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Parte 1 - Águas e sua relação com a sociedade

Tema 1 - Poluição : Aspectos gerais da degradação dos corpos d'água

Poluição - De acordo com o conama, é qualquer alteração nas características físicas,


químicas e/ou biológicas das águas que possa constituir prejuízos à saúde, à segurança e
ao bem estar da população e ainda , que possa comprometer a fauna e a utilização das
águas para fins recreativos, comerciais, industriais e de geração de energia.

A poluição pode ser pontual (descarga de efluentes bem localizada, fácil de identificar e
monitorar) ou difusa (espalham-se por toda cidade, sendo difícil de identificar e monitorar).

Classificação da poluição

Sedimentar - ​Acúmulo de partículas em suspensão (solo, produtos químicos insolúveis)

Química - Substâncias tóxicas cuja presença na água não é fácil de identificar nem de
remover. Em geral, os efeitos são acumulativos e removidos a longo prazo.

Térmica -​ Ocorre pela alteração da temperatura dos mananciais.

Biológica -​ Presença de microorganismos patológicos.

Um dos principais problemas socio ambientais da atividade é a crescente degradação dos


cursos d'água. Isso compromete não só o funcionamento da cadeia alimentar e dos
ecossistemas, mas também atinge a oferta de água potável no mundo.

Poluição dos rios

Área urbana - ​Uma das maiores causas para a poluição dos rios é a deposição de lixo pela
população de forma direta, de deposição de esgoto doméstico em áreas que não existe
saneamento.

Área Rural - ​Ocorre principalmente pela excessiva deposição de agrotóxicos e de resíduos


agroindustriais.

Consequências :
● Morte de espécies
● Desequilíbrio ecológico
● Inutilização econômica da água
● Formação de espumas
Indicadores de poluição

● Matéria orgânica - DBO, DBQ e OD


● Sólidos - SS e RS, turbidez
● Ácidos e álcalis - pH
● Bactérias - IC
● Óleos e gorduras
● Nitratos
● Fosfatos
● Temperatura
● Metais

Eutrofização

Processo através do qual um corpo de água adquire níveis altos de nutrientes


(especialmente fosfatos e nitratos), provocando o posterior acúmulo de matéria orgânica em
decomposição.

Autodepuração

Capacidade de um lago ou lagoa restaurar suas características ambientais naturalmente,


devido à decomposição de poluentes.

Tema 2 - Aspectos legais: Legislação sobre a captação de água e disposição de


efluentes

A água é um recurso natural de disponibilidade limitada e dotado de valor econômico devido


a isso ela é considerada um bem de domínio público. Sendo assim, o Poder Público,
através de instrumentos de gestão dos recursos hídricos, dispõe para autorizar, conceder
ou permitir aos usuários a utilização desse bem público. Concedendo o direito de uso dos
recursos hídricos, nos termos e condições estabelecidas no referido ato administrativo, por
prazo determinado (Outorga do uso da água).

A outorga é o instrumento pelo qual a ANA (agência nacional de águas) faz o controle
quantitativo e qualitativo dos usos da água. Esse controle é necessário para evitar conflitos
entre usuários de recursos hídricos e para assegurar ​a disponibilidade dos recursos hídricos
aos seus usuários atuais e às gerações futuras, em padrões adequados de qualidade e
quantidade, inclusive a manutenção da vida.

Conforme está disposto na Lei Federal nº 9.433/1997, ​dependerá da outorga do uso da


água qualquer empreendimento ou atividade que altere as condições quantitativas e
qualitativas, ou ambas, das águas superficiais ou subterrâneas:
● A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
● A extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo
● Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final
● Uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos
● Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente
em um corpo de água.

Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas


atividades ou processos.

Aqui no Brasil, assim como em outros países do mundo, a lei ambiental regula o descarte
de resíduos líquidos sobre os chamados ​corpos d’água com o intuito de limitar a carga
poluidora encaminhados na natureza. Outro critério levado em consideração é a classe da
água onde esse efluente é descartado.

Legislação federal sobre lançamento de efluentes nos corpos hídricos

A Resolução Conama n° 430, de 13 de maio de 2011 dispõe sobre as condições e padrões


de lançamento de efluentes. Esta Resolução dispõe sobre condições, parâmetros, padrões
e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores. Além
de ​classificar os corpos de água​ .

● Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente


nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às
condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas
aplicáveis.
● Deve-se respeitar a capacidade de suporte do corpo receptor: valor máximo de
determinado poluente que o corpo hídrico pode receber, sem comprometer a
qualidade da água e seus usos determinados pela classe de enquadramento. Essa
capacidade de suporte depende da capacidade de autodepuração do recurso hídrico
em questão.
● A qualidade do efluente a ser despejado é regulado por parâmetros (substâncias ou
outros indicadores representativos dos contaminantes toxicologicamente e
ambientalmente relevantes do efluente). Sendo assim, os efluentes não poderão
conferir ao corpo receptor características de qualidade em desacordo com as metas
obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento.
● O órgão ambiental competente deverá estabelecer a carga poluidora máxima para o
lançamento de substâncias passíveis de estarem presentes ou serem formadas nos
processos produtivos, de modo que as metas para o enquadramento do corpo
receptor não sejam comprometidas. O mesmo é responsável por verificar se estão
sendo cumpridas as medidas e exigências propostas.
● O lançamento de efluentes em corpos de água, com exceção daqueles enquadrados
na classe especial, não poderá exceder as condições e padrões de qualidade de
água estabelecidos para as respectivas classes, nas condições da vazão de
referência ou volume disponível, além de atender outras exigências aplicáveis.
● Os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos deverão realizar o
automonitoramento para controle e acompanhamento periódico dos efluentes
lançados nos corpos receptores, com base em amostragem representativa dos
mesmos. Os ensaios deverão ser realizados por laboratórios acreditados pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial-INMETRO ou
por outro organismo signatário do mesmo acordo de cooperação mútua do qual o
INMETRO faça parte ou em laboratórios aceitos pelo órgão ambiental competente.

Conclui-se que o órgão ambiental apenas deve permitir o lançamento de efluentes que não
exceda as condições e padrões de qualidade de água estabelecidos para as respectivas
classes, sendo uma exceção a situação em que existem metas obrigatórias estabelecidas,
em corpos de água em recuperação. Ainda assim, nessa situação, o lançamento de
efluentes não poderá causar violação dos padrões de qualidade determinados pelas metas
estabelecidas no plano de recursos hídricos.

Ainda no âmbito federal, são também de grande relevância as resoluções do CNRH –


Conselho Nacional de Recursos Hídricos – e da ANA – Agência Nacional de Águas.

Legislação estadual e municipal sobre lançamento de efluentes nos corpos hídricos

Além da legislação federal existem as legislações estaduais e municipais que devem estar
alinhadas com a federal quanto a padrões e a capacidade de suporte do corpo hídrico
receptor.

Tema 3 - Fontes de águas: Reservas nacionais e internacionais de água doce e


relação com a demanda da sociedade

Fontes de águas nacionais

Em termos globais, o Brasil possui uma boa quantidade de água. Estima-se que o país
possua cerca de 12% da disponibilidade de água doce do planeta. Mas a distribuição
natural desse recurso não é equilibrada: a região Norte, por exemplo, concentra
aproximadamente 80% da quantidade de água disponível, mas representa apenas 5% da
população brasileira. Já as regiões próximas aos Oceano Atlântico possuem mais de 45%
da população, porém, menos de 3% dos recursos hídricos do país. Sendo assim, o Brasil é
um dos países com maior disponibilidade de água, porém, grande parte desse recurso está
concentrada em regiões onde há menor quantidade de pessoas.

O Aquífero Guarani é a maior reserva de água doce do mundo, no qual 70% é no Brasil
(outros países que o compõe: Argentina, Paraguai e Uruguai). Por ter alta permeabilidade, a
vazão dos poços perfurados ultrapassa 500 m3/h. Ele possui um volume total de 55 mil
km3, com capacidade de recarga de 166 km3 ao ano, devido à precipitação (chuva). Tendo
este volume, o aquífero possui mais água que todos os rios e lagos do país juntos.

A Agência Nacional de Águas (ANA) possui mapas interativos que mostram a distribuição
de diversos corpos de águas, tais como água das chuvas, água superficial, água
subterrânea e reservatórios. O site disponível para a visualização dos diversos mapas é:
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/quantidade-da-agua
Figura 1: Reserva de água em Rio Grande – RS

​Fonte: http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/quantidade-da-agua

Fontes de águas internacionais

A quantidade de água doce no mundo está estimada em 34,6 milhões de km3 (ref. 1km3
corresponde a 1 trilhão de litros), porém somente cerca de 30,2% (10,5 milhões de km3)
podem ser utilizados para a vida vegetal e animal nas terras emersas (água doce
subterrânea, rios, lagos, pântanos, umidade do solo e vapor na atmosfera). O restante,
cerca de 69,8% (24,1 milhões de km3) encontra-se nas calotas polares, geleiras e solos
gelados.

