrie de- estão localizados na parte inferior final da nace-
mais durante a descida. Em adição ao soprador, le.
algumas aeronaves têm portas de aquecimento Cortes nos flapes permitem a extensão
residual, ou flapes da nacele, que são usados da descarga do motor o suficiente através da
principalmente para deixar que saia o aqueci- nacele.
mento retido após o corte do motor. Os flapes são operados por um controle
Os flapes da nacele podem ser abertos manual na cabine, controlando o fluxo de ar di-
para um resfriamento melhor que o fornecido recionado para os defletores em torno dos cilin-
pelo soprador. dros e outros componentes do motor.
Uma forma modificada, previamente
descrita do sistema aumentador da refrigeração,
é usada em algumas aeronaves leves. A figura
6-37 é um diagrama esboçado de tal sistema.

Figura 6-37 Sistema de exaustão e de refrigera-


ção do motor. Figura 6-38 Flape de refrigeração do motor de
aeronaves leves.
Como mostra a figura 6-37, o motor é
refrigerado sob pressão de ar que passa por duas Algumas aeronaves que possuem os mo-
aberturas na frente do corpo, uma de cada lado tores horizontais opostos usam este tipo de re-
do cone das hélices. frigeração. Os flapes de refrigeração são contro-
Uma câmara de pressão é selada com- lados por flapes do tipo “guelra”, operados ele-
pletamente na parte superior do motor, com de- tricamente no bordo de fuga de cada capô.
flectores que direciona propriamente o fluxo de
ar de refrigeração para todas as partes do com- MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE RE-
partimento inferior do motor. FRIGERAÇÃO DE MOTORES
O ar aquecido é retirado do comparti- CONVENCIONAIS
mento inferior do motor pela ação de sucção dos
gases de escapamento através das descargas.
Este tipo de sistema de refrigeração elimina o O sistema de refrigeração de muitos mo-
uso de flapes controláveis do capô, e assegura tores convencionais consiste geralmente de um
uma refrigeração adequada em todos os regimes motor refrigerador, deflectores dos cilindros,
de velocidade da aeronave. aletas dos cilindros, e alguns tipos de flapes de
Muitas aeronaves leves usam somente refrigeração. Em adição a essas unidades maio-
um ou dois flapes de refrigeração para controlar res, existe também algum tipo de sistema indi-
a temperatura do motor. Como mostra a figura cador de temperatura (temperatura da cabeça do
6-38, dois flapes de refrigeração, operados por cilindro).
6-31
O capô realiza duas funções: dá forma B) são instaladas em cada seção do capô anular.
aerodinâmica à massa do motor, para reduzir o Estas travas de segurança previnem contra a a-
arrasto; e forma um invólucro em volta do mo- bertura do capô, se a trava articulada não travar
tor que força o ar a passar em volta e entre os por qualquer razão.
cilindros, absorvendo o calor dissipado pelas O painel do capô anular, fabricado de
suas aletas . chapa de alumínio, tem a parte externa lisa para
As aletas dos cilindros são aquecidas permitir um fluxo de ar uniforme sobre o capô.
pelo calor das paredes e cabeça dos cilindros. A construção interna é projetada para dar refor-
Como o ar passa sobre as aletas, ele absorve o ço ao painel e, em adição, fornecer alojamento
calor e transporta o mesmo para fora, através para as travas articuladas, anel estrutural do ca-
dos flapes de refrigeração. pô e selos de ar do motor.
O flape de refrigeração controlável for-
nece meios de diminuir ou aumentar a área de
saída na parte traseira do capô do motor.
Fechando os flapes de refrigeração, di-
minui-se a área de saída, a qual efetivamente
diminui a quantidade de ar que pode circular
sobre as aletas dos cilindros. O fluxo de ar di-
minuído não pode transportar tanto calor como
antes; portanto, existe a tendência da temperatu-
ra do motor aumentar.
Abrindo os flapes de refrigeração, au-
menta-se a área existente. O fluxo de ar de re-
frigeração aumenta sobre os cilindros absorven-
do mais calor, e a tendência é a temperatura do Figura 6-39 Conjunto do anel de velocidade.
motor diminuir. Inspeção e manutenção cuida-
dosas no sistema de refrigeração, irá ajudar na A figura 6-40 mostra a construção inter-
eficiência geral e operação econômica do motor. na de um anel do painel do capô.

Manutenção do Capô do Motor

Do total de ar de impacto nos bordos da


nacele do motor, somente cerca de 15 a 30%
entra no capô para fornecer refrigeração ao mo-
tor. O ar restante flui sobre a parte externa do
capô. Entretanto, a forma externa do capô deve
ser ajustada de maneira que irá permitir um flu-
xo de ar uniforme com a mínima perda de ener-
gia.
O capô do motor, discutido nesta seção,
é típico dos usados em motores radiais ou hori-
zontais opostos, e é conhecido como “anel de
velocidade”.
Todo o sistema de refrigeração funciona
da mesma maneira, com pequenas mudanças Figura 6-40 Construção do anel de velocidade.
projetadas para instalações específicas.
O capô anular é fabricado em seções re- Um anel guia rebitado no painel ajusta-
movíveis, podendo variar em número de acordo se sobre o anel suporte para prender o capô à
com a aeronave e o modelo. A instalação mos- frente e atrás. Um pino guia central ajusta o ca-
trada na figura 6-39 contém três seções que são pô através do furo no anel suporte. Isto estabe-
travadas juntas quando instaladas, por travas lece um posicionamento correto para instalação
articuladas (item A). Em adição a este sistema de cada painel em volta do anel suporte do capô.
de travas articuladas, travas de segurança (item Nervuras vão através do painel do capô entre o
6-32
mecanismo de alojamento da trava articulada de Os painéis do capô são inspecionados
cada lado do painel para reforçá-lo. quanto a arranhões, mossas e rasgos no painel.
Um selo construído de borracha é apara- Este tipo de dano causa enfraquecimento na es-
fusado à nervura de metal rebitada no painel do trutura do painel, aumenta o arrasto pela
capô. Esse selo veda sela ele nas seções do mo- descontinuidade do fluxo de ar, e contribui para
tor, prevenindo que o ar escape pela superfície um início de processo de corrosão.
interna do painel sem circular em torno dos ci- As travas dos painéis do capô devem ser
lindros. O selo deve ser usado em motores que inspecionadas quanto a rebites soltos e frouxos,
têm um completo sistema de aletas que cubram ou danos de manuseio. As travas de segurança
toda a cabeça do cilindro. Seu propósito é forçar devem ser verificadas quanto a rebites danifica-
o ar a circular por todo o sistema deflector. O dos e condições de compressão da mola. O furo
selo não é usado em motores de aeronaves que através do qual a trava de segurança passa deve
têm somente os deflectores entre os cilindros ser verificado para determinar se ele não está
que não inclui a cabeça do cilindro. gasto ou trincado. Estas condições, se sérias,
O anel suporte do painel do capô é preso necessitam reparo imediato ou substituição do
rigidamente ao anel suporte do motor para for- painel.
necer um suporte resistente para o painel do ca- A construção interna do painel deve ser
pô, e também para a fixação dos flapes de refri- examinada para ver se as nervuras de reforço
geração. O anel suporte vem entre duas partes não estão trincadas, e se o selo de vedação do ar
conectadas juntas para formar o anel. A figura não está danificado.
6-41 ilustra um anel suporte típico. O anel suporte deve ser inspecionado
quanto à segurança da fixação e trincas. A do-
bradiça do flape de refrigeração e a união da
dobradiça do flape de refrigeração devem ser
verificados quanto a segurança, fixação e quanto
a rompimentos e trincas. Estas inspeções são
verificações visuais e devem ser executadas fre-
qüentemente, contribuindo para uma eficiente
refrigeração do motor.

INSPEÇÃO DAS ALETAS DE REFRIGE-


RAÇÃO DO MOTOR

As aletas de refrigeração são de suma


importância para o sistema de refrigeração, já
que elas fornecem meios de transferir o calor
dos cilindros para o ar. Suas condições podem
significar uma diferença entre uma refrigeração
adequada ou inadequada do cilindro.
A área total da aleta (ambos os lados) é a
área total exposta ao ar. Durante a inspeção, as
aletas devem ser examinadas quanto a rompi-
mentos e trincas (figura 6-42).
Figura 6-41 Anel suporte do flape de refrigera- Pequenas trincas não são razão para re-
ção. moção do cilindro. Estas trincas podem ser sol-
dadas ou até paradas por furos para prevenir o
Inspeção da capota aumento das mesmas. Cantos ásperos ou agudos
nas aletas podem ser desbastados, e esta ação irá
O anel suporte e painéis do capô são eliminar uma possível fonte de trincas. Entretan-
inspecionados durante cada inspeção regular do to, antes de reparar as aletas de refrigeração dos
motor e da aeronave. Removendo o capô para cilindros, consulta-se o manual de serviço ou de
manutenção, fornece-se uma oportunidade mais revisão (“overall”) do fabricante quanto aos li-
freqüente para sua inspeção. mites permitidos.
6-33
Figura 6-43 Sistema deflector do cilindro.

A figura 6-44 ilustra o sistema do deflec-


tor e do bloqueador de ar para refrigerar a cabe-
ça do cilindro. O bloqueador de ar impede que o
Figura 6-42 Cilindro com aletas quebradas. ar passe fora da cabeça do cilindro, forçando-o a
passar entre a cabeça do cilindro e o deflector.
A definição da área da aleta é importante Embora a resistência oferecida pelo blo-
na inspeção de áreas quebradas, pois isto é um queador, a passagem do ar refrigerador mantém
fator determinante na aceitação ou rejeição dos um apreciável diferencial de pressão através do
cilindros. Por exemplo, um certo motor, se mais motor, para obter um fluxo de ar necessário; o
do que 12” de extensão de qualquer aleta medi- volume de ar requerido é grandemente reduzido
da em sua base estiver completamente quebrada, pelo formato e localização dos deflectores dos
ou se o total de área quebrada for de 83 pol² na cilindros.
cabeça do cilindro, o mesmo deve ser removido
e substituído. A razão da remoção neste caso é
que uma área deste tamanho pode causar pontos
quentes no cilindro por causa da pouca transfe-
rência de calor.
Quando aletas adjacentes estão quebra-
das na mesma área, o total da extensão permiti-
da é 6”, em duas aletas adjacentes, 4” em três
aletas adjacentes, 2” em quatro e apenas 1” em
cinco aletas adjacentes.
Se o comprimento quebrado adjacente
for superior à quantidade descrita, o cilindro Figura 6-44 Sistema deflector da cabeça do ci-
deve ser removido e substituído. As especifica- lindro.
ções usadas são somente para o motor do exem-
plo. Em cada caso específico deve-se consultar Como mostra a figura 6-45, o fluxo de ar
o manual do fabricante. se aproxima da nacele e se acumula na face do
motor, criando uma pressão alta na frente dos
Inspeção do sistema do bloqueador e deflec- cilindros. Este aglomeramento de ar diminui sua
tor dos cilindros. velocidade.
Os flapes de refrigeração, claro, produzem
Motores convencionais usam alguns ti- uma área de baixa pressão. Como existe ar pró-
pos de deflector entre cilindros e nas cabeças do ximo ao flape de refrigeração, sua velocidade é
cilindro, para forçar ao ar de refrigeração a ter aumentada novamente e adicionado ao fluxo.
um contato maior com todas as partes do cilin- A pressão diferencial entre a parte traseira
dro. e a dianteira do motor força o ar a passar pelos
A figura 6-43 mostra o sistema do blo- cilindros através das passagens formadas pelo
queador e do deflector em volta do cilindro. deflector.

6-34
A instalação usada neste exemplo é de
um motor convencional grande com nove flapes
no capô.
Os flapes são numerados no sentido ho-
rário (olhando o motor de trás para frente). Os
flapes 1 e 9 são estacionários, (figura 6-46), en-
quanto os de n° 2 a 8 são móveis.
Os flapes são articulados junto ao final
dianteiro e traseiro do anel suporte do capô, e
conectados junto ao final do atuador do flape de
refrigeração.
Existem sete atuadores dos flapes de re-
frigeração, interconectados por um eixo flexível
de acionamento.
Figura 6-45 Fluxo de ar no motor.

O bloqueador e o deflector normalmente


são inspecionados durante a inspeção regular do
motor, mas devem ser verificados toda vez que
o capô for removido por qualquer propósito.
Inspeções deverão ser feitas quanto a trincas,
mossas ou perdas dos pinos fixadores. Mossas e
trincas sérias necessitam de reparo imediato ou
substituição.
Entretanto, uma trinca pequena pode ser
reparada com um furo de parada, e mossas po-
dem ser reparadas permitindo o uso destes blo-
queadores e/ou deflectores.

Instalação e Ajuste do Flape de Refrigeração


Figura 6-46 Instalação dos flapes de refrigera-
Durante a instalação do flape de refrige- ção.
ração, ajustes são necessários para assegurar a
sua correta tolerância da abertura e fechamento. Este tipo de conexão permite a todos os
Esta tolerância é de extrema importân- flapes móveis deslocarem simultaneamente,
cia, pois se o flape de refrigeração abre muito, quando o motor acionador for energizado. Os
aumenta a velocidade do ar existente na seção flapes estacionários (1 e 9) são presos por esti-
do motor, permitindo um maior resfriamento cadores, um para o n° 1 e dois para o n° 9. As
dos cilindros. verificações e inspeções seguintes são típicas
Também, se o flape de refrigeração não daquelas elaboradas para manter a eficiência do
for ajustado para uma abertura pré-determinada, sistema do flape de capô.
a temperatura da cabeça do cilindro será maior
do que a permitida pelos limites em certas con- 1. Verificar o flape de capô para resposta de
dições de operação. comando da cabine de controle quanto a po-
Para cada instalação de motor, os flapes sição de abertura e fechamento. Os flapes
de refrigeração são ajustados para a tolerância devem responder suave e rapidamente. Se o
que os permitirá abrir e fechar na quantidade indicador do flape de capô estiver instalado,
correta, mantendo a temperatura da cabeça dos observa-se a indicação de sincronismo com
cilindros dentro dos limites permitidos. os flapes na posição “Aberta” e “Fechada”.
É importante instalar o flape de refrige-
ração corretamente, ajustar o atuador, ajustar os 2. Com os flapes de refrigeração abertos, verifi-
interruptores limitadores de abertura e fecha- car quanto a trincas, distorções e segurança
mento, e inspecionar o sistema. na montagem. Segurar o flape no bordo de
6-35
fuga, balançar lateralmente, para cima e para A baioneta, ou junta do sensor de tempe-
baixo, para determinar as condições das bu- ratura, é introduzida ou instalada no cilindro
chas, rolamentos e esticadores. Folga nos mais quente do motor, pré-determinado por tes-
flapes durante estas verificações indica des- tes.
gaste nas buchas ou rolamentos que devem Quando o sensor de temperatura estiver
ser substituídos. Inspecionar as dobradiças e instalado, e a cablagem conectada ao instrumen-
terminais quanto a desgaste, trincas ou rom- to, a leitura indicada é a temperatura do cilindro.
pimento, verificar as dobradiças quanto a se- Antes de operar o motor, em temperatura ambi-
gurança de montagem no anel suporte do ca- ente, a temperatura da cabeça do cilindro deverá
pô. indicar a temperatura externa da aeronave, o que
consiste num dos testes para determinar se o
3. Medir a posição de abertura e fechamento instrumento está operando corretamente.
dos flapes de refrigeração, para verificar as O visor (vidro) do instrumento indicador
tolerâncias e ajuste como necessário. de temperatura deve ser verificado regularmente
para saber se não está solto ou trincado.
O visor deve ser verificado, também,
quanto a indicação de perda ou danos nos de-
Sistema de indicação da temperatura do ci- calques que indicam os limites de temperatura.
lindro Se o cabo do sensor de temperatura for longo e
estiver enrolado, deve ser inspecionado quanto à
Este sistema usualmente consiste de um segurança ou fio desencapado. A baioneta ou
indicador, cablagem elétrica e um sensor de junta deve ser inspecionada quanto a segurança
temperatura. A cablagem está entre o instrumen- e montagem. Quando operando o motor, se a
to de indicação e a nacele ou parede de fogo. Na indicação da temperatura da cabeça do cilindro
parede de fogo, uma ponta do cabo do sensor de flutuar, todas as conexões elétricas devem ser
temperatura é ligado à cablagem elétrica, e a verificadas.
outra no cilindro.
O sensor de temperatura consiste de dois
metais heterogêneos, geralmente liga de co- REFRIGERAÇÃO DE MOTORES A
bre/níquel e ferro, conectado por fio ao sistema TURBINA
de indicação.
Se a temperatura na conexão é diferente O intenso aquecimento gerado quando o
da temperatura onde a liga de metal (Cu/Ni) está ar e combustível são queimados, necessita de
conectada ao fio, uma voltagem é produzida. alguns meios de resfriamento fornecido para
Essa voltagem envia corrente através da fiação todas as partes de um motor de combustão in-
ao indicador, um instrumento medidor de cor- terna.
rente, graduado em graus. Motores convencionais são refrigerados
A ponta do sensor de temperatura conec- pelo ar que passa sobre as aletas presas aos ci-
tada ao cilindro pode ser do tipo baioneta ou lindros; ou por líquido refrigerante através da
junta. Para instalar o tipo baioneta, uma porca camisa que envolve o cilindro.
serrilhada é empurrada para baixo e girada no O problema de refrigeração se torna fá-
sentido anti-horário até se soltar. A do tipo junta cil, porque a combustão somente ocorre durante
ajusta-se sob o plug da vela e substitui a junta o quarto estágio do ciclo do motor.
normal da vela. O processo de queima na turbina a gás é
Quando se instalar o cabo do sensor de contínuo, e aproximadamente todo o ar de refri-
temperatura (deve-se lembrar de não cortar o fio geração deve passar através do interior do mo-
se for longo) ele é enrolado e o comprimento em tor.
excesso amarrado. Se, somente o ar necessário fosse admi-
O sensor de temperatura é construído pa- tido para fornecer uma razão ideal
ra produzir uma certa quantidade de resistência; ar/combustível de 15:1, a temperatura interna
se o comprimento do cabo for reduzido, resulta- aumentaria mais de 4000 °F.Na prática, uma
rá numa leitura incorreta de temperatura. grande quantidade de ar em excesso da razão
ideal é admitida no motor.
6-36
O grande excesso de ar refrigera as se- condutividade do metal da carcaça transporta o
ções quentes do motor para faixas aceitáveis calor diretamente para a parte externa.
entre 1100 a 1500 °F. O ar, passando pelo motor, resfria as se-
A figura 6-47 ilustra as temperaturas a- ções da câmara de combustão ou revestimento.
proximadas encontradas na carcaça externa do As seções são construídas para induzir uma pe-
motor; e o resfriamento devido um motor turbo- lícula de ar sobre a superfície interior e exterior
jato de compressor duplo axial. Por causa do das seções ou revestimento.
efeito da refrigeração, as temperaturas externas Câmaras anulares freqüentemente são
da carcaça são consideravelmente menores do equipadas com um tubo central que direciona o
que as encontradas dentro do motor. Os pontos ar refrigerador ao centro do combustor, para
mais quentes ocorrem ao oposto da entrada do promover uma alta eficiência na combustão, e
1° estágio da turbina. Embora os gases tenham alta diluição dos gases quentes, enquanto mini-
começado a resfriar um pouco neste ponto, a miza a perda de pressão.

Figura 6-47 Temperaturas na carcaça externa de um motor turbojato de compressor duplo axial.

Em todos os tipos de turbina a gás, gran- Quando um alojamento de acessórios é


de quantidade de ar relativamente resfriado se montado na frente do motor, ele é resfriado pelo
junta com os gases queimados na saída do com- ar de admissão. Quando localizado na lateral, o
bustor, para resfriar os gases quentes pouco an- alojamento é refrigerado pelo ar externo que flui
tes deles entrarem nas turbinas. em volta dele.
Entradas de ar refrigerador freqüente- O exterior do motor e a nacele são res-
mente são distribuídas em volta do exterior do friados pelo ar que passa entre a carcaça e a
motor, para permitir que a entrada do ar refrige- chapa da nacele (figura 6-48).
re a carcaça, rolamentos e bicos injetores da Os compartimentos do motor são fre-
turbina. Em alguns casos, o ar interno é sangra- qüentemente divididos em duas seções. A seção
do da seção do compressor do motor e enviado dianteira é construída em volta do duto de ad-
para os rolamentos e outras partes do motor. O missão; a seção traseira em volta do motor. Um
ar enviado para dentro, ou o ar do motor é joga- selo à prova de fumaça é montado entre as duas
do no fluxo de ar do escapamento. seções.

6-37
Isolamento Térmico do Motor
Para reduzir a temperatura da estrutura
em benefício do duto de escapamento, ou pós
combustão, e eliminar a possibilidade do com-
bustível ou óleo em ter contato com as partes
quentes do motor, algumas vezes é necessário
fornecer isolamento para o duto de escapamento
do ar da turbina.
Como mostrado na figura 6-49, tempera-
turas altas passam no duto de escapamento.
Figura 6-48 Dispositivo típico de refrigeração Um isolamento térmico típico, e as tem-
da nacele do motor. peraturas obtidas em várias localizações, são
mostradas na figura 6-49.
A vantagem de tal arranjo é que a fuma- Esse isolamento térmico é construído de
ça de possíveis vazamentos de combustível, e fibra de vidro, que é baixo condutor de calor e
das linhas de óleo contidas na seção dianteira chapa de alumínio como protetor de radiação. O
não incendeiem pelo contato com a seção quen- isolador térmico é convenientemente coberto
te do motor. para não ser molhado de óleo.
Em vôo, o ar de impacto fornece amplo O isolamento deve ser usado mais exten-
resfriamento aos dois compartimentos. No solo, sivamente em algumas montagens de motores
a circulação de ar é fornecida pelo efeito de re- de fluxo centrífugo, mas não são normalmente
dução de pressão no compartimento traseiro, em motores de compressor axial, se a instalação
produzido pelos gases que fluem do escapamen- permitir um método de refrigeração mais apro-
to. priado

Figura 6-49 Manta de isolamento típica.

6-38
CAPÍTULO 7

HÉLICES

INTRODUÇÃO manivelas do motor. Em motores de grande po-


tência, ela é montada em um eixo movido por
A hélice, que é a unidade que deve absor- um trem de engrenagens, acoplado ao eixo de
ver a força fornecida pelo motor, tem passado manivelas do motor.
por muitos estágios de desenvolvimento. Gran- Em ambos os casos o motor gira o aerofó-
des aumentos na produção de força tem resulta- lio das pás através do ar em grandes velocida-
do no desenvolvimento de hélices de quatro e de des, e a hélice transforma a força de rotação do
seis pás de grandes diâmetros. Entretanto, existe motor em tração.
um limite para a rotação, na qual essas grandes
hélices podem ser giradas. Fatores Aerodinâmicos
A força centrífuga em grandes rotações
tende a puxar as pás para fora do cubo; excessi- Uma aeronave, movendo-se através do ar,
va velocidade na ponta da pá pode resultar, não cria uma força de arrasto em oposição ao deslo-
somente em baixa eficiência da pá, como tam- camento para a frente.
bém em flutuação e vibração. Se uma aeronave estiver em vôo nivelado,
Como um natural desenvolvimento do ela deverá ter uma aplicação de força que seja
problema envolvendo as operações das grandes igual ao arrasto, mas atuando para a frente. Essa
hélices, foram desenvolvidos os sistemas de força é chamada de tração.
passo variável e de velocidade constante. Esses O trabalho feito pela tração é igual a tra-
sistemas fazem com que sejam necessárias ape- ção vezes a distância percorrida pela aeronave
nas pequenas variações da rotação do motor (trabalho = tração x distância). A força consu-
durante várias condições de vôo, aumentando, mida pela tração é igual a tração vezes a veloci-
assim, a eficiência do vôo. dade que move a aeronave (força = tração x
A grosso modo, o sistema consiste de uma velocidade).
unidade governadora equipada com contrapesos, Se a força for medida em cavalo-força
os quais controlam o ângulo das pás para que a (HP), a força consumida pela tração será cha-
velocidade do motor permaneça constante. O mada de potência de tração (cavalo-força de
governador, contudo, pode ser regulado pelos tração).
controles da cabine para selecionar um desejado O motor fornece potência ao freio através
ângulo da pá, obtendo-se uma determinada ve- de um eixo rotativo, e a hélice converte essa
locidade de operação do motor. potência em cavalo-força.
Uma solicitação de passo mínimo e alta Nesta conversão, alguma força é perdida.
rotação, por exemplo, pode ser utilizada para a Para a máxima eficiência, a hélice deve ser pla-
decolagem; então, depois que a aeronave deco- nejada para manter a perda tão pequena quanto
la, pode ser solicitado um aumento do passo da for possível.
hélice e uma rotação menor. Visto que a eficiência de qualquer máquina
é a razão da utilização da força produzida para a
PRINCÍPIOS BÁSICOS DAS HÉLICES força de entrada, a eficiência da hélice é a razão
da potência de tração para a potência do freio. O
A hélice de uma aeronave consiste de duas símbolo usado para a eficiência da hélice é a
ou mais pás fixadas em um cárter ou cubo cen- letra grega eta (η). A eficiência da hélice varia
tral. Cada pá de uma hélice de aeronave é, es- de 50% a 87%, dependendo de quanto a hélice
sencialmente, uma asa rotativa. Como um resul- "recua".
tado de sua construção, a pá da hélice produz O recuo da hélice é a diferença entre o
força, que cria uma tração para puxar ou empur- passo geométrico da hélice e o passo efetivo
rar a aeronave através do ar. (ver a figura 7-1). O passo geométrico é a dis-
A força necessária para girar as pás é for- tância que uma hélice deveria avançar em uma
necida pelo motor. A hélice é montada em um revolução; e o passo efetivo é a distância real-
eixo, o qual pode ser uma extensão do eixo de mente percorrida.

7-1
Então, passo geométrico ou teórico é base- Uma seção em corte de uma típica pá de
ado na ausência do recuo, mas o passo efetivo hélice é mostrada na figura 7-3. Essa seção, ou
ou atual, reconhece o recuo da hélice no ar. elemento da pá, é um aerofólio semelhante a
uma seção em corte da asa de uma aeronave.

Figura 7-3 Secção de uma pá de hélice.


Figura 7-1 Passo geométrico e passo efetivo.
As costas da pá são, o lado arqueado ou
Uma típica pá de hélice pode ser descrita curvado da pá, semelhante a superfície superior
como um aerofólio torcido, de formato irregu- de uma asa de aeronave. A face da pá é o lado
lar. A figura 7-2 apresenta duas vistas de uma plano. A corda, é uma linha imaginária que a-
pá de hélice. travessa a pá do bordo de ataque ao bordo de
Para as finalidades de análise, a pá pode fuga. O bordo de ataque é a borda mais grossa
ser dividida em segmentos, os quais são locali- da pá, que vai de encontro ao ar quando a hélice
zados por estações numeradas em polegadas, gira.
partindo do centro do cubo da pá. As seções em Ângulo da pá, usualmente medido em
corte, a cada segmento de seis polegadas, são graus, é o ângulo entre a corda da pá e o plano
mostradas na figura 7-2. Identificados também de rotação (figura 7-4). A corda da pá da hélice
na figura 7-2 estão o flanco e a base da pá. é determinada da mesma maneira da corda de
O flanco é a parte grossa e circular próxi- um aerofólio.
ma da base, a qual é designada a dar resistência
à pá. A base da pá, também chamada de raiz é a
extremidade de fixação da pá ao cubo da hélice.
A ponta da pá é a parte da pá da hélice mais
afastada do cubo e, geralmente, definida como
as últimas seis polegadas da pá.

Figura 7-4 Fatores aerodinâmicos da hélice.

De fato, uma pá de hélice pode ser consi-


derada feita de uma infinidade de finos elemen-
tos da pá, cada um dos quais é uma miniatura da
seção do aerofólio, cuja corda á a largura da pá
da hélice naquela seção. Em virtude da maioria
das hélices terem a pá com uma face plana, a
linha da corda muitas vezes coincide com a face
da pá da hélice.
Passo não é a mesma coisa que ângulo da
pá, mas, como o passo é determinado pelo ângu-
lo da pá, os dois termos são muitas vezes troca-
dos um pelo outro. O aumento ou diminuição de
Figura 7-2 Elementos de uma típica pá de héli- um é, usualmente, associado com o aumento ou
ce. diminuição do outro.

7-2
Figura 7-5 Forças que atuam em uma hélice girando.

Uma hélice girando sofre a ação das forças diante, em alta freqüência, em torno de um eixo
centrífugas, de torção e de flexão. As principais perpendicular ao eixo de manivelas do motor.
forças que atuam em uma hélice em movimento Flutuação é acompanhada por um barulho
são ilustradas na figura 7-5. característico, muitas vezes confundido com o
A força centrífuga ("A" da figura 7-5) é barulho do escapamento. A constante vibração
uma força física que tende a expulsar as pás do tende a enfraquecer a pá e, eventualmente, cau-
cubo de uma hélice em movimento. A força de sar uma falha.
flexão causada pelo torque ("B" da figura 7-5)
na forma de resistência do ar, tende a dobrar as OPERAÇÃO DA HÉLICE
pás da hélice na direção oposta à direção de
rotação. A força de flexão causada pelo empuxo Para entender a ação de uma hélice, consi-
("C" da figura 7-5) é a carga que tende dobrar as dera-se primeiro o movimento, o qual tanto é
pás da hélice para a frente, enquanto a aeronave rotacional quanto para a frente. Assim, como é
é puxada através do ar. mostrado pelos vetores das forças da hélice na
A força de torção centrífuga, sendo maior figura 7-6, uma seção da pá move-se para baixo
do que a torção aerodinâmica, tenta forçar as e para frente. A participação das forças dará o
pás para uma posição de ângulo mínimo. mesmo resultado, se as pás da hélice estiverem
Uma hélice deve ser capaz de resistir a paradas, e o ar estiver vindo a elas de uma dire-
severos esforços, os quais são mais fortes pró- ção contrária. O ângulo no qual este ar (vento
ximo ao cubo, causados pela força centrífuga e a relativo) colide com as pás da hélice é chamado
tração. de ângulo de ataque. A deflexão do ar produzida
O esforço aumenta em proporção a rota- por este ângulo causa uma pressão dinâmica,
ção. A face da pá está, também, sujeita a tensão maior do que a atmosférica, no lado da pá vol-
causada pela força centrífuga e a tensão adicio- tada para o motor, criando então, uma força de
nal de flexionamento. Por essas razões, cortes tração.O formato da pá também cria tração, por
ou arranhões na pá podem causar conseqüências ser semelhante a uma asa. Consequentemente, o
muito sérias. fluxo de ar passando pela hélice, a pressão cria-
Uma hélice deve também ser rígida o bas- da em um dos lados é menor do que do outro.
tante para evitar flutuação, um tipo de vibração Em uma asa, isto produz uma força de reação na
na qual a ponta das pás torcem para trás e para direção da menor pressão.

7-3
Figura 7-6 Forças da hélice.

No caso de uma asa, a sua área superior eficiente ângulo de ataque em todas as veloci-
tem menor pressão, e a força (sustentação) é dades do motor e da aeronave.
para cima. No caso da hélice, a qual é montada As curvas de sustentação versus arrasto,
na vertical, em vez de ser na posição horizontal quando desenhadas para hélices ou para asas,
a área de diminuição de pressão é a parte frontal indicam que o ângulo de ataque mais eficiente é
da hélice, e a força (tração) é direcionada para a um bem pequeno, variando de 2º a 4º positivos.
frente. Aerodinamicamente, então, tração é o O efetivo ângulo da pá, necessário para manter
resultado do formato da hélice e do ângulo de este pequeno ângulo de ataque, varia com a ve-
ataque da pá. locidade de deslocamento da aeronave.
Por outro lado, tração é considerada em As hélices, de passo fixo e ajustáveis no
termos da massa de ar manipulada. solo, são projetadas para proporcionar melhor
Nestes termos, tração é igual a massa de ar eficiência a uma determinada rotação e veloci-
manipulada, vezes a velocidade da esteira de ar dade de deslocamento. Em outras palavras, elas
produzida pela hélice, menos a velocidade da são projetadas para serem instaladas em uma
aeronave. Então, a força consumida na produção determinada combinação de aeronave e motor.
da tração depende da massa de ar deslocada em Uma hélice pode ser usada para proporcio-
um segundo. nar máxima eficiência para a decolagem, subi-
Na média, a tração constitui aproximada- da, vôo de cruzeiro ou altas velocidades. Algu-
mente 80% do torque (cavalo-força absorvido ma mudança nestas condições resulta em perda
pela hélice). Os outros 20% são perdidos na de eficiência, tanto da hélice como do motor.
fricção e no recuo. Uma hélice de velocidade constante, no
Para qualquer rotação da hélice, a quanti- entanto, mantém o ângulo da pá ajustado para a
dade de ar utilizada depende do ângulo da pá, máxima eficiência da maior parte das condições
que determina a quantidade de ar que a hélice encontradas em vôo. Durante a decolagem,
necessita. Então, o ângulo da pá é um excelente quando o torque e a força máxima são requeri-
meio de ajustar a carga na hélice para controlar dos, a hélice de velocidade constante estará em
a rotação do motor. um ângulo ou passo mínimo.
O ângulo da pá é também excelente méto- O baixo ângulo da pá mantém um pequeno
do de ajustar o ângulo de ataque da hélice. Em e eficiente ângulo de ataque, com respeito ao
uma hélice de velocidade constante, o ângulo da vento relativo. Ao mesmo tempo, ele permite
pá deve ser ajustado para proporcionar o mais que a hélice manipule uma menor massa de ar

7-4
por rotação. Esta carga leve permite ao motor hélice serão discutidas nos parágrafos seguintes,
girar em alta rotação para converter a máxima mas sem a intenção de cobrir todos os tipos.
quantidade de combustível em energia calorífica
num determinado momento. Hélices de passo fixo
Ao sair do chão, a velocidade da aeronave
aumenta, a hélice de velocidade constante muda Conforme o nome indica, uma hélice de
para um aumento de ângulo (ou passo). Outra passo fixo tem o passo ou ângulo da pá introdu-
vez, o aumento de ângulo mantém um ângulo de zido em sua construção. O ângulo da pá não
ataque pequeno e eficiente com respeito ao ven- pode ser modificado após a construção da héli-
to relativo. ce. Geralmente, este tipo de hélice é apenas uma
O aumento do ângulo da pá aumenta a peça, e construída de madeira ou liga de alumí-
massa de ar manejada por cada rotação. Isto nio.
diminui a rotação do motor, reduzindo o con- As hélices de passo fixo são planejadas
sumo de combustível e desgaste do motor, man- para melhor eficiência a uma determinada velo-
tendo o máximo de tração. cidade de rotação e deslocamento. Elas são pla-
Para a subida depois da decolagem, a força nejadas para completar uma série de condições,
fornecida pelo motor é reduzida para a potência das velocidades da aeronave e alguma mudança
de subida, para diminuir a pressão de admissão, nestas condições, que reduzirão a eficiência da
aumentando o ângulo da pá para reduzir as rota- hélice e do motor.
ções por minuto. Assim, o torque (cavalo-força A hélice de passo fixo é usada em aerona-
absorvido pela hélice) é reduzido para igualar a ves de potência, velocidade, alcance ou altitude
reduzida potência do motor. baixas.
O ângulo de ataque é outra vez mantido
pequeno pelo aumento do ângulo da pá. A gran- Hélices ajustáveis no solo
de massa de ar manejada por segundo, neste
caso, é maior do que a desviada pela baixa velo- São hélices que operam como uma hélice
cidade do fluxo de ar e o aumento na velocidade de passo fixo.
da aeronave. O passo ou ângulo da pá podem ser muda-
Na altitude de cruzeiro, quando a aeronave dos somente quando a hélice não estiver giran-
está no nível de vôo e menor potência é requeri- do. Isto é feito soltando-se a fixação do meca-
da, do que a usada para a decolagem e subida, a nismo que mantém as pás no lugar.
potência do motor é outra vez reduzida para Depois que o mecanismo de fixação esti-
baixar a pressão de admissão e aumentar o ân- ver preso e apertado, o passo das pás não poderá
gulo da pá para reduzir a r.p.m. ser mudado em vôo, para permitir as variações
De novo, isto reduz o torque, para igualar a necessárias.
reduzida potência do motor. Embora a massa de Do mesmo modo que a hélice de passo fi-
ar manejada por rotação seja maior, ela é supe- xo, a hélice ajustável no solo é usada em aero-
rior a desviada por uma diminuição na veloci- naves de potência, velocidade, alcance e altitu-
dade do fluxo de ar e um aumento na velocidade des baixas.
da aeronave. O ângulo de ataque é ainda peque-
no, porque o ângulo da pá foi aumentado com Hélice de passo controlável
um aumento na velocidade da aeronave.
Essa hélice permite uma mudança no passo
TIPOS DE HÉLICE ou ângulo da pá, enquanto ela estiver girando.
Isto permite a hélice assumir um ângulo da pá
Existem vários tipos ou classes de hélice, que dê o melhor desempenho para uma particu-
sendo, as mais simples de todas, as de passo lar condição de vôo.
fixo e as ajustáveis no solo. O número de posições de passo pode ser
A complexibilidade dos sistemas de hélice limitado como acontece com a hélice de passo
aumenta desde as formas simples até as de pas- controlável de duas posições; ou o passo pode
so controlável, e complexos sistemas automáti- ser controlável de duas posições; ou o passo
cos. Várias características dos diversos tipos de pode ser ajustado para qualquer ângulo, entre o

7-5
passo mínimo e o máximo, de uma determinada troca de passo girando uma engrenagem de a-
hélice. cionamento ou motora, que engraza com as en-
A utilização da hélice de passo controlá- grenagens fixadas na base de cada pá.
vel, também permite a possibilidade de obter Na maioria dos casos, o óleo sob pressão
uma desejada rotação do motor para uma parti- para a operação destes vários tipos de mecanis-
cular condição de vôo. Quando em aerofólio é mos hidráulicos de mudança de passo é forneci-
movido através do ar, ele produz duas forças, do diretamente do sistema de lubrificação do
sustentação e arrasto; (resistência ao avanço). motor. Quando este sistema é usado, a pressão
Aumentando o ângulo da pá da hélice, o de óleo é usualmente reforçada por uma bomba
ângulo de ataque também aumenta, produzindo integrada ao governador para operar a hélice. O
mais sustentação e arrasto; esta ação aumenta os aumento da pressão de óleo proporciona uma
cavalos-força requeridos para girar a hélice a rápida mudança do ângulo da pá.
uma determinada rotação. Os governadores usados para controlar o
Desde que o motor esteja mantendo a mecanismo hidráulico de mudança de passo são
mesma potência, a hélice diminui a rotação. Se acionados pelo eixo de manivelas do motor e,
o ângulo da pá for diminuído, a hélice aumenta- por esse motivo, são sensíveis as mudanças de
rá a velocidade. Assim, a rotação do motor pode rotação. Os governadores orientam o óleo sob
ser controlada pelo aumento ou diminuição do pressão para a operação do mecanismo hidráuli-
ângulo da pá. co de mudança de passo.
O uso de um governador da hélice, para Quando a rotação do motor ultrapassa um
aumentar ou diminuir o passo é uma prática valor, para o qual o governador foi regulado, o
comum. Quando a aeronave começa uma subi- governador comanda o mecanismo de mudança
da, o ângulo da pá da hélice diminui, apenas o do passo da hélice para uma condição de au-
suficiente para evitar que o motor diminua sua mento de passo. Esse ângulo aumenta a carga no
velocidade. Portanto, o motor pode manter este motor diminuindo a rotação. Quando a rotação
fornecimento de potência desde que não haja diminui, abaixo de um valor para o qual o go-
mudança na seleção das manetes. vernador foi regulado, o governador comanda o
Quando a aeronave entra em um mergulho, mecanismo de mudança de passo para girar as
o ângulo da pá aumenta o suficiente para evitar pás para um passo menor; a carga no motor é
uma sobrevelocidade e, com a mesma seleção diminuída e a rotação aumenta. Assim, o gover-
de manetes, o fornecimento de potência perma- nador da hélice tende a manter constante a rota-
necerá inalterado. Se a seleção das manetes for ção do motor.
alterada, no lugar de mudar a velocidade da ae-
ronave em uma subida ou descida, o ângulo da Hélices automáticas
pá aumentará ou diminuirá como necessário
para manter uma velocidade constante no motor. Nos sistemas de hélices automáticas, o
A potência do motor (e não a rotação) será, sistema de controle ajusta o passo, sem atuação
portanto, mudada de acordo com as mudanças do operador, para manter uma específica ajusta-
no comando das manetes. As hélices controla- gem da rotação do motor.
das por governador, e as de velocidade constan- Por exemplo, se a rotação do motor au-
te, mudam o ângulo da pá automaticamente, menta, os controles automaticamente aumentam
mantendo constante a rotação do motor. o ângulo da pá até que uma desejada rotação
A maior parte dos mecanismos de mudan- tenha sido restabelecida.
ça de passo são operados por pressão de óleo Um bom sistema de controle automático
(hidraulicamente) usando algum tipo de sistema reage nas pequenas variações de rotação, prati-
pistão e cilindro. O pistão pode mover-se no camente em todas as condições, mantendo cons-
cilindro, ou o cilindro pode mover-se em um tantes as rotações por minuto (r.p.m) do motor.
pistão estacionário. As hélices automáticas são frequentemente
O movimento linear do pistão é convertido chamadas de hélices de "velocidade constante".
por diversos tipos de ligações mecânicas, usan- Refinamentos adicionais, tais como passo
do o movimento rotativo necessário para variar reverso e embandeiramento, são incluídos em
o ângulo da pá. As ligações mecânicas podem algumas hélices para aperfeiçoar suas
ser por meio de engrenagens, o mecanismo de características operacionais.

7-6
Hélices reversíveis Hélices propulsoras

Uma hélice de passo reverso é uma hélice São aquelas montadas na parte posterior de
controlável, na qual o ângulo da pá pode ser um eixo, atrás da estrutura de apoio. As hélices
mudado para um valor negativo durante a ope- propulsoras são construídas como hélices fixas
ração. ou de passo variável. Aeronaves aquáticas ou
A finalidade do passo reverso é a de pro- anfíbias utilizam, em grande porcentagem, héli-
duzir uma tração negativa, à baixa velocidade, ces propulsoras.
usando a potência do motor. Em aeronaves terrestres onde a distância
Embora o passo reverso possa ser usado da hélice ao solo normalmente é menor do que a
em vôo para descidas em rota, ele é usado prin- distância da hélice à água dos aquáticos, as
cipalmente como um freio aerodinâmico para hélices propulsoras estão mais sujeitas a danos
reduzir a corrida no solo após o pouso. do que as tratoras. Pedras, cascalhos e pequenos
objetos deslocados pelas rodas, muitas vezes
Hélices embandeiráveis podem ser atirados ou aspirados por uma hélice
propulsora.
Uma hélice embandeirável é uma hélice Similarmente, aeronaves aquáticas com
controlável que possui um mecanismo que muda hélices propulsoras estão aptas a sofrer danos na
o passo para um ângulo tal, que o deslocamento hélice, causados pelo jato de água levantado
da aeronave para a frente produz um mínimo pelo casco durante pousos e decolagens da água.
efeito "cata-vento" em uma hélice sem potência. Consequentemente, a hélice propulsora, na mai-
O embandeiramento das hélices deve ser oria das vezes, é montada em cima e atrás das
usado em aeronaves multimotoras para reduzir asas para evitar danos semelhantes.
ao mínimo a resistência ao avanço, causada por
uma hélice, na condição de falha do motor.
HÉLICES USADAS EM AERONAVES
LEVES
CLASSIFICAÇÃO DAS HÉLICES
Existem, atualmente, em grande número,
aeronaves leves utilizando hélices de velocidade
Hélices tratoras constante, reguladas por governador. Mas, um
número significativo de aeronaves da aviação
Essas são as hélices montadas na parte geral, ainda opera com hélices de passo fixo.
anterior de um eixo, à frente da estrutura de
apoio. A maioria das aeronaves são equipadas Hélices de passo fixo, de madeira
com este tipo de hélices.
A maior vantagem das hélices tratoras é A construção de uma hélice de madeira, de
que baixos esforços são induzidos em uma héli- passo fixo (Figura 7-7) é de tal modo que o pas-
ce, que gira em um ar relativamente calmo. so das pás não pode ser mudado após a constru-
ção.

Figura 7-7 Hélice de madeira de passo fixo.

7-7
A escolha do ângulo da pá é decidido pelo uso
normal da hélice em uma aeronave durante um
vôo nivelado, quando o motor atingir a máxima
eficiência.
A impossibilidade de mudar o passo da pá
em uma hélice de passo fixo, restringe o seu uso
as pequenas aeronaves com motores de baixa
potência, nos quais a máxima eficiência do mo-
tor, durante todas as condições de vôo, é de me-
nor importância do que nas grandes aeronaves.
A hélice de madeira, de passo fixo, em virtude
do seu baixo peso, rigidez, economia de produ-
ção, simplicidade de construção e facilidade de
substituição, é bem apropriado para aquelas Figura 7-8 Instalação de revestimento e friso de
pequenas aeronaves. metal.
Uma hélice de madeira não é construída de
um sólido bloco de madeira, mas é formada de Aço inoxidável tem sido usado com frequência,
um determinado número de camadas de madeira ele é fixado ao bordo de ataque com parafusos
dura, cuidadosamente selecionadas e bem secas. de cabeça escareada para madeira na parte gros-
Muitas madeiras, entre elas o mogno, a sa da pá, e com rebites de cobre nas seções finas
cerejeira, a nogueira preta e o carvalho, são usa- das pontas.
das em grande parte, mas o vidoeiro é na maio- As cabeças dos parafusos são fixadas com
ria das vezes, amplamente utilizado. solda para evitar que se soltem, e para que a
São usadas de cinco a nove camadas sepa- solda torne a superfície plana e lisa. Como a
radas, tendo cada uma cerca de três quartos da umidade tende a se acumular nas pontas das pás,
polegada de espessura. entre o metal e a madeira são feitos pequenos
As várias camadas são colocadas juntas furos para permitir a drenagem desta umidade,
com uma cola, a base de resina à prova d’água e ou sua expulsão pela força centrífuga. É impor-
mantidas até a secagem. A peça bruta é então tante que esses furos sejam sempre mantidos
desbastada, até em formato e tamanho aproxi- abertos.
mados do produto acabado. Como a madeira está sujeita a dilatação,
A hélice semi-acabada é então deixada em contração e empeno, devido a umidade, uma
repouso para secar durante aproximadamente camada protetora é aplicada em uma hélice já
uma semana, para permitir que a umidade seja acabada, para evitar uma rápida mudança do
distribuída entre as camadas. conteúdo de umidade.
Este período adicional de secagem evita O acabamento mais usado é um determi-
empenos e rachaduras, que podem ocorrer se o nado número de camadas de verniz claro e im-
bloco for trabalhado imediatamente. Após este permeável. Após este processo ser completado,
período, a hélice é cuidadosamente construída. a hélice é montada em um cubo, e cuidadosa-
Gabaritos e transferidores de bancada são mente balanceada.
usados para obter-se o contorno apropriado, e o Vários tipos de cubos são usados para
ângulo da pá de todas as estações. montar hélices de madeira no eixo de manivelas
Depois que as pás da hélice estiverem aca- do motor. A hélice pode ter um cubo de aço
badas, um revestimento de tecido é colado nas forjado que será fixado em um eixo estriado, ele
últimas 12 a 15 polegadas de cada pá acabada, e pode ser conectado em um eixo cônico por um
um friso de metal (figura 7-8) é preso na maior cubo de aço forjado, ou ele pode ser aparafusa-
parte do bordo de ataque e ponta de cada pá, do em um flange de aço forjado do eixo de ma-
para proteger a hélice dos danos causados pelas nivelas. Em qualquer caso, várias partes de fixa-
partículas soltas no ar durante o pouso, táxi ou ção são requeridas para a montagem efetiva da
decolagem. hélice no eixo. Os cubos fixados em um eixo
O friso pode ser de folha de flandres, metal cônico, normalmente são mantidos no lugar por
Monel ou latão. uma porca de retenção, que é atarraxada na pon-

7-8
ta do eixo. Em um modelo, uma contraporca é uma sede para cone na dianteira com 30º, para
usada como segurança da porca de retenção, e centralizar o cubo acuradamente no eixo da hé-
para permitir um extrator para a remoção da lice.
hélice do eixo. Esta porca é rosqueada no interi-
or do cubo, e de encontro à porca de retenção. A
contraporca e a porca de retenção são frenadas
juntas com arame de freno ou com contrapino.
Um cone dianteiro e um cone traseiro po-
dem ser usados para apoiar, de um modo apro-
priado, a hélice em um eixo estriado. O cone
traseiro é inteiriço, de bronze, envolvendo o
eixo de encontro a porca de tração (ou espaça-
dor) e apoiado na sede do cubo destinada ao
cone traseiro.
O cone dianteiro é, em duas peças de aço,
que formam par durante todo o tempo de vida,
possuindo um sulco na sua circunferência inter-
na para que ele possa ser fixado em um flange Figura 7-9 Conjunto do cubo.
da porca de retenção da hélice. Quando a porca
de retenção é atarraxada no lugar, o cone dian- Hélices de passo fixo, de metal
teiro encaixa-se em sua sede, do cubo.
Um anel de pressão é encaixado em um As hélices de metal, de passo fixo, são
sulco do cubo, à frente do cone dianteiro, para semelhantes na aparência com as de madeira,
que, quando a porca de retenção for removida com a diferença de terem a seção da pá mais
do eixo da hélice, o cone dianteiro atuará de fina. A hélice de passo fixo, de metal, é exten-
encontro ao anel de pressão, agindo como um samente utilizada na maioria das aeronaves le-
extrator, puxando a hélice do eixo. ves.
Um tipo de cubo incorpora uma bucha de A maioria das hélices de metal antigas
bronze no lugar de um cone dianteiro. Quando eram fabricadas por uma peça de duralumínio
este tipo de cubo é usado, é necessário o uso de forjado. Comparadas com as hélices de madeira,
um extrator para iniciar a remoção da hélice. elas eram mais leves por causa da eliminação
Um cone traseiro espaçador é algumas vezes dos dispositivos de fixação, elas ofereciam um
utilizado em uma hélice para eixo estriado, para custo de manutenção mais baixo, porque eram
evitar a interferência da hélice com a refrigera- feitas de uma só peça, e permitiam maior efici-
ção do motor. Um flange largo, na face traseira ência de refrigeração devido ao passo efetivo
de alguns tipos de cubos eliminam o uso de um bem próximo ao cubo, e porque elas não tinham
cone traseiro espaçador. junções entre as pás e o cubo.
Um tipo de conjunto de cubo para uma O passo da hélice podia ser modificado,
hélice de passo fixo, de madeira, é uma peça de dentro de certos limites, torcendo-se a pá ligei-
aço embutido na hélice para montá-la no eixo. ramente. As hélices deste tipo são agora manu-
Ele tem duas partes principais, a placa lisa e a faturadas em liga de alumínio anodizado. Elas
placa flange (figura 7-9). A placa lisa é um dis- são identificadas por caracteres estampados no
co de aço que forma a face dianteira do cubo. A cubo com o número de série, modelo, número
placa flange é de aço, oca e estriada internamen- do certificado de tipo da Federal Aviation Ad-
te para receber o eixo da hélice. A parte do ministration (F.A.A.), número do certificado de
flange, oposta ao disco, tem encaixes para rece- produção, e o número de vezes que a hélice foi
ber a placa lisa, que tem encaixes na abertura de recondicionada. O número completo do modelo
passagem do eixo, para fixação na placa flange. da hélice é uma combinação dos números bási-
Tanto a placa lisa quanto a flange, tem cos do modelo e números sufixos, indicando o
uma série de correspondentes orifícios no disco, diâmetro e o passo da hélice. Uma explanação
concêntricos com relação ao centro do cubo. A de um número completo de um modelo, usando
passagem para o eixo na placa flange tem uma a hélice Mc Cauley 1B90/CM/71/44, é apresen-
sede para o cone com 15º na parte traseira, e tado na figura 7-10.

7-9
1B90 / CM / 71 / 44

Passo em polegadas a 0,75 do raio

Diâmetro da hélice em polegadas

CF - Instalação no eixo flangeado nº 1 SAE; pontas das pás elípticas


CH - Forma conjunto com cubo da Continental Motors Corp.; pontas
elípticas.
CM - Instalação no eixo flangeado nº 1 SAE; pontas das pás quadradas.
LF - Instalação no eixo flangeado nº 2 com adaptador Mc Cauley C-1210;
pontas das pás elípticas.
LM - Instalação no eixo flangeado nº 2 com adaptador Mc Cauley C- 1210;
pontas das pás quadradas.

Número básico de desenho (planejamento etc)

Figura 7-10 Número completo de modelo de hélice.

HÉLICES DE VELOCIDADE O cubo e a retenção das pás básicos são


CONSTANTE comuns a todos os modelos descritos. As pás
estão montadas na aranha do cubo em ajustes
As hélices Hartzell, Sensenick e Mc Cau- angulares. A força centrífuga das pás, em torno
ley, para aeronaves leves, são bem semelhantes de 25 toneladas, é transmitida para a aranha do
em sua operação. Todas elas usam a força cen- cubo através das braçadeiras da pás, e então,
trífuga atuando nos contrapesos da pá, para au- através dos rolamentos de esferas.
mentar o seu ângulo. A descrição de uma hélice
de velocidade constante Hartzell é usada como
exemplo. As especificações e instruções do fa-
bricante devem ser consultadas para informa-
ções dos modelos específicos.

Hélices de velocidade constante para aerona-


ves leves.

A maioria dos tipos de aeronaves leves Figura 7-11 Mecanismo de mudança de passo
usam hélices de velocidade constante, controla- para uma hélice de contrapesos.
das por governador tanto na versão de duas co-
mo na de três pás. A tração da hélice e o torque do motor são
Essas hélices podem ser do tipo não em- transmitidos das pás para a aranha do cubo, a-
bandeiráveis, ou elas podem ser capazes de em- través de um embuchamento dentro do flanco
bandeirar e reverter o passo. das pás.
O cubo de aço consiste de uma aranha de As hélices têm contrapesos fixados às bra-
aço, a qual suporta as pás de alumínio, com um çadeiras das pás, utilizando a força centrífuga
tubo penetrando na base das pás. Braçadeiras derivada dos contrapesos para aumentar o passo
fixam o flanco das pás com os rolamentos de das pás. A força centrífuga, devido a rotação da
retenção. Um cilindro hidráulico está montado hélice, tende a mover os contrapesos para dentro
no eixo rotacional, conectado à braçadeira da pá do plano de rotação, aumentando, assim, o pas-
para atuação do passo (ver a figura 7-11). so das pás (ver a figura 7-12).

7-10
Figura 7-12 Hélices de velocidade constante.

Na ordem de controlar o passo das pás, um


conjunto hidráulico pistão cilindro está montado
na parte frontal da aranha do cubo.
O pistão é acoplado a braçadeira da pá por
meio de um sistema deslizante, garfo para os
modelos não embandeiráveis; e um sistema de
hastes para os modelos embandeiráveis.
O pistão é atuado para a direção dianteira
por meio da pressão de óleo suprida por um
governador, o qual supera a força em oposição
criada pelos contrapesos.

Hélices de velocidade constante, não emban-


deiráveis

Se a velocidade do motor for reduzida para Figura 7-13 Operação básica de velocidade
uma rotação menor do que a regulagem do go- constante.
vernador (ver figura 7-13), a força rotacional do
motor que aciona os contrapesos do governador Com a válvula piloto nesta posição, o óleo
diminuirá também. Isto permite que a mola de fornecido pela bomba de engrenagens fluirá
velocidade mova a válvula piloto para a posição através de passagens para a hélice, movendo o
mais baixa. cilindro para a posição mais afastada. Isto, di-

7-11
minui o ângulo da pá, permitindo ao motor re- ângulo da pá não muda.
tornar à condição de velocidade estável. Convém notar que a seleção da rotação é
Se a velocidade do motor aumentar para feita pela variação da compressão na mola de
uma rotação maior do que a regulagem do go- velocidade.
vernador, os contrapesos se oporão à tensão da O posicionamento da cremalheira de velo-
mola de velocidade movendo a válvula piloto cidade é a única ação controlada manualmente.
para cima. Isto permite que o óleo seja drenado Todas as outras são controladas automaticamen-
da hélice através do eixo de comando do gover- te no interior do governador.
nador.
Assim que o óleo abandonar a hélice, a
atuação da força centrífuga nos contrapesos Hélice de velocidade constante e embandei-
moverão as pás para um aumento de ângulo, rável
com uma conseqüente diminuição da rotação do
motor. As hélices embandeiráveis operam de mo-
Quando o motor estiver exatamente na ro- do semelhante às não embandeiráveis, com a
tação selecionada pelo governador, a reação diferença de que as embandeiráveis possuem a
centrífuga dos contrapesos equilibrará a tensão mola de embandeiramento, que auxilia os con-
da mola de velocidade, posicionando a válvula trapesos a aumentarem o passo (ver figura 7-
piloto de tal maneira que o óleo não seja forne- 14).
cido nem drenado da hélice. Nesta condição, o

Figura 7-14 Hélice de velocidade constante embandeirável.

7-12
EMBANDEIRAMENTO Sistemas especiais de desembandeiramento
são encontrados em certas aeronaves, para as
O embandeiramento é executado pelo alí- quais o reacendimento seja difícil. O sistema
vio da pressão de óleo através do governador, consiste de um acumulador a óleo, conectado ao
permitindo que os contrapesos e a mola de em- governador por meio de uma válvula, como é
bandeiramento comandem as pás para a posição mostrado na figura 7-15.
bandeira. Isto é feito pelo comando do controle Para evitar que a mola de embandeiramen-
de passo do governador, sendo puxado para o to atue na hélice quando a aeronave estiver no
limite do seu curso, abrindo uma passagem que solo com o motor parado, são instalados baten-
permite o escoamento do óleo da hélice de volta tes do aumento do passo, automaticamente re-
ao motor. movíveis.
O tempo necessário para embandeirar, sistema consiste de fechos acionados por
depende da quantidade de óleo que volta da hé- mola, fixados ao cubo estacionário,o qual engra-
lice para o motor, e da força exercida pela mola za no disco batente do passo máximo preso por
e pelos contrapesos. A maior passagem através parafusos nas braçadeiras móveis das pás.
do governador e o peso da ação da mola tornam Quando a hélice ultrapassa 600 r.p.m.,a força
mais rápida a ação de embandeiramento. O tem- centrífuga atua para desengraxar os fechos do
po normal de embandeiramento, com este sis- disco batente do passo máximo para que o passo
tema, é de três a dez segundos. da hélice possa ser aumentado para a posição
A capacidade de desembandeirar as pás, bandeira.
ou restabelecer o passo normal, dentro do mes- Quando o motor estiver girando a uma
mo tempo, não é considerado importante para as baixa rotação, ou parado, a mola engraza o fe-
aeronaves leves bimotoras. A possibilidade de cho com o batente do passo máximo, evitando
embandeirar a hélice errada em uma emergência que o passo aumente sob a ação da mola de em-
é bem remota, igualmente, a ação errada se tor- bandeiramento.
nará aparente com tempo suficiente de ser corri- Uma característica de segurança aplicada a
gida. este método, é que a hélice irá para a posição
Além disso, para o pouso, não será neces- bandeira se a pressão de óleo no governador,
sário dar partida naquele motor que foi cortado por qualquer razão,cair a zero.
em vôo, porque uma aeronave leve bimotora Como o governador obtém o seu supri-
pode facilmente pousar com apenas um motor mento de óleo do sistema de lubrificação do
funcionando. A necessidade do desembandeira- motor, é importante que na situação do motor
mento é apenas para a finalidade de demonstra- esteja girando sem óleo, por quebra de uma par-
ção. te do seu sistema; que a hélice seja embandeira-
da automaticamente.
DESEMBANDEIRAMENTO Esta ação pode livrar o motor de um dano
mais sério, no caso do piloto não estar ciente do
O desembandeiramento é executado pela defeito.
reposição do controle do governador para o cur-
so normal de vôo, e para reacender o motor (ver
figura 7-15).
Logo que o motor gira algumas voltas, o
governador inicia o desembandeiramento das
pás, seguindo-se a rotação em cata-vento, que
celera o processo de desembandeiramento. Para
facilitar a rotação do motor, o ângulo da pá em
bandeira, em um ponto a 3\4 na pá, é de 80º a
85º, permitindo que o ar auxilie a partida do
motor.
Em geral, o desembandeiramento e o rea-
cendimento podem ser executados dentro de
poucos segundos. Figura 7-15 Sistema de desembandeiramento.

7-13
HÉLICES HARTZELL COMPACTA O tamanho nas passagens do óleo, e a ra-
pidez do óleo vindo do cilindro da hélice, po-
dem ser forçados a voltar para o motor. Tam-
Essas hélices representam um novo con- bém, o aumento da carga do ar acelera a ação de
ceito no desenho básico. Elas combinam o pou- embandeiramento. Em geral, o embandeiramen-
co peso e a simplicidade do projeto, com a rigi- to pode ser completado em alguns poucos se-
dez da construção. gundos.
Para obter estas características, o cubo é O desembandeiramento pode ser executa-
feito o mais compacto possível, utilizando a liga do por qualquer um dos vários métodos apresen-
de alumínio forjado para a maioria das suas par- tados a seguir:
tes. A cúpula do cubo é feita em duas metades,
unidas por parafusos ao longo do plano de rota- 1. Na partida do motor, o governador pode
ção. Esta cúpula encerra internamente o me- bombear óleo de volta ao interior da hélice
canismo de mudança do passo e a raiz das pás. para reduzir o passo. Na maioria das aero-
O cilindro hidráulico, que fornece a força naves leves, bimotoras, este procedimento é
para a mudança do passo, está montado na parte considerado adequado, pois a partida do mo-
frontal do cubo. Esta hélice só pode ser instala- tor, em geral, não apresenta problemas.
da em motores que tenham as provisões para
montagem em flange. 2. Prover um acumulador conectado ao gover-
A hélice de velocidade constante utiliza a nador, com uma válvula para bloquear uma
pressão de óleo fornecida pelo governador para carga de óleo quando a hélice estiver em-
mover as pás para um aumento de passo (redu- bandeirada, mas soltá-la para a hélice, quan-
ção da rotação). do o controle de rotação tiver retornado para
O momento de torção centrífuga das pás a posição normal.
tende a movê-las para uma diminuição de passo
(aumento da rotação), na ausência da pressão de 3. Prover um sistema, que permita ao óleo que
óleo do governador. opera a lubrificação do motor, desembandei-
As hélices embandeiráveis utilizam a pres- rar a hélice de um motor parado. Isto consis-
são de óleo vinda do governador, para mover as te de uma linha de óleo conectando os dois
pás para diminuir o passo (aumento da rotação). governadores com uma válvula no meio, o-
O momento de torção centrífuga das pás tendem perada manual ou eletricamente.
também a mover as pás para diminuir o passo. A O governador está projetado para que pos-
oposição a essas duas forças é uma força produ- sa ser adaptado, tanto para operações de ação
zida pela compressão do ar, bloqueado entre a simples, como para dupla ação. Como um go-
cabeça do cilindro e o pistão, o qual tende a mo- vernador de ação simples, ele dirige a pressão
ver as pás para um aumento do passo na ausên- de óleo para a parte traseira do cilindro para
cia da pressão de óleo do governador. diminuir o passo e permitir a drenagem do ci-
Assim, o embandeiramento é executado lindro, quando a força centrífuga aumenta o
pela compressão do ar, na ausência da pressão passo.
de óleo do governador; e é executado pelo mo- As hélices que possuem contrapesos usam
vimento de retorno do controle do governador governadores de ação simples. Os contrapesos e
para a sua posição extrema. a força centrífuga atuam juntos para aumentar o
A hélice é protegida de embandeiramento passo. Para aquelas hélices que não usam con-
quando está estacionária, pelos pinos centrífu- trapesos para aumentar o passo, o óleo vindo do
gos, os quais engrazam um ressalto na haste do governador é usado, vencendo a força centrífuga
pistão. das pás.
Estes serão movidos para fora pela força Neste caso, o plugue "B" é removido e ins-
centrífuga contra as molas, quando a hélice esti- talado na passagem "C" do governador. Isto
ver girando acima de 700 r.p.m. permite que a pressão de óleo do governador
O tempo necessário para embandeirar de- seja dirigida para a parte traseira do cilindro,
pende da quantidade de óleo que volta da hélice para diminuir o passo. A pressão de óleo é diri-
através do motor e governador, e a pressão de ar gida para o lado dianteiro do cilindro, para au-
forçando a cabeça do cilindro. mentar o passo. Ver a figura 7-16.

7-14
3- Conjunto da válvula distribuidora (para o
embandeiramento das hélices de ação sim-
ples) ou conjunto extensão do eixo do motor
(para hélices não embandeiráveis ou dupla
ação);
4- Conjunto de antigelo.

Figura 7-17 Instalação típica de uma hélice


hidromática.

O conjunto do cubo é o mecanismo básico


da hélice. Ele contém, tanto as pás, como os
meios de mantê-las em posição. As pás são su-
portadas pela aranha e retidas pelo cubo. Cada
pá é livre para girar em torno do seu eixo sob o
controle do conjunto da cúpula.
Figura 7-16 Governador Woodward série X O conjunto da cúpula contém o mecanismo
210.000. de mudança do passo das pás. Ele consiste de
diversos componentes principais:
HÉLICE HIDROMÁTICA HAMILTON 1- Came rotativo
STANDARD 2- Came fixo
3- Pistão
A descrição a seguir é típica da maioria 4- Cúpula
dos vários modelos da hélice hidromática Ha-
milton Standard. Quando o conjunto da cúpula estiver insta-
A hélice hidromática (figura 7-17) é com- lado no cubo da hélice, o came fixo permanece
posta por quatro componentes principais: estacionado com relação ao cubo.
O came rotativo, que pode girar dentro do
1- Conjunto do cubo; came fixo, comanda os segmentos de engrena-
2- Conjunto da cúpula; gens da base das pás.

7-15
O pistão opera dentro da cúpula, e, é o me-
canismo que converte a pressão de óleo do mo-
tor e governador em forças, que irão atuar atra-
vés dos cames para girar as pás da hélice.
A válvula distribuidora, ou o conjunto ex-
tensão do eixo do motor, permite passagens de
óleo para o governador (ou óleo auxiliar) para o
lado interno do pistão; e o óleo do motor para o
lado externo.
Durante a operação de desembandeiramen-
to, a distribuidora muda sob a pressão auxiliar, e
inverte estas passagens para que o óleo da bom-
ba auxiliar seja direcionado para a parte externa
do pistão.
O óleo do lado interno fluirá de volta ao Figura 7-18 Diagrama das forças operacionais
motor. O conjunto extensão do motor é usado de uma hélice hidromática.
com as hélices que não têm capacidade de em-
bandeiramento. A força centrífuga atuando nas pás em
Muitas partes estruturais da maioria das rotação inclui uma força componente, que tende
hélices hidromáticas são semelhantes. A pá e o a mover as pás no sentido de diminuição do
conjunto do cubo são quase iguais, e os gover- passo.
nadores são também semelhantes em construção Como mostra a figura 7-18, uma segunda
e princípios de operação. força, a pressão de óleo do motor, é suprida para
A principal diferença é no mecanismo de o lado externo do pistão da hélice, a fim de mo-
troca de passo. ver a pá no sentido de diminuição do passo.
Na hélice hidromática não são usados con- O óleo do governador da hélice é tomado
trapesos, e as partes móveis do mecanismo são do suprimento de óleo do motor, e reforçado em
completamente embutidos. pressão pelo governador, que está ligado direta-
A pressão de óleo e o momento de torção mente ao lado interno do pistão da hélice. Isto
centrífuga das pás são usados juntos para que atua como uma contraforça que pode mover as
elas girem a um ângulo mínimo. pás no sentido do aumento do passo.
As maiores vantagens da hélice hidromáti- Pela medição desta alta pressão de óleo, ou
ca, são: o grande curso do ângulo da pá; e as pela sua drenagem do lado interno do pistão por
características de embandeiramento e reversão. meio da unidade de controle da velocidade
constante, a força no sentido do aumento do
Princípios de operação passo pode equilibrar e controlar as duas forças,
que tendem a diminuição do passo. Deste modo,
O mecanismo de mudança de passo das hé- o ângulo da pá da hélice é regulado para manter
lices hidromáticas é um sistema hidráulico-me- uma selecionada rotação.
cânico no qual as forças hidráulicas, atuando em As forças básicas de controle da hélice que
um pistão, são transformadas em forças mecâni- atuam na Hamilton Standard, são: a força de tor-
cas de torção atuando nas pás. ção centrífuga e a alta pressão do óleo fornecida
O movimento linear do pistão é converti- pelo governador.
do em movimento rotativo por um came cilín- A força centrífuga atuando em cada pá de
drico. uma hélice em rotação inclui uma força de tor-
Uma engrenagem cônica na base do came ção sobre a linha central da pá, a qual tende,
engraza com segmentos também cônicos, fixa- durante todo o tempo, movê-las no sentido da
dos na base das pás, fazendo com que estas gi- diminuição do passo.
rem. A saída do óleo da bomba do governador
A ação de mudança do passo das pás pode é dirigida para qualquer um dos lados do pistão
ser entendida pelo estudo do esquema na figura da hélice. O óleo do lado do pistão oposto a esta
7-18. alta pressão de óleo, retorna para o lado de en-

7-16
trada da bomba do governador para ser nova- Deste ponto, o óleo se desloca através do
mente utilizado. A pressão de óleo fornecida eixo da hélice, anéis de transferência, sob e para
pelo motor não entra diretamente na hélice, mas a entrada medidora, e então, através do eixo da
é suprida somente pelo governador. engrenagem de acionamento do governador e
Durante as operações de velocidade cons- caminhos da válvula piloto, é drenado no interi-
tante, a dupla ação do mecanismo do governa- or do cárter do motor. A bomba de recalque
dor manda o óleo para um lado ou para o outro recolhe o óleo da parte frontal do motor, retor-
do pistão, de acordo com a necessidade de man- nando-o para o tanque de óleo.
ter a velocidade, em uma determinada seleção. Quando o óleo é drenado da parte interna
do pistão, ele fluirá através de passagens do
Condição de baixa velocidade eixo da hélice e da válvula distribuidora. Ao sair
da válvula distribuidora, o óleo emergirá na
A baixa velocidade é o resultado de quan- parte externa do pistão. Com o auxílio do mo-
do as pás (seção da pá em negrito da figura 7- mento de torção centrífugo das pás, este óleo
19) tiverem sido movidas para um ângulo, mai- movimenta o pistão para dentro. Este movimen-
or do que o requerido para uma operação de to é transmitido através dos rolamentos do came
velocidade constante (seção da pá em linha in- e das engrenagens cônicas para as pás. Então, as
terrompida). pás são movidas para uma diminuição de ângu-
A seta representa a direção na qual as pás lo, como é mostrado no diagrama esquemático
se moverão para restabelecer a operação de ve- da figura 7-19.
locidade constante. Quando as pás assumem um ângulo menor
Quando a velocidade do motor diminui (seção da pá em linha interrompida da figura 7-
abaixo da rotação regulada no governador, a re- 19), a velocidade do motor aumenta, e a válvula
sultante diminuição em força centrífuga exerci- piloto é levantada pelo aumento da força centrí-
da pelos contrapesos permite que a mola de ve- fuga exercida nos contrapesos do governador. A
locidade abaixe a válvula piloto, abrindo, por abertura de medição do governador da hélice
este motivo, a abertura medidora do governador gradualmente se fecha, diminuindo o fluxo de
da hélice. O óleo então fluirá da parte interna do óleo do lado interno do pistão. Esta diminuição
pistão, através da válvula distribuidora no eixo no fluxo de óleo, diminui, também, a razão da
da hélice. mudança do passo em direção ao passo mínimo.

Figura 7-19 Operação da hélice (condição de baixa velocidade).

7-17
Figura 7-20 Operação da hélice (condição de supervelocidade).

Logo que o motor tenha atingido a rotação orifício medidor do governador, entrando nos
para a qual o governador está regulado, a vál- anéis de transferência. Dos anéis, o óleo passa
vula piloto assumirá a posição neutra (fechada) através do eixo do governador, através de um
na qual ela evita qualquer fluxo de óleo apreci- orifício da válvula distribuidora entre os espa-
ável, para ou vindo da hélice. A válvula é ços da válvula, e então, para a parte interna do
mantida nesta posição, porque a força centrífu- pistão.
ga dos contrapesos se iguala à força da mola de Como um resultado deste fluxo, o pistão e
velocidade. As forças de controle agora são os rolamentos fixos a ele, são movidos para
iguais e, a hélice e o governador, estão operan- fora, e o came rotativo é girado pelo movimen-
do em velocidade constante. to dos rolamentos na pista.
Quando o pistão é movido para fora, o
Condição de alta velocidade óleo é removido da parte externa do pistão.
Este óleo entra na válvula distribuidora pelo
Se a hélice estiver operando acima da orifício de saída, flui através da válvula e entra
rotação para a qual o controle está regulado, as pela passagem de óleo do eixo da hélice. Deste
pás estarão em um ângulo mais baixo (seção da ponto, o óleo é dissipado no sistema de lubrifi-
pá em negrito na figura 7-20) do que o requeri- cação do motor.
do para a operação em velocidade constante O mesmo equilíbrio de forças existe atra-
(linhas interrompidas). A seta representa a di- vés da válvula distribuidora durante a alta ve-
reção na qual a pá se moverá, dando à hélice a locidade, como durante a baixa velocidade,
condição de velocidade constante. exceto que o óleo sob pressão do governador
Quando a velocidade do motor aumenta, restitui o óleo drenado da entrada dos ressaltos
acima da rotação para a qual o governador está da válvula e dos espaços entre os ressaltos.
regulado, os contrapesos serão movidos para O movimento do pistão para fora movi-
fora, devido a força centrífuga, contrariando a menta as pás na direção do aumento de ângulo,
força da mola de velocidade, levantarem a vál- o qual, em conseqüência, reduz a rotação do
vula piloto. Isto abre o orifício medidor do go- motor. Uma diminuição na rotação do motor
vernador da hélice, permitindo que o óleo flua diminui a velocidade de rotação dos contrape-
da bomba de reforço do governador através do sos do governador. Como resultado, os contra-

7-18
pesos são movidos para dentro pela força da rência do óleo do motor, através das passagens
mola de velocidade; a válvula piloto é abaixa- do óleo do governador no eixo da hélice, atra-
da; e o orifício medidor do governador da héli- vés da entrada da válvula distribuidora, pelo
ce é fechado. Logo que este orifício seja fecha- interior da válvula e, finalmente, para a parte
do, o fluxo de óleo para a hélice, ou vindo dela, interna do pistão pela saída correspondente da
cessa, e a hélice e o governador passam a ope- válvula.
rar em velocidade constante. A válvula distribuidora não muda durante
a operação de embandeiramento.
Operação de embandeiramento Ela simplesmente serve de passagem para
o óleo da pressão auxiliar para a parte interna
A instalação de um sistema de hélice hi- do pistão, e do óleo do motor para a parte ex-
dromática típica, embandeirável, é mostrada na terna do pistão.
figura 7-21. As mesmas condições descritas para a
Quando o botão interruptor de em- operação de baixa velocidade existe na válvula
bandeiramento é apertado, um circuito de baixa distribuidora, exceto que, o óleo sob pressão
corrente é estabelecido da bateria através do auxiliar substitui o óleo drenado da parte inter-
solenóide do botão, e da bateria através do so- na do pistão e dos espaços internos da hélice. A
lenóide do relê. Tão logo o circuito permaneça mola da válvula distribuidora é recuada pela
fechado, o botão permanecerá "apertado" por pressão do óleo do motor, o que quer dizer que
ação da bobina do solenóide. a todo tempo a pressão diferencial necessária
Com este solenóide fechado, é estabeleci- para mover o pistão será idêntica à aplicada na
do um circuito de alta corrente da bateria para o válvula distribuidora.
motor da bomba da unidade de embandeira- O pistão da hélice se movimenta para fora
mento. Esta bomba recebe óleo do reservatório sob a pressão de óleo auxiliar, a uma velocida-
do sistema de lubrificação do motor, reforça de proporcional a razão a qual o óleo é suprido.
sua pressão, se necessário, para abrir a válvula Este movimento do pistão é transmitido
de alívio da bomba; e supre a conexão da vál- através dos rolamentos, operando nas pistas
vula de transferência de alta pressão do gover- com inclinações opostas do came fixo ao came
nador. rotativo, e sendo convertido pelas engrenagens-
O óleo auxiliar, entrando na conexão da cônicas em momento de torção das pás.
válvula de transferência de alta pressão, inver- Somente durante o embandeiramento, ou
te a válvula de transferência do governador, a desembandeiramento, é usada a porção de bai-
qual, hidraulicamente desconecta a hélice do xa vantagem mecânica da pista dos rolamentos
governador e, ao mesmo tempo, abre o cami- no came rotativo (a porção de baixa vantagem
nho na hélice do óleo para o óleo auxiliar. mecânica é a situada entre a curva da pista e o
O óleo flui através dos anéis de transfe- final externo do perfil).

Figura 7-21 Instalação típica de embandeiramento.

7-19
O óleo, sob a pressão do motor deslocado ração, óleo auxiliar é admitido (ver a figura 7-
da parte externa do pistão, flui através da entra- 22).
da externa da válvula distribuidora para a parte O óleo flui através dos anéis de transferên-
final posterior e, através do orifício da válvula, cia do óleo do motor, através das passagens do
entra na passagem de óleo do eixo da hélice óleo do governador no eixo da hélice, e entran-
sendo, finalmente, liberado no sistema de lu- do no conjunto da válvula distribuidora.
brificação do motor. Então, as pás se movimen- Quando a operação de desembandeiramen-
tam na direção de um ângulo de total aumento to começa, o pistão está na posição extrema para
do passo (ou posição bandeira). fora, o óleo entra na parte interna do pistão pe-
Tendo atingido a posição de totalmente los caminhos de saída da válvula distribuidora.
embandeirada, um movimento adicional é evi- Como a pressão na parte interna do pistão
tado, pelo contato entre o anel batente do ângulo aumenta, a pressão contra as estrias da válvula
máximo na base do came fixo e o ressalto baten- distribuidora também aumenta.
te no dente do came rotativo. Quando a pressão torna-se maior do que a
A pressão na parte interna do pistão é ago- força combinada de oposição da mola da válvu-
ra aumentada rapidamente e, logo que ultrapas- la distribuidora e a pressão de óleo por trás des-
sar uma determinada pressão, o interruptor elé- sa mola, a válvula muda de posição. Quando a
trico de corte automaticamente será aberto. Esta válvula muda, as passagens através do conjunto
pressão de corte é menor do que a necessária da válvula distribuidora para a hélice são inver-
para desviar a válvula distribuidora. tidas.
Abrindo-se o interruptor, o solenóide é de- Uma passagem é aberta entre as divisões
senergizado, soltando o botão interruptor de da válvula, e através de uma abertura para a
controle de embandeiramento. A abertura deste parte externa do pistão, e um desvio da saída da
interruptor interrompe o circuito do solenóide válvula distribuidora.
relê, parando o motor da bomba de embandeira- Quando o pistão se move para dentro, sob
mento. a pressão de óleo da bomba auxiliar, o óleo é
A pressão em ambos os lados do pistão cai desalojado da parte interna do pistão, e através
a zero, e como todas as forças estão em equilí- de orifícios entre as divisões da válvula entra no
brio, as pás da hélice permanecem na posição eixo da hélice, caminhos do óleo do motor e, fi-
embandeirada. Neste momento, a válvula de nalmente, dispersado no sistema de lubrificação
transferência de alta pressão do governador é do motor.
desviada para a sua posição normal, assim que a Ao mesmo tempo, a pressão no interruptor
pressão na linha do governador da hélice cai de corte aumenta, e o interruptor é aberto. Con-
abaixo da requerida, para manter a válvula aber- tudo, o circuito para a bomba de embandei-
ta. ramento e unidade do motor permanecem com-
pleto, enquanto o botão interruptor de emban-
Operação de desembandeiramento deiramento for mantido pressionado.
Com a parte interna do pistão da hélice co-
Para tirar da posição bandeira uma hélice nectada a linha de dreno; e a pressão auxiliar
hidromática, aperta-se o botão interruptor de fluindo para a parte externa do pistão, este se
controle de embandeiramento. Como no caso do moverá para dentro. Esta ação desembandeira as
embandeiramento, o circuito de controle de bai- pás como é mostrado na figura 7-22.
xa corrente, vindo da bateria através do solenói- Quando as pás são desembandeiradas, elas
de do botão através do solenóide do relê, são começam a girar a hélice em rotação livre (cata-
completados quando o solenóide fecha. O cir- vento), e auxiliam na operação de desembandei-
cuito de alta corrente vindo da bateria gira o ramento pela adição de força no sentido de di-
motor da bomba, e o óleo é suprido sob alta minuição do passo, recebida do momento de
pressão para a válvula de transferência do go- torção centrífugo.
vernador. Quando a velocidade do motor aumenta
Óleo auxiliar, entrando através da conexão para aproximadamente 1.000 r.p.m., o operador
da válvula de transferência de alta pressão, in- desliga o motor da bomba de embandeiramento.
verte a válvula de transferência do governador e A pressão na válvula distribuidora e na
desconecta-o da linha da hélice; na mesma ope- válvula de transferência do governador diminui,

7-20
permitindo a inversão da válvula distribuidora óleo através da válvula distribuidora, que são
sob a ação da mola da válvula de transferência usadas durante as operações de velocidade cons-
de alta pressão do governador. tante e de embandeiramento.
Esta ação reconecta o governador com a
hélice, e estabelece as mesmas passagens de

Figura 7-22 Operação da hélice (condição de desembandeiramento).

GOVERNADORES HIDRÁULICOS primeiras duas forças, e movendo as pás na


direção de aumento do passo.

Três forças fundamentais, já apresentadas, Mecanismo do governador


são usadas para controlar as variações do ângulo
das pás requeridos para a operação de veloci- O governador da hélice girado pelo motor
dade constante. Essas forças são: (figura 7-23, controle de velocidade constante),
recebe o óleo do sistema de lubrificação e refor-
1. Movimento de torção centrífugo, um com- ça a pressão ao nível necessário à operação do
ponente da força centrífuga atuando em uma mecanismo de mudança de passo. Ele consiste
pá rotativa, o qual tende a mover a pá para essencialmente em uma bomba de engrenagens,
uma diminuição de passo. para aumentar a pressão do óleo do motor; uma
válvula piloto, atuada por contrapesos, os quais
2. Óleo sob pressão do motor, no lado externo controlam o fluxo de óleo através do governa-
do pistão, suplementado pelo momento de dor; e um sistema de válvula de alívio, a qual
torção centrífugo no sentido de passo míni- regula a pressão de operação do governador.
mo. Em adição ao reforço da pressão de óleo
do motor para produzir uma das forças de con-
3. Óleo do governador da hélice, na parte in- trole fundamentais, o governador mantém o
terna do pistão, mantendo o equilíbrio das necessário equilíbrio entre as três forças de con-

7-21
trole pela medição, para a drenagem da parte 1. Durante o aquecimento no solo, mover a
interna do pistão da hélice numa exata quanti- manete para a posição de decolagem, e ano-
dade de óleo, necessário para manter o adequa- tar as rotações por minuto (r.p.m,) resultan-
do ângulo da pá para a operação de velocidade tes e pressão de admissão.
constante. 2. Se as r.p.m. obtidas forem maiores ou meno-
A posição da válvula piloto, de acordo res do que as r.p.m. previstas para a decola-
com a abertura medidora do governador, regula gem, pelas instruções do fabricante, reajus-
a quantidade de óleo com um fluxo desta aber- tar o batente do governador até que a rota-
tura para/ou da hélice. ção prevista seja obtida.
Uma mola sobre o suporte da válvula pilo-
to retorna-o para uma posição intermediária na
rotação de cruzeiro, no caso de uma falha do
controle do governador.

Figura 7-24 Parafuso de ajustagem das RPM da


hélice.

SINCRONIZAÇÃO DAS HÉLICES

A maior parte das aeronaves quadrimoto-


Figura 7-23 Diagrama da operação do gover- ras, e muitas trimotoras, são equipadas com sis-
nador da hélice. temas de sincronização da rotação do motor.
A sincronização reduz a vibração, e elimi-
Regulando o governador das hélices na o desconforto produzido pela operação não
sincronizada das hélices. Existem vários tipos
O governador da hélice incorpora um ba- de sistemas sincronizadores em uso.
tente ajustável, o qual limita a velocidade máxi-
ma em que o motor deve girar. Motor mestre sincronizador
Logo que a rotação de decolagem é atingi-
da, a hélice se move do batente de passo míni- Os primeiros tipos, ainda em uso em algu-
mo. O grande ângulo da pá da hélice aumenta a mas aeronaves, consistem de uma unidade mes-
carga no motor, mantendo, então, a prevista tre sincronizadora, quatro alternadores, um ta-
velocidade máxima do motor. cômetro, alavancas de controle da rotação do
No momento da instalação da hélice, go- motor, interruptores e fiação.
vernador da hélice ou do motor, os seguintes Esses componentes automaticamente con-
itens são normalmente observados, para assegu- trolam a velocidade de cada motor, e sincroni-
rar que o grupo motopropulsor obterá a rotação zam todos eles a uma determinada rotação por
de decolagem. minuto (r.p.m).

7-22
Uma unidade mestre sincronizadora incor- Cada sinal pulsativo gira o eixo uma quan-
pora um motor mestre, o qual, mecanicamente, tidade fixa. Esta distância é chamada de "clic".
gira quatro unidades contatoras; cada uma delas Um cabo flexível ligado ao eixo tem a sua outra
está eletricamente conectada com um alterna- extremidade ligada a uma unidade de compen-
dor. sação. A ação de ajuste fino (Vernier) da unida-
O alternador é um pequeno gerador trifási- de de compensação regula o braço do governa-
co de corrente alternada, acionada pela seção de dor.
acessórios do motor. A frequência da voltagem
produzida pelo gerador é diretamente propor- SISTEMA DE CONTROLE DO GELO NA
cional a velocidade da seção de acessórios do HÉLICE
motor. Na operação automática, a desejada
r.p.m. pode ser calibrada pelo ajuste manual da Efeitos do gelo na hélice
hastes de controle da r.p.m., até que um indica-
dor mestre no painel de instrumentos indique a A formação de gelo em uma pá da hélice,
desejada r.p.m. com efeito, produz uma seção distorcida do ae-
Qualquer diferença em r.p.m., entre um rofólio da pá, causando uma perda na eficiência
motor e o motor mestre, causará à unidade con- da hélice. Geralmente, o gelo é coletado assime-
tactora correspondente, operar o mecanismo de tricamente na pá da hélice, produzindo desba-
mudança de passo da hélice até que ela esteja lanceamento e destrutiva vibração.
em velocidade constante, exatamente na deseja-
da r.p.m. Sistemas de fluidos

Sistema do motor mestre Um típico sistema (figura 7-25) inclui um


tanque para manter um suprimento de fluido
Os sistemas sincronizadores são também antigelo. Este fluido é forçado para cada hélice
instalados em aeronaves leves bimotoras. Tipi- por uma bomba.
camente, os sistemas semelhantes consistem de O sistema de controle permite variação na
um governador especial da hélice no motor es- razão de bombeamento, sendo assim, a quanti-
querdo, um governador escravo no motor direi- dade de fluido liberado para uma hélice pode ser
to, uma unidade de controle sincronizadora e variada, dependendo da severidade do congela-
um atuador na nacele do motor direito. mento. O fluido é transferido de um esguicho
Os governadores da hélice são equipados fixo, na parte frontal do motor, dentro de um
com dispositivos magnéticos, que contam as canal em "U" de um disco (anel tubular) monta-
rotações da hélice, e mandam um sinal para a do na parte traseira do conjunto da hélice. O
unidade sincronizadora. fluido sob pressão da força centrífuga é transfe-
O sincronizador, o qual é normalmente rido para cada espiga da pá.
uma unidade transistorizada, compara o sinal Em virtude do fluxo de ar ao redor da es-
vindo dos dois dispositivos magnéticos dos go- piga da pá ter a tendência de dispersar o fluido
vernadores das hélices. antigelo, para as áreas onde o gelo não foi cole-
Se os dois sinais forem diferentes, as héli- tado em grande quantidade, são instaladas botas
ces estão fora de sincronização, - e o controle ou sapatas no bordo de ataque da pás. Essas sa-
sincronizador gera um impulso de corrente con- patas são estreitas tiras de borracha estendidas,
tínua (c.c.)-, que é enviado para a unidade da desde a base da pá até uma estação da pá, situa-
hélice escrava. da a 75% aproximadamente do raio da hélice.
O sinal do controle é enviado para um atu- As sapatas são moldadas com vários canais
ador, que consiste de dois solenóides rotativos paralelos, nos quais o fluido é espalhado da raiz
montados, para operar em um eixo comum. Um da pá na direção da ponta pela força centrífuga.
sinal para aumentar a r.p.m. da hélice escrava é O fluido segue lateralmente dos canais sobre o
mandado para um dos solenóides, o qual gira o bordo de ataque das pás.
eixo no sentido dos ponteiros do relógio. Um O álcool isopropílico é usado em alguns
sinal para diminuir a r.p.m. é mandado para o sistemas de antigelo, devido a facilidade de ob-
outro solenóide, que moverá o eixo na direção tenção e o baixo custo. Compostos fosfatados
oposta. são comparáveis ao álcool isopropílico no de-

7-23
sempenho do antigelo, e têm a vantagem de não cia de aquecimento, controles do sistema e a
serem tão inflamáveis. necessária fiação.
No entanto, os compostos fosfatados são relati- Os elementos de aquecimento são
vamente caros e, em conseqüência, não são usa- montados interna ou externamente no cone e nas
dos com frequência. pás. A energia elétrica vinda do sistema da aero-
nave é transferida para o cubo através de condu-
tores elétricos, os quais terminam em anéis e bu-
chas. Conectores flexíveis são usados para
transferir força do cubo para os elementos das
pás.
O controle de gelo é completado pela con-
versão da energia elétrica em energia calorífica
nos elementos de aquecimento. A remoção do
gelo das pás deve ser obtida de forma equilibra-
da, se uma vibração excessiva precisar ser evi-
tada.
Para se obter remoção balanceada de gelo,
a variação da corrente de aquecimento nos ele-
Figura 7-25 Sistema típico de antigelo da héli- mentos da pá é controlada, para que efeitos se-
ce por meio de fluido. melhantes de aquecimento sejam obtidos nas
pás em posições opostas.
Sistemas elétricos de degelo Os sistemas de degelo elétricos normal-
mente são designados para uma aplicação in-
Um sistema elétrico de controle do gelo da termitente de força para o aquecimento dos ele-
hélice (figura 7-26) consiste basicamente de mentos, a fim de remover a formação de gelo
uma fonte de energia, um elemento de resistên- antes de uma excessiva acumulação.

Figura 7-26 Sistema elétrico típico de degelo.

7-24
Um adequado controle de aquecimento em Inspeção da hélice
intervalos ajuda a evitar um novo acúmulo, por-
que o aquecimento é aplicado no tempo sufici- As hélices devem ser inspecionadas regu-
ente para derreter a camada de gelo em contato larmente. O exato intervalo de tempo para a ins-
com a pá. peção de uma hélice em particular, normalmente
Se o calor fornecido para derreter o gelo de é especificado pelo fabricante daquela hélice.
uma superfície for maior do que o necessário, A inspeção diária regular da hélice varia
mas insuficiente para evaporação de toda a água de um tipo para o outro.
formada, esta água retornará a superfície não Tipicamente ela é uma inspeção visual
aquecida e congelará. Retornos desta natureza das pás da hélice, do cubo, controles e acessó-
causam formação de gelo em áreas da pá, ou da rios, quanto a segurança, proteção e condições
superfície da hélice não controladas pelo siste- gerais.
ma. A inspeção visual das pás não é apenas
Temporizadores de ciclagem são usados uma descuidada ou casual observação. A inspe-
para energizar o aquecimento dos elementos do ção deve ser meticulosa o bastante para detectar
circuito por período de 15 a 30 segundos, com qualquer falha ou defeitos que possam existir.
um ciclo completo de 2 minutos. O temporiza- As inspeções executadas em grandes inter-
dor de ciclagem é um contator girado por um valos de tempo, por exemplo, 25, 50 ou 100
motor elétrico, o qual controla a força dos con- horas, normalmente incluem um cheque visual
tatores em seções separadas do circuito. de:
Os controles para os sistemas elétricos de
degelo da hélice incluem interruptores (ON- 1. Pás, cones e outras superfícies externas por
OFF), amperímetros ou medidores de carga para excessivo acúmulo de óleo ou graxa.
indicar a corrente nos circuitos, e dispositivos 2. Seções soldadas das pás e cubos por evi-
de proteção, tais como limitadores de corrente dência de falhas.
ou disjuntores.
Os amperímetros ou medidores de carga 3. P ás, cones e cubos quanto a cortes, arra-
permitem monitorar a corrente dos circuitos nhões e outros defeitos. Usa-se uma lente de
individuais, e refletem a operação do tempori- aumento se necessário.
zador. 4. Parafusos de fixação do cone e da cúpula
Para evitar o superaquecimento dos ele- quanto a aperto.
mentos, o sistema de degelo da hélice é geral-
mente usado somente quando a hélice estiver 5. O nível de óleo do sistema de lubrificação
girando, e por pequenos períodos de tempo du- quando aplicável.
rante o aquecimento do motor no solo.
Se a hélice for envolvida em um acidente,
e existir a possibilidade de terem ocorrido danos
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DA HÉLI- internos, ela deverá ser desmontada e ins-
CE pecionada.
Sempre que uma hélice for removida de
As exigências para inspeção da hélice, e os um eixo, os alojamentos dos cones, bem como
procedimentos de manutenção discutidos nesta as outras partes de contato, deverão ser exami-
seção, são representativos daqueles em uso nadas para detectar desgastes indevidos, atritos
constante na maioria das hélices descritas neste ou corrosão.
capítulo. Durante uma revisão maior, a hélice é des-
Não foram incluídos detalhes dos pro- montada, e todas as partes são inspecionadas e
cedimentos de manutenção para uma determi- checadas quanto a medidas, tolerâncias e des-
nada hélice, e, todas as pressões, figuras e me- gaste.
didas são apenas com a finalidade de ilustração Uma inspeção magnética, ou outro tipo de
e não têm aplicação específica. Para informa- teste não destrutível, é normalmente feito nesta
ções de manutenção de uma hélice específica, ocasião para determinar se alguma rachadura
sempre devem ser observadas as aplicáveis ins- por fadiga tenha sido desenvolvida nos conjun-
truções do fabricante. tos e nos componentes de aço.

7-25
VIBRAÇÃO DA HÉLICE

Quando houver vibração em um grupo mo-


topropulsor, algumas vezes é difícil determinar
se a vibração é do motor ou se é da hélice. Na
maioria dos casos, a causa da vibração pode ser
determinada pela observação do cubo, cúpula ou
cone, enquanto o motor estiver girando entre
1.200 a 1.500 rotações por minuto (r.p.m.), e de-
terminando se o cubo da hélice gira em um pla-
no absolutamente horizontal. Figura 7-27 Checando a centralização das pás.
Se o cubo da hélice aparenta oscilar em
uma pequena órbita, a vibração poderá normal- 2. Girar a hélice até que a próxima pá este-
mente ser causada pela hélice. Se o cubo não ja na mesma posição da primeira, e me-
aparenta estar girando em órbita, o problema, dir a distância entre a vareta e a pá. Con-
provavelmente, está sendo causado pela vibra- tinuar este processo até que todas as pás
ção do motor. tenham sido checadas.
Quando a vibração da hélice for a razão da
excessiva vibração do grupo motopropulsor, o CHECANDO E AJUSTANDO OS
problema poderá ser causado pela falta de ba- ÂNGULOS DAS PÁS
lanceamento das pás, centralização das pás in-
correta ou variação do ângulo das pás. Checar a Quando for colocado um ângulo da pá ina-
centralização das pás e a seleção do passo míni- dequado durante a instalação, ou for indicado
mo delas, para determinar se estas são as causas pelo desempenho do motor, a seguinte seqüên-
da vibração. Se tanto a centralização como o cia de manutenção é normalmente seguida:
passo mínimo estiverem corretos, a hélice deve-
rá estar estaticamente, ou dinamicamente, des- 1. Obter das instruções do fabricante a seleção
balanceada, e deverá ser substituída ou rebalan- do ângulo da pá e a estação, na qual o ângulo
ceada se for permitido pelo fabricante. da pá é checado. Não usar riscador metálico
ou qualquer outro instrumento cortante ou
CENTRALIZAÇÃO DAS PÁS pontiagudo para marcar a localização da es-
tação da pá, ou para marcar linhas de refe-
Centralização das pás é o processo de de- rência na pá da hélice, porque qualquer arra-
terminar a posição das pontas das pás relativa- nhão pode, eventualmente, resultar em falha.
mente umas com as outras. A centralização indi-
ca somente a relativa posição das pás, e não a 2. Usar um transferidor universal para checar os
sua verdadeira trajetória. ângulos da pá enquanto a hélice estiver no
As pás deverão alinhar umas com as outras motor.
tão próximo quanto possível. A diferença de
alinhamento em posições semelhantes não de- Uso do transferidor universal da hélice
vem exceder a tolerância especificada pelo fa-
bricante da hélice. O transferidor universal pode ser usado
O projeto e a fabricação das hélices é de para checar os ângulos da pá quando a hélice es-
tal modo que as pontas das pás darão uma boa tiver na bancada de balanceamento ou instalada
indicação de centralização. O seguinte método no motor de uma aeronave.
de verificação é normalmente usado. A figura 7-28 mostra as partes e os ajustes
de um transferidor universal de hélice.
1. Instalar um arame duro ou pequena vareta As seguintes instruções para uso do trans-
no bordo de ataque da asa, ou em outra área feridor aplicam-se a uma hélice instalada em um
conveniente da aeronave, até que ela toque motor. Gira-se a hélice até que a primeira pá a
ligeiramente a face da pá próxima da ponta ser checada esteja na horizontal, e com o bordo
(ver a figura 7-27). de ataque para cima.

7-26
Coloca-se o "nível de bolha de canto" (fi- Solta-se a trava do anel na moldura (uma
gura 7-28) a 90º da face do transferidor. As es- porca com rosca direita, girada com os dedos) e
calas de graus e a vernier são alinhadas, girando gira-se o anel, até que, tanto o anel quanto o
o disco de ajuste antes dele ser travado ao anel. disco, estejam zerados na parte superior do
O mecanismo de travamento é um pino transferidor.
que fica mantido na posição engrazado por ação Checa-se o ângulo da pá pela determinação
de mola. O pino pode ser solto, sendo puxado de quanto o lado plano é inclinado do plano de
para fora e girado a 90º. rotação.

Figura 7-28 Transferidor Universal.

Primeiro, localiza-se o ponto que repre- O transferidor permanece na vertical pelo


senta o plano de rotação, colocando o transferi- nível de bolha de canto, e o disco de ajuste é
dor verticalmente de encontro a porca do cubo, girado até que o nível de bolha central esteja na
ou qualquer superfície convenientemente conhe- horizontal. O número de graus e décimos de
cida, como estando no plano de rotação da héli- graus entre os dois zeros indica o ângulo da pá.
ce. Na determinação do ângulo da pá, dez
O transferidor é mantido na vertical pelo pontos da escala vernier são iguais a nove pon-
nível de bolha de canto, e o anel de ajuste é gi- tos na escala de graus. A graduação na escala
rado até que o nível do centro esteja na horizon- vernier representa décimos de um grau, mas
tal. Isto seleciona o zero da escala vernier em aqueles da escala de graus representam graus
um ponto que representa o plano de rotação da inteiros.
hélice. Então, trava-se o anel na moldura. O número de décimos de um grau no ângu-
Mantendo o transferidor na mão, com a lo da pá é dado pelo número de espaços da esca-
parte curva para cima, solta-se a trava disco- la vernier, entre o zero da escala e a linha desta,
anel. estando em perfeito alinhamento com uma linha
Coloca-se o bordo dianteiro na vertical (o da escala graduada em graus. Esta leitura deverá
bordo oposto ao que foi usado anteriormente) de ser feita sempre na escala vernier. A escala ver-
encontro a pá, na estação especificada nas ins- nier aumenta na mesma direção em que a escala
truções do fabricante. do transferidor aumenta. Isto é oposto à direção
de rotação do elemento móvel do transferidor.

7-27
Depois de se fazer qualquer ajuste necessá-
rio na pá, trava-se na posição e a mesma opera-
ção para as pás restantes da hélice é repetida.

BALANCEAMENTO DA HÉLICE

Uma hélice desbalanceada estática, ou


dinamicamente, torna-se uma fonte de vibração
na aeronave. O desbalanceamento estático ocor-
re quando o centro de gravidade da hélice não Figura 7-29 Posições de uma hélice de duas pás
coincide com o eixo de rotação. durante a checagem do balancea-
O desbalanceamento dinâmico resulta mento.
quando o centro de gravidade dos elementos se-
melhantes da hélice, como as pás ou os contra- O método padronizado de checar o balan-
pesos, não seguem o mesmo plano de rotação. ceamento de um conjunto de hélice, obedece a
Como o comprimento do conjunto da héli- seguinte seqüência de operações:
ce, ao longo do eixo do motor, é pequeno em
comparação com o seu diâmetro, e como as pás 1. Instalar um embuchamento no furo de passa-
são fixadas ao cubo, eles estão no mesmo plano gem do eixo da hélice.
perpendicular ao eixo de rotação. 2. Instalar um mandril ou eixo através do
O desbalanceamento dinâmico, resultante embuchamento.
da imprópria distribuição de massa é desprezí-
vel, com a condição de que a tolerância de cen- 3. Colocar o eixo do conjunto da hélice, de
tralização seja encontrada. modo que as extremidades do eixo sejam
Um outro tipo de desbalanceamento da hé- apoiadas sobre as lâminas da bancada de ba-
lice é o aerodinâmico, que resulta quando a po- lanceamento fio-de-faca. A hélice deve ter
tência das pás for desigual. Este tipo de desba- uma rotação livre.
lanceamento pode ser amplamente eliminado
pelo cheque do contorno da pá e seleção do seu Se a hélice estiver propriamente balance-
ângulo. ada, estaticamente, ela permanecerá em qual-
quer posição na qual for colocada. Um conjunto
Balanceamento estático de hélice de duas pás é checado quanto ao ba-
lanceamento, em primeiro lugar, com as pás na
O balanceamento estático pode ser feito posição vertical e, depois, na posição horizontal
pelo método de suspensão ou pelo método de (figura 7-29).
fio-de-faca. A checagem da posição vertical com a
No método de suspensão, a hélice, ou parte outra pá é repetida, isto é, com a pá que foi che-
dela, é suspensa por uma corda; e qualquer des- cada na posição inferior agora colocada na posi-
balanceamento é determinado pela verificação ção superior.
entre um disco firmemente fixado na corda e um A checagem de um conjunto de hélice de
cilindro fixado ao conjunto ou parte que está três pás é feito com cada pá colocada na posição
sendo testada. O método de suspensão é usado vertical, como mostra a figura 7-30.
com menor frequência do que o simples e mais Durante uma checagem de balanceamento
acurado método fio-de-faca. estático de uma hélice, todas as pás devem estar
A bancada do teste tipo fio-de-faca (figura com o mesmo ângulo. Antes de se executar a
7-29) tem duas lâminas de aço endurecido, checagem de balanceamento, cada pá deve ser
montadas de modo a permitir a livre rotação de colocada no mesmo ângulo.
um conjunto de hélice entre eles. A menos que haja outra especificação do
A bancada de teste fio-de-faca deve estar fabricante, uma checagem aceitável de balance-
localizada em um recinto ou área que esteja amento requer que o conjunto da hélice não
livre de qualquer corrente de ar, e de preferência tenha a tendência de girar em qualquer uma das
sem qualquer fonte de forte vibração. posições previamente descritas.

7-28
Se a hélice estiver perfeitamente equilibra- aço, escovas de aço, ou qualquer outra ferra-
da em todas as posições descritas, ela deverá menta ou substâncias que possam arranhar ou
também estar perfeitamente equilibrada em to- estragar a pá deverão ser evitados.
das as posições intermediárias. Se um forte polimento é desejado, bons
Quando necessário, checa-se o balancea- produtos comerciais de polir metais podem ser
mento nas posições intermediárias, para verifi- encontrados. Após completar a operação de po-
car as posições originais descritas. limento, todos os traços do polimento deverão
Quando o conjunto da hélice é checado por ser removidos imediatamente. Quando as pás
balanceamento estático, e apresentar uma defi- estiverem limpas, elas deverão ser cobertas com
nida tendência de girar o conjunto, certas corre- uma fina camada de óleo limpo de motor ou um
ções são permitidas para remover o desbalance- equivalente apropriado.
amento. Para limpar hélices de madeira, pode ser
usada água morna e um sabão suave, juntos,
1. A colocação de pesos fixos permanentes em com pincel ou pano.
localizações aceitáveis, quando o peso total Se uma hélice tiver sido submetida a água
do conjunto da hélice ou das partes, estive- salgada, ela deverá ser lavada com água fresca
rem dentro de limites aceitáveis. até que todos os traços de sal tenham sido re-
2. A remoção de pesos de localizações aceitá- movidos. Isto deverá ser executado tão cedo
veis, quando o peso total do conjunto da hé- quanto possível, independente de ser a hélice,
lice ou das partes, forem iguais aos limites ou suas partes, de liga de alumínio, aço ou ma-
permissíveis. deira.
Após a lavagem, todas as partes deverão
A localização para remoção ou colocação ser secadas completamente, e as partes de metal
de pesos para correção de hélices desbalancea- deverão ser cobertas com óleo limpo de motor
das são determinadas pelo fabricante da hélice. ou um equivalente apropriado.
O método e o ponto de aplicação das correções
do desbalanceamento devem ser checados, para Lubrificação da hélice
confirmar se eles estão de acordo com as especi-
ficações do fabricante. As hélices hidramáticas que operam com o
óleo do motor não requerem lubrificação. As
hélices elétricas necessitam de óleos e graxas
para a lubrificação do cubo e dos mecanismos
de operação da mudança de passo.
Os procedimentos adequados de lubrifica-
ção da hélice, com as especificações do óleo e
graxas, são normalmente indicados nas instru-
Figura 7-30 Posições das pás de uma hélice ções do fabricante.
durante a checagem do balancea- A experiência indica que algumas ve-
mento. zes a água penetra na hélice através do conjunto
de rolamentos da pá em alguns modelos de héli-
SERVIÇOS NAS HÉLICES ces.
Por esta razão, os programas de lu-
Os serviços nas hélices incluem limpeza, brificação do fabricante da hélice devem ser se-
lubrificação e reabastecimento do suprimento de guidos para que seja assegurada uma lubrifica-
óleo. ção adequada nas partes móveis. Substituição de
graxa, através de bicos de pressão (ZERKS), de-
Limpeza das pás da hélice vem ser feitos de acordo com as instruções do
fabricante.
Pás e cubos de hélices de alumínio e de O nível de óleo do reservatório deve ser
aço devem ser limpos pela lavagem das pás com checado em intervalos específicos, nas hélices
um suave solvente de limpeza, usando um pin- que tenham reservatórios próprios ao sistema.
cel ou um pano. Materiais ácidos ou cáusticos Normalmente este tipo de hélice deve ter uma
não deverão ser usados. Pó de polir, palha de das pás (geralmente a número um) posicionada

7-29
de tal modo que permita ver o nível de óleo em Nos limites Beta do quadrante das mane-
um visor na parte lateral do reservatório. tes, os ângulos da pá da hélice não são coman-
Extremo cuidado deve ser tomado quando dados pelo governador, mas sim pela posição da
se abastece o reservatório, a fim de evitar uma manete de potência. Quando esta manete é mo-
quantidade acima do previsto, e nunca ser utili- vida abaixo da posição de partida, o passo da
zado um óleo não especificado. hélice é revertido para fornecer tração reversa
para uma rápida desaceleração da aeronave após
TURBOÉLICE o pouso. Uma característica do turboélice é que
as mudanças de força não são relacionadas com
A combinação de uma hélice, um conjunto a velocidade do motor, mas com a temperatura
de caixa de redução e um motor a turbina é cha- da entrada da turbina. Durante o vôo a hélice
mado de conjunto motopropulsor turboélice. A mantém constante a velocidade do motor. Esta
hélice é operada por um motor de turbina a gás, velocidade é conhecida como 100% da rotação
através de um conjunto de caixa de redução. do motor, e ela é considerada como a velocidade
O motor turboélice é usado em aeronaves, na qual a maior força e o melhor desempenho
variando em tamanho, de grandes quadrimoto- global pode ser obtido.
res, de transporte aos executivos de tamanho As mudanças de potência são efetuadas
médio e aeronaves bimotoras relativamente pe- pela variação do fluxo de combustível. Um au-
quenas. mento no fluxo de combustível causa um au-
A discussão a seguir é dirigida a um turbo- mento na temperatura da entrada da turbina, e
élice, que consiste de componentes e conjuntos um correspondente aumento da energia dispo-
típicos da maioria das aeronaves turboélices. nível. A turbina absorve mais energia e a trans-
Ao contrário do motor turbojato, que pro- mite para a hélice na forma de torque. A hélice
duz força propulsora diretamente, o turboélice para poder absorver o aumento de torque, au-
produz impulso indiretamente, porque o com- menta o ângulo da pá, mantendo assim uma
pressor e a turbina fornecem torque para uma velocidade constante no motor.
hélice, a qual, por sua vez, produz a maior parte O sistema de controle do torque negativo
da força propulsiva que desloca a aeronave. (NTS) mostrado na figura 7-31 proporciona um
O controle de combustível do turboélice e sinal que aumenta o ângulo da pá da hélice para
o governador são conectados e operam em co- limitar o torque negativo do eixo. Quando um
ordenação um com o outro. predeterminado torque negativo é aplicado na
A manete de potência dirige um sinal, vin- caixa de engrenagens de redução, a engrenagem
do da cabine ao controle de combustível para anel estacionária é movida contra a ação de mo-
uma específica quantidade de força para o mo- la, devido a reação de torque gerada pelo setor
tor. O controlador do combustível e o gover- de estrias helicoidais.
nador da hélice juntas, estabelecem a correta No movimento para a frente, a engrenagem
combinação de r.p.m., fluxo de combustível e anel empurra duas hastes de acionamento, atra-
ângulo da pá da hélice para criar suficiente força vés da parte dianteira da caixa de engrenagens.
de impulso. Uma, ou ambas as hastes, podem ser usadas
O sistema de controle da hélice é dividido para enviar o sinal à hélice e iniciar um aumento
em dois tipos de controle: um para operação de do ângulo da pá da hélice. Esta ação (na direção
vôo e outro para solo. Para vôo, o ângulo de pá de aumento do ângulo) continua até que o tor-
da hélice e o fluxo de combustível para qualquer que negativo seja cancelado, resultando no re-
posição da manete, são governados automati- torno da hélice para a operação normal.
camente de acordo com um programa predeter- O sistema de torque negativo funciona
minado. quando as seguintes condições de operação do
Abaixo da posição de marcha lenta (flight motor são encontradas: temporária interrupção
idle) da manete de potência, a coordenada pro- do combustível, cargas de ar em rajada na héli-
gramação de r.p.m. e ângulo da pá, torna-se ce, descida normal com baixa programação de
incapaz de manejar o motor eficientemente. Esta combustível, condições de alta sangria de ar do
é a gama de solo também chamada de "limites compressor com baixa seleção de potência; e
Beta". durante o corte normal do motor.

7-30
Figura 7-31 Componentes do sinal de torque negativo.

O sinal sensitivo de potência (TSS) é um da caixa de engrenagens de redução. Um pino se


dispositivo de segurança que atua embandei- estende atuando um interruptor na parte interna
rando a hélice. Se houver perda de potência du- da caixa de engrenagens. Uma mola força o
rante a decolagem, o arrasto da hélice é limitado pino contra a alavanca do sistema de sinal de
para aquele de uma hélice embandeirada, redu- potência, montada dentro da caixa de engrena-
zindo o perigo de uma guinada em uma aerona- gens, e comanda o anel externo do rolamento de
ve multimotora. força do eixo da hélice.
Este equipamento automaticamente au- Quando a potência positiva da hélice exce-
menta o ângulo da pá e ocasiona o embandei- de um predeterminado valor, o eixo e o rola-
ramento da hélice. mento de esfera movem-se para frente compri-
O sistema TSS consiste de um conjunto in- mindo duas molas, localizadas entre os conjun-
terruptor montado externamente no lado direito tos de potência e do rolamento.

Figura 7-32 Acoplamento de segurança.

7-31
A alavanca do sinal de potência segue o o engraxamento quando um torque positivo for
anel externo, e o sistema TSS move-se para a aplicado, e para trás quanto um torque negativo
parte interna anterior da caixa de engrenagens. for aplicado. Então, quando um predeterminado
O sistema de TSS é então armado para a deco- torque negativo for excedido, os membros do
lagem e a operação automática. acoplamento se desengraxam automaticamente.
Em qualquer tempo subseqüente, quando a O reengraxamento é também automático
potência da hélice diminui abaixo de um deter- durante o embandeiramento, ou corte da unida-
minado valor, a força da mola movimenta o eixo de de força. O acoplamento de segurança so-
da hélice para trás. Quando isto ocorre, o pino mente opera quando houver um torque negativo
do TSS move-se para fora, energizando o siste- excessivo.
ma de embandeiramento automático. Isto co-
manda a hélice par aumentar o ângulo da pá. Conjunto de engrenagens de redução
Um acoplamento de segurança (figura 7-
32) desengraxa a caixa de redução da unidade Um conjunto de engrenagens de redução é
de força, se esta unidade estiver operando acima mostrado na figura 7-33. Ele incorpora um eixo
de um prefixado valor de torque negativo, con- de hélice simples, um sistema de NTS, um sis-
sideravelmente maior do que o requerido para tema de TSS, um acoplamento de segurança, um
atuar o NTS. freio da hélice, um sistema de óleo, de cárter
O acoplamento consiste essencialmente de um seco independente, e o necessário sistema de
membro interno, estriado para o eixo do pinhão; engrenagens.
um outro membro aparafusado na extensão do O freio da hélice (figura 7-33) é destinado
eixo; e um membro intermediário, conectado ao a impedir a sua rotação livre, quando estiver
membro interno através de dentes helicoidais e emba
de um membro interno através de dentes retos. ndeirada em vôo, e para diminuir o tempo que a
A reação dos dentes helicoidais movem o hélice leva em parar totalmente após o corte do
membro intermediário para a frente, provocando motor.

Figura 7-33 Caixa de redução e torquímetro.

7-32
O freio da hélice é do tipo cone de fricção, Conjunto turboélice
consistindo de um membro interno estacionário
e um membro externo rotativo, o qual, quando O turboélice proporciona um eficiente e
travado, atua sobre o primeiro estágio das en- flexível meio de utilização da potência produ-
grenagens de redução. zida pelo motor a reação. O conjunto da hélice
Durante a operação normal do motor, a (figura 7-34), juntamente com o conjunto de
pressão do óleo da caixa de redução mantém o controle, mantém uma constante r.p.m. do motor
freio na posição aliviada. Isto é executado pela em qualquer condição de marcha lenta de vôo
pressão do membro interno. Quando a hélice é (alcance alfa).
embandeirada, e no corte do motor, a pressão de Para operações de solo e reversão (alcance
óleo da caixa de redução cai a zero, a efetiva beta), a hélice pode ser operada para proporcio-
força hidráulica diminui; e a força de uma mola nar empuxo zero ou negativo.
faz com que o membro externo entre em conta- Os maiores subconjuntos da hélice são o
to com o interno. cubo, a cúpula, conjunto do batente do passo
A unidade de força gira o conjunto das en- mínimo, conjunto regulador da trava do passo,
grenagens de redução através de um eixo de ex- conjunto das pás e conjunto de anéis de contato
tensão e um conjunto de torquímetro. O conjun- de degelo.
to de engrenagens de redução é fixado à unidade O conjunto de controle (figura 7-34) é um
de força pela carcaça do torquímetro, a qual conjunto fixo montado na extensão traseira do
serve como suporte inferior e um par de tirantes, cubo da hélice.
como suportes superiores. Ele contém o reservatório de óleo, bom-
A fixação dos tirantes auxilia o transporte bas, válvulas e dispositivos de controle que su-
dos momentos e forças produzidas pela hélice e prem o mecanismo de mudança de passo com
engrenagens de redução. As extremidades dian- força hidráulica, com adequada amplitude e
teiras dos tirantes têm pinos concêntricos que direção, para variação do passo nas condições
são estriados para o travamento. Estes pinos de operação selecionadas.
ajustam o tamanho dos tirantes para compensar O conjunto de controle contém o conjun-
as tolerâncias de fabricação na carcaça do eixo to de buchas para transmissão da força elétrica
de comando e partes de interconexão. aos anéis do sistema de degelo.

Figura 7-34 Conjunto da hélice e partes associadas.

7-33
O conjunto do cone envolve o cubo e a pá. Sua posição fornece um sinal da posição
cúpula, dando-lhes a forma aerodinâmica para atual da pá nos limites beta.
reduzir o arrasto; e também permite a entrada do Também, a válvula piloto é movimentada
ar que proporciona a refrigeração do óleo usado pela ação recíproca desses ressaltos e alavancas
no controle da hélice. para medir o óleo, tanto para o passo máximo
A parte traseira do conjunto do cone é um como para o mínimo, para que o atual ângulo da
componente fixo, montado na caixa de engrena- pá esteja em harmonia com o ângulo programa-
gens de redução do motor para envolver o con- do.
junto de controle. Junto com o cone, esta parte Nos limites beta (abaixo da marcha lenta
traseira permite um fluxo de ar para a macele do de vôo) a ação de governo da hélice está blo-
motor. O sistema de sincronismo de fase é queada, desde uma supervelocidade, que poderá
destinado a manter uma preestabelecida relação resultar em movimento do ângulo da pá em di-
angular entre a hélice designada como mestre e reção errada, se ela estiver nos limites do rever-
as hélices escravas. As três unidades principais so.
deste sistema são o gerador pulsativo, o sincro- Quando a manete de potência é movida so-
nizador eletrônico e o conjunto seguidor de ve- licitando um ângulo de pá abaixo da marcha
locidade. lenta de vôo, o ressalto de velocidade (no eixo
O controle manual de fase permite a pré- alfa) aumenta a força da mola. Isto mantém a
seleção do relacionamento do desejado ângulo válvula piloto em uma condição de baixa velo-
de fase entre a hélice mestre e as escravas, e um cidade contra o sistema da manete, até que o
ajuste fino da velocidade do motor selecionado programado ângulo da pá seja atingido.
como mestre. Este ajuste fino permite uma ajus- O governo da velocidade constante é exe-
tagem de aproximadamente um por cento a mais cutado por um governador atuado por contra-
ou a menos (+ 1%) na velocidade do motor mes- pesos. Os contrapesos e a válvula piloto são
tre. girados, através de engrenagens, pela rotação da
A operação da hélice é controlada por uma hélice.
ligação mecânica da manete de potência no con- Nos limites alfa, o governador é ajustado
sole da cabine, e pelo punho de corte do motor para 100% r.p.m. pela seleção do ressalto de
em emergência (caso a aeronave esteja equipada velocidade (no eixo alfa), e a válvula piloto fica
com um) para o coordenador, o qual, por sua livre para mover-se em resposta das condições
vez é ligado à haste de entrada do controle da de velocidade.
hélice. O embandeiramento é iniciado pelo botão
O limite não governado, ou de taxi, que de bandeira, punho de corte do motor em emer-
compreende da posição do "reverso" até a "mar- gência (punho de fogo), ou pelo sistema de em-
cha lenta de vôo" (indexadas no coordenador bandeiramento automático. O embandeiramento
como de 0º a 34º incluindo a posição de "mar- é executado hidraulicamente por uma válvula de
cha lenta de solo") é denominado de limite beta. bandeira, a qual desvia outras funções de con-
O limite governado, ou de vôo, que compreende trole e rotas de mudança de passo, enviando
da posição "marcha lenta de vôo” até a posição óleo diretamente para a hélice. A operação de
de "decolagem" (indexadas no coordenador co- embandeiramento é separada de todas as fun-
mo de 34º a 90º) é denominada de limite alfa. A ções normais de controle. A pressão vinda da
porção restante do segmento do coordenador linha de fornecimento da bomba é dirigida atra-
(indexadas de 90º até a posição "bandeira" refe- vés dos controles da válvula de bandeira, antes
re-se apenas ao embandeiramento). de ir para a válvula piloto e para as válvulas de
O controle dos limites beta para o manejo regulagem principal e reserva.
de solo é inteiramente hidromecânico, e é obtido Do mesmo modo, a saída da válvula piloto,
pela introdução de um sistema de haste e ressal- tanto para a diminuição como para o aumento
to que opera a válvula piloto. do passo, é dirigido através da válvula de ban-
Um eixo de ressaltos (eixo alfa) se movi- deira.
menta em resposta dos comandos da manete de Quando a válvula é posicionada para o
potência, e estabelece o desejado ângulo da pá embandeiramento, a linha da bomba é conectada
(limite beta). O outro eixo de ressaltos (eixo diretamente com a linha de aumento de passo.
beta) é operado por um comando de retorno da Isto isola a linha da hélice do restante do siste-

7-34
ma de controle e fecha o desvio da bomba de Esta ação supre voltagem para o motor
reserva. da bomba auxiliar para girar a bomba. Devido o
O normal embandeiramento é iniciado pelo governador da hélice estar em uma posição de
comando do botão de bandeira. Esta ação envia baixa rotação com a hélice embandeirada, as pás
corrente para a bobina de retenção do interrup- se moverão na direção de diminuição de passo
tor de embandeiramento, bomba auxiliar, e para sob a pressão da bomba auxiliar.
o solenóide de bandeira, − o qual posiciona a A trava do passo opera nas situações de
válvula de bandeira, embandeirando a hélice. perda da pressão de óleo da hélice, ou em condi-
Quando a hélice estiver totalmente emban- ções de supervelocidade.
deirada, a pressão de óleo aumenta, operando As catracas do conjunto se engrazam,
um interruptor de corte por pressão que irá de- quando a pressão de óleo que as separava, se
senergizar a bomba auxiliar e o solenóide de dissipa através de uma válvula atuada por con-
bandeira, através de um sistema de relê. trapesos, que opera a uma rotação ligeiramente
O embandeiramento pode também ser exe- superior a 100% r.p.m. As catracas se desengra-
cutado pelo comando do punho de corte do mo- xarão, quando a alta pressão do óleo e a rotação
tor em emergência, ou pelo interruptor na posi- normal, forem estabelecidas.
ção de "corte" ("shutdown"). Esta ação, mecani- Quando a manete de potência está na posi-
camente posiciona a válvula de bandeira e ener- ção de "marcha lenta de vôo", o controle beta de
giza, eletricamente, o botão de embandeiramen- retorno, do batente de passo mínimo, no ressalto
to, mandando a hélice para o total bandeira. de seleção beta (no eixo alfa), está selecionado
O sistema de auto-bandeira automatica- para cerca de 2º abaixo da seleção do batente de
mente energiza a bobina de retenção (puxando o passo mínimo de vôo, atuando como um batente
botão de bandeira), quando a perda de potência de passo mínimo secundário.
do motor resultar em perda de tração da hélice a Quando a manete de potência está na posi-
um determinado valor. Este sistema é armado ção de "decolagem", este secundário batente de
por um interruptor para uso durante a decola- passo mínimo seleciona outro para um ângulo
gem, e somente funciona quando a manete de da pá, maior do que o batente mecânico do pas-
potência estiver próxima ou na posição de "de- so mínimo de vôo.
colagem". Isto atende as necessidades do controle de
O dispositivo de NTS automaticamente alta velocidade, após um rápido avanço da ma-
movimenta um pino, que atua em um mecanis- nete de potência, tão bem como um secundário
mo do controle da hélice quando um predeter- batente de passo mínimo.
minado valor de torque negativo for sentido
(quando a hélice gira o motor). Este pino, traba- BAINHA DAS PÁS
lhando através de ligações de controle, muda a
posição da válvula de bandeira, mandando as A bainha da pá (CUFF) é uma estrutura de
pás em direção ao embandeiramento. metal, madeira, ou plástico, destinada ao acaba-
Quando o ângulo da pá aumenta, o torque mento da espiga da pá com a superfície externa,
negativo diminui até que o sinal de NTS seja re- transformando a forma circular da espiga em
movido, fechando a válvula de bandeira. Se o uma seção de aerofólio.
predeterminado valor de torque negativo for A bainha tem a finalidade primária de
ainda excedido, o pino de NTS causará outra aumentar o fluxo de ar de refrigeração da nacele
vez a mudança da posição da válvula de bandei- do motor.
ra. As bainhas são fixadas às pás por disposi-
O efeito normal do NTS é uma ciclagem tivos mecânicos, ou usando materiais de cola-
da r.p.m. levemente abaixo da rotação na qual o gem.
torque negativo foi sentido. Adesivos a base de borracha ou epóxi
O desembandeiramento é iniciado ao ser geralmente são usados como agentes de cola-
puxado o botão de bandeira para a posição de- gem. Adesivos orgânicos podem causar corro-
sembandeiramento ("unfeather"). são resultante da umidade que penetra entre a
superfície interna da bainha e a externa da pá.

7-35
CAPÍTULO 8

REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DE MOTOR

INTRODUÇÃO Extensão (excedida) da vida do motor

Os procedimentos para a remoção ou a A vida do motor é dependente de alguns


instalação de motores variam muito com o tipo fatores como: mau uso operacional, qualidade
do motor e da aeronave. Dessa forma, não é da fabricação ou da manutenção, tipo da aero-
possível haver uma única lista de procedimentos nave na qual o motor está instalado, o tipo da
que sirva para todos os tipos de motores. Por operação em que foi utilizado; e o nível de ma-
conta dos vários tipos de instalações de motores, nutenção preventiva com que foi tratado. Logo,
bem como do grande número de variações de é impossível estabelecer o tempo bem definido
projeto dentro de cada tipo de categoria de mo- de utilização para a remoção do motor.
tores, foram relacionados exemplos represen- Entretanto, com base na experiência em
tativos para ilustrarem os procedimentos de ins- serviço, é possível estabelecer o intervalo de
talação para motores alternativos, turboélice e tempo máximo de vida de um motor. Indepen-
turbojato. dentemente de suas condições, um motor deve
Os motores radiais e os de cilindros opos- ser removido quando tiver acumulado o tempo
tos foram considerados para representar e des- máximo recomendado desde a última revisão,
crever os procedimentos típicos e gerais para incluindo qualquer extensão de tempo per-
instalação, remoção, armazenagem e conserva- mitida.
ção dos motores alternativos. Embora esses dois
tipos tenham sido escolhidos para garantir a Parada brusca
abrangência dos motores usados tanto em aviões
pesados quanto leves, muitas das informações e A parada brusca é uma parada rápida e
alguns dos procedimentos apresentados na dis- completa do motor. Pode ser causada por em-
cussão dos motores radiais são aplicáveis aos de perramento do motor ou pelo impacto de uma
cilindros opostos. ou mais pás da hélice com um objeto (ou com o
Deve ser enfatizado que, enquanto alguns solo), de tal maneira que o motor pare antes de
procedimentos para aeronaves e motores especí- completar uma volta da hélice.
ficos são incluídos neste capítulo, outros foram A parada brusca pode ocorrer sob condi-
omitidos por causa de sua irrelevância para uma ções; tais como falha do trem de pouso, pilona-
discussão geral. gem ou pouso muito brusco. A parada brusca
Por essa razão, sempre há referência à ins- pode causar dano interno ao motor, como que-
trução do fabricante, aplicável antes da realiza- bra de dentes de engrenagem, danos no trem de
ção de qualquer fase da instalação ou remoção engrenagens da seção traseira, desalinhamento
do motor. do eixo de manivela, ou danos nos rolamentos
da hélice. Quando ocorre a parada brusca, o
motor é geralmente substituído.
RAZÕES PARA REMOÇÃO DE MOTO-
RES ALTERNATIVOS Súbita redução na velocidade de rotação

Os parágrafos seguintes ressaltam as ra- A súbita redução na velocidade de rotação


zões mais comuns para remoção e substituição pode ocorrer quando uma ou mais pás da hélice
de um motor alternativo. colidirem com um objeto, estando o motor com
Informações para auxiliar na avaliação das baixa velocidade de rotação.
condições do motor que determinam a sua re- Após o impacto, o objeto estranho (como
moção são incluídas. Entretanto, em cada caso, um pássaro) é afastado, e o motor recupera sua
consultam-se instruções aplicáveis do fabrican- velocidade de rotação anterior ao impacto, e
te, como a autoridade final para definir as bases assim continua, a menos que seja parado para
para substituição do motor. prevenir dano posterior.

8-1
Enquanto taxiando (com o motor em baixa cas, provavelmente o motor não vai mais
rotação), uma súbita redução na velocidade de requerer outros testes posteriores, pelo me-
rotação pode ocorrer quando a hélice colidir nos até a próxima inspeção programada.
com um objeto estranho − como o mato alto que
às vezes cresce na pista de grama, uma caixa de (3) Remover a hélice e verificar se o eixo de
ferramentas ou peças de outra aeronave. manivelas, ou o eixo de acionamento da hé-
Pesquisas com motores que tenham sofrido lice, caso haja caixa de redução, sofreu em-
este tipo de acidente demonstraram que, geral- penamento. Utilizando um relógio-
mente, nenhum dano ocorre quando a velocida- comparador, com graduações de 0,001 da
de de rotação é baixa, quando então a potência polegada, ajustá-lo ao eixo da hélice. Reti-
disponível é pequena e a hélice é capaz de ab- rar uma vela de cada cilindro para permitir
sorver o arrastamento ou pequeno impacto. En- que o conjunto, eixo de manivelas ou eixo
tretanto, quando o acidente ocorre com alta ve- de acionamento da hélice gire livremente,
locidade de rotação, os impactos são muito mais sem compressão. Girar o conjunto e obser-
severos. var se há flutuação no relógio-comparador.
Quando súbita redução de velocidade de Fazer o teste tanto na parte do eixo de ma-
rotação ocorrer, as seguintes ações devem ser nivelas ou eixo de acionamento que se fi-
tomadas: xam à hélice, quanto no extremo oposto.
Havendo excessiva flutuação, o mo-
(1) Fazer uma cuidadosa inspeção externa do tor deve ser removido. Os limites màximos
berço do motor, de sua carcaça e da parte de flutuação (empenamento) devem ser
do eixo que se conecta à hélice,para deter- consultados nas instruções do fabricante.
minar se alguma peça foi danificada. Se o Caso haja flutuações grandes, mas dentro
dano encontrado não puder ser consertado dos limites, uma hélice em bom estado deve
pela manutenção de linha, remover o motor. ser instalada no motor analisado, que deve
ser girado; a trajetória das pontas das pás da
(2) Remover os filtros de óleo, e verificar se há hélice definem cada uma, quando girando,
partículas de metal. Remover o bujão do um plano; se o eixo não estiver empenado,
cárter, drenar o óleo em um recipiente lim- esses planos coincidem; se o eixo estiver
po, escorrendo-o através de um pano limpo, empenado, serão planos diferentes. Pela se-
verificando, tanto no pano quanto no óleo, paração entre planos, medindo e confronta-
se ficaram partículas de metal. Partículas do com as instruções do fabricante, é possí-
grandes de metal no óleo indicam um bem vel determinar se o empenamento do eixo
definido mau funcionamento do motor, que está dentro da tolerância permitida.
deve ser removido. Entretanto, se as partí-
culas de metal presentes são semelhantes à (4) Dar partida no motor para verificar se a
limalha fina (pó de metal), continuar a ins- operação é suave, e se a potência desenvol-
peção do motor para determinar se ainda é vida é adequada. Se o motor operar corre-
aproveitável. tamente durante a checagem de potência no
Caso não haja partículas grandes de solo, cortá-lo, e repetir a pesquisa de partí-
metal, fazer um teste com motor no solo, culas metálicas no sistema de lubrificação.
procurando por partículas de metal no óleo.
Não encontrando, prosseguir com um teste PARTÍCULAS METÁLICAS NO ÓLEO
em vôo com o mesmo propósito.
Se o motor operar normalmente du- A presença de partículas metálicas, tanto
rante o teste em vôo, mais uma vez é verifi- nos visores (de vidro) de óleo, quanto nas tam-
car a presença de partículas no óleo. Caso pas magnéticas do cárter, são geralmente uma
não tenham sido encontradas partículas me- indicação de falha parcial do motor. Entretanto,
tálicas grandes ou em excesso, o motor é devido à construção dos sistemas de óleo das
mantido em operação, fazendo teste de pre- aeronaves, é possível que as partículas metálicas
sença de partículas de metal no óleo após que tenham sido encontradas no óleo ou no sis-
10 horas e 20 horas de operação. Após tudo tema de lubrificação, sedimentadas com a goma
isso, não se encontrando partículas metáli- que se firma no fundo do cárter e de outras par-

8-2
tes baixas, tenham sido geradas por falha anteri-
or.
Por outro lado, o carbono (carvão) forma- PREPARAÇÃO DOS MOTORES ALTER-
do nas partes quentes do motor tende a firmar NATIVOS PARA INSTALAÇÃO
grãos que se desprendem e que podem ser con-
fundidos com metal. É necessário considerar Após ter sido tomada a decisão quanto a
essas possibilidades quando partículas estranhas remoção do motor, a preparação do motor subs-
foram encontradas nos visores de óleo do siste- tituto deve ser considerada. Os métodos e pro-
ma de lubrificação, ou nas tampas dos drenos ou cedimentos de manutenção usados variam bas-
do cárter. tante. Na aviação comercial, onde as operações
Antes de remover um motor por suspeita de manutenção necessitam mais rapidez e efici-
de falha interna, pela indicação da presença de ência na substituição dos motores de aviões, ge-
material estranho nos visores de óleo ou tampas ralmente há a opção pela montagem de rápida
dos drenos ou do cárter, confirma-se se este troca de motor ou QECA ("quick-engine-change
material estranho é realmente metálico da se- assembly"), algumas vezes também chamado
guinte forma: colocando-o sobre uma superfície pacote pronto (engine pouer pachage).
metálica rígida (pode ser uma chapa de aço, lisa O QECA é essencialmente o motor pro-
e limpa) e começando a bater suavemente com priamente dito, e mais seus acessórios fixados,
um martelo. Se for carbono (carvão) irá quebrar tudo pronto para ser instalado. Já outros opera-
(esfarelar); se for metal (dependendo do tipo de dores de aeronaves com motores radiais, bem
liga metálica) pode até deformar, mas sem de- como muitos operadores de aeronaves com mo-
sintegrar. tores de cilindros opostos, fazem uso de outro
Se as partículas são metálicas, verifica-se a método mais lento, porém mais barato.
provável extensão do dano interno. Por exem- Uma vez que a substituição de motores
plo, se somente pequenas partículas forem en- nessas oficinas de reparos ocorram com fre-
contradas, como se fosse limalha fina, drena-se quência aleatória, somente algumas substitui-
todo o óleo, subtituindo-o. ções de motores são feitas manualmente.
Então, gira-se o motor no solo, e torna-se a Tais motores substitutos podem ser parcial
verificar os visores de óleo e tampas dos drenos ou completamente pré-montados, com acessó-
e do cárter. rios e subconjuntos necessários, −ou eles podem
Se nenhuma partícula a mais for encontra- ser guardados conforme são recebidos dos fa-
da, a aeronave pode ser testada em vôo, seguin- bricantes em suas próprias caixas, invólucros,
do-se mais uma inspeção dos visores de óleo e tambores ("containers") −e somente serão de-
tampas de drenos e do cárter. Deve ser, entre- sembalados e preparados para a instalação
tanto, acuradamente observado o desempenho quando for necessário substituir um motor.
do motor, caso não haja evidência de material O método QECA é mais comumente usado
estranho. para grandes motores radiais, e é essa a razão
pela qual são empregados na descrição dos pro-
Operação instável do motor cedimentos de montagem e instalação do siste-
ma QECA. Porém, deve ser enfatizado que mui-
Os motores são geralmente removidos tos desses procedimentos são aplicáveis para
quando é sentida uma consistente operação ins- outros métodos de montagem e instalação de
tável. A operação instável de um motor geral- motores.
mente é percebida através de uma ou mais das
seguintes condições: MÉTODO “QECA” DE MONTAGEM DE
MOTORES RADIAIS
(1) Vibração excessiva do motor.
O estudo do método QECA de montagem
(2) Falha contínua ou intermitente, das explo- a seguir não tem a pretensão de excluir pro-
sões. cedimentos que estão na prática desde que a
(3) Parada em vôo. maioria das oficinas desenvolveu procedimentos

(4) Sensível diminuição de potência

8-3
adequados a si próprias, ou se utilizam daqueles uma montagem padrão, para que se obtenha
recomendados pelos fabricantes. uma melhor compreensão da interconexão exis-
Os procedimentos aqui incluídos estabele- tente entre unidades e sistemas.
cem uma sequência lógica no desenvolvimento Pelo método QECA, os componentes de
do método QECA, para motores e seus compo- um motor radial são dispostos conforme a ilus-
nentes, através dos estágios intermediários de tração (vista explodida) da figura 8-1.

Figura 8-1 Vista explodida de um típico conjunto de potência.

Como pode ser observado o método


QECA divide a montagem do motor em diver-
sas unidades. Dentre tais unidades, que são co-
muns à maioria dos motores radiais ainda exis-
tentes, encontramos: tomada de ar, flapes de
refrigeração do motor, carenagem do motor,
suporte dos flapes de refrigeração do motor,
janelas de inspeção, berço do motor e o motor
propriamente dito, com todos os seus acessó- Figura 8-2 Típicas nacele de asa e motor.
rios, alavancas e cabos de controle.
Em algumas aeronaves, os motores são fi- Em alguns aviões, as naceles das asas mais
xados em naceles aerodinâmicas, cuja estrutura próximas a fuselagem abrigam o trem de pouso
se confunde com a das asas. Essas naceles po- quando recolhido. Também, no interior das na-
dem ser consideradas como sendo divididas em celes das asas são colocados reservatórios de
duas seções: as naceles das asas e as dos mo- óleo, combustível, partes do sistema hidráulico,
tores. drenos, conjuntos de controles que operam esses
A primeira é parte da estrutura da asa; e a motores, etc.
última aquela construída separada das asas. Os pontos, nos quais as naceles dos moto-
A figura 8-2 ilustra uma nacele típica com res são desconectadas das naceles das asas, po-
a linha de separação identificando as duas par- dem ser facilmente identificados na maioria dos
tes. Aparentemente, as naceles das asas parecem aviões. Para localizar os pontos de conexão,
ser somente uma continuidade aerodinâmica basta procurar a última seção de carenagens re-
para as naceles dos motores, mas esse não é seu movíveis mais distante do lado do motor que
único propósito. sustenta a hélice.

8-4
Normalmente, a remoção dessas seções de estocagem, tampões, selagens e inspeção antes
carenagens de refrigeração irá expor as cone- que eles possam ser instalados. Isto significa
xões elétricas e hidráulicas, fixações, emendas mais do que retirar o motor da embalagem e
dos cabos e parafusos de montagem. Os pontos "aparafusá-lo"na aeronave.
de separação do QECA, incluindo a parede de Se o motor for guardado em uma “embala-
fogo e os pontos de desconexão, estão ilustrados gem” metálica pressurizada, a válvula de ar de-
na figura 8-3. ve ser aberta para sangrar o ar de pressurização
(ou outro gás). Dependendo do tamanho da vál-
vula, a despressurização da embalagem pode
levar até 30 minutos.
A abertura da embalagem se faz retirando
os parafusos que unem suas duas metades. En-
tão, fixam-se os cabos e ganchos de uma talha
(ou sarilho, guincho, etc.) nos pontos apro-
priados, e separa-se a metade superior afastan-
do-a da área de trabalho. Se o motor estiver ins-
talado dentro de uma embalagem de madeira, é
necessário romper o selo do invólucro de prote-
ção, e dobrá-lo em torno do motor (geralmente é
um papel impermeável, plastificado).
Remove-se os agentes desidratantes (sacos
com silica gel, em geral) e os indicadores de
umidade para fora da embalagem do motor.
Também se renova e coloca em lugar seguro
qualquer acessório que não esteja fixado no mo-
tor, mas que esteja na mesma embalagem mon-
tado à parte. Se o motor for do tipo radial, os
parafusos do anel de montagem devem ser desa-
Figura 8-3 Pontos de desconexão de um QECA. pertados da embalagem, e o motor deve ser li-
geiramente levantado (pela talha) para permitir
A parede de fogo é geralmente o anteparo que o anel de montagem seja removido.
dianteiro da nacele da asa, e difere da maioria Outros motores, que não aqueles do tipo
das outras paredes divisórias por ser construída radial, são geralmente aparafusados diretamen-
de aço inoxidável ou outro material resistente ao tena embalagem.
fogo. O propósito principal da parede de fogo é
o de confinar qualquer fogo no motor, em sua Desestocagem de um motor
nacele propriamente dita, além de prover a in-
terface para a montagem de unidades dentro da Após o motor ter sido afixado em um su-
nacele do motor e mais os pontos de emendas porte, todas as coberturas devem ser removidas
ou conexões das linhas (de combustível e de dos pontos onde o motor foi selado ou fechado
óleo), drenos e passagem das cablagens elé- com tampas, tais como entradas de ar, saídas de
tricas, que são conduzidas do motor para a aero- gases e as tomadas de força para movimentar os
nave. acessórios.
Sem essa parede protetora, e na eventuali- À medida que as coberturas ou tampas
dade de haver fogo no motor, haveria também a forem sendo removidas, verifica-se os flanges
possibilidade dele passar para o interior das asas de contato e áreas adjacentes quanto a sinais de
(onde normalmente estão os tanques de combus- corrosão. Da mesma forma, remove-se os indi-
tível), dessa forma, a necessidade da vedação de cadores de umidade que são colocados nos ori-
qualquer abertura não utilizada na parede de fícios das velas, verificando pela coloração, se
fogo é evidente e não pode ser relevada. Um há ou não indicação de umidade dentro de cada
motor de aeronave e seus acessórios, que te- cilindro. Havendo, inspeciona-se cuida-
nham sido estocados, devem passar por um pro- dosamente as paredes internas dos cilindros
cesso de limpeza e eliminação dos fluidos de (removendo-os).

8-5
Nos motores radiais, a parte interna dos ci- posto anticorrosivo em excesso seja drenado
lindros mais baixos, e respectivos dutos de ad- através dessa válvula. Se por alguma razão, o
missão, devem ser cuidadosamente verificados excesso de composto anticorrosivo for encon-
quanto à presença excessiva do composto anti- trado acumulado nos cilindros superiores, deve
corrosão, que foi drenado de dentro do motor, então ser removido por bomba manual.
mas tende a acumular-se nas partes mais baixas. Os visores de óleo (pequenas janelas circu-
O excesso desse composto, dentro do cilindro lares de vidro) devem ser removidos, e cuidado-
mais baixo, caso o motor venha a ser acionado, samente lavados com querosene ou outro sol-
pode servir como "calço hidráulico", ou seja: a vente, aprovado para eliminar todos os resíduos
sua presença impede que, em determinada parte que possam restringir a circulação de óleo e
do seu curso, o pistão possa se movimentar de- causar a falha do motor. Após os visores terem
vido ao enchimento do cilindro com esse com- sido limpos, eles são embebidos em óleo limpo,
posto (estando as válvulas desse cilindro do e só então reinstalados no motor.
motor fechadas). Quando for removida a tampa do tubo de
A presença de composto anticorrosivo admissão do motor, os sacos contendo sílica-gel
dentro do cilindro pode ser verificada quando da (desidratante) devem ser removidos antes da
retirada dos indicadores de umidade dos orifí- instalação do carburador. Deve-se tomar cuida-
cios das velas de cada cilindro. A maior parte do para que esses sacos não se rompam aciden-
desse composto será drenado pelos orifícios das talmente.
velas de ignição dos cilindros mais baixos dos A cobertura de proteção do eixo da hélice
motores radiais, quando os indicadores de umi- é removida; e o composto anticorrosão, lavado.
dade forem removidos. Só então, o eixo com óleo do motor é coberto.
Um pouco do composto permanecerá na Como verificação final, observa-se o mo-
cabeça do cilindro abaixo do nível dos orifícios tor está todo limpo. Há a possibilidade de que o
das velas de ignição, como mostrado na figura composto anticorrosivo suje o motor quando
8-4, e pode ser removido com uma bomba ma- houver remoção dos indicadores de umidade, ou
nual. limpeza dos visores de óleo. Para se limpar o
motor é usado querosene ou outro solvente a-
provado.

Inspeção e desestocagem de acessórios

O desempenho de um motor depende dos


seus acessórios. Embora o motor tenha sido
completamente revisado, qualquer omissão ou
erro na instalação dos acessórios pode resultar
na operação inadequada do motor, ou talvez
num dano irreparável.
Antes da preparação de quaisquer dos a-
cessórios que tenham sido embalados com o
motor, consulta-se os dados de estocagem, ge-
ralmente afixados em etiqueta na embalagem do
motor, ou registrados na documentação que vai
dentro dessa embalagem, para determinar quan-
Figura 8-4 Drenagem de um composto preven- to tempo o motor e seus acessórios estão estoca-
tivo da corrosão. dos.
Alguns acessórios, que normalmente a-
Um método mais positivo é o da remoção companham o motor quando este retorna da
dos dutos de admissão dos cilindros mais bai- revisão, são considerados inapropriados para o
xos, abrindo-se as respectivas válvulas de ad- uso se seu tempo de estocagem exceder um va-
missão através da movimentação do eixo de lor anteriormente estabelecido (geralmente são
manivelas. Esse método permite que o com- acessórios que possuem partes de borrachas que

8-6
ressecam). Esse tempo varia conforme a especi- nagens ou dutos, caso não excedam os limites
ficação do fabricante. estabelecidos nos requisitos para reparos estru-
Qualquer acessório que tenha sido removi- turais do fabricante da aeronave em questão,
do de um motor anteriormente usado, mas que devem ter seu desenvolvimento interrompido,
possa ser acoplado a um motor novo ou recondi- fazendo-se um furo de alívio de tensões na sua
cionado, deve passar por cuidadosa inspeção extremidade no interior da chapa, além de so-
para avaliar suas reais condições. Esta inspeção brepor-se um reforço rebitado, cobrindo-se a
inclui uma avaliação das condições gerais, lim- área afetada.
peza, ausência de sinais de corrosão, ausência O berço do motor deve ser inspecionado
de desgaste que pode ser determinado pela folga quanto a qualquer empenamento dos tubos de
excessiva das partes móveis. aço de sua estrutura ou outras falhas, como:
Alguns acessórios devem ser substituídos, mossas, dobras, rachaduras, trincas (especial-
independente do seu tempo em operação, caso o mente nas soldagens das emendas), de-
motor esteja sendo substituído devido a falha in- formações tipo “V” profundo (concentradores
terna. Tais acessórios podem ter sido contami- de tensões), achatamento dos tubos, etc. Em
nados por partículas de metal, introduzidas nos dúvida, faz-se uma inspeção com líquidos pene-
seus mecanismos pelo mesmo óleo que lubrifi- trantes para encontrar as trincas, áreas porosas
ca, tanto o motor quanto seus acessórios. (típica de escoamento de metal), ou outros de-
Antes de se instalar qualquer acessório de feitos porventura existentes.
reposição, verifica-se visualmente quanto a si- Os parafusos de fixação dos motores em
nais de corrosão e à liberdade de operação (veri- seus berços são inspecionados por partículas
ficar se o acessório não está travado por algum magnéticas ou outro processo aprovado. Assim
grampo, selo, etc). que os parafusos são removidos, simultanea-
Sempre se limpa os encaixes, os flanges e mente os orifícios devem ser inspecionados
os acoplamentos antes de montar os acessórios quanto ao seu alargamento, que pode ter sido
e, somente após ajustar a junta (de papel, corti- causado pelo movimento que ocorre entre o
ça, borracha), faz-se a fixação dos acessórios. motor e o berço, caso o parafuso correspondente
Lubrifica-se o eixo de acionamento quando as- a esse orifício não tenha sido corretamente aper-
sim for determinado pelas instruções do fabri- tado.
cante. Verifica-se a superfície externa de toda a
cablagem exposta com relação a rompimento
INSPEÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DAS UNI- (descontinuidade), fricção ou outros danos. Ve-
DADES E SISTEMAS EXTERNOS AO rifica-se, também, a firmeza dos terminais sol-
MOTOR dados ou prensados dos fios elétricos. Adicio-
nalmente, devem ser checados os pinos e encai-
A nacele do motor deve ser cuidadosamen- xes dos conectores elétricos quanto as suas con-
te limpa antes de sua inspeção. O projeto de dições gerais.
uma nacele de motor varia de um tipo de avião Qualquer item que esteja danificado deve
para outro, mas basicamente é o mesmo tipo de ser reparado ou substituído, dependendo da ex-
estrutura, coberta por painéis de formato aerodi- tensão do dano.
nâmico removíveis, na qual o motor é montado. Antes de instalar um motor, inspeciona-se
Essa estrutura é fixada ao avião e incorpo- todas as tubulações da nacele do motor quanto a
ra uma parede de fogo isolante, separando o amassamentos contundentes, entalhe, arranhões
motor da célula. profundos, fricção ou corrosão. Inspeciona-se
Como já foi visto, as conexões das cabla- também, e cuidadosamente, quanto à indicação
gens elétricas, dos tubos de combustível e de de fadiga ou ao achatamento (redução da seção
óleo e os drenos, além do acoplamento das ala- do tubo) causado por flexão acidental. Cuidado-
vancas de controle, passam através dessa parede samente, todas as mangueiras (de borracha ou
de fogo. plástico) usadas em vários sistemas dos motores
Inspeciona-se toda a nacele do motor são inspecionadas.
quanto a sua estrutura, e também as carenagens Algumas fissuras nas mangueiras se pro-
e placas rebitadas que completam o fechamento longam até o interior delas, mesmo quando a
da nacele do motor. Quaisquer trincas nas care- parte interna é reforçada.

8-7
Qualquer pedaço de mangueira que apre- manutenção especial requerida para ele, antes
sente indicação de escamamento, ou es- de se instalar um motor substituto.
farelamento da sua cobertura externa, é substitu- Caso o motor esteja sendo trocado ao tér-
ído, até que o tecido (lona) interno de reforço mino do seu tempo normal de operação, geral-
esteja aparecendo. Substitui-se também aquelas mente só é necessário drenar o sistema; entre-
mangueiras cujas extremidades estejam marca- tanto se o motor foi removido por falha interna,
das excessivamente pelas braçadeiras; esta de- geralmente algumas unidades do sistema de
formação surge, ou quando a braçadeira foi lubrificação devem ser substituídas, e outras
muito apertada, ou quando a braçadeira está criteriosamente limpas e inspecionadas.
fixada há muito tempo na mesma posição. Caso o motor tenha sido removido por
Sempre são substituídas as hastes de con- causa de falha interna, o tanque de óleo é, tam-
trole, se estiverem com entalhes ou com corro- bém, removido para permitir uma cuidadosa
são suficientemente profunda para afetar sua limpeza. O radiador de óleo e o regulador de
resistência. Se a corrosão não puder ser removi- temperatura devem ser removidos e enviados a
da por esfregamento com lã de aço (bombril), uma oficina especializada para revisão.
significa que o avanço da corrosão é muito pro- A bomba de vácuo e suas linhas de pres-
fundo, comprometendo a resistência da haste. são, bem como o separador de óleo do sistema
Verifica-se as roldanas dos sistemas de de vácuo também devem ser removidos, limpos
controle quanto à liberdade de movimento. É e inspecionados.
fácil de perceber se uma roldana não está se mo- Falhas internas também determinam que o
vimentando livremente, através da evidência de governador da hélice e o mecanismo da bomba
desgaste, tanto na roldana, quanto no cabo de de embandeiramento sejam substituídos, no
acionamento (na roldana forma-se um sulco caso dessas unidades serem operadas com a
dentro do seu sulco natural; no cabo, inicia-se o pressão do óleo do motor.
desfiamento nesse ponto). Os rolamentos das
roldanas podem ser verificados através da folga PREPARAÇÃO DO MOTOR PARA RE-
e oscilação que apresentam, estando os cabos MOÇÃO
sem tensão. Os cabos devem ser inspecionados
quanto à corrosão e à presença de fios partidos, Antes de se começar a trabalhar no avião
o que é feito passando-se um pedaço de pano de ou no motor, a chave dos magnetos deve estar
algodão ou estopa (a estopa engancha no fio desligada, pois os motores de avião podem ser
partido). postos a funcionar, acidentalmente, pela movi-
Verifica-se as emendas quanto a desfia- mentação das hélices, caso a chave dos magne-
mento, afrouxamento da fixação e limpeza, es- tos esteja ligada.
pecialmente nos terminais dos cabos. Todos seletores de combustível ou válvu-
Os tubos do escapamento e os dutos do las de corte devem ficar fechados. As torneiras
coletor de admissão são inspecionados quanto à seletoras de combustível são operadas manual-
fixação, trincas ou corrosão excessiva. Depen- mente ou através de relés.
dendo da instalação, essas unidades ou partes Se válvulas de corte por relés estão insta-
delas podem ser fixadas ao motor antes dele ser ladas, faz-se necessário ligar a bateria antes de
instalado na aeronave. tais válvulas (ou torneiras) serem fechadas, uma
Verifica-se todos os dutos de ar quanto a vez que os relés (solenóides) dependem de ele-
entalhes, e quanto à condição de conservação tridade para serem operados. Essas válvulas
dos vedadores de tecido ou borracha das cone- fecham a linha de combustível na altura da pa-
xões dos dutos. Os entalhes ou ressaltos devem rede de fogo, entre o motor e a célula.
ser reparados. As tiras de vedação (tecido ou Após todo o combustível para o motor ter
borracha) ou antifricção devem ser substituídas sido cortado, a bateria é desligada para eliminar
se não estiverem bem acomodadas nos dutos, ou a possibilidade de fogo, iniciado por algum fio
se estiverem usadas a ponto de terem sido es- aquecido.
magadas, não mais permitindo uma selagem Se for previsível que o avião permaneça
perfeita. mais de seis dias fora de operação, normalmente
Cuidadosamente é inspecionado o sistema a bateria é removida e transferida para um lugar
de lubrificação do motor, e realizado qualquer onde fique em carga.

8-8
Da mesma forma, mais alguns outros deta- A figura 8-5 mostra os principais pontos
lhes devem ser observados antes de se começar onde mais comumente há drenos, como o radia-
o trabalho de remoção do motor. dor de óleo, linha de retorno do óleo do motor,
Primeiro deve haver extintores de incêncio etc. Todas as válvulas, drenos e linhas devem
em número necessário, e próximos o suficiente permanecer abertas até que o sistema de óleo
para atender a qualquer emergência possível. tenha sido completamente drenado.
Verifica-se os frenos desses extintores para ter Após ter sido drenado o óleo, todos os
certeza de que não foram acionados e estão com tampões (ou bujões) são reinstalados e todas as
plena carga (alguns possuem cartão com data da válvulas de drenagem, fechadas. Então, o exces-
validade da carga, outros possuem um manôme- so de óleo que escorreu pelos pontos mais bai-
tro). xos ´´e enxaguado.
Observa-se se o avião está calçado (calços
de madeira), caso não esteja, é possível que ele
se movimente durante a operação, justo no mo-
mento crítico. Se o avião for triciclo, deve haver
um apoio de cauda, tal que o avião não "caia de
cauda"no chão assim que o peso do motor sair
do nariz.
Caso seja um avião multimotor, não será
necessário o apoio de cauda, se for feita a remo-
ção apenas de um motor. Adicionalmente, os
amortecedores (ou outro tipo de absorvedores
de choque) devem ser despressurizados para
prevenir que se expandam a medida que o peso
do motor deixe de atuar sobre eles.
Após tomadas as precauções necessárias,
inicia-se os trabalhos pela retirada das carena-
gens aerodinâmicas que envolvem o motor. Figura 8-5 Pontos de dreno do sistema de óleo.
À medida que vão sendo removidas, veri-
fica-se se há trincas, de tal forma que os reparos Conexões elétricas (desligamento)
possam ser realizados simultaneamente com os
trabalhos no motor, sem perda de tempo. O desligamento das conexões elétricas ge-
Coloca-se todas as carenagens (fixas, fla- ralmente se faz na parede de fogo do motor. Isto
pes de refrigeração, janelas de inspeção, etc.), nem sempre se aplica quando o motor está sen-
que não precisem ser reparadas, arrumadas em do removido; e quando partes elétricas, como o
uma prateleira, de sorte que possam ser rapida- motor de partida ("starter") e o gerador, vão
mente encontradas quando acontecer a reinsta- sendo separadas uma a uma, com seus respecti-
lação do motor substituto ou revisado. vos cabos condutores.
Após removidas as carenagens, a hélice Quando desconectando cabos condutores,
deve ser removida para inspeção ou reparo. uma boa medida de segurança é desconectar
primeiro os cabos dos magnetos e, ime-
Drenagem dos fluidos do motor diatamente, aterrá-los ao mesmo tempo no mo-
tor, ou no conjunto do qual esteja sendo remo-
Uma bandeja metálica grande (bandeja de vido.
drenagem) é colocada no chão sob o motor para A maior parte das conexões elétricas, ele-
receber todos os fluidos que pinguem do motor trodutos e cabos, são padronizadas através do
(óleo do motor, óleo hidráulico, combustível, uso de conectores AN (“Army/Navy") ou MS
etc). ("Military Standards"). Cada um desses conec-
Em seguida, é colocado sobre essa ban- tores consiste de duas partes que se encaixam:
deja um recipiente apropriado sob os principais uma é a parte fixa na parede de fogo, onde se
bujões de drenagem; em alguns motores há um conectam os pinos, (fêmea).
dreno mais baixo, chamado dreno Y, que é o A fim de prevenir desconexões acidentais
principal. durante a operação da aeronave, o lado externo

8-9
da parte fêmea é rosqueado, a fim de permitir mada (ou fita isolante) na própria montagem
que a lado externo do encaixe (plug) macho que está sendo removida.
(que é uma luva recartilhada externamente e
rosqueada internamente), possa ser apertado, Desconexão dos controles do motor
mantendo unido o conector, inclusive com ara-
me de ferro. As articulações (balancins) e os cabos de
Um conector típico é mostrado na figura 8- controle do motor, como as do carburador ou da
6. Esta ilustração também mostra uma monta- manete de controle de combustível e da mistura,
gem típica de uma caixa de junção, a qual é u- têm seus cabos de controle operados manual-
sada como conector elétrico em algumas insta- mente a partir da cabine de vôo. Esses controles,
lações do motor do avião, como: gerador, motor em alguns casos, são desconectados pela remo-
de partida, aquecedor de óleo − ou seja, por on- ção do esticador que junta as extremidades dos
de passa muita carga, muita corrente. cabos.
Na caixa de junção o circuito elétrico é Uma montagem típica é mostrada na figu-
completado fixando-se dois cabos num terminal ra 8-7.
comum. Os cabos que saem da caixa de junção Já a ligação típica, consistindo de uma
para o motor são desconectados pelos terminais, haste de controle ligada a articulações, é ilus-
assim como também o são os eletrodutos, quan- trada na figura 8-8.
do o motor estiver sendo preparado para remo-
ção.

Figura 8-7 Conjunto de esticadores e cabos de


controle do motor.

Figura 8-6 Conjunto de conexão dos tipos jun-


ção e plugue. Figura 8-8 Conjunto de hastes de controle do
motor.
Após a ruptura dos frenos de segurança,
eles são removidos das porcas recartilhadas que A haste de controle nessa ligação mostrada
fixam os eletrodutos nas caixas de junção, bem tem duas montagens, uma em cada extremidade:
como das porcas dos conectores. uma orelha simples, com uma rótula vazada no
Com fita isolante, à prova de umidade, centro, e uma orelha dupla atravessada por para-
envolve-se sobre as pontas expostas dos termi- fuso tipo CLEVIS, ambas as orelhas atarracha-
nais para protegê-los da sujeira e da umidade. das nas roscas das extremidades da haste, e mais
Cabos ou eletrodutos longos não devem duas contra-porcas respectivamente.
ficar pendurados aleatoriamente, uma vez que Estas montagens nas extremidades da has-
eles se enrolariam em alguma parte do avião te possibilitam determinar o comprimento da
durante o içamento do motor. haste de controle, dependendo da profundidade
É uma boa prática enrolar, bem certinho e em que ela penetrou nas orelhas e foi travada
sem apertar muito, os cabos e os eletrodutos fle- pela contra-porca. Uma rótula geralmente é
xíveis, amarrando-os com barbante ou fita go- montada no lado da haste que tem uma orelha

8-10
simples, e esta orelha é encaixada sobre um pa-
rafuso fixo em uma das pernas do balancim,
sendo mantida por uma porca castelo, frenada
por um contrapino.
A parte da haste que tem as orelhas duplas
encaixa uma das pernas do balancim entre as
duas orelhas, sendo que, às vezes, há uma rótula
montada nessa perna do balancim. Então um
parafuso CLEVIS (cabeça lenticular) é passado
através do conjunto, fixado por porca castelo e
frenado por contrapino.
Algumas vezes, essas montagens não in-
cluem as rótulas, e são mantidas na posição tão
somente por uma arruela e um contrapino, como
no caso em que o parafuso CLEVIS simples-
mente prende as orelhas duplas a uma das per-
nas do balancim.
Quando as ligações das hastes com o ba-
lancim são desmembradas é de bom alvitre que,
após soltos, os parafusos com as porcas sejam
recolocados, ou nas hastes ou nas pernas dos
balancins, para que não se percam.
Todas as hastes de controle devem ser re-
movidas ou amarradas, para prevenir que sejam
amassadas ou quebradas, caso o motor venha a
ser substituído (durante a renovação ou a insta- Figura 8-9 Tipos de desconexão de linhas.
lação, quando motor é movimentado).
Os suportes da parede de fogo, para algu-
Desconexão das linhas (de combustível e de mas linhas, dispõem de dispositivos de desco-
óleo) nexão rápida, que incorporam uma válvula de
teste para prevenir a perda de fluido (combustí-
As linhas que transferem líquidos (com- vel ou óleo) assim que a linha é desconectada.
bustível ou óleo) entre o motor do avião e as Em algumas instalações, as tubulações
unidades instaladas na célula, tanto são fabri- metálicas podem também ser desconectadas
cadas com mangueiras flexíveis de borracha, onde dois pedaços de tubulação são emendados
como também com tubos de liga de alumínio por um pedaço de mangueira com duas braça-
(rígidos), unidos por pedaços de mangueira nas deiras. Tais conexões são feitas afrouxando-se
linhas que devem resistir a pressões elevadas, as braçadeiras e, em seguida, empurrando-se um
como as linhas hidráulicas, por exemplo, Fre- pouco a mangueira de borracha sobre um dos
quentemente são empregados tubos de aço ino- pedaços de tubulação metálica da emenda. Há
xidável. mais alguns tipos de desconexões rápidas, mas
A figura 8-9 mostra os tipos básicos de basicamente são apenas variações daqueles aci-
conectores/desconectores de linha. ma descritos.
A maioria das extremidades das linhas, Algum tipo de recipiente pode ser usado
quando consideradas com o QECA (motor subs- para operar o combustível ou óleo, que possa es-
tituto, tipo pacote pronto), estão fixadas num correr das linhas desconectadas. Após as linhas
suporte aparafusado na parede de fogo, com terem sido derivadas, elas devem ter suas extre-
uma porca frisada em torno da extremidade de midades imediatamente tampadas (com tampi-
cada tubo. As mangueiras podem ser fixadas nhas de plásticos, em geral) ou cobertas com fita
desse mesmo modo descrito, mas também po- gomada à prova d'água, para prevenir que haja
dem ser presas a um suporte aparafusado no penetração de material externo nas tubulações,
próprio componente de onde saem, ou ainda a ou que o fluido acumulado neles venha a ficar
uma braçadeira. pingando.

8-11
Outras desconexões Figura 8-10 Motor com a eslinga (estropo) de
suspensão instalada.
Os pontos, através dos quais os vários du- A figura 8-10 mostra um gancho suportan-
tos de ar são desconectados, dependem do mo- do um motor que tem dois pontos de fixação.
tor e da aeronave onde está instalado. Em nome da segurança, o gancho deve ser cui-
Geralmente os dutos de admissão e os do dadosamente inspecionado quanto a seu estado
sistema de exaustão devem ser desconectados, geral, antes de ser utilizado para içamento do
tal que o motor básico ou o QECA possa ser motor.
removido.
Após as conexões do motor estarem livres Antes de unir o gancho ao guincho, é pre-
(exceto as pertencentes ao motor) e todos os ciso que o guincho tenha capacidade de carga
pontos de desconexão terem sido verificados, de suficiente para içar o motor seguramente. Um
sorte que gradativamente os dutos não estão guincho operado normalmente, montado em
mais ligados ou emaranhados, então o motor uma estrutura transportável ou móvel é mostra-
pode ser preparado para içamento. do na figura 8-11.
Esta montagem com o guincho é es-
REMOVENDO O MOTOR pecificamente fabricada com o propósito de re-
mover motores ou outras grandes montagens de
Caso tenha havido cuidadosa preparação um avião.
para remoção do motor, a sua efetiva remoção Algumas estruturas são equipadas com
será uma operação relativamente rápida. guinchos motorizados. Neste caso, deve-se ter
Se a remoção que está sendo realizada é cuidado, uma vez que um dano considerável
somente a do motor, o restante dos acessórios pode ocorrer caso um operador inexperiente
(exceto o motor) fica na aeronave, mas se a re- permita que um guincho motorizado efetue uma
moção é do tipo QECA (pacote pronto), todos operação muita rápida ou além dos limites. An-
os acessórios são simultaneamente removidos. tes de suspender (içar) um motor é bom verifi-
Antes do motor ter sido liberado dos pontos de car as condições do guincho e da estrutura (tor-
fixação, um gancho deve ter sido instalado para re).
que o peso do motor possa ser suportado pelo
guincho (ou grua ou talha) quando os parafusos
de montagem forem removidos.
Os motores de aeronaves, individualmente
ou incorporados aos QECA, possuem pontos
pré-definidos para a colocação do gancho de
içamento. A localização destes pontos de fixa-
ção varia com o tamanho e a distribuição do
peso do motor.

Figura 8-11 Conjunto de guincho e estrutura


(talha) usado para remoção de mo-
tor.

Içamento do motor

Antes do guincho ser engatado no gancho


do motor, verifica-se mais uma vez se o suporte
da cauda do avião e os calços das rodas estão

8-12
colocados. Até cabos (ou cordas) nos pontos peso do motor. Em seguida, os parafusos que
laterais ou traseiro são observados, a fim de que fixavam o motor ao suporte são removidos, e
o motor possa ser controlado à medida que é reinicia-se o içamento.
içado. O suporte do motor pode ser removido, e a
O guincho é encaixado no gancho, e o mo- estrutura do guincho posicionado para que mais
tor ligeiramente levantado −tão somente para facilmente permita ao motor ser içado direta-
aliviar as fixações do berço do seu peso. Remo- mente a sua nacele. A fim de prevenir ferimento
ve-se as porcas das fixações (coxins) do berço, aos operadores do guincho, ou aos mecânicos,
conforme a seqüência recomendada nas instru- ou danos à aeronave ou ao motor, deve-se ter
ções do fabricante para a aeronave. Finalmente, certeza de que o motor está parado (ou seja, não
tendo sido as porcas removidas, o motor é pu- esteja balançando), quando se deslocar a es-
xado para trás pelos cabos que lhes foram ata- trutura do guincho.
dos (ou é forçado para trás por outros meios, Raramente a nacele do motor é projetada
caso não tenham sido usados cabos). de forma que o motor possa ser ajustado e apa-
Se os parafusos tiverem que ser removidos rafusado no lugar, como se estivesse sendo
das fixações do berço, é possível manobrar o montado numa parede lisa.
motor antes de fazê-lo. Mas se os parafusos ti- O motor deve ser guiado ao seu lugar e
verem que ficar nas fixações do berço, o guin- alinhado com várias conexões, como os tubos
cho pode ser suavemente manobrado, para cima de escapamento, bem como com os furos por
ou para baixo, como necessário, após todas as onde entram os parafusos de fixação. Isto deve
porcas terem sido removidas. Suavemente a- ser feito a despeito de obstáculos como a estru-
frouxa-se os cabos, o suficiente para permitir tura da nacele, dutos ou conexões da parede de
que o motor volte a posição normal, quando fogo, e sem deixar um rastro de peças quebradas
estiver livre dos parafusos que o fixam ao berço. ou entortadas, arranhões na pintura ou dedos
A partir do momento que o guincho tiver esmagados.
retirado o peso do motor de seu berço, o motor Quando o motor tiver sido alinhado corre-
deve ser deslocado suavemente para frente, dis- tamente com sua nacele, introduz-se os parafu-
tante do avião. Caso o motor, durante o seu sos de montagem em seus furos e coloca-se as
afastamento, fique impedido de mover-se em porcas respectivas (sem apertar de vez). Usa-se
algum ponto, ele é manobrado com a ajuda do sempre os parafusos e porcas especificados pelo
guincho, até que tenha se deslocado livremente. fabricante. Nunca um parafuso (ou porca) é
Os procedimentos anteriormente discuti- substituído por outro que não aquele especifica-
dos aplicam-se à remoção da maioria dos moto- do.
res de aeronaves, tanto convencionais quanto As porcas fixadas nos parafusos de fixação
turbinas. Quaisquer variações nos detalhes serão do motor devem ser apertadas com o torque re-
ressaltadas nas instruções do fabricante para a comendado pelo fabricante do avião. Enquanto
aeronave em foco. as porcas vão sendo apertadas, o guincho deve
Quando o motor tiver sido removido, pode ser capaz de suportar o peso do motor, de sorte a
ser cuidadosamente abaixado até um suporte. O permitir o seu alinhamento com os parafusos de
motor deve ser fixado nesse suporte e preparado montagem. Caso o motor fique fora de alinha-
para a remoção de seus acessórios. mento (para cima ou para baixo), sendo aperta-
das as porcas, será necessário soltá-las, encai-
IÇANDO E AJUSTANDO O MOTOR xando melhor o motor com os parafusos. Caso
PARA A INSTALAÇÃO isso não seja feito, pode ser que as porcas te-
nham sido apertadas com o torque certo, sem
Quando o motor novo ou revisado estiver entretanto haver a segura fixação do motor no
pronto para ser içado o suporte do motor é mo- avião.
vido para a posição embaixo de sua nacele, e A aplicação das instruções do fabricante
mais próximo de sua posição no avião em que define a seqüência de apertos para os parafusos
será instalado. de fixação, a fim de garantir que estão correta-
Então o gancho é fixado no motor, o guin- mente apertados. Após as porcas estarem segu-
cho engatado nele; inicia-se o içamento até que ras (frenadas), e de terem sido removidos o gan-
o guincho esteja suportando a maior parte do cho do motor e o guincho, devem ser providen-

8-13
ciados fios elétricos (malha metálica) ligando os devem ser gradual e progressivamente apertadas
motores à célula (aterramento). com o torque correto.
A montagem do motor em sua nacele é As braçadeiras devem ser assentadas com
somente o começo. Todos os dutos, cablagem um martelo macio (de plástico, borracha, couro)
elétrica, cabos e alavancas de controle, tubos de para evitar deformações nos tubos durante o
combustível e óleo, eletrodutos, etc., devem ser aperto. Em alguns sistemas, a extremidade do
conectados antes que o motor possa ser operado. duto que vem do motor é ligeiramente arredon-
dada, como se formasse uma bala, o duto que se
Conexões e ajustes conecta a essa extremidade se acopla a esta
forma arredondada, o que permite um certo mo-
Não há regra estabelecida, quanto à se- vimento, permitindo observar as naturais vibra-
qüência a ser seguida para ligação das unidades ções do motor. Esse tipo de conexão não pode
ou sistemas ao motor. A organização de cada ser muito apertado (além da sua tolerância),
manutenção normalmente estabelece através de para não trancar assim que começar o aqueci-
uma rotina de trabalho, ou lista de cheque mento causado pelos gases de escapamento.
("checklist"), sua seqüência de procedimentos As mangueiras usadas nos sistemas de
particular. baixa pressão são geralmente fixadas aos dutos
Essa rotina (ou "ckecklist") é baseada em rígidos por braçadeiras. Antes de se usar uma
experiência passada na instalação de motores na braçadeira, inspeciona-se, quanto à soldagem
aeronave específica. Se for cuidadosamente (geralmente ponteamento elétrico) ou à rebita-
seguida, servirá como guia eficiente para sua gem, e quanto à movimentação livre e suave do
instalação. O que virá a seguir não é uma se- parafuso de aperto.
qüência de instruções propriamente dita, mas Braçadeiras em mau estado devem ser re-
uma discussão sobre os métodos corretos para jeitadas (metais quebradiços ou muito macios
se realizar a instalação de um motor. podem quebrar ou esticar, quando é dado o
O sistema de dutos para conduzir ar para aperto na braçadeira). Após uma mangueira ter
um motor (para refrigeração ou para aspiração sido instalada num sistema, ela deve ser presa
com o combustível) varia, dependendo do tipo por braçadeiras de borracha em intervalos regu-
da aeronave. lares. (As mangueiras longas não devem ficar
Ao conectá-los, o objetivo é fixar os dutos, soltas, batendo na passagem da mangueira por
bem ajustados (sem vazamentos) nos seus pon- dentro das cavernas, os furos destas são re-
tos de emenda, e que o ar siga pela trajetória vestidos com anéis de borracha.)
pretendida sem perdas (vazamentos). Antes de instalar tubos metálicos com co-
O sistema de dutos de alguns aviões deve nectores rosqueados, é preciso que, tanto a rosca
ser verificado, através de pressurização, quanto do macho como da fêmea, estejam em bom es-
a vazamentos. Isto é feito bloqueando-se uma tado. O composto de vedação é aplicado em am-
das saídas do sistema e pressurizando-se o sis- bas as roscas; segue-se sempre a especificação
tema, através da outra saída, medindo-se a taxa correta, antes da instalação definitiva. Ao se
de perda de pressurização. iniciar a fixação, toma-se cuidado para que o
Os filtros dos sistemas de ar que serão as- conector fêmea não acavale a rosca do conector
pirados pelo motor devem ser eficientes para macho (a entrada do rosqueamento de um deve
sempre proverem ar limpo. A limpeza dos fil- coincidir com a do outro). Finalmente é dado o
tros de ar deve ser feita conforme o manual do aperto correto, conforme a tabela de torques.
fabricante. Quando conectando os cabos elétricos ao
O sistema de exaustão deve também ter motor de partida, gerador ou a qualquer unidade
seus dutos cuidadosamente conectados, de sorte elétrica dentro da nacele do motor, devemos ter
a impedir o vazamento de gases quentes para certeza de que as conexões estão limpas e corre-
dentro da nacele do motor. tamente apertadas.
Quando se efetua a montagem dos dutos de Quando cabos elétricos são ligados a ter-
exaustão, verifica-se todas as braçadeiras, por- minais com parafuso e porca, uma arruela de
cas e parafusos, substituindo aqueles em condi- frenagem é geralmente colocada sob a porca
ções suspeitas. Durante a montagem, as porcas para evitar sua movimentação.

8-14
Caso necessário, os conectores podem ser nas instruções do fabricante, especificamente
fixos por arames de aço, que podem manter a para cada modelo de aeronave.
porca na correta posição. A figura 8-12 é a ilustração de um desenho
Os cabos elétricos dentro da nacele do mo- esquemático simplificado do sistema de controle
tor são geralmente conduzidos através de eletro- das manetes de um motor convencional (alterna-
dutos rígidos ou flexíveis. Os eletrodutos devem tivo).
ser fixados como necessário, de sorte a garanti- Usando o desenho como guia, traçamos
rem uma instalação segura, até mesmo colados um procedimento genérico de ajustagens das
quando exigido. manetes de controle. Primeiro, desconectamos o
Todos os cabos e alavancas dos controles braço serrilhado da manete de controle fixada ao
devem ser acuradamente ajustados, para garantir carburador, e trazemos a manete para trás até o
resposta imediata ao ajuste das manetes. batente, de sorte que a borboleta do carburador
Como esses controles são feitos especial- esteja na posição completamente fechada.
mente para as aeronaves em que estão instala- Após fixar a roldana do respectivo cabo
dos, os seus ajustes devem seguir exatamente, e com um pino de travamento, ajusta-se a haste de
passo-a-passo, os procedimentos estabelecidos controle para o comprimento especificado.

Figura 8-12 Desenho esquemático do sistema de controle das manetes.

Então, basta unir uma das extremidades da A seguir, ajusta-se o controle do carbura-
haste de controle à roldana (já travada) e dor, de tal forma que ele venha a ter uma ligeira
reinstalar o braço de controle no serrilhado do ação de amortecimento em duas posições no
carburador, que permitirá, à outra extremidade quadrante das manetes: uma, quando a borboleta
da haste de controle, ser unida a ele. Isto servirá do carburador estiver na posição completamente
para conectar corretamente o braço de controle aberta, e outra, quando estiver fechada na posi-
(do carburador) à roldana do cabo. ção marcha lenta (“idle”).
Agora, desconecta-se os esticadores do Ajusta-se o amortecimento, torcendo os
cabo, até que o controle do carburador possa ser esticadores do cabo igualmente, mas em dire-
travado no quadrante das manetes por um pino ções opostas, até que o amortecimento (folga)
de travamento. Então, com ambos os pinos de esteja correto na posição todo aberto ("full-
travamento nos lugares, ajusta-se os cabos para open") da borboleta do carburador. Então,
a tensão correta, medida por tensiômetro. Re- quando o batente do braço do carburador é ajus-
move-se os pinos de travamento da roldana do tado para a indicação correta de marcha lenta, a
cabo e do quadrante das manetes. quantidade de amortecimento (folga) deve estar

8-15
dentro da tolerância para a posição "marcha- completada, faz-se o sistema funcionar, e verifi-
lenta" da borboleta do carburador. ca-se novamente se a abertura e o fechamento
A existência desse amortecimento assegura estão dentro dos limites especificados. Verifica-
que o deslocamento da borboleta não é limitado se, também, se os indicadores de posição dos
pelos batentes do quadrante das manetes de con- flapes de refrigeração, caso existam, realmente
trole, mas que eles estão abrindo completamen- indiquem a posição verdadeira dos mesmos.
te, e fechando para a marcha-lenta como deter- As entradas reguláveis dos radiadores de
minado pelo batente do braço de comando (ala- óleo são ajustadas de modo similar aquele usado
vanca) do carburador. para ajustar os flapes de refrigeração. Em alguns
Os ajustes dos controles do motor são basi- casos, o procedimento é o inverso, tal que a en-
camente os mesmos para todas as aeronaves, na trada é regulada primeiramente para fechar até
medida em que as conexões são ajustadas para um determinado ponto, quando então é ajustado
um comprimento pré-determinado a um po- e microcontactor a fim de parar seu movimento
sicionamento específico da unidade a ser para permitir que a entrada abra somente até
controlada. Então, se cabos forem usados no uma abertura pré-determinada, e o microcontac-
sistema de controle, eles serão ajustados para tor é ajustado para esse ponto.
uma tensão específica com o sistema de controle Após o motor ter sido completamente ins-
bloqueado. Finalmente, o deslocamento comple- talado e feitas todas as ligações, a hélice é insta-
to da unidade a ser controlada é assumidaopelo lada. Antes, porém, a porca retentora do rola-
estabelecimento do amortecimento (folga) cor- mento de encosto deve ser ajustada com o tor-
reto dos controles. que correto. Caso necessário, o eixo da hélice
Em geral, os mesmos procedimentos bási- deve ser coberto com óleo fino (do motor) antes
cos são usados para conectar a ligação do con- da instalação da hélice. O governador da hélice
trole manual de mistura. Este sistema é marcado e o seu sistema antigelo devem ser conectados
no quadrante, bem como no carburador, para de acordo com o manual do fabricante.
três posições: (1) corte; (2) pobre; e (3) rica.
As posições da alavanca no quadrante de PREPARAÇÃO DO MOTOR PARA TESTE
controle devem estar sincronizadas com as posi- NO SOLO E EM VÔO
ções da válvula de controle manual de mistura
do carburador. Geralmente este ajuste é feito Pré-lubrificação
simultaneamente, com o ajuste do amortecimen-
to (folga), pela colocação da alavanca de contro- Antes de um motor novo ser testado em
le da mistura e da válvula de controle na posi- vôo, deve ser submetido a um cuidadoso teste
ção “marcha lenta/corte”(toda reduzida), antes no solo. E antes desse teste ser levado a termo,
de ajustar a regulagem das conexões das alavan- no solo, geralmente várias operações são reali-
cas e cabos. zadas no motor.
Após se ajustar os controles do motor, fre- Para evitar falha nos rolamentos (ou bu-
na-se os esticadores e porcas-castelo, certifican- chas) do motor, na primeira partida o motor
do-se que todas as contra porcas de todos os deve ser pré-lubrificado.
controles estão apertadas. Quando um motor tiver funcionado em
Em aeronaves multimotoras, a quantidade marcha lenta por um longo período de tempo, as
de folga dos controles das borboletas e da mis- superfícies internas dos rolamentos (buchas ou
tura em cada quadrante deve ser o mesmo, de tal casquilhos) começam a apresentar segmentos,
modo que todos estejam alinhados em qualquer onde a mistura anticorrosão secou ou foi drena-
posição específica selecionada. Isto elimina a da, sendo necessário prover óleo sob pressão
necessidade de, individualmente, selecionar através de todo o sistema de lubrificação do
cada controle para sincronizar as operações do motor (o motor girando em marcha-lenta não
motor. proporciona rotação suficiente para que a bom-
Após o motor ter sido instalado, é neces- ba de óleo envie óleo sob pressão a todo siste-
sário ajustar os flapes de refrigeração, para que ma).
a passagem do ar de refrigeração possa ser regu- Caso os rolamentos (buchas ou casquilhos)
lada acuradamente. Quando a regulagem do estejam sem óleo quando da partida do motor,
flape de refrigeração ("cowl flape") tiver sido começará a haver desgaste até que o sistema de

8-16
óleo venha a prover óleo lubrificante aos mes- é só parar de acionar o motor e desconectar o
mos. dispositivo de pré-lubrificação.
Há vários métodos de pré-lubrificação de Quando não estiver disponível nenhum
um motor. O método selecionado deve prover meio de prover pré-lubrificação ao motor, a
um serviço de pré-lubrificação rápido e adequa- bomba de óleo do motor pode ser usada. O tan-
do. Antes de usar qualquer método de pré-lubri- que (ou cárter) de óleo do motor é preenchido
ficação, uma vela de cada cilindro é removida até o nível apropriado.
para permitir que o motor possa ser girado mais Então, com a mistura na posição "marcha
facilmente pelo motor de arranque. lenta/corte" (reduzida); a válvula de corte de
É ideal o uso de uma fonte externa de e- combustível e o interruptor da ignição, ambas
nergia elétrica para prevenir a excessiva perda desligadas ("off"); e as manetes completamente
de carga da bateria. Se o motor estiver equipado abertas, aciona-se o motor até que o manômetro
com uma hélice de passo, acionado pelo óleo do de óleo montado na cabine de comando indique
motor, o reservatório do mecanismo específico pressão de óleo aumentando.
de acionamento da hélice deve ser preenchido Após o motor ter sido pré-lubrificado, re-
com óleo do motor, antes de sua operação. coloca-se as velas de ignição e conecta-se o
Usando algum tipo de dispositivo de pré- sistema de lubrificação.
lubrificação, como o ilustrado na figura 8-13, a Geralmente o motor deve ser acionado e
linha de saída da bomba de óleo, acionada pelo operado até quatro horas após ter sido pré-
motor, deve ser desconectada para permitir que lubrificado, caso contrário, o procedimento de
o dispositivo de pré-lubrificação seja conectado pré-lubrificação normalmente precisa ser repeti-
a partir desse ponto. O sistema de óleo do motor do.
deve ser aberto no seu extremo mais distante da
linha de entrada da lubrificação, e deve ser a- Sangria do sistema de combustível
cionado com o dispositivo de pré-lubrificação,
até que comece a vazar óleo desse extremo Para purgar o sistema de combustível de
aberto, indicando que flui óleo através do bolhas de ar e para auxiliar na eliminação de
sistema de lubrificação do motor. quaisquer vestígios de óleo preservativo de um
carburador de aspiração, remove-se o bujão do
dreno da câmara de combustível do carburador,
que é o ponto mais baixo em relação a entrada
de combustível.
Em seu lugar, atarraxa-se um conector
rosqueado e mais um pedaço de mangueira com
saída para um recipiente qualquer (uma lata, por
exemplo). Então, se abre a manete de acelera-
ção, e colocando a manete de controle da mistu-
ra na posição pobre ou rica ("lean ou rich"), tal
que o combustível possa fluir pelo sistema.
Após a confirmação de que a válvula de
corte de combustível, e as válvulas do tanque
principal estejam abertas, liga-se a bomba de
reforço de combustível até que não haja mais
Figura 8-13 Tanque de pré-lubrificação. traços de óleo preservativo no combustível que
esteja sendo bombeado pelo sistema.
A fim de se forçar o óleo do dispositivo de A passagem de ar será indicado por um ru-
pré-lubrificação a penetrar pelo sistema do mo- ido característico, saindo da extremidade da
tor, aplica-se pressão de ar no tanque de óleo mangueira submersa no recipiente (lata) de
desse dispositivo, ao mesmo tempo em que o coleta.
motor esteja sendo acionado pelo motor-de- Este fenômeno não deve ser confundido
arranque. Quando é percebido que já está va- com as numerosas bolhinhas de ar que podem
zando óleo pelo extremo mais distante da linha aparecer, como resultado da velocidade do
de entrada do sistema de lubrificação do motor, combustível sendo ejetado do carburador.

8-17
Geralmente, após aproximadamente um nismo de embandeiramento e faz-se com que as
galão de combustível ter sido sangrado, o siste- pás da hélice voltem às suas posições normais,
ma pode ser considerado seguro para a opera- ou usando-se a bomba de embandeiramento ou
ção. uma ferramenta especial, manualmente operada.
Tendo completado a operação de sangra-
mento, volta-se todos os interruptores e contro- VERIFICAÇÕES E AJUSTES APÓS O
les para a posição normal ou desligada, e reco- MOTOR TER SIDO GIRADO E OPERADO
loca-se e frena-se o bujão de drenagem do car-
burador. Após o motor ter sido girado no solo e
após o vôo de teste, itens operacionais devem
INSPEÇÃO DA HÉLICE ser ajustados como necessário, e as instalações
devem ser passadas por cuidadosa inspeção vi-
A hélice instalada em um motor deve ser sual. Essas ajustagens frequentemente incluem a
inspecionada antes, durante e após o motor ter pressão do combustível e a pressão do óleo, as-
sido girado no solo. sim como reajustados alguns itens como ângulo
Uma hélice cujo mecanismo de mudança e abertura dos platinados, folga das válvulas,
de passo seja eletricamente atuado, deve ser batentes da marcha-lenta e da mistura, −caso
inspecionada antes do motor entrar em opera- estes reajustes estejam afetando o desempenho
ção. Isto é feito após conectar-se a fonte externa do motor.
de eletricidade ao sistema elétrico do avião, Após terem sido ambos realizados, os tes-
ajustando-se o seletor de posição da hélice para tes do motor no solo e em vôo, remove-se o
a posição que indique diminuição de rotação, bujão do reservatório e dos visores de óleo, ins-
simultaneamente verificando o aumento do ân- pecionando-os quanto à presença de partículas
gulo de ataque das pás da hélice. metálicas. Os visores, antes de reinstalados,
De modo inverso, o seletor deve ser posi- devem estar limpos.
cionado para que indique aumento de rotação Verifica-se todas as linhas quanto a vaza-
simultaneamente, verificando-se a diminuição mentos e fixação das conexões. Particularmente
do ângulo de ataque das pás da hélice. dá-se atenção às braçadeiras das mangueiras
A verificação do embandeiramento pode quanto ao aperto correto, bem como em relação
ser feita levando-se o seletor para a posição em- ao estado das extremidades dessas mangueiras,
bandeirar ("feather"), observando-se se as pás e o que pode ser evidenciado pelo vazamento de
da hélice tomam posição paralela ao desloca- óleo. Inspeciona-se também as porcas que fixam
mento (ou ângulo de ataque em torno de 90º). os cilindros ao bloco do motor ou parafusos de
Após, volta-se o seletor para a posição de ope- cabeça quanto à segurança. Esta verificação
ração normal, através da sua colocação na posi- deve ser também realizada após o vôo de teste.
ção de aumento da rotação.
Se a hélice tem seu mecanismo de mu- REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DE UM MO-
dança de passo atuado pela pressão do óleo de TOR DE CILINDROS OPOSTOS
lubrificação do motor, este deve ser inspecio-
nado (verificando o seu funcionamento).
Essa verificação só pode ser realizada com As informações gerais relativas à remoção,
o motor em funcionamento, e tendo a tempera- montagem, inspeção, conservação, armazena-
tura do óleo atingido o seu limite normal de gem e instalação de motores radiais são, na mai-
operação. A inspeção é feita variando-se o passo oria dos casos, aplicáveis a motores de cilindros
para se atingir a maior e a menor rotação permi- opostos.
tida, bem como o embandeiramento. Embora muitos procedimentos específicos
Quando um motor, equipado com hélice de para motores radiais sejam aplicáveis a motores
passo acionado pelo óleo do motor, é parado com cilindros opostos, alguns são desnecessá-
com a hélice embandeirada, nunca se deve de- rios em aplicações práticas.
sembandeirar a hélice ligando o motor e fazendo Por exemplo: caros e complicados equipa-
atuar o mecanismo de embandeiramento. mentos para guinchamento são dificilmente ne-
Removem-se os bujões do reservatório do cessários para remoção ou instalação de motores
motor para drenar o óleo retornado do meca- de cilindros opostos, especialmente aqueles de

8-18
baixa potência. Outro exemplo: pequenos moto- (11) Desconectar as linhas de retorno de óleo.
res de cilindros opostos podem ser estocados ou
transportados sobre estrados de madeira, prote- (12) Remover todas as ligações da parte traseira
gidos por pedaços de papelão. do motor com a parede de fogo.
O relativamente pequeno número de aces-
sórios, bem como de controles do motor, de (13) Desconectar o cabo de controle do gover-
cabos elétricos, de linhas hidráulicas e de cone- nador da hélice.
xões, associados à facilidade de acesso as diver-
sas áreas do motor plano, reduz o uso extensivo (14) Desconectar o cabo do tacômetro da parte
do QECA para esse tipo de motores. traseira do motor.

Remoção do motor de cilindros opostos (15) Desconectar as mangueiras do radiador de


óleo do motor.
As instruções do fabricante devem ser
sempre consultadas como guia para remoção ou (16) Desconectar o cabo do sensor de tempera-
instalação de um motor. tura do óleo.
Seguem-se instruções gerais para remoção
e instalação de um motor de cilindros opostos (17) Desconectar o tubo de respiro do motor.
de 250 HP:
(18) Remover as porcas da base do carburador,
(1) Remover a hélice. deixando que o carburador e sua tomada de ar
fiquem presos somente pelos seus cabos de con-
(2) Afrouxar os "dzus" prendedores de 1/4 de trole.
volta de cada lado da carenagem superior do
motor, removendo essa carenagem. (19) Fixar o gancho do guincho no olhal (ore-
lha) de suspensão do motor, levantando até que
(3) Afrouxar os "dzus" que fixam a carenagem os cabos fiquem com tensão.
da tomada de ar do carburador, removendo essa
carenagem. (20) Desconectar as cablagens dos magnetos.

(4) Remover os parafusos da parte traseira (21) Remover os contrapinos, porcas, arruelas e
superior e inferior do suporte da carenagem, re- o amortecedor de borracha do suporte dianteiro
movendo esse suporte. de cada parafuso com sua capa de proteção.
Afastar de seus pontos de encaixe. Balançar o
(5) Desconectar o duto de ar da entrada do motor ligeiramente, com cuidado para não es-
carburador. barrar em seus componentes, danificando-os.
Repetir o procedimento para liberar os amorte-
(6) Deconectar a linha do injetor (manual ou cedores de borracha (coxins) da parte traseira.
elétrico) de combustível.

(7) Desconectar a linha de entrada da bomba INSTALAÇÃO DO MOTOR


de combustível.

(8) Desconectar os cabos elétricos do gerador Os procedimentos seguintes são típicos da-
e do motor de partida. queles usados para a instalação de motores de
cilindros opostos, após seus acessórios terem
(9) Caso já tenha sido instalado, remover o sido montados no motor.
termopar sensor de temperatura da cabeça do ci-
lindro. (1) Introduzir os parafusos de fixação do mo-
tor em seu berço, e deslizar os amortecedores de
(10) Desconectar as linhas de pressão de com- borracha (coxins) por dentro dos parafusos, até
bustível e de óleo. que sua face plana fique nivelada com o batente
do suporte do motor. (veja figura 8-14).

8-19
(10) Instalar a vedação na entrada do carbura-
dor e sua caixa-de-ar.

(11) Conectar os dutos de admissão.

(12) Conectar os dutos de arrefecimento do


radiador de óleo.

(13) Conectar o cabo do sensor de temperatura


do óleo.

(14) Conectar as mangueiras do radiador de


Figura 8-14 Vista explodida da montagem tipo óleo.
Lord.
(15) Conectar o cabo do tacômetro.
(2) Encaixar o espaçador entre o parafuso de
fixação do motor e os coxins de borracha. (16) Fixar o cabo de controle do governador da
hélice.
(3) Ajustar o gancho do pequeno guindaste no
olhal (ou orelha) de sustentação do motor, er- (17) Conectar as cablagens fixadas ao berço do
guendo-o. Pressionar para baixo a parte traseira motor.
do motor para permitir que os magnetos não
toquem o berço do motor. Posicionar as orelhas (5) Conectar a linha de pressão do óleo.
de montagem do motor até que elas se alinhem
com os respectivos pontos de fixação. (19) Conectar os cabos do gerador e do motor
de partida.
(4) Introduzir pelo ponto de fixação (berço
com motor) superior um parafuso, até que a (20) Instalar o termopar da cabeça do cilindro.
ponta rosqueada mostre um ou dois filetes para
fora. (21) Conectar a linha da injeção ("primer") de
combustível.
(5) Deslizar um amortecedor de borracha (co-
xim) entre o motor e seu suporte. (22) Conectar as linhas de vácuo na bomba de
vácuo.
(6) Repetir o procedimento para os demais
pontos de fixação. (23) Conectar as linhas hidráulicas na bomba
hidráulica.
(7) Colocar os coxins dianteiros nos parafusos,
encaixando-os nas respectivas luvas. Verificar (24) Ajustar o duto de ventilação do gerador.
se ficaram bem encaixadas.
(25) Acertar a montagem completa da carena-
(8) Fixar o cabo do magneto no parafuso (esse gem na posição correta, e fixar as seções superi-
cabo é o que mantém a continuidade elétrica or e inferior.
entre o motor e a célula da aeronave).
(26) Apertar os "dzus", prendendo a parte infe-
(5) Instalar a arruela e a porca-castelo em cada rior da carenagem na traquéia da entrada de ar
parafuso de fixação. Apertar as porcas pro- do carburador.
gressivamente, seguindo uma seqüência (no
sentido horário ou anti-horário, tanto faz), até (27) Prender a cobertura da entrada de ar do
chegar ao valor de torque recomendado pelo carburador.
fabricante.Após, aplicar os contrapinos (cupi-
lhas) para frenagem. (28) Recolocar a carenagem, fixando-a por
"dzus" em ambos os lados do motor.

8-20
(29) Instalar a hélice. (5) Desconectar a linha de pressão do último
estágio do compressor ("pickup"). Ver a figura
REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DE MOTO- 8-15.
RES A REAÇÃO
(6) Desconectar a fiação (cablagem) elétrica e
O motor de aeronave usado nesta discus- os cabos dos termopares de seus conectores (fi-
são fornece um exemplo típico de remoção e gura 8-16).
instalação de motor a jato. O motor, com todos
os seus acessórios acoplados, formam um
QECA. O acesso ao motor é garantido por jane-
las de inspeção que podem ser levantadas, tra-
vadas e abertas. Referências de posição, como
lado direito ou esquerdo, sentido horário ou
anti-horário, são definidas considerando-se o
motor visto por trás (pelo escapamento).

Remoção de motor turbojato tipo QECA

O motor pode ser removido da aeronave


por dois métodos. Um método consiste em bai-
xá-lo de sua nacele usando uma plataforma le-
Figura 8-16 Pontos de desconexão do sistema
vadiça; o outro requer um guincho e uma estru-
elétrico.
tura (eslinga) para baixar o motor sobre um su-
porte móvel. Os seguintes passos preliminares
(7) Desconectar a linha de combustível, remo-
são aplicáveis a ambos os métodos da remoção.
vendo os parafusos do flange da mangueira.
(1) Imobilizar adequadamente a aeronave
com calços para rodas ou cabos de amarração.

(2) Abrir as janelas de inspeção. Confirmar se


os interruptores elétricos (bateria, geradores,
conversores, etc) estão desligados, e se não há
alguma fonte externa conectada.

(3) Remover os painéis de acesso de ambos os


lados da estrutura da nacele.

(4) Remover o painel de acesso ao duto de ar


condicionado do motor (sangria do compressor), Figura 8-17 Desconexão da linha de combustí-
desconectando o duto do motor. vel.

(5) Desconectar a haste da alavanca de controle


(figura 8-18) da manete de controle de potência,
mantendo-a presa (amarrada na estrutura da
nacele).

Após o motor ter sido desconectado, res-


tando apenas ser solto de seu berço, é preciso
que uma plataforma levadiça seja usada para re-
moção do motor, sendo posicionada exatamente
sob ele. Elevando-a, fazendo com que se encos-
Figura 8-15 Descarga de pressão de turbina te nos pontos de apoio do motor, até que o peso
(“pickup”). do motor seja aliviado das asas.

8-21
Inspeciona-se a área onde o berço do mo-
tor se junta com a estrutura interna de sua nace-
le quanto a trincas.

Remoção dos acessórios - QECA

Quando um motor de avião está para ser


substituído, os acessórios e equipamentos que
equipam a aeronave podem ser removidos, tanto
para a instalação no motor substituto, quanto
para sua própria revisão, conforme exigido.
Observa-se cuidadosamente suas posições
e ligações antes da remoção, para facilitar na
montagem no motor substituto. Quando os aces-
sórios estiverem para ser revisados ou estoca-
Figura 8-18 Pontos de desconexão do comando dos, eles são conservados de acordo com as ins-
de potência. truções do fabricante. É necessário preencher as
fichas de controle dos acessórios (no caso de
No caso de ser usado um guincho, conecta- serem componentes controlados), com todos os
se o gancho prendendo os pontos de suporte do dados a eles pertinentes. Após a remoção destes
motor (através dos acessos que vão aos pilones). acessórios e equipamentos, os eixos expostos, e
Quando baixando o motor com guinchos (du- as janelas onde estes componentes estavam en-
plos), a operação deve ser simultânea com am- caixados, são cobertos (protegidos). Prepara-se
bos os guinchos para dividir a tensão nos cabos o motor para despacho, estocagem ou desmon-
(evitando que, eventualmente, só um cabo resis- tagem, conforme as instruções apropriadas do
ta a todo o peso). Posiciona-se um suporte mó- fabricante.
vel sob o motor antes que ele seja totalmente
abaixado. INSTALAÇÃO DE MOTORES
Usando um ou outro (a plataforma levadi- TURBOJATO
ça ou o guincho), e estando o suporte móvel
desocupado e em posição, o motor está pronto Instalação com plataforma levadiça
para ser abaixado.
Remove-se, então, o parafuso e a bucha Os procedimentos que se seguem são típi-
(espaçador) da parte traseira do berço do motor, cos da instalação de motores turbojato usando
e as porcas e arruelas da parte dianteira. Abaixa- plataforma levadiça. Instruções específicas de
se o motor, observando atentamente para que sua operação são normalmente afixadas à pró-
não fique prendendo nada nas naceles, evitando pria plataforma levadiça.
danos às naceles e ao próprio motor.
Fixa-se o motor na plataforma levadiça ou (1) Operar a plataforma levadiça, elevando
no suporte móvel. Usando o guincho, desconec- cuidadosamente o motor na direção dos pontos
ta-se o gancho do motor, manobrando-o afasta- de fixação de seu berço.
do da aeronave.
Cuidados especiais devem ser tomados (2) Alinhar os olhais (orelhas) traseiros do
quando se manobra o motor, evitando danos nos motor com os pontos de fixação do berço.
pontos de apoio, tanto no motor quanto no avi-
ão. (3) Instalar os parafusos de montagem e aper-
Tampa-se (proteja) as extremidades des- tá-los com o torque recomendado.
conectadas das linhas e mangueiras. Com o mo-
tor removido, inspeciona-se a haste de controle Instalação com guincho
de potência e seus componentes e pontos de Os procedimentos que se seguem são típi-
conexão quanto à perda de rótulos e danos na cos da instalação de motores turbojato usando
nacele do motor. um guincho.

8-22
(1) Colocar o motor por baixo da nacele. Apertar a porca com o torque estabelecido. Fre-
nar a porca com arame de freno.
(2) Fixar a eslinga no motor propriamente dito.
(3) Conectar o duto de ar-condicionado da
(3) Cuidadosamente elevar o motor, utilizan- aeronave no duto de sangria do compressor do
do-se de todos os guinchos (caso haja mais de motor. Apertar a conexão com o torque apropri-
um), simultaneamente. Ir guiando o motor em ado.
direção a seu berço, até chegar bem próximo.
(4) Remover a plataforma levadiça ou eslinga
Instalação com guincho de cabo duplo (estrutura pendurada no gancho do guincho).

A figura 8-19 mostra um motor sendo ins- (5) Conectar a mangueira de combustível na
talado, usando para isso um cabo duplo. Guin- conexão das linhas que provêem da aeronave.
chos desse tipo são comumente usados para a Substituir a junta (gaxeta) entre os flanges da
instalação de pequenos e médios motores. mangueira e das linhas de combustível por outra
nova.

(6) Instalar o suporte do duto de ar comprimi-


do do motor de partida.

(7) Aplicar composto antiaderente (decapante)


nos filetes dos parafusos da cablagem elétrica e
termopares. Conectar os cabos, e fixar o conec-
tor da cablagem elétrica com arame de freno.

(8) Conectar o sensor de pressão ("pickup") da


turbina, na linha do transdutor de razão de pres-
são.

Figura 8-19 Instalação com guincho de duplo (9) Conectar a alavanca de controle de potên-
cabo. cia (do motor) com a manete de controle de po-
tência (na cabine de comando), através das liga-
Completando a instalação ções necessárias.

Os procedimentos que se seguem englo- (10) Inspecionar o motor, de um modo geral,


bam as instruções para a complementação de para ver se não ficou faltando nada.
uma instalação típica.
(11) Instalar os painéis e carenagens aerodinâ-
(1) Instalar a bucha (espaçador) pela parte de micas.
trás do olhal (ou orelha) da fixação do motor,
passando o parafuso através da bucha; ajustar (12) Ajustar as ligações das manetes e cabos de
sua porca, mantendo o conjunto unido, inclusive controle do motor. Fechar e travar as portas de
com contrapino. Nessa particular instalação, a acesso.
olhal (orelha) traseiro do motor deve ser livre
para girar em torno do ponto de fixação. Não ALINHAMENTOS, INSPEÇÕES E AJUS-
apertar demais o parafuso de montagem. TAGENS

(2) Através dos acessos do ponto de fixação As instruções que se seguem cobrem al-
dianteiro, colocar a arruela serrilhada (ou chan- guns procedimentos básicos, além de inspeções
frada), a arruela plana e uma porca, em cada para alinhamento e ajustagem de controladores
parafuso dos pontos de fixação dianteiros do de combustível, seletoras de combustível e vál-
motor. vulas de corte de combustível.

8-23
(1) Inspecionar todas as hastes quanto a folgas manetes de potência devem ser instaladas de tal
excessivas, trincas ou corrosão. modo que estejam alinhadas, umas com as ou-
tras, para todos os regimes de potência.
(2) Inspecionar as extremidades das hastes Os cabos de controle da manete de potên-
quanto ao estado dos filetes das partes ros- cia, e as hastes de dupla ação, tanto na célula da
queadas, como também quanto ao número de aeronave quanto na nacele do motor, não são
filetes que sobrepassam as partes de conexão usualmente afetados quando se troca um motor,
após o ajuste final. e, geralmente, nenhuma instalação é exigida,
exceto quando algum componente tenha sido
(3) Inspecionar a caixa das manetes, bem co- substituído.
mo as diversas roldanas quanto ao desgaste, O sistema de controle do pilone (berço do
assim como as guias dos cabos com relação a motor) para o motor deve ser ajustado em cada
tensão e a posição apropriada (correta). troca −de motor ou de controlador de combustí-
vel. A figura 8-20 mostra o sistema de controle
Enquanto se alinha as ligações do seletor do balancim, na parte superior do pilone, para o
de combustível, do controlador de potência e controlador de combustível.
das válvulas de corte, segue-se os procedimen-
tos do fabricante passo a passo, para o modelo
de avião em que está sendo feito o serviço.
Os cabos devem ser instalados com a ten-
são apropriada, e com os pinos de alinhamento
instalados. Os pinos devem ser livres para serem
removidos sem qualquer tipo de amarração, se
for difícil removê-los, é porque os cabos não
estão propriamente alinhados, e devem ser ins-
pecionados outra vez.
A alavanca de potência deve ter batentes
apropriados nas posições de marcha lenta e de
potência máxima. Os ponteiros ou indicadores
devem estar dentro desses limites.
Os seletores de combustível devem ser
alinhados de modo que tenham um deslo-
camento apropriado, e não restrinjam o fluxo de
combustível aos motores. Figura 8-20 Sistema de controle das manetes
de potência.
Alinhando controles de potência À+.
Antes de se ajustar os controles de potên-
Aeronaves turbojato modernas usam siste- cia no motor, é preciso que a alavanca de potên-
mas de manetes de controle de potência. Um cia esteja livre de amarração (não esteja presa),
dos tipos comuns é o sistema de hastes e cabos. e que os controles tenham livre deslocamento no
Este sistema utiliza-se de balancins, hastes de console.
dupla ação, carretéis, "teleflex", cabos flexíveis Caso eles não tenham deslocamento total
e polias. ou estejam presos, a célula da aeronave, ou seja,
Todos esses componentes constituem o os elementos (cabos, hastes, articulações, etc.)
sistema de controle e devem ser alinhados e componentes desse sistema, devem ser inspecio-
ajustados periodicamente. nados e reparados, se for o caso.
Em aeronaves monomotoras, o alinha- Após todos os ajustes terem sido feitos, as
mento das manetes de controle de potência não manetes de potência são movimentadas por to-
é difícil. dos os seus cursos, observando cuidadosamente
O requisito básico é ter o desejado deslo- o movimento das hastes, balancins, tubos, etc.
camento da manete de potência, e o correto des- Trava-se todas as porcas (menos as autofrenan-
locamento no controle de combustível. No en- tes) com contrapinos (cupilhas), conforme o
tanto, em aeronaves turbojato multimotoras, as exigido.

8-24
Ajustando o controlador de combustível e na saída do compressor), faz-se o ajuste consi-
derando esse valor.
A unidade de Controle de Combustível
(FCU - Fuel Control Unit) de um típico motor
turbojato é um aparelho hidromecânico, que
programa a quantidade de combustível, que flui
para o motor, de tal modo, que o empuxo dese-
jado possa ser obtido. A quantidade de empuxo
é ditado pela posição da alavanca de potência na
cabine de comando, pela particular operação do
motor e a consequente rotação da turbina, esta-
belecida pelo fluxo de combustível.
A unidade de Controle de Combustível do
motor é ajustada para compensá-lo, assim o
máximo empuxo produzido pelo motor pode ser
obtido quando desejado. O motor deve ser com-
pensado novamente quando a Unidade de Con-
trole de Combustível for substituída, ou quando
o motor não desenvolver o empenho máximo.
Após a regulagem do desempenho do mo-
Figura 8-21 Ajustes típicos do controle de
tor, a marcha lenta pode ser ajustada apertando-
combustível.
se o parafuso “INC-IDLE” um oitavo de volta,
aguardando-se por alguns instantes a estabiliza-
ção da rotação.
REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DE UM MO-
A manete de potência é reduzida para a po-
TOR TURBOÉLICE
sição marcha lenta, e a rotação é verificada.
Esse ajuste deve ser feito preferencialmente em
condições de ausência de vento e de umidade no As informações que se seguem dão uma
ar; a precisão do ajuste diminui com o aumento visão geral da remoção e instalação de um mo-
da velocidade do vento e da umidade do ar. tor turboélice típico.
De modo análogo, não deve ser feito ajuste Desde que a maior parte das instruções,
com vento de cauda (por trás, em relação ao para remoção e instalação de motores turboé-
motor), posto que os gases quentes podem ser lice, foi desenvolvida para instalações tipo 'QE-
novamente ingeridos pelo motor. CA", os procedimentos que se seguem são típi-
Também não deve ser feito o ajuste em cos desse tipo de instalação.
condições de formação de gelo. Para se obter os Os procedimentos para remoção e instala-
resultados mais precisos, o avião deve sempre ção de motores turboélice são bastante similares
estar aproando o vento, quando da ajustagem. àqueles seguidos com motores turbojato, exceto
Com a aeronave aproando o vento, verifi- daqueles sistemas relacionados às hélices.
ca-se se a área de escapamento dos gases está li- Os painéis laterais do motor são abertos, e
vre. Instala-se um calibre para a regulagem do os painéis de acesso às naceles, removidos.
motor no suporte “T”, na linha de pressão de Desconectam-se os cabos dos termopares do
descarga da turbina. A partida no motor é dada, painel elétrico.
e cinco minutos são aguardados até a sua estabi- Antes de se desconectar quaisquer linhas,
lização, antes de se tentar ajustar o controlador as válvulas de combustível, óleo e fluído hidráu-
de combustível. lico devem estar fechadas.
Caso a regulagem (de acordo com as ins- Todas as linhas, assim que são desconec-
truções do fabricante) esteja fora dos limites, o tadas, são fechadas para prevenir a entrada de
parafuso INC.MAX (figura 8-21) é girado cerca material estranho.
de um oitavo de volta na direção apropriada. Removem-se as braçadeiras, que fixam os
Repete-se, se necessário, até o valor desejado dutos de sangria de ar do compressor (ar condi-
ser atingido. Se a aeronave estiver equipada cionado) na parede de fogo. Só, então, desco-
com calibre de razão entre pressões (na entrada necta-se o seguinte: (1) conectores elétricos; (2)

8-25
respiros do motor; e (3) linhas de combustível, REMOÇÃO E INSTALAÇÃO DE UM MO-
óleo e fluido hidráulico. TOR DE HELICÓPTERO
Desconecta-se a manete de controle do
motor e as hastes e cabos de controle da hélice. Um motor radial de nove cilindros, refrige-
Remove-se o invólucro dos pontos de sua rado a ar, como o R1820 (Pratt & Whitney), em-
fixação ao motor, fixando o QECA à sua eslinga bora antigo, será tomado como modelo para os
(estrutura de suporte) e, usando um guincho procedimentos de remoção e instalação de um
conveniente, inicia-se o seu levantamento. A motor típico de helicóptero. Esse motor é nor-
eslinga deve ser ajustada considerando-se o cen- malmente instalado à frente do helicóptero, com
tro de gravidade do QECA. O levantamento o eixo fazendo 39º com o horizonte (inclinado).
deve ser feito com cuidado, evitando danos ao O motor é fixado no seu berço (ver afigura
motor. 8-22), o qual é preso por parafusos à estrutura
Remove-se os parafusos que fixam o mo- da fuselagem. Esse tipo de instalação de motor é
tor a seu berço. O QECA, então, está pronto usado para facilitar a manutenção, permitindo
para ser removido. fácil acesso a todos os acessórios e componen-
Verifica-se mais uma vez todas as ligações tes, quando as portas de acesso ao motor são
que foram desconectadas, para ter certeza de abertas.
que realmente o motor está livre para ser movi-
mentado.
Desloca-se o motor para a frente, para lon-
ge da estrutura da nacele, até que ele fique livre
da aeronave. O QECA é abaixado para o seu
suporte, e fixado antes de liberar a eslinga.
Os procedimentos para a instalação de um
motor tipo QECA são basicamente o inverso
daqueles da sua remoção. Coloca-se o QECA na
nacele do motor, alinhado e entrando de ré, e o
alinhe com os furos dos parafusos do berço e da
parede de fogo.
Aponta-se (introduza e trespasse) todos os
parafusos antes de aplicar-lhes o devido torque.
Estando todos os parafusos instalados, aplica-se
sobre eles o torque recomendado. Remove-se a Figura 8-22 Pontos de fixação do berço do mo-
eslinga, instalando os painéis de carenagem nos tor.
devidos pontos de fixação. De modo inverso ao
processo de remoção, liga-se todas as linhas e
conectores.
Os "O-RINGS" e juntas de vedação devem
ser substituídos por novos. Devem ser consulta-
das as instruções do fabricante para a aplicação
dos torques corretos nos diversos parafusos,
braçadeiras, etc.
Após a instalação do motor, este deve ser
girado.
Em geral este procedimento consiste em
verificar o funcionamento, através dos instru-
mentos da aeronave, do motor e dos sistemas a
ele relacionados.
Figura 8-23 Típico QECA de helicóptero.
Vários testes funcionais são levados a cabo
para avaliar cada fase da operação do motor.
Os testes e procedimentos estabelecidos O QECA (figura 8-23) contém o motor, o
pelos fabricantes do motor ou da célula devem berço do motor, seus acessórios, seus controles,
ser seguidos. o sistema de combustível, o de lubrificação, o

8-26
de ignição, e o sistema de refrigeração, o aco- Instalação de um QECA de helicóptero
plamento hidromecânico e o suporte do ventila-
dor de arrefecimento. A instalação de um motor novo ou revisa-
do é um procedimento inverso a uma remoção.
Remoção de um QECA de helicóptero As instruções do fabricante do motor, para
o tipo de helicóptero, devem ser consultadas
Antes de remover o QECA de helicóptero, para se confirmar a correta troca de componen-
o motor deve ser preparado para ficar parado tes de um motor usado para um motor novo.
(estocado) por bom tempo, caso seja possível. As instruções de manutenção aplicáveis
Assim sendo, é desligado o suprimento de devem ser seguidas.
combustível para o motor, e drenado o óleo. As
necessárias desconexões, para a remoção, são
feitas segundo os seguintes passos. ALINHAMENTO E AJUSTE DE UM QECA
DE HELICÓPTERO
(1) Prender a eslinga de sustentação do motor
(figura 8-24). Neste exemplo, prender dois ca-
bos certos de sustentação, da eslinga para a su- Manete (comando da borboleta do carbura-
perfície dianteira da caixa dos balancins (das dor)
válvulas) dos cilindros 2 e 9 e os dois longos de
sustentação, da eslinga para a superfície dian- O Ajuste do controle das manetes consiste
teira da caixa dos balancins (das válvulas) dos no seguinte:
cilindros 4 e 7. Prender a eslinga a um guincho
de pelo menos duas toneladas de capacidade. (1) Fazer o ajuste no QECA, incluindo a mon-
tagem de controle acima do carburador e no
(2) Iniciar o içamento do guincho até começar próprio carburador.
um ligeiro deslocamento vertical no QECA.
Liberar as porcas dos parafusos inferiores do (2) Fazer o ajuste na célula do helicóptero,
berço do motor antes de liberar as porcas dos especificamente no punho de aceleração e no
parafusos superiores. coletivo.

(3) Remover os parafusos das juntas osci- (3) Fazer o ajuste no sensor do batente da ma-
lantes, e remover todos os parafusos superiores nete do carburador. A parte do QECA do siste-
de fixação do motor. Então, remover todos os ma de manete de controle da borboleta geral-
parafusos inferiores de fixação do motor, e sol- mente pode ser ajustada com o grupo mo-
tar o QECA do helicóptero. Coloca-se o grupo topropulsor removido ou instalado no helicóp-
motopropulsor em um suporte conveniente, re- tero.
movendo a eslinga.

Controle da mistura do carburador

Coloca-se a manete da mistura (no qua-


drante das manetes) na posição normal e, simul-
taneamente, movimenta-se o braço da mistura
(no carburador) para a posição normal.
O tensor cilíndrico é ajustado dentro do
console de manetes na cabine de comando, para
produzir uma quantidade igual de tensão em
cada cabo.
Para verificar a operação da manete de
controle da mistura é só colocá-la na posição
"marcha lenta/corte", e então para a posição
Figura 8-24 Estropo (eslinga) especial para "mistura rica", para deslocar efetivamente o
QECA de helicóptero. controle da mistura.

8-27
Controle de temperatura do ar do carbura-
dor

A manete de aquecimento do carburador é


colocada em posição intermediária. Ajusta-se o
tensor cilíndrico (no console das manetes) para
produzir uma quantidade de tensão igual em
cada cabo e, então, frena-se (com arame de fre-
no). A alavanca é movimentada no duto da en-
trada de ar para a posição intermediária, e a has-
te de atuação é ajustada para encontrar a alavan-
ca na polia. Prende-se, então, a haste à alavanca.

Testando a instalação do motor

Os procedimentos normais a serem segui- Figura 8-25 Montagem típica de berço de mo-
dos devem ser os que estão de acordo com as tor.
instruções do fabricante. Um teste em vôo é
geralmente levado a termo, após o motor ter A parte do berço, onde o motor é fixado, é
sido instalado, e os controles do motor terem conhecida como anel de fixação ou anel do ber-
sido ajustados. ço do motor. É geralmente construído de tubo
de aço, tendo o diâmetro maior que as demais
BERÇO DOS MOTORES partes da estrutura. Tem a forma circular, envol-
vendo o compressor e a seção de acessórios, fi-
Berços para motores radiais xando o motor aproximadamente na altura do
centro de gravidade do conjunto (motor, acessó-
Todos os aviões, da última geração, a usa- rios, etc.).
rem motores radiais tinham esses motores fixos O motor é geralmente fixado ao berço a-
em berços construídos de tubos de aço soldados. través de suportes tipo "dynafocal", fixado ao
O berço é construído em uma ou mais seções motor no centro de gravidade, a frente do anel
que incorporam o anel de montagem do motor, do berço. Outros tipos de equipamentos, ou su-
suportes em “V”, e fixadores para prender o portes, são também usados para fixar diferentes
berço na nacele das asas. motores em seus berços.
Os berços dos motores são geralmente fi- Ao mesmo tempo em que os motores aero-
xos à aeronave por parafusos especiais de aço náuticos se tornam maiores e produzem mais
com tratamento térmico. A importância de se potência, alguns métodos são necessários para
usarem somente os parafusos especiais pode ser absorver a vibração deles advinda. Esta necessi-
avaliada rapidamente, posto que eles sozinhos dade conduz ao desenvolvimento de unidades
aguentam o peso completo do motor, além de de amortecimento, compostas de aço e borracha,
participarem das tensões impostas pelo QECA. chamadas de amortecedores de vibrações
Os parafusos superiores suportam o peso ("shock mounts") ou coxins. Como esse conjun-
do motor quando o avião está parado no solo, to permite pouco movimento em todas as dire-
mas quando está voando, outros esforços são ções, estes isoladores de vibrações são comu-
adicionados. Esses reforços são torsionais e afe- mente conhecidos como amortecedores elásticos
tam não somente os parafusos superiores, mas de vibrações.
todos os parafusos. Uma característica interessante, comum à
Uma vista rápida num anel de berço de maioria dos amortecedores de vibrações, é que
motor, mostrado na figura 8-25, apresentará su- as partes de metal e de borracha são construídas
portes e pontos de apoio (ou fixação) localiza- de tal forma que, em condições normais, a parte
dos em várias posições ao redor da estrutura do de borracha suporta todo o motor.
berço. Cada suporte ou ponto de apoio tem uma Obviamente, se o motor for submetido a
função específica. cargas ou impactos anormais, os batentes de
metal limitarão o movimento excessivo do mo-

8-28
tor. As fixações dos berços para motores radiais A fixação tangencial (bucha de borracha) é
podem ser divididas em dois grupos principais: amplamente usada como suporte de todos os ti-
(1) o tipo fixação tangencial; e (2) o tipo "dyna- pos de motores.
focal". Uma vista em corte desse tipo de fixação é
mostrada na figura 8-26. Este tipo de montagem
é o mais flexível em relação ao eixo que o atra-
vessa.
Vários tipos de fixações são empre-
gados em diferentes instalações, usando
buchas de borracha.
Fixações tipo "dynafocal", ou isoladores
de vibrações, são unidades que dão suporte di-
recional para motores radiais.
Dois dos mais comuns tipos de fixação
Figura 8-26 Bucha de borracha, no formato de "dynafocal"são do tipo ligação ou pedestal,
tubo, para fixação de motor. mostrados na figura 8-27.

Figura 8-27 Dois tipos de fixação “Dynafocal”.

A fixação "dynafocal", tipo ligação, usa fricção são fornecidos para limitar o movimento
uma bucha de borracha como elemento flexível. excessivo.
A parte externa dessa fixação é presa em uma
braçadeira de liga de alumínio ou aço, e rigida- Berços para motores turbojato
mente aparafusada à orelha (ou olhal), ou ponto
de fixação do berço do motor. A ligação é ajus- Os berços para motor, em se tratando de
tada com rolamentos de roletes cônicos aos pon- turbojatos, são relativamente simples quando
tos de fixação do anel do berço do motor. comparados com as estruturas de fixação dos
Arruelas especiais são usadas como baten- motores alternativos.
tes (limitantes) das extremidades das buchas de Entretanto, eles desempenham as mesmas
borracha (no tubo metálico interno). Essas arru- funções básicas de segurar o motor, e transmitir
elas limitam os movimentos axiais das buchas as cargas impostas pelo motor à estrutura da
de borracha, impedindo o contato, metal com aeronave.
metal, entre as demais peças da submontagem. A maioria dos berços de motores a turbina
A fixação "dynafocal", tipo pedestal, tem são fabricados de aço inoxidável e são localiza-
um revestimento externo composto de duas par- dos, em relação ao motor, conforme mostrado
tes de aço forjado, mantidas juntas e apara- na figura 8-28.
fusadas no anel de berço do motor. Uma peque- Alguns sistemas de fixação de motor usam
na folga é permitida antes que a borracha seja dois fixadores para suportar a parte traseira do
mantida presa entre a haste do "dynafocal" e o motor, e um fixador simples para a parte dian-
revestimento de retenção. Amortecedores de teira.

8-29
removidos de uma aeronave. Entretanto, os ma-
teriais de preservação discutidos são aplicáveis
a todos os tipos de estocagem de motor.

Compostos de proteção preventiva contra a


corrosão

São produtos à base de petróleo os quais


formam um filme ou película, tipo graxa, sobre
o metal no qual é aplicado.
Vários tipos de compostos de proteção
preventiva são fabricados conforme diferentes
especificações, para atender a variadas necessi-
dades da aviação. O tipo que se mistura com
óleo do motor para formar uma mistura de pro-
teção preventiva contra a corrosão é um com-
posto relativamente leve, que rapidamente se
mistura com o óleo do motor quando a mistura é
aquecida à temperatura apropriada.
Essa mistura leve é disponível em três for-
mas: MIL-C-6529 Tipo I, Tipo II ou Tipo III. O
Figura 8-28 Fixações típicas de um motor a Tipo I é um concentrado e deve ser misturado
turbina. na base de uma parte desse concentrado com
três partes de óleo MIL-L-22851 ou MIL-L-
PRESERVAÇÃO E ESTOCAGEM DE 6082, grau 1100. O Tipo II é uma mistura já
MOTORES pronta com óleo MIL-L-22851, grau 1100, e
não necessita de diluição. O Tipo III também é
A um motor que esteja aguardando para uma mistura já pronta, sendo usada quando a
ser revisado, ou para retornar ao serviço após a pretensão é a de manter o motor inativo por me-
revisão deve ser dada atenção especial. Como nos de trinta dias. É também indicado para ser
não lhe será dada atenção ou cuidados diários pulverizado nos cilindros e em outras áreas.
que permitam detectar e corrigir os estágios ini- A mistura desejada de óleo lubrificante,
ciais da corrosão, então, algumas ações definiti- tanto com composto de proteção preventiva,
vas devem ser tomadas para prevenir a corrosão leve ou pesada, não deve ser feita sobre a super-
para esse motor. fície do motor, mas deve ser feita à parte, antes
de sua aplicação no motor, ou antes de ser colo-
Materiais de proteção preventiva contra a cada em seu cárter (ou tanque de óleo).
corrosão O composto pesado é usado para trata-
mento de imersão das peças e superfícies metá-
Um motor que está funcionando, pode-se licas. Deve ser aquecido para diminuir sua vis-
dizer que está livre de umidade, posto que o cosidade e, efetivamente, cobrir os objetos a
calor da combustão aquece todo o motor eva- serem preservados.
porando a umidade em todas as partes, além do Um solvente comercial específico, ou jato
mais, o óleo circulando por toda a parte interna de pulverização com querosene, é usado na re-
do motor forma uma camada protetora que inibe moção do composto de proteção preventiva,
o contato da umidade com as partes metálicas. tanto do motor quanto das peças, assim que es-
Se a operação de um motor é reduzida ou tes esiverem sendo preparados para o retorno ao
suspensa por um espaço longo de tempo, o esta- serviço.
do de preservação do motor varia, dependendo Embora o composto de proteção preventi-
de quanto tempo ficou inoperante. va contra corrosão atue como um isolador da
O objetivo primário dessa discussão é diri- umidade; na presença de umidade excessiva,
gida à preservação de motores que tenham sido pode haver uma ruptura da camada isolante,
permitindo o início do processo corrosivo.

8-30
Da mesma forma, o composto pode even- Deve-se ter cuidado para impedir que qualquer
tualmente secar por causa da evaporação gradu- embalagem ou "container"que contenha “sílica
al do seu óleo base. Este fato permitirá que a gel” fique aberta, ou impropriamente fechada.
umidade entre em contato com o metal do mo-
tor, iniciando a corrosão. TRATAMENTO DE PREVENÇÃO DE
Entretanto, quando um motor é guardado CORROSÃO
numa embalagem para transporte ou "contai-
ner", algum agente desidratante (removedor de Antes de um motor ser removido ele pode
umidade) deve ser usado para remover a umida- ser operado, se possível, com mistura de prote-
de do ar no ambiente do motor. ção preventiva contra corrosão, adicionada ao
sistema de óleo para retardar a corrosão através
Agentes desidratantes do recobrimento das partes internas do motor.
Se for impossível operar o motor antes de
Há um número de substâncias (chamadas sua remoção da aeronave, ele deve ser manuse-
dessecantes) que podem absorver umidade da ado, tão rápido quanto possível, da mesma for-
atmosfera em certa quantidade que possa ser útil ma que um motor em operação.
como desidratante. Uma dessas substâncias é a Qualquer motor, sendo preparado para es-
“sílica gel”. Esse gel é um agente desidratante tocagem, deve receber criterioso tratamento em
ideal, desde que não se dissolve quando satura- torno dos dutos de exaustão. Considerando se-
do. rem os resíduos dos gases de exaustão, poten-
Como um preventivo da corrosão, sacos de cialmente muito corrosivos, uma mistura de pro-
“sílica gel” são colocados dentro e em torno das teção contra a corrosão, deve ser borrifada em
peças, e das partes acessíveis de um motor esto- cada ponto de saída dos gases de exaustão, in-
cado. É também usada em tampos de plástico clusive nas válvulas de exaustão.
transparentes, que podem ser encaixadas em ori- Após os pontos de saída dos gases de e-
fícios, como o das velas de ignição. Cloreto de xaustão terem sido cuidadosamente revestidos,
cobalto é usado junto com a “sílica gel” nos uma tampa metálica ou de madeira, com uma
tampões desidratantes. Esse aditivo permite ao junta de material à prova de água e de óleo, de-
tampão indicar o conteúdo de umidade ou umi- ve ser utilizada para isolar esses pontos de saída
dade relativa do ar no ambiente do motor. dos gases de exaustão, sendo fixados juntamente
A “sílica”, tratada com cloreto de cobalto, nos parafusos ou encaixes, onde normalmente
apresenta uma cor azul brilhante com umidade são fixados os flanges dos dutos de emenda para
relativamente baixa; porém, quando a umidade o escapamento ou turbina do compressor (figura
relativa aumenta, a tonalidade azul esmaece, 8-29). Tais coberturas formam um selo para
tornando-se bem claro a 30% de umidade relati- prevenir que a umidade entre no motor nos pon-
va, passando por vários matizes de rosa até 60% tos de saída dos gases de exaustão. Os motores
de umidade relativa quando fica branco (sua cor estocados em invólucros ("containers") de metal
natural). geralmente têm coberturas especiais de ventila-
Quando a umidade relativa é menor que ção.
30%, a corrosão normalmente não aparece. Por
outro lado, caso os tampões de desidratação
apresentem uma cor azul brilhante, isto significa
que há pouca umidade interna, e a corrosão foi
reduzida a um mínimo.
Esta mesma “sílica gel”, tratada com clore-
to de cobalto, é usada em outros tipos de indica-
dores de umidade. Alguns são fixados ao motor
estocado, para que possam ser inspecionados
através de uma pequena janela na embalagem de
transporte ou "container" de metal do motor.
Todos os dessecantes são selados em em-
balagens lacradas para prevenir que fiquem sa- Figura 8-29 Tratamento de vedação das abertu-
turados pela umidade antes de serem usados. ras de escapamento.

8-31
Para prevenir a corrosão, pulveriza-se o
interior de cada cilindro com mistura de prote-
ção contra a corrosão, para impedir que a umi-
dade e o oxigênio entrem em contato com os
depósitos deixados pela combustão.
Pulveriza-se os cilindros introduzindo o
bico do pulverizador no orifício da vela de igni-
ção, e movimentando-o, de sorte a cobrir a mai-
or superfície interna possível. Antes de pulveri-
zar cada cilindro, ele é colocado no seu ponto
morto inferior (posição mais recuada do seu
pistão). Esse procedimento permitirá que a su-
perfície interna maior do cilindro seja pulveri-
zada.
Após a pulverização de cada cilindro com
seu pistão no ponto mais afastado, aproveita-se
para, mais uma vez, pulverizar todos os cilin- Figura 8-30 Instalação do suporte da cablagem
dros com o eixo de manivelas do motor parado. de ignição.
O eixo de manivelas não deve ser movido
após o término da pulverização, pois a camada Caso o carburador permaneça no motor
de mistura de proteção preventiva contra a cor- durante a estocagem, a borboleta do carburador
rosão poderá ser afastada no contato do pistão deve ser travada, com arame, na posição aberta,
com as paredes do cilindro. Além do mais, fa- e uma tampa instalada na entrada de ar.
talmente entrará ar nos cilindros durante o mo- Se o carburador for estocado à parte (sepa-
vimento dos pistões. rado), o tampão é colocado no duto de entrada
Também, o revestimento da mistura de da mistura, e fixado nos parafusos que nor-
proteção preventiva contra a corrosão, nas pare- malmente prendem o carburador. A junta que
des dos cilindros, será raspada, expondo o metal fica entre o tampão (de madeira, metal ou plásti-
a uma possível corrosão. Até que seja se- co) e o duto pode ser a prova dágua ou óleo.
guramente estocado na embalagem de trans- “Sílica gel” pode ser colocada nos dutos de
porte, o motor deve ter uma tarjeta (ou etiqueta) entrada de ar para o carburador, para absorve-
fixada com os seguintes dizeres: "Não movi- rem a umidade.
mente o eixo de manivelas". Os sacos de “sílica gel” são geralmente
Quando se prepara o motor para estoca- presos ao próprio tampão. Isto elimina a
gem, os tampões com agente desidratante são possibilidade de esquecimento na remoção dos
colocados nos furos das velas de ignição de ca- sacos de “sílica gel” quando os motores forem
da cilindro. Se o motor vai ser estocado em uma retirados do estoque.
embalagem de transporte de madeira, as cabla- Caso o motor fique estocado em invó-
gens do sistema de ignição são presas a esses lucros metálicos herméticos ("containers") po-
tampões, como mostrado na figura 8-30. Tam- dem ser usados tampões com ventilação, sem a
pões com sistemas especiais de ventilação são necessidade de utilização de sacos de “sílica
instalados nos orifícios das velas de ignição nos gel”.
motores, estocados na posição horizontal em Após os detalhes abaixo listados terem
embalagens de metal ("containers"). sido atendidos, o motor está pronto para ser co-
Caso o motor seja estocado na posição locado em sua embalagem.
vertical, os tampões especiais são instalados Caso o motor não tenha sido pulverizado
somente nos furos superiores das velas de igni- com mistura de proteção preventiva contra a
ção de cada cilindro e, tampões comuns, não- corrosão, o eixo da hélice, bem como o respec-
ventilados, são instalados nos furos inferiores. tivo rolamento de encosto, devem ser cobertos
Tampões cujo agente desidratante tenha sido com o composto.
removido, podem, nesse caso, ser usados. Outro Então, uma luva de plástico ou papel à
ponto do motor a ser tampado é o duto de entrada de ar. prova dágua (ou plástico) é encaixado em torno

8-32
do eixo da hélice, e uma capa de proteção (luva)
é atarraxada no lugar da porca de retenção da
hélice.
Todas as aberturas ou orifícios dentro dos
quais tampões com desidratante (ou tampões
com ventilação, caso o motor esteja estocado
em invólucro metálico) não tenham sido afixa-
dos, devem ser selados.
Nos pontos onde a mistura de proteção
preventiva contra a corrosão possa se infiltrar
para dentro do motor, como a tampa de reabas-
tecimento e o bujão de drenagem do óleo, juntas
à prova dágua e de óleo devem ser usadas entre
a tampa de vedação.
Em outros pontos, fita isolante à prova Figura 8-31 Levantamento de motor de emba-
dágua pode ser usada caso seja cuidadosamente lagem vertical.
instalada.
Antes de ser instalado em uma embalagem A placa de montagem é então aparafusada
de transporte ("container"), o motor deve ser ao motor, e o invólucro é cuidadosamente
cuidadosamente inspecionado para confirmar se levantado em torno do motor.
os seguintes acessórios, os quais não são partes O motor é, então, abaixado sobre a base da
básicas do motor, tenham sido removidos: velas embalagem de transporte, de tal modo que a
de ignição e termopares das velas de ignição, placa de montagem possa ser aparafusada nela,
adaptadores remotos de bombas de combustível em sua posição definitiva.
(se aplicável), porcas de fixação do cubo da hé- Uma vez que o anel de montagem no berço
lice (se aplicável), motores de partida, gerado- do motor é usado somente para motores radiais,
res, bombas de vácuo, bombas hidráulicas, go- o invólucro protetor é fixado diretamente na
vernadores de hélice, e bombas de combustível base da embalagem de transporte para outros
acionadas mecanicamente pelo motor. tipos de motores.
Então, o motor é abaixado verticalmente
EMBALAGENS PARA TRANSPORTE DE sobre a base e aparafusado diretamente nela.
MOTORES

Para proteção, os motores são selados em


invólucros de plástico, ou folha fina de metal la-
minado (em geral, alumínio plastificado), e em-
balados em caixas especiais de madeira para o
transporte. Em anos recentes, o emprego de
"containers" metálicos pressurizados para a
selagem de motores aeronáuticos tem sido lar-
gamente adotado.
Quando um motor radial é colocado numa
caixa de madeira para o transporte, ela deve ser
guinchada verticalmente, com a ponta do eixo
do lado da hélice para cima, como mostrado na Figura 8-32 Preparando o motor para transporte.
figura 8-31.
Enquanto o motor é suspenso sobre a base Caso o carburador não esteja fixado ao
da embalagem de transporte, a placa de monta- motor, ou não haja previsão para selá-lo em um
gem (figura 8-32) é removida da embalagem, e pequeno "container", a ser colocado dentro da
as alças do invólucro protetor, no qual o motor embalagem de transporte, ele pode, em alguns
fica selado, são presas aos parafusos de fixação casos, ser preso numa plataforma especialmente
da placa de montagem. construída e aparafusado no motor.

8-33
Antes do invólucro protetor ser selado, “sí- Um outro tipo permite instalação horizon-
lica gel” deve ser colocada em torno do motor, tal do motor, eliminando a necessidade de um
para desidratar o ar preso dentro desse invólu- guincho adicional.
cro. A quantidade de “sílica gel” a ser usada é O motor é simplesmente abaixado na parte
determinada pelo tamanho do motor. mais baixa (base) do "container"e fixado. Os
O invólucro de proteção é então cuidado- sacos de “sílica gel” são colocados dentro do
samente dobrado em torno do motor e, parcial- "container", geralmente em local especial.
mente selado, deixando uma abertura em uma A quantidade de “sílica gel” necessária
das pontas, pela qual, assim que possível, o ar é para uma embalagem metálica ("container") é
retirado. geralmente maior que a utilizada em uma emba-
Um aspirador de pó, tipo comercial, é mui- lagem de madeira de transporte, posto que o
to útil para esse próposito e, também, um meio volume de ar em uma embalagem metálica é
para se deletar qualquer vazamento no invólu- maior que aquele que circunda o invólucro de
cro. O invólucro é então completamente selado, proteção, instalado em torno do motor, numa
geralmente juntando-se as bordas e colando-as embalagem de madeira para transporte.
com calor. Considera-se, também, que em uma emba-
Antes de se abaixar a cobertura da emba- lagem metálica ("container") os sacos de “sílica
lagem de transporte sobre o motor, uma confe- gel” devem desidratar o interior do motor, posto
rência rápida deve ser feita. O cartão (tarjeta ou que, em vez de tampões com desidratante, são
etiqueta) indicador de umidade deve ser coloca- utilizados tampões de ventilação.
do, de sorte que possa ser visto através da janela Todos os registros do motor devem ser co-
de inspeção. locados dentro da embalagem de transporte (no
Enquanto se abaixa a cobertura da embala- lado de fora, só para facilitar o acesso).
gem de madeira para o transporte na posição Um indicador de umidade deve ser fixado
correta, deve-se ter cuidado para que não torça dentro do "container", caso haja uma janela de
ou rasgue o invólucro de proteção. Fixa-se a inspeção para consulta. Em seguida, o selo de
cobertura, marcando ou carimbando a data de borracha (junta) entre a base e a cobertura do
preservação na embalagem. "container"deve ser inspecionado cuidadosa-
Há vários tipos de embalagens metálicas mente, uma vez que esse selo é usado muitas
de transporte em uso. Um modelo, mostrado na vezes.
figura 8-33, é parecido com a embalagem de Após a cobertura do "container" ser colo-
transporte de madeira, onde é necessário que o cada sobre a base, e estar devidamente presa, ar
motor seja instalado na posição vertical. seco, com pressão de 5 libras/polegadas quadra-
das, é injetado em seu interior. Nessa oportuni-
dade é feita uma verificação quanto a estanquei-
dade (ausência de vazamentos), através do a-
companhamento da queda dessa pressão.

INSPEÇÃO EM MOTORES ESTOCADOS

Muitas oficinas de manutenção for-


necem um sistema programado de inspeções
para motores estocados. Normalmente os indi-
cadores de umidade de um motor estocado em
embalagens de transporte são inspecionados a
cada 30 dias.
Quando, porém, o invólucro de proteção
for aberto para inspeção dos indicadores de umi-
dade, o período de inspeção pode ser estendido
para cada 90 dias, caso as condições locais o
permitam. Para embalagens metálicas ("contai-
Figura 8-33 Embalagem metálica para instala- ner"), em condições normais, o período de ins-
ção de motor na vertical. peção é de 180 dias.

8-34
Em embalagens de madeira, se houver um PRESERVAÇÃO E PREPARAÇÃO PARA
aumento de 30% da umidade (o que pode ser UTILIZAÇÃO DE UM MOTOR A TURBI-
observado pela mudança de cor do indicador de NA
umidade) no ar em torno do motor, todos os
dessecantes (sacos e tampões) devem ser substi- Os procedimentos para preservação e pre-
tuídos. paração para utilização de motores a turbina va-
Caso mais da metade dos tampões, com riam, dependendo do tempo de inatividade, do
desidratante instalados nos furos das velas de tipo de preservação usada, ou se o motor vai ser
ignição, indiquem a presença de umidade exces- girado durante esse período de inatividade.
siva, o interior dos cilindros deve ser novamente A maior parte das informações básicas
pulverizado. sobre controle de corrosão, apresentadas na se-
Caso o indicador de umidade em uma ção sobre motores alternativos, são aplicáveis a
("container") embalagem metálica apresente motores a turbina. Entretanto, os requisitos so-
uma cor azul, segura; mas a pressão interna te- bre o tipo e usos dos agentes de preservação são
nha caído para 1 libra/polegada quadrada acima normalmente diferentes.
da pressão ambiente, precisa ser completada até O sistema de lubrificação é geralmente
a pressão apropriada, usando-se ar desidratado. drenado, e pode (ou não) ser lavado com óleo de
Entretanto, se os indicadores de umidade preservaçào. Alguns fabricantes recomendam a
apresentarem uma condição insegura (cor ro- pulverização de óleo no compressor, quando for
sada), o motor deve ser novamente preparado rodado o motor. Outros vêem essa prática com
para estocagem. cautela, ou são contra. Seguem-se sempre as
instruções do fabricante quando se estiver pre-
parando para preservar ou utilizar um motor a
turbina.

8-35
CAPÍTULO 9

SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA FOGO NO MOTOR

INTRODUÇÃO de detecção de fogo deve incluir, tanto quanto


possível, as seguintes características:
Em virturde do fogo ser uma das mais pe-
rigosas ameaças a uma aeronave, as zonas de 1- Um sistema que não cause falsos alarmes sob
fogo em potencial de todas as multimotoras, qualquer condição de vôo ou no solo.
atualmente produzidas, têm um sistema fixo de 2- Rápida indicação de fogo e sua exata locali-
proteção de fogo. zação.
Uma "zona de fogo" é uma área ou regi- 3- Acurada indicação de que o fogo está extinto.
ão da aeronave, designada pelo fabricante, que 4- Indicação de que o fogo foi reativado.
requer detecção e/ou equipamento de extinção, e 5- Indicação contínua da duração do fogo.
um alto grau de resistência ao fogo. 6- Possibilidade de testar eletricamente o siste-
O termo "fixo" significa um sistema per- ma detector, desde a cabine da aeronave.
manentemente instalado, em contraste com 7- Detectores resistentes a danos causados pela
qualquer tipo de equipamento extintor de fogo exposição ao óleo, água, vibração, tempera-
portátil. turas extremas e ao manuseio.
8- Detectores que tenham pouco peso e sejam
SISTEMA DE PROTEÇÃO DE FOGO DE facilmente adaptáveis, em qualquer posição
MOTORES CONVENCIONAIS de montagem.
9- Detectores instalados em circuitos, operados
Um sistema completo de proteção contra diretamente do sistema de força da aeronave,
fogo, inclui tanto um sistema de detecção como sem inversores.
de extinção de fogo. 10-Exigências mínimas de corrente elétrica,
Para detectar fogo ou condições de supera- quando não houver indicação de fogo.
quecimento, detectores são colocados nas várias 11-Cada sistema detector deverá acender uma
zonas a serem monitoradas. O fogo é detectado lâmpada na cabine, indicando a localização
nas aeronaves com motores convencionais, u- do fogo, e deverá ter um sistema de alarme
sando um ou mais dos seguintes ítens: sonoro.
12-Um sistema detector separado para cada mo-
1- Detectores de superaquecimento; tor.
2- Detectores de aumento da razão de tempera-
tura; Sistema de interruptor térmico
3- Detectores de chama; e
4- Observação pela tripulação. Um grande número de detectores, ou me-
canismos sensíveis, são encontrados. A maioria
Somando-se a estes métodos, outros tipos das aeronaves antigas, ainda em operação, tem
de detectores são usados nos sistemas de prote- algum tipo de sistema de interruptores térmicos,
ção contra fogo em aeronaves, mas raras vezes ou sistema de pares térmicos.
são usados para detectar fogo nos motores. Um sistema de interruptor térmico tem
Por exemplo, detectores de fumaça são uma ou mais lâmpadas, energizadas pelo siste-
mais apropriados para monitorar áreas como as ma de força da aeronave; e por interruptores
que comportam bagagens, onde os materiais térmicos que controlam a operação da lâmpada
queimam vagarosamente ou sem chama. Outros (ou lâmpadas). Esses interruptores térmicos são
tipos de detectores, nesta categoria, incluem os unidades sensíveis ao calor, que completam os
de monóxido de carbono. circuitos elétricos a uma determinada tempera-
Os sistemas de proteção de fogo das aero- tura.
naves, produzidas atualmente, não confiam na Eles são concectados em paralelo um com
observação pela tripulação como um método o outro, mas em série com as luzes indicadoras
primário de detecção de fogo. Um sistema ideal (figura 9-1).

9-1
Com o contato do relé na posição mostra-
da, dois caminhos são possíveis para o fluxo da
corrente dos interruptores até a lâmpada.
Este é um dispositivo adicional de segu-
rança.
Energizando o relé de teste, um circuito
em série é completado, checando toda a fiação e
o filamento de todas as lâmpadas.
Também incluído no circuito mostrado na
figura 9-1, há um relé de controle de brilho.
Este, ao ser energizado, altera o circuito, para
incluir uma resistência em série com a lâmpada.
Em algumas instalações vários circuitos
são ligados através de relés de controle de bri-
lho, e todas as luzes de advertência podem ser
Figura 9-1 Circuito de interruptores térmicos. ofuscadas ao mesmo tempo.

Se um aumento de temperatura ultrapassar Sistemas de par térmico


um determinado valor, em qualquer seção do
circuito, o interruptor térmico fechará, comple- O sistema de aviso de fogo, em par térmi-
tando o circuito da lâmpada indicadora de fogo, co, opera por um princípio completamente dife-
ou a condição de superaquecimento. rente do sistema de interruptores térmicos.
Não existe um número certo de interrupto- Um par térmico depende da razão de au-
res térmicos em cada circuito; o número exato mento da temperatura, e não dá o alarme quando
será determinado pelo fabricante. um motor superaquece lentamente, ou quando
Em algumas instalações todos os detecto- ocorre um curto-circuito. O sistema consiste em
res térmicos são conectados a uma única lâmpa- uma caixa de relés, luzes de aviso e pares térmi-
da; em outras, pode ser encontrado um interrup- cos.
tor térmico para cada lâmpada indicadora. A fiação do sistema dessas unidades pode
Algumas luzes de alarme são do tipo ser dividida entre os seguintes circuitos: (1) cir-
"pressione-para-testar". cuito detector; (2) circuito de alarme; e (3) cir-
O circuito apresentado na figura 9-1 inclui cuito de teste. Esses circuitos são mostrados na
um relé de teste. figura 9-2.

Figura 9-2 Circuito de aviso de fogo tipo “termopar”.

9-2
A caixa de relés contém dois relés, o sen- mariam ou soldariam, se fosse permitida a for-
sível e o escravo; e ainda a unidade de teste mação de um arco.
térmico. Essa caixa pode conter de um a oito Quando o relé sensível abre, o circuito
circuitos idênticos, dependendo do número de para o relé escravo é interrompido, e o campo
zonas potenciais de fogo. magnético em torno da sua bobina é encerrado.
Os relés controlam as luzes de alarme. Por Quando isto acontece, a bobina recebe uma vol-
sua vez, os pares térmicos controlam a operação tagem através da auto-indução, entretanto, com
dos relés. O circuito consiste de vários pares o resistor através dos terminais da bobina, é
térmicos, em série uns com os outros, e com o aberto um caminho para algum fluxo de corren-
relé sensível. te como resultado desta voltagem. Então, o arco
O par térmico é construído com dois me- nos contatos do relé sensível é eliminado.
tais diferentes, que são o cromel e o constantan.
O ponto de junção dos dois metais, que será Sistema detector de circuito contínuo
exposto ao calor, é chamado de junção quente.
Há também, uma junção de referência, incluída Um sistema detector contínuo, ou um sis-
no espaço entre os dois blocos isolantes. tema sensor, permite a cobertura mais eficiente
Um invólucro de metal protege mecanica- de uma área de perigo de fogo do que qualquer
mente o par térmico, sem interferir no um dos detectores de temperatura do tipo
movimento livre do ar na junção quente. "spot".
Se a temperatura subir rapidamente, o par Os sistemas contínuos são uma versão do
térmico produzirá uma voltagem, − por causa da sistema de interruptores térmicos; são os de su-
diferença de temperatura entre a junções de re- peraquecimento, unidades sensíveis ao calor,
ferência e a junção quente. que completam o circuito elétrico a uma deter-
Se ambas as junções forem aquecidas ao minada temperatura. Um sistema contínuo não
mesmo tempo, nenhuma voltagem será produzi- possui sensibilidade ao aumento da razão de
da. temperatura. Os dois tipos de detectores, usados
Na nacele do motor, há um normal e gra- nos sistemas de sensores contínuos, são os sis-
dual aumento de temperatura, causado pela ope- temas Kidde e o Fenwal.
ração do motor. Ambas as junções são aqueci- No sistema contínuo kidde (figura 9-3),
das na mesma proporção, não havendo por isso, dois fios são envolvidos com uma camada de
sinal de alarme. cerâmica especial, formando o núcleo de um
Porém, se houver fogo, a junção quente tubo de Inconel.
aquecerá mais rapidamente que a junção de re-
ferência. A voltagem resultante causará um flu-
xo de corrente no circuito detector.
Quando a corrente for maior do que quatro
miliampères (0.004 ampères) o relé sensível
fechará. Isto completará o circuito do sistema de
força da aeronave para a bobina do relé escravo;
este fechará, completando o circuito para a lâm-
pada de alarme, dando uma indicação visual de
fogo.
O número total de pares térmicos usados
em um circuito detector, depende das dimensões Figura 9-3 Elemento sensor “Kidde”.
das zonas de fogo e da resistência total do cir-
cuito, que geralmente não excede a 5 ohms, Um dos dois fios no sistema sensor Kidde
como mostra a figura 9-2. é soldado nos terminais do tubo envolvente,
O resistor conectado através dos terminais atuando como "massa" interna.O segundo fio é
do relé escravo, absorve a voltagem auto- um condutor (acima do potencial terrestre) que
induzida da bobina, para evitar a formação de permite um sinal de corrente, quando a cobertu-
arco entre os pontos do relé sensível. Os conta- ra de cerâmica dos fios altera a sua resistência
tos do relé sensível são tão frágeis, que se quei- com a mudança da temperatura.

9-3
O outro sistema contínuo, o Fenwall (figu- O sistema sente a temperatura média, tão
ra 9-4), usa um fio simples envolvido em uma bem como qualquer simples ponto isolado.
camada de cerâmica, dentro de um tubo de Inco- O sistema Fenwal usa um amplificador
nel. magnético como unidade de controle. Esse sis-
tema não é proporcional, mas soará um alarme
quando qualquer porção do seu elemento sensor
atingir a temperatura.
Ambos os sistemas continuamente monito-
ram as temperaturas nos compartimentos dos
motores e, automaticamente, são rearmados
após um alarme de fogo ou de superaqueci-
mento.

Sistema detector do tipo "spot"


O sistema detector spot opera por um prin-
cípio diferente do sistema contínuo. Cada unida-
de detectora (figura 9-5) consiste de um inter-
Figura 9-4 Elemento sensor “Fenwal”. ruptor térmico bimetálico. A maioria dos detec-
tores spot são interruptores térmicos de terminal
A camada de cerâmica do detector Fenwal duplo, eletricamente acima do potencial terres-
está embebida com um sal eutético, que possui tre.
características de reduzir rapidamente sua resis-
tência elétrica, quando o elemento sensor atingir
a sua temperatura de alarme.
Em ambos os sistemas, no Kidde e no
Fenwall, a resistência da cerâmica ou do sal
eutético evita o fluxo da corrente elétrica en-
quanto for normal a temperatura.
No caso de uma condição de fogo ou supe-
raquecimento, a resistência do núcleo diminui e
o fluxo de corrente flui entre o fio condutor de Figura 9-5 Detector “Fenwal” tipo “Spot”.
sinal e a "massa", energizando o sistema de alar-
me. Os detectores Fenwal spot são ligados em
Os elementos sensores do sistema Kidde paralelo entre dois circuitos completos da fia-
são conectados a um relé da unidade de contro- ção, como é mostrado na figura 9-6. Assim, o
le. sistema pode resistir a uma falha, que pode ser
Essa unidade constantemente mede a resis- uma abertura no circuito elétrico ou um curto
tência total de todo o sensor. para a massa, sem indicar um falso alarme de
fogo.

Figura 9-6 Circuito detector “Fenwal”.

9-4
Uma dupla falha pode existir antes que fogo dos motores convencionais, são destinados
um falso alarme de fogo possa ocorrer. No caso a diluir a atmosfera com um agente inerte que
de uma condição de fogo ou de superaqueci- não sustentará a combustão.
mento, o interruptor do detector spot fecha, A maioria dos sistemas usam tubos perfu-
completando o circuito para soar um alarme. rados ou bicos de descarga para a distribuição
O sistema detector Fenwal spot opera sem do agente extintor.
uma unidade de controle. O sistema HRD (alta razão de descarga),
Quando uma condição de superaquecimen- recentemente desenvolvido, usa tubos sem res-
to ou de fogo causar o fechamento de um inter- trição na saída, para liberar uma quantidade do
ruptor do detector, o alarme soará, e uma lâm- agente extintor em 1 ou 2 segundos.
pada de aviso indicando a área afetada será ace-
sa Dióxido de carbono (CO2)

ZONAS DE FOGO Classificação de toxicidade UL de 5a, é es-


pecialmente recomendado para o uso em fogo
Os detectores de fogo do motor são locali- das classes B e C. Extingue a chama pela dissi-
zados de acordo com as zonas de fogo. Cada pação imediata do oxigênio da área.
motor e área da nacele normalmente é dividida Do ponto de vista de toxicidade e perigo
em três zonas semelhantes às apresentadas na de corrosão, o dióxido de carbono é o agente
figura 9-7. mais seguro para o uso.
A zona I identifica a área da seção de força Ele foi por muitos anos o agente mais am-
do motor à frente do bordo de fuga dos flapes de plamente utilizado. Se manipulado impropria-
refrigeração até a entrada dos anéis deflectores. mente, pode causar confusão mental e sufoca-
A zona “II” identifica a área da seção de acessó- ção.
rios do motor entre a entrada dos anéis deflecto- Devido a sua variação em pressão de va-
res e a parede de fogo, e a zona “III” identifica a por com a temperatura, torna-se necessário esto-
área da nacele atrás da parede de fogo. car o CO2 em vasilhames mais resistentes do
Além das zonas das áreas do motor e da que a maioria dos requeridos para outros agen-
nacele, outras áreas nas aeronaves multimotoras tes.
estão equipadas com sistemas de proteção e de
detecção de fogo.Estas áreas incluem os com- Hidrocarbonetos Halogenados (normalmente
partimentos de bagagem, instalações de fonte de chamados de Freon)
força auxiliar, instalações de aquecimento do
combustível e outras áreas perigosas. A apre- Brometo de metila (Halon 1001) - Fórmula
sentação da proteção contra fogo para estas á- química - CH3 Br - um gás liquefeito, com uma
reas não está incluída nesta seção, estando limi- classificação de toxicidade UL de 2.
tada à proteção de fogo do motor. O brometo de metila é um agente extintor
mais eficiente do que o CO2 ,do ponto de vista
de peso. Ele é também mais tóxico do que o
CO2 e não pode ser usado em áreas onde uma
concentração prejudicial possa penetrar no com-
partimento de pessoal.
Um agente de alarme, como uma fumaça
colorida, é misturado com o brometo de metila,
que poderá corroer seriamente as ligas de alu-
mínio, magnésio ou zinco.
Figura 9-7 Zonas de fogo.
Clorobromometano (Halon 1011) - fórmula
AGENTES DE EXTINÇÃO DE FOGO química - CH2 Cl Br - é um gás liquefeito, com
uma classificação de toxicidade UL de 3. Nor-
Os sistemas fixos de extinção de fogo, usa- malmente conhecido como "CB", o clorobro-
dos na maioria dos sistemas de proteção contra mometano é mais tóxico do que o CO2.

9-5
Ele é corrosivo para alumínio, magnésio, - Classificação do comparativo perigo de
aço e latão; enão é recomendável para o uso em vida dos agentes extintores de fogo pelo UN-
aeronaves. DERWRITERS' LABORATORIES' (UL).

GRUPO DEFINIÇÃO EXEMPLOS

6 Gases ou vapores, os quais em concentrações Bromotrifluorometano


(menos tóxico) acima de no mínimo 20% por volume, por dura- (Halon 1301)
ção de exposição da ordem de 2 horas, não chega
a produzir danos

5a Gases ou vapores bem menos tóxicos do que o Dióxido de carbono


grupo 4, porém mais tóxicos do que o grupo 6

4 Gases ou vapores, os quais em concentrações da Dibromodifluorometano


ordem de 2 a 2 1/2 % para duração de exposição (Halon 1202).
da ordem de 2 horas, são letais ou produzem sé-
rios danos.

3 Gases ou vapores, os quais em concentrações da Bromoclorometano (Halon


ordem de 2 a 2 1/2% para duração de exposição 1011) Tetracloreto de car-
da ordem de 1 hora, são letais ou produzem sé- bono (Halon 104).
rios danos.

2 Gases ou vapores, os quais em concentrações da Metil bromide (Halon


ordem de 1/2 a 1% para duração de exposição da 1001)
ordem de 1/2 horas, são letais ou produzem sé-
rios danos.
Tabela 9-1 Tabela de toxicidade.

Tetracloreto de carbono (Halon 104) - Fórmu- encontrados, mas não é recomentadado para o
la química - C Cl4 - é um líquido com uma clas- uso em aeronaves.
sificação de toxicidade UL de 3. Ele é venenoso Bromoclorodifluorometano (Halon 1211) -
e tóxico.Sempre que o tetracloreto de carbono fórmula química - CBr ClF2 - é um gás liquefei-
("carbon tet") é usado em fogo comum, são pro- to com uma classificação de toxicidade UL de 5.
duzidos vapor de ácido clorídrico, gás de cloro e Ele é incolor, não corrosivo, evapora rapi-
gás fosgênio. damente não deixando resíduo algum; não con-
A quantidade de gás fosgênio é aumentada gela nem causa queimaduras, não danifica teci-
sempre que o tetracloreto de carbono for posto dos, metais ou outros materiais os quais tenha
em contato direto com metal quente, certos pro- entrado em contato.
dutos químicos, ou arcos elétricos contínuos. O Halon 1211 atua rapidamente contra o
Ele não é mais aprovado para uso em qualquer fogo produzindo uma camada expessa de névoa
tipo de extintor de fogo. que elimina o ar da fonte do fogo, − o mais im-
portante é que interfere químicamente com o
Dibromodifluorometano (Halon 1201) - Fór- processo de combustão. Ele possui notáveis
mula química - CBr2 F2 - é um gás liquefeito propriedades de evitar o reacendimento após o
com uma classificação de toxicidade UL de 4. fogo ter sido extinto.
Este agente não é corrosivo para o alumí- Bromotrifluorometano (Halon 1301) - fórmu-
nio, latão e aço, e é mais tóxico do que o CO2. la química - C F3 Br - é um gás liquefeito com
Ele é um dos mais eficientes agentes extintores uma classificação de toxicidade UL de 6.

9-6
Ele tem todas as características do Halon da válvula da garrafa de CO2. O líquido com-
1211. A diferença significativa entre os dois é primido na garrafa de CO2 flui em uma rápida
que o Halon 1211 expele um jato semelhante ao descarga para as saídas da linha de distribuição
CO2, enquanto o Halon 1301 tem um jato de (figura 9-9) do motor afetado. O contato com o
vapor que se torna mais difícil de direcionar. ar converte o líquido em gás e "neve", o qual
O Halon 1211 e o Halon 1301 são ampla- abafa a chama.
mente usados em sistemas de extinção de incên- Um dos mais sofisticados tipos de sistema
dios de alta razão de descarga (HRD), instalados de proteção contra fogo de CO2 é usado em
em aeronaves equipadas com motor a reação ou muitas aeronaves de quatro motores. Este siste-
turboélice. ma é capaz de liberar CO2 duas vezes para cada
um dos quatro motores.
Sistemas extintores de fogo de CO2 dos moto- Sistemas de aviso de fogo são instalados
res convencionais. em todas as localizações perigosas da aeronave,
para fornecer um alarme em caso de fogo.
O CO2 é um dos mais antigos tipos de sis- Os vários sistemas de alarme operam luzes
temas extintores de fogo dos motores conven- de aviso no painel de controle de fogo na cabi-
cionais das aeronaves de transporte, sendo ainda ne, energizando, também, um alarme sonoro na
usado em muitas aeronaves antigas. cabine.
O sistema extintor de fogo é projetado em Um sistema típico de CO2 consiste de seis
torno de uma garrafa de CO2 (figura 9-8) e uma garrafas, montadas três de cada lado do aloja-
válvula de controle remoto operada da cabine. mento da roda do nariz. Válvulas de enchimento
A garrafa armazena o dióxido de carbono são instaladas em cada garrafa de CO2. As gar-
abafador de chama, sob a pressão requerida para rafas de cada fileira são interconectadas.
distribuir o agente extintor para o motor. As válvulas de duas garrafas traseiras, de
cada conjunto de três, são projetadas para serem
abertas mecanicamente por um cabo, conectado
ao punho de controle de descarga no painel
principal de controle de fogo na cabine.
Em caso de descarga pelos meios mecâni-
cos, a válvula de enchimento da garrafa diantei-
ra de cada grupo é operada pela pressão de CO2,
aliviada das duas garrafas traseiras através da
linha de interconexão. A válvula de enchimento
da garrafa dianteira de cada grupo contém um
solenóide. A válvula é projetada para ser opera-
da eletricamente, quando o solenóide for energi-
zado pela atuação de um botão no painel de con-
trole.
Figura 9-8 Instalação de garrafa de dióxido de
No caso de uma descarga pelos meios elé-
carbono (CO2).
tricos, as válvulas das duas garrafas traseiras de
cada grupo são operadas pela pressão de CO2,
O gás é distribuído através de tubulações aliviada da garrafa dianteira através da linha de
da válvula da garrafa de CO2 para o conjunto de interconexão. Cada grupo de garrafas de CO2
controle da válvula na cabine, e então para os tem um disco vermelho, indicador de descarga
motores por tubulações, instaladas na fuselagem térmica de segurança, que será rompido quando
e tunéis da asa. A tubulação terminal, em forma a pressão atingir ou ultrapassar 2.650 p.s.i. A
de círculo, é toda perfurada envolvendo os mo- descarga ocorrerá também em temperaturas a-
tores ( figura 9-9). cima de 74º C. Cada conjunto de garrafas tam-
Para operar o sistema de extinção de fogo bém tem um disco amarelo indicador da descar-
de CO2 , a válvula seletora deve ser comandada ga do sistema.
para o motor que contenha fogo. Um puxão no Montado ao lado do disco vermelho, o
punho em "T" de controle, localizado próximo a disco amarelo indica qual grupo de garrafas foi
válvula seletora do motor, atua a haste de alívio esvaziado por uma descarga normal.

9-7
Este tipo de sistema de proteção contra circuito detector de fogo é previsto para cada
fogo de CO2 inclui um sistema de alarme de motor e área da nacele.
fogo. ele é um sensor contínuo, de baixa impe- Cada circuito completo consiste de uma
dância, e do tipo de religação automática para o unidade de controle, elementos sensores, um
motor e áreas da nacele do motor. Um único relé de teste, uma luz de aviso de fogo e um relé
do circuito de aviso de fogo.

Figura 9-9 Sistema extintor de fogo de CO2 em uma aeronave bimotora de transporte.

Equipamentos associados, como conjunto O fio é então dirigido através da nacele e


de conectores flexíveis, fios passadores de bor- seções do motor, retornando para o relé de teste,
racha, braçadeiras e presilhas de montagem, são onde ele será unido a sua outra extremidade
usados em várias quantidades, dependendo das formando um circuito contínuo.
necessidades individuais da instalação. Cada unidade de controle contém transis-
Por exemplo, em uma aeronave de quatro tores, transformadores, resistores, capacitores e
motores, quatro conjuntos de luzes de alarme, um potenciômetro.Ele também contém um cir-
sendo uma para cada motor e área da nacele, cuito integrado, o qual introduz um retardo, que
darão a correspondente indicação de aviso dessensibiliza o sistema de aviso para um sinal
quando um alarme for iniciado pelo respectivo transitório de curta duração, − que de outra for-
circuito de aviso de fogo do motor. ma causaria falsos alarmes momentâneos.
Conjunto de luzes de alarme nos punhos Quando uma condição de fogo ou supera-
de comando manual de CO2 são conectados para quecimento existir em um motor ou área da na-
todos os quatro circuitos detectores de fogo do cele, a resistência do sensor diminuirá, abaixo
motor, em conjunto com um alarme sonoro de de um valor determinado pelo petenciômetro da
fogo com os seus interruptores de corte protegi- unidade de controle, o qual está em um circuito
dos e luzes de indicação. de referência do circuito detector e amplificador
O fio isolado do circuito detector é enca- da unidade de controle. A saída deste circuito
minhado da unidade de controle no comparti- energiza o alarme sonoro de aviso de fogo e a
mento de rádio para o relé de teste. luz de aviso de fogo.

9-8
SISTEMAS DE PROTEÇÃO DE FOGO DE nalmente, escorra através do tubo de escapa-
MOTORES A TURBINA. mento.

Diversas falhas ou danos em geral podem Zona de fogo dos motores a turbina
resultar em condições de superaquecimento ou
de fogo, peculiares às aeronaves com motor a Em virtude das instalações de um motor a
turbina por causa de suas características de ope- turbina terem diferenças marcantes das instala-
ração. ções de um motor convencional, os sistemas de
Os dois principais tipos de falhas de turbi- zonas de fogo usados para a maioria dos moto-
na podem ser classificados como termodinâmi- res convencionais, não poderão ser usados.
cos ou como mecânicos. As causas termodinâ- Uma possível zona de fogo em uma insta-
micas são aquelas que alteram a proporção do ar lação de motor a turbina é qualquer área, na
de refrigeração da temperatura da combustão, qual possa existir uma fonte de ignição, junto
para os níveis em que os metais da turbina po- com combustíveis, vazamentos de linhas de
dem tolerar. fluido combustível, ou vapores de combustível.
Quando o ciclo de refrigeração é alterado, Os seguintes compartimentos do motor usual-
as palhetas da turbina podem ser derretidas, mente são protegidos:
causando uma súbita perda de empuxo. A rápida 1 - Seção de força do motor, incluindo os quei-
formação de gelo na tela da entrada de ar ou na madores, turbina e escapamento.
entrada das aletas guias pode resultar em severo 2- Compressor do motor e seção de acessórios,
superaquecimento, causando o derretimento das estando incluídos o compressor e todos os
palhetas da turbina, sendo arrancadas e arre- acessórios do motor.
messadas para fora do motor. 3- O compartimento do motor por inteiro,
Falhas semelhantes podem causar a sepa- quando não existir isolamento entre a seção
ração do cone traseiro; e possível penetração de de força do motor e a seção de acessórios.
estilhaços na estrutura da aeronave, tanques ou
equipamentos próximos a roda da turbina. Em Agentes de extinção de fogo dos motores a
geral, a maioria das falhas termodinâmicas são turbina
causadas pelo gelo, excesso de sangria de ar ou
vazamento, ou falha dos controles que permitam Os agentes de extinção de fogo usados nos
o estol do compressor ou excesso de combustí- motores convencionais são, também, usados nos
vel. sistemas de proteção de fogo dos motores a tur-
Falhas mecânicas, como quebra da palheta bina.
da turbina ou palheta arrancada, podem também A eficiência dos vários agentes é influenci-
levar a uma condição de superaquecimento ou ada pelo tipo de sistema de proteção de fogo no
fogo. motor a ser utilizado, se ele for um sistema
Estilhaços das palhetas podem perfurar o HRD (alta razão de descarga) melhor do que um
cone traseiro, criando uma condição de supera- sistema convencional, ou se for o método de
quecimento. distribuição por bico pulverizador, anel de es-
A falha dos estágios dianteiros de uma guicho ou tubo com extremidade aberta.
turbina de muitos estágios normalmente é muito A escolha do agente é também influencia-
mais severa. da pelas condições do fluxo de ar através do
A penetração no alojamento da turbina motor.
pelos estilhaços de uma palheta danificada é um
possível perigo de fogo, do mesmo modo que a Tipos de detectores de fogo ou superaqueci-
penetraçào nas linhas e nos componentes que mento
contenham fluidos inflamáveis.
Um alto fluxo de combustível, através de A seguinte relação de métodos de detecção
um bico injetor mal calibrado, pode causar a inclui aqueles mais usados em sistemas de pro-
queima através do cone de escapamento em al- teção de fogo em motores a turbina.
guns motores. O fogo no motor pode também O sistema completo de proteção contra
ser causado pela queima de fluido que, ocasio- fogo de uma aeronave, com os maiores motores

9-9
a turbina, terá alguns destes diferentes métodos o efeito de resfriamento, pode contrair o aloja-
de detecção incorporados: mento da turbina ou a própria turbina, causando
a desintegração do motor.
1- Detectores de razão de aumento da tempera-
tura. SISTEMA TÍPICO DE PROTEÇÃO DE
2- Detectores sensíveis a radiação. FOGO DE MULTIMOTORES
3- Detectores de fumaça.
4- Detectores de superaquecimento. Um sistema de proteção de fogo de
5- Detectores de monóxido de carbono. motores a turbina para uma aeronave multimo-
6- Detectores de vapores de combustível. tora é descrito em detalhes nos parágrafos se-
7- Detectores de fibra ótica. guintes.
8- Observação da tripulação ou passageiros. Este sistema é típico da maioria das aero-
naves de transporte com motores a reação, e
Os três tipos de detectores mais usados inclui componentes e sistemas semelhantes en-
para uma rápida detecção de fogo são o razão de contrados em todas aquelas aeronaves. Deve ser
aumento da temperatura, sensor de radiação e os enfatizado que os procedimentos de manutenção
detectores de superaquecimento. e detalhes de instalação, de cada tipo de aerona-
ve em particular, são uma função da configura-
Proteção de fogo no solo dos motores a tur- ção específica da aeronave.
bina O sistema de proteção contra fogo da mai-
oria das grandes aeronaves com motor a turbina
O problema de fogo no solo tornou-se mais consiste de dois subsistemas: um sistema detec-
grave com o aumento do tamanho das aeronaves tor de fogo e um sistema de extinção de fogo.
de motor a turbina. Por esta razão, uma conexão Estes dois subsistemas proporcionam proteção
central de solo, para o sistema de extinção de contra fogo, não somente no motor e áreas da
fogo, tem sido instalada em algumas aeronaves. nacele, mas também em áreas como os com-
Estes sistemas fornecem um meio mais eficiente partimentos de bagagem e alojamento das rodas.
de extinção de fogo no solo, e eliminam a ne- Aqui, serão discutidos apenas os sistemas de
cessidade de remoção e de reabastecimento das proteção contra fogo do motor.
garrafas de extinção de fogo instaladas na aero- Cada motor a turbina instalado em uma na-
nave. cele suspensa contém um circuito de detecção
Estes sistemas usualmente incluem meios de fogo, que é automático e sensível ao calor.
de operação do sistema inteiro, de um local co- Este circuito consiste de uma unidade sensível
mo a cabine, ou da localização do suprimento ao calor, uma unidade de controle, um relé e
do agente extintor, no solo. dispositivos de alarme. Normalmente os dispo-
Nas aeronaves não equipadas com a cone- sitivos de alarme incluem uma luz de aviso na
xão central de solo para o sistema de extinção cabine para cada circuito, e um alarme sonoro
de fogo, normalmente são previstos meios de para todos os circuito em conjunto.
um rápido acesso ao compressor, escapamento A unidade sensora de calor de cada circui-
ou compartimento dos queimadores. Por isso, a to possui um detector contínuo em torno das
maioria dos sistemas da aeronave estão equipa- áreas a serem protegidas.
das com portas de acesso de abertura rápida, na Essas áreas são os queimadores e a área
superfície externa de vários compartimentos. do escapamento. Também incluídas, na maioria
O fogo na parte interna do escapamento dos sistemas de extinção de fogo das aeronaves,
dos motores, durante o corte ou falsa partida, estão a área do compressor e a área dos acessó-
pode ser eliminado pelos giros do motor com o rios, as quais em algumas instalações podem ser
motor de partida. protegidas por um circuito separado de proteção
Se o motor já estiver funcionando, ele de fogo. A figura 9-10 ilustra a rota típica de um
pode ser acelerado para atingir o mesmo resul- detector contínuo de fogo em um motor insta-
tado. Se o fogo persistir, um agente extintor lado em nacele suspensa.
pode ser dirigido ao interior do tubo de escapa- Um detector contínuo típico é formado por
mento. O que deve ser levado em conta, é que o uma série de elementos unidos por conectores a
uso excessivo de CO2, ou outro agente que tenha prova de umidade, os quais são fixados à estru-

9-10
tura da aeronave. Na maioria das instalações, o cia. Um espaço maior entre os suportes pode
detector contínuo é preso por dispositivos ou permitir vibração ou atrito da seção livre, e tor-
presilhas a cada 10 ou 12 polegadas de distân- nar-se uma fonte de falsos alarmes.

Figura 9-10 Instalação típica de proteção da nacele do motor e seu suporte (“Pylon”).

Em um típico sistema detector de fogo de Estes interruptores de fogo são, algumas vezes,
um motor a turbina, uma unidade de controle chamados de "punhos de fogo".
individual é prevista para cada circuito sensor. Conforme está ilustrado na figura 9-11, o
A unidade de controle contém um amplificador punho de fogo contém a luz de aviso de detec-
transistorizado ou magnético, o qual produz ção de fogo.
uma saída, quando um fluxo de corrente prede-
terminado de entrada for detectado pelo sensor
contínuo.
Cada unidade de controle também contém
um relé de teste, que é usado para simular uma
condição de fogo ou de superaquecimento para
o circuito de teste.
A saída do amplificador, da unidade de
controle, é usada para energizar um relé de avi-
so, muitas vezes chamado de "relé de fogo".
Normalmente localizado próximo às unidades
de controle, estes relés de fogo, quando energi-
zados, completam o circuito para o apropriado
dispositivo de aviso.
Os dispositivos de aviso para as condições
de fogo e superaquecimento do motor e nacele Figura 9-11 Interruptor e punho de fogo.
estão localizados na cabine. Uma luz de aviso
de fogo para cada motor, normalmente é locali- Em alguns modelos deste punho interrup-
zada em um interruptor especial de fogo na tor de fogo, ao ser puxado, deixa exposto um
forma de um punho, localizado no painel de interruptor, que anteriormente era inacessível, o
instrumentos ou no painel de controle de fogo. qual comanda o agente extintor e também atua

9-11
microinterruptores que energizam as válvulas de cada uma das naceles suspensas de uma aerona-
corte de emergência e outras válvulas pertinen- ve multimotora.
tes. Este sistema usa uma garrafa ou reservató-
rio de agente extintor semelhante ao tipo mos-
Sistema de extinção de fogo de motores a trado na figura 9-12.
turbina Este tipo de garrafa é equipado com duas
válvulas de descarga que são operadas por car-
A parte de extinção de fogo de um típico tuchos disparados eletricamente. Estas duas
sistema de proteção de fogo completo, inclui válvulas são o controle principal e o reserva,
uma garrafa ou reservatório de um agente extin- que liberam e dirigem o agente para a nacele
tor para cada motor ou área da nacele. Um tipo suspensa, na qual a garrafa está localizada, ou
de instalação provê uma garrafa de agente para para o outro motor da mesma asa.

Figura 9-12 Sistema de extinção de fogo para uma aeronave multimotora.

Este tipo de tiro duplo, configuração de carga explosiva que é eletricamente detonada
alimentação cruzada, permite a liberação de para descarregar o conteúdo da garrafa. A co-
uma segunda carga de agente extintor de fogo nexão de segurança é fixada na parte interna da
para o mesmo motor, se um outro foco de fogo estrutura com um indicativo disco vermelho. Se
ocorrer, sem a condição de duas garrafas para a temperatura ultrapassar um predeterminado
cada área do motor.Um outro tipo de instalação valor de segurança, o disco será rompido, extra-
para quadrimotores, usa dois sistemas indepen- vazando o agente.
dentes de extinção de fogo. A conexão de alimentação dos dois reser-
Os dois motores do mesmo lado da ae- vatórios de uma instalação dupla (figura 9-13)
ronave são equipados com dois reservatórios de inclui uma válvula de retenção dupla e uma co-
agente extintor (figura 9-13), mas eles estão lo- nexão em "T", da qual as tubulações são ligadas
calizados juntos na nacele suspensa interna. Um ao indicador de descarga.Este indicador é fixado
indicador da pressão, um plugue de descarga, e na parte interna da estrutura com um indica-
uma conexão de segurança são previstos para tivo disco amarelo, que é rompido quando a
cada reservatório. plugue de descarga é selado linha de alimentação for pressurizada por qual-
com um disco quebrável, combinado com uma quer uma das garrafas.

9-12
Figura 9-13 Instalação de garrafas e conexões.

A linha de descarga tem dois ramais (figu- raquecimento, a luz de aviso na cabine acenderá
ra 9-13), uma linha pequena para o motor inter- e o alarme sonoro soará. A luz de aviso pode es-
no e uma mais comprida estendendo-se pelo tar localizada no punho de fogo; em algumas
bordo de ataque da asa para o motor externo. instalações o interruptor de fogo pode incorpo-
Ambos os ramais terminam em uma conexão em rar uma luz de aviso a um motor em particular,
"T", próxima a fixação dianteira do motor. sob uma cobertura de plástico translúcido, como
é mostrado na figura 9-16. Neste sistema, um
interruptor de transferência é instalado para o
sistema de extinção de fogo esquerdo e direto.
Cada interruptor de transferência tem duas posi-
ções: "TRANS" e "NORMAL".

Figura 9-14 Tubos de descarga do agente extin-


tor.
Um outro tipo de instalação da descarga do
agente extintor de fogo é mostrado na figura 9-
15. A linha de descarga termina em um bico
injetor em "T" próximo ao suporte dianteiro do
motor. A conexão "T" contém orifícios difuso-
Figura 9-15 Localização dos bicos de descarga
res, que permitem que o agente extintor seja
do agente extintor.
lançado ao longo da parte superior e de ambos
os lados do motor.
Quando qualquer seção do sensor contínuo Se ocorrer uma condição de fogo no
estiver exposta a uma condição de fogo ou supe- motor número 4, a luz de aviso no interruptor de

9-13
fogo número 4 acenderá com o interruptor de dos motores, energize o alarme sonoro comum.
transferência na posição "NORMAL"; o inter- Após o alarme ter soado, ele poderá ser silenci-
ruptor de fogo número 4 é puxado; e o interrup- ado pelo acionamento do interruptor de corte do
tor de descarga número 4, localizado diretamen- alarme (figura 9-16).
te sob o punho de fogo, ficará acessível. Ati- O alarme sonoro pode também reagir a um
vando o interruptor de descarga, o agente extin- sinal de fogo, vindo de qualquer um dos outros
tor será enviado da garrafa para a área do motor circuitos.
número 4. Se for necessário mais do que uma A maior parte dos sistemas de proteção
descarga do agente extintor, o interruptor de contra fogo para as aeronaves com motor a tur-
transferência deverá ser colocado na posição bina, inclui também um interruptor de teste e
“TRANS” para que a segunda garrafa possa ser um circuito, que permite que o sistema de de-
descarregada naquele mesmo motor. tecção seja testado inteiramente, a qualquer
Um controle do alarme sonoro permite que tempo. O interruptor de teste está localizado no
qualquer um dos circuitos de detecção de fogo centro do painel, mostrado na figura 9-16.

Figura 9-16 Interruptor do sistema de detecção e extinção de fogo.

PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO tínuos, deverá incluir os seguintes cheques visu-


DOS SISTEMAS DE DETECÇÃO DE ais.
FOGO Estes procedimentos são apenas exem-
Os elementos sensores de detecção de fogo plos, e não deverão ser usados em substituição
estão localizados em muitas áreas de grande ati- às aplicáveis instruções do fabricante.
vidade em torno dos motores das aeronaves. Sua Os elementos sensores de um sistema con-
localização, junto com sua pequena dimensão, tínuo deverão ser inspecionados nos seguintes
aumenta a chance de danos aos elementos sen- ítens:
sores durante a manutenção. A instalação dos
elementos sensores, dentro dos painéis das 1. Seções rachadas ou quebradas, causadas por
naceles nas aeronaves, proporciona algumas choque ou aperto entre janelas de inspeção, pai-
medidas de proteção não fornecidas aos néis das naceles ou componentes do motor.
elementos fixados diretamente no motor.
Por outro lado, a remoção e a instalação 2. Desgaste causado pelo atrito do elemento
dos painéis das naceles podem facilmente cau- com o revestimento, acessórios ou membros
sar atritos ou defeitos estruturais aos elementos estruturais.
sensores. 3. Peças de arame de freno, ou outras partículas
Um programa de inspeção e manutenção, de metal, que possam formar um curto-circuito
para todos os tipos de sistemas de sensores con- nos terminais do detector.

9-14
4. Condições das juntas de borracha nas braça-
deiras de montagem, que podem ter sofrido a- 7. Se forem usados cabos flexíveis blindados,
molecimento pela exposição a óleo, ou en- eles deverão ser inspecionados quanto ao des-
durecimento pelo calor excessivo. gaste da malha externa. A blindagem é feita de
uma malha de finos fios de metal trançados den-
5. Mossas ou dobras nas seções dos elementos tro de uma cobertura, que envolve um fio isola-
sensores. Os limites do diâmetro dos elementos, do. Contínuas dobras do cabo ou um tratamento
as mossas e as dobras aceitáveis e o grau de grosseiro poderão partir esses fios finos, especi-
suavidade dos contornos dos tubos são especifi- almente aqueles próximos das conexões.
cados pelo fabricante. Nenhum esforço deve ser
feito para endireitar qualquer mossa ou dobra
aceitável, porque o esforço poderá causar uma
falha na tubulação (veja na figura 9-17 um e-
xemplo de falha na tubulação).

Figura 9-17 Defeitos do elemento sensor.


Figura 9-19 Interferência por atrito.
6. As porcas nos terminais dos elementos sen-
sores (figura 9-18) deverão ser inspecionadas 8 A rota dos elementos sensores e a fixação
quanto ao aperto e frenagem. As porcas frouxas devem ser inspecionados cuidadosamente (figu-
deverão ser apertadas para o valor de torque ra 9-19). Seções muito longas entre suportes
especificado pelas instruções do fabricante. podem permitir excessiva vibração e causar a
quebra. A distância entre as braçadeiras de fixa-
ção nos espaços retos, deve ser normalmente de
8 a 10 polegadas, conforme a especificação de
cada fabricante. O primeiro suporte de fixação
após uma conexão, normalmente é colocado
entre 4 e 6 polegadas da conexão de junção. Na
maioria dos casos, uma reta de 1 polegada é
mantida antes e após um conector, para então
ser feita uma curva. Um raio de curva de 3 po-
legadas, normalmente é usado também.

9. A interferência entre o elemento sensor e um


tirante da nacele pode causar atrito (figura 9-
19). Esta interferência pode causar desgaste e
Figura 9-18 Junta conectora fixada à estrutura.. curto-circuito no elemento sensor.
Alguns tipos de juntas de conexão de ele- 10.Os anéis isolantes deverão estar instalados
mentos sensores requerem o uso de juntas de no elemento sensor, centralizados com a braça-
atrito de cobre. Essas juntas deverão ser substi- deira de fixação. O final cortado do isolante
tuídas todas as vezes que a conexão for desfeita. deverá estar voltado para a parte curva da bra-

9-15
çadeira. As braçadeiras e os anéis isolantes de- nas áreas que tenham a possibilidade de entrar
verão fixar o elemento sem danificá-lo (ver a em contato com as partes quentes do motor. Se
figura 9-20). nenhuma destas áreas for encontrada, a seção
em curto pode ser localizada isolando as cone-
xões dos elementos, consecutivamente, até o
final do sensor contínuo.

3. Torções ou dobras acentuadas no elemento


sensor podem causar um curto-circuito in-
termitente entre o fio interno e a tubulação ex-
terna. A falha pode ser localizada checando o
elemento sensor com um ohmímetro, enquanto
aplicar leves batidas nas áreas suspeitas do ele-
mento sensor para produzir o curto.

4. Umidade no sistema de detecção raramente


causa um falso alarme de fogo. Se, no entanto a
umidade causar um alarme, o aviso persistirá até
que a contaminação seja removida ou desapare-
ça com o calor, e a resistência do sensor retorne
ao seu valor normal.

5. Falha em obter um sinal de alarme, quando o


Figura 9-20 Braçadeira típica de fixação do interruptor de teste é atuado, pode ser causada
elemento sensor. por um defeito no interruptor de teste ou na uni-
dade de controle, deficiência de energia elétrica,
Pesquisa de panes do sistema de detecção de lâmpada indicadora inoperante, uma interrupção
fogo no elemento sensor ou na conexão da fiação.
Quando o interruptor de teste falha em propor-
Os seguintes procedimentos de pesquisa de cionar uma condição de alarme, a atuação de um
panes representam a maior parte das dificulda- sensor contínuo de dupla fiação pode ser deter-
des comuns encontradas nos sistemas de detec- minada pela abertura do sensor e medição da
ção de fogo do motor: resistência. Em um sensor contínuo de fiação
1. Alarmes intermitentes são, na maioria das simples, o condutor central deverá ser ligado à
vezes, causados por um curto-circuito intermi- massa.
tente na fiação do sistema detector. Tais curtos
podem ser causados por um fio solto ou frouxo PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DO
que, ocasionalmente, toca em um terminal; um SISTEMA EXTINTOR DE FOGO
fio desgastado atritando em um membro da es-
trutura; ou ainda o elemento sensor atritando na A manutenção regular dos sistemas típicos
estrutura o suficiente para desgastar o isolante. de extinção de fogo inclui itens, como a inspe-
As falhas intermitentes muitas vezes podem ser ção e o recarregamento das garrafas (reservató-
localizadas pelo movimento dos fios para recriar rios), remoção e reinstalação dos cartuchos e
o curto-circuito. válvulas de descarga, teste das tubulações de
descarga quanto a vazamentos, e testes de con-
2. Alarmes de fogo e luzes de aviso acesas po- tinuidade da fiação elétrica.
dem ocorrer mesmo quando não houver fogo no Os parágrafos seguintes contêm detalhes
motor ou condição de superaquecimento. Estes de alguns dos mais típicos procedimentos de
falsos alarmes podem ser mais facilmente loca- manutenção.
lizados pela desconexão do sensor contínuo do Os reservatórios do agente extintor são
motor na unidade de controle. Se o falso alarme checados periodicamente, para determinar se a
cessar quando o sensor for desconectado, a falha pressão está entre os limites máximo e nínimo
é no sensor contínuo que deverá ser examinado previstos. Mudanças de pressão com a tempera-

9-16
tura ambiente, também devem estar dentro dos reservatório por meio de uma porca serrilhada
limites previstos. O gráfico da figura 9-21 é (tipo conexão elétrica), que aperta de encontro a
típico da curva pressão-temperatura, que forne- um anel de vedação, como ilustrado na figura 9-
ce a máxima e a mínima leitura do instrumento. 22.
Se a pressão não cair dentro dos limites do grá- Se um cartucho for removido de uma vál-
fico, o reservatório deve ser substituído. vula de descarga por qualquer razão, ela não de-
verá ser usada em outra válvula de descarga,
porque a distância do ponto de contato pode va-
riar de uma unidade para outra.

Figura 9-21 Curva de pressão/temperatura dos


reservatórios de agente extintor de
fogo.

O tempo de vida do cartucho de descarga


do extintor de fogo é fornecido por um carimbo
estampado pelo fabricante, que é, normalmente,
colocado na face do cartucho. O tempo de vida
recomendado pelo fabricante é freqüentemente
em termos de horas antes de uma predetermina-
da temperatura limite.
Os cartuchos são fornecidos com um tem-
po de vida de aproximadamente 5.000 horas.
Para determinar o tempo de validade não utili-
zado de um cartucho de descarga, normalmente
será necessário remover o cabo condutor de
eletricidade e a linha de descarga do corpo do
plugue, o qual pode então ser removido do re- Figura 9-22 Componente de um reservatório
servatório do extintor. típico de agente extintor de fogo.
Em um tipo de reservatório de extintor de
fogo, a data pode ser vista sem remover o corpo Dessa forma poderá não existir continuidade, se
do plugue. um plugue que foi usado com um longo ponto
Ver na figura 9-22 a localização dos com- de contato, for instalado em uma válvula de
ponentes de um reservatório típico de extintor descarga com um menor ponto de contato.
de fogo. Todos os assuntos apresentados, até aqui
Muito cuidado deve ser tomado na substi- neste capítulo, foram relativos aos procedimen-
tuição do cartucho e das válvulas de descarga. A tos de natureza geral com os princípios envolvi-
maioria dos novos reservatórios de extintores dos e os procedimentos gerais a serem seguidos.
são supridos com os seus cartuchos e válvulas Quando executando realmente os procedi-
de descarga desmontadas. mentos de manutenção, consulta-se sempre os
Antes da instalação na aeronave, o cartu- aplicáveis manuais de manutenção e outras pu-
cho deve ser montado de maneira correta na blicações relativas àquela aeronave em particu-
válvula de descarga, e a válvula conectada ao lar.

9-17
SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA Um sistema fixo de extinção de fogo de al-
FOGO DE AERONAVE TURBOJATO ta razão de descarga está disponível para cada
(SABERLINER) nacele de motor.
Os elementos detectores de fogo estão lo-
Esta descrição do sistema de proteção con- calizados em pontos estratégicos dentro de cada
tra fogo, instalado no Saberliner, é incluída com nacele, como ilustrado na figura 9-23.
o propósito de familiarização.

Figura 9-23 Sistema de detecção de fogo.

Dois reservatórios pressurizados contêm o PULL" é puxado e o seletor extintor de fogo é


agente extintor bromotrifluorometano. atuado para EXT nº 1 ou EXT nº 2.
Este agente pode ser dirigido de cada um dos Uma válvula direcional então dirige o a-
reservatórios, para cada uma das naceles dos gente extintor para o devido motor, de acordo
motores, como necessário. com o punho "FIRE PULL" que foi puxado.
As linhas de descarga de cada reservatório Quando o cartucho é detonado, o conteúdo de
se juntam em uma válvula de retenção dupla, um reservatório é descarregado pela pressão do
em "T", para seguirem daí em uma linha única nitrogênio, e forçado através de linhas de entre-
de descarga. ga e bicos de descarga, dentro do compartimen-
A válvula unidirecional evita que um re- to dianteiro da nacele do motor selecionado.
servatório descarregue o seu conteúdo dentro da
linha do outro reservatório. Operação do sistema
O sistema é controlado da cabine pelo uso
de um punho manual e mais um interruptor sele- Punhos "FIRE PULL" mecanicamente
tor elétrico. Dois discos indicadores de descar- interconectados, um para cada motor, estão no
ga, montados externamente na fuselagem, indi- painel de controle de extinção de fogo.
cam tanto a descarga manual do reservatório, Durante uma condição de fogo ou de supe-
como a descarga automática ocasionada por raquecimento, indicado por uma luz de aviso no
condições externas. respectivo punho de fogo ("FIRE PULL"), ime-
Um indicador de pressão é montado em diatamente puxa-se o punho de fogo para trás.
cada reservatório. O cartucho na válvula de Quando o punho de fogo da direita é puxa-
descarga do extintor número 1 ou do extintor do, a válvula de corte em emergência da sangria
número 2 (figura 9-24) é acionado por 28 volts do ar é cortada e a válvula direcional do sistema
de corrente DC, quando um punho "FIRE extintor é energizada, para permitir que o agente

9-18
extintor seja direcionado para o motor do lado 2, e tiver sido armado pelo acionamento do pu-
direito. Ao mesmo tempo, o gerador é retirado nho de fogo, o agente extintor de um reservató-
da linha. rio será descarregado para a nacele do motor
Quando o punho de fogo ("FIRE PULL") selecionado pelo punho.
for recolocado na sua posição original, aqueles Após o primeiro reservatório ter sido es-
ítens anteriormente desligados, com exceção do vaziado, o interruptor de seleção do extintor de
gerador, serão restabelecidos, a menos que o fogo poderá ser, se necessário, momentanea-
interruptor mestre do motor seja desligado. Se o mente posicionado para o outro extintor, para
segundo punho de fogo ("FIRE PULL") for pu- descarregar o segundo reservatório.
xado, o primeiro punho será automaticamente
retraído para a sua posição original. Válvula direcional

Interruptor de seleção Partindo da válvula de retenção dupla em


"T", a linha é conectada a uma válvula direcio-
O interruptor seletor do extintor de fogo nal (figura 9-24).
está instalado no centro do painel de controle do A válvula tem dois canais de saída: um
extintor e energizado pela barra essencial, tendo deles, normalmente aberto, está conectado na
três posições: EXT Nº 1, EXT Nº 2 e uma posi- linha de descarga do extintor de fogo da nacele
ção central com a marcação "OFF". do motor esquerdo, e o outro, normalmente fe-
Quando o interruptor for momentaneamen- chado, conectado com a linha da nacele do mo-
te posicionado para EXT Nº 1 ou para EXT Nº tor direito.

Figura 9-24 Sistema de extinção de fogo.

Quando o punho de fogo do motor direito Reservatórios do agente extintor


for puxado, um circuito elétrico é completado
para a válvula direcional, energizando o sole- Dois reservatórios para o sistema extintor
nóide. A descarga do agente extintor de fogo é de fogo estão instalados na área traseira do alo-
então dirigida para a nacele do motor direito jamento da roda principal, entre as estações da

9-19
fuselagem 298 e 307. Cada reservatório tem um com a linha de descarga do extintor de fogo,
instrumento que indica a pressão no reservató- entre a válvula de retenção dupla em "T" e a
rio. Uma válvula de descarga, contendo um car- válvula direcional.
tucho, está instalada na parte inferior de cada Quando um dos reservatórios for descar-
reservatório. regado, um fluxo limitado será dirigido para o
O cartucho, quando deflagrado, descarrega disco amarelo, removendo-o.
o conteúdo do reservatório em tubulações dire- Uma checagem no indicador de pressão
cionadas às naceles dos motores. Uma conexão mostrará qual o reservatório que foi descarrega-
está fixada em cada reservatório para ligar tubu- do.
lações a indicadores de descarga por variações O disco vermelho, no indicador de descar-
térmicas, instalados na parte externa da fusela- ga dianteiro, está conectado por uma linha de
gem. 1/4 de polegada a ambos os reservatórios.
Quando os reservatórios tiverem sido aquecidos
Indicadores excessivamente, a pressão interna causará a
descarga do agente pelo bujão fusível de segu-
Dois discos indicadores de descarga, do rança. O fluxo do agente extintor será dirigido
sistema de extinção de fogo, estão montados no ao disco vermelho, removendo-o.
lado esquerdo da fuselagem após a asa. O disco Uma checagem nos indicadores de pres-
amarelo, do indicador de descarga traseiro, está são mostrará se um, ou ambos os reservatórios
conectado por uma linha de 1/4 de polegada foram descarregados.

9-20
CAPÍTULO 10

OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO MOTOR

INTRODUÇÃO dutos de indução necessários a remoção de ci-


lindros.
As operações de revisão e manutenção A revisão atual consiste de recondi-
são executadas nos grupos motopropulsores de cionamento de pistões, cilindros, mecanismo de
aviões, a intervalos especificados. Esses interva- comando de válvulas, troca de guias de válvulas
los são normalmente estipulados pelo número e anéis de segmento, se necessários. Esta revi-
de horas em que os motores foram operados. são não é recomendada por todos os fabricantes
Testes e experiências têm mostrado que de motores.
a operação, além deste período de tempo, será Se o motor sofreu algum tipo de esforço
ineficiente e danosa, pois certas partes serão que requeira maior atenção, ele deve ser des-
desgastadas além de seus limites. Para que um montado e verificado.
motor revisado fique como um novo, partes
danificadas devem ser detectadas e separadas, REVISÃO MAIOR
ou trocadas durante a revisão completa do mo-
tor. Este tipo de revisão consiste de uma
O único meio para se detectar tudo isto é completa desmontagem e recondicionamento do
a inspeção detalhada de todas as peças durante a grupo motopropulsor.
desmontagem do motor. O período de revisão completa de um
A inspeção não pode ser superficial, sem motor geralmente é determinado pelo fabricante
cuidado ou incompleta. do mesmo, ou por um máximo de horas de ope-
ração entre as revisões, aprovado pelo FAA.
REVISÃO DOS MOTORES A intervalos regulares, um motor deve
ALTERNATIVOS (CONVENCIONAIS) ser completamente desmontado, totalmente lim-
po e inspecionado.
Cada motor fabricado possui tolerâncias Cada parte deve ser revisada de acordo
de fabricação, com as quais suas partes devem com as instruções e tolerâncias do motor envol-
estar em conformidade. Auxílios gerais de ins- vido. As instruções gerais serão descritas nesta
truções determinam as tolerâncias das partes. seção.
Entretanto, em alguns casos, a decisão final é Todo motor que tenha sido completa-
deixada para o mecânico; ele deve determinar se mente desmontado logo de início, deve sofrer
a peça é reparável e refugável, ou se ainda pode- uma verificação rigorosa no eixo principal (eixo
rá voltar a funcionar. de manivelas) e no eixo da hélice quanto a em-
Os conhecimentos dos princípios de ope- penos, desgaste, etc.
ração, esforços e solicitações mecânicas são Qualquer dúvida quanto as condições des-
essenciais a este tipo de decisão. Quando um ses eixos, inclusive quanto a empenos fora de
mecânico decide pela revisão completa de um limites, exige a troca dos mesmos.
motor, deve certificar-se de ter usado o método
de trabalho, técnica e práticas aceitáveis pelo Desmontagem
FAA.
Mais do que uma inspeção visual logo
Revisão Parcial após a desmontagem, todas as partes individu-
almente devem ser marcadas sobre uma banca-
Motores modernos de aeronaves são da, a medida em que elas são removidas. Todas
construídos com materiais duráveis, de modo as peças devem ser guardadas com cuidado para
que a revisão parcial (Top Overhaul) não vem evitar perdas e danos.
sendo mais utilizada, ela significa revisão de Peças pequenas, porcas, parafusos, ar-
todas as partes do motor no topo do cárter de ruelas, etc., devem ser colocadas em um recipi-
força, sem desmontagem completa do motor. ente durante a operação de desmontagem.
Isto inclui remoção de unidades assim como: Outras práticas devem ser observadas du-
coletor de escapamento, cablagem de ignição e rante a desmontagem:

10-1
(1) Dispor de todos os dispositivos de seguran- (1) Abrasão - uma área desgastada ou com
ça durante a desmontagem. Nunca reapro- marcas, causadas por objetos estranhos en-
veitar arame de freno, contra-pino, etc. tre as partes móveis ou superfícies.

(2) Todos os fixadores, prisioneiros, conexões (2) Mossas - uma ou mais depressões que apa-
danificadas, etc., devem ser marcados para recem usualmente nas pistas dos rolamen-
evitar falhas de inspeção ou passarem des- tos, causadas por altas cargas estáticas ou
percebidos. esforços excessivos praticados durante a
remoção ou instalação.
(3) Sempre usar ferramentas adequadas para Mossas podem ser circulares ou semi-
cada serviço, preferencialmente usar ferra- esféricas devido a impressão deixada pelo
mentas de encaixe, soquetes, etc. Sempre contato de esferas ou roletes dos rolamen-
que houver ferramentas especiais usá-las, tos.
ao invés de ficar improvisando.
(3) Queimadura - peças ou superfícies danifi-
(4) Drenar o óleo de lubrificação do motor e cadas por excesso de calor. Isto poderá ser
remover os filtros. O óleo deve ser drenado causado por montagens impróprias, falhas
para um recipiente através de um pano lim- de lubrificação ou sobretemperatura opera-
po, para que se verifique se há partes metá- cional.
licas importantes no óleo a serem avaliadas.
(4) Brunidura - polimento de uma superfície
(5) Antes da desmontagem, lavar as partes ex- pelo contato de deslizamento suave com
ternas do motor. outra superfície mais dura. Usualmente sem
remoção de metal.

--Inspeção (5) Rebarba - projeção de metal reto ou circular


geralmente ocasionado pelo processo de u-
A inspeção das partes do motor, durante sinagem, broqueamento, serragem, furação,
uma revisão completa, é dividida em três cate- aplainamento, etc.. Apresenta-se com uma
gorias: protuberância de metal nas bordas das pe-
ças.
(1) visual.
(2) magnética. (6) Atrito - descrito como uma condição causa-
da pela ação do roçamento entre duas par-
(3) dimensional. tes, sob ligeira pressão, a qual poderá resul-
tar em desgaste.
Os dois primeiros métodos são para de-
terminar falhas estruturais nas peças, enquanto o (7) Cavaco - descrito como sobras de corte de
último detalha as medidas e forma das peças. metal, liberação de lascas, etc, causados pe-
Falhas estruturais podem ser detectadas atra- lo processo de usinagem ou esforços exces-
vés de diversos processos. Peças de aço não- sivos concentrados.
austenítico podem ser examinadas pelo processo de
partículas magnéticas. Outros métodos tais como raio-(8) Corrosão - perda de metal pelo processo
x e raio gama, também podem ser usados. químico ou eletroquímico. Os resíduos da
A inspeção visual deve ser precedida de corrosão são geralmente fáceis de serem
qualquer outro método de inspeção. Algumas removidos por processos mecânicos. A fer-
peças não devem ser limpas antes de uma pre- rugem é um exemplo de corrosão do ferro.
liminar inspeção visual, uma vez que, frequen-
temente, resíduos de partes metálicas podem
facilitar a inspeção/detecção de falhas internas (9) Rachadura - uma parcial separação de mate-
do motor. rial, usualmente causada por vibração, so-
Vários termos são usados para descrever brecarga, estresse, defeito ou fadiga. A pro-
os defeitos detectados nas peças dos motores. fundidade poderá ser de alguns milésimos
Alguns desses termos e definições são: para a totalidade da espessura da peça.

10-2
(10) Corte - perda de metal, usualmente por (19) Martelamento - uma série de depressões
uma apreciável profundidade ao longo de em forma de escamas numa superfície.
uma área, por meios mecânicos pelo uso
de lâminas de serra, cinzel, tesouras, gui- (20) Transferência - um metal passa de uma
lhotina ou até por cantos vivos, agudos, superfície para outra, tendo como causa
etc. usual o atrito entre as duas superfícies i-
nadequadamente lubrificadas.
(11) Erosão - perda de metal da superfície pela
ação mecânica de objetos estranhos como (21) Picado - presença de pequenas e irregula-
abrasivos, jato de areia fina, etc. A área res cavidades produzidas pela corrosão ou
erudida será áspera e poderá estar alinhada danos; ação de picar ou corroer.
na direção em que o material abrasivo a-
tingiu a peça. (22) Arranhado - riscado, risco profundo ou
riscas, feitos durante a operação de usina-
(12) Delaminação - flocos de metal que se des- gem de uma peça, produzidos por bordas
prendem da superfície metalizada ou pin- pontudas de partículas estranhas.
tada, usualmente causado por falha da me-
talização, galvanização ou ainda por ex- (23) Raspado - riscado, arranhado, estriado,
cesso de carga. esfolado. Marca rasa e estreita ou marcas
causadas pelo movimento de um objeto
(13) Serrilhamento - uma condição de erosão agudo ou partícula sobre uma superfície; o
de superfície, causada por pequenos mo- material exposto não é removido.
vimentos entre duas peças que estão mon-
tadas juntas e sob considerável pressão. (24) Descoloração - uma mudança de cor loca-
lizada, indicando uma nítida diferença
(14) Sulqueamento - feitura de sulcos numa comparada com a área circundante.
superfície acabada de uma peça, devido a
vibração e fricção, causado pelo pequeno (25) Recalcamento - deslocamento de material,
movimento relativo de duas superfícies de além do contorno normal ou na superfície.
peças sob contato de alta pressão, caracte- Geralmente não apresenta perda de metal.
rizando um desgaste severo.
Defeitos em partes não magnéticas po-
(15) Cinzelamento - uma condição de sulque- dem ser encontrados através de uma cuidadosa
amento, na qual um deslocamento de me- inspeção visual, assim como técnicas adequa-
tal tenha ocasionado um arrancamento do das. Se houver desconfiança de que existe uma
mesmo. rachadura numa peça de alumínio, é preciso
Geralmente acontece quando um pedaço limpá-la por meio de uma escova, ou usando
do próprio metal, ou outro corpo estranho material abrasivo, cuidadosamente, para evitar
se posiciona entre as partes móveis que arranhar a superfície. Cobre-se a peça com uma
trabalham muito próximas. solução de 1 ¼ lb de hidróxido de sódio e uma
(16) Ranhuramento - canal de forma arredon- pinta de água a temperatura ambiente. A peça é
dada, geralmente causado por falha de ali- enxaguada com água, após a mesma ter ficado
nhamento das partes móveis. em contato com a solução por um minuto.
Neutraliza-se a peça com uma solução
(17) Inclusão - presença de material estranho de uma parte de ácido nítrico e três partes de
impregnado dentro de uma porção de me- água aquecida a 100 ºF. A peça é mantida nesta
tal, introduzido durante a fabricação de solução até que o depósito negro seja dissolvi-
hastes, barras, tubos – quando em movi- do. Seca-se a peça com ar comprimido. Se exis-
mento ou durante o forjamento. tir uma rachadura, as bordas ficarão escurecidas
(18) Entalhado - superfície com entalhes níti- após este tratamento, auxiliando a sua detecção.
dos, denteamento causado por impacto de Para peças de magnésio, uma solução de 10%
objeto estranho. O material sofre deslo- de ácido acético, em temperatura ambiente, po-
camento; geralmente na forma de "v", po- de ser aplicada por no máximo um minuto. A
rém raramente é separado. peça deve ser então enxaguada com a solução

10-3
de uma onça de amônia comum em um galão de defeitos e rebarbas possam ser removidos com
água. lixa fina ou outro material abrasivo. Se a peça
Examina-se todas as engrenagens quan- apresentar distorções, danificações ou deforma-
to a evidência de corrosão ou desgaste excessi- ções causadas por aperto excessivo ou uso de
vo. Estas condições são particularmente impor- ferramentas inadequadas, ela deve ser substituí-
tantes quando ocorre nos dentes. Pontos de des- da por uma nova.
gaste profundos nesta área são motivos de rejei-
ção da engrenagem. As superfícies das buchas Limpeza
de todas as engrenagens devem estar livres de
rachaduras profundas; e pequenos arranhões Após inspecionar visualmente as conca-
podem ser removidos com uma lixa fina. vidades do motor quanto a depósitos de partícu-
Todas as superfícies das buchas devem las metálicas, é importante limpar suas peças
ser examinadas quanto a arranhões profundos, para facilitar a inspeção.
sulcos e desgastes. Determinados arranhões e Os dois processos de limpeza para as
riscos brilhantes na superfície das buchas de peças do motor são:
alumínio não prejudicam, e não devem ser con-
siderados como causa de rejeição da peça, desde (1) Desengraxamento para remoção de sujeira e
que as folgas estejam dentro dos limites das fuligem.
tabelas de tolerância do manual do fabricante.
Mesmo que a peça esteja dentro dos limites de (2) Remoção dos depósitos de carvão mais
tolerância especificada, ela não é satisfatória concentrados por descarbonização, esco-
para a reinstalação no motor, a menos que uma vamento, raspagem ou jateamento.
inspeção mostre que a peça esteja livre de ou-
tros defeitos. O desengraxamento pode ser feito por
Rolamentos de esfera devem ser inspe- imersão ou jateamento da peça com solvente
cionados visualmente quanto ao livre giro, pon- suave comercial.
tos de deformação nas esferas, delaminação ou Extremo cuidado deve ser tomado ao se
ainda sulcos na parte externa das pistas. Todos usar qualquer solução composta de água mistu-
os suportes de mancais devem ser verificados rada com desengraxante que contenha compo-
quanto a arranhões, sulcos, desalinhamento e nentes cáusticos. Tais produtos, além de serem
condição de ovalização. potencialmente corrosivos ao alumínio e ao
Eixos, pinos, etc. devem ser checados magnésio, podem impregnar-se no metal e cau-
quanto a deformações, empenos e outros. Isto sar espuma no óleo quando o motor voltar a
pode ser feito utilizando-se blocos padrão de funcionar.
oficina de ajustagem e um relógio comparador. Quando for utilizada esta solução, é im-
Superfícies desgastadas, corroídas ou perativo que as peças sejam enxaguadas total e
com problemas em áreas submetidas a grandes completamente em água limpa, e aquecida após
esforços, podem causar falhas definitivas nas o desengraxamento.
peças envolvidas. Após ser efetuada a limpeza, por qual-
As seguintes áreas devem ser cuidadosa- quer um dos métodos acima, protege-se imedia-
mente examinadas quanto a evidência de corro- tamente as superfícies das peças, através da a-
são: plicação de óleo lubrificante sobre as mesmas.
(1) Superfícies internas dos pinos dos pistões. Enquanto a solução desengraxante re-
(2) Os filetes das bordas do eixo de manivelas move sujeira, graxa e fuligem mais leve, depósi-
e as superfícies dos pinos de mancal. tos de carvão mais densos ficarão ainda rema-
(3) As pistas dos rolamentos de escora axial. nescentes em muitas superfícies internas. Para a
Se existir corrosão em qualquer das su- remoção destes depósitos mais aderentes, deixa-
perfícies mencionadas que não possam ser re- se a peça de molho em um tanque contendo uma
movidas por polimento ou outro meio abrasivo, solução descarbonizante bem aquecida.
a peça normalmente é rejeitada. Uma grande variedade de agentes des-
Fixadores rosqueados, ou conectores, carbonizantes comerciais estão disponíveis.
devem ser inspecionados quanto ao estado das Descarbonizantes, como as soluções desengra-
roscas. Roscas mutiladas não podem ser tolera- xantes previamente mencionadas, são geralmen-
das; a peça deve ser rejeitada, embora pequenos te de duas categorias: as solúveis em água e as

10-4
de hidrocarbonetos. As mesmas precauções, que cando e removendo qualquer partícula de carvão
dizem respeito ao uso da solução desengraxante por jato de ar, e aplicando uma camada de óleo
solúvel em água, são aplicáveis aos descarboni- protetor.
zantes solúveis. Extremos cuidados devem ser
tomados ao se utilizar soluções descarbonizan- Reparo e Substituições
tes em magnésio fundido.
Evita-se a imersão simultânea de peças Danos tais como: mossas, arranhões,
de magnésio e aço no mesmo tanque de descar- rebarbas, sulcos, etc., podem ser removidos por
bonização, porque esta prática frequentemente meio de diversos materiais abrasivos. Seguindo
resultará em danos às peças de magnésio por a alguns reparos desse tipo, a peça deve ser lim-
corrosão. pa cuidadosamente, de modo que todo esse ma-
A descarbonização normalmente ainda terial abrasivo seja removido. A seguir, monta-
manterá uma boa parte de depósitos de carvão se as peças casadas, verificando se as folgas não
após o desengraxamento; entretanto a remoção foram muito alteradas.
completa requererá escovamento, raspagem ou Superfícies flangeadas, empenadas, de-
lixamento. Em todas essas operações, toma-se formadas ou entalhadas com mossas podem ser
cuidado para evitar danos em superfícies usina- reparadas, lapidando-as numa superfície plana.
das; principalmente com o manuseio de escova Novamente a peça deve ser limpa para que se
de aço e raspadeiras metálicas, que nunca de- tenha certeza de que todo o material abrasivo
vem ser usadas em buchas ou superfícies de fora removido.
contato. Nas operações de jateamento de peças, Roscados defeituosos, algumas vezes, po-
segue-se as recomendações do fabricante quanto dem ser reparados por uma leve passagem de
ao tipo de material abrasivo a ser utilizado, tais uma tarracha ou macho para rosca, conforme o
como: areia, arroz, trigo, pelotinhas de plástico, caso.
e etc., que são exemplos de materiais abrasivos Pequenas depressões podem ser removi-
usados nas operações de jateamento de peças. das satisfatoriamente com limas ou pedras abra-
Todas as superfícies usinadas devem ser sivas.
isoladas adequadamente; e todas as aberturas Tubos rosqueados não devem ser limpos
vedadas antes do jateamento. Exceção a isto são com machos para rosca; esta prática poderia
as sedes das válvulas que devem ser deixadas resultar num furo rosqueado com sobre-medida.
desprotegidas, quando for feito o jateamento da Se arranhões ou sulcos forem removidos
câmara de combustão da cabeça do cilindro. da superfície de uma bucha, ela deverá receber
É sempre vantajoso jatear as sedes das um acabamento com discos de couro.
válvulas, uma vez que este processo corta a vi- Geralmente peças não soldadas devem
trificação, que tende a se formar (par- ser usadas no lugar de peças soldadas, e muitas
ticularmente nas sedes das válvulas de escapa- vezes com fadiga avançada.
mento), facilitando o subsequente recondicio- Peças soldadas podem ser usadas desde
namento das sedes das válvulas. As canaletas que o reparo soldado não afete a aeronavegabi-
dos anéis de segmento dos pistões podem ser lidade do motor. Uma peça pode ser soldada
jateadas, contudo, extremo cuidado deve ser quando:
tomado para evitar remoção de metal das partes (1) A solda é de localização externa e poderá
inferior e lateral. ser inspecionada facilmente;
Passagens de óleo nos cárteres ou em
outras peças devem ser tapadas com tampões de (2) A peça tenha sido rachada ou quebrada por
borracha ou plástico durante o jateamento, a fim esforços não usuais, encontrados na opera-
de proteger contra a infiltração de objetos estra- ção normal;
nhos. A solução descarbonizante geralmente
remove a maior parte dos vernizes das superfí- (3) Uma peça nova de um modelo obsoleto de
cies externas; o verniz residual deverá ser remo- motor não é encontrada;
vido por jateamento, particularmente entre as
cavidades das aletas de refrigeração dos cilin- (4) A experiência do soldador e o equipamento
dros. usado poderão assegurar uma solda de pri-
Concluindo a operação de limpeza, en- meira qualidade, assim como a restauração
xagua-se as peças em solvente de petróleo, se- do tratamento térmico original das peças.

10-5
Peças menores, não sujeitas a altas soli- a qual e peça deve ser imersa pelo menos 45
citações mecânicas, podem ser seguramente minutos numa solução de dicromato quente (¾
reparadas com o processo de soldagem. Peque- de libra de dicromato de sódio para um galão de
nos suportes, fechos de capotas, aletas de cilin- água de 180 a 200 ºF), então a peça deve ser
dros, tampas de caixas de balancins e várias lavada em água fria corrente e mergulhada em
outras peças originalmente soldadas estão nesta água quente para depois secar. Logo após, a
categoria. peça deverá ser pintada com tinta de base e es-
As peças soldadas devem passar por um malte para motor, da mesma forma como indi-
processo de normalização de tensões após a cado para peças de alumínio.
soldagem; entretanto, antes de soldar uma peça Todos os parafusos, estojos, fixadores, e
do motor, verifica-se no manual do fabricante as etc. que estejam empenados, quebrados ou frou-
instruções de aplicabilidade dos reparos solda- xos devem ser trocados. Após a remoção de um
dos. prisioneiro (estojo), o furo roscado é examinado
Peças que requerem o uso de pintura quanto as condições gerais da rosca e do próprio
para proteção ou aparência devem ser repintadas furo. Se for necessário um retrabalhamento no
de acordo com as recomendações do fabricante. furo roscado, também será necessário o uso de
A título de exemplo, alguns procedimentos, prisioneiros com sobre-medida. Prisioneiros
como as peças de liga de alumínio, deverão ter a quebrados, faceados com a carcaça, devem ser
superfície exterior original exposta e polida li- removidos com extratos especiais, tomando-se o
geiramente para proporcionar uma base própria cuidado para não danificar a rosca. Durante a
para pintura. troca de prisioneiros, as roscas dos mesmos são
Nota-se que as superfícies a serem pin- borrifadas com um composto antigripante.
tadas devem estar completamente limpas. Cui-
dados devem ser tomados para se evitar pinturas RECONDICIONAMENTO DO CONJUNTO
em partes de encaixe. Partes externas de peças DO CILINDRO
de alumínio devem receber, inicialmente, uma
camada fina de tinta de base (cromato de zinco). O conjunto do cilindro e pistão é inspe-
Cada camada deve secar 2 (duas) horas em ar cionado de acordo com os procedimentos conti-
seco ou numa estufa a 177 ºC (350 ºF) por meia dos no manual do fabricante do motor, cartas,
hora. Após a secagem da tinta de base, a peça tabelas e boletins.
deve ser pintada com tinta esmaltada para mo- Um procedimento geral para inspeção e
tor, a qual deve secar numa estufa a 82 ºC (180 recondicionamento de cilindros será discutido
ºF) por uma hora. nas seções seguintes, – para proporcionar enten-
Partes de alumínio, onde a tinta não te- dimento das operações envolvidas.
nha sido removida, podem ser pintadas sem o
uso de tinta de base, desde que não haja partes Cabeça do cilindro
expostas.
Peças que necessitam de um acabamento Inspeciona-se a cabeça do cilindro quan-
negro lustroso devem receber uma camada de to a rachaduras internas e externas; e os depósi-
base de cromato de zinco, e então uma pintura tos de carvão e tinta devem ser removidos. Ra-
brilhosa de esmalte negro. Cada camada deve chaduras exteriores aparecerão nas aletas de
secar em estufa por 1 ½ hora a 177 ºC (350 ºF). refrigeração, onde houver danificações causadas
Se uma estufa não estiver disponível, a secagem por ferramentas ou por contato com outras pe-
poderá ser conseguida com ar seco, entretanto o ças, por falta de manuseio cuidadoso.
acabamento será de qualidade inferior. Rachaduras próximas das bordas das
Toda a aplicação de tinta, acima descrita, aletas de refrigeração não são danosas desde que
deverá ser realizada através do processo de bor- as partes danificadas tenham sido removidas, e
rifamento; entretanto, se o uso do pincel é ne- um retrabalhamento de contornos tenha sido
cessário, evita-se pontos com acúmulo de tinta. realizado com sucesso. Rachaduras na base das
As peças de magnésio devem ser limpas com aletas implicam em rejeição do cilindro. Tam-
dicromato antes da pintura. Este tratamento con- bém podem aparecer rachaduras nas caixas dos
siste na limpeza de todos os traços de graxa e balancins.
óleo da peça, usando-se um desengraxante neu- Rachaduras interiores quase sempre apa-
tro não corrosivo seguido de uma lavagem, após recem nas sedes das válvulas, ou nas buchas das

10-6
velas (adaptadores) de ignição, estendendo-se dos desgastes máximos permitidos às guias de
completamente de um lado para o outro naque- válvulas. Este calibre não deve entrar na guia de
les pontos. válvula, seja qualquer uma das extremidades.
Essas rachaduras são usualmente causa- Não se confunde este calibre com o calibre pas-
das pela instalação imprópria das sedes ou bu- sa-não-passa, usado para controle de guias no-
chas. Usa-se uma luz forte para inspecionar as vas após o mandrilhamento.
rachaduras (fissuras, etc.), investigando qual- Inspecionar os anéis das guias de válvula
quer área suspeita; inclusive com a ajuda de antes da retífica é mais uma maneira de deter-
lentes (lupas) ou até microscópio. Rachaduras minar e corrigir qualquer picado, queimadura,
em cabeça de cilindro de liga de alumínio ge- arranhões ou outras falhas; assim como inspe-
ralmente apresentam um serrilhado devido a cionar as buchas de adaptação das velas quanto
natureza granular do metal. – É importante não ao estado da rosca e a sua fixação; além de pas-
confundir as marcas de fundição ou escamas sar um parafuso de teste com as mesmas dimen-
com rachaduras. Um dos melhores métodos de sões, através do furo da bucha da vela.
confirmação é usar o processo de inspeção por Frequentemente, a rosca interna da bu-
líquidos penetrantes (zyglo). Qualquer rachadu- cha apresenta queimaduras. Se mais do que um
ra na cabeça do cilindro, exceto àquelas nas filete de rosca está faltando, a bucha deverá ser
aletas de refrigeração que podem ser reparadas, rejeitada. Um plug é instalado no furo roscado
é razão para rejeição do cilindro. e a fixação da bucha é verificada. Inspeciona-se
Inspeciona-se as aletas da cabeça do a base do eixo oscilante quanto a escórias, ra-
cilindro quanto a rachaduras laterais. Mossas chaduras, sobre-medidas ou ovalizações.
nas aletas podem ficar, se não houver rachadu- Os arranhões geralmente são causados
ras. Onde estiver faltando pedaços das aletas, devido ao movimento do eixo oscilante dentro
usina-se suavemente refazendo os contornos das do alojamento do mancal por excesso de folga,
bordas. A concentração de aletas quebradas nu- caso contrário o balancim estaria muito apertado
ma determinada área irá causar falhas sérias, no eixo.
devido a pontos quentes locais. Aletas quebra- Verifica-se o flange do cilindro quanto a
das próximo a bucha de adaptação da vela, ou perda de metalização, colocando o mesmo em
no lado de exaustão do cilindro, é obviamente um gabarito; e, também, verifica-se se o conta-
mais danoso do que em outras áreas. to entre o flange e o gabarito ocorre em toda a
Quando removendo ou retrabalhando periferia do flange. A magnitude da perda de
uma aleta de cilindro, as instruções e os limites material, caso exista, poderá ser testada usando-
do manual do fabricante são seguidos. se um calibre de espessura. Um cilindro, cujo
Todos os prisioneiros (estojos) da cabeça flange tenha um desgaste de metalização, deverá
do cilindro são inspecionados quanto a fixação, ser rejeitado.
alinhamento, danos nas roscas e o próprio com-
primento. Ligeiros danos podem ser corrigidos Cilindros
com uma tarracha adequada. Os comprimentos
dos prisioneiros devem ser corrigidos dentro de O cilindro é inspecionado quanto a des-
± 1/32 (0,03125 de polegada) para permitir a gaste, usando um relógio comparador e um mi-
instalação própria das porcas de trava ou de ou- crômetro interno. Na inspeção dimensional dos
tro dispositivo de segurança. cilindros, verifica-se o seguinte:
As guias das válvulas devem estar lim-
pas antes da inspeção, pois frequentemente resí- (1) Conicidade máxima das paredes do cilindro
duos de carvão penetram nas depressões de suas (2) Máxima ovalização
guias. Se uma guia de válvula, nestas condições, (3) Diâmetro interno
é recolocada em serviço, a crosta de carvão de-
(4) Degrau (rebaixo)
positada resultará em prendimento da válvula.
Acúmulos laterais de carvão, arranhões e áreas (5) Ajuste entre o pistão e cilindro
queimadas por dentro das guias de válvula; as-
sim como desgaste e fixação devem ser minu- Todas as dimensões envolvendo o diâ-
ciosamente inspecionados. metro do cilindro devem ser feitas no mínimo
A maioria dos fabricantes de motores em duas posições, no mesmo plano, a 90 º entre
fornece gabaritos (calibres) para a verificação elas.

10-7
Poderá ser necessário efetuar mais de
duas medições para determinar o desgaste má-
ximo. O uso do relógio comparador para verifi-
cação do furo do cilindro é mostrado na figura
10-1. A conicidade das paredes do cilindro é a
diferença entre os diâmetros do fundo e do topo
do cilindro.
O diâmetro do cilindro é geralmente
maior no topo do que no fundo.

Figura 10-2 Ressalto ou degrau formado em


um cilindro de motor.

Figura 10-1 Verificação do diâmetro do cilin- Um rebaixo (degrau), figura 10-2, é for-
dro. mado no cilindro pelo desgaste causado pelos
anéis do segmento. O maior desgaste ocorre no
A conicidade é causada pelo desgaste topo do limite de curso do anel (ponto morto
natural nos impactos gerados pela combustão, a alto do pistão). Este poderá causar danos ao
parte superior do pistão é submetida a elevação pistão e aos anéis.
de temperatura, de pressão e a uma atmosfera Caso tais rebaixos excedam as tolerâncias,
erosiva, maior do que na parte inferior, além de deverão ser removidos pela retificação do cilin-
maior liberdade de movimento na parte superi- dro ou pela raspagem manual, a fim de quebrar
or. os cantos vivos.
Sob estas condições é que o pistão des- Um rebaixo também poderá ser encontra-
gastará as paredes do cilindro. Na maioria dos do onde o anel inferior do pistão alcança o seu
casos, a conicidade provoca um rebaixo (de- curso inferior do cilindro (ponto morto baixo).
grau) na parede do cilindro (ver Figura 10-2), o Esse rebaixo raramente ultrapassa os limites de
qual deve desaparecer no recondicionamento. desgaste; todavia, deverá ser verificado e avali-
Quando os cilindros são construídos com ado.
uma conicidade intencional, a medição da coni-
cidade se torna mais complicada.
É necessário saber, exatamente, em que
ponto as dimensões indicam desgaste ou conici-
dade de fabricação.
A conicidade pode ser medida em qual-
quer cilindro, por meio de um relógio compara-
dor, desde que não haja um rebaixo (degrau)
definido. O relógio tende a saltar no rebaixo,
causando leituras imprecisas.
A medição quanto a ovalização é nor-
malmente tomada no topo do cilindro, embora
uma leitura também deva ser feita na camisa do
cilindro para detectar mossas ou arranhões, cau-
sadas por falta de cuidado no manuseio ou mon- Figura 10-3 Método de verificação da distorção
tagem. do flange do cilindro.

10-8
Inspeciona-se as paredes dos cilindros Arranhões e mossas superficiais nas vál-
quanto a arranhões, ponto de corrosão, etc. Pe- vulas podem indicar rachaduras, devendo ser
quenos defeitos dessa natureza podem ser re- inspecionadas usando-se o método de partículas
movidos quando os anéis são lapidados. Com magnéticas ou líquidos penetrantes.
danificações mais extensas, o cilindro deve ser As áreas críticas das válvulas inclui a face
retificado ou mandrilhado; e se os danos forem e a ponta, ambas devem ser examinadas quanto
de muita profundidade o cilindro deve ser rejei- a desgastes excessivos. Se um micrômetro for
tado. Normalmente o fabricante tem um serviço usado para verificação de alongamentos, serão
de troca para cilindros danificados. encontrados diâmetros menores na haste junto
ao gargalo da válvula. O diâmetro da haste da
Válvulas e molas de válvulas válvula é medido, verificando a folga entre a
guia e a haste.
Removendo as válvulas da cabeça do Pequenos picados nas sedes das válvulas
cilindro, remove-se, também, os depósitos de saem normalmente com o esmerilhamento das
carvão. As válvulas são examinadas visualmen- faces. Inspeciona-se as válvulas quanto a alon-
te quanto a danos físicos, ou danos causados por gamentos e desgastes, usando um micrômetro
queimaduras ou corrosão. ou um gabarito de verificação de raios para vál-
Não se reutiliza válvulas que apresentem vulas (figura 10-5).
danificações dessa natureza. A face da válvula é
verificada quanto a empenos e excentricidade
(figura 10-4).
A espessura da cabeça da válvula é me-
dida. Se a espessura for inferior ao limite espe-
cificado pelo fabricante, a mesma não deverá
ser reutilizada.
A espessura da borda da cabeça poderá
ser medida com suficiente precisão, usando-se
um relógio comparador e uma placa de superfí-
cie plana.
Através de uma lente, examina-se a haste e a
ponta da haste da válvula, a fim de detectar ra-
chaduras, mossas ou outras falhas. Tais tipos de
danos enfraquecem a válvula, tornando-a vulne-
rável a falhas mais sérias. Figura 10-5 Verificação da dilatação da válvula
com um calibre do fabricante.

As molas das válvulas são examinadas


quanto a rachaduras, corrosão, extremidades
partidas faltando pedaços e a sua tensão. Racha-
duras podem ser identificadas visualmente ou
pelo método de partículas magnéticas. A tensão
da mola é verificada num aparelho próprio para
isto.
A mola é comprimida até a altura total
especificada pelo fabricante. O mostrador do
teste deve indicar (em libras) a força necessária
para comprimir a mola até a altura especificada
pelo fabricante. A tensão indicada deve estar
dentro dos limites especificados pelo fabricante.

Balancins e eixos
Figura 10-4 Válvula mostrando os locais de
verificação de empeno e de espes- Deve-se inspecionar os balancins das
sura da borda. válvulas quanto a rachaduras, desgastes, corro-

10-9
são ou arranhões nas pontas; assim como verifi- Pistão e pino dos pistões
car se as passagens de óleo estão desobstruídas.
Os eixos são inspecionados quanto as Os pistões são inspecionados quanto a
corretas dimensões com um micrômetro. rachaduras. Para facilitar, o pistão é aquecido
Os eixos dos balancins frequentemente cuidadosamente com um maçarico. Se houver
são encontrados arranhados e até queimados, – alguma falha (fissura, etc.), o calor irá expandi-
devido ao giro excessivo na cabeça do cilindro. la e o óleo residual irá aflorar, a medida em que
Também pode haver transferência de metal so- o pistão for limpo.
bre o eixo (bronze das buchas dos balancins) As rachaduras se iniciam mais facilmen-
para os eixos de aço. te nos pontos de maiores solicitações, por isso a
Geralmente isto é causado por supera- base de fixação dos pinos, dentro dos pistões
quecimento ou ajuste muito forte entre a bucha junto as paredes, cabeça e dentro das canaletas
e o eixo do balancim; por isso as buchas dos dos anéis de segmento, parte superior e inferior,
balancins devem estar corretas quanto as medi- são inspecionadas cuidadosamente.
das. Quando aplicável, verifica-se a planici-
Frequentemente as buchas são arranha- dade da cabeça do pistão usando uma placa pla-
das durante a desmontagem, portanto os furos na e um calibre de espessura (figura 10-6).
de passagem de óleo devem estar alinhados. Se alguma deformação (depressão) for
Nos motores que usam rolamentos nos balan- encontrada, a inspeção interna do pistão é refei-
cins, ao invés de bucha, verifica-se se a pista ta.
externa não está girando no suporte do mancal; Uma depressão na cabeça do pistão indi-
inspecionando as condições gerais de funciona- ca que ocorreram detonações dentro do cilindro.
mento dos rolamentos. É preciso inspecionar a parte externa do
Ovalizações são geralmente causadas pistão quanto a arranhões, riscos e etc. Arra-
por válvula presa. nhões na canaleta do anel superior não são cau-
Se uma válvula prende, o eixo oscilante sa para rejeição, a menos que elas tenham pro-
tende a se movimentar para cima e para baixo. fundidade excessiva, já arranhões profundos na
Inspeciona-se quanto a ovalizações e sobre- parte lateral externa dos pistões são, usualmen-
medida usando um relógio e um micrômetro. te, causas para a sua rejeição.

Figura 10-6 Verificação de um pistão quanto à planicidade

. Examina-se a saia do pistão quanto as canale- las, relacionadas ao pino durante a operação do
tas dos anéis quebrados, amassados e arranhões motor. Os diâmetros desses pistões medem vá-
ou danos no furo do pino do pistão.A parte ex- rios milésimos de polegadas a mais no ângulo
terna do pistão é medida com um micrômetro do furo do pino, do que paralelamente ao orifí-
As medições devem ser tomadas em várias dire- cio do pino.
ções; na saia e na área dos anéis de segmento as Examina-se as canaletas dos anéis quanto
medidas são comparadas com as originais do a evidência de degraus; se houver a canaleta
pistão. deverá ser usinada para uma sobre-medida.
Vários motores usam "Can Ground Pis- Usa-se um anel de segmento padrão,
ton" para compensar maiores expansões parale- verificando a folga lateral com um calibre de

10-10
lâminas, e assim determinando se as canaletas para as válvulas de exaustão, pois são construí-
dos anéis precisam ser usinadas para uma sobre- das de liga de aço austenítico de alta resistência
medida. ao calor.
Geralmente a sobre-medida das canale- Sedes de bronze são usadas nas válvulas
tas não deve ultrapassar de 0,020 de polegada de admissão ou em ambas as válvulas; elas são
acima de medida normal. fabricadas de ligas de bronze alumínio ou bron-
O pino do pistão deve ser examinado ze fosforoso.
quanto a arranhões, rachaduras, desgaste exces- As sedes de aço são refaceadas pelo pro-
sivo e corrosão. cesso de esmerilhamento, já as sedes de bronze
Verifica-se a folga entre o pino do pis- são refaceadas preferivelmente pelo desgaste ou
tão e o furo torneado do suporte do mancal, u- escareamento.
sando um relógio comparador e um micrômetro. A desvantagem de se usar uma pedra de
O método de partículas magnéticas é usado para esmeril no desbaste de bronze é que o metal se
inspecionar o pino quanto a rachaduras. adere a pedra, necessitando de freqüentes retífi-
cas da pedra para mantê-la limpa.
Os equipamentos usados para esmerilhar
as sedes de aço podem trabalhar a seco ou mo-
lhado (com ou sem refrigeração).
O esmerilhamento refrigerado usa uma
mistura de óleo solúvel em água, que expulsa as
limalhas e, ao mesmo tempo, mantém a pedra e
a sede frias, promovendo um acabamento mais
fino do que o esmerilhamento a seco (sem refri-
geração).
A pedra pode ser de carbonato de silício
ou óxido de alumínio.
Antes de refacear a sede, observa-se se a
guia da válvula está em boas condições, não
precisando ser substituída.
O cilindro é mantido firmemente num
dispositivo de fixação.
Figura 10-7 Verificação do pino do pistão
quanto à espessura.

Considerando que os pinos dos pistões


são frequentemente endurecidos, fissuras irão
aparecer mais por dentro do que por fora.
Os pinos são observados quanto a empe-
nos (Figura 10-7), usando blocos padrões em
"V" e um relógio comparador sobre um bloco
padrão paralelo.

Retífica das sedes das válvulas

As sedes das válvulas dos cilindros dos


motores de avião normalmente necessitam de
um refaceamento a cada revisão geral do motor. Figura 10-8 Equipamento de esmerilhamento
Esse refaceamento garante o correto assenta- da sede das válvulas.
mento da válvula.
Quando as guias ou sedes das válvulas As três qualidades de pedra disponíveis
são trocadas, deve haver um perfeito alinhamen- no mercado são assim classificadas: áspera, fina
to entre elas. e de polimento.
Motores mais modernos usam sedes de A pedra áspera é designada para a lim-
bronze ou de aço. Sedes de aço são mais usadas peza inicial da sede; a pedra fina deve ser usada

10-11
para remoção das marcas de esmerilhamento Uma pressão excessiva sobre a pedra
grosso inicial, produzindo um acabamento fino. poderá afundar ligeiramente.
A pedra para polimento faz quase a mesma coi- Não é recomendado deixar a pedra de
sa, e é usada somente quando um alto padrão de esmeril em baixa velocidade, com pressão sobre
polimento da sede é desejado. As pedras são a mesma, durante a partida ou parada do canhão
instaladas num dispositivo especial para fixação (chicote). A pressão máxima recomendada so-
das mesmas. bre a pedra deverá ser a do próprio peso do ca-
As faces das pedras de esmeril podem nhão.
ser retificadas com diamante. A pedra deve ser Uma outra prática que é considerada boa
refaceada sempre que apresentar ranhuras e so- para o esmerilhamento é o alívio da ferramenta
brecarga; e quando a pedra for instalada a pri- (pedra) a cada segundo, ou manter uma lavagem
meira vez no suporte de fixação. O diamante de refrigerante, diretamente nas limalhas da sede.
retificação da pedra deve ser usado no sentido Isto regulariza a ação de esmerilhamento, man-
de cortar seu diâmetro. tendo a pedra na pressão e velocidade corretas.
Esta retífica da pedra deverá ser mantida Uma vez que a sede sai com facilidade,
a um mínimo, como uma maneira de conserva- remove-se pouco material durante o esmerilha-
ção, desta forma ela é projetada para ter sufici- mento.Deve-se evitar o esmerilhamento desne-
entes suportes de fixação para todas as pedras a cessário.
serem usadas nos serviços. A pedra mais áspera é usada até que ha-
Nos atuais serviços de esmerilhação é ja um alinhamento verdadeiro entre a guia e a
preciso habilidade no manuseio do canhão da sede da válvula, até que todas as pintinhas (pi-
ferramenta, que deve ser centrado precisamente cados), arranhões, raias ou partes queimadas
no suporte da pedra. (Figura 10-9) tenham sido removidas. pós o
Se o canhão é fixado fora do centro, a refaceamento a sede deve estar sem rugosidade
vibração da pedra irá resultar em um esmeri- e sem aspereza.
lhamento áspero. A pedra fina é usada somente até ficar
É muito importante que a pedra gire nu- polida.
ma velocidade que irá permitir um polimento Extremo cuidado deve ser tomado quan-
estável. Esta velocidade é de aproximadamente do esmerilhando com pedra fina para evitar tre-
8.000 a 10.000 r.p.m. pidação, rangido, etc.

Figura 10-9 Esmerilhamento da sede das válvulas.

As medidas e exatidão da sede podem A verificação do assentamento da sede é


ser verificadas por vários métodos. O contorno feita com um borrifamento de azul da Prússia
da sede é verificado com um indicador especial sobre toda a sede. A mancha azul transferida
de dial, e não deve exceder de 0,002 de polega- para a válvula irá indicar o contato da superfí-
da. cie. Esta superfície deve ser de 1/3 a 2/3 de lar-
A medida da sede pode ser determinada gura da face da válvula, e na metade da face.
usando-se o azul da Prússia. Em alguns casos, um calibre passa-não-passa é

10-12
usado no lugar da válvula, quando se faz a veri- pedra com um ângulo de 30º e 75º num ângulo
ficação com o azul da Prússia. Se o azul da da sede de 45º (figura 10-13).
Prússia não é usado, a mesma verificação pode Se a sede da válvula tiver sido cortada
muito no fundo, ela irá contatar muito distante
rá ser feita lapidando-se a válvula ligeiramente do topo dentro da cabeça do cilindro, e a folga
na sede. da válvula, a tensão da mola e o assentamento
Exemplos de resultados de testes são mos- serão afetados.
trados na figura 10-10. Se a sede contata a terça Para a verificação da altura da válvula,
parte superior da face da válvula, esmerilha-se o basta inseri-la na guia, e mantê-la de encontro a
canto superior dela, como mostrado na figura sede. Verifica-se a altura da haste da válvula, o
10-11. balancim ou outra posição fixa.
Antes de refacear a sede da válvula, con-
sulta-se o manual de revisão do motor. Cada
fabricante especifica o ângulo exato para o es-
merilhamento e o estreitamento da sede da vál-
vula.

Figura 10-10 Conjunto de válvula e sede.

Figura 10-13 Ângulos da sede da válvula.


Figura 10-11 Esmerilhamento do topo da super-
Recondicionamento da válvula
fície da sede da válvula.
Uma das mais comuns tarefas durante a
revisão completa do motor está no recondicio-
namento das válvulas. O equipamento usado
deve ser preferivelmente bem provido de jatea-
mento com água.
Com este tipo de máquina, uma mistura
de óleo solúvel em água é usada para manter a
válvula refrigerada, e retirar as limalhas libera-
das no processo de esmerilhamento.
Alguns pontos devem ser seguidos ou
Figura 10-12 Esmerilhamento do canto interno verificados antes de se iniciar um esmerilha-
da sede da válvula. mento, como retificar a pedra de esmeril (rebo-
lo) com uma ponta de diamante.
Ás vezes este esmerilhamento é chama- A máquina é colocada em funcionamen-
do de retificação estreita (narrowing grinding), to e o diamante é penetrado através da pedra,
permitindo que a sede contate a terça parte cen- cortando (faceando) somente a profundidade
tral da face da válvula, sem tocar na porção su- necessária para a correta limpeza e precisão da
perior. Se a sede contata um terço do fundo da pedra. Determina-se o ângulo da face da válvula
válvula, o canto interior dela é esmerilhado, como sendo a base, ajustando a cabeça móvel da
figura 10-12. máquina para corresponder a este ângulo de
A sede é rebaixada por uma pedra que válvula.
não seja do ângulo padrão. É prática comum o Geralmente, as válvulas possuem um
uso de uma pedra com um ângulo de 15º e 45º, ângulo de base padrão de 30º ou 45º. Entretanto,
num ângulo da sede da válvula de 30º, e uma em alguns casos, um ajuste de interferência de

10-13
0,5 ou 1,5º, menor do que o ângulo padrão, pode Há vários tipos de esmerilhadoras de
vir como base de face de válvula. O ajuste de válvulas. Num tipo, a pedra se move através da
interferência (figura 10-14) é usado para obter face da válvula; num outro, a válvula é movida
uma maior vedação positiva, por meio de um através da pedra.
estreito contato de superfície. Teoricamente, há Qualquer tipo que seja usado, os seguin-
uma linha de contato entre a válvula e a sede. tes procedimentos são típicos para todos, quan-
Dentro dessa linha, todas as cargas que a válvu- do refaceando uma válvula.
la exerce contra a sede são concentradas numa Verifica-se o curso da face da válvula
pequeníssima área, desta forma aumentando a através da pedra. A válvula deve passar comple-
unidade de carga em qualquer ponto considera- tamente na pedra em ambos os lados, e ainda
do. com o cuidado de não passar tão perto da haste
para não esmerilhá-la.
Há máquinas que possuem batentes, os
quais podem ser ajustados para controlar este
curso.
Com a válvula ajustada corretamente na
posição, gira-se a máquina e o fluido de esmeri-
lhamento, de modo que ele borrife a área de
trabalho sobre a face da válvula.
Retorna-se a roda do esmeril para fora da
Figura 10-14 Interferência adequada da válvula
área de trabalho, posicionando a válvula direta-
e sua sede.
mente na frente da pedra. Lentamente deve-se
trazer a roda para frente, até que um ligeiro pas-
O ajuste de interferência é especialmente
se tenha sido realizado na válvula.
benéfico nas primeiras horas de operação, –
A intensidade do esmerilhamento é me-
após uma revisão completa do motor.
dida mais pelo som do que por qualquer outra
A vedação positiva reduz a possibilidade
coisa.
de queima da válvula ou da sede. Após as pri-
Lentamente retorna-se, avançando a vál-
meiras horas de funcionamento, estes ângulos
vula sobre a pedra sem aumentar o corte. Move-
tendem a acamar e ficar idênticos. Observa-se
se a mesa da plataforma de volta, usando toda a
que o ângulo de interferência está na base da
face da pedra.
válvula, não na sede. É fácil de mudar o ângulo
Quando o som do esmerilhamento dimi-
da válvula esmerilhando a cabeça de trabalho,
nui, indica que algum material da válvula foi
do que a mudança do ângulo da sede com a pe-
removido, então se move a mesa da plataforma
dra de esmeril (rebolo). Não se usa ajuste de
para a extrema esquerda, parando a rotação da
interferência, a menos que aprovado pelo fabri-
válvula.
cante.
Inspeciona-se a válvula para determinar
A válvula é instalada no mandril (figura
se um novo esmerilhamento é necessário. Se
10-15), e este ajustado de modo que a face da
precisar fazer um novo corte, a válvula é levada
válvula fique a aproximadamente 2 polegadas
para frente da pedra.
distante do mandril. Se a válvula estiver mal
Não se aumenta o corte sem ter a válvula dire-
instalada no mandril, poderá causar empenos e
tamente na frente da pedra.
esmerilhamentos da guia da válvula.
Uma precaução importante no esmeri-
lhamento de válvulas, como em qualquer tipo de
esmerilhamento, é fazer ligeiros passes de cada
vez.
Cortes fortes causam marcas, que podem
tornar a sede da válvula tosca e inacabada, de
modo que, às vezes, não se consegue um aca-
bamento fino.
Após o esmerilhamento, verifica-se a
margem da válvula para se estar seguro de que
Figura 10-15 Válvula instalada na máquina de os bordos da válvula não tenham sido muito
esmerilhamento. afinados, com pouca parede.

10-14
Borda muito fina é chamada "borda de O esmerilhamento da ponta da válvula
pena", podendo levar a uma pré-ignição. pode remover ou, parcialmente remover, o
A borda da válvula poderia queimar, e chanfro da borda da válvula.
em pouco tempo o cilindro necessitaria de uma Para restaurar este chanfro, ajusta-se um
revisão geral. ângulo de aproximadamente 45º, com a pedra e
A figura 10-16 mostra uma válvula com com a válvula presa num bloco em forma de "v"
uma margem normal e outra com borda muito de oficina, e, usando-se as mãos, gira-se a ponta
fina, em forma de "borda de pena" ou cunha. da válvula sobre a pedra, esmerilhando com
A ponta da haste da válvula pode ser refaceada ligeiros toques toda a borda da ponta. Este chan-
durante o esmerilhamento. A ponta da haste fro evita arranhaduras da guia da válvula, quan-
deve ser refaceada para remover a concavidade do esta é instalada.
que se forma, ou algum desgaste, e também para
o ajuste da folga em alguns motores. Lapidação de válvulas e teste de vazamento

Após o teste do processo de esmerilha-


mento, algumas vezes é necessário que a sede
da válvula seja lapidada. Isto é feito aplicando-
se uma pequena camada de composto de lapida-
ção na face da válvula, inserindo-a na guia, e
girando com a ferramenta de lapidação até que
apareça um anel cinza aveludado na área de
contato. A aparência correta dessa lapidação da
válvula está sendo mostrada na figura 10-18.

Figura 10-16 Válvulas de motor mostrando a


margem normal e um bordo em
cunha. Figura 10-18 Uma válvula corretamente lapi-
dada.
A válvula deve ser presa numa Após o processo de lapidação ter termi-
braçadeira (figura 10-17), com a ponta da haste nado, limpa-se todo o resíduo da face da sede da
de topo com a pedra de esmeril. válvula e das áreas adjacentes.
Com a máquina e a refrigeração ligada, a A etapa final é a checagem do assenta-
válvula é encostada ligeiramente de encontro mento das superfícies para se fazer o teste de
com a pedra. Não se faz jogo lateral nem com a vazamento de selagem adequado.Isto é feito
válvula nem com a pedra. instalando-se a válvula no cilindro, segurando-a
Devido a tendência da válvula aquecer pela haste com os dedos e, ao mesmo tempo,
durante o esmerilhamento, deve-se estar seguro colocando-se um pouco de querosene ou solven-
de que o fluido jateia plenamente a ponta da te através da cabeça da válvula. A pressão com
válvula. os dedos na válvula ajuda a verificar se o fluido
está vazando para dentro da câmara de combus-
tão. Se não há vazamento, o trabalho de reassen-
tamento da válvula está terminado. Se houver
vazamento, continua-se o trabalho de lapidação
da sede.
Qualquer superfície de face de válvula
que aparente as várias figuras ilustradas na figu-
ra 10-19 é correta. Entretanto, indicações incor-
retas são de avaliações impróprias nos diagnós-
ticos do esmerilhamento da válvula e da sede.
Figura 10-17 Esmerilhamento de uma válvula Indicações incorretas, suas causas e remédios
típica. são mostrados na figura 10-19

10-15
Figura 10-19 Válvulas lapidadas incorretamente.

Reparo dos pistões ser reduzido facilmente, porém soldagem e me-


talização não são permitidas.
Reparo nos pistões não são tão necessá- Se as canaletas dos anéis estão desgasta-
rios como, frequentemente, são nos cilindros; das ou com degraus, terão que ser usinadas para
uma vez que os maiores desgastes estão entre os uma sobremedida, de modo que possam acomo-
anéis e a parede do cilindro, haste e guia de vál- dar anéis mais largos de sobremedida, mantendo
vula e ainda face de válvula e sua sede. Um me- a folga correta.
nor desgaste é encontrado entre a saia do pistão Após a usinagem, observa-se se os pe-
(êmbolo) e o cilindro, anéis e canaletas dos a- quenos raios em torno das canaletas dos anéis
néis de segmento, ou pino de pistão e alojamen- foram restabelecidos.
to. O reparo mais comum será a remoção das Quando os anéis são removidos, racha-
ranhuras (marcas). Normalmente, podem ser duras ou quebras podem ocorrer devido a fadiga
removidas somente na saia do pistão, quando ou tensões localizadas.
estas são pouco profundas. Canaletas de anéis de sobremedida são
Ranhuras acima da canaleta do anel su- usualmente de 0,005, 0,010 ou 0,020 de polega-
perior podem ser usinadas ou jateadas ao longo da. Medidas maiores poderiam enfraquecer a
do diâmetro, desde que o diâmetro do pistão não base de apoio dos anéis dentro das canaletas.
fique reduzido abaixo dos mínimos especifica- Alguns fabricantes vendem pinos de pistão com
dos. 0,005 de sobremedida.
Para remover estes riscos, ranhuras, Quando são disponíveis, é permissível o
marcas, etc., instala-se o pistão na placa de um torneamento ou o alargamento do alojamento do
torno mecânico, girando em baixa velocidade. pino para 0,005 de polegada de sobremedida.
As marcas ou riscos são removidos com Entretanto, estes alojamentos devem estar muito
lixa seca nº 320. Nunca se usa nada áspero na bem alinhados.
saia do pistão. Pequenas mossas na borda do alojamen-
Nos motores onde todo o conjunto rota- to do pino podem ser lixadas. Ranhuras profun-
tivo é balanceado, os pistões devem pesar den- das por dentro, ou em qualquer parte em torno
tro de ¼ de libra um do outro. do alojamento do pino, são razões para rejeição.
Quando um novo pistão é instalado, ele
deve estar dentro das mesmas tolerâncias de Retífica e brunimento do cilindro
peso dos removidos.
Não é suficiente ter um pistão sozinho; Se um cilindro tem conicidade excessi-
ele deve ser montado ao eixo de manivelas, bie- va, ovalizações, dentes, ou o seu diâmetro má-
las, pinos de pistão, etc. Para se conseguir ajus- ximo for ultrapassado, ele poderá ser retificado
tar o peso dos novos pistões, os fabricantes dei- para uma sobremedida permitida.
xam na base da saia do pistão uma seção mais Se as paredes do cilindro estão ligeira-
grossa. mente enferrujadas, marcadas ou corroídas, po-
A redução de peso se faz retirando me- dem ser reparadas pelo brunimento ou polimen-
tal levemente dessa parte. O peso do pistão pode to.

10-16
A retífica de um cilindro é um trabalho um anel lapidado irá acamar, sem muita mudan-
especializado que até um mecânico de motores, ça nas dimensões do anel ou do cilindro. Os
muitas vezes, não está preparado para fazer. últimos tipos de acabamento são mais caros de
Entretanto, o mecânico deve ser capaz de detec- serem produzidos.
tar quando o cilindro precisa de uma retífica, e O padrão é usado quando a precisão de
saber reconhecer quando o trabalho foi bem ou acabamento da parede do cilindro é conhecida
mal feito. em termos de micro-polegada, r.m.s.
Geralmente, cilindros de sobremedida Num acabamento onde a aspereza da
para motores de avião são de 0,010, 0,015, retífica atingiu 0,000001 de polegada de pro-
0,020 ou 0,030 de polegada. Diferente de moto- fundidade, é especificada como 1 microinch
res de automóveis, os quais podem ser retifica- r.m.s.
dos para sobremedidas de 0,075 a 0,100 de po- A maioria dos cilindros de motores de
legada; cilindros de motores de avião tem ge- avião são retificados para um acabamento de 15
ralmente paredes finas, e podem ser nitretadas a 20 microinch r.m.s. (micropolegada r.m.s.).
(tratamento termo-químico – nitretação) para Vários motores de baixa potência têm cilindros
endurecimento das paredes do cilindro. Alguns que são retificados para um valor relativo a 20 a
fabricantes, muitas vezes, não permitem o uso 30 microinch r.m.s. de acabamento. Na outra
de todas as sobremedidas acima. Outros não extremidade da escala, alguns fabricantes reco-
permitem retífica para sobremedida. mendam um superacabamento de aproximada-
Os manuais de revisão dos motores, ou mente 4 a 6 microinch r.m.s.
catálogos de partes, normalmente listam as so- A retífica do cilindro (figura 10-20) é
bremedidas permissíveis para um ou outro mo- conseguida através da montagem firme da pedra
delo em particular de motor. de esmeril (rebolo), a qual retifica a parte inter-
Para determinar a medida de retífica, a na do cilindro, passando de cima a baixo em
medida padrão inicial deve ser conhecida. Isto toda a extensão do cilindro. Tanto o cilindro
pode ser determinado nas especificações dos como a pedra, ou ambos, podem se mover mu-
fabricantes ou nos manuais. A medida de retífi- tuamente. A extensão de esmerilhamento é de-
ca é fundamentada a partir da medida padrão do terminada pela distância da pedra, ajustada ao
cilindro. Por exemplo, um certo cilindro tem um longo da linha de centro do cilindro. Algumas
diâmetro de 3,875 de polegada, para se ter um máquinas para retificação de cilindros irão pro-
cilindro retificado para 0,015 de polegada de duzir um furo reto, enquanto outras são projeta-
sobremedida, será necessário uma retífica para das para uma retífica ligeiramente cônica do
um diâmetro de 3,890 de polegada (3,875 + furo.
0,015). A tolerância de ± 0,0005 polegada é
usualmente aceitável para cilindros retificados.
Um outro fator que deve ser considera-
do, quando determinando a medida para a qual o
cilindro deve ser retificado, é o máximo de des-
gaste que tenha ocorrido.
Ao se encontrar algum batente (degrau)
na parede do cilindro muito grande, que fatal-
mente não desapareceria na primeira retífica de
sobremedida, obviamente passa-se para a so- Figura 10-20 Esmerilhamento interno de um
bremedida posterior, e assim por diante, até cilindro.
limpar completamente o cilindro.
Uma consideração importante durante a A conicidade de retífica do cilindro refe-
retífica de um cilindro é o tipo de acabamento re-se a um processo de fabricação, no qual as
desejado dentro do cilindro. paredes do cilindro têm um diâmetro menor no
Alguns fabricantes de motores recomen- topo do que no fundo. O propósito deste tipo de
dam um acabamento uniforme das paredes do conicidade é para garantir o paralelismo total
cilindro, o qual irá permitir um assentamento das paredes do cilindro durante a operação do
ímpar dos anéis de segmento (se estes não fo- motor. À medida que o cilindro aquece durante
ram lapidados ao cilindro). Outros fabricantes a operação, a cabeça e o topo do cilindro são
recomendam um acabamento suave, para o qual mais sujeitos a calor do que o fundo (base). Isto

10-17
provoca maior expansão (dilatação) térmica Alguns fabricantes recomendam, além da inspe-
junto ao topo do que no fundo, desta forma ção visual, outros métodos de inspeção não des-
mantendo as paredes paralelas (retas) como de- trutivos, tais como: partículas magnéticas ou
sejado. radiografia.
Após a retífica pode ser necessário bru- Coloca-se o eixo de manivelas sobre
nir o furo do cilindro, para obter-se um melhor blocos em "V", suportado em pontos determina-
acabamento. Se isto for desejado, especifica-se dos pelo manual de revisão do motor. Usa-se
uma medida de reesmerilhamento para permitir uma base plana, e com um relógio comparador a
diminuta remoção de metal durante o brunimen- ovalização do eixo é medida. Se a leitura total
to do cilindro. indicada exceder as dimensões dadas dos limites
O permitido, usualmente, para o bruni- das tabelas do manual do fabricante, o eixo não
mento é 0,0001 de polegada. Se o diâmetro final poderá mais ser usado. Um eixo empenado não
do cilindro deve ser de 3,890 polegadas, especi- deve ser desempenado. Qualquer tentativa de
fica-se uma retífica de 3,889 polegadas, e então, fazer isto resultará na ruptura da superfície
brunindo o cilindro para 3,890 polegadas. nitretada (temperada) dos mancais dos rolamen-
Há várias maneiras e modelos diferentes tos, uma condição que irá causar eventual falha
de brunimento de cilindro. do eixo de manivelas.
O polimento de brunimento é usado so- Os mancais principais e os moentes de
mente para produzir o acabamento desejado nas biela do eixo são medidos. Os resultados são
paredes do cilindro. O mais elaborado bruni- comparados com os limites das tabelas do ma-
mento microcromático pode ser usado para ali- nual de revisão do motor.
nhar as paredes do cilindro. Um polimento de
brunimento (figura 10-21) não deve ser usado Câmara de sedimentos
numa tentativa de alinhamento das paredes do
cilindro. Alguns eixos de manivelas são fabrica-
Uma vez que as pedras estão sob tensão dos com pinos de manivelas ocos que servem
de mola, elas irão seguir somente o contorno das como removedores de resíduos. As câmaras de
paredes do cilindro. sedimento podem ser formadas por tubos em
Após o término da retífica do cilindro, forma de carretel, prensados dentro dos pinos
verifica-se as dimensões e o acabamento das ocos da manivela, ou por meio de bujões pren-
paredes do cilindro, e se não há evidência de sados em cada extremidade do pino da manive-
superaquecimento ou rachaduras de esmerilha- la.
mento antes da instalação do cilindro do motor As câmaras de sedimento ou tubos de-
vem ser removidas durante a limpeza do motor
para revisão geral.
Se estes não forem removidos, o des-
prendimento de resíduos acumulados durante a
limpeza pode entupir as passagens de óleo do
eixo de manivelas e consequentemente causar
subsequentes falhas de rolamentos.
Se as câmaras de sedimentos são forma-
das por meio de tubos prensados dentro dos
pinos ocos da manivela, deve-se estar seguro de
que eles foram reinstalados corretamente, para
Figura 10-21 Brunimento de cilindro evitar o bloqueio das passagens de óleo.

INSPEÇÃO DO EIXO DE MANIVELAS BIELAS

Cuidadosamente inspeciona-se todas as A inspeção e reparo das bielas incluem


superfícies do eixo quanto a rachaduras. Verifi- (1) inspeção visual, (2) verificação de alinha-
ca-se as superfícies dos rolamentos quanto a mento, (3) reembuchamento, e (4) troca de ro-
evidência de sulcos, arranhões ou outros danos. lamentos. Alguns fabricantes também recomen-
Quando o eixo está equipado com tubos de dam inspeção por partículas magnéticas das
transferência de óleo, verifica-se sua fixação. bielas.

10-18
Inspeção visual Para medir o empeno (figura 10-22), ou
torções, insere-se os fusos nos furos da biela;
A inspeção visual deve ser feita com colocando os blocos paralelos numa superfície
auxílio de lentes de aumento ou com microscó- plana.
pio de bancada. Uma biela que está obviamente As extremidades dos fusos são colocadas
empenada ou torcida deve ser rejeitada sem fu- sobre os blocos paralelos. Verifica-se a folga
turas inspeções. Inspeciona-se todas as superfí- nos pontos onde os fusos descansam sobre os
cies da biela quanto a rachaduras, corrosão, pi- blocos usando um calibre de lâminas. Esta folga
cados, ferrugens ou outros danos. Escoriações dividida pela separação dos blocos, em polega-
são causadas por ligeiros movimentos rotativos, das, irá fornecer a torção por polegada de com-
entre as superfícies da blindagem do rolamento primento.
e a biela, durante os períodos de cargas excessi- Mede-se a distância entre os fu-
vas e produzidas durante condições de disparo sos em cada lado da biela junto aos pontos equi-
ou com pressões de carga excessiva de admis- distantes da linha de centro da biela.
são. Para o exato paralelismo, as distâncias
A evidência visual de qualquer escoria- verificadas em ambos os lados devem ser as
ção aparece como se as partículas provenientes mesmas. Consultam-se os limites estabelecidos
de uma superfície de contato tenha soldado em no manual do fabricante do motor, para verificar
outra. Evidência de sulcos (escoriações) são o desalinhamento máximo permitido.
razões para se rejeitar toda a biela. Sulco é uma As operações precedentes são típicas
distorção dentro do metal e é comparável a cor- para a maioria dos motores alternativos, e estão
rosão que da mesma forma enfraquece a estrutu- incluídas nos manuais de revisão completa dos
ra do metal da biela. motores. Seria impraticável listar todos os itens
abordados no manual de revisão completa do
Verificação do alinhamento motor. Deve ser entendido que há outros proce-
dimentos e inspeções que devem ser executados.
Verifica-se o embuchamento que tenha Para uma exata informação, o manual do fabri-
sido trocado para determinar se a bucha e o furo cante do modelo específico do motor é sempre
estão em esquadro e paralelos uns com os ou- consultado.
tros. O alinhamento da biela pode ser verificado
de várias maneiras. Um dos métodos necessita BANCO DE TESTES PARA MOTORES
da instalação de um fuso de encaixe apertado ALTERNATIVOS
para cada extremidade da biela, uma base plana
e dois blocos paralelos de precisão de mesma As informações deste capítulo “banco de
altura. testes para motores”, são entendidas como fami-
liarização com os procedimentos e equipamen-
tos usados na seleção de serviços, somente para
aqueles motores que estão em perfeitas condi-
ções mecânicas.
Igualmente a um novo, ou a um motor
recuperado de automóvel, o motor de avião de-
ve estar em perfeitas condições mecânicas. Esta
condição deve ser determinada após o motor ter
sido novamente montado ou revisado comple-
tamente.
O método usado é o de teste funcional,
que poderia evitar uma desmontagem completa
antes de liberar o motor.
Deve ser enfatizado que o teste de fun-
cionamento é vital como qualquer outra fase de
revisão do motor, significando que a qualidade
de um motor novo ou revisado foi verificada e
Figura 10-22 Verificação da biela quanto a que é um item final para liberação de um motor
empenos. para serviço.

10-19
Em algumas circunstâncias, um motor Após o motor ter sido aprovado comple-
que apresentava perfeitas condições mecânicas tamente no teste, é especialmente tratado para
antes de um teste funcional apresenta condições evitar corrosão. Terminando o período de "run
mecânicas inconfiáveis ou pobres. Então, a con- in", durante o teste, os motores são operados
fiabilidade e o potencial de vida em serviço de com o combustível próprio de qualidade para o
um motor, fica na dependência da passagem motor em questão.
satisfatória no "Banco de testes" (ou banco de O sistema de óleo é abastecido com uma
ensaio). mistura de composto preventivo de corrosão e
óleo de motor.
Propósito do teste A temperatura desta mistura é mantida
de 105º a 121º C. Próximo do final do “run in” a
O teste atende a dois propósitos: primei- CPM (mistura preventiva de corrosão) é usada
ramente ele realiza um teste de funcionamento como lubrificante do motor. Passagens de indu-
dos anéis dos pistões e suavidade dos rolamen- ção do motor e câmara de combustão são tam-
tos; segundo, ele proporciona informações sobre bém tratados com CPM pelo método de aspira-
a performance do motor e determina as condi- ção (CPM é aspirado ou ventilado para dentro
ções do mesmo. Para proporcionar fluxo de óleo do motor).
adequado para a parte superior dos cilindros,
com um mínimo de perda de óleo, é importante EQUIPAMENTO MÓVEL DE TESTE
que os anéis dos pistões estejam propriamente PARA MOTOR CONVENCIONAL
acamados dentro do cilindro nos quais eles estão
instalados. Esse teste é praticamente o mesmo do
O processo é chamado de experiência banco de testes. Eles têm o mesmo propósito,
dos anéis do pistão (piston rings run-in) e é con- isto é, assegurar que o motor está pronto para
seguido frequentemente pela operação controla- ser instalado no avião. Uma vez que o motor
da do motor numa operação em alta velocidade. tenha sido operado no teste móvel, e que todas
Condição imprópria dos anéis de pistão ou “run as falhas tenham sido corrigidas, é de se esperar
in” pode resultar numa operação insatisfatória que o motor opere corretamente no avião. Um
do motor. típico teste móvel consiste de uma estrutura,
O processo chamado “polimento dos montantes para fixação do motor, cabine de
rolamentos” cria um alto polimento de superfí- controle e um reboque, soldados ou aparafusa-
cie nos rolamentos e buchas (instalados durante dos4 juntos.O berço de teste do motor e a pare-
o trabalho de revisão completa do motor). O de de fogo estão localizados na parte traseira da
polimento é usualmente conseguido durante os plataforma do reboque, e recursos de acesso a
primeiros períodos de funcionamento do motor parte traseira do motor.
para amaciamento, geralmente se estiver ope- O berço de teste do motor é uma estrutu-
rando o motor em baixa velocidade. ra de aço de suportes, braços, com montantes
soldados e aparafusados juntos, formando uma
Requisitos do teste única unidade. O braço traseiro do berço possui
degraus de aço antiderrapante soldado no lugar,
O teste operacional e o teste de procedi- para permitir uma subida fácil do mecânico ao
mentos variam de acordo com o motor em ques- topo da secção dos acessórios do motor.
tão, porém as necessidades básicas serão discu- No lado da parte fronteira do motor há
tidas nos parágrafos seguintes. um painel de aço, contendo conectores elétricos
A falha de qualquer parte interna duran- para serem ligados aos circuitos do motor. Há
te o teste de funcionamento "run in" necessita também conexões no painel de aço do tipo de
que o motor retorne para substituições de unida- desconexão rápida de linhas de fluidos para o
des necessárias e, então, ser completamente re- motor.
testado. O tanque hidráulico está localizado no
Se qualquer componente do motor bási- lado traseiro do equipamento de teste. Final-
co falhar, um novo deve ser instalado; um tem- mente o equipamento móvel de teste de motor
po mínimo de operação será preciso para avalia- possui plugues para o sistema de comunicação.
ção desse componente instalado. A cabine de controle está localizada na parte

10-20
média do equipamento móvel de teste, alojando (7) Tacômetro.
controles e os painéis de instrumentos. (8) Indicador de temperatura na cabeça do
A coisa mais importante acerca do posi- cilindro.
cionamento da unidade móvel de teste é a face (9) Torquímetro.
da hélice estar posicionada diretamente contra o (10) Indicador de sucção.
vento. Se isto não for feito, o teste do motor não (11) Sistema de quantidade de óleo.
terá precisão. (12) Manômetro de medição diferencial.

Instrumentos do equipamento de teste As marcações dos instrumentos, e a in-


terpretação destas marcações deverão ser discu-
A cabine de controle de teste do opera- tidas antes das considerações individuais sobre
dor engloba os controles usados para operar o os instrumentos.
motor; e instrumentos usados para medir várias Marcações de instrumentos indicam fai-
temperaturas e pressões, fluxo de combustível e xas de operação ou limites mínimos e máximos,
outras indicações. Estes dispositivos são neces- ou ambos. Geralmente, o sistema de marcação
sários para proporcionar cheques e avaliações no instrumento consiste de quatro cores (verme-
precisas da operação do motor. lho, amarelo, azul e verde) e espaços intermedi-
A cabine de controle é separada, porém ários brancos.
adjacente ao espaço da célula de teste, a qual A linha vermelha ou a marca vermelha
envolve o motor que está sendo testado. indicam o ponto além do qual as condições ope-
A segurança, a economia e a confiabili- racionais perigosas existem, e o arco vermelho
dade do teste dos motores modernos de avião indica o limite perigoso de operação. Das duas,
dependem fundamentalmente do uso de instru- a marca vermelha é mais comumente usada e
mentos. está localizada radialmente na cobertura de vi-
Num procedimento operacional do mo- dro ou na face do dial. A cobertura do arco ama-
tor “run in”, os mesmo instrumentos básicos relo fornece a faixa de operação e é uma indica-
usados, quando o motor está instalado no avião, ção de perigo. Geralmente, o arco amarelo está
são também usados neste teste; entretanto, al- localizado na parte extrema da circunferência da
gumas conexões adicionais para alguns instru- abertura de vidro do instrumento ou na face do
mentos e dispositivos de medições, as quais "dial" (mostrador).
praticamente não podem ser instalados no avião, O arco azul semelhante ao amarelo indi-
estão disponíveis neste equipamento de teste. ca a faixa de operação. O arco azul pode indicar,
Os instrumentos usados nestes procedi- por exemplo, a faixa de pressão no duto no qual
mentos de teste são inspecionados e calibrados o motor pode ser operado com o controle do
periodicamente, assim como quando estão insta- carburador ajustado em "autopobre". O arco
lados no avião. Desta forma, as informações azul é usado somente em certos instrumentos de
concernentes a operação do motor estão assegu- motor, como o tacômetro, pressão de admissão,
radas. temperatura da cabeça do cilindro e torquíme-
Instrumentos de motores são operados de tro.
várias maneiras diferentes, alguns mecanica- O arco verde mostra a faixa normal de
mente, outros eletricamente, e também outros operação. Quando usado em certos instrumentos
através da pressão de um líquido. de motor, contudo, também significa que o mo-
Este capítulo não irá discutir como ele tor deve ser operado com o ajuste do carburador
opera, mas a razão da informação que ele forne- em "auto-rico", quando o ponteiro estiver nesta
ce, seus nomes comuns e as características sobre faixa.
eles. Os instrumentos que deverão ser cobertos Quando as marcações aparecem na co-
são: bertura de vidro, uma linha branca é usada como
(1) Indicador da temperatura de ar do carbu- uma referência (index mark), muitas vezes cha-
rador. mada "marca de deslizamento".
(2) Indicador de pressão de combustível. A marca radial branca indica qualquer
(3) Medidor de fluxo de combustível. movimento entre a cobertura de vidro e o alo-
(4) Indicador de pressão de admissão. jamento, uma condição que poderá causar um
(5) Indicador de temperatura de óleo. deslocamento errado em outra faixa limite de
(6) Indicador de pressão de óleo. marcação.

10-21
Os instrumentos mostrados nas figuras tível retido (remanescente) irá expandir, produ-
10-23 até 10-31 possuem faixas marcadas. A zindo uma alta pressão interna.
parte do "dial" que possui a faixa marcada nos Quando a alta temperatura durante este
instrumentos é também mostrada de forma "ex- tempo estiver presente, a linha de combustível e
pandida" (maior), com propósito de instrução. A as válvulas dos dutos devem ser abertas para
parte "expandida" é mostrada fora do instrumen- que a pressão possa ser aliviada através da pas-
to para tornar mais fácil a identificação de suas sagem de retorno de combustível para o tanque.
marcas. O mostrador de temperatura do ar do
carburador indica a temperatura do ar antes de
Indicador de temperatura do ar do carbura- sua entrada. A temperatura lida é sentida através
dor da um bulbo.
Na célula de teste o bulbo é colocado na
A medição na entrada do carburador, passagem do ar de impacto para o motor, e no
CAT (carburator air temperature) temperatura avião é colocado no duto de tomada da "RAM-
do ar do carburador é considerada por muitos AIR". O mostrador da temperatura do ar do car-
como uma indicação de indução do sistema de burador é calibrado em escala de centígrados. A
formação de gelo. figura 10-23 mostra um mostrador típico de
Embora este sirva para este propósito, temperatura de ar de carburador ou CAT. Este
também fornece muitos outros itens importantes mostrador, como muitos outros instrumentos de
de informação. aviões multimotores, é um mostrador duplo; que
O grupo motopropulsor é uma máquina são dois mostradores, cada um com um ponteiro
quente, e a temperatura de seus componentes ou e uma escala separada, que são usados no mes-
de seus fluidos que seguem através deste pro- mo instrumento.
cesso de combustão é afetada direta ou indire-
tamente. O nível de temperatura de indução do
ar afeta não somente a carga de densidade, mas
também a vaporização do combustível.
Em adição ao uso normal do CAT, este
também tem encontrado uso para teste na condi-
ção do sistema de indução.
O "Retorno de chama" deverá ser indi-
cado como elevação momentânea no indicador,
provendo que esta seja suficientemente severa
para que o aquecimento seja sentido no ponto de
medição do ar no carburador.
O fogo prolongado no sistema de indu- Figura 10-23 Indicador da temperatura do ar do
ção deverá mostrar um contínuo aumento na carburador.
temperatura do ar.
O CAT deve ser observado antes da par- O arco amarelo indica os limites de
tida, e imediatamente após o corte. -10º C até +15º C, desde que o perigo de gelo
A temperatura antes da partida é a me- ocorra entre estas temperaturas. A faixa verde
lhor indicação da temperatura do combustível indica o limite normal de operação de +15º C
no corpo do carburador, avisando se a vaporiza- até +40º C. A linha vermelha indica a tempera-
ção será suficiente para a queima ou se a mistu- tura máxima operacional de 40º C; qualquer
ra deve ser aumentada através da bomba de par- operação a uma temperatura acima deste valor
tida (priming). coloca o motor em perigo de detonação.
Se um motor foi cortado (desligado) há
apenas um curto espaço de tempo, o aquecimen-
to residual no carburador pode tornar possível a Indicador de pressão de combustível
vaporização do aquecimento no combustível no
motor, e a injeção inicial (priming) poderá tor- O mostrador de pressão de combustível é
nar-se desnecessária. calibrado em libras por polegadas quadradas de
Após o corte, a alta temperatura do ar do pressão.É usado durante o teste de operação
carburador (CAT) é um aviso de que o combus- geral (em funcionamento) do motor no banco de

10-22
provas para medir a pressão de combustível na uma série de tubos calibrados, localizados na
entrada do carburador, o combustível de alimen- sala de controle.
tação da válvula de descarga do injetor e a linha Os tubos são de vários tamanhos para
principal de suprimento de combustível. Indica- indicar os diferentes volumes do fluxo de com-
dores de combustível são colocados na sala de bustível. Cada tubo possui uma bóia que pode
controle do operador, e são conectados através ser observada pelo operador, e como o fluxo de
de linhas flexíveis a diferentes pontos, nos quais combustível varia através dos tubos, a bóia é
a leitura é necessária durante o procedimento de cada vez abaixada ou elevada, indicando o mon-
teste. tante do fluxo de combustível.
Em algumas instalações em aviões, a Com essas indicações, o operador pode
pressão de combustível é tomada na entrada do determinar que o motor está operando com a
carburador em cada motor, e a pressão é indica- correta mistura ar/combustível para fornecer a
da em mostradores individuais (figura 10-24) no tração desejada.
painel de instrumentos. O dial é calibrado na Na instalação do avião, o sistema de
graduação, de 1 P.S.I., e os números estão dis- indicação de fluxo de combustível consiste de
postos de 0 a 25. A linha vermelha no "dial" em um transmissor e de um indicador para cada
16 P.S.I., mostra a pressão mínima de combus- motor.
tível necessária durante o vôo. O arco verde O transmissor de fluxo de combustível é
mostra o limite desejado para operação, que é de convenientemente instalado na seção de acessó-
16 a 18 P.S.I. A linha vermelha na graduação de rios do motor e mede o fluxo de combustível
18 P.S.I. indica a pressão máxima permitida de entre a bomba do motor (mecânica) e o carbura-
combustível. As pressões de combustível vari- dor.
am com o tipo de instalação de carburador e o O transmissor é um dispositivo elétrico
tamanho do motor. Na maioria dos motores que que é conectado eletricamente a um indicador
usam carburação com pressão de injeção, a fai- localizado no painel de operação do avião. A
xa de pressão é a mesma que a ilustrada na figu- leitura no indicador é calibrada para gravar o
ra 10-24. montante de fluxo de combustível em libras de
combustível por hora.

Indicador da pressão de admissão

O tipo preferido de indicador para medi-


ção da pressão de admissão é um mostrador que
grava a pressão como uma leitura de pressão
absoluta. Um manômetro de mercúrio, um tubo
calibrado em polegadas, é usado durante os pro-
cedimentos de teste.
Este é parcialmente abastecido com mer-
cúrio e conectado ao adaptador no duto de ad-
Figura 10-24 Indicador da pressão do combus- missão localizado no motor. Como é impraticá-
tível. vel a instalação de manômetros de mercúrio no
Quando os carburadores tipo bóia, ou avião para gravar a pressão de admissão dos
sistema de carburação de baixa pressão, são motores, um indicador de pressão do duto espe-
usados, o limite da pressão de combustível é de cialmente projetado para indicar a pressão abso-
um valor menor; a pressão mínima permitida é luta no duto em polegadas de mercúrio será u-
de 3 P.S.I., e a máxima é de 5 p.s.i. com a faixa sado.
de operação desejável entre 3 e 5 p.s.i. No indicador de pressão de admissão, o
arco azul representa a faixa onde há operação
Medidor de fluxo de combustível com o controle de mistura em "autopobre", e o
arco verde indica a faixa na qual o motor deve
O medidor de fluxo de combustível me- ser operado com o controle de mistura em
de o montante enviado ao carburador. Durante o "NORMAL" ou posição "RICA".
procedimento de teste do motor, o fluxo de O arco vermelho indica a máxima pres-
combustível para o motor é medido através de são permitida no duto durante a decolagem.

10-23
Esta informação é de extrema importân-
cia durante o "amaciamento" do motor.
A linha do indicador da temperatura do
óleo no avião é conectada à entrada de óleo do
motor.

Figura 10-25 Indicador da pressão de admis-


são. Figura 10-26 Indicador da temperatura do óleo.

As marcas na faixa do indicador de pres- Indicador de pressão de óleo


são de admissão e indicações variam com os
diferentes tipos de motores e instalações. A fi- A pressão de óleo no teste do motor é
gura 10-25 ilustra o mostrador de um típico in- verificada em vários pontos. A leitura principal
dicador de pressão de admissão e mostra como de pressão de óleo é tomada na linha de pressão
as marcas das faixas são posicionadas. da bomba de óleo. Outras leituras de pressão são
O arco azul começa na graduação 24 tomadas da seção dianteira (NOSE SECTION) e
in.Hg, a pressão mínima permitida no duto du- da seção intermediária (BLOWER SECTION); e
rante o vôo. O arco continua até a graduação de quando é usado o superalimentador, a leitura é
35 in.Hg, e mostra a faixa onde a posição de tomada na embreagem de alta e baixa do motor
operação "autopobre" é permitida. (HIGH and LOW-BLOWER CLUTCH).
O arco verde começa em 35 in.Hg e con- Geralmente, temos apenas um indicador
tinua até a graduação de 44 in.Hg, indicando a de pressão de óleo para cada motor, e a conexão
faixa em que a operação na posição "RICA" é é feita no lado de pressão (saída) da bomba
requerida. principal.
Qualquer operação acima dos valores O mostrador do indicador de pressão de
indicados pela extremidade superior do arco óleo, da figura 10-27, não mostra a faixa de
verde (44 in.Hg no mostrador do instrumento na pressão ou os limites para todas as instalações.
figura 10-25) deverá ser limitado a operação As referências atuais para aviões específicos
contínua que não exceda a 5 minutos. A linha podem ser encontradas nas especificações de
vermelha em 49 in.Hg mostra a pressão de ad- aviões (AIRCRAFT SPECIFICATIONS) ou nas
missão recomendada para decolagem; esta pres- folhas de dados de certificado de tipos (TYPE
são não deve ser excedida. Nas instalações onde CERTIFICATE DATA SHEETS). A linha ver-
injeção de água é usada, uma segunda linha é melha inferior em 50 p.s.i. indica a pressão mí-
colocada no mostrador para indicar a pressão de nima de óleo, permitida em vôo. O arco verde
admissão máxima permitida para uma decola- entre 60 e 85 p.s.i. mostra a faixa de pressão de
gem "molhada". óleo desejável para operação. A linha vermelha
em 110 p.s.i. indica a pressão de óleo máxima
Indicador de temperatura do óleo permitida.
O indicador da pressão de óleo indica a
Durante o funcionamento do motor no pressão (em P.S.I.) de que o óleo do sistema de
teste, as leituras de temperatura do óleo do mo- lubrificação está sendo enviado para as partes
tor são tomadas na entrada e na saída. Destas móveis do motor. O motor deve ser cortado
leituras, poderemos determinar se o aquecimen- (desligado) imediatamente se o indicador falhar
to do motor que é transferido para o óleo é bai- ao registrar a pressão quando estiver funcionan-
xo, normal, ou excessivo. do.

10-24
O arco azul no tacômetro indica a faixa
de r.p.m. na qual a operação "autopobre" é per-
mitida. A parte inferior deste arco, 1.400 r.p.m.,
indica a r.p.m. mínima permitida em vôo. A
parte superior do arco azul, 2.200 r.p.m., indica
a rotação do motor na qual o controle de mistura
deve ser movido para "auto-rico".
O arco verde indica a faixa de r.p.m. na
qual é necessária a operação na condição de
"auto-rico".
O topo (parte superior) do arco verde,
2.400 r.p.m., indica a força máxima contínua
(MAXIMUM CONTINUOUS POWER).
Todas as operações acima desta r.p.m.
são limitadas por tempo (geralmente de 5 ou 15
min).
Figura 10-27 Indicador da pressão de óleo. A linha vermelha indica a r.p.m. máxima
permitida durante a decolagem 2.700r.p.m.
Oscilações excessivas no ponteiro indi- Qualquer r.p.m. acima deste valor é uma condi-
cam que existe ar nas linhas de tomada de pres- ção de disparo (OVERSPEED CONDITION).
são para o indicador ou que alguma unidade do
sistema de óleo está com um funcionamento Indicador da temperatura na cabeça do ci-
impróprio. lindro

Indicador tacômetro Durante o procedimento de teste do mo-


tor, um "pirômetro" indica a temperatura na
O tacômetro (ou contagiros) mostra a cabeça do cilindro, dos vários cilindros do mo-
r.p.m. do eixo de manivelas do motor. O sistema tor que estão sendo testados.
usado no teste do motor é o mesmo que o siste- Pares termoelétricos são conectados em
ma existente no avião. vários cilindros. Através de uma chave seletora,
A figura 10-28 mostra um tacômetro qualquer temperatura de cabeça de cilindro pode
com as faixas marcadas, colocadas na cobertura ser indicada no pirômetro. Temos uma cabla-
de vidro. gem e uma escala para cada motor instalado no
O tacômetro, geralmente referido como avião.
"TACH", é calibrado em centenas com gradua- As temperaturas da cabeça dos cilindros
ções a cada intervalo de 50 r.p.m.. O "dial" mos- são indicadas por mostradores conectados a um
trado aqui começa no 5 (500 r.p.m.) e vai até 40 termopar fixado ao cilindro que vai mostrar no
(4.000 r.p.m.). teste o aquecimento, em particular do motor. O
termopar pode ser colocado como uma junta
especial localizada sob a vela traseira; ou num
alojamento na parte superior ou traseira da ca-
beça do cilindro.
A temperatura gravada em ambos os
pontos é meramente uma referência ou controle
de temperatura; mas por quanto mais tempo
forem mantidos os limites descritos, a tempera-
tura da cobertura do cilindro, válvula de esca-
pamento e pistão, também permanecerão na
faixa satisfatória. Desde que o termopar seja
fixado em apenas um cilindro, isto fará nada
mais do que dar uma evidência da temperatura
geral do motor. Entretanto, normalmente isto
pode ser a indicação de que a temperatura re-
Figura 10-28 Tacômetro. manescente no cilindro deverá ser baixa; e con-

10-25
dições como detonação não serão indicadas a do na figura 10-30; e calibrado em intervalos de
não ser que venham a ocorrer no cilindro em 5 p.s.i.
que está fixado o termopar.
A marcação na faixa do mostrador de
temperatura do cilindro é similar a do indicador
da pressão de admissão e do indicador tacôme-
tro.
O indicador de temperatura da cabeça do
cilindro, ilustrado na figura 10-29, é um instru-
mento duplo que incorpora duas escalas de tem-
peratura separadas. As escalas são calibradas
com incrementos de 10, com numerais de 0º,
100º, 200º e 300º de graduações. O espaço entre
qualquer marca de graduação representa 10 º C.
O arco azul no mostrador indica a faixa
na qual é permitida operação em "auto-pobre".
A parte inferior deste arco, 100 º C, indica a Figura 10-30 Torquímetro.
temperatura mínima desejada para assegurar a
operação eficiente do motor durante o vôo. O arco azul no torquímetro indica a faixa
permitida para operação em "autopobre". A par-
te inferior do arco, 120 p.s.i. é o mínimo desejá-
vel durante o vôo, como determinado pelas ca-
racterísticas particulares do motor. O topo (parte
superior) deste arco 240 p.s.i. indica a pressão
de torque na qual o controle de mistura deve ser
movido para "auto-rica".
A linha verde indica o ponto de tração
máxima contínua, e acima deste ponto o ajuste
"auto-rica" deve ser usado.
Qualquer operação acima desta pressão
de torque indicada deve ser limitada por tempo
(normalmente 5 a 15 min). Se o arco verde é
Figura 10-29 Indicador de temperatura da ca- usado no lugar da linha verde, a parte inferior
beça do cilindro. do arco é o ponto acima do qual a operação de-
ve ser limitada.
O topo (parte superior) do arco azul, 230 Duas marcas radiais vermelhas são ge-
º C, indica a temperatura na qual o controle de ralmente mostradas no torquímetro. A linha
mistura deve ser movido para a posição "auto- vermelha mais curta até 280 p.s.i. indica a má-
rica". O arco verde descreve a faixa onde a ope- xima pressão de torque quando a injeção de á-
ração deve ser feita em "auto-rica". O topo (par- gua não é usada. A linha vermelha maior (300
te superior) deste arco 248 º C indica a tração p.s.i.) representa a máxima pressão de torque
máxima contínua; toda operação acima desta quando a injeção de água for usada.
temperatura é limitada por tempo (usualmente 5
a 15 min). A linha vermelha indica a temperatu- Indicador de sucção
ra máxima permitida, 260 º C.
O indicador de sucção não é classificado
Torquímetro como um instrumento de motor, desde que este
não indique qualquer informação que determine
O sistema de pressão de torque é usado a operação eficiente do motor. O mecânico é
para indicar a resposta de tração do motor nos preocupado (interessado) com isto, porque ele é
vários ajustes de tração. O torquímetro indica o responsável pelo ajuste do regulador de sucção e
montante de pressão do torque em p.s.i. O ins- teste da leitura no mostrador de sucção durante
trumento é usualmente numerado como mostra- os testes operacionais do motor.

10-26
O mostrador de sucção (figura 10-31) é Através do uso deste instrumento, as
calibrado para indicar a redução da pressão a- medições características do carburador são rigo-
baixo da pressão atmosférica em polegadas de rosamente observadas durante os testes do fun-
mercúrio; o espaço entre as linhas de graduação cionamento do motor.
representa 0,2 in.Hg.
Instrumentação geral

Muitos dos vários indicadores e meios


de indicação mostram apenas que o sistema está
funcionando, ou há uma falha de função. Em
algumas aeronaves, uma luz de aviso acende
quando a pressão de combustível está baixa.
Uma luz similar é usada para os sistemas de
pressão de óleo.

OPERAÇÃO DO MOTOR
CONVENCIONAL

Figura 10-31 Indicador de sucção. A operação do grupo motopropulsor é


controlada da cabine de comando (cockpit). Al-
gumas instalações possuem numerosos contro-
A linha vermelha com 3,75 in.Hg indica les manuais e manetes conectadas ao motor por
a sucção mínima desejável. O arco verde mostra hastes, cabos, quadrantes, roldanas, etc. Os con-
a faixa de sucção desejável, 3,75 in.Hg até 4,25 troles manuais, em muitos casos, são convenien-
in.Hg. A linha vermelha de 4,25 in.Hg indica a temente montados nos quadrantes na cabine de
sucção máxima desejável. comando (cockpit).
Adesivos e marcas são colocados no
Sistema de quantidade de óleo quadrante para indicar as funções e posições das
manetes. Em algumas instalações, embreagens
O sistema de quantidade de óleo deter- de fricção estão instaladas para segurar os con-
mina o seu consumo durante o teste do motor troles no lugar. Pressão de admissão, r.p.m.,
em funcionamento, medindo a exata quantidade temperatura do motor, do óleo, do ar do carbu-
de óleo consumida pelo motor durante os vários rador, e a razão combustível/ar podem ser con-
períodos de operação. troladas através da manipulação de controles na
O sistema consiste de um tanque de ali- cabine de comando. Coordenando o movimento
mentação, uma linha de óleo para o motor, uma dos controles com as leituras dos instrumentos,
linha de retorno para o óleo de retorno do mo- os excessos dos limites operacionais são prote-
tor, sistema de refrigeração e uma escala de pe- gidos.
so (quantidade), que registra todas as quantida- A operação dos motores é normalmente
des, incluindo tanque cheio. O óleo consumido limitada por faixas específicas operacionais,
pelo .motor é determinado meramente pela sub- como as seguintes:
tração da leitura da escala de quantidade de tan-
que cheio. (1) Velocidade do eixo de manivelas (r.p.m.).
(2) Pressão de admissão.
Manômetro de medição diferencial (3) Temperatura na cabeça do cilindro.
(4) Temperatura do ar do carburador.
O manômetro de medição diferencial, (5) Temperatura do óleo.
usado durante o teste final, é de 100 in., manô- (6) Pressão do óleo.
metro de água tubo simples (um indicador de (7) Pressão de combustível.
medição de pressão), este é conectado ao carbu- (8) Ajuste da mistura combustível/ar.
rador, de maneira a medir a diferença de pressão
(medir a força do ar) entre a câmara A e a câma- Os procedimentos, pressões, temperatu-
ra B (nos motores que usam carburadores com ras e r.p.m. usados através desta seção são so-
injeção de pressão). mente com o propósito de ilustração, e não pos-

10-27
suem aplicação geral. Os procedimentos opera- Procedimentos típicos para partida, rela-
cionais e os limites usados nas fabricações indi- tivos ao motor, são discutidos no volume 1 de
viduais e modelos de motores de aviões variam Matérias Básicas, capítulo 11. Em geral, dois
consideravelmente dos valores mostrados aqui. procedimentos diferentes de partida devem co-
Para a informação exata recorre-se ao modelo brir todos os motores.
de motor específico, consultando as instruções Um procedimento é para motores que
aplicáveis. usam carburadores tipo bóia, e o outro para mo-
tores com carburadores de injeção sob pressão.
Instrumentos de motor O procedimento específico do fabricante para
um motor em particular e a combinação com a
O termo "instrumentos de motor" usual- aeronave deve sempre ser seguida.
mente inclui todos os instrumentos necessários
para medir e indicar o funcionamento do grupo Aquecimento do motor
motopropulsor. Os instrumentos de motor são
geralmente instalados no painel de instrumentos O aquecimento do motor é importante,
de maneira que todos eles sejam facilmente ob- particularmente quando as suas condições são
servados ao mesmo tempo. desconhecidas.
Alguns aviões simples e leves (menores) Ajuste impróprio na mistura de marcha
podem ser equipados apenas com um tacômetro, lenta, centelha intermitente nas velas, e ajuste
um indicador de pressão de óleo, e indicadores impróprio das válvulas do motor, – todos possu-
de temperatura de óleo. em um efeito prejudicial na estabilidade do mo-
Os aviões mais pesados e mais comple- tor. Portanto, o aquecimento deve ser feito na
xos deverão ter todos, ou parte, dos seguintes velocidade do motor onde a máxima estabilida-
instrumentos de motor: de é obtida. Experiência tem mostrado que a
(1) Sistema de indicação e aviso de pressão de velocidade ótima de aquecimento é entre 1.000
óleo. e 1.600 r.p.m..
(2) Indicador de temperatura de óleo. A velocidade selecionada deve ser aque-
(3) Sistema de indicação e aviso de pressão de la na qual a operação do motor é a mais suave,
combustível. desde que a suavidade da operação seja a indi-
(4) Indicador de temperatura de ar no carbura- cação de que todas as fases da operação do mo-
dor. tor sejam as mais estáveis.
(5) Indicador de temperatura na cabeça do Muitos motores PRATT and WHITNEY
cilindro para motores refrigerados a ar. incorporam válvulas de alívio de pressão de
(6) Indicador de pressão de admissão. óleo com temperatura compensada. Esse tipo de
(7) Tacômetro. válvula de alívio resulta em uma alta pressão de
(8) Indicador de quantidade de combustível. óleo imediatamente após as partidas, se a tem-
(9) Indicador de fluxo de combustível ou mis- peratura de óleo estiver abaixo de 40 º C. Con-
tura de combustível. sequentemente, a temperatura na partida destes
(10) Indicador de quantidade de óleo. motores é aproximadamente atingida em 1.000
(11) Indicador de quantidade de aumento de r.p.m. e então acelera-se, sendo a velocidade do
líquido. motor mais estável pelo menos até a temperatu-
(12) Indicadores de aviso de fogo. ra do óleo atingir 40 º C.
(13) Meios para indicar quando a hélice está em Durante o aquecimento, observam-se os
reverso. instrumentos associados a operação do motor.
(14) Indicador de BMEP (pressão efetiva de Isto deverá ajudar a ter certeza de que todas as
acionamento ao freio). fases operacionais do motor estejam normais.
Por exemplo, a pressão de óleo deve ser indica-
Partida do motor da aos 30 segundos após a partida.
Além disto, se a pressão de óleo não su-
A técnica correta de partida é uma parte bir para ou acima do normal, em 1 minuto após
importante na operação do motor. Procedimen- a partida do motor, o motor deve ser "cortado"
tos impróprios muitas vezes são usados porque (desligado).
alguns dos princípios básicos envolvidos na As temperaturas da cabeça do cilindro e
operação do motor são mal interpretados. de refrigeração devem ser observadas continu-

10-28
amente para que elas não excedam ao limite Teste de solo
máximo permitido.
Uma mistura pobre não deve ser usada O teste de solo é realizado para avaliar o
para apressar o aquecimento. funcionamento do motor pela comparação da
Atualmente, na r.p.m. de aquecimento, força aplicada, como medição da pressão de
existe uma pequena diferença no suprimento da admissão, com a tração de saída (final), é medi-
mistura para o motor, quer a mistura esteja na da pela r.p.m. ou pressão de torque.
posição "rica" ou "pobre", desde que a medição O motor pode ser capaz de produzir a
desta faixa de força seja governada pela posição tração indicada, até alcançar tração de decola-
do acelerador. gem, e não estar funcionando bem.
O aquecimento do carburador pode ser Apenas através da comparação da pres-
usado quando necessário sob condições que são de admissão requerida durante o teste, con-
conduzam a formação de gelo. tra um conhecimento básico, esta condição pode
Para motores equipados com carburado- ser descoberta.
res tipo bóia, isto é desejável para elevar a tem- O teste do magneto pode também falhar
peratura do ar do carburador durante o aqueci- ao mostrar um curto-circuito e, desde que tole-
mento, prevenindo a formação de gelo e assegu- rável, a queda de r.p.m. é apenas a medição de
rando a operação suave. um funcionamento impróprio do sistema de
O teste de segurança do magneto pode ignição, e não necessariamente afetado por ou-
ser feito durante o aquecimento. tros fatores.
O propósito é assegurar que todas as co- Ao contrário, é possível para o teste do
nexões estejam firmes (seguras) e que o sistema magneto provar uma condição insatisfatória
de ignição permita operação em ajustes de alta presente em outro lugar do motor.
tração, usada durante fases posteriores ao teste O teste de solo é feito após o motor
de solo. completar o aquecimento, e consiste no teste de
O tempo necessário para o respectivo operação do grupo motopropulsor e equipamen-
aquecimento fornece ampla oportunidade de tos acessórios através da audição, inspeção vi-
fazer este teste simples, o que pode revelar uma sual, e através da correta interpretação das leitu-
condição não aconselhável para continuar a ope- ras dos instrumentos, movimentos dos controles
ração até que as correções tenham sido feitas. e reações aos contatos.
O teste de segurança do magneto é feito Durante o teste de solo, o avião deve ser
com a hélice em posição de alta r.p.m., em a- colocado contra o vento, se possível, para obter
proximadamente 1.000 r.p.m. a vantagem do fluxo de ar de refrigeração. O
Move-se a chave de ignição de "ambos" teste de solo deve ser feito como segue:
para "direito" e retorna-se para "ambos"; de
"ambos" para "esquerdo" e retorna-se para "am- Teste do controle de posição
bos", de "ambos" para “desligado” momentane-
amente, e retorna-se para "ambos". Flapes de cobertura (Cowl Flaps) Æ abertos
Quando for colocada a chave de "ambos" Mistura Æ rica
para a posição de magneto simples, uma peque- Hélice Æ alta r.p.m.
na, mas notável queda na r.p.m. deverá ocorrer. Aquecimento do carburador Æ frio
Isto indica que o magneto oposto está sendo Filtro de ar do carburador Æ como re-
bem "aterrado". querido
O corte completo do motor quando o con-
tato é colocado de "ambos" para "OFF" (desli- Controle do superalimentador Æ baixo, neutro
gado) indica que ambos magnetos estão apro- ou "off"
priadamente aterrados. (onde apli-
Falha para obter alguma queda de r.p.m. cável)
quando da colocação na posição magneto sim-
ples, ou falha no corte do motor quando coloca- Procedimento
do o contato para "desligado”, indica que uma
ou ambas conexões de aterramento não estão (1) Testar a hélice de acordo com a instrução do
seguras. fabricante.

10-29
(2) Abrir o acelerador para a pressão de admis- a mesma tração do motor. Esta característica é
são, equalizando a pressão barométrica. usada na determinação da condição do motor.
Quando o controle do governador é co-
(3) Acionar o contato de "ambos" para "direito" mandado para ângulo baixo total, a hélice opera
e retornar para "ambos". Acionar de "am- como uma hélice de passo fixo. Sob estas con-
bos" para "esquerdo" e retornar para "am- dições, a pressão de admissão para qualquer
bos". Observar a queda de r.p.m. durante a motor específico, com controle de mistura "au-
operação nas posições "direita" e "esquer- to-rica", indica se todos os cilindros estão ope-
da". A queda máxima não deve exceder à- rando apropriadamente. Com um ou mais cilin-
quela especificada pelo fabricante do motor. dros mortos, ou com queima intermitente, a ope-
ração dos outros cilindros deverá fornecer mais
(4) Testar as pressões de combustível e óleo. força para obter uma determinada r.p.m. Conse-
Elas devem estar dentro da tolerância esta- quentemente, o acelerador do carburador deve
belecida para aquele motor. estar mais aberto.
Diferentes motores do mesmo modelo
(5) Anotar a r.p.m. usando a mesma instalação de hélice numa loca-
lização geográfica devem requerer a mesma
(6) Recuar o acelerador. pressão de admissão, de 1in.Hg (uma polegada
Em adição as operações descritas acima, de mercúrio) para obter a r.p.m. quando o barô-
testa-se o funcionamento dos vários itens do metro e a temperatura estiverem com a mesma
equipamento do avião, como sistemas de gera- leitura.
dor, sistemas hidráulicos, etc. A pressão de admissão mais alta que a
normal geralmente indica um cilindro inoperan-
Teste do ângulo (passo) da hélice te (morto), ou tempo de ignição atrasado. Uma
excessiva baixa pressão no duto para uma de-
A hélice é testada para assegurar ade- terminada r.p.m. normalmente indica que o
quada operação do controle de ângulo e o me- tempo de ignição está adiantado. Ignição adian-
canismo de troca de passo. A operação de con- tada pode causar detonação e perda de tração
trole do passo da hélice é testada através das nos ajustes de decolagem.
indicações do tacômetro e do indicador de pres- Antes da partida do motor, observa-se o
são de admissão, quando o controle do governa- indicador de pressão de admissão, no qual deve-
dor da hélice é movido de uma posição para rá ser lido aproximadamente a pressão atmosfé-
outra. Cada tipo de hélice necessita de um pro- rica (barométrica) quando o motor não estiver
cedimento diferente. funcionando.
Ao nível do mar é aproximadamente de
Teste de potência 30 in.Hg (polegadas de mercúrio), nos campos
acima do nível do mar a pressão atmosférica
A relação específica entre a r.p.m. e a deverá ser menor, dependendo da altitude acima
pressão de admissão deve ser testada durante do nível do mar.
cada teste de solo, que pode ser feito ao mesmo Quando o motor é girado (colocado a
tempo em que o teste de magneto, durante o funcionar) e então acelerado, a pressão de ad-
aquecimento. missão deverá diminuir até que, ao ser então
A idéia básica deste teste é medir a per- alcançada, em torno de 1.600 ou 1.700 r.p.m.,
formance do motor contra uma condição padrão. esta deverá começar a crescer. Em aproxima-
Testes de calibração vão determinar que o motor damente 2.000 r.p.m. com a hélice na posição
é capaz de produzir uma determinada tração, passo mínimo, a pressão de admissão deve ser a
uma determinada r.p.m. e uma pressão de ad- mesma que a pressão barométrica.
missão. Se a leitura no indicador de pressão
A calibração original, ou medição de tra- (campo de pressão barométrica) era 30 in.Hg,
ção é feita através de um dinamômetro. Durante antes da partida do motor, a pressão lida deverá
o teste no solo, a tração é medida com a hélice. retornar aos 30 in.Hg a aproximadamente 2.000
Em condições de densidade de ar constante, a r.p.m. Se o indicador de pressão de admissão
hélice, em alguma posição de passo fixo, irá indica 26 in.Hg antes da partida, este deverá
sempre necessitar da mesma r.p.m para absorver mostrar 26 in.Hg a aproximadamente 2.000

10-30
r.p.m.. A r.p.m. exata deverá variar com os vá- graduadas mais grosseiramente, as leituras do
rios modelos de motores ou por causa das varia- indicador tacômetro podem ser a mais conveni-
ções das características da hélice. ente fonte de informação.
Em certas instalações, a r.p.m. necessária
para assegurar a pressão barométrica do campo Teste operacional do sistema de ignição
pode ser acima de 2.200 r.p.m. Contudo, uma
vez a r.p.m. requerida tenha sido estabelecida e Na realização do teste operacional do
instalada, qualquer variação apreciável indica sistema de ignição (teste do magneto), as carac-
algum mau funcionamento. Esta variação pode terísticas de absorção de força da hélice em po-
ocorrer porque o batente de ângulo (passo) mí- sição de baixo ângulo são utilizadas.
nimo da hélice não está apropriadamente regu- No contato para os magnetos individu-
lado (colocado), ou porque o carburador ou o almente, o corte das ligações opostas resulta em
sistema de ignição não estão funcionando devi- uma diminuição da razão de combustão, que
damente. causa o mesmo efeito que o retardo do avanço
A precisão do teste pode ser afetada pe- da vela.
las seguintes variáveis: A queda na velocidade do motor é medi-
da na perda de tração pela diminuição da razão
(1) VENTO Æ algum movimento de ar apreci- de combustão.
ável (5 m.p.h. ou mais) irá trocar a carga na Quando o teste do magneto está concluí-
pá da hélice quando esta estiver na posição do, a queda na indicação de pressão do torquí-
de passo fixo. A direção do vento irá au- metro é um bom suplemento para a variação de
mentar a R.P.M. obtida com uma dada pres- r.p.m. e nos casos onde a escala do torquímetro
são de admissão. Um vento de cauda irá é graduada grosseiramente, a variação do tor-
diminuir a R.P.M.. químetro pode fornecer uma evidência positiva
da troca de tração, quando é acionada a posição
(2) TEMPERATURA DA ATMOSFERA Æ individual do magneto.
os efeitos das variações na temperatura da Não se deve esperar uma perda que ex-
atmosfera tendem a cancelar qualquer ou- ceda a 10% na pressão do torquímetro, quando
tro. Grande admissão no carburador e tem- operado com um magneto simples. Através da
peraturas altas no cilindro tendem a reduzir comparação da queda da r.p.m. com um conhe-
a r.p.m., mas a carga da hélice é aliviada cimento padrão, o seguinte será determinado:
por causa da menor densidade do ar.
(3) TEMPERATURAS DO MOTOR E DO (1) A sincronização própria de cada magneto.
SISTEMA DE INDUÇÃO Æ se as tempe-
raturas do cilindro e do carburador são altas (2) O desempenho geral do motor como evidên-
por causa de outros fatores que não seja a cia pela operação suave.
temperatura atmosférica, uma baixa r.p.m. (3) Teste adicional para a própria conexão dos
deverá resultar, desde que a força seja di- cabos de ignição.
minuída sem a compensação da redução na
carga da hélice. Qualquer irregularidade anormal em
cada magneto é uma indicação de falha de igni-
(4) TEMPERATURA DO ÓLEO Æ óleo frio ção causada por uma vela mal conectada, ou por
tende a manter baixa a r.p.m., pois a alta mau funcionamento do sistema de ignição. O
viscosidade resulta no aumento de fricção e operador deve ser muito sensível a irregularida-
perda de força. de do motor durante este teste. A ausência de
queda na r.p.m. poderá ser uma indicação da
A adição de um torquímetro pode au- falta de "aterramento" de um dos lados do sis-
mentar a precisão do teste de potência através tema de ignição.
do fornecimento de outra medição de tração O corte completo, quando selecionado
final. Tão logo o teste seja feito com as pás em um magneto, é evidência definitiva de que este
uma posição de passo fixo conhecido, o torquí- lado do sistema de ignição não está funcionan-
metro não fornece informação adicional, mas do.
seu uso pode aumentar a precisão; em frequen- Diferença excessiva na queda de r.p.m.
tes instantes, onde as escalas do tacômetro são entre as posições esquerda e direita da chave

10-31
pode indicar a diferença na sincronização entre de força não deve ocorrer tão rapidamente
os magnetos esquerdo e direito. quando acompanhada com a parada (morte) da
Tempo suficiente deve ser dado ao teste vela de ignição. Isto explica a lenta queda de
de cada posição individual do contato para per- r.p.m., quando comparada com a queda instan-
mitir a completa estabilização da velocidade do tânea com uma vela inoperante (morta) ou ca-
motor e da pressão de admissão. blagem defeituosa.
Existe uma tendência de fazer este teste Claros (folgas) de válvulas incorretas,
muito rápido com indicações de resultados errô- através deste efeito no cruzamento das válvulas
neos. Não é excessiva a operação de no mínimo pode causar uma mistura muito rica ou muito
1 minuto da ignição individual. pobre.
Outro ponto que deve ser enfatizado é o A mistura muito rica ou muito pobre po-
perigo de tacômetro com ponteiro preso. O ta- de afetar uma vela mais do que outra, por causa
cômetro deve ser “batido” levemente para se ter da localização, e mostrar uma queda de r.p.m.
certeza que o ponteiro do indicador move livre- alta ou lenta no teste de ignição.
mente.
Em alguns casos, a “prisão” do tacôme- Teste da mistura de cruzeiro
tro tem causado erros na indicação acima de 100
r.p.m. Sobre certas condições, o sistema de igni- O teste da mistura de cruzeiro é um teste
ção deve ter dado 200 r.p.m. de queda com ape- de medição do carburador. Testando as caracte-
nas 100 r.p.m. de queda indicada no instrumen- rísticas de medição do carburador a intervalos
to. de 200 a 300 r.p.m., até a velocidade de 800
Em muitos casos, uma leve “batida” no r.p.m. para a velocidade do teste do sistema de
instrumento elimina o problema e resulta em ignição, um completo padrão da "performance"
leituras precisas. básica do carburador é dado.
De acordo com os resultados do teste do Para fazer este teste, coloca-se o motor
sistema de ignição, grava-se o montante de que- acima da velocidade especificada com a hélice
da total de r.p.m. que ocorre rapidamente, e o em ângulo totalmente reduzido. O primeiro teste
montante que ocorre lentamente. é feito a 800 r.p.m. Com o controle da mistura
Este colapso na r.p.m. fornece meios de do carburador na posição "auto-rica", lê-se a
localizar certos problemas no sistema de igni- pressão de admissão.
ção. Com o acelerador permanecendo na
Isto pode economizar um longo tempo mesma posição, o controle de mistura é movido
de trabalho desnecessário através da manuten- para a posição "auto-pobre".
ção limitada a parte específica do sistema de A velocidade do motor e as leituras de
ignição, que é responsável pelo problema. pressão de admissão devem ser anotadas. Repe-
Queda rápida de r.p.m. é normalmente te-se este teste nas r.p.m. de 1.000, 1.200, 1.500,
resultado de falha ou das velas na cablagem de 1.700 e 2.000 ou nas r.p.m. especificadas pelo
ignição. Isto é verdadeiro porque a falha nas fabricante.
velas ou cablagem tem efeito rápido. O cilindro Há proteção contra a má indicação do
vai parar (morrer) ou começar a funcionar in- instrumento através da leve “batida” no tacôme-
termitentemente no instante em que o contato tro.
(chave) é movido da posição "ambos" para "di- Movendo o controle de mistura da posi-
reito" ou "esquerdo". ção "auto-rico" para a posição "autopobre", tes-
Queda lenta de r.p.m. normalmente é ta-se a mistura de cruzeiro.
causada pela incorreta sincronização da ignição Em geral, a velocidade não deve aumen-
ou falha no ajuste de válvula. Com a sincroniza- tar mais de 25 r.p.m. ou diminuir mais do que
ção de ignição atrasada, a carga é inflamada 75 r.p.m. durante a troca de "auto-rico" para
muito tarde com relação ao curso do pistão, para "auto-pobre".
que a pressão de combustão seja a máxima no Por exemplo, supondo que a troca de
tempo próprio. r.p.m. esteja acima de 100 para o teste de 800
O resultado é uma grande perda de força até 1.500 r.p.m. é óbvio que, a provável causa,
mais do que a normal para ignição simples (um seja uma mistura de lenta incorreta. Quando o
magneto) porque um "pico" de pressão mais ajuste de lenta é correto, o carburador deverá
baixa é obtido no cilindro. Contudo, esta perda corrigir através desta faixa.

10-32
Teste de velocidade e de mistura de marcha da pressão de admissão deverão ocorrer quando
lenta o injetor for energizado se a mistura lenta esti-
ver muito "rica". Se a mistura de lenta é ajustada
Falhas nas velas dificultam e, inevita- muito "pobre", a r.p.m. deverá aumentar e a
velmente, resultam em falha para fornecer um pressão de admissão diminuir.
ajuste de mistura apropriado.
A tendência é parecer que o ajuste de Teste do superalimentador de duas velocida-
mistura lenta esteja extremamente do lado de des
"rica", e a compensação para isto é através do
ajuste do batente do acelerador de uma relativa Para se testar a operação do mecanismo
alta r.p.m. para uma mínima lenta. do ventilador, coloca-se a velocidade do motor
Com o ajuste apropriado da condição em uma r.p.m. suficientemente alta para obter a
mistura lenta, é possível operar o motor em mar- pressão mínima de óleo requerida para a opera-
cha lenta (IDLE r.p.m.) por longos períodos. ção da embreagem. Move-se o controle do supe-
Com estes ajustes resultarão falhas mí- ralimentador para a posição "alta". Uma queda
nimas nas velas e fumaça na descarga, pagando momentânea na pressão de óleo deve acompa-
dividendos pela economia de freios do avião nhar a mudança.
após os pousos e durante o táxi. O acelerador é aberto para obter não
Se o vento não estiver muito forte, o mais do que 30 in.Hg na pressão de admissão. D
ajuste de mistura lenta pode ser testado facil- Quando a velocidade do motor estiver
mente durante o teste de solo, como segue: estabilizada, observa-se a pressão de admissão e
a mudança do controle do superalimentador
(1) Fechar o acelerador. para a posição "baixa" sem movimento do ace-
lerador.
(2) Mover o controle de mistura para a posição Uma súbita queda na pressão de admissão
"corte de lenta", e observar a troca na r.p.m. indica que o acionador do superalimentador está
Retornar o controle de mistura para trás pa- funcionando apropriadamente.
ra a posição "rica" antes do corte (parada) Se não ocorrer queda, a embreagem pode
do motor. estar inoperante.
Quando a manete de controle de mistura Tão logo a troca de pressão de admissão
é movida para corte de lenta, e antes do corte for testada, reduz-se a velocidade do motor para
normal, uma ou duas coisas podem ocorrer 1.000 r.p.m., ou menos.
momentaneamente: Se a mudança do superalimentador não
parecer satisfatoriamente, opera-se o motor a
(1) A rotação do motor pode aumentar. Um 1.000 r.p.m. por 2 ou 3 min para permitir que a
aumento de r.p.m., porém menor do que a geração de calor, durante a mudança, se dissipe
recomendada pelo fabricante (normalmente para as embreagens, repetindo o procedimento
20 r.p.m.). Um grande aumento indica que a de mudança. A mudança no ventilador deve ser
mistura está muito "rica". feita sem hesitação ou parada entre as posições
de controle, para evitar arrasto ou deslizamento
(2) A rotação do motor pode não aumentar ou nas embreagens.
cair imediatamente. Isto indica que a mistu- Deve ser certificado de que o controle do
ra em marcha lenta está muito "pobre". superalimentador está em posição de "baixa",
quando o teste de solo estiver terminado.
A mistura de marcha lenta deve ser colo-
cada para fornecer uma mistura levemente mais Teste de aceleração e desaceleração
"rica" do que a de maior tração, resultando em
10 ou 20 r.p.m. de aumento após o corte de lenta O teste de aceleração é feito com o con-
"idle cut off". trole de mistura em ambos "auto-rico" e "auto-
A mistura de marcha lenta dos motores pobre".
equipados com injetores elétricos pode ser tes- Move-se o acelerador de lenta para uma
tada através do acionamento da chave do inje- tração de decolagem suave e rapidamente. A
tor, notando qual a troca na pressão de admissão r.p.m. do motor deverá aumentar sem hesitação
e na r.p.m.. A diminuição da r.p.m. e o aumento e sem evidência de retorno de chama.

10-33
Este teste deverá, em muitos casos, apre- (4) O controle de ar quente do carburador é
sentar condições críticas, que não são reveladas mantido na posição "fria" para prevenir da-
por nenhum outro teste. nos que podem ocorrer com o retorno de
Isto é verdadeiro por causa da alta pres- chama.
são que os cilindros desenvolvem durante este
teste, adicionando ao máximo esforço em ambos (5) As portas de descarga do superalimentador
sistemas de ignição e sistema de medição de são colocadas na posição "totalmente aber-
combustível. tas".
Esta adição máxima é suficiente para e-
levar ao máximo certos defeitos que de outro (6) O controle de duas velocidades é colocado
modo não apareceriam. na posição "baixa ventilação".
Os motores devem ser capazes de acele-
rações rápidas, desde que em uma emergência, (7) A hélice de duas posições será normalmente
como uma "arremetida" durante o pouso, a ca- parada com o controle colocado na posição
pacidade de um motor em acelerar rapidamente ângulo alto "high pitch" (diminuindo a
em alguns casos é a diferença entre o sucesso de r.p.m.).
uma "arremetida" e um acidente no pouso.
O teste de desaceleração é feito durante Abre-se o acelerador para aproximadamente
o "retardamento" do acelerador no teste de ace- 1.200 r.p.m. e muda-se o controle da hélice para
leração. a posição ângulo alto "high pitch". Mantendo o
A r.p.m. deve diminuir suave e unifor- motor em operação aproximadamente 1 minuto
memente. Poderá haver ou não uma pequena antes do "corte" (parada), assim que o óleo for
tendência de "pós-queima" no motor. passado para o motor vindo da hélice pode ser
retornado e enviado para o tanque.
Contudo, para inspecionar o pistão da hélice
Parada do motor quanto a abastecimento, e protegê-la para outros
propósitos especiais, esta hélice pode ser parada
Com cada tipo de instalação de carbura- com o controle de hélice na posição "baixo ân-
dor, procedimentos específicos são usados para gulo", e aumento de r.p.m. quando o motor for
a parada do motor. parado.
O procedimento geral descrito nos pará- Nenhuma menção é feita ao acelerador,
grafos seguintes reduz o tempo para a parada, controle de mistura, válvula seletora de combus-
minimiza a tendência de retorno de chama, e, o tível e contatos de ignição quanto ao procedi-
mais importante, previne o superaquecimento mento de colocação, porque a operação destes
do ar da refrigeração forçada dos motores du- controles varia com o tipo de carburador usado
rante a operação no solo. no motor.
Na parada de qualquer motor de avião, Motores equipados com carburador "tipo
os controle devem ser colocados como se segue, bóia", sem unidade de corte de lenta, são para-
independente do tipo de carburador ou sistema dos como segue:
de combustível.
(1) Ajustar o acelerador para obter a velocidade
(1) Os flapes de cobertura estarão sempre colo- de aproximadamente 600 a 800 r.p.m., de-
cados na posição "totalmente abertos" para pendendo do tipo do motor.
evitar superaquecimento do motor, e serão
mantidos nesta posição após a parada para (2) Fechar a válvula seletora de combustível.
prevenir aquecimento residual para a dete-
rioração do sistema de ignição. (3) Abrir o acelerador lentamente até o motor
operar a aproximadamente em 800 a 1.000
(2) As persianas (tampas) do radiador de óleo r.p.m.
devem estar "totalmente abertas" para man-
ter a temperatura do óleo de retorno normal. (4) Observar a pressão do combustível. Quando
esta cair para zero, girar o contato de igni-
(3) As persianas do intercambiador são manti- ção para a posição "desligada" (OFF) e, si-
das na posição totalmente abertas. multaneamente, mover o acelerador lenta-

10-34
mente para a posição "totalmente aberta". Portanto, o movimento de rotação do ei-
Esta operação deverá remover a carga de xo de manivelas causa o giro da hélice. Desse
aceleração do sistema de indução, e evitar a modo, o movimento da hélice é resultado direto
possibilidade de uma partida acidental. das forças que atuam sobre o pistão, como o
movimento para cima e para baixo no cilindro.
(5) Quando o motor estiver parado, colocar a Quatro movimentos (ciclos) do pistão,
válvula seletora de combustível na posição dois para cima e dois para baixo, são necessá-
"aberta", e reabastecer as linhas de combus- rios para proporcionar uma força de impulso no
tível e o carburador através do uso da bom- eixo de manivelas. Cada um destes movimentos
ba auxiliar. é considerado um evento no ciclo de operação
do motor. Ignição dos gases (mistura combustí-
Um motor equipado com carburador que vel/ar) é o final do segundo, ou compressão.
incorpore o corte de lenta (IDLE CUT OFF) é Então, o quinto evento que completa um ciclo
parado como segue: de operação, ocorre no quarto movimento do
pistão.
(1) Colocar o motor em lenta, levando o acele- Quando o pistão se move para baixo no
rador de 800 a 1.000 r.p.m. seu primeiro movimento (admissão), a válvula
de admissão é aberta e a válvula de descarga é
(2) Mover o controle de mistura para a posição fechada. Quando o ar é sugado através do carbu-
corte de lenta (IDLE CUT OFF). No carbu- rador, a gasolina é introduzida dentro da massa
rador "tipo pressão", isto causa chegada ao de ar formando uma mistura combustível (in-
batente da válvula para parar (fechar) a des- flamável).
carga de combustível através do injetor de No segundo movimento, a admissão é
descarga. fechada e a mistura combustível é comprimida
No carburador "tipo bóia", isto equaliza a quando o pistão se move para cima. Este é o
pressão na câmara da bóia e no injetor de movimento de compressão.
descarga. No instante exato, as velas lançam atra-
vés dos terminais a centelha que inflama a mis-
(3) Após a hélice ter parado de girar, colocar o tura combustível/ar. A ignição da mistura com-
contato de ignição na posição "fechado". bustível/ar é regulada para ocorrer um pouco
antes do pistão chegar ao ponto morto alto.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO Quando a mistura queima, a temperatura
DE MOTOR e a pressão sobem rapidamente. A pressão che-
ga ao máximo logo após que o pistão tenha pas-
O entendimento dos princípios básicos sado do ponto morto alto. As forças da expansão
com os quais operam os respectivos motores, e e da queima dos gases forçam o pistão para bai-
os vários fatores que afetam esta operação, são xo, transmitindo energia ao eixo de manivelas.
necessários para diagnosticar os problemas do Isto é o movimento de potência. Ambas as vál-
motor. Alguns destes princípios básicos serão vulas de admissão e escape estão fechadas no
revistos não como uma mera repetição de teoria início do movimento de potência.
básica, mas como uma concreta e prática dis- Perto do final do movimento de potên-
cussão de como fazer para melhorar a má per- cia, a válvula de escape abre, e os gases quei-
formance (desempenho) do motor. mados começam a ser descarregados através do
Os respectivos motores convencionais de porte de escape. No movimento de retorno, o
aviões operam com o princípio de 4 tempos. pistão força para fora os gases remanescentes.
Pressão da queima dos gases atuam sobre o pis- Esse movimento, o movimento de escape, fina-
tão, causando com isto um respectivo retorno liza o ciclo. Com a introdução de uma nova car-
para cima dentro do cilindro. ga através do porte de admissão, a ação é repe-
Este movimento recíproco do pistão é tida, e o ciclo de eventos ocorre repetidas vezes
mudado por um movimento de rotação através ao longo da operação do motor.
do eixo de manivelas, ao qual o pistão é acopla- A ignição da carga de combustível deve
do através de uma biela. O eixo de manivelas, regular a ignição para inflamar a carga ocorrer
em movimento, é fixado ou engrenado na hélice no tempo exato em relação ao curso do eixo de
do avião. manivelas.

10-35
Os meios de ignição devem exatamente Na baixa r.p.m., esta regulagem resulta
antes do pistão chegar ao ponto morto alto no em baixa eficiência, se não houver velocidade
movimento de compressão. suficiente na entrada da carga e na saída dos
A ignição da carga neste ponto permite a gases de escape para desenvolver a energia ne-
pressão máxima para determinar o ponto ligei- cessária.
ramente após a passagem do pistão sobre o pon- Também, na baixa r.p.m. o cilindro não é
to morto alto. Para a combustão ideal, o ponto bem esvaziado, e gases residuais se misturam
de ignição deve variar com a velocidade do mo- com o combustível que entra, além de serem
tor e com os graus de compressão, a força da apanhados durante o movimento de compressão.
mistura, e outros fatores que governam a razão Alguma mistura que entra também é perdida
de queima. Contudo, certos fatores limitam a através da válvula de escape aberta; contudo, as
faixa de operação da r.p.m. e os perigos da ope- vantagens obtidas na operação em r.p.m. nor-
ração com ajustes de centelha incorreta, proi- mal, compensam a deficiência que ocorrerá em
bindo o uso de controle variável de centelha em baixa r.p.m. Outra vantagem desta sincroniza-
vários instantes. ção da válvula é o aumento da vaporização do
Por isso, muitas unidades dos sistemas combustível e a benéfica refrigeração do pistão
de ignição de aviões são reguladas (calibradas) e cilindro.
para inflamar a carga combustível/ar em uma Atrasando o fechamento da válvula de
posição fixa (avançada). admissão, temos a vantagem da inércia do rápi-
Nos modelos mais novos de motores a do movimento de entrada da mistura combustí-
quatro tempos, a válvula de admissão abre no vel/ar no cilindro. Este efeito de impacto au-
ponto morto alto (top center), começando o mo- menta a carga, que deverá ser formada se a vál-
vimento de admissão, e é fechada no ponto mor- vula de admissão fechar no ponto morto inferior
to baixo (final do movimento de admissão). A (final do movimento de admissão). A válvula de
válvula de escapamento é aberta no ponto morto admissão inicia sua abertura durante a parte
baixo (final do tempo de potência) e fechada no final do movimento de escape, permanece aber-
ponto morto alto (final do movimento de esca- ta durante todo o ciclo de admissão, e na primei-
pe). Maior eficiência pode ser obtida através da ra parte do movimento de compressão. A mistu-
abertura da válvula de admissão de vários graus ra combustível/ar é fornecida durante todo esse
antes do ponto morto alto, e fechando vários tempo.
graus após o ponto morto baixo. A antecipação da abertura e o atraso do
A abertura da válvula de escape antes do fechamento da válvula de escapamento conju-
ponto morto inferior, e fechando-a após o supe- gados com a sincronização da válvula de admis-
rior, também melhora o desempenho do motor. são irão aumentar a eficiência do motor. A vál-
Como a válvula de admissão abre antes do pon- vula de descarga (escape) abre no tempo de po-
to morto superior do ciclo de escape, e a válvula tência vários graus do eixo de manivelas, antes
de escape fecha após o ponto morto superior do do pistão chegar ao ponto morto inferior do cur-
ciclo de admissão, existe o período onde ambas so. Esta abertura ajuda a obter uma melhor es-
as válvulas, de admissão e escape, estão abertas corva dos gases queimados. Isto também resulta
ao mesmo tempo. Isto é conhecido como cru- na melhoria da refrigeração dos cilindros, por
zamento de válvulas ou válvulas sobrepostas. A causa da descarga mais cedo dos gases quentes.
regulagem da válvula, com referência ao pistão Atualmente, nos motores de avião, a maior por-
ou a posição do eixo de manivelas é sempre ção dos gases de escapamento, e o não usado
feita em termos de antes ou depois dos pontos aquecido, descarregam antes do pistão chegar ao
mortos altos e baixos (ATC, BTC, ABC e ponto morto inferior do curso. Os gases quei-
BBC). mados continuam para a descarga quando o pis-
A abertura da válvula de admissão, antes tão passa pelo ponto morto inferior, move-se
do pistão atingir o ponto morto superior, inicia o para cima no movimento de escapamento, e
evento de admissão enquanto o pistão ainda está começa o próximo movimento de admissão.
se movendo para cima no ciclo de exaustão. Isto O fechamento tardio da válvula de esca-
ajuda a aumentar o volume da carga admitida pe procura melhorar o retorno (escor-
para dentro do cilindro. A seleção do ponto on- va/ventilação) através da obtenção da vantagem
de a válvula de admissão deve abrir depende da da inércia do rápido movimento da saída (des-
r.p.m. na qual o motor normalmente opera. carga) dos gases.

10-36
A válvula de escape realmente permane- motor mantendo e permitindo uma combustão
ce aberta durante a parte final do movimento de normal.
força, todo o movimento de exaustão (escape), e Todos os combustíveis possuem limites críticos
a primeira parte do movimento de admissão. de temperatura e compressão. Além deste limi-
Desta descrição de sincronia de válvulas, te, eles poderão inflamar espontaneamente e
podemos ver que as válvulas de admissão e es- queimar com explosiva violência.
cape são abertas ao mesmo tempo na parte final
do movimento de escape, e na primeira parte do
movimento de admissão. Durante este período
de sobreposição, os gases queimados remanes-
centes são descarregados através da saída de
escape, enquanto uma carga de ar fresco é admi-
tida através da entrada de admissão.
Muitos motores de avião são superali-
mentados. Superalimentação aumenta a pressão
do ar ou da mistura combustível/ar antes de en-
trar no cilindro. Em outras palavras, o ar ou a
mistura combustível/ar são forçados para dentro
do cilindro antes de fazer a aspiração. A Supera-
limentação aumenta a eficiência do motor, tor- Figura 10-32 Combustão normal em um cilin-
nando possível mantê-la nas grandes altitudes. dro.
Isto é verdade por causa da alta pressão a mais,
colocada dentro do cilindro durante o evento de Esta instantânea e explosiva queima da
admissão. Este aumento do peso da carga resul- mistura combustível/ar é, mais precisamente, na
ta no correspondente aumento de tração. Em parte final da carga, chamada detonação.
adição, a alta pressão dos gases de entrada ejeta Como anteriormente mencionado, duran-
mais facilmente os gases queimados para fora te a combustão normal, a chama fronteira pro-
através do porte de descarga. Isto resulta em um gride do ponto de ignição para ao redor do ci-
melhor retorno (escorva/ventilação) do cilindro. lindro. Essas chamas comprimem os gases à
frente deles. Ao mesmo tempo, os gases vão
Processo de combustão sendo comprimidos para cima através do movi-
mento do pistão.
A combustão normal ocorre quando a Se a compressão total nos gases rema-
mistura combustível/ar inflama no cilindro, nescentes não queimados excederem o ponto
queimando progressivamente com razão uni- crítico, ocorrerá detonação. A detonação (figura
forme e precisa em torno da câmara de combus- 10-33) nesta ocasião, é uma combustão espon-
tão. Quando a ignição é apropriadamente sin- tânea da carga não queimada a frente da chama
cronizada, a pressão máxima é obtida imediata- após a ignição de carga.
mente após o pistão ter passado o ponto morto
alto no final do movimento de compressão.
A queima inicia em cada vela, e queima
mais ou menos em forma de ondas (figura 10-
32). A velocidade do percurso da chama é influ-
enciada pelo tipo de combustível, razão da mis-
tura combustível/ar, e a pressão e temperatura
da mistura de combustível.
Com a combustão normal, o percurso da
chama é em torno de 100 pés por segundo. A
temperatura e a pressão no cilindro aumentam
na razão normal da queima da mistura combus-
tível/ar.
Este é um limite, contudo, para o valor
da compressão e o aumento do grau de tempera-
tura que pode ser tolerado com o cilindro do Figura 10-33 Detonação no cilindro.

10-37
A queima explosiva durante a detonação O uso apropriado do superalimentador e
resulta em um aumento extremamente rápido de da mistura de combustível, a manutenção ade-
pressão. Este rápido aumento de pressão e alta quada da cabeça do cilindro e carburador, e a
instantânea de temperatura, combinada com a temperatura de ar são usados inteiramente neste
alta turbulência gerada, causa uma ação de "ro- controle.
çamento" no cilindro e no pistão. Isto pode pro- Pré-ignição, como o nome subentende,
duzir um furo através do pistão. significa que a combustão tem lugar no cilindro
O ponto crítico da detonação varia com a antes do tempo de sincronização com as velas.
razão de combustível para o ar na mistura. Por Esta condição pode, muitas vezes, ser ocasiona-
isto, a característica de detonação da mistura da por excessivo carbono ou outros depósitos os
pode ser controlada pela variação na razão de quais causam locais com pontos quentes (a de-
combustível/ar. Nas altas trações, pressões de tonação e freqüentemente ocasionada por pré-
combustão e temperaturas são maiores do que ignição).
nas baixas ou médias trações. Portanto, na alta Contudo, a pré-ignição pode ser causada
tração a razão combustível/ar é feita mais "rica" também por alta tração operacional nas misturas
do que o necessário para uma boa combustão na excessivamente pobres. Pré-ignição é normal-
média ou baixa potência. Isto é feito porque, em mente indicada na cabine de comando por ruído
geral, uma mistura "rica" não irá detonar tão do motor, retorno de chama, e através de um
rapidamente do que uma mistura "pobre". aumento repentino da temperatura na cabeça do
A não ser uma detonação pesada, não cilindro.
haverá evidência de sua presença na cabine de Alguma área dentro da câmara de com-
comando. Detonações leves ou médias não cau- bustão torna-se incandescente, servindo como
sam ruídos que chamem a atenção, aumento de um "ignitor" avançado ao tempo normal de ig-
temperatura, ou perda de potência. Como resul- nição, causando combustão mais cedo do que o
tado, isto pode estar presente durante a tração desejado. Pré-ignição pode ser causada por uma
máxima de decolagem e na alta tração de subi- área de roçamento e aquecimento através da
da. erosão da detonação. Uma rachadura na válvula
De fato, os efeitos de detonação muitas ou pistão, ou quebra do isolador da vela, pode
vezes não são descobertos, até posterior remo- fornecer um ponto quente que serve como "to-
ção do motor. Quando o motor é revisado, a mada incandescente".
presença de severa detonação durante a opera- O ponto quente pode ser causado por
ção é indicada através de fraturas na cabeça do depósitos nas superfícies da câmara, como
pistão, colapso na cabeça das válvulas, anéis de resultado do uso de combustíveis com chumbo.
segmento quebrados, ou alojamentos de válvu- Depósitos normais de carbono podem também
las com erosão, pistões e cabeças de cilindro causar pré-ignição. Especificamente, a pré-
também com erosão. ignição é uma condição similar ao centelhamen-
A proteção básica contra a detonação é to adiantado da vela.
fornecida no projeto de ajuste do carburador do A carga no cilindro é inflamada antes do
motor, que automaticamente fornece as misturas tempo requerido para uma queima normal no
"ricas" necessárias pra evitar a detonação em motor. Não se deve confundir pré-ignição com o
alta tração; a razão de limitação, que inclui as centelhamento que ocorre muito cedo no ciclo.
temperaturas máximas operacionais; e seleção A pré-ignição é causada por um ponto quente na
correta da octanagem do combustível. câmara de combustão e não por tempo incorreto
Os fatores de projeto, refrigeração de ci- de ignição.
lindro, sincronização de magneto, distribuição O ponto quente pode ser causado devido
de mistura, superalimentação, e ajuste de carbu- ao cilindro superaquecido, ou defeito dentro do
rador são tidos como cuidados do projeto e de- cilindro.
senvolvimento do motor e seu método de insta- O mais óbvio método de correção da
lação no avião. pré-ignição é a redução da temperatura do cilin-
O restante da responsabilidade de pre- dro. O passo imediato é o "retardo" do acelera-
venção d\a detonação repousa igualmente nas dor. Isto reduz o volume da carga de combustí-
mãos da manutenção e dos tripulantes; eles são vel e a quantidade do aquecimento gerado.
responsáveis pela observância dos limites de Se um superalimentador está em uso e
r.p.m. e pressão de admissão. está com "alta razão", é necessário que seja re-

10-38
tornado para "baixa razão" para reduzir a carga Algumas vezes, um retorno de chama é
de temperatura. A mistura deve ser enriquecida, no regime de marcha lenta, mas o motor opera
se possível, para abaixar a temperatura de com- satisfatoriamente em regime de altas e médias
bustão. trações.
Se o motor está em alta potência quando A mais provável causa, neste caso, é
a pré-ignição ocorre, o retardamento do acelera- uma mistura de lenta excessivamente pobre. O
dor por poucos segundos pode prover suficiente ajuste próprio na mistura combustível/ar de len-
refrigeração para o lugar com algum acúmulo de ta normalmente corrige esta dificuldade.
chumbo, ou outro depósito dentro da câmara de
combustão. Queima atrasada
Estas partículas soltas incandescentes
são jogadas para fora através do escape. Elas Queima atrasada, algumas vezes chama-
são visíveis a noite como um "chuveiro" de da de queima posterior (afterburning), frequen-
centelhas. Se o "retardo" do acelerador não temente é resultado de uma mistura combustí-
permite um retorno para não interromper a vel/ar muito "rica".
tração normal de operação, os depósitos devem O disfarce de uma mistura "rica" é ter
ser removidos através do imediato choque uma queima lenta. Por isso, cargas de combustí-
térmico de refrigeração. Alguns tratamentos são vel não queimado estão presentes nos gases de
injeção de água, álcool do sistema de degelo, ar escape. Ar do lado de fora do escape mistura-se
totalmente frio no carburador, ou qualquer outro com este combustível não queimado que infla-
método que forneça o imediato resfriamento da ma. Isto causa uma explosão no sistema de es-
câmara do cilindro. capamento.
Queima posterior é mais comum onde
Retorno de chama longos dutos retêm grandes quantidades de car-
gas não queimadas. Como no caso do retorno de
Quando a mistura combustível/ar não chama, a correção para a queima posterior é o
contém o volume de combustível para consumir ajuste adequado da mistura combustível/ar.
todo o oxigênio, chama-se mistura pobre. Inver- Queima posterior pode ser causada tam-
samente, a carga que contém mais combustível bém por cilindros que não estão queimando por
do que o necessário é chamada uma mistura causa da falha nas velas, defeito nos bicos inje-
"rica". Uma mistura extremamente pobre tam- tores de combustível, ou ajuste no "claro de vál-
bém não deverá queimar ao todo, ou deverá vulas" incorreto.
queimar tão lentamente que a combustão não A mistura não queimada destes cilindros
seja completada ao final do movimento de esca- "mortos" (inoperantes) passa para o sistema de
pe. A chama se retardará no cilindro e, nesta escapamento, onde estes são inflamados e quei-
ocasião, inflamará o conteúdo no duto de ad- mam. Infelizmente, a resultante tocha ou pós-
missão ou no sistema de indução quando a vál- queima pode facilmente ser mal interpretada
vula de admissão abrir. Isto causa uma explosão como evidência de um carburador "rico".
conhecida como "retorno de chama", que pode Cilindros que estão queimando intermi-
danificar o carburador e outras partes do sistema tentemente podem causar o efeito similar. No-
de indução. vamente, a má função pode ser remediada ape-
O ponto responsável pelo retorno de nas pela descoberta da causa real e correção do
chama raramente envolve o motor. Em pratica- defeito. Ambos os cilindros "mortos" (não
mente todos os casos, o retorno de chama é queimando), ou com queima intermitente, po-
limitado a um ou dois cilindros. dem ser localizados através do teste do "cilindro
Normalmente isto é resultado de falha no frio".
ajuste na folga da válvula, defeito nos injetores
de combustível, ou outras condições que causam FATORES QUE AFETAM A OPERAÇÃO
a operação destes cilindros mais "pobres" do DO MOTOR
que o motor. Por causa deste retorno de chama,
os cilindros acenderão intermitentemente e, por- Compressão
tanto, operarão frios.
O teste do cilindro frio é discutido mais Para prevenir perda de potência, todas as
tarde neste capítulo. aberturas nos cilindros devem fechar e "selar"

10-39
completamente nos movimentos de compressão máximo. Além deste ponto, a tração desenvol-
e tração. A este respeito, existem três (03) itens vida cai quando a mistura é enriquecida demais.
para a operação adequada dos cilindros que de- Isto é porque a mistura de combustível é agora
vem ser seguidos para se obter a máxima efici- muito "rica" para proporcionar uma perfeita
ência. combustão.
Primeiro, os "anéis de segmento" do pis- A máxima tração pode ser obtida através
tão devem estar em boas condições para a veda- da colocação do carburador em um ponto da
ção máxima durante o movimento do pistão. curva (figura 10-34).
Não deve haver vazamentos entre o pistão e as No estabelecimento dos ajustes do car-
paredes da câmara de combustão. Segundo, as burador para um motor de avião, o projeto de
válvulas de admissão e escapamento devem engenharia confecciona uma série de curvas
fechar adequadamente para que não haja perda similares a mostrada na figura 10-34. Uma cur-
de compressão por estes pontos. Terceiro, e va é confeccionada para cada uma das várias
muito importante, a sincronização das válvulas velocidades do motor.
deve ser aquela em que a mais alta eficiência é Se, por exemplo, a velocidade de lenta é
obtida quando o motor estiver operando em sua 600 r.p.m., a primeira curva deverá ser feita
normal razão de r.p.m. A falha de qualquer des- com esta velocidade.
tes pontos resulta em grande redução de eficiên- Outra curva (gráfico) deverá ser feita a
cia do motor. 700 r.p.m., outra a 800 r.p.m. e assim por diante,
com aumentos de 100 r.p.m. até chegar a r.p.m.
Medição de combustível de decolagem.
Os pontos de tração máxima nas curvas
O sistema de admissão faz a parte de são então ligados para obter a curva de melhor
distribuidor de combustível medido para o mo- tração no motor para todas as velocidades. Esta
tor. Obviamente, qualquer defeito no sistema de curva de melhor tração é estabelecida no ajuste
indução afeta seriamente a operação do motor. "auto-rico" do carburador.
Para a melhor operação, cada cilindro do motor No estabelecimento e detalhamento das
deve ser abastecido com a mistura adequada de necessidades de se observar o ajuste do carbura-
combustível/ar, normalmente medida pelo car- dor, o fato é que a temperatura da cabeça do
burador. cilindro que varia com a razão do combustí-
Nos motores com injeção de combustí- vel/ar deve ser considerada.
vel, a medição é feita pelo injetor do divisor de Esta variação é mostrada na curva da fi-
fluxo e pelos "bicos" injetores de combustível. gura 10-35.
A relação entre a razão combustível/ar e tração Nota-se que a temperatura da cabeça do
é ilustrada na figura 10-34. cilindro é mais baixa com o ajuste em "auto-
pobre" do que com a mistura "auto-rica". Isto é
exatamente o oposto à crença comum, mas é a
verdade.
Além disso, o conhecimento deste fato
pode ser usado como proveito pelos tripulantes.
Se, durante o vôo em cruzeiro, tornar-se difícil
manter a temperatura da cabeça do cilindro nos
limites, a mistura combustível/ar pode ser "em-
pobrecida" para se conseguir a operação de re-
frigeração.
A refrigeração desejada pode, então, ser
obtida sem a ida para a posição "auto-rica" com
este caro desperdício de combustível. A curva
Figura 10-34 Curva de tração “versus” mistura mostra apenas a variação da temperatura da ca-
combustível/ar. beça do cilindro.
Para uma determinada r.p.m., a tração
Nota-se que, como a mistura do combus- fornecida pelo motor é menor com um ajuste de
tível varia de "pobre" para "rica", a tração de- melhor economia ("autopobre") do que com a
senvolvida pelo motor aumenta até chegar ao mistura de melhor tração.

10-40
ção durante a operação "em seco" é unicamente
para a refrigeração. Uma mistura "pobre" deverá
fornecer mais tração.

Figura 10-35 Variação da temperatura da cabe-


ça do cilindro com a mistura
combustível/ar (tração de cruzei-
ro).

A diminuição da temperatura da cabeça


do cilindro com o empobrecimento da mistura Figura 10-36 Curva de combustível/ar para
se mantém verdadeira apenas através da faixa motor com injeção de água.
normal de cruzeiro.
Nas ajustagens de alta tração, as tempe- Atualmente, a água ou, mais precisamen-
raturas do cilindro são maiores com as misturas te, o antidetonante, a mistura (água/álcool) é um
"pobres". A razão para esta reversão de depen- melhor refrigerante do que combustível adicio-
dência na capacidade de refrigeração do motor, nal. Além disso, a injeção de água permite mai-
como altas potências são de aproximação, – é o ores pressões na admissão, e garante futuros
ponto alcançado onde o fluxo de ar em torno aumentos na tração.
dos cilindros não fornecerá a suficiente refrige- Com o estabelecido no final da curva
ração. para a operação do motor, a capacidade do mo-
Neste ponto, um método secundário de tor se "auto-refrigerar" nas várias regulagens de
refrigeração deve ser usado. Esta refrigeração tração é, logicamente, levada em consideração.
secundária é dada pelo enriquecimento da mis- Algumas vezes, a mistura deve ser alte-
tura combustível/ar além do ponto de melhor rada para uma dada instalação, para compensar
tração. o efeito do projeto de capotas (cobertura do mo-
Através do "enriquecimento" da mistura tor), fluxo de ar refrigerante, ou outros fatores
para aumentar o resultado na perda de potência, na refrigeração do motor.
ambas, tração e economia, devem ser sacrifica-
das ao propósito da refrigeração do motor.
Para auxiliar a investigação da influência
das necessidades na mistura combustível/ar, os
efeitos da injeção de água devem ser examina-
dos. A figura 10-36 mostra a curva combustí-
vel/ar para um motor com injeção de água.
A porção pontilhada da curva mostra
como a mistura combustível/ar é "empobrecida"
durante a injeção de água.Este "empobrecimen-
to" é possível por causa da água, que melhor
que o combustível extra, é usada como refrige-
rante do cilindro.
O "empobrecimento" fornece um aumen-
to na tração. A água não altera as características Figura 10-37 Curva típica de mistura combus-
de combustão da mistura. Combustível adicio- tível/ar para carburador tipo inje-
nado para a mistura "auto-rica" na faixa de tra- ção.

10-41
O final da curva combustível/ar faz uma razão de mistura de melhor força. Portanto,
consideração sobre as características em "lenta" qualquer "empobrecimento" deverá fornecer a
de economia, tração e refrigeração do motor, e mistura a qual é mais "pobre" do que a melhor
todos os outros fatores que afetam a combustão. tração.
A figura 10-37 mostra uma típica curva
final para carburadores tipo injeção. Mistura de marcha lenta
Nota-se que a mistura combustível/ar na
"lenta" e em tração máxima é a mesma em "au- A curva da mistura de “marcha lenta"
to-rica" e "autopobre” (figura 10-39) mostra como a mistura muda
Além de lenta, uma gradual expansão quando o ajuste de mistura de "lenta" é mudado.
ocorre quando aproxima-se a força de cruzeiro. Nota-se que o maior efeito é nas velocidades
Esta aproximação é máxima na faixa de cruzei- lentas; contudo, existe algum efeito da mistura
ro. no fluxo de ar acima de lenta.
A expansão diminui na direção da tração O fluxo de ar que afeta o ajuste de lenta
máxima. Esta aproximação das duas curvas na cancela vários outros de mínimo cruzeiro para
faixa de cruzeiro é básica para o teste de medi- máximo cruzeiro. O ponto exato depende do
ção em cruzeiro. tipo e do ajuste do carburador.
A figura 10-38 mostra uma típica curva Em geral, o ajuste de lenta afeta a mistu-
final para um carburador tipo "bóia". Nota-se ra combustível/ar para cima da média de cruzei-
que a mistura combustível/ar para "lenta" é a ro na maioria dos motores que possuem carbu-
mesma para "rica" e em "manual pobre". radores tipo pressão injeção, e para cima no
A mistura se mantém a mesma até que a cruzeiro de "baixa" nos motores equipados com
faixa de "mínimo cruzeiro" seja atingida. Neste carburadores tipo "bóia".
ponto, a curva se separa e, então, se mantém Isto significa que ajustes incorretos na
paralela através das faixas de tração de cruzeiro. mistura de lenta podem facilmente causar falhas
Nota-se a propagação entre os ajustes de no desempenho em cruzeiro quanto mais escas-
"pobre" e "rica" na faixa de cruzeiro de ambas so for a "lenta".
as curvas. Por causa desta propagação, deverá
ser diminuída a tração quando o controle de
mistura é movido de "auto-rica" para "auto-
pobre", com o motor operando na faixa de cru-
zeiro.

Figura 10-39 Curva da mistura de marcha lenta.

Existem variações na mistura necessária


entre um motor e outro por causa da distribuição
do combustível, e a capacidade do motor se re-
frigerar.
Figura 10-38 Curva típica de mistura combus- O ajuste do carburador deve ser "rico" o
tível/ar para carburador tipo bóia. bastante para suprir o combustível na mistura
para "empobrecer" o cilindro.
Isto é verdade porque o ajuste de "auto- Se a distribuição do combustível é "po-
rica" na faixa de cruzeiro é muito próximo da bre", o total da mistura deve ser mais "rica", do

10-42
que seria requerida para o mesmo motor se a vaporizado, dando ao cilindro a requerida mistu-
distribuição fosse boa. ra de ar/combustível para combustão normal.
A capacidade do motor em "esfriar" de- Qualquer vazamento no sistema de ad-
pende de vários fatores, como o projeto do ci- missão tem um efeito na mistura enviada para
lindro (incluindo o projeto das janelas de refri- os cilindros. Isto é particularmente verdadeiro
geração), razão de compressão, acessórios na para um vazamento de um cilindro no final de
frente do motor que causam em cilindros indivi- tubo de admissão.
dualmente trabalho quente, e o projeto dos de- Para uma tubulação de admissão com
fletores usados para defletir o fluxo de ar ao pressão abaixo da atmosfera, um vazamento
redor do cilindro. Na potência de decolagem, a empobrecerá a mistura. Isto ocorre porque a
mistura deve ser "rica" o bastante para suprir de adição de ar é tirada para a atmosfera pelo va-
combustível e manter refrigerados os cilindros zamento.
que estão aquecidos. O cilindro afetado pode aquecer, falhar
intermitentemente, ou então ocorrer tudo ao
A tubulação de admissão mesmo tempo.

A tubulação de admissão fornece os Efeito operacional da folga das válvulas


meios de distribuição de ar ou a mistura de
ar/combustível para os cilindros. Quando é considerado o efeito operacio-
O tempo de fornecimento da mistura ou nal da folga das válvulas, deixa em mente que
ar pela tubulação depende do tipo do sistema de todo avião de motores convencionais desta des-
medição usado. crição usa sobreposição de válvulas.
Em um motor que usa carburador a tubu- A figura 10-40 mostra a pressão de en-
lação de admissão distribui a mistura de trada e saída nas válvulas, sob duas condições
ar/combustível do carburador para os cilindros. diferentes de ajuste para condições de operação.
Em um motor com injeção de combustível, o Em um caso, o motor está operando com uma
combustível é liberado para os bicos de injeção, pressão de admissão igual a 35 in.Hg. A pressão
um em cada cilindro, que fornece um jato apro- barométrica (pressão de saída do escapamento)
priado para uma queima eficiente. A mistura de é 29 in.Hg. Isto é igual a uma pressão diferenci-
ar e combustível acontece dentro do cilindro. al de 6 in.Hg (3 PSI) atuando na direção indica-
Em um motor de injeção de combustível, a tu- da pela seta.
bulação de admissão fornece somente ar.
A tubulação de admissão é um importan-
te item pelo efeito que ela tem sobre a mistura
de ar/combustível que chega ao cilindro. O
combustível é introduzido no fluxo de ar pelo
carburador, em uma forma líquida. Para vir a ser
um combustível, o mesmo tem que ser vapori-
zado no ar. Essa vaporização é feita na tubula-
ção de admissão, que inclui um supercarrega-
dor, caso usado.
Qualquer combustível que não vaporize
irá para as paredes dos tubos de entrada. Obvi-
amente, isto afeta a razão da mistura de
ar/combustível que chega aos cilindros, na for-
ma de vapor. Isto explica a razão para a aparen-
te mistura rica necessária para a partida de um
motor frio. Em um motor frio, algum combustí-
vel no fluxo de ar é condensado e vai para as
paredes das tubulações. Além disso, nenhum
Figura 10-40 Efeito da sobreposição das válvu-
combustível vaporiza no primeiro lugar.
las.
Quando o motor aquece, menos combus-
tível é requerido, porque menos combustível é Durante o período de sobreposição das
condensado no fluxo de ar e mais combustível é válvulas, esta pressão diferencial força a mistura

10-43
de ar/combustível através da câmara de combus- Num primeiro momento, não parece
tão para na direção da exaustão aberta. possível que o efeito do cruzamento de válvulas
Este fluxo de ar/combustível que força para adi- de sobrepor, na mistura de ar/combustível seja
ante os gases de escapamento, permanece no suficiente para causar efeito.
cilindro, resultando numa recuperação completa Como sempre, o efeito começa a apare-
da câmara de combustão. Isto, por sua vez, per- cer quando considerando as misturas de
mite o completo preenchimento do cilindro com ar/combustível na marcha lenta.
uma carga fresca no seguinte ciclo de admissão. Estas misturas devem estar enriquecidas
Esta é uma situação em que a sobreposição das entre 20% e 30% quando os tubos de escapa-
válvulas fornece aumento de força. mento aberto são usados, ao invés dos anéis
Em uma situação em que a tubulação de coletores, em qualquer motor. Isto é mostrado
admissão está com pressão abaixo da pressão na figura 10-41.
atmosférica, 20 in.Hg, por exemplo, existe uma Observa-se o afastamento da linha na
pressão diferencial de 9 in.Hg (4,5 PSI) em di- marcha lenta, entre as instalações de
reção oposta. Isto causa ao ar, ou gás de esca- escapamento aberto e a de um anel coletor, para
pamento, serem puxados para dentro do cilin- motores que são aparentemente iguais. A
dro, através da porta de escapamento durante a mistura varia menos quando a velocidade do
sobreposição das válvulas. motor, ou o fluxo de ar aumenta de lenta para
Em motores com anéis coletores, este cruzeiro.
Os fabricantes do motor, do avião e dos
fluxo inverso através da válvula de exaustão em equipamentos proporcionam um grupo moto-
regulagens de baixa potência, consiste de gases propulsor que dará um desempenho satisfatório.
de exaustão queimada. Esses gases são puxados Ressaltos são planejados para permitir a melhor
de volta para o cilindro e misturados com a en- operação das válvulas e uma adequada sobrepo-
trada de ar/combustível. sição.
Contudo, estes gases de exaustão são i- Mas, a operação da válvula só será cor-
nertes, eles não contêm oxigênio. Portanto, a reta, se a regulagem da folga for a recomendada
razão da mistura de ar/combustível não será pelo fabricante e assim permanecer. Se a folga
muito afetada. Com o tubo de escapamento a- das válvulas for deficiente, o período de sobre-
berto (curto, sem anel coletor), a situação é to- posição, ou cruzamento, poderá ser maior ou
talmente diferente. menor do que o previsto pelo fabricante.
Aqui, ar fresco contendo oxigênio é pu- Do mesmo modo, isto acontecerá se
xado pelo cilindro através do escapamento. Isto houver uma desregulagem durante a operação.
empobrece a mistura. Por isso o carburador de- Onde existir também uma válvula com
verá ser ajustado para liberar uma mistura lenta excessiva folga, ela não abrirá ou permanecerá
excessivamente rica, tanto que, quando a mistu- aberta por mais tempo do que o necessário. Isto
ra é combinada com o ar fresco retirado através reduzirá o período de sobreposição. Na veloci-
do escapamento, a mistura no cilindro estará na dade de marcha lenta, isto afeta a mistura de
razão desejada. ar/combustível desde que uma quantidade me-
nor que o normal, de ar ou saída de gases sejam
puxadas de volta ao cilindro durante um curto
período de sobreposição. Como resultado a mis-
tura da lenta tenderá a ficar muito rica.
Quando as válvulas estiverem com me-
nos folga do que deveriam, o período de sobre-
posição será alongado. Isto permitirá uma quan-
tidade maior que o normal de ar ou de
gases para serem sugados de volta para o cilin-
dro nas velocidades de marcha lenta. Como re-
sultado, a mistura de marcha lenta será escoada
para fora do cilindro. O carburador é ajustado
com a expectativa de que certa quantidade de ar
Figura 10-41 Comparação da mistura combus- ou de gases de escapamento serão sugados de
tível/ar com instalação de tubo volta para o cilindro. Se mais ou menos ar ou
aberto ou anel coletor. gás for sugado para dentro do cilindro durante o

10-44
período da sobreposição, a mistura será também rampa em direção ao fim. Com excessiva folga,
muito pobre ou muito rica. a válvula de admissão abre tarde e fecha cedo.
Quando as folgas das válvulas estiverem Isto causa efeito de estrangulamento sobre o
erradas, todas estarão erradas na mesma direção. cilindro.
Existirá muita folga em alguns cilindros e pouca A válvula não abre o suficiente para ad-
folga em outros. Naturalmente, isto dá uma va- mitir uma carga completa de combustível e ar.
riação na sobreposição entre cilindros que resul- Isto diminui a saída de força, particularmente
ta em uma variação na razão da mistura de nos ajustes de alta potência.
ar/combustível para ajustes de lenta e baixa for- Uma folga insuficiente na válvula de
ça, desde que o carburador libere a mesma mis- admissão terá o efeito oposto. A folga é pouca e
tura para todos os cilindros. O carburador não a válvula começa a abrir enquanto o rolete está
pode dividir a mistura para cada cilindro para subindo o ressalto.
compensar a variação da sobreposição das vál- A válvula não fecha até descer ao final do
vulas. lóbulo que tinha quase sido completado a passa-
O efeito da variação da folga e da sobre- gem sob o rolete. Portanto, a válvula de admis-
posição das válvulas na mistura de são abre cedo e fecha tarde, e permanece aberta
ar/combustível entre cilindros é ilustrado na mais do que deveria. Para baixa força, abrindo
figura 10-42. cedo, a válvula de admissão ocasiona uma ex-
Veja como funciona rico o cilindro com plosão por causa do calor dos gases de saída,
pequena folga e com muita folga funciona po- voltando para a tubulação de admissão e quei-
bre. mando a mistura existente ali.
Veja também a extrema variação da mis- A excessiva folga na válvula de escapa-
tura entre cilindros. Este motor é impossível de mento faz com que ela abra tarde e feche cedo.
ser ajustado em marcha lenta, para fornecer as Isto encurta o escapamento e causa uma recupe-
misturas corretas em cada cilindro, dos quais ração pobre.
seja esperado que se produza a mesma força. A abertura tardia poderá também causar o
Variações na folga da válvula com menos superaquecimento do cilindro. Os gases quentes
de 0,005 in. tem um efeito definido na distribui- são mantidos dentro do cilindro além do tempo
ção da mistura entre os cilindros. especificado para sua saída.
Quando a folga da válvula de escapa-
mento é insuficiente, a válvula abre cedo e fecha
tarde, permanecendo mais tempo aberta do que
deveria. A abertura cedo causa a perda de força
pelo encurtamento do ciclo de força. A pressão
no cilindro é aliviada antes de toda a expansão
usável ter trabalhado sobre o pistão. O fecha-
mento tardio faz com que a válvula de escapa-
Figura 10-42 Efeito da variação da sobreposi- mento permaneça aberta durante um período de
ção das válvulas na mistura com- tempo maior do ciclo do que deveria . Isto po-
bustível/ar entre os cilindros. derá resultar na perda de uma mistura boa atra-
vés da válvula de escapamento.
Um outro aspecto da folga da válvula é Como mencionado antes, existirá prova-
seu efeito sobre a eficiência volumétrica. Consi- velmente também uma pequena folga nas válvu-
derando primeiro a válvula de admissão supo- las de alguns cilindros, e folgas maiores em ou-
nha que a folga seja maior do que o especifica- tros, sempre que a folga das válvulas estiverem
do. incorretas.
Quando a pista de ressaltos passar sob o Isto significa que o efeito de folgas in-
rolete, é tirada parte da folga. Porém, isto não corretas na eficiência volumétrica irá variar de
tira toda a folga como deveria. Entretanto, o um cilindro para outro. Um cilindro terá uma
rolete é levado para cima pela própria pista an- carga completa, enquanto outro recebe somente
tes que a válvula comece a abrir. Como resulta- uma carga parcial. Como resultado, os cilindros
do, a válvula abre depois do que deveria. No não liberarão a mesma força. Um cilindro estou-
mesmo caminho, a válvula fecha antes de o ro- rará e aquecerá enquanto o outro cilindro traba-
lete ter passado do ressalto principal para a lha satisfatoriamente.

10-45
Em alguns motores com injeção direta, são, fazendo com que a tensão nos terminais
variações na folga das válvulas afetarão somen- aumente. Uma alta tensão é necessária para fa-
te a quantidade de ar colocada no cilindro. Isto é zer a faísca saltar em uma folga maior. Esta ten-
verdadeiro quando a tubulação de admissão são maior é transmitida através do circuito se-
contém somente ar. Neste caso, não existirá um cundário. O aumento de tensão pode causar da-
apreciável efeito na distribuição de combustível nos no circuito secundário. Isto é uma possível
entre os cilindros. Isto significa que, quando as fonte de interrupção na cablagem de ignição e
folgas variam entre os cilindros, as cargas de ar pode causar sobrecarga no distribuidor.
também variam, mas a distribuição de combus- O distribuidor direciona as centelhas
tível permanece constante. Esta falha na distri- para os vários cilindros. Isto deve ser ajustado
buição de ar, acompanhada pela distribuição de corretamente para ambos, motores e magneto. O
combustível, causará variação na razão da mis- dedo do distribuidor deve estar alinhado com o
tura. eletrodo correto no bloco do distribuidor, no
Em todos os casos, as variações na folga mesmo tempo da abertura dos platinados.
da válvula do seu valor específico, têm o efeito Qualquer desalinhamento causará à alta tensão
de mudança da calagem da válvula, da que se saltar para outro cilindro que não seja o ade-
obteria com a folga correta. quado. Isto causará uma severa explosão e mau
funcionamento geral do motor.
Sistema de ignição O fabricante selecionou a melhor colo-
cação e especificou o alinhamento do eletrodo
O próximo item a ser considerado, em nº 1 para a calagem. Contudo, mesmo com o
função da operação do motor, é o sistema de ajuste correto do distribuidor, o dedo estará
ignição. Embora aparentemente simples, exis- sobre alguns eletrodos e à frente de outros. Para
tem algumas coisas que não são compreendidas alguns eletrodos, o alinhamento está longe de
claramente. ser perfeito como seguramente deveria ser. Um
Um sistema de ignição é composto basi- ligeiro erro no ajuste, somado ao já existente
camente por quatro partes principais: erro de alinhamento, poderá colocar o dedo lon-
ge do eletrodo, e a tensão não passará do dedo
(1) o magneto básico. para o eletrodo, ou então, não será enviada ao
(2) o distribuidor. eletrodo correto podendo ir para um cilindro
(3) a cablagem de ignição. errado. Portanto, o distribuidor deve ser ajusta-
(4) a vela. do perfeitamente.
O dedo deverá ser alinhado com exati-
O magneto básico é um dispositivo ge- dão sobre o eletrodo nº 1 como prescrito no ma-
rador de alta-tensão. Ele deve ser ajustado para nual de manutenção de cada motor daquela ae-
fornecer uma máxima tensão quando o platina- ronave em particular.
do abre e a ignição ocorre. Ele deve ser ajusta- Embora a fiação do sistema de ignição
do corretamente para o ponto de centelhamento seja simples, é também uma parte crítica do
do motor. O magneto cria uma série de picos de sistema. Um número de coisas pode causar fa-
tensão que são aliviados pelas aberturas dos lhas na fiação de ignição.
platinados.. Um magneto tem seus pulsos O isolamento de um fio, dentro da fia-
enviados aos cilindros, por um distribuidor, na ção, pode diminuir e permitir que a alta tensão
ordem correta. A fiação de ignição é feita por vaze através da blindagem para a massa, em vez
cabos isolados e blindados, os quais levam as de ir para a vela.
altas tensões do distribuidor para as velas. Circuitos abertos podem resultar de fios
Os magnetos usados nos motores de ae- partidos ou conexões mal feitas.
ronaves são capazes de produzir tensões maio- Um fio desencapado poderá estar em
res que 15.000 volts. A tensão necessária para contato com a blindagem, ou dois fios podem
uma centelha ser criada na vela, usualmente estar em curto circuito juntos.
corresponde a 4.000 ou 5.000 volts, para um Qualquer defeito em um dos fios não
limite máximo de tensão do sistema de ignição. permite que a alta tensão chegue a vela, na qual
As velas funcionam como uma válvula de segu- o fio estiver conectado.
rança para limitar a tensão máxima. Elas têm Como resultado, somente uma vela no
suas folgas aumentadas como resultado da ero- cilindro terá centelha, fazendo com que o cilin-

10-46
dro opere com ignição simples. Isto certamente
resultará em detonação porque a ignição dupla é
necessária para evitar detonação durante a deco-
lagem, e durante outras operações de alta potên-
cia.
Dois fios defeituosos em um mesmo
cilindro causarão sua perda total. Em motores
com distribuidores separados, uma falha na ca-
blagem entre o magneto e o distribuidor pode
cortar metade do sistema de ignição.
Entre os defeitos mais comuns na fiação
de ignição, está o vazamento de alta tensão.
Contudo, uma verificação completa na fiação Figura 10-43 Efeito do governador da hélice na
revelará este e outros defeitos. pressão de admissão.
Embora a vela seja simples, tanto em
construção quanto operação, ela é, quase sem- O governador da hélice irá reduzir o ân-
pre, a causadora direta ou indireta do mau fun- gulo da pá e o vento sobre a hélice manterá a
cionamento encontrado nos motores de avião. A mesma rotação no motor. O aquecimento da
precaução começa com a seleção da vela apro- compressão dentro do cilindro irá evitar que a
priada. temperatura na cabeça do cilindro caia rapida-
Certifique-se de que selecionou e insta- mente.
lou a especificada para o motor em particular. A pressão do combustível permanecerá
Uma das razões da especificação de uma vela é constante e o seu fluxo não mudará a menos que
sua escala de aquecimento. a pressão de admissão seja mudada. Em um
Uma grande quantidade de problemas, motor não equipado com um turbo-carregador, a
atribuídos a vela, é resultado direto do mau fun- pressão permanecerá onde estava. Em um mo-
cionamento de outra parte do motor. Como por tor turbo-carregado, a pressão não cairá abaixo
exemplo, mistura excessivamente rica ou ajustes do valor que o supercarregador mecânico possa
de válvulas incorretos. manter.
Desta forma, o piloto terá dificuldade em
Governador da hélice reconhecer que encontrou uma inesperada falha,
a menos que o motor seja equipado com tor-
O item final a ser considerado em rela- químetro.
ção a operação do motor é o efeito do governa-
dor da hélice com a operação do motor. Na SUPERPOSIÇÃO DAS FASES DA OPE-
curva mostrada na figura 10-43, veja como a RAÇÃO DE UM MOTOR
pressão de admissão varia com a r.p.m., sendo
gradual até que o corte do governador seja Até este ponto, as fases de operação de
efetuado. um motor foram expostas individualmente. O
Depois deste ponto, a pressão aumenta relacionamento destas fases e seus efeitos com-
mas não ocorre troca na rotação do motor, binados serão considerados.
mesmo com a borboleta do carburador A combustão dentro do cilindro é o re-
totalmente aberta. sultado da medição do combustível, sua com-
O governador da hélice é ajustado para manter pressão e ignição.
uma determinada rotação do motor. Como a folga das válvulas afeta o com-
Portanto, o relacionamento entre a velo- bustível medido, a adequada combustão em to-
cidade do motor e a pressão de admissão como dos os cilindros, envolve o correto ajuste das
indicação de força de saída é perdida, a menos válvulas em adição as outras fases.
que se saiba que todos os cilindros do motor Quando todas as condições estão corre-
estejam funcionando corretamente. tas, existe uma mistura inflamável. Quando
Em um avião multimotor, um motor po- queimada esta mistura fornecerá impulsos de
de falhar e permanecer produzindo indicação potência de mesma intensidade em todos os
como se ele estivesse produzindo força. cilindros.

10-47
O sistema que produz a queima de com- toda vez que uma desordem não é corrigida, a
bustível necessita que as cinco condições a se- medida corretiva tomada fornecerá só um alívio
guir ocorram simultaneamente, se o impulso de temporário.
faísca necessário é liberado para o cilindro no Portanto, como resultado de muitos tes-
tempo apropriado: tes hoje podemos saber se a causa de um retorno
de chama é um ajuste incorreto, um defeito no
(1) os platinados deverão ser precisamente a- sistema de ignição, ou ainda um incorreto ajuste
justados no magneto (folga E ). das válvulas do motor.
O retorno de chama é normalmente cau-
(2) o magneto deverá estar precisamente ajus- sado por um cilindro e não por todos os cilin-
tado para o motor. dros. Para corrigir o problema, primeiro locali-
za-se qual o cilindro que está causando o retor-
(3) o dedo do distribuidor deverá estar preci- no e, então, tenta-se descobrir a causa.
samente ajustado para o motor e o distribu-
idor. PESQUISA DE PANES EM MOTORES
(4) a fiação da ignição deverá estar em bom
estado a sem tendências para faiscamentos. A necessidade de uma pesquisa de panes
é normalmente ditada por uma operação ruim do
(5) a vela deverá estar limpa, sem tendências a conjunto de força. Os ajustes de potência para o
curtos e tendo a folga do eletrodo na medi- tipo de operação, para o qual alguma dificulda-
da apropriada. de é encontrada, em muitos casos indicará qual
a parte do conjunto de força é a causa básica da
Se qualquer uma das fases da ignição dificuldade.
estiver mal ajustada ou não funcionando corre- Os cilindros de um motor, junto com o
tamente, o sistema de ignição inteiro poderá ser impulsor do supercarregador, formam uma
interrompido a tal ponto que a operação do mo- bomba de ar. Além disso, a força desenvolvida
tor se tornará irregular. pelos cilindros varia diretamente com a razão do
Como um exemplo de como uma fase de consumo de ar. Portanto, a medida de ar consu-
operação do motor pode ser afetada por outras mido, ou o fluxo de ar entrando no motor, é uma
fases, considere a vela suja. Uma vela suja, cau- medida da potência de entrada. Ignorando fato-
sa mal funcionamento no sistema de ignição, res como umidade e pressão de retorno do esca-
mas esta sujeira raramente resulta de uma falha pamento, a indicação da pressão de admissão e
da própria vela. Usualmente, alguma fase não o tacômetro, fornecem a medição de ar comsu-
está operando corretamente, causando a sujeira mido pelo motor. Desta forma, para uma dada
na vela. rotação, qualquer mudança na potência de en-
Quando uma mistura excessivamente trada será refletida pela correspondente mudan-
rica de ar/combustível está sendo queimada, ou ça na pressão de admissão.
porque a mistura está basicamente rica na carbu- A saída de potência de um motor é a
ração, ou está impropriamente ajustada para a força absorvida pela hélice. Portanto, a carga da
mistura de marcha lenta, inevitavelmente sujará hélice é uma medida de potência de saída. A
a vela. carga da hélice, por sua vez, depende da rota-
Geralmente estas causas resultarão em ção, ângulo da pá e densidade do ar. Para um
velas sujas, aparecendo em todo o motor, e não dado ângulo e densidade do ar, a carga da hélice
somente em um ou poucos cilindros. é proporcional a velocidade do motor.
Se a mistura é muito pobre ou muito A potência básica de um motor é relativa
rica, em qualquer um dos cilindros por causa de a pressão de admissão, fluxo de combustível e
uma perda no tubo de entrada ou válvula mal rotação. Como a rotação do motor, e o acelera-
ajustada, ocorrerá uma operação imprópria deste dor abrindo, controlam a pressão de admissão,
cilindro. os controles primários da potência do motor são
O cilindro provavelmente terá um retor- o acelerador e o controle de rotação.
no de chama. A sujeira na vela ocorrerá fre- Um motor equipado com hélice de passo
quentemente até que o problema seja resolvido. fixo possui somente o controle do acelerador.
Sempre que a causa real de um mal fun- Neste caso, o ajuste do acelerador controla am-
cionamento do motor não for determinada, e bas, a pressão de admissão e a rotação.

10-48
Com as devidas precauções, pode ser Se uma falha existir, deve-se assumir
retirada uma medida da entrada de potência na que o problema está relacionado a um dos se-
pressão de admissão, e da rotação pode ser reti- guintes sistemas:
rada uma medida da potência de saída. Contudo,
os seguintes fatores devem ser considerados: (1) Sistema de ignição.
(2) Sistema de medição de combustível.
(1) Pressão atmosférica e temperatura do ar, (3) Sistema de indução.
desde que afetem a densidade do ar. (4) Seção de força.
(5) Instrumentação
(2) Estas medidas de entrada e saída de força, Se uma aproximação lógica do problema
serem usadas somente para comparação da é obtida, com a leitura dos instrumentos , apro-
perfórmance de um motor com uma per- priadamente utilizadas, o mal funcionamento
fórmance prévia, ou comparação com outro pode ser apontado e o problema específico do
motor idêntico. sistema pode ser tirado.
Com mais informação disponível, a res-
(3) Com uma hélice de passo controlável, as peito de algum problema em particular, será
pás deverão estar junto ao batente de passo melhor uma correção rápida. As informações
mínimo, já que esta é a única posição de pá válidas para localizar um mal funcionamento
em que o ângulo é conhecido, e não varia. incluem:

Se um motor é equipado com um tor- (1) Alguma falha foi notada? Sob que condi-
químetro, a leitura deste deverá ser usada como ções de operação?
uma medida de saída de potência. (2) Qual o tempo de operação do motor e das
Tendo-se as medidas relativas às forças velas? Quanto tempo desde a última inspe-
de entrada e de saída, a condição de um motor ção?
pode ser determinada, comparando-se a entrada
com a saída. Isto é feito comparando-se a pres- (3) O teste operacional do sistema de ignição e
são de admissão necessária para produzir uma o teste de potência estavam normais?
determinada rotação, em comparação a um mo- (4) Quando o primeiro sinal do problema apa-
tor que tenha a sua condição de operação já receu?
conhecida. (5) Apresentava retorno de chama ou queima
A seguir, um exemplo que mostrará a a- atrasada?
plicação prática deste método, para a determina- (6) A aceleração total estava ocorrendo nor-
ção das condições do motor. Com o controle da malmente?
hélice selecionado para a r.p.m. de decolagem
(ângulo mínimo da pá), um motor pode requerer De um ponto de vista diferente, um gru-
32 polegadas na pressão de admissão para pro- po motopropulsor é na realidade um número de
duzir 2.200 r.p.m. para o teste de ignição. Em pequenos motores girando um eixo de manive-
um teste anterior, este motor requereu somente las, operado por duas fases comuns: (1) medição
30 polegadas na pressão de admissão para obter de combustível, e (2) ignição.
2.200 r.p.m. na mesma altitude e sob condições Quando o motor estiver com retorno de
atmosféricas idênticas. chama ou com baixa potência, primeiro encon-
Obviamente, alguma coisa está errada; tra-se qual dos sistemas (1) ou (2) está envolvi-
uma alta potência de entrada (pressão de admis- do, se o motor inteiro ou somente um cilindro
são) é agora requerida para a mesma potência de está com falha.
saída (r.p.m.). Existe uma grande possibilidade
de que um cilindro esteja inoperante (morto). Por exemplo, o retorno de chama nor-
Existem diversos padrões com os quais a malmente é causado por:
performance de um motor pode ser comparada.
Ela pode ser comparada com sua performance (1) Válvulas permanecendo abertas ou trancan-
passada, desde que as gravações tenham sido do em um ou mais cilindros.
conservadas. A performance pode ser compara-
(2) Mistura pobre.
da com outros motores do mesmo avião ou, de
aviões com a mesma instalação. (3) Vazamento no tubo de entrada.

10-49
(4) Erro no ajuste da válvula, que causa uma Problema - causa – solução
pequena carga ou uma carga grande de mis-
tura ar/combustível.
A pesquisa de problemas é uma análise
As razões para o retorno de chama pode- sistemática dos sintomas que indicam um mal
riam ser uma rachadura no bloco do distribuidor funcionamento. Já que seria impraticável rela-
ou um vazamento de alta tensão entre dois ca- cionar todos os defeitos que poderiam ocorrer
bos de ignição. Qualquer uma destas condições em um motor, somente os mais comuns serão
causaria a queima da carga do cilindro no ciclo discutidos.
de admissão. Um completo conhecimento dos siste-
Problemas do sistema de ignição envol- mas do motor, aplicado com o raciocínio lógico,
vendo retorno de chama, normalmente não esta- resolverão qualquer problema que possa ocor-
rão centralizados no magneto, porque uma falha rer.
do magneto resultaria em falta de rotação do A tabela 10 relaciona condições gerais
motor, ou rotação normal em baixas velocida- ou problemas que podem ser encontrados em
des, mas “cortando” em altas velocidades. motores como "falhas de partida de motor". Es-
Por outro lado, a substituição do magne- tas condições são suplementadas e divididas
to corrigiria uma dificuldade causada pela ra- entre as causas prováveis para tais condições.
chadura do distribuidor, quando um fizer parte As ações corretivas são indicadas na coluna
do magneto. Se os sistemas de combustível, "SOLUÇÃO".
ignição e indução estão operando corretamente, Os itens são apresentados em considera-
o motor deverá produzir a potência certa, a me- ção a frequência de ocorrência, facilidade de
nos que alguma falha exista na seção de força acesso e complexidade da ação corretiva indica-
básica. da
TABELA 10 Pesquisa de panes de motores de cilindros opostos.
PROBLEMA CAUSA PROVÁVEL SOLUÇÃO

Falha de partida no • Falta de combustível. • Verificar o sistema de combustível quan-


motor. to a vazamento.
• Abastecer o tanque de combustível.
• Limpar linhas sujas, filtros, ou válvulas
de combustível.
• Pouca injeção • Usar o processo correto de injeção.
• Muita injeção. • Abrir o acelerador e descarregar o motor
pela rotação da hélice.
• Ajuste do acelerador • Abrir o acelerador 1 décimo da sua esca-
incorreto. la.
• Defeito nas velas. • Limpar ou substituir as velas.
• Defeito na fiação de igni- • Testar e substituir os fios com defeito.
ção.
• Bateria fraca ou com defei- • Substituir por uma bateria carregada.
to.
• Operação imprópria do • Verificar o ajuste interno do magneto.
magneto ou dos platinados.
• Água no carburador. • Drenar o carburador e as linhas de com-
bustível.
• Falha interna. • Verificar o filtro de óleo no cárter, por
partículas metálicas.
• Acoplador de impulso • Desmagnetizar o acoplador de impulso.
magnetizado, se instalado.
• Eletrodos das velas Substituir as velas ou secá-las.
congelados.

