Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mitos e Símbolos em Mensagem
Mitos e Símbolos em Mensagem
135562
Escola Sede: Escola Secundária André de Gouveia
Ficha Informativa
O homem tem de vencer muitos perigos, necessitando de grande coragem. Para se prosseguir
nesta aventura é preciso vencer o medo e os obstáculos que o mar oferece. O mar foi um mistério a
desvendar. O mar contém o reflexo do céu e nele se espelha a divindade.
Terra- aparece como uma projeção do céu e representa o seu principio passivo pois funciona
como recetáculo da vontade de Deus. Mas a terra é também um espaço de recompensa; é o porto de
abrigo que espera os portugueses.
Símbolo passivo e feminino, simboliza a função maternal.
A Ilha - metonimicamente associada à terra, a ilha concentra, porém, de forma enfática, alguns
dos seus aspetos simbólicos.
Pelo seu difícil acesso, ela representa um centro espiritual e primordial. Com efeito, é
necessária sabedoria e passar por algumas provações (é o caso dos navegadores portugueses) para a
alcançar. Local paradisíaco, onde impera a paz. Surge como uma recompensa, como uma conquista,
como um prémio merecido, após as tormentas. A ilha significa a promessa de felicidade na terra.
Campo - "Os Campos" é o título atribuído por Fernando Pessoa a primeira parte dos poemas
incluídos em "Brasão". Este espaço adquire aqui a mesma simbologia da terra, enquanto princípio
passivo, que permite a ação. Encontramos igualmente, neste contexto, a ligação do campo à
dominante feminina, ou seja, trata-se de um espaço de vida, associado à fecundidade e ao alimento -
a obra realizada pelo povo português é, também, sinónimo de vida.
As Quinas - são o símbolo das chagas de Cristo, o Deus feito homem, o Filho eleito. Cristo é a
imagem do sofrimento, para atingir a redenção dos pecados humanos, isto é, é Aquele que eleva o seu
lado espiritual a uma dimensão que supera a condição humana, lutando por um Destino que se situa
para além da Compreensão dos homens e dos seus desejos vãos"'. No terceiro bloco da primeira parte,
intitulado "As Quinas", encontramos os poemas 'D. Duarte, Rei de Portugal', "D. Fernando, infante de
Portugal", "D. Pedro, Regente de Portugal", "D. João, Infante de Portugal" e "D. Sebastião, Rei de
Portugal". Todas estas figuras históricas são apresentadas como seres cumpridores de um desejo de
Deus, realizado através das suas próprias vidas. Elas unificam a "febre do Além' e são parcelas da
essência divina depositada na alma humana.
O Castelo- "O dos Castelos" é o título do primeiro poema da obra Mensagem. A simbologia do
castelo prende-se com a da casa, refúgio onde se realizam os desejos humanos. Pela proteção que
oferecem e por se situarem num local elevado, são um espaço de intimidade e de espiritualidade.
Ligam-se, por este facto, à transcendência Jerusalém celeste, cidade da Perfeição, é representada por
alguns pintores como um castelo, no cimo de uma montanha). Nesta obra, o castelo remete,
igualmente, para a própria fundação da nacionalidade (ligando-se ao símbolo do brasão). Assim, as
figuras históricas portuguesas têm um papel importante, não só ao nível da construção do país, como
Agrupamento de Escolas André de Gouveia de Évora
135562
Escola Sede: Escola Secundária André de Gouveia
em relação à construção de uma obra divina, cujos indícios são dados aos homens através da ação dos
portugueses.
Coroa - Símbolo de perfeição e poder
O Timbre - "O Timbre" é o título do quinto bloco de poemas que constitui a primeira parte da
obra e que refere o Infante D. Henrique, D. João II e Afonso de Albuquerque.
Este elemento é o símbolo do poder e da posse legitima. Liga-se também à ideia de segredo.
O timbre é, pois, um sinal, uma marca, dada por Deus, que assegura ao ser humano a ascensão a
mundos superiores, através do conhecimento (o Infante D. Henrique surge como um ser marcado por
esse destino superior - ele "Tem aos pés o mar e as mortas eras" e é " O único imperador que tem
devera / 0 globo mundo em sua mão'). O poder é aquilo que une o ser humano a Deus, porque esse
poder é um reflexo da vontade divina.
O Grifo- simboliza a união de duas naturezas: a humana e a divina. Pela sua forma de leão, liga-
se à terra; pelas suas características de águia e pelo seu poder de ascensão, remete para o céu. É neste
sentido que este animal se associa à própria natureza de Cristo, que também apresenta esta dupla
união com a terra e o céu. A sua simbologia aponta para a construção de uma obra de carácter divino
realizada pelos humanos.
O Infante D. Henrique simboliza a sabedoria que permite a criação (ele é a cabeça do grifo); D.
João II e Afonso de Albuquerque (as asas do grifo) significam a conquista de um estádio além-humano,
pela sua dimensão espiritual e pelo conhecimento de que são detentores. As asas traduzem uma
dissociação em relação ao elemento terrestre e a união à força e inteligência puras, enquanto
emanações divinas.
A Nau- simboliza a viagem interior, as provações, o caminho a percorrer em direção ao
heroísmo. Está ligada à iniciação, que pressupõe a morte, para se dar lugar a um novo ser. Com efeito,
o indivíduo inicia uma nova fase da sua existência, na qual procura uma comunhão com o sagrado. Na
obra Mensagem, as naus portuguesas conduziram à aquisição do conhecimento de novos mundos e
de novas gentes, elevando os navegadores à condição de heróis. É esse estádio que Fernando Pessoa
deseja para os portugueses do século XX.
A Noite - 'Noite" é o título do primeiro poema incluído no bloco "Os Tempos" (na terceira parte
da obra). A noite é o símbolo da morte, da ausência de manifestações.
Espada –é um símbolo de virtude e de bravura militar. O seu poder representa dois aspetos :
um construtivo, outro destrutivo. Destruindo o mal, a espada ajuda a estabelecer a ordem e a paz. Na
Mensagem a espada adquire mesmo um poder divino. É por seu intermédio que o herói cumpre a sua
missão, que é a vontade de Deus.
Cruz- símbolo de Cristo crucificado, a Segunda pessoa da santíssima Trindade. A cruz tem uma
orientação horizontal que simboliza a ciência e a sua visão dos problemas humanos, e uma orientação
vertical que simboliza a religião a mística.