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Menos é mais – menos ansiosos, mais alegres

Mt 6. 25-33

Excesso é uma palavra que ajuda a definir o comportamento humano no século 21! Parece
que para a maioria das pessoas o muito nunca é o bastante e quanto mais acumularmos,
quanto mais adquirirmos, quanto mais crescermos profissionalmente, quanto mais dinheiro
tivermos, quanto mais relacionamentos tivermos, quanto mais tantas coisas pudermos ter ou
pudermos ser, mais felizes seremos! Isto é o que se vende!

Em meio a esta frenética correria pelo mais e em especial agora no inicio de ano, quando
idealizamos os nossos projetos e as nossas metas para o ano, eu quero refletir a palavra de Deus
com os irmãos e irmãs, a partir de alguns princípios extraídos deste livro: Menos é mais: o que
Jesus ensinou, mas insistimos em não entender.

Li este livro do pastor Andre Botelho e fiquei impressionado com a profundidade do


conteúdo na simplicidade e objetividade do autor. Este livro me fez refletir muito em alguns dos
meus comportamentos enquanto ser humano, também envolvido, como parte desta engrenagem
frenética que nos obriga a agir e nos comportar como a maioria das pessoas, sempre desejando
mais para sermos mais felizes.

É tempo de acendermos a luz de emergência! Em muitos aspectos, o modo de vida na


pós-modernidade tem minado a nossa saúde e para utilizar as palavras do Andre, o muito nos
prometeu a felicidade, mas não conseguiu entregá-la! E na busca pelo muito nos percebemos
cansados, exauridos e sem saber o que fazer!

Menos é mais! E nesta noite gostaria que você refletisse comigo a partir deste sub-tema:
menos ansiosos, mais alegres! Porque a ansiedade mina a nossa alegria, pois na ansiedade, não
conseguimos viver em paz e da melhor forma possível o nosso presente. Alias para o ansioso, o
presente nunca é o tempo ideal, pois o tempo ideal está no futuro quando ele conseguirá resolver
os seus problemas ou adquirir o que se deseja!

O texto bíblico nos fala da ansiedade quanto a comida e quanto a bebida! Ansiedade que
para Jesus revela a desconfiança que o ser humano tem do Deus provedor que cuida dos
pássaros, que cuida das plantas e que cuida de toda criação! Mas em o nosso contexto...

1) Não só da preocupação com a comida e com a bebida se alimenta a nossa


ansiedade! (foto)

Jesus conhecia profundamente as necessidades e as inquietações que causavam


ansiedade em seus ouvintes. E podemos dizer que no topo das necessidades e inquietações
estavam essas questões básicas como a alimentação e a vestimenta!
Por certo, irmãos e irmãs, essas questões não deixaram de ser a nossa preocupação
também. Quem já passou fome, sabe como é ruim contemplar a dispensa vazia e por certo não
deseja isso. Quem já passou frio por privação de não ter com o que se vestir, não deseja isso!
Mas em nossos dias a ansiedade é também alimentada pelo desejo de termos sempre mais!

Vivemos uma espécie de ansiedade existencial, o que outros chamam de ansiedade do


consumo, quando apenas diante da aquisição de algo é que nos sentimos temporariamente
satisfeitos, até que a fome de consumo ataca novamente e temos a necessidade de continuar
adquirindo. O vendedor me convenceu de que o meu celular era o melhor, mas quando fui
mostrar para o meu irmão, ele me apresentou outro melhor e disse que o meu já estava fora da
moda! (kiko e chaves)

A ansiedade se volta para o futuro e não nos permite viver em paz o presente! A ansiedade
nos convence que temos de alguma forma que garantir o amanhã e enquanto não o garantimos
não conseguiremos dormir em paz!

E aplicando este conceito da ansiedade, ao que estamos chamando de ansiedade


existencial e ansiedade do consumo - Eu preciso garantir que amanhã mais pessoas curtirão as
minhas fotos! Eu preciso garantir que amanhã eu farei parte de determinado grupo! Eu preciso
garantir que amanhã eu terei o melhor e eu serei o melhor! E nesta busca por felicidade vamos
adquirindo tudo que julgamos precisar e sem nos darmos conta, como afirmou Dietrich
Bonhoeffer: “a ansiedade adquire tesouros e os tesouros produzem ansiedade”.

Vamos pensar por alguns minutos irmãos e irmãs! Será que nós somos consumistas ao
ponto de nunca nos satisfazermos com aquilo que possuímos? Quando estamos prestes a
adquirir algo, qual é a pergunta que faz parte do nosso vocabulário: Eu preciso ou eu quero?

Nós estamos mergulhados numa sociedade geradora de ansiedade e é preciso que


façamos uma analise pessoal para que saibamos dizer para nós mesmos se numa proporção
maior ou menor somos influenciados por esta sociedade e se vivemos esta ansiedade que ocupa
o nosso ser não deixando espaço para a alegria! Em nosso contexto...

