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NOMEAR, CONCEITUAR, REPRESENTAR:

os incapazes, ou a concepção de pobre(za) formulada pelo Banco


Mundial1
As concepções de pobreza como construções científicas, ideológicas e políticas na/para a América
Latina

Izildo Corrêa Leite2

Resumen

Com base em pesquisa documental e bibliográfica e fazendo uso da análise de conteúdo, da Teoria das
Representações Sociais e da formulação de Bourdieu sobre o poder simbólico, busca-se analisar a
concepção de pobreza formulada pelo Banco Mundial, hoje o maior financiador mundial de programas
de enfrentamento da pobreza. Conclui-se que, naquela concepção: a) há forte influência do pressuposto
da falta; b) repõe-se, em novas bases, uma antiga representação dos pobres, que os toma, no limite,
como ―não sujeitos‖; c) mais do que da pobreza e de sua produção social, trata-se do indivíduo pobre,
daquilo que o caracterizaria e das supostas relações entre tais características e o fato de ele ser pobre
(individualização e naturalização da pobreza); d) há uma naturalização do mercado e do capitalismo
neoliberal e globalizado.

Palabras clave: Banco Mundial; pobreza; concepções de pobreza.

Introdução

A pobreza, os pobres e as questões correlatas ―continuam a constituir um universo temático da maior


relevância, e sua atualidade manifesta-se no âmbito da realidade social, na esfera da produção
acadêmica e no campo da intervenção sobre a realidade‖ (Leite, 2008: 74).
Escritas há mais de cinco anos, essas palavras são hoje ainda mais pertinentes, devido à crise
econômica e financeira que irrompeu em 2008, que não dá mostras de chegar ao fim e que traz efeitos
devastadores até mesmo no centro do capitalismo (Leite, 2011: 255-256).
Analiso, aqui, formulações do Banco Mundial (BM) acerca da pobreza, marcadas, em grande parte,
pelos cânones do pensamento científico e, ao mesmo tempo, voltadas para a intervenção sobre o social.
O BM é uma das instituições mundialmente mais influentes, hoje, quanto à interpretação da pobreza e
à elaboração e implementação de propostas para seu enfrentamento.
O objetivo principal deste trabalho é expor e analisar a concepção de pobreza presente em formulações
do BM sobre o assunto — concepção considerada, aqui, como uma dentre as várias formas de pensar a
pobreza. Ela insere-se num contexto maior, de luta pela definição de quais idéias sobre a realidade
social terão preponderância na sociedade — uma verdadeira competição pela imposição de sentidos
na vida social.

1
Texto correspondente à participação do autor na mesa-redonda ―As concepções de pobreza como construções científicas,
ideológicas e políticas na/para a América Latina‖, no XIX Congresso Latino-Americano de Sociologia, promovido pela
ALAS (Associação Latino-Americana de Sociologia), em Santiago, Chile, de 29/09 a 04/10/2013. Essa mesa-redonda foi
proposta pela Red Iberoamericana para el Estudio de Políticas Sociales, da qual o autor é membro.
2
Professor do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade
Federal do Espírito Santo. Endereço eletrônico: raiz.vix@uol.com.br.
2

Para alcançar aquele objetivo, fiz uso de pesquisa documental e bibliográfica, da técnica de análise de
conteúdo, da formulação de Pierre Bourdieu sobre o poder simbólico e de alguns dos eixos principais
da Teoria das Representações Sociais.

O objeto e a pesquisa

O objeto da investigação que fundamenta este trabalho é o modo pelo qual o Banco Mundial representa
a pobreza. O BM é, hoje, uma das instituições com maior poder de influenciar, mundialmente, as
formas tanto de representá-la quanto de dar-lhe tratamento — influência que acontece, portanto, nos
planos analítico e normativo (Kraychete, 2005; Mauriel, 2008; Santos Jr., 2010; Scherma, 2008; Ugá,
2008). Contribui para tanto o fato de o Banco ser, na atualidade, o ―principal provedor‖ mundial de
recursos para o enfrentamento da pobreza (Santos Jr., 2010: xi).
Muitas são as publicações desse organismo internacional que abordam a pobreza, como assunto
principal ou não. Aqui, foco a atenção em poucas daquelas obras, analisando-as em profundidade.3 Um
dos critérios de seleção foi o próprio BM considerar que, dentre suas diversas publicações, os
Relatórios sobre o Desenvolvimento Mundial (World Development Reports) ―são sua melhor
contribuição para ‗pensar o desenvolvimento‘‖ (Ugá, 2008: 130). Ademais, embora a pobreza seja, de
algum modo, assunto abordado em vários daqueles Relatórios, em dois deles ela é o tema central: o de
1990 e o de 2000/2001 — Poverty [A pobreza] (World Bank, 1990) e Luta contra a pobreza (Banco
Mundial, 2001), respectivamente.
Além desses dois Relatórios — as fontes principais de dados —, consultaram-se outras publicações do
próprio Banco, aí incluídos outros Relatórios sobre o Desenvolvimento Mundial (RDMs), documentos
não elaborados pelo BM e trabalhos bibliográficos pertinentes ao objeto.
Três foram os principais recursos utilizados para interpretar as informações coletadas: a análise de
conteúdo, alguns dos eixos principais da Teoria das Representações Sociais e a formulação de
Bourdieu (1989) sobre o poder simbólico.
Da complexa teoria cuja primeira formulação coube a Moscovici (1978), destaco, para a análise feita
adiante, três postulados, apresentados aqui de maneira muito sucinta:4
a) Um mesmo objeto (elemento da realidade) pode ser — e, de fato, o é — representado de
formas distintas entre si. Isso deve-se ao que é apontado em b.
b) As representações sociais expressam não apenas características dos objetos representados,
mas, também, atributos dos sujeitos que representam (Moscovici, 1978; Leite, 2002): elaboradas por
estes, trazem em si as marcas de seu ser social (sua posição na sociedade, o momento histórico em que
vivem, a cultura a que se vinculam, o modo pelo qual representam outros objetos etc.).
c) Uma representação social é uma ―preparação para a ação‖ (Moscovici, 1978: 50): afeta as
práticas que os sujeitos desenvolvem relativamente ao objeto representado. Isso é de suma importância
no campo da Política Social: dependendo, por exemplo, de como se concebem a pobreza e os pobres,
serão desenhadas e implementadas políticas com características compatíveis com tais concepções
(Leite, 2008).

3
Dado o pouco espaço disponível, apresento aqui apenas os aspectos mais relevantes dessa análise.
4
De fato, a primeira característica da Teoria das Representações Sociais que caberia citar é que ela, em sua formulação
original, tem como objeto os saberes do senso comum, as formas de pensar próprias à vida cotidiana (Moscovici, 1978;
Leite, 2002). Porém, tem-se mostrado a aplicabilidade dos três postulados apresentados a seguir também no trato do
pensamento acadêmico (Bertolani e Leite, 2009; Carvalho e Leite, 2012).
3

Quanto à contribuição de Bourdieu (1989) para este trabalho, sublinho que, segundo esse autor, os
modos de nomear os elementos da realidade, interpretá-los, dar-lhes sentido — tudo isso acontece no
contexto de uma disputa pelo poder simbólico, na qual diferentes classes, frações de classes e grupos
sociais procuram impor uma definição do mundo social que seja acorde a seus interesses. A citação a
seguir mostra com clareza como o autor entende o poder simbólico:
[...] poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e de fazer crer, de confirmar ou de
transformar a visão de mundo e, desse modo, a acção sobre o mundo, portanto o mundo; poder quase
mágico que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física e econômica), graças ao
efeito específico da mobilização, só se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como arbitrário.
Isto significa que o poder simbólico não reside nos ―sistemas simbólicos‖ em forma de uma
―illocutionary force‖, mas que se define numa relação determinada — e por meio desta — entre os que
exercem o poder e os que lhe estão sujeitos, isto é, na própria estrutura do campo em que se produz e se
reproduz a crença. O que faz o poder das palavras e das palavras de ordem, poder de manter a ordem
ou de a subverter, é a crença na legitimidade das palavras e daquele que as pronuncia, crença cuja
produção não é da competência das palavras. [...] (Bourdieu, 1989: 14-15).
Munidos dessas ferramentas intelectuais, passemos à próxima sessão, em que abordo o modo pelo qual
o Banco Mundial concebe a pobreza.

A pobreza e os pobres segundo o olhar do Banco Mundial

A literatura pertinente à pobreza é profundamente controversa. Dentre os aspectos em relação aos quais
ocorrem as divergências, podem-se assinalar o conceitual, o referente às causas da pobreza e o
concernente aos critérios que definem qual parcela da população de uma sociedade deve ser
considerada pobre (Leite, 2002; Leite, 2008).
Portanto, embora a concepção de pobreza formulada pelo BM tenha, hoje, uma inegável influência em
todo o globo, ela é uma das várias interpretações do fenômeno.
Embora a pobreza já tivesse sido abordada em documentos do BM anteriores a 1990, o RDM daquele
ano é um marco divisório: é sua primeira publicação em que o tema ―pobreza‖ ganha destaque tão
acentuado e tratamento tão sistematizado, passando a estar, desde então, no centro de suas
preocupações.5 Isso não foi um acaso.
É nessa época que a agenda do ―combate à pobreza‖6 ganha a força que passou a ter na retórica
internacionalmente hegemônica. Também no mesmo período, preocupações mais ―sociais‖ e
―humanas‖ começaram a fazer-se presentes no discurso de diversos organismos internacionais, como a
ONU (Organização das Nações Unidas), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento). Assim, o primeiro Relatório sobre o Desenvolvimento Humano
do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), de 1990, volta suas preocupações
para as ―dimensões humanas do desenvolvimento‖ (Ugá, 2008: 123).

5
À entrada da sede do BM, em Washington, lê-se ―O nosso sonho é um mundo sem pobreza‖ (Santos, 2005a). ―O Banco
Mundial assumiu a missão de combater a pobreza com paixão e profissionalismo, colocando essa luta no centro de todas as
suas atividades [...]‖ (Banco Mundial, 2001: v).
6
A ideia de ―combate à pobreza‖, como forma específica de enfrentamento dessa condição social, surgiu no BM ainda
durante o período (1968-81) em que Robert McNamara estava à frente da instituição, ou seja, em plena Guerra Fria (Pereira,
2010).
4

Tudo isso, por sua vez, deveu-se, em larga medida, aos perversos efeitos sociais dos programas de
ajuste estrutural, arquitetados no Consenso de Washington e implementados pelo BM e pelo FMI,
tendo sido aplicados em países capitalistas periféricos que vinham enfrentando a chamada ―crise da
dívida externa‖, nos anos 1980. Dentre aqueles efeitos sociais, podem-se apontar o aumento do
desemprego, da informalidade e da precarização no mundo do trabalho, reduções salariais e
empobrecimento (Castro, 2008; Scherma, 2008; Ugá, 2008; Mauriel, 2008; Soares, 2003). O
agravamento das condições sociais, críticas vindas de diversas origens e o aumento significativo de
protestos em várias partes do mundo levavam à necessidade de novas formas de justificação da
realidade existente (Maranhão, 2009; Castro, 2008; Ugá, 2008).
Cabe, então, perguntar: no caso específico do BM, como a pobreza é concebida nos RDMs de 1990 e
2000-2001? Quais características lhe são atribuídas? Como são entendidos seus determinantes? Como
são vistos os pobres?
Devido à pequena dimensão deste trabalho, busco responder a essas perguntas da seguinte forma:
exponho sucintamente o modo pelo qual o BM concebe a pobreza em cada um daqueles dois
Relatórios,7 fazendo, em seguida, uma breve apresentação da análise pertinente.

. A pobreza no Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 1990

Lemos no RDM de 1990: ―Este Relatório define a pobreza como a incapacidade [inability] de alcançar
um padrão de vida mínimo.‖ (p. 26)8 Esse padrão é definido monetariamente, levando-se em conta o
consumo: ―o gasto necessário para adquirir um padrão mínimo de nutrição e outras necessidades
básicas e um montante adicional, que varia de país a país, e que reflete o custo de participação na vida
cotidiana da sociedade.‖ (p. 26) Isso posto, podem-se, então, estabelecer: uma ―linha de pobreza‖, que
separe os pobres dos não pobres; qual parte da população de uma sociedade é considerada pobre; e o
―hiato de pobreza‖ (poverty gap), correspondente à diferença entre a situação real de rendimento dos
pobres e o necessário para que eles ―saiam‖ da pobreza, isto é, o que lhes ―falta‖ para ultrapassarem a
linha de pobreza (p. 26-29).
Apesar daquela conceituação, presente mais ou menos no início do Relatório de 1990, um aspecto
destaca-se nesse documento: parte fundamental da discussão dá-se em relação ao que é apresentado
como ―características dos pobres‖, bem como a partir dessas características. A justificativa para tanto:
governos que buscam reduzir a pobreza ou avaliar como ela é afetada por suas políticas econômicas
precisam ―saber muito sobre os pobres‖ (p. 29).
Duas dessas características são apresentadas como explicativas da situação em que os pobres se
encontram. Explica-se que eles são incapazes de alcançar um ―padrão de vida mínimo‖ devido à
carência de recursos (ou ativos) (assets) e à falta de oportunidades (p. 3, 31 et seqs. e passim). Se essas
duas carências são causas da incapacidade que caracteriza a pobreza, a primeira leva à segunda: ―A
propriedade de ativos afeta diretamente as oportunidades de [obtenção de] renda.‖ (p. 32)
Sobre a falta de ativos, o seguinte trecho reforça a ideia de que o foco deve estar em como os pobres
são: ―Os pobres usualmente carecem tanto de recursos [ou ativos] quanto de rendimentos.‖ (p. 31)
Quais seriam tais recursos? Basicamente, terra, no meio rural, e capital humano, no meio urbano (p. 31-
33 e passim). No RDM de 1990, não há qualquer menção a Schultz, mas é evidente a influência, ali, de

7
Nessa exposição, indico, relativamente a cada informação apresentada, apenas a(s) página(s) em que ela é encontrada no
RDM correspondente.
8
São minhas as traduções dos trechos aqui reproduzidos do Relatório de 1990.
5

sua ―teoria do capital humano‖. A ênfase, de qualquer modo, recai em aptidões ou habilidades (skills),
geralmente vinculadas à educação, e saúde, das quais os pobres carecem (p. 32).
Podemos, então, considerar que, no RDM de 1990, o pobre é entendido como aquele que, no âmbito do
consumo, é incapaz de atingir um padrão de vida mínimo, isso ocorrendo porque lhe faltam recursos
(assets) e, portanto, oportunidades de obtenção de renda.
Vale notar que, no Relatório de 1990, a pobreza é explicada por duas ―características dos pobres‖ —
suas carências de recursos e de oportunidades —, mas tais carências não são, elas mesmas, explicadas.
Poder-se-ia dizer que, aos olhos do BM, os pobres são assim (carentes desses elementos). Nesse
Relatório, não há uma discussão sobre o assunto: não se apresentam fatores externos aos próprios
pobres que determinem aquele modo de ser.
Mencionam-se, ainda, diversas outras ―características dos pobres‖, igualmente não acompanhadas de
explicações causais. Cito três:
―Os pobres têm poucas oportunidades para adquirir seguro e não são capazes de usar crédito e
economias [savings] para melhorar sua capacidade de enfrentar riscos ou tornar-se empreendedores.‖
(p. 36)
―Quando os pobres possuem terra, ela é improdutiva e frequentemente encontra-se fora de áreas
irrigadas. Os pobres usualmente são incapazes de melhorar tais terrenos, pois carecem de rendimentos e
acesso ao crédito.‖ (p. 32)
―As famílias mais pobres são as mais vulneráveis e as menos capazes de proteger-se das
contingências.‖ (p. 47)
Retenhamos o essencial: no Relatório de 1990, a temática da pobreza é abordada com ênfase nos
sujeitos dessa condição social e são apresentadas ―características‖ destes, sublinhando-se suas
―carências‖ e ―incapacidades‖, mas sem as devidas explicações causais, que fossem além da realidade
imediata vivida pelos próprios pobres.

A pobreza no Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2000/2001

No RDM de 2000/2001, afirma-se que não há uma ruptura com o Relatório de 1990, mas uma
―abordagem mais ampla‖ (p. 15), ―multidimensional‖ (p. 12):
―Este relatório aceita a visão tradicional da pobreza (refletida, por exemplo, no Relatório sobre o
Desenvolvimento Mundial, 1990), que abrange não apenas a privação material (medida segundo um
conceito adequado de renda ou consumo), mas também um baixo nível de educação e saúde. [...]. Este
relatório também amplia a noção de pobreza, nela incluindo a vulnerabilidade e a exposição a riscos,
assim como a falta de influência e poder. (p. 15)
Ali, a pobreza é entendida como ―privação acentuada de bem-estar‖ (p. 15) — ―privação múltipla‖ (p.
1), pois ocorre em três ―dimensões‖: ―Falta de renda e de recursos para atender necessidades básicas:
alimentos, habitação, vestuário e níveis aceitáveis de saúde e educação‖; ―Falta de voz e de poder nas
instituições estatais e na sociedade‖ e ―Vulnerabilidade a choques adversos, combinada com uma
incapacidade de enfrentá-los‖ (p. 34). Considera-se que tudo isso restringe ―severamente o que
Amartya Sen9 chama de ‗capacidades inerentes à pessoa, ou seja, as liberdades substantivas de que
desfruta para levar a vida que ela prefere‘.‖ (p. 15)

9
Sen, Amartya, Development as Freedom, Nova York: Knopf, 1999.
6

Não por acaso, a primeira carência citada acima é a de ―renda‖. O critério monetário na definição de
pobreza, presente no RDM de 1990, mantém-se aqui e, na prática, continua sendo o elemento
fundamental para estabelecer a distinção entre pobres e não pobres, as demais ―dimensões‖ tendo,
então, papel complementar.
―Um instrumento essencial no desenvolvimento de medidas de pobreza de renda e de consumo é a
linha de pobreza:10 o limite crítico de renda ou consumo abaixo do qual um indivíduo ou um domicílio
é considerado pobre.‖ (p. 18)
Ainda assim, se a pobreza é pensada de modo multidimensional, o RDM de 2000/2001 propõe que o
melhor modo de buscar suas causas ―é raciocinar em termos de recursos, dos seus rendimentos (ou da
sua produtividade) e da volatilidade dos rendimentos.‖ (p. 34)
Os recursos de que carecem os pobres são variados: ―recursos humanos, como capacidade de trabalho
básico, as aptidões e a boa saúde‖ (o que, em inúmeras outras passagens do documento, é chamado
―capital humano‖, tal como no RDM de 1990), ―naturais, como a terra‖, ―físicos, como o acesso à
infra-estrutura [sic]‖, ―financeiros, como a poupança e o acesso ao crédito‖ e ―sociais, como as redes
de contatos e obrigações recíprocas a que se possa recorrer em tempos de necessidade, e influência
política sobre os recursos‖ (p. 34). Este último tópico é chamado, numa grande quantidade de outros
trechos do Relatório de 2000/2001, de ―capital social‖,11 evidenciando-se a influência da teoria
pertinente formulada por James Coleman.
Os rendimentos possibilitados por esses recursos dependem de vários fatores, como acesso aos
mercados, influências (locais, nacionais e globais) que tais recursos sofrem nos mercados e o
―desempenho das instituições estatais e sociais‖, sendo aqui citadas, entre outros tópicos,
―discriminações‖ e políticas públicas e intervenções estatais ―moldadas pela influência política de
diferentes grupos‖ (p. 34).
Por fim, a ―volatilidade‖ de tais rendimentos ―resulta de flutuações de mercado, condições
meteorológicas e, em certas sociedades, da turbulência de condições políticas.‖ (p. 34)
A pobreza é pensada, pois, em dois âmbitos: de um lado, o dos pobres, suas carências, as limitações de
seus rendimentos, a volatilidade destes, sua ―vulnerabilidade‖; de outro, as instituições, consideradas,
sobretudo, pelas limitações que trazem aos pobres. Considera-se, por exemplo, que a ―falta de voz e de
poder‖ dos que vivem na pobreza resulta, em parte, das instituições estatais, marcadas pela falta de
―sensibilidade‖ e de ―responsabilidade‖ frente aos pobres (p. 29).12
Porém, tal como no RDM de 1990, faltam explicações causais para a existência da pobreza. Não há, no
Relatório de 2000/2001, um porquê de os pobres terem poucos recursos, situação que, segundo o
documento, parece ser o principal fundamento da pobreza, em suas várias dimensões. Novamente,
explicações que fossem além da vida imediata dos pobres, abarcando características da sociedade
inclusiva, não existem ou são frágeis. Assim, mesmo quando se afirma, por exemplo, que os pobres
sofrem ―grosserias, humilhações, vergonha, tratamento desumano e exploração, infligidos pelas
instituições do Estado e da sociedade‖ (p. 36), não temos exatamente uma relação de causalidade: o
Estado e ―a sociedade‖ (como se os pobres não fossem parte desta ...) agem assim com quem já é
pobre. A origem do problema, mais uma vez, parece estar, em última análise, nos próprios pobres.

10
Nesse Relatório, são muitas as menções a linhas de pobreza estabelecidas monetariamente. Além disso, o BM divulga,
periodicamente, dados sobre a magnitude da pobreza mundial valendo-se desse critério. Por fim, o RDM de 2000/2001
reconhece focalizar, em particular, ―as múltiplas privações por que passam os pobres de renda.‖ (p. 21)
11
―As normas e redes sociais são uma forma importante de capital que as pessoas podem usar para sair da pobreza.‖ (p. 10)
12
A pouca ―voz‖ e o pouco ―poder‖ dos pobres resultam também de eles serem ―destituídos de bens materiais‖ (p. 36).
7

Esse é um ponto que não se pode negligenciar quando se considera que, no Relatório de 2000/2001,
repete-se uma caracterização dos pobres já presente no RDM de 1990: eles são marcados pela carência
(neste caso, em diversas dimensões) e pela incapacidade.13 O modo de ser dos pobres ganha destaque
também a partir da consideração de que, devido às diversas privações que enfrentam, têm fortemente
restringidas as ―capacidades inerentes à pessoa‖, isto é, as ―liberdades substantivas‖ (como entendidas
por Sen), vivendo sem a ―liberdade fundamental de ação e escolha‖ (p. 1).

Análise da concepção de pobreza formulada pelo Banco Mundial

A concepção de pobreza formulada pelo Banco Mundial é informada pelo ―pressuposto da falta‖ (Sarti,
2005: 36). O que isso significa?
A pobreza é, sem dúvida, fortemente caracterizada carência. Porém, se considerarmos apenas tal
aspecto, pensaremos aquela condição social e os pobres tendo ―a falta como referência‖ (Sarti, 2005:
36) — única, aliás. Mas a realidade pertinente vai além disso. Os pobres não são seres passivos. São
sujeitos: agem sobre o mundo; pensam sobre sua ação, sobre o mundo, sobre quem age com eles e
como eles, sobre os ―diferentes‖; convivem; organizam-se no âmbito familiar e, por vezes, fora dele;
estabelecem estratégias de sobrevivência; produzem valores e normas.
Levando em conta como os pobres são, pensam e atuam — uma dimensão da realidade que vai além da
falta —, estaremos considerando a ―positividade concreta‖ da pobreza e dos pobres (Sarti, 2005: 36).
Dados já apresentados evidenciam que essa dimensão é praticamente ausente dos RDMs de 1999 e
2000/2001. Ademais. neste último, aparecem em profusão os substantivos ―falta‖ e ―carência‖, os
verbos ―faltar‖ e ―carecer‖ e outros termos e locuções que denotam ideias similares, havendo situação
idêntica com os vocábulos e locuções correspondentes em Inglês, no Relatório de 1990.
Essa não é uma questão secundária, considerando-se a influência mundial do BM nos âmbitos analítico
e normativo, no que tange à pobreza. Vimos que, segundo a Teoria das Representações Sociais, o modo
pelo qual se representa um objeto é uma ―preparação para a ação‖. Se os pobres são (ou tendem a ser)
vistos como ―não sujeitos‖ — fracos e impotentes — e sua realidade é pensada a partir do pressuposto
da falta, caminha-se a passos largos para considerar que eles precisam de ajuda e auxílio, e ―não
estratégias [...] e ações práticas que possam contribuir para que conquistem direitos.‖ (Leite, 2008: 93)
E há, de fato, forte presença, nos Relatórios de 1990 e 2000/2001, dos termos ―help‖ (substantivo e
verbo) e ―ajuda‖/―ajudar‖, respectivamente.
Em consonância com essa visão, a pobreza, nos Relatórios analisados, é usualmente associada a
―incapacidade‖, como já mencionado. Ressalto, aqui, que, no RDM de 1990, e em referência aos
pobres, os termos ―able‖ e ―ability‖ aparecem com muita frequência em asserções negativas, enquanto
―unable‖ e ―inability‖, em asserções positivas. Dá-se o mesmo, no Relatório de 2000/2001, com
―capaz‖ e ―capacidade‖, de um lado, e ―incapaz‖ e ―incapacidade‖, de outro.
Por que o BM tem essa concepção de pobres e de pobreza? Já vimos que o modo pelo qual um objeto é
pensado expressa atributos tanto do próprio objeto quanto do sujeito que representa. Naquela
concepção, fazem-se presentes elementos da realidade da pobreza e dos pobres, mas, também,
características do ser social de quem, ali, pensa sobre tal condição social e seus sujeitos. Comparecem,
por exemplo, algumas das formas hoje hegemônicas de pensar a realidade: o primado do indivíduo, a

13
Eis alguns exemplos: os pobres são ―incapazes de acumular suficientes ativos para sair da pobreza‖, ―incapazes de obter
seguro privado‖, ―menos capazes de administrar o risco‖, ―não são capazes de acumular suficientes bens‖ (p. 151, 182, 20 e
153).
8

relevância do mercado (entendido como instância máxima de regulação da vida social), a visão da
pobreza e dos pobres a partir do pressuposto da falta etc.
Portanto, ainda que as produções do BM tragam a marca dos cânones científicos, não deixam de
expressar atributos ―ideológicos‖ de seus elaboradores. A secular consideração dos pobres como sendo,
no limite, não sujeitos (Leite, 2002) é reposta em novas bases. Eles são os incapazes: de atingir um
―padrão de vida mínimo‖, de enfrentar ―riscos‖ e ―choques adversos‖, de acumular ―ativos‖ para sair
da pobreza, de ter ―liberdades substantivas‖ etc.
Isso permite não considerar (ao menos em toda a sua amplitude) os determinantes sociais e históricos
da pobreza. Nos RDMs analisados, não há referências à produção da pobreza. As ―características dos
pobres‖, tão enfatizadas sobretudo no RDM de 1990, e que são fruto dos processos de reprodução da
sociedade inclusiva, aparecem reificadas, sem vínculos com tal organização social e com a história.
Abstraídos tais determinantes, abre-se caminho para a individualização e a naturalização da pobreza.
Na verdade, os RDMs em análise tratam, muito mais do que da pobreza enquanto condição social, do
indivíduo pobre, daquilo que o caracterizaria e das supostas relações entre tais características e o fato
de ele ser pobre. Já aquela naturalização evidencia-se, por exemplo, no modo pelo qual se entende a
carência de recursos enfrentada pelos pobres: substantivam-se, como supostos ―capitais‖, a
competência (skill), a saúde, as redes sociais de que participam os indivíduos — ―capital humano‖,
―capital social‖. Todos têm — ou podem vir a ter — capital. Desapareceram as relações sociais
capitalistas. Como também desapareceram os determinantes da ―nova pobreza globalizada‖, como a
chama Santos (2005b: 35): o ―desemprego‖, ―a destruição de recursos naturais‖ e — atendendo aos
ditames neoliberais — a ―minimização dos custos salariais à escala mundial‖.
As propostas para o enfrentamento da pobreza não têm, pois, razão para afetar a forma vigente de
organização social nem sua configuração atual, o capitalismo neoliberal e globalizado — tudo isso
também naturalizado, porque inelutável:14
―O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 1990 propunha uma estratégia dupla: promover o
crescimento com uso intensivo de mão-de-obra [sic] mediante abertura econômica e investimento em
infra-estrutura [sic] e proporcionar serviços básicos de saúde e educação para os pobres.
Nos anos [19]90, o governo e as instituições passaram a ocupar o centro do debate, ao lado das
questões de vulnerabilidade no âmbito local e nacional. Este relatório [2000/2001] baseia-se nas
estratégias anteriores, tendo em vista a experiência acumulada na última década e o novo contexto
global. Propõe uma estratégia para atacar a pobreza em três frentes: promover oportunidades, facilitar a
autonomia e aumentar a segurança.‖ (Banco Mundial, 2001: 6)
Há pouco, fiz menção ao que Santos (2005) chama ―nova pobreza globalizada‖. Aquele pequeno trecho
mostra, pelo menos, duas diferenças importantes frente à concepção de pobreza formulada pelo Banco
Mundial: a pobreza tem historicidade, apresentando características específicas segundo a situação
vigente; seus determinantes devem ser buscados na estrutura da sociedade em que se apresenta.
Esse é um dos muitos exemplos que poderiam evidenciar a ampla diversidade de modos de conceber a
pobreza. Isso significa que a concepção formulada pelo BM insere-se num conjunto maior. Mas este
conjunto é palco de uma disputa pela definição de quais concepções terão preponderância na sociedade:
uma disputa pela imposição de sentidos na vida social. Em outros termos, também aí ocorre uma
competição por aquilo que Bourdieu denomina poder simbólico, por meio do qual se busca ―confirmar

14
―Na maioria das situações, as realidades políticas proíbem que reformas se distanciem muito do status quo.‖ (Banco
Mundial, 1990: 64)
9

ou [...] transformar a visão de mundo e, desse modo, a acção sobre o mundo, portanto o mundo‖
(Bourdieu, 1989: 14).
Já vimos que o RDM de 1990 foi formulado num contexto de questionamentos das formas de gestão da
sociedade que vinham sendo aplicadas em muitos países capitalistas periféricos, nos anos 1980, em
resposta à ―crise da dívida‖. Para a reprodução do poder vigente, exigiam-se novas formas de
legitimação da realidade, aí incluída a presença de maiores preocupações ―sociais‖ e ―humanas‖ no
discurso de diversos organismos internacionais. O tratamento aprofundado e sistematizado que a
pobreza então recebe, no Relatório de 1990, insere-se num amplo conjunto de reações àqueles
questionamentos, envolvendo diversas instituições internacionais.
Até o momento, tais reações vêm sendo, no fundamental, exitosas na disputa pelo poder simbólico. À
concepção de pobreza formulada pelo BM, por exemplo, têm-se aderido características que a habilitam
a tanto. Seu caráter crescentemente ―consensual‖ é causa e consequência de que se ignora, cada vez
mais, seu cunho arbitrário: no plano do pensamento, tende a desaparecer o processo de produção
daquela concepção, como uma dentre várias. Os enunciados que a constituem naturalizam-se mais e
mais: a pobreza é assim, ela existe devido a fatores X, o modo de combatê-la é Y. A representação
tende a confundir-se com o objeto representado. Assim, o BM, ao lado de outras instituições
congêneres, tem conseguido ―constituir o dado pela enunciação, [...] fazer crer e [...] fazer ver‖
(Bourdieu, 1989: 14). Contribui para a ―crença na legitimidade das palavras e daquele que as
pronuncia‖ (Bourdieu, 1984: 15) o fato de as produções do BM serem marcadas pelos cânones do
pensamento acadêmico (Ugá, 2008: 121; Mauriel, 2008: 216).15
Não é sem razão que, na atualidade, pode-se falar, em referência à pobreza, num duplo processo de
homogeneização mundial: quanto ao modo de representá-la e quanto às medidas para enfrentá-la. Sobre
o primeiro tópcio, Ugá (2008: 120) refere-se à ―emergência do discurso internacional sobre a pobreza‖;
sobre o segundo, Mauriel (2008: 121 et seqs.) remete à ―internacionalização do combate à pobreza‖.
Pode-se dizer, enfim, que o BM alimentou — e alimentou-se do — processo mencionado na citação a
seguir, com que quase concluo este trabalho: ―o neoliberalismo se tornou hegemônico como
modalidade de discurso e passou a afetar tão amplamente os modos de pensamento, que se incorporou
às maneiras cotidianas de muitas pessoas interpretarem, viverem e compreenderem o mundo.‖ (Harvey,
2011: 13)
Porém, esse processo tampouco deve ser naturalizado nesta análise.

Referências

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Bourdieu, Pierre, O poder simbólico, Lisboa: DIFEL/Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.

15
Já vimos, porém, que tais produções expressam elementos ―ideológicos‖. Além disso — e também conforme já
mencionado — a influência internacional do BM guarda relações com seu caráter de maior provedor de recursos para o
enfrentamento da pobreza.
10

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