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Os Determinantes Terrestres
André Barbault
Imaginem, por um só instante, o homem querendo recriar o mundo. Esse demiurgo improvisado
começará fazendo o recenseamento de todos os “materiais” com os quais ele deverá constituir seu
universo. Sobre que dados básicos se apoiará? É difícil imaginar algo além dos quatro princípios
elementares: os fatores quente e frio, úmido e seco, e os quatro elementos fundamentais, terra, água,
ar e fogo.
André Barbault
O que haveria de mais natural e essencial nesse encontro? O homem vive sobre a crosta terrestre e é
construído sobre o “precipitado do terreno”, que é o seu esqueleto; vindo de um meio aquático, ele
é, recém-nascido, um organismo impregnado de água até 70% e, quando adulto, um ser de muitas
secreções humorais, sem esquecermos o fato de que ele não pode ficar sem água além de um tempo
muito limitado; o homem circula em seu meio ambiente que é um meio aéreo de intercâmbios, e
consome meia tonelada de oxigênio por dia; além disso, este homem é mais ou menos cheio de fogo
interior, a combustão orgânica e as reações psíquicas, e não pode viver sem o calor do Sol. Não é
preciso ser versado em morfopsicologia para se reconhecer uma compleição “quente” em sua tez
corada como também em sua energia exteriorizada, e uma compleição “fria” em sua palidez física e
em sua vida retraída; do mesmo modo, percebe-se sem dificuldade uma natureza “úmida” em sua
plástica dilatada, seu desenvolvimento horizontal, sua adaptação ao meio, e uma natureza “seca” em
sua retração morfológica, sua tensão individualizada mais ou menos fechada ao meio. É somente
uma questão de supremacia de uma dessas quatro forças naturais sobre as outras três.
Algumas mentalidades conservadoras poderão achar que, ao atrelar-se a esse carro dos quatro
elementos, a astrologia torna-se uma coisa mais obsoleta ainda: em nossa era atômica, ela retrocede
para uma “pobre pseudofísica” indefensável. Mas devemos primeiro nos perguntar se a química de
Lavoisier e a física atômica, realmente destronaram esta “física” dos elementos, ou se não se
trataria, na verdade, de duas coisas diferentes, de dois aspectos estranhos à realidade do mundo,
confundidos durante muito tempo por terem tomado o espírito desses famosos elementos ao pé da
letra.
Para os antigos, as quatro qualidades elementares e os quatro Elementos não eram tanto forças
físicas e sim princípios ordenadores, testemunhos da substância interna da vida dentro do ciclo de
sua evolução contínua, uma espécie de rosa-dos-ventos que fixa os pontos cardeais do mundo
concreto do homem. Por mais grosseiro que esse plano de referência possa parecer, ele satisfaz a
mente preocupada com solidez, pois pertence à “vivência” do homem permanente. O “quente”, por
exemplo, é um valor que não irá desaparecer ou modificar-se, nem em seu princípio, nem em sua
realidade de múltiplas manifestações. E, se não agrada ao astrólogo permanecer um “vitalista” que
busca as referências de sua tipologia nessas “essências”, nada o impede de fundamentá-la sobre
dados empíricos concretos: basta que ele recorra aos dados morfológicos, fisiológicos,
biotipológicos, embriológicos e outros, com os quais médicos modernos reencontraram e
reconstituíram os quatro temperamentos tradicionais elaborados a partir desses mesmos Elementos
(referimo-nos aos trabalhos de Siguad, Mac Auliffe, Pende, Allendy, Corman, Martiny). É,
inclusive, o único meio de se estabelecer e fundamentar a relação entre os princípios naturais e a
condição humana. Mas podemos perceber a “dedução” moderna dos valores antigos, pois como
dizia Emmanuel Mounier, “o fato de determinado tipo psicofisiológico caracterizar-se pela rapidez
de suas combustões nada mais é, afinal, que uma outra forma de dizer que ele é dominado pelo
elemento fogo”.
Devemos, portanto, admitir que o princípio de qualquer classificação astrológica está na doutrina
antiga da formação de todas as coisas pelos quatro Elementos; doutrina que reencontramos nos
grandes filósofos: Pitágoras, Empédocles, Platão, Aristóteles. Consiste numa determinação geral
da essência das forças da natureza, que realiza sua obra de geração e destruição através desses
princípios vitais.