Dos 10,5 milhões de km3 de água doce, aproximadamente 98,7% (10,34 milhões de km3)
correspondem à parcela de água subterrânea, e apenas 0,9% (92,2 mil km3) corresponde
ao volume de água doce superficial (rios e lagos) diretamente disponível para o consumo
humano.

Porém mesmo com essa grande quantidade mais de 40% da população mundial, cerca de
2,5 bilhões de pessoas, vivem em regiões que sofrem escassez de água médio ou aguda, e
a previsão é que esse número aumente. Outras regiões, entretanto, têm recursos
abundantes. Alguns países com importantes reservas de água no mundo são citados
abaixo:

● Venezuela:
· Possui 1.320 quilômetros cúbicos de água doce, ou 60.300 metros cúbicos por pessoa.
· Quase metade dos rios venezuelanos mil terminam no Orinoco, o terceiro maior rio da
América Latina.
· Sua lagoa de captação ocupa cerca de quatro quintos do território.

● China:
· O continente chinês têm 2.800 quilômetros cúbicos de água doce, o que vale 2.300 metros
cúbicos por pessoa.
· O país tem aproximadamente 6% das reservas globais de água. No entanto, tem a mais
alta densidade populacional em todo o mundo, ao passo que a distribuição de água no seu
território é extremamente desigual.
· O sul do país sempre lutou com inundações, enquanto o norte e o centro sofrem com a
falta de água.

● Canadá:
· 2.900 quilômetros cúbicos de água doce, ou 98.500 metros cúbicos por pessoa.
· O país americano responde por 7% da água doce renovável global e menos de 1% da
população mundial.
· Ele é um dos países que mais têm lagos, incluindo os Grandes Lagos, cuja bacia
ultrapassa 240 mil km2.

● Rússia:
· 4.500 quilômetros cúbicos de água doce, ou 30.500 metros cúbicos por pessoa.
· A Rússia tem mais de 20% dos recursos mundiais de água doce (sem geleiras e águas
subterrâneas).
· O país é banhado por 12 mares de três oceanos, além de ter um mar interior, o Cáspio.
· Ele tem mais de 2,5 milhões de rios e mais de 2 milhões lagos.

A distribuição de água no mundo pode ser vista no infográfico abaixo.

Figura 2: A distribuição de água no mundo

Fonte: http://www.jornalistawrb.com.br/
Demanda

São quatro as modalidades de consumo de água: agricultura, produção energética,


atividade industrial e abastecimento humano. O crescimento constante da população
mundial exige mais alimentos e energia elétrica. As Nações Unidas (ONU) preveem que, em
2030, a sociedade vai necessitar de 35% a mais de alimento, 40% a mais de água e 50% a
mais de energia. Até 2050, a demanda por alimentos e por energia crescerá 70% e 60%,
respectivamente. A grande concentração de pessoas em cidades de todo o mundo ameaça
mananciais como lagos, rios e lençóis freáticos. Além de colocar em risco possíveis fontes
hídricas, grandes quantidades de água doce são utilizadas para o saneamento urbano. E a
maior parte das águas residuais é devolvida para o ambiente sem tratamento, gerando
danos para as pessoas e os ecossistemas.

O último Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos
Hídricos (WWDR4), lançado este ano, prevê, como consequência das dificuldades
crescentes de acesso à água, a intensificação das disparidades econômicas entre países,
bem como entre setores econômicos ou mesmo entre regiões dentro dos países. Além
disso, o documento adverte que os mais pobres serão os mais prejudicados por esse
processo.

O Brasil é o país que mais possui água doce no mundo. A disponibilidade hídrica brasileira
é de 91,2 milhões de litros por segundo. No que diz respeito a água para consumo humano,
de acordo com o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos
Recursos Hídricos (WWDR4), o Brasil possui cerca de 48 milhões de litros disponíveis por
habitante por ano. Os países com maior disponibilidade hídrica anual per capita são Canadá
(América do Norte), Noruega (Europa), Guiana Francesa e Suriname (América do Sul),
Papua-Nova Guiné e Nova Zelândia (Oceania), Gabão e República Democrática do Congo
(África). Eles estão na faixa de 70 milhões a 684 milhões de litros per capita/ano. Já as
nações do norte da África, no deserto do Saara, apresentam taxas baixas, menos de 1
milhão de litros per capita/ano, o que os coloca em situação de escassez hídrica.

Tema 4 - Economia do setor: Volume de recursos envolvidos no tratamento e


distribuição de águas

A água é um direito social e um insumo econômico de primeira necessidade. O Brasil


precisa de uma gestão eficiente do recurso não apenas para garantir o acesso à água de
qualidade pela população, mas também para garantir o bom desempenho da economia.

