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CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano – 36ª.

Edição – Janeiro/2011
CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano
36ª. Edição – Janeiro/2011

O Curso Básico de Espiritismo tem como objetivo geral levar o aluno a uma assimilação do conteúdo doutrinário
fundamental, assim como induzi-lo à autorreflexão, ao conhecimento de si mesmo, de suas potencialidades, e
conseqüentemente modificação de sua conduta interior perante o mundo e a vida em sociedade.
Quanto ao conteúdo programático, o curso em questão é constituído de vinte e quatro lições, contendo a essên-
cia de O Livro dos Espíritos, abordado de forma sucinta e didática.
Importa ainda considerar que esta obra não tem a pretensão de esgotar o conteúdo da Codificação, mas consis-
te em textos base, explanados de forma didática e acessível.
Nossos livros consistem em texto base, explanados de forma clara a permitir ao aluno uma visão metodológica
do todo. Nesse aspecto caberá ao expositor desenvolver, completar, aprofundar esses textos de forma precisa e
objetiva.
Dessa maneira, a Educação Espírita, em consonância com o nosso tempo, sugere uma Pedagogia Ativa, ou seja,
uma proposta de Educação projetada para o futuro; centrada no sujeito, na vida.

Área de Ensino

Conteúdo
Apresentação 5
1ª Aula - O ESPIRITISMO E OUTRAS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS 7
Parte A - ESPIRITUALISMO E ESPIRITISMO......................................................................................................... 7
Parte B - PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO......................................................................................................... 8
2ª Aula - DEUS 9
Parte A - A INTELIGÊNCIA SUPREMA.................................................................................................................. 9
Parte B - O SACRIFÍCIO MAIS AGRADÁVEL A DEUS .......................................................................................... 10
3ª Aula - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO UNIVERSO 11
Parte A - ESPÍRITO E MATÉRIA ......................................................................................................................... 11
Parte B - MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO ................................................................................................... 12
4ª Aula - CRIAÇÃO 13
Parte A - FORMAÇÃO DOS MUNDOS E DOS SERES VIVOS - A VIDA ORGANIZADA - PLURALIDADE DOS
MUNDOS ............................................................................................................................................ 13
Parte B - HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI................................................................................... 15
5ª Aula - PRINCÍPIO VITAL - FLUIDOS 15
Parte A – SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS - PRINCIPIO VITAL - A VIDA E A MORTE - A NATUREZA
DOS FLUIDOS...................................................................................................................................... 15
Parte B - PROGRESSÃO DOS MUNDOS............................................................................................................. 17
6ª Aula - PRINCÍPIO INTELIGENTE E OS TRÊS REINOS 18
Parte A - OS TRÊS REINOS - OS MINERAIS E AS PLANTAS - OS ANIMAIS E O HOMEM..................................... 18
Parte B - A LEI DE AMOR .................................................................................................................................. 20
7ª Aula - ESPÍRITO, PERISPÍRITO E CORPO FÍSICO 21
Parte A – ESPÍRITO: ORIGEM E NATUREZA - MUNDO NORMAL PRIMITIVO - FORMA E UBIQÜIDADE
DOS ESPÍRITOS - PERISPÍRITO: ORIGEM, NATUREZA, FUNÇÕES E PROPRIEDADES - CORPO
FÍSICO ................................................................................................................................................. 21
Parte B - CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO ................................................................................................... 24
8ª Aula - DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS 25
Parte A - PRIMEIRA – SEGUNDA E TERCEIRA ORDENS ..................................................................................... 25
Parte B - JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES ...................................................................................................................... 26
9ª Aula - ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS 27
Parte A - FINALIDADE-LIMITE-NECESSIDADE E JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO ................................................. 27
Parte B - NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NÃO NASCER DE NOVO ............................................... 29
10ª Aula - PLURALIDADE DAS EXISTENCIAS - RETORNO A VIDA CORPORAL 30
Parte A - PRELUDIO DO RETORNO - UNIÃO DA ALMA AO CORPO - IDÉIAS INATAS – ENCARNAÇÕES
NOS DIFERENTES MUNDOS ................................................................................................................30
Parte B - CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES .................................................................................................33
11ª. Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - I 33
Parte A - FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS, INFLUÊNCIA DO ORGANISMO, IDIOTISMO,
LOUCURA E SUICÍDIO..........................................................................................................................33
Parte B - O JUGO LEVE ......................................................................................................................................36
12ª Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - II 37
Parte A - DA INFÂNCIA - SIMPATIAS E ANTIPATIAS TERRENAS - ESQUECIMENTO DO PASSADO - SEXO
NOS ESPÍRITOS....................................................................................................................................37
Parte B - SE ALGUEM TE FERIR NA FACE DIREITA .............................................................................................40
13ª Aula - EMANCIPAÇÃO DA ALMA 41
Parte A - SONO, SONHOS - VISITAS ESPÍRITAS ENTRE OS VIVOS – TRANSMISSÃO OCULTA DO
PENSAMENTO - CATALEPSIA, LETARGIA OU MORTE APARENTE........................................................41
Parte B - PASSAGENS SOBRE RESSURREIÇÃO ...................................................................................................42
14ª Aula - VIDA ESPÍRITA - I 43
Parte A - ESCOLHA DAS PROVAS - RELAÇÕES DE ALÉM-TÚMULO - RELAÇÕES SIMPÁTICAS E
ANTIPÁTICAS DOS ESPÍRITOS .............................................................................................................43
Parte B - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVERSÁRIOS.......................................................................................46
15ª Aula - VIDA ESPÍRITA - II 47
Parte A - LEMBRANÇAS DA EXISTÊNCIA CORPÓREA.........................................................................................47
Parte B - DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS SEUS MORTOS............................................................................49
16ª Aula - VIDA ESPÍRITA- III 50
Parte A - ESPÍRITOS ERRANTES .........................................................................................................................50
Parte B - A VERDADEIRA PROPRIEDADE ...........................................................................................................52
17ª Aula - RETORNO DA VIDA CORPÓREA À VIDA ESPIRITUAL 53
Parte A - A ALMA APÓS A MORTE - SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO - PERTURBAÇÃO ESPÍRITA ..............53
Parte B - PARÁBOLA DO MORDOMO OU ADMINISTRADOR INFIEL .................................................................54
18ª Aula - INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS 55
Parte A - INTERFERÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS PENSAMENTOS E AÇÕES............................................55
Parte B - PAGAR O MAL COM O BEM ...............................................................................................................56
19ª Aula - OS PODERES OCULTOS E O HOMEM 57
Parte A - OS PACTOS - O PODER OCULTO - TALISMÃS E FEITICEIROS - BENÇÃOS E MALDIÇÕES.....................57
Parte B - CARACTERES DO VERDADEIRO PROFETA...........................................................................................58
20ª Aula - AFEIÇÕES DOS ESPÍRITOS 59
Parte A - AFEIÇÕES POR CERTAS PESSOAS - ANJOS DA GUARDA – ESPÍRITOS PROTETORES,
FAMÍLIARES OU PRESSENTIMENTOS ..................................................................................................59
Parte B - PRECES INTELIGÍVEIS - MODO DE ORAR ............................................................................................61
21ª Aula - OS ACONTECIMENTOS DA VIDA 62
PARTE A - INFLUÊNCIA NOS ESPÍRITOS NOS ACONTECIMENTOS DA VIDA - TORMENTOS
VOLUNTÁRIOS - A VERDADEIRA DESGRAÇA.......................................................................................62
Parte B - O PODER DA FÉ ..................................................................................................................................64
22ª Aula - AÇÃO, OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS 64
Parte A - OS ESPIRITOS DURANTE OS COMBATES - AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS DA
NATUREZA - OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS........................................................................64
Parte B - TEMPESTADE ACALMADA OU AMAINADA ........................................................................................66
23ª Aula – “O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA ESPÍRITA” 67
24ª. Aula – HOMENAGENS 69
Parte A - HOMENAGEM A BEZERRA DE MENEZES............................................................................................69
Parte B - HOMENAGEM A ALLAN KARDEC........................................................................................................71

Agradecimentos
“O Bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte”.
Emmanuel
Agradecemos primeiramente aos amigos espirituais pela inspiração, e a todos os colaboradores pela participa-
ção na composição deste trabalho.
Área de Ensino
Apresentação