Para a astrologia, se o homem é um cosmos dentro do cosmos, ele é também, da mesma forma, um
produto da Terra, um processo da Natureza, de mesma essência e submetido às mesmas leis que
esta. Aos processos naturais correspondem, por analogia, os processos humanos, mas estes possuem
antes referências naturais, terrestres.
Ocorre que, em todas as situações, as coisas costumam ocorrer por grupos de quatro elementos.
Enquanto na Terra existem essas duas quaternidades de qualidades e elementos, no céu as
revoluções dos astros provocam a prevalência de quatro grandes fases análogas à infância,
juventude, maturidade e velhice. Nosso calendário é um eloquente testemunho disso.
As Qualidades Elementares
Quente
O calor é foco de energia, princípio dinâmico que imprime movimento à matéria; como força
motriz, ele anima, desenvolve, transforma e faz evoluir as coisas às quais dá intensidade, ardor,
amplificação, exaltação. O impulso que imprime aos fenômenos pode se traduzir por um impulso
para fora (força centrífuga, exteriorização, desabrochamento, expansão), para cima (irrompimento,
libertação da gravidade, desprendimento, elevação) e para a frente (impulso em direção ao futuro,
força de crescimento, rapidez, conquista).
Frio
O frio é o princípio negativo oposto, análogo à força de inércia da matéria pesada e inerte, princípio
estático que leva à imobilização, à contração, à retenção, à reserva, à paralisia das substâncias e dos
corpos. Ao mesmo tempo em que é contrário à expansão da vida e à sua evolução, ele também é um
fixador, um condensador e um conservador da matéria em sua estrutura firmada. Esta propriedade
passiva, diminuidora, tende a manifestar-se por concentração (encolhimento, fechamento para
dentro de si, restringimento, redução, absorção, interiorização, recalque), por depressão (atonia,
prostração, peso, submissão, entrega ao estado vegetativo) ou por retraimento (inibição, freio,
regressão, inapetência, renúncia).
Úmido
A umidade é um princípio de extensão ou alargamento, de receptividade, de difusão e,
conseqüentemente, de relaxamento, de flexibilidade, de apaziguamento interior, de diluição, de
efusão, de liquidez. É também um princípio de plasticidade, de penetrabilidade ou absorção, de
envolvimento, de ligação, de mistura, de continuidade, de homogeneidade. Ela infla as substâncias,
unindo-as, dissolvendo-as numa tendência à simplificação e à unidade através da fusão das partes
numa totalidade. Constitui um fator favorável à fecundidade, ao desenvolvimento, à expansão da
vida, bem como à adaptação do ser ao seu meio, com o qual tende, dilatando-se e dissolvendo-se, a
integrar-se, confundir-se. A umidade suaviza e modera.
Seco
A secura, negação da umidade, é um princípio de retração da substância, de restringimento, de
isolamento, de redução, de resistência, levando a uma tensão, a um enrijecimento, a um
endurecimento, a um constrangimento. Conduz ao retraimento das partes para dentro de si em
detrimento de sua coesão; limita o ser em relação ao seu meio, num processo de fechamento, de
autodefesa, de recusa e, com isso, constitui um fator de inadaptação. Mas ela afirma a consciência
do Eu acusando uma individualização por separatismo; trata-se de um fator de autonomia, de
minoração, de seletividade, de refinamento e, em sua manifestação extrema, de desmaterialização,
de esterilidade. Intensiva, age de modo brusco, com fraturas, rompimentos, separações e divisões;
desagregadora, ela é a própria complexidade. Leva aos excessos, aos extremos.
Os Elementos
Água
Úmida (ligação) e fria (retenção), a Água representa o estado líquido de plasticidade, de
afrouxamento da matéria, toda feita de receptividade e passividade, movendo-se conforme as
impressões recebidas. É o elemento de base, o meio vital de origem (mar-mãe), a massa primordial
fecundada pelas riquezas que ela assimila, criadora, animada pela ação do calor. Ela amolece,
mistura, absorve, enche, dissolve, interioriza, indiscrimina numa única massa. Maleável, instável,
em contínua mobilidade e estremecimento, ela é toda sujeição e impressionabilidade.
Fisiologicamente, corresponde ao temperamento linfático caracterizado pela predominância do
aparelho digestivo e da função de nutrição assegurada pela linfa ou pelo plasma do sangue. O
processo dominante é o do estado vegetativo, da cinestesia, do descanso, da inércia, do sono.