Dados apontam que a questão da água, ao menos no caso brasileiro, está mais ligada a
problemas relacionados à gestão que à escassez propriamente dita. Isso ocorre pois
mesmo possuindo 12% da água doce superficial do planeta essa quantidade é distribuída
irregularmente pelo país, principalmente quando comparada à concentração da população.

Especialistas acreditam que uma das primeiras providências a serem tomadas para
melhorar a gestão dos recursos hídricos é “realizar a avaliação econômica dos serviços
prestados pelos recursos dos ecossistemas aquáticos”. Sendo assim, instituir um valor para
esses serviços é a base de uma governança adequada, essencial para o controle do clima,
do abastecimento e da produção de energia e de alimentos, entre outras atividades
humanas.

Sabe-se que as fontes disponíveis nas imediações das maiores metrópoles brasileiras não
são suficientes para o abastecimento da forma como é feito atualmente.Um levantamento
da Agência Nacional de Água (ANA) aponta que o problema do abastecimento é
generalizado pelo País. Dos 5.565 municípios brasileiros, mais da metade terá problemas
de abastecimento nesta década. E, para tentar adiar a crise ao menos até 2030, será
preciso desembolsar R$ 22 bilhões em obras de infraestrutura, construção de sistemas de
distribuição, novas estações de tratamento e manutenção de redes superadas, com
vazamentos generalizados. E nesse total não estão incluídos os recursos necessários para
resolver o problema do saneamento básico, como a construção de sistemas de coleta de
esgoto e estações de tratamento, de forma a proteger os mananciais onde se faz a
captação para consumo humano. Para isso, segundo a ANA, serão necessários outros R$
47,8 bilhões.

O planejamento do uso da água tem passado por transformações profundas nas últimas
décadas e sofrido impacto de políticas públicas que ficaram ao largo de sua importância na
produção/tratamento e distribuição de água pelo país. A gestão dos recursos hídricos
passou por uma grande transformação no Brasil no fim do século passado, quando as
empresas estaduais de água e saneamento perderam o monopólio do mercado. Muitas
foram municipalizadas e outras privatizadas. A gestão da água pelas empresas de
abastecimento e pelas propriedades rurais, cria distorções capazes de comprometer
seriamente não apenas o abastecimento das necessidades humanas diretas, mas, também,
o desempenho da economia, com prejuízos para as empresas. Isso acontece devido ao fato
de que não se investe dinheiro suficiente nos sistemas de distribuição e tratamento de água,
além disso novas tecnologias e suas implementações também não são amplamente
motivadas por parte das distribuidoras e do governo público.

Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada dólar investido em
água e saneamento, são economizados 4,3 dólares em custos de saúde (devido a
problemas de doenças causadas pela ausência de tratamento de água e esgoto) no mundo
e que o PIB global cresça em 1,5% . A assistência internacional a favor das melhorias na
qualidade dos serviços de água e saneamento aumentou seu comprometimento financeiro
em 30% entre 2010 e 2012 – de 8,3 bilhões para 10,9 bilhões –, especialmente para as
regiões mais vulneráveis, como a África Subsaariana e o sudeste e o sul da Ásia. 

Tema 5 - Desafios para o setor produtivo de águas: Inadimplência e consumo


indevido

Inadimplência
Muitas pessoas no Brasil deixam de pagar as contas de água pois se encontram em
situação de carência financeira, fato agravado pela crise financeira em que o país se
encontra. Devido a isso o governo criou a tarifa subsidiada, nela famílias que têm renda per
capta de até meio salário mínimo, tem direito a pagar uma tarifa menor que a normal pois a
outra parte dela é subsidiada pelo governo. Porém, mesmo assim , destas famílias que têm
direito somente 19,9% realmente pagam.

Consumo indevido

O consumo indevido ocorre quando as distribuidoras de água ‘’perdem o controle’’ sobre a


distribuição. Sabe-se que a distribuição de água no país é feita de forma inadequada e não
democrática, além do mais muitas residências não possuem hidrômetro, logo não existe
nenhum instrumento de monitoramento do consumo e do desperdício. Sendo assim, muitas
famílias pagam apenas uma taxa mínima pela água que utilizam. Para agravar a situação a
educação em relação aos recursos hídricos e sua conservação muitas vezes são feitas de
forma ineficiente ou simplesmente não existem, logo as pessoas deixam de se importar com
o desperdício de água , pois de qualquer forma estarão pagando apenas a taxa mínima.

Desafios e soluções

Tentar negociar as contas de água com os inadimplentes para que as mesmas sejam
pagas, com isso teria mais dinheiro paras as abastecedoras. Sendo assim as empresas
poderiam fazer mais investimentos em equipamento de monitoramento do consumo, como
os hidrômetros, e assim haveria uma maior fiscalização, gerando um menor desperdício
financeiro e “material” . Outro desafio a ser levado em consideração é o alcance das áreas
mais afastadas (zonas que não estão dentro da distribuição) que pode ser favorecido com o
sistema citado acima.

Tema 6 - Desafios para o setor produtivo de águas: perdas de água na distribuição

A perda de água é um dos pontos mais frágeis do sistema de saneamento e das empresas
operadoras. Em qualquer processo de abastecimento de água por meio de redes de
distribuição no mundo ocorrem perdas de água. As chamadas perdas reais, perdas
aparentes, perdas no faturamento, às ligações clandestinas e o roubo de água.

Os índices nesse quesito mostram a fragilidade da gestão de grande parte do setor, ao


mesmo tempo em que traz desafios aos operadores e governos. De acordo com estudos de
2015 a soma do volume de água perdida por ano nos sistemas de distribuição das cidades
daria para encher 6 (seis) sistemas Cantareira. Todas essas perdas trazem vários impactos
negativos, seja à sociedade, ao meio ambiente, à receita das empresas e mesmo aos
investimentos necessários aos avanços do saneamento. Segundo o estudo, a cada 100
litros de água coletados e tratados, em média, apenas 63 litros são consumidos. Ou seja
37% da água no Brasil é perdida, resultando no prejuízo de R$ 8 bilhões.

As perdas de água na distribuição podem ser classificadas em dois tipos: as perdas reais e
as perdas aparentes.
● Perdas reais: equivalem ao volume de água perdido durante as diferentes etapas de
produção, e podem acontecer por vazamento nas tubulações, vazamentos
estruturais (lavagem de filtro, descarga de lodo, vazamento na rede e ramais de
descarga.
● Perdas aparentes: correspondem aos volumes de água consumidos, mas não
autorizados nem faturados, também chamados de perdas comerciais, podem
acontecer por ligações clandestinas / irregulares, ligações sem hidrômetros e
hidrômetros que subestimam o volume de consumo (consumo indevido).

As perdas aparentes têm impacto direto sobre a receita das empresas, reduzindo a
capacidade financeira dos prestadores, e os recursos disponíveis para ampliar a oferta e
melhorar a qualidade, despesas requeridas na manutenção infraestrutura.

O volume de perdas de um sistema de abastecimento de água é um fator chave na


avaliação da eficiência das atividades comerciais e de distribuição de um operador de
saneamento.

Contudo, existe a inviabilidade de eliminar completamente as perdas de água. De acordo


com os tipos de perdas, são propostos limites eficientes para redução, tendo-se em vista
suas características:

● Limite econômico: Volume a partir do qual os custos para reduzir as perdas são
maiores do que o valor intrínseco dos volumes recuperados (varia de cidade para
cidade, em função das disponibilidades hídricas, dos custos de produção, etc.)
● Limite técnico ("perdas inevitáveis"): Volume mínimo definido pelo alcance das
tecnologias atuais dos materiais, das ferramentas, dos equipamentos e da logística.

O custo da água é proporcional à faixa de tempo compreendida entre o início e o reparo dos
vazamentos. Quando uma empresa realiza detecção de perdas com baixa frequência de
revisão em campo, há maior probabilidade de que vazamentos não sejam identificados. Por
conta disso, os custos decorrentes dessas perdas são maiores.

Assim, o nível econômico de vazamentos equivale ao volume no qual o custo do recurso


hídrico perdido é igual ou menor ao custo da detecção e do reparo. Já o nível mínimo de
vazamento corresponde ao volume de perdas que não pode ser reduzido por limitações de
tipo tecnológico.

Consequentemente, ainda nos sistemas de abastecimento de água considerados eficientes,


haverá um volume mínimo de água perdido. Aqui no Brasil, além das perdas na distribuição
de água serem altíssimas, com a porcentagem muito maior do que em países
desenvolvidos, o valor está aumentando. Em razão disso foram levantadas algumas
sugestões para tentar diminuir essas perdas. São elas:

1. Contratos que incentivam a redução de perdas; ou seja, diminuir o valor da água


para quem contribui para o bom funcionamento da distribuição.
2. Financiamento federal para programas de redução de perdas: porque seria
necessário muita verba para fazer reformas em toda a distribuição.
3. Implementação de planos de gestão de perdas, de indicadores de desempenho e
estabelecer metas.
4. Fazer pesquisas e planos de médio e longo prazo para o controle das perdas na
distribuição.
5. Aumentar o índice de hidrometração dos diversos sistemas e utilizar hidrômetros de
maior precisão.
6. Melhorar a instrumentação tanto nas distribuidoras de água como nos receptores.
7. Criação e monitoramento de programas sociais de redução de perdas.
8. Replicar experiências que obtiveram êxito.