Em virtude da quantidade cada vez maior de alunos, interessados nas mensagens que consolam e esclarecem da
Doutrina do Cristianismo Redivivo, toma-se oportuno uma revisão dos textos didáticos, no sentido de adaptá-los
a uma pedagogia adequada aos novos tempos.
Se o objetivo da Educação é a libertação total dos educandos, o alcance deste fim deve levar em conta as situa-
ções e o horizonte cultural dos mesmos.
Este trabalho tem como objetivo geral, levar o aluno a uma assimilação do conteúdo doutrinário. Para tanto,
buscou-se a fidelidade devida aos textos da Codificação, assim como, induzi-lo ao conhecimento de si mesmo, de
suas potencialidades e conseqüente modificação de sua conduta interior perante o mundo e a vida em socieda-
de.
Quanto ao conteúdo programático, os cursos são constituídos de vinte e quatro lições, contendo a essência dos
Livros da Codificação, abordados de forma sucinta e didática.
Nossos livros consistem em textos base, explanados de forma clara c acessível, deforma a permitir ao aluno uma
visão metodológica do todo. Nesse aspecto caberá ao expositor desenvolver, completar, aprofundar esses textos
de forma precisa e objetiva.
Dessa maneira, a Educação Espírita, em consonância com o nosso tempo, sugerem uma Pedagogia Ativa, ou
seja, uma proposta de Educação projetada para o futuro; centrada no sujeito, na vida.
- O Livro dos Espíritos constitui a pedra fundamental da Doutrina Espírita, marco inicial da Codificação Espírita.
Com relação às demais obras de Allan Kardec, os livros seqüenciais partem da base filosófica deste:
- O Livro dos Médiuns: natural que sucedesse com o aprofundamento científico e metodológico dos fenômenos
espíritas. Encontra-se sua fonte no Livro II (Cap. VI até o final);
- O Evangelho Segundo o Espiritismo: decorrência do Livro IV em sua abordagem Doutrinária Moral;
- O Céu e o Inferno ou Justiça Divina Segundo o Espiritismo: decorre do Livro IV do Livro dos Espíritos.
- A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo: relaciona-se no Livro I (Cap. II, III e IV), ao Livro II
(Cap. IX, X e XI) e partes de capítulos do livro III.
“A educação é um conjunto de hábitos adquiridos“ (Livro dos Espíritos, pergunta 685a), onde não basta à educa-
ção por si S6, mas sim, a concretização da educação espiritual pela conduta de cada um, ou seja, o aprendizado e
a pratica.
A Federação Espírita do Estado de São Paulo espera, portanto, que esta revisão possa cumprir com as finalidades
para as quais foi idealizada e, sobretudo corresponder aos desígnios da Espiritualidade, no sentido de ressaltar
sempre o caráter evangélico da Codificação à luz de princípios racionais, no ontem, no hoje e no amanhã.
Área de Ensino
Zulmira da Conceição Chaves Hassesian
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TRANSMIGRAÇÃO PROGRESSIVA
1ª Aula - O ESPIRITISMO E OUTRAS DOU- O Espírito não desfruta da plenitude de suas faculda-
TRINAS ESPIRITUALISTAS des desde o início. Na origem, os Espíritos têm so-
Parte A - ESPIRITUALISMO E ESPIRITISMO mente uma existência instintiva e mal têm consciên-
O espiritualismo é o oposto do materialismo, e qual- cia de si mesmos e de seus atos.
quer um que acredite ter em si algo além da matéria É pouco a pouco que a inteligência se desenvolve e
é espiritualista. na sua primeira encarnação sua inteligência apenas
Para designar a crença nos Espíritos, e assim, evitar desabrocha. A alma ensaia para vida.
equívocos futuros, Kardec usou as palavras “Espírita” A vida do Espírito se compõe, assim, de uma série de
e “Espiritismo”. existências corporais, e cada uma delas é uma ocasi-
A Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por principio ão para o seu progresso.
a relação do mundo material com os Espíritos ou Na vida atual, mesmo que tenha uma conduta perfei-
seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo ta, não poderá superar todos os graus e tomar-se um
são os espíritas. Espírito puro, sem passar por graus intermediários.
O Espírito deve avançar em intelectualidade e mora-
A Doutrina Espírita não tem como prática: rituais, uso lidade. Se progrediu apenas num deles, é preciso que
de incensos, imagens ou objetos materiais. Esta con- progrida no outro, para atingir um ponto mais alto na
solidada em um tríplice aspecto: escala de evolução. A marcha dos Espíritos é progres-
CIÊNCIA, por estudar a luz da razão e dentro de crité- siva e não retrograda. Elevam-se gradualmente na
rios científicos todos os fenômenos considerados hierarquia e não descem da categoria que já alcança-
estranhos - não existe o sobrenatural no Espiritismo; ram.
FILOSOFIA, por trazer uma interpretação própria da
vida - toda doutrina que dá uma concepção própria MARCO FUNDAMENTAL DA CODIFICAÇÃO:
do mundo é uma filosofia; O LIVRO DOS ESPÍRITOS é o primeiro livro sobre a
RELIGIÃO, por ter como objetivo a transformação doutrina espírita publicado pelo educador francês
moral de cada criatura, ou seja, a regeneração moral Hippolyte Léon Denizard Rivail, em 18 de abril de
da humanidade. 1857, sob o pseudônimo Allan Kardec. Esta obra é o
Tudo conciliado com os divinos ensinamentos do alicerce do espiritismo, e foi lançado por Kardec após
Evangelho de JESUS, que nos deixou o legado do seus estudos sobre os fenômenos que, segundo mui-
AMOR e do PERDÃO. Traz como divisa: “FORA DA tos pesquisadores da época, possuíam origem medi-
CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO”. única, e estavam difundidos por toda a Europa duran-
te o século XIX. Apresenta-se na forma de perguntas
METEMPSICOSE e respostas, a primeira edição, datada de 1857 conti-
A partir do momento que o princípio inteligente atin- nha 501 perguntas e no mesmo ano revisado totali-
ge o estágio necessário para ser Espírito e entrar no zando 1.019 perguntas. Foi o primeiro de uma série
período de humanização, não tem mais relação com de cinco livros codificados pelo pedagogo.
seu estado primitivo e não é mais a alma dos animais,
como a árvore não é a semente. O LIVRO DOS MEDIUNS (1861): (Mundo Espírita ou
No homem, não há mais do animal senão o corpo e dos Espíritos) - analisa a noção de Espírito e toda a
as paixões que nascem da influência do corpo e do série de imperativos que se ligam a esse conceito. A
instinto de conservação inerente a matéria. Não se finalidade de sua existência, seu potencial de autoa-
pode, portanto, dizer que aquele homem é a encar- perfeiçoamento, sua pré e sua pós-existência e ainda
nação do Espírito de tal animal e, assim, a metempsi- as relações que estabelece com a matéria.
cose, tal como se entende, não é exata. O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1864):
O Espírito que animou o corpo de um homem não (Das leis morais) - aborda os ensinamentos morais de
poderá encarnar em um animal. Isso seria retroceder Jesus Cristo, aos quais estaria submetida toda a Cria-
e o Espírito não retrocede. A reencarnação ensinada ção.
pelos Espíritos esta fundada sobre a marcha ascen-
dente da natureza e a progressão do homem em sua O CÉU E O INFERNO (1865): (Das esperanças e conso-
própria espécie. lações) - esclarece ponderações acerca do futuro do
O ponto de partida dos Espíritos é uma dessas ques- homem, seu estado após a morte, às alegrias e obs-
tões que se ligam ao princípio das coisas e que estao táculos que encontra no além-túmulo.
nos segredos de Deus. Não é permitido ao homem A GÊNESE (1868): (As causas primeiras) - abordando
conhecê-lo de maneira absoluta, restando a ele so- as noções de divindade, Criação e elementos funda-
mente fazer suposições. mentais do Universo.
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ESPIRITISMO nos atraem e estimulam para o bem. Os maus nos
A Crença em Deus. sugestionam para o mal.
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-
A Comunicabilidade dos Espíritos.
poderoso, justo e bom.
As comunicações dos Espíritos com os homens são
Criou o universo, os seres animados e inanimados,
ocultas ou ostensivas. As comunicações ocultas ocor-
materiais e imateriais.
rem pela influência boa ou ma que exercem sobre
A Imortalidade da Alma. nos sem o sabermos. As comunicações ostensivas
Os seres materiais constituem o mundo visível ou ocorrem por meio da escrita, da palavra ou outras
corporal; os seres imateriais, o mundo invisível dos manifestações materiais, muitas vezes por médiuns
Espíritos. que lhes servem de instrumento.
O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eter-
Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou por
no, preexistindo e sobrevivendo a tudo.
evocação. Distinguir os bons dos maus Espíritos é
Há três coisas no homem: o corpo ou ser material, a
extremamente fácil. A linguagem dos Espíritos supe-
alma ou ser imaterial, o perispírito, o laço que une a
riores é constantemente digna, nobre, repleta da
alma ao corpo.
mais alta moralidade. A linguagem dos Espíritos infe-
Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são
riores, ao contrario, é inconseqüente, muitas vezes
iguais em poder, inteligência, saber e nem em mora-
banal e até mesmo grosseira.
lidade.
Os Espíritos não pertencem perpetuamente a mesma A moral dos Espíritos superiores se resume, como a
ordem. Todos melhoram ao passar pelos diferentes do Cristo, neste ensinamento evangélico: “Fazer aos
graus da hierarquia espírita. outros o que quereríamos que os outros nos fizes-
Ao deixar o corpo, a alma retorna ao mundo dos Espí- sem”.
ritos. BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos - questões: 189 a 196, 610,
A Reencarnação. 611, introdução: itens I, VI e VII, questões, 172 a 188
O Espírito deve passar por várias encarnações. AMORIM, Deolindo - O Espiritismo à Luz da Crítica - Cap. II
A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie PIRES, José Herculano - Agonia das Religiões - cap. II, cap. 10 –
humana; seria um erro acreditar que a alma ou o Magia e Magnetismo.
Espírito pudesse encarnar no corpo de um animal. EMANNUEL, Palavras de Emmanuel- n. 83
As diferentes existências corporais do Espírito são
sempre progressivas e o Espírito nunca retrocede. Parte B - PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO
As qualidades morais são sempre as do Espírito. "Certo homem semeou boa semente de trigo no seu
A alma tinha sua individualidade antes de sua encar- campo.
nação e a conserva depois que se separa do corpo. Porém, â noite, enquanto dormia, veio o inimigo e
O Espírito, quando encarnado, esta sob a influência semeou joio no meio da plantação.
da matéria. Quando o trigo cresceu, o joio também cresceu.
O homem que supera essa influência pela elevação e Os empregados foram contar ao patrão e se oferece-
pela depuração de sua alma aproxima-se dos bons ram para arrancar o joio e deixar somente o trigo.
Espíritos. Aquele que se deixa dominar pelas mas Mas o dono disse: "Não façam isso. Se vocês arranca-
paixões se aproxima dos Espíritos impuros, porque rem o joio, podem acabar arrancando algum trigo
nele predomina a natureza animal. também; deixem que cresçam juntos e quando che-
Pela reencarnação, nas sucessivas existências, medi- gar à época da colheita, os ceifeiros ajuntarão primei-
ante os seus esforços e desejos de melhoria no cami- ro o joio e o queimarão, o trigo será recolhido ao
nho do progresso, o homem avança sempre e alcança celeiro."
a perfeição, que é a sua destinação final. E assim foi feito. O joio foi juntado e queimado; mas
A Pluralidade dos Mundos Habitados. o trigo, guardado no celeiro. (Mateus cap.XIII: 24-30;
Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos 36-43)
do universo. Então ele deixou a multidão e foi para casa. Seus
Os Espíritos não encarnados ou errantes não ocupam discípulos aproximaram-se dele e pediram:
uma região determinada e localizada, estão por todos - "Explica-nos a parábola do joio no Campo".
os lugares no espaço. Ele respondeu:
Os Espíritos exercem sobre o mundo moral e o mun- - "Aquele que semeou a boa semente é o Filho do
do físico uma ação incessante. As relações dos Espíri- homem. O Campo é o mundo, e a boa semente são
tos com os homens são constantes. Os bons Espíritos os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno, e o
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inimigo que o semeia é o Diabo. A colheita é o fim Nos primórdios da humanidade a divindade estava na
desta era, e os encarregados da colheita são anjos". natureza, raios, trovões etc. Os mais esclarecidos já
possuíam a consciência de sua fragilidade, aprenden-
"Assim como o joio é colhido e queimado no fogo,
do a curvar-se diante d’Aquele que os pode proteger.
assim também acontecera no fim desta era. O Filho
Então, a Doutrina Espírita define Deus a partir das
do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do
causas e efeitos, o nada não poderia produzir coisa
seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que
alguma.
praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente,
Pelo axioma, então definimos que todo efeito inteli-
onde haverá choro e ranger de dentes. Então os jus-
gente tem uma causa inteligente e pela grandeza do
tos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele
efeito se julga a grandeza da causa, neste momento,
que tem ouvidos ouça". (Mateus cap. XIII : 36-43)
buscamos na origem, pela razão, a Deus.
O joio ao brotar é muito parecido com o trigo. Seria
A pergunta de n° 3, em o LE, tenta definir Deus, co-
inconveniente arrancá-lo antes da época da colheita.
mo:
No momento certo haverá distinção entre ambos. O
“Poderíamos dizer que Deus é infinito?
joio será amarrado e queimado. Assim acontecera
Resp: Definição incompleta. Pobreza da linguagem
com a humanidade, que na hora propicia estará pre-
dos homens, insuficiente para definir as coisas que
parada para separar o joio do trigo, após passar por
estao além da sua inteligência. Deus é infinito nas
grandes transformações, até o dia em que a Terra se
suas perfeições, mas o infinito é uma abstração;
tomara em um planeta de Regeneração.
dizer que Deus é infinito é tomar atributo de uma
BIBLIOGRAFIA: coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda não
ALMEIDA, José de Souza e - As Parábolas - Cap. VI
CALLIGARIS, Rodolfo - Parábolas Evangélicas
conhecida, por outra que também não o é.” - LE
SCHUTEL, Cairbar - Parábolas e ensinos de Jesus Deus é eterno, não teve fim ou começo, pois senão
Novo Testamento - Mateus: cap. 13, 24-30 e 13, 36 a 43. teria que ter sido obra de alguém. Deus é infinito em
suas perfeições, porém não é o “infinito”, senão esta-
remos tomando o efeito pela causa.
2ª Aula - DEUS Desta forma, devemos entender, “como infinito”, a
Parte A - A INTELIGÊNCIA SUPREMA sua capacidade e atributos.

Ao longo da história da humanidade a idéia ou com- Provas da Existência de Deus


preensão de Deus assumiram várias concepções em “Deus, inteligência diretriz, alma do Universo, unida-
todas as sociedades e grupos já existentes, desde as de suprema, onde vão terminar e harmonizar-se to-
primitivas formas pré-clássicas das crenças proveni- das as relações.” (Leon Denis)
entes das tribos da Antiguidade ate os dogmas das Para provar a existência de Deus, basta, portanto
modernas religiões da civilização atual. olhar para sua obra.
Em um silogismo’1 perfeito, existente no Livro dos O que não é obra do Homem só pode ser de uma
Espíritos (LE), na pergunta de no 1, Kardec pergunta força superior ao próprio homem.
aos Espíritos: “Que é Deus?” Uma força suprema, dada à supremacia da obra.
Ao que, responderam: “Deus é a inteligência Supre- Observando-se o sincronismo perfeitamente absoluto
ma, causa primária de todas as coisas.” do universo, a perfeição dos nossos corpos, a harmo-
Sempre indagamos: “Quem é Deus”? nia e excelência do funcionamento dos órgãos huma-
Buscando “Nele”, formas, ações e atributos huma- nos, o mecanismo maravilhoso, mas ao mesmo tem-
nos. (Antropomorfismo)2 po complexo dos sentidos humanos, dentre tantas
Por ser a visão humana limitada e pelos conhecimen- outras coisas engenhosas da natureza perguntamos:
tos dogmáticos recebidos concebemos um Deus de “Seria tudo obra do acaso‘?”.
maneira antropomórfica, ou seja, com características Um grande lance de “sorte”?
humanas, Acresce-se a essas circunstancias outro Ou teríamos uma causa inteligente orquestrando
fator relevante, a lei natural de adoração, que é o tudo isso?
sentimento inato em todas as criaturas. Todos com- Atributos da Divindade
preendem que existe acima deles um Ser Supremo. 1) Deus é eterno.
Por eterno entende-se aquilo que não tem começo e
nem fim. Se Deus tivesse um princípio, teria saído do
1
Argumento composto de três proposições, a terceira das quais nada; ora, o nada não existe. Por outro lado, se ti-
(conclusão) é a conseqüência das outras duas (premissa maior e vesse sido criado por outro ser, então este ultimo é
premissa menor).
2 que seria Deus.
Doutrina filosófica que atribui a Deus forma, ações e atributos
humanos.
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

2) É Imutável. KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos - questões: 1 a 16;


Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o KARDEC, Allan - A Gênese - Cap. II;
DENIS, Léon - O Grande Enigma – 1ª Parte;
Universo não teriam nenhuma estabilidade (LE, perg. PIRES, José Herculano - Concepção Existencial de Deus, Cap. III,
13). VII e X;
3) É imaterial. FLAMMARION, Camille - Deus na Natureza - Tomo V
Sua natureza difere de tudo o que chamamos maté-
ria, pois de outra forma Ele não seria imutável, es- Parte B - O SACRIFÍCIO MAIS AGRADÁVEL A
tando sujeito as transformações da matéria (LE, perg. DEUS
13).

4) É único 7. Se, pois quando apresentardes vossa oferenda ao


Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de altar vós vos lembrardes que o vosso irmão tem al-
vistas nem de poder na organização do Universo (LE, guma coisa contra vós, deixai a vossa dádiva ao pé do
perg. 13). altar; e ide antes reconciliar-vos com o vosso irmão, e
depois voltai para oferecer vossa dádiva. (São Ma-
5) É todo poderoso.
teus, cap. V, v. 23, 24).
Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma
coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele, que 8. Quando Jesus disse: “Ide vos reconciliar com o
assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que vosso irmão antes de se apresentar vossa oferenda
Ele não tivesse feito, seriam obra de um outro Deus. ao altar” ensina que o sacrifício mais agradável ao
E então Ele não seria único (LE, perg. 13). Senhor é o do próprio ressentimento; que antes de se
apresentar a ele para ser perdoado, e que, se come-
6) É soberanamente justo e bom.
teu injustiça contra um de seus irmãos, é preciso tê-la
Sua sabedoria revela-se pela natureza de suas leis de
reparado; só então a oferenda será agradável, por-
amor, que regem a justiça por todo o Universo (LE,
que vira de um coração puro de todo mau pensamen-
perg. 13).
to.
Panteísmo
Panteísmo do grego pân, pantós = tudo, todos + te- Materialista este preceito porque os Judeus ofereci-
ísmo am sacrifícios materiais imolando animais para expia-
Teorias ção da culpa ou para implorar auxilio. Este animal era
1. Doutrina segundo a qual só Deus é real e o mundo entregue a Deus como um pedido de perdão; devia
é um conjunto de manifestações ou emanações. conformar suas palavras aos seus usos. O cristão não
2. Doutrina Segundo a qual só o mundo é real, sendo oferecia dádivas materiais; ele espiritualizou o sacrifí-
Deus a soma de tudo quanto existe. Com essa con- cio, mas o preceito, com isso, não tem senão mais
cepção seria negar um dos atributos essenciais de força; oferece sua alma a Deus, e essa alma deve
Deus a imutabilidade. estar purificada; entretanto no templo do Senhor,
deve deixar ao lado de fora todo sentimento de ódio
Pergunta-se: e de animosidade, todo mau pensamento contra seu
Deus é um ser distinto, ou será como opinam alguns, irmão; só então sua prece será levada pelos Espíritos
a resultante de todas as forças e de todas as inteli- superiores aos pés do Eterno. Eis o que ensina Jesus
gências do Universo reunidas? por estas palavras: Deixai vossa oferenda ao pé do
“Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria altar; e ide primeiro vos reconciliar com vosso irmão,
efeito e não causa”. se quereis ser agradáveis a Deus. Jesus, conforme nos
Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa. mostra ao texto em Mateus, respeita esta prática
Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Ritualística judaica. Ele não veio destruir a lei, não
(LE 14) veio revolucionar as relações externas, não veio se
Confundir o criador com as criaturas é uma interpre- preocupar com o culto externo. Ele sabia que estes
tação materialista, donde Deus e matéria se identifi- seriam gradualmente destituídos uma vez que o ho-
cariam. (LE 16). mem despertasse para a real relação entre ele e
Deus não é o universo, mas, nele permanece em suas Deus. Ele sabia que, se o amor brotasse no solo fértil
leis imutáveis que lhe conferem ordem e harmonia. a ponto de alcançar a verdade das coisas, aquelas
O escultor e a escultura não se confundem, mas per- atitudes externas se diluiriam com o tempo.
manece a idéia do escultor, assim, o criador Deus e a
criatura não se confundem, porém permanece a inte- As coisas externas com apego a matéria não é meri-
ligência como sendo o próprio cerne, gerador e sus- tório aos olhos de Deus e sim tudo que é interno no
tentador da obra. homem, o sentimento, o amor ao próximo, a pratica
da caridade, o perdão, a reconciliação, a indulgencia,
BIBLIOGRAFIA:
11

