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Resenha "Os Índios e a Civilização - Darci Ribeiro"

Acadêmicos: Marcos Mateus, Rhendel Rodrigues, Rômulo Santiago e Tiago Olmiro.


Disciplina: Tópicos da Cultura Brasileira.

Em seu trabalho, “Os Índios e a Civilização”, Darci Ribeiro estabelece um profundo vínculo com os índios,
apresentando um cenário complexo e rico a respeito da diversidade sociocultural dos grupos indígenas
brasileiros e sua integração.
O livro, escrito de forma simples e direta, é uma via de acesso excepcional à etnologia brasileira, e não se
preocupa em exibir tecnicalidades ou erudição demasiada, o que torna explícito  seu comprometimento com
as populações que estuda.
O livro não se limita somente ao público mais interessados na cultura e problemática indígena ou
antropólogos, é também dirigido a um público mais amplo, afastando-se das interpretações mais
idealizadas e harmônicas, de acordo com as concepções das elites que controlam o Estado. Apresenta,
também, os conflitos, a desigualdade e o preconceito que podem ser encontrados na nossa história.
A obra é basicamente dividida em três partes distintas, nas quais reflete a respeito do contato entre a
sociedade colonizadora e os grupos indígenas. Na primeira parte, são examinadas as várias frentes de
expansão da sociedade brasileira no início do século XX; na segunda parte é feito um balanço crítico da
intervenção protecionista aos grupos indígenas; na terceira ,e última, parte é apresentada uma avaliação
quantitativa dos efeitos da ação civilizadora sobre os indígenas, buscando instâncias do processo de
transfiguração étnica- um processo através do qual as populações tribais que se defrontam com as
sociedades nacionais preenchem os requisitos necessários como entidades étnicas em sua cultura e em
suas formas de relação com a sociedade envolvente, acarretando na diminuição da população indígena
brasileira.
O autor critica essa ideia de um ciclo evolutivo no qual os índios, primeiros moradores da América, seriam
absorvidos pela expansão da etnia nacional, associados aos contingentes de negros escravizados e
imigrantes, e tenderiam a desaparecer dentro da população homogeneizada da nova nação.
Segundo Darcy, o destino dos índios é a sua integração em condição econômica subordinada e na
qualidade de índio genérico, isto é, que quase nada conservam do patrimônio original, mas permanecem
definidos como índios e identificando-os como tais.
Darci se preocupa com o diálogo e a crítica das representações sobre as protocélulas da formação de
nossa nacionalidade, em que o índio tem um papel decisivo. Darci vê a etnia nacional estruturada como “
um proletariado externo posto a serviço do seu centro reitor: a metrópole colonizadora”, e tem como função
básica ser “um órgão de recrutamento de mão-de-obra e de organização da produção mercantil de acordo
com técnicas e procedimentos prescritos do exterior”.
Nos primórdios da colonização, os índios assumiam grande importância enquanto mão-de-obra, sendo
escravizados e mantidos isolados de sua antiga etnia. Porém, com o passar do tempo, a economia ficou
cada vez menos dependente do trabalho indígena. Houve, então, uma compulsão sobre as terras ainda
habitadas pelos nativos, que agora eram disputadas para a agropecuária e atividades mineradoras. Assim,
o contingente dos índios que abandona a vida tribal e se incorpora na sociedade brasileira é cada vez
menos expressivo.
Não obstante, o "núcleo tribal" das etnias indígenas jamais se fundiu no segmento neobrasileiro da
população, tendo diante de si duas alternativas: ou desaparecer, extinguir-se; ou reelaborar suas práticas e
costumes, promovendo uma adaptação relativa ao meio ambiente natural e humano em que estão
inseridos, mantendo uma identidade própria.
Aos grupos que conseguem escapar do extermínio, nenhuma oportunidade de preservar em sua forma
original sua sociedade e cultura lhes é dada. Para sobreviver, essas etnias devem "assegurar a
continuidade de sua vida cultural mediante alterações estratégicas que evitem a desintegração de seu
sistema associativo e a desmoralização completa do seu corpo de crenças e valores". Esse processo
adaptativo faz com que eles permaneçam indígenas " já não nos seus hábitos e costumes, mas na auto-
indentificação como povos distintos (...)". ou seja, a já citadada "transfiguração étnica".
O principal objetivo de Darci Ribeiro nessa obra é evidenciar sua teoria segundo a qual considera a cultura
composta por traços que podem ser perdidos , buscando investigar a assimilação do índio e sua
transformação em “INDIO DESTRIBALIZADO”.

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