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A música é inerente ao ser humano e todos têm o direito a ela, para dela se
utilizar como meio de comunicação e expressão artística. A expressão musical é parte
integrante de nossa cultura, aparecendo naturalmente em nosso contexto social e
educativo. A prática musical, associada, neste período ao estudo das estruturas musicais,
é fundamental para o desenvolvimento da criança, do seu corpo, de seu intelecto e,
principalmente de sua afetividade.
O primeiro contato da criança com a música se realiza por meio da percepção do
ritmo e da melodia, através do contato com as diferentes maneiras de se falar, andar ou
rir, nas batidas do coração, nas ondas do mar, na respiração, no vento, nas folhas que
caem...
Cada aluno tem um ritmo próprio conforme seu temperamento e personalidade.
Uns são mais lentos, outros rápidos; alguns são tímidos, outros inquietos e desinibidos;
uns mais ativos e outros indiferentes. As características de cada um refletem-se em seus
gestos e ações. Por meio da atividade rítmica, os “jovenzinhos” liberam suas forças e
alegrias, manifestando seus impulsos e emoções.
Já sabemos que o fazer musical contribui para aumentar a capacidade de
concentração, atenção, raciocínio, memória, controle motor, entre outros e nesta fase,
podemos desenvolver ainda mais nos alunos, o equilíbrio da personalidade e o senso
estético musical, levando os alunos a ouvirem de forma consciente.
O acesso à música constitui-se nas possibilidades de se criar, de interpretar ou de
ouvir, e podem ser desenvolvidas e educadas.
O uso da apreciação, a partir de diversos tipos de música, da produção musical e
da exploração sonora, desenvolve nos alunos a vivência musical e o entendimento da
grande diversidade de sons e estilos musicais existentes. Muitas vezes, uma música
pode soar estranha ao ouvido de alguns, e agradar o ouvido de outros... Isto porque
algumas músicas são mais significativas para uns do que para outros, simplesmente pelo
fato de que não conhecemos ou nunca tenhamos escutado determinadas canções. Mas
existem várias maneiras e possibilidades de se apreciar música e de se aprender a ouvir.
Como produto da música, podemos destacar o ato de improvisar, compor e
interpretar. Podemos improvisar a partir da exploração sonora de objetos, sons do
ambiente, instrumentos convencionais e outros, onde a manipulação destes seja
espontânea. Da improvisação, podemos desenvolver uma composição, a partir da
escolha dos sons e de seus parâmetros, como altura, duração, intensidade, andamento e
timbre e juntar com outros sons e silêncios, organizando como música os objetos
sonoros utilizados. Para interpretar basta que os elementos da linguagem musical
ganhem vida e significado.
Neste período, os alunos estão abertos à diversidade, através da interação com os
outros e da aprendizagem de novos conhecimentos que o preparam para se relacionar
com o mundo real. Assim, improvisar, compor e interpretar podem ser recursos
utilizados pelo educador para desenvolver o processo de percepção, expressão e
comunicação dos alunos. O manuseio de objetos e a descoberta dos diferentes sons
oportunizam a reflexão dos elementos musicais, como qualidade do som, silêncio, pulso
e ritmo, densidade, textura, proporcionando a criança uma maior variedade de
atividades motoras e mais autonomia nas tarefas do dia-a-dia.
O desenvolvimento da música a partir do trabalho com a educação musical,
independentemente da idade, está diretamente ligado ao desenvolvimento corporal. O
trabalho com o corpo, além de desenvolver as habilidades motoras, o ritmo, a noção
espacial, entre outros, ajuda cada um de nós a perceber nossos próprios sentimentos e a
fazer com que os outros nos compreendam sem o auxílio da palavra. Ao transmitir sem
palavras sentimentos ou situações, o aluno organiza seu pensamento lógico e busca
compreender causas e conseqüências para melhor se expressar. Aprender a mover-se
envolve contínuo desenvolvimento da capacidade de usar o corpo efetivamente e
graciosamente. Improvisar, compor e interpretar também são produtos relacionados ao
desenvolvimento do corpo. Aliás, primeiramente, o corpo pode iniciar o trabalho, pois
na medida em que os alunos experienciem o movimento e desafiam suas capacidades
físicas, eles vão conhecendo as capacidades e os limites de seu próprio corpo.
Faz-se necessário saber que a percepção do nosso próprio corpo e a consciência
do movimento realizado é de extrema importância para o desempenho motor de certas
atividades, como por exemplo, tocar um instrumento.
Aqui, os alunos já são capazes de escrever os símbolos musicais e de ler uma
partitura convencional ou não, mas estes conteúdos devem ser utilizados com cautela.
Se as crianças estiverem iniciando o processo de musicalização, faz-se necessário que
antes da notação musical, elas vivenciem e conheçam outros aspectos musicais. O uso
do instrumental Orff será de grande valia, pois os alunos já estarão preparados para
executar músicas inteiras e realizar ostinatos mais complexos.
Como compreende o ponto de vista dos outros, a criança nesta etapa está mais
preparada para se socializar e se comunicar mais eficazmente, portanto, atividades que
favoreçam esta interação como jogos, brincadeiras musicais em grupo, como criar e
improvisar e danças de roda podem ser apropriadas para esta idade. A interação com o
grupo potencializa o desenvolvimento cognitivo, já que partilham conhecimentos e se
confrontam com novos. Ao confrontar-se com as diferentes formas de pensar de seus
colegas, a criança irá testar e adaptar valores diferentes dos herdados de seus pais.
Através do compartilhar, da inter-ajuda, da confiança e da reciprocidade, elas já
conseguem desenvolver as atividades musicais propostas em conjunto com mais
eficiência.
As atividades rítmicas musicais permitem que os “jovenzinhos” tenham a
oportunidade de participarem ativamente da proposta, seja ouvindo, tocando ou até
mesmo assistindo e assim desenvolvem sua acuidade auditiva, sua atenção, descobrem
sons e relacionam-se com o ambiente. Eles podem acompanhar uma música, de
diferentes maneiras, utilizando movimentos corporais, instrumentos de percussão ou
melódicos e outros objetos. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio
do sistema nervoso, pois toda expressão musical ativa e age sobre a mente, auxiliando
na descarga emocional, nas reações motoras e no alivio de tensões. Movimentos
adaptados a um ritmo são resultados de um conjunto completo de atividades
coordenadas.
Outro aspecto importante, que pode, ou melhor, dizendo, deve estar presente em
todas as idades, mas aqui, pode ser mais bem compreendido pelas crianças, é a questão
de conhecer a expressão musical de outras culturas. Como vocês leram acima, a criança
neste período, gosta de ouvir e faz silêncio para que possa compreender a escuta.
Também são muito curiosas, gostam de aprender coisas novas e já conseguem entender
uma estrutura musical. De acordo com Jeandot (1997):
1. Sons da cidade
Sugestão de gravação: Cd Musicaliza, produzido pela Universidade Federal de
São Carlos, faixa 44, 45 e 46.
Objetivos:
- Desenvolver a capacidade de atenção e concentração na escuta
- Desenvolver a prática instrumental em grupo
- Trabalhar a imaginação sonora
- Desenvolver a acuidade auditiva
- Ampliar o repertório de sons conhecidos e utilizados pelas crianças
- Pesquisar fontes sonoras diversas
- Valorizar formas expressivas de locomoção
Descrição da atividade:
Pedir para que as crianças escutar com atenção. Logo após, o professor deverá
questionar os alunos: O que vocês estão escutando? O que é? Como faz? Assim que as
crianças adivinharem, propor uma reprodução do que escutaram, sugerindo: Vamos
montar uma cidade? O que poderíamos utilizar para montar os sons da cidade? Quais
instrumentos? Percussão corporal? Vocal? Poderíamos utilizar algum objeto diferente?
Proceder a atividade “montando” com as crianças, em grupo, os sons da cidade,
utilizando o que for da escolha delas. Logo após perguntar: Alguém gostaria de passear
na cidade?
Sugerir que alguns alunos a alunas representem o passeio corporalmente
enquanto os demais fazem os sons. Como você desenvolveria esta escuta?
2. Vamos passear ?
Sugestão de canção: Cd Rumo – Quero passear, produzido por Palavra Cantada,
faixas 9 e 10.
Objetivos:
- Desenvolver a capacidade de atenção
- Trabalhar a imaginação visual
- Desenvolver a acuidade auditiva
- Desenvolver o contato social
- Valorizar o movimento expressivo
- Ampliar a capacidade de manter-se em silêncio
Descrição da atividade:
As crianças deverão escutar a música atentamente. Logo após, o professor
deverá sugerir: Vamos passear de carro?
Os alunos devem andar, acompanhando a música proposta e fazendo os som
bucal que simula o barulho do motor do carro. Podemos direcionar esta caminhada,
acompanhando também a letra da música: trilhando caminhos, andando de ré, desviando
das galinhas, observando o cachorro...
Podemos utilizar também algum instrumento que simule uma direção, buzinas e
apitos, etc. O que você pode criar e utilizar? O que mais podemos fazer com esta canção
para trabalharmos outros elementos musicais? Pense...
3. As borboletas
Sugestão de história: Cd Mil pássaros – Sete histórias de Ruth Rocha, produzido
por Palavra Cantada, faixa 2.
Objetivos:
- Desenvolver a capacidade de atenção e escuta
- Trabalhar a imaginação visual e sonora
- Desenvolver a acuidade auditiva
- Desenvolver o contato social
- Valorizar o movimento em grupo
- Ampliar a capacidade de manter-se em silêncio
- Desenvolver o trabalho em grupo
Descrição da atividade:
As crianças deverão escutar a linda história com atenção e depois, o professor
pode iniciar uma conversa sobre ela. Logo após, o professor deverá colocar a canção
criada por Paulo Tatit e Zé Tatit para esta história. As crianças devem escutar e entender
o que diz a música. Propor para as crianças: Vamos dançar como as borboletas?
Separar a sala em alguns vários grupos de “borboletas”: azuis, amarelas,
brancas, vermelhas...e pedir que cada grupo crie uma pequena dança a partir da música
apresentada.
Cada grupo deve apresentar a coreografia elaborada para a música e todos
devem assistir. Por último o professor pode sugerir que as crianças elaborem uma única
dança, juntando os movimentos propostos e “todas as cores de borboletas”, assim como
sugerido na história. O que mais podemos fazer? Podemos tocar? Cantar? Vamos criar?