2) A ansiedade é inimiga da contemplação e do contentamento

A ordem de Jesus para os seus ouvintes e dentre eles, muitos ansiosos, era para que
olhassem as aves do céu e neste exercício de contemplação pudessem deixar de olhar um pouco
para si mesmos. A contemplação se dá quando paramos, observamos e refletimos! Neste
exercício espiritual somos desafiados a deixarmos de olhar para o nosso umbigo, reconhecendo
que não somos o centro do universo e somos encorajados a percebemos o cuidado de Deus para
com toda a criação!
Neste sentido, a contemplação é um exercício sempre necessário, “parar, observar e
refletir”, porque a falta de percepção do cuidado de Deus em todas as áreas da nossa vida é que
nos leva a experimentar as diferentes formas de ansiedade em nosso contexto e a insatisfação
que não nos permite viver contentes com aquilo que temos!

Prestem atenção nestas duas frases: “felicidade é querer aquilo que se tem” (Francine Jay)
e “é rico aquele que sabe que tem o suficiente” (Laozi – filosofo Chinês). Estas frases nos
ensinam a respeito do contentamento!
E o contentamento só pode ser alcançado por meio da contemplação! Quando paramos,
observamos e refletimos o modo de vida despretensioso das aves que dependem exclusivamente
do criador, somos desafiados e encorajados a vivermos também de forma despretensiosa e
contente!
Somos desafiados e encorajados a não mais vivermos para agradarmos a quem quer que
seja, para preenchermos um requisito social, para fazermos parte de um grupo, para
conquistarmos algo para que tão somente após estes objetivos estabelecidos alcancemos a
felicidade! Não! Felicidade é querer aquilo que se tem! Feliz somos quando descobrimos que
temos o suficiente!
Contemple a provisão de Deus! Deus prove alimentação! Deus prove vestimentas! Deus
prove saúde! Deus prove o despertar de um novo dia! Deus prove amigos verdadeiros! Deus
prove as coisas necessárias para vivermos com dignidade. Se reconhecermos a provisão de
Deus, temos então o desafio de não nos deixarmos seduzir pelo consumismo que gera ansiedade
e pela ansiedade que gera consumismo e experimentarmos o contentamento! É Preciso que...

3) Rompamos com o ciclo que gera ansiedade e abracemos o ciclo da alegria!

E é na busca pelo reino de Deus que encontramos alegria e nos despedimos da


ansiedade, que nos despedimos de um ciclo e abraçamos outro! Porque o reino de Deus é um
reino diferente do reino humano, alias, os discípulos de Jesus que estavam numa ansiedade
vivencial, numa ansiedade de serem alguma coisa para obterem respeito, chegaram para Jesus
certa ocasião e disseram o seguinte: permita que em teu reino, nos assentemos uma a sua direita
e outro a sua esquerda! Qual foi a resposta de Jesus a estes dois discípulos!?
No reino do mundo, os governantes querem destaque, querem ser servidos! Mas nos reino
de Deus a lógica deve ser completamente contraria a lógica do mundo. No reino de Deus
prevalece a lógica do serviço! Em outras palavras, poderíamos dizer: “abandonem esta lógica do
poder que não traz alegria verdadeira e abracem o reino de Deus que é um reino de amigos!
Um reino onde pessoas diferentes se aceitam e convivem juntas na mesma convicção, na
mesma fé no Deus provedor que ama a criação, que cuida da criação e que nos ensina amar uns
aos outros!
O ciclo da ansiedade é rompido quando os valores do reino de Deus passam a fazer parte
da nossa vida!
O ciclo da ansiedade é rompido quando a fé no Deus provedor supera o senso de auto-
suficiência presente no ser humano! O ciclo da ansiedade é rompido quando ao invés de
desejarmos adquirir, descobrimos a alegria de doar e de compartilhar o que temos com aqueles
que nada possuem! O ciclo se rompe, quando não nos deixamos induzir pela aquisição do que
não precisamos e descobrimos a alegria de ter menos, de ter o que realmente precisamos e de
valorizamos o que temos!

Conclusão

Talvez irmão e irmã, esta palavra não se aplique a você, não sei! Talvez diante de tudo o
que foi dito, você chegue a conclusão de que não é, em nenhum dos aspectos apresentados uma
pessoa existencialmente ansiosa, um ansioso do consumo!
Se este for o seu caso, tome esta palavra como prevenção! Tome esta palavra como
cuidado de Deus que quer te privar de uma síndrome do nosso tempo! Mas se porventura, de
alguma forma você se identifica, você reconhece que vive ansiosamente tentando cumprir um
protocolo, tentando adquirir compulsivamente aquilo que não precisa, na esperança de se
satisfazer!
Se porventura você tem carregado o fardo da ansiedade e já não consegue viver em paz!
Já não consegue apesar de tudo o que possui encontrar felicidade, ouça o convite de Jesus
dizendo: “vinde a mim, pois o meu fardo é leve e o meu jugo é suave”. Contemple o cuidado de
Deus e viva em contentamento! Quebre o ciclo que gera ansiedade e encontre a felicidade em
Deus e no seu reino de amor, que é reino de amigos, e não nas coisas que se pode ter.
Que Deus assim nos ajude e nos abençoe!

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