isso é meritório aos olhos do Senhor, os Valores espi- pos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primiti-
rituais, a conquista para um aprimoramento espiritu- va, geradora do mundo e dos seres. São inerentes as
al e moral. forças que presidiram as metamorfoses da matéria. O
Bibliografia: Fluido Cósmico como já foi demonstrado é matéria
E.S.E. Cap. X – itens 7 e 8 elementar primitiva, cujas modificações e transfor-
mações constituem a inumerável variedade de Cor-
pos da Natureza. Como principio elementar do Uni-
3ª Aula - ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO verso assume dois estados distintos: o de eterização
UNIVERSO ou imponderabilidade; e o de materialização e pon-
Parte A - ESPÍRITO E MATÉRIA derabilidade (G.E cap. XIV).
Para o Espiritismo o Universo é composto de dois Há, pois, regiões em que a matéria encontra-se ainda
elementos gerais (LE 27): em um estado muito sutil e rarefeito. Em assim sen-
1- Espírito - Princípio inteligente do universo (LE 23); do, a ponderabilidade é uma propriedade relativa.
por principio entende-se aqui o fundamento que da Fora das esferas de atração dos mundos não há peso,
origem ao Universo, e nele permanece como essência da mesma maneira que não há nem alto nem baixo
universal. Portanto, por Espírito entende-se o princi- (LE 29). Nesse estado encontra-se o Fluido Cósmico,
pio da inteligência, abstração da individualidade de- principio gerador de todas as coisas.
signada por esse nome (LE 25a).
Iniciado o estudo sobre as partículas pelos atomistas
Faz-se por bem esclarecer a razão de existir a expres-
gregos da época pré-socrática, o homem tem busca-
são “espíritos”, que são seres inteligentes da Criação,
do os constituintes elementares invisíveis da matéria.
e a palavra “Espíritos”, empregada para designar os Na atualidade, com os avanços tecnológicos, constru-
seres extracorpóreos, não mais o elemento inteligen-
iu-se aceleradores de partículas gigantescos para
te Universal (LE 76).
reproduzir um ambiente favorável para a criação
2- matéria- Em sua origem, o principio material ou dessas partículas primarias estudadas pela física
fluido cósmico constitui matéria primitiva que, atra- quântica, impossíveis de serem apreendidas pela
vés de transformações, serve de matéria-prima para percepção sensível, ou seja, pelos cinco sentidos de
os aglomerados de átomos, que por sua vez darão que dispõe o organismo humano.
origem as formas materiais.
Espiritismo explica essas múltiplas formas da matéria
Na pergunta 27 do Livro dos Espíritos, Kardec questi-
que surgem a partir desse Fluido Cósmico ou matéria
ona sobre a existência de dois elementos gerais do
primitiva, de cuja transformação se originam os ele-
Universo. Os Espíritos atribuem a Deus a origem des- mentos químicos que compõem a natureza. Convém
ses dois princípios universais, de naturezas distintas
aqui esclarecer o processo de constituição das formas
um do outro, sendo fundamental a união do Espírito
materiais, até atingirem o estado de solidez:
com a matéria, em seu estado essencial, para dar
inteligência a esta (LE 25) e, portanto, dar origem a Átomo - são agrupamentos de partículas: elétrons,
multiplicidade de seres e coisas na criação. prótons, nêutrons, quarks.
Moléculas - são agrupamentos de átomos unidos por
Propriedade da matéria
ligações químicas.
Os Espíritos respondem que a matéria existe em es-
Elementos - são conjuntos de aglomerados de áto-
tados que não conhecemos, podendo ser tão etérea mos da mesma natureza. Exemplo: hidrogênio, ferro,
e sutil que não produza impressão alguma em nossos
prata etc. são as formas mais simples da matéria.
sentidos. Entretanto, será sempre matéria (LE 22). Substancias ou compostos: são compostas por nume-
Fluido Universal, ou Fluido Cósmico é imponderável ro limitado de moléculas. Exemplo: água, ácido clorí-
para nós, isto é, sem peso (LE 27). Kardec pergunta aos drico etc.
Espíritos Superiores sobre a ponderabilidade como
atributo essencial da matéria. Eles lhe respondem:
- Matéria como a entendeis, sim; mas não da matéria
considerada como fluido material. A matéria etérea
e sutil que forma esse fluido é imponderável para
vós, mas nem por isso deixa de ser o principio da
vossa matéria ponderável (LE 29).
Na Gênese, cap. VI, “Leis e Forças”, questão 10, o Corpos - são porções limitadas da matéria.
Codificador elucida a respeito da existência de um
fluido etéreo que enche o espaço e penetra os Cor-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

As diferentes propriedades da matéria passam a exis- tores (LE 35). Eles já diziam: “que não há espaço vazi-
tir das modificações que as moléculas elementares o”, porque o vazio, enquanto sinônimo de nada, não
sofrem ao se agruparem em determinadas circuns- existe. E se o espaço fosse o nada, não poderia exis-
tancias (LE 31). Quando combinadas, passam a assumir tir. O espaço é vazio apenas em relação às percep-
variadas formas, passando a matéria a ser apreciada ções humanas, insuficientes para compreender a
pela percepção sensorial. Com efeito, do ponto de matéria sutil e etérea que nele existe.
vista humano, define-se a matéria como aquilo que BIBLIOGRAFIA:
tem extensão e pode impressionar os sentidos, bem KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro I, cap. II, questões 17 a
como é impenetrável (LE 22). Pode-se assim resumir 34;
as propriedades da matéria: KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns, Primeira Parte n° 51 e n°
128 - item 10;
Impenetrabilidade: é a propriedade pela qual dois ou KARDEC, Allan – A Gênese - cap. 1, n° 18; cap. VI, itens 12 a 18;
mais corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao KARDEC, Allan - Obras Póstumas - Cap. I;
mesmo tempo. KARDEC, Allan - O Céu e O Inferno – 1ª Parte, cap. 3;
Extensão - todo corpo material ocupa um lugar no Revista Espírita, de abril de 1867;
espaço, passando a ter as três dimensões (compri- Revista Espírita, de outubro de 1858, pág. 291 e 292;
Revista Espírita, de setembro de 1867, pág. 268, n° 18;
mento, largura e altura). Bibliografia Complementar:
Divisibilidade: é a propriedade que tem a matéria de A. PIRES, José Herculano - Curso Dinâmico de Espiritismo;
ser dividida, e que confere a condição de poder ser
pesada. Parte B - MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
Além dessas propriedades primárias, a matéria primi- Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir
tiva ao transformar-se adquire outras qualidades Jesus a sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos
secundárias: o sabor, o odor, as cores, as qualidades judeus? - Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é des-
venenosas ou salutares dos corpos, que não passam te mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, a mi-
de modificações da mesma substância primitiva (LE nha gente houvera combatido para impedir que eu
32). No entanto, estas qualidades são apenas subjeti- caísse nas mãos dos judeus; mas, o meu reino ainda
vas, ou seja, elas não existem em si mesmas, mas só não é aqui.
existem pela disposição dos órgãos destinados a per-
cebê-las (LE 32). Disse-lhe então Pilatos: És, pois, rei? - Jesus lhe res-
pondeu: Tu o dizes; sou rei; não nasci e não vim a
Espaço Universal este mundo senão para dar testemunho da verdade.
O conceito de espaço gira sempre em tomo das com- Aquele que pertence à verdade escuta a minha Voz.
plexas definições da física e atualmente da física (S. João, cap. XVIII, vv. 33, 36 e 37.)
quântica. Por isso, possui diversas acepções.
Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida
Tem-se, por exemplo, o conceito newtoniano de es-
futura, que ele apresenta como a meta a que a Hu-
paço absoluto. De outro lado, a teoria da Relatividade
manidade terá e como devendo constituir objeto das
de Einstein que estabelece que os fenômenos físicos
maiores preocupações do homem na Terra.
não ocorram apenas no espaço, mas também se de-
senvolvem no tempo, ou seja: os fenômenos físicos Jesus revelou que há outros mundos, onde a justiça
ocorrem no continuo espaço-tempo. Define-se tam- de Deus segue o seu curso e onde os bons acharão
bém o espaço, ora como sendo a extensão que sepa- sua recompensa. Porém, conformando seu ensino
ra dois corpos, ora o lugar circunscrito onde se mo- com o estado dos homens de sua época, não julgou
vem os mundos, o vazio no qual atua a matéria. (A conveniente dar-lhes luz completa, percebendo que
Gênese - Cap. VI. item 1) eles ficariam deslumbrados, visto que não a compre-
Na impossibilidade de um acordo unânime sobre tal enderiam. Limitou-se a, de certo modo, apresentar a
conceito, do ponto de vista da Ciência, a Doutrina vida futura apenas como um princípio, como uma lei
Espírita vem ampliar o conhecimento humano: o da Natureza a cuja ação ninguém pode fugir.
espaço Universal é infinito. Supondo-se um limite O Espiritismo veio completar o ensino do Cristo,
para o espaço, qualquer que seja a distancia a que o quando os homens já se mostram maduros o sufici-
pensamento possa concebê-lo. A razão diz que, além ente para apreender a verdade. Com o Espiritismo, a
desse limite, há alguma coisa. A física quântica em vida futura deixa de ser simples artigo de fé, mera
estudos recentes propõe a existência de uma partícu- hipótese; toma-se uma realidade material.
la primária, e no que se definia como vazio absoluto Para conquistar um lugar são necessárias a abnega-
existe uma partícula. Assim, não se pode conceber ção, a humildade, a caridade e a benevolência para
um espaço vazio, na forma já enunciada pelos benfei-
13

com todos. Independe de posição, mas do bem que Os mundos são formados pela condensação da maté-
fizermos ou de quantas lagrimas enxugarmos. ria disseminada no espaço. São as estrelas, planetas,
satélites, asteróides, cometas, galáxias e nebulosas.
Compadecei-vos dos que continuam apegados ao
De modo geral os mundos habitados podem ser clas-
egoísmo, a vaidade, e aos bens materiais; ajudai-os
sificados e cinco categorias distintas: Mundos primiti-
com as vossas preces, porquanto a prece aproxima o
vos, de expiação e provas, regeneradores, felizes e
homem aos benfeitores espirituais.
mundos divinos.
Desse modo, os ensinamentos deixados no seu evan-
A proposta do Big bang (ou Grande explosão) foi
gelho têm como finalidade levar o homem a consci-
sugerida primeiramente pelo padre Georges Lemai-
entização de que seu verdadeiro destino esta na vida
tre, quando expôs uma teoria propondo que o uni-
futura; para tal conquista, toma-se necessário um
verso teria iniciado repentinamente.
novo objetivo: a aquisição de Valores Morais, mais
No inicio era apenas uma atualização de uma arque-
amplos que os acanhados horizontes da vida pura-
concepção bíblica que naturalmente já abria-se em
mente material.
duas vertentes nada interessantes “o atomismo e a
Portanto, quando o Reino de Deus se implanta defini- criação”, através das linhas espectrais da luz das galá-
tivamente nos corações humanos, através da consu- xias observadas no observatório de Monte Palomar
mação da renovação interior das criaturas, o reino de por Humason começaram a revelar um afastamento
Jesus também será desse mundo, que no momento é progressivo para as galáxias mais distantes, com ca-
apenas uma instância de expiação e dor. racterísticas de uma dilatação universal.
Isso não significa que estejamos abandonados, Jesus Traduzida em números, essa sensacional descoberta,
é nosso modelo e nosso orientador. permitiu ao astrônomo Edwin Hubble encaixar uma
progressão aritmética que mais tarde deram-lhe o
Tendo os fariseus perguntado a Jesus, quando viria o nome de Constante de Hubble.
Reino de Deus? Ele respondeu: “O reino de Deus não Até hoje essa proporção aritmética é a régua cósmica
vem visivelmente, nem dirão: Ei-lo aqui, ou Ei-lo aco- indispensável aos cálculos dos cosmólogos do mundo
lá! Porque o reino de Deus esta no meio de Vós” (Lu- inteiro.
cas, 17:20)
O físico Albert Einstein, que transcendendo as obser-
Esse ensino de Jesus sobre o seu reino, a luz da Dou- vações apresentou em 1905 uma teoria geral da rela-
trina Espírita, dilata a visão do homem, que não mais tividade que se identificava muito com o cenário de
se prende ao pequeno mundo que habita, mas dis- fundo do universo.
tancia seu olhar na imensidão do infinito. Sua con- Os cientistas acreditam em uma matéria primitiva
cepção materialista de vida se transforma, em função agrupada através dos átomos, formam os mundos e
de valores morais e espirituais que tão fortemente os corpos de todos os seres vivos. Kardec acrescenta
atuam na vida do ser humano. que a matéria cósmica primitiva encerrava os ele-
BIBLIOGRAFIA mentos materiais, fluídicos e vitais, de todos os uni-
ESE Cap. II- itens 1, 2, 3 e 8. versos, que expõem a sua magnificência diante da
eternidade.
4ª Aula - CRIAÇÃO A matéria etérea, mais ou menos rarefeita, que per-
Parte A - FORMAÇÃO DOS MUNDOS E DOS SE- meia os espaços interplanetários; esse fluido cósmico
que preenche em aglomerações ricas de estrelas,
RES VIVOS - A VIDA ORGANIZADA - PLURALI- mais ou menos condensado onde o céu astral ainda
DADE DOS MUNDOS não brilha, é a substancia primitiva em que residem
Formação dos mundos as forças universais de onde a Natureza tirou todas as
O universo compreende a infinidade dos mundos que coisas, “o fluido universal”. (GE Cap. VI item 17)
vemos e não vemos todos os seres animados e ina- Formação dos seres vivos
nimados, todos os astros que se movem no espaço e Por meio dos germes que se encontravam latentes no
os fluidos que o preenchem, Allan Kardec abre o capi- planeta e, encontrando um ambiente propicio, come-
tulo III do primeiro livro, com o questionamento: çaram a germinar. A formação dos seres vivos partiu
- “O universo foi criado, ou existe por toda a eterni- do caos pela própria força da natureza. “No começo
dade, com Deus?” Os espíritos respondem: - “Ele não tudo era caos; os elementos estavam fundidos.” (LE
43)
pode ter sido feito por si mesmo; e se existisse de
Pouco a pouco, cada coisa tomou seu lugar, então,
toda a eternidade, como Deus, não poderia ser sua
apareceram os seres vivos, apropriados ao estado do
obra”.
globo. Inclusive o homem ao seu tempo, ocupou seu
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

lugar ao lado de outros seres vivos. Aparecem os - “Não rejeitamos, pois, a Gênese bíblica, mas estu-
vírus e com eles surge o campo primacial da existên- demo-la, como estudamos a historia da origem dos
cia, formado por nucleoproteínas e globulinas, ofere- povos”.
cendo clima adequado aos princípios inteligentes ou Hoje os próprios teólogos, católicos e protestantes
mônadas fundamentais, que se destacam da subs- endossam as explicações científicas em consonância
tância viva. Sustentado pelos recursos da Vida que na com as explicações espíritas.
bactéria e na célula se constituem do liquido proto- A pesquisa científica comprova o povoamento do
plasmático, o principio inteligente nutre-se agora na globo em diferentes locais, com relação a pigmenta-
clorofila, que revela um átomo de magnésio em cada ção da pele, e as diferenças físicas dos habitantes da
molécula, precedendo a constituição do sangue de região, além, da evolução e das civilizações existentes
que se alimentará no reino animal. em um mesmo período.
Das cristalizações atômicas e dos minerais, do vírus e
Diversidade das raças humanas
do protoplasma, das bactérias e das amebas, das
Na pergunta (LE 53), os Espíritos respondem a Kardec
algas e dos vegetais, pelo período jurássico, exteriori-
que o homem apareceu em diversos pontos do pla-
zando-se nos mamíferos o principio inteligente atra-
neta e em diferentes épocas e, é essa uma das causas
vessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção,
da diversidade das raças. Depois o homem se disper-
assimilando valores múltiplos de organização, da
sou pelos diferentes climas, e aliando-se os de uma
reprodução, da memória do instinto, da sensibilida-
raça aos de outras, formaram novos tipos.
de, da percepção e da preservação própria, pene-
Kardec coloca que: “certas raças apresentam tipos
trando assim pelas vias da inteligência mais completa
particulares característicos, que não permitem assi-
e laboriosa adquirida, nas faixas da inauguração da
nalar-lhes uma origem comum que não podem ser
razão. (André Luiz – Evolução em Dois Mundos – cap. IV)
atribuídos apenas ao ambiente”. E acrescenta:
Povoamento da terra – Adão “...uma vez que os brancos que se reproduzem no país
Kardec explica que a chamada raça adâmica foi uma dos negros não se tornam negros, e reciprocamen-
das últimas raças a surgirem na terra, com a missão te...” (GE cap. XI, item 39)
de auxiliar no desenvolvimento do planeta, ajudar os
Pluralidade dos mundos
seus habitantes primitivos a se elevarem espiritual-
Que as obras de Deus estejam criadas para o pensa-
mente. Não surgia milagrosamente, mas de forma
mento e a inteligência; que os mundos sejam a mo-
natural, por descendência biológica de outras raças
rada de seres que os contemplam e descobrem sob o
mais aperfeiçoadas. (GE Cap. XI,item 38)
seu véu o poder e a sabedoria daquele que o forma,
O espiritismo não pode admitir que essa alegoria seja
essa questão não é mais duvidosa para nos; mas que
tomada ao pé da letra. A espécie humana não come-
as almas que os povoam sejam solidarias, isso é o que
çou por um só homem, surgiu na terra pelo encade-
importa conhecer. (GE cap. VI item 54)
amento natural da evolução dos seres. Kardec estuda
a posição do homem na escala animal e declara “por Os mundos diferem segundo as condições diversas
mais que isso possa ferir o seu orgulho, o homem que lhes foram reservadas, e Segundo o seu papel
deve resignar-se a ver no seu corpo matéria o último respectivo no cenário do universo. (GE cap. VI item 61).
elo da animalidade na terra”. Deus povoou os mundos de seres vivos, as condições
A respeito das contradições da bíblia e do espiritismo, de existência dos seres nos diferentes mundos, de-
Kardec, acertadamente responde que não, porque o vem ser apropriadas ao meio em que tem que viver.
Espiritismo apenas explica a alegoria bíblica, dá-lhe a Os mundos progridem fisicamente pela elaboração
necessária interpretação na pergunta (LE 47) da matéria, e moralmente, pela depuração dos Espíri-
- “A espécie humana está entre os elementos orgâni- tos que os habitam.
cos do globo terrestre? A resposta foi sim, e veio a seu
tempo; foi isso que deu motivo a dizer-se que o ho- Aqueles que perseveram no mal em sua revolta con-
mem Foi feito do limo da terra”. tra Deus e suas leis serão doravante um entrave para
Kardec (GE, Cap. X) faz um quadro comparativo da o progresso moral, uma causa permanente de per-
alegoria dos seis dias da criação bíblica e da formação turbação para o repouso e a felicidade dos bons, por
geológica determinada pela ciência. Este ultimo com isso eles são enviados para os mundos menos avan-
a contribuição dos espíritos. Acentua que a concor- çados. (GE Cap. XI item 43)
dância não é rigorosa e não pode ser tomada como “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a
tal, mas basta provar a intuição da realidade na ale- razão, face a face, e todas as épocas da humanida-
goria bíblica. de.” (Allan Kardec)
E conclui o capítulo afirmando:
BIBLIOGRAFIA
15

KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 1°, cap. III, questões acha sujeito as leis que regem a matéria; a Humani-
37 a 59; dade experimenta as vossas sensações e desejos, mas
KARDEC, Allan - A Gênese - cap. IV itens de 1 a 10; cap. VI, itens
1,08, 10 a 12, 16, 19, 23, e, 48 a 61; cap. VII, itens 13,17, 18, 48 e liberta das paixões desordenadas de que sais escra-
49; cap. IX, item 4;cap. X, itens de 1 a 12, 15, 2o e 26 a 29; cap. XI, vos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração,
itens 1 a 9, 29 a 32, 38 a 42, parágrafo 3 e 45; cap. XII, itens 1 a da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca”. (ESE
23; cap. III)
KARDEC, Allan - Obras Póstumas - Profissão de Fé Racional - cap. Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade
III, itens 10, 11 e 13;
perfeita, mas a aurora da felicidade.
KARDEC Allan, O Que é Espiritismo, cap. III, itens 105 a 107;
Bibliografia Complementar: Mundos ditosos: onde o bem sobrepuja o mal.
ANDRE LUIZ - Evolução em Dois Mundos - cap. IV
EMMANUEL - A Caminho da Luz v cap. II Mundos celestes ou divinos: habitações de Espíritos
depurados, onde exclusivamente reina o bem.
Parte B - HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação
MEU PAI e provas, razão por que ai vive o homem a braços
“Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede com tantas misérias.
também em mim. Há muitas moradas na casa de Os Espíritos que encarnam em um mundo não se
meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, acham a ele presos indefinidamente, nem nele atra-
pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que vessam todas as fases do progresso que lhes cumpre
me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, realizar, para atingir a perfeição. Quando, em um
voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que
eu estiver, também vos ai estejais”. (JOÃO, XIV : 1-3.) esse mundo comporta, passam para outro mais adi-
antado, e assim por diante, até que cheguem ao es-
DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS tado de puros Espíritos.
Mundos inferiores: a existência é toda material, rei- O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os
nam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida seres da Criação, animados e inanimados, foram
moral. submetidos pela bondade de Deus.
À medida que esta se desenvolve, diminui a influên- A própria destruição, que aos homens parece o ter-
cia da matéria de tal maneira que, nos mundos mais mo final de todas as coisas, é apenas um meio de se
adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual. chegar, pela transformação, a um estado mais perfei-
Mundos intermediários: misturam-se o bem e o mal, to, visto que tudo morre para renascer.
predominando um ou outro, segundo o grau de adi- Ao mesmo tempo em que todos os seres vivos pro-
antamento da maioria dos que os habitam. gridem moralmente, progridem materialmente os
Mundos superiores: o bem predomina sobre o mal. mundos em que eles habitam.
AINDA PODEMOS CLASSIFICAR OS MUNDOS EM: BIBLIOGRAFIA
Mundos primitivos: destinados as primeiras encarna- KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. III, itens
ções da alma humana. 1 a 5 e 8 a 19;
Novo Testamento - João 14: 1-2.
Mundos de expiação e provas: onde domina o mal.
A superioridade da inteligência, em grande número
dos seus habitantes, indica que a Terra não é um 5ª Aula - PRINCÍPIO VITAL - FLUIDOS
mundo primitivo e as qualidades inatas que eles tra- Parte A – SERES ORGÂNICOS E INORGÂNICOS
zem consigo constituem a prova de que já viveram e - PRINCIPIO VITAL - A VIDA E A MORTE - A
realizaram certo progresso. Mas, também, os nume-
rosos vícios a que se mostram propensos constituem NATUREZA DOS FLUIDOS
o índice de grande imperfeição moral. Seres Orgânicos e Inorgânicos e Principio Vital:
Por isso estão aqui para expiarem suas faltas, medi- Os seres orgânicos são os que trazem em si mesmos
ante penoso trabalho e misérias da vida, até que uma fonte de atividade intima, que lhes da a vida.
hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso. Nascem, crescem, reproduzem-se e morrem; são
Mundos de regeneração: nos quais as almas que providos de órgãos especiais para a realização dos
ainda tem o que expiar extrai novas forças, repou- diferentes atos da vida e apropriados as necessidades
sando das fadigas da luta. de sua conservação. Abrangem os homens, os ani-
Os mundos regeneradores servem de transição entre mais e as plantas.
os mundos de expiação e os mundos felizes. Os seres inorgânicos são os que não possuem vitali-
“A alma penitente encontra neles a calma e o repouso dade nem movimentos próprios, sendo formados
e acaba por depurar-se, porém, o homem ainda se
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

apenas pela agregação da matéria: os minerais, a A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tomar-se
água, o ar, etc. (LE, introdução a questão 60) incapaz de entreter a vida, se não for renovada pela
É a mesma lei, ou seja, a de atração que une tanto os absorção e assimilação de substancias que o contém.
elementos dos corpos orgânicos, quanto os inorgâni- O fluido vital se transmite de um individuo a outro.
cos, assim como a matéria também é a mesma, com Aquele que o tem em maior quantidade pode dá-lo ao
a diferença que os corpo orgânicos estão animaliza- que têm menos e, em certos casos fazer voltar uma
dos, pois se uniram ao fluido vital. vida prestes a extinguir-se”.
Na resposta 63, do LE, os amigos espirituais respon-
Veja vários exemplos de doação do fluido vital, atra-
deram que o princípio vital, tanto é um efeito, quanto
vés de Jesus, nos casos: A filha de Jairo (Marcos: V, 21-
uma causa da matéria animalizada. E um efeito pro-
43); O filho da Viúva de Naim (Lucas: VII, 11-17) e Lázaro
duzido pela ação de um agente sobre a matéria. Esse (João, XI: 1-45).
agente, sem a matéria, não é vida, da mesma forma
que a matéria não pode viver sem ele. E ele que da Mecanismo da Morte
vida a todos os seres, que o absorvem e assimila. 1 - Mortes Naturais
O fluido vital ou principio vital é uma das modifica- - Deterioração do Fluido Vital
ções do fluido universal, já que também é matéria. - Exaustão do corpo físico
- Desligamento do Espírito
A Vida e a Morte
A causa da morte esta na exaustão dos órgãos. O 2 - Mortes Trágicas
conceito de morte vigente hoje no meio cientifico - Destruição do corpo físico
internacional, é o da “ausência de atividade elétrica - Desligamento do Espírito
cerebral”. Ao lado de alguns sinais de fácil identifica- No primeiro caso, o corpo enfermo não estaria em
ção, a ausência de atividade cerebral determinada condições de participar da renovação do fluido vital
pelo eletroencefalograma, confirma o diagnostico de adulterado, o que completaria o circuito de forças
morte física, mesmo que o coração continue em fun- enfermiças.
cionamento a custa de aparelhos específicos.
No segundo caso, a morte alcançaria os órgãos im-
No entanto, em muitas oportunidades, essa exaustão pregnados de fluidos vitais sadios, o que poderia criar
do corpo físico será precedida por uma deterioração dificuldades na readaptação do desencarnante a sua
do fluido vital que o animaliza. nova vida, já que o fluido vital é exclusivo dos encar-
Podemos comparar o mecanismo da morte a um nados. Nesta eventualidade (mortes trágicas), sabe-
aparelho elétrico em funcionamento. Poderíamos mos que o sofrimento que acompanha o desencar-
fazê-lo parar de funcionar de duas maneiras: supri- nante é diretamente proporcional a culpabilidade da
mindo a corrente elétrica que chega até ele, e que- vitima naquele acidente. Nos casos em que o Espírito
brando o aparelho. não foi responsável (consciente ou inconsciente) pelo
seu desencarne, o fluido vital restante sofreria uma
Assim também ocorre com a morte nos seres orgâni- desagregação o que liberaria o Espírito dessas ener-
cos; ela pode ocorrer de duas formas: o empobreci- gias impróprias para a vida espiritual. Nos casos de
mento do tônus vital iria desarticular as células do suicídio direto ou indireto, as faixas de fluido vital
veiculo físico, surgindo dai a doença, e posteriormen- estariam aderidas ao corpo espiritual do recém-
te, a morte. Seria o processo observado como mais desencarnado, gerando dificuldades a sua readapta-
freqüência nas mortes naturais; e a destruição direta ção a vida na erraticidade.
do veiculo físico sem desintegração do fluido vital Com a morte do corpo físico, a matéria inerte se de-
prévia, mortes trágicas (como acidentes, homicídio, compõe, formando novos seres, porque na natureza
suicídio). tudo se transforma, pois quem cria é apenas Deus.
Kardec, em complemento a questão 70, do LE, nos Quanto ao principio vital, retorna a massa.
diz: A Natureza dos Fluidos
- “A quantidade de fluido vital não é a mesma em Fluido Cósmico Universal “é a matéria elementar
todos seres orgânicos: varia segundo as espécies, e primitiva, cujas modificações e transformações cons-
não é constante no mesmo indivíduo, nem nos vários tituem a inumerável variedade dos corpos da nature-
indivíduos da mesma espécie. Há os que estão, por za”.
assim dizer; saturados do fluído vital, enquanto ou- Há um fluido etéreo que preenche o espaço e pene-
tros o possuem apenas em quantidade suficiente. É tra os corpos. E o fluido cósmico ou universal ou ma-
por isso que uns são mais ativos, mas energéticos, e téria elementar primitiva, geradora do mundo e dos
de certa maneira, de vida superabundante.
17

seres, ou seja, tudo que não é Espírito, provem das mudam as propriedades dos fluidos de acordo com
suas quase infinitas transformações. leis especificas. Tais transformações podem ocorrer
Os fenômenos materiais tidos vulgarmente como pela vontade como também resultar de um pensa-
milagrosos, foram explicados pela Ciência, tendo em mento inconsciente.
vista as leis que regem a matéria. Quanto aos fenô- Para o Espírito, basta que pense em algo para que se
menos “em que prepondera o elemento espiritual” produza, pois, pode tomar-se visível a um médium,
não explicáveis unicamente pelas leis da Natureza, mostrando a aparência de qualquer encarnação em
encontram explicação nas “leis que regem a vida que fixe seu pensamento, com todas as característi-
espiritual” (cap. X e XIV - GE). cas e particularidades. Pode criar fluidicamente obje-
tos com duração efêmera (idêntica a do pensamento
Propriedades dos fluídos
que os criou) que, para ele são tão reais como o e-
O fluido cósmico ou Universal assume dois estados
ram, no estado material, para o homem vivo.
distintos: o de imponderabilidade - seu estado nor-
O pensamento atua sobre os fluidos como o som
mal (eterização), passando ao de ponderabilidade
sobre o ar, criando imagens fluídicas reflete-se no
que preside aos fenômenos materiais, de alçada da
perispírito como num espelho, encorpa-se e se foto-
Ciência; no estado de eterização situam-se os fenô-
grafa.
menos espirituais ou psíquicos, ligados a existência
Assim, os mais secretos movimentos da alma reper-
dos Espíritos, estudados pelo Espiritismo. Neste esta-
cutem no perispírito, permitindo a que leiam uns aos
do, os fluidos sofrem maior número de modificações,
outros como num livro. Vêem a preocupação habitual
adquirindo propriedades especiais, sendo para os
do individuo, seus desejos, seus projetos, seus desíg-
Espíritos o que para nós são as substancias materiais;
nios bons ou maus.
elaboram, combinam, produzindo os efeitos deseja-
dos. Tais modificações são feitas por Espíritos mais Qualidades dos Fluidos:
esclarecidos, enquanto que os ignorantes, mesmo Os fluidos podem ter qualidades físicas e morais. Os
participando do fenômeno, são incapazes de enten- fluidos, originalmente neutros, adquirem suas quali-
dê-las. dades no meio onde são elaborados.
Sob o ponto de vista Moral, trazem a impressão dos
Nossos sentidos e instrumentos de análise não po-
sentimentos do ódio, da inveja, do ciúme, do orgulho,
dem perceber os elementos fluídicos; alguns fluidos,
do egoísmo, da violência, da hipocrisia, da bondade,
entretanto, pela sua ligação com a vida corporal,
da benevolência, do amor, da caridade, da doçura,
podem ser avaliados pelos seus efeitos: são fluidos
etc.
mais densos que compõem a atmosfera espiritual da
Sob o ponto de vista físico, são excitantes, calmantes,
Terra. Possuem vários graus de pureza, sendo desse
penetrantes, adstringentes, irritantes, soporíferos,
meio que os Espíritos deste planeta, encarnados e
narcóticos, tóxicos, reparadores, etc.
desencarnados, tiram os elementos necessários a
O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as pai-
manutenção de sua existência. Em outros mundos
xões e vícios da Humanidade.
ocorre o mesmo, com as devidas variações de consti-
tuição e condições de vitalidade de cada um. BIBLIOGRAFIA:
1) Kardec, Allan - “O Livro dos Espíritos” - Introdução, item II,
Os fluidos espirituais na verdade são matéria mais ou questões 60 a 70;
menos quintessenciada; somente a alma ou principio 2) Kardec, Allan - “A Gênese” - cap. XIV, itens 1 a 6 e 16 a 19;
inteligente é espiritual. Assim os fluidos espirituais 3) Delanne, Gabriel- “Evolução Anímica” - cap. I, item “A Força
Vital”
são “a matéria do mundo espiritual”. Quanto a solidi- 4) Angelis, -Io3H3 - “Estudos Espíritas” - cap. 6 -psicografia de
ficação da matéria, na realidade não é mais do que Divaldo Franco.
um estado transitório do fluido universal, que pode 5) Novo Testamento: Marcos: V, 21-43; Lucas: VII, 11-17 e João
volver ao seu estado primitivo, quando deixam de XI: 1-45
existir as condições de coesão.
Parte B - PROGRESSÃO DOS MUNDOS
Ação dos Espíritos sobre os fluidos
Criações fluídicas - Fotografia do pensamento. É outra mensagem de Santo Agostinho, também psi-
Os fluidos espirituais constituem-se nos materiais cografada em Paris, em 1862, que Kardec escolheu
utilizados pelos Espíritos, o meio onde ocorrem os para encerrar o capitulo III de ESE.
fenômenos especiais bem como onde se forma a luz Progressão significa segundo o dicionário Houaiss
perceptíveis no plano espiritual, como também é o “ação de progredir; desenvolvimento gradual (de um
veiculo do pensamento. processo); progressividade, sucessão, continuação”.
Através do pensamento imprimem direção, aglome-
ram, combinam ou dispersam, dando forma e cor, A Casa de meu Pai é o Universo infinito. As diferentes
moradas são os mundos que circulam no espaço infi-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

nito, oferecendo aos Espíritos imortais, moradias ção através da palavra, da vivência da Boa Nova que
próprias ao grau evolutivo de cada um. Jesus trouxe.
Santo Agostinho vem nos dizer que a lei do progres- Hoje, a grande maioria dos homens sente necessida-
so, a qual Kardec classificou como lei natural, funcio- de de conhecer-se: Quem somos, De onde viemos,
na para todos os seres animados e inanimados, para Para onde vamos?
levá-los, pela transformação, a um estado mais per-
Os atuais seguidores do Cristo, principalmente os
feito, pois tudo morre para renascer, porque Deus
espíritas, pelos esclarecimentos que possuem, têm o
quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria
dever de divulgar os princípios de sua doutrina pelos
destruição, que parece para os homens, o fim das
meios de comunicação existentes, mas, principal-
coisas, é apenas um meio de renascer, e nada volta
mente, pela palavra e pela conduta, na vivência e no
para o nada.
exemplo do amor e do perdão.
Assim como os seres vivos progridem intelectual e BIBLIOGRAFIA
moralmente, os mundos também progridem. Kardec, Allan, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. III, item
19.
A história dos mundos nos faz ver que desde a aglo-
meração dos primeiros átomos na formação deles há
uma progressão continua, um desenvolvimento im- 6ª Aula - PRINCÍPIO INTELIGENTE E OS
perceptível para cada geração, mas dando a seus TRÊS REINOS
habitantes condições mais agradáveis, a medida que, Parte A - OS TRÊS REINOS - OS MINERAIS E AS
eles também avancem na senda do progresso, inter-
PLANTAS - OS ANIMAIS E O HOMEM
ferindo com a inteligência nas forcas da natureza.
Nada fica estacionário: evoluem, paralelamente, os Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteli-
animais, as formas de moradia, de vestuário, de ali- gente dos seres inferiores da criação nesses seres, que
mentação, de idéias... Em tudo há um dinamismo estas longe de conhecer inteiramente, que o princípio
evolutivo, progressivo. inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco,
e ensaia para a vida, como dissemos (LE, 607-a). Em
A Terra, com sua humanidade, seguindo essa lei, es- tudo observamos a admirável harmonia da criação
teve material, intelectual e moralmente, em um es- divina, onde tudo se encadeia e se transforma, se-
tado inferior ao de hoje. Já foi mundo primitivo, to- guindo a lei de evolução.
mou-se de expiações e de provas e vai transformar-se
em um mundo regenerador, onde seus habitantes se Após a morte, o Espírito não pode lembrar-se de suas
esforçarão para viver o bem, numa luta sem as an- existências anteriores ao período de humanidade,
gustias de hoje, pela certeza que terão da existência e porquanto ainda não havia começado a vida de Espí-
imortalidade do ser espiritual, com todas as suas rito;... É mesmo difícil que se lembre de suas primei-
conseqüências de compreensão, segurança e confi- ras existências como homem, exatamente como o
ança nas leis divinas. homem não se lembra mais dos primeiros tempos de
sua infância, e ainda menos do tempo que passou no
Por estarmos vivenciando um longo período de tran- ventre materno (LE, 608).
sição, onde o mal, a violência toma-se visível a todos, O homem, tendo tudo o que existe nas plantas e nos
ao nosso redor ou através dos meios de comunica- animais, domina todas as outras classes por uma
ção. inteligência especial, ilimitada, que lhe da a consciên-
É o mal tendo que ser bem conhecido, é a exibição cia do seu futuro, a percepção das coisas extra mate-
das feridas, do feio, do choro, para que o homem riais e o conhecimento de Deus (LE, 585).
desperte de vez e use sua inteligência, sua sensibili- Do ponto de vista do reino animal o homem não é
dade, sua fé, sua vontade no esforço de erradicá-lo um ser a parte, porque nada na natureza se faz por
através do sentir o bem, pensar no bem e fazer so- transição brusca; há sempre anéis que ligam as ex-
mente o bem, e não através do mesmo mal, da mes- tremidades da cadeia dos seres (LE, 609). Mas, o ho-
ma violência. mem é de fato um ser a parte, porque tem faculda-
Talvez, por vivermos em uma época com aspectos des que o distinguem de todos os outros e têm outro
diferentes, mas que se assemelham aos tempos dos destino. A espécie humana é a que Deus escolheu
primeiros cem anos do cristianismo: época de mu- para a encarnação dos seres que O podem conhecer
danças marcadas nas idéias dominantes até então, (LE, 610).
quando os seguidores de Jesus se doaram na divulga- Vale lembrar que, não fomos conscientemente pedra,
planta ou animal. O Espírito (principio inteligente)
19

estagia nesses reinos, para o aprendizado de aspec- espécie de vontade, como ocorre por exemplo, com a
tos necessários ao seu processo evolutivo assim co- sensitiva e a dioneia (LE, 589). Mas isto não significa
mo também de seus instintos. Detentor deste apren- que ambas possuam a faculdade de pensar; elas re-
dizado este princípio inteligente, pela vontade do Pai, presentam, sim, formas intermediárias entre o reino
adentra ao reino hominal, já individualização inteli- vegetal e o animal.
gente e ai sim passa a ser um ser consciente. “Tudo é transição da Natureza, pelo fato mesmo de
que nada é semelhante e no entanto tudo se liga. As
Os Três Reinos
plantas não pensam, e por conseguinte não têm von-
Subentendem-se por Reino cada uma das três gran-
tade... O organismo humano nos fornece exemplos
des divisões em que se agrupam todos os corpos da
de movimentos análogos, sem a participação da von-
natureza, a saber; reino mineral, vegetal e reino ani-
tade como as funções digestivas e circulatórias... O
mal, ou ainda em duas grandes classes; seres orgâni-
mesmo deve acontecer com a sensitiva, na qual os
cos e seres inorgânicos.
movimentos não implicam absolutamente a necessi-
Alguns estudiosos, no entanto, do ponto de vista
dade de uma percepção e menos ainda de uma von-
moral, consideram a espécie humana como um quar-
tade.” (LE, 589).
to reino, o hominal, em razão de sua inteligência
Mesmo nos mundos superiores, as plantas são sem-
ilimitada que o diferencia dos demais componentes
pre plantas, como os animais são sempre animais, e
do reino animal.
os homens sempre homens. (LE, 591).
Tal posição é plenamente corroborada pela Codifica-
ção Espírita pois, do ponto de vista moral, há, eviden- II - Os Animais e o Homem
temente, quatro graus. Esses quatro graus têm, com Os Animais
efeito, caracteres bem definidos, embora pareçam Comparando-se o homem e os animais, em relação à
confundir-se os seus limites (LE, 585). inteligência, torna-se difícil estabelecer uma linha
divisória entre ambos, pois certos animais têm notó-
I - Os Minerais e as Plantas
ria superioridade sobre certos homens. Mas, nesse
Minerais:
terreno, o homem é um ser a parte, que desce às
A matéria inerte que constitui o reino Mineral, não
vezes muito abaixo.
possui mais do que uma força mecânica (LE, 585).
Caracterizando-se pelas inúmeras variedades e com- Todavia, no físico o homem é como os animais e me-
binações dos corpos simples da natureza, este reino nos provido que muitos deles, pois suas necessidades
constitui-se a partir da agregação da matéria sob o de sobrevivência, por exemplo, são providas pela
impulso das leis de atração e coesão que unem e própria natureza, ao passo que o homem precisa usar
equilibram os átomos em estruturas simples e/ou a inteligência para inventar os meios adequados a fim
complexas. de suprir suas necessidades materiais. (LE, 592)
Muito embora composto por matéria inerte e, por-
Os animais, quase que na totalidade de suas vidas,
tanto, sem vitalidade, já neste reino encontra-se,
agem por instinto; contudo, alguns já se expressam
latente, o suporte necessário a manifestação da vida
por uma vontade determinada, provando desfrutar
que ira despontar no reino vegetal.
de uma inteligência, se bem que rudimentar e “Há
Plantas: pois, neles uma espécie de inteligência, mas cujo e-
As plantas, compostas de matéria inerte, são dotadas xercício é mais precisamente concentrado sobre os
de vitalidade (LE, 585); e embora possuindo fisiologia meios de satisfazer as suas necessidades físicas e
específica, não tem consciência de sua existência; prover a conservação. Não há entre eles nenhuma
não pensam e não tem mais do que vida orgânica. criação, nenhum melhoramento... Mesmo o progres-
Assim, não experimentam sensações nem sofrem so que realizam pela ação do homem é efêmero e
quando são mutiladas: ...são fisicamente afetadas puramente individual, porque o animal abandonado a
por ações sobre a matéria, mas não tem percepções; si próprio, não tarda a voltar aos limites traçados pela
por conseguinte, não têm a sensação de dor. (LE, 587) Natureza.” (LE, 593).
A força observada pelos botânicos, que atrai as plan- Eles também não possuem uma linguagem formada
tas umas as outras, não constitui manifestação de de sílabas e palavras, mas têm outras formas de se
vontade; trata-se tão somente de uma força mecâni- comunicarem, sempre adequadas aos limites restri-
ca da matéria que age na matéria; elas não poderiam tos de suas necessidades.
opor-se (LE, 588). Na ausência de voz comunicam-se por outros meios,
assim como os homens, quando mudos usam a mími-
Algumas plantas, porém, têm determinados movi-
ca. Sendo-lhes facultada a vida de relação, possuem
mentos fisiológicos que levam a impressão de possuí-
meios de se prevenirem e de exprimirem as sensa-
rem não apenas sensibilidade, como também uma
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ções que experimentam; é por isto que os peixes da sua consciência, já no reino hominal, lhe trará a
comunicam-se entre si, da mesma forma que as ba- condição de Espírito perfectível.
leias e outros animais, pois a linguagem não é privilé-
O Homem
gio exclusivo do homem.
No reino hominal, o principio inteligente, trazendo
Ocorre que a linguagem dos animais é instintiva e consigo todo o acervo de experiências multimilenares
limitada pelo circulo exclusivo das suas necessidades conquistadas nos reinos da natureza, inicia o proces-
e das suas idéias, enquanto o homem é perfectível] e so da aquisição do domínio da razão e da consciência
se presta a todas as concepções da sua inteligência de si mesmo, que é o principal atributo do Espírito;
(LE, 594-a). não é mais “essência espiritual”, mas Espírito com
Em relação à aptidão que certos animais denotam de individualidade própria, discernimento, responsabili-
imitar a linguagem humana, deve-se ao fato de haver dade de seus atos, conhecimento do bem e do mal,
certa conformação dos órgãos vocais e é por isso que, conhecimento de Deus e de suas leis..
levados pelo instinto de imitação, chegam a lingua- A Terra não é o ponto de partida da primeira encar-
gem e aos gestos dos homens, como é o caso de al- nação humana. O período de humanidade começa,
gumas aves e dos símios (LE, 596). em geral, nos mundos ainda mais inferiores (LE,
Apesar de não desfrutarem do livre-arbítrio, os ani- 607b), o que no entanto, não constitui regra absolu-
mais não são simples maquinas; têm liberdade de ta; excepcionalmente pode acontecer que um Espíri-
ação, embora limitada e restrita aos atos da vida ma- to desde o seu inicio esteja apto a viver na Terra.
terial, pois possuem uma inteligência igualmente Nesta fase, o estado da alma do homem corresponde
limitada, que os possibilita para tal. ao estado da infância na vida corporal; sua inteligên-
No entanto, se possuem uma inteligência que lhes cia esta apenas desabrochando e ensaiando apara a
faculta certa liberdade de ação, é porque há neles um vida.
princípio independente da matéria, e que sobrevive Muitos estudiosos classificam o gênero humano co-
ao corpo; a tal principio pode-se didaticamente cha- mo sendo um animal racional e social. Mas, segundo
mar de “alma”, mas é inferior à do homem. Há, entre a Doutrina Espírita, afirmar que o homem é um ani-
a “alma” dos animais e a do homem tanta distância mal, embora superior, é tão incorreto quanto dizer
quanto entre a alma do homem e Deus (LE, 597-a). que o animal é um homem. Seu corpo se destrói co-
Posto que os animais não possuem “alma” propria- mo o dos animais, isto é certo, mas o seu Espírito tem
mente dita, mas um princípio espiritual, após a morte um destino que só ele pode compreender; porque só
conservam sua individualidade, mas não a consciên- ele é completamente livre (LE, 592);
cia de si mesmos, uma vez que a vida inteligente O que toma o homem superior ao animal são os atri-
permanece em estado latente. Ficam numa espécie butos intelectuais e morais e a intuição da existência
de erraticidade, pois não estão mais unidos a maté- de Deus, gravada em sua consciência.
ria, mas nem por isso são Espíritos errantes.
BIBLIOGRAFIA:
Espírito errante é um ser que pensa e age por sua KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 1°, cap. IV, questões
livre vontade, Sendo a consciência de si mesmo seu 71 a 75; Livro 2°, cap. XI, questões 585 a 591;
atributo principal; o dos animais não têm a mesma KARDEC, Allan - A Gênese, cap. II, item 27; cap. III, itens 11, 12,
faculdade (LE, perg. 600). 13, 14, 18 e 19; cap. V, item 9; cap. VI, itens 17 a 19; cap. X, itens
10 a 19, 24 e, 25; cap. XI, item 43; cap. XII, itens 13 a 26.
Os animais também acompanham a lei do progresso KARDEC, Allan - O Céu e O Inferno – 1ª Parte, cap. III, n° 18; cap.
e nos mundos superiores suas possibilidades são bem IV, n°S 7 e, 11 a 14; cap. V n° 1 a 10;
KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. I e III;
mais desenvolvidas, embora permanecendo sempre
Revista Espírita, de janeiro de 1862; de novembro de 1863; de
inferiores e submetidos aos homens; toda evolução julho de 1864;
inclusive a animal, decorre em função da ordem na- Revista Espírita, de Setembro de 1864;
tural das coisas.
Mas, mesmo nestes mundos e por não possuírem Parte B - A LEI DE AMOR
livre-arbítrio, não passam pelo processo expiatório e
ignoram a existência de Deus. O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o
sentimento por excelência, e os sentimentos são os
Portanto, a inteligência do homem e a dos animais, instintos elevados a altura do progresso realizado. No
procede de um mesmo principio inteligente imanente seu ponto de partida, o homem só tem instintos;
nos reinos da natureza; mas o reino animal é a ultima mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais
etapa em que este princípio estagia em busca da sua instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o
individualização plena e responsável, pois o despertar requinte do sentimento (ESE cap. XI item 8).
21

O Espírito percorre longo caminho em busca de sua KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item
evolução. 8.
Como vimos, o principio inteligente estagia nos três
reinos para adquirir as condições necessárias e aden- 7ª Aula - ESPÍRITO, PERISPÍRITO E CORPO
trar ao reino hominal, e a partir de então outra gran-
FÍSICO
de jornada se apresenta ao Espírito, já individualida-
Parte A – ESPÍRITO: ORIGEM E NATUREZA -
de inteligente, o desenvolvimento da inteligência e o
aprendizado do amor. MUNDO NORMAL PRIMITIVO - FORMA E UBI-
QÜIDADE DOS ESPÍRITOS - PERISPÍRITO: O-
Os instintos são a germinação e os embriões dos sen-
timentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota RIGEM, NATUREZA, FUNÇÕES E PROPRIEDA-
oculta o Carvalho. (ESE cap. XI item 8) DES - CORPO FÍSICO
O instinto é uma inteligência não-racional. É por meio
ESPÍRITO:
dele que todos os seres provém as suas necessidades
(LE questão 73).
Origem e natureza
Pode-se observar que o Espírito se utiliza do instinto São as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou
para a manutenção da vida; na busca pelo alimento, em outros mundos, despojados de seu envoltório
na condição da defesa e da reprodução. corporal. Quanto ao conceito de alma para o Espiri-
tismo é o de um ser imaterial e individual que em nos
Ao vivenciar a satisfação destas necessidades o Espí- reside e sobrevive ao corpo; é o principio inteligente
rito experimenta sensações que se transformarão em do Universo segundo a questão 23 do Livro dos Espí-
sentimentos dos mais variados matizes. ritos, que abriga o pensamento, à vontade e o senso
O grande desafio em nossas existências é a educação moral. Temos ainda o perispírito, envoltório fluídico,
de nosso “sentir”, que se transforma em energias leve, imponderável, que une o espírito e o corpo. (LE,
através do pensamento emitido. Introdução)

O aprendizado do amor se dará através do exercício Mas, como não se pode conceber o principio inteli-
da contenção, do trabalho interior desenvolvido pela gente isolado de toda matéria, nem o perispírito sem
inteligência. O instinto não raciocina; a razão permite estar animado pelo principio inteligente, as palavras
a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio (LE, questão alma e Espírita são, usualmente, empregadas indife-
75). rentemente uma pela outra.
Jesus veio mostrar a importância do amor, com este
ensinamento ele modificou o mundo, trouxe uma Em síntese temos no homem três coisas essenciais:
nova realidade para a vida do Espírito, instaurou uma primeiro a alma ou principio inteligente, segundo o
nova era para a humanidade. corpo, envoltório material que coloca o Espírito em
Se a primeira palavra divina é o “amor”, a segunda é relação com o mundo exterior; terceiro, o perispírito,
a “reencarnação”; pois só através da reencarnação é envoltório fluídico intermediário entre o Espírito e
possível a conquista do amor e da sabedoria, as duas corpo. A alma é, assim, um ser simples; o Espírito um
asas que nos aproximam de Deus. ser duplo e o homem um ser triplo. (OQE, cap. II, 14)

O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora A morte não é senão a destruição do envoltório ma-
resgatar o homem da matéria (ESE cap. XI item 8), Atra- terial; a alma abandona esse envoltório como a bor-
vés da reencarnação, na matéria de que se constitui o boleta deixa sua crisálida; contudo, ela conserva seu
corpo físico e toda condição da vida material, o ho- corpo fluídico ou perispírito.
mem pode realizar o seu processo de crescimento. A morte do corpo livra o Espírito do envoltório que o
Faz-se necessário que o Espírito se liberte da matéria amarrava a Terra e o fazia sofrer; uma vez liberto
valorizando suas faculdades espirituais. desse fardo, ele não tem mais que seu corpo etéreo,
que lhe permite percorrer o espaço e transpor as
A busca pelo conforto, a luta pela sobrevivência são distâncias com a rapidez do pensamento. A união da
sem dúvida aspirações dignas, mas o homem não alma, do perispírito e do corpo material constitui o
pode menosprezar a importância de desenvolver suas homem; a alma e o perispírito separados do corpo
conquistas espirituais, que constituem sua verdadeira constituem o ser chamado Espírito. (OQE, cap. II, 12,13 e
riqueza. 14)
O amor é à base das leis Divinas que regem todo o
Os Espíritos são criação de Deus e se acham submeti-
Universo.
dos a sua vontade, mas quanto, ao modo porque nos
Quando destas leis nos afastamos, sofremos, pois
criou e em que momento o fez, nada sabemos.
andamos na contra mão do bem.
Os Espíritos são a individualização do principio inteli-
BIBLIOGRAFIA: gente, como os corpos são a individualização do prin-
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cípio material e sua criação é permanente. (LE, cap. I, designado como sendo um invólucro, uma veste da
76-83) qual se despoja por ocasião da morte. Além desse
Assim, somos criados todos iguais, simples e ignoran- invólucro material, tem o Espírito um segundo, se-
tes, com as mesmas possibilidades de evolução, por- mimaterial, que o liga ao primeiro, do qual ao contrá-
que sendo Deus justo e misericordioso jamais poderia rio do corpo não se despoja, e que damos o nome de
criar seus filhos em desigualdade de condições. perispírito. Esse invólucro semimaterial, que tem a
Mundo normal primitivo forma humana, constitui para o Espírito um corpo
Segundo o LE, os Espíritos habitam um mundo a parte fluídico, vaporoso, mas que, pelo fato de nos ser invi-
do material denominado mundo dos Espíritos ou das sível no seu estado normal, não deixa de ter algumas
inteligências incorpóreas e que ainda este é na reali- das propriedades da matéria. (LM, cap. I, 3)
dade o principal na ordem pois preexiste e sobrevive O perispírito tem sua origem do fluido universal de
a tudo. cada globo, razão por que não é idêntico em todos os
No entanto, existe uma correlação entre ambos, o mundos; passando de um mundo a outro, o Espírito
mundo material e dos Espíritos, pois um sobre o ou- muda de envoltório. (LE, cap. I, 94).
tro incessantemente reage. O Espírito não pode ter ação direta sobre a matéria
Ainda em relação à questão 87, se os Espíritos ocu- pela sua essência espiritual e, necessita de um inter-
pam uma região determinada e circunscrita no espa- mediário para que possa atuar sobre a matéria tangí-
ço, eles respondem: vel, desta forma o fluido perispirítico é um veiculo do
- “Estão por toda parte. Povoam infinitamente os pensamento, para transmitir o movimento as diver-
espaços infinitos. Tendes muitos deles de continue a sas partes do organismo, as quais atuam sob a impul-
vosso lado, observando-vos e sobre vos atuando, sem são da sua vontade e para fazer que repercutam no
o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das po- Espírito as sensações que os agentes exteriores pro-
tências da Natureza e os instrumentos de que Deus se duzam.
serve para execução de seus desígnios providenciais. Este laço fluídico perispiritual tem sua ligação desde o
Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há momento da concepção e se une molécula a molécu-
regiões interditas aos menos adiantados”. la, ao corpo em formação, se desfazendo da mesma
Pela sua presença permanente em nosso meio, os maneira por ocasião do desenlace, separação, que às
Espíritos são os agentes de diversos fenômenos, de- vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que
sempenhando um papel importante no mundo moral outras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, con-
e até um certo ponto no mundo físico constituindo, forme o estado moral do Espírito. (GE, cap. XI, 17-19)
assim, uma das forcas da Natureza. (OQE, cap. II, 18) A natureza do envoltório fluídico esta sempre em
relação com o grau de adiantamento moral do Espíri-
Forma e ubiqüidade dos Espíritos to sendo impossível para um Espírito inferior visitar
Quanto a ter uma forma determinada, esclarecem os mundos mais elevados, enquanto os Espíritos superi-
Espíritos de que na nossa percepção não, mas que na ores, podem vir aos mundos inferiores, e até, encar-
realidade seriam “uma chama, um clarão, ou uma nar neles. (GE, cap. XIV, 9)
centelha etérea”. (LE, 88) O envoltório perispirítico de um Espírito se modifica
Os Espíritos percorrem o espaço através do pensa- com o progresso moral que este realiza em cada en-
mento, e a noção de distância depende de sua natu- carnação, embora ele encarne no mesmo meio; que
reza mais ou menos depurada, não sendo a matéria os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmen-
nenhum obstáculo, pois tem a capacidade de atra- te, em missão, num mundo inferior, têm perispírito
vessar tudo. menos grosseiro do que o dos nativos desse mundo.
Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um (GE, cap. XIV 10)
pode lançar seus pensamentos para diversos lados,
Formação e propriedades do perispírito
sem que se fracione para tal efeito. Nesse sentido é
Tanto o corpo carnal quanto o perispírito tem origem
que se deve entender o dom da ubiqüidade atribuído
no fluido Universal condensado e transformado em
aos Espíritos, como o sol que irradia a todos os pon-
matéria tangível, porém no perispírito, a transforma-
tos do horizonte, ou, o que se da com um homem
ção molecular se opera diferentemente, porquanto o
que, sem mudar de lugar e sem se fracionar, transmi-
fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qua-
te ordens, sinais a diferentes pontos.
lidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal
PERISPÍRITO: têm, pois origem no mesmo elemento primitivo; am-
Para Kardec o Espírito é o ser principal, pois que é o bos são matéria, ainda que em dois estados diferen-
ser que pensa e sobrevive e o corpo é um acessório tes. (GE, cap. XIV 7)
23

Tangibilidade de irradiação do seu fluido perispirítico. (GE, cap. XIV


O perispírito, ainda que invisível para nos no estado 22)
normal, não é por isso menos matéria etérea. O Espí- O perispírito é matéria quintessenciada, princípio da
rito pode, em certos casos fazê-lo experimentar tuna vida orgânica e não intelectual, que reside no Espírito
espécie de modificação molecular que o torna visível e é o agente das sensações exteriores.
e mesmo tangível. (OQE, cap. II, 28) No corpo os órgãos lhe servem de conduto, mas na
sua ausência as sensações são gerais; não estão loca-
Expansibilidade
lizadas em nenhum órgão específico embora, “o Espí-
O perispírito não se acha encerrado nos limites do
rito pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal,
corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica,
contudo, não seja exclusivamente moral, como o
ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em
remorso, pois que ele se queixa de frio e calor”. Pela
tomo do corpo, uma espécie de atmosfera que o
sensação não ser produzida por agentes exteriores
pensamento e a força da vontade podem dilatar mais
nem tampouco estar localizada, trata-se de uma re-
ou menos. Daí se segue que pessoas há que, sem
miniscência mais do que uma realidade.
estarem em contato corporal, pode achar-se em con-
A influência material diminui à medida que o Espírito
tato pelos seus perispíritos e permutar as suas im-
progride, isto é, a medida que o próprio perispírito se
pressões e, algumas vezes, pensamentos, por meio
torna menos grosseiro.
da intuição. (OP, 1ª Parte, I, 11)
Enquanto denso, tem mais percepção das impressões
Penetrabilidade da matéria, embora de maneira diferente. (LE, Parte 2ª
Outra propriedade do perispírito, peculiar essa à sua cap. VI, 257)
natureza etérea, é a penetrabilidade. Matéria ne- Agente Modulador Biológico
nhuma lhe opõe obstáculo; ele as atravessa todas, E o Espírito que modela o corpo e “o apropria às suas
como a luz atravessa os corpos transparentes. Dai novas necessidades aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e
vem que não há como impedir que os Espíritos en- completa o organismo, à medida que experimenta a
trem num recinto inteiramente fechado. (OP, 1ª Parte, necessidade de manifestar novas faculdades; numa
II, 16)
palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência.”
Invisibilidade (GE, cap. XI, 110)
Por sua natureza e em seu estado normal, o perispíri- União do principio espiritual à matéria
to é invisível, tendo isso de comum com uma imensi- Tendo a matéria que ser objeto do trabalho do Espíri-
dade de fluidos que sabemos existir, mas que nunca to para desenvolvimento de suas faculdades, era
vimos. Pode também, como alguns fluidos, sofrer necessário que ele pudesse atuar sobre ela, pelo que
modificações que o tomam perceptível] a vista, quer veio habitá-la, Deus, em vez de unir o Espírito a pedra
por uma espécie de condensação, quer por uma mu- rígida, criou, para seu liso, corpos organizados, flexí-
dança na disposição molecular. veis, capazes de receber todas as impulsões da sua
Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo vontade e de se prestarem todos os seus movimen-
solido e tangível e retomar instantaneamente seu tos.
estado etéreo e invisível.
Esses diferentes estados do perispírito resultam da O corpo é, pois, simultaneamente, o envoltório e o
vontade do Espírito e não de uma causa física exteri- instrumento do Espírito e, a medida que este adquire
or, como se dá com os gases. Quando um Espírito novas aptidões, reveste outro invólucro apropriado
aparece, é que ele põe seu perispírito no estado pró- ao novo gênero de trabalho que lhe cabe executar.
prio a torná-lo visível. Entretanto, nem sempre basta (GE, cap. XI, 10) Por ser material, sofre as vicissitudes
à vontade para fazê-lo visível: é preciso, para que se da matéria e com o tempo se desorganiza e decom-
opere a modificação do perispírito, o concurso de põe tronando-se inútil para o Espírito que o abando-
umas tantas circunstâncias que dele independem. na. (KARDEC, GE, Cap. XI, 11-13)
(Veja-se: LM, 2ª Parte, capítulo VI.) (OP, 1ª Parte, II, 16) A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover
ao corpo o alimento, a sua segurança, seu bem-estar,
Sensações
o obriga a empregar suas faculdades em investiga-
O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio
ções, a exercitá-las e desenvolvê-las. (GE, cap. XI, 24)
do qual este percebe coisas espirituais que escapam
A união com a matéria, é pois, útil ao seu progresso.
aos sentidos corpóreos. (GE, cap. XI, 24)
Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diver-
BIBLIOGRAFIA
sas sensações são localizadas e limitadas a percepção
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Introdução, ao Estudo da
das coisas materiais; pelo sentido espiritual, ou psí- Doutrina Espírita, n°6, Livro 2º, cap. I, questões 76 a 95;
quico, elas se generalizam o Espírito vê, ouve e sente, KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns - questões 245, 281 e, 282,
por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera item 30;
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

KARDEC, Allan - A Gênese, cap. IV item 17; cap. VI, item 19; cap. Assim, a luz é o alimento do Espírito, enquanto o pão
XI, itens 7, 23 e 29; cap. XIV - Fluidos, itens 7 a 12; cap. X, item 26 é para o corpo.
e, cap. XI, itens 13 e 14, cap. XIV item 9;
KARDEC, Allan - O Céu e o Inferno – 1ª Parte - cap. 3 n º 5; Somos Espíritos imortais que temos um tempo para
KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. I; cap. II questões 15 e utilização de potências concedidas por Deus, para
100; cap. III, questões 109 a 114; realização de tarefas evolutivas.
KARDEC, Allan - Obras Póstumas - parágrafo 3°, n° 15 e, parágrafo Estas potências formam nosso corpo e nos lembra
5°;
Emmanuel, “Que fazes de teus pés, de tuas mãos, de
Revista Espírita, de outubro de 1860.
teus olhos, de teu cérebro? Sabes que estes poderes
te foram confiados para honrar o Senhor iluminando
Parte B - CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO a ti mesmo? Medita nestas interrogações e santifica o
teu corpo, nele encontrando o templo divino.” (Pão
“O Senhor te humilhou e fez passar fome; depois, Nosso, 12)
alimentou-te com esse maná, que nem tu nem teus
pais conhecíeis, para te ensinar que nem só de pão Tal a ligação que existe entre o campo físico e espiri-
vive o homem. Mas de toda a Palavra que sai da boca tual que muitas impressões registradas no perispírito
do Senhor é que o homem viverá” (Dt. 8, 3). trazem reflexos no invólucro carnal. Por exemplo, nos
lembra Emmanuel que “As enfermidades congênitas
Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao de- nada mais são que reflexos da posição infeliz em que
serto para ser tentado pelo demônio. Ele jejuou qua- nos conduzimos no pretérito próximo, reclamando-
renta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. O nos a internação na esfera física, às vezes por prazo
tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de curto, para tratamento da desarmonia interior a que
Deus, ordena que estas pedras se tornem pães. fomos comprometidos. Surgem, porém, outras cam-
Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o biantes dos reflexos do passado na existência do cor-
homem, mas de toda palavra que procede da boca de po: culpa disfarçada e dos remorsos ocultos. são plan-
Deus. (Mateus, 4:4) tações de tempo certo que a lei de ação e reação
Nesta passagem cuja referência é citada por Moises governa, vigilante, com segurança e precisão.” (Pen-
no Antigo testamento, Jesus lembra que embora samento e Vida, 14)
tenhamos necessidades materiais não devemos es- Convém lembrar que nossa conduta na prática do
quecer que temos obrigações espirituais e neste sen- bem promove alterações profundas na rota deste
tido podemos cuidar de nosso corpo físico sem su- destino. “Semelhantes ações funcionam quais precio-
cumbir às tentações da matéria. sos salvo-condutos desentrançando os obstáculos em
Orienta o Espírito Emmanuel “Apliquemos o sublime nossa caminhada para Felicidade Maior.” (Estude e
Viva)
conceito no imenso campo do mundo. Bom gosto,
harmonia e dignidade na vida exterior constituem Dispensar os cuidados necessários ao corpo é, por-
dever; mas não nos esqueçamos da pureza da eleva- tanto essencial uma vez que este influi de maneira
ção e dos recursos sublimes da vida interior; com que importante na alma.
nos dirigimos para a Eternidade.” (Fonte Viva, 18) “Onde, então, a sabedoria? Onde, então, a ciência de
viver? Em parte alguma; e o grande problema ticaria
Sabemos que o homem é uma alma encamada e o
sem solução, se o Espiritismo não viesse em auxilio
corpo físico é seu instrumento de evolução na maté-
dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relações
ria que necessita de cuidados constantes. Segundo
que existem entre o corpo e a alma e dizendo-lhes
Vinicius de Camargo:
que, por se acharem em dependência mutua, impor-
“Se, pois, o pão é indispensável à vida corpórea, a luz
ta cuidar de ambos.
é imprescindível a vida espiritual, considerando que
Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente
esta é a vida real que sobre aquela reflete. Dai o ser a
do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as
mais importante, a que requer mais atenção e cuida-
necessidades que a própria Natureza indica, é desa-
dos. Cumpre, portanto, que o homem não porfie e
tender a lei de Deus. (ESE cap. XVII, 11)
lute somente pelo pão que nutre o corpo perecível,
mas também, e principalmente, pela aquisição da luz Quanto a natureza do Espírito, a mesma não reside
que alimenta e da crescimento ao Espírito imortal. O no Campo físico, como explica Hahnemann, pai da
homem sendo, como ficou dito, uma entidade com- homeopatia em sua mensagem recebida em 1863: “O
posta de alma e corpo, não pode, por isso, atender corpo não dá cólera aquele que não na tem, do mes-
aos reclamos da vida, mantendo-se adstrito ao pro- mo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtu-
blema do pão”. (O Mestre na Educação, 23) des e todos os vícios são inerentes ao Espírito. A não
ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilida-
25

de? O homem deformado não pode tornar-se direito, Essas características não são iguais para todos, pois
porque o Espírito nisso não pode atuar; mas, pode progridem e se modificam, em conformidade com o
modificar o que é do Espírito, quando o quer com desenvolvimento da inteligência e moralidade. Gra-
vontade firme.” (ESE, Cap. IX, 10) dativamente libertam-se da influência da matéria.
BIBLIOGRAFIA Assim, passam a se classificarem em diferentes clas-
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo O Espiritismo - Cap. XVII, ses:
item 10
CAMARGO, Pedro pelo Espírito Vinicius, O Mestre na Educação - 10ª Classe - ESPÍRITOS IMPUROS
cap. XXIII São inclinados ao mal. Insuflam a discórdia e a des-
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel, Fonte Viva - confiança. Utilizam-se de todos os disfarces para me-
item 18 lhor enganar. Sua linguagem é chula e ignorante.
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel, Pão Nosso -
Evidenciam-se pela inferioridade moral e intelectual.
item 12
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel, Pensamento 9ª Classe - ESPÍRITOS LEVIANOS
e Vida - cap. XIV
São inconseqüentes, malignos, ignorantes, zombetei-
XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel, Livro da
Esperança - lição 1 ros. Possuem uma linguagem muitas vezes espirituo-
sa e alegre.

8ª Aula - DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRI- 8ª Classe - ESPÍRITOS PSEUDOSSÁBIOS


Seus conhecimentos são bastante amplos, mas jul-
TOS gam saber mais do que realmente sabem. Sua lingua-
Parte A - PRIMEIRA – SEGUNDA E TERCEIRA gem é presunçosa e contem algumas verdades mes-
ORDENS cladas com os mais absurdos erros. São presunçosos,
orgulhosos e teimosos.
Os Espíritos se classificam em razão do desenvolvi-
mento, das qualidades ou imperfeições que possuem. 7ª Classe - ESPÍRITOS NEUTROS
Na realidade é ilimitado o número de ordens, pois Não são bons o bastante para fazerem o bem, nem
não existe entre elas uma linha de demarcação para maus o bastante para praticarem o mal.
servir de barreira de maneira a qual se possa multi-
6ª Classe - ESPÍRITOS BATEDORES E PERTUBADORES
plicar ou restringir as divisões. Por essa razão foram
Manifestam sua presença por efeitos sensíveis e físi-
reduzidas a três ordens principais:
cos, golpes, movimento e deslocamento anormal de
Na primeira ordem encontramos aqueles que encon-
corpos sólidos, de ar etc.
traram a perfeição os Espíritos Puros sem nenhuma
Não formam propriamente uma classe especial na
influência da matéria, com superioridade moral e
escala evolutiva. Podem pertencer a todas as classes
intelectual ante os outros, não sujeitos mais a reen-
da terceira ordem.
carnação, por serem perfeitos.
A segunda ordem são os Espíritos Bons cujo desejo SEGUNDA ORDEM: ESPÍRITOS BONS
do bem é a sua preocupação. São benévolos, sábios, - Caracterizam pelo predomínio do Espírito sobre a
prudentes e superiores. matéria, pelo desejo do bem. Suas qualidades exis-
A terceira ordem são os Espíritos imperfeitos que se tem em razão do grau de evolução que atingiram.
caracterizam pela ignorância, pelo desejo do mal e Uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bon-
todas as mas paixões que retardam o seu desenvol- dade. Compreendem Deus e sentem-se felizes quan-
vimento. (LE 96 a 99) do fazem o bem e quando impedem o mal. Em suma,
estão em busca da sabedoria e a moralidade.
AS DIFERENTES ORDENS DE ESPÍRITOS
As diferentes ordens de Espíritos foram organizadas OS ESPÍRITOS BONS estão classificados da seguinte
pelo nosso codificador, com o intuito de determinar a forma:
ordem e o grau de superioridade ou inferioridade dos 5ª Classe - ESPÍRITOS BENÉVOLOS
Espíritos, de maneira a ser possível relacionar o grau Têm como principal qualidade a bondade. Neles o
de confiança e de estima que eles merecem (LE 100). progresso realizou-se mais no sentido moral que inte-
O livro dos Espíritos inicia a classificação pela TERCEI- lectual.
RA ORDEM: ESPÍRITOS IMPERFEITOS 4ª Classe - ESPÍRITOS SÁBIOS
- Características ignorância, desejo do mal e apego as Destacam-se pela amplitude de conhecimento, são
paixões que lhes retardam o desenvolvimento, por livres de paixões. Dedicam-se mais pelas questões
neles existir a predominância da matéria sobre o científicas, do que pelas morais. Encaram a ciência
Espírito. Têm a intuição de Deus, mas não o compre- por sua utilidade.
endem.
3ª Classe - ESPÍRITOS PRUDENTES
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

São reconhecidos pelas qualidades morais e capaci- ANJOS E DEMÔNIOS


dade intelectual elevada, que permite a eles o julga- Em todas as religiões os anjos são conhecidos por
mento preciso dos homens e das coisas. várias denominações, porém unânimes em afirmar
que são seres superiores a humanidade, intermediá-
2ª Classe - ESPÍRITOS SUPERIORES
rios entre Deus e os homens.
Utilizam linguagem que transpira benevolência, sem-
A crença nos anjos faz parte essencial dos dogmas da
pre elevada, sublime. A sabedoria e a bondade se
igreja, que segundo ela, os anjos são seres puramen-
reúnem pela elevação espiritual.
te espirituais, anteriores e superiores as criaturas.
PRIMEIRA ORDEM: ESPÍRITOS PUROS São seres privilegiados devotados a felicidade supre-
- Formam uma classe única. São Espíritos que atingi- ma e eterna, desde sua formação, dotadas por uma
ram o ponto mais elevado da escala evolutiva e des- natureza de todas as virtudes e de todos os conheci-
pojaram-se de todas as impurezas da matéria. Possu- mentos, sem nada haver feito para adquiri-los.
em superioridade intelectual e moral absolutas, em
Na doutrina Espírita a palavra anjo desperta geral-
relação aos Espíritos de outras classes. Não estão
mente a idéia da perfeição moral: são Espíritos puros
sujeitos a reencarnação em corpos perecíveis. E são
estão no mais alto grau da escala de evolução e reú-
mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens execu-
nem em si todas as perfeições.
tam. (LE 113)
Contudo a palavra demônio não implica a idéia de
PROGRESSAO DOS ESPÍRITOS Espírito mau, a não ser no sentido moderno, pois o
Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas termo deriva da palavra grega daimon, que significa
com a aptidão de tudo adquirir e de progredir em gênio, inteligência, e se aplicou aos seres incorpóreos
virtude de seu livre arbítrio. Pelo progresso, eles ad- bons ou maus, sem distinção. Mas Deus que é infini-
quirem novos conhecimentos, novas faculdades per- tamente justo e bom, não pode ter criado seres pre-
cepções e, por conseguinte gozos desconhecidos dos dispostos ao mal por sua própria Natureza e conde-
Espíritos inferiores. Passam a ver, entender, sentir e nados pela Eternidade.
compreender ao contrario dos Espíritos atrasados.
A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de
A felicidade dos Espíritos esta na razão do progresso
escolha que concede a cada um, porque assim, cada
realizado; é inerente as qualidades que possuem são
um tem o mérito de suas obras. Submetidos a lei do
por eles absorvidas em toda parte que se encontrem,
progresso, ninguém é colocado em primeiro lugar por
quer seja na superfície terrestre, entre os encarnados
privilégio, mas o primeiro lugar a todos e franqueado
ou no espaço.
à custa do esforço próprio.
O Espírito adiantado esta liberto de todas as necessi-
Outro detalhe importante na Doutrina Espírita, é o
dades corporais. A alimentação e o sono não tem
esclarecimento de que não devemos aceitar a condi-
para ele nenhuma razão de ser. Deixa para sempre ao
ção de Espíritos que são seres destinados perpetua-
sair da Terra, as vãs inquietações os sobressaltos e
mente a prática do mal, pois o mal é a ausência do
todas as quimeras que envenenam o nosso orbe.
bem. (LE, 128 a 131)
Os Espíritos inferiores levam com eles, para o além-
BIBLIOGRAFIA:
túmulo seus hábitos, suas necessidades e suas preo- KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 96 a 131.
cupações materiais. Não podendo se elevar passam a
participar da vida dos encarnados, misturarem-se em
suas dificuldades, trabalhos e em seus prazeres. Parte B - JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
Suas paixões e seus apetites, sempre despertos pelo “Bem-aventurados os que choram, pois serão conso-
continuo contato da humanidade os sobrecarregam e lados. Bem-aventurados os que tem fome e sede de
a impossibilidade de satisfazer-se toma para eles justiça, pois serão saciados. Bem-aventurados os que
motivo de torturas. sofrem perseguição por amor a justiça, porque é de-
Entretanto Deus não criou seres devotados ao mal, les o reino dos Céus”. (Mateus, 5:5 e 6, 10)
chegará o dia que cansado de sofrer experimenta Quando Jesus esteve na Terra, trouxe e exemplificou
uma necessidade irresistível de ser feliz. Enfim, have- o roteiro que devemos seguir para ir em direção ao
rá o dia em que o Espírito após haver percorrido o Pai. Nas bem-aventuranças, encontram-se mensa-
ciclo de existências planetárias e ser purificado por gens de esperança e fé no dia de amanha para aquele
seus renascimentos e suas migrações através dos que crê em Deus, em uma época em que as pessoas
mundos, vê cerrar a série de encarnações e se abrir estavam sem esperanças, desacreditadas de um Pai
para a verdadeira vida onde o mal, a sombra e o erro amoroso, visto que as deturpações que faziam em
estão definitivamente banidos.
27

nome de Deus humilhavam, ao invés de reerguer os O que entendemos como ENCARNAÇÃO à luz da Dou-
homens. trina Espírita?
- O objetivo fundamental da encarnação é a oportu-
As palavras de Jesus, sua conduta, sua dedicação aos
nidade para o ESPÍRITO alcançar progresso intelectual
mais necessitados, enchem de alegrias os corações
e moral durante a passagem pela vida corpórea.
mais necessitados de fé.
DEUS concede aos seus filhos o mesmo ponto de
Nas bem-aventuranças, Ele traz claramente a idéia de
partida a mesma liberdade de agir, bem como opor-
um futuro melhor para os que sofrem.
tunidades iguais. Pois do contrário todo privilégio
Contudo, a fé no futuro traz paciência e consolação,
seria uma preferência e toda a preferência seria uma
mas não explica por que alguns sofrem tanto e outros
injustiça.
aparentam ter uma vida sem embaraços.
A Encarnação pode ser por EXPIAÇÃO: como cumpri-
É neste ponto que o espiritismo esclarece o que havia
mento da LEI DE CAUSA E EFEITO, quando o Espírito
oculto sob o véu das verdades ditas por Jesus. Se
se encontra no mundo espiritual se recorda tudo que
Deus é justo, as causas do sofrimento são justas, con-
praticou em sua estadia terrena, os bons atos e seus
tudo, certos sofrimentos, como os daqueles irmãos
enganos, os quais permitiram proceder erradamente.
que nada fizeram nesta vida para merecer dificulda-
Após se arrepender pede para retornar a Terra. Vem
des tão atrozes, destoam dos atributos do Criador, se
então, na maioria das vezes, com pessoas que fez
não aceitarmos a pluralidade das existências.
sofrer, quer sofrimentos físicos, materiais, sobretudo
Muitos se perguntam: Como Deus é justo se permite morais, para desenvolver no coração o verdadeiro
que eu sofra tanto? O Pai Criador é tão perfeito que AMOR.
nos Deus oportunidades e livre-arbítrio, ou seja, so-
Como Jesus nos ensinou: “O AMOR COBRE MULTI-
mos responsáveis pela nossa conduta e para sermos
DÃO DE PECADOS”.
felizes, Ele nos enviou através dos tempos, seus emis-
Aprende suportar, assim, as adversidades com paci-
sários celestes com a finalidade de mostrarem o ca-
ência, resignação e fé. Por ter a certeza de que os
minho da felicidade, contudo, o ser humano prefere,
sofrimentos não são eternos, poderá com mais facili-
muitas vezes, ir por um caminho que lhe causará
dade redimir os erros do passado. Não considera
sofrimento e tristeza.
mais um castigo ou punição, mas oportunidade ben-
Todavia, o desvio do caminho do bem é opção de dita de evolução.
muitos e necessita de reparação, mesmo porque,
Pode ser uma PROVA: porém, nem sempre o sofri-
como filhos do Criador, temos intrínsecas em nos as
mento é decorrente de uma falta cometida pelo Espí-
sementes da perfectibilidade que a humanidade po-
rito. Deseja sofrer para mais rapidamente aprimorar
de alcançar. Quando transgredimos as Leis da vida,
o seu desenvolvimento moral. Evidentemente não se
cometemos uma agressão a nós mesmos e, a nossa
pode confundir com a expiação, a qual será sempre
consciência como filhos do Pai, não permite a conti-
uma prova. No entanto, nem sempre a prova será
nuidade no caminho da evolução, sem repararmos os
uma expiação (ESE cap. V item 9).
desvios que cometemos contra nossa consciência
Divina e contra nosso semelhante. Pode ser também uma MISSÃO: sabe-se da existência
Aprendizado e reparação, com base na nossa neces- de Espíritos missionários com a finalidade de auxiliar
sidade de evolução e progresso, eis como os homens a aceleração do progresso intelectual, como é o caso
necessitam entender os sofrimentos pelos quais pas- dos cientistas Louis Pasteur, Thomas Edson e outros.
sam. Progresso moral igualmente, como na hipótese de
BIBLIOGRAFIA Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce,
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, itens etc.
1 a 3. Por meio desses exemplos, os encarnados podem
adquirir condições para cumprirem sua parte como
SER Integrante na Obra da Criação e para caminha-
9ª Aula - ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS
rem juntamente com a marcha progressiva Universal.
Parte A - FINALIDADE-LIMITE-NECESSIDADE
A encarnação para o Espírito é um estado transitório.
E JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO Contudo necessita de um instrumento adequado
- A alma para atingir com sucesso o objetivo desejado a cada
- Materialismo existência terrena.
- Ressurreição da carne A ALMA
FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO Alma - Espírito encarnado, sede da vida imortal, do
qual o corpo físico toma-se provisória morada do
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

Espírito. E indivisível. Somente o Espírito pensa, sente JUSTICA DA REENCARNAÇÃO


e transmite o movimento aos órgãos do corpo físico O principio da reencarnação não é privilégio exclusivo
animados pelo fluido vital. PERISPÍRITO - principio da Doutrina Espírita, ele consiste em admitir e com-
intermediário, semi-material, que serve de primeiro provar as existências das vidas sucessivas, pois, do
envoltório ao Espírito. Une a alma ao corpo. contrario, seria negar um dos atributos de Deus, que
é “SOBERANAMENTE BOM E JUSTO”.
NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO
Por meio da justiça da reencarnação, adquirem-se os
Por que encarnamos?
meios para alcançar o ápice da evolução, por se pro-
- Segundo o ESE: “a passagem pela vida corpórea se
porcionar a cada um a oportunidade de realizar, em
faz necessária, para realizarmos com ajuda do ele-
novas existências, o que não conseguiram fazer ou
mento material os propósitos cuja execução Deus nos
acabar em uma primeira prova.
confiou”.
O homem que tem consciência de sua inferioridade
Pode-se compreender que a encarnação não é uma
encontra na doutrina da reencarnação uma consola-
punição, nem é verdade que somente os Espíritos
dora esperança (LE, 171)
culpados estão sujeitos a ela. Por exemplo, o Espírito
A teoria de um Deus que castiga ou impõe penas
de um selvagem esta no começo de sua vida espiritu-
eternas caiu por terra com a vinda do Consolador
al. A encarnação para ele será um meio de desenvol-
Prometido no dia 18 de abril de 1857. A esperança
ver a inteligência.
passou a brilhar sobre a Terra.
Mas, aquele que é esclarecido, em que o senso moral
ainda não está largamente desenvolvido se vê obri- MATERIALISMO
gado a repetir as etapas da vida corporal cheia de O Espiritismo surge em época na qual o materialismo
angústias, enquanto já podia ter atingido o fim. E um imperava.
castigo imposto pelo próprio Espírito. (ESE cap. lV Os Espíritos Superiores no LE ensinam: aqueles que
itens 25 e 26) se aprofundam mais em Ciências Naturais como os
“A CADA UM SERÁ DADO SEGUNDO SUAS OBRAS.” anatomistas, fisiologistas, geralmente são levados ao
JESUS materialismo. Passam em crer em tudo o que vêem,
Observa-se, portanto, que ninguém pode fazer a lição não admitindo nada que possa ultrapassar o seu en-
de casa pelo outro na escola da vida terrena. Do prin- tendimento. Sua própria ciência os toma presunço-
cipio universal da vida e da inteligência nascem às sos. (LE, 147)
individualidades. (LE, 144)
Segundo a definição do Dicionário “Espiritismo de A a
LIMITE DA ENCARNAÇÃO Z” acredita-se que o materialismo é mais do que uma
Kardec questiona, (LE, 168) a respeito do número de expressão filosófica negativa, é uma atitude mental
reencarnações necessárias para o nosso desenvolvi- em que se demora a atribuir as coisas da Terra uma
mento moral e o Espíritos Superiores respondem o importância acima da que é lhes devida.
seguinte: a cada reencarnação são dados passos no
Pode-se distinguir os materialistas em duas classes:
caminho do progresso. Quando já não apresentamos
Aqueles que pertencem à classe da negação absoluta,
mais imperfeições ou impurezas, não mais precisa-
racionalizada a seu modo. Entendem que tudo é ma-
mos das provas da vida terrena. Não existe propria-
téria, não existindo substancia imaterial. Para eles o
mente dito limite para a encarnação, serão quantas
homem é uma simples maquina, funciona enquanto
forem necessárias e permitidas pela misericórdia
esta montada. Desarranja-se ou para de trabalhar
divina, a fim de haver a depuração da materialidade,
após a morte, somente restando a carcaça. Para eles
a medida que o Espírito possa atingir a perfeição.
a natureza espiritual é propriedade da matéria.
Evidentemente o numero de encarnações vai depen-
der também da individualidade de cada Espírito. (ESE A Segunda classe de materialistas é mais numerosa
cap. IV Item 24) do que a primeira, por representar o verdadeiro ma-
Faz-se mister conceituar a individualidade do Espírito, terialismo, um sentimento antinatural. Compreen-
caracterizada sob três aspectos: dem os que agem com indiferença, por falta de algo
1. GRAU EVOLUTIVO - em que ponto cada qual se melhor.
situa na escala ascendente evolutiva;
Existe neles uma vaga aspiração pelo futuro. Mas
2. TENDENCIAS INATAS - cada um viveu uma historia
esse futuro foi apresentado a eles de uma forma que
única, somatória de experiências pessoais;
a razão se recusa a aceitar. Como conseqüência vem
3. AS TAREFAS - cada Espírito traz consigo um propó-
a duvida, a incredulidade.
sito específico, familiar, profissional e pessoal. Como
ESPÍRITO IMORTAL todos tem um papel a exercer RESSURREIÇÃO DA CARNE
perante o Universo.
29

O termo “ressurreição” possui duas acepções. Etimo- O Divino Mestre, com essa máxima, comprova a sua
logicamente tem sua raiz na língua grega, especifica- crença na reencarnação. Em varias passagens dos
mente da palavra anástasis, cujo significado é surgir, seus ensinamentos redentores, encontram-se relatos
erguer-se, levantar, sair de uma situação ate outra. sobre esse tema.
Do latim, é extraída do vocábulo “ressurectio”, ou
Jesus interroga seus discípulos:
ação de ressurgir, retomar à vida, reanimar-se.
- Que dizem os homens sobre quem sou? Eles res-
Essa interpretação esta contida no Evangelho de Ma- pondem: uns dizem que sois João Batista; outros,
teus (cap. 22, 28, 30 e 31) cuja expressão ressurreição Elias, outros Jeremias ou alguns dos profetas.
significa “ressurgir dos mortos”. Jesus lhes disse:
- E vos, quem dizeis que sou? Simão Pedro, tomando
Para os hebreus ela fazia parte dos seus dogmas reli-
a palavra, lhe disse: VÓS SÓIS O CRISTO, O FILHO DO
giosos, com exceção dos saduceus, seita judaica da
DEUS VIVO. E Jesus lhe responde: sois bem-
época de Jesus (acreditavam que tudo findava com a
aventurado, Simão, filho de Jonas, pois não é nem a
morte do corpo físico).
carne nem o sangue que vos revelou isto, mas meu
A REENCARNAÇÃO foi conhecida na Antiguidade co- Pai que esta nos Céus. (Mateus,16:13-17; Marcos 8: 27-30)
mo “ressurreição”. O escritor espírita CELESTINO
Tem-se a belíssima passagem, na qual após a transfi-
aponta o vocábulo ressurreição, que significa em
guração seus discípulos lhe interrogavam dizendo:
aramaico (língua falada pelo povo judeu) reencarna-
por que dizem os escribas que é necessário que antes
ção (em seu livro ANALISANDO AS TRADUÇÕS BÍBLI-
volte Elias?
CAS).
Jesus lhes respondeu: De fato, Elias há de vir e resta-
Atualmente, a ressurreição designa o retomo a vida
belecer todas as coisas; mas,eu vos declaro que Elias
do corpo físico que esta morto, sem vida. Esse fato
já veio, não o conheceram e o trataram como lhes
está comprovado pela Ciência ser impossível, além de
aprouve. E assim que eles farão sofrer o Filho do Ho-
contrariar as Leis Divinas.
mem. Então seus discípulos compreenderam que fora
Se buscarmos ao longo da Historia da Humanidade, a de João Batista que Ele falara (Mateus 17: 10- 13;
REENCARNAÇÃO foi conhecida ao longo dos tempos Marcos 9: 11-13)
e compartilhada na época atual com a metade da
O pensamento de que João Batista era Elias e de que
população mundial. Embora algumas religiões a con-
os profetas poderiam reviver sobre a Terra segundo
siderem uma autêntica heresia.
Suas crenças encontra-se mais especificamente em
Para o termo existem também as denominações de três relatos aqui descritos. Se Jesus considerasse a
“PALINGENESIA” E A CRENÇA DE VIDAS SUCESSIVAS. crença da reencarnação um erro não deixaria de
Compreende-se, dessa forma, que a reencarnação combatê-la. Por conseguinte, fica evidente a conclu-
representa o retomo da alma ou do Espírito a vida são: o corpo de João não poderia ser de Elias, João
corporal, em um veículo diverso, recém-formado, não tinha sido criança, conhecia-se seus pais (Zacarias e
tendo nada em comum com o anterior. Isabel prima de Maria de Nazaré). O profeta Elias
reencarnou, porém não ressuscitou.
O Espírito Emmanuel ao lançar luz sob o tema, eluci-
da: “Busquemos o farol do amor e do entendimento, A passagem do Cego de Nascença: “E passando Jesus,
do bom ânimo e da paz, da solidariedade e do ampa- viu um homem cego de nascença. E seus discípulos
ro, aos que partilham, conosco, os caminhos evoluti- lhe perguntaram: Rabi quem pecou este que ali esta
vos. Não encomendes, pois, embaraços e aversões a ou seus pais, para que nascesse cego?
loja do futuro, porque, a favor de nossa própria reno- Jesus lhes respondeu: Não foram os seus pais, pois
vação, concede-nos o Senhor, cada manhã, o sol re- filho não herda culpa dos pais e nem ele, mas o Espí-
nascente de cada dia” rito que nele habita” (João 9: 1-2)
BIBLIOGRAFIA: Tem-se o relato mais conhