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HISTORIA
D O

B R A Z I L
DESDE 1807 ATE' AO PRESENTE :

OiiiGiNALMENTii Composta em F*ortuguez


PAR\ SERVIR DE CONTINUAÇÃO a' QUE
SE PUBLICOU VEaTÍDA DO FRANCEZ.

TO MO X/
(hm Estampas Jinas.

'LISBO A^r .

Na Typ. de Desiderio Margíues LêIov


1 8 ^4.
V ende-se na inesma Uííiciiia no Lctr**
go do Calhariz N, 1£,
Mwiíi

L 1 FR O XFIIL

1817.

Prosegue-sé na discripçâo dos acon-^


tecimentos militares relativos ao
combate juncto de Chafalote ^c.

*^^]íft Jsrjst%^^j^rí^,rj^t*

S.
^^EGuro-SE pois naquelle empo o í

Iiaver outrogrande combate jun-


cto a Chafalote com uma forca
inimiga^ de que era chefe Fru-
ctuoso Ribeiro qual achan-
oose acampado no saco do Alfe-
res^ julgou o Marechal de Campo

•^L-iiiir^-rraiíP»-
H I S T o R
í A
Sebastião Pinto de Araújo
Corrêa
commaridarite das tropas,
que for-
niavao a vanguarda da
DivisSo dos
Voluntários Reaes d'fíJ-Rei
ser
necessário reconhecer as
suas for-
ças, antes de adiantar
até Rocha
as tropas, que cooi
mandava ; e pa-
ra esite fim pedio ao
Brigadeiro Pi-
zarro, que marchasse
até o Passo
do Urnseibo, com a sua
brigada
e que occupasse o Campo
do passo
do Ujafalote. Depois
ordenou que
stí Jhe unisse
a artilheria e um pi-
,

quete de secenta cavaJlos,


e que
iicasse com eJle o
Commissariado •
e mí)níando toda a forca
a 957 ho-
mens, tomou a direcção ao
men
cionado 8aeo do Alferes.
Na madrugada do seguinte dia
encontrou duas partidas mimioas
que £6 retirarão logo peias
alturas*
observando porém a marcha , e for-
ças i^oftuguezas. Ultimamente
pè-
los movimentos do
inimigos vio a
Marechal de Campo Corrêa ser
,

conveniente deixar a posicáo,


que
occupava, e ataca-lo por toda ali-.

mmm
too Brazíl. IuíW )cVu. i
íilia, qúe nao deixava de set .issáa
extensa^ antes que este mudasse
tíe cavallos. Depois emtiai debèm
dísposía e ordenada a tropa Portii-
gueza, principiou o miffiii^o a fe-
zer um fego mui activo em toda a
sua linha), mas sem ordem tôritáíi. i,

úo flanquear os Esquadrcfes do T®*


iieote Coronel João Vieira Tovaf^
o qual o repellio zssás denodada-
mente. Fez oiniiEigo alguns esfor-
ços óom uma peça d'arliíhería ^
inas sem eíieitòj que fosse favorá-
vel. E
apezar de se hav^ef enflam*
mado bastante aquelie combate por
toda a grande liriliâ do inimigo^»
todavia pelas manobras do hábil
Marechal Corrêa se fruálfarão to-
das as suas tentativas, êserido ro-
to, e batido^ se vio obrigado a fu-
gir em debandada^ e desordem*
quiz poréni fazêf alto á ama légua
de distancia donde o combate ha-
via começado; e tâo infelizmente
o tentara^ que foi logo desalojado
jior trez descargas de mosquetatiá
do corpo de Granadeiros e flâò :

toMo X. B
^Áwpm^'>

H I S T o R í A
foi perseguido até mais longe por
causa do cançasso dos cavallos, e
a grande fadiga de toda a tropa,
que tanto se havia empenhado na-
quelia acçáo, c(jjo fogo durara pelo
espaço de quatro horas e meia.
Relação Morrerão dpis dos nossos be-
dos mortos
nemeriíos Officiaes Portuguezes, e
« feridos d*
entre os soldados 26 sendo âquelles OíB-
,

nossos ciaes um Major, e um Alferesi e


comparada ficarão
com a im-
feridos dVmtre estes 5^6
dos soldados das diíFerentes armas
mensa per^
da do ini-
forao tâobem feridos 44. —^ Nada
mi«:o. disto porém se pode comparar com
a imniensa perda do iílimigo ; pois
sendo a dos Portuguezes aquella^
que exactamemte constou pela par-
te officíal que o Marechal de Cam-
po. Sebastião Pinto de Araújo Cor-
rêa enviara ao Conjinandante da
respectiva Divisão Carlos Frederí-
CO Lecorj se poderá agora notai
beria de peito a diflerença conside-
rável péla seguinte relação deseuâ
prejuÍ2os^ e destroço: porquanto
só no artigo de mortos lhe ficarão
no campo íoo ^ deixando em poder
»o Brazil. Liv* xvir. 7
áos Portuguezes a peça crartiihe-
ríá, que tinhao, í^o prisioneiros^
pela maior parte negros ^ 280 ca-
Vallos,muitas munições, e arma-
mento, duas caixas cie guerra, e
a correspondência do Cliéle Fru-
ctuoso Ribeiro, e nao levaudo nie-^ ,.1
nos de 354 feridos^ pelo que pode
fcalcular-se, e segundo o que en-
formarão os prisioiic^iros;
Assim sédéstinguiíio ás deno- Óutrd
dadas tf opas Portuguezas naquellé cónibate
aonde ap-
Hemisfério do Brasil^ aoiide cori-
pai^écèu Jo-
linuáraò a mostrar que nao liaviào sé Artigas
degenerado de seus antepassados, enl pessoa
batendo-se alli com Hespanhoes, ò qual foi
mui gran-
tom quem estes haviáo sustentado dementa
heroicamente a aturada guerra de batido pe-
60 annos em seus terrenos Euro- los Portu-
peus. Déu-se taobém um combate guezes ,.^

juncto aSancta Aniia entre as tro-


lhas Poíiuguezas da fronteira do
Rio Grande, e Artigas em pessoa
fcoin a sua gente , aonde este Che-
fe se vlo alli completamente derro-
tado, Andavao as forças Portugue-
zas por 750 homens, dos quaes sq
'** H't^Í
;.>*íÍwJÍ. ? ^Ê&ãs^

8 tílSTORÍA
600 érao forças reg-ulares de diííe'»-
rentes armas, e o resto éráo guer»-
liihas: tiníia, este desíacamenlo 2
peças iraiiilheria ^ e era coaiinan*-
dado pelo Brigadeiro Joaquim d'
Oliveira Alvares. As forças porém
do iídiriigo subiao a i500 homens ^^

dosquaes 800 éráo montados^ eos


iDais de pé. O inimigo havia mar^
chado para accometer a posição^
em que estávao as tropas Por tu*
giiezas, porém foi atacado por el-
las, antes de lá chegar; e depois
de úma peleja, em que persevera-
rão por mais temjw do que costu-
iiicUó, forao as suas tropas dispersa^
das j tendo já perdido quaji 400
Lomens , deixando em poder dos
Portuguezes 48 prisioneiros, sen*
do doeste numero Gabelli , sobri-
nho de José Artigas^ e outro so-
brinho do Chefe La Torre: forao
laobem apprehendidas 350 armas ^
com bayonetas, 200 espadas com
bainhas de ferro ^ muitas pistolas^
algumas munições ^ 7 caixas de
guerra, e2 estandartes, alémd'ou*

liiMili
i>o Brazil. Liv, xvir. 9

tros despojos. Da parte dos Pariu-


giiezes morrerão 30 soklados , &
oíliciaes inferiores; e ficárao 5 8 fe-
ridos , (fos quaes aígitns tàobem
depois liiorreríio. Foi-ihe picada a
retaguarda em distai^cia de maiíí
de uma leg-ua porem depois o Bri-
;

gadeiro Ofiveira que assim os ha-


5

via perseguido se recolheu coííi


,

as tropas ao seu anterior acampa-


k
iiiento.
Proclamou por este tempo o feeg-ue-se a
proclama-
Marechal deCan»po Sebastião Pin-
ção de Se-
to de Araújo Correia na tomada bastião
de Monte- Video explicando-se da
, Finto dô
Hianeira seguinte: " S. Ex/ o Ca- Arauja
Correia pe-
pitão Generai da Provincia , Car-
la toiííada
los FVederico Lecor^ tomando em de Moiítô-
consideração que algumas pessoas Video.
desta Cidade , e sua jurisdicçáo
tem desertado de suas casas, pe-
Ja errónea idêa de que o exercita
Portuguez os chamaria a dar conta
de suas opiniões passadas ou a
,

vingar ressentimentos parlicuíares ;


e que outros com a mesma erracfa
»oéáo tem commettido uUrage^ ^

"^ v^
10 H I S T o R T A
que dénio occasiao a queixas e dis-
córdias entre osvisinhos da mesma
cidade, em prejuizo àii tranquilíi-
dad(3 e segurança piíblic^ -^
em or--
dem a pôr termo a taes excessos,
tem determinado o seguinte;
Em primeiro lugar ; toda a
pesboa y sem nenhuma excepção,
que insultar puíra, por obra ou ,

por palavra, em consequência de


suas opiniões politicas passadas ,
ou por ter seguido este , ou aquek
le partido na guerra civil ser4 .,

castigada severamente, até com a


coBtiscacáo de bens , gegando a
natureza do crime, t— Em segun-
do lugar; que todo o individuo j
sem excepção 3 que fíigir deste lu-?
garj qualquer que fosse o empre-
go publico^ que occupasse duran-
te CS diflerentes Governos, a que
tenha servido, poderá voltar para
sua casa 5 seguro da protecção do
Exercito Portugue^.; e poderá es-
tar descançado, de que em tempa
nenhum será chamado a responder
por suu comportamento , ou opiniões
DO Brazíl. Liy, XVI. 11

politicas joassadas; e em ordem a


que estes regulamentos , tiío impor-
taníes lí paz, e felicidade publica
da Província, tenUao o seu devido
eiTeiío, fica por esta encarregado
mui estreitamente a Iodas as Justi-
ças y que uzem de toda a sua autho-
ridade para fazer publica esta Pro-
clamação nas formas usuae$ , de ma-
neira que venha ao conhecimento da ívm
todos ; afixando copias nos lugares
do costume , e imprimirido-se para
melhor informação do Publico,
Dada em Monte-Video aos 22
de Janeiro de 1817, —
( Assigna-
>.

do) Sebastião Pinto de Ar mijo Cor"


reia. Por ordem de S. Ek-*
Proclamou tàobem o Tenente Outra pro-
General dos K eaes Exércitos de S. ^i^s^açào

Magestade Fidelissima, Commarn J^^^"^^^^


aante em Cheie das íorças de mar fim é em
e terra., empregadas na Maraem sumnia
Orientai do Rio da Prata, e Capi- Jc^wal-ioda

tao General da Província &c, pelo ^^^^-^^^^'^^

modo seguinte: (*)

, (*) Habitantes de Monte- Videa \ A se-


M<j»^m^K.

n í S T ó R r A
Houve neste tempo uma efr-
Kzâo-se os
Brasileiros
ctmstaneia notável, (^«e assas es-
do pi candaJisou. os Brasiteiros, e a
oce (li- to-
me nt£>, d ô o^ i«ais Portuguezes em quan-.
do.^
certo G©F0- to a se
nao pubiicai^m por inteiro
Bel sôbr^í a
os offieios , (|o havião chegado
falta de no.- ,

tiçias das^ relataíida as accôes do General?


opeiacõeB;
cio Do.sso,
^urajíça d^e vossas pessoas
, e propEíedgáes he
garantida pelo. Exercita Porttiguez
e, de ;-

hoje em dkate , a<]uelks agita^oe^s de


anar-..
çhia^ Qi2.e por tafto- teaipo dos temi, aíSioido.
desaparecerão, diante- da infeienc-fa da
ordem
e das leis. Voltai:, pr% O: feliz
j^ocego de vos,.
§os kres;^ reiee ©uíra vez evitve
vos o con^
te+itamento e 9 ííecçào fraternal e Gubrão-se ;

com u\n véo, et^erno todas as dessrdens passa-


das o pova tóo scjníiii lajais o pezado
;
jura-
das contribuições e um commerçio livre 'com*
;:

todas as Nações», que vos f©i coRcedido pela


geD,erosidade de S. M. Fidilissima- nossa ,.

Eei,, reparará, Qs damnos ,, ©eeasionados pela


guerra civil ,. e xestitairá á ProviDçi^ o seu
^^ntigo esplendor. Os diíFerentes rgmo^ demi*
^hà aiitlior idade persegiiir4o com rigor aquel-
J;e& bomens bárbaros, que encendeiao as vos-,
si>s cearas,, e dçx^staa Q$ vossos campos; e
Besta grande obra d,a pacificação gero-l conta
com o auxilio ie todos os homens bons.
f
Assignarde} Carlos Frederico Lecor.
Monte- Video, em f Q de Janeiro ds 1817.
mÊÊHÊSÊsm

BO Brazil. Liv. xvit. m


Curado , e outros Oíficiaes, que
obravao coulra Arligas pela parle
das jR^lissoes, aoide eslava a riirei-
ta do Exercito do Brasil. Soube-se
pois que o Miniiitro y Conde da
Barca a qucin
, >^íava entregue
aquella Repartição da guerra ; en-
carregara o cuidaílo de resuinir as
relações da campanha, para serem
publicados, a uru Coronel, que
entendeu não dever publicar-se
cousa alguma sobre o que se pas-
sava na direita do Exercito, em
Missões 5 em quanto nao eiitras-
i^em em acção as tropas que for- ,

mávSo a direita, cuja va'ni>:uarda


era commandada pelo ^^larechal
de Campo Correia.
Dizia este triste Coronel que R(r flexões
fóbre o as^
assim o entendera; pois lhe pare-
cia que nâq convinlia publicar as teçedeiííe,.
acções de unia parle do i^xercito,
sem que a outra parte houvesse
taõbem operado de maneira, que
Mierecesse a pena de se publica-
rem entaõ as suas acções. Ora a
direita dí> Exercito nas. maigériííS,

. '-ili^v-.;
14 H í S T o H I A
doUruguay linha jrí peleyado bas-
larile 5
quarido a esqiiertla que ,
epl?ívano Bio Grande, e Taim se
naò havia podido ainda avistar com
o inimigo ;e por isso , ainda quan-.
do ao tal Coronel se eoncedesse ra-
zão no seu modo d^ pensar, o que
sonega 5 como he que elíe quer
tao abstirdí^mente snsíeritar a sua
opinião, sem o uiais pequeno fua-
darnento?
K de mais , as tropas, que
formáyaõ a direita ^ que peleijou.
primeiro, eraõ as Bahiraes do Bra*
6ÍÍ; e as que íbrm;ívaô a esquerda
vinhaõ a ser aquellas quç Éinhao
,,

ido da Europa excepto os da van-


,

guarda , commandada pelo Maré--


chal Correia; e em consequência
necessária vem o ignorante Coro^.
ne! a querer di^er que era precisa
Baõ failar das acções de Curado,
a mais Oíiiciaes da direi ^a , até.
que naõ haja alguma coisa, que
ge jKossa publicar da esquerda, ou
entaõ por outro modo do reflectir^
peiiscu aquelle inábil OíTicial <ju^
DO Brazil. Liv. xvir. 15

se naõ deviaõ narrar ^Inch as ac-^


ções (las tropas naturaes do Bra-
sil , para que se naõ escandalizas-^ r
I

jgem asEuropeas, até cjuenao hoiK


vesse alguns feitos que dizer dei-
las. Mas que desdouro se poderM
geg-uir íís mesmas tropas da Euro- II
pa de naõ haverem peleijado, quan-^
do naõ tinjiaÔ ainda chegada ao seu
destino , havendo-se este verifica-^
do, depois que as outras, qn^ j^'i
se achávaõ eni Missões , e no Uru-*
guay, tinhaõ coíneçadp apeleíjar?
Alóm de que as tropas Eu ropeas;
tinhão a sua reputação demasiada*
mente estabelecida ,
para terem
ciurne das vantagens, que outros
podessem ganhar primeiro; e tan-^
to inaisV quanto áquellas tropas se
não podia iniputar de fornia algu-
ma (a menos que não fosse a seu
Conimandante Lecor) o terem che-
gado ao Rio Grande , depois de
Artigas ter ja coiireçado a atacar
as tropas do Brasil no Uruguay.
Emquanto, pois a esíe Com- observação
mandante, o General Lecor , quan- P^^^^^^^^^

'^Ájf^j
IG H I S T o R I A

ÍS""^ ^^^ expedição sahio do Rio de Ja-


^'^
de Le. ^^^^^ ^^^'^direitura a
zias
nriV
^
w.4c, Maldonado para
j,

car, como se havia detenuinado,


chegaria sem diivida muito a tem-
ai!i desembar-

po para Jbaver deet3meçar as suas^


,

operações r^as campanhas de Moa-


le-Video, antes qite apeleija pri?i-^
eipiasse no Unjgiiay. Este Gene-
raJ porlanto, eii) vez de o
praticar
assim , foi desembarcar bo porto
de Saneia Catliarína fazendo sua ,

marcha por terra sem os preparos


lípcessarios ,e eom ianumeraveis
djíliculdades de mari-eira que na
; ,

ííaia dos nftimos officios quanda ,

a sua vanguarda estava em Oasti-


lhos, e havia já mezes, que os do
fJrui^iiaj peíeijavao, ainda nao ti-
nha podido sahir do Rio-Graode,
ou Vrha de S. Pedro. Aliegou po-
rém Lecor que quando chegara
com a expedição á altura de San-
eia Calhãrina ^-e encoiatrara com

?*lguns navios, vindos do Rio da


1^'ata, do^ quaes soubera ter havi-
do naju:i!;rs paragens mui grande*
BO BrAZíL. LlV. XVÍÍ. 17

tempestades; eque receoso de/nao


poder fazer o seu desembarque m>
Rio da Prata em IVialdoiiado se ,

(lecidio a tomar aquella resoInçAo^


Mas (além de que um bom Gem**-
ra! não de>, iiem dtíva de sorte al-
guma dar em s^u favor uma seme-
lhante causal 5 como a das tormen-
tas ^ de que teve medo) os vasos ^
[V
em que a Expedição se embarcas-
se, não deveriáo dár á costa com
os ventos rijos que havião encon»-
^

trado aquelles navios, que viiihao


do Rio da Prata ; pois não era de
esperar se perdesse a Esquadra
por effeito de tormentas já passa-
-las, —^ Assim se discorria naquel^
le (empo, iiotando os defeitos doâ
Chefes e de íotíos os que se acha*
i>

váo á testa de qualquer Reparti*


c;ão, que fosse relativa ao Exerci*
to Portiígimz doBrazil, aque sem*
pre em semelhantes circunslanciaâ
acontece. Todos querem apontar
defeitos, ainda quando ignorão mo*
ti vos e circunstancias
,
queoccorrè^
f ao , como talvez então acoatecev^se*

i
niífiiiif^',1

lô Historia
Entrada Q
que em fim se verificou ^ toí
^ún^-' ^"^ as tropas Portuguezcts entrarão
nieiue se vicloriosaâ êiii Monte-Video aos
verificou 20 de Janeiro deste anno; e pelo
em Monte, que já se observou das diíieíentes
Video.j
procUtmações, foradellas recebidas
sem hostilidades , líem regístenciá
da parte\dog habitantes de Bnenoá
Ayres ; e bem contra o que se di-
zia das forças e pertinácia de José
Artigas, quejáilmis lhe fez a guer-
ra se niiú como um partidário; é
,

por isso mesmo aconteceu que


íiquelle seu respectivo Governo de
Buenos Ayres se deixou ficar per-
feitaiiierite neutral nesta contenda.
iNà.j posso di3ixai* de reílectii*
(de passag-em hks duas grátides^
)

e judiciosas medidkis, que setomá^ •

y râo por esta occásí^iõ pelas trans^


criptas proclamações as quaes ,

certamente deveriao de produzii"


os mais benéficos efíeitos; taes erácí
os de reconciliar aquelles habitan-
tes da Pi^ovjncia dom os interesses
dos povos do Bràgil pois se naS
;

podia duvidar de que os esqueci-

IP
DO Brazíl. Liv. xvn. 19

mento» de opiniões, e actos públi-


cos, antes da entrada das Irop.is
Portuguezas^ assim como a fran-
queza do commercio deviaõ influir
lia haí-monia, e utilidade commuai
de uns e oiUros.
5

Seçuirao-se depois varias irl* Manda o


General
lelligencias entre o Director Su-
Lecor pu-
premo de Buenos Ayres, D. João blicar um
Martin de Puyerredon^ e o Gene- Édicto,para
ral Portuguez Lecor. Este fez pu- manter a
íranquilli*
blicar um Edictodo theor seguinte: dadepúbli«
Art. K Toda a partida perten- Gâ.
cente aos inimigos, que roubar
ou maltratar algum habitante paci--
fico, eindefezo em sua casa, será
tractada individualmente ^ nao co-
mo prisioneiros de guerra mas co-
,

mo salteadores de estrada, e per*-


turbadores da paz publica.
Art. 2. Quando as partidas,
depois de terem comettido algum
crime contra paci íleos , e indefensoâ
habitatiles do alguma das povoa*
ções^ que estão debaixo daprotee-
çao das armas Portuguezas , não
poderem sêr appreheiididas , far-^
mmmmmlm

âO H I S T o R t A
se-hao as.nais rigorosas
represaliaâ
«asfamiíias e propriedade
dos Cbe-
íes Cominandantes
das ditas parti-
das, para cujo tím sahiráõ
desta-
camentos fortes do Exercito
Portu-
guez, rpie queimaráo as
suas fa-
i^endas e escoltarão as suas
,
fami-
lias para bordo da Esquadra.
Art. 3. Empregar-se-ha suffici-
erjte numero de pessoas de confian-
ça, para vigiar peia
segurança e
tranquiludade, e para paticipareiR
aos Coinmaadantes,
que llies íicá-
J-em mais próximos,
uma
reiacáo
t^irçunsLanciada, que estes
trans-
mitlirao ao Quartel
general, dos
<^xcessos comeltidos
pelas partidas
dos inimigos, contra os
ditos habi-
tantes pacíficos e das pessoas
,
^
fie que as
mesmas são compostas
|
para que se adoptem nessa
confor-
midade as medidas necessárias.
^Arl. 4. O presente Euicto sf^
i-acommunicado, e publicado e^n
Iodas as povoações
j sujeitas ás ar*
inas rortuguezas.

«k MÍi
mÊÊmÊÊmmmmSÊÊÊÊàík

too Brazil. Ltv. xvxx: 21

Resposta do Director Supre-


/fíio âo Edicto acima.

Ao General Lecor.
Seofuesea
Senhor! acabo de receber d
Èdicto de V. Ex.% datado de 15 ^g^&S
de Fevereiro. O seu extraordinário
conteúdo pôz fim a todas as minhas
esperanças de poder conservar al-
guma sorte de harmonia com Vi
Ex.*, e com as tropas de seu com-^
mando. V. Ex.* pertende que tem
direito ao território ,
queoccupa^
fundado na protecção ,
que lhe dá ;

e sobre esta base conta com o con-


sentimento dos pontos subjugados;
Os valentes Orientaes (habitantes
da maígem oriental do Rio da Pra-
ta ) tem resolvido provar que as
forças de V. Ex.* não são capazes
de lhes dar tal protecção 5 e nessa
conformidade tem emprehendido
hostilidades contra aquellas mes-^
mas povoações j que V. Ex/ eon-
fessa manter em estado indefezo^
ao mesmo tempo que pertende su-
jeita-las ao seu jugo. Para encher
TOMO X, C
i-Ajm^:^

Í2 H IS f o R I A
este^ vácuo de poder, appelJa V,
Ex/ para o estranho recurso de
iDal entendidas represálias e para ,

outro ainda mais estranho de de-


clarar qu^ os defensores de suas li-
herdades nâò são outra coisa mais do
que salteadores de estrada. Quan-
to ao primeiro, estas magnificas
promessas de protecção muUo mal
se accordâo com os actos de vio-
iencia, que V. Ex.* comette con-
tra as innocentes familias de vos-
sos inimigos. Taés acto^ de violên-
cia nâío tem 4)bejectoy e somente
contribuem a fazer a guerra mais
sanguinolenta 5 e chocante áhi|]ma-
iiidade. As famílias, que V. Ex.*
manda para bordo de vossa Esqua-
dra, augmentaráõ as vossas des-
pezas, perigos, e diíHcuidades de
prover á sua subsistência, ao mes-
mo tempo que deixa os fíeis Orien-
íaes livres de cuidados, visto (jue,
expondo as suas vidas peia liber-
dade <le sua pátria níto sao já res-
trictos pelo temor de sacrificar suag
familias. As fazendas destruídas e
mm

t)o Brazil. Liv. itvíí. ii

queimadas por V. Ex.* faraó um


mal mui grande ao paiz, a que V.
Ex.* se destina dar a vossa prote-^
ção; porém ninguém soíiVeri tanto
Gomisso como o vosso mesmo Exer-
cito, cujos mantimentos seiiâo po-
dem obter de campos queimados
e destruidos. Pelo que respeita ao
=

segundo; corti que direito pode V.


Ex/ declarar por salteadores os ha-^
bitantes de um paiz^ que faz uso
dos meios geralmente per mi t tidos
entre as Nações, para se defende-
rem de injustos agressores ? Os
Francezes quando occupárão á
,
Hespanha cômetterao toda a sor-
,

te de actos de violência contra po-


voações indefezàs e, o que mais
bé , os Hespanhoes íizérão o mes-
mo com seus próprios compatrio-
tas , em ordem a privar seus inimi-

gos dos recursos; e fôrão os Fran^


cezes declarados por isto salteado^
res de estrada?
O Edicto de V. Ex.* prova ^
que vós estáveis preparados para^
tratar os Americanos ^ da mesma

r^*
mum

34 H r S T o R I A
forma que tem feito os Hespanhoes
5
e que se tenta excluir estes paizes
daquelle azylo, que, no meio dâs
desgraças da guerra, se concede
pelo direito das gentes ás Naçõe»
belligerantes. Mesmo se Orienta-
list^^s não fossem, como
de facta
sãoj nossos irmiíos, a única razão
de serem vizinhos authorizaria este
Governo a interessar- se com todo
o seu poder a favor dejles; porque
pertence a todos os Estados civili-
zados, indistinctamente, vingar a
infracção de um direilp. Porém eu
tenho já informado a V. Ex.% que
os habitantes do território Orien-
tal, retirando-se de sua dependên-
cia de certos Governos ^ não tem
IH pretendido dissolver os seus laços
de unidade moral com o resto cie
seus compatriotas,, com quem pro-
testão de novo desejar fortalecer
as suas relações, e que a demar-
cação de limites, concordadsi pela
traetado de 1812 , foi celebrada
com todas as províncias ; e pela
mesma razãa tenho eu constante-

X *m0^ mt
DO Brazil, LlV. XVIK 25

mente reprezentado contra sua no-


tória violação. Os Orientaes man-
tém a sua causa, eao mesmo tem-
po a das povoações Occidentaes;
e por isso tem elles sido , e serão rfi:

ajudados por esta Capital, até que


V. Ex.* evacue um território, de
que não tem tomado posse, senão
por violência. Em quanto V. Ex.*
fizer a guerra com dignidade, e
conforme ao direito das genteé se ,

observará de nossa parte um com-


portamento correspondente ; porém
se V. Ex.* puzer era excução os
ameaços, contidos nó vosso Edicto
acima, protesto a V. Ex."" que de
minha parte exercitarei mais do
que rigorosas represálias execu-
,

tando sobre três dos vassallos de


S. M. Fidelissima o mesmo tracta-
mento, que V. Ex.* fizer a um
dos Orientaes. Para este fim tenho
feito arranjamentos , de maneira
que se mandem para o interior na
guarda dé Luxam todos os vassal-
los PortugUezes ainda que seja
;

extremamente penoso sujeita-los a


26 Historia
este inconveniente porquanto
, ,
vjslo o Edicto de V, Ex.% esta
medida se fez necessária para a se-
gurança do Estado &c. &c.
Beílecçofs Para mostrar porém a grande
e urgentissima necessidade,, de des^
rac^r^ma^
neira de ^ debellar completamente as
^^''-"í'

pensar, e o. forças daquelle intruso protector de


trardeAr, semelhantes povos o fanfarrão José
tigas.
Artigas he util que de passagem
se diga tãobem agora alguma coisa
que tenha correlação interessante
;
e por essa ra^ão direi que este che-
fe nao sendo todavia absolutamen-
te néscio; pois se via ter elle al-
gum talento, arregimentando toda
a sua gente, dando-lhe Officiaes
&.C. tinha um desmarcado despotis-
mo , e ambição, com que fazia a
desgraça daqueiles povos primei-:

ramente porque, reunindo em si


todos os poderes, exercia um go-
verno inteiramente tyrannico; de-
pois, pflas discussões, que tinha
com ouiros povos, era obrigado a
conservar tropas numercsas, que
crão outros lautos braços arranca*
w^ÊàUmiàm

DO BrAZIL. LiV. XVII. 27

dos á cultura, e que se sustenta-


vao á Gusta dos habitantes pacífi-
cos ; e por isso tinha como inimi-
^Q o Paraguay ; e ainda mesmo
Corrientes ,
que , com outros po-
tos, soflrião de má vontade o seu
jugo, por não lhes ser livre ocom-
nierciar uns com outros, havendo
graves tributos até sobre a passa-
gem dos gados. Além disto elle
não tolerava que deixassem de to-
mar o seu partido,* e se , quando
entrava em alguma povoação, pro-
curava evadir-se algum habitante
mandava logo fazer-lhe saque em
seus bens. Este comportamento e
conducta barbara, que se fazia ver
mesmo de suas cartas authografas,
o dava a conhecer como homem
perigoso, e a quem por conseguin-
te era precizo tirar, quanto antes,
os meios de progredir a fazer mal,
visto que se não limitava somente
aos povos, em que já tinha domi-^
nio , e fazia governar ,meditando
sempre no modo de tyr^nnizar táo-
bem os outros. Já em 15 de Julho
ÍMR! mmm

28 Historia
de 181Õ escrevia elle a André Ar*
tigas, que procurasse os meios dé
revolucionar o Paraguay, e os ín-
dios das Missões ; pois ainda que
Dílo eslava em estado de sustentar
estes últimos, com tudo havia de
encommodar com isto muito aos
Poitu^uezes, aquém algum dia os
Orientaes poderiao ostentar a sua
grandeza. Emquanto aos subalter-
DOS deste mesmo Chefe, além úq
serem mais violentos, e mal com-
portados, órão ignorantíssimos.
Pela seguinte passagem se po-*
de ajuizar da moralidade desta tro-
pa. Houve um despacho de André
Artigas a José Artigas, acerca de
uma desordem que tiverão os do
,

seu commando com a gente de Cor-


rientes; e he o que se segue. *'Nao
he por isto que digo a V. 5^. que
deixem de intentar-se algumas la-
droeiras, e vilhacadas , mas nao
em levantamento eu conheço mui
:

bem a meus paysanos ,/<íz//a da sua


iropa^ e o quanto são aplicí^dos ao
furto, 'r

miÊ^
DO Braxíl Liv. xvir. tB

Por este tempo achando se a Acçãegio-


fronteira do Rio grande de S. Pe-
^^^^^^^J^.
dro exposta a ser invadida pelos ^^^ ^,jj^.
dois pontos de Pelotas , aonde ha- mandndos
ivia immenso numerário, e pelo de pí)rJoa,quim
Taim aíé a Villa do Rio Grande, ^^J^^^JJ^^^.^
por haverem ficado desguarnecidos
o forte de Sane ta Therezfi, e o Ser-
ro Largo: o que sabendo os inswr^
gentes , destacarão grossas patru-
lhas , e interceptarão a comnuini-
caçaõ do Rio Grande com a pri-
meira e segunda columna, entra-
rão em S. Thereza tomarão 4 pe-
,

^as, leváraõ alguma coisa de pou-


co valor, e no Serro Largo entra-
rão 300 homens , saquearão tudo o
que valia alguma coisa, escapan-
do algijmas mnlheres , e entre es«
las a do Portuguez Bento Gonsal-
ves, dizendo Artigas que logo que
a sua cavaliaria se refizesse de for^
cas por meio de descanço, e tra-
tamento , faria a invasão do Rio
Grande, afim de ter com que pa-
gar á sua custa tropa. Porém o
iTenente General Marques , Com-

yi^tíS^^^
mmmm

30 Historia
mandante da fronteira fez que, por
ineio de suas medidas e providen-
cias dadas a tempo, se tractasse
logo da defeza do inimigo, recha-
çando as suas tentativas. Foi por
esta mesma occasiaô que ô Briga-
deiro , Chefe de Legião deS. Pau-
lo ^ Joaquim d'0]iveira Alves es-
creveu áqoelle mesmo Tenente Ge-
neral , Gom mandão te da fronteira
do Rio Grande, Manoel Blarqoes
de Sousa por cujo theor se pode
5

adiantar alguma idéa sobre o esta-


do de defeza naquelle tempo , e
por aquellas partes do Brasil. Diz-
Ihe pois que tendo sabido que Ar-
tigas havia separado um grande
corpo para se lhe oppor, acontece-
ra que por meio de 500 homens,
100 de infantaria da Legião de S.
Paulo, 2 peças, 60 dragões, e o
resto de guerrilhas, Aríigas fora
batido , cobrindo-se de gloria aquel-
la infan teria da Legião. Tomarâo-
se-lhe J500 cavallos , a carretilha
de Artigas , muito armamento,
despojos &c. Porém que no dia 4

g00m JUJIL^—
WÊSÊmmimmmmmmmmBmmsmm^mBsm. ppi
%
DO BrazIL. LiV. XVII. 31

ciemadrugada, antes do toque da


alvorada se acharão acoineltidos no
Campo de Catalão por 3^500 ho-
mens ; mas tal foi a disposição e
brabura das tropas, especiaiiiienle
da infanteria, e artilheriada Le- 1"!
gião de S. Paulo, que o inimigo
foi completamente derrotado.
Tomárao-se-lhe 2 peças debron*
ze, as únicas, que trazião 5/
,

cavallos muito armamento, caixas


,

de guerra, um estandarte; e fica-


rão perto de 300 prizioneiros , en-
tre osquaes um Capitão, dous Te-
nentes, trez Alferes &c.
Morrerão mais de 700 homens
do inimigo, e d'es(es muitos OíB-
ciaes , mas os trez Commandanles
se escaparão, que erão Verdum,
La Torre, e Mondragon. Morre-
rão 3 OíBciaes Portuguezes d'in-
fan teria , e dragões , e o Secreta-
rio d'este ultimo corpo ; assim co-
mo alguns officiaes inferiores , dis-
tinctos por sua bravura militar: o
destroço porém, feito ao inimigo
cubrio as tropas Portuguezas da
pesm .waí¥'

32 H í S T o R I A
mais assígnalada gloria , e distinc*
ção militar.
S;^ V "^^^f ^^ p^' ^f*^ ^^"^p^ ^^^-
áePtrimm^^^^Ç^^ ^^ Pernambuco, a qual
buço. ^e }Xropagou ás 6 províncias visi-
Ilhas do Rio Graiíde
Paraíba , Cea-
,

rá, Maranhão, Tamaracá, e Pa-


rá. As causas d^^esta grande com-
moção se attribuem ao univ^ersal
descontentamento, que havia pre-
valecido por afgum tempo entre as
tropas, e milícias, e ehtre o povo:
nas tropas , porque nao recebiâo
os seus soldos, nem meios alguns
de subsistência; e no povo, pefa^
pezadas contribuições, e excessi-
vas conseripções , que rigorosa-
mente se lhe havião imposto, pa-
ra a meditada conquista no Para-
guay, e Rio da Prata, no que o
povo do Brazií nao só não tinha
parte, mas a julgava contraria aos
seus interesses. Esla revolução ha-
vendo sido, há muito, premedita-
da, um accídente precipitou a sua
execução. Porquanto havendo uai
Coronel de um Kagiaiento aceusa-
'mmmmmmimmmmmm mmm mm

í)0 Brazil. Lít-. xvií. S3

do por alguma causa, que se igno-


rava, a um de seus Officiaes, tia v:

parada, de ser traidor, e achan-


do-se este Oííicial realmente iinpli*
cado na conspiração, imaginou que
estava descuberto, e que este era
D signal para a matança, pelo quó
tirou da espada , e estendeu por
terra morto o tal Coronel. Tocarão
os sinos a rebate, e a população
da Cidade, assim como as tropas^
se levantarão de commum consea'»
5

timento; aprehendêrao os navios^


que estavao no rio, e tirarão lhes
as peças, e munições. Deu^se uiiki
busca geral , para tomar toda a
sorte de armas. Determinon-se noi
rigoroso embargo em todos os na-»
vios estrangeiros, que se achavao
Xío porto; e só houve um, que se
evadio a esta medida, o qual vi-
nha a ser um navio Inglez, cha-
mado Rowena , que foi levar estas
novidades ás ilhas do Golfo Méxi-
co. •— O Governo de Pernambuco
ao principio cuidou em resistir ;

porém aciíQU-se que toda a força


34 H I S T o R 1 A
em que podia confiar , consta' vá
unicamente de seu estado maior
pessoal. Retirou-se ao Forte, aon-
de foi obrigado a render-se no dia
seguinte. Naõ foi porém molesta-
do em sua pessoa, ou propriedade^
e se lhe concedeu tempo para ir,
^

como fez 5 para o Rio de Janeiro.


A gente do campo de todas as cias*
ges se vinha ajunctando na Cidade
de Pernambuco enthusiasta na cau-
sa, que parecia haver sido organi-
zada por uma \ionsideravel indus-
tria e habilidade. Convocou-se
um
Congresso; porém, no entanto,
tomou o governo dos negócios um
commité, a cuja frente sepôz Do-
mingoâi José Martins. .
A Constituição 5 destinada pa-
ra o paiz , foi logo publicada e as
;
suas bazes se^refundiaô nas insti-
tuições^- porque se governávaõ os
Estados tinidos da. America Se-
ptentrional; a saber liberdade de
consciência, e ilíimitada franque-
za de commercio. Estas pois vi-
nhau a ser as suas principaes dis*
mmmmmmmmm. mm

DO Brazil. Liv. xvir. 35


posições. — Este grande aconteci-
mento foiexecutado sem eflusao
tJesangue, excepto 9, on 10 in-
dividues^ que perecerão no primei-
ro momento da insurreição.
O Governo mais que tudo ha-
via concorrido para indispor cou'
tra si os Pernambucanos, e seus
visinhos; pois havendo impruden-
temente tentado estender a sobe*
rania de Portu^-al a alPMins territo*
riosHespanhoes de sua visinhánça,
tirou desassizadamente as tropas
.w
de suas províncias, para as man- \

dar para Monte Video a fazer a


conquista. No entanto o parlido
^patriota tinha seus Emissários , e
amigos^ que machinavâo no Bra-
sil, aonde o povo havia ja colhido
faísca da tocha da liberdade, que
se tinha accendido por seus vizi-
II
nhos: formou-se uma conspiração ,
que pelos seus resultados moslrou
que o Governo apenas tinha algum
amigo, que a apoiasse.
Foi por esta época que haven- Celebra-se
do El-Rei de Portuga!, Brasil, e ^ ""^"^^^'^^^
M
36 H I s t o R I A
fã® de S, Algarves destinado ò dia 6 do met
de A brii deste aniio para na Corte da
Rio de Janeiro ser celebrada a públi-
ea eeremonia da stiaaccJaniaçAo , na
forma praeticada por seus Austos
Predeepssores e tendo sido esta
;.

Real determinação coiiimunicada


aos R(?inos de Porttrgaf, e Algar-
ves Goui as- competentes instriic-
ções designarão os mesmos Gover--
,

fiadores aquelle dia 6 de Abril, pa-


ra se dar graças ao Altíssimo por
este fausto motivo, e todas aquel-
hs^ demonstrações públicas , que
este objecto exigia^ de um povo^
fidelíssimo aos seu&legitimos e ama-
dos Soberanos em todos os tempos
e idades de sua dynastia. Juuctos- *
|)or tant^o os Membros do Gover-
no, a Nobreza, o Corpo Diplomá-
tico, e grande concurso de povo,
nesse dia á tarde na majestosa^ Ba-
zilica de Sancta Maria Maior, sè
entoou com a maior solemnidade a
líymno Te Deiim Laud<imo^ ; e
acabado que foi , derão, além do
Casteilo de S. Jorge e outras for--
j,
tâleizàSj eas embarcações deguer*
ra salvas e descargas todas as tro-
,

pas de linha ^ e milícias desta Ca-


pital , reunidas em grande parada
Do Terreiro do Paço ^ Rocio, eruas
adjacentes , sendo com mandadas
pelo Marechal General Marquez de
Campo Maior, o qual acabadas as
descargas ^ levantou a voz dando
vivas aS. M. ^ que forâo repetidas
pelas tropas, no Rocio, e circuns-^
tantes. Depois desta funcção mili-
tar applauso do povo, e uma salva J
d'artilheria do Castello, ao fechar ^ ^

da noite se illuminou a Capital.


Neste mesmo tempo, haven* Applaiisoá
do^se annunciado em Londres que oTf^^*"^®
naquelle já mencionado dià se ha*
via determinado na mesma Corte
do Rio de Janeiro a coroaçSo de
S. M. se cantou também naquel-
,

Ja Capital, em uma capella Poirta-


gueza urn solemne Te Deum ao
Todo Poderoso em acção de graças
pelo feliz acontecimento do mes^
mo objecto referido.
Proseguiâo entretanto por es-
Tomo x. D
ââ H I S f o R IA
te tempo
os resultados daquella re-
volução de Pernambuco, fazendo
publicar a seguinte ordem do Go-
verno Provisório , estabelecido pe-
los insurgentes da mesma Cida-
de:—
''
^^^^^ ^"'^'' conforme ás re-
dardTT
ê^^^ da prudência, principalmente
volução 'dê
Ptrnambu- ^^ estado actual das coisas o nao
CO. permittir-se iiidistlnctamente a sa^
Ilida de braços e fundos, que de-
j

bilitem a cansa da Pátria, e con-


vindo maister garantia solida
^
í^ontra âs invasões, que a Corte
da Rio de Janeiro haja de fa^er ás
}>essoas, e bens dos patriotas des-
te Estado, que se acharem nos do-
ininjos da dieta Corte, ou nelleg
tiverem fundes] decreta o Gover-
no Provisório, etem decretado:--^
1. Nenhum habitante deste Es-
tado poderá delle sahir, sem per-^
:
missão do Governo , a ctija discri^
peão fica permittir, ou naô a di-
eta saliida.
2. A
permissão será supplicada
pela seci^taria do Governo > euma

ÉMi
lio ÔRAZit. LlV. Xfít. ád

Vé2 coii<;edida requerer-se-ha pe-^


,

la do Expediente o précizo des-


pacho , observando as formas le^
gaes.
3. A todos os que sem ordem
se auísentarem , sequestrar-se-hão
todos ds bens, que possuirém, os
quaes seraõ inTentariados, e en-
tregiies á Còmmissaõj que o Go-
verno nomear para a sua adminis-
tração;
4*. Os i^endimerítos dos dictos
bens^ durante o sequestro^ senão
voltarem dentro de um anno se- ,
m
rão applicados para a defeza do
Estado , e com elle entrará a Com-
íirissão para o Erário^ na forma das
mais rendas piiblicasi
.5i Os Patriotas ^ a quem o Go-
verno nomear para ápredieta Com-
missão^, á exercitarão era quaritd
jsenao ordenar o contrario.
6; Toda a pi^opriedade do Go-
térno Portuguez , que se averi-
guar existir n^este Estado He igual-
merite embargada para a seguran^
,

ça da propriedade dos nosáos Pa^

M'
f^
40 Historia
f notas que haja de ser embarga-
5

da pelo Governo Portuguez.


7. Para se vir no conhecimento
das dietas propriedades, se rece-
berão na Contadoria do Erário as
declarações juradas dos Patriotas,
em cujo poder se acharem , com a
comminaçâo da pena dotresdobro,
contra os que occultarem a verda-
de ; metade para o denunciante, e
metade para o Fisco do Estado.
8. As declarações deverão ser
feitas no prazo de J5 dias, depois
da publicação d'esta í5ndos os
,

quaes, não servirão mais^para re-


Jevar a pena incursa.
9. As denuncias serão recebi-
das na Secretaria do Expediente;
e , para sua devida verificação
,
seguir-se-hao os meios de direito.
J 0. O embargo durará somen-
te em quanto o Governo Portuguez
não mostrar, que adopta medidas
de liberdade, e boa fé, izentando
de restricçôes as propriedades de
nossos Patriotas.
i !• A administração das pro--

^^^tiw^!<»í»Er
DO Brazil. Liv. xvri. 41

{)ríedacles embargadas aosvassallos


^ortuguezes, e a applicação dos
seus rendimentos serão determina-
dos na forma dos artigos 3 5 e 4 do
presente decreto.
12. Os rendimentos, provenien- ^

tes de interesses, que os Vassallos


Portuguezes , é embargados neste
paiz, possão ter em navios, riao
sao còmprehendidos no art. 4, por
ficarem pertencendo, em beneficio
da navegação, a seus proprietários.
Appareceu então uma ordem Continua»
do dia, publicada pelo ajudante ^^^^^^^^^^
d^ordens do General, em que fa- medidas
zia vêr ,
que constando-lhe que en- patriótica*
tre os nascidos em Portugal, eBra- ííarevolu-
^^^•
zil havia alguns partidos, fomenta-
dos talvez por homens malvados
com a louca esperança de tirarem
alguma vantagem das desgraças
alheias sem se lembrarem
, , de
^
que todos somos Portuguezes , to-
dos vassallos do mesmo Soberano
todos concidadãos do mesmo Rei-
no unido, eque nesta feliz união,
igualando, e ligando, com os mes^
r^ MMM

4Í H r « T o R I A
inos laços sociaes os de um,
e d^
outro continente, só deve
dividir
e separar aps que fomentao
taopeji?-
I}Jciosas^riv,alidades. Desejando
pois
S. Ex/ que sentiraentos e idéas
tao erradas e tâo for^ de tempQ
,

íiao coníaiDÍnem a tropa,


ínanda
reconmiend^r pos Senhores Off>
€jaes , e a todos os qvie tem
,
a hon-^
ra de servir debaixo das
bandeiras^
àe S. M. Fidelissiiiia, que, guar.
dando a subordinação estabelecida
pelas íeis militares / vivao entre
si
na íu^lhor hariucnia e amizade
^ao traçtenr), nem teiihão socieda'
de com estes homens impestados,
que pertendem engana.Jos com fal-.
^as spggesloes^ e que se
persiia-
dao, sem a menor exhiíaçao
, qua
o lug-ar, em que c^da um nasce
^
iifíõ lhe dá mereGimento
algum •

sendo o ^mor e fidelidade ao Sobe-


rano, o patriotisnio e observância
das leis o exacto cumprimento do,
Méi
qi^e devem a Deos , e a si mes^
'
i irios, e aos outros, os íaíentos, as
fí^:
J^okes qualidade^, (|ue destingueJiii
DO Brazil. Liv. xvn. 43

os Kòmens; embora nascessem el-


les na Europa, ou na America,
pa Africa, ou na Asia.&c.
Seg-uio-se depois o fazer ver
ao Capitão General de Pernambu-
co o ulíimatum dos Patriotas no
theor seguinto : —
Os Patriotas sabem appreciar
^s qualidades pacificas de S. Ex/,
que movido por máos Conselheiros
aos queria submergir em todas as
iesgraças. Nós pelo mesmo respei-
to a S/Ex,* daremos segurança a
todos os individuos, que o acom-
panharem, e debaixo da nossa pa-
lavrapromettemos que tanto a sua
pessoa como essas outras serão
,

salvas de todos os riscos, e perigos


com as condições seguintes: —
1/ Que a tropa do paizi, que
se ache na Fortaleza do Brum saia
com suas armas, para se unir ao
corpo, que se postar em certa dis-
tancia da mesma Fortaleza , no
termo de uma hora , depois da re-
cepção desta.
2.* Que um corpo de tropas Pa-
44 H I S T O R I A
tnolas entrara
successivamente na
d.cta Fortaleza,
para tomar posse
delia, em nome da
Pátria, e este
corpo ua encarregado
da protec-
ção da pessoa de S.
Ex " e da
queJfeí^, que Jheforem
adherentes
ou o^q dizerem acompanhar. '
,

3 .^ Que os Patriotas lhe


aprom-
píarao, ornais breve
possível
raoseu transporte para o , pa-'
Rio dei
Janeiro, uma Embarcação
de suf-
iciente capacidade
, „*a qual S,
Jix. será obrigado
a embarcar com
as pessoas de sua
companhia
^iNão sendo admittidas
por S
irf't r
y^"" «^«nrfições, os Pa^
tnotas declarâo,
que não responj
derao mais pelas
|) { consequências í

aj'^da mesmo as
que tocarem na
segurança pe.soal de S.
I Ex/ sua
í«m.l,ae companhia, protestan-
do nao admitlir nenhuma
negocia-
çao em diflerentes termos
A resposta de ser dada den-
Jia
tro naquelle mesmo prazo de uma
flora , que se prescreveu
para así-
Juda da tropa dopaiz,
que seaclía

--mi « aai ^mm


wmmisfímm

BO Brazil. LlV. XVII. 45


na Fortaleza. Dado no Campo fio

Patriotismo aos 7 de Março de 1 8 J 7


f JssignadosJ OPadre João Ri-
beiro Pessoa. Domingos José Mar-
tins. Manoel Corrêa de Araújo.
A isto se seg-uio logo a Resolução
do Conselho de Guerra , convocada
pelo General de Pernamhico , pa-
ra capitular co7n os insurgentes.
Aos 7 de Março de i817, sen- ^«'ic^^^^

do propostas em Conselho deGuer- ^Pj^^efe^j^e!


ra as proposições dos Senhores Of- voluciona-
ficiaes 5
que estão á testa da revo- rios.

luçao desla Capitania, assentarão


unif<)rmemente o Senhor Marechal
José Roberto Pereira da Silva , o
Senhor Brigadeiro Gonçalo Mari-
nho de Castro, o Senhor Brigadei-
ro Luiz António de Salazar Mosco-
zo , e o Senhor Brigadeiro José
Peres Campello, que não podião
deixar de admittir-se as ditas pro-
posições por não haverem nem
,

braços para a defeza da Fortaleza,


Dem munições de boca ede guer-
,

ra , nâo podendo ter outro êxito


qualquer tentativa de resistência
0* «mmhh

46 H I S T O RI A
^ mopara derramar-se sanc-H©
inut.lmeiUe; econformando-me%u
com este parecer,
mandei lavrar
este termo, que
todos assiçnirão,
eom declaração poréai
, q ue as fal
ínilías daquefJesOíÇciaes, q»e
acompanharem
me
, serSo illezas em

eníao que se efegea


do Governo ç. "^^
Governo Provisório em
um
provisório. Pernambu,
Ço depois de expufeo
, o Governa-
dor peio povo ea
sua formalidade
;

IO! a que se s,eg:ue


: —
N\5s abaixa assigtiados
, pre-.
sentes para votarmos
na ftomeaçãa
<ie um Governo
Provisória: para
cuular «a causa da
Pátria, decla^.
ramos ^ face de Deos,
que taino.
votado. , e nomeado
os cinco Pa-
triotas, seguintes
da parte, da Ec^
clesiasfeico o Patriota
João Ribeira
ti' í^ssoa Monter*egro; da
parte mi-
Mar o Patriota Capitão
Domingos
llieotomo Jorge Martins
Pessoa
da parte da Magistratura
o Patrio-
ta jQse Luiz; de
Mendonça j da
150 BaAZIl.. Liv. XVIÍ, 47

parte da Agriculturp- o Patriota


Coronel Manoel Corrêa de Araújo;
e da parte doCornmercio o Patrio-
ta Domingos José Martins; e ao
mesmo tempo todos conlirmauios
esta np^ieaçao, e juramos de obe-
decer a este Governo em todas
,

as suas deliberações, e ordens.



Dado na Caza do Erário ás 12 hq-
ras do dia 7 d^ Março, de 1817
&c. Assignarào-se entáo 17 Vo-
gaes, Constituintes daquelle Go-
verno ; e em nome dos Governado-
res Provisórios, que são os ,mesr
mos, que hayiao assignado o í7/í/-
rriQtum a cima, se fez publicar o
Manifesto de seu Governo pelqs
termos seguinte? -^ :

A Providencia Divina que Medidasde


,

pelas inexcrutaveis desígnios sabe f^fj)'^^^^;,


extrahir das trevas a luz mais vi- j^-^/
va, epela sua infinita bondade não
permitte existência do mal senão
,

porque sabe tirar delis maior bem,


e felicidade çonsentio que al-
,

guns espirites indiscretos, e inad-


"^ertidos dç que grandes ipcendiQS
48 H r s T o R I \
se podem originar de uma penue-
na íaisca, principiassem
aespalliat
algumas sementes de um mal en-
tendido ciume, e rivalidade
entre
os fihos do BrasiJ, e
da Europa.
habitan(es desta Capital
, desde â
época em que os encadeamentos
dos successos da Europa
entrárSo
a dar ao continente
do Brasil a-
quella consideração,
de que ejle
era digno, e para que
não concor-
renio, nem podiaõ concorrer
Bra-
sileiros. Porque;
que culpa tiveraõ
estes dê que o Príncipe
de Portu-
gal sacudido da sua
Capital pelos
ventos impetuosos de
uma jnvasa<5
mimiga, sahindo faminto
d'entre
os seus Lusitanos,
viesse achar o
abrigo no franco e
generoso conti-
nente do Brasil , e matar a
fome,
e ate asôde na altura
de Pernam-
buco, e pela quasi Divina
Provi-
dencia , e liberalidade dos
seus ha-
bitantes? Que culpa tiveriio
os Bra-
sileiros de que o
mesmo Príncipe
Kegente, sensível á gratidão,
qui-
iseose jionrar a
Terra, que o aco-
DO Brazil. Liv. xvii. 4^

lliêra com a sua residência, e es-


tabelecimento de sua Corte, e ele-
vá-la á cathegoria de Reino? Aquel-
las sementes de discórdia desgra(:a-
damentefructificáraõ em um Paiz ,
que a Natureza amiga dotou de
uma fertilidade illiaulada, e geral.
Longe de serem extirpadas por
uma hábil maõ, que tinha para isv
so todo o poder, e soffocalos na'
sua origem 5 forao nutridas por mu-
tuas indiscrições dos Brasileirns,
e Europeos; mas nunca crescerão
a ponto de se naõ poderem extin-
guir, se houvesse um espirito con-
ciliador, que se abalançasse a es-
ta empresa, que naõ era muito ár-
dua. Mas o espirito do despotismo ^
e do mao conselho recorreo ás me-
didas mais violentas, e pérfidas,
que podia excogitar o demónio da
perseguição. Recorreo-se ao meio
tyranno de perder Patriotas honra-
dos , e beneméritos da Pátria , de
faze-la ensopar nas lagrimas de mí-
seras famílias, que subsistiaõ do
trabalho , e socorros de seus Che-
^..^

êà íí í g t Õ R i A
fes, e Cuja perda arrastava comsí^
go irressistiveJmente a sua total
ruiila. A natureza 5 o valor, a vis-
ta espantadora da desgraça 5 a de-
feza natura! reagio cc>ntra a"tyran-
nia^ e a iojusíiça, A tropa inteira
se suppôz envolvida na rnina de
alguns dos seus Officiaes, o grito
dadefeza foi gei^al ; elle resoou era
todos os ângulos da Povoação de S.
Antoilio; o povo se tornou solda-
do, e protector dos soldados, por-
que eraõ Brasileiros comoelles. Os
déspotas atterrados pelo povo- ^ e
inesperado espectáculo , e ainda
mais atterrados pela própria cons^
cierícia, que ainda Ho seio dos Ím-
pios levanta o seu tribunal, dieta
os seus juÍ2os^ e crava os seus pu-
iihaes, desampararão o lugar ^ d'-
onde haviacl feito sahir as ordens
homicidas. Habitaintes de Pernam-
buco, crede, até se haviaõ toma-
do contra os vossos compatriotas
meios de os assassinar ^ indignos:
da honra , e da humanidade. Os
'
Patriotas nu fim d^ duas horas

'mmÊk
í)0 Brazil. LiV. xvií. . âl

ôchárao-se sem Chefe, e sem Gover^


Dador: era precizo precaver As de-
sordens da anarçhia^ no meio dê
uma Povoação agitada e de um
,

povo revoltado. Tudo se fez em um


instante, tudo foi obra da prudên-
cia, e do patriotismo. Ferr]an)bu-
canos, estai tranquillos apparecel
,

na Capital, o Povo está coatetitej


já não ha distincçao entre Brasi-
leiros^ e ÉuropeoSj lodos se co-
nhecem irmãos descendentes da
mesma origem, habitantes do mes-
mo Paiz ^ Professores da mesma !Í

Religião. UmGoverno Provisório


illuminado, escolhido entre todas
as ordens do Estado preside á vos-
sa felicidade, confiai no seu zelloj
no seu Patriotismo. A Providencia^
que dirigio a obra ^ ella a leva-
rá ao termo* A
Empresa filha do
Ceo a protegerá: vos vereis con-
solidar-se a vossa felicidade , vós
sereis livres do pezo de enormes
tributos, que gravão sobre vós ; o
vosso, e liosso Paiz subirá ao ppn-
to de grand^^za^ que ha muito, o
62 H I S T o R I A
espera , e vós colhereis o íructo
dos h-abalhos e Zello dos vossos Ci-
dadãos. Ajudaios com os vossos con-
selhos, dJes serão ouvidos; com
os vossos braços, a Pátria espera
por elles: com a vossa applicacâo
á ag-ncultura; uma Nação rica'he
uma Nação poderoza. Á Pátria he
anòssaMâicommum vós sois seus ,

fiJhos, sois descendentes dos valo-


rosos Lusos , soisPortug-uezes, sois
Americanos, sois Brasileiros, sois
Pernambucanos. &c.
Sahio depois primeiro que tu*
do um Decreto do Governo Provisó-
rio de Pernaaiíbuco paraauçmentar
o soldo dás tropas, que dizia: —
O Governo Provisório de Per-
uam buca; tendo em consideração
o pouco soldo, com que se grati-
fica vão os nobres trabalhos dos
que
defendem a Pátria, dando por ella
o sangue, e a vida, e attendenda
aos relevantes serviços que fez a
,
Tropa Pernambucana, no dia cri-
tico, em que teve de debellar a
des]x>tismo,^ e a perseg-uição, quí>
^&« >anBMPi^n
"^1

DO Brazil. Liv. xviir. 53


teve de debellar o despotismo , e
a perseguição que ia a lavrar so-
,

bre um Povo generoso, e innocen-


le, tem decretado, e decreta o
seguinte:
1/ Vencerão de soldo meriôal Prosegiieà
o Coronel de Infanteria 80/ reis. ^^i tona da
Tenente Coronel 65. Major 50/™^^^^
Capitão 35. Tenente 25. Alferes cana íaU .

18. Sargento vencerá por dia 280 lando de


reis.Furriel 200. Cabo 160. Sol- qweentào^
se decreta*
dado 100.
ra.
2.* Coronel de Caçadores terá
por mez 90/ reis. Tenente Coro-
nel 70. Sargento Mor 60. Capitão
42. &c. E assim vai augmeniando
sempre relativamente áquelies d'
Infanteria. Falia depois das diffe»
rentes armas d'artillieria, ecaval^
laria, que deve estabelecer se pa-
ra o futuro &c. Não se esquece
tãobem de fallar dos Cirurgiões
Mores j Capellâes , Ajudantes Se- ^

cretários &c. A sua assignatura


foi a mesma já mencionada no ul^
timalum] pois que estes, alli as*
ísignados , erão os ^Governadores
Tomo x. E
-^v^:t7^:^>^^<^i8^.m^Mi.v;^^^^^^ ^
.^ MMMJ

54 H I S T o R I A
m Provisionaes, Houve logo outro De-
creto ii]teressaiiíe do mesmo Go-
verno , abolindo vários impostos,
cujocooceito era que considerando
acjuelíe Governo Provisório quanto
era odiosa, e mesmo contraria aos
principies de economia piiblica , e
pezada ao povo a imposição do Al-
vará de 20 de Outubro' de 1812,
sobre lojas de fazendas, e molha-
dos , embarcações, canoas &c.
e
considerando outrosim que nos mes-
mos e outros defeitos labora o im-
posío de i60 reis por arroba de
subsidio militar sobre a carne
além de tornar desigual a sorte dos
habitantes do mesmo Paiz, e mem-
bros do mesmo Estado, naô tem
outra tendência mais do que o en-
carecer sobre maneira um crenero
de primeira necessidade, e^stor-
var a criação de gados, taÕ neces-
sária á subsistência dos povos,
de-
puis de ouvsr o parecer de
peí^soas
zeiiosas do bem público, e
intelli-
gentes na matéria.
Decreta;, e decretado tem a

íÈÊm
DO Braztl. Liv. xvíir. 55

abolição total dos mencionados tri-


butos. E como aigiins irelles se
achaô arrematados, se terá para
com os arrematantes 5 na cobrança
dos seus respectivos contractos ,
respeito á quota da diminuição ,
que soffrem pela presente abolição.
&c. Também decretou o mesmo
Governo sobre a compra de arma-
mentos, em cujo Decreto se vê o
enthusiasmo de mistura com o sus-
to da punição 5 que de facto vierao
a padecer.
Principia pois assim : — Pa-
triotas Pernambucanos, o Governa
Provisório vos adverte, que tudo
está feito, com a feliz revolução,
effeituada ppr vossos esforços , e
com ajuda da Bemfazeja Providen-
cia; muito mais resta a fazer.
O golpe assustou nossos ini-
migos, mas naô os destruio; €|ual-
quer vento do dezerto pode trazer
a este Paiz novo bando de arraza-
dores gafanhotos. Cumpre estar-
mos promptos, a extermina-los. Fal-
taõ munições, e armas aos braços
mm^íí^.^

^6 Historia
de muitos valentes Patriotas^ e el-
]as existem em nosso território. O
Governo julgou do seu dever con-
vidar aos Patriotas j que as pes*
suem, a que as vend3o pelos pre*
ços, que a justiça dieta. OGover-
ijo está certo que nao abusareis das
circunstancias actuaes , pretenden-
do preços exorbitantes j elle conhe*
ce vossos sentimentos, e vos faz
justiça, e repousa na vossa gene-
rosidade. Concorrei pois ao Quar-
tel General aappresenlar as v#ssas
minutas, que ser3o com exa(^tidâo
satisfeitas á boca do cofte. Caza do
Governo &lc.
Seguio-se outro Decreto me-
nos interessante por se limitar so-
mente a estabelecer entre aquelles
enthusiastas Patriotas o tratamento
de 1705, como significativo da sua
igualdade &g.
Segue- se Heporém digna de observar-
ximz cele- se a
bre procla-
proclamação seguinte :

riiaçad.
São bem dignos de memorar-
ge os celebres aeon tecimentos que
,

liverão lugar em Pernambuco ^ a-


DO Brazil. Liv. XVIH. 57

quelles acontecimentos , que nos


tem esclarecido, Pernambucanos,
desde a faustissima , e gloriosíssi-
ma revolução, operada felizmente
na Praça do Recife aos 6 do cor-
rente mez de Março, em que o ge-
neroso esforço de nossos Compatrio- 1
tas exterminou d'aquella parte do
Brasil o monstro infernal da tyran-
nia Real.
Depois de tanto abuzar da nos-
sa paciência, por um systema de
administração , combinado acinte
para sustentar as vaidades de uma
Corte insolente, sobre toda a sor-
te deoppressão de nossos legitimes
direitos, restava calumniar agora
a nossa honra com o negro labéo
de traidores aos nossos mesmos ami-
gos, parentes e compatriotas natu-
raes de Portugal e era esía por
:

ventura a derradeira peça, que fal-


tava de se pôr ámacíiina da politi-
ca do insidioso Governo extincto de
Pernambuco?
Começou o pérfido por illaquear
ti nossa singeleza ,
proclamando pú-
^•^•"
-•^^-'f -rrim

m Historia
plicamente a 5 deste mez, que era
amigo sincero dos Pernambucanos
que linha repartido seu coracâô
com elJes, escrevendo estes enÒa-
ucs com a mesma penna , com
q^ue
acabava de encher no segredo
do
seu gabinete listas de
proscriptos
que tinha de entregar nas mãos

algoz. Brazdeiros de todas
as cJas-
ses, a mocidade de majs
espirito
fio pasz os Officiaes mais bravos
,

das tropas pagas, em uma


palavra
os hjhos da Pátria de
maior espe-
rança , emaisdistincto merecimen-
to pessoal.
Amanheceu em fim o dia 6
em que as enchovjas haviào de ser
,

atulhadas de tantos Patriotas


hon-
rados, p suas famílias alagadas
de
cor , e de lagrimas : convoca
o mal-
diío um Conselho de OíSciaes
de
guerra(odos invejoeos de nossa
,

gloria , e depois de ter


assignado
com elles a atroz condemnaçío da-
quellas innocentes vjctinias,
des-
pacha daili mesmo os que lhe
pa-
recerão mais capazes de
lhe dar
DO Brazil. Liv. xvirr. 59

execução. Uns correm aos quartéis


wililares, outros ás casas particu-
lares, fervem prisões por toda a
parte, e já as cadeias comecao de
se abrir para ir engolindo um por
un dos nossos bons Compatriotas.
Aqui mostrarão os nossos ,
como
titihao capacidade para saber conhe-
cer que a desobediência tem todo o
pr^ço de heroísmo em certos casos,
e lie quando com ella se salva a
causa da Pátria. Um bravo Capi-
tão deu osignal do dever de todos ,
fazendo descer aos infernos o prin-
cipal agente da injustíssima execu-
ção; Corre-se ás armas, e poucas
horas daquelle mesmo dia foraõ lo-
do o tempo de começar , e acabar
taõ ditosa revolução, que mais pa-
receu festejo de paz, que tumulto
de guerra signal evidente deter
5

sido toda obra da Providencia, e


beneficio da benção do Todo Po-
deroso.
O Ex-General tinha-se reco-
lhido á Fortaleza do Brum e aon-
,

de suppunha achar uma praça de


MM

«O H I s T o R r A
defeza, achou aprizão
da sua pes-/
soa, e dos seus. '

Recorreu a proposições
pacifii
«as , que acabarão
n'um cw/c/.-
Jí^m, com que foi obrigado a coí-
formar-senodia7peJas%horasda
nianhaa. Desde iogo
foi restabelè-
cida toda a ordem
pilblica, não se
ouv.rao mais outras
vozes, quede
aclamações geraes , dignas
em que um iiumenso Povo do dia,
entrava
na posse de seus legítimos
direitos
sociaes. toi consequência
disto não
ter íia vido ate agora
sequer mu sd
dKslurbio, nem motivo
qualquer
^ de
queixa. ^

.
A
8 se instalou o Governo Pro-
Tisorio, composto de
5 Patriotas,
tirados das drflerentes
classes : o
qual Governo tem sido
sempre per-
manente em suas sessões.
primeiro cuidado foi
O seu
desabuzar os
nossos Compatriotas
de Portugal
dos medos, e
desconfianças, c?m
<]"e os t.nlião
inquietado os parii-
disfc^s da tyiannia, recebendo
a tc-
cíos com abraços e ósculos, segu-
jaliíí íSLi

no Brasil. Liv. xviit. 61

rando as suas famílias, pp.-soaes,


e propriedade de toda sorte de '.\

injuria fozendo-os ccntinuar em


,

seu coínmeício, tráfegos, e occu-


pacões, com maior liberdade , que
d'antes, proclamando em iim f)or
um bando os sentimentos do Gover-
no, e do Povo, e niío haver mais
daqui por diante diflerença entre
nós de Brasileiros aEuropeos; mas
deverem lodos ser tidos em conta
de uma só e única familia, com
igual direito a uma só, ea mesma
herança que he a prosperidade
,

geral de toda esta Província.


A 9 tudo se achava no mesmo
espirito de concórdia, epaciíicação
geral, sem o Povo se resentir d'
outra novidade , que das bondades
do Governo, todo applicado a pro-
mover a segurança interior, e ex-
terior , por medidas acertadas ,
buscando esclarecer a sua marcha
cem dividir as matérias de maior
emportancia porCommités, com-
postos das pessoas de maior capa-
cidade, conhecida para cada uma
62 H I S T o R I A
delias 5 com que tem obtido ao mes-
mo tempo popularizar as suas deli-
berações o mais possível. NaqueU
le mesmo dia o Governo foi perma-
iiecente aíé á meia noite para ,

continuar diversos despachos, que


hoje apparecêrão, sendo dos mais
importantes fazer entrar os Func-
cionarios públicos nas suas occupa-
ções, comod'antes, sem tirar nin-
guém do seu officio, abolir certos
impostos modernos de manifesta in-
justiça, e oppressâo para o Povo,
sem vantas^em nenhuma da Nação
&c. E tal hé, Pernambucanos, o
nosso esíado publico e civil até ,

hoje iO de Março de iei7.


Viva a Pátria^ vivão os Pa-
triotas e acabe para sempre a It/-
,

rannia ReaL cfc. [^]


Tomao va-
Por outro Decreto do Governa
rias mádi-
das por ou
Provisório se fez entrar no Erário
Iro Decreto, ^^ rendimentos da Meza da Inspec-

f*] A tanta insolência, e desvairada ou-


sadia se arrojou a turba daq^taelles infames re-
volucionários ! 1 I

iWIMMM MM
IBBB.ii/<TiÍ mmmftmm

DO Brazil. Liv. XVÍU.' 63


çao. Erao estes renclinientos pro-
veiiientes de imposições, e appli-
cados ás despezas particiilí-res da
Juncta do Conníiercio da Corte do
Rio de Janeiro, por Alvará de 15
de Julho de 1809; e foi por isso
que, entendendo os Pernambuca-
nos se havia oíiendido o público
daquejle Paiz com semelhantes im-
postos, e applicações
, tratarão da
fazer que seu Erário se utilizasse
por esla medida , que em taes cir-
cunstancias julgarão congruente
aos seus princípios de liberdade, e
patriotismo. Taõbem por 2 Decre-
tos mais, que se seguirão aos an-
tecedentes^ tomáraõ os Pernambu-
canos as diíferentes medidas; peio
primeiro de aggregar ao FSrario a
administração da extincta compa-
nhia de Pernambuco; ftizendo ver
qual era aoppressad da Agricultura
Pernambucana pelo monopólio da
,

denominada Companhia de Pernam-


buco, e o pezo dos juros acumula-
dos, que tomavao semelhante ad-
niinistraçíto , além d'inutil ^ mui
Wmmm

64 Historia
pezada: e por essa razão decretou
aquelle mesmo Governo o ficar as-
sim aggrej^ada ao Erário, reduzin-
do a doutrina do que havia de ob-
servar-se para o futuro a 4 difíe-
rentes art. &c. —
E pelo segundo
Decreto se tratou de confirmar o
Cônsul Britânico^ partiuipando-lhe
que se reconhecião por genuínos e
verdadeiros os títulos, que naquel-
ledia ihehaviaappresentado omes-
IDO Cônsul , a quem peraiittía o
Governo a continuação de suas
fuBcções , taes , quaes elíe exercia
perante o anterior, e extincto ;
obrigando-o outro sim a remetter-
Ihe aquelles títulos por um seu Of-
ficio &c.
De novo Houve mais por esta occasiao
decre^iaôso-
yj^^ Decreto ,
que pela substan-
,

dedeíeza. ^^^' matéria de suas medidas se


recommenda, por ter em vistas a
necessidade de sua defeza e por ;

isso decretou então aquelle Gover-


no, que convindo muito á defeza
do Estado criar um Corpo de Ca-
vallariaj e não permittindo as ac-

V;
^ ^:^-í?e*^^:^qíg:„.

DO BrA2IL. LiV. XVIlt. 65

tuaes circunstancias, que as ren-


das públicas basteai a todas as sua»
exigências , e altendendo ao en-
thusiasmo , que ú Povo Pernambu-
cano tem desenvolvido na Causa
pública, o Governo Provisório, de-
pois de ouvir pessoas doutas, enten-
didas na matéria, ezellozas dobem
público decreta, e decretado tem
1/ He permittido a todo o Pa-
triota levantar com permissão da
Governo Companhias de soldados a
cava lio.
2/ Aquelle que a levantar farda-
da , montada
e armnda ásua custa ,
terá o posto^de Capitão , e as honras
i^espectivas, e o direito de nomear
os Officiaes subalternos, e inferio-
res da dieta Companhia, e o direito
de preferencia nas promoções em ,

igualdade de circunstancias &c.


Antes de proclamar alli oCon- Jj^^^^"^^^^^
de dos Arcos, haviâo osPernambu- fj^^^ ^ ^^ p^er-
canos proclamado da maneira se- ,^am buca-
guinte [^|
:
i^os.

[#] Valoros Pernambucanos, caros Pátrio-


H I S T o R I A

tas, a Pátria, Eu, e todos os heinens hon-


ra los , e virtuosos Patriotas, cheios de um
jubilo, que nuaca sentimos, vos damos os
devidos agradecimentos pelo heroismo, com que
deixando repentinamente vossas mulheres ,
vossos íilho3 , vossas casas , vossos trabalhos
campestres, viestes denodados soccorrer a Mài
Pátria, aos vossos innocentes irmãos, amea-
çados por um bando de malvados. Os infa-
m es tjraonos cheios de crimes e vergonha ,

tem desaparecido as Capitanias gozâo de pro-


;

funda paz e harmonia já nâo ha differen-


, ;

ça de Pernambucanos a Europeos todos so- ;

mos irmãos; a Pátria pois nào preciza agora


de vossos valorosos braços para a sustentação
da grande Cauza da Liberdade; voltai pois,
honrados Patriotas para os braços de vossas
,

famílias ; abraçai com ternura , em nome da


Pátria, e da Liberdade , vossas virtuosas mu-
lheres , e caros filhos: trabalhai como homensí
livres , e vossos trabaliios serão de hoje em
diante abençoados: no momento que a Mâi
Pátria precizar da vossa bravura , elía vos
chamará, e conta de certo que, o valor pon-
do azas em vossos valentes pez em um íjjs- ,

tante cobrireis estes m^soos felizeií lugares,


que harâ pizass. ^c.
MkmiinMii
imm^rf^m

«7

i!'

L I FR O XIX.

18i7.

Depois de se haver concluído no an-


tecedente livro o li anta dizia res-
peito á Revolução Pernambuca-
na^ segue- se o gora a marcha dos
negócios políticos que prepararão ,

a queda da mesma principiou^ ,

do pela proclamação do Conde


dos Arcos , ^c.

t\tJ'*j\tir\rj\f^j-j\A /v^iAyHA/^^v/></\ii

P, RGCLAMOU coíitra este Theafro


revolucionário , depois de lodos
aquelies entliusiasmos dos Peniaia-
bucaaoSp o Goveraador da Bahia

•^swèísfiSiii^i:
es H I S T o R I A
Conde dos Arcos pela maneira que
se seguei [*J
, Neste tempo se achava a Ca-
pitania de Pernambuco, e princi-
palmente o Recife, antes de roni-

[#] Pernambucanos honrados , que detes-


taes os crimes de vossos íiidigmes^ potriotas í
Porfamilias fugidas ao poder insupomvel dos
reteides consta, que o theatro aonde Krilliá- ,

xa a fidelidade de Fernando Vieira, Cama*


râo Henrique Dias , e outros , cujos nomes a
Listoria tem escripto na mesma linha dos he-
xoes, está mudado em covil de monstros, in-
íieis erevdtados
, E porque vossos fmgidos
! l

Chefes até vos mentirão, quando commeítê-


rào a harrenda perfídia de desacreditar os ha-
bitantes desta Capitania de que tenko a hon-
,

ra de ser Governador, e o amigo,- de meu


primeiro dever he assegurar-vos que a divi- ,

f;a dosEahianos he *' Fidelidade ao mais que-

rido dos Reis *' e que cada soldado da Bahia


será ura. Scipiao ao vosso lado, assim que ti-
ver ordeoi para vingar a affronta perpetrada ,

contra o Soberano , que em seu coração ado*


raõ, cuja maõ sempre libera) tiveraô a hon-
ra de beijar em seu paiz natal , primeiro que
os outros Vassallos do Brasil , e de quem to-
d)S temes recebido tantas provas de ^enerosi-
cíade,, e amor. Bahia &c.
^"sm ^p?=b.

|íef naquella revolução, em um es-


tado o mais deplorável t|e policia:
sendo certo que quasí todos os dias
se faziSo mortes roubos , « toda a
,

tsorte de maldades, lendo disso a


xculpa o Governador Caetano Pinto
-de Miranda Montenegro.
Era pois por falta de execução
dos moti-
das Íeis que os Ministros e Empre- vos^, que
gados públicos, imitando o seu Ge- parecem
neral na laxidão (porém não na haver sido
limpeza de mãos) déixavão correr influentes t
para a re-
tudo ár^evelia ; e era |)0r este mo- volta Per-
do que tudo Caminhava assim pre- nanibuca-^
cipitadamente paira nmá catastro^ na.
pbe, como a que aconteceu em 6
de Março de 1817. Era impossivei
•existir ordem aonde a justiça se
punha em ieilão , e aqueíle que
mais offerecia e dava^ colhia o ra-
mo da perlidia. Além das rapiíias,
que se fazião ao Povo, tractava-se
tãobem de roubar os thesouros do
Imperante com um descaramento
sem limite, e pelas mais infames
»ianeiras.
A J^ncta da Real Fazenda,
Tomo X. F
70 H I ST o R I a'

que p^lo alto caracter,


que repre-
deveria servir de rnodélo
Sfe^iitava,
a todos os ou(ros Tribunaes, era a
mesma que soffria que alli aconte-
cesse muitas vezes que seus Mem-
bros tirassem vantagens do patri-
mónio de seu Augusto Amo Ap^
presentavão-se as contas de dí^spe-
za, pertencente á Capitania; po-
rém muitas de que forma? Em al-
gumas fez reparo o Presidente ^
que assaz conhecia como erão pro-
duzidas; porém não fazia opposição
alguma, e sanccionava documên^
tos inteiramente falsificados. Se*
guia-se a Alfandega, aonde estas
operações se fazião mais ás claras
j
por isso mesmo que, havendo nel-
la grande quantidade de Officiaeíí,
talvez se não poderião exceptuar
4 5 que não fossem manchados pe*-
la infame venalidade. E em fim
chegaváo a tal relaxação^ que ai-
guiís Officiaes se arrojarão a esta-
belecer lojas públicas de fazenda^;
ese fa/ião os surtimentos conforme
a vontade , e gosto dos mesmos
m Sra2il. Liv. :3tíx' 71

Oííiciaes; vindo por conseguinte


esta Casa de arrecadação Real a
servir como de armazém mercan-
til. Intendência da Marinha
Na
fazia-se o mesmo: alguns procurá-
vão fazer a sua fortuna , esgota.ido
os cofres do Soberano: aquillo que
custava 2 , introduzia-sepor 8 não :

havia medo ; nada de remorsos ; e


finalmente os extravios se fazião já
com todo o descaram^ento, e mes-
mo ás claras. Os Empregados , que
mais figuravão , mais comião e ;

quando se tratava de representar


as injustiças ,
praeticadas com fre-
quência, cuidava-se então de em-
pregar todos os meios, que fossem
capazes de fazer triumphar a sua
maldade.
Era por tanto culpado de neglí- í^^is que
fi-encia o mesmo General . a quem ^^ ^f-^!,^
fe .^ l
.^ negligente
por iníinitaa vezes se patenteou a ^ General,
miserável marcha de semelhantes
negócios , fazendo-se-lhe vêr que
tudo ia na maior tortura , e se fa-
zião diariamente extravios de con^
sequencia , porém nenhumas pro-*
Tl íí r^ * ó R I í
videncias deu, nem tomou medi-
das, que (por idóneas) puzessem
de uma vez o termo e limite, de
que tanto se precisava naquelle
objecto, para que assim vissem^
findadas tantas, etaõ enormes ruy-
nas, /

Chegou
a ta! ponto que se lhe
dirigio uma carta anoriyma para
que tomasse niedidas sérias, ecom
anticipaçaõ; pois se tramava cons-
piração; enada disto abalou sema»
Ihante General.
O incêndio approximou-se tan*
to, que até pelas ruas se gritava:
^^
dizem que ha um levante no dia
6 de Marejo: " e assim mesmo so-
mente ordenou que em 4 do dieta
mez se lesse uma ordem do dia,
em que se recommendava uniaô á
tropa, com oque irritando-se mais
os facciosos, eàtao S. Ex/ fez con-
vocar um Conselho Militar no mes-
mo dia 6 , aonde se resolveu que
fossem presos alguns sujeitos, (e
naô processados , como em outra
temoo oni7,eraõfazer persuadir) po-
DO Brazil. Lir. iix. 7»
|
rém, principiando loj^o nesta dili-
^

gencia o Chefe do Regin^ento de ]

Artilheria com toda aacceleraçaõ, í

foi por isso que ura dos seus Capitães


o assassinou no mesmo quartel. j

Nad foi pois feito orompimen- |

to desta revolução por um acaso, i

segundo vogara ao principio, m^s


sim por um meditado plano , em
que se haviaõ concertado os conju-
rados, querendo (pelo menos) ain-
da que por mui poucos momentos,
fazer-se grandes á custa das vidas,
honra, epropriedade dos bons For- .
i

tuguezes.
Morre entaõ o Brigadeiro, e O mesmo
j

um dos Ajudantes de Ordens ^o P^^J^^^^^^ 1

Governo pegaõ em armas os dois ^^j f^gg


:

Regimentos que sepodiaõ chamar para e


,

cascos 5 porque somente formajiaõ Bmm.


ambos 500 homens e se dirigem
;

para o principio da ponte denomi-


nada do Recife, esperando, sem se
saber o que ; pois haVendo um cia-
bo determinado a accommetter tal
frandulagem , podia-se affiançar o
vencimento , ainda mesrâo que o

Èr
^ mmtm

74 H r S T o R I A
fizera só com 200 homens. Desam-
jiara o General o seu Quartel, e
corre para a fortaleza do Br um
,
aonde lhe aconselhad determine to-
dos os meios mais acertados, a fim
de resistir áquella facção, ao que
elle entaõ naõ re^:ponde Que fra-
queza Offerece se um Official
!
,
que se acha possuído de valor, o
qual pede licença, e entra na mes-
ma fortaleza com desiginio de fazer
tirar uma, ou duas peças de arti-
Iheria, com que pertende accom-
metter apouca tropa, que se acha-
va de observação. Sahe com effeito
com urna peça, a qual a sahida do
forte cahio por terra, por se fazer
em pedi^ços a carreta, o que exas-
perou inteiramente o Commandan-
te, parando com taes diligencias.
Na fortaleza de que se tracta, naô
,

havia nada ; e com tudo era elia a


principal com um Commandante
de patente de Brigadeiro dosReas
1 Exércitos de S. ]VÍ. F. naô havia :

4 morteiros, capazes de fazer de-


fensa faltava alJi tudo, quauto sô
:

j».J>W.'Bil
t)o Brazil. Liv. XIX. 7í

denomina munição ^e guerra ; e


até se, achava, no dia da revolu-
ção , §em a^ua, Naõ se Iractava
em fim de oíhar para estas coisas',
a pezar de que liavia um Official
^
General com o titulo de Inspector
da tropa , e artilheria ; porém estrs
';

empregos no Brasil tem servido


unicamente para esgotar os cofres
da Naçaõ.
Falla-^^^
Naô havendo pois deliberação
sobre taõ importante objecto, na ^f;^'/^^^^^^^
nianhãa do dia 7, pelas 6 horas, do dia sete.

correm talvez 400 pessoas de Iodas e da con-


correncia
as eores, e idades, descalços, e ^

qusi nus pela maior parte, armados J^^^^^^^f^^';


de chuços, espin^-ardas,e espadas ^ as as cor et
á testa dos quaes se via o célebre e idades,
Martins, e mais cabeças da ^esor- &c.
dem e se dirigem á fortaleza ,
,

^onde o covarde Geoeral é obriga-


do a assignar certas cp p dicções ,
ignoradas no público talvez por
,

sua infâmia e indignidade taõ


,

grande que até os mesmos faccio-


,

sos se envergonhariao de raanifes-


/tar. Deter,miiia-se ao mesmo Gene-
m/mm

n H r S T o R I A
ral, que elfe deve embarcar-se 2^*
horas depois para fóra da Capita-
DÍa 5 o que fez no dta seguinte pa-
ra o Rio de Janeiro em uma Suma-
,

ea 5 com bandeira parlamentaria.


Depois da InstáJão im mediatamente uni
sabida do
General
Governo Provisório ; composto de
instai a- se 5 membros dos quaes apenas um
,

um Gover- José Luiz de Mendonça passava por


no Proviso- homem dotado de mais algum ta-
lio, &c.
lento, é luzes ainda que mui infa*
memente manejadas. Prescrevem
fogo OS' tratamentos dando sómen»-
5

te ode vôs\ o que prova bem a fal-


ta de senso ; pois é natural que um
escravo tracte a seu senhor da mes-
ma sorte que este ao escravo?
Pdblicao logo por bandos, que
tendo os Europeos conquistado o
seu paiz, e conservando-o ha mui-
tos annos, e séculos, practrcando
com os nacionaes um império abso-
luto, e tyrannico, que seriâo ago-
ra obrigados a reconquista-io , o
que haviSo feito em poucos momen-
tos, o que parecia (dizião elles)
obrado somente pela Providencia
í)0 BraZIL. LiV. XIX. 77

aoque porém devia chamar-se rou^


bar ;
pois que pertencendo este
vastissiiiioImpério a S. M. F. , e
aos pais dos rebelados, estes devem
considerar se réos de alta traição;
quando era do seu dever mostrarse
em todos os tempos agradecidos aos
Europeos , pelos terem apperfei*
çoâdo na côr , fazendo-os perder a
condição de Indianos
Transtornâo depois a forma do O Governo
4^ '^ ji'£c ^i^^ Provisório
Governo em muitas e ditterentes padece logo
coisas; abrem as cadêas , soltando alterações
-grande numero de malvados, e fa™ transtornos^
zendo acabar e annrjllar todos os
processos civis , e criminaes , prin-
cipião a datar todas as suas regras
desde 6 de Março, de 1817. Fo-
gem diversos negociantes , e por
isso determinão, que as suas pro-
priedades sejão postas em seques-
tro. Dizem franquear o Commercio
e navegação, e conceder licença a
todos os vasos Portuguezes , que
entrarem depois do dia 6 não cum-
prirão, apezar dé varias represeri-
tações. Publicão igualmente , que
78 H IS T o R r A
»€onservaráõ a todos os Empregados
nos seus oíHcios, fazendo-os jurar
fidelidade a um Governo, que naõ
tem forma; promettendo prosperi-
dades aquelles mesmos, que na3
tem segura a sua existência.
Nega-se a Requer Mendonça se envie
Mendonça
a deputa-
uma deputação a S. M. F. a fim ,

ção, que re- de obterem o perdão de tal rompi-


quer para
,
mento, e uma nova Constituição,
se alcançar mostrando se o jugo tyrannico eia ,
perdão de
que viviaõ; porém os^ mais do Go-
S- M.
verno seoppoem , correndo até ris-
CO a vida de Mendonça. Promet-
tem logo 160 rs. de soldo a cada
homem, que sirva, o que em pou-
cos dias abaterão a JOO rs. A listão
tudo quanto apparece, nao Ibesfa-
zendo obstáculo a idade , nem a
cor. Tudo geme na maior descon-
fiança^ e flagelação; acrescendo,
para o cúmulo das maiores desgra-
ças, uma tremenda falta de man-
timentos. Tudo é fome. Um
alquei-
re de farinha, que ,d'antes era a
1^600, ea I^920rs. , custava entSo
p/600 rs. je assim mesmo nâo a|K

IW '
HP iJJ
i
DO Brasil. Liv. xix. 79

parecia quanta se precisava.


,
G Go-
verno forc^ava tudo a ser listado, o
que logo causara um grande des-
contentamento, especialmente a^os
Officiaesempregados nas obras diá-
rias, mostrando se quanto era pe-
Boso a um homem , que vencendo
por dik 640 rs. e 960, se havia de
ver obrigado a alistar se em ucn
corpo militar, aonde apenas podia
vencer 100 rs. nSo lhe sendo pos-
givel o sustentar assim sua familia.
Era pois aeffeito de semelhan-
tes desgostos do Público Pernam-
bucano que este povo já sem medo
algum manifestava seu grande des-
contentamento pelas ruas públicas.
Começa o
Parecia que a occulta podero-
samao do Omnipotente, que em ^amentoa
tempo nenhum se esquecera depa- serovati-
tentear aos Portuguezeso êxito cinio de
sua queda.
feliz de sua direcção Celeste , en-
caminhava assim o Povo a signifi-
car publicamente a falta de sua sa-
tisfação com semelhante Governo
tão ímpio como informe , para
,

-que desta sorte fossem logo (desde


80 H 1 É r o R I A
O começo de suas obras tão mal
fundamentadas) conhecendo Si-m
desvairados Authores, que aquelle
Povo [por sua influencia, emanada
dos Ceos, lhes vaticinava já a que-
da horrivel, que por tão nefarios
crimes bavião merecido.
São apprc^»
hendidas as
E com eíFeito não tardou mui-
proclama-
to tempo que o vigilante Governo
ções de da Bahia não desse principio ao
Pernambu- castigo de alguns daqueUés faccio-
co, pela vi- sos e rebeldes pois a 22 de Mar-
;
gilância
ço appareceu fora da barra um va-
dos Bahia,
nos , cuja
so costeiro, a cujo bordo foi logo
Governa- um espião, que o tinha em vista,
dor é enér- para reconhecer a equipagem , dis*
gico. &c.
W'l I

farcado em pescador. Um
frade, e
um OflicialGeneral alli fôrão im-
mediatamente presos. Vinhaõ es-
tes vis Emissários de Pernambuco,
'
trazendo proclamações que lhes
,
foraõ apprehendidas.
Seguiraõ-se mui grandes ru-
mores na Cidade, que em outra
qualquer, na3 sendo a Bahia, cau-
sariaõ necessariamente alvoroço
,
por effeito das diflferentes paixueiSj
mmm Li>Mi iiaunii

í)o Brazil. Lrv/xiX- 6Í

qtie de tropel se combalem e de-


eeiivolvem íia presença de taõ ex*
traordinarios acontecimentos.
Foi nesta crise que o Gover-
nador da Bahia disse a um dos mais
ricos negociantes desta praça : '* Eu
sei , Senhor que vós attendeis
,

liiais que ao Com-


a politicas do
mercio; porém tomai cuidado, por-
que a vossa vida depende de mim/*
O negociante respondeu-lhe éntaÕ:
'*
Governador, a minha resolução
ha muito tempo, que está além do
alcanòe de vossas ameaças: eu na-
da hei feito contra o Governo; po-
rém se vós haveis escolhido a mi-
nha cabeça, para dar uma prova
da vossa coragem eu estou prom- ,

pto um pouco mais cedo , ou mais


:

tarde , sei que heide morrer ; e em


politica o assassínio è coisa mui fo/"
''
cil. i1
Quando porém voltou para sua
casa, achou-a já cheia de amigos,
promptos a provar-lhe a que ponto
estavaõ excitadas as suas paixões.
E' todavia digno de reflectir-se que
«IMIII
t^

S% H r s T o n i À
semelhante homem efa demasiada
rico, para olhar uma tal revolução
<

como fonte de riqueza e prosperi-


dade, assim como taõbem dema--
fiiadovelho, para julgar que elia
poderia servir lhe de degráo á sua
ambição.
No entanto o Governador ia
mandando tropas por mar , e por
terra, expedindo 2 Regimentos de
cavallaria na direcção de Pernam-
buco, e outra tanta infanteria para
Sergipe , Província intermediaria
entre a Bahia e Pernambuco , e
aonde o espirito da revolta se ha-
via propagado.
Um frade Tratou-se depoís de preces-
*

eomoEmis-
q frade ; e em quanto ao OíB^
g^j,
sano dos r^i \ x- >

Pemambu- ^^^^ Xjeneral , como tinha acuado


i i

eanospara meios , para se refugiar em um


a Bahia, é Convento, se nad atreverão a tira-
fu2Ílado.
lo dalti. Foi por tanto condem nado
o frade a pena ultima , emui breve-
mente exc atado. Entbusiasta com
tudo este infame cooperador dos
revoltadas naô deixou de íuostrar
naquella horrorosa situação que ti-
DO Srazil. Liv. XIX. 83
nlia constância e firmeza de cara*
der. Compassos (['intrepidez mar-
chou para o lugar da execução ,
cercado por uma deputação da Ba-
hia ; e entaõ consta que conversa-
ra com cada um dos membros da
mesma deputação com grande san-
gue frio; e por fim disse: 'Vo meu
sangue vai ser derramado pela li-
berdade; porque -naõ ó elle o ulti-
mo? ^^
Teve muitas conversações
semelhantes ; e logo que vio era
chegada a hora , em que devia mor-
rer, impávido se appresentou diaa-
te dos soldados j que o deviaõ fu-
zilar.
Em quanto ás causas proxi- Referem*
mas, e remotas da conjuração de se algumas
Pernambuco haviaõ naquelle tem- ^^^^^^^^^Í
bre as cau«
po mui diversas òpiniôefe como é
,
sas desta
regular e ordinário em todas as épo- revolta.
cas, onde lavra o incêndio revolu-
cionário; e por isso diziaõ uns que
o descontentamento do Brasil , a
que muitos attribuiaô as causas re-
motas daqueila r<»voIuçaõ, naõ era
verídico; pois t^õ longe estava o

w
./J^^ss^r^-^aasSi'
IIHM

64 H r í t ò n X Â
Governo de S. M. F. ^ alli resideft^^
te, de descontentar os Brasileiros
que bem pelo contrario se divisava
antes um não sei que deinclinaçao
e tendência muito superior para os
mesmos, por cujo motivo não po^
dião ser estas as causas remotas de
semelhantes procedimentos tâo cri-
minosos £^ todos os respeitos, como
cheios da mais detestável: ingrati-
dão. Outros porém insistiâo que na
realidade a forma do Goverrio das
i^apitanias era o facho mais poten*
te a atear o fogo da discórdia, e
por conseguinte a exacerbar osani--
mos de todos os habitantes daque^
le vikstissimò Emispberio y para que,
indispostos assim contra quem os
flagelava, houvessem de lembrar»-
se, e mesmo deitar mão de medi-
das violentas , e oppostas á subor-^
dinaçâo, e obediência , que devião
consagrar á Augusta e Real Pes-
soa de S. M. F. , e seu ligitimo
Governo.
Fossem porém quaes fossem â«
caudas primordiaes ^ que fizerao nas;
.-JflS

too BáA^ii;. Liv: ifáx. BS

éér, e diffundir seínelhanté espiri-


to pelo terHtorio do Brasil > o que
certo e de facto, é qiie pot nioti--
Vos (supposto que rlão justificados)
rompêi!-a a explosão i*evolucionaria
em Pernambuco, que então se de-
via abranger Paraíba e Rio Gran- ,

de do Norte sendo a sua causa


,

próxima a que acima kavemos men*


cionado.
Manifestou- se porem logo na- Govern*
quelles exaltados enthusiastas o povisono
que em |odos os tempos ordinária- ^^jj^^^c^ ^
mente acontece* Estabelecerão el- seusabUi^os^
les um Governo Ji^rovisorío ^ mas &g,
cheio de tantos abusos na publica
administração de todos os negócios^
assim de justiça, como de Finan^
ças militares
, &c, , que j pelo
,

mal que seconduzião, não podia


deixar de cahir por si mesmo a pe*
daços. E até o Governo da Bahia i
(depois de o haver examinado com
aquella prudência e politica , que
em taes circunstancias cumpria a
suas medidas) em mui breve tempo
esperaria ver desabar aquelle edi^
Tomo x. G
m H J s ^ o. R í JÍ

ficio, que só a mais rematada ããn„


loucuras humanas podia imaginar
susceptível de duração.
Como é possível que, ainda
concedido a^uelle desconténíamen-
to dos Pernambucanos, segundo a
opinião dos que o faziáo graçar por
todo o Brasil, como é possivel que
haja um povo, qualquer que elle
seja, que ^oste de homens, que,
. pondo a mascara de Regeneiado-
jes, depois de o haver assim illu-
dido lazendo-ihe mil promessas,
,

não ^ó lhe não sati&faz aellas, mas


até pelo contrario cuidão somente
de si mesmos ; e ( quaes famintos
lobos) tractão unicamente de dar
pasto á sua execravel avidez, e a
toda a casta de paixões desorde-
nadas?
Fiííelida- Neste mesmo tempo, em que
de do Povo
rompeu a reprovadíssima conspira-
do Kk) de i>
lernambucana i I

i..r.^,r.. ^'ào , se observou


na Corte doliio de Janeiro a maior
lealdade de seus habitantes, e ad-
hesao ao legitimo Governo de S,
M. Fidelíssima; pois que muitos
aèlles ( para mostrarem o quanto
lhes eraabominável tão atroz pro-
cedimento, como aquelle que aca-
bavâo de p a ticar os moradores de
Pernambuco ) forao á presença de
,

S. M. para lhe offerecerem suas


j

pessoas, como vassaílos fieis, e ina-


baláveis da obediência, qiie sub-
missos lhe consagraváo; assim co*
mo da mesma sorte para lhe faze-
rem ofTerecimento ingénuo de seus
bens que de i«ui boa vontade,
,

diziâo os mesmos, os consumiríâo


todos em proveito da causa de seu
Rei o Senhor D. João f^I\ a quem^

elles desejavâo ardentissimamente


ver collocado sempre em seu thro-
no sem a mais pequena alteração
ou mudança, como taõbem goian^
do em toda a plena tranquillidadé
í^quelles direitos^ que laõ legiti^
iBamente herdara de seus Augus-
tos Predecessores. Que no Rio de
Janeiro se naõ fomentava o lume
da rebelião, como falsamente, se
havia espalhado por vozes amotina-
doras, e inimigas da ordem e do ,
M
/ $n H I jf t <y n i M
público socego; pois ao contrario
veria S. M. , o Brasil todo, e ve«
ria o mundo que o povb do Rio de
Janeiro , sendo tanto necessário,
se havia de prestar intrépido e cons-
tante a derramar seu sangue pela
defeza de seu presadissimo e Ao- ,

gusto Monarcha, pela da ReíigiaS


de seus maiores, e em fim de sua
Lusitana Monarchia, ede sua Pá-
tria.
Assim fallavaõ os habitantes
do Rio de Janeiro, patenteando a
S. M os sinceros desejos, e valor ^
de que se achavaõ animados para
fazerem com que os legitimos e
inauferiveis direitos, inherentes á
sua Real Coroa jamais podessem
Yacillar naquella Corte , aonde re-
sidiaô ainda varões illustres e ver-
dadeiramente Porluguezes , quô
Vé longe de toda a dúvida iriad, se
preciso fosse, assignalar seus no-
mes e sua memoria na defeza de
seu Rei e sua Pátria. Quanto naõ
fé differeníe esta da Pernambucana

linguagem, que (em vez de ^®r


. - jiL^.^ ^giuiJ i -i^kJm

DO BrAZIL. LiV. XIX. Si

empregada a implorar , segundo


lhes aconselharão , o perdão da-
quelíe rompimento) bem pelo con-
trario sérvio só para manejar infa-
memente atrevidas invectivas con-
tra a Pessoa do mesmo Soberano,
que acaba vão de espoliar de seus
Régios direitos sobre aquelle terri-
tório,
A ignorância politica daquel- .^^brea
Reílexoet

le novo de Pernambuco enthusias-


,

j ru j u Ignorância.
ta de uberdade, sei^ saber o que etemerida-
-^ 3

ella é na sua essência, acompanha- dedos Per-


da de suggest^es dos perversos fau- nambuca*
tores de sua inorganizada .conspira- J^^^*
ção fazia que até a mais obscura
gentalha vociferasse pelas ruas pu-
blicas soltando a esmo as lisongei^
,

ras palavras == liberdade^ e igual-


dade ^= como se nisto estivera a
consolidação de um novo Governo
para quepassavão derrepente , sem
mais se lembrarem das funestas
consequências, que lhes acarreta^
Ya sobre suas vidas, e fazenda uma
tão louca temeridade , como a de
projectarem taejs pianos , quando
^90 H I S T o E. 1 A
se nao achavâo constituidos na op"^
portonidade de poderem arrostar
com um bloqueio, que forçosamen-
te se lhes faria, ô que bem clara
lhes mostrara depois a experiência
^
vendo se rodeados por terra e mar
de tropas, que deviao submette-
los 5 e vingar assim a injuria, co-
iTiettida contra seu legitimo Sobe-
rano.
O casti^>^o pois, sendo eviden-
te na presença da mais fugitiva
reflecção , os devera (ao menos)
afastar de perpetrarem seus crimi-
nosos attentados ,'já que o amor, e
lealdade, devida a tao bom Rei,
os não podia conter dentro do cir-
culo de seus devereis.
Não acontece porém assim: os
originários motores de semelhantes
li
concussões politicas jamais se es-
quecem de si de suas familias , &c.
mas porque lhes é forçoso o embair
o povo, eimpôrrlhe de mui extraor-
dinária impavidez , elles assim o
prac tição , e lhe solíão vozes do
msLiB exaltado enthugiasmo; dizen-^

mfm
.áiiA

DO IBraXIL. LíV; XIX. 9Í

do-lhe, V. ç. ^(le éíles ficarão mais


facilrrieritè siibiEergidos debaixo
das ruínas do Edifício, que ientão
levantar, do que desisíao da come-
çada entiprêza inabalabilidades ,
:

fifiiiezas, e ouíras palavras de se-


melhante estofo s|lo as armas, de
que ignominiosamente se servem
estes malvados para Judificarem o
miserável povo que, prompto a
,

seguir Ó que na sua imag-inação su-


perficialmente se lhe figura accom-
modado a seus interesses, por ef-
feilo das maquinações daqúelles,
rompe nos mai^ horríveis delietos
que todavia se tornao congruentes
e idóneos áos fins dos niesmos per-
versos e iníquuos líiotores.
Desta sorte vao elles progre-
dindo segundo as circunstancias os
protegem ; porque do contrario cni-
dão logo ém pôr a salvo suas pes-
soas , parentes e amigos , &cc. JE
se acaso por intíideátefiíjâío sacri-
ficados, oa é porque apezar das
inaiores, e mais pensadas medidas
se ili^íè tornou imprevisto 5 ou tão-
t^

%% H I S T o R I A
bem por sua ignorância , como de
ordinário ressumbra, ese patentéa
mesmo na classe destes pseudo-re-
generadores da raça humana, que,
sendo quasi sempre uma cáfila de
frandunos, e piratas da titubante
náo do Estado, se fazem embaido-
res do triste povo, aquém roubâío,
illudindo-o com promessas de mui
grandes venturas e prosperidade,
que elles ^sejão apenas para si ^
e para os seus.
A experiência de séculos o ha
mostrado, e mostrará sempre, em
quanto existirem homens.
íllusoese Fhilantropos , isto é, amado-
tiamas,que
^^^ ^ ami^os dos humanos se pro-
inventares clamao aquelles fanfarrões em mui
chamados altas vozes. Nada ha entre elles,
Eeformado- questaõ nenhuma se suscita que
,
lesdeGo- y^,^^ venha
iosfo o amor e a amizade
vèrno,
dos seus semelhantes, em favor de
quem daraô a própria vida, mas,
acabada sua arenga, ou questaõ
naõse dá um passo único a pró e uti-
lidade daqueJles humanos , de quem
^e diziaõ taõ extr^mado^ amigos!]

mm
.JA'M,. J,r^-U.ill!UJS

bo Brazil. Liv. XIX. 93

Desta qualidade pois de refor-


madores se compunha a sociedade
dos rebeldes Pernambucanos , que
por isso alguns tem pago com a vi-
da, e outros (por mal olhados) fi-
carão sujeitos a milhares de encomo-
dos, segundo é regular de aconte-
cer em catastrophes semelhantes.
Sendo por tanto assim que a
revolução de Pernambuco de ne-
jihuma sorte podia ir avante , por
se verificar nella (além do incon-
trastavel e manifesto roubo á legi-
timidade e Realeza do Summo Im-
perante do Reino unido de Portu-
gal, Brasil, e Algarves) o mesmo
complexo de circunstancias, quaes
as de que havemos fallado acima
igual caracter , e comportamento
dos miseráveis conspiradores, que
só tinhão em vista o enriquecer-se
á custa dos sacrificios de muitos
dos honrados e bem intencionados
,

Pernambucanos, fazendo celebre o


incêndio de sua revolução da mes-
ma sorte que antiga^mente se fizera
O do templo de Diana j cujos au-
t^

94 H j S T O R r A
íhares sc^podiao fâzer se conhecidos
peia execração de seus delidos,
j)áo era possível que semelhantes
scelerados , perturbando o socego
desta cidade, e consiituiildb^a
por
seus horrorosos crimes na njais de-
plorável desi^^raça , se vanglorias-
sem de sua impundade , e seú tri^
uuipho. A fora âá i^rovidencias pois
que na Bahia d^rmproviso se to^
inárào, logo que eto Portugal rom-
peu a noticia, os Governadores
deste Continente primeiro que tu-
do fizerao publicar
por uma Porta-
ria o petitório , que faziao aos ne-
gociantes do Reino de uma contri-
buição , para bloquear Pernambu-
CO, fazendo lhes ver as tristes cir-
ií.^
cunstancias, em que o Estado se
achava por falta de numerário no
thesouro publico ,e ao menino tem-
po a grande congruência que tinha
esta Hiedida com a representação
que o Corpo doCommercio lhes ha-
via feito, mostrando a indispensá-
vel necessidade de repdllir com a
maior eii erg ia j eprompLidáo acj[ueli
DO BrAZIL. LlV. XIX. 95

le horroroso e execrando atlentado,


'que devera desvanecer-se em bre-
ye tempo &c.
, ^
Expedição
Em consequência por tanto
destas providentes medidas se en p^^j,,,n,ba-
viou a expedição para o bloqueio y ^^^ ^ seus

cujo chefe a bordo da fragata Pe- effitos.

roJa escreveu uma bem organizada


e conveniente proclamação qne,

faz sentir aos Pernambucanos assas


vivamente a illusão, porque se dei-
xarão abysmarn'um pélago de hor-
rores, em que a traição e a perfí-
dia contra o melhor dos Reis, e o
Pai mais benéfico de seus vassallos
os haviao precipitado, &c.
Não tardou muito tempo que
nao visííem os Pernambucanos rea-*

lizadas estas verdades ; pois haven-^


do as tropas , que marchár^ao da
Bahia, dado batalha aos rebeldes,
derrotando-os inteiramente, nas vi-r
sinhanças de Pernambuco ; ao mes-
mo tempo que da esquadra do blo-
queio desembarcou alguma gente,
que, combinada eoin a de terra,
tomarão ppsse da cidade aos 21 da
mmm mmm

H H I S T o H I A
Maio do mesmo anão, havçndo tido
o Governo Provisório 73 dias de
sua
duração. Os cabeças dos insurgen-
les, depois de derrotados,
fugirão
jíara o interior com coisa
de 200 *
ou 300 sequazes.
Não era (sem diívida) de es-
perar outro fim a uma irisurreiçSo,
que, supposto tivesse elementos
antigos , fui obra do momento
,
parto da inconsideração, e nunca
sustentada por um plano combina*
tio; pois tudo mostra não
só preci-
pitação, erro^, e injustiça dos ca-
beças, mas a sua absoluta ignoran*
cia em matérias de Governo,
ad-*
iiiinistraçaõ , e maneiras de con-
duzir os negócios piíblicos: em uma
palavra naõ mostrarão outra quali-
dade recommendavel, se naõ a de
alguma energia, que regularmen-
te se desenvolve em casos de revo-
luções; porém que era filha do es-
touvado e imprudente enthusiasmo
das phantasias esturradas daquelles
regeneratorios embaidores.
JEísttí acontecimento porem de^
'\

BO BrAZIL. LiV. XIX. ^T


*ía produzir todavia um benéfico
effeito; e era o demonstrar ao povo
do Brasil, que as reformas de Gover-
no se naõ devem procurar nunca por
meios injustos, quaes os da opposi-
çaõ de força ao Governo legitimo,
cujos resultados seraõ sempre a de-
testável eflusão de sangue, verti-
do barbaramente entre irmãos na«
cionaes, cuja barbari(;iade , tornan-
do-se justa da parte do Governo
attraiçoado , fica em tal caso devi-
da somente á perfídia e iniquidade
dos authores de semelhantes refor-
nias.
Os em Pernambu- Mostra- se
demaírogfos
o quanto se
CO esperavaõ, e tentarão persuadir enganarão
a seus ignorantes sequazes que, os depia-
deviaô ter toda a esperança de se gogos de
lhes enviarem soccorros de Poten- Pernambu-
co nas es-
cias Estrangeiras. Assim se illu-
peranças
diaõ, ou (para o dizer melhor) in- de soccorros
tentavaô illudir aquelles miserá- Estranhei"-
veis, que os accreditavaô, e que TOS.

naô eraõ capazes de conhecer os


desmesurados absurdos, em que la-
boravaõ, persuadindo-se 1/ de que

i
wmm

S8 H I S T o R í Â^

as revoluções são o meio eíBcaz dê


melhorar uma nação; e 2/ de qiié
haveria nação, que estultamente
se intromettesse nas disputas civis
de outra , a menos que não fosse
para o fim de peiorar ^ e nunca pa-
ra defender ^ conservar ^ e fazesf
progredir o imaginado seu melhora-
mento; tirando da maneira, qué
mais proficuamente se proporcio*
nasse todas e quaesquer utili(!a-
5

des, suscepliveis a tirar-se de am-


bos os partidos disputantes.
Se a historia nao estivesse cheia
defacíos, que comprovão esta vef-*
dade bastaria o bem notório é.xem-
pio do que practicárão os France-
ses durante a sua revolução. Em
todos os paizes, aonde as suas ar-
mas furão recebidas , com esperan-
ças de introduzirem melhoraoientos
ílo Governo, fizerão elles o mais
eseandaíoso e indizível abuso da
boa fé ejgríorancia daquelles, que
a^sim os receberão. A Itália espe-
cialmente e a tlollanda são ainí-
,

4a hoje , e eternamente serão d^


to ÍJrazil. Lív. xíx, 09

horrorosa prova desta verdade his-


tórica. ;

No caso porém de Pernambu-


co aconteceu que <1 Inglaterra pro-
hil>io logo a exportação de arma-
mentos; e íiié que se enviassem
cartas para Pernambuco. Os Esta-
dos Unidos proiíinígárao uma lei
para o mesmo fim, ^m virtude de
uma representação do JMinistro Por-*
tuguez em Washington, para pro-*
mover aqueila medida. *-

Mas para se mostrar o qnanío


aqueDes (íesgraçados entiiusíastas
sehaviao illudido, snfficiente seria
reílectir-se^ qfie suppondo nao se
haverem estas -nações conduzido
assim 5 e que por conseguinte per-
mittiào se mandassem petrechos de
guerra aos insurgenips, só podia
(quando muito) concorrer isso pa-
ra a continuação da guerra civd,
e esses estrcíngeiros tirarem um
partido, que Jhes seria sempre fa-
vorável, yendeiidoa!!! as suas mer-
cadoTia»-, seio que jamais se era-
purtassem com o êxito dos vence-

TÍ-râ^ii .jA .»
dores ou dos. vencidos ; é éÉiêí
,

mesma ha visto em pra-


politica se
otica para com as Colónias
.
Hespa-
nholas, donde (peb menos) os Bra-
sileiros, como estando mais
proxi-
mos, parece que deverão tomar o
exemplo, e niío esperarem outros
rezultados, por nfio terem motivo
algum, que os podesse exceptuar
daquella marcha tão generalizada
em politica.
Cahio com effeito aquefle edi-
fício,porém desabando emruinas,
que (sem contradicçâo) devião tor»
nar-se mui sensíveis aos nacionaes
pois tinháo de pagar mais tributos,
para resarcir as despezas , necessa-
riamente incurridas, para suppri-
mir a insurreição; e estas despezas
forçosamente devião ser mui coa-
sideraveis, assim no tempo da sup-
pressão, como em suas consequea-
cias.
A' vista pois de tão funestas,
como oppressivas circunstancias , .

em que se via celiocado o povo de


Pernambuco, se pode bem dedw-

'.-'
l^-X>-.

«I
..,'
ir^-'fi'^*Tr^

00 Brazil~ Liv. xíx. 101


cir que aquelle mesmo povo deve
tirar deste acontecimento uma ii-
^3o útil, para conhecí.r que as re-
voluções jamais podem fazer o me-
lhoramento da nação. Da parte po-
rém do Governo está o mostrai*
sempre um ardentíssimo desejo de
melhoramentos progressivos, cosii
o que, ainda que nem sempre se
realizem por effeito de occurrentea
circunstancias , ao menos se con-
serva tranquilla a massa geral do
povo 5 e os homens bons e espiri-
tuosos da nação vivem todavia ani^
mados pelas esperanças de mais
prósperos futuros. Nem basta di^
2er se que o Governo tem forçaâ
bastantes esuíBciente energia, co-
mo ( sem duvida ) se mostrou nas^
ta occasiao j para siibmetter e cas-
tigar as rebeliões ; porque estas
são sempre um mal muito conside-^
ravel , ainda sendo supprimidas;
pois foi sempre um incohtrastaveí
principio dos melhores philosophos
jurisconsultos criminalistas , que
devia qualquer Summo Imperaa*
TOM0 X. H
^'^ mm

102 H í S T O R r Á
rante tractar antes de evitat os
crimes, por meio de suas previden-
tes e sabias leis, que de se occu*
par somente em punir os delinquen-
tes ; e por isso o meio acima indi-
cado, posto em practica, fará que
o Brasil nos offerêça um delicioso
evâsto espaço, por onde marche a
tíontinuação de sua historia , cheia
sempre de profícuos nielhoramen*
tos, e iião interrumpidn prosperi-
dade.
Ayizodò poi por este tempo que o Con-
fConde da j^ i„ r> n/y- • / 1^
Barca. Mi^
"^ "^ Harca Ministro Secretario
nistroêsá de Estado passou um Avizo sobre
cretaríod' O Commercio da escravatura para
Estado, so- Luiz Jo^e de
Carvalho e Mello,
re ocoiii'
ç^^ q^^^ jj^^ participa a necessida-
niercio da
escravatu- de de acautellar, e precaver as si-
ra. muladas violações do tractado de
22 de Janeiro pelo qual houve S,
IVÍ. por bem o prohibir aos seus
vassallos o commercio da escrava-
tura em todos os portos da costa
cr Africa ao norte do Equador, e
em algims ao Sul desta linha, aon-
d© a Coroa do Reino Unido nãa

'U
bo Braztl. Lrv. xix. lô$
lem domiilio on direito; e que por
isso devia prohibir-se que os navios
Hespanhoes se araiassein nos por-^
tos deste Reino para iren) fazer o
tráfico de escravos naquelles pof-
tos da costa d' Africa. Em virtiulâ
pois de tudo isto éra S. M.servi.*
'

do ordenar, que três mezes depois


da data daquelle Avizo se deviai
entender já feita a mencioíiada pro^
hibição, &c.
Era por esta èpocá qde os me- Pro^fessds
melhd-
Ihorameritos dó Brâsii proçrediào "^
com muita prosperidade, e provei- ^TdsU nòr
to para os habitantes d'aquell8 vas- meio d^
tissimo terreno. Então se vião reà- Cartas íi«*

lizados na parte, que a possibili- ^^^^*


dade permittia , os desejos de S.
Bi., e muito especialmente rioart.
estradas, que tão úteis são sempre
para facilitarem o transito neces^
sario daquelles povos j a fim de se
lhes tornarem com modas ãs com-
municações , de que precizfio pa-^,

ra que se promova (mais que tudo)


o seu Commercio, pehis compu-
tações de seus géneros i utilizando^
Mi

1o4 H I á T O R r Á
ne ao mesmo tempo da civilização^'
que semelhantes concurrencias pro-
duzem em toda a parte, aonde se
cornmercêa.
Trabalhos Movido pois destes aolidissi-

nad^rda'
^^s princípios , e penetrado dos
Capitania Sentimentos patrióticos, que o di*
do Espirito rigiao, trabalhou o Governador da
^aiito. Capitania do Espirito Saneio Fran-
cisco Alberto Rubim, e fez totios
os possíveis esforços para ver se
abria uma estrada, que fizesse a
communicação daquella Capitania
com a de Minas Geraes^ e de facto
se via já por este tempo (em con-
«equencia de seus desvelos) aber^
ta uma estrada com mais de 22 le-
goas de distancia, desde o ultimo
morador do Rio de Saneia Maria ,
até perto da margem do Rio Par-
do, e nella estabelecidos comas
competentes guarnições os Quar-
téis de JS;'ay«??^Yjf Pinhel Serpa ^
, y

Ourem , Bareellos , Filia Fiçosa ,


'^ionforle, e Souzel ; em distancia
de 'ò em 3 legoas , para guarda,
segurança , e' commcdidade dos
DO BraZIL. LlV. XIX. lol

viajantes, e para facilidade à^s re-


ciprocas coniQiunicações coiiamer*
ciaes.
Observava-se pois que S\ M. Appíaudes
tinha nisto o maior interesse , por ^^^j^j^^.^^"
cujo motiva louvou muito as fadi- ^^elleGo.
gas deste honrado e enérgico Go- remador
vernador, applaudindo os prós pe- por meio da
ros efleitos de sua actividade, fa- |;^^^. ^f^^
zendo-lhe ver todavia o quanto ^

convinha se empenhasse eíle na


conclusão da mesma estrada até
se encontrar alguma já aberta, e
transi tavel em a Capitania de Mi-
nas Geraes"^ e bem assim que se
houvesse de emprehender a aber-
tura de muitas, outras diíFerentes
estradas por todo o vasto Sertão,.
que separa as duas Capitanias, a
fim de que possa vir a ser reduzi-
da a cultura: approveitando-se no
mesmo tempo as riquezas , que nel-
le constava que havia, e ale alli
€6 achavão fora da alcance de seus
vassallos, pelos perigos, a que s@
veriíjLO expostos, sendo acoiumetti-
dos pela feroz e barbara raça do^
i^MÉm
ti
mmÊm mm MM

106 H T o R I A
índios Botcçudos , uma vez que
líáo achassem por toda a parte a
sua Real Prolecção, e defeza, co-
mo aconteceu aos pri-meiros, que
lavrarão íís Minas do Castello, e
^s cabeceiras do Rio Itopamerim^
pertencentes a essa Capitania^ e
que fôrão obrigados a abandonar as
& Povoações 5 que aJJi havia , para
em proximidade da costa e sobre
mesjiiO Itapamerim se estabele-
cerem COO) maior segurança.
Meios de p^j. qnaiifo
era certo o haver*.
l^e ^^'^^^strado a experiência que um
çiwl/s^cao,
ç pacifica-* ^^s rnelhores meios de se conseguir
çao dos In- a paciíicpçâo, ç civiiisaçSo desta
^
diqs, &,c« e de outras barbaras raças de In-^
dios consistia em se fazrrem Iran^
siíaveis por muitas edifferentes es-?
iradas os extensos bosques , em
que se acbavao abrigados ^ a fim
dp que por Ioda a parte houves-
sem de encontrar os aítractivos da
civilisaçao , sendo convidados com
brandura ao reconhecimento e su-
jeição ássiias leis; assim corno tao-».
bem deveriôo ser proarpíameiUe
©o BraZIL. LiV. XIX. lOT
castigados os ^\e commettessem
hostilidades e por essa razão era
:

o mesmo Senhor servido ordenar


que se promovesse com a maioc
iclividade a communicaçSo desta
Capitania com a de Minas Geraes
for muitas e diflerentes estradas^
Untas quantas se julgassem con-
venientes , sendo feita a despeza
da sua construcçao pela Junta da
Real Fazenda de cada uma da5
Capitanias na parte, que houvesse
de ficar dentro dos seus limites^
regulados pelo^ Auto de demarca-
ção celebrado aos 8 deOutdoro d^
Í800 ; em que se tomou por limite
alinha Norte-^Sul, tirada pelo pon-
to mais elevada de um Espigão^
que se acha entre os Rios Guandu
e Mainassu na sua entrada ema
BiO'Dâce^ ficando por consequên-
cia pertencendo a jurisdicçao do
Governo da Capitania de Mina»
Geraes o terreno, que se achasse
ao Oeste desta linha , e ao Go ver-
no da Capitania do Espirito Santa
O que ficasse a Leste da mesma
/^^ mÊBm

108 H I 5 T o R I A
linha e outro sim que pelo limite
2

cias duas Capitanias se tratasse de


abrir uma estrada ; e que em dis-
tancia de 3 em a legoas , ou , co-
mo se reconhecesse mais conveai-
eiite, se abrissem outras, que atra-
vessando as que servem de com^
niunicação entre as duas Capita-
nias , tornassem todo aquelle Ser-^
íào transitave], para nelle se esta-
belecerem com comraodidade e se-
gurança os que obtivessem Sesma-
riasou Datas mineraes: Que aa
estradas fossem continuadas pelas
pesiíoas , encarregadas da sua aber-

tura até se encontrar alguma Po-


voacíTo , ou Estrada já aberta , aia^.
da que passassem alem do limite
da Capitania i devendo porém dar-
ae parte ao Governador respectivo,
logo que se chegasse ao dito limi-
te, pnva sua intelligejicia e para ,

^er ()ore]le competentemente auxi-


liado ^ levantando-se quartéis guar-
n^cirios por tropa darespectiva Ca-
pitania , deverido-se*]fae seguir a
íitceiisariíi providencia dos ranchoa
DO BraZIT.. LiV. XIX. 10^
nos sitios convenientes; e correndo
tudo por conta da Junta da Fazen-
dl?, em quanto á despeza, (jue se
fizesse com a mesma estrada , na
parte, que pertencesse aodibtricto
da sua jurisdicçao.
Observa*
Que se houvessem de exami-
nar todos os Rios, que podessem ^^^ ^.^^''^[f^
dar passagem a Canoas, e Barcas, f^rentes
removendo se com o maior cuidado rios, para
e diligencia as dificuldades, que retornarem
«^^egavt^,
se encontrassem ,
por ser este o
meio mais com modo e fscil para os
trasportes de géneros de Ccnimer-
cio, e industria de seus vassallos
Que por tempo de JO anno« conta-
dos da data de sua Carta Regia
fossem izentos de quaesquer direi-
tos os géneros que se transportas-
sem daqueila Capitania para a d©
Minas Geraes pelas estradas, que
ge abrissem, ou pelos Rios, que
se achassem navegáveis no vasto
Sertão, que separava as duas Ca-
pitanias até á quelle tempo, ficaár-
do taes géneros unicamente sujei-
tos ao pagamento dos direitos , que
MMi
110 HlSTORtA
«earrecadavSopela sua entrada nas
Alfandegas de beira-mar Que pe»
:

lo mesmo tempo fossem izentos do


pagamento cio dizimo todos e quaes-^
quer géneros ãè cultura, que s©
promovesse no Sertão daquella Ca-
pitania, sendo como tal considera-
do o terreno, que naquelíe mesma
tempo se nâo achasse cultivado ^
ou concedido por sesmarias ; de-
vendo ser registadas na Contadoria
da Junta da Fazenda da mesma
Gapitanía, e em livros só para es-^
ge fim destinadt)S, todas as conces-
sões de Sesmarias, feitas em cob^
formidade áe saas Reaes ordens,
para que seus donos podessem go-»
ZdLt desta izençao, e para que se
conhecesse quaes erão os terrenos ^
]ivres do pagamento do dizimo, e
quaes os que o devessem satisfazer
pela sua cultura: Que se promo-
vesse a kvra do oiro das Minas do
Castello, e outros terrenos, que a
contivelssem , sendo distribuidosi
por cartas de datas na forma do
Kegimeato das Minas de 19 ds
DO BrAZIL. LiV* XIX, 111
Abril de 1702, das Leis, e Alva*
rás de 13 de Maio de 1803 e fa-
,

2enclo-se a extracç5o do oiro eona


ascaule!!as, ordenadas no§. 8/ do
ipesmo Ari. , para que os entulhos
das terras, que se houvessem á9
lavrar 5 não inutilizassem as que
para o futuro se lavrassem Que
:

se houvessem de nomear os Guar-


dasJVlóres, que fossem necessários
para os ditferentes districlos Mine-
raes, compelindo a proposta dellea
ao Ouvidor da Capitania que de-^
veria servir de Superintendente das
Terras e Aguas Aíineraes, e sen-
do o seu TiTulo passado pela Junta
da Fazenda dessa Capiíania: Que
as Carias de Datas Mineraes, que
se houvessem de conceder acs que
por informação do Superintenden-
te se achassem nas circunslanciag
de r 8 obterem , seriao passadas to-
das pela Junta, e registadas na
sua Contadoria em Livros a esse
fim tãosómente destinados, sem o
que níío .deveriâo ser lidas por le*
gaes , e vahoáas j declarando- se
mmmÊÊÊÊÊmm

112 História
nas mesmas cartas o numero ãé
pessoas , empregadas na minera-
ção a fim de que em cada anno se
podesse fazer alguma idéa do re-
sultado destes trabalhos, e se ha-
via, ou nao, extravio do oiro em
pó, a que se deveria. accorrer com
as providencias , que parecessem
convenientes: Que todo ooiro, que
te exirahisse , fosse conduzido á
Junta da Fazenda com Guia, paa-
sada pelo Commandante do distri-
cto, ou pelo Guarda Mór para
,

serprompíamentepajío quem oap-


prezentasse a razão de 1/200 réis
por oitava, depois de limpo de im-
purezas, ou segundo o valor do seu
quilate, reconhecido por toque,
depois de deduzido o quinto, que
era devido a eile Soberano, sem
que fosse permitlido a pessoa al-
guma o receber em. paga menir» oi-
ro^m |:>ó, extravia-lo, ou vende-
is; pois que a compra de todo o
oiro e^i pó, que se extrahisse , de-
via sei- privativa de sua Real Fa-
zenda, incorrendo nas penas, que
DO BrazU. Liv. Xíx. lli
«e achao esiabelecid.cs a tal respei-

to 5
que o contrario lizessem :
os
Que no !im de cada anno fizessem
?ubir áSua Heal Prezença pela Se-
cretaria d'Es1ado dos Negócios do
Reino e pelo Real Erário uma
5

circunstanciada conta do resultado


destas Provincias , declarando nei-
k o numero, e extençao de estra-
das que se houvessem feito ; a
,

despeza de sua Real Fazenda em


sua construcção, e dos Quartéis >
e ranchos , que se tivessem levan-
tado, o numero de Sesmarias, e
Datas Mineraes ,
que houvessem
sido concedidas ; a quantidade do
oiro em pó, que se tivesse mani-
festado ^ e fosse pago pela Junta
da Fazenda ; o numero das pes-
soas , empregadas na cultura, e
minerac^ào de todo este terreno ;
quaes fòrao os Rios, que se acha-
rSo navegáveis, e as diligencias^
que se fizerao , para vencer as di-
ficuldades, que alguns delles ofle-
Tecessem; o numero dos índios,
que ge tivessem domesticado j as
^^mÊmmmmmmimm

114 Historia
Povoações, que se formassem ; e
beíB assim tudo o mais que neces-
sário fosse, paraque com pleno co-
nhecimeiíto houvesse S. M. dedai^
as providencias ulteriores, que lhe
parecessem convenientes.
Reflecçâo Por estas e outras análogas
plausível
em elogio
providencias e medidas do nossa
ao Senhor Soberano o Senhor D. João Fl ,
D. João VI. . conspirando todas para o mesma
fim da inutua e reciproca felicida-
de de seus vassallós do Brasil, se
vê cada vez com maior evidencia
quaes erao os cordiaes sentimen-
tos, que o animavao sobre a pu-*
blica prosperidade de todos os seus
Estado^ ^ pois que, engrandecen-
do^se o Brasil , bem níanifeslo é
que o Continente de Portugal de-
via participar da influencia de suas
riquezas.
EaviatSa- Foi pois por meio daquella
bem S. M.
carta Regia , de que se acabou de
€>utra Carta
Begia ao fazer menção, que se dérao todas
Governador as providencias, e se toa)árão as
de Minas profícuas medidas para que o Go-
Crefaesj &c.
vernador da Capitania do Espirito

i
'^TifffíiSiii^wx^;

150 Brai^il. Ltv. XIX. líê

Santo pozesse em practica tudo


quanto dizia respeito ás estradas,
e mais obras publicas ^ tendentes
a fazerem communicavel a mesma
Capitania com a de Alinas Geraes
para cujo fim S. M. enviara tao-
bem outra Carta Regia ao actual
Covernador desta Capitania , na
tqual se conformava o mesmo Se-
,

nhor com o parecer deste eda Jun-


uta da Fazenda da referida Capi-
tania sobre a utilidade, ti necessi-
dade de muitas e diversas estradas
pelo Sertão, que separa a Capita-
nia de Minas Geraes daquella do
Espirito Santo ^ a fim de se virem
a pôr em cultura seus vastos ofer-
teis terrenos ; promovendo por es^
ta maneira a commodidade dos que
os transitassem, e a riqueza dos
povos, que alii se dessem aos tra-
balhos da agricultura e laVra de
oiro &c.
5

Por esta segunda Carta Regia ^^^^^^^í"^^"-

se corroborarão por tanto as medi- ^"^.^P^^"

<ías expendidas a respeito das


j>
jj^^s sobre
obras daquella mencionada Capita- aC\".pitaina
msÊS^mmmsimmÊÊÊÊÊ

ÍH H r Ê r o r t a
Santo-, tendo se ^
ll^^^f^^^^^
^"°*
^ ^- mais que tudo em
(além davista
conimunicaçiio e segurança doa
,

Sertanejos) o progresso da 'pacifi-


cação, e civiiisação dos índios: e
da mesma sorte taobem attenden-
tio muito á observação eexanxe ne-
cessário sobre os rios, para que se
approveitassem os que podessem
lornar-se navegáveis , díssipando-
se os obstáculos, que se houves*
sem de oppôr á passagem de Ca-*
noas, e Barcas, tendo-se sempre
em vista a preferencia, que devia
merecer um tal meio de communi-
cação pela facilidade de transpor-*
tes ! e assim recommendava S. M,
ludo quanto em taes circunstan-
cias era capaz de encaminhar-se á

felicidade de seus vassallos.
h

P
mM Mmà^^

117

L I FR O XX.

1817.

Bloqueio de Pernambuco peto


Chefe de Divisão José' Pe-^
reira Lobo.

^i^<f^^*^f^f»^f-ít^<t^J^0'r(f*j\M^é<^

F, or pór este tempo que Rodri-


go José Feríeira Lobo, Chefe de
Divisão da Armada Real ^ e Com-
mandante da Esquadra do Norte
proclamou aos habitantes da Capi-
tania de Pernambuco; fazeíido-lhe
ver a estranheiga , e mágoa de S.
M. em seus crimiíiosos attentados
xevolúcioriariosj e liiuito mais ad-
Tomo x. 1
-1- 1-^ imMmmÊiiÈmimmmÊ

118 II ! í T O R 1 A
mirando se de que aquella Provín-
cia, aonde tantos homens valoro*
cos, e honrados se illustrárão por
feitos gloriososna expulsão de um
inimigo poderoso, e restauração da
Coroa Portugueza^ fosse neste tem*
po o Theatro, onde indivíduos in-
dignos do nome Portuguez perpetra*
ião uma rebelliao atroz, ousando
(depois de excitarem a desordem
popular) derribar o Poder Repre*^
sentativo de S. BI. naexpulção do
Governador , que os regia , e eri»
gir um Governo faccioso.
E em summa forceja por lhes
fazer sentir, e conhecer adepíora*
vel situação, a que podem reduzir*
€e , proseguindo em seus desorde-
nados intentos ; pois que S. M. lhe
crdenára ofazer-lheselle o bloqueio
dos portos de Pernambuco pois :

!N que era do Decoro, e Dever de


S. M. empregar iodas as forças
possíveis para extirpar de todo o
terrivel germe da discórdia e guer-
ra civil; porém que o mesmo Se*
nhor esperava aiada v^r que seus
«0 tíràítl: tív: i^Ti li*

t)Olls vassallos daCapilania de Pèr-


nambuco lariâo da sua parte todos
Os esforços para evitar lâo excessi-
vas calamidades.
He célebre sém duvida, e di- Cérebré
petitório
gno portanto de raemorar se o pro- dos liabi-
cedimento do povo da Villa de Se- tantesde
rinhaeiu'^ pois que, dirigiado-se ao Serinhaem.
inencionado Chefe de Divisão ,
lhe diz : '^ nesta occasiao pede a
V. Ex/ o Povo da Villa áe Seri^
nhaem todo o soccorro, armamen-
to, e munição para o mesmo arr
niamento, e igualmente um Oíli-
cial hábil, e com alguma gente
sendo possivel, isto para defendei*
á Coroa do íiosso Soberano , visto
todos estarmos promptos para der-
ramar a ultima pinga de sangue
J>e!omesmo Soberano. O portador
desta pode, serldo da vontade de
S. Ex.% encaminhar até o lugar ^
aonde este desembarque deve sei*
feito que é na Barra do Rio For^
,

moso^ aonde acharáõ todo o Poro


dalli com os braços abertos, para
OS receber, assim como nós igual*
120 Historia
Jíiente no lugar do Rio Formoso^
aoiide DOS achamos promptos para
receber as Ordens de V. Ex.*,
dadas em Nome do mesmo Sobera-
no nós temos escolhido este lu£*ar
:

para aqui nos fazer-mos fortes, pa-


communica-
ra cortar-mos toda a
com as tro-
çao e correspondência
pas que tem marchado contra as
,

Alagoas que é um número muito


^

pequeno.
Esperamos de V. Ex/ nos de
todo o soccorrOj como pedimos , e
a serviço do mesmo Soberano. Deos
Guarde a V. Ex/, &c.
r /rada
do nosso
Em
quanto porém ao progres-
so das nossas armas victoriosas pe*
Exercito
em Monte- la entrada em Monte- Fideo ^ cons-
video, tou neste tempo que o Tenente
,f
General Carlos Frederico Lecor
Comraandante da Expedição des-
iN tinada a pacificar a margem orien-
tal do Rio da Praia sahira de Mal*
donado no dia 14 de Janeiro ; e
que, havendo-se posto em n^aicha
para Monte- Video com asforç.^.s do
geu comxnando, tendo combinado
DO BrAZIL. LlV. XX. 121

primeiramente os seus movimentos


com a flotillia, de que era Chefe
o Conde de Vianna, encontrou no
dia 19, a duas léguas e meia da
dita praça uma Deputação do Ca-
5

bido, a qual lhe appresentou uin


Officio desta Corporação. Neste Of-
ficio mandava o Cabido ofierecer
ao General Lecor as chaves da Ci-
dade communicando-lhe qíje assu-
,

mira o Governo delia, tendo fugi-


do precipitadamente para a outra
uiargem do Rio da Prata o Chefe
Barreiros delegado de Artigas,
;-

com a guarnição do seu comman-


do : instava pela prompta entrada
do seu Exercito, tanto para cohi-
bir os tumultos e discórdias intes-
tinas, que se iao suscitando, co-
mo para impedir, que não se exe-
cutassem as recommendaçôes de
Artigas á cerca da destruição da
Praça, e dos seus Estabelecimen-
tos. Em consequência desta com-
municação, que o Cabido havia
jií feito tãobem ao Conde de Vian-

na, o qual tinha apparecido á vista


iMiiilílililii m

122 Historia
do p0rto no dia 17, entrou o Ge-
neral Lecor em Monte- Fideo ^ com
as suas tropas, no dia 20 dej;inei-
ro, ás U horas da manhãa entre
os applausos e vivas dos habitan-
tes ; e immediatamente eJle mes-
mo foi em procissão acompanhado
do Cabido , e de todas as Corpo-^
rações da Cidade assistir ao Te
Deum em acção de graças, que o
Cabido havia mandado celebrar.
Pateniêa Tratou porém o mesmo Ca-^
:ssetdl bido de fa.er a S. Ex/ o Tenente
zejosd^paz General Lecor a exposição dos de^
5iòGeneral sejos de pa^ e traaquiliidâde que
,
iecoT, aquelle povo tinha constantemente
li] ani festa do, havendo ^ido obriga-

do a suffcca-los pelo constrangi*


jnento eviolericia de uma força ar-
mada: porém que, visto estar já
livre daquel!^» oppressão , se acha-«
va no caso de declarar e demonS'»
trar pijblic*tmente que fstes erao
CS verdadtriros motivos de haveren^
tolerado Aitigas, e de lhe obede-»
Cei-em.
reíieti-Ado então S, Ex/ do
i>c> Brazti-. Liv. XX. 123

tao ingénua , como verdadeira ex-


posição, e feila a discussão, que
exigia a pravidade do assumpto
acordarão 'unaDimemente os Senho-
res, que compunhão toda a Cor-
poraçiSo representativa, que, ha-
vendo desapparecido o tempo, era
que se achavao ultrajados, despre-
gados os seus votos , e vexados até
mesmo pela insolente soldadesca
deviâo patentear os seus verdadei^
ros sentitnentos , pedindo ,
e ad-
mittindo a protecção das armas de
S. M. F. ,
que marchavão cm di-

recção á Praça. Conviérão por tan-


to para esse effeito em encarregar
ao Senhor Alguasil maior D. Agos-
tinho Estrada e ao Senhor Cura
o
Vigário desta Cidade D. Dâmaso
António Lárranaga de conduzirem
ao Illm/ e Exm.* Senhor General
em Chefe D. Carlos Frederico Le-
cor um Officio, em que lhe mani-
festavão que o Cabido daquella
Cidade de Monte-Video acabava
de reassumir a authoridade públi-
ca e militar, desde quQ as tropas
íÊÊm

124 H I S T o R I A
da sua guarnição a desampara'rãa^
marchando para outros destinos. E
que por tanto a MunicipalidadQ se
achava á testa de um povo pacifi-.
CO e absolutamente tranquiilo, o
qual bem longe de defender-se
,

com o usQ da força, desejava an-


cioso que chegasse, quanto antes
^
Q momento de vêr^se amparado ô
seguro debaixo da protecção das
armas Poi:tugue2as, Foi com este
objecto que aquelle Cabido dirigia
uma Deputação authorizada com
w plenos poderes ao referido General,
para que^ arranjando com eile a
maneira e forma, porque devia oc-
cupar esta praça , e ratificadas as
condições pela megma lií unicipali-
dade, passasse S. Ex/ a pccupa-
la, com as forças do seu
commando
para çommurn satisfaccí^o.
Da mesma @orte ihe fez ver
que ^j)ezar de nao haver constado
pfliciaimente a clle Cabido a inti-
mação feifa 20 Governo scbre o
,

motivo da Guerra, (Legara (não


obstante) ^c§ seus ouvidos., que
DO Brazil. Liv, XX. 125

o objecto de S. M, F. era resíabo'


lecer aordem publica, para segu^
rança de suas fronteiras, eque ptv
lo de mais affiançava a segurança
individual de todos os habitante^
daquella província, e a inteira pos-
gc de seus beíis , e propriedades
ruraes, e urbanas, dos seus Esta^
belecimentos Scientificos e de to-
,

dos os seus louváveis usos e costu^


mes. E
que se coo) tal beneficio
lhes trouces^e tãobeix) ode libertar
de contribuições um districto em-
pobrecido e exbausto, aquella Ci-
dade reputaria completa a sua ven-
tura , á sombra de tao alio Prote-
ctor . como o devia ser S. M. F^,
que assim o enviara, &c.
G feeneral Lecor , paramos- EstáoQe^
ij^^^l^^^^^^^
trar que estava de perfeito acordo
comos sentimentes doLi^biao-, lhe comoCa-
fez trapsmittir o seu manifesto, e bido; elhe
continuou a sua niarcha durante envia o
,

a qual se procedeo na^alia do mes- seumaiiH


1110 Cabido ao acto lormai aa en-
trega , depois de lido o dicto ma-
nifesto, o qual teve lugar n^ en-
trada da Ci3^ade; &ç.
íriMiNiíiMíiÉ

12Ô Historia
Seguio-se pois o ir o General
Lecor tomar as medidas mais for-
tes e efficazes , para dispersar e
destruir alguDS bandos deArtigas.,
que ainda não cessavao de infestar
aquelle pair^, para que a boa or^
dem e segurança piíhlica houvesse
de succeder á oppressao e anar-
chia, que tmito haviáo devastada
r € por tilo grande espaço de tempo
aquella fertilissima província.
m Toem-^se SiD quanto porém árevoluçãa
Id^^odr -^^^^^^^^"^^^^ de que ha pouca
?

Pemambu- fsUáz3i03 . deixando sua respectiva


co« narração no bloqueio, que S. M,
lhe mandara fazer, é necessário a
m impô:>mos-lhe o devido termo , que
resultou destas medidas, e das que
mui prdvidamente havia tomado a
prudente Governador da Bahia ;
pois que deste complexo de acer-
tadas providencias derivou a der-
rota absoluta e total do chamada
exercito dos revolucionários.
Depois de haver chegado a Se^
rinhaem a noticia de que os insur-
gentes intentávão atacar a guarda
DO Brazíl. Liv. XX. 127

avançada do Exercito vingador ,


postada juucto ao engenho de Ca.-
valcarite, marchou o Exercito, e
tomou as suas posições junct4> ao
engenho de Pindoba Grande e Pe-»
queaa. Arranjou-se o plano de ata-
que marchando logo o Major Sal-
,

vador com uma força, destinada a


occupar a Pejuca , que de facto
occupou mas ficou depois exposto
5

a todo o fogo do inimigo. Chegou


porém logo o principal Corpo do
Exercito, e entrou em acção, jun«
cto do lugar chamado Guerra , ten-
do á frente o Major Gordiího , e o
Capitão Paula, que oom^nandava
a artilheria , e começou o fogo.
A
acção durou tempo immen-
50, e os dois Majores Salvador e
Gordiího se fizerão mui distinctos.
No decurso da noite se dispersarão
os insutgentes, e forao persegui-
dos por destacamentos, commari-
dados pelo Major de Brigada D.
Luiz, e j)elos Capitães Hermoge--
íies Manoel Duarte Argollo , e
,

José Félix, e ultimamente haveu-


'^rrmtg'mi mtííií^0mêK

é
128 Historia
do sido abandonadas todas as suas
posições em appressada fuga, se
acharão pela manhãa no Campo de
batalha, 5 peças d^artilberia de
differente calibre
, e grande quan-
tidade de munições e mantimen-
tos, e a caixa militar com perto
de i:000|a(>a de reis. Fizerão-se-
lhes muitos prisioneiros, e houve-
rão taobèm muitos mortos e feri-
das, grande parte dos quaes erao
OíRciaes, e alguns delies cabeças
dos insurgentes.
Depois desta gloriosa acçáo se
recebeu noticia de que oinsurgen*
te Martins ia marchando á frente
de uma columna sobre Sennhaeni
porém íogo se destacou nxn corpo
de 300 homens contra eile , com-
inandados pelo Capitão de Milicias
da Villa do Penedo Auíonio José
dos Sanctos, o qual derrotou com-
pletamente a sua força, fez-lhe
í muitos prisioneiros, e entre outros
b celebre chefe da revolução o mes-
mo Martins: e desta maneira se
deo íim aos deploráveis eíieitos de
3" iite

DO Brazil. híV.XX. 129

tííô nefanda conspiração , ficando


os povos bem convencidos de que
jvão é por meio de revoluções que
os Governos semeíhorao; pois que
liao viríio nascer daquellaoulra coi-^
ga , que não fosse calamidade pii-
blica, ea desgraça por conseguin-
te de todo e qualquer Cidadão, que
(a não se haverem assim revoltada
contra o poder legitimo de seu So-
berano ) conXinuarião a viver em
perfeita tranquillidade*
Acabou assim, e se dissipou
de todo a perturbação e desordem,
que tanto havião encommodado os
Pernambucanos , como os Conti-
ijentaes Portugueses; e se experi-
mentou nessa mesma occasiao que
a circular da Real Juncta doCom-
niercio produzira logo um effeito
saudável e o mais proveitoso para
aquella causa ser defendida; visto ./*!

que assim o demandava o próprio


interesse dos Negociantes ^ que se
achavâo enlaçados em objectos mer-
cantis e intelligencias commerciaes
Com os Pernambucanos*
miàmáà rriíiifííiiií «Kl'

130 ÍI r s t o k í A
os Negoci-
Foi por esta razão pois tíue
antes (la estes mesmos Negociantes se
pres-
Praça de tarão immediatameníe á
contribui-
Lií>boa a ção delJes exigiria, dandose
uma con- mui
tribuição
promptos as máos para a pacifica-
i
ção e tranquillidade de Pernambu-
co; poiá que d outra sorte iDui bem
víão eJlesque o seu commerciocom
aqueJIa provincla se havia de todo
estagnado: e por essa razão se po-
de affirmar, que , siipposto devão
os honrados particulares p.^tentear
mui grande adhesão ao legitima
Hi- Governo de seu Soberano todavia ,

será urn dever da mais acrisolada


politica o ter muito em vista os in-
teresses dos mesmos para que,
,
movidos então pela força de tão po-
tente mola , se lhes augmente o
enthusiasnio, concorrendo por isso
á defeca dos direitos de seu Rei,
e sua Pátria , aonde se lhes promo-
ve ti sua prosperidade.
He portanto e\ident0 queda^
do este principio, como axioma dei
eterna verdade , tãobem ficará pa-
tente e manifesto a toda a luz qua

1
li
60 BRAsrrt» Lir. rx. I3l
f]|ueas connexoes políticas , entre
Portugal e o Brasil, devem ter por
fundamento a reciprocidade de in-
teresses ; e esta se deve ir buscar
no laÇo com m um dos ganhos do
Commercio de uma e outra parte ^
o que facilmente se acha no con-
summo das producçôes de um no
outro paiz.
O Brasil, attenta a mui dimi*
nuta população comparada com seu
território , não parece poder tor-
nar se em pouco tempo um paiz
fabricante; e por isso a preferen-
cia dada ás manufacturas de Por-
,

tugal deverá servir de laço e meio


de união entre os interesses dos
dois paizes. Acontece porém que,
admittindo-se as chitas e mais fa-
Ssendas estampadas, que os estran-
geiros levao ao Brasil, as fabricas
de Portugal se perdem, e perecem
de todo, por não acharem consum-
rnidores a taes géneros de fazenda. ^
Por este tempo sahirão dois sobre rlgu?
Decretos na Corte do Rio de Ja- laçôesmili-
neiro, doisquaes um regula asgra- táiee.
'
'flí-rff^.'"--i iámm ÊÊÊm

132 Historia
duações militares de certos 01H-
ciaes de Fazenda , e é seu theor o
seguinte: ~ Convindo regular as
graduações militares, que compe-
tem aosOfficiaes de Fazenda que
,
em algumas Capitanias deste Rei-
no do Brasil , ainda servem de Ve-
dores de Gente de Guerra, e, nes-
ta qualidade exerci tao as funcções
de Thesoureiros das Tropas das
mesmas Capitanias e ao mesmo
j,

tempo determinar que os sobre-


j,

ditos Officiaes de Fazenda que


,

servirem de Vedores da Geíite de


Guerra, go2em durante o tempo
,

que assim forem empregados, da


simples graduação de Tenentes Co-
ronéis, sem que por isso venção
\l /
ou tenhao direito a perceber soldo
algum militar, e poderão usar, du-
rante o ifícsmo tempo, do unifor-
me de que usao os Ofíiciaes da
Thí^'souraria Geral das Tropas des-
ta Corte. O Conselho Supremo Mi-
litar assim o tenha entetidido, &c.
Foi dado no Pí)lacio do Rio de
Janeiro em 3 de IVJarco de 1817.
iBr^-H

l>o Brazil, Liv XX. 133

Çom a Rubrica de S. Magestadéo


O oiUxò Deóreto é sobre a«
graduações militares dos Secretá-
rios dos Governos ; e vem á ser o
seguinte: —
Havendo Eu conce-
dido a aJgiJrls Secretaries dos Go-
vernos das diversas Capitanias Ge-
raes deste Reinb do Brasil gradua-
ções è patentes militares em niili-
cias; ècbhviiidb rieteriDinSir em re-
gra geral a graduarão; e unifortoe
militar, que devem ter e usar es-
tes empregados, durante ò teorpó
que servirerti taés eínpt-egos; hei
por bem que òs^ Secretaries dos Go-
vernos das Capitanias Geráfes , isto
daqúellas cujòâ GoVernàtlòres fo-
,

rão Capitães Geiíeràeg, gozem dâ


simples graduação de CoroUeis. dé
iMilicias, e os das, outras Capitâ-
nias de graduarão de Sargeíitoíl
Bióres, durante òtêmpb qbè exer-
cerem os referidos liigarés de Se-
cretários , e usem èhtaõ dó toesmol
tiniforme, determinado para osOf-
ficiaes do Estado Maior do ExQtcí-
Tomo x. K
ÍÈ4 tíisfónià
to, no plano,
qua acompanhou d
Decreto de Maio de 1806^
fie J9
com a diílerença porém de que as
bordaduras, galões, botões, dra-
gooas^ e floreies seraô de melai
branco como está ordenado para
,^

em geral
as inilicias O Conselho,
&c. como acima.
iSâ
ftncralde
.

'^^
.^f^^^fà^
nesíe tempo chega^
^^ Porlugal ao Rio de Janeiro
I>. Pedro O tumulo magnifico, qoe ElRei
CmIo-s de Nosso Senhor mandara construir pa-
•/ Bourbon e ra deposito dos restos preciosos
^^^^aiiça. do
gç^ muito amado Sobrinho, e Gen-
ro a Senhor D. Pedro Carlos de
I'
Borjrbon e Bragança , Infante de
Hespanha ^ e ilimiraníe General
da Marinha Portugueza quiz o
^
mesmo Augusío Senhor dar um
publico testemunho do seií amor e
piedade, ordenando que no Con-
tento dos Religiosos Menores Ob--
ser?antes ge abrisse o Sepulcro do
Kereoisshno Senhor Infante Almi-
rante General, e se reconhecesse
â idenUíhlíle do Corpo alli deposi»
tadoy p^^Jo Regedor;, e Chaneeller
DO Brazií. Lllr. XX. ISS

da Casa da Siípplicaçao (que havia


servido de Secretario de S. A. no
áicto do deposito) em presença dos
Grandes do Reino. Feito oexaíne ^
e fechcido o caixão na fornia costu-
ilíada , o Excelientissimo e Reve-
rendíssimo Bispo Capellão Mor coní
$eu Cabido , a aconípanhado dos
Religiosos dò tonvênto , fòrão á
Capella do Deposito , donde o Cor-
po foi levado á Igreja pelos Gran-
des, do Reino seguindo 6 féretro'
S, BI. 5 e Seus Augustos Filhos;
posto na Eça o Corpo, começarão
as Matinas" e OíBcio de defuntos
com os Responsoriòs dò célebre
Portugal 5 cantados pelos Musicoá
da Real Camará e Capella, e re-
gidos pelò ínesm.o ingigíie Compo-
sifor, estando S, M. presente átê
ò fim 5 &c»
No dia seguinte pezeraò-sè èfri
funeral as fortalezas , e naiics de
guerra 5 surtos no porto dò Rio de
Janeire. Postôu-sé eÈtãò Jfio largo
da Carioca um parque de 7 peças
d^artiliíeriaj e nâ ladeira, que vai
i^ÈmímíSm mâ^

l^B Historia
para o Convento, o l.* Regimeii?.
to de lihuleriã de linha.
A'ã 10 horas e um quarto co-
jmeçou o Excellentissimo Bispo Dio-
cesano a Missa, tendo poi* Assis-^
tenre o Jllustrissinio Monsenhor
Deáo, è estando tãobem presentes
osCónegos da Real Capella rica-^
mente paramentados ^ e os Capel-
láes e Cantores da mesma para as
suas funcçdes respectivas. S. M.
e Seus Filhos occupavão o lugat
destinado.
Este templo se achava sum^
jituosamente revestido de fúnebres
m\\ ornatos , e continha no centro o
elegante Mausoléo^ a que estava
sobre-posta uma Coroa doirada. As-
^'i »

sistirão, além dos Grandes do Rei-


í)o, Oíficiaes da Casa Real ^ No-
bres, &c. Finda que foi a Miisi^
li ^
ea, subio ao Púlpito o Enviado do
Reino do Algarve, e em uma elo-
quente oração desafiou a saudada
tio coração de seus Ouvintes.
Acabada esta oração o mesma
Chanc6lier fez o acto de entrega
©o Rrazil. Liv. XX. 1S7

ao R. P. Guardião daquetie Con^


vento , encarregado de uma das
chaves do Caixão , o que foi lido
ptilo nipsmo, que ofez, e assigná-^
rao os Grandes do Reino com o re-
ferido Guardião. Depois foi levado
ao Soberbo Túmulo 5 e na occasiao
do deposito salvou o parque d'ar-
tilheria ,e deu as descargas o l/
Regimento de Infanteria de linha
postado na ladeira, seguirido-se as^
salvas das Fortalezas e Navios de
guerra.
Maneia ^
INeste mesmo período de tem-
Imperador
po se observou no Brasil quaes erãa de todas as
os sentimentos de appreço e amir Hussias fe-
zade, de que se achava penetrada licitar a S^
o magnânimo Imperador da Ras- M.
o Se-
nhor D.
sia para com o melhor dos Sobera- João VI.
nos o Senhor D^ João VL; pois por um seu
que appreseiitarido-lhe o Enviado Enviado.,
congratii-
Extraordinário e Ministro Plenipo-
lai^do'se
tenciário daquelje imperador (de- de lia ver
pois que teve a sua primeira Au- sido e]eva=^-
diência) as suas Credenciaes, lhe» do'doXiUO'r
dirigio o discurso seguinte: — 110.

Senhor^ offereG.eado-v:Qsd:apar-.
^ííSík

138 Historia
te de Sua fliagèsfade, o Impera-
dor, Meu Aug-ustissimo Amo, os
« ^eus mais sinceros narabens sobr^
^ feliz elevação de Vossa Magesta-
fie, ao Throno de Seus Antepas-
sados , é do meu dever enunciar
?otos, cuja expressão será um no-
yo testemuíiho dos sentimentos dq
altq. estima, e de amÍ7,ade,
que
Sua Majestade Imperial nunca
deixou de manifestar pelos desti-
nos de Vossa Illustra pasa.'
Qxalá, Senhor 3 que a 130V4
^ra, que Vossa IWag-estade impri-
inio a seus vastos domínios do Bra-
sil , apague para seinpre os vestí-
gios de sjstemas, de ora em diante
incompatíveis com a exigenpia das
luzes sociaes , e com a regenera^
çao da ordem politica na Europa.
Os priíicipios sábios eliberaes,
que demanda o espirito verdadeiro
do Cíiristianismo , desenvolvidos
pelas leis da moral politica e admí-
íiistrativa , que não podem ser es-
tranhos aos sentimeníos de Vossa
Magestada , são as unioas bazes
DO BUAZIL. LíV. XX. 13»

duráveis da prosperidade dos Im-?


perios.
.. Em fim para um Throno de*
^ma Casa lâo lllustre, como a de
I^ossa Magestade , estabelecido no
seio do novo Mundo, e no nieio
dos ricos benefícios de uma Natu-
reza fecunda e majestosa, não po-
de haver outra ambição mais do
que a de ganhar um interesse Eu-
ropeo, tão permanente ^ corno so-
lido.
Feli? neste momento de ser
o interprete de um Soberano tão
grande , como magnânimo , ouso
dirigir-me a Vós , Senhor ,appel-
lidado Pai de vossos vassallos, ii-
gonjeando-me de que pelo duplo
titulo de Alliado Fiel do meu Áu-
gustissimo Soberano , e de Assi-
gnante da Sancta AUianca serão ,

completos os votos de um Monaiv


cha Pai da Pátria, que só deseja
a felicidade de Vosso Reinado.
S. Maiçestade respondeu en-
tão a esta obsequiosa falia , expres-.
sando t^mben^ q§í sentimentos de
mÊÊÊk

140 H r S T Q R I A
€special amizade, que sempre ti-,
vera por Sua Magpstade, o Impe-
rador de todas as Russias, e o sin-
gular ^ppreço , que fazia desl^
"
Embaixada ^

'^^f

Kra taobem por esíe tempo


BrásiljeJros
por mostrar qae os habitantes do BrasH ancio.^
se izêntos sãmente çlesejávàp gue o muíido
em grande politico os nao manciaasse, da
jnfa-
parte VJa- mia de insubordinados, ^ xiao submisr
çjuéJles ha-
bitantes
H)$B ge.u legitimo Soberario o Senhor
,

(ia mancha D. Joaq VI. , ^ quem çonsaerayao


^insubor- os maiores respeitos, ea maTs pro-
dinados ao funda vassalJagem
seu Rei ; ^ era por Ibso
êíc,
'"' '" que todos elies (çcom muita parti»»
culandade os Pernambucanos) for-
cpjiváiopor haver de panifesíar
por todo o Brasil, e todo o mundo
que em todos os |erritorica Brasi-
li enses. b avião yassalios hoprados,
e mui submettidos ás leis de
Seu
Monarca; pois que até nos mes-
mos Pernambucanos ^e havia veri«
ficado isto mesmo ^ a excepção uni-
camente de uma porção de malva-
do^, que, por mi'io de t3o fnnes-
to, LO,mo líorrivel. tcama, entrarão
DO Brazil. Liv- XX. Hl
liaqvieH^ club revolucionário, p^^r
ra fugir á justa puíiiçao de
seu5
antiços delictos.
^
Todas as averiguações e exar ^^^^^^g^^*
mes (dizKlo elles) te^i niostradp ^^^^^^
que a maioridade dps habitjtntes pa^ajustifi.

da Cidade dt? Pernambuco nAo ti- caçando


object^ an*.
vera paFte em semelhantes atten-
tados , assim como a uão havia ih
^-^í^-

do em. seus progressos, q que me*


Ihor se. patenteava pela circunstan-
ciada e yeridica riarraçlp ; vindo,

a ser que o Governador Ç Capitão,


General havei?do passado prdem de
prisão contra alguns d'elles que ,^

desde muito tempo proçjjravão ex-


teitar ^uimosidaci^f, , ^ maquinar
discórdias , em exacuçao da mesr
ma ordem foi preso p,o dia 6 de.
ÍVÍarçq Domingos José Martin^ ,
que era um \lps principaes; e à%
prisão de outros ge encarregarão 03
dois Chefes dos Regimentos de In,-
fanteria , e Artilheria, por serenj
os que se devião prender, Officiaes
da guarniçSo. Infelizmente porém
efair
tal espiritp de insubordinação
iiiiiiiiijrii
17"

142 H i S T o R I A
ta de disciplina tinhâo
os Offlciae^
culpados introduzido nestes
doís
l^orpos, que nenhum dejles
obede-
ceo á vóz dos seus Chefes
, e se
pozerão em declarada insurreição.
U Brigadeiro Manoel Joaquim
í-ommandante do Regimento de
Artilheria , foi colrirdemente
as-
sassinado por um Capitão,
aquém
deo a vdz de prezo; e
animados
com este exemplo os Soldados dis-
pararão as suas espingardas
sobre q
Coronel Ajudante d'Qrdens,
Ale-
xandre Thomaz , Official geralmen-
te estimado que o Governador
,
mandara aos quartéis, para com
o.
mencionado Brigadeiro acoramodar
o tumulto.
^
Perpetrados estes assassínios,
forao em tropel ás cadáas
pôr em
liberdade Domingos José Martins
e soltar todos os facinorosos
, os
quaes se lhes associarão para as.
subsequentes desordens daquelle
ííia, em que perderão a
vida ai-,
guns 16 indivíduos. O Governador
teve unicanieiite tempo de reCQ-
DO BrAZIL. LiV. XIX. 14Sf

Iher se com sua diminuta guarda


no forte de Brum, mas náo haven-
do alli neai mantimentos , nen^
,

meios de defeza se vio obrigado a


, .

embarcar-se no dia 9 de Março,


na Suniaqa que lhe subníinistrá-
,

rao os rebeldes, para q Rio de Ja-


íieiro.
Õs Chefes principaes dos re-
voltados, que érão Domingos José
Martins, o Eadre João Ribeiro, q
Advogado José Luiz de Mendon-
(ja, o Capitão d'artilheria José de
fearros Lima, e o Coronel de JVIi-
licias Manqel Corrêa de Araújo,
se installárâo em Governo Proviso-?,
Xlo no dia 7 de Março , e reparti-
rão pela soldadesca uma parte dq
dinheiro, qqe haviâo achado no$
cofres públicos daquella Cidade.
Pouco depois de haver entrada
no porto do Rio de Janeiro aquel-
la Sumaca em que era conduzido o
Governador, entrou outra manda-
da expressamente da Bahia pelq
Conde dos Arcos; e por estas duas
embarcações receberão alli as pri-
"^'w'rfr^riúMsm

lU Historia
meiras noticias de tao nefando â-'

contecimento.
S, M. com Sua Magestade EIRei D. Joãa
toda a pre-
$ença de es-
VL aperar do abalo, que lâo
,

1 1 i'
pirito d 4 as sacrílego attentado faria no seu Ex-
pecessarias tremoso 6 Paternal Coração sem ,
providen- sossobra, e com a maior presteza
cia^ &ç.
deo logo providencias, para obstap
a que os malévolos nao conseguis-
sem. por meio da força e da seduc-
,

çáo, induzir á desordem mais al-


guns infelizes ; e mandou por tan-?
to promptificar com a maior activi^
dade os navios de guerra e força
armada ,
qua deviao s.ujaitar os re«.
bel des.
As
provas de amor e yassalja-
geni que naquella occasiâo rece-
,

bera Sua Magestade de todas a»


Classes dos seus Vassallos , osquaes
A porfia oírcrtavãa as suas vidas e
fazendas^ deviao sem duvida dimi-
ih ttuir em grande parte a pungente
ínágaa de seu Régio Côraçaõ , e
apagar de alguma sorte a feia nó-
doa , que taõ inesperado desacato.
delatara sobre a lealdade e firmeza
4os Portuguezes no Brasil.
DO Brazil. Liv. XX. 145

A Bahia, como Provincia mais ^.^J^^J^^^


próxima foi a primeira em dar a
,
J^^^^^p^^l
conhecer os digíios genlimentos de si^ao, que

seus honrados habitantes, cujos es- concorreâ


defezada
forcos eboa vontade, dirigidos pe-
la discripçao, actividade e zelodo ^^^^^
Capitão General, o Conde dos Ar- ^i^^^^^,
cos, facilitarão os meios, naõ só
de obstar á propágat^aõ e progres- \

SOS da revolta para o sul de Per-


nambuco mas para armar em guer-
,

ra dois Navios da Praça, os quaes


com um; Brigue, que havia^ foraõ
fazer bloqueio ao porto de Pernam-
buco; e ultimamehle para pôr em
Campo uma Divizaõ de tropa, des-
tinada contra os insurgentes.
As enérgicas medidas porém
tomadas na Corte do Rio de Janei-
ro para se prepararem oâ Navios
,

de guerra^ ás^quaesS. Magesta-


de dera o maior impulso ,di^^nan-
do-se por algumas vezes de ir Pes-
soalmente ver os trabalhos, conse*
guiraõ que no dia 2 de Abíil sa-
hisse a flotilha do bloqueio de Per-
nambuco, composta de uma Fra»
it&mtím máà

146 H I S T o H I A
gataj uma Esenna, eduas Corve**
tas, debaixo docommando do Che-
fe de Divisão Rodrigo Lobo.

ii^C^nf/^ •
^^^^ ^^ coutinuou aproviden-
ÊoTe33i^ ^^^^ sobre a organisação, municia-
neiro ptos- inento, ópreparos das trepas que ,

perãoem tinhíto de operar coutra as forças


seu proje- dos revoltosos; e nò dia 4 de fl^laio
cto.
èahio tudo coirj um coruboy, com-
posto dá Náo Vasco da Gama, e
de JO jiaviòs dò traúsporíe ua suá
conserva com 3/liomeus de lufan-
ir ' '

teria , e CavaJJaria , os quaes to-


dos se òfferecêrão para esta Expe-
h
'"
dição 5 e còm um parque tãobem
de Ártilheria.
Era commàndada está tròpá
pelõ Marechal de Campo Luiz dó'
Éêgo Barreto, bem ccubecido en-
tão por seus serviços no Exercito'
de Portugal; e a ènia tropa se íoí
tinir um sem igual número , aproili-
plado pelo Governo da Bahia.
SubFCTipção JNesta mesma occasiào fizèraa^
í^amesdo
^^ l^^abitantés da Corte do Rio de
KiodeJa- Janeiro uma grande subscripçaò/
iieiro. por meio da qual não isó se mani-r
'^íAm

DO Brazil. Liv. t:^. 147


festára a sua honra, e adhpsao á
gloriosa Causa, que se defendia ,
mas igualmente o proveito, resul-
tante de sua generosidade ; dando
assim evidentissimas provas dos
bons sentiíiientos , que os anima-
rão, e do enthusiasmo, com que
todos adoravão a Augusta Pessoa
de seu Amado Soberano: ficando
Somente a restar»lhes o profundo
f)ezar , que naõ podiaõ deixar de
sentir j ao verem, que um taõ hor-
roroso dezar viera pela primeira
vez manchar os Portuguezes e
,

comprometter sua Naçaõ inteira.


Porém sabendo Jogo que noí
dia 30 de Maio acabara de chegar
ao porto da Bahia aquella Esqua-
dra do Rio de Janeiro, e que os
habitantes daouella Cidade se da-
vaõ as iiiaõs para taõ esclarecida
empreza, nad duvidarão mais do
resultado, que depois se verificarei
completamenfe , e conforme osseus<
desejos, aniquílando-se de todo os
esforços dosscelerados e perversos ,
como ha pouco acima deixatmos eií-
txunciãáo.
í-fr>f,?1(^m;i'^'^-::á.
^ÊBÊ^mÊm

148 JH í S T ò H i i
Tractado Neèté meáíBO árínò de Í817
28 de Agosto se concluio em
em
Eire\i^^
Frauça, e P^^iz uiii Tracíado entre Súa Ma-
8.M, El- gesítade EIRei de França ede Na-
KeiíiePor- varra, e Sua Magestadé ElRéi de
tu^al.
Portugal, áb Brasii, e dos Algar-
ves , de cujo theor saõ Os artigos
seguintes.,
Art. Sua ÍWagestade Fide-
1.**

lissiaia animado pelo desejo dú


,

executar o artigo 1Ô7 dò Acto dó


Congresso de Vieíína, sê obriga à
entregar a Sua Magestadè Ghris-
tianissiina, no espaço dè 3 mézes^
ou antes, se for possível^ aGuyana;
Franceza, até o Rio deOyapor,
cuja boca é situada èníre ò 4/ é
ò.* gráo de latitude ao Norte, e
até 322 gráos de íongitíide a Les-
te da Ilha de Ferro, pólo paralel-
lo de *^ gráos e24 minutos de la-
j;

titude Norte.
2.* Nomear-se-baõ, ese despa-
charão immediatameMteCommissa-
rios de ambas ás partes , paia fixar
ilifinitivamente os limites das Guy-
^íidt> Franceza e Fortoguezaj cofí-
f)0 BRASlt. Li^'- "^^^ ^"i^^
^1,

forme o preciso sentido do 8/ arti^

go do Tractado de Utrecht, e das


estipuíações do Acto do Congres-
so k Vienna ossobre-dictos Com-
,

missarios devem terminar os seus


trabalhos na expirac^ão de um an-
130 5 ao mai8 tardar, desde a data
de sua chegada a Guyana. Se na
expiração deste termo de um anno
os sobre-dictos respectivos Com-
missarios oao poderem concordar
as duas Altas Partes Contractan-
les procederão esttão a outros ar-
ranjaineníos, debaixo da mediação
da Grã Bretanha, e sempre con-
forme ao preciso sentido do 8 ar-
*

tigo do Tractado de Utrecht, con-


cluído debaixo da garantia daquel-
la Potencia.
3 • As Fortalezas Armazéns, e
todos os petrechos militares «serão
entregues a S. M. Christianissi-
ma, conforme o inventario, men-
cionado no 5 ' artigo da Capitula-
ção da Guyana Franceza, em. i809,
4/ Em consequência dos sobre-
dictos arligos ^
immediatamente
TOM© X. L
ÍBO li r g T 6 R I A
depois da as&ignalura do preseníé
Tractado serão coromunicadas ao
Governo Francez as ordens , psira
se effectuar a transmissão da G uya-
na Franceza (as quaes ordens es-
tão presentemente na possessão da
abaixo assignado Fienipotenciario)
aqfcie será annexa uma copia deste
Tractado, e a qual enformará as
Authoridades Portuguezas que ,

teni de entregar y dentro em 3 dias


,
a dieta Colónia aos Commissarios
encarregados por S. M. ChrisUa-
Kissima, de tomar posse delia, jo-
go que elles tiverem appresentado
as suas instrucçôes para este eP-
feito.
â/ O Governo Francez se obri-
ga a transportar para as Cidades
marítimas do Pará, e Pernambuco
(nos liavios que tiverem sido em-
,

pregados no transporte das tropas


Francezas para a Guyana) â guar-
J\uf\o Portugoeza deísta Colónia,
ábsim como os fuoccionarios Civis
com toda a sua bagagem.
4)0 BuAziL. Lir. Txí J^;

Artigo separado.

Todos os pontos sobre quepos-


síio occorrer diíGculdades , que re-
sultem da restituição da Guyana
Franceza, taes corao o pagamento
das dividas, a cobrança das ren-
das , e a reciproca ivoca de escra*
vos formarão, o objecto de ura
,

tractado particular entre os Gover-


nos Francez e Portuguez.
Nesta época taõbeni se conti- Influencia
nuava a observar a Régia influea- 1^^*^^*^^^!
cia de S. M. F. sobre os trabalhos jjQxacâo&e*
de minerações como é prova o gran-
,

de desvelo, que mostrava dos Es-


tatutos de uma nova Companhia
para a mineração do Cuiabá ; pois
por sua carta Régia de Janeiro de
18 17, enviada ao Capitão General
doMatto Grosso, lhe faz vér que,
sendo-lhe presente a conta do mes-
mo Capitão General de 31 de Maio
de 1814, acompanhada dos Esta-
tutos da nova Companhia de Mí-
iierucão do Cuibá. que se haviâo
ri^^:':u::^'t'''nW'WÍu
.f ^
'^

^Sâ II r § f o R í £
proposto formar os Sócios assígriíTÍ
dos uo-i mesmos, pedindo em nome
e a requeri Oiento dos mesmos Só-
cios a sua Real Approvâçao de to-
do?; os artigos, de que se compu-
nhclo, para poder proseguir o pia-
rão de Mineração projectado, nao
H !
obstante o haver o dicto Capitão
General provisoriamente mandado
pô lo em
practica ^ pelas vantagens ,
quede um ta! Estabelpcimerito }x>-
diao resultar á sua Real Fazenda^
r: e aos habitantes daquella Capilania
onde por sua centr?\i posic?Ão ne-
nhum ramo dMndustria parecia
mais conveniente, do que a lavra
dos metaes preciosos, &c. era o
mesmo Soberano s^^rvido approvara
Companhia de Mineração
W 1
*
referida
do Cuiabá, para cuja formação ha-
via elleCapilão General concorrido
comtnoto zelo, regulando-í^e pelos
Kstatutus, que coiu a sua Carta
R'"*gm ihe érão remettidos, e assi-
gnados pelo Conde da Barca, do
sea Conselho de Estado Ministro e ,

Secretário de Estado dos Negócios


DO Brizil. Liv. XX. 15^

da Marinha, e Domínios ultrama-


rinos, e Presidente Interino d^seu
Real Erário, &c.
E outro simlhefa^iaigunlmm-
te ver que esperava de suas hries
e actividade que nao somente pro-
curasse o conse^^uirem-se os bons
resultados, a que ae propunha a-
mesma Companhia porém que bus-
^

ca^.se meios de conseguir o persua-


dMa a que houvesse de iDandar lo-
go que sufficientet forças lho per-
rnitlissem, á sua custa ,
algumas
pessoas da dieta Capitania a appren-
dernas ReaeiS Fabricas de ferro de
Ipanema na Capitania de S. Pau-
lo , e do Morro do Pilar na Capi-
tania de Minas Geraes, a Arte de
fundir o ferro, em graiideâ , e pe-
quenos fornos, para com ellas se
poderem tâobem erigir a!li Fabíi-
cas de ferro, a fim de o terem em
abundância e a' bom preço, já pa-

ra os trabalhos da Miíieraçaõ , eda


Agricultura, e já para a mesma
defeza, da Capitania naõ devendo
;

içualmeate esquecer^se depesqui;^


^-'^''":'-"^-'/'^'^^^i^-
I.r

lS4 H I s 1* o ^ í À
zar com todo o cuidado as minas ãe
Sal, que houvessem naquelle ter-
ritório, para que podessem ser ap-
m proveitadas em dicidida vantagem
de seus Vassallos ; assim comotaõ-
bem lhe proporia elie Capitão Ge-
neral tudo quanto lhe parecesse con-
veniente ao progresso, e riqueza
da Capitania &c.
Colhe se portanto d'aqui , e
dos Estatutos^ concebidos em 22
artigos o quanto S. M. F. sevia
animado dos ardentes desejos da
prosperidade do Brasil, para que^
dado o contacto, em que se acha-
va com Portugal podesse recipro-
camente progredir em melhoramen-
to o Reino Unido de Portugal ,
1^ ^

e Algarves ^ assim por seu


]
Brasil 5

Commercio, como Agricultura, In-


dustria ,&c.
Era pois necesário que S, M, F.
influísse por semelhante maneira na
promoção e progresso da industria
nas differentes Capitanias do Bra-
sil , visto que sem se promeverem
os trabalhos precisos ^ e que deveuj
DO Brazil. Liv. XX. 155

acompanhar a mesma industria ,


pa-
ra poder obter se o desejado e pro-
posto fim , já mais se conseguiriao
profícuos res li lados.
i

Reflexoef
Os Estrangeiros ,e muitos mes-
sobre as fal-
mo dos nossos Portuguezesestaõ cos- sas idêas
tumados a íFormar noções muito er- que muitaií
radas sobre as riquezas do Brasil estrangei-
poistem havido homens, que espe- ros a na-,

cionaes tem
rançados desahir dalli em mui bre- forraatlo á
ve tempo carregados de riqueza, cerca d®
voltarão desconsolados, e talvez mais Brasil.
pobres 5 do que foraõ. Alguns até
imaginarão, que naturalmente ha-
vjaô de encher um saco de diaman-
tes , se obtivessem permissão de
visitar o Districto Diamantino no
Serro do Frio.
Umcerto Mr. Mawe , eoDr.
Cove , da Inglaterra , obtivéraõ li-
cença , um para explorar os thesou-
ros mineralógicos do Brasil , a be-
neficio do seu Governo; o outro pa-
ra o estudo do respectivo Reino
Vegetal, a fim d^ publicar depois
uma Materia-Medica , outros se
propuser ao a supprir as necessida-
:-f..--r-
mussBÊmmÊÊÊtÊÊ

156 Historia
des dos habitantes pe!a baratezá (Ia#
suas fazendas porém de todos es-
:

tes indivíduos o primeiro naô ft2


novas descubertas ao mesmo tem-
5

po que o segnrido naõ colligio tal


Materiâ-Medica e de todos os mais,
;

que por tal maneira tem imagina-


do enriquecerem-sealli taoextrava-
gantemente procurando
, tães intro*
ducçôes e licenças com pretextos
de melhorame^ito jCuja idêa no seu
coração é só relativa á sua bolça,
se pode aíioatamente afirmar qu^
já mais viraõ elies completas aáf
suas exp<^ctações.
Hé porém cerío que o primero
(abusando do confiança do Gover-
no) clandestinamente comprou dia-
mantes de contrabando; e depois
passou pela falta de delicadeza de
se gabar d'isso, e ate de referir
nas suas viages, que publicara, e
que não comtem objecto algum in-
teressante ás Sciencias que o ne-
5

gocio do Contrabando dos diaman-


tes era* feito pelos Funccionários
Reas naqueiles paizes^^
DO BrAZIL. LlV. XX. 157

Todavia nao pode deixar de


causar admiração a immensuravel
quantidade de oiro e pedras preço-
,

sas, que se tem extrahido daquel-


les vastos , e riquissimoi^' terrenos de-
pois da descuberta de Minas Ge-
raes j '^ muito particubí oieníe quan-
do se consider i a ign^^rancia qua-
si absoluta d'aque!les
habitantes
jio processo de rninar as gran-
:

des riquezas que até aqui seacbá-


vaõ para assim diz^^r , á superíice
5

da terra, tem deminuido iiiuito,


nSo só por sua falta real, mas com
>especialidade por aqueila dos ver-
dadeiros trabalhos de mineração.
Náo deve taõbem deixar se em si-
lencio que a diminuição do oiro ex-
trahido é assas considerável ; pois se
observa que pelas contas oíSctaes
no anno de 17^3 o quinto pago a
ElRei montou a J18 arrobas, sen-
do cada arroba exactamente igual
a 32 libras-, e presentemente ape-
nas chega, quando muito, a 20 ar-
robas , ainda que a população se
ealcule haver crescido dois terços
d'€sde àquelie peiiodo.
158 H I S T O R r A
Falla-se jsjas minas de diamantes do Serro

ÍTJtlT do ^^ ^^^^. ^^ Pí^pregavaô d'antes de


Serro da 5 a 6 oii! tscravos ; e agora se^m-
Frio. pregão j quando muito 2 mil. E d©
jiiais desde a descuberta da Capi-
tania de Minas-Geraes, que tev©
. , lugar em 1795 até 1814 o quinto da
Jlf >
.
oiro, pago a ElRei chegou a 6.933
arrobas ; consequentemente a quan-
tidade total obtida foi de 34:66ô ar-
robas, exclusivamente do que sa-
hio do paiz por contrabando, que
se pode avaluar #m 10:000 arrobas
mais e assim o valor de todo o oi-
:

ro extraliiclo d'aquelles riquíssimos


||j )j
terrenos monta a 450 roilhões d^
cruzados.
Emquanto aos diamantes , que
foraddescubertos pela primeira vez
em 73, se tem achado até o presen-
1

te i:400 libras 5 pouco mais ou me-


nos. Oseu valor se pode tomar a 20
milhões de cruzados; e os que fo-
raõ tirados por contrabando, se po-
dem avaliar sem dúvida era IO mi-
lhões de cruzados.
Prata das Estes fertiiissimos território^
Mw

150 Brazil. Liv. XX. 159

cioBrasil contem mui extensas cor- ^^^^^^^^^^^^^^^

dilheiras de montanhas, que peia ^^^^^^^ ^^,


maior parte correm de Norte a g.jvadas.

Sul , com uma Inclinação geral de


suas camadas para Lestéí ; porém
naõ chegao por forma nenhuma a
a](ura das m.ontanhas da America
Hespanhcla: com tudo á excepção
das planicies na Capitania do Rio-
Grande junto ao Rio^da-Prata ,
e
5

as da Capitania do Pará junto aoRio-


das- Amazonas, e Rio Tocantins ^
se pode considerar o Brasil como u-
ma Regiaõ elevada , cuja altura mé-
dia acima do uivei io mar pode ser
calculada de 400 a 450 braças:
segundo as elevações, que se toma-
comparadas
t
rão em vários lugares ,

com as vertentes de muitos rios,


que tem a J^^ua origem no interior ,
e nao são navegáveis por causa de
suas numerosas cachoei fí^s,
He portanto esta elevada si- Continua
afaJlar das
tuacao, aquém se deve ettriboir a
temperatura moderada das provin- ^'^eííl^^re'
cias do interior; aonde, todp^ia , saltados,
circunstancias locaes occasiouão &e.
pMÍ
í''

160 H I S T o It I

desvios d'esta regra em mui diver**^


nas partes
A iei que governa a forínação
das montanhas ^ regula quasi da
mesma sorte, que oa Europa ; o
gTaaiío forma a baze do gaei s ^
inica, Scenite, e pedra barrenta.
O gneiss parece ser a formação ge-
ral da cordiliíeira de montanhas,
que corre ao longo de toda a costa
do Brasil, desães Pernambuco até
mU: quasi ao Rio-Grande com a largu-
ra de 10 até quarenta léguas , ©'
iDaJs.
Veolejanclo-se ao Jongo desta
costa, pasma o geolagista com o
grande número de montei cónicos^
que fazem amesma Cordilheira vi-
jsiveí ao navegante 5 desâde grande
distancia da prâia 5 e parecem mon-
tanhas de basalto, ou Vulcanos ex-
tinctos ainda que nunca se encon-
j

trem os mais pequenos traços de


basalto ou producçdes vulcânicas
em todo o território Brasílico. Tão
pouco se tem podido encontrar aí-
U pQrphiro^ ^ue tào commum 0^

M' íl
IDO Brazil. Lrr. \T. Ui
íaz na America Hpspanhola, nem
Vulcanos , ou montanhas , sobre que
se observe gê!o.
Fali a -s*
Nestas circunstancias, o ter-
remoto, que aeonteceo no disíric-
^^^^^^7u I*
to (!a liha Grande 20 léguas em j|^^ Qj-^n-
distancia ilo Rio-cie Janeiro deve, de, &c,
sem contradicção contem plar-se ca
mo um notável pheoomeno-, porém
foi sentido somente em um circuita
de poucas rnilíias, aonde todas as
montanbíss vidinhas são compostas
de granito e gneiss.
A declividade oriental da sobre
dieta Cordilheira acaba quasi im-
percepíiv^lmente até que se une
,

ás panes mais elevadas das provín-


cias do interior, que tem um ca-
racter externo totalmente diverso
^do espaço de terra que vai den-
,

tre as montanhas eomar. As mon-


tanhas primarias de granito, gneiss
e scenite sâo alli cobertas de mui
densos bosques, que ainda se con-
servão habi lados por várias tribus
de selvagens. Alli as plantas para»
sitícas saõ mui altas, para melhor
'L:-r

iè2 n í S T o R r A
dizer, arvores ainda não descripía^i
que abraçâo centenares de diffren»
tes de aítos e direitos troncos; e
enlaçando se como o massaine ^
que segura os mastros dos na-
vios 5 as arvores entre si as de-
fendem da fúria dos frequentes tu-
fões de vento. Teai-se notado (lue
as arvores dos mattos no Brazii nun-
ca deitão raízes profundas ^ e facil-
mente os ventos as deitão por ter-
ra ^ a menos que se nao achem li-
gadas a outras arvores pelos cipós,
queé nome genereico ali dâs plan-
tas trepadeiras ; e então formão cer-
ítn
ta massa taõ interlaçada , quase
podem muibem cortar mais de trin-
ta^ sem que alguma delias caia.
Eíii quanto porém á encompa-
ravel fecundidade destes bosques j'
quandose tornãoculturadoSj o mun-
do todo não offsrece ao observador
uma Região mais productora, nem
inais infatigável em-guas assíduas
rei)roducções ;
tem alli oh-
pois se
seivado que deitada a Svjmente á
terra, ou esta seja de curcaes, ou
fto Brazil. Lrv. xx. les

cie qualquer outra espécie cie fruc-


tos ó reproduzida por trezentas,
,

ou quatro centas vezes aqueila mes-


lua semente.
A facilidade , com que no Bra-
sil se produzem igualmente géne-
ros da maior estiuia em Portugal,
e o resto da Europa é inexplicável
e assim se vê fructiíicar aíli muito
melhor que em outro qualquer paiz
o café género da tanta emportaocía
para o commercio vê-se emfiin cres-
:

cer géneros da mesma sorte inters-


santes ao mesmo Commercio alem
de iíinumeraveis outros, que nao
só se obtém da cultura mas de seus,

aniuiaes, como assas é mainfesto


no courame dos bois silvestres^ e
de que tanto abundaõ aquelles ter-
renos.
Seria portanto sem duvida mui-
to mais digno de lamentar-se que
iinia semelhante Região nSo fossa
1 • I

abitada por povos Européos, que


valendo-se de sua industria, hou-
vebseni de tirar do seio de tao fe-
cunda terra os bens, que franca-
mente lhes oíTerta.
,
;t*-í
.,,_,.,^ ^^ss^mmBÊÊmÊÊÊÊÊ

164 H í S T O íl í A
Feliz mil vezes, e mil ve^el
afíbriuíiado o Brasil, que p^la ze*
losa actividade e energia dos nos-
\Sos Portuguezes , a cuberto das
leis

e a abrigo de seo benéfico Sobera-


no começa de prosperar na acqiii-
Hiçào de infinitos bens, cuja posse
lhe havia ntígado a indolência e
apatiiia, que em outro tempo se
dicéra ser própria e innata daq^^ei-
les povos, e que hoje se acha di.s-
mentida pela experiência.
Volta-s^ a Como nos prop#zemos fazer a
PefnaL.ibu- continnação da presente historia por
co pair iò- cronológica,^ se
liíiia exacta ordem
servancia
da oritm nos faz agora indispensável o fallar-
chronoiogi" ídoS
11303 ainda de Pernambuco; pois
ea. iiaveiidoquâsi rematado com avie-
toria dos que defendiao acausa de
S. M. contra os revolucionários,
todavia naõ tinha-mos dado conta
do estado a -que os negócios políti-
cos íicaraõ reduzidos", e por
isso

referimos primeiro que todo as


insunuações ou condições ofíVreci-
das ao Commandante do bloqueio.
Os Patriotas á testa ào parti-
r: 1
too BkAziL. Liv.; XX. 16Í
do da indupendencia entregarão ao
Commaiidante do bloqueio por par-
te de S. M. F os cofres públicos,
munições, perten-
e aiais eífeitos
,

centes outrora á Coroa no estado,


em que actualmente se acharem.
A Villa do Recife Santo António,
e Boa* Vista não soíFrerão damno al-
gum, por parte do partido inde-
pendente. Os prisioneiros qoe se 5

acliao por ordem das Àuthoridadeái


actuaes, em raz^odesuas opiniões
politicas , naosoffrerão tãobem dam-
no algiin, ou insulto, aíites serão
relaxados da prizão. S. M. F. con-
cederá amnestia geral a todosr os
implicados no perfeito esquecimen-
to de todos os actos perpetrados até
hoje , como se nunca tivessem exis-
tido , e não poderá ninguém ser por
elles perseguido.
Será
permittido a qualquer j
que se quizer retirar d'este porto,
o fazêlo com sua famiiia dando-se-
lhe o seu passaporte, e poden-
do dispor Livremente de todos os
bens que possuem, quer de raiz^
Tomo x. M
166 H I S T o R í ife

quer moveis. Para verificação, é


entrega , que deve fazer o partido
daindepencia, mandarão bloqueia
um Commissario seu , que á vista
jjos respectivos livros do Cofre será
entregue dd qiie existir. Feita a
entrega , levantará o Commaodan-
teo bioqaeio, a fim de deixar paà?-
sar o vaso, ou va^os neutros ^ que
levarem os que se quizerem retirar.
Deverá o mesmo Coirimandaote do
bloqueio expedir incontinente or-
<!eos ao Coiiimaniiante do Exerci-
to de S. M, F. para que nSo avan-
ce contra esta praça em quanto
,

se nao ultimar a presente negocia-


ção.
Assignados , &c.
Seguem-se as do cornrnandantô
do bloqueio para entrar em Peruai^i-
buço. [*]

[#] Eu tenho em meu favor a razão, a


lei, e a força armada tanto terresrte como
.

marítima, para poder enlrar ne Recife com


a espada na mâo a lim de castigar muito
,

SL manha vontade a todo, e qualquer patrio-


ta, on infiel vassallo, oue sào svnonimos
Sendo pois assim intimadas as
condições acima em 17 de Maio de
1817, expedirão os Revolucionários

por terem aítropelado o sagrado da^ Leis d'


ElRei N. S. por tanto eu nâo posso a.âwÁU
;

íir condições indÍ2:naf como as que se ma


,

propõem , e só sim mandando á terra um ,


ou mais OíFiciae* , e tropas , para tomar o
commando das fortalezas retixando-se as suas
,

guarnições, centrar aquellas que euebger, ,

e da megma forma as embarcações armadas,


arvoran Jo-se logo ^^ Réaes bandeiras em toda a
parte, salvando as ditas fortalezas gritando- ,

se sete vezes =
viva ElRei N. S. e toda a ,

Familia Real; =: e os Corpos militares em


armas dando trez descargas, e no fim delias,
dando os mesmoii vivas a que deverá res-
,

ponder a minhu Esquadra e então saltar eu ,

em terra, a tomar o governo de ioda a Ca-


pitania ficando em custodia o» membros do
,

Governo, e os Chefes dos Corpos, e Com-


mandantes das fortalezas, até, que S. M.
haja por bem deteíQiinar da sua conducta
sobre a revolta ^acontecida em Pernambuco
[devendo eu segurar debaixo da minha pa-
lavra a todos os Senhores referidos, que pe-
direi ao Nosso amável Soberano a segurança
de suas vidas] devendo eu mandar por terra
um Olíicial participar ao General das tropas ,
que marcha até entrar no Recife e devendo,

rfctirar-se ob povoó , que a mim me parecei»


r
Í68 Historia
110 mesmo dia a ultima intimação
ao mesmo Commadanle do bbquaio
de S. M. F. defronte de Peraam-
buco. kl

para suas habitações, e quando eu saltar em


terra estar no Cáes a nobreza e Corpo de
,

Commercio, com as a^Jíboridades Civis, e


militares, para se gritar em voz alta =: viva
ElRei N. S. , e toda a Familia R^al =:^ e d'
alli marcharmos, para dar-mos as devidas
graças ao Deos dos Exércitos por tâo feliz
restauração de tornar aos réus limites o-sa-
^rad© das Leis , com que somos regidos pelo
mellior dos Soberanos, e depois recolher-me
á casa da habitação dor^ Governadores , aon-
de estará a guarda, que me pertence, como
Capitão General e continuarei por diante a
,

felicidade dos povos, e fieis vassalios d'ElRei


Nosso Senhor , Szc,
Assignado.
=Rodrigo José Ferreira Lobo. Chef©
de Divisão, e Commandante.
=
/ [#j Eu a baixo aKsignado Governador Ci-
Ti\ e Militar do partido da
Independência ,
em f ernambuco pela dissolação do Governo,
,

Provisório, resposta ás condições referidas


em
pelo Commandante das forças navaes &e.
de
S. Al. F. estacionadas de fronte
de Fernam-
bnco, respondo; que são irreceptiveis no to-
do as condições, como de darárão os povos
e Exercito junctos para esse eífeito.
DO BrAZIL. LiV. XX. 109

Aggradeçoaodicto Commandantea pala-


vra ,que dá de segurança de vida dos dic-
tos membros do Governo Provisório, que nâo
pedirão e nem acceitão e declaro que tomo
;
,

aDeos por testemunha d@ que elJe é respon-


sável por todos os horrores que se vão a,

pract car. A' manhâa dezenove do Corrente,


assim que naõ chegar resposta do dicto Com-
m.ndanteaté o meio dia, sesrão passados á es-
pada todos os prezos tanto Oíficiaes Gene-
,

raes no serviço de S. M, F, como os mais


prisioneiros por opiniões Kealistas. O Recife ,

Santo António e Boa- Vista serão arrazados e


, ,

snccnJiados, e todos os Earf-^péos de nasci-


mento seraô passados á espada.
Estas promessas seraõ executadas a pezar
da repuguancia que tenho em usar de me-
,

didas rigorosas. O Governo de Pernamubuco,


que ora eu só represento, creio tem dado so-
bejas provas da sua generosi iade salvando ,

os seus mais encarniçado inimigos como me- ,

lhor pode dizer o me?mo Agent^ empregado


nesta missão. Este^é o rneu uiiimaíum se o ,

Commandante do bloqueio não accordár ás


justas condições oíTerecidas tem.

Assignado.
s» Domingos Theotcnio Jorge &c, ^
170 H I â T O R t £
Formão- Foi por este me?mo tempo que
^'^' ^^^' -D. JoAO VI.
foi servido
'os^de mI"
licianosvo- ^zer levantar dois corpos de Mili-
luntarios , clanos voluntários formados de dois
,

&c; regimentos de cayallaria na Capi-


tania de S. Paulo, e de alguns,
inesmo d'infanteria ^ que se quizes-
sem reunir á quelle corpo, fazen-
do lhe outro sim assegurar que (alem
das graças; concedidas no Alvará ds
1S08) os que assim marchassem vo-
luntariamente servirião naquella
5

Campanha que era a de Buenos Ai-


res , sòòiente por espaço de 2. an-
nos j no fim dos quaes , ou antes
seaíg circunstanciasopermittissem,
vokariaoa seus lares, ficando para
sempre isentos de servirem mais em
tropa de linha. Os cavallos, e ar-
mamento lhe seriáo fornecidos com-
petentemente; e o soldo 5 tanto pa-
ra Officíaes^ como para soldados
começaria desde o dia de sua reu-
nião aos Corpos, recebendo 3. me-
zes adiantados antes da marcha.
Correrão os Paulistas logo ás armas
cheios de alegria, enthusiasmOj e
DO Braztl. Liv. XX. 171

grande contentamento pelo convite ,


que SP lhes fez em nome de S. M,
NVsta occasiâo pois sobrepu-
jou o resultado ás esperanças, já
pela prompticião, com que volun-
tariamente se apprespntáiao e já
pela geiiorosidade , com que o Com-
mercio fardííra e puzéra prompta es-
ta bizarra expedição.
Aconteceu aiii um
facto me- Aconteci-,

moravel ; e vem a ser que entre l\^^^^^^,^'


dois irmãos, filhos de mui honrado niarcavel
pai se disputasse fortemente sobre de dois ir-

qualdelles devera presentar se pri- niàos.


moiro ao serviço de seu amado so-
berano O mais velíio arg umeata-
V:: que a robustez do mais moço é-

ra precisa a seu Pai ; eo outro por


isso mesmo allegava ser esta neces-
sária para supportar melhor os pe-
cados trabalhos de uma guí^rra que
,

tendia á segurança de seu Mornar-


cha, e sua Pátria : peloque , to-
mando calor a questão, nenhum
delles cedeu; e o honradíssimo seu
pai então decidio que fossem mor-
rer ambos peia sua céíra Pátria.
smi

172 H í S T O R í A
gegue»se Houve
tãobenrf outro facto de
outro facto
de 11 111 ia,-
Lavrador,"1
(;^j.|^
.
que mostra assas
viador rela- vivamente o grande zelo e energia
tivo ao patriótica dos oíesraos Paulistas ;
mesmo ab- pois, náo tendo o mencionado La-
jecto.
vrador filho algum , aquém podes-
ge fazer servir a Pátria , e seu Re;
naquelJa crise tratou de comprar
quatro escravos pardos, aos quaas
deu logo liberdade , e lhes fez as-
sentar praça para o mesmo fim.
Estes, e outros factos análo-
gos provão a toda a luz que ossen-
íi mentos daquelíe povo são cheios
de toda a fidelidade e amor patrió-
:

tico, sem o que se encontra ape-


nas a desordem, intolerância e in-
sobordinação, que , procurando sem-
pre precipitar-nos 3 vai cavando a
ruína total de todos os povos.
CoDlinuávao por este tempo as ,

innumeraveis liberalidades, muni«


ficencias^ e clemência de S. M.
como bem claramente se deixa ver
dasCartas Regias em Junho dei 8 17:
escriptas aoTenente Getaeral. Car-
los Frederico Lecór ^ e ao Marquez
MMi
í)o Brasil. Liv. xx. 173

de Alegrete do Conselho de S. M.
Governador e í^apitao General da
Capitania de S. Pedro.
Nçslas Cartas Regias, dirigi- Caxtasr©-
^^^^ ^^ f
das aos' 2 mencionados Generaes se quaesse©o- '

A n r
\e que ellas tendem ao mesmo hm gg^va a li-
. 1

com a differença de serem lembra- beralidade


das as acções de Chafalóte, e In- eclemenda
dia-Mortanaquellado Tenente Ge- ^^ ^• M.
kc.
neral Lecor.
Faz portanto vêr S. M. que ^
havendo-lhe sido presentes os oíB-
cios dirigidos pela Secretaria de
Estado dos Negócios Estrangeiros
e da Guerra, peíosquaes tinha sido
enformado do zelo, lealdade, e va-
lor , com que em geral se haviao
distinguido no. seu Real serviço os
Ofíiciaes Generaes , Oííiciaes , e to-
das as Tropas, empregadas debai-
xo das OTciens de cada um delles
Generaes e que merecendo por
:

tão recommendaveis títulos a sua es-


pecial contemplação e louvor
, ,ha-
via por bem que em seu Real No*
me assim o significassem aos refe-
ridos OíEciaes Generaes ^ Oficiaes ^
w^smmmmiÊfÊã

174 Historia
6â todos os Corpos Militares, qnè
tâo (iigriaiTiente o haviíío servido;
expressando lhes ao mesmo tempo
o seu Real agradecimento pela brio-
sa intrepidez , com q oe se houve-
rao em gerai em todas as occasiõe^
de combate, e especialmente nas
deCorumbé e Catalãa
DáS.M. Alem disto há S. M. porbeui
aos OíFi-
dar aos OíBciaes, qne mais se dis-
ciaes mili-
tares um tinguirão y um testemunho de Sua
testomunho fleal satisfacçao sendo sc^rvido pro-
desuaReal mover os indicados em oma rela-
satisfacçaõ. çi|^
^ q,j^ f^r^^^ enviar, acompa-
nhando o Decreto 5 de que lhes de-
via ser remettida uma Copia, &c*.
E portanto havia outro sim por
bem o ordenar-lhes, que mandas-*
gerh proceder ás competentes pro-
postas 5 para preencher em todos^
os Corpos Postos vagos , tendo-se
nestas propostas comtemplação e
preferencia em igualdade de cir-
cunstancias aos Officiaes, que fos*
^em mais distinctos nas acedes , &c»
Ordena pois finalmente que
.i^ssim se proceda , para subirema-
to Brazíl. Liv. XX. 17Í
quellas prppostas á Sua Real Pre-
sença com as observações delles
Generaes , a fim de merecerem a
Sua Real approvaçâo , ou resolver
o que julgasse mais acertado: as-
sim como tãobem os encarregava
de formarem logo relações de todas
as viuvas dos Qfficiaes inferiores^
que morrerão nos differentes com-
bates , com especificação dos seus
nomes, e das acções, em que mor-
rerão, para que, subindo immedia-
tamente á Sua Real Presença, Man-
dasse expedir as ordens precisas,
para serem as mesmas viuvas con-
templadas com o vencimenío de
metade dos respectivos soldos de
^eus defuntoi maridos^ &c«
i7(r

LIVRO XXL

1817 18 i 8.

Prosegue S, M. no encomparavel
desvelo^ paternal influencia
e
n©s melhoramentos do
BrasiL

*v/v/v/^v/i<A/V\/n/*/><A*t *'J^^f\f^*\t>itm

OE em alguns dos anteceden-


tes Livros , nieocionámos os me-
Ihoraeieritos, que S. M. promove-
ra no Brasil é semduvida que neste
,

que igualmente deveinos mostrar


tãobem o quanto seu Régio e Pa-
ternal desvelo proseguia em fazer
prosperar as diliereníes Capitanias
daquella vastíssima Região \ e poj
ÍDO T?RA^IL. LlV. XXÍ. 177

isso aqui dizemos agora que para


o Brasilem virtnde das sabias or-
dens , e í?alu1ares medidas de S.
M. se fizérào transportar mais de
C500 Ihéos, a fim de se estabelece-
rem em varias Ca|)itanias.
Estes Ilhéos se compunhão de
ambos os sexos; e a cada chefe de
família , alem de casa , e terreno
próprio para a lavoura, se dávâo
instrumentos ruraes , o gado neces-
sário, eatémezada para a sua sus-
tentação nos primeiros dois anhos,
e tâobem a izenção do serviço mi-
litar para si , e para seus filhos.
Entre estes novos Colonos se
passarão logo a promover casamen-
tos, auxiliados com donativos de
muitos particulares. A illuminação ,
e os estabelecimentos de novos
quartéis da Guarda Real da Poli-
cia augmentávaõ cada vez mais a
seguridade dos Cidadãos, assim da.
Capital, como do exterior.
Oblêvt>se um grande acrésci-
mo de agoas, extinguirão-se pân-
tanos e charcos, que tanto em.pe-
178 ti I s r õ n t k
ciaõ a saúde publica. Fizérao-sé?
novos chafarizes, quaes o da bar-
reira de Santo António eodeMat-,

ta Cavallos. Extensas valias se


abrirão.
A Iteáraõ-se terrenos , como no
largo da Real Quinta, Estrada do
Macaco, Glória, Catete, Caminho
velho, Lagoa-de-Freitas , e outras;
6 sobretudo nos caminhos da Cida-
de nova , e S. Christovao Santa ,

Anna ,e Barro-vermelho , &c.


Seria certamente necessária a
prolixidade para se haver de fazer
uma exacta enumeração de to-
dos os profícuos melhoramentos a ,

que S. M. fizera proceder; toda-


via por isso mesmo se patentêa h^m
o encomporavel beneficio, qtie os
Brasileiros devem ás suas úteis pro^
videncias.
Goza alem disto , aquelle po-
vo de outras diflerentes commodi-
dades como são as que lhe resul-
5

taõ das pontes de pedra , que faci-


litaõ o transito pelo Campo de S,
ChristovâOj rua do Senado, praia
i&m

DO BrAZíL. LiV. XXI. 17ÍI

do Flamí^ngo, &c. Algumas ou-


tras St? de niadeira pa-
constriiirab
ra tornarem fácil a passagem de
vários rios como Peracuara , Vié-
gos ,Cabeça e outros.,

Da mesma sorte se desvelou


S. M. em raaijdar abrir muitas es-
tradas como a do rio Tagoahí á
,

Keal Fazenda de Sancta Cruz e a


da bica dos marinheiros a Matta
porcos; a mais notável porem de to-
das as estradas do Brasil é a de
Minas Geraes 5 que devendo pas-
sar segundo o primeiro plano,
,

pelas freguezias da Sacra- Familia ,


e nossa Senhora da Gloria do Ser-
tão de Valença , se observou ser
impracíicavel em razaõ das gran-
des , e ásperas subidas de montes;
por isso se fez começar logo adian-
te da Serra da Viuva , encaminhan-
doa para o Presidio do Rio Preto, por
ser assim mais fácil o preenclier os
fins, a que éra destinada, de tran-
sitarem por ella carros, seges, e
carruagens.
Tem-se continuado este traba-
• ^-'-.^ ~^ij^jiu:::r'jg

18Ò H í B T Ô íl í A

lho até abarranco do rio Paraíba 5


© passando-ie á margem opposta
do raesmorioj tem se continuado
na mesma direcção pela parte, que
figurara difficultosa , queá doTai-
puru por diante*
O
resultado até ag-ora consis-
te em estar já aberta uma nova
estrada , que principia pouco adi*
ante da Serra-da Viuva e conti- ,

nua até o barranco do rio Parail)a,


fí"i| em distanciado três leguâi, elres
quartos, tendo de largura 9 a iO
palmos nos sities, aondo há cavas,
e 10 em outros lugares.
Sertão de Valença se acha
No
taôbem já aberta outra porção de
estrada de uma Légua e um quarto
de extençaõ-fazendo ao todo 5 léguas
atravez de matas geratís, sem subi-
das, e descidas ásperas, de modo
queporellase pode já passar o tra-
te, o alé mesmo a galope, coma
se fosse por uma qualquer planí-
cie , naõ sendo necessário mais do
que alargar-se para o commodo tran-.
gito de carroj seges ^ e Carrua-

1^
gens, o que alé agora se tinha ge-
ralmente por impussivei.
Proví-íen-
Ná(i» deve omaiittir se aqui a
^ f ^ cias dadas
construcçao do cães, e rampas en-
t

g^ ^^
Ire as quaes se dií^tingue muito a p^j-a i^bras

de Valoneo. públicas*

De pois de providenciadas as
. primeiras necessidades piibheas ,

foi sempre accoRimodado ao espíri-


to dos Generosos ÍVJonarclias o tra-
tareíiide estabelecimentos agradá-
veis^ isto é de obras publicas tea-
5

dentes a fazer não só commoda a


vida, eni quanto ás sua^o praneiras
precisões físicas poréoi da oiesma
,
'

sorte no cue àv& resjiveito á parte


mora! e espiritual do hoaiera, que
nao pode deixar d# procurar mui-
tas vezes o recreio para desafogo
de suas fadigas.
PorestarâzSo se fez S. M. no
Brasil mui digno do mais alto lou-
vor ,assim peia grande obra do
passeio, formado no Campo de San-
cta Anna bordado de arvoredo , e
.

roseiras: &c. como igualmente por


aquelia do Real l^iíeatro de íi.
TOMÔ X. N
182 Historia
João, ronslruido, e de lodo arran-
jado em menos de dois aniios, e
em uma bella praça. Para estas duas
excellentes Obras , assim coíí^o pa-
ra outras niuiías concorrerão de mui
bom grado os Negociaoíes mos- ,

trando assim quanto é capaz de pro-


duzir o amor e adhesao a um Mo-
narcha justo ç que sobre tudo se
,

preza de ser o benigno Pai de seus


Vassallos.
Carta Re- Seguio-se neste tempo o expe-
gia aos Go-
vernadores
dir S. M. aos Governadores do Rei-
d© Portu- no de Portugal uma Carla Régia
sobre a preferencia das manufactu-
ras nacionaes. [ * J

[*] Governadores do Reino de Portugal


e Algarves, Amigos.Eu El- Rei vos envio muito
saudar, como aqueliesque amo e prezo. Nao
perdendo jamais de vista todos o« meios, que^
possaõ concorrer para o bem e felicidade dos
meus vassallos ; e querendo estreitar quanto fòr
possivel a nnião e iníííresses reciprocos do Rei-
no Unido de Portugal, Brasil, e Algarves,
para o que muito concorreria não fg fazen-,

do d'esga Cidade o iníerpoí^lo dos Géneros pri-


vativos da minha Real fazenda, mas tãoftm
fdciiiíanao o consumo das manufacturas nacio-
Dó Brazil, Lir. xxí. J83
Contiiuiííva ainda por esf e mes- Continua-
mo teinpo a o^uerra do ílio da Fr:^.- j^^ ^^
^ ,

.
',
, Guerra do
, .

ta; porem se observava mui sensi RiodaPra-


vetmentear;íp!(laextenuacao do po> ta.
der de Arlig-j^s
Uma divisão dVste reniíente
e furioso revolucionário, mandada

naes , com que fôr eorapati vel com


a preferencia
as relações e tractaíos actualmente subsistentes:
fui servido ordenar ^ qae todos osgeneros das fá-
bricas de Fortuita!, de que se procurar |)ara o uso
da minha Keaj Casa e píjra o provimento da
^

tropa e marinha, assim d*esta província dò


Rio de Janeiro; coipo das mais províncias'
d'este Reino do Brasil sejâo com preferen-
,

tia suppridos pela Reai Fabrica das sedas, e


7nais Fábricas d^desses^Reinos pelas relações ,
,

que forem expedidas peio Presidente do mea


Real Erário, ao Administrador Geral do mes-
mo n'esses Reinos, sacando pela importância
das remessas a que se proceder, para uso da mi-
,

nha Real casa e tropa d*esta província, so-


bre Tkesoureiro Mor do Real Erário , e sobre
as Junctas da Fazenda das diíFerentes Capita-
nias,^ e mais domínios, pelos supprimentos
que às mesmas forem feitos, para o que se
lhes dirigem as necessárias ordens. E fui ou-
tro sim servi.lo, se transfira outra ve? para a
praça d'essa Cidade, a principiar no primeiro,de
Janeiro de mil ^ oito centos e dezoito, o merca-
,
184 H i S T o R í A
por elle do Urusfuay, para se op-
porao General Portii^uez Curado
fui eoUio conipletamente derrotada ;
e Verdunum de seus chefes foi fei-
to prisioneiro seodo outro, por no-
me' Mondraqon ^íDorio. ,

Bloq oeá va Olorfju.es n^este tem-


po ainda Monle-Vicíeo'; porém 400
soldados negros , quefaziao parte da
sua divisi^o, desertarão para os Por-
tiigriezes, com a condição de serem
íiian iadoí^ para Buenos- Ayres; o que
se executou.

do dos genfios privativos da minha Eeal Fa*


zenda, como Paó- Brasil marfim, e Ursel-
,

la, qu^ até agora tem sido feito em Londres,


em razão do> dc;sgra-çados acontecimentos,
qae dérào motivo afS?a mudança; sendo di-
rigido^ a essa Cidade á consií.»- Dação dos Cor-
resnondentes do Banco do Brasil, na con-
formiJadedoart. VJL do f VIÍ, do Abará
de saa Creaçâo e em quanto se nào ultimar
;

o tempo prescripío da sua duração e podendo ,

estes, para a« suas vendas, consuma-los, ou


nesses Reinos, on embsrca-los para as diíFe-
rentes praças da Europa a onde mais profí-
cuas e vantajosas se façâo a bem da minha
Keal Fazenda. O que vos participo, &c. Es-
. criptono Palácio do Rio de Janeiro em quin-
ze de Septernbro , ^c*
DO BiíAsrL. Liv. XXI. ídá
O rjf^nfr.il PínU) estava no-
l]n(=»af!o ãe MoDte-Ví-
Oov'er!Kií]^ = í-

deo; c?5ahio llio de Janei-


loijo <i »

ro em Novembro, pra marchar das


fronteiras com 3000 Cavailos e re^ ,

forçar o General Lecor, a jfim de


se f<a,?,er enlíio um fiioYÍo]ento sobre
o Urusrnay. Aínexpiicavel lentidão
de sua. marcha por
<?rí>actividiade, ^

eujo'mntÍTo l^ofirea o ficar por tao


lon«:ò tampo bloqoeadb em MoBta-
Videp por ue-^ - de Gaúchos,
produzioum rr. -

.^o damnoe es-


trago na disc^pJn::^ da mus Iropas^
e suâ'repi5taçào iodividoal.
Dá mesma sorte se-observáva
<jue o Gabinete go Rio de Janèiro'
parecia havér-se decidido a não e-
vacuar o íehitorio, de que estava de
posse; e isto talvez pela grande
approximaçao eotre esta Corte ^ e
o Governo de Boenos-Âyres.
Foi tãobem poresie tempo que
SR enviarão para o Rio de Janeiro
alguns individuos presos por torbo-
lentos, e opposátos a approvarem o
Sroverno Portuguez^ e eotm eate»
tu H T © R í A
se distinguiaocom muita especiali-
dade dois frades , por nome Bar- =
ros j e Oliden,
Por este mesmo periodo esqui-
pou que fi-
Aríía^as dois corsário^^^
zérao algumas prezas Pofíuí>^uezas
jnos navios costeiros do Brasfl. Um
destes corsarÍQ« , chamado
o Gene-
ral Artigas foi appresado e levado
a Monte Video , cuja cir<!unstancia
obrigou o Governo do Rio de Ja-
neiro a estabelecer combois , para
proteger a navegação costeira da
Brasil.
Para proteger tãobem a popu-
lação de todo o território , que me«
dêa entre o Paraná e Uruguay con-
tra a dura oppressão de Artigasfj se
fizérao embarcar 600 homens de
tropa, ainda que as forças e poder
desíe cru^lcheftíse via ir definhan-
do cada vez mais, por isso mesma
que os seus Satéllites o iâo gradual-
mente desamparando conservan-
,

do>se apenas ainda Sania Fé com


mais alguma adhesão e congruên-
cia com seus infames senliaientos
t)o Brazil. Liv. xxi. 187
de abominável tyraunia. Continuá-
vão porém neste Icííjpo os habitau'
tes de Buenos-Ayres a conservar
coín osPortuguezes as mais estrei-
tas relações de aoiizade. Foi então
que estes tomarão posse da Colónia
do Sacramento, donde Artigas ha-
via ultimamente aprestado alj^ons i\
Corsários para aodáreorcorso con-
,

tra a bandeira Portugueza. Viviáo


portanto aquelles niesmos habitan-
tes em perfeita tranqudlidade , o
que até alii não tinhào experimen-
tado desde o principio da revolu-
ção. ,

Foi pois por este motivo que Maquina-


oparlidoHespânhol se approveitou f^^^/i^gj^^^^
desta noticia da tomada daquella ^J ^^^^^.^
colunia , para a fazer publicar pe- Hespanha.
]as fuihas I nglezas , a fim de a revés- e Poríu-aL
tirem a seu niodo de um caracter
de ag^ressão que forçosamente au-
,

gmentaria (diziao elles) a dissen-


são com a Hesjianha.
Foi puíém ^^^^ f^'^^ ^'^ ''^'""
damento esta calunmia, qiie sf^m
contradicçaò licou lego desmenti-
*I í s T © n 1 jt

da f" "^'^
r.'onh^Cf^u mui b^m clara-
"•
"'^-;/- V -rííadeiro inoiivo de
^ \^'"; \- <jí^ Rio de Janeiro
*
r ': í ^^Ui:)íi'a ífe SacranentoiíHa
l^v^^rá i)tii" ) !i<iais kV> rj3]e o ter Arti-
/>'a'i sr-jin ] ) rnqíjolíe porta, o l^^i-
CO, quH lii.'! r/í-^^r:

cio /'oríir. iifz: 'l.,

tentar :^ò piàtu:}^: [-,


^^'^
^^
'
''\*'V'"'
^
"^ ^^^^ u^B/ã pêra
^-
mí-di í:.-;-^.í/j ._j:,ra A r ligas .^

coiii í. :\i\A l'\[.^^ ueji


. ,

desor-
,-

í^^ nt^.Ti iij s-j íítívic. considerar


en-
volvido o Geverno de Buenos Ay-
res.
E
de mais naô havendo a Cor-
te de Madoci ioriiado medida aig-u-
Bia pBra impedir -as hostilidades de
Artj|^:a.s, o Governo do Brasii
se
via obrigado por iodos os direitos a
prote;>v<>r os seus súbditos
contra a-
quí^llas depredaçõ^-s; e tanto mais
quanto o GeaeraJ Hespaiahol qae^
150 BraZIL. LiV. XXI. 18»
em 1814 governava Monte- Video,
cedêia aciuella Colónia por capitu-
lação ás t,ro|>;is de Bueuos Ayres.
Ceder Hespanha esta Clolonia aos
iwmnro6 do Brasil, e querer que este
inesiíio se não deíenua dos ataques
desses inimigos, seria uma perten-
ção táo injusta, comoinsusceptivel
de se acreditar o haver quem ao-
nienos a imaginasse. _ .

Havia sabido pouco antes deste ..Vf ^^ ™^-


mesoio ienrpo cm Decreto, e<iUaS ^^^ ^^^ g^
Cartas Regiam oa Corte do Rio^de ^^ g^^^e o
Janeiro com data de 24 de Setembro estabôlecL
d.M817 , aonde se manifesta o zelo @ ^^^^^^^^
^^''^
vontade, qu.- um tão benigno So- '

berano, Ó Se;:hor D. Joâo VL


consa^Tá^a sempre ao bem e todas
í)s possíveis coinmodidades de
seus
vassallos; pois se propô^-m por este
Decreto a estabelecer Correios na
Capitania de S. Paulo, e nado
Rio^Grande do Sul, para cujo fim
se enviarão as Cartas Regias aos
dois Governadores e Capitães Ge-
neraes das mencionada» províncias ,
para que por elles aiais especifica-
"^r^mmwm

230 Historia
dainente ficassem inteirados de
seuf
deveres sobre táo líiil corno ne^
,

cessaria providencia, dada


por S.
M. F. áqoeiles povos.
^
Havia-se entaõ offerecido Jo-
sé Pedro César para
estabelecer
um Correio regalar partindo duas
vezes em cada um mez das
villas
do íiio-Pardo Porto- Alegre
,
e Rio-
,

Grande, sendodíie concedidos por


lempadedez anãos os rendimentos
de todas as passagês dos rios e
en- ,

seadas que se comprehendessem


,

nos destrictos, pqr onde passasse


o
mesmo Correio, desde a Villado
Rio Fardo até os Cubatões de Sane-
tos: ficando poréa) obriq-ado
a en-
tregar nas respectivas Juntas
da
l^azenda a importância das passa-
gês, quealíi estivessein arremata-
das; afornecellas de boas Canoas,
e barcas e a entregar no fim d'a-
,

queííesdezannosnão só as mesmas
passagês, como taobem todo o es-
tabelecimento do Correio pela ma-
neira, que o mesmo devia ficar.
Ouíraspro-
Assim se coníinua a obs^errar
DO Brazil. Liv. XXí. J91
a Régia e Paternal infliuncia de vjdfnrias
íao aniavel Soberano , pela prospe- ^^^^^'^^
f"^^"
"^^^^*^^'
liilade, que naqnelíe Eniisphérío
do Brasil se cançava tanto em gran-
gear a seus Vassallos ; pois já em
doze de Agosto de J 8 17 havia o mes-
mo Senhor feito expedir honia Carta
Refíia sobre as Sociedades das lavras
das Minas doonro ac Capitão Gene-
ral das IVlinas Geraes , com os Et;ía-
lutos 5 que a acon]j)anhárad, a íim de
que a ipineracaô , cahida ale alliem
deleixo, houvesse de se fazer f levar
^
a um pé de grandeza e fecundida-
de comoaqiiella, de que semelhan-
,

tes terrenos
fazem susceptíveis.
!?e

Este mesmo abandono


e deca-
dência suscita 8, M. dizendo eye
por falta de conhecimentos piácíi-
cos da nuneraçaõ, que es mineiros
naõ possuem, se íornavao aqueJieg
seus trabalhos mais di^pendiof^os
&c. Lembra mais taôbí m que os
verdadeiros conhecimenícs da mine-
laçaô tem sido mui uíeís em outros
paizeís, aonde há minas de metaes
de muito menor \aier, asquaes.
:.>.>.^^...^..^W.-.:..-|^^^
tmêm...
fílf"

ÍH H I o R r A
apezar cFesta grande diffVrençâ ^
daô sufficiefites locros aros empre-
hendedores, que as lávraõ* e que
por isso querendo animar est e im-*
,

portaiUissiíDo ramo dt^jnd uniria e ,

riqutíza Dacionai proíLOvs^ndo na*


^

quella Capitaaia a adopção do Hió-


tíiodo regular ds' Arte de minerar
e o uso das iDachinas^ de one se
,
gervem os mineiros da líurópa ^
por meio das quaes liavia iTio^írado
a experiência obferem-se grafide^
resuitados em
taes ser viemos , com
pequena despesa , e com moiío me-
Jior íioiuero de braços do que eráa
necessários na mineração al!i practi-
cada 5 havia porbern determinar
que se formassem naquella Capiia-
nia Sociedades coniposias de Ac--
ç&s,com que poderiaõ enírar quaes-
quer indivíduos , queneilas quizes-
sem ser admittidos , cujos fund(-s
habilmente empregados, debaixo
da direcção de uin luspectcr Ge-
ral ,
pessoa intelligeute na Scieij-
cia Alootanistica , e iVielaliurgioa ^
que o mesmo Senhor fosse serv-ido

W
rtííi

t)o Brasil. Lj7. 3rrr. 195-

nomear, houvessem de ap{)!ic?>j-se


©oestabeJecinjejiilo de Javjí.t regu-
lares e ríietbòuices pi r roria das
tizotirus fcuciedadtx; jx tk í>do <; i-
Ji reeditar íguitlniefae um gTf>iiáe
proveito r}aÍD&liijíc;a(. pidúkv,. pa-
^
leíileai:)flo-se aqueijeb tralalhoíà aos
habitantes da mt^mix Capitai ia, e
as vantfí^es qm: prowei^mm do me-
,

thodo scientiíiro-ír.crílaíii&iíco, &c.


Ccnliiíuáva por e$ie tf:n;jo i-hi Progressos
da a guerra do R lo-da- Prata ; eira
Guerra (io
então que constou liaver siâv irifi:
Bio da Fia*»
^^

a expedição ^do Uruguay, Si^tzar ^


do rigor da e&laçâo/e íalta at ea-
vaJJos.

^
Os insurg entes , depois que
fôrao rechaçados pela ncsfc/j fatlu-
lha do Passo de S. Ferriíuííio se ,

ausentarão da cosia daqfjeiíé Vio


5
marcharão eut^^ô os iiossosií:!',. c Po-
vo de Apóstolos (Í8 !époa;'d! '^nie)
pertodoquâ], tomáraõ ^e côv^ijos
e4 prisioneiros, que dáuô lUicia
de se acharem 500 GaucLcs p^iuo
mais ou nienos rio megnio Tcxo, e
emS. Jozé (S !egoasdií?tc>nle) 200
com André Ani^^s. Ficando uiua

^
'^íàÊmmâig&m^^

194 rt í S T O R í A

boa guarda ácavallada, formarão-


íse em Jinba de batalha 500 hom&s

dos nossos 5 augmenlada a nossa íq-


fanteria com 50 Milicianos Guara-
nis ,
por ser o terreno em baraça-
do, ou coberto de arbustos nos ar-
redpres do Povo. Saiiirão logo os
insiirgentes com bandoira encarna-
da e grande algazarra arecâber os
,

nossos; immediatamente os in-


e
vestio denodada intrepi-
a mais
dez. O Esquadrão da esvquerda
ron]peoofogo, tomando as veredas
do Cemitério e Horta. O da direi-
ta ganhou a galope o portão do se^-
gundo páteoy" e pelo centro atacou
a nossa iofanteria, que logo tomou
a bandeira ficando morto o seu con-
,

ductor ; e carregando sobre os Gaú-


chos, fugirão estes para a Praça.quea
coçados pela nossa fuzilari.i,corrêrào
para o pateo do Collegio cujo portão ,

fecharão guarnecendo-o por dentro


,

com seus atiradores, assim como


o-^

asja.nellas da igreja, donde fizérao


aos iiussos mui vivo fogo. Ao mesmo
tempo os Milicianos da direita lia-
no BitA^ííL. Liv. xxí. 195
viíío forç.'HJo o iWcío poríao do 2/
páteo íleb:Uxo (lo fogo cios Gaúchos,
que precipiladaiiienle corrêriío pa-
ra o 1/ páteo 5 em que houve mui-
to fogo de au)bas as partes.
A'strps horas da (arde appare- Prosegue
ceouuí corpo de cavallaria de mais "\ (íescn-
de 200 homes a galope, commanda- !!utrra^do
do por André Artigas em soccorro íUodaPra*
M
do povo; sabio~íhe ao encontro um ta.
esquadrão do 1400 homês €om- ,

mandado pelo bravo Capitão de


Granadeiros José Maria da Gama,
que pòz em fugida o inimigo por es-
paço de uma legoa matandodhe os,

Gaiu^hos, e fazendodhe um prisio-


neiro: por falta deCavsillos se reti-
rou este Capitão ao povo, aonde
se conservarão os nossos até o dia se-
guinte encerrando os inimigos den-
,

tro da igreja, e reforçando o pri-


iTieiro páteo onde os nossos Mili-
,

cianos da direita matarão, e feri-


rão muitos. '

Otempo chuvoso, e acorren-


te do Uruguay obrigarão a retirar,
6 aoainpar a uma legoa de distan-
ToMo X. o
'"W

196 H I S T o R I A

cia da referida povoação, que ficou


qaasi toda queimada. Da nossa par-
te houve 4 mortos, e 15 feridos,
«mcujo niimero entrarão Comnian-
çiante Francisco das Chagas dos
Sanctos. O inimigo perdeo muita
gente , contando se n'esta ací^uo
(alem dos feridos) 82 mortos.
Passarão en tão as nossas tropas
o Uruguay no passo de S. Lucas,
.sem haver, nem apparecer uma só
espia dos inimigos; e íinahnente
chegou a- Borja , sendo, rrMnetti-
4os/para o Rio4^ardo 38 Gaúchos
inimigos.
Alvará pa- Foi neste mesmo anno quesa-
ia a divisão }^^ ^j^ Alvará para a divisão da

G ^^"nde'^ Commarca do Ceará Grande em^


^"
,queS. M. faz saber que. subindo á
gua Real presença a dificuldade,
5

em que na provincia do Ceará Gran-


de se aprompía a administração da
Justiça em razão das distancias, e
encommodos, porque saõ obrigados
a i)assar aqucUes povos, para con-
se^í^uiremos ííespachos dos seus ne-
gócios, sendo coujo impossível que
T)o Brasil. Liv\ txí, 197
tirnsó Oiiviílor possa fazer as devi-
das CorriMçocs em tad grandes ex-
tenções, e ouvir a mais de cento
e cincoenia mil liabiUnles, com
que adita província, se acha povoa-
da, &c. e querendo (que para feli-
cidade de seus Heis v2isal!os)se
communiquem as mesmas a todas
as partes, de seus Reinos &c. ha-
via por bem dividir esta commarca
do Ceará Grande, e crear outra
com denominação de Commarca do
Crato do Ceará, servindo-lhe de
cabeça a vilia do Crato, e coinpre-
hendendí no seu districto as villas
de S. João do Príncipe Campo
,

iVIaior de Quexeremóbim , Icó , Saa-


cto António do Jardim, e S, Vi-
cente das Lavras , que por este Al-
vará éra servido elevar á qualida-
de de vilia. E que todas estas vil-
las ficávâo desde logo desmembra-
rias da referida comaiarca, do Ceará
Grande e sujeitas a nova Commar-
ca do Crato do Ceará. Que taõbem
o Ouvidor desta Commarca serviria
pelo mesmo regimento &CC.

m'''/--^'
J0
mmm

198 H I S T o RIA
Crbacão Foi S. M. trõbem servido le-
da\iila de
povoaçaõ de S. Vi-
yg^jj^^^j. gj^j y\]],^ jj
fe. Vjcc-Mite ,1-. 1 n/r B 1

das Lavras ^^^^í'^'^ rerrer das Lavras da iVian-


^'
&c. gabeira, com a denominação de
villa de S. Vicente das Lavras ^%
aqual teria por termo todo o terri-
tório da sua freguezia ficando des- ,

de logo desmenbrada do termo da


villa de Icó^ creados os mesmos
ii^ i

Juizes ordinários , Juiz dos Orfaõs ,


Vereadores, e Officiaes que pelo ,

m Alvará de 30 de Agosto de 1814 se


havia dignado conceder á villa de
Sancto António do Jardim &c.
li A cabeça da Commarca do
Cear-í Grande , que até alii havia si-
do a villa de Aquirkz, ficaria sen-
do a Viiia da Fortaleza &c. Que
annexávaao íugar de Juiz de l^ora
da Villa da Fortaleza as Villas de
Arronches Messejana , Soure e A-
,

qiiiráz, ficando supprimidos nellas


os lugares de Juizes ordinários, cu-
ja jnrisdicçâo devia ser exercitada
pelo Juiz de Fora &c.
Que era oulrosim servido crear
m dois lugares de Juizes de Fora do
>
DO Brazíl. Liv. xxr. 199
Civel , crime , e Orfaos , um na
Vilja do Sobral, íicando-lhe anne-
xas a Villa da Granja; Villa Nova
d'EI-Rei, e Villa Viçosa KeaUe
outro na Villa de Aracaly, fican-
do-Iheannexa a Villa de S. Berna-
do , &c.
Era n'esta mesma época que Altercações
mui vivamente se questionava so- sobre os ne-
gócios da
bre os negócios da Hespaníia e Hespanha ,
,

Portugal tomando então muito relativos á


,

maior calor os que alíereavao sobre guerra dos


o que era relativo as duas Cortes insurg entes
da Ameri-
em quanto á sorte de Moníe- Ví- ca, kc.
deo, querendo sustentar que S. M.
Gathòlica devia acceitar o plano de
mediação, que lhe fora oífer^cido ,

para que unia força neutral houves-


se de tomar posse de Monte- Video
até a conclusão do negocio das co-
lónias , &c.
Porém depois se publicou que
S. M. CathoJica não acceitava a pro-
posição de ser Monte-Video occu-
padoporuma força neutral porque ,

era um remédio parcial e ineílicaz


ao mal j de que se queixava.

^íl^Sv:.*"''^' •

mm^
:ti::lii.l»fíií:

200 Historia
Que a Hespaiiha s^riamenfe
desejava adoptar um cannnho que
não só fizesse desnecessário este ex-
pediente, mas que removesse de
uma vez , com este mal , lodos
os outros, que affligiãoos seus do-
minios no continente da America
Mei'idional. Que sentindo o have-
rem falhado todos os seus esforços,
para tornar a chamar os seus súb-
ditos á sua homenagem, e sensí-
vel ao mesmo tempo da inutilida-
de de prolongar o presente estado
de guerra , estaca resolvido a pôr
termo, de qualquer modo que fos-
til
se, á effusao de sangue, naquelles
In i

paizes; e com estas vistas. ]>ropu-


-•• /í

Mi- kl
nha um plano geral de pacificação
debaixo da garantia da Inglaterra,
como aPoteucia mais eflicazparao
mesmo fim , &c.
Continua ~ Igualmente se dizia poreste
^^p^p^ q^e o Governo de Buenos-
oobjectoda

ITí^Lt'
meriçana.
Ayres fizera marchar uma divisão
de 2:000 ho?nêíí, debaixo do comman-
do de Bacharel para atacar e des-
truir a for^a que Artigas commaa-
,
'\

DO Brazil. Liv. xxr- 201

4ava na Baxada de Saricta Fe , e


^ue esta expedição fora conípleía^
nenle derrotada pela força daquel-
leArtigas&c. .Trujctavao a esta 'no-
ticia que o povo de Saneia Fé 's*e
havia declarado contra os de \U\e^
aos Ayres: que as trepas de Bel-
^rano ^ tendo se revoltado , lorná-
ríioGuemes, &c. é qise esía força ,
iiavendo se unido a Artigas se ti- ,

nha preparado para se ojipôr aoGo-


'^erno de Buenos Ayres. Tudo is-
to se dizia assim, e asiai se ques-
tionava coníi o fim somente de aba-
que se oppunhào aos progres-
ter os
da America
sos dos revolucionários
Meridional Hespanhoia para virem
.

recatiir sobre a insuíociencia de for-


ças Portugiíezas tãobem ,
que fos*
sem capazHS derebater Artigas, e
seus co5.npanbeiros na guerra do
Rio da-Prata quando mui bem se
,

sabia que custes insurgentes éráoai-


li rechaçados a cada instante, e
que não podião progredir com feli-
cidade por aquelle território.
Acrescia mais que de sorteai-
202 H í S T o R í Á
^umapoíliao convencer que S. M
F. durante a influencia de Artigasi
devesse abandonar Monte Video \

pois qne em tal caso se haveria de


tornar apresa daqnelles revolucio-
nários 5 e anarchisías.
Os corsários de Artigas, oil
outros de baixo do seu nonie, esua
bandeira tinhão tomado varies na-
vios, como aconteceu com a No^a
Aurora j que vinha da Bahia p[\.n
o Porto, a Serpente, que ia pam
o Rio-Grande&c. E daqui se coWh
ge bem claramente que S. IVJ. F.
não devia soíFrer sem resistência
semelhantes hostilidades; pois se
seguiria que, deixando de insisíir
naquella guerra, daria a Artigas ,
o primeiro e.mais temível perturba-
dor do socego do Brasil, dar~lhe-hia
luais os portos de Monte- Vídeo e
Maldonado, para que melhor, e mais
a seu salvo abrigasse al!i os seus
Corsários e em consequência não
; ,

se propondo então a Ht spanha(como


não propôzja prohibir estas hostili-
dades daquelles seus súbditos, eo-
DD Braçal. Liv. xxj. 203
briírando-se <í solução, ou indem-
nisa(;3ode todos os prejiiizos, cau-
sados aos Poriugv:ezi^s n^o era pos-
,

sível , nem
por direi (o alguní a(iujis-
sivela íliltá ííe resi^^tcricia áquelles
inimigos (!a parte do G;ibÍL'(Me do
Rio cie Janeiro, que, visk) tí;ío se
haver deitado uíaõ d?) seirudharilo
inedidíí, e nao se haver tad pouco ga-
rantido a indenmisaçaõdos damnos ,

que para o futuro hovesseai de sof-


frer os mesmos Portuguezes , nao
podia deixar a continuação de iiaia
guerra que \inha em taes circuiís-
,

íancias a ser-lhe nilo só útil e neces-


sária mas até ifulispensavei a to-
,

dos os respeitos, c(ímo a única me-


dida que lise aíBançava o socego
,

dos territórios Portuírnezes, e a-


Iranquilla fruicaõ dos bens, que os
mesmos saõ capazes de propor-
cionar a seus habitantes.
E por uKimo ^everia ser assas
manifesto a lodos os que assim ra-
cionassem , queS. M. F. naõ pro-
cedia nesta jíarte sem o mais bem
fundado hzer a guerra
direito de
em terrenos Hespanhces por quan-
j
ui i k.'SÁJ»màÊimiêiÊtíS^

204 Historia
to jamais foi das suas intenções nem .

éra taõ pouco de esperar de um ivlo-'


,
narcha taô pradenle, como justo
òGousentir em que se fizesse aquel-
la guerra , como declarada á Hes-
panha, ou a Fernando VII. que a
dominava coipo seu legitimo Sobe-
5

rano, mas sim unicamente a Arti-


gas 5 que havendo-se conspirado
,

contra este mesmo seo Monarcha


tratava de encommodar e fazer to-
da a ca&la de hostilidades, que es-
tava a seu alcance, para pôr em
pratica o latrocínio e a pilhagem,
a fim de alimentar por este modo
iil \

a sua feroz avidez com as trisí es e


desgraçadas victimas dos pacíficos
Progressos Urasiieiros,
vantajosos
Aí^uerra portanto ne^ste tempa
da rr.esma
muitâS e mui assig-
,^.^,^5.^ ^^j^j
í(- 11-6 i- Til, ' ^ , i,

naladas vantages , postoque o cor-


so, mandado fazer por Artigas, e
feilo ao mesmo passo por outros,,
que serviodo-se das favoráveis
,

circunstancias, que a bandeira de


um semelhante tnal feitor e hostil
iniáur<>entelhe ofíerccia , se arvora-
DO Bi?AZIÍ.. LíV. XXÍ, 205

rSo logo em aroíadores fjevavsos de


corço, nao deixava de encouuiKHlar
osNegocia|)tes For(íignt?.t\s, edar
iima grande quebra na- i!an?acc<H-S
iD^fcanti^ eiTianlirrios ; e por ro!?se-
gLiinte no andamcruo rí/|>ti!ar dos ne-
gócios das díiTereniesde Praças";
Commí^rcio do Reino Unido ncPí^r-
tugal 5 Brasil , e Algarve;-.' : t'-^<]nvia

(érada primeira e mais ;.hsr !uía nt^-


çessídade o ^>usíenl.ar*^e rsía. t:uí?r-
ra , (|ue pelas íipontadyH razões se
\ê ser íiihados maisjusiificadosS , e
imperiosos motivos:
Prorno!g-ár?1o-se por este tempo Seguem^
Uez Al-
3 Alvara^i na Corte do Rio de Ja- &c.
varás ,

neiro, dos qiiaes o 1/ tem por i^eu


objecto o impor penas aos que fize-
rem o tráfico illiciio em escravos e ;

por tanto diz S. M. que attende a


<]ue aprohibiçao do commercio de
escravos em todos os portos da cos-
ta d'Africa ao Norte do Eqnador,
&c, exige novas provid encias pres- ,

crevendo as listas e proporcionadas


j

penas aos transgressores &c. e por ,

essa razão as (42; constar patentes


20S Historia
no mesmo Alvará com força de
lei , reduzinclosis a 7 clifferenteíS
artigos ern que se achão concebi-
das , &c.
Em quanto porém ao 2.* tem
este por assumpto um interessantís-
simo íimjqual o de fazer a creaçao da
com marca do Rio- Grande do Nor-
te; e por isso se faz digno de um
mais amplo exiracto, observando-se
queS. M. tomara em consideração
os graves prejuízos que a seu Real
,

serviço, ao interesse, segurança


pública, e á boa administração da
Justiça devido necessariamente re-
sultar de ser a Capitania do Rio-
Grande do Norte annexa á Commar-
ca da Paraíba; por não ser prati-
cável que um só Ministro pela sua
gfvnde extençao tenha juntamen-
te a seu cargo a quella Capitania
de um vasto e,,dilatado território,
igualmente insusceptivel por i^so
semelhante união, e muito mais
por ser summamente, custoso a
m só o corrigir bem a primeira
11

pela referida razão.


DO Brazil. Liv. XXI. 207
Foi portanto S. M. servido
orcTenarque a Capitania do Rio-
Giande do Norte ficaria desmem-
brada da Commarca da Paraiha, e
formaria uma Commarca se|)arada ,

que o mesmo Senhor era servido


crear com a denominação da Com-
marca do Rio Grande do Norle ,
tendo por cabeça a Cidade do Na-
tal eoslimitts, que se achâo assi-
,

gnados para a mesinaCapiianiaQue


aOuvidor, que fusse nooieado te- ,

ria a mesma jurisdicção, e liegimen-


to, que da comuiarca da Parai ba &c.
Que era outrosim servido crear os
oíficios de Escrivão e Meirinho para
esta nova Ouvitioria assim como
;

taôbem se devia entender que as


pessoas providas nos oies^iios officios
os deveriáo servir na íuniia das leis
e Begirnentos , que a este fim se
acháo estabelecidos , &c.
O
3.* Alvará serve a prolii-
bir as Sociedades clandesí iiias , fa-
zendo vêr que, nào sendo bastan-
tes os meios correccionaes /como até
a^^ora se tem procedido ^ segundo
208 H í S T o R í A

ks Íeis do Reino, que prohiíipni


qualqtier coiu:rt'<^açáo ou as£ct;ia*
çáo (ie pessoas cuin alguns eslatuios,
feeinque sejao peio Soberano aulho'
rizados priíiíeiraiueíjle , e os beuâ
estatutos aj^provados, e exigindo
por isso a tranquillidade dos povos
que se evífe a occasiao erbolivode
se precipiiareai muitos vassallos,
que podiilu ser úteis abi, e ao Es-
tado , &c. éraoiiiesíDo Senhor ser-
vido declarar por criniiocsas e pro- ,

hibidas Iodas e quaesquer socie-


dades secretas, de qualquer deno-
jT)ina(jaôque elias sejaõ , ou comos
nome^ e formas já eordiecidas, ou
debaixo de qualquer nome ou forma ,
qu*' de novo se disponha ou imagine;
pois que todas e quaesquer deveriaõ
^ev consideradas desde então por
diafíle, como feitas para conselho
e confederação contra o Rei, e coii-
tra o EstaVlo, &e.
portanto ordenou S. M. que
E
todos aqueiles , que fosèem com])re-
hendidos em assistir em lojas, Clubs,
GommiLtésjUU qualquer ajuntameii-
•jtWiii^tT MM* •^-
'>

DO Brazil. Liv. xxr. 20^


to de sociedade; aqiu lies , que pa-
ia as ditas lojas ,ou Clubs , &c. con-
vocarem a oiitroá ; eaqueil-es, que
assistirem á entrada ou recepção de
algum Sucio com juramento, ou i

senielle fiquem incursos nas penas


daOrd, I. 5. t. q. §. §. 5 'eS.' &c.
Sahio por este teinpo um De-
creto de perdão aos amotinadores
-em Pernambuco, datado no Palá-
cio do Rio de Janeiro por S. M. F.
o Senhor D. João Vi em 6 de Fe-
,

vereiro de 1818 e isto em virtude


*,

de querer o mesmo Senhor dar á-


quelles seus vassallos as mais pa-
tentes emanisfestas demonstrações
de iiiag-nanimidade e clemência, que^
tanto sabem adornar áquelle Bené-
fico e Paternal Monarcha.
Como pois se havia procedido Decreto de
ao Reirio e pomposo ceremoniatda P^.^^^^ ^^^
acciamaçao de b. M, nesíe teoí- .evolução
po principia por isso este Deere- de Periiam-
to. [*j ' buco.

[#J Tenclo-se celebratío o nctu ia niinha


acciamaçao , e exaltação 'ao tliroao ú&ite Rei-

mmífe^:^i^'^-T'''^^'^':
210 HfSTORíA
Eis aqyi corno este piedoí^o Mo-
n ar eh a se rí)osl.ra sensíbi li sacio era
fa vor d e se us Va ssa i 1 os ;
pois a >e z
] V

de ião execráveis aUeiiíados, como


os que tiveraÔ lugar em Pernaiijbu-

no, e tendo conh^^cido, pelas varias demon^*


traçòes do meu Povo, da Nobreza, e Uepre-
fci;intantes da Gamara, Corporações, que a
e
elle concorrerão a. prestar o jurameiiío de res-
peito, boaienageííi amor, e lealdade que
Pi tem á mm
,

lia Real Peíso?. , á Moiiarchia e


,

1 ao iiomè Poríuguez qnereado-liie mostrar


,
,

quanto me foi agradável &c. Piei por bem


,

que as devassas , a qae se estava proceden-


do em Pernambuco, ou em ontras quaesqi^er
terras pelos crimes, que ajgoos malvados,
trazendo o veneno de opiniões destruidoras,
&c. cessem os seus 'proce.ii mentos e se ha- ,

jào por fechadas e concluídas para se proce- ;

der sem outra demora a julgar os culpados,


peio que por ellas já constar, ([ue s^í;ni\]o as ,

suas culpas merecem pois nào p^nuitte '^^J^°


;

tiça que crimes tào horroro:ios fiquem ímpuni-


Gos,Naôse procederá consequuitem.uU:' a \)Yen-
deroa 'sequestrar mais neníiuuj reo ani ia qas ,

pela mesma devassa já se lhe tenha A>rmaiiza-


do culpa, excepto tendo si lo cabí-ça da rebe-
lião: os que tiverem sido prezes ou s;eques-.
trados depois da data deste serão soUoíí ,« re- ,

laxados os sequesíroi , oiC.

1^
BO ^^AtíL. LlV. XXI. 211
CO, todavia se vê inclinado á com-
paixão e cleiUi^ncia , perdoando á-
quellcs inesmus ^que taÒ temerária-
iiiente e com tanlo orí^iilho se ha-
viaô arrojíído a deíVaudálo de seus
inauferíveis direitos de Realeza ,
e legitima Soberania.
Foi taõbein uesíe mesmo tem- Primeira
po que S. M. P. na sua Corte do Alvará sô«
bre otrata»
Rio de Janeiro se dignou de fazer mento dos
promulgar um Alvará, em que, Governa-
tendo consideração á preeminência dores dos
do Cargo de Governador dos Rei- Reinos do
Portugal ,"«
nos de PorJLugal e Algarves j e á re-
Algarves.
preserítaçáo que devia ter, para
mais fiiciimente conciliar o respeito
dos Povos, mui necessário para o
desempenho de suas fuíicçdes 3 e da
grande coaíij.nça que nelies tinha ,
,

houve por bem, que os Membros,


que entaõ compunhaoo Governo dos
sobreditos Reinos e os Secretários 5

deile eos que dalli em diante occu-


,

passeu] os mencionados empregos,


tivessem o traCtam joto deExceíleií-
cia , e (I ue por elle se lhes fallasse * a
loMO X, P
%n H I S T o R I A
escrevesse, &c. A data deste Deere*
lo é de 22 de Janeiro de 181 8.
Segundo Em 22 de Abril del8!?5sahia
Alvará pa-
j^^^^ Alvará com íbrça de Lei aonde

Jaraento^da se estabelece o Regulamento dcs


Alíandega, direitos da Aifcndega , a fim de se
^c- repararem os estragos e satisfíizer
ás despezas causadas pela guerra^fa*
zeodo igualmente ver a precisão de
augmeniar as rendas do Estado,
que pela reduccão dos direitos das
Alfandegas tinhao diminuído, os
quaes , principalmente no Brasil,
descerão de 48 a 24 elí) por cento,
&c. e por isso houve S. M. por bera
determinar, trndo se conformado
comas consultas, Governadores de
Portugal 5 e outras pessoas do seu
Conselho, (|ue foi servido mandar ou-
vir: -— Que nas Alfandegas-doRei*
no Uuido de Portugal , Brasil, e
A!:>arves^ e nas mais dos seus Do-
mínios se cobrassem os direitos
competentes , actualmente estabe-
lecidos, ou que para o diante se esta-
belecessem de todos os géneros e
efíeitos,qne neila entrassem; ou
Piihisseixí , cess;uiJo inteiraníçttte
por tempo de 20 annos quaesquqí
iiberdatíes ou i;^ençues , seiíi exce*
peão de pessoa e ainda mesmo da-
,

queií-^s géneros encoipendas oo ef-


5

fpítos, que vierem para a minha


Real Casa ou l^'í4U)i!ia^ ou sejãa
para o serviço púbfico^ do Exerci-
to ^ ou da Marinha ficando nesta ,

parte siispeosas quaegqiier doações^


privilégios ou R)raes, &c.
Nos art, segurotes, que, ao
todo^ sao i 4 Aiz varias declarações,
como vem iisej sobre os vipiíos
e agoa^ ardentes estrangeifas , d@
feitoria, oii de embarque produzi- ,

dos, na deaiafcaçSo do Alto Douro


em Portugal o^c. ^

Faz igualmente outras mais


declarações ja sobre os direitos ,
,

que resultáo da escravatura , já


da carne sêcca de Ciiarque , ex-
trahida de qualquer dos portos d^
Brasil^ para outros esti^angeiros
,
Sá^c. Sobre géneros , que págâa
ou deixáo de pagar subsidio od
direito por sabida kc... Merca-
214 H T o R r A
doriasdeproducçâo, pescaria, ma-
nufactura ou industria de Portugal
e Algarve, &c, :eépor semelhan-
te maneira que tractando até ao
14/ art. de obviar aos abusos , e
acautelar injustiças , se propôz es-
te Paternal Soberano afazer entrar
nas suas Alfandegas aquelles direir
tos somente que, apoiados na e
quidade , tivessem lugar nas pro-
videncias, que pelo referido Alva-
rá se davâo em proveito das rendas
do Estado^
Uma tal medida tão util e ne-
cessária, como absolutamente in-
dispensável não pode deixar de ad-
quirir a mais gloriosa memoria ao
seuAuthor; pois quem haveria que
não achasst? o ser ella grandemente
appropriada ás circunstancieis de-
ploráveis, em que se vião consti-
tuídas por este tempo as Alfande-
gas todas do Reino Unido de Por-
tugal, Brasil, e Algarves?
Asinnumeraveisde])redações,
com que os Francezes haviáo de-
vastado todo o Portugal, e as sub-
DO Braztl. Liv. xxr. 215
sequentes resultas de inexplicável ^

estrago em todos os ramos, e re-


partições Civis deviao forçosan;en-
te influir, e até mesmo acarretar v
a este Reino a decinlencia e mina
de todos os seus interesses prove-
nientes da agricultura. Cooimer-
cio, manufacturas, e todos o obje-
ctos de industria &c. sem exce-
5

ptuar a navegação ; e por conse-


guinte não podia deixar de mere-
cer una semelhante situação de coi-
sas toda atlenção de um Monarcha
senijire desvelado pelo bem de seus
vassallos; porquanto, sem que nas
Alfandegas se recêbão direitos com
tanta fecundidade, quanta se faz
necessária para se enriquecer o Co-
fre publico, donde se fornecem os
meios de subsistência a tantas pes-
soas, e familias inteiras, quedai-
li são pagas, como éra ou jamais
seria possível conservar-se uma Na-
ção que costumada assim ávivêr
,^

na Sociedade, se lhe não ojfTerecião


outros meios de alimentar-se ?
Na conformidade pois do § U Seê:ue-se*

^T%j^;/.i^^!i^'-
iLMJSimiMs^sm \tà!ÊÊm WtfmiMfr

iu H í n.T o n t A
Tabeliã dos do Alvará ge expedio uma tabeliã
dos direitos^ que S. M. honve por
direito* so-

nb^^^IJo- t)em se cobrassem dos vinhos. Li-


xes T^c. corçs, azeites, e vinagres assim
uacionaes^ coiDo estrangeiros nas
Alfandegas do Reino do Brasil; e
f(ii datada esta Tabeliã no Palácio
do Rio de Janeiro em 25 de Abril ,
de 1818. ^
Álli estabelece quanto de-
s'e

veria pagar de direitos por pipa o


vinho do" Porto de feitoria, vinlio
do Porto de Ramo^&c; vinho da Ma-
deira; aguardente por pipa, Lico-
res Portuguezes engarrafados , por-
duzbde garrafas, em qoe houves-
sem sido embarcados; azeite e vi-
\ nagre de Portugal ; os mesmos gé-
neros sendo estrangeiros, &c. fi-
,

cando tudo isto de ta! sorte quali-


ficado e disposto na tahella predita,
que nenhum/a duvida poderia resul-
tar nem obstáculo na competente
cobrança daquelíes direiíos.
Peráaopa- Foi por este tempo que depois de
ra os de }^aver chegado a Pernambuco a no-
P rnamha- ^.^.^
^^ memorave] perdão ie S.

rxA
DO Brazíl. LfV. XXÍ. 217
M.
,
que havia sabido em data de
de Fevereiro, 1818, a incança-
6
vel Camará da Villa do Recife pas-
sou immediataiiiente a mandar af-
fixar editaes 5 em que fazia vêr 09
puros sentimeiilos de taõ bom Mo-
narcha. Alem disto enviou os agra-
decimentos a S. BI. F ; e como
restasse ainda allí a fazer-se a ce-
lebração das festas Reaes, Accla-
mação de S. IVí. F. tractárao em
consequência de seoccupar daquel-
le festejo que devia ser em taes
5

circunsíanciasa mais evidente pro-


va da verdadeira eííusâo de seus
tão bem merecidos transportes.
Então se congratula vão os Per-
nambucanos uns aos outros; e nes-
ta venturosa reciprocidade^ solta-
vão mil vivas a seu amado ftei,
que portão plausiVel motivo, qual
o de sua Régia coroação os havia ,

desprendido das fataes cadeas do


temor e do susto com que Os mal-
vados insurgentes os tinhão manea-
tado até alli compromettendo os in-
,

cautos p e mesmo a parte sãa dos

«'
21B Historia
honrados Pernambucanos, que iiiaiâ
|>or violência 5 do que por vontade^
própria dos mesmoí*, se vião na ur-
gente precisão de se deixarem ar-
rastar por aquelles tyrannos, eseus
nefários satellites.
Decreto pa- Neste tempo se tinhao certi-
la se esta-
g^g^^^ OS Brasileiros da utilissi-
ma Legião, ma providencia 5
que S, M. foi

servido dar em do Matlo


favor
Grosso, fazeildo expedir um De-
creto pára oestabelimento de uma
Legião &c. o qual é datado em 22
de Janeiro 1818,
Seguem-
,,
Com o fim por tanto de provi-
se mais dois
Jenciar es meios de defeza ese^u-
Pecretos.
j-^nça da Capitania de Matto Gras-
so, &c. houveíí^. M. porbemcrear
uma Legião composta das 3 armas
d'Infanteria, cavallaria, e Artilhe-
ria , segundo o Plano Figurinos ,
,

e Tabeliã de vencimentos que com ,

aquelle Decreto baixavão &c. Sa-


híotãobem outro Drecreto com da-
ta de 4 de Março de 1818, que ti-
nha somente por objecto principal
o fardamento, da Guarda Real da
Do Brazil. Ijv. xxr. 219
Policia, e sens devidos venci men-
tes, &c. razão por que S. M. hou-
ve por bem neste Decrí lo íUciarar
que o fardamento da sobre dieta
Guarda Real da Policia ficnria em
tudo regulado set^unflo o 8yst^'ma,
porque semelhantes assumptos, re-
lativos ao Regi meu tos dMnfon teria ,
Cavallaria e Artilheria de Liidia
,

da Corte do Rio de Janeiro se ha-


TÍão estabelecido pelo AJvará de J2
de Março de 1810, &c.
Em 1 8 de Março do mesmo an-
uo sahio mais outro Decreto, pa-
ra seefliíituar uma (!as mais provei-
tosas medidas, e a mais saluíar
para os habitantes do Brasil e mui-
,

to particularmente para os que fi-


cao mais próximos ao rio Cuhatao:
porquanto S. M. , tendo em vista
as preciosas virtudes das aguas do
Cubaíão, como effioazes, para da-
rem remédio a muitas moleír^í ias re-
beldes aos esforços da Medicina, i

e Cirurgia, ecollocando-as n'<^ cur-


ta distancia de 6 legoas da Vijla do
Desterro da Ilha de Saneia Catha-
22§ II í S T o R I â
rina, com fácil accesso para osen-
ferriios, aiíulaos mais debilitados^
ou mesmo pararaliticos podenda ,

transpor lar-se mui commodamente


pelo rio Cubatão^ que desde a suá
foz é navegável até á proximidade
de 3 quartos de légua do sitio da-
quella agoas , &lc. houve, em vir-
tude de semelhantes considerações ,
por bem approvar o projecto offe-
recidopelo Governador da supradi-
cta Ilha de Saiicta Catharina so- ,

bre a ereccSo de ura Hospital no


lugar daquellas agoas , com as eon-
veuií-ntes accoma^odaçôes , &c, fi-
cando a regular-sp pelos Estatutos
doHospitai das Caldas da Rainha ^
no que f(^r appHcavel &c. ,

Fez lhe mercê tãobem S. M.


de uoia legoa em quadro de terre-
no e no mesmo sitio, em que a-
qneile Hospital devia ser fundado,
e de cem braças de cada lado da
estrada, ao longo da ultima meia
legna da mesma estrada por se ha- ,

ver commettido commisso da par-


te do donaLario, na falta de cultU-
DO Brasil, Liv. xxr. 221
ra, e outras condiçoeâ que, deixa-
ra de preencher, &c.
Era desta soríe que o Brasil Coatinúaa
í^^lí^^deAr-
progredia por este tempo eiD seus
utilíssimos lueiíiorameníGS.os quaes, °
refundindose ajusto titula no pa- j

ternal cuidado e esmero de Já. M.


F. em favor de seus vdssaljos , de-
xiiaudáode sua gratidão uiíi eierno
reconhecimento. Progrediudo fie no-
vo nos acontecimentos da Guerra do ''

Rio da Prata se sabia por este tempo ^

que os Portdguezes haviáo posíb


Artigas no uliimoextremo de aper- ,
^

to; pois Jhe tumáráo Arroio de In


China, aonde houvera uma graíule l

carnagem.
Osjugares; que- estávao de-
baixo do Governo de Artigas con)o
Corrientes, e outros , expulsarão |
'

os Governadores que ellealii tinha


,
{

Êosto^ e mandarão Deputados á


luenos-Ayres 5
para serem admit- i

tidos á uniTio das províncias iode- i

pendentes do Rio da Prata; e en-


|
tao aconteceu que o General Pia-
j

to passasse este m^smo Rio com !


222 Historia
dois mil homens, destinando-se áo
Paraná, por ser a fronteira, que
naquella occasiaõ lhe cumpria oc-
cupar.
Nao éra sem duvida naquelle
lempo fácil de suppôr a absolula
dV^striiiçaô de' todas as guerrilhas
Hegpanholas , pelo grande poder e
forças deArtigas, assim como taõ-
bem pelas incomparáveis vantagens,
que semelhante qualidade de guer-
ra produzia naquelle paiz ; e por
isso mesmo o tomar posse do Para^
na, ou das suas margens, come-
çando as operações do Rio da Pra-
ia para o poente, e seguindo de-
pois as correntes daquelle Rio, se
tornava sem contradicçaõ utilissi-
iTJO ás forças Portuguezas para que,
,

naõ paralyzando aquellas suas respe-


ctivas operações, achassem ao de-
pois menos diíBcil a execução de
seus planos.
Novos a* Foi neste lempo que o Mar-
coníen-
qy^^ de Cascaes foi nomeado Se-
mentos no * . ,,-^ ^ ,ry^t j r>,

Ministério í^í'^^^^if> u li.staao da Corte do Kio


&c. de Janeiro j eentaõ aconteceu que

wm
DO Brasil. Liv. xxí. 22S
fossem apozenlcidos 3 Deseinhar-^
gadores da Relação da Bahia e :

pelas representações do mesmo Mi-


nistro e Secretario d'EísUdo se ris-
cou do serviço o Juiz de Fora da
Villa de Sancto Amaro José Boni-
fácio d^Azambuja.
.Continuou S. M. porestemes- Proseguem
roo tempo em seu mm
louvável in- ^^
«if^Hío-

fluxo sobre os melhorameiítos doBra-


do" b"1^íi
sil; e entad se dedicou paríicular» ^c.
mente ao encanamento do rio Ma-
recaria, para que assim se fizesse a
Cidade e Corte <Io Rio de Janeiro
maisabundante e abastecida de a-
goaspormeío daquelleAqueducto,
que a simples agoa da fonte Ca*
visto
rióca naõ era sufficlente para as ne-
cessidades de semelhante Capital
e Corte, por se haver tornado miu^
to mais populosa e se mandou en-
:

tão fabricar, como chafariz princi-


pal o do campo de Saneia Anna com
10 bicas e 2 tanques de 40 pai-)
mos cada um e se liaviaõ ja cons-
,

.truido 2 , um no sitio dos Lagartos


,
eoutronodeMátta Cavallos, devi-

'"^'^2^í^i»9^í^^^l^*-"^' i^ V • r:T«*«^^«|Ç!jg=^^-;^
Wim

tM it í g f d M 1 A ^

dos aos cuidados e actividade ãú


InieiKÍí nle da Poííciíi.
Util nave- Ob,^er vava' se láobeni neste mes-
Kio J«rup ^^^
tempo a grande {lUnoa/Je que
tmhonaí resultáva da navegação do Rio Je-
quiltnhoua descendo por eile as ex-
portações de Mirras até Beímonle ,-

deveíido-se facíliiar iiiui grande-*


mente o comíiiercio entre Minas e
a Bahia.
Como uma das dífficuldades des-
ta navegação éra a interrupção^
qiie caysavao os índios, a Juncta
Mi-íitar creada em Minas, para a
subjuçaçáo e civilização dos Ries-
inos^ mandou estabelecer nas mar-
gens daquelle rio nina colooia , pro-
tegida pela seplima Divisão d» ,

que éra coínaianda^te Julião Fer-


nandes Leáo. O
terreno é tei til ^
o ar sadio; eo rio muito abundan-
te de peixe. .

Òs BotecudoSjq ne se faziao pas--


sar conío íodonDaveis co;n n)uitaí
.,

facilidade &e acomaiod.ivâo a se eS'-


tabelecer colonos em distancias pró**
porcionaes ao S^iko-Grando e liei-* ,
í)o Brasil. Liv. x^cr. 225
monte: e daqui até á costa do mar
vpili ascanoas pelo rio Salça. que
deseuibóca no porto de Caíjaveiras ,

quatro léguas ao Norte do Jequi-


tinhona j cujas caxoeiras se eviíao
por aquelloiitra iiavpgáçaõ, &c.
Já se experimeuíavaô taõ pai*
pavelmente as respectivas utilida-
des de uru lai melhoramento, que
algum*4s canoas, acudr secoririuziao
nujitos fardos dealgudaõ, cliegá-
raô, mui commodáoKute ás Ciííia-
veiras, e voltarão para cima com
sa)/e outros géneros, que daqui-].
la maneira se conduziâo a Minas
por metade das despezas , que an-
ligatneute se fazião em fretes.
Por se haver , há pouco , fallado
da G uerra do Rio da Pra ta , e se nao
haver circunstanciado a ternvf uie- ]

dida de Arlipis em quanto a seu


Corso detestável e criminoso por
,
se naõ corroborar coo) o direito das
Gentes, ainda que alguma coisa
se disse a este ri speitq , sendo to-
davia m.ui perfunctòrian^eníe épor
,

isso que agora se faz ver mais


em
^.iti 1 ilm Mn JlOiMfli—

tu M i s t o it í Á
detalhe qiiaes e quam horriveis é-
raõ os ailerUados deste scelerado
insurgente e temerário iíívasor.
SaÍMílado Sahio pof tanto eiitaõ pof es-
navio Moii-
^^ período o navio Poríuguez Mon-
íe-Ai :-re,
^j^^j.^ de 900 toneladas do Ria
|^

íoí ap-
íecimentos, de Jaiíeiro para Lisboa; e
&c. prezaílo pelo brigue La-Portuna,
'
que se dizia ser propriedade de Ma-
theus Murray , Jesepii Karrick , Jo-
sepb Patterson JoaòSnyder, Joaa
,

Chasse e outros em Baltimore De-


,

raõ estes fiança ao IVIárecha! ( ofBcial


doTnbunal Supremo) para respon-
der aoConsui Geral Portugupz: Eíí-
ta fiança foi na soujma de 5 00:000
cíoUars por conta do mencionado na-
vio^ e por outros 3 ap|>rissooadoâ
peio mesmo corsário. navio foi O
Uiandado primeiro para S. Bartho-
loíneu, e de Baltimore se manda-
rão outros navios, para receber a
sua car^ra, alguns dos quaes vol-
tarão pãVã Baltimore em lastro,
porter;iqnelle navio sabido dalli an-
tes da sua chegada, e por sua
fe-

licidade; porém este mesmo cor-

Ax.
bo Brasil, Liv. xxr. 221
sario se por um acdso se rtaquelfa
occasiao vio malog^rada a sua pér-
fida e criminosa pirateria; pois que
por isso a mais justo titulo se cha-
mará pirata^ e nao Corsário legiti-
mado pelo direito da Guerra , com
tudo a excepção do navio, que por
áquella maneira soubera evadir-se^
naquella mesma ocasião, nao dei-
xarão outros muitos vasos de ser
desgraçadas prezas de Corsários ar-
mados pelos Americanos Inglezes
com a infame protecção de Arti-
gas; e com muita particularidade
aquelle( entre todos) o mais JÉamige-
rado^ com o nome de El-Patriota,
e Énejliigo de Tyrannos, que era
O mesmo chamado taa)bem La-For*
tuna &c.
,

De tudo isto pois se deve eon-


ciuir, que Ártigas é homem tâo
perverso , que não só rouba elle mes-
mo, pelas suas arinas, quanto se lhe
ofierece a roubar por entre aquel-
les desgraçados povos Americanos
j
mas até protege com sua bandeira
,
e mesmo promove toda a casta d^
Tomo x. Ú

í
228 Historia
íatrocinio, epirateria; de modo
que por este tempo se havia averi-
guado ter elle ( pelo menos) 16 cor*
sarios ou mais propriamente fal*
/

íaíiíio, vasos de assalariados pi-


IQ
ratas, que aseu soldo ^ e dos arma-
dores assim se da vão ás mais vio*
lentas, e despiedadas atrocidades.
Sabia-se igualmente pelo mes-
mo tempo, que quasi todos estes
,vasos que navegavão debaixo de
5

sua bandeira haviâo sido armados


,

em Baitimore, e que muitos desta


pirateria nimca estiverão em terri-
tórios de Artigas, que era a ban*
da oriental do Rio da Prata.
As prezas tomadas por seme-
lhantes piratas nunca eraocondem-
nadas ; mas sim descarregadas no
mar , ou enviadas para legares re-
motos, aonde os armadores manda-
váo navios que lhes trouxessem as
,

cargas. Estas carregações entravâo


nos nossos portos de S. Tliomaz,
S. Bartholomeu, Santa Cruz, &c.
e se presumia que os paeificcs Por-
,

ttigijezes houvessem sido roubados

à\^
»-.iP
i«MMÍ

DO Brazil. Liv. xxr. 229


por estes piratas em sommas incal-
culáveis.
E eis-aqui a natureza dos rou-
bos que então soflVia o Commer-
,

cio Portuguez debaixo do pretexto


de hostilidades de Artjgas. Este
Chefe insurgente não tinha porto
alguai de mar; nem mesmo occu-
pava território íixo, andando senn
pre movendo-se de uma para odtra
parte nopaiz chamado Entre-Rios
que fica entre o Paraguay , eUru-
guay, com suas hordes de saltea-
dore-. Não tinha Tribunaes de Ai^
mirantado^ para condemnar as pre-
zas, nem lugar aonde se podessem
processar. Os seus piratas, com o
nome de corsários , erão armados em
paiz estrangeiro, e neutral, don-
de resultava, que jamais se deves-
sem olhar como legitimas as suas
prezas, e em forma de tomadias
de guerra; pois que por semelhan-
te maneira feitas só erão verdadeir
ras violências, e roubos de piratas,
sem nenhuma sancçao legal , nem
aluda mesmo autlioridade do Che-
rv.,.,?.
^^HÚ^^I^
7rje<<^7J

230 H I S T o R I A
de bandidos, que de nada valê^
fe
ra por se nâo poder arvorar Arti-
5

gas era summo Imperante de qual-


quer território, para que eritão a
favor do direito da guerra sanccio-
iiasse elle aquelles procedimentos,
ou em algum Tribunal de Alnii-
raiitado, ou qualquer outro de jus-
tiça, &c. Porem este verdadeiro
Chefe de salteadores de nada dis-
to cogitava; e por essa razão osar-
10 adorei que não podiâo deixar
5

de nutrir em seus malvados cora^


ções SQO ti mentos iguaes aos deste
])erfido ladrão, se aproveitavão de
suai^ cruéis injustiças para que as-
sim se enriquecessem á custa dos
Portuguezes por meio detomadias,
que de nenhuma sorte se podião
legalizar.
Mostra-se Pelo que pertence pofera ao
quanto c
caracter dos Cidadãos dos Estados
T^^L Unidos, que tanto se empenhavao
nestas emprezas com a capa deAr*
íi })o!itic'a

dos Estados tigas ninguém descoidiecia porá-


5

Unkíos em qyelle tempo, que elles se faziao


lai conjun-
^,^ j^ abomiuavel crime da pi-

AC.
DO Brazil. LlV, XXÍ. 231
rateria ;e por isso sujeitos á pena,
que lhes G
impunha o direito das eli-
tes reconhecido por todas ás Na-
ções civilizadas; «nas quem raàis
deve cuidar em reprimir semelhan-
tes attentados ó o seu Governo,
para nao perder aquella opinião lao
benj estabelecida de que goza, e
iii<51a essencial da existência politi-

ca de todos os Governos , e em es-


pecial dos Reprezentativos 5 cuja
força primaria consiste na moral.
E' pois do Congresso legislativo,
que devião emanar actos solem nes
de desapprovaçao de taes insultos
feitos a Nações amigas; documen-
tos âuthenticos, que patenteassem
ao Mundo, que o Corpo Soberano
não os apoiava: deviào perseguir-
se com todo o. rigoy das Leis tanto
os armadores como os proprietários
dos corsários , castigar osdelinquen-
tes, e reprimi los; pois do contra-
rio compromette a sua neutralida-
de, eaté mesmo a sua independên-
cia, que teve por bazes a modera-
lliliííllitll

232 Historia
cão, e protestos de dezignios de
bem piíblico, e virtudes, e por is-
so foi protegida abertamente por
algumas Nações Europeas, cujos
benefícios os Americanos desconhe-
cem como ingratos 5 retribuindo de
nn) modo bem pouco merecido. Se
prosegue em sua vereda chegará
tempo em que venha a succumbir
aos esforços d'alguma liga formidá-
vel, que derroque o seu poderjque ai-
guri!^' vezionarios suppõem collossal,

A união de interesses de vários po-


tentados fará que a tempestade des-
feche sobre o solo Americano, qne
de principio tantas, e tão brilhan^
tes demonstrações de boa fé, e re-
ligioza observância de seus pactos
manifestou ; conducta pela qual at-
trahiu a estima geral. Envergonhe-
se finalmente de servir de valha-
coilo de quantos bandidos fogem
dos outros paizes carregados de cri-
mes, e oiro, e não queira, que a
cobiça, e temporários sórdidos lu-
cros 'proviudes n'infame trafico, ar^

íL
DO Brazil. LfV. XXÍ. 233
minem a obra im mortal dos Washin-
gtons , e Frankiins. [^]

tC-<

[] Pat^a esta fitação dfei^tar de manchar


as paginas de seus fastos com a memoria deè-
te illegal e escandalozo commercio , basta-
va reflectir , qne os piratas não erâo admitti"»
dos nos portos dos outros povos seiài-emalir
<;ipados da America.
234

L I FH O XXII

1818 — 1819.

GoJpe ãe vista sobre o estado politi-


co dos povos conjínantes com a
Mrazil , çrize violenta porque ,

passavão 5 e analyze imparciql 4


cerca dos interesses, da Europa.

«r^/i/V/J/V/NA^VA/ / /S/»A»

JCiM absoluta necessidade se vê


çonstituido o Esçriptor deíraçar o
quadro ab]:eyiado dçi Historia em
geral pelas relações , que tem com
a particrilar de cada [)aiz. A de-
pendeacia dos factos assiia q dc-

N '^^
W
DO Brazil. Liv. XXIf. 235

manda; e a ordem , que cumpre


observar imperiozarnente o exige.
Tal é o motivo, que meimpelliu a
ir buscar a origem rerpota da dis-
sensão subsistente entre asn^^outro
tempo Colónias Hespanholas, ea
antiga Hespanha tocando como de
,

passagem iios factos


^
que as fizé-
rão quazi independentes de facto,
e iTiencionando as terriveis vicissi-
tudes d'an)bos os partidos, anima-
dos, na verdade, de fortes estimu-
les; um de sacudir o jugo ; outro
de conservar a oppressào porque nis-
so utilizava. Nâo ha meio, que se
despreze quando se aspira a colher
um rezultado vautajozo ; sugges-
toes, compras, siladas , tudo, tu-
do parece legal, e ainda, que o
mais bem fundado Direito cede sem-
pre á uzurpaçao se esta é apoiada
pela força, comtudo nem por isso
se deixa de desfigurar aos olhos da
humanidade overdacltíirp fito. Não
erào porem desta cUsse os Mam-
festos ÚH Bernardo Oíiiggins,Supre-
mo Direçlof do Chili , e da Cun-
^w^'Twnr^mi(^

236 H i s T o n I A
gresso Geral Constituinte das Pro
viooias Unidas do Rio da Prata [*]
relativos a sua recente independên-
cia. Só agente preoccupada senão
convencerá de que os soíirimentos
daquelles povos tiohão sido levados
ao maior apuro; que setinhão con-
servado unidos á Metrópole duran*
te ás commoções, que abalara até
os fundamentos do império Hespa-
i}bol levado ás bordas da sua qua-
2Í inevitável ruina pelo infame Go-
doy , e seus sequazes; mantido u«
ma passiva 5 e degradante obediên-
cia a diversas Juntas que seintitu-
lavao Supremas , e se instauravãò
por authofidade própria; rechaça-
do os ataques doslngiezes, remet-
tido dinheiro, e recursos de gran-
de valor em auxilio dos Europeos,
recebendo, depois de tão honrada
conducta em recompensa, proscri-

[*] Datados, um em doze de Fevereiro


de mil oitocentos e dezoito, e outro em vin-
te einco de Outubro de mil oitocentos e dez-
eseíe^
%
DO Brazil. Liv. XICII. 237

peões assassínios , desterros e to*


, ,

da a casta de malies, só pelo me-


ro facto, de terem á imitação da
,

Hespanha, insíallado algumas Jun-


tas durante ocaptiveiro de Fernan-
do VII Depois de ponderareu) es-
tes, e outros muitos vexames pro-
testfivao, que, dado ( como effe-
ctiv^mentc tinhão praticado) opri-*
rneiio passo da sua independência,
a sustentarião á todo o custo. Sen-
timentes com estes idênticos ex-
pressavâo com a maior dignidade
os Representantes destes Governos
junto dos Gabinetes Ruiopeos que ,

posto não tivessem caracter publi^


CO, entretinhâo relações politicas,
e commerciaes. O
Deputado de
Nova Granada em Londres pro-
[*]
testou contra qualquer medida , que
as Grandes potencias tomassem ,
nao tendo por baze a independeu*
cia daquelles paizes.
Em
semelhante attitude de res- Combate
Oríiz
d'
a la-
—— ^ '-'
vor dos in-
[#J Chamado Jozé Maria dei Real , ho- dependen-
mem de grancies conhecimeníQS. tes , e Bata-
^^^^ni^ti^ínifr

238 H I S T o R I A
lha de Mai- peito se dispazerSo aquelles povos.
po, na qual
é anniquil-
Mas elles tinhao ainda muitos obs-
lada toda a táculos a vencer,e soperar. Os realis-
expedição tas oecupavão as melhores poziçôes
realista seus Exércitos estavao mais bem
destinada a
providos do necessário , e erão me-
subjugar o
Ihoi^ desciplinados capitaneando-os
Chiil ,

Geoeraes aguerridos dahi proce-


:

derão as muitas derrotas que a-,

queiles experimentarão. Poucas ve-


li' f'-
zes tem a Historia fornecido esfera-
II pios de ig^ual numeio de batalhas
pelejadas em tão curto espaço. A
8 de Dezembro de 1817 tinha sido
denotado o General Zaraza pelo
realista La Torre no combate de
la Hogasa ; batendo no mesmo dia
um corpo de 500 patriotas outro
de maior numero d« seus inimigosf
jnnio ao rio Apure. A 3 de Janei-
ro reunidos Bollivar, ePaes, efor-
niando um carpo de 3300 infantes,
e 4200 cavalios tomou a cidade de
S, Fernando, posto que com gran-
de perda. A 12 de Fevereiro sof-
f^eu em Caíabozo, cidade distar>te
de Caracas 60 léguas , a cavallaria
DG Brasil. Liv. xXir. 239
de Morillo uma perda de 400 ho-
iiKns; depois de cuja acção ])rÍM^
cipiou esíe General a sua retirada
sempre incommodado até o deses-
perado conflicío do dia 17, qne lhe
prés lo ua g u m alento.
I A 14 de
Marco travou se o combate deM,a-
racay ein seu favor, e a 16 , e 17
ouiros não menos sanguinolentos^
sendo mal ferido Morillo no primei-*
ro daquelles dias. Estas quazi con-
tinuas derrotas sofirêrâo os indepen-
dentes até que a victoria se Vie*
,

clarou em seu favor nas alluros d'


Ortiz, onde desbaralárao comple-
Lunente um corpo demais de ICOO
homens.
Eslava porem destinado o dia
5 d'Abril para nelle acontecer um
dos maiores triunfos das armas do
Chilí as ordens de S. Martin , que
commandava ^000 combatentes ,
sobre as de seus contrários em riu^
mero de 5300 nas planícies deMai-
po. Ozorio, General em chefe rea-
lista tinha quazi toíalmente destro-
çado o sju contendor a 19 do mez
íirfnffiirirí^iLfe^

24a HiStORIA
antecedente na batalha sanguinoza
deTalca S. Martin sem peider o
acordo x*eíirou-se com as relíquias
do seu exercito para Santiago 5 on-
de Q patriotismo dos habitantes re-
mediou aquelle infortúnio, quepii^
zera em perigo a liberdade ChjJe-
na todas as corporações secula-
:

res, e regulares oflerècêrão todos


os seus bens, e riquezas ádispozi-
çao da Pátria. S. Martin tornou
Jogo a avançar, cahiu sobre o ini-
migo com tanto valor, e rapidez,
q^j:e Ozurio tomou a fuga seguida

de 300 homens de cavallaria. Tal


íbi o destino infausto da expedição,
com a qual Ozorio blazonárade não
someníe submetter Chili ; porem
os demais Estados.
OPrezi- Por este teippo sobreveio um
epte das
acontecimento 5 que, a nâo ser a
nidosdecia' ^^^P^^ssiiiilulade, em que se acha-
ra ao Coa- va. a Hespanba de vingar os ultra-
giesso que
, jeg q.je contra ella se commettião
^
sevnaohri-
acenderia o faeho da p-uerra entre
^^'^-^^'1!^^ i%'aGao e OS Estados Unidos,
nar fosseai
perseguidos í) Piezidente em sua mensagem ao
>
D6 Brazíl. Liv. xxíi. 241
Congrssso expõe as medidas que ^s índios
Semmoks
adoptdra coolra os In(!ios Semino- penetrando
J . . . .
i- »

les, tnbu habiUdora dentro ocs Iií- niesmo pe-


n)itt^s da Florida , perlenceiííe á lo tenho-
Hesj35inha, que nenhuai esforço fci- rio* ^^q^^l
^"^^^^ ^^
zia por prevenir as suas hostilida-
des, eomo pelos 1 ratados linha por Hí^spanha.
obrigação. Conclue declarando 5
que dera ordens aos Generaes en-
carregados daqueila guerra , para
que 5 sendo !he necessário, o<".cupas-
sem a Florida / até que a Corie de
IVladrid ahi podesse enviar uma
força respeitável.
Seguindo as bazes ,
que dieta ígiiaesra^
uma ioaíteravel ideia de Direito pú- ^è.» ^ssis-

blico admittido entre as Nações ci- !^í^° aoGa-


ViJizadaã, vou lormar uoi paralleio £j^ ^^ j^,
entre as razões , que inovêráo os rjeiío na
Eslados Unidos áoccupação da Fio- sua deiibg-
riila5 e as que aconselharão o Ga- ^^^Ç^^^ *'« cc^
binete d'E!-Rei Fid^^lissimo a oc ''^^'''
cupar a margem do rrata. i\ao ío- rieiual do
rao dez!gaios hostis ou vistas d' EiodaPra-
5

engrandecimento, que íizerão assim ^^•


obrar ambas as .INações, Viao suaj^
fronteiras invadidas ^ e a Hespanha,
.^fT- áoÊm^ mÊÊ

242 H ISTO RI A
pelo seu esíado precário de forças
inhabilitada para obstar a eslas re-
petidas agressões. Por is&o o dever
imperiozo de procurar a ventura
dus povos , que governavão ^ garan^
lindo-lhes suas propriedades, e vi-
das, fez que ambos os Gabinetes
seguií^sem a vereda , que uuiacon-
ducta sábia Jbes prescrevia. iNào
obstante estas claras demonstrações
de justo proceder 5 de nada valeriao
para com o Governo Hespanhol , se
estivesse em estado de pedir satis-
facçào da supposta injuria: assim
iiiesujo queixou se ^ ameaçou^ po-
rem tiido iníi^uctuozamente [»J. A-
lem de que; o coJii porta mento da
Hespauba nos territórios Fortugue-

[«tj O Americano Jacksoh occu-


General
pou effecti vãmente capital da Fio*
Pesacola ,

lida Oriental concedendo ao Governador u-


,

ma capitulação honroza. O Gabinete de Ma-


drid disfarçou o seu rcsentimeuto , e passoft
ordem ao seu Ministro junto daquelle Cover-
abandoaar as Floridas, recebendo em
lio [>iiía
indemnização a maior som-ma de dinheiíe,
que pudesse alcançar.
>
D^ Brazil. Lív xxrr. 243

zes na Europa tem sido sobrema"


líeira reprehensivel ; e senão recor-
demo-nos da cessão (^Olivença, dcs
Tratados secretos de desmeníbra-
çao de Porlugal ein plena paz, e
de muitos oulros atacjues á digni-
dade, e independeiicia deste Rei-
no.
A mbos os Monarcliàs Francez ,
Decr^fos
^'
e Sardo, vedarão, debaixo de rigo f'^^''
ruzas penas, o indigno trafico clia- Sardenha
inado da escravatura 5 trafico em prohibindo
cujo uzo se calcaô aos pez os direi- o commer-
^^^ ae^cra-
tos das mentes, e desprezaô os sa-
I , Y- «
' 8 ' vaíura.
Juiares dictaities ^ que as L.eis na-
turaes gravaõ no coração do iiomem.
Entretanto continuavaõ a ob- Menciona»
ter as forças portuguezas novas van- se a conti-
tagens sobre os inimigos que se lhe nuação da
oppunhaõ. Houve diversas escara- f.^^^í"^^"'^
mucas, que sempre rezuUavao a ^^
favor das tropas reaes^ que puze-
raõ Artigas rio ultimo extremo d''
aperto ^ tomáraõ Uje Arrojo de la
China, e ajudarão os lugares , que
estavaõ dependentes d' Artigas ^ co-
íno Corrienltís, eoutros, a expulsa-
TOM0 X^. R

m^ '-
-^ly^iOTfiiLiõi

244 H T S T o R I A
rem os Governadores,
que alli ti-
nha posto, e mandarem Deputados
aBuenos-Ayres a fim de serem ad-
mittidos á uniaô das Províncias in-
dependentes do Rio da Prata.
Pinto pas- O GeneraJ Pinto effeituou fi-
TLuáT "^í^^^t^ uma operação, quejá de-
dois mil via estar realizada; passou o rio da
Portugue* Prata,destinando-seaoParana,cujas
zes. margens eraõ as fronteiras que de- ,
via occupar. Assim começariaaso-
peraçôes do Rio Pardo para o Poen-
te, seguindo a corrente daqueJte
rio.
As Potencias AUiadas chama- ,

liSllX ^^^^'*^^^^« ^^^^^^^ que dispu.


topa. ^^^P ^ seu be! prazer da sorte dos
habitantes da Europa/ sanccionan-
do de seu motu próprio um novo^
e extravagante Direito Publico, se-
gundo o qual, dividiaô Reinos, a*
juntavâõ Províncias, e arrendou-
davâo [•] impérios ,
passaõ <:ircu-

[*] Termo technico de destfuctora Politi-


ca. Atredondar , qu«r dizer espoliar, roubar
5èc. E' inserto no -código dos uzurpador^.
í)o BrazíL. Li^. XXíI. 24S
lates a seus Ministros acfoflitadoB
Jnas Cortes Europeas para que si-
gnificàsseui aos diversos PriiH'i|)eb%
que á Santa Àlliânçá cuiírpetia è
excluzivo Direito de regular oh ne-
gócios internos da França sem (|ue
;

aceitjt8sein intervenção de outrois


Gabinetes^
Descubriu^Sf^ por esta liiesma
se em
época em França unia coiispiraçad França
u-
«de que naõ eraõ Authores nem os ma. conspi-
Jacobinos^ e muito inenos os Buo- ração íra-
napartistas mas sim os Ultra Rea- inada pelos

listas tendente a depor o rei fa- Ullra-Kea-


; ,
iifataá con-
2endo-o abdicar em beneficio de tra Luiz
seu irmaõ. Este partido aprezentou dezoito»
as Potencias alliadas uma Memo*
ria ,
pedindo a sua intervenção para
deitar abaixo o Minií^lerio 5 Memo-
iriaatrevida ^ ilJegal , iuípoliUca ,
^ ridicula, pedindo ás Potenciaâ
Estrangeiras, que viessem de seo^
Exércitos para introduzirem umGo"
yerno mais tYfannicoeiotoleraote^
O Autocrala úp todas aãRus- A :feiissi3, e
sias nâo se descuidava de profriover a Suécia ^

O meUiorameato do ciiídUo put>ii- iiielhoiáo o


246 Historia
seu credito co , bem persuadido, que esta é
pubhce.
nui^ das bazes indestructiveis da
ventura pública. Tomou ilJustradas
medidas para a amortização da di-
vida publica, e proteg-eu aprospe-
/ ridade do Banco Imperial de As-
signados, e a do Banco Imperial
de Empréstimo. Por um Ukase me>-
Ihorou a classe infeliz dos campo-
nezes 5 ou escravos, alliviando-os
algum tanto da sua infeliz situação
occazionada pela injustiça , e inhu*
man idade dos Senhores.
A Dieta Sueca da sua parte
cuidou em segurar o papel moeda
do Reino por um fundo d'Amorti*
Záçaõ, e approvou uma propoziçao
do Rei para vender a ilha de S.
Bartholomeu, nas índias Occiden-
taes, applicando se o producío da
venda para a liquidação da divida
da Noruega*
Novas pro- Nào se descuidava entre tanto
videncias ,

o Moharcha Portuguez de providen-


de S. Al. -a
^^'^^ quanto era tendente a fazer
favor do
commercio. prosperar o commercio. Consideran-
do judiciozamente nos transtornos
^
DO BrAZIL. LfV. XXII. 247
que occazionSo ao negocio as mu-
danças, asmais das vezes poriiiero
capricho, e não por necessidade dos
proprietários ^ eslatuiu (salvos os di-
reitos destes ) que os mercadores go-
zassem de apozeotadoria em suas lo-
jas , e cazas f*|.
^^^
Os malles incalculáveis . os Ias- Conselho
^ ^^^^^
' . ^^
timozos inconvenientes que proce- ^^ justiça
diâo d' uma vicioza Legislação, é na cidade
que demandavào do Chefe da Or- de S. Luiz
Mara.-
dem Politica, remédio, e remédio cio

"'^^^*
prompto, eefficaz. Verdade é, que
paPíi ir buscar a raiz domai neces-
sitarse-ia tempo, philanthropia e ,

Sciencia : os abuzos
desappaiece-'
rião. com a introducçâo dos Jura-
dos, e pela publicidade dos proces-
sos ; Systema maiaviíhozo ^ que tan-
tos benefícios accumula sobre as
nações, queoadmittem ; Systema,
que salva o innocente do arbítrio,
a das garras d' uma classe privile-
giada, e geralmente discursando.

[»J Alvará com força de Lei de trinta e


um^ de Janeiro de mil oitocenles e dezoito.
lãlil

148 H I !i T O H I A
criminosa, ao Mií^snrjo tempo, quç
não consente fiqua impupe o de?
licío f«].
Faça-S0 justiça ás puras , e
intenções cPurnSobera^
ii?ií^ificarjtes

lio , que tantas vezes tem demons*


trado seus benéficos dezejos de fe-t
licitar seu§ súbditos. 8e o seu MK
liisíerio cumprisse coíxi o mais sa-^
grado de seus deveres, e apontas*
^se à vereda, que cumpria trilhar,
íiao o duvido; Elílei se prestari?^
de bom grado, a quanto não com?
prom/^ttesse a sua dignidade , e tor-r
^asse felues seus povos [*^j. Porem

Nào éjiy per bole o que avanço a res-


[%.]

peito dos resultados pQTteníQzqs dç, jliizQ po^


Jurados toníesse-.Q pmundo imparcial
: con*. ;

íessem-no as nações, que o adoptarão; con*


íesse-o em fim a mesma íoglateira, apezar
dos defeitos que neíia ajii se notâo como sef ,

alisada 4 Isía peip^heiiíf, a suainílueii-?


fprrra

GÍa &q
[t^l Na fi^psma Qrdenaçâo L. III. ti. XVII.
se m^ncionào os árbitros ; mas estes dão me-
iam '-^n te o seu parecer; quando os jurados de-,
çidí^rii. Bastava sab.rem Senhores Juris-
os
CoiiéttUQS. qijie a fante dpsía optimu instiíai-
im "^
DO Brazil. Lív. xxii. 249
nunca esta gente deu prova de es-
lar identificada com o bem geral:
parece, que só o egoísmo a impel-
iia. A Nação por sua cauza não su-

biu ao auge de poderio, a que a


íhamavão seus altos destinos, eos
preciozos recursos de que podia dis-.
por, e manejado o leme da Nau do
Estado por mãos in babeis ou pre-
varicadoras , cubriao se com a ca-
pa do nome respeitável do Grande
Rei dos Portuguezes, eescudavão
£S8Ím seus feitos atrozes.
Comtudo ; El-Rei , com a pers-
picácia, que lhe é natural, sana-.^
va muitos damnos. No Maranhão
faltava um Conselho de Justiça, e
osreos erâo julgados em ultima ins-
tancia pela Junta de Justiça do Pa-
rá, em detrimento dos pre2;os, e
da piiblica utilidade. El-Rei pon-
derando tudo, criou um tal Corise-'

çlo é Romana, para n ao clamarem, contra


ella : sejào coherentes elles, que a torto . e
a, direito tudo approvâo dos Cadigos Eanaâ»
nos sem nenhuQi critério.

-*,(~'^
I!:y:jd.-..:jlj i
.iatâaiLjLj ^i^^

250 H I S T o R I A
lho, composto do Governador por
Pfezidf^nte , e voto <3ecizivo enrj ca-
zo dVmpate, de írez OíBciaes de
típpa de Jinha de maior patente,
e anti^^uidade, e de trez Desem-
bargadores Os seus juleados teriao)
pleno effeito, mesmo nas penas ca-
U-tí pitães, excepto nos indivíduos coni
patente de Capitão, e dahi parai
cima, cujas sentenças precizarião'
da regia confirmação [*J.
Novos es- Insistiaode novo [**] vários So^
forço, de ai-
beranos no regresso d'El Rei para
^'^^^^^ Estados da Europa. OJhan-
fendas pa-'
ra' S. M. ^^ este proceder pelo lado do régio
voltar para decoro, nenhum Portuguez podia de
Lisboa. sangue frio considerar esta audaz
proposta sem se irritar contra os

[*1 O
Alvará da sua criação è datado do
Palácio do Rio de Janeiro a vinte oito de
Fpereiro de mil oitoceutos e dezoito.
(*»j Apenas se ajustou a Paz Geral com
a França coaieçoii o Minisítrio Britânico a,
trabalhar por constranger S. M. a voltar pa-
ia Lisboa, e para esse fím appareceu no Rio
\\f \ de Janeiro uma Esqhadra Ingkza^comman-
dada por Sir João Btresford ; T^às nâo con-
seguiu o seu íijii.
DO RrAZIL. LiV. XXII. 251
I

que se arrogavao uma linguagem


ciicfatoria ,
perteBdendo diclaralei
aoMonarcha d'om Povo livre ^ d'um
Povo, que servindo d'exeii)plo d-
heroísmo, e dejiodo, recobrara por
tantas vezes a coroa perdida , e su-
blimara o throiio uzurpado.
Considerada a questão pelo la-
do do proveito ou damno, que po-
deria occazionar esta repentina mu-^
dança da Corte, muito havia, que
discutir ; interesses de grande mon-
ta a combinar. O cumprimento da
p^ilavra d'El Rei era de justiça se
realizasse; mas esse curnprimento^
não devia ter effeito em tâo delica-
da conjuuctura, aliás seria o Sobe-
rano responsável para com o Juiz
Eterno, que vigia o mais recôndi-
to do coração humano, pelas funes^
tas consequências , q ue traria á Na-
ção o accelerado, e irreflectido re-
gres{?o. Qual eeria o Conselheiro,
que nesta crizej^ atrevesse a per-
suadir El-Rei, que transferisse a
sede da Monarchia para Lisboa na
epac» da maior commoçãOj que a-
II II mm niwwiiii—III

252 Historia
gitava as novas Republicas forma-.
das das antigas Colónias Hespanho-.
las? Qiiai seria o Politico, que pro-
ferisse tal absurdo n'uiB paiz vas-
tíssimo, habitado por gente de di-
versas raças , vagando nelle elemen-
tos heterogéneos 3 e rodeado de De-
mocracias ? Quem tal aconselharia
^'f
a El-R i udi época em que a Hes»
panha [*] ameaçava com o rompi.

[*] Quando ostentava o Gabinete Hespa-


i>hol uma tão altiva linguagem ? Quando em
(orças , credito e recursos não podia conten-
,

der com uma Potencia de se^^unda ordem.


As suas rezol Lições erâo marcadas com o cu--
nho da má fé n'iim mez declarou portos fran-
;

cos, Santander, Corunha, Cadiz, e Alican-


te :
no seguinte revogou esta ordem e tor- ,

nou a pdia em seu vigor passados outros dois


me-jes,. Nesta mesma época pediu o Governa
dos Paizes Baixos o pagamento de trez mi-
lhões esterlinos [ vinte sete de cruzados ] con-
tratados, em mil oitocentos e sete a juro de
cinco poT: e o Governo Hespanhol aU
cento ,
legou, que não estava obrigado a pagar divi-
das contrahidas antes da sua administração , e
no tempo do corrompido r:^gin-\9n de Godoy ! ! 1

Óptima re&posta Comose um Monarcha s,u-


! ,

hiuio, a^Tàronoj^aõ ficasse desde lo^qiiga^

V-
>,

BO Brasil. Liv. xxir. 253


inento no câzo de nao evacuarem
^ margem oriental do Prata as for-
ças Portuguezas? N'uma época em
que oGabinete de Madrid não dei^
xaria de aproveitar-se da feJiz oc-*

currencia da proximidade da Cor-?


te, para obrigar El-Rei a condes-
cender por força ou por vontade?
N'uma epooa em que Portugal de*
cahíra de seu primitivo briJiiantisi;
|i)o, e preponderância por uma se- 5

rie d'acontecimentos sinistros , mas


trazidos por çauzas invencíveis e ,

outros de que o Governo êra cuk


pado [*].
Seguese pois, de quanto ein
epilogo se enumerou, e dos raeio-
cinios produzidos para fortalecer min

do a executar á risca as convenções do seu


antecessor. A íião ser o tensor devir a paga^-
por força mais doque acjuiJlo que com justiça
,

se exigia « nunca preencheria seus empenhos.


[4$j Já nos reinados dos Senhores Reis D.
Joaô IV. , e D. Jozé I. se concebera o pla-
no poqr occaziaõ do risco , que corria a exis-
»

tência Politica do Reino de mudar a de de


,

da Moí^arthia para o Brazil

•fcC-
254 Historia
nha opinião, que o partido tomada
par El-Rei de se demorar no Bra-
2ÍI até que as circumstaDcias a is-
so o obrigassem foi díctado por u-
m^. madura reflexão, que tinha por
baz;e o bem de §eus súbditos.
Medidas Observemos entretanto
a mar-
tomadas
pelo Vice
cha ílos suocessos no Chili depois
Bei doPera da famoza aeçao de Maipo. O Vi-
depois da ce Rei reflectindo, que nao tarda-
bataika de ria em ser aeommettido, receando
Mâipo.
os muitos escravos, que havia, e
sabedor dos preparativos, que ia-
ziilotanto por mar como por terra
,

depois da fuga de Osório, que ti^


jnha desamparado o único posto ,
que os realistas po«suiáo no Chili
a fortahíza de Taícaguano; convo-
cou umá Junta extraordinária em
'í l
Lima , á qual <expoz os motivos do
geu desassocego, ramat^ando, que
iioha por obrigação defender o Pe-
ru , para o que erâo necessário»
117200 pezos por mez, ou um mi-
lhão em contribuição. Vendo que
recuzavao, annuaciou que ia abrir
,

Lima ao negocio estrangeiro. En-


BO Brazil, Liv. XXU. 25S
lãó o Commercio seofiereceu apa-
gar, e o Vice Rei fixou o prazo a-
té Outubro, findo o qual abriria o
porto.
S. Martin
S Martin ainda que venct^dor,
,
procura
nao se ensoberbeceu com ósucces convencer o
so, e dando ouvidos á louvável mo- Vice Reicl0
deração, que deve ser a guia de sua inútil
todo o homeoi consíiíuido em car- pertiíiacia.

go piiblico, escreveu ao Vice Rei


[*] duas cartas; uma, convidando-o
a tratar da troca dos prizioneiros,
e outra mais extensa cheia de sen-
timentos d'humanidade , persuadiu^
do o a que dizistisse d^uma coníen-
da em que não tinha partido ,
e ex-
hortando-o a que consultasse a von-
tade dos povos, que lhe esfavao
subordinados, deixando lhes livre-
mente escolher se queriao ficar
,

pertencendo como dantes ao domi-


minio da Hespanha ^ ou fazer par*
te de Nações livres.
Lord C( ch?^
Para reanimar a sua Marinha
rane em

[#] Ciiamava-se D. Joaquim delaPezue-


la.

^
'yr.
>t --j^-^r. ^|7,ff;||j

'}
âSè H i s V o n t

©m
barca
Bolonha de
pessoa
recebeu Chili um grande apoio
de Lord Coci^rane, hoiDem
m
França pa-
ia ir entfar de grandes talentos, e denodado
RO serviço vaiof , muito maltratado eitílnda*
de Chili. terrâ.
CoâitJQÚa
cl referir-se
No México nao era merior a a*,
em Te'Aumo citação. Os independentes ahi ti-
a guerra nhao estabeJecido sua Junta de Go-
eiUre osin^ verno^ quedispersada, e seus
foi
cíepeaden-
tes e os rea-
Membros fuzilados. A situação des^
ta era mais perigoza do que a dos
listas.
outros nos diversos ponto» dã Ame-
rica, porque os Hespanhoes estâ-^.
Vão senhores de todos os portos de
máv e por isso não podião ser au«
,

xiliados seus contrario»» Os bandos


erão porem numerozissimos ^ e in*
com moda vão assaz.
Em
Venezuela é que prospe-
ravao os negócios^ e a caúza dos
independentes. Bollivar largou o
commando do Exercito a Paez ^ e
poz se á testa do Governo civil em
Angostura, sua Capital. O Exer-
cito delVJoriilo ia-se cada vez mais
enfraquecendo. Em repetidos com-
bates tinha sido batido: Moralea
DO Brazil. Liv. XXíí, 257
feíorçado com a divizão de Lopes
invadiu as planicies de Calabozo,
e avançou até Guyabal mas sen-
;

do atacado por Paez deixou 300


,

mortos no campo, 200 prizioneiros


&c. Marino (outro cJ^iefe indepen-
dente) entrou etn Cariaco; porern
Bermudez foi repellido diante de
Cumaaa pela guarnição n'umasor^
tida contra as linhas.
Assim ia caminhando a passos Canèaspti-
de 2Íp;ante para a sua inevitável ^^^^^^ ^^

ruína a celebre . e antiquíssima Aio- .^ u


narchia riespanhola, que, depois nha.
de ter feito a principal figura no
Munda politico veio a decahir de
seu auge, e servir de ludibrio dos
outros Gabinetes, A espanto:?a in-
tolerância foi a principal cauza desa-
ta infeliz situação. O Gabinete Hes-
panhol nao se soube aproveitar dos
benefícios, que a fortuna lhe apre-
zentava liberal o paiz foi a pouco
:

e pouco despovoando-se ; a«foguei--


ras acendião«se com os corpos das
innocentes victimas Inquizitoriaes,©
todâs as foutes de prosperidade pá^

T7
mmÊmm

25B Historia
blica se forão pouco apouco secan-
do [*]^
Comose nSo bastasspii) Iodas
estas funestíssimas circníísiancias
para riscarein este for mozo sóio da
lista das nações, veio também o fu-
ror dos parUiii>s ddacera-lo. EiHí^ran-
decià-se diariamehl*^ oCoíístiiucio-
iial,que Ferímriílo VJL suífocára ,
i
porem nào extinguira pela aboli- ,

ção da Coiísíituiçâo promulgada em

[*] O ultimo auto de Fé se executou aos


sete de Novembro de mil setecentos e oiten-.
ta e um em Sevilha onde foi queimada u-
,

ina mulher. Depois daquelie tempo poríou-se


a Inquíziçaô mais sagazmente e conhecendo ,

que os espiritos , até os mais bóçaes , começaváo


arevollar-se contra taes atrocidades , guardou
em segredo as suas prezas até por si mesmas
se definharem , e proseguiu em seu sjstema
èspoliador i e sanguinário de arrebatar vidas
e bens. Só na Hespanha Europea , debaixo
do successivo despótico reinado de quarenta e
cinco Inquiridores, sacrificou a Jnquizição,
dozeníos e quarenta e um mil individues, cu-
jas mortes forão acompanhadas de confiscação
.^ i

de bens, e infâmia! Não é pois para admi-


rar a pobreza da íJespanha depois d'tins pou-
cos de Séculos da posse da&mais ricas minas»
^
DO Brazíl. Liv. xxií. 259
Cadíz em 1812 e originou outro,
, í
que Unha por objecto elevar de no-
vo ao throno Carlos IV. quediziao ,

estar rezolvido a jurar , e rnantet


aquelle código. Era para cauzar
surpreza, que nocerílro d^una (aò
desfeita procella ^ cuidasse o Mi-
nistério em reconquistar aquellaâ
vastas regiões, que tinhão decidi-
damente annunciado perante o
JViundo inteiro , a rezoluçào em que
estavào de ser livres, ou acabai^
iia contenda.
Appareceu pút este tempo u- Vestígios
moedas
ma notável circumstancia . e des- ^® Kcrnauas
1 .
^ I

í

Cubrimento^ que nao deixava du- junto ao rio


Vida de que o paiz junto ao rio Mis- Missouri.
isouri algum tempo habitado
fora
por ilações(jue tirihâo com muni-
j

cação com a Europa em tempos


^

mui remotos, e antes da Viagem


de Colonibo á America. Âchárâo*
se naquelías paragens
algumas moe-
das enterradas com inscripçôes
latinas que Oíosti^avâo serem
,

do tempo do Imperador Aotooi-


no. As ruinas de vanus acampa-
TOMO X. S
260 Historia
mentos achados nas vezinhanças
daquelle rio lambem comprovaõ o
iiiesíiK).
Nova Co- Pouco antes bastantes emigra-
lonia de
dos Francezes obtivéraõ do Gover-
Champ d
Azile,
no d( s Estados Unidos uma consi-
derável porc^ao ^e terra para esta«
i'^ belecerem uma colónia no terrilo*
riod'A]abama ^ mas apenas ali che-
gados fizeraõ uma^ expedição em
corpo, desembarcarão junto ao no
da TriíKiade na Província de Te-
xas, e ahi se declararão indepen-
dentes. Lallemand ^ General uo
serviço de Napoleão, era o seu che-
fe, e em vez de tomar paiz inoc*
cupado, apozeiitou.se em territó-
rio a que duas diSVreotes nações
suppunhaõ ter direito; isto é, a
Hespanha, e os Estados Unidos.

li O Manifesto destes Emigrados era


concebido em termos pacíficos nel- :

le reclainavaõ o direito, que lhes


assistia de tirar daquelle fértil ter-
reno meios de subsistência, faziaS
solemne protesto de viverem tran-
quiliaaiente sem intromettimento

Vv^
^:

Do.BfiAziL. Liv. x'xn. 26

nos negócios internos d'ontras re-


giões, mas i^ualiwenie protestavaõ
rezislir a qualquer iujusta agressão.
Eiiiretanío cotívencioriava a Coíivencio-
na a França
França coai as diversas Foteííciaâ
com as de-
a respeito das dividas que contra- li) ais Poten-
,

hira, e proporcionava osníeios pa- cias acerca


ra preencher os seus débitos Oh! das dividas
que com el-
Coiiio saci faliiveis as promessas ii-
ia s contra*
zongeiras da fortuna !Se hoje nos hira.
mostra prazenteira a face , áaia--
nhaà nos oíFerece horrenda caXada-
ra. Qu.ení pensaria 9 que a França,
que poucos ânuos antes zombara
de todo o poder Êuropeo viesse 5

(por elia mfsma o querer) a sue-


cumbir depois de tantos annos de
triunfos?
Naõse deve passar em silen- Rezoluç5es
cio umnovo conflicto entre os di- da Dieta ds
reitos imprescriptiveis da humani- Noruega
cassando
dade, e o capricho de uns poucos vários pri-
d'individuos 5 que se julgaô supe- vilégios e ;

riores aos outros homens por títu- ah azos eii*

losna verdade irrizorios. Resolveu troduzidos


pela nobre-
à Dieta de Noruega, que seannu-
za. Má intel-
lassem os juízos do3 feudos peiaa ligencia eu-
wmm

562 HllSTORIA
ire â Às* injustiças
5
que dahi provinha^ aos
sembléa, e
povos; que ficassem abolidos os direi-
o Rei que
,

recusa a tos, que por seus privilégios eracf


sua sancçao concedidos aos senhores, e barões ^
a estas jus ficando igualados impostos á em
tas medi-
massa geral dos cidadãos. O Mo-
das.
narchs (talvez aconselhado por pér-
fidos conselheiros) recusou a con^
íirmaçaõ a este acto, promettendo,
cònitudo^ sancciona lo talvez para
o futuro, propondo-!he as indemni-
zações, que a nobreza devia rece-
ber em lugclr dos direitos, que era
privada Os Noruegupzes [^] prin-
cipiarão ainsurreccionnar-se, che-
gando em bandos mnnerbzos aíé ás
portas de Christianía, e pedindo
em altos brados a execução daquel-
las benéficas medidas.
Voltando de novo áscoizas dó
t)ecretô d*
El -Rei so- Brazil , tem
o Historiador restricta
"bre aDivi- obrigação de conduzir a ordem
.
dos
li .zao criada factos com o devido methodo. Para
para mil
observar este dever menciono a ve-

%ãi em Per*
nambuco.
KV'-í
[#] Já se entende : ósque eraõ beneieiá-
dos por aquella saudável reforma.

-\^
^
DO Brasil. L<v. xxíí. 263
rificacâo da promessa feita por El*
Rei 5
quando ho Rio de Janeiro se
organizou uma Divizao criada pa-
ra reduzir á,sua obediência a re-
ir
voltada Provincia de Pernambuco.
Por um Decreto datado em 28 d'
Abril ordenou, que se dissolves-
sem os batalhões de fuzileiros, se
conservassem os de granadeiros e 3.

se formassem trez batalhões de fu-


zileiros dos trez Regimentos dç li-

D ha.
A fina de se dicidirem alguns Gria urna.
Junta eia
negócios pertencentes ao Desem- Goyaz á
bargo do Paço criou S, M. [*] na maneira da
Capitani;a deGoyaz uma Junta com- de Matto
posta do Governador , e Capitão Gi;osso &c.
General, Onvidor da Coirumarca ,
e Juiz de fora, á maneira das que
se tinhao estabelecido em diversas
paragens dos Dominios Ultramari-
liOS.
E novos Of-
Não
cessava igualmente de pa-
ficiosnaAl-
tentear O seu real zelo pela mais fandega áo
Rio de Ja-
neiro,
[*] Por Alvari com força de iei de via-
t« uíii de Mdio,
â^H^
m'
264 H I S T o R I A
pFompta expeílição dos negócios
coíiimerciaes, econsideraodo o pro-
gressivo aug-ineolo do commerciog
e ser impraticável o seu desempe-
nho, eui damno do piiblíco^ e da
fiscalização dos direitos reaes , com
o pequeno numero de empregados
il existentes , mandou crear vários ou»
trosiu gares [*].
-

Jntroduc- A ignorância da Sciencia Mon-


çaodeMa- tanistica líníia a pouco e poiíco,
,
çhinas de
Miperaçlç)
íeyado avante a decadência das Mi-
Xip Biazil, nas d^iro, tão florentes no estado
antigo em Cjue a abundância de oiro
se achava á flor da terra. Deveu-
se pois ao Tenente Coronel Eng'e-
'n li eiró 5 Guilher me ^ Barão d'Es'-
ckwege^ a iotroducção de Rlâchi-
III
rias na mineração Brazilica, Per-
suadia-os, por meio da experiencsa,
quanto erão úteis, principalniente
ir^as proviíicias interiores 5 onde ca-

[#]Dois d'Escrivâss da Meza Grande,


um de coníerente da Porta, e outro de Fei-
tor da Meza da al)ertiira. O D.screto é data*
do de dezeiiove de Maio,.

Í..^«jJs^'.
DO Brazíl. Liv. XXII. 265

da vez mais crescia o preço dos es-


cravos, obstáculo, quejuníoáes-
cacez de braços, necessarianiente
iaipelliria os habitantes a recorrer
ao IVlaclunismo, tanto melhor ada-
ptado ás necessidades da vida do ,

que otrabcdho fiirçado dos homens,


e tanto mais lucrozo em um paiz
aonde é tão diminuía a população
N-
[*] Para poder ajuizar da ntU
melhor se
lidade deste estabelecimento ]eia-se a seguin-
,

te Atíestaçào. =
Romuallo Jozé Monteiro
de Barros,' Professo na Ordem de Christó,
Coronel de Milícias por S. M. El-Rei No.so
Senhor. Atte^to e faço certo, que por insi-
nuação do Tenente Coronel de Engenheiros,
Guilherme Baraõ d*Esckvvege
,
íiz cons- ,

truir um
engenho para redazir a pó e ao ,

mesm© tempo lavar a formação de pedra da


minha lavra , segiiindo-se em tudo a sua di-
recção , cora que principiei logo a perceber a
grande vantagem de tirar vmte e seis oita^
vas de uma mina abandonada pela sua po-
breza no curto espaço de pouco rnais dedois
,

dias de trabalho, em que forâo occiípados a-


penas dois escravos, vantagem esta que an- ,

tes não percebia com tnnta praças occopadas


na mesma mina era uma semana. E por es-
ta me ser pedida a passei para constar. Mor»

hsàí^iré^ ii^^méé
mssssmmsmsmÊ

266 Historia
Mellioia- O exemplo, que dá uin Sobe-
mento do
rano piedíízo, e qiie mais se gloria
Seminário
d'o7fâo7da ^^^ ^'^^^^ oome de pai, do que do
Bahia. sagrado tiluio de Rei, é seguido
quazi sempre peJos súbditos, que
olhao para o seu príncipe como pa-
ra uiií espelho donde copiáo suas
ii a ç coes, E que mais digno objecto
da terna compaixão do Soberano,
e das classes pecuniozas do Esta»
do, do que a educação, e amparo
da juveritude desvalida, em cida-
des popploz^s, onde a gente senão.
destioa facilmente aas exercícios
ruraes ? Que mais imperiozo dever
do que aqueljí^, que a humanida-
, H f de reclama, e a Pátria exige, do
que se facaa destes infelizes, mem-
bros uíeis á si, e ao Estado?
OCprpo doCommercio daBa-
bia dezejozo de celebrar a A cela-
tóação d^ El- Rei ajuntou fundos
necessários para um tão dísUncto

IO de Santo António treze de Maio de mil


oitocentos e quinze. Romualdo J.ozc Monteia
'•

ro^ de Barrojj..
BO BrAZIL, LiV. XXII. 267
emprego , e rezolvau ( bem certo
de quanto seria o seu dezignio agra-,
davel aS. M. ) cuidar na re-genera-
ç^o e estabilidade do Seminário de
,

Òrfaos que em vez de ter prospera-


,

do, tinha ido em progressiva deca-


dência I*!. Eí=ta deterííiinaçao faz^
mais honra do que esses antigos col-
lossos, em que os Egypcios eterniza-
rão a sua vaidade.
Os Negociantes submetterao
o seu plano ao Governador Conde
de Palma, que lhes agradeceu es-
te tão profícuo, e philanthropico
proposto , em nome d'El-Rei , pro-
metteodo levar sem demora á Real
Prezença uma tão brilhante ideia,
e os Estatutos, qqe comporia. Es-
limulou-os , pelas mais enérgicas,
exhortações , a que continuassem
a augmentar, comauxilios voluntá-
rios de todas as classes, os meios

[#] para se formar ideia da uti-


Bastará ;

lidade, que desie estabelecimei:ilp podia re-


zultar, saber que a educação só alli tinha al-
vo no Estado Eccleziastico como se um Rei-
,

no precizasse sómeute! de Fiades e. clérigos


, I

t
268 Historia
de rematar uma empreza honroza
para os que coocorrosseai para o
seu bom exito.
Eâeclivainente o Conde rece-
beu uii! Avizo !auvando»o pela sua
conduela, assim como ao Corpo do
Coinmercio, incumbindo-o a el!e,
ri eseuâ successares da Administra-
,

ção í!o Semiaario, e da formação


dos Estatutos de uma tâo pia , e
úti! ioslituiçaa,
Ajuste pa- Nlô
se descuidava o Soberana.
ra o estabe-
de promover quanto era conducen-
lecimento
d'nrQaColo- te ao
augaipoto , e prosperidade
nia de Suis- d'ijm paiz , com o qual fora a Na-
soís em Can- turezatíio pródiga, peio que res-
ta Gálio.
j>eitaa producç^es naluraes; po-
rem aProvideacia assaz mesquinha
Bsçando !ae os meios de tirar par-
tido destas riquezas Ató á época
da f^mi^raçao deS M. para aquel-
"
ie vasto tinha sido
coiiliaente
coostantemímle privado de suas
preciozidad^s e de prop )2Íto se tra-
,

balhou no perpetuo atrazamento de


seus habitantes tocante a Artes,
Induslriaj &g. Era uma verdade
DO Brasil. Liv. x:xií- 269

de fácil intuiçrio ,
qu^ qualquer
paiz ( e prin npahiiente um
paiz nas-

cente) nao pode prosperar sem po-


pulação j*]: principiou a tratar se-
riamente (Itícomo havia attrahir a-
po-
quelle vasto, e rico continente
voação induátrioza que roteasse ,

aquelles terrenos virgens. Concluiu,


pois, a de Maio, com Mr. Ga-
U
tschet, de Gruyers um ajuste pa-
ra estabelecer no paiz chamado de
Canta Gallo a 24 léguas da Capi-
ta! uma Coionia de Suissos, fcuja
,

Capital se denominaria Nova Fri-


burgo.
As condições, segundo as pu- CQndicôes,
blicou o Governo de Friburgo , e-
rao as seguintes

fft] E' esta falta de população ornais po-


derozo , e qiiazi invencivel obstáculo que se ,

oppõem ao engrandecimento do Brazil. Nao


é suTiciente haver população mas população ;
i

laborioza e nao como a do Brazil


,
que a- ,
^i

lem de diminuta, é composta de castas hete- i

rcgeiíeas que se odeiào


,
umas indolentes,
.
y.

outras [ as. luboriczas ] em mui pequeno na-


\

mero.

\
270 H I S T o R i A
S. M, F. promettia o pa^a-
mento dasdespezas aecessarias pa-
ra o estabeleci rneato de 100 faoii-
lías Suissas da Religião Caiholica;
pagava lhes a passagem para o Rio
cie Janeiro, e procurar- jbes°ia os
iiiaaíimeíitos , e meios de se trarás-
portaFem aodistrioto de Canta Gál-
io, a 24 léguas da Ca.pilal. Cada
família receberia certa quantidade
de terra, coai os meios de a culti-
var. ElrRei pagaria a cada colon9
J;60 réis por dia 5 no primeiro aa-
Bo, é 8;0 no segundo; alem dos
iBaotimientos durante este tempo.
í
i

A Colónia conteria certo numero


í^e artistas, pi^oveodo-se na Eus:o^
pa , de um medico, um cirurgião 5

Ú um ferrador experto e eccíezias-


ticos para a execução do serviço
Divino. A nova Colónia fundaria
,

uma villa, e duas aldeias. Cada


orna das povoações receberia uma
data de terras paxá supprir as des^
pezas da administração. Todos os
colonos seriíto naturalizados pi)r5u-
guezeSy gozando ; até o fim do au-

^íX"
^
DO Brasil. Liv. xíxh. 271

no de 1829 ,izenc^ao de todos os im-


postos , tanto pessoaes como terri-
toriais. Os Colonos (rriao penuis-
sao de voltar pára o seu paiz , mas
não disporiáo de mais do que de
nietade da. sua propriedade irnoKi-
vel, iicandoj a outra para a com-
munidade.
A inírodócc^aõ de Colónias n' Ânaljza-se
o mesmo
\\m paiz laõ pouco povoado 5 eqne, importante
sem povoação nunca poderá subir objecto <ia
áquelle aOge de poder de que é sus- emigração,
ceptível , é unia medida, ciija u- e metlioáo
lihdade pessoa alguma negará.
de a promo*
ver.
O
ponto porem, que ailmitle algnm
debate é o modo de a pôr em exe-
,

cução, insisto pois em aíRrmUr qoa ,

El-Rei nunca podia ievar avante


seus provei tozos intentos seio mao-
dar reformar a sua Legislação^ e
alliar-se com o Império da Opinião^
sem cuja liga , é ephemero todo o
poder. E senaõ reflexiooe-se nm
pouco maduramente, eíndagoe-se
acauza porque os Estados Unidos,
debaixo dos rigores d'um taõ mau
clima tem, em taõ pouco íeiDpo^
j,
m% HiST ORIA
visto triplicada a sua povoação com
abundância de optiroosarti^jas , ri-

cos negociantes 5 e famig-t^rados sá-


bios y que todos á porfia se esme-
rar) por sustentar a sua independên-
cia ; e o fírazil ha tantos annos des-^
,

cubertOj conservando em seu seio


por espaço de quinze annos uma
Corte em relação directa corii to-
das as da Europa possuindo um
5

Soberano dezejozo do bem geral ^


um clima deliciozo, e terreno re-
quissimo, ainda se acha inculto,
e iiespuvoado ? E' pek íalta de con-
fiança no seu Governo e pela i-
5

deia de que noBrazil naõ lia segu-


rança individual j e inviolabilidade
de propriedade particular; poi* es-
tar radicada na Europa a ideia da
arbitrariedade alli exercida ; porque
vogava, que os Ministros, e Con-
selheiros afferrados a prejuizos, e
vivendo no meio dos progressos , que
as outras nações iaõ fazendo em
civilização, mantinhaõ se estacio-
nários com os mesmos erros, que
:|| a superstição; e a ignorância ^ a-
'^

DO BrAZIL. Liv. XXII. 273


judadas pelo despotismo de Gastei-
Ja ,durante a sujeição ile stí^senta
annos introduzirão em Portugal ;
porcfue o hoiDêio peí)sador preíVire
antes viver n^líll paiz menos salu-
bre 3 tranquiilo, e sei^uro, docjue
noutro ai^radavel , acompanhado
do tormento interno de temer cori-
tinuadameuie, que um delator se-
creto, faça passar o ionocí nte do
seio da sua família para uma me-
donha uiasmorra [*j.
Aplanando-íse os caminhões ^

ter se-ia obtido lio Brazil em pou-


cos annos, lima povoação tio me-
Ihor préstimo que para ahi se traos«
,

feriria daquellas ngiões da Europa

[*] Note-se mais; para os Estados Uni-


dos, onde se nào paga aos Emigrados,
que
para lá vâo da Europa , antes lhes vende as
terras, que tem de voUito do que consiste
,

lima boa prte das vendas publicais, passa u-


•ma Rumeroza , e iitil povoação da Europa,
e para o Braâl Onde se pagava aos colonos
,

[e-não pouco] ministrava-se-ilies terras ins- ,

trumentos, yassagem p^ra se transferirem p§-


ra aqueile continente viveres &c. pouca gen-
; ,

te se decKie a mudai a sua i^údcncià.

-^^
'ff

gí4 H I S t O íl I A

que soffrem por cauza do excesso


delia, donde nasce umaailuviaode
malles, que nenhum governo tem
o poder d^aífastar, eque leva apoz
BI um séquito horroroEo dealtenta-
dos.
é umdosprin^
As emigrações j

cipaes movimentos porque o géne-


ro humano se adiantou ^ e derâo o-
rigem ás colónias [*). Já em tem-
pos anliquisâimos deixarão homens
a sua Patna ; o desterrado Teucro
de Salamina transplantou seus pa-

[#] Emtempos antigos os Reis de Portu-


gal adoptarão a mesma ideia, e El-Rei D»
João L estabeleceu uma Colónia de Alemães
junto a Coruche.
Não incorria para isto o Governo eni
grandes despezas dava simplesmente devida
:

protecção aos colonos. No cazo apontado deu


D. João I. os man nhos junto a Coruche a
Lambert de Orches Alemão, para que os
,

rompesse, e povoasse, com obrigação^ de tra-


zer a elles moradores estrangeiros d*Alema-

Com as mesmas vistas imitarão os Reis


Portuguezes a politica dos Judeos. estabele-
cendo cidades d'azyios, com o que fizeraõ em
breve tempo ílurecer essas povoações.
DO Brazil Ltv xxíi. 275

triciosna vicoza Chypre onde fon- ,

dou segunda ^alamiíia , e os Ptie-


Dicios sob CadiKO^ li lho do Rei
,

Agenor [*] 5 eíisbarcáráo em nunse-


ruzas turbas de Tyro^ e Sidónia
para a silvestre Beócia fundando
alli Thebas ; oulros Pheoici^>s fun-
darão no sitio prezentemenie Td-
nez a depois tao potente Cartbago ^

e alem das Coiumnas d'Hereu!es,


Gades, a prezente Cadiz. Colonus
Gregos povoarão a ÍUlia Uíeridio-
rial , assim como a costa Occiden-
ta} da Azia Menor, e foi nestas
mesmas colónias que o espirito Gre-
go se desenvolveu o mais felizmen-
te. JEm Alhenas especialmente e-
ra muito uzuai que iDostrando-se
em qualquer parte um excesso de
povoação 5 um grande numero de
famílias pobres, mas indusíriozas ,
se transplantavao jogo para para-
gens mais ou menos remotas. A
Historia louva particularmente em

[#j Da irmã delle , Europa, recebeu á


nossa parte do Mundo o aeu nome-
Tomo x, t i/~-
^mamk m JTWiWP
27ê Historia
Péricles a sabedoria com que sou-*
be dirigir seaielhantes emigrações.
Assim Marselha foi também uma
edoíiia dos Phenicios ^ conforme
Justino o relata. Trajano^ o mais
sábio dos Imperadores Romanos ,
mandou grande numero de Cída--
dãos Romanos pata a prezente Hun-
gria.
Este sábio Systema de trans-
locação pereceu com a culturaPhe-
nicia^ Grega, e Romana. Os bár-
baros vierão devastar á Europa, e
a Africa ] nem sequer deixando
aos prófugos habitantes os meios d'
emigrarem d'úm modo proveitozo.
Os Normandos e Árabes, infes-
j

tando os mares, faziâo delles um


theatro de roubos, e nem o sacro
regaço de Neptuno offerecia um a-
'i-ylo confra os rigores da barbaria.

Aqueile dezejo innato do ho-


mem de conhecer a Terra em toda
a sua extensclo se desperíoo prin-
Xíipalmente desde que a invenção
da agulha ofierecêra uma guia pe-
los dezert^s equoreou. Fizerão-se

V\
V ^~„
DO B'RAsrL. Liv. x^n. líf^

graiides áesciibrimentcS ; transfe-


rírao-se Exércitos aos paizes novos
'para os conquistar dos rialuraes,
oa dos desGubridores franqueava-
;

Se a passagem a niuitoâ vagabuii^


dos, e aventureiros nicis raras ve-
3

^es .v:e cuidava no estabeiecirnento


de Colónias regulares. À única Ih^-
glalerra deu alguns bons exemplos
TiaAmerica Septentrfonal Lord :

Bakimore, outro Teocro Britâni-


co, fundou a cidade de Baltimore ^
hoje tão florescente: a Rainha í~
5sabel ordenou uma bem ragoladíl;
Colónia para a região por elia de»
«ominada Virgínia; osabio Peon
outro Orpheu ou Cadmo moderpo^
sorribou a Pensilvânia, e dedicoii
ao amor fraterno a cidade de Piíi-
ladelphia. Ás sementes, que plan-
tarão estes, e outros varões pru-
dentes, produzirão uma colheita a-
bençoada para os Estados Unidos,
que prezentemense florescem su-
berbos, formando já um ímperio,
que em força interna não cede h
qualquer dos Europeos.
0^ nrjm^rrwmm

278 H IS TO R í A
>reitiora- NoPará ia o novo Governador
mentos em- de Vi!la-Flor preenchendo
ç^^^^^g
^"^^ seus deveres com todo o zelo , e
dolíioPará
illustração. Tratou de organizar um
'

Systema de Fazenda regular , fa-


zendo que os empregados públicos
ficassem pagos em dia. Conhecen-
do, que n'uma Provincia tão abun-
dante em madeiras se podia aug-
inentar a Marinha de guerra man- ,

dou pôr no estaleiro uma quilha de


fragata. Deve-se-lhe a estrada ^ que
conduz á fortaleza da barra, que
defende a entrada da cidade e ,

que teríf uma légua de comprido;


a limpeza da que leva ao Maranhão ^
para onde estabeleceu Correios to-
dos os quinze dias. Creou um es-
quadrão' de cavailaria, e fardou a
tropa ao ozo de Portugal Cedeu
aos habitantes ricos ceria praia em
frente da cidade, para fazerem um
quarteirão de cams com bello cães
a fim de descarregarem as embar-
caçôv-s pequeíKís sem risco algum
Iw]! Concertou o theairo antigo, e

Deste modd ©aibelleGeu , e augmen»


[#]

m^M
v;:^^_
DO BrAZíL. LtV. XXII. 279

principiou um passeio público. Fi-


nalmente niosirou-se animado por
dii2:nos sentimeiítos ^ que devem
possuir o individuo escolhido pelo
Soberana para depozitar asua_con-
fiança, e felicitar seus povos.
'Procuravão entretanto as re^ Prosegwea
Sfiôés da Ameiiea íneridional ante- l^^l^^^
rior mente submettidas a liespanna.» Ajres. Tra-
consolidar a sua independência, tado de
Buenos Ayres concluiu ura Trata- commercio
do de Commercio, eAlliança com ^omosEsu-
r- . 1TT -1 ^ dos Unidos.
OS Estados Unidos, segundo o qual
i

se lhe dava preferencia em com-


mereio ao das outras Nações, O
Gabinete Francez recuzou reconíie-
cer pozrtivamente a independência
daquella nova Republica, ouasua
bandeira, respondendo que ósseos
vazos mercantes tenão livre admis-
são em França, porenx nunca os
seus navios de guerra. [«]

tou a cidade , propoF-cioii ando aos proprieta^


rios meios d^ edificarem.
[#] Pouco tempo depois [ a vinte quatro •

de Julho] tinha o Rei de Suécia ratificado


o Tratado con.çluido ejiji StOQkolmp a quatro

tW*n I' '"i III iiiiiti


280 H I S T ô H I A
'h
Pueyrredon, que estava ates-
ta do regimen da nova Republica,
via-se em mui deiicaday eircunis-
t^iicias, nâo só pelas facções que ,
çlividião o espirito público, empe-

If cendo aos progressos, regenerado-


res; mas muitx) mais pelo transtor-
no das Finanças. Forcejou pois
por quantos meios suppoz condu-
centes ao seu fiai augii^eníar as
,

rendas piibJicas.
Decreta EL S- M,
JÍi considerou os graves
^^-i que as
patentes
inconvenieníes que rezjjltaváo de
militares serem enviadas as patentes milita-»,
no Brazil res dosoiliciaes do Exercito de Por-
Kâo preci- tugal a
pôr o cumpra se do Maré-.
sasse 11)do
chal General Beresford, ordenou^
çy/iipra-se
doMarechal que Séíido lavradas no Conselho Su-
Beresford. premo Ã^ihíar e registradas nas pre-.
çizas esiações tivessem o seu- cum-^
primento.
Sabre avçr Por este aiesjiio tempo IratoiL
rigu açao
das dividas
de Setembro de mil oitocentos e, dezesçis q^e.^
da França a ,.,

naô fora ratificado |)flos Estados Unidos, e.m.,


Portugue-
Í'l z es.
razaô, do niuito , q.u- favorecia os artigos d*
industria Suoca. Ap^irovoíi^o com as alterações
,^

em-^,u3 os Estados Uindos tinhào cciiGordciio,,


— 1>.

DO BrAZIL. LiV, XXII, 281

Governo [*] de fazer epm que os


Pcrtuguezes credores a Francezes
recebessem as somínas, que haviao
adiantado Isto teve efibiio por cau-
entre
za de convenções assignadas
as cliamadas/Grandf^s Potencias,
estipulação huoíiílhante para Portu-
gal , e incompatível com a sua
di-

gnidade, pois era desairozo estar


por tratados feitos por outros Ga-
binetes. ^ \
.

os olhos para o esta- ^«y^^^^


Voltando
^ *. promulga
, . TT^.vx^ ,

do de coizas na America Hespa- ^^^^^^ ^j^^^


fíhola, dissidente com a Mâi
Pa- cj-etos.
tria , e observando a marcha dare-

[*1 A Portaria era datada de trinta de


Junho , e a Convenção entre as taes Gran-
des Potencias de vinte cinco d'Abril do
anno
anterior. Mui diminuta era a quota,
que se
fixou a Portuga! nâo excedeu a quarenta
:

cíiridade ,
mil e novecentos francos , e isto por
dos sacrifícios feitos por esta Nação
.^
depois,
quando as preponderantes jaziã<^ em lethargo ,
e executando submissas as decizôes d©
altivo,

a illustrado Corso. Excita indignação o pou-


co
fica
.
que se
Nação que
occupaVâo dos interesses da bene^
os supportava
disso tinhaõ restricta dever
^(][ueUes que
;
^M
282 H I S T O R I

nhida coDteoda , achamos que o


niais forte delia era em Venezue-
la , onde a sprte se mostrava , ora
favorável 3 ora contraria. Nem por
líiaiores, que fossem
os revezes es-
friava o zelo de BoJJivar , Supremo
chefe da Republica, que reassu-
íníra iodos os poderes. Tinha in-^
cuiuhiáo os negócios da guerra a
Paí-z (sem comíudorezii^nar o com-
mando) para se dedicar aos obje-
ctos da Administração. Promulgou

[*J; um para a pre-


trez Decretos
venção do coDlrabaíído , no qual
adjudica ao deBunciante (podendo
selo qualquer nacional ou estran-
geiro) o valor do apprehendido
,
deduzidos os direitos, e as despe^
zas do processo. Outro organizan^
do a Policia, e conferindo aos Go.

[#] Eraô claíaclos de ÁDgostiua a dois,


trez, esetede Jnlha. Ouífo assumpto de gran-
de monta tinha conciliado a atíençao de BoU
livaç, que se vira ameaçado da separação de
Marino, chefe de grande' nouie e habilida-
,

de, do partido da Rí^pablica. Conseguia so-


ce^^a-io , e novamentví atti-ahi-loo
DO Brazíl. LíV, XXIÍ. 283
vernadores niilitares asfuncçdesde
Prezidentes das Municipcdidades. ^1

O ulliiiio rzeniando os estrangeiros


de todos os encargos a que só de-
viào ser sujeitos os cidadãos.
Outraspro,
El-Rei sempre incansável, e
solicito, em adiantar a cultura en j^^^.^^^^^ ^*
tre seus povos, e felicita los quan- EI-Rei so-
to estava ao seu alcance, remedian- bre dive^-
do os abuzos de que tinha notícia, sos obje-
^^°'^-
e providenciando sobre pontos in-
teressantes, que, nada rnenos que
directamente ,diziào respeito aven-
tura geral; por Alvará de ô deJu-^
lho erigiu em villa a aldeia delta-
guhai, denominando-a Villa de S.
Francisco Xavier d'Itaguhai des- ,

membrada do termo da cidade do


Rio de Janeiro, e do da villa d'
Angra dos Reis a que pertencia.
Fica o seu território a perto de 18
léguas da capital e conpprehendia
,

Irez freguezias [*J.


Crivou também

[#] Chamadas d'ííaguhai do alto da Ser-


;

ra para a vargem; de Marapicu do Rio G^uaii-

WiÊf^
''ufWáalni

íff
28 4 H f S T o R I A
as ínstiças, e oíficios necessários,
dezií^aando, alem do território, o
rendimento, e património quelha ,

haviao de pertencer.
Por dois decretos datados de
7 do mesmo a\ez criou na Alfande-
ga do Rio de Janeira uma Meza
com a den xninaorío de Me^a da
Consulado da sahidajj^ composta de
um escrivão, um recebedor, doi^
feitores, e dais guardas, para es-
tabelecer o methodo de arrecada-
ção exacto, simples, e fácil, e a
prompta, e desembaraçada expedi-
ção no embarque dos géneros, e
mercadorias, sem prejuizo dos di-^
rei tos (*]. Pelo outro estabeleceu
dois lugares de feitores do pateo,
e ponte.
Layrárao*s;8 ou trostrez Decretos.
O primeiro [^»] teve por fim cuidar
Bos meios próprios para fazer que

dá subinJo á parte esquerda todo o ribeirão


das lages e a da Mangaratíba.
;

[*,] O expediente so reguloa por exteaso


no JB3SIÍ10 (iecrato.

{**j Foi datado em dezesete d' Agosto,


DO BllAZíL. LlV. XXII. 285
OS babitc^ntes da corte não experi-
ipenlassem falta d^agua, da qtial
devião ser providos com abundan-
cií| pelo novo aqweducto principia-

do a construir em Maracanan e ,

ordenou que se ex6?cutasse o mes-


,

mo, que se praticara com o da ca-


rioca , coitando de madeiras, le-
nhas, ematío todos os terrenos das
cabeceiras das nascentes das Ma^
chadas, ou Rio conifirido, Trapi*
cheiro, Meirelles Rio deS. João
,

e Maracanan ,assim corno o cimo


dos montes existentes no districtQ
das Machadas, Andray até a Te*
ju.ca, e trez braças de cada lado
ao longo das j^rotas das referidas
nascentes, ou de outras quaesquer
por onde corresse agua para o mes-
mo aqueducío. Proliibiu que nin-
guém nos mencionados lugares cor-
tasse ieaha 5 arvore, matto, ou fi*
zesse carvão , incorrendo, os que
contraviessem nas penas dos que
,

cortaváo arvores das coitadas reaes.


Fez que o Conselho da Fazenda
maqdas^e logo eífectuar a coií^daj^.

1
-
'^
»iá>i
-,^WH.^.^. v^,.>f.,^-m.^ .tl:-^

ff
280 H I S T o R I A
e suspender toda o corte, oo cul-
tora dos terrenos coitados , e veda-
dos, procedendo depois ii nianda-
los demarcar 5 averig-uando quaes
erâo os sitios de maior precizão pa*
ra se conseguir a conservação dos
niesmos nascimentos d'agiia e man- ,

da-los avaliar para serem pagos aos


seas respectivos proprietários, in-
corporando se nos próprios da co-
roa, depois de convocado o Procu-
rador da Gamara para assistir ás
demarcações, e demais actos judi-
cíaes, e poder requerer o que fos-^
se conveniente , eabem de tal pro-
videncia. Encarregou-se a vigilan*
cia, e goarda de tal coitada á Ca-
mará para zelar a conservação, e
observância do que se determina-
U ra , deferindo o Conselho de Fazen-
da , e dando as justas providencias
necessárias.
Por outros dois Decretos, um
em data de i^ outro cie 29 de A-
gosto, deu El Rei mostras nada e-
quivocas d' um coração compassivo.
No primeifo mandou,. que seco-m--
trfVÊmm

DO Brazil. LiV, XXII. 287


prehenclessem todos òs de/ertores
sem excepção no indulto concedi-
perdoou
do em I8I7'; enoseííundo
ao Ex Marquez de Loulé a penna
qup^ como a traidor á Pntria , ihe
impuservi a Sentença proferida em
21 de Novembro de 18Jl, e reha-
bililou-o nas honras , mercês ,
e bens

de que fora despojado. .

Entretanto continuava açuer- ^^^^'''^^''

racom Aríigas a dessolar asliod.ib ^^^ ^^^^^^^

margens do Uraguay, e Paraná» portngiie-

Diversas escaramuças, e combates 5 zas no Rio


<^a Fiata,
alguns delies reohidissioios, tive-
rão Jugar. O Marechal Santos ba-
teu um corpo inimigo de 800 liO-
niens postado em S. Carlos onde ,

fez uma rezislencia desesperada


cedendo por fim ao numero , e á
artilhería ,
que íhe failava (
* ].

O General Curado mandou oc«

[*] O valente Araiida era o chefe, Esca^


pou já ferido, /|uaRdò o povo estava quazi
cercado, e foi jiinir-se a um desíacanienío de
duzentos do^en partido, com cujo reforço
veio:..ÊíB ?occorro dos sitiados. Na. refrega po-
xem [desigual porque geus contrários erãoero

t^mf^-m^
;ff

288 H í s f o k í A
cupar á vilJa da Purificação espé- ^

cie de assento do laJ ou qual Go*-


teroo d'Arligas. Este chefe deu
siguaes de querer recupera-la mas ;

depois de bem considerar aeaipre^


za a que ia aietter hombros julgou a
impraticaveJ^ e Curado acaaipou-
se em frente do Arrojo Xapegui
e destacou perto de 2000 honriens
cooi alguma artilheria para bater
Artigaâ, distante 16 léguas em Ja-
puramopi [*j.
Desassocegavão-ho porem ou-
tras noticias sinistras. Corria voz
II-
e aíRrinava-se como certo, que do
outro iado doUraguay existiâo 800

himto maior namero J ficou morto com a maiot


parte dos seus,
depois de fazer as vezes dê
ca|>itao, e Soldado.
[#j O Major Antero
Jo-íé Ferreira de Bri-
to íambem surpr^ndeu junto a Castilhos um
pequeno dtisíacamento que defendia umaca-
,

za lortiíicada precatou-se primeiro colhendo


[
notícias exactas dé vários prizioneiros que ,

fez] Apxizionou-d com um Tenente Coronel


[grande amigo de Fructuozo Ribeiro, e que
gomava grandes créditos entre aquelles povos
dois capitães , e vários Subalternos.

í í
DO Bra-^iL. Liv. xxii. 28í>

íiomens divididos em dois corpoâ


dMgual força j ás ordens , um de
Aguiar, eAedo, e outro de Ra-
mires, os (juaes, por seus movi-
iDeritos moslravao ter em vista pro-
,

curar assiduamente passar á outra


iDargem para reforçar o Exercito
d'Artigas, mais numerozo depois
da unicio de Fructuozo Ribeiro. Tra-
tou consequentemente de obstar á
projeciada união, e ordenou ao Ca-
pitão Bento Manuel (liabil Official
que reunia a quaiklade de valero-
zo , o conhecimento do território
d'Entre-Rios ) que traçasse um pla-
no tendente a destruir cada um de
per si aqueiies dois corpos , e impe-
dir a todo o custo asna passagem,
O que commandava Aguiar , foi
batido, eo de Raujires nao queren-
do âoífrer o encontro debandou-se ,

Bento Manoel completou felizmen-


te ,e com acerto a emprega de que
fora incumbido: tomou muitos pri-
zioneiros, alguma artilheria, e ba-
gagens destruiu duas baterias ^
5

conseguiu o úiti a que se piopuze-^

«•WÍtjtÍÉ)i'W
Mi
:ff

290 H I S T o R í A
ra o seu General , e mereceu ser
remunerado, peio seu Soberano,
que jamais deixa sem premio ás
aeções do lustre ^ que obrâo seus
súbditos a prò da Pátria.
Por estas manobras, esucces-
SÓS parciaéâ íicárão livres, por al-
gum tem[)o^ as cairipioas do Bra-
zil até o Rio Pardo, das correrias
cFArtigas. Coriheciâo porem os in^
teílígeotes ^ que era impòssivel cor-
tar pela raiz semelhaníes rapinas,
e proteger aquelles paizes das ex-
torsões d'um homem 5 que a si pró-
prio sé constituíra em Soberano,
coiiípoder illirnitado, e sem dar
conta de seu proceder, a nao se
occuparem todas as passagens dd
tJraguay, pois opaiz étâo aberto,
que deixava franca entrada a pe-
quenas partidas , vislo que as úni-
cas forialezas, que ha por aquelle
kdo denominadas de Taim e San-
, ,

ta Teola, se acháo a tal distancia


que na > podilo tolher estas súbitas
iiiv,azòes. Entre-R.ios [*] estava oc-

[nc] A.ssim sedejiomina opaiz situado en-


bo Brasil. Liv. xxii. 291
icupado por tropas de Buenoá- Ay-
res ásquaes eráo superiores as par-
tidas de Artigas, que u assolaváo.
Tal era o estado a que se tinha con-
sentido ichegasse este bandido !

O
Commercio, esta fonte pe- Continua a
maniftsíar
renne de pública prosptzjridade ,
que
suas vistas
por si só tantos Estados torna flo benéficas a
tescehtes^ erguendo-os dornaisde- favor ao
gradante abatimento , e decadeh- Com inér-
cia ao (cuine da grandeza , e pode- ^'^'
rio, nunca deixoii de èer um dos
objectos que sempre atlrahirão as
Vistas vivificantes d'El-Rei. Orde-
nou {*] que iodas ás mercadorias
tivesseíh fácil despacho , eprompta
expedição^ dezighando a maneira
do expediente na cobrança dos di-
reitos, para qiie um ponto de tan-
ta monta, não ficasse ao arbítrio,
é interpretação dosOfficiaes de Fa»
zehdai, que por um culpável des-
potismo prejudicassem o Thezoird

tre o Uraguay, e o Paraná.


[] Por Decíeto de vinte dois de Seíerá-*
bro.

TOM© X. V

-'
liiff-iíiiiífiii iirifí'
"^íiiín.
:ff

292 It í S t O R I A^"^

público e os psrtícularps. Por oú*


,

tio decreto de 4 do mesmo mez de


Setembro nomeou os Commissarios
PortuguezeSj Juíz^ e Arbitro |*j
para íbi^oiarem com os Commissa-
rios Ingiezes^ nomeados pelo Ga^-
Verno Britânico a Comniissão inix-
ta j que devia fezidir em Londres
[**| para liquidar as contas^ejul-
I
gar as reclamações de navios toma-
dos naGosta d'Afncã desdeof^ia-
cipio de Junho de 1814 até á ^pó-
ca d'estar em plena execução a
Com missão.
Piblohgâ^ Havia oito rtiezes, que uma
çao da tre-
eorVeta de guerra ^ e uma goleta
liTi/dois Tudezinas , pertencentes á Divisão
aiuios coin destinada para oOcteano afim de
Tunes. '

,„,.,„, ,, ._.. . .
'

[*] Paia Coírimissario Juiz, Ignacio Pa-


lyart Cônsul Geral da Naçào Põrtugueza
,

em Londres, e para Commissafio Arbitro, ò


negociante Portiiguez alH rezidente^ Gustodio
Pertira de Carvalho.
[«*j Segundo o IX Artigo daConvehçâè
de vinte oito <le Julho de mil oitocentos e
dezesete addiciojial ao Tratado de vinte dois
;

de Janeiro de íiiil oitocentos e qúinzç.


DO BraZIL. LiV. XXII. 293

hostilizar a bandeira Portugneza,


por não se ter renovado a Iregua
feita em Outubro de 1813, estavão
bloqueadas em Gibraltar por uma
Divizâo Portugueza composta de
trez fragatas , é dè um brigue es«
cuna f*j, ás ordens do excellente
OíBcial de Maririiiá , Manoel de
Vascolicelloà Pereira de Mello j Ca-
pitão de Fragata, e Coaimandaii-
te durante a atizencia do Capítãd
de Mar e Guerra Jozé Maria Mon-
teiro [**].
Por eíFeito das solicitações do
Gabinete PortugueZ transmittidaá
pelo hábil Vasconcellos , e pelos in-

[#] Érâo as primeiras a Peròlá de qua-


;

renta e quatro , a A riiazôíia ; da íilesma for-


ça ; e a V^ehus de triiita e ãeis j e a última
a Gònstaiicià de doze.
[##] Achava-se end Lisboa ; iquando de-
via occupar ó seu posto sempre , e inuito mais
em tâo delicada cdnjuncturá. Na verdade
que Dio sabemos a quem se deve culpar mais;
se á inércia do official ou á falta de cUiiipri-
,

niento de seus deveres do Ministro da Mairi'


nha: mas sempre nos inclinamos á íncrepat
o ultimo.

^íÍÈmámtíÊèm
2^4 H I S T O !l í A
convenientes que trouxera a Tu*
íies este grande bloqueio que sof-
frião seus navios, determinouse o
JBey a enviar a Gibraltar uu) Pleni-
potenciário incumbido de Tratar
da paz. Recorreu primeiro ás vias
de astúcia: fez desapparelhar os
dois va^oSj e fretou um navio In*
glez para transportar a Tunes as
tripulações 5 que já nao tinhão meios
de subsistência. Outro qualquer
,f Vi
que não fosse o denodado e exper-
to Vasconeellos ficaria irrezoluto^
só pelo temor de suscitar desaven-
ças corii o Gabinete Inglez^ e dei-
xaria passar a seu salvo aquella gen-
te que as Leis da guerra punha
rigoroáametite á sua dispozição.
Vasconeellos não hezilou ^ e escre-
veu aoGovernador de Gibraltar, cer^
tificando-lhe que mui bem sabia que
a Grã-Britanha respeitava as Leis
ádmíttidas eiitre as Nações neu-
iraes e belligerantes , e muito mais
sendo em benefecio de Portugal
seu antigo e fiel alliado, que se re-
clamava a sua execução: sighifi-
mti^ • i»' < ' iP*

DO BrAZIL. Liv. XXII. 295


coii-lhe que nao consentiria na par-
tida dos Tunesinos, que conduzi-
ria prizioneiros a Lisboa Gover- O
nador respondeu que praticasse se-
gundo lho di classe a honra e o de-
ver. O Plenipotenciário annulou lo-

go o frete do navio ^ e começarão


outra vez a appareíhar-.se os dois
vazos,^ e depois de varias propos-
tas, umas admittidas outras recei-
tadas protongou-se por mais dois
annos a trégua, conforme as condi-
ções na anterior ajustada em quan- ,

to se não concluia a paz definitiva.


NaBahia determinou a Sena- O Ben^áa,
do fãzer erigir uma nova praça pa- ^J-^^, ^
ra o publico mercado sobre a praia ^^ ^^^^
e mar fronteiro ao lugar de Santa pyaça par»
Barbara.O Conde daPalraa se decla- o publico
mercado,
rou protector da obra, edezignouo
1 / deSetembro para lançar a primei-
ra pedra solem nemeate assistindo o ,

Senado em Corpo, e dirigif^do-stí


em companhia do Governador ao
luoar onde havia de ser sepultada
aqueiia pedra , talhada em jaspe.
Depoia da íalla do Presidente da.
JM mm
ífS
596 H I s T o R r A
Camará, resposta dq Governador,
e cereiíionial , ultimou-se o acto.

A
vilUde
w A
vilta^ deMoçaiubique, tanto
Moça^i bi-
que é erecta
por sua antiguidade, como porser
em cidade a escala do comiXiercio Port^iguez
íissim como para as índias Orientaes,
merecia
ssdeMatto ser reconhecida
por cidade, com
Grosso ,
lodo5 os foros e prerp^ativas. EÍ-
Cuiabá , e
Goyaz. Kçi , por seu Decreto de 17 de Se-
teoibro a elevou aessa cathegoria,
depois de ter madurainentepezado
todas as circunstancias que para is-
so concorrião, e ordenou que con-
corresse com as denaais eqi todos
os actos públicos gosando seus mo-
radores de todas as izençôes e fran-
q,uezaâ , privijegios e liberdades de
que go^avao os cidadãos das outras
cidades. As vijlas de M
a ito Gros-
so, Cuiabá, e Goyaz tainbem re-
mesma
J Guerra do
Rio da Pra.
ceberão a graça.
Asoperaçôes militares no Rio
da Prata tinhao tomado uma face
ta.
bem pouco favorável. Leçor, rcduzi-

[*] A Praça foi <ienominada deS, Joâp.


DO Brasil. Liv. xxii. 297
do áiner<;ia por lhe faltar o neFvo da,
,

guerra (o dinheiro), e a coopeira-


ção efficaz com Buenos- Ayres que ,

bem negociada daria cabo dos, de-


predações d'Artiga«, cujo chefe,
aproveitando- se de tâo repelidos er«
ros, e vendo proorastinado por tal

maneira umnegocio de tanta im-


portância , mantinha-ae por todas
^ partes fazendo rosto a quanto se
lhe oppuaha, e batendo as tropas
inimigas.
Nomf ou elle para Governadpr
da cidade de Corrien,tes D. cíoão
Ba plista M endes ,
que foi deposto
e prezo por partido a favor de
um
Bueuos^Ayres, que lhe substituiu
o Capitão' de Milícias D. Francis-
co Vedoia ao qual trouxerào o des-
,

pacho do Governo daquella cidade


a 'Pene n te Coronel E>. Klias Gal-
vão, e o Sargento Mor D. Jozé
Cazado. Aadré Artigas moveuse
coiítra elle , e Vedoia , depois de^
se ter assegurado díis intenções do
Governo do Paraguay , que lhe of-
í^recêra, aaxilio no çai^Q de ser ^-

- — <r««í--«í=^_*-í*'**V
wmmmmmm

298 H I S T o R r A
tacado, saliiu-lhe ao enconrro com
600 homens, que forãa totalmente
derrotado^ noíbojai a 23 léguas de
GoiTíeíiteí^. Vedoia retirou-sa para
a cidade 5 porem ahi mesmo foi ven-
cido , e debdiado, conseguindo ^
muito custo fugir para Buenos Ay-
res n'uma folua. André Artigas,
depois d:e trez horas de saque, e
excessos (ie toda a ciasse , poz em
liberdade Mendes, a quem de no-
vo conferiu o governo da cidade.
Aiem do considerável espolio em
dinheiro , e mercadorias , achou nos
armazéns mais de 2000 armas de
fogo, ii^uilas manições, e 4 peças
de bronze. Era considerável a e-
migração do território do Paraguay :

Biais de 2000 homens armados , e


muito povo inerme, seachavâo es-
condidos nos bosques circumvezi-
Dhos da cidade para se livrarem dos
,

assasinios e crueldades dos Artigue-


Bhos [*J. ' .' *

[#] O menor Castigo , 6[ue davào aos do.


DO Brazil. Lrv. j^xií. 299

Grande era odamno que des-


tas hostilidades provinha á Nação
Porlugueza, ^ principalmente ás
Proviqcias limitrophes com as que
soffriao ornando daquelle chefe de
Salteadores. Mas o principal reca-
hia spbre o commercio marítimo,
pelas prezas feitas por vazos com
bandeira d'àrtigas; porem queef-
fectivamente só lhe pertencião em
o nome [^]. Eltes erão armados , e
tripulados' nos Estados Unidos, e
perteacentes a súbditos deste Go-
verno, cuja cubica er^ tentada pe-
las preciozas cargas dos navios Por-
tuguçzes depois de terem sido var-
,

ridas do Occeano as propriedades


hespanholas.
El-Rei já tinha representada
aos Soberanos reunidos noCongres-

partido de Vedoia çia de dusentos açoites


ou outras tantas bordoadas.
[*] Confirmarão pessoas estabelecidas nos,
Estados Unidos, que a maior parte dos^que
alli çhegávão, nem um só homem tra^ziâo a
bordo natural oavezinho daparte orientai da
,

Rio da Frata.
ml^ÊímÍSÊAm0Ím

u 300 Historia
80 d'Aíx la Chapelle, a necessida-
de de cohihir tão injustas violên-
cias commettidas por piratas que
, ,

debaixo d' uma bandeira por elles


próprios sanccionada nao respeita-?
,

vão as leis admittidas entre as Na^


coes civilizadas, eiratayãa iaodu-
l^ainente aqueJias nações que reput
tavão iiiiinigas^ e as outras total-
^iieote alheias na contenda, Ja a
Congresso de Washington linha
promulgado, em virtude dasolici-
íaçSo do Mmistro Portuguez, um
^cto datado em 9 de Março de Í8t7
prohibindo o ariiiaíi>ento ei^ seus
pprto^, de corsários. Já finaimenta
Eí-Reí de Suécia tinha toma^doaier
didas repressivas para evitar a ad-
iBissao, e venda de prezas Portu-
guezas na ilha de 8. Barthobmeu,
o que era uma manifesta «.fracção
i

d^s leis geraes recebidas eip com-


niuín. Porerái infeli.zme rije todas es-?

ias medidas erao inefíica^ps: iilu-


diâa-nas , e a sede d'oiro inventou
nov.is meios para desppjarpacificoig})
praprietario^.

[^
00 BrAZIL. LiV. XXII. 30^
Soube-se que Unhão chegado
ou se esperavão em Baltimore varias
riquissimas prezas [*j e oMi^iiste-
rio ordenou ao Cônsul [^^] G^v^
em Nova Yorck para que asrecla-
inasse coroo propriedades fortugue-
zas, e aviz^ou seus donos para que
o munissem de documentos , e au-
thenticas procurações, que verifi-
cassem a propriedade.
E' certamente para lamentar,
que uma Nação como a Portugue^
xa, que ppssue todos o^ recursos
exigidos para ser temida, e respei-
tada , fosse insultada por om cabe-
ça de bandidas, que nem mesm^
as recem-emancipadas coloniasHea^

[*] E^ntr€ outras; oMontalegre de nove»


centãs toneladas , carga era avaliada
e cuja
em um milhaô de cruzados a Rah^iha dps
;

Anjos, que fora rouba,da de perto de duzen-


tos mil cruzados Vasco da Gama e D. JoaS
, ,

IV. cada um n 'outro tanto Lord Wellin-


;

gton, Montefeliz, S. Jo^-ô Baptista, alem, de


outros de menor valor. Os navios introduzjaõ-
nos em os portos , disfarçados ecubertQs cgm
,

outras bandeiras.
[##] Joaquim Jozé Vasques.
^^'-^'^'*-^''^

302 H I S T o R I A
panhoJaa tinhão. reconhecido f*] Po« !

rem donde procedia esta enigmáti-


ca inércia^ em uma Nação possui-
dora de boas portos , abundante
das melhores niadeiras , rico em
todos os generos,com as mais precio»
_za^ mií\as de todos as melaesí ásua
€Íispoziçao, afiiado dos Governos Eu-
ropeos, tanto da primeira como da
segunda ordem, e cujos súbditos
se tiohao mostrado em diversas e-
pocas tao bons soldados como optí-
rnos marinheiros ? Donde procedia
semelhante abandono , visto que e-?

ra de propozito , que se despreza-


va o promover a creação , e augmen-
to d'uma boa Marinha, indispen-
sável para formar a gloria, e bem
estar da Nação Portugueza? Pro-
cedia da cremino^a indolência dos,
u Governaíites , que devendo secun-
dar asexceJleníes intenções dome-

[*] Chegou a um tap incrível desleixo de


seus deveres, o, dpi Governadores que os pi-?
,

ratas virào á entrada d-o Tejo roubar ^s em-


barcações I
DO fíRAZlL. LlV. X^II. 303
Ihor dos Soberanos, só
cuidavâoeixi
sproveilar-se da sua munificência,
e generozidade , enchendo-se
de
prémios, e honras, sem tratarem
de os merecer.
Fazia um notável contraste a
Jiidolencia dos Ministros com a pa-
ternal vigilância do Soberano. I-
zentou de direitos os géneros con-
sumidos nas fabricas de Lisboa, e
»eu lermo^ isto é,aquellqs consu-
midos na sua laboração. Para este
effeilo devião aprezentar em Janei-
ro de 1819 listas pelos fabricantes
assignadas, e reconhecidas dos gé-
neros , e suas quantidades para coa-
sumirem na laboração de suas fa-
bricas. A' vista destas relações, e
do que mais se averiguasse se , dií-

feriria ás supplicas, devendo se to-

dos os annos repartir estes requeri*


mentos.
Aconteceu por este tempo oiil :^^'^^^ ^^^
.

successo, que penalizou um gran» l^^^^^; "^

de partido, e sobremaneira satis-


fez as vistas de outro. A Rainha
d'Inglaterra3 esta Princeza dotada,

IV'^ M
' » 'iá , "**^"^'" -^— • —^»4imÊ<ÊÊÊÊÊÊêMÊ
ff
âoi HlStORlÀ
âe admirável fortaleza, e rezígná-
^ao fechou o circulo de sua vital
carreira no dia 17 deNoven^bro,
depois d'uffia longa moléstia, sen-
do tanto na vida corno na morte
um objecto de geral admiração.
El-Rei pro
hibe a ex-
A expôrta^jâo de moeda da Ca-
portação dá
,.....,a... P^^^' P,^^^ ^^ «"trás Capitanias , ti-
moeda do ^^^^. originado a sua falia , que era
Eio de Ja- mui prejudicial ás transacções mer-
nejro para câíitis
^ é Compra Je géneros de
^«"^^^^^""^^ ^c^s mercados. El-Rei
cl2anL •
pezou attentarnente estas cireums-
tancias prohibiu a remessa, ^
5

suspendeu a exportação da mòedá


provincial para as outras Capita^
nias, em quanto se n ao realizasse ín
as saudáveis dispbziçdes que esta-
,
va ordenando para oâbundantití gy^
ro de toda a classe de moeda. Im-
po&%se 2i penna do perdimento de
todos os cabedaes embarcados, e
as que sofli-eni os dèsencaminhadò-
res de íurulos públicos , e maíidou-se
qUe os negociantes que tivessem
de fazer aquellas remessas, recor-
/essem ao meio de Ietra$ sacadas
DoBttAZlL. LiíV. XXÍL 305

pelo Banco do Brazil , sem que este


pelo oaiiibio , exigisse preuJo , ou iii-

KÍ-Rei deziiínoú
^ a cidade do ^«^'«^V'*^
• 1

bre os Com-
Rio de Janeiro para rezidir a con.- ^^^^^^-^^
m\és'áô mixta [*;' para as prezas fel paraaspre-
tas de escravatura, e ílom^ou pa zas de es-
crav atura.
ra Coiíimissário Juiz, a Silvestre
Pinheiro Ferreira Deputado da
^

Junta doCommercio^ Agricultu-


ra Fabricas e Navegação e Com-
, ^
,

missarioarbitro^ao Negociante João


Pereira de Soiza. O Governo In-
o-Iez escolheu o estabelecimento de
Serra Leoa para olugar darezideíí*
cia da outra commissaõ, que de^
Via^ conforme o prècitado aHigo,
estabelecer-se nos seus domínios.
S. iVJ. F. mandou á Junta, que
eiii breve consultasse as pessoas,

que julgasse mais idóneas para i-


rem preencher em Serra Leoa os
em.pH^egos de commissarios Juiz, e

[*] Criada em conformidade das estipula-


ções do artigo VIIL da convenção de iiníè
oito de Jullio de mil oitocentos e dezeseíe.

^urjrylÉÉimyJUP fti
i
f S06 tí T O R

Arbitro, e de Secretario
I A
para for-
,

marem comos Commissarios


,
Ingle^
zes, a dita Commissaõ em Serra
Leoa.

FíM DO Tomo t.
i^>rf^r/*A/'>^^A^^rA/\/JWArv/*^AA^J^rJ•w'.A^^/' ^ ,A<^Á/'y'//yrJV(^*^'•^/^Artwt//|/v^f>/'//«r.•^/#/\*

índice
Dos artigos deste decimo Tomo;, )

Livro XVIíI. Prosegue-se na discripçâò dos a*


coiítecimentos militares relativos ao combate junto
de Ciiafalote ele* pãg; 3
Relação dos mortos e fétidos d^entre os nossos
comparada com a imrnensa perda do inimigo; 6
Outro combate^ aonde appareceu José Artigasem
pessoa 5 O qual foi mui grandemente batido pelos Por-^
tuguezes, etc. 7-
Segue-se a proclamação de Sebastião Pinto de A-
raujo Correia pela tomada de Monte-Video. 9
Outra proclamação do General Lecor, cujo fim é
ém summa igual ao da antecedente. 11
Escandali/íão"se os Brasileiros do procedimento dê
certo Coronel sobre a falta dé ííoticias das operações
do nosso exercito. 12
Reílexões sobre o assumpto antecedeatè^ 13
Observação particular sobre as erradas medidas de
Lecor, etc. 15
Entrada victoriosa^ que finalmente sé verificou eni
Monte-Video. lâ.
Manda o General Leeor publicar lim Edieto, pa-
ia manter a tfanquiílidade publica.
Segu3-se a resposta ao Edi,cto etc.
Keflecçôes sobre o Caracter , jaianeim de
é obtar de Artigas.
Tomo X. X
308 I N O I C E.

Acção gloric^a dos Poríiiguezes com mandados pot


Jofíquifo ci'Oliveira Alves ele. ^9^
Refere-se a H evolução de Pernambuco. St
Celebra-se a accloiiiaçrio de S M. 35
Appiauso á coroação dé 8,. M. etc* 37
Consequências da levolu^^ào de Pernambuco 38
Conliniíaçáo das providencias e medidas patrióti-
cas da revolução, 41
íoncofàe ópio ião dos Chefes Revolucionários. 45
1 ieiçào do Uoverno f^rovisorio, 46
^íedidas de pacificação ie de harmonia. 47
Frosegue a íiistoria da revolução Pernambucana,
fallcindo de que então se decretara. 53
8egue-se uma celebre proclamação. 56
Tomào varias medidas por outro Decreto, etc. 6t
De novo decretào sobre abjectos de defeza. 64
Procíamào ainda por fim os Pernambucanos. 65
Livro xix. Depois de se bavrr concJuido no an^
trced^nte livro quanto dizia respeito á Revolução
71. l'ernambucana , segue.-se agcra a marcha dos nego»
cios poHticos, que prepararão a queda da mesma,

I
rincipiando pela proclamação do Conde dosArcrs^
ctc. V > ^7
Falla*se. dos motivos, que paVecem haver sido in«
ílVí-ntos, para a revolta iVrntimbucana. G9
Mais que todos era neglihente o General. 71
mesmo General [por covarde] foge para o
Br|um,_ ^
73
Falia-se dos acontecimentos dodia sete, edacon-
-orreucia dos iadividaos de todaa as cores e idades.

é
[^
I N D I C ÈL àoD

Depois da snhida do General uístálá-sé um Go-


verno Provisório, etc. 7G
O Governo Provisório padece logo alterações e
transioriíos. 77
Nega-se a Mendohça a depuUjçào, que requer,
para se alcançar perdào de S. M. 78
Começa o descontentamento a ser o vaticínio de
âua qiieda. 79
Sào apprebendidas as proelamaçôes de Perna mbii-
CO, peia vigilância dos Bahianos, cujo Gavernadol*
é enérgico , etc. B^
Um frade coni^ Eiilissario dos Pernambucanos pa-
ra a Bahia, é fuzilado. o^
Referem-se algumas Opiniões sobre aè causas des-
ta revolta. 83
Governo Provisório dé Pernambuco, e seus abu-*
zos , etc. /£5^^
Fidelidade do Povo dò Rio de Janeiro. BG
Reflexões sobre a ignoí'anciá , e temeridade dos
Pernarrtbucanoâ. 89
íllusòes e tramas^ que costumâò inventar os cha*
mados Reformadores de Governo. 9.2
Expedição sitiadora de Pernambuco, e seus effei»
tos. 95
Mostra-se o quanto âe enganarão os demagogos de
Pernambuco nas esperanças de soccorros Estrangei-
ros. 97
Avizo do Conde da Bairca, Ministro e Secretario
d Estado, sobre o commercio da escravatura. 102
Progressos no meiiioram.ento do Erasil por meio da
'
Cartas Regias. 103
í

1
310: Índice.
Capitania doEspiri-
Trabalhos do Governador da

^Applaude S. M. o deavelo daqueile Governadov


!"•>
por meio de uma Carta Hegia,
etc. ^

adquirir civilização, e pacificação dos


Meios de a
Índios , GtCe ^--^
Observado e\examedo3differentes nos, parasse
tornarem navegáveis, etc. '^

em elogio ao Senhor U. João


Retlecção piau^vel
" Regia ao Go-
Envia tainbem S. M. outra Carla
'-^w •
vernador de Minas Geraes, -te.
sobre a Capi-
Corrubo.ão-se as primeiras medidas
tania do Espirito Santo , etc. i„ í-K^f.»
pelo Chete
Livro xx. Bloqueio de Pernambuco
de Divisão José Pereira Lobo. ,j," .
^,
bermhaem. 11» ,

Cékbrc petitório dos habitantes de l^O


Entrak do nosso Exercito em xMonteW.o.eo. Ge-
Cabido os seus dezejos ae paz ao
Pacentêa o

acordo com o Cabido


Está o General Lecor de
eilie envia o seu manifesto, etc.
^_
Pernambuco 126
Poem-se termo á Revohição de Lisboa^a
Praça de
Prestão-se os Negociantes da
"
uma contribuição, etc _
l^>^
militares.
Decretos sobre regulações
de D. Pedro Ca^
Descripçào do túmulo e funeral
los de Bourbon e Bragança. .,.

as Russias íel.cUar
: Manda o Imperador de todas seu Lnvia-
por um
aSS, M. o Senhor D. Jo&, Yi.
Índice. 311

cono-rátulando-se de haver sido elevado ao


Thvo-
ão ,
' ^ 137
no.
Forcejao os Brasileiros por mostrar-se izentos,
em
grande parte daquelles habitantes, da mancha de
14*0
insobordinados ao seu liei, etc. ^

Anmmentos dos Brasileiroâ., para justificação do


, .^ -
\4A
-^^'-
objecto anterior-
S. M. com toda a presença de espirito
da as ne-
1-^^'
cessárias providencias, etc. ^
A
Bahia e a primeira, pela sua posição, que con-
etc. 145
corre á defeza da Causa de seu Monarcha ,
As medidas da Corte do Rio de Janeiro pfosperao
"
em seu projecto. . .^,
Subscripcâo dos habitantes do Bio de Janeiro.
ibicL

Tratado entre S. M. ElRei de França, e S. M,


El Rei de Portugal. ^ 1^^
Influencia de S. M. sobre a mineração etc.
l&l
Reílexòes sobre as falsas idêas que muitos estran-
,

geiros e nacionaes tem formado á cerca do Brasil.


1Ô5
,

Falia-S8 dos diamantes do Serro do Frio.


158
Prata das montanhas filosoficamente observadas.iòid
Continua afellaí das montanhas eseus resultados,
etc.
]f^
Ibt
Fal!a-sô do terremoto da Ilha Grande,
etc.

Volta-se a Pernambuco para observância da or*

dem chronologica }^^


Formão-se dois Corpos de Milicianos voluntários
^''^
etc. .
. .
Acontectmenlo celebre e reroarc&vel de dois ii-
IMÉI

3^12 I N D I C fi.

Segue-se outro facto de um lavrador relalivo ao


mesrao objecto. 17§
Carias regias, pelas quaeis se observa a liberalida-
de e clemência, de S. M. etc. 173
Dá S. M. aos Oíficiaes militares iim testemunho
de sua Real satísfacção. 174
Liyaa xx|, P^osegueS.M. noencomparaveldes-
veja, e pateinal iníluencia nos melhoramentos do
Brasil. \^ 176
Providencias dadas por S. JVI. para obras públi-
cas. 181
Cartas Regia aos Governadores de Portugal,etc. 18t
Continuação da Guerra do Rio da Prata. 18.3i
Maquinação cias folhas Ingiezas entre líespanha,
e Portugal/ 187
Úteis rnedidas tomadas por S. M. sobre oestabe-^
lecimerito de Correios. 18^
Outras pi'ovidencias sobre a mineração. 19Q
Progi:essos da rnesma Giierra doRioda Prata. 193:
Prosegue na clescripçâo da guerra do Rio da Pra-^
ta. 1S4
Alvará para a divisão do Ceará Grande. 196
Creação da Villa de S.. Vicente dag Lavras etc. 198 ,

Altercações sobre os negócios da Hespanha , rela-


tivos á gaerra dos insurgeates da America, etç. 19^
Continua o objecto da guerra Americana. fW
Progressos vantajosos da mesma guerra. TO4
Seguem-se trez Alvarás, etc. W^
Decreto do perdão aos culpados pa revolução de
Pa-nambuco. ^0?

Wf^^ir-... -.^
-1
mmmm. - ^ qa.jtgBr

I N D I C 12. 3J13

Primeiro Alteará sôhre o tratamento dos Governa-


dores diH Reinos de l^3rtugal , e Algarves. <-2il
Segundo Alvará para o Regulamento da Alfan-
dega 5 elo. í2i^
^
8egue-se a Tabeliã dos direitos sobre os vinhos,
Licores, etc. §15
Perdào para os de Pernambuco^ gl(>
Decreto para se estabelecer uma Legião etc. !UB
^^eguem-se mais dois Decretos. ibld,
X^oãtinua a fallar-se deArtigas^ ele. ^21
IN'ovos acontecimentos no Ministério , étc.
^^
Prosseguem os melhoramentos do Brasil ^ etc. §f3
Util^navegação do Rio tTequitinhona. ^í2-|.
Sabida do ilavio Monte-Alegre, e seus aconteci-
mentos, eíc. í2S()
Mostra-se quanto e errada ^ e vergonhoza a politi-
ca dos Kstados Unidos em tal conjuncfora. TàQ
Livro xxii. Golpe de vista sobre o estado poli-
tico dos povos confinantes com o Brazil crijíe vio-
,

lenta , porque passavão, e analyze imparcial


á cer-
ca dos intere>ses da Europa. ^3í,
Combate d^Ortiz a favor dos independentes , eBh-
talha^de Maipo, na qual e anniquillada toda a
ex*
pedição realista, destinada a subjugar o Chiii. Tò7
O Prezidente dos Estados Unidos declara ao Cor?^
gresso, que se vira obrigado a ordenar fossem
perse-
guidos os índios Seminples penetrando
mesmo pelo
território, do qual estava de
posse aBespanha.
Iguaes razoes assistião ao Gabinete do
MQ
Rio de Ja*
neiro na sua deliberação
de occupar a ^árg-om oriert-
tal do Rio da Prata. " g^4
wBmBammmÊmmmmm

SÍ4 I N ÍD I C E.

Decretos dòs Reis de França , e Sardenha prohU


bindo o çommercio da escravatura. 243
Menciona-se a continuação da guerra no Rio da
Traia. Wid.
Pinto passa PaTaiía á testa de dóiã mil Portu-
x:)

giiezes. ^4é
Estado da Europa.
politico ibid.
Deécobro-se eai França uma conspiração trama-
da pelos Uilra-Reaiistas iéontra Luiz dezoito. §45
A Rússia, é a Suécia melhorão o seu credito pu-
blico. Wiã.
Novas providencias dé S. M. a favor do çommer-
cio. ^46
Cria um Conselho de Justiça íia bidade de Si Luiz
do Maranhão. Ml
Novoá esforços de alguniáé Potencias para S, M.
th/ voltar para Lisboa. S50
Medidas tomadas pelo Vice Rseí do Peiu depois
da batalha de Maipo. ^54
S Martin procura convencer ó Vice Rei de sja
inútil pertinácia. ^bb
Lord Cochrané embai-ca em Bolonha de França
para ir entrar no serviço do Chili. ihid.
Continua a referir-se em lezumo a guerra entre os
indepeoae/bles e os realistas. ^^56
C/auzás priíparias dadectíilencíia dá fliespanha. ^57
"Vestígios dq nlòodas Romanas junto ao rio Mis-
souri; ^59
Nova Colónia dé Cbamp d'Azilè. S60
Convenciona a- França, còn] os demais Potencias
áceica das dividas que com elías contiahira, %^i

W8PTW1B
I N ú í 6 fe. âlê

líczoluço^s da Dieía de Noruega cassando vários


privilégios, eabuzos entà^oduzidos pela nobreza. Má
int(4Í!geí)Cia entre a Asseriibíea, e o Rei, que recu-
za a sua sancçao a estas justas niedidíts. ibid.
Díícreto d'EI-RíM si>bre a Divizáo criada para mi-
litar em Pernambuco. ^62
Cria u na Jiinia em Goyaz á maneira da déMat-
to Grosso etc. ^263-
E liovos OíTicios na Alfândega do Rio de J^inei-
!•«•
iblã,
^
liitrod^cção de Miacliinas de Mineração no Era-
zi^' f 64
Melhoramento do Seminário d-ofàos da Bídua- ®66
Ajuste para o eãítà>eítícimenlo d^uina Colónia dé
Suissoà em Canta Gaiiot fg3
Condições. fg9
Anaíyza-se o mesmo imp/ofbnte òhjeèK) da emi-
gração, e methbdo de a promover, f7í
Melhoramentos emprehendido& no Pará. f7B
1 rosegue a luta em Buenos- Ayres; Tratado de
commeicio com os Estados UnidosI ^7y
^Dç*creta El-Rei, que aspaienlcs militares no Era-
z\í não precizabsem do cumpra^se dò Maréchii Be-
icsford. ^>gQ
^
Sobre averiguação das dividas da França a Por-
^
tuguezes. ^^^
Boilivar piomiilga vatios Decretos. fg|
UíUras providencias e Decretos (i*EI-Rei subre di-
versos oljjectos,
«^^Bà^
Operações militares da:, forças PortuguezasnoJ !o
da Prata. é^^j

mm
p^-sus «M
05]ll^ )(i

316 N D í G É.

Continua a manifestar suas vistas benéficas ata*


-^^1
vor do Commercio. ^

Prolongaçào da tregua por mais dois annos corri


Tunes. ^^^
OSeoado da Bahia faz erigir uma nova praça pa-
ra o publico mercado. .
^^^
A de Moçambique é erecta em ci^dadc^ as-
villa
sim como as de Matto Grosso , Cuiabá, eGoyaz. ^^96
^^*'^^-
Guerra do Rio dá Prata.
Morte da Rainha dlnglciterra. 303
Ei-Rei prohibe á exportação da moeda do Rio de
Janeiro para as outras Capitanias.
304
Edital sobre os Commissarios para as pr6zas
de
SOS
escrataturaó

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