10-50

• Controle de mistura corta • Abrir o controle de mistura.
em marcha lenta.
• Curto no interruptor de • Verificar e substituir, ou corrigir.
partida ou perda de aterra-
mento.
Motor falha em mar- • Ajuste de velocidade de • Ajustar o batente do acelerador para ob-
cha lenta marcha lenta incorreto. ter a marcha lenta correta.
• Mistura de lenta incorreta. • Ajustar a mistura (consultar o manual
do fabricante).
• Vazamento no sistema de • Apertar todas as conexões do sistema de
indução. indução. Substituir as partes com defei-
to.
• Baixa compressão do cilin- • Verificar a compressão do cilindro.
dro.
• Falha do sistema de igni- • Verificar inteiramente o sistema de igni-
ção. ção.
• Injetor aberto ou vazando. • Bloquear ou corrigir o injetor.
• Ajuste impróprio da vela • Verificar a folga das velas.
para a altitude.
• Filtro de ar sujo. • Limpar ou substituir o filtro.
Baixa potência e • Mistura muito rica, indica- • Verificar o injetor. Reajustar a mistura
motor com funcio- da por operação lenta do do carburador.
namento irregular. motor, chama de exaustão
vermelha e fumaça preta.
• Mistura muito pobre, indi- • Verificar as linhas de combustível quan-
cada por sobreaquecimento to a sujeira ou outras restrições. Verifi-
ou retorno de chama. car o suprimento de combustível.
• Vazamento no sistema de • Apertar todas as conexões. Substituir as
indução. partes defeituosas.
• Defeito nas velas. • Limpar ou substituir as velas.
• Graduação do combustível • Abastecer o tanque com o combustível
imprópria. recomendado.
• Platinados do magneto não • Limpar os platinados. Verificar o ajuste
trabalham apropriadamen- interno do magneto.
te.
• Defeito na fiação da igni- • Testar e substituir os fios defeituosos.
ção.
• Defeito nos terminais das • Substituir os terminais das velas.
velas.
• Folga incorreta das válvu- • Ajustar a folga das válvulas.
las.
• Restrição no sistema de • Remover a restrição.
escapamento.
• Ajuste da ignição incorreto. • Verificar os magnetos quanto a sincroni-
zação e ajuste.
Motor falha ao de- • Manete de aceleração fora • Ajustar a manete de aceleração.
senvolver potência de ajuste.
total.
• Vazamento no sistema de • Apertar todas as conexões, e substituir as
indução. partes defeituosas.

10-51
• Combustível impróprio. • Abastecer o tanque com o combustível
recomendado.
• Restrição na entrada de ar • Examinar a entrada de ar e remover a
do carburador restrição.
• Governador da hélice fora • Ajustar o governador.
de ajuste.
• Falta da ignição. • Apertar todas as conexões, e verificar o
sistema de ignição. Verificar a regula-
gem da ignição.
Funcionamento irre- • Montante do berço do mo- Reparar ou substituir os montantes do ber-
gular do motor. tor quebrado. ço.
• Hélice desbalanceada. • Remover a hélice, e verificar o balance-
amento.
• Defeito nas buchas de • Instalar novas buchas.
montagem.
• Depósito de chumbo nas • Limpar ou substituir as velas.
velas.
• Injetor desbloqueado. • Bloquear o injetor.
Baixa pressão de • Óleo insuficiente. • Observar a quantidade de óleo.
óleo.
• Filtros de óleo sujos. • Remover e limpar os filtros de óleo.
• Indicador de pressão defei- • Substituir o indicador.
tuoso.
• Bloqueio de ar ou sujeira • Remover e limpar a válvula de alívio de
na válvula de alívio. pressão de óleo.
• Vazamento da linha de • Verificar os vedadores entre os acessó-
sucção ou de pressão. rios e o carter.
• Obstrução na entrada da • Observar a obstrução da linha. Limpar o
bomba de óleo. filtro de sucção.
• Alta temperatura do óleo • Veja “alta temperatura do óleo” na co-
luna de problemas.
• Mancais gastos ou arranha- • Efetuar a revisão do motor.
dos.
Alta temperatura do • Ar de arrefecimento insufi- • Observar a entrada e a saída de ar por
óleo. ciente. deformação ou obstrução.
• Suprimento insuficiente de • Abastecer o tanque de óleo ao nível a-
óleo. propriado.
• Linhas ou filtros de óleo • Remover e limpar as linhas ou os filtros
obstruídos. de óleo.
• Mancais falhos ou defeitu- • Examinar o cárter quanto a partículas
osos. metálicas e, se encontradas, revisar o
motor.
• Termostatos defeituosos. • Substituir os termostatos.
• Indicadores de temperatura • Substituir os indicadores.
defeituosos.
• Excessiva ventilação da • Usualmente causada pelos anéis presos
válvula ( Blow-By). ou fracos. Revisar o motor.
Excessivo consumo • Mancais falhos ou defeitu- • Observar o cárter quanto a partículas
de óleo. osos. metálicas e, se encontradas, a revisão do
motor é indicada.

10-52
• Anéis dos pistões gastos ou • Instalar anéis novos.
quebrados.
• Instalação incorreta dos • Instalar anéis novos.
anéis dos pistões.
• Vazamento interno de óleo. • Observar cuidadosamente o motor quan-
to a vazamento nas juntas ou anéis.
• Vazamento através da linha • Substituir o selo da bomba de combustí-
de ventilação da bomba de vel.
combustível do motor.
• Respiração do motor ou da • Checar o motor, e revisar ou substituir a
bomba de vácuo. bomba de vácuo.

MANUTENÇÃO DO CILINDRO motor com bloqueio hidráulico desta natureza,
pode-se causar o estouro do cilindro afetado ou,
Na maioria dos casos, o cilindro recebe o mais provável, pode resultar em um entorta-
seu combustível e ar de uma fonte comum que é mento ou quebra da biela.
o carburador. Um calço hidráulico completo - um cal-
Várias fases de operação do cilindro co- ço que pare a rotação do eixo de manivela - po-
mo a compressão, mistura de combustível e de resultar em sérios danos ao motor.
ignição podem funcionar adequadamente, até Se o pistão encontrar uma alta resistên-
que um tipo de mal funcionamento cause difi- cia, ele não pára completamente; o motor vacila,
culdades no motor. entretanto parte e continua a girar, acionado
Retorno de chama no motor, por exem- pelos outros cilindros.
plo, pode ser causado por uma mistura
ar/combustível pobre em um dos cilin-
dros.
A mistura pobre pode ser causada por
tais dificuldades, como um ajuste impróprio na
válvula, uma válvula de admissão ou escape
presa, ou um vazamento no tubo de entrada.
A maioria das dificuldades no motor
pode ser causada por um cilindro ou um peque-
no número de cilindros. Portanto, dificuldades
no motor podem ser corrigidas somente após o
mau funcionamento dos cilindros terem sido
localizados, e as fases defeituosas de operação
dos cilindros serem normalizadas.

Calço Hidráulico

Se um motor radial permanece cortado


por qualquer período de tempo, o óleo ou com-
bustível podem drenar para dentro das câmaras
de combustão dos cilindros inferiores, ou podem
acumular nas tomadas inferiores das tubulações
para serem drenados para dentro dos cilindros
quando o motor partir (Figura 10-44). Figura 10-44 Estágio inicial no desenvolvi-
Quando o pistão se aproxima do ponto mento de um calço hidráulico.
morto alto de compressão (ambas as válvulas
fechadas), este líquido, incompressível, estanca Um ligeiro entortamento da biela, resul-
o movimento do pistão. Se o eixo de manivela tante do bloqueio parcial, também não será no-
continuar a girar, algum problema poderá ocor- tado a tempo, mas ela está danificada, e é certo
rer. Portanto, partindo ou tentando partir um que falhará mais tarde.

10-53
A falha eventual ocorre na maioria das Nunca se deve tentar eliminar um blo-
vezes em operações críticas, como decolagens e queio hidráulico girando a hélice no sentido
arremetidas quando a potência máxima do mo- oposto ao normal de rotação, uma vez que isto
tor é utilizada e a máxima tensão é imposta às tende a injetar o líquido do cilindro para dentro
partes. Um calço hidráulico e alguns possíveis do duto de admissão, com a possibilidade de
resultados são mostrados na figura 10-45. ocorrer um bloqueio total ou parcial subsequen-
te a partida.

Ventilação da válvula (Blow-by)

A ventilação da válvula (“Blow-by”) é


indicada por um silvo ou assobio, quando a hé-
lice está sendo puxada antes da partida do mo-
tor, quando o motor está girando pelo motor de
partida, ou quando o motor está girando em bai-
xas velocidades.
Isto é causado por uma abertura de vál-
vula presa ou deformada, para que a extensão da
compressão não ocorra no cilindro quando o
Figura 10-45 Resultados de um calço hidráulico. pistão move para o ponto morto alto na fase de
compressão.
Antes de se dar partida em qualquer mo- O ar que passa pela válvula de escapa-
tor radial que tenha sido parado por mais de 30 mento pode ser escutado na descarga do motor,
minutos, as chaves de ignição devem estar em e o que passa pela válvula de admissão é audível
"off", só então puxa-se a hélice na direção de no carburador.
rotação, para assegurar que não haja calço hi- A ventilação da válvula deve ser corrigi-
dráulico. da imediatamente, a fim de evitar falha da vál-
Qualquer líquido presente em um cilindro vula, e a possibilidade de falha do motor por um
será indicado por um esforço anormal para rodar dos seguintes passos:
a hélice.
Entretanto, nunca se usa força quando um (1) Fazer um teste de compressão dos cilindros
calço hidráulico é detectado. para localizar o cilindro em falha.
Quando motores que empregam aciona-
mento direto, ou combinação de acionamento (2) Observar a folga das válvulas do cilindro
direto e inércia, estão sendo acionados e uma afetado. Se a folga estiver incorreta, a vál-
fonte externa está sendo usada, uma checagem vula deve estar presa em um guia de válvu-
quanto a calço hidráulico deve ser feita pela la. Para libera-la, colocar uma barra de fibra
intermitente energização do motor de partida, sobre o balancim imediatamente sobre a
esperando pela tendência do motor estolar. O haste da válvula, e golpear a barra várias
uso do motor de partida, desta maneira, não vezes com um martelo de 1 a 2 libras. A
exercerá suficiente força no eixo de manivelas a força exercida com a mão sobre a barra de
ponto de entortar ou quebrar a biela se um blo- fibra é suficiente para remover qualquer es-
queio estiver presente. paço entre o balancim e a haste da válvula,
Para eliminar um bloqueio, remove-se a antes de golpear.
vela de ignição dianteira ou traseira dos cilin-
dros inferiores, girando a hélice na direção de (3) Se a válvula estiver presa e a folga for in-
rotação. O pistão expulsará qualquer líquido que correta, ajustá-la como necessário.
possa estar presente.
Se o bloqueio (calço) hidráulico aconte- (4) Determinar se a ventilação (“Blow-by”) foi
cer devido a uma alta pressão antes de iniciar a eliminada girando novamente o motor pela
partida do motor, elimina-se o bloqueio do hélice com a mão, ou acionando-o com o
mesmo modo, isto é, removendo uma das velas motor de partida. Se a ventilação ainda es-
de ignição do cilindro e girando o eixo de mani- tiver presente, será necessário substituir o
velas duas voltas. cilindro.

10-54
TESTES DE COMPRESSÃO NO ajudam a determinar as condições de uso pro-
CILINDRO gressivo e a estabelecer as ações de manutenção
necessárias.
Os testes de compressão nos cilindros Os dois tipos básicos de teste de com-
determinam se as válvulas, anéis e pistões estão pressão, atualmente em uso para checar a com-
adequadamente selando a câmara de compres- pressão dos cilindros em motores de aviões, são
são. o testador de compressão direta e o de pressão
Se o vazamento de pressão for excessivo diferencial.
o cilindro não poderá desenvolver sua potência Os procedimentos e precauções a serem
máxima. A finalidade de testar a compressão observados durante o uso de um destes tipos de
dos cilindros é para determinar se a substituição testadores estão resumidos nesta seção. Ao se
do cilindro é necessária. A detecção e substitui- executar um teste de compressão, as instruções
ção dos cilindros defeituosos evitarão a troca do fabricante do testador deverão ser seguidas.
completa do motor por falha dos cilindros.
É essencial que os testes de compressão Testador de compressão direta
sejam feitos periodicamente. Embora seja pos-
sível para um motor a perda de compressão por Este tipo de teste de compressão indica a pres-
outras razões, a maior parte da baixa compres- são atual dentro do cilindro.
são ocorre por vazamentos em válvulas. As Embora um componente em particular
condições que afetam a compressão do motor com defeito dentro do cilindro seja difícil de
são: determinar por este método, a uniformidade de
uma leitura para todos os cilindros é uma indi-
(1) Incorreta folga de válvulas. cação da condição do motor como um todo.
(2) Pistões gastos, arranhados ou danificados.
(3) Excessivo desgaste dos anéis do pistão e As seguintes diretrizes são sugeridas
paredes dos cilindros. para realizar um teste de compressão direta:
(4) Válvulas empenadas ou queimadas. (1) Aquecer o motor a temperatura de realiza-
(5) Partículas de carbono entre a face e a sede ção do teste, tão logo quanto possível, após
da válvula ou válvulas. o corte do motor.
(6) Tempo de válvula adiantado ou atrasado.
(2) Remover a vela mais acessível de cada ci-
Um teste de compressão é feito logo lindro.
após o corte do motor, de modo que os anéis do
pistão, as paredes dos cilindros e outras partes (3) Girar o motor com o motor de partida para
ainda estejam suficientemente lubrificadas. En- expulsar qualquer excesso de óleo ou car-
tretanto, não é necessário operar o motor antes bono solto nos cilindros.
de realizar as checagens de compressão durante
a recuperação do motor, ou uma substituição (4) Se um conjunto completo de testadores de
individual dos cilindros. Nestes casos, antes de compressão estiver disponível, instalar um
se executar o teste, pulveriza-se uma pequena testador em cada cilindro. Entretanto, se
quantidade de óleo refrigerante dentro do cilin- somente um testador estiver sendo utiliza-
dro, ou cilindros, girando o motor várias vezes do, checar cada cilindro em rodízio.
para selar os pistões e anéis no corpo do cilin-
dro. (5) Usar o motor de partida do motor, girando o
Assegure-se de que a chave de ignição motor pelo menos três voltas completas, e
esteja na posição "off", de modo que ela não anotando os valores de compressão. O uso
provoque uma partida acidental do motor. As de uma fonte de energia externa, como uma
carenagens necessárias e as velas acessíveis de bateria fraca, resultará em uma menor razão
cada cilindro, devem ser removidas. de giro do motor e valores de compressão
O exame cuidadoso das velas ajudará a menores.
diagnosticar os problemas dentro do cilindro. Os
relatórios e fichas de manutenção do motor que (6) Checar novamente qualquer cilindro que
está sendo testado devem ser revisados. As ano- demonstrar uma leitura anormal, quando
tações das checagens de compressão anteriores comparada com os outros. Qualquer cilin-

10-55
dro que tenha uma leitura de pressão apro- (1) Fazer o teste de compressão tão logo quanto
ximada de 15 PSI menor que os outros, é possível, após o corte do motor, para garan-
suspeito de apresentar defeito. tir a lubrificação uniforme nas paredes dos
cilindros e anéis.
(7) Se um testador de compressão for suspeito (2) Remover a maioria das velas acessíveis do
de estar defeituoso, substitui-lo por outro cilindro, ou cilindros, e instalar um adapta-
em bom estado, e checar novamente a com- dor de velas no local das velas.
pressão dos cilindros afetados.
(3) Conectar o conjunto testador de compressão
Testador de pressão diferencial a uma fonte de ar comprimido de 100 a 150
PSI. Com a válvula de corte sobre o testa-
O testador de pressão diferencial checa a dor de compressão fechada, ajustar o regu-
compressão dos motores do avião ao medir o lador do testador para 80 PSI.
vazamento através do cilindro.
O projeto deste testador de pressão é tal (4) Abrir a válvula de corte, e fixar a manguei-
que, vazamentos diminutos na válvula são de- ra de ar com um conector de desconexão
tectados, tornando possível a substituição do rápida ao adaptador da vela. A válvula de
cilindro onde a queima da válvula está inician- corte quando aberta manterá automatica-
do. mente uma pressão de 15 a 20 PSI no cilin-
A operação do testador de pressão está dro, quando ambas as válvulas de admissão
baseada no princípio de que, para qualquer flu- e descarga estiverem fechadas.
xo de ar através de um orifício fixo, resultará
numa queda de pressão constante (5) Girar o motor no sentido de rotação, até que
Como o fluxo de ar varia, a pressão troca o pistão no cilindro que está sendo testado,
de acordo com esta variação e na mesma dire- alcance no ciclo de compressão 15 PSI.
ção. Continuar girando a hélice lentamente na
direção de rotação até que o pistão atinja o
ponto morto alto. O ponto morto alto pode
ser detectado pela diminuição da força re-
querida para mover a hélice. Se o motor for
girado além do ponto morto alto, as 15 a 20
PSI tenderão a mover a hélice na direção de
rotação. Se isto ocorrer, retornar a hélice
pelo menos uma pá, antes de girar a hélice
novamente na direção de rotação. Este re-
torno é necessário para eliminar o efeito de
contra-rotação no mecanismo de operação
da válvula, e para manter os anéis dos pis-
tões alojados na sede.

Figura 10-46 Testador da pressão diferencial. (6) Fechar a válvula de corte no testador de
compressão e checar a pressão regulada pa-
Se o ar é suprido sob pressão para o ci- ra observar se ela mantém em 80 PSI, com
lindro com ambas as válvulas de descarga e ad- fluxo de ar para o cilindro. Se a pressão re-
missão fechadas, a quantidade de ar que vaza gulada for maior ou menor que 80 PSI, rea-
pelas válvulas ou anéis indica sua condição; o justar o regulador para 80 PSI. Quando fe-
cilindro perfeito, naturalmente, não deve ter char a válvula de corte, assegurar que a área
nenhum vazamento. de giro da hélice está livre de objetos. Isto
O testador de pressão diferencial (figura porque a pressão de ar na câmara de com-
10-46) requer a aplicação de ar sob pressão para bustão é suficiente para girar a hélice se o
o cilindro que está sendo testado com o pistão pistão não estiver no ponto morto alto.
no ponto morto alto.
As diretrizes para se executar o teste de (7) Com a pressão regulada e ajustada para 80
compressão diferencial são: PSI, se a leitura da pressão do cilindro indi-

10-56
cada no manômetro for inferior ao mínimo Outro método é com o ar comprimido
especificado para o motor que está sendo admitido através do orifício da vela. O pistão
testado, mover a hélice na direção de rota- deve ser retido no ponto morto alto de compres-
ção para assentar os anéis dos pistões nas são durante esta operação. Um vazamento nas
ranhuras. Checar todos os cilindros, e ano- válvulas, ou nos anéis do pistão, pode ser detec-
tar os valores. tado escutando-se as saídas de exaustão, duto de
admissão ou suspiro do motor.
Se uma baixa compressão for obtida em Em seguida à ventilação da válvula
qualquer cilindro, girar o motor com o motor de (Blow-by), a causa mais frequente de vazamento
partida em potência de decolagem, e checar no- de compressão é o vazamento excessivo através
vamente se o cilindro, ou cilindros que tenham do pistão. Este vazamento pode ocorrer devido a
apresentado problema. falta de óleo. Para examinar esta possibilidade,
Se a baixa pressão não for corrigida, o óleo deve ser esguichado dentro do cilindro e
remove-se a tampa do cabeçote, checando a ao redor do pistão. Se este procedimento elevar
folga das válvulas para determinar se a dificul- a compressão a um mínimo requerido, ou acima,
dade é causada por uma folga de válvula inade- dá-se continuação ao serviço do cilindro. Se a
quada. pressão ainda não atingir o mínimo requerido,
Se a baixa compressão não é causada pe- ele é substituído por outro.
la folga inadequada da válvula, coloca-se uma Quando for necessário substituir um ci-
barra de fibra sobre o balancim imediatamente lindro, devido ao resultado de baixa compres-
sobre a haste da válvula, batendo na barra várias são, anota-se o número do cilindro e o valor da
vezes com martelo de 1 a 2 lbs para desalojar compressão do novo cilindro instalado na ficha
qualquer material estranho entre a válvula e a de teste de compressão.
sede da válvula. Após soltar a válvula desta ma-
neira, gira-se o motor com o motor de arranque, Substituição do cilindro
checando a compressão.
Não se deve fazer uma checagem de Cilindros de motores alternativos são
compressão após a válvula ter sido solta, ao projetados para operar um tempo especificado
menos até que o eixo de manivelas tenha sido antes que o uso normal requeira sua revisão. Se
girado, ou com o motor de partida ou com a o motor for operado como recomendado, e a
mão, a fim de permitir o reassentamento da vál- manutenção preventiva for executada, os cilin-
vula de maneira normal. Uma velocidade maior dros normalmente resistirão até que o motor seja
no assentamento, obtida quando soltar a válvula, removido por limite de horas
indicará o assentamento das válvulas nas suas É de conhecimento, por experiência, que os
sedes mesmo estando ligeiramente ovaladas ou materiais falham e que os motores são castiga-
excêntricas. dos por operações incorretas; isto tem uma série
Cilindros que tenham ficado com a com- de efeitos sobre a vida dos cilindros.
pressão abaixo da mínima especificada, após o Outra razão para a troca prematura do
assentamento devem ser novamente examinados cilindro é a manutenção deficiente. Portanto,
para determinar se o vazamento ocorre na cuidado especial deve ser observado para asse-
válvula de exaustão, na válvula de admissão ou gurar que todos os corretos procedimentos de
no pistão. O vazamento excessivo pode ser manutenção sejam realizados quando trabalhan-
detectado: (1) na válvula de exaustão escutando- do com o motor.
se o vazamento de ar na saída de exaustão; (2) Algumas das razões para a substituição
na válvula de admissão pelo escapamento de ar dos cilindros são:
na tomada de ar; e (3) nos anéis dos pistões pelo
escapamento de ar nos suspiros do motor. (1) Baixa compressão.
O teste de ventilação é outro método de (2) Alto consumo de óleo em um ou mais ci-
detecção de vazamento nas válvulas de admis- lindros.
são e escape. Nesse teste, quando o pistão é mo- (3) Excessiva folga na guia da válvula.
vido para o ponto morto alto de compressão, a
falha da válvula pode ser detectada escutando-se (4) Flanges do duto de admissão soltos.
o som de respiração (ventilação) nas saídas de (5) Sedes de válvula com defeito ou soltas.
exaustão ou no duto de entrada de ar. (6) Danificação externa como rachaduras.

10-57
Quando condições como estas são limi- Em alguns casos, motores refrigerados a
tadas a um ou poucos cilindros, a substituição ar são equipados com cilindros cromados, que
destes, sendo defeituosos, retornará o motor a são usualmente identificados por uma banda
sua condição de serviço. pintada ao redor do corpo entre o flange de fixa-
O número de cilindros que podem ser ção e a aleta de refrigeração da parte inferior.
substituídos economicamente em motores refri-
gerados a ar, depende do número deles a serem
substituídos. A experiência tem indicado que,
em geral, 1/4 ou 1/3 dos cilindros de um motor
podem ser substituídos economicamente. Con-
sideram-se estes fatores quando uma decisão
tiver que ser tomada:

(1) Tempo do motor.


(2) Prioridade estabelecida para retornar o avi-
ão para serviço.
(3) Disponibilidade de cilindros reserva e mo-
tores reserva.
(4) Se QECA (conjuntos de troca rápida de
motor) estão sendo usados.
(5) O número de pessoas disponíveis para a
troca.

O cilindro é sempre substituído por um Figura 10-47 Identificação da medida do cilin-


conjunto completo que inclui: pistão, anéis, vál- dro.
vulas, e molas de válvulas. O cilindro é obtido
pela numeração do conjunto do cilindro pelo Esta banda colorida é identificada inter-
P/N, especificado no catálogo de partes do mo- nacionalmente pela cor laranja.
tor. Quando se instala um cilindro cromado
Exceto certas condições, não se tenta não se usa anéis cromados; conjuntos combina-
substituir partes individuais como pistões ou dos incluirão, naturalmente, anéis corretos. En-
válvulas. Esta precaução garante que folgas ou tretanto, se um anel for quebrado durante a ins-
tolerâncias sejam corretas. Outras partes, como talação do cilindro examina-se a marcação do
molas de válvulas, balancins, tampa do cabeçote cilindro para determinar qual o anel, cromado
podem ser substituídas individualmente. ou não, e o correto para a substituição. Precau-
Normalmente todos os cilindros de um ções similares devem ser tomadas para assegu-
motor são similares; deste modo, todos são ta- rar que anéis de tamanhos corretos sejam insta-
manho padrão ou todos são trabalhados para as lados.
mesmas dimensões, e são de aço ou cromados. Cuidados e procedimentos corretos são
Em alguns casos, devido ao curto espaço de importantes quando se trata da substituição dos
tempo de revisão, pode ser necessário que moto- cilindros. Trabalho negligente, ou uso de ferra-
res tenham dois tamanhos diferentes de cilin- mentas incorretas podem prejudicar a substitui-
dros. ção do cilindro ou suas partes. Procedimentos
Substitui-se um cilindro por outro de incorretos na instalação de cabeçotes podem
mesmo tamanho se possível. resultar em algum vazamento de óleo. Torques
Se um cilindro idêntico não estiver dis- impróprios de porcas ou parafusos de fixação do
ponível, é possível instalar outro cilindro padrão cilindro podem facilmente resultar em um mau
ou sob medida, desde que não afete negativa- funcionamento do cilindro, e subsequente falha
mente a operação do motor. do motor.
O tamanho do cilindro é indicado por um A discussão da substituição de cilindros
código de cor ao redor do corpo (Figura 10-47), neste manual está limitada a instalação e remo-
entre o flange de fixação e a aleta de refrigera- ção de cilindros de motor refrigerados a ar. A
ção da parte inferior. discussão está centrada em motores opostos e

10-58
radiais, uma vez que estes são os motores de Ademais, algumas hastes de motores não
avião nos quais a substituição de cilindro ocorre são do mesmo comprimento.
com mais frequência. Um bom procedimento é marcar as has-
Visto que estas instruções são insuficien- tes próximo das extremidades das válvulas: "nº
tes para cobrir todos os motores refrigerados a 1 in" "nº 1 ex", "nº2 in" "nº2 ex", etc Em moto-
ar, elas têm o caráter de informações gerais. O res com injeção de combustível, desconecta-se a
manual de manutenção do fabricante deve ser linha de injeção, removendo o injetor de com-
consultado para valores de torque e precauções bustível e qualquer braçadeira de linha que in-
especiais, aplicadas a um motor ou avião em terfira com a remoção do cilindro.
particular. Se o cilindro que está sendo removido
Contudo, práticas de limpeza e asseio, e for um cilindro de biela mestra, precauções es-
proteção das aberturas, devem ser tomadas, de peciais em adição as precauções para remoção
modo que porcas, arruelas, ferramentas e itens de cilindros regulares, devem ser tomadas. In-
diversos não entrem nas seções internas do mo- formações que designem qual o cilindro que
tor. tenha biela mestra estão incluídas na placa de
dados do motor.
REMOÇÃO DO CILINDRO Arranjos devem ser feitos para manter a
biela mestra na posição intermediária do orifício
Assumindo-se que todas as coberturas e do cárter do cilindro (após o cilindro ter sido
suportes tenham sido removidos, primeiro re- removido). Gabaritos ou guias são normalmente
move-se o tubo de admissão e os tubos e exaus- fornecidas pelo fabricante para esta finalidade.
tão; tampando as aberturas na seção difusora. Sob nenhuma circunstância deve a biela
Os defletores dos cilindros, e qualquer suporte mestra ser movida lateralmente, ela deve ser
de fixação que possa obstruir a remoção do ci- mantida centrada até que o guia esteja no local.
lindro são removidos. Solta-se as velas e os ca- Não se deve girar o eixo de manivelas enquanto
bos de vela. Não se remove as velas até que o o cilindro da biela mestra é removido, e outros
cilindro seja removido. cilindros permanecem no motor.
Os cabeçotes devem ser removidos de- Estas precauções são necessárias para
pois das porcas, e então, bate-se suavemente a evitar que os anéis inferiores de algum dos ou-
cobertura com martelo de couro cru ou de plás- tros pistões saiam dos cilindros, expandindo e
tico. Nunca a cobertura é removida com uma danificando os anéis e bordas dos pistões. Se
chave de fenda ou ferramenta similar. vários cilindros estão sendo removidos, e um
As porcas das hastes ou braçadeiras su- deles for o cilindro da biela mestra, ele deverá
periores e inferiores devem ser soltas. As hastes ser sempre o último a ser removido e o primeiro
são removidas pela depressão dos balancins ou a ser instalado.
uma ferramenta especial ou pela remoção dos O próximo passo na remoção do cilindro
balancins. Antes de remover as hastes, gira-se o é cortar os arames de freno ou remover os con-
eixo de manivelas até que o pistão esteja no tra-pinos; e remover os dispositivos de bloqueio
ponto morto alto de compressão. Isto alivia a dos parafusos ou porcas de fixação do cilindro.
pressão sobre ambos os balancins de admissão e Remove-se todos os parafusos ou porcas, exceto
descarga, além de ser uma maneira de deixar o dois a 180º um do outro. Usa-se a ferramenta
ajuste das porcas para mais tarde, pois permite especificada para esta finalidade na seção de
uma folga máxima para a remoção da haste ferramentas especiais do motor apropriado.
quando os balancins são aliviados. Finalmente, enquanto suportando o ci-
Em alguns modelos de motores, os tu- lindro, os dois parafusos ou porcas remanescen-
chos e as molas dos cilindros inferiores podem tes devem ser removidos e, suavemente, o cilin-
cair. Cuidados devem ser tomados para pegá-los dro do cárter deve ser puxado. Duas pessoas
quando as hastes e alojamentos são removidos. podem trabalhar juntas durante esta etapa, assim
Após a remoção das hastes, elas devem como durante os procedimentos remanescentes
ser examinadas quanto à existência de marcas, de substituição dos cilindros. Após a borda do
de modo que elas possam ser recolocadas nas cilindro estar fora do cárter, e antes de impulsi-
mesmas posições das quais foram removidas. onar o pistão da borda, providencia-se algum
As juntas universais são normalmente usadas meio (um pano) para evitar que pedaços de a-
para fixar o encaixe na qual elas operavam. néis quebrados penetrem no cárter.

10-59
Após o pistão ter sido removido, os pa- Instala-se o pistão e o conjunto de anéis
nos também devem ser e, cuidadosamente, che- na biela; certificando que o pistão está alinhado
ca-se quanto a pedaços de anéis de pistão. Para na direção correta.
se ter a certeza de que nenhum pedaço de anel O número do pistão estampado no fundo
entre no cárter, coleta-se todos os pedaços para deve ficar com a face virada para a frente do
ver se eles formam um anel completo. motor.
Coloca-se um suporte na montagem de O pino do pistão deve ser lubrificado an-
apoio do cilindro, segurando com dois parafu- tes de ser inserido e deverá encaixar com um
sos, ou porcas; então, remove-se o pistão e o empurrão adequado. Se um punção tiver que ser
conjunto de anéis da biela. usado, segue-se as mesmas precauções que fo-
Quando o verniz tornar difícil remover o ram usadas durante a remoção do pino.
pino, um toca-pinos ou uma ferramenta extrato- O exterior do pistão é lubrificado gene-
ra podem ser usados. Se uma ferramenta especi- rosamente, forçando óleo ao redor dos anéis do
al não estiver disponível, e um punção for usado pistão, no espaço entre os anéis e as estrias. De-
para remover o pino do pistão, a biela deve ser fasar os espaços dos anéis ao redor do pistão,
empurrada. Se isto não for feito, a biela poderá verifica-se se os anéis estão nas estrias corretas
ser danificada. e se eles estão posicionados corretamente, por-
Após a remoção do cilindro e do pistão, que alguns são usados como raspador de óleo e
a biela deverá ser apoiada para evitar danos na outros como anéis bombeadores. O número, tipo
haste e no cárter. Isto pode ser feito apoiando e arranjo dos anéis de compressão e controle de
cada biela com o anel de vedação da base laçan- óleo variam de acordo com o fabricante e mode-
do a biela com os prisioneiros da base do cilin- lo do motor.
dro. Usando uma escova de aço, limpa-se os Se for necessário substituir os anéis de
parafusos ou prisioneiros examinando-os quanto um ou mais pistões, checa-se a folga lateral de
a rachaduras, danos na rosca ou qualquer outro acordo com as especificações do fabricante,
dano visível. Se um parafuso for encontrado usando um calibre. O espaço entre as extremi-
frouxo ou quebrado em qualquer momento da dades do anel deve ser checado.
remoção do cilindro, todos os parafusos da de- O método de checagem das folgas lateral
vem ser substituídos, uma vez que os remanes- e da extremidade do anel é mostrado na figura
centes podem ter sido seriamente comprometi- 10-48. Se o calibre mostrado não estiver dis-
dos. ponível, um pistão (sem anéis) pode ser inserido
Uma falha no parafuso de fixação do no cilindro e o anel inserido na cavidade do ci-
cilindro levará os parafusos adjacentes a uma lindro. Insere-se o anel na borda do cilindro
pressão de operação muito grande e eles estarão abaixo do flange de montagem, visto que isto é
provavelmente fatigados além do seu limite usualmente o menor diâmetro da cavidade, pu-
elástico. A instrução dos fabricantes de motores xando o pistão contra o anel para alinhá-lo ade-
deve ser seguida para o número de parafusos quadamente na cavidade.
que devem ser substituídos após uma falha de Se for necessário, remove-se o material
parafuso de fixação. para obter a folga lateral correta, isto pode ser
Ao remover um parafuso quebrado, to- feito girando as estrias do pistão ligeiramente
ma-se as precauções apropriadas para evitar que sobre cada lado, ou polindo o anel sobre a su-
limalhas entrem na seção de força do motor. perfície de uma placa.
Em todos os casos, ambas as faces das Se a folga da extremidade for muito pe-
arruelas e faces de assentamento de porcas e quena, o excesso de metal pode ser removido
parafusos, ou parafusos ou prisioneiros, devem apertando-se uma fresa rotativa em uma morça,
ser limpos e toda a aspereza ou rebarba removi- prendendo o anel no alinhamento adequado, e
da. removendo o excesso das extremidades. Em
todos os casos, os procedimentos do fabricante
INSTALAÇÃO DO CILINDRO do motor devem ser seguidos.
Antes de se instalar o cilindro, checa-se
Todo o acúmulo de óleo do cilindro e do o flange para ver se as superfícies estão lisas e
conjunto do pistão deve ser removidos com sol- limpas. Cobre-se o interior do corpo do cilindro
vente, e completamente seco com ar comprimi- generosamente com óleo, assegurando que o
do. anel de vedação de óleo do cilindro esteja no

10-60
lugar, e que somente um anel de vedação seja sendo apoiado, 2 parafusos ou porcas defasadas
usado. de 180º, são instalados.
Se o cilindro estiver preso ao cárter por
arruelas cônicas, parafusos e porcas, ele deve
ser posicionado sobre a seção do cárter por dois
parafusos ou porcas especiais.
Esses parafusos ou porcas não permane-
cem no motor, eles são removidos e substituídos
por parafusos ou porcas regulares e arruelas
cônicas, após terem sido úteis, e outros parafu-
sos ou porcas tenham sido instalados e aperta-
dos com o torque prescrito.
Instalam-se os parafusos com porcas
remanescentes com suas arruelas cônicas, aper-
tando-os até que fiquem assentados.
O lado cônico de cada arruela deve ficar
voltado para o flange de montagem do cilindro.
Antes de se inserir os parafusos, eles devem ser
cobertos com um bom selante para evitar um
vazamento de óleo.
Os parafusos e porcas de fixação devem
agora ser torqueados para o valor especificado
na tabela de valores de torque, do manual de
revisão ou serviço do fabricante do motor. Uma
Figura 10-48 A - Medição da folga lateral do sequência específica e definida de torque para
anel de segmento; fixação de todos os cilindros deve ser seguida.
B - Medição da folga na emen- Uma regra geral é apertar primeiro os dois para-
da do anel. fusos, ou porcas defasadas de 180º; depois aper-
tar dois alternados a 90º dos dois primeiros.
Usando um compressor de anéis, com- Se parafusos e porcas localizadoras estão
prima-os a um diâmetro igual ao do pistão. Le- sendo usados, eles devem ser torqueados pri-
va-se o conjunto do cilindro para baixo sobre o meiro. O aperto dos parafusos ou porcas rema-
pistão, assegurando-se de que o plano do cilin- nescentes devem ser alternados em 180º durante
dro e o do pistão permanecem os mesmos. Co- o torque do restante dos parafusos do cilindro.
loca-se o cilindro sobre o pistão com movimen- Aplica-se o torque com movimento sua-
to reto e plano, o que moverá o compressor de ve e lento, até que o valor descrito seja atingido.
anéis quando estes encaixarem na ranhura. Não A tensão sobre a ferramenta deve ser mantida
se balança o cilindro enquanto o pistão estiver por tempo suficiente, para assegurar que o para-
sendo encaixado, uma vez que qualquer balanço fuso ou a porca não ficarão mais apertados que
é capaz de soltar um anel do pistão ou uma parte o valor de torque prescrito.
de um anel do compressor, antes que os anéis Em muitos casos, um giro adicional de
entrem na cavidade do cilindro. Um anel alivia- 1/4 de volta deve ser feito para manter o torque
do desta maneira será expandido, e evitará que o prescrito por um curto período de tempo. Após
pistão entre no cilindro. Qualquer tentativa de apertar os parafusos e porcas regulares, remove-
forçar o cilindro sobre o pistão pode causar ra- se os dois parafusos e porcas localizadores, ins-
chaduras ou arranhões do anel ou danificar os talando parafusos e porcas regulares, apertando-
anéis. os até o valor de torque prescrito.
Após o cilindro ter sido encaixado sobre Após os parafusos terem sido torqueados
o pistão, de modo que todos os anéis estejam na no valor prescrito, devem ser frenados, da ma-
cavidade do cilindro, remove-se o compressor neira recomendada pelo manual de serviço do
de anel e a biela guia. Então, desliza-se o cilin- fabricante do motor.
dro para o local sobre a base de montagem. Se As hastes de depressão, seus alojamen-
parafusos forem usados, gira-se o cilindro para tos, balancins, defletores, dutos de admissão,
alinhar os furos. Enquanto o cilindro ainda está grampos e braçadeiras dos cabos de ignição,

10-61
grampos das linhas de injeção de combustível, (1) Partículas metálicas junto aos balancins são
injetor de combustível, dutos de exaustão, defle- indicação de uso excessivo ou falha parcial
tores da cabeça do cilindro e velas, são reinsta- do mecanismo da válvula. – Localizar e
lados. substituir as partes defeituosas.
As hastes de depressão devem ser insta-
ladas em suas posições originais, e não devem (2) Excessiva folga lateral ou atrito lateral do
ser invertidas. A bola da haste de depressão de- balancim. – Substituir os balancins defeitu-
ve estar assentada adequadamente no ressalto, osos. Adicionar calços, quando permitido
pois ela está apoiada na margem, ou no rebaixo para corrigir a folga lateral excessiva.
do ressalto.
Além disto, a rotação do eixo de manive- (3) Folga insuficiente entre o balancim e o re-
las com a haste de depressão assentada na mar- tentor da mola da válvula. Seguir o proce-
gem do ressalto pode entortar a haste. Após a dimento definido no manual de serviço do
instalação das hastes e balancins, ajusta-se a motor para checar esta folga, e aumentá-la
folga da válvula. para o mínimo especificado.
Antes de se instalar os cabeçotes, os
mancais dos balancins e as hastes das válvulas (4) Substituir quaisquer partes danificadas, tais
devem ser lubrificados. Checa-se os cabeçotes como rachaduras ou partes quebradas em
quanto a planicidade, retrabalhando, se necessá- balancins, retentores de molas ou molas das
rio. válvulas avariadas.
Após a instalação das gaxetas e cobertu- Se a parte danificada não puder ser substitu-
ras, aperta-se as porcas dos cabeçotes com o ída no local, substituir o cilindro.
torque especificado. Frena-se as porcas e para-
fusos e outros fixadores que requeiram frena- (1) Folga excessiva da haste da válvula. Um
gem. Seguir os procedimentos de frenagens re- certo ângulo entre a haste e a guia da válvula
comendados. é normal. – Substituir o cilindro somente em
casos graves.
VÁLVULA E MECANISMO DA VÁLVULA
(6) Evidência de lubrificação incorreta. Secura
As válvulas abrem e fecham as aberturas excessiva indica lubrificação insuficiente.
no cabeçote do cilindro, para controlar a entrada Entretanto a lubrificação varia entre moto-
da mistura de combustível, e a saída dos gases res e entre cilindros de um mesmo modelo
de exaustão. de motor. Por exemplo, as caixas dos ba-
É importante elas abrirem e fecharem lancins superiores de motores radiais nor-
adequadamente, e assentarem contra as sedes malmente trabalharão mais secas do que as
das aberturas para assegurar o máximo de po- inferiores. Estes fatores devem ser conside-
tência da queima da mistura ar/combustível para rados se uma ampla lubrificação está, ou
o eixo de manivela, e para evitar a queima da não, sendo obtida. Sempre que uma lubrifi-
válvula. O movimento das válvulas é controlado cação imprópria for indicada, determinar a
pelo mecanismo de operação. causa e corrigir. Por exemplo, um balancim
O mecanismo de válvula inclui discos ou seco pode ser causado por uma passagem
eixos cames, rolete de came, haste de depressão, obstruída na haste de depressão. Excessiva
balancins, molas de válvulas e retentores. Todas quantidade de óleo pode ser causada por
as partes de um mecanismo de válvula devem drenos obstruídos entre o alojamento (cai-
estar em boas condições e a folga da válvula xa) dos balancins e o cárter. Se os drenos
estar correta para que as válvulas operem ade- das hastes de depressão começarem a entu-
quadamente. pir, o óleo forçado para os balancins e ou-
A checagem e o ajuste da folga das vál- tras partes do mecanismo da válvula não
vulas é a fase mais importante da inspeção da poderá retornar ao cárter. Isto pode resultar
válvula, e certamente a mais difícil. Deste mo- em um vazamento de óleo no cabeçote, ou
do, a inspeção visual não deve ser desprezada, infiltração de óleo ao longo das hastes da
deve incluir uma checagem para os itens princi- válvula para dentro do cilindro ou sistema
pais, como segue: de exaustão, causando um consumo exces-

10-62
sivo de óleo no cilindro afetado e fumaça Qualquer condição que limita a quanti-
na exaustão. dade de calor no cilindro também limita a quan-
tidade de potência que este cilindro possa pro-
(7) Excesso de borra no alojamento dos balan- duzir.
cins. Isto indica uma temperatura excessiva O fabricante ao determinar o tempo de
no alojamento e, pode ser causada por posi- abertura das válvulas, e estabelecer o máximo
cionamento inadequado da carenagem, ou de potência que o motor operará, considera a
dos anteparos térmicos de exaustão ou de- quantidade de calor na qual os componentes do
fletoras. Após a correção da causa da difi- cilindro, tais como velas e válvulas podem ope-
culdade, pulverizar o interior do alojamento rar eficientemente. O nível de calor da válvula
dos balancins com solvente limpo e livre de de escape deve ser inferior aquele no qual ocor-
umidade, ventilar com ar comprimido seco, rerá corrosão ou empenamento da válvula. A
e então, cobrir o mecanismo da válvula e o cabeça da válvula de escape está exposta ao
interior do alojamento dos balancins com calor de combustão durante todo o tempo do
óleo limpo de motor. período da combustão. Em adição, a cabeça
desta válvula e uma parte da haste, é exposta ao
(8) Variação na folga da válvula não explicada calor dos gases de exaustão.
pelo uso normal. – Se há folga excessiva na Sob operação normal, a válvula de e-
válvula, checar se as hastes de depressão xaustão permanece abaixo de um nível crítico
não estão emperradas. Substituir as que es- de calor, devido a seu contato com a sede da
tão com defeito. Checar também as válvulas válvula quando fechada, e devido a dissipação
presas. Se a haste de depressão estiver reta de calor através da haste. Qualquer condição
e a válvula abrir e fechar quando a hélice que evite que a válvula assente adequadamente
for acionada com a mão, checar o aperto e pelo período de tempo requerido irá expor a
dos parafusos de ajustes para determinar se válvula a limites críticos de calor durante os
a folga foi ajustada incorretamente. períodos de alta potência. No caso de pouco
Após o ajuste de folga de cada válvula, contato da válvula com a sede, a válvula de e-
aperta-se a porca ou o parafuso de bloqueio com xaustão poderá empenar durante os períodos de
o torque especificado no manual de manuten- baixa potência.
ção. Após completar todos os ajustes das folgas, Normalmente, a válvula de exaustão fica
e antes de instalar os cabeçotes, uma checagem fechada e em contato com sua sede aproxima-
deve ser feita em todas as porcas ou parafusos damente 65% do tempo durante o ciclo de 4
de bloqueio, quanto ao aperto com um torquí- tempos. Se o ajuste da válvula está correto, e se
metro. a válvula assenta firmemente quando fechada,
Cabeçotes empenados são causas co- uma quantidade de calor é transferido da válvula
muns de vazamento de óleo, por isto eles devem através da sede para o cabeçote do cilindro.
ser checados quanto a planicidade em cada ins- Para que uma válvula assente adequa-
peção de válvula. damente, ela deve estar em boas condições, sem
Qualquer cabeçote empenado deve ser uma significativa pressão exercida contra a ex-
lapidado sobre uma lixa colocada sobre uma tremidade da válvula pelo balancim.
superfície plana. O empenamento do cabeçote Na expansão das partes do motor, inclu-
frequentemente é causado por apertos impró- indo o conjunto da válvula, o problema de asse-
prios nas porcas de fixação. Elimina-se qualquer gurar o assentamento da válvula deve ser de
empenamento, apertando as porcas para os valo- fácil solução. Praticamente nenhum espaço livre
res especificados no manual de serviços do fa- é necessário no sistema da válvula. Entretanto,
bricante. se houver uma grande diferença na quantidade
de expansão das várias partes do motor, não há
Folga de válvula um meio para providenciar uma folga constante
de operação no conjunto da válvula.
A quantidade de potência que pode ser A folga no sistema de atuação da válvula
produzida por um cilindro depende primeiro da é muito pequena quando o motor está frio, mas
quantidade de calor que pode ser produzido nes- ela aumenta muito quando o motor está operan-
te cilindro sem efeitos destrutivos sobre seus do em sua temperatura normal. A diferença é
componentes. causada pelas diferentes características de ex-

10-63
pansão dos vários metais, e pelas diferenças na Motores "Wright" incorporam válvulas
temperatura das várias partes do motor. lubrificadas sob pressão.
Existem muitas razões para que a folga O óleo sob pressão passa através das
da válvula seja adequada, e é de importância hastes de pressão, e pelo centro do parafuso de
vital para uma operação satisfatória do motor. ajuste de folga da válvula. Deste ponto, o óleo
Uma vez que todos os cilindros recebem sua se distribui em 3 direções.
mistura ar/combustível (ou ar) de um suprimen- Para permitir uma lubrificação adequada,
to comum, a folga da válvula afetará a quanti- uma destas três passagens no parafuso de ajuste
dade e a proporção (mistura mais ou menos ri- deve estar parcialmente aberta para lubrificar o
ca) da mistura ar/combustível. Desta forma, é mancal do balancim.
essencial que as folgas das válvulas sejam corre- Ao mesmo tempo, nenhuma das outras
tas e uniformes entre cada cilindro. duas passagens devem estar descobertas pela
Em motores radiais, a folga da válvula fenda no balancim. Determina-se a localização
diminui com a queda na temperatura, a folga da passagem de óleo no parafuso de ajuste, co-
insuficiente pode prender a válvula na posição locando a marca estampada "zero" nas suas três
aberta em temperaturas extremamente frias. Isto posições (Figura 10-49).
pode fazer com que a partida do motor em tem- Se houver somente dois círculos estam-
peraturas frias fique difícil, senão impossível, pados, a terceira passagem de óleo fica entre as
devido a inabilidade do cilindro em puxar uma duas.
carga de combustível para dentro da câmara de Após o trabalho final de ajuste da válvu-
combustão. la, se algum alinhamento das três passagens de
O ajuste preciso da válvula estabelece a óleo estiver igual ou menor de 3/32" da margem
pretensão da velocidade do assentamento da mais próxima da fenda do balancim, gira-se o
válvula. Se as folgas forem excessivas, a veloci- parafuso de ajuste na direção para aumentar ou
dade de assentamento é muito alta. O resultado diminuir a folga até que a marca de referência
é o batimento da válvula, e o dilatamento da "zero" esteja 3/32" da margem mais próxima da
haste levando à falha da válvula. Folga insufici- fenda do balancim, ou até que o valor máximo
ente dificulta a partida do motor e leva a válvula ou mínimo da folga seja atingido.
a trancar na posição aberta, causando a ventila-
ção e subsequente falha da válvula quando su-
jeita a alta temperatura.
O fabricante do motor especifica o perí-
odo de inspeção da válvula para cada motor. Em
adição aos períodos regulares, inspeciona-se o
mecanismo da válvula sempre que houver uma
operação áspera do motor, retorno de chama,
baixa compressão ou partida dura.
Devido a variação do projeto do motor,
vários métodos são requeridos para ajustar as
válvulas em obter as folgas corretas e consisten-
tes. Em todos os casos, segue-se o procedimento Figura 10-49 Alinhamento do parafuso de re-
exato prescrito pelo fabricante do motor, uma gulagem de válvula.
vez que fatores obscuros podem estar envolvi-
dos. Motores PW também incorporam válvu-
Por exemplo, há considerável flutuação las lubrificadas sob pressão. Nesses motores não
do came dos diversos motores radiais, e o pro- há fenda nos balancins, mas o parafuso do ajuste
cedimento de ajuste das válvulas nestes motores de folga da válvula pode ser girado em qualquer
é desenvolvido para permitir o posicionamento direção de modo que a passagem de óleo para o
correto e consistente do came. parafuso do balancim fique bloqueada.
Deste modo, na razão do movimento da Instruções específicas para regulagem da
válvula para movimentar a haste de depressão, folga de motores PW determinam qual quanti-
que é de 2 por 1, cada mudança de 0,001 de dade de fios de rosca deve ficar acima do balan-
polegada do came pode resultar em uma varia- cim. Por exemplo, em um módulo de motor pelo
ção de 0,002 pol na folga da válvula. menos 2 fios de rosca, e não mais do que 5, de-

10-64
vem ficar a mostra, determinando que a haste de do, os procedimentos para vários motores, ou
depressão está no comprimento correto. O com- grupo de motores, são tratados separadamente
primento da haste de pressão deve puxar uma nos parágrafos seguintes.
das extremidades da bucha, e trocar a arruela Por isso, os procedimentos são descritos
por outra mais grossa ou mais fina. Se não hou- somente para fornecerem uma compreensão das
ver arruela e a haste for muito longa, corrija-se operações envolvidas. Consulta-se as instruções
pelo desgaste da extremidade da haste. do fabricante do motor para a folga a ser ajusta-
Examina-se o manual de revisão ou de da, o torque a ser aplicado aos parafusos de fi-
serviço do fabricante do motor para o n/umero xação e as porcas do cabeçote; e outros detalhes
de fios de rosca máximo e mínimo, que devem pertinentes.
ficar no motor em questão. Quando se ajusta a O primeiro passo na checagem e na ajus-
folga da válvula, o calibrador de folga de válvu- tagem das válvulas, é posicionar o pistão do
las, ou calibre de dial especificado na seção cilindro nº 1 no ponto morto alto de compres-
"ferramentas" do manual de serviço do fabrican- são. Coloca-se o dedo polegar vedando o orifí-
te do motor, são sempre usados. cio da vela.
O calibre especificado é de espessura Gira-se a hélice com a mão, até que a
apropriada, e de formato tal que, a extremidade pressão do cilindro contra o polegar seja senti-
que está sendo usada para checar possa ser co- da, indicando que o pistão atingiu o curso de
locada em linha reta entre a válvula e o rolete do compressão.
balancim. Quando um calibre padrão é usado Insere-se um tubo de alumínio no orifí-
sem curvatura para um ângulo adequado, uma cio da vela, girando a hélice na direção de rota-
folga falsa será estabelecida, desde que o calibre ção até que o pistão atinja sua posição mais alta.
seja colocado entre a haste da válvula e o balan- Precauções apropriadas devem ser tomadas para
cim ou o rolete do balancim. assegurar o curso de compressão.
Fazendo uma checagem com o calibre de Após posicionar o pistão e o eixo de
lâminas, não se usa força excessiva para inserir manivelas, as folgas de admissão e de escape
o calibre entre a haste da válvula e o parafuso de são ajustadas no cilindro nº 1 aos valores pres-
ajuste, ou o rolete do balancim. critos.
O calibre poderá entrar, quando forçado, Então, ajusta-se cada cilindro sucessi-
embora a folga seja menor alguns milésimos de vamente na ordem de fogo, de acordo com o
polegada do que a espessura do calibre. posicionamento do eixo de manivelas para cada
Esta preocupação é particularmente im- cilindro.
portante em motores, onde o came é centrado As folgas das válvulas são checadas e
durante o ajuste da folga da válvula, mesmo que reajustadas novamente. Nesta segunda checa-
forçando o calibre nestes motores possa levar o gem, as passagens de óleo dos parafusos de a-
came a se deslocar com subsequente falsa leitu- juste nos motores, que incorporam válvulas lu-
ra. brificadas sob pressão, são alinhadas.
Quando um calibre de dial e suporte é
especificado para montar o calibre no cabeçote, Ajuste das válvulas dos motores R-2800
ele deve ser usado.
Um calibre de dial com um suporte pode É estabelecida a posição do ponto morto
ser usado para checar as folgas da válvula em alto do cilindro nº 11 no ciclo de escape. Para
qualquer motor. O arranjo do balancim deve fazer isto, primeiro deve-se ter certeza que o
ficar de modo tal, que o braço do calibre fique pistão está no curso de compressão.Então, inse-
localizado sobre a linha de centro da haste da re-se uma haste de alumínio no orifício da vela,
válvula. girando a hélice no sentido de rotação até que o
Com o calibre de dial, a folga é a quanti- pistão tenha ido até o curso de expansão, e re-
dade de movimento obtida, quando o balancim é tornado ao topo do cilindro novamente.
girado da haste da válvula, até que a outra ex- Após ter sido verificada a posição do
tremidade do balancim entre em contato com as pistão no topo do cilindro, é estabelecida a ver-
hastes de pressão. dadeira posição do pistão, girando a hélice pri-
Uma vez que os procedimentos de ajuste meiro em uma direção e depois noutra, até que a
da folga da válvula variam entre motores, um posição do tubo de alumínio indique que o pis-
tratamento único não será suficiente. Deste mo- tão está no seu ponto mais alto dentro do cilin-

10-65
dro. Um indicador de ponto morto alto pode me mude sua posição introduzindo erro nas fol-
também ser usado para estabelecer a posição do gas.
pistão. A pressão na válvula de admissão no Ajusta-se válvula de admissão do cilin-
cilindro nº 7 e da válvula de escape do cilindro dro nº 1 e a válvula de escape do cilindro nº 3.
nº 15, devem ser aliviadas, usando-se uma fer- Segue-se a tabela da figura 10-50 para ajustar as
ramenta depressora de válvula. As válvulas de- válvulas remanescentes.
vem ter sua pressão aliviada simultânea e vaga- Após completar a primeira checagem, e
rosamente. ajustar as folgas das válvulas, uma outra checa-
Estas válvulas devem estar sem carga para gem é feita, reajustando qualquer folga que esti-
remover a tensão da mola das posições laterais ver fora daquela especificada no manual de ser-
do came, e para permitir que o came deslize das viço do fabricante do motor. Nesta segunda che-
válvulas para serem afastados, até que ele co- cagem, as precauções do capítulo para ajuste de
necte o mancal do came. Isto localiza o came válvula lubrificada sob pressão dos motores
numa posição definida evitando com que o ca- PW, são seguidas

..PISTÃO NO PONTO MORTO VÁLVULAS SEM CARGA NOS CHEQUE E AJUSTE DAS VÁLVU-
ALTO DE DESCARGA CILINDROS LAS NOS CILINDROS
Nº DO CILINDRO ADMISSÃO ESCAPE ADMISSÃO ESCAPE
11 7 15 1 3
4 18 8 12 14
15 11 1 5 7
8 4 12 16 18
1 15 5 9 11
12 8 16 2 4
5 1 9 13 15
16 12 2 6 8
9 5 13 17 1
2 16 6 10 12
13 9 17 3 5
6 2 10 14 16
17 13 3 7 9
10 6 14 18 2
3 17 7 11 13
14 10 18 4 6
7 3 11 15 17
18 14 4 8 10

Figura 10-50 Tabela de ajuste de folga de válvula para motor R-2800

Ajuste das válvulas dos motores R-1830 mas as esferas das hastes de pressão não sairão
da posição quando forem aliviadas as pressões
O ciclo de compressão do cilin- das válvulas Após terminada esta checagem
dro nº 1 deve ser estabelecido, prendendo o po- inicial, é feita uma segunda checagem, reajus-
legar sobre o orifício da vela, – para sentir a tando qualquer folga fora dos limites especifi-
compressão do cilindro girando a hélice no sen- cados no manual de manutenção do fabricante
tido de rotação. Quando a pressão indicar que o do motor. Nesta segunda checagem, seguem-se
pistão está no ciclo de compressão inserir um as precauções especiais para ajuste de válvulas
tubo de alumínio no orifício da vela e continuar lubrificadas sob pressão dos motores PW.
a girar a hélice até que o pistão esteja no topo do
seu curso. O eixo de manivelas, adequadamente Ajuste de válvulas dos motores O-300, O-335,
posicionado, alivia a válvula de admissão do O-405, O-425, VO-435 E O-470
cilindro nº 9 e a de escape no cilindro nº 7. Esta
operação alivia a pressão sobre as laterais do Na checagem e ajustagem das folgas de
came, e permite que ele mude de posição em válvulas, em qualquer destes motores, primeiro
direção as válvulas.As válvulas a serem alivia- posiciona-se o pistão do cilindro nº 1 no ponto
das da pressão, são abertas ao mesmo tempo; morto alto do ciclo de compressão.

10-66
Para se encontrar o ciclo correto, é tapa- mente, uma vez que, uma força excessiva, pode
do com o dedo polegar o orifício da vela, giran- danificar o balancim ou a haste de depressão.
do a hélice no sentido de rotação até que o au- Quatro ou cinco segundos são necessários
mento de pressão indique que o pistão está no para remover o óleo dos tuchos hidráulicos. Se
ciclo de compressão. Então, um tubo de alumí- não for obtida nenhuma folga, remove-se o êm-
nio é inserido no orifício da vela, continuando a bolo do tucho, lavando e checando novamente a
girar a hélice até que o pistão esteja no topo do folga.
seu curso. Nos motores em que o ajuste de válvulas
Aciona-se a hélice para trás e para frente não é possível, substitui-se as hastes de depres-
para auxiliar na correta posição do pistão.Após são por outras, maiores ou menores, conforme o
posicionar o pistão e o eixo de manivela, o óleo recomendado pelas instruções específicas do
do conjunto dos tuchos hidráulicos é removido, motor. As válvulas dos cilindros seguintes são
aliviando a pressão dos balancins com a ferra- ajustadas pela ordem de fogo do motor. Após
menta especificada no manual de serviço do completar esta checagem inicial, faz-se uma
fabricante do motor. Aplica-se pressão suave- outra checagem, reajustando as folgas que esti-
verem fora dos limites especificados

.PISTÃO NO PONTO MORTO VÁLVULAS SEM CARGA NOS CHEQUE E AJUSTE DAS VÁLVU-
DE COMPRESSÃO CILINDROS LAS NOS CILINDROS
Nº DO CILINDRO ADMISSÃO ESCAPE ADMISSÃO E ESCAPE
1 7 1
10 9 2 10
5 13 11 5
14 8 6 14
9 3 1 9
4 12 10 4
13 7 5 13
8 2 14 8
3 11 9 3
12 6 4 12
7 1 13 7
2 10 8 2
11 5 3 11
6 14 12 6

Figura 10-51 Tabela de ajuste de folga de válvulas do motor R-1830.

Substituição de mola de válvula (1) Remover uma vela do cilindro.

Uma mola de válvula quebrada raramen- (2) Girar a hélice no sentido de rotação até que
te afeta a operação do motor e, normalmente, só o pistão atinja o topo do curso.
pode ser detectada durante uma inspeção cuida-
dosa. (3) Remover o balancim.
Uma vez que múltiplas molas são usa-
das, uma quebrada é difícil de ser detectada. (4) Usando um compressor de mola de válvula,
Mas quando uma mola de válvula é descoberta, comprimir a mola e remover os retentores da
ela pode ser substituída sem a remoção do cilin- válvula. Durante esta operação, pode ser ne-
dro.Durante a remoção da mola, a preocupação cessário inserir uma peça de latão através do
mais importante é de não danificar os fios de orifício da vela para diminuir o espaço entre
roscas do orifício da vela. O procedimento a válvula e o topo da cabeça do pistão, para
completo para substituição da mola da válvula é segurar a arruela de retenção da mola que
como segue: estiver solta dos retentores.

10-67
O pistão, estando no topo da posição do ci- Não se fecha os flapes de arrefecimento
clo de compressão, evita que a válvula cor- sob nenhuma circunstância, porque o excesso de
ra para dentro do cilindro, uma vez que as calor afetará as leituras obtidas, podendo danifi-
arruelas de retenção da mola estão quebra- car os cabos de ignição.
das e soltas dos retentores na haste. A partida é dada com a chave de ignição
na posição "both" (ambos). Depois que o motor
(5) Remover a mola defeituosa, e quaisquer estiver operando, coloca-se a chave de ignição
pedaços quebrados que estiverem no cabe- na posição em que seja obtida uma excessiva
çote. queda de r.p.m.
(6) Instalar uma mola nova e arruelas. Usando
um compressor de mola de válvula, com-
primir a mola, e se necessário afastar a vál-
vula do pistão através da haste de latão, in-
serida através do orifício da vela.

(7) Reinstalar os retentores e balancins. Fa-


zer uma checagem e ajustar folga da válvula.

(8) Reinstalar a tampa do cabeçote e a vela.

TESTE DE CILINDRO FRIO

A checagem do cilindro frio determina


as características de operação de cada cilindro
de um motor refrigerado a ar. A tendência de
algum cilindro, ou cilindros, estarem ligeira-
mente frios ou mornos indica falta de combus-
tão ou combustão incompleta dentro do cilindro.
Isto deve ser corrigido para melhorar a eficiên-
cia do motor.
A checagem de cilindro frio é feita com
o indicador de cilindro frio. As dificuldades do Figura 10-52 Usando um indicador de cilindro
motor que podem ser analisadas pelo uso do frio.
indicador do cilindro frio (figura 10-52) são:
Quando esta queda de rpm for consegui-
(1) Operação irregular do motor. da em ambas as posições, esquerda e direita, ou
quando for obtida uma excessiva queda da pres-
(2) Queda excessiva de r.p.m. durante a checa- são de admissão a uma dada r.p.m. do motor,
gem do sistema de ignição. faz-se a checagem duas vezes, uma na posição
direita e outra na esquerda da chave.
(3) Alta pressão no duto de distribuição para Opera-se o motor na sua velocidade mais
uma dada r.p.m. do motor durante a checa- severa, entre 1.200 e 1.600 r.p.m., até que a
gem de solo, quando a hélice está na posi- temperatura da cabeça do cilindro alcance de
ção de passo mínimo. 150º a 170 ºC (302º a 338 ºF), ou até que a tem-
peratura estabilize em um valor menor. Se o
(4) Falha das razões de mistura causada pela funcionamento áspero do motor só for encon-
folga de válvula incorreta. trado em uma velocidade maior, ou se houver
uma indicação de que um cilindro cessou de
Na preparação para a checagem de cilin- operar em velocidade de marcha lenta, ou em
dro frio, direciona-se o avião contra o vento alta velocidade, o motor é operado em cada uma
para minimizar a refrigeração individual de um dessas velocidades, a seguir, faz-se uma checa-
cilindro, e para assegurar uma carga da hélice gem de cilindro frio para determinar se os cilin-
uniforme durante a operação do motor. Abre-se dros estão operando intermitentemente ou este-
os flapes de arrefecimento. jam mortos (nulos).

10-68
Quando for encontrado um motor com (7) Falha de operação do injetor de combustível
vibração ou com baixa potência em velocidades (nos motores com injetores de combustí-
acima de 1.600 r.p.m., e operando com a chave vel).
de ignição na posição "both", opera-se o motor
na velocidade onde os problemas foram encon- Antes de se substituir as velas, ou fazer
trados, até que a temperatura da cabeça do cilin- um teste de ignição nos cilindros que não estive-
dro suba entre 150º a 170 ºC, ou que a tempera- rem operando ou que estejam operando intermi-
tura tenha estabilizado a um valor inferior. tentemente, checa-se o aterramento do magneto
Quando a temperatura da cabeça do ci- para determinar se a fiação está conectada corre-
lindro for atingida, aos valores prescritos no tamente.
parágrafo anterior, o motor fica estagnado, en- Repete-se o teste do cilindro frio para as
tretanto deve-se mover o controle de mistura outras posições do magneto na chave de ignição
para "CUT OFF" (corte), ou para a posição toda se necessário.
pobre. A refrigeração do motor entre os testes é
Quando o motor parar, as chaves desnecessária.
"MASTER" e a ignição devem ser giradas para a O fluxo de ar criado pela hélice e o efei-
posição "OFF". É importante anotar a tempera- to de refrigeração da mistura ar/combustível que
tura da cabeça do cilindro no indicador da cabi- entra no cilindro serão suficientes para refrige-
ne de comando. rar qualquer cilindro que esteja funcionando em
Assim que a hélice parar de girar, uma um teste, e não funcionando no próximo.
bancada de manutenção deve ser movida para Na interpretação dos resultados de uma
frente do motor. checagem de cilindro frio, deve ser lembrado
Conecta-se o grampo fixado no indicador que as temperaturas são relativas.
de cilindro frio ao motor ou à hélice, para forne- A tomada de um único cilindro é pouco
cer um aterramento aos instrumentos. significativo, entretanto, quando comparada
A ponta da haste de sensibilidade do indi- com as temperaturas de outros cilindros de um
cador é pressionada contra cada cilindro; a tem- mesmo motor, a tomada fornece informações
peratura relativa de cada cilindro não pode dei- para um diagnóstico confiável.
xar de ser anotada. Os valores mostrados na figura 10-53 i-
Para obter valores de temperatura compa- lustram este ponto, pois a leitura do indicador de
rativos, um contato firme deve ser feito no temperatura no cabeçote do cilindro, no momen-
mesmo ponto de cada cilindro. to do corte do motor, era de 160 ºC em ambos
Qualquer valor muito baixo deve ser os testes. Uma revisão desta leitura de tempera-
checado novamente. tura revela que, no magneto direito, o cilindro nº
Também devem ser rechecados os dois cilin- 6 trabalhou frio, e os cilindros 8 e 9 trabalharam
dros que contêm a leitura mais alta, para deter- ainda mais frios.
minar a velocidade de refrigeração durante o Isto indica que o cilindro 6 está quei-
teste. mando intermitentemente e que os cilindros 8 e
Comparando as leituras de temperatura po- 9 estão mortos durante a operação do motor
de-se determinar se os cilindros estão mortos ou com as velas dianteiras (queima pelo magneto
operando intermitentemente. direito). Os cilindros 9 e 10 estão mortos duran-
As dificuldades que podem levar um cilin- te a operação pelas velas traseiras (queima pelo
dro a ficar inoperante (morto), com a chave do magneto esquerdo). O cilindro 9 está completa-
magneto nas posições esquerda ou direita são: mente morto.
Uma checagem operacional pelo sistema
(1) Velas defeituosas. de ignição não detectará este cilindro morto,
(2) Folgas de válvulas incorretas. uma vez que ele está inoperante nas posições da
chave: ambos, esquerdo e direito.
(3) Vazamento no selo de óleo do impulsor. Um cilindro morto pode ser detectado
(4) Vazamento nos dutos de admissão. durante o aquecimento, uma vez que um motor
com um cilindro morto requerirá uma pressão
(5) Perda de compressão.
de admissão maior que a normal, para produzir
(6) Drenos dos alojamentos das hastes de pres- qualquer r.p.m. abaixo da velocidade de corte
são obstruídos. do governador da hélice.

10-69
Um cilindro morto pode, também, ser MANUTENÇÃO DE MOTORES A
detectado pela comparação entre a potência de TURBINA
entrada e de saída, com a ajuda de um torquíme-
tro. Os procedimentos de manutenção de
motores à turbina têm ampla variação de acordo
Nº DO MAGNETO MAGNETO com o projeto e construção do motor.
CILINDRO DIREITO ESQUERDO
Os procedimentos detalhados, recomen-
1 180 170
2 170 175
dados pelo fabricante do motor, devem ser se-
3 170 170 guidos quando forem realizadas as inspeções ou
4 145 150 a manutenção.
5 150 155 As informações de manutenção apresen-
6 100 150 tadas nesta seção não têm a intenção de especi-
7 155 160 ficar a maneira exata na qual as operações de
8 70 155 manutenção devam ser realizadas, mas são in-
9 60 45
cluídas para transmitir uma idéia geral dos pro-
10 150 65
11 150 145
cedimentos envolvidos. Na maior parte, o motor
12 145 150 turbojato JT3 da Pratt and Whitney é usado na
13 150 145 descrição dos procedimentos de manutenção
14 145 145 para o compressor de fluxo axial e das palhetas
da turbina.
Figura 10-53 Leituras tomadas durante um Para os propósitos de inspeção, o motor
cheque de cilindro frio. a turbina é dividido em duas seções principais: a
seção fria e a seção quente.
Os defeitos no sistema de ignição que
podem causar a falha completa de um cilindro Seção do compressor
são:
A manutenção do compressor, ou seção
(1) Ambas as velas inoperantes. fria, é preocupação do mecânico de aviação.
Danos nas palhetas podem causar a falha do
(2) Ambos os cabos de aterramento vazando ou motor e a possível perda de uma aeronave cara.
interrompidos. A maior parte dos danos nas palhetas provém de
material estranho, que é puxado pelas tomadas
(3) Combinação de vela inoperante e defeito de ar da turbina.
nos cabos de ignição. A atmosfera próxima ao solo é cheia de
pequenas partículas de sujeira, óleo, fuligem e
Falhas nos injetores de combustível, outros materiais estranhos. Um grande volume
folgas incorretas nas válvulas, e outros defeitos de ar é introduzido no compressor, e a força
no sistema de ignição, também podem causar a centrífuga joga as partículas de sujeira para fora,
falha completa dos cilindros. de tal modo que elas se acumulam formando
Na interpretação dos dados obtidos em uma camada na carcaça, aletas e palhetas do
uma checagem de cilindro frio, a velocidade de compressor.
refrigeração do motor durante a checagem deve O acúmulo de sujeira nas palhetas do
ser considerada. compressor reduz sua eficiência aerodinâmica,
Para determinar a extensão na qual este com a consequente deterioração no desempenho
fator deve ser considerado na avaliação dos re- do motor. A aceleração insatisfatória e a alta
sultados, alguns dos primeiros cilindros testados temperatura dos gases de saída podem resultar
devem ser checados novamente, e comparados em depósitos de material estranho nos compo-
com os valores finais daqueles feitos no início nentes do compressor.
da checagem. Um resultado extremo das partículas
Outro fator que deve ser considerado é a estranhas, se permitidas a acumularem em quan-
variação normal na temperatura entre os cilin- tidade suficiente, seria a falha completa do mo-
dros e entre as fileiras. A variação dos resulta- tor. A condição pode ser remediada pela inspe-
dos esperados está em função do fluxo de ar que ção periódica, limpeza e reparo dos componen-
passa pelo cilindro. tes do compressor. Este assunto é tratado de

10-70
forma genérica neste texto devido aos muitos Dano tipo mossa arredondada, nos bor-
modelos diferentes de motores turbojatos, em dos de ataque e de fuga, que é evidente no lado
uso atualmente na aviação. oposto da palheta, é usualmente aceitável sem
retrabalhamento, desde que esteja somente na
Inspeção e limpeza metade externa da palheta, e que a denteação
não exceda os valores especificados nos manu-
Dano menor nas palhetas de compressor ais de serviço e revisão do fabricante do motor.
de motor de fluxo axial pode ser reparado se o Quando trabalhando na metade interna
dano puder ser removido sem exceder os limites da palheta, o dano deve ser tratado com extremo
permitidos, estabelecidos pelo fabricante. Limi- cuidado.
tes típicos de reparo de palhetas de compressor cuidado.
são mostrados na figura 10-54.

Figura 10-54 Limites típicos de reparo de palhetas de compressor.

Figura 10-55 Reparo em palhetas do compressor.

10-71
Palhetas de compressor reparadas são Causas de danos de palhetas
inspecionadas, seja por métodos de partículas
magnéticas, por líquido penetrante fluorescente, Objetos soltos entram em um motor aci-
ou sendo inspecionadas por líquido penetrante dentalmente ou por descuido. Itens como lápis,
colorido (dye checked), assegurando que todos lenços e isqueiros são seguidamente puxados
os traços de dano tenham sido removidos. To- para dentro do motor.
dos os reparos devem ser bem acabados, de mo- Não se deve portar objetos nos bolsos
do que as superfícies fiquem polidas (figura 10- das camisas quando se está trabalhando nas pro-
55). Não são toleradas rachaduras de qualquer ximidades de motores a reação.
dimensão, em qualquer área. Um rotor de compressor pode ser danifi-
Sempre que possível, a retífica e o retra- cado por ferramentas que são deixadas na entra-
balhamento local da palheta são realizados para- da de ar, de onde são sugadas para dentro do
lelamente ao seu comprimento. motor nas partidas subseqüentes.
O retrabalho deve ser realizado à mão, u- Uma solução simples do problema das
sando pedras, limas, ou lixa. Não se usa ferra- ferramentas que são sugadas para dentro de um
menta motorizada para polir toda a área da pa- motor, é verificá-las contra uma lista das ferra-
lheta. mentas que estão sendo utilizadas. Antes da
O acabamento da superfície na área repa- partida ser dada em um motor a reação, uma
rada deve ser comparável à de uma palheta no- inspeção minuciosa dos dutos de entrada do
va. motor é feita para assegurar que itens como por-
Em motores de fluxo centrífugo, é difi- cas, parafusos, arame de freno, ou ferramentas
cil inspecionar os indutores do compressor sem não tenham sido deixadas após a execução do
primeiro remover a tela de entrada de ar. trabalho.
Após a remoção da tela, limpa-se o indu- A figura 10-56 mostra alguns exemplos
tor do compressor, inspecionando com uma luz de danos em palhetas de um motor de fluxo axi-
forte. al. As descrições e as causas possíveis de dano
Cada aleta é inspecionada quanto a ra- em palheta são dadas na tabela 11.
chaduras, girando lentamente o compressor. As Pontos de corrosão não são considerados
rachaduras são procuradas nos bordos de ataque. danos sérios nas aletas do compressor de moto-
Uma rachadura é usualmente motivo pa- res de fluxo axial se estiverem dentro da tole-
ra substituição do motor. rância permitida.
Os indutores do compressor são nor- Não se tenta reparar qualquer aleta por
malmente as partes que são danificadas pela processos de solda (straightening, brazing, sol-
ingestão de material estranho durante a opera- dering).
ção do motor. Lixas, limas finas e pedras de rebolo são
Os indutores de compressor são repara- usadas para fazer o acabamento do dano, remo-
dos, removendo-se com retífica e posterior aca- vendo um mínimo de material, deixando um
bamento, as mossas e amassões na “faixa críti- acabamento comparável ao de uma peça nova.
ca” (1 ½ a 2 ½ polegadas da borda externa), se a O propósito deste acabamento é minimizar as
profundidade de tais mossas ou amassões não tensões que se concentram nas mossas, arra-
excederem as especificações nos manuais de nhões ou rachaduras.
instrução de serviço e revisão do fabricante do A inspeção e reparo das aletas fixas da
motor. entrada de ar, aletas de redemoinho e telas nos
Para amassões requerendo reparo, remo- motores de fluxo centrífugo necessitam do uso
ve-se o material por retífica além da profundi- de uma luz forte.
dade do dano, removendo o encruamento do Inspecionam-se os conjuntos de tela
metal. quanto a quebras, rasgos ou buracos. As telas
Um raio generoso deve ser aplicado nas podem ser banhadas em estanho para reforçar a
bordas do acabamento.Após o acabamento da malha, desde que os fios não estejam finos de-
mossa, ela deve ser polida com uma lixa. Salpi- mais pelo desgaste.
cos, mossas, ou corrosão encontrada nas laterais Pode ser necessário um processo de sol-
das aletas do indutor são similarmente removi- da se a tira do quadro ou os fixadores, separa-
das por acabamento (blending). ram-se do quadro da tela.

10-72
Figura 10-56 Danos em palhetas de compressor

Inspecionam-se as aletas fixas e as de cies côncava e convexa, incluindo o bordo de


redemoinho quanto a folgas. Assim como as ataque.
bordas externas das aletas fixas, prestando aten- massões pequenos e de pouca profundidade são
ção ao ponto de contato entre as aletas fixas e as aceitáveis se o dano for do tipo ovalado ou de
de redemoinho quanto a rachaduras e amassões contorno gradual, e não do tipo pontiagudo ou
devido ao impacto de partículas estranhas. do tipo em “V”, e também se não há rachadura
Inspecionam-se, também, as bordas das ou rasgo do material da aleta evidente na área
aletas de redemoinho e a borda mais afastada danificada.
das aletas fixas com acuidade, uma vez que as O dano do bordo de fuga (figura 10-57)
rachaduras são geralmente mais comuns nesta pode ser acabado, se um terço do fio de solda
área. Rachaduras que se ramificam de tal modo permanecer após o reparo.
que uma peça de metal possa quebrar e separar, As superfícies côncavas de aletas com en-
e em consequência cair dentro do compressor, chimento de borracha podem ter rachaduras
são causas de rejeição da aleta. permissíveis, estendendo-se para dentro a partir
do aerofólio externo, desde que não haja evi-
dência de partes que possam se separar.
Acabamento e substituição
Com o uso de uma lanterna e um espe-
lho, inspeciona-se o bordo de fuga e o corpo de
Devido à construção das aletas ocas de cada aleta fixa, quanto a rachaduras ou danos
folha fina, é limitado o acabamento das superfí- causados por objetos estranhos.

Figura 10-57 Danos em bordo de fuga de aleta guia

10-73
Tabela 11 - Termos de manutenção de palhetas
Termo Aparência Causas usuais
Acabamento (Blend) Reparo polido de borda ou su-
perfície desigual no contorno da
área em volta.
Empeno (Bow) Palheta empenada. Objetos estranhos.

Dano às superfícies evidenciadas


Queima (Burning) pela descoloração ou, em casos Calor excessivo.
severos, por perda de material.
Rebarbas (Burr) Borda áspera. Operação de corte ou afiação.
Rachaduras (Crack) Uma fratura parcial (separação). Tensão excessiva devido ao
choque, a sobrecarga ou por
processos falhos; materiais de-
feituosos; e sobreaquecimento.
Mossa (Dent) Buraco pequeno e suavemente Impacto de uma peça por objeto
arredondado. não pontiagudo.

Atritamento (Gall) Transferência de metal de uma Fricção severa.


superfície para outra.
Fendas (Gouging) Deslocamento de material de Presença de objeto de corte ou
uma superfície; um efeito de um rasgo, comparativamente grande
corpo estranho. entre as partes móveis.

Dilatação (Growth) Alongamento da palheta. Calor e força centrífuga conti-


nuada e/ou excessiva.
Corrosão (Pits) Colapso da superfície, aparência Agentes corrosivos, umidade,
de pontos. etc.
Perfil (Profile) Contorno de uma palheta ou su-
perfície.

Desgaste (Score) Arranhões profundos Presença de cavacos entre su-


perfícies.
Arranhão (Scratch) Marcas finas e resas Partículas estranhas finas ou
areia; manuseio descuidado.

SEÇÃO DE COMBUSTÃO A limpeza da seção quente não é usual-


mente necessária para um reparo de pista. Entre-
Um dos fatores de controle da vida útil tanto, se for necessária a desmontagem do mo-
do motor do motor a turbina é a inspeção e lim- tor, uma limpeza cuidadosa e correta é da maior
peza da seção quente. importância para uma inspeção e reparo com
A importância da inspeção e reparo cui- sucesso.
dadoso desta seção não pode ser mais enfatiza- As peças do motor podem ser desengra-
da. Uma das mais frequentes discrepâncias que xadas pelo uso de agentes de limpeza tipo emul-
serão detectadas na inspeção da seção quente de são ou solventes clorados.
um motor a reação são rachaduras. Os agentes de limpeza são seguros para
Essas rachaduras ocorrem de muitas todos os metais, uma vez que eles são neutros e
formas, e a única forma de determinar se elas não corrosivos.
estão dentro de limites aceitáveis, é recorrer aos A limpeza das partes, pelo método do
manuais de revisão e serviço aplicáveis do fa- solvente clorado, deixa as partes absolutamente
bricante do motor. secas; se elas não forem sujeitas a operações

10-74
subsequentes de limpeza, devem ser borrifadas bina e seção de combustão) e não devem ser
com uma solução preventiva de corrosão. interpretados como normas que devam ser se-
A extensão da desmontagem é abrir a guidas, quando executando reparos ou inspeções
carcaça envolvente das câmaras de combustão em motores a reação.
para a inspeção da seção quente. Entretanto, as diversas práticas são típicas
Entretanto, na execução desta desmonta- daquelas usadas em muitos motores a reação.
gem, numerosas peças estarão acessíveis para Onde uma folga ou tolerância é mostrada,
inspeção. ela o é por motivos de ilustração somente.
É importante apoiar adequadamente o As instruções contidas nos manuais de
motor e as partes que estão sendo removidas manutenção e revisão do fabricante devem ser
para que não sofram deformações. seguidas sempre.
O alinhamento das partes sendo removi- Toda a carcaça externa da câmara de
das e instaladas é também da maior importância. combustão deve ser inspecionada quanto à exis-
Depois da execução dos reparos, as ins- tência ou evidência de pontos quentes (hots-
truções detalhadas de montagem do fabricante pots), vazamentos dos gases de exaustão e dis-
devem ser seguidas. Essas instruções são impor- torções, antes que a carcaça seja aberta.
tantes na manutenção eficiente do motor, e a Depois que a carcaça tiver sido aberta, as
vida e o desempenho definitivo do motor podem câmaras de combustão podem ser inspecionadas
ser seriamente afetados se elas forem despreza- quanto ao superaquecimento localizado, racha-
das por descuido ou negligência. duras, ou desgaste excessivo.
Cuidado extremo deve ser tomado para Inspeciona-se as palhetas do primeiro es-
evitar que sujeira, pó, arames de freno, porcas, tágio da turbina e aletas fixas quanto a rachadu-
arruelas, pinos ou outros objetos estranhos en- ras, empenos, ou danos por objetos estranhos.
trem no motor.
Se, em qualquer tempo, tais partes caí- Inspeção e reparo das câmaras de combustão
rem, a montagem do motor deve cessar até que e coberturas
esta peça seja localizada, mesmo que isto re-
queira uma desmontagem considerável. As câmaras de combustão e coberturas
são inspecionadas quanto a rachaduras, usando
Materiais para identificação de partes da o método de inspeção por líquido penetrante
seção de combustão colorido ou pelo método do líquido penetrante
fluorescente.
Certos materiais podem ser usados para Qualquer rachadura, mossa ou amassão na
a marcação temporária das peças durante a mon- cobertura é, usualmente, causa de rejeição da
tagem e desmontagem. Um lápis especial deve peça.
ser usado para identificar as peças que estão Inspecionam-se as tampas, notando par-
diretamente expostas no caminho dos gases do ticularmente a área em torno das cavidades de
motor, tais como palhetas da turbina e discos, dreno de combustível quanto à corrosão, ou
aletas da turbina e as câmaras de combustão. pontos de corrosão.
Um lápis de cera pode ser usado para Inspeciona-se o interior das câmaras de
peças que não estão diretamente expostas no combustão quanto a excesso de material de sol-
circuito dos gases. Não se usa lápis de cera nu- da, expelido das costuras circunferenciais. Para
ma superfície de câmara de combustão ou no se evitar danos futuros às palhetas da turbina,
rotor da turbina. remove-se o material de solda, ou a escória que
O uso de ligas de carbono ou lápis metá- não esteja suficientemente fundida à base da
lico não é recomendado, devido à possibilidade câmara de combustão.
de causar ataque intragranular, o que pode resul- Quando reparando a camisa da câmara
tar na redução da resistência do material. de combustão, os procedimentos dados no ma-
nual de revisão apropriado do fabricante do mo-
Inspeção da seção de combustão tor devem ser seguidos.
Se houver alguma dúvida quanto a cami-
O que se segue são procedimentos gerais sa ser adequada ou não para uso, ela deve ser
para realizar uma inspeção da seção quente (tur removida.

10-75
Padrões de aceitação para as camisas da câ- bifurcação de uma rachadura ou entre duas ra-
mara de combustão chaduras irradiando do mesmo furo. Rachaduras
únicas são aceitáveis na maioria dos casos, des-
A camisa da câmara de combustão é de que elas não resultem em perda de rigidez
inspecionada para determinar a condição de uso mecânica que pode levar a uma falha subse-
das soldas, que se deterioraram com a operação quente.
do motor .
As limitações, de tal deterioração, são Rachaduras na câmara de combustão
baseadas no requisito de que as câmaras de
combustão devem prover uso satisfatório duran- As câmaras de combustão devem ser
te o período de operação entre as inspeções su- substituídas, ou reparadas, se duas rachaduras
cessivas das partes. estão progredindo a partir de uma borda livre de
Certos tipos de rachaduras, por deterio- tal modo que seu encontro é iminente, e pode
ração ou por queima resultantes das tensões levar uma peça de metal (que possa causar falha
térmicas, podem ser encontradas após períodos na turbina) a se soltar.
de operação. Entretanto, o avanço de tais dis- Rachaduras separadas no defletor são
crepâncias com a operação subsequente é usu- aceitáveis.
almente desprezível, uma vez que a deterioração Rachaduras no defletor ligando mais do
produzida pelas tensões térmicas, de fato, alivia que dois furos devem ser reparadas.
a condição de tensão original. Rachaduras no cone são raras, mas se
Usualmente, um determinado tipo de surgirem em qualquer parte deste componente,
deterioração irá ocorrer de câmara em câmara são causas de rejeição da camisa.
em um dado motor. Rachaduras nas aletas em espiral são
Os manuais atualizados de serviço e de motivos de rejeição da camisa. As aletas em
revisão do fabricante devem ser consultados espiral soltas podem ser reparadas por solda de
quanto aos limites aceitáveis das rachaduras e prata.
danos. Rachaduras na camisa dianteira emana-
Os parágrafos seguintes descrevem algumas das dos furos de ar são aceitáveis, desde que não
discrepâncias típicas encontradas em câmaras de excedam os limites aceitáveis. Se tais rachadu-
combustão. ras bifurcam ou se juntam com outras, a camisa
A figura 10-58 mostra uma camisa de deve ser reparada.
câmara de combustão com os componentes lis- Se duas rachaduras originando do mes-
tados, para auxiliar na localização das discre- mo furo de ar são diametralmente opostas, a
pâncias. camisa é aceitável.
Rachaduras radiais que se estendem do
interconector e do reforço da vela de ignição,
são aceitáveis se não excederem os limites, e se
não bifurcarem ou se juntarem com outras. Ra-
chaduras circunferenciais em torno dos ressaltos
devem ser reparadas antes da reinstalação da
camisa..
Após longo período de uso do motor, as
superfícies externas da camisa da câmara de
combustão seguidamente apresentam sinais de
desgaste.
Isto é aceitável, desde que rachaduras re-
sultantes ou perfurações do metal não estejam
Figura 10-58 Nomenclatura da câmara de aparentes.
combustão. Qualquer cobertura ou câmara que caia
sobre uma superfície dura ou manuseada inade-
Quando considerando a aceitação de quadamente, deve ser cuidadosamente inspecio-
uma camisa sob suspeita, o objetivo deve ser em nada quanto a rachaduras diminutas, as quais
evitar o rompimento de uma área não suportada podem alongar num período de tempo, e então
de metal, tal como aquela que está situada na abrir, criando uma situação de perigo.

10-76
Áreas queimadas ou empenadas elas devem ser examinadas minuciosamente
com uma lente de aumento de no mínimo 9 a 12
Partes podem ser encontradas em áreas vezes. Qualquer área questionável requer ins-
localizadas que tenham sido aquecidas a um peção mais acurada. Rachaduras no disco,
ponto de empenar pequenas porções da câmara. mesmo que pequenas, requerem a rejeição do
Tais partes são consideradas aceitáveis se disco e substituição do rotor da turbina. Peque-
a queimadura da parte não tiver progredido a nos pontos (pitting), causados pela invasão de
uma área soldada adjacente, ou a uma extensão, material estranho, podem ser acabados por pe-
de modo a enfraquecer a estrutura de solda da dra de rebolo e polimento.
camisa. Empenos da camisa da câmara de com-
bustão podem ser corrigidos pelo desempeno da Inspeção da palheta da turbina
camisa.
O empenamento moderado e as rachadu- As palhetas da turbina são usualmente
ras associadas são aceitáveis na fileira dos furos inspecionadas e limpas, do mesmo modo que as
de resfriamento. Empenos mais severos que palhetas do compressor. Entretanto, devido ao
produzam um encurtamento acentuado, ou do- extremo calor sob o qual operam as palhetas da
bra da camisa é motivo de rejeição. Após o tér- turbina, elas são mais suscetíveis.
mino dos reparos por solda, a camisa deve ser Usando uma luz forte e uma lente de
restaurada tão próximo quanto possível ao seu aumento, inspeciona-se as palhetas da turbina
formato original. Isto pode ser realizado usando quanto a rachaduras por tensão de ruptura (figu-
blocos de moldagem e martelos existentes na ra 10-59) e deformação da borda dianteira (figu-
maioria das oficinas que trabalham com metais ra 10-60).
e soldas. ‘

Bico injetor de combustível e conjuntos de


suporte

Limpa-se todos os depósitos de carbono


dos bicos injetores, lavando-os com um fluido
de limpeza aprovado pelo fabricante do motor, e
removendo os depósitos amolecidos com um
pincel de cerdas macias ou um pequeno pedaço
de madeira. É desejável haver ar filtrado pas-
sando através do bico injetor durante a operação
de limpeza, para expulsar os depósitos quando
se soltarem.
Devido às características de atomização
(spray) do bico injetor poderem ser prejudica-
das, não se deve tentar limpar com um imple-
mento rígido, ou com um pincel de fios metáli-
cos. Cada parte componente do bico injetor de-
ve ser inspecionada, quanto a batidas e rebarbas.

INSPEÇÃO E REPARO DO DISCO DA


TURBINA

Inspeção do disco da turbina Figura 10-59 Rachaduras de ruptura por estres-


se.
A inspeção feita quanto a rachaduras é
da maior importância. A deteção de rachadura, Rachaduras por tensão de ruptura, usu-
quando se tratando de disco de turbina e palhe- almente aparecem como diminutas rachaduras,
tas, é praticamente visual. O material do qual o tipo fio de cabelo sobre ou através da borda di-
disco e as palhetas são feitos não leva à detec- anteira ou traseira em ângulo reto, em relação ao
ção de rachadura pelo uso de fluidos; portanto, comprimento da borda.

10-77
Rachaduras visíveis podem variar em Se o desgaste for encontrado, a espessura
comprimento a partir de 1/16 de polegada. A do envoltório na área desgastada, deve ser me-
deformação causada por sobre-temperatura pode dida.
aparecer como ondulação e/ou áreas de espessu-
ra variável do aerofólio ao longo da borda dian-
teira.

Figura 10-61 Inspeção típica de palheta

Usa-se um micrômetro, ou outro disposi-


tivo adequado, de modo que assegure uma boa
leitura no fundo do sulco de desgaste compara-
tivamente estreito. Se a espessura radial rema-
nescente do envoltório é menor do que o especi-
ficado, a palheta estirada deve ser substituída.
Os requisitos típicos de inspeção estão
indicados na figura 10-61.
Frisos da ponta da palheta, dentro de
uma área de ½ polegada quadrada na borda di-
anteira da ponta da palheta, é usualmente acei-
tável se o friso não for agudo. Friso é aceitável
Figura 10-60 Ondulação em palhetas de turbina. na borda traseira se ele não se estender além da
área permissível.
A borda dianteira deve estar reta e de Qualquer dobra aguda que possa resultar
espessura uniforme, – exceto nas áreas repara- em rachadura ou uma parte se separar da palheta
das por acabamento. da turbina é causa de rejeição, mesmo que o
Não se deve confundir rachaduras por friso possa estar dentro de limites aceitáveis.
tensão de ruptura, ou deformação da borda dian- Cada palheta da turbina deve ser inspecio-
teira, por dano de impacto por material estranho nada quanto a rachaduras.
ou com reparos por acabamento na palheta.
Quando qualquer rachadura por tensão de ruptu- Procedimento de substituição da palheta da
ra, ou deformação das bordas dianteiras das pa- turbina
lhetas do primeiro estágio for encontrada, uma
condição de sobre-temperatura deve ser suspei- As palhetas da turbina são geralmente
tada. substituíveis, sujeitas às limitações de momen-
Verificam-se as palhetas individuais to-peso. Essas limitações estão contidas nas
quanto a estiramento, e o disco da turbina quan- instruções técnicas aplicáveis do fabricante do
to a dureza e estiramento. motor. Se uma inspeção visual do conjunto da
As palhetas removidas para uma inspe- turbina revelar diversas palhetas quebradas, ra-
ção detalhada ou para uma checagem de estira- chadas ou com erosão, a substituição do conjun-
mento do disco da turbina devem ser reinstala- to inteiro pode ser mais econômico do que subs-
das nas mesmas ranhuras das quais foram remo- tituir apenas as palhetas danificadas.
vidas. As palhetas, antes de removidas, devem Um conjunto disco e palhetas é mostrado
ser enumeradas.O envoltório externo da palheta na figura 10-62. Na montagem inicial da turbi-
da turbina deve ser inspecionado quanto a des- na, um conjunto completo de 54 palhetas fabri-
gaste do selo de ar. cadas em par codificado (duas palhetas tendo a

10-78
mesma letra de código), são colocadas sobre modelo e a fabricação do motor, e é estabeleci-
uma bancada em ordem decrescente de peso- do pelo fabricante.
momento.

Figura 10-63 Palhetas de turbina.

Figura 10-62 Distribuição típica de peso/ mo- Para substituir uma palheta, ou qualquer
mento das palhetas do disco da número de palhetas, de um conjunto de disco de
turbina turbina e palhetas, os procedimentos nos pará-
grafos seguintes são dados como exemplo.
As letras de código que indicam o balan- Dobra-se para cima cada lingüeta de
ço peso-momento em onças estão gravadas na freno; então remove-se a palheta, batendo nela
face posterior da base da palheta (vendo a pa- para que fique na frente do disco da turbina,
lheta como instalada na montagem final do mo- usando uma punção de latão e um martelo.
tor).O par de palhetas que tem o momento-peso Retira-se e descartam-se os frenos da
mais pesado é numerado 1 e 28; o par seguinte palheta da turbina.
mais pesado é numerado 2-29; o terceiro par Uma palheta nova com a lingüeta em di-
mais pesado é numerado 3-30. reção à frente do disco é inserida; então, en-
Esta sequência continua até que todas as quanto segura-se a lingüeta contra o disco, a
palhetas tenham sido numeradas. folga entre o ombro da palheta e o disco da tur-
O número 1 é marcado na face do cubo bina, é verificada.
no disco da turbina. A palheta nº 1 é, então, ins- Pode ser necessário remover material do
talada adjacente ao número 1 no disco (figura ombro da palheta para trazer a folga dentro dos
10-63). As palhetas remanescentes são instala- limites (figura 10-64).
das consecutivamente na direção dos ponteiros A Tabela de Limites no manual de revi-
do relógio, vistas a partir da face traseira do são do fabricante do motor para as folgas relati-
disco da turbina. vas às palhetas da turbina devem ser verificadas.
Se existirem diversos pares de palhetas Enquanto segurando a palheta na direção
tendo as mesmas letras de código, elas são insta- de rotação (sentido contrário aos dos ponteiros
ladas consecutivamente antes de se instalar o do relógio), verifica-se a folga entre as pontas
próximo código de letras. do ombro da palheta e aquelas das palhetas ad-
Se uma palheta requer substituição, a pa- jacentes (figura 10-64).
lheta diametralmente oposta também deve ser Se a folga é insuficiente, remove-se a pa-
substituída. As palhetas utilizadas em substitui- lheta, lixando o material das pontas para fazer
ção devem ter o mesmo código, porém não ne- com que a folga fique nos limites.
cessitam ter o mesmo código das palhetas re- Usando um relógio comparador, verifi-
movidas. ca-se o movimento radial da ponta da palheta
O número máximo de palhetas que po- enquanto segura a lingüeta da palheta contra o
dem ser substituídas na oficina varia conforme o disco.

10-79
quantidade de curvatura da borda traseira de
cada uma.
Aletas injetoras empenadas podem ser
indicação de mau funcionamento do injetor de
combustível e as que apresentam empenamento
superior ao limite permitido, são rejeitadas.
O empeno é sempre maior na borda trasei-
ra; assim, se esta borda estiver dentro dos limi-
tes, a borda dianteira também estará aceitável
Inspeciona-se as aletas injetoras quanto a mos-
sas ou entalhes. Pequenos defeitos não são cau-
sas para rejeição de aletas, desde que estes se-
jam acabados devidamente.
Os suportes das aletas injetoras são ins-
pecionados quanto a defeitos causados pelo im-
pacto de partículas estranhas. Um rebolo é usa-
do para dar acabamento em um raio suave em
qualquer mossa sob suspeita.
Da mesma forma que as palhetas da tur-
Figura 10-64 Folgas das palhetas da turbina na bina, é possível substituir um número máximo
substituição. de aletas injetoras da turbina em alguns moto-
res. Se mais do que este número máximo de
Um freno novo na palheta da turbina é aletas injetoras estiver danificado, um novo con-
colocado; instalando a palheta na sua posição junto deve ser instalado.
correta no disco da turbina.
Posiciona-se a turbina para que a palheta
fique sobre uma mesa, bigorna, ou outro suporte
adequado. Usando um punção dobre a lingüeta
do freno para dentro.
Termina-se a dobra do freno, usando um
martelo de pena para obter o máximo acaba-
mento axial permissível.
Ao examinar o freno, quanto à evidência
de rachadura, uma lente com 3 a 5 aumentos
deve ser usada.
Se o freno estiver rachado, remove-se a
palheta, instalando um novo freno até que uma
instalação satisfatória seja conseguida.

Inspeção da aleta injetora da turbina

Após abrir a carcaça envolvente, e re-


mover as câmaras de combustão, as palhetas do
primeiro estágio da turbina e as aletas injetoras
da turbina estão acessíveis para inspeção.
Os limites para as palhetas, especificados Figura 10-65 Defeitos típicos do conjunto bo-
nos manuais de revisão e instruções de serviço cal da turbina
do fabricante do motor, devem ser seguidos.
A figura 10-65 mostra onde as rachadu- Com o tubo de descarga removido, o
ras ocorrem no conjunto da turbina. Pequenas estágio traseiro da turbina pode ser inspeciona-
mossas e entalhes são permitidos se a profundi- do quanto a rachaduras ou a evidência de esti-
dade do dano estiver dentro dos limites. ramento da palheta.
Inspeciona-se as aletas injetoras da tur- As injetoras do estágio traseiro também
bina quanto a estarem empenadas, medindo a podem ser inspecionadas com uma luz forte.

10-80
Folgas se o cone de saída e o tubo de descarga quanto a
rachaduras, enpenos, dobras ou pontos quentes.
A verificação das folgas é um dos proce- Pontos quentes no cone de cauda são uma indi-
dimentos na manutenção da seção da turbina de cação de mau funcionamento de um injetor ou
um motor a reação. O manual de serviço e revi- câmara de combustão.
são do fabricante dá os procedimentos e tolerân- Os procedimentos de inspeção e reparo
cias para a verificação da turbina. para a seção quente de qualquer motor a turbina
são similares. Uma diferença usual é a nomen-
clatura aplicada pelos vários fabricantes às vá-
rias partes da seção quente. Outras diferenças
incluem o modo de desmontagem, as ferramen-
tas necessárias, e os métodos de reparo.

CLASSIFICAÇÕES COMERCIAIS

Um entendimento das classificações dos


motores a reação é necessário para o uso inteli-
gente das curvas de operação do motor, contidas
nos manuais de manutenção do avião e do mo-
tor. As classificações para os motores comerci-
Figura 10-66 Medição da folga entre as palhe- ais são definidas pela SAE (Society of Automo-
tas da turbina e o anel de reforço. tive Engineers).

Decolagem molhada (wet). Esta é a


máxima potência permitida para decolagem.
Esta potência é conseguida pela atuação do sis-
tema de injeção de água, e ajustando a potência
(molhada) computada com a manete; em termos
de uma pressão de descarga ou razão de pressão
de motor, predeterminada para as condições
mbientes predominantes. Esta potência é restrita
à decolagem, e limitada no tempo. Motores que
não têm injeção de água, não têm este ajuste.

Decolagem seca ( dry). Esta é a máxima


potência permitida sem a utilização de injeção
de água. O limite de potência é obtido pelo ajus-
Figura 10-67 Medição da folga entre a roda da te da manete na potência de decolagem (seca)
turbina e o cone de escapamento. para as condições atuais, em termos de uma
pressão de descarga de turbina ou razão de pres-
Figuras 10-66 e 10-67 mostram as fol- são de motor pré-determinadas. A máxima po-
gas sendo medidas em várias localizações.Para tência é limitada no tempo, e é para ser empre-
obter leituras adequadas, ferramentas especiais gada somente na decolagem.
providas por cada fabricante devem ser empre- Máximo contínuo. Este limite é a má-
gadas conforme descrito nas instruções de ser- xima potência que pode ser usada continuamen-
viço para os motores específicos. te e é para ser utilizada somente em emergência
a critério do piloto. Este limite é obtido pelo
Seção de escapamento ajuste da manete a uma pressão de descarga, ou
razão de pressão de motor predeterminada.
A seção de escapamento de um motor
turbojato é suscetível a rachaduras por calor. Razão normal (rated). A razão normal é
Essa seção deve ser cuidadosamente inspecio- a máxima potência aprovada para uma subida
nada junto com a inspeção da seção de combus- normal. A taxa é obtida da mesma forma como
tão e da seção da turbina do motor. Inspeciona- o máximo contínuo.Potência máxima contínua e

10-81
potência de razão normal são a mesma coisa em sendo desenvolvida pelo motor. É acionado por
certos motores. sensores de pressão total, na entrada do motor e
na saída da turbina.
Máximo cruzeiro. Esta é a máxima po- A leitura é mostrada na cabine pelo indi-
tência aprovada para cruzeiro. É obtida da mes- cador de EPR, o qual é usado para efetuar as
ma forma como o máximo contínuo. ajustagens de potência do motor.

Marcha lenta (idle). Esta não é uma


razão ou taxa de motor, mas sim uma posição
adequada de manete para a mínima potência
operacional no solo, ou em vôo. É obtida pela
colocação da manete no batente de marcha lenta
no quadrante das manetes.

INSTRUMENTAÇÃO DE MOTORES

Embora instalações de motor possam


diferir, dependendo do tipo tanto da aeronave
quanto do motor, a operação do motor a turbina
é usualmente controlada pela observação dos
instrumentos discutidos nos parágrafos seguin-
tes.
A potência do motor é indicada tanto por
um indicador de pressão da turbina, ou um indi-
cador de razão de pressão do motor, dependen-
do da instalação.
Ambos os tipos de instrumentos de pres-
são são discutidos aqui porque qualquer indica-
dor pode ser usado. Dos dois, o indicador de
pressão de descarga de turbina é o mais preciso,
primariamente devido à sua simplicidade de
construção; ele pode ser instalado no avião per-
manentemente ou, temporariamente durante um
ajuste de motor.
Um indicador de razão de pressão de
motor, por outro lado, é menos complexo para
usar, porque ele compensa automaticamente
quanto aos efeitos da velocidade do ar e da alti- Figura 10-68 A - Indicador da pressão de des-
tude, já que leva em consideração a pressão de carga da turbina;
entrada do compressor (CIP). B - Indicador da razão de pres-
são do motor.
Indicador de pressão de descarga da turbina A figura 10-68 ilustra o indicador de
pressão da turbina (A) e um indicador de EPR
Este instrumento não somente indica a (B).
pressão total interna do motor imediatamente
após o último estágio da turbina, mas também Torquímetro (motores turboélice)
indica a pressão disponível para gerar a potên-
cia, quando usado com a pressão de entrada do Como somente uma pequena parte da
compressor. força propulsora derivada da potência do jato,
nem a pressão de descarga de turbina nem a
Indicador de razão de pressão do motor razão de pressão de motor são usadas como um
indicador da potência produzida por um motor
Razão de pressão do motor-EPR (Engine turboélice eles são normalmente equipados com
Pressure Ratio) é uma indicação da potência um torquímetro.

10-82
O torquímetro (figura 10-69) pode ser
operado por uma engrenagem anel torquímetro
na seção do nariz do motor, similar aquele pro-
vido em grandes motores recíprocos, ou por
sensores em um eixo de torque. O torque, sendo
desenvolvido pelo motor, é proporcional aos
cavalos de força, e é usado para indicar os cava-
los de força do eixo.

Figura 10-69 Instrumentos típicos de motor a


turbina. Figura 10-68 A - Indicador da pressão de des-
carga da turbina;
Indicador de pressão de descarga da turbina B - Indicador da razão de pres-
são do motor.
Este instrumento não somente indica a
pressão total interna do motor imediatamente
após o último estágio da turbina, mas também Torquímetro (motores turboélice)
indica a pressão disponível para gerar a potên-
cia, quando usado com a pressão de entrada do Como somente uma pequena parte da
compressor. força propulsora derivada da potência do jato,
nem a pressão de descarga de turbina nem a
Indicador de razão de pressão do motor razão de pressão de motor são usadas como um
indicador da potência produzida por um motor
Razão de pressão do motor-EPR (Engine turboélice eles são normalmente equipados com
Pressure Ratio) é uma indicação da potência um torquímetro.
sendo desenvolvida pelo motor. É acionado por O torquímetro (figura 10-69) pode ser
sensores de pressão total, na entrada do motor e operado por uma engrenagem anel torquímetro
na saída da turbina. A leitura é mostrada na ca- na seção do nariz do motor, similar aquele pro-
bine pelo indicador de EPR, o qual é usado para vido em grandes motores recíprocos, ou por
efetuar as ajustagens de potência do motor. sensores em um eixo de torque.
A figura 10-68 ilustra o indicador de O torque, sendo desenvolvido pelo mo-
pressão da turbina (A) e um indicador de EPR tor, é proporcional aos cavalos de força, e é usa-
(B). do para indicar os cavalos de força do eixo.

10-83
Temperatura é um limite de operação do
motor e, é usada para monitorar a integridade
mecânica das turbinas, tanto quanto verificar as
condições de operação do motor.
Na realidade, a temperatura de entrada da
turbina é a consideração importante, uma vez
que é a mais crítica das variáveis do motor. En-
tretanto, é impraticável medir a temperatura de
entrada da turbina na maioria dos motores, es-
pecialmente nos modelos grandes.
Consequentemente, termopares de tempe-
ratura são inseridos na descarga da turbina, onde
a temperatura provê uma indicação relativa da-
quela na entrada.
Embora a temperatura, neste ponto, seja
muito inferior do que na entrada, ela provê
vigilância sobre as condições internas de
operação do motor.
Diversos termopares são normalmente
usados, os quais são espaçados em intervalos
em volta do perímetro do tubo de descarga do
motor próximo da saída da turbina. O indicador
Figura 10-69 Instrumentos típicos de motor à de EGT (figura 10-69) mostra na cabine a média
turbina. das temperaturas medidas pelos termopares in-
dividuais.
Tacômetro Indicador de fluxo de combustível
A velocidade do motor a turbina é medida Os instrumentos fluxômetros indicam o
pela r.p.m. do compressor, que será também a fluxo de combustível em lbs./h da unidade de
r.p.m. da turbina. controle de combustível do motor. O fluxômetro
Os tacômetros (figura 10-69) são usual- permite monitorar o consumo de combustível e
mente calibrados em percentagem de r.p.m., verificar o desempenho do motor. Um indicador
pois vários tipos de motores podem ser operados de fluxo de combustível é ilustrado na figura
na mesma base de comparação. 10-69.
Como indicado anteriormente, r.p.m. do
compressor em motores a reação de compressor Indicador de pressão de óleo do motor
centrífugo, é uma indicação direta da potência
do motor sendo produzida. A fim de evitar falha de motor resultante
Para motores de compressor axial, o prin- da lubrificação e refrigeração inadequadas das
cipal propósito do tacômetro é monitorar a várias partes do motor, o suprimento de óleo às
r.p.m. durante uma partida de motor, e para in- áreas críticas deve ser monitorado. O indicador
dicar uma condição de sobrevelocidade, se uma de pressão do óleo normalmente mostra a pres-
ocorrer. são de descarga da bomba de óleo do motor.

Indicador de temperatura dos gases de esca- Indicador de temperatura do óleo do motor


pamento
A habilidade do óleo do motor de lubri-
Temperatura dos gases de escapamento- ficar e refrigerar depende da sua temperatura,
EGT (Exhaust Gas Temperature ), temperatura tanto quanto a quantidade que é suprida às áreas
da entrada da turbina-TIT (Turbine Inlet Tempe- críticas. Um indicador de temperatura de entra-
rature), temperatura do duto de descarga, e tem- da de óleo é frequentemente provido para mos-
peratura de descarga da turbina, são uma só, e a trar a temperatura do óleo quando entra na
mesma coisa. bomba de pressão. Temperatura da entrada do

10-84
óleo é também uma indicação da operação pró- pela movimentação da manete de corte
pria do radiador de óleo do motor. de combustível ou girando uma chave.

OPERAÇÃO DO MOTOR A REAÇÃO A observação ao procedimento prescrito


para um determinado motor é necessária como
Os procedimentos de operação do mo- medida de segurança, e para evitar uma partida
tor, apresentados aqui, aplicam-se geralmente a “quente” ou partida “estagnada”.
todos os motores a reação. Os procedimentos, Uma partida com sucesso será notada
pressões, temperaturas e r.p.m. que se seguem primeiro pela elevação na temperatura dos gases
são primariamente propostos a servirem como de saída. Se o motor não “acende” dentro de um
guia. As instruções de operação do fabricante período determinado de tempo, ou se o limite de
devem ser consultadas antes de se tentar a parti- temperatura do gás de saída na partida é excedi-
da e a operação de um motor a reação. do, o procedimento de partida deve ser aborta-
Em contraste aos numerosos controles de do.
um motor recíproco, um motor a reação tem Partidas quentes não são comuns, mas
somente uma manete de controle de potência. O quando elas ocorrem, podem ser geralmente
ajuste da manete de potência seleciona uma interrompidas a tempo, de modo a evitar a tem-
condição de potência, para a qual a unidade con- perarura excessiva pela observação constante da
trola o combustível para o motor. Motores equi- temperatura dos gases de saída durante a parti-
pados com reversores entram nesta condição em da.
posições de manete abaixo de marcha lenta (i- Quando necessário, o combustível ou os
dle). gases retidos podem ser eliminados, pela conti-
Uma alavanca de corte de combustível nuação do giro do compressor com o arranque,
separada é usualmente provida em motores e- porém com a ignição e o combustível desliga-
quipados com reversores. dos.
Antes da partida, atenção particular deve
ser dada à entrada de ar do motor, a condição OPERAÇÃO NO SOLO
visual e o livre movimento dos conjuntos com-
pressor e turbina, e à área de estacionamento a Fogo no motor
frente e atrás da aeronave.
A partida do motor é dada pelo uso de Se ocorrer fogo no motor durante o ciclo
uma fonte de força externa ou de uma unidade de partida, a alavanca de corte de combustível
de partida a combustão. deve ser movida para a posição “off”. Continua-
Tipos de sistemas de partida e o ciclo de se girando o motor com o arranque até que o
partida dos motores, já foram discutidos anteri- fogo tenha sido expelido do motor.
ormente. Se o fogo persistir, CO2 pode ser descar-
Em aviões com múltiplos motores, é da- regado no duto de entrada enquanto ele está
da partida em um motor por uma fonte externa sendo virado. Não se descarrega CO2 direta-
que supre pressão de ar para o arranque pneu- mente na saída do motor, porque isto pode dani-
mático no motor. ficá-lo. Se o fogo não puder ser apagado desli-
Ar sangrado deste primeiro motor em gue todas as chaves e abandone a aeronave.
operação é então usado como fonte de potência, Se o fogo é no solo sob o dreno, descar-
para dar a partida a outros motores. rega-se o CO2 no solo. Isto também é verdade
Durante a partida, é necessário monitorar se o fogo é no tubo de descarga, e o combustível
o tacômetro, a pressão de óleo, e a temperatura estiver pingando no solo e queimando.
dos gases de saída.
Verificações do motor
A sequência normal de partida é:
A verificação de motores turbojato ou
(1) Girar o compressor com o arranque; turbofan, quanto à operação adequada, consiste
simplesmente em ler os instrumentos do motor
(2) Ligar a ignição; e
e, então, comparar os valores observados com
(3) Abrir a válvula de combustível do mo- aqueles conhecidos de serem corretos, para
tor, seja movendo a manete para “idle”, qualquer dada condição de operação do motor.

10-85
Verificações em marcha lenta cendo, é calculado a partir de uma curva de se-
leção de potência de decolagem, similar àquela
Depois que o motor partir, e a r.p.m. de mostrada na figura 10-70.
marcha lenta tiver sido obtida; e as leituras dos Essa curva foi computada para condições
instrumentos forem estabilizadas, o motor deve estáticas.Portanto, para uma verificação precisa
ser verificado quanto à satisfatória operação na da potência, o avião deve estar estacionado, e a
velocidade de marcha lenta. operação estável do motor deve ser estabelecida.
As leituras do indicador de pressão de Se for necessário calcular a potência durante
óleo, do tacômetro, e da temperatura dos gases uma verificação de ajuste de motor, a pressão
de saída, devem ser comparadas com as faixas de descarga de turbina (P17) é também mostra-
permissíveis. O fluxo de combustível não é con- da nestas curvas.
siderado uma indicação confiável da condição Manuais apropriados devem ser consul-
do motor em r.p.m. de marcha lenta, devido às tados para as cartas de um motor de fabricação
inexatidões frequentemente encontradas nos e modelo específicos.
medidores de fluxo de combustível e indicado- A razão de pressão do motor, calculada a
res na sua faixa inferior de indicação. partir da curva de seleção de potência, represen-
ta tanto a potência de decolagem “molhada” ou
Verificação da potência de decolagem “seca”.
A manete do avião é avançada para obter
A potência de decolagem é verificada esta leitura, prevista no indicador de razão de
pelo ajuste das manetes, para obter uma leitura pressão do motor no avião.
no indicador de razão de pressão do motor. O Se um motor desenvolve a potência pre-
valor para a razão de pressão do motor, que re- vista e, se todos os outros instrumentos estão
presenta a potência de decolagem para as condi- dentro de suas faixas adequadas, a operação do
ções atmosféricas ambiente, que estão prevale- motor é considerada satisfatória.

Figura 10-70 Curva típica de ajuste da potência de decolagem para condições estáticas.

Condições ambientes seja dado na obtenção de valores corretos para


as condições do ar predominantes, quando cal-
A sensibilidade dos motores a reação à culando a potência de decolagem. Algumas coi-
temperatura e a pressão do ar de entrada do sas para lembrar são:
compressor, requer que cuidado considerável

10-86
(1) O motor sente a temperatura e pressão do ar considerada no cálculo da potência para de-
na entrada do compressor. Esta será a tem- colagem ou na determinação do fluxo de
peratura real logo acima da superfície da combustível e r.p.m., na operação rotineira.
pista. Quando o avião está parado, a pressão
na entrada do compressor será a pressão es-
tática, ou a pressão barométrica verdadeira, DESLIGAMENTO DO MOTOR
e não a pressão barométrica corrigida para o
nível do mar que é normalmente reportada
pelas torres de controle do aeroporto como Em motores a reação que não têm potên-
a selecionada para o altímetro. cia de reverso, o retardo da manete do avião
(2) Alguns aeroportos informam a temperatura para “off” corta o suprimento de combustível
da pista, a qual deve ser usada quando dis- para o motor, desligando-o.
ponível. O indicador de temperatura do ar Em motores equipados com reversores,
exterior do avião pode ou não ser suficiente isto é conseguido por meio de uma manete sepa-
para obter a temperatura a ser usada, de- rada de corte de combustível. Um motor nor-
pendendo do modo no qual a temperatura malmente estará suficientemente frio para desli-
do ar está indicada. Se o bulbo ou o termo- gar imediatamente.
par do termômetro está exposto aos raios do Entretanto, como regra simples, quando
sol, a leitura do instrumento obviamente um motor for operado acima de 85% r.p.m. por
não será precisa. Quando a temperatura da períodos excedendo 1 minuto, durante os últi-
torre de controle deve ser usada, um fator mos 5 segundos antes do desligamento, é reco-
de correção deve ser aplicado. Para um cál- mendado que o motor seja operado abaixo de
culo preciso da potência, tal quando ajus- 85% (preferencialmente em marcha lenta) por
tando um motor, é melhor medir a tempera- um período de 5 minutos, de modo a evitar
tura real na entrada do compressor logo an- uma possível falha dos rotores.
tes de dar a partida no motor, por meio de Isto se aplica, em particular, a operação
um termômetro portátil de precisão conhe- prolongada em altas r.p.m. no solo, como por
cida. Quando for verificado que uma exemplo, durante o ajuste do motor.
variação de 5oC (9oF) na temperatura da A carcaça da turbina, e as rodas da turbi-
entrada do compressor resultará em apro- na operam aproximadamente na mesma tempe-
ximadamente 2 pol Hg de variação na ratura quando o motor está virando. Entretanto,
pressão de descarga da turbina, ou 0,06 de as rodas da turbina são relativamente grossas,
variação na indicação de razão de pressão comparadas com a carcaça, e não são resfriadas
do motor, a importância de usar a correta tão rapidamente.
temperatura para o cálculo da potência pode A carcaça da turbina está exposta ao ar de
ser de imediato avaliada. refrigeração tanto pelo lado de dentro, como de
fora do motor.
(3) Se somente o ajuste do altímetro, ou da Consequentemente, a carcaça e as rodas
pressão barométrica, corrigida para o nível perdem seu calor residual, em razões diferentes,
do mar está disponível quando usando as depois que o motor for desligado.
curvas da potência para calcular a pressão A carcaça, resfriando mais depressa, tende
de descarga da turbina, esta pressão deve a encolher sobre as rodas que ainda estão giran-
ser recorrigida para a elevação do campo. do.
Um método para obter a pressão real é sele- Sob condições extremas, as palhetas das
cionar o altímetro para a altitude zero, e ler turbina podem roçar ou trancar.
a pressão barométrica do campo diretamen- Assim, um período de resfriamento é re-
te na janela do altímetro na face do instru- querido se o motor estiver operando em prolon-
mento. gada alta velocidade.
Se as rodas da turbina trancam, normal-
(4) Umidade relativa, que afeta apreciavelmen- mente não resulta em danos, desde que não se
te a potência do motor recíproco, tem um tente girar o motor antes que ele tenha resfriado
efeito negligível na potência do motor a re- suficientemente para liberar as rodas. Ainda
ação, fluxo de combustível e r.p.m. Portan- assim, todo o esforço deve ser feito para evitar o
to, a umidade relativa não é normalmente trancamento.

10-87
A bomba de combustível do avi- desligamento do motor, este deve ser operado a
ão deve ser desligada após e, não antes, que a aproximadamente 75% r.p.m., por não menos
manete de potência ou a alavanca de corte de do que 15 nem mais de 30 segundos imediata-
combustível forem colocadas na posição “off”, mente antes do desligamento, para efetuar a
de modo a assegurar que o combustível perma- apropriada recuperação do óleo de dentro do
neça nas linhas, e que a bomba de combustível motor.
comandada pelo motor não perca sua pressão.
Sob estas condições, a bomba de com- PESQUISANDO PANES EM MOTORES A
bustível do avião é incapaz de realimentar a REAÇÃO
bomba comandada pelo motor, sem que o ar
seja sangrado do controle de combustível. Estão incluídos nesta seção roteiros para
Geralmente, um motor não deve ser des- localizar mau funcionamento na maioria dos
ligado pela alavanca de corte de combustível até motores a reação.
que a manete do avião tenha sido retardada para Uma vez que seria impraticável listar to-
a posição “idle”. Uma vez que a válvula de cor- das as panes que possam ocorrer, somente as
te de combustível esteja localizada na saída do mais comuns são cobertas.
controle de combustível, um desligamento numa Um conhecimento profundo dos siste-
seleção de alta potência do motor irá resultar em mas do motor, aplicados com raciocínio lógico,
altas pressões de combustível dentro do controle irá resolver qualquer problema que possa ocor-
que podem causar danos nas partes do sistema. rer.
Quando uma leitura com precisão do
nível do óleo do tanque for requerida após o
TABELA 12. Pesquisa de panes de motores a reação
Mau funcionamento indi- Causa possível Ação sugerida
cado
O motor tem baixa r.p.m., A indicação da razão de pressão do Verificar a linha de entrada de
temperatura dos gases de motor está com leituras para mais. pressão desde o probe até o
saída e fluxo de combustí- transmissor quanto a vazamentos.
vel, quando colocado na Verificar o transmissor de razão
esperada razão de pressão de pressão do motor e o indicador
do motor. quanto à exatidão das indicações.
O motor tem alta r.p.m., A indicação de razão de pressão do Verificar a condição do sensor.
temperatura dos gases de motor tem leitura para menos, devi-
saída e alto fluxo de com- do:
bustível, quando colocado Sensor de descarga da turbina desa- Testar a linha de pressão de des-
na esperada razão de pres- linhado ou rachado. carga da turbina quanto a vaza-
são de motor. Vazamento na linha de pressão de mentos.
descarga da turbina desde o sensor
até o transmissor.
Transmissor ou indicador de razão Verificar o transmissor e o indi-
de pressão de motor com erros de cador de razão de pressão do mo-
indicação. tor quanto à exatidão das indica-
Partículas de carbono coletadas na ções.
linha de pressão de descarga ou nos
orifícios restritores. Possível dano
de turbina e/ou perda de eficiência
da turbina.
O motor tem baixa r.p.m., Se somente a temperatura dos gases Confirmar a indicação de dano na
alta temperatura dos gases de saída estiver alta, o problema turbina por:
de saída, e alto fluxo de pode ser os terminais do termopar,
combustível em todas as ou o instrumento. Verificar a desaceleração do mo-
seleções de razão de pres- tor quanto a ruído anormal e
são do motor . tempo reduzido.

10-88
NOTA: Motores com danos Inspecionar visualmente a área da
na seção da turbina podem turbina com uma luz forte.
ter a tendência de estagnar Recalibrar a instrumentação de
durante a partida. temperatura dos gases de saída.
O motor vibra em diversos Danos na turbina. Checar a turbina como descrito
regimes, porém a amplitude no item anterior.
reduz a medida que a rota-
ção diminui.
O motor vibra com alta Danos na seção do compressor. Checar a seção do compressor
r.p.m. e alto fluxo de com- quanto a danos.
bustível, em um determina-
do regime.
O motor vibra em todos os Falha de algum componente acessó- Checar cada um dos componen-
regimes, porém, mais acen- rio como o C.S.D, gerador ou bom- tes acessórios.
tuadamente em regime de ba hidráulica, etc.
cruzeiro ou em marcha len-
ta.
Sem alteração do regime de Falha dos rolamentos principais. Checar os filtros de retorno de
potência, mas com alta óleo e os plugs magnéticos.
temperatura do óleo.
O motor tem temperatura Válvulas de sangria de ar ( bleed Verificar a operação da válvula
dos gases de saída maior valves ) com mau funcionamento. de sangria de ar ( bleed valve ).
que o normal durante deco- Sensor de indicação da pressão de
lagem, subida e vôo de cru- descarga da turbina, ou a linha de Checar a condição do sensor de
zeiro.Rotação e fluxo de pressão de ar para o transmissor indicação de pressão de descarga,
combustível acima do nor- com vazamento. e a linha de pressão para o trans-
mal. missor.
Motor com alta temperatura Motor fora de regulagem. Fazer a checagem com o equipa-
de saída dos gases na pres- mento JETCAL.
são determinada para deco-
lagem. Recalibrar como necessário.
Motor com estouros contí- Válvula de pressurização e válvula Substituir a válvula de pressuri-
nuos (stall) durante a parti- dreno não funcionando. zação e a válvula dreno.
da, e em vôo de cruzeiro à Duto de ar rachado. Substituir ou reparar duto de ar
baixa potência. rachado.
Unidade de controle de combustível Substituir unidade de controle de
não funcionando adequadamente. combustível.
Rotação do motor estanca Temperaturas inferiores a zero Se a estagnação do motor é devi-
durante tentativa de partida. graus Celsius. do a baixas temperaturas, o motor
pode partir acionando a bomba de
combustível, ou posicionando a
manete de partida em posição
anterior a do ciclo normal de par-
tida.
Danos no compressor. Checar o compressor quanto a
danos.
Danos na turbina. Inspecionar a turbina quanto a
danos.
Alta temperatura do óleo. Falha da bomba de retorno do óleo. Checar o sistema de lubrificação
e as bombas de retorno do óleo.
Intercambiador de calor do combus- Substituir o intercambiador de
tível não funciona. calor do combustível.

10-89
Alto consumo de óleo. Falha da bomba de retorno de óleo. Checar a bomba de retorno de
óleo.
Alta pressão de óleo de retorno. Verificar a pressão de retorno do
óleo, como indicado no manual
do fabricante.
Vazamento da caixa de acessórios. Verificar os vedadores da caixa
de acessórios, aplicando pressão
pelo suspiro superior.
Perda de óleo por transbor- Pode ser causada pelo alto fluxo de Checar quanto a espuma no óleo.
damento. ar pelo tanque, óleo com espuma, ou Fazer uma checagem a vácuo dos
quantidade não usual de óleo retor- depósitos intermediários de óleo
nado ao tanque pelo sistema de sus- de retorno.Checar as bombas de
piro. retorno.

Para informação exata sobre um modelo especí- É usualmente necessário calcular a potên-
fico de motor, consulta-se as instruções aplicá- cia de decolagem, do mesmo modo como é feito
veis do fabricante. para um motor a reação.
Este cálculo é para determinar a máxima
OPERAÇÃO DE TURBOÉLICE temperatura permissível dos gases de escapa-
mento, assim como a pressão do torquímetro
A operação do motor tuboélice é bem similar a que um motor em funcionamento normal deve
de um motor a reação, exceto pela adição da produzir para a temperatura do ar exterior (am-
hélice. biente) e a pressão barométrica predominante
O procedimento de partida e as várias ca- naquele momento.
racterísticas operacionais são bastante parecidas.
O turboélice principalmente requer atenção aos
limites operacionais do motor, a seleção da PROCEDIMENTO PARA PESQUISA DE
manete de potência, e ao indicador de pressão PANES PARA MOTORES TURBOÉLICE
do torquímetro.
Embora os torquímetros indiquem so- Todos os testes, inspeções e pesquisas de panes
mente a potência sendo suprida à hélice, e não devem ser feitos de acordo com o respectivo
os cavalos de força equivalentes, a pressão do manual do fabricante.
torquímetro é aproximadamente proporcional à Na tabela 13, os procedimentos para
potência total de saída e, então, é utilizada na pesquisa de panes do redutor, eixo de torque e
medida do desempenho do motor. seção de força sào simultâneos por causa de sua
A leitura do indicador de pressão do tor- inter-relação.
químetro durante a verificação da potência de A tabela inclui as principais panes, junto
decolagem é um valor importante. com as prováveis causas e suas soluções
TABELA 13 PESQUISA DE PANES NOS MOTORES TURBOÉLICE

PROBLEMA CAUSA PROVÁVEL SOLUÇÃO

Seção de força não gira Sem fluxo de ar no motor de par- Verificar a válvula solenóide de ar
durante tentativa de tida (Starter). do motor de partida e o fornecimen-
partida. to de ar.
Freio da hélice trancado. Liberar o freio , girando a hélice na
direção normal de rotação.
Seção de força não dá Baixa velocidade do motor de Verificar a válvula solenóide de ar
partida. partida devido ao inadequado for- do motor de partida e o fornecimen-
necimento de ar. to de ar.

10-90
Se não há sinal de combustível Checar a força elétrica do sistema,
pelo duto de saída dos gases, a ou válvulas operadas eletricamente.
válvula seletora de combustível Substituir as válvulas defeituosas.
pode estar inoperante devido à
falha elétrica ou pode estar tranca-
da.
Bomba de combustível inoperante. Checar a bomba de combustível
quanto a engrenagens danificadas
ou dano interno.Verificar se há va-
zamento de combustível na bomba.
Filtro de combustível da aeronave Limpar o filtro e substituir o ele-
sujo. mento filtrante se necessário.
Válvula de corte de combustível Verificar o circuito elétrico para
fechada. assegurar-se de que o atuador está
energizado.Substituir o atuador ou
controlador.
O motor dá a partida Insuficiência de combustível para Verificar o sistema de combustível
mas não acelera para a a unidade controladora. para assegurar-se de que todas as
correta rotação. válvulas estão abertas, e as bombas
estão operando.
Válvula dosadora de combustível Substituir a unidade de controle de
trancada. combustível. Fazer a limpeza das
linhas.
Válvula desviadora de combustí- Substituir a unidade de controle de
vel da unidade controladora tran- combustível. Fazer a limpeza das
cada em aberto. linhas.
Válvula dreno trancada em aberto. Substituir as válvulas dreno.
Chave de pressão de enriqueci- Substituir a chave de pressão.
mento do combustível na partida
ajustada em valores altos.
Temperatura de acele- Válvula desviadora de combus- Fazer a limpeza das linhas de com-
ração muito alta durante tível da unidade controladora fe- bustível. Substituir a unidade do
a partida. chada e trancada. controle de combustível.
O ressalto de aceleração da unida- Substituir a unidade de controle de
de de controle de combus-tível combustível.
incorretamente ajustado.
Injetor de combustível defeituoso. Substituir o injetor de combustível.
Termostato da unidade de controle Substituir a unidade de controle de
de combustível em pane. combustível.
Temperatura de acele- O ressalto de aceleração da unida- Substituir a unidade de controle do
ração muito baixa du- de de controle do combustível combustível.
rante a partida. incorretamente ajustado.
A rotação do motor Governador da unidade de contro- Continuar a operação do motor para
cicla após a partida. le de combustível instável. permitir que a unidade de controle
do combustível se ajuste automati-
camente.
Pressão de óleo da se- Fornecimento de óleo insuficiente. Checar o nível de óleo e abastecer
ção de força cai rapi- como necessário.
damente. Transmissor de pressão de óleo ou Checar o transmissor de óleo ou o
indicador, dando falsa indicação. indicador, e reparar ou substituir, se
necessário.

10-91
Vazamento de óleo nos Falha do vedador de óleo. Substituir vedador ou vedadores.
vedadores de óleo dos
acessórios.
Impossível atingir a Falha do governador de hélice. Substituir o governador da hélice.
máxima rotação contro-Falha da unidade de controle de Substituir a unidade de controle de
lada a 100%. combustível ou do sensor de ar. combustível. Se estiver suja, limpar
a entrada de ar do sensor aplicando
ar no sentido contrário ao fluxo
normal.
Indicação de vibração Sensor de vibração do motor ou Calibrar o equipamento de leitura.
muito alta. equipamento de leitura em pane. Dar partida no motor e acelere gra-
dativamente. Observar a indica-ção
de vibração.Se a indicação mos-trar
que o sensor está em pane, substitui-
lo. Se a vibração perma-necer a
mesma, remover a unidade de po-
tência para revisão .

UNIDADE DE TESTES DE CALIBRAÇÃO temperatura no duto de escapamento e rotação


DE JATOS (JETCAL) podem ser checados mais precisamente com a
unidade JETCAL do que com os indicadores da
Dois dos mais importantes fatores que cabine do avião. Erros em até 10 graus Celsius
afetam a vida da turbina são a temperatura dos podem ocorrer na leitura dos indicadores de
gases de saída (EGT) e a rotação do motor. rotação e de temperatura na cabine, por causa da
Excesso de temperatura em poucos graus altura do observador quando sentado.
reduz a vida útil das palhetas em mais de 50%. Um tipo de JETCAL usado para analisar
Baixa temperatura de saída dos gases de esca- a turbina do motor é o analisador JETCAL (Fi-
pamento materialmente reduz a eficiência do gura 10-71).
motor e a potência. Excessiva rotação do motor O analisador JETCAL é um instrumento
pode causar falha prematura do mesmo. Indica- portátil feito de alumínio, aço inoxidável e plás-
ções do sistema de combustível com problemas, tico.

Figura 10-71 Compartimento do analisador JETCAL

10-92
Os componentes principais deste analisa- (10) Checagem do sistema de detecção de fogo
dor são os termopares, indicadores de r.p.m. e do avião, e o sistema de antigelo da asa do
temperatura de saída dos gases, resistências, avião usando sensores especiais.
circuitos de checagem de isolação, bem como
potenciômetros, reguladores de tempera-tura, Instruções de operação da unidade de teste
medidores diversos, chaves e toda a cablagem JETCAL
necessária, sensores e adaptadores para a execu-
ção de todos os testes. Um analisador JETCAL O procedimento completo, item por i-
também inclui um detector de alta temperatura e tem, do painel de instruções do JETCAL pode
circuito de teste do sistema de antigelo da asa. ser seguido durante a operação do mesmo.O
painel de operação é visível todo o tempo
Uso do analisador JETCAL durante a operação do analisador. Seria útil
listar item por item,os procedimentos desta
O analisador JETCAL pode ser usado seção. O procedimento consiste em ligar e
para: desligar diferentes chaves e mostradores. Para
evitar confusão, esta seção dará detalhes de
(1) Funcionalmente checar o sistema de tem- operação do analisador JETCAL de maneira
peratura de saída dos gases (EGT), quanto geral.
a erro, sem dar partida no motor ou des- Cuidados quanto à segurança
conectar a cablagem.
Observar os seguintes cuidados durante a
(2) Checagem individual dos termopares an- operação do analisador JETCAL:
tes da conexão com a fiação principal..
(3) Checagem de cada termopar quando insta- (1) Nunca usar um multímetro para checar os
lado junto à fiação quanto a continuidade. potenciômetros quanto à continuidade. Se
este for usado, haverá danos ao galvanôme-
(4) Checagem dos termopares e da fiação tro, e a bateria poderá sofrer danos.
quanto a precisão do sistema. (2) Checar a fiação dos termopares antes do
giro do motor. Isto deve ser feito porque o
(5) Checagem da resistência do sistema de circuito deve estar correto antes que os ter-
temperatura de saída dos gases (EGT). mopares possam ser usados como sensores
de EGT.
(6) Checagem da isolação do circuito de tem-
peratura de saída dos gases (EGT) quanto (3) Por segurança, fazer o aterramento do ana-
a curto circuito em relação a massa e curto lisador JETCAL quando usar uma fonte
circuito em relação aos terminais. C.A., porque os sensores que tenham uma
voltagem induzida na carcaça, podem des-
(7) Checagem dos indicadores de temperatura carrega-la se o equipamento não estiver a-
de saída dos gases (ambos de dentro e fora terrado. Esta condição não é aparente du-
da aeronave) quanto a erro. rante tempo seco, mas durante tempo úmido
(8) Determinação da rotação do motor com o operador pode levar um choque. Desta
uma precisão de mais ou menos 0,1% maneira, para a proteção do operador, o a-
durante operação do mesmo. Em adição a nalisador JETCAL deve ser aterrado usando
esta checagem existe a verificação e pes- o pigtail lead no cabo de entrada de força.
quisa do sistema de indicação de rpm do
avião. (4) Usar os sensores de temperatura designados
para uso nos termopares do motor a ser tes-
(9) Estabelecer a própria relação entre a tem- tado.Variações de temperatura são muito
peratura de saída dos gases e a rotação do críticas no projeto dos sensores de tempera-
motor, durante o giro do mesmo, durante tura. Cada tipo de termopar tem seu próprio
o procedimento de tabulação pela checa- e especial sensor. Nunca tentar modificar
gem de rotação (takcal) e os potenciôme- sensores de temperatura para testar outros
tros do analisador JETCAL. tipos de termopares.

10-93
(5) Nunca deixar conjuntos de sensores de ro de termopares instalados e a sua posição no
temperatura no duto de exaustão durante o motor; (3) dos erros, se algum for achado; e (4)
giro do motor. do tempo requerido para se corrigir os erros. O
teste funcional de um motor pode ser efetuado
(5) Não permitir que os sensores de temperatu- entre 10 e 20 minutos; condições especiais po-
ra atinjam valores acima de 900ºC (l652º F.) dem requerer mais tempo.
Excedendo-se estas temperaturas haverá da- Durante o teste funcional do sistema de
nos no analisador JETCAL e no conjunto EGT e a checagem da fiação dos termopares, o
de sensores de temperatura. analisador JETCAL tem uma precisão garantida
de mais ou menos 4º C. na temperatura de teste,
Checagem da continuidade do circuito de que é usualmente a temperatura máxima de ope-
temperatura de saída dos gases (EGT) do ração do motor.
avião. Cada motor tem sua temperatura máxima
de operação, que pode ser encontrada nas res-
Para eliminar qualquer erro causado por pectivas instruções técnicas.
um ou mais dos termopares do motor, é execu- O teste é feito com o aquecimento dos
tado uma checagem de continuidade. Esta che- termopares do motor no cone traseiro do mes-
cagem é feita aquecendo-se um sensor de tem- mo, para a temperatura de teste do motor.A
peratura entre 500/700ºC, e posicionando o sen- temperatura é fornecida por sensores através dos
sor aquecido sobre cada termopar, um a cada cabos necessários.
vez. Com os termopares do motor aquecidos, a
O indicador de EGT deve mostrar uma temperatura é registrada no indicador do avião.
subida na temperatura quando cada um dos ter- Ao mesmo tempo, os termopares acoplados aos
mopares for checado. Quando uma grande quan- sensores de temperatura, que são completamen-
tidade de termopares for usada no motor (oito te isolados do sistema do avião, são seleciona-
ou mais), é muito difícil de ver uma indicação dos, registrando a mesma temperatura no anali-
de temperatura nos instrumentos do avião, devi- sador JETCAL.
do às características elétricas dos circuitos para- A temperatura indicada nos instrumentos
lelos. Desta maneira, a indicação de temperatu- do EGT do avião (figura 10-72) deve estar den-
ra dos termopares do motor é lida pelos poten- tro das tolerâncias especificadas para o sistema
ciômetros do analisador JETCAL; pelo uso do e as temperaturas lidas nos potenciômetros do
"cabo de cheque"; e os necessários adaptadores. JETCAL.
Os termopares acoplados nos sensores de
Checagem funcional do circuito de tempera- temperatura estão de acordo com a precisão do
tura de saída dos gases (EGT) do avião. U.S. Bureau of Standards; desta maneira, as
leituras através do JETCAL são aceitas como
O tempo requerido para checar o sistema padrão, e são usadas como base de comparação
de EGT de qualquer avião, depende de diversos para checar a precisão do sistema de EGT do
fatores:(1) do número de motores; (2) do núme- avião.

Figura 10-72 Caixa de interruptores, adaptador do teste de r.p.m. e conexões.

10-94
Desde que a caixa de junção esteja aco- Checagem do indicador de temperatura de
plada em paralelo, não é necessário haver senso- saída dos gases (EGT)
res de temperatura conectados a todas as saídas O indicador de EGT é testado após ter
da caixa de junção quando se efetuar uma che- sido removido do painel de instrumentos do
cagem.Em motores que possuam um sistema de avião, e desconectado dos terminais do circuito
termopar de equilíbrio, este deve ser removido de EGT do avião.
do circuito. Os termopares restantes podem ser Acopla-se o cabo dos instrumentos e os
checados individualmente, ou em conjunto. terminais adaptadores do indicador de EGT aos
O termopar de equilíbrio é checado usan- terminais do indicador, e coloca-se o indicador
do-se um sensor simples. em sua posição normal de operação. Ajusta-se
A saída do termopar de equilíbrio tam- as chaves do analisador JETCAL nas posições
bém é lida pelo potenciômetro do JETCAL, e requeridas. As leituras dos indicadores devem
comparada com a leitura do sensor de tempera- corresponder às leituras do analisador JETCAL
tura. dentro de limites aceitáveis do indicador de
Quando a diferença de temperatura ex- EGT.
cede a tolerância permitida, é feita uma pesquisa Correção para a temperatura ambiente
do sistema do avião para determinar qual a parte não é requerida para este teste, já que ambos, o
que está em pane. A pesquisa de panes é apre- indicador de EGT e o analisador JETCAL, so-
sentada no final desta seção. frem compensação na sua temperatura.
A temperatura registrada no indicador de
Teste funcional das chaves térmicas EGT do avião deve estar dentro das tolerâncias
do sistema do avião e da temperatura lida no
O sensor "tempcal" testa funcionalmente potenciômetro do JETCAL.
a operação dos sistemas de detecção de fogo, Quando a temperatura excede a tolerân-
sobreaquecimento e degelo das asas, que incor- cia permitida, é feita uma pesquisa de pane do
poram uma chave térmica como dispositivo de sistema do avião para determinar qual a parte
detecção. que está em pane.
A chave térmica deve ser checada na po-
sição no avião, posicionando o sensor sobre a Checagem de resistência e isolação
chave térmica.
O sensor "tempcal" incorpora os princí- A continuidade da fiação dos termopares
pios dos sensores de temperatura. A temperatura é checada enquanto o sistema de EGT é verifi-
é controlada por um regulador, e é lida no po- cado funcionalmente.A resistência da fiação dos
tenciômetro do JETCAL. termopares é mantida em tolerâncias muito res-
Com o sensor "tempcal " sobre a chave tritas, já que uma mudança na resistência, muda
térmica, a temperatura do sensor sobe e desce a amperagem, passando pelo circuito.A mudan-
de acordo com o movimento da chave em sua ça de resistência dará leituras errôneas na tem-
temperatura de operação. peratura.
O indicador no painel de instrumentos Os circuitos de resistência e isolação
do avião, geralmente uma lâmpada vermelha, é tornam possível analisar e isolar qualquer erro
checado quanto à indicação, para assegurar-se no sistema do avião. A utilização dos circuitos
que a chave está atuando nas temperaturas re- de resistência e isolação será discutido nos pro-
queridas. cedimentos de pesquisa de panes.
Se o sistema não está indicando corre-
tamente, o circuito deve ser corrigido. Checagem do indicador tacômetro
Se um sensor "tempcal" é aquecido e
posicionado sobre uma chave térmica fria, os Para ler a rotação do motor com uma
contatos fecharão imediatamente, devido a uma precisão de mais ou menos 0,1% durante a ope-
reação chamada de choque térmico. ração do motor, a frequência do gerador do ta-
Como a chave térmica continua a absor- cômetro é medida pelo circuito cheque de
ver calor, os contatos irão abrir, e então, fechar r.p.m. (takcal) no analisador JETCAL.
novamente quando a temperatura de operação A escala do circuito cheque de r.p.m. é
da chave for atingida. calibrada em porcentagem de r.p.m. em corres-

10-95
pondência ao indicador tacômetro do avião, que Em cablagem paralela de motores, quan-
também faz a leitura em porcentagem de r.p.m. do os termopares podem ser removidos indivi-
Os intervalos de calibragem são de dualmente, os mesmos podem ser testados em
0,2%. O tacômetro do avião e o circuito cheque bancada usando sensores de temperatura.
de r.p.m. são conectados em paralelo, e ambos O valor da temperatura obtida dos ter-
estarão indicando durante a operação do avião. mopares deve estar dentro das tolerâncias do
As leituras do circuito cheque de r.p.m. fabricante.
podem ser comparadas com as leituras do tacô-
metro do avião para determinar a precisão do Erro do circuito de temperatura de saída dos
instrumento do avião. gases (EGT)

Pesquisa de panes do sistema da temperatura Este erro é detectado pelo uso da caixa
de saída dos gases (EGT) de distribuição (switchbox) e com a comparação
da leitura do indicador de EGT do avião com a
O analisador JETCAL é usado para tes- leitura de temperatura no JETCAL (figura 10-
tar e pesquisar o sistema de termopares do avião 72).
na primeira indicação de pane, ou durante che- Com a chave (SW-5) na sua posição no
cagens periódicas de manutenção. JETCAL, a indicação pela cablagem do termo-
O circuito de teste do analisador par é dirigida ao analisador JETCAL. Com a
JETCAL torna isto possível para isolar todas as chave (SW-5) na posição EGT, a leitura de tem-
panes como listado abaixo. Logo após a lista peratura pela cablagem dos termopares é indi-
está uma apresentação de cada problema men- cada no indicador de EGT do avião. A tempera-
cionado. tura no analisador JETCAL e no instrumento do
avião são comparadas.
(1) Um ou mais termopares inoperantes em
cablagem paralela do motor. Resistência do circuito fora de tolerância
(2) Termopares do motor fora de calibragem.
(3) Erro de indicação de EGT. A resistência do circuito dos termopares
(4) Resistência do circuito fora de tolerância. do motor é de alta importância, já que uma con-
(5) Curto à massa. dição de alta resistência vai resultar em baixa
(6) Curto entre terminais. indicação de EGT do avião.
Esta indicação é perigosa, porque o avi-
Um ou mais termopares inoperantes em ca- ão vai operar com excesso de temperatura, pois
blagem paralela do motor a alta resistência vai resultar em leitura inferior
a real.
Este erro é detectado em um teste regu- Ajustando um resistor e/ou a resistência
lar dos termopares do avião, com um sensor de de uma bobina no circuito de EGT, geralmente
temperatura quente, e deverá ter a fiação de corrigem os desvios.
terminal rompida na cablagem paralela ou cur-
to à massa na cablagem. Curto à massa e curto entre terminais
Em último caso, a corrente do termopar
em curto pode fluir e nunca ser detectada no Estes erros podem ser determinados pelo
indicador. uso de um medidor de isolação como um oh-
De qualquer maneira, esses curtos po- mímetro.
dem ser detectados pela checagem de resistência Valores de zero a 550.000 ohms podem ser
e isolação. lidos no medidor de isolação pela seleção da
unidade adequada.
Termopar do motor fora de calibragem
PESQUISA DE PANES NO SISTEMA DO
Quando os termopares estão sujeitos, por TACÔMETRO DA AERONAVE
um período de tempo, a uma atmosfera oxidan-
te, como as verificadas em motores aeronáuti- Uma função relacionada a checagem de
cos, os mesmos vão diferir em muito de sua r.p.m. é a pesquisa do sistema tacômetro do
calibragem original. avião. O circuito cheque de r.p.m. no analisador

10-96
JETCAL é usado para ler a rotação do motor O analisador JETCAL é usado para ajus-
durante a operação com uma precisão de mais tar o motor porque a r.p.m. do mesmo e a tem-
ou menos 0,1%. peratura de saída dos gases são extremamente
As conexões para a checagem da r.p.m. críticas na operação do motor. Quando o motor
são os cabos dos instrumentos e os terminais do deve ser checado e ajustado, o meio mais con-
sistema do avião ao indicador tacômetro (figura veniente para fazê-lo é acoplando a caixa de
10-72). distribuição (switchbox) no circuito de EGT, e
Após ter sido feito a conexão entre o fazendo as conexões para a checagem de r.p.m.
circuito cheque de r.p.m. do analisador JETCAL no início do teste.
e o circuito tacômetro do avião, os dois circuitos A caixa de distribuição é usada para co-
(agora denominados como um só) serão um nectar o indicador de EGT no circuito, ou para
circuito paralelo. conectar a indicação de temperatura da cabla-
O motor então é girado de acordo com as gem dos termopares ao potenciômetro do anali-
instruções existentes. Ambos os sistemas são sador JETCAL.
lidos simultaneamente. Mesmo assim, as leituras da temperatura
Se a diferença entre a leitura do indica- da cablagem de termopares do avião podem ser
dor tacômetro do avião e o circuito cheque de feitas pela conexão do cabo cheque (com ou
rpm do analisador JETCAL exceder a tolerância sem adaptadores) para a caixa de distribuição do
indicada pelas instruções técnicas, o motor deve motor (ver figura 10-73).
parar de operar, e a pane localizada e corrigida. A indicação de EGT do avião deve ser
Os seguintes itens irão auxiliar na localização e usada quando for dada a partida no motor, para
isolação da pane: ser possível detectar uma partida quente.
(1) Se o tacômetro do avião excede a tolerância É dada a partida no motor e levado até a
permitida, quando comparada ao circuito rotação de acordo com as suas instruções técni-
cheque de r.p.m. o instrumento deve ser cas.
substituído. Durante o procedimento de checagem, to-
das as leituras de rotação do motor são feitas
(2) Se não é possível ler 100% da r.p.m. no pelo circuito cheque de rpm do analisador
tacômetro do avião, mas o circuito cheque JETCAL, e a leitura de temperatura do motor é
de r.p.m. apresenta 100%, o problema será feita pelo potenciômetro do JETCAL. Isto é
uma pane no indicador tacômetro ou no ge- necessário porque a temperatura e a rotação do
rador do tacômetro. Substituir a parte com motor devem ter uma leitura precisa durante a
defeito. checagem do motor, para assegurar que o mes-
(3) Se não existe leitura no indicador tacômetro mo esteja operando em suas condições ótimas.
do avião, mas existe leitura no circuito che-
que de r.p.m., o problema poderá ser o ta-
cômetro do avião em pane, fase aberta ou
fase aterrada do gerador do tacômetro do
avião. Substituir o tacômetro ou o gerador
do tacômetro, ou substituir o terminal
defeituoso.

(4) Se não há indicação de r.p.m. no tacô-


metro do avião e no circuito cheque de
r.p.m. do analisador JETCAL, deverá
haver terminal aberto ou em curto no
circuito do avião ou então o gerador ta-
cômetro com defeito. O defeito no cir-
cuito no avião deverá ser localizado e
corrigido, ou o gerador tacômetro deverá
ser substituído. A leitura de r.p.m. do
motor deve ser repetida para a checagem
das partes substituídas como resultado Figura 10-73 Cabo de teste conectado na caixa
do teste feito. de junção do motor.

10-97
Se as leituras de temperatura não
estão dentro das tolerâncias, de acordo com as
respectivas instruções, o motor deve ser parado,
adicionando ou removendo "tabs" como reque-
rido.
Dá-se nova partida no motor, e as rota-
ções e temperaturas devem ser confrontadas
novamente para certificar-se que os "tabs” adi-
cionados ou removidos retornem à temperatura
do duto de saída dos gases para os valores espe-
cificados.
Figura 10-74 Amostra de óleo.
PROGRAMA DE ANÁLISE DO ÓLEO DO
MOTOR COM ESPECTRÔMETRO
.(3) A luz da queima do óleo passa através de
O programa de análise de óleo do motor uma fenda posicionada precisamente para o
com equipamento espectrômetro (SOAP) tem comprimento da onda, pelo particular des-
sido usado por toda a aviação por muitos anos. gaste do metal que está sendo monitorado
É baseado no fato de que cada elemento do óleo (ver a figura 10-75).
vai refletir uma determinada faixa de luz, quan-
do a amostra de óleo for analisada pelo espec-
trômetro. Isto é aplicado a motores recíprocos
ou a turbina.
A análise do óleo com o espectrômetro,
quanto a partículas metálicas, é possível porque
os átomos metálicos e íons emitem um espectro
de luz característico quando vaporizados em um
arco elétrico ou centelha.
O espectro produzido por cada elemento
metálico é único.
A posição ou o comprimento de onda de Figura 10-75 Espectrômetro de análise de me-
um espectro vai identificar o metal em particu- tais.
lar, e a intensidade da linha do espectro pode ser
usada para medir a quantidade do metal em cada (4) Quando a luz passa através das fendas, os
amostra. tubos fotomultiplicadores transformam as
ondas de luz eletronicamente em energia,
Como a análise é feita imprimindo automaticamente o resultado
analítico em cartões, em pontos de uma par-
As amostras periódicas de óleo são co- te por milhão, nas anotações do laboratório.
lhidas das dos motores envolvidos no programa,
e encaminhadas para um laboratório para a aná- (5) Os resultados são interpretados, e quando
lise com o espectrômetro. houver uma concentração anormal ou for-
mar uma fenda no metal, o interessado no
A seguir é apresentada a sequência da análise: teste é notificado com a devida urgência.

(1) Uma camada de óleo da amostra é colhida Aplicação


pelo disco em rotação, feito de grafite de al-
ta pureza, agindo como um eletrodo (ver a Sob certas condições, e dentro de certas
figura 10-74). limitações, as condições internas de qualquer
sistema mecânico podem ser avaliadas pela aná-
(2) Uma centelha de alta voltagem C.A., e pre- lise espectrométrica da amostra do óleo lubrifi-
cisamente controlada, é iniciada entre o ele- cante.
trodo vertical e o disco eletrodo rotativo, O conceito e a aplicação estão baseados
queimando a fina camada de óleo. nos seguintes fatos:

10-98
(1)Os componentes dos sistemas mecânicos das damente, em concentração abaixo de duas ou
aeronaves contêm alumínio, ferro, cromo, três partes por milhão.
prata, cobre, estanho, magnésio, chumbo e A máxima quantidade de desgaste nor-
níquel, com a predominância de elementos mal foi determinada para cada metal de um par-
em forma de ligas metálicas. ticular sistema programado.
Esta quantidade é chamada “seu limite mí-
(2) O contato em movimento entre os compo- nimo de contaminação”, e é medida pelo peso,
nentes de qualquer sistema mecânico é em partes por milhão (PPM).
sempre acompanhado pela fricção. Apesar Deve ser entendido que, o metal que se o-
da fricção ser reduzida pela fina camada de rigina de um desgaste, é de tamanho microscó-
óleo, algumas partículas microscópicas de pico, não pode ser visto a olho nu, não pode ser
metal no desgaste são removidas e transpor- pego com os dedos e flui livremente através dos
tadas em suspensão pelo óleo. Portanto, filtros do sistema.
uma fonte em potencial de informação exis- Como um exemplo, este metal de des-
te para relação das condições do sistema. gaste que tenha 1/10 do tamanho de um grão de
A identidade química da superfície desgas- talco, é facilmente medido pelo espectrômetro.
tada e as partículas removidas, no desgaste Portanto, o espectrômetro mede as partí-
daquela superfície, são sempre as mesmas. culas que se movimentam em suspensão no ó-
Se a proporção de cada tipo de partícula leo, e que são pequenas demais para serem reti-
pode ser avaliada, e estabelecida como sen- das pelos filtros ou plugues magnéticos.
do normal ou anormal, então, a proporção
do desgaste das superfícies de contato tam- Vantagens
bém será considerada como normal ou a-
normal. A identificação química da anor- O “Programa de Análise do Óleo” não é
malidade da partícula produzida fornece um remédio para tudo, como prática normal de
vestígios para a identificação dos compo- manutenção, no entanto, deve ser seguida.
nentes que estão sendo desgastados. Existem vários benefícios do programa
que são importantes.
Na maioria das condições, a proporção Analisar uma amostra do óleo após uma
do desgaste permanecerá constante e lentamen- ação de manutenção pode ser um controle de
te. As partículas metálicas serão de tamanho qualidade pela manutenção.
microscópico para permanecerem em suspensão Uma análise, que continua a apresentar
no sistema de lubrificação. Qualquer condição uma anormal concentração de partículas metáli-
que altere ou aumente o atrito normal entre as cas, é uma prova positiva de que a manutenção
partes móveis, também irá acelerar a proporção não corrigiu a discrepância, e uma técnica de
do desgaste e aumentar a quantidade de partícu- pesquisa de panes deverá ser empregada.
las produzidas. Se a condição não for descoberta Análise de amostras de motores em teste
e corrigida, o processo de desgaste continuará tem reduzido a possibilidade de instalar um mo-
acelerado, usualmente com danos secundários tor revisado na aeronave, contendo problemas
para outras partes do sistema, e podendo ocorrer que não tinham sido detectados pelos
uma eventual falha do sistema por inteiro. instrumentos da bancada de testes. O
espectrômetro tem sido usado principalmente
para analisar as condições de motores
Medição dos metais convencionais, turboélices e turbojatos, bem
como transmissões de helicópteros, impedindo
O importante desgaste dos metais, pro- que as falhas, posteriormente, se apresentassem
duzido em um sistema mecânico com lubrifica- em vôo. Numerosos motores convencionais
ção por óleo, pode ser medido separadamente, foram reparados na pista com troca de cilindros,
mesmo em baixas concentrações, pela análise no lugar de trocar o motor por inteiro.
espectrométrica. A técnica é também aplicável em contro-
A prata é acuradamente medida em con- les de velocidade constante, supercompressores,
centrações menores do que meia parte de prata, caixas de engrenagens de redução, sistemas hi-
em peso, para um milhão de partes de óleo. A dráulicos e outros sistemas mecânicos lubrifica-
maioria dos outros metais são medidos acura- dos com óleo.

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