Morfologia dilatada e atônica. Psicologicamente, domina o instinto conservador, onde prevalecem a
memória, as lembranças, os hábitos, as impressões recebidas, a experiência. Pela renúncia à ação é
também a entrega à vida interior, ao inconsciente, à fantasia, à imaginação, ao sonho, à
contemplação, ao domínio da sensibilidade psíquica.
Ar
Úmido (ligação) e quente (exaltação), o Ar representa o estado gasoso, fluente, impalpável, leve,
volátil, compressível, tendendo à difusão, à expansão ilimitada em um espaço cada vez maior.
Móvel, difuso, envolvente, ele é o agente de ligação, o envoltório de nosso espaço livre, do meio
ambiente em que evoluímos. Em perpétuo estado de liberdade e disponibilidade, fica exposto a
todos os contatos, a transferências, a misturas, a influências e a condições; uma vez comprimido, é
uma poderosa força motriz explosiva. Dentro da dinâmica dos temperamentos, o
Sanguíneo é um Linfático aquecido cuja riqueza entra em atividade. A associação do Quente
(energia) e do Úmido (extensão) constitui o triunfo da vida natural que se estende sobre a Terra:
fertilidade, proliferação, exuberância, viço.
Fisiologicamente, corresponde ao temperamento sanguíneo marcado pela predominância do
aparelho respiratório e das funções sanguínea e sexual. O processo dominante é o de uma natureza
rica que se abre espontaneamente em seu meio físico e cujo grande apetite de viver é acompanhado
de reivindicações instintivas imperiosas e de fortes desejos sensoriais. É um grande consumidor, de
morfologia dilatada e tônica.
Psicologicamente, é um expansivo que vive de mobilidade, intercâmbios, contatos com seu meio ao
qual se adapta e se assimila espontaneamente; é um eufórico dado aos arrebatamentos, de uma
alegre vitalidade, de espírito jovem, amante dos prazeres, gozador, indisciplinado, ávido de vida
concreta.
Fogo
Seco (isolamento) e quente (exaltação), o Fogo representa o estado ígneo de incandescência, de
consumo da matéria que se vê criada, animada, transformada ou destruída. Ele exalta, intensifica,
superexcita, acelera, exacerba, leva ao paroxismo ou transmuta o que processa; às vezes violento,
agressivo, destruidor, outras vezes libertador, decantador, purificador. Ele é ação dominadora, força
conquistadora, fator de luta, de progresso, de superação, de hierarquização, de afirmação
personalizada. Dentro da dinâmica dos temperamentos, o Bilioso é um Sanguíneo retraído (seco)
cuja força passa da extensividade à intensividade. A associação do Quente (energia) e do Seco
(retração) eleva a tensão interna das coisas à sua máxima potência e torna o deserto estéril como o
acesso à maturidade do fruto.
Fisiologicamente, corresponde ao temperamento bilioso, onde predominam a musculatura e as
funções de reativação e domínio. O processo dominante é o de dinamismo da personalidade
empenhado na conquista do mundo ou na conquista de si. Morfologia retraída e tônica.
Psicologicamente, é o domínio onde se realiza a paixão tumultuosa ou a vontade disciplinada:
ambição devorante satisfazendo uma necessidade imperiosa de impulso, de afirmação, de
ostentação, de superioridade, através de lutas, de criações e de vitórias; vontade de poder
empenhada na luta, na dominação, na conquista material ou orientada para a consciência lúcida,
para a grandeza de uma realização moral ou de uma elevação espiritual.
Terra
Seca (isolamento) e fria (retenção), a Terra representa o estado sólido, consistente, denso e fixo da
matéria ao término de uma evolução após a obra de combustão do Fogo. É o estado no mais alto
grau de concentração, e condensação, de redução, de despojamento e, em última análise, de
desmaterialização; o da petrificação, da mineralização, da fossilização, levando a uma estrutura
mais ou menos geométrica das coisas, à conservação de seus valores duradouros num corpo
autônomo, resistente, delimitável, isolado e fechado. Dentro de uma dinâmica dos temperamentos, o
Nervoso é um Bilioso apagado. A associação do Seco e do Frio é, ao oposto do Ar, contrária à vida
da matéria viva, do instinto, mas propícia à vida do espírito.
Fisiologicamente, corresponde ao temperamento nervoso, onde predominam o sistema nervoso e as
funções psíquicas. O processo dominante é o de uma natureza apurada, delicada ou debilitada, que
vive retraída do meio ambiente e da vida concreta, afirmando sua vida mental. Morfologia retraída e
atônica.
Psicologicamente, ele é – ao contrário do prolixo e epidérmico Sanguíneo – um seletivo, com um
mundo fechado e profundo ou complexo. Diante da vida instintiva e natural que se afasta, o ser se
organiza interiormente, utilizando os recursos de sua inteligência ou escolhendo o caminho do
despojamento, do desapego, da abstração, da personalização. Sua vida psíquica é rica, profunda e
complexa.
Os tipos mistos relacionam-se mais com as propriedades das qualidades elementares ou são a
expressão de uma antinomia entre duas dessas qualidades.
Os Sanguíneos-biliosos e os Bílio-sanguíneos caracterizam-se, principalmente, pelas propriedades
do Quente. Os Linfáticos-nervosos e os Nervo-linfáticos possuem as propriedades do Frio. Os
Linfáticos-sanguíneos e os Sanguíneo-linfáticos são essencialmente de qualidade Úmida, e os Bílio-
nervosos e Nervo-biliosos, de qualidade Seca. Quanto aos Linfáticos-biliosos e aos Bílio-linfáticos,
ele apresentam o conflito da Água e do Fogo; do mesmo modo que os Sanguíneos-nervosos e os
Nervo-sanguíneos são a expressão de uma dualidade Ar-Terra.
Esta classificação temperamental dos Elementos – a mais antiga das tipologias – tem a seu favor a
vantagem de apresentar quatro tipos humanos bem diferenciados e, ao mesmo tempo, quatro
personagens vivos, fáceis de identificar (exceto no caso de uma dominante pouco pronunciada).
Para melhor entendimento, Henri Selva explica o caso do Ar que é considerado como o elemento
mais Úmido (e não a Água) por não ter limitação por si mesmo, nem forma, segundo a sabedoria
antiga. Por outro lado, tem capacidade de expansão (Quente). Já a Água é mais Fria por suas
moléculas serem mais coesas do que as do Ar.
Os elementos se combinam e se transformam uns nos outros, produzindo os diferentes corpos:
Água – Fria (reserva) e úmida (adesão e coesão). Estado plástico de relaxamento da matéria, de
abandono, entrega. Expansão passiva. Simbolismo: mar, mãe, fonte da vida. Efeito de impregnação,
amolecimento, receptividade, submissão, dissolução. Tecido móvel, maleável, de natureza
vibratória, palpitante, impressionável. O tipo água tende à sonolência, inércia, repouso ou calma.
Ar – Úmido (coesão) e quente (animação). Representa o estado gasoso. Refere-se à fertilidade, à
proliferação, à exuberância. Leva à expansão da matéria. O ar pode ser comparado ao ser do contato
com o mundo e das trocas com o meio. É a característica dominante do tipo ar, dinâmico e
expansivo.
Fogo – Quente (energia) e seco (redução). Representa o estado ígneo, incandescente da matéria.
Estado de mobilidade onde atua um agente de criação, de transformação ou de destruição. Natureza
energética. Característica dominante do tipo fogo que decide, age, executa, combate, se exalta, se
impõe, domina.
Terra – Seca (retração) e fria (contração). Representa o estado sólido, as coisas estáveis e
duradouras. Refere-se à matéria que resiste, se conserva, permanece imutável, se fossiliza, se
petrifica. Sua natureza é densa, com capacidade de cristalização. Compara-se à intelectualidade do
ser, à sua vida mental: raciocínio, reflexão e concentração. Característica dominante do tipo terra
que pensa, observa, analisa, julga, medita.
Os Quatro Temperamentos
A origem dos temperamentos remonta a Hipócrates (século V a.C.). Ele relacionou os quatro
humores do corpo humano: fleuma (ou linfa), sangue, bílis amarela e bílis negra (ou atrabílis), aos
quatro elementos: água, ar, fogo e terra, isto produzindo os quatro temperamentos: linfático (ou
fleumático), sanguíneo, bilioso (ou colérico) e nervoso (ou atrabiliário, ou melancólico).
Barbault descreve as principais características dos tipos básicos de temperamento, das quais
apresentamos a seguir um quadro sinótico.
No caso da Lua, o primeiro quarto acrescenta umidade, o segundo acrescenta calor, o terceiro
adiciona seco e o último aumenta o frio.
Ao longo da tradição, diversas variantes da classificação dos planetas e sua influência no
temperamento podem ser observadas:
(*) Faz uma síntese entre Ptolomeu e Dorotheus de Sidon, com as correspondentes qualidades
adotadas por Barbault.
É interessante também termos em mente a composição dos planetas segundo suas qualidades
primordiais e a classificação de Morin, que atribuiu a cada qualidade primitiva um coeficiente de
10 pontos assim distribuídos entre cada um dos sete planetas:
Contudo, Barbault não concorda com essa classificação. Por exemplo, para ele, Júpiter é quente e
úmido (Ar), o Sol é mais seco do que quente, etc.
Os seres vivos, homens, animais e plantas são afetados tanto pelo ritmo diário (dia e noite), quanto
pelo do ano (estações).
O Ciclo Diário
Num período de 24 horas, por exemplo, o consumo de oxigênio é maior durante o dia, atingindo o
ponto máximo ao meio-dia e chegando ao seu ponto mínimo à meia-noite.
Assim, num mapa astrológico, podemos considerar a influência do Quente no Meio do Céu e a do
Frio no Fundo do Céu.
Barbault faz então uma analogia entre o Sistema Solar e o ciclo diário: o Sol acima do horizonte, a
Lua distribuída abaixo e Mercúrio no centro. Observa também as afinidades naturais de Marte com
o Ascendente (levantar), de Júpiter com o Meio do Céu (culminação), de Vênus com o Descendente
(ocaso) e de Saturno com o Fundo do Céu.
Porém, nem todos aceitam essa distribuição:
Neste ponto, Barbault ressalta a diferenciação alto-baixo do mapa. Uma concentração significativa
em signos invernais (Capricórnio, Aquário e Peixes) e abaixo do horizonte constitui um “pano de
fundo” que indica interioridade, profundidade, lentidão, inibição (Frio).
O Ciclo Anual (Zodiacal)
Ao longo do ano, sabemos que nossas funções biológicas não evoluem da mesma forma. Nosso
sono é mais profundo no inverno, estação do voltar-se para si mesmo; e nosso coração bate mais
rápido no verão, estação da agitação.
Ptolomeu associa o zodíaco às quatro estações do ano, sem mencionar os elementos, referindo-se às
qualidades.
A associação de elementos às triplicidades é feita por Vettius Valens segundo Jim Tester na sua
História da Astrologia Ocidental (History of Western Astrology):
O zodíaco tropical se presta a diversas interpretações e podemos decifrar o ciclo anual de acordo
com outros valores, mas o sistema das qualidades primordiais e dos elementos constitui uma
ilustração magistral comprovada pela classificação sazonal dos equinócios e dos solstícios no
hemisfério norte.
O astrólogo de hoje que evoca os elementos do zodíaco, esquecendo a referência fundamental da
quadripartição sazonal, passa direto para as quatro triplicidades sem saber que está utilizando um
registro de valores completamente diferente daquele que Barbault aborda.
O Zodíaco dos Elementos e o Zodíaco Planetário
Na verdade, além dessa repartição por estação, os signos podem ser classificados com base nas duas
quaternidades – de elementos (Fogo-Terra-Ar-Água) e de qualidades primordiais (Quente-Frio-
Seco-Úmido) – pelo caminho da regência planetária. Assim, por exemplo, Capricórnio está sob a
influência de Saturno, por ser seu domicílio; então é natural que tenha a mesma natureza que seu
regente.
Cada signo é dotado do elemento do planeta regente. Assim, o Fogo reina sobre os signos marcianos
de Áries e de Escorpião, como no signo solar de Leão; a Terra nos signos mercurianos de Gêmeos e
de Virgem, assim como nos signos saturninos de Capricórnio e de Aquário; o Ar nos signos
venusianos de Touro e de Libra, assim como no signo jupiteriano de Sagitário; e a Água no signo
lunar de Câncer e no signo netuniano de Peixes. Barbault utiliza o “planetarismo” como referência
para a interpretação dos tipos de temperamento:
Na sua análise, Barbault destaca particularmente dois signos que contrariam a classificação
atualmente adotada:
Escorpião: Possui efetivamente uma qualidade de água, mas uma água de fogo semelhante à urina,
à menstruação, ao esperma, à lava vulcânica, ao álcool, à água-forte, e sua característica de liquidez
tem como função transportar o fogo, que é o que sobressai.
