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Teoria Geral do Direito Civil

Aula Teórico-Prático
03/04/2019
Caso prático n.º 36
António quer pintar a sua casa. Para o efeito pede orçamentos às firmas “Sempre
Tinta” e “Troca-tintas”. Depois de ter analisado os mesmos, decide entregar os
trabalhos à firma “Troca-tintas”. Escreve a respetiva carta em que entrega a
execução dos trabalhos de pintura, mas, por lapso, dirige-a à firma “Sempre Tinta”.
O lapso é descoberto no mesmo dia e, de imediato, António envia em telegrama à
firma “Sempre Tinta” para desfazer o equívoco. O telegrama chega na manhã
seguinte às mãos do gerente, antes de ser retirada a correspondência da caixa de
correio onde, entretanto, já tinha sido depositada a carta de António.
a) Diga se a conclusão de um contrato é possível?
Para que haja a conclusão de um contrato é necessário que hajam duas declarações
negociais (proposta e aceitação), ambas têm que ser intempestivas...
Efeito do artigo 224°.
Aqui o A queria arranjar uma firma para que fosse pintar a sua casa, o A quando
pede o orçamento as duas firmas, esse pedido trata-se de um convite a contratar: há
uma amostra de disponibilidade para celebrar o contrato, mas ainda não há a
intenção de se vincular juridicamente a alguma das firmas, já que não há vontade
contratual. Essa fase também é uma fase de negociações. O convite a contratar por
não está regulado no Código Civil.
Aqui falta desde logo a vontade de se vincular, entretanto, ao dirigir-se por carta
decidido a entregar os trabalhos de pintura a uma firma. A proposta deve ter:
firmeza, suficiência e completude.
A proposta contratual tem que exprimir a vontade séria e inequívoca de contratar
nos moldes expostos, incluir todas as matérias que devem ficar estipuladas no
contrato. Nesse caso A manifestou a sua vontade, não deixa de ser uma proposta
contratual, apenas errou a firma, a vontade está viciada, mas há vontade.
Temos uma proposta contratual, e para ela ser eficaz, é necessário quando chegam
ao poder (entrar na esfera juridica do destinatário) ou quando é conhecida por ele
efetivamente. Artigo 224°.
Ainda não temos uma proposta eficaz, só temos a proposta. António ao se aperceber
do problema, envia um telegrama a dizer do lapso para a firma, i.e, há uma
revogação ou retratação da proposta contratual.
Artigo 230°, n°1: é irrevogável depois de ser por ele conhecida (ou seja, depois de se
tornar conhecida).
No n°2, para que haja a retratação (significa que a proposta fica sem efeito), é
necessário que a retratação chegue antes ou ao mesmo tempo da proposta
contratual, não foram criadas quaisquer expectativas.
- ‘‘Quando que a carta ganhou eficácia?’’
- Quando chega a carta de correio, ou seja, quando chega a esfera de poder. Apesar
de não haver conhecimento efetivo, se há condições de entender (234°, n°1, primeira
parte).
- Se considerarmos que o telegrama foi enviado antes do horário de trabalho da
firma.
- Se considerarmos que o telegrama foi enviado depois do horário de trabalho,
parece que essas chegam ao conhecimento ao mesmo tempo, e por isso podemos
revogar nos termos do artigo 230°, n°2
- Naquelas situações em que a proposta contratual já se ser eficaz, mas o
conhecimento efetivo ser da retratação, há um alargamento do artigo 230°, n°2.
- Se em primeiro lugar se teve conhecimento efetivo da retração, a proposta é
destruída pela retração, logo desde aqui não há nada que aceitar, então não há
conclusão do contrato.

b) Quid iuris se o telegrama tivesse chegado às mãos do gerente depois de este ter
lido a correspondência que se encontrava depositada na caixa de correio?

Caso prático n.º 37


O importador, Paco, residente em Lisboa, dirige ao negociante grossista, Silva, em
Castelo Branco, o seguinte fax: “Ofereço 30 toneladas de banana ao preço de 2
000 euros por tonelada. Peço resposta imediata”. O fax dá entrada às 23h, não se
encontrando no escritório o negociante Silva. Durante o jantar, Paco fica a saber
que o preço das bananas irá subir. Na manhã seguinte, envia o mais cedo possível
um segundo fax a Silva, com o seguinte conteúdo: “Não posso manter o preço, o
qual passará para 2 500 euros”. Ao chegar à hora habitual ao escritório, Silva toma
conhecimento dos dois faxes. Imediatamente dirige um fax a Paco, dizendo:
“Aceito o fornecimento de 30 toneladas de bananas ao preço de 2 000 euros por
tonelada”. Paco terá de fornecer as bananas ao preço de 2 000 euros?
Temos uma proposta contratual, há uma vontade do Paco se vincular juridicamente
ao Silva. O momento em que Paco envia o fax, significa o momento da proposta
contratual expressa.
Entretanto, há de se mencionar que uma proposta contratual torna-se eficaz quando
chega ao poder, ou é por ele reconhecida.
Por via do horário, a proposta não está em condições de poder ser por ele conhecido.
A proposta deve ser enviado no seu horário de funcionamento. Artigo 224°.

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