Tema 7 - Desafios para o setor produtivo de águas: aumento da produtividade das


estações de tratamento de água

A estação de tratamento de água ETA é responsável por realizar operações para melhorar
a qualidade do líquido em empreendimentos industriais, comerciais e construções, com o
objetivo de tratar os aspectos da água e, dessa maneira, minimizar os impactos ambientais.

Para melhorar e aumentar a produtividade nas ETAs é necessário investir em tecnologia.


Com novas tecnologias é possível obter equipamentos, substâncias e processos de última
geração, que garantem uma purificação eficiente e rápida. Diminuindo o tempo total do
tratamento e aumentando a vazão de saída das ETAs. Outro ponto a ser ressaltado é a
adoção de sistemas de instrumentação para monitoramento e controle do processo, que ao
serem implementados nas ETAs garantem uma maior economia, padronização e segurança
dos procedimentos.

Tema 8 - Indústria 4.0 e a indústria das águas

Revoluções industriais

1.0 – Caracterizada pela produção mecânica facilitada pela alimentação de água e


vapor
2.0 – Caracterizada pela produção alimentada por energia elétrica
3.0 – Caracterizada pela introdução da automação para maior produção
4.0 – Caracterizada pela fusão do mundo físico, digital e biológico.

Indústria 4.0

Produção baseada em redes inteligentes, que possuem autonomia para controlar os


módulos de produção (prever falhas nos processos e se adaptar aos requisitos e mudanças
não planejadas na produção).

Principais fundamentos da indústria 4.0:


● Internet das coisas: nada mais é que uma extensão da Internet atual, que
permite que objetos do dia a dia, com capacidade computacional e de
comunicação, conectem-se a Internet.
● Interoperabilidade: objetos, máquinas e pessoas precisam ser capazes de se
comunicar através da Internet das Coisas (IoT) e da Internet das Pessoas.
● Virtualização: os CPSs (Sistemas Ciber-Físicos) devem ser capazes de
simular e criar uma cópia virtual do mundo real para monitorar todo o
ambiente.
● Descentralização: os CPS precisam trabalhar de forma independente para
criar um ambiente mais flexível para a produção.
● Capacidade em tempo real: uma fábrica inteligente precisa ser capaz de
coletar dados em tempo real, armazená-lo ou analisá-lo e tomar decisões de
acordo com novas descobertas. Isso não se limita apenas à pesquisa de
mercado, mas também a processos internos, como a falha de uma máquina
na linha de produção.
● Orientação de serviço: produção deve ser orientada para o cliente. Pessoas e
dispositivos inteligentes devem se conectar eficientemente para criar
produtos de acordo com as especificações dos consumidores.
● Modularidade: as fábricas inteligentes devem ser capazes de se adaptar
rapidamente e suavemente às mudanças sazonais e às tendências do
mercado.

Benefícios previstos:

● Redução de Custos
● Economia de Energia
● Aumento da Segurança
● Conservação Ambiental
● Redução de Erros
● Fim do Desperdício
● Transparência nos Negócios
● Aumento da Qualidade de Vida

Na indústria, o uso de água se dá, pelo menos, em três processos: troca de calor
(aquecimento, resfriamento); higienização, e como matéria-prima. A partir dos distintos usos
tem-se águas: de processo; de refrigeração; sanitárias, constituindo efluentes a serem
tratados e dispensados. Na dimensão ambiental é possível afirmar que o uso racional da
água contribui para a mitigação da possibilidade de contaminação dos recursos hídricos,
sendo importante a introdução do conceito de reutilização, o que também traz impactos sob
o aspecto econômico.

Exemplo:
Aplicação da indústria 4.0 na indústria frigorífica:
● Instalação de hidrômetros para verificação dos pontos de maior consumo de
água para promover as ações necessárias;
● I​ nstalação de sensores de presença em cada um dos aspersores presentes no
processo produtivo - essa adaptação tem como objetivo a liberação do fluxo de
água individual por aspersão com base na presença/tamanho da carcaça, uma
vez que atualmente, ambos são acionados simultaneamente, desperdiçando
muitas vezes grandes quantidades de água que não atingem a carcaça devido a
sua variação de tamanho;
● ​Torneiras com sensores (sensorizadas/sensores de presença) - as torneiras
liberam fluxo de vazão de água através da aproximação da mão, os de produtos
cárneos, o sensor identifica a presença de algum objeto, permitindo assim, a sua
lavagem. O modelo poderia ser semelhante aos instalados tipicamente em
centros comerciais e shopping centers;
● ​Sensor para transporte de resíduos e pelos, por exemplo - através da
instalação de um sensor de presença/peso, o resíduo se acumula em
determinada parte do processo, após o acúmulo de determinada quantidade ou
simplesmente pela presença do resíduo, o sensor emite um sinal liberando um
fluxo de água pressurizado (ou não) que direciona os resíduos para o seu devido
lugar. Este processo substituiria o procedimento convencional adotado
atualmente na empresa, que faz uso de água corrente potável para o seu
despacho;
● ​Instalação de sensores (sensores ultrassônicos) para detectar materiais com
baixa resistência mecânica/espessura - este implemento tem como principal
função o controle de espessura/resistência de tubulações, podendo ser
identificado assim, uma diminuição da espessura ou da resistência do material,
por exemplo, evitando rompimento e desperdício de água, a partir da realização
da manutenção do problema. Funcionamento com base em dispositivo já
existente chamado de medidor de espessura por ultrassom, com a diferença de
ser posicionado ao longo de toda a tubulação;
● ​Com a instalação de sensores ultrassônicos pode-se também controlar o
volume de água consumido, por meio da análise e comparação dos dados para
identificar vazamentos. Atualmente, existem dispositivos que possuem essa base
de funcionamento. Os medidores de vazão ultrassônicos, por exemplo, medem o
fluxo em um determinado instante de tempo. O princípio de funcionamento deste
sistema baseia-se na verificação do tempo necessário para que uma frequência
emitida, em função do movimento de um fluido, passe por uma determinada
secção da tubulação;
● ​Instalação de sensores que realizam a medição e forneçam a quantidade de
pressão (sensores de pressão) interna nas tubulações - podendo assim verificar
se o valor reduzindo ou aumentando a pressão de modo a mantê la em seu
ponto ótimo, que será definido pela indústria, evitando assim danificação,
rompimento e encurtamento da vida útil das mesmas, e como consequência,
evitando desperdício de água;
● ​Controle do tempo de banho dos suínos e lavagem dos caminhões com base
em sensores que controlam o fluxo da água, sendo o tempo de utilização
ajustado de acordo com a quantidade de água consumida, onde ao fim, um
sensor aciona uma válvula que fecha o fluxo de água.
● I​ nstalação de sensores que realizam a captação de sons presentes nos
componentes da indústria, identificando perdas, como vazamentos, através da
modificação do tempo de recepção do sinal ou do som emitido, teria
funcionamento semelhante ao correlacionador de ruídos, além de outros, que
são inseridos na tubulação medindo sinais e detectando alteração. O
correlacionador de ruídos de vazamentos correlaciona o tempo em que um som
de vazamento atinge dois sensores colocados em pontos de contato com
componentes da rede, desde que esses pontos de contatos apresentem ambos,
um ruído de vazamento previamente detectado. Uma característica importante
dos correlacionadores de ruídos é a possibilidade de executar sua operação em
trechos onde existem vários tipos de materiais e/ou diâmetros entre os sensores;
● ​Utilização de sensores que identificam o contato das mãos com a mangueira
liberando ou extinguindo o fluxo de água, evitando assim desperdícios de água,
mesmo na presença de esguichos em mangueira o seu fechamento e abertura
seriam mais eficientes uma vez que se pode determinar o ponto onde se deseja
iniciar e mante​r o contato com a mão, ou quando se deseja fechar o fluxo,
apenas retirar a mão do sensor.

Em resumo a indústria 4.0 integra os sistemas reais e virtuais da indústria de águas, desde
a água captada, efluentes a serem despejados e tratamento da água. A aplicação desse
novo método tem como objetivo melhorar a produtividade, a segurança e a otimização
dessa indústria como um todo.

Tema 9 - Nova economia: Startups e empresas privadas em um setor tradicionalmente


público

Problema: Por que as empresas privadas despertaram interesse em entrar no setor de


distribuição e saneamento básico brasileiro?

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) referentes


a 2015:

● Apenas 50,3% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgoto. (Mais de 100 milhões
de pessoas usam medidas alternativas - fossas e despejo em rios - para lidar com os
dejetos.
● Na região Norte, a situação é pior: 49% da população é atendida por abastecimento
de água, e apenas 7,4%, por esgoto. O pior estado é o Amapá, com 34% e 3,8%
respectivamente, e o melhor é São Paulo, com 95,6% de cobertura em água e
88,4% em esgoto.

Em 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei do Saneamento (lei
11.445) que criou regras para o setor, definindo as competências dos governos federal,
estaduais e municipais e regulamentou a participação de empresas privadas. Com isso,
havia a expectativa que aconteceriam grandes transformações positivas no setor, mas um
estudo da Confederação Nacional da Indústria mostrou que, com os atuais investimentos, o
Brasil só conseguirá universalizar o atendimento de água em 2043, e de esgoto, em 2054.
Há o debate com relação à água no que diz respeito à atuação de entes privados no setor,
tanto na distribuição quanto no saneamento. De um lado, quem defende a entrada de mais
empresas particulares aponta que o estado não tem condições de, sozinho, atender à
demanda por acesso e expansão da rede. Na outra ponta, críticos expressam preocupação
com relação a privatizações descuidadas e que não contemplam o interesse público.

Os cinco maiores grupos econômicos atuantes nesta área no país, considerando serviços
de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, controlam 85,3% do total de
contratos. Cresce a financeirização e internacionalização do mercado privado do
saneamento e que isso não tem trazido melhorias significativas em termos de aumento da
distribuição de água e redes de esgoto. Apesar disso, houve investimento de 20% a mais
por empresas privadas no setor de água e saneamento comparativamente com o
investimento público.

Uma das empresas que atuam no gerenciamento e na operação de sistema de


abastecimento de água e de esgotamento sanitário é a Iguá Saneamento, que faz
concessões e parcerias com municípios estados e companhias públicas.

A Stattus4 desenvolveu um sistema que monitora a rede de abastecimento em tempo real,


maximizando as chances de detectar vazamentos de água na rede pública. Atualmente,
estados e municípios lutam diariamente para detectar os vazamentos de água na rede
pública e diminuir a perda milhões de litros, que impacta diretamente nos recursos naturais
e no dinheiro público. O problema é que a busca de vazamentos é feita manualmente, por
profissionais altamente especializados, chamados geofonistas. De acordo com o Instituto
Trata Brasil, hoje o país perde, em média, 37% da água coletada por vazamentos nos
ramais, ou seja, no encanamento entre a rua e as casas. O projeto brasileiro “Fluid” é um
sistema com sensores que mapeiam vazamentos e enviam os dados para um software,
permitindo aos técnicos se dirigirem diretamente para as ruas indicadas. A tecnologia
desenvolvida pela startup utiliza Inteligência Artificial para analisar os dados. A empresa
desenvolveu sensores que são conectados nos cavaletes das casas e, por meio da
vibração dos encanamentos, detectam os sons que indicam a probabilidade de haver
vazamento.

Tema 10 - Poluentes emergentes: Seu impacto no meio ambiente e na qualidade da


água

Definição

São resíduos resistentes aos tratamentos de água convencionais. São geralmente resíduos
de fármacos, produtos de higiene pessoal, aditivos industriais, drogas ilícitas, agrotóxicos,
cafeína e outros.

Um dos grandes problemas dos poluentes emergentes é que sabe-se pouco a respeito de
seus efeitos no meio ambiente e na saúde humana.
Efeitos no meio ambiente

Como os poluentes emergentes são vários , seus efeitos no meio ambiente também serão
variados. Resíduos de corantes, por exemplo, podem causar uma série de alterações no
meio ambiente, como mudanças na solubilidade de gases na água, danos no sistema
respiratório dos peixes, podem bloquear a fotossíntese nas plantas e nos seres humanos
podem causar dermatites e rinite. Já resíduos de estrogênio nos rios causam alterações nos
peixes , e em humanos causa alterações hormonais.

Problemas envolvendo os poluentes

Um grande problema é o efluente das est​ações de tratamento de águas residuais (ETAR).


Pois todos os resíd​uos domésticos e industriais não tratados estão presentes nesse
efluente, que geralmente é descartado nos mananciais. Nesse sentido há dois problemas
que devem ser considerados:
● A ausência de rede coletora adequada
● A eficiência do tratamento dos rejeitos

Vale ressaltar que os poluentes não estão inclusos nos programas de monitoramento dos
órgãos de fiscalização e não existe legislação no Brasil que obrigue as ETARs a tratar esse
tipo de efluente.

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