Touro: Como um signo primaveril e venusiano, lembra uma terra fértil e perfumada, o torrão natal,
e não uma terra compacta, espessa, pesada, o que limita o despojamento, a abstração e o espírito.
Assim, Touro, signo da exaltação dos sentidos e da realização material só pode ser visto como o
mais tipicamente Ar, considerando a classificação tradicional.
Resumindo, podemos dizer que se Escorpião representa a liquidez do Fogo, Touro é uma
materialização do Ar.
Assim, juntando a repartição sazonal a esta planetarização, Barbault chega à conclusão que o mais
sanguíneo dos signos seria Touro, o mais bilioso Leão, o mais nervoso Virgem e o mais linfático
Peixes.
Basta um pouco de atenção para comprovar que o signo não pode ser reduzido à sua regência
planetária, possuindo características que lhe são próprias.
Podemos concluir que o signo não pertence a uma categoria fixa. Exemplificando, o Ar pode ser
visto como mental em Gêmeos, afetivo em Libra e espiritual em Aquário. Libra pode ser
considerado um signo sanguíneo-nervoso. Sagitário é fogo pelo seu entusiasmo e seu dinamismo
que são quase tão importantes quanto sua característica jupiteriana de amplidão. Peixes é um signo
aquático com um componente Ar atenuado.
Assim, fica evidenciada a discordância de Barbault quanto à identificação dos elementos
fundamentada exclusivamente nos signos porque esta prática descarta o essencial que é o astro. O
primeiro princípio é o planeta por si mesmo que possui um valor intrínseco. Considerar as
colocações planetárias apenas em termos de triplicidades reduz o papel do planeta a um mero
coadjuvante. Na realidade, como o planeta é o mais importante, o signo é que deve vir como uma
complementação. Tanto que quando Júpiter passa de Áries a Touro, ou de Touro a Gêmeos, o que
ocorre são modulações da natureza jupiteriana. É preciso “planetarizar” antes de “zodiacalizar”.
Formando um Todo para Caracterizar o Elemento/Temperamento Predominante
No quadro abaixo apresentamos os elementos e tipos de temperamento e suas correlações com
qualidades, planetas, signos e quadrantes:
L’Univers de Saturne
§
Conclusão
Verificamos que a identificação do elemento/temperamento básico não pode se resumir a uma
simples contagem ponderada do posicionamento dos planetas por signo, sendo uma tarefa muito
mais complexa, como destaca Barbault que, para tanto, aplica a Teoria da Dominante.
O grande mérito de Barbault pode ser atribuído ao fato dele ter conjugado elemento, temperamento
e dominante.
Finalmente, entendemos que vale à pena aprofundar as investigações de Barbault especialmente
quanto às atribuições de qualidades e elementos a planetas e signos.
γ
Bibliografia
LEHMAN, J. Lee. Classical Astrology for Modern Living. Atglen: Whitford Press, 1996.
QUEIROZ, Gregório José Pereira de. As Qualidades Primitivas na Astrologia. São Paulo: Ed.
Pensamento, 10ª Edição, 1997.
Ω
La Astrología Occidental
“La primera obra astrológica que se conoce data de la época de Sargón de Agade (alrededor de
2750 a. de C.) y contiene una compilación de acontecimientos señalados según los eclipses”
(Barbault,1958). En ese entonces quienes se involucraban directamente con la Astrología eran los
genios, filósofos, sabios y teólogos de la época. “La Astrología es una disciplina que afirma que
todo esta relacionado y que hay una continua interacción y correspondencia entre todos los
Elementos del Universo” (Marimón,1985).
Joan Marimón Padrosa quien es un escritor sumamente involucrado en la Astrología, nos comenta
en su libro “Historia del arte a través de la Astrología” que la Astrología se dedica al estudio del
hombre, no directamente, mas bien en la influencia del cosmos sobre la naturaleza y el hombre.
Este punto en particular es lo que crea en mi una gran curiosidad por conocer las características que
tiene cada elemento de la naturaleza para tomar las cualidades de cada uno y así desarrollar la obra
coreográfica.
En este mismo libro Marimón nos explica que hoy en día existen estudios científicos como la
biometeorología o la ritmo biología que estudia la influencia de factores cósmicos en: el nacimiento
de un bebé, el ciclo menstrual, el riego sanguíneo, el sistema nervioso o el infarto miocardio. No se
profundizará en estos estudios, sin embargo son un claro ejemplo de que tan lejos ha llegado la
Astrología y la manera en se conecta para realizar el estudio de los seres humanos.
Marimón cita a Michael Gauquelin, quien escribió “La cosmopsicología”, para que veamos al ser
humano como un pequeño Universo, ya que estamos compuestos esencialmente por los mismos
elementos que la superficie terrestre, esto significa: 80% de agua y un 20% de minerales orgánicos
e inorgánicos y nos da una hipótesis describiendo que las fuerzas gravitacionales de la Luna son
capaces de influenciar en el agua encerrada en el organismo humano de la misma manera que
influye en el macrocosmos terrestre. Esto significa que “la Luna provoca en el organismo humano
cambios cíclicos como los cambios de humor”. Otro ejemplo claro que podemos experimentar a
simple vista es la manera en que las olas del mar se ven igualmente afectadas con las fases lunares.
La Astrología Psicológica
André Barbault asegura que las primeras clasificaciones psicológicas son de origen astrológico ya
que busca ante todo la estructura tipológica del individuo. Con otras palabras es “obtener
primeramente una clasificación a grandes rasgos con los caracteres estándar y más adelante se
establece la estructura individual del sujeto”. Siendo esta la mejor aportación de la Astrología a la
Psicología para dar el comienzo a la investigación de los individuos. Para que se pueda dar esta
clasificación es importante tener en cuenta los cuatro temperamentos tradicionales, los cuales son
detalladamente explicados con la morfo-psicología Astrológica.
La morfo-psicología Astrológica
“Mauricio Munzinger quien tuviera un sentido plástico de un escultor y con un conocimiento
extenso de las formas como un morfólogo le da a Barbault un resumen de la morfo-psicología
astrológica”. En éste explica que desde la remota antigüedad, la ciencia de los antiguos ha sabido
desglosar, entre la diversidad de los seres, trazos constantes y característicos, tanto morfológicos
como psicológicos, y fijar dos tipologías principales: la tipología temperamental, en relación con los
cuatro elementos, y la tipología mitológica, en relación con los planetas.
Por el sentido de esta tesis nos vamos a profundizar en la tipología temperamental ya que es la que
nos va ayudar a darnos las imágenes para descubrir las sensaciones corporales adecuadas
correspondientes a cada Elemento.
Munzinger en un claro resumen, comenta que los antiguos reconocían cuatro elementos que
consideraban como la combinación de cuatro principios primordiales y los relacionaba con cuatro
temperamentos:
Con estos datos Barbault pudo reflexionar que el “Calor es foco de energía, está en el origen del
movimiento y de la motilidad, por lo tanto es un principio dinámico”.
“El Frío, es la negación del calor y por el contrario es paralizante y condensador, inmoviliza los
cuerpos concentrándolos. Por lo tanto es un principio estático. La Humedad es un principio de
extensión, de aflojamiento, tendiente a la fluidez o a la licuefacción, a la fusión. Lo hace un
principio extensivo”.
“La Sequedad, es la negación de la humedad, es principio de retracción, de tensión, de
envaramiento, de endurecimiento – o de ruptura – y de división, es un principio restrictivo”.
Con toda esta información, éste mismo autor explica por medio de dos tablas básicas que los cuatro
principios y los cuatro elementos hacen una combinación del siguiente modo:
En base a esta primera tabla Barbault resume que “los dos elementos secos y retraídos que son
Fuego y Tierra, se oponen a los dos dilatados de Aire y Agua. Los dos dinámicos y ligeros, Fuego y
Aire, se oponen a los estáticos y pesados, Tierra y Agua”.
En la segunda tabla por su lado encontramos estos mismos conceptos pero representados por medio
de formas o figuras.
Agua: Despliegue, una línea horizontal ondulada evoca el agua calmada o durmiente.
Aire: Expansión, una esfera evocando un hervor, un globo, un fruto.
Fuego: Impulso, una línea vertical quebrada, evocando una llama derecha y vibrante.
Tierra: Concentración una cruz o un punto, evocando el grano de arena o de sílex, el núcleo.
Por el lado del zodiaco, éste tiene una división cuaternaria que sitúa cada estación del año con un
elemento: