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Das várias contribuições dos gregos para o conhecimento como um todo e


para a física, em específico, destaca-se o estudo do movimento dos corpos. O
conceito que hoje conhecemos por gravidade foi discutido por Platão que definia os
corpos como “leves” ou “pesados”.
Aristóteles estudou com Platão; os dois tinham ideias bastante diferentes.
Enquanto Platão acreditava na tendência da união de objetos iguais, seu aluno
afirmava que cada objeto possuía seu “lugar natural”.
As teorias aristotélicas eram construídas com base na observação. Sob
essa ótica, o Cosmos era como uma cebola, composto por várias esferas: no centro
a Terra, seguida pela Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter, Saturno e as estrelas
físicas. O universo era esférico e finito, movido por um “motor primordial” que
harmonizava o movimento dessas esferas. O modelo foi representado, de maneira
simplificada por Peter Apian em 1540 (Figura 1).

Figura 1 – Representação simplificada do modelo


aristotélico do Cosmos.

Fonte: Wikimedia Commons1.

1
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ptolemaicsystem-small.png?uselang=pt>. Acesso
em 11 abr. 2019.
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O Universo possuía um domínio sublunar e outro supralunar. Para mundo


no qual vivemos, o sublunar, era válida a física dos quatro elementos primordiais
(terra, água, ar e fogo). Aristóteles ainda fez um acréscimo à física dos quatro
elementos, inserindo quatro qualidades primárias, sendo duas ativas (o quente e o
frio) e duas passivas (o seco e o úmido). Assim, os quatro elementos eram formados
a partir da combinação de uma qualidade ativa com uma passiva.
No mundo supralunar havia a perfeição dos movimentos circulares e
uniformes e um quinto elemento, o éter, um elemento puro, que criara o mundo
supralunar.
A perfeição tão buscada por Platão e Aristóteles não era suficiente para
explicar o movimento dos planetas. Outro aluno de Platão, Eudoxo de Cnido, propôs
que cada objeto celeste pudesse estar conectado a mais de uma esfera, montando
um sistema com 27 esferas. O modelo foi adaptado, posteriormente, para 34 esferas
e, por fim, para 56. A ideia era sempre salvar o modelo anterior, algo similar à criação
do modelo atômico de Bohr, que primava pela aproximação do modelo de Rutherford.
Até este momento da história, qualquer possibilidade de força que agisse à
distância era totalmente descartada, haja vista que a ideia corrente era a de que o
movimento de objetos cessaria pouco tempo depois que não houvesse mais contato
com o agente causador. O conceito de gravidade surge do “lugar natural” dos corpos,
que tinha como limitação a situação de um objeto em queda ultrapassando a superfície
da Terra e não “sabendo” para onde ir.
O formato da Terra já era aceito por Aristóteles como esférico, devido a
observações de eclipses lunares. Eratóstenes de Cirene, medindo o ângulo da sombra
de objetos em cidades diferentes no dia do solstício de verão, demonstrou a
esfericidade da Terra.
Passados alguns séculos de Aristóteles e seus contemporâneos, Aristarco
de Samos propôs um modelo de universo heliocêntrico, sendo capaz até de estimar a
relação entre a distância da Terra à Lua com a da Terra ao Sol. Mais tarde, Cláudio
Ptolomeu adapta ideias de Aristarco, Apolônio e vários outros astrônomos e filósofos
para explicar o movimento dos planetas em geral.
É interessante notar que todo esse conjunto de crenças (místicas ou não)
contribuíram para a criação dos conceitos que temos hoje. Por meio das teorias
gregas, erradas ou não, surgiram novos questionamentos que fizeram com que a
observação fosse cada vez mais atenta e o conhecimento mais completo.
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REFERÊNCIAS

CHERMAN, A.; MENDONÇA, B. R. Por que as coisas caem? Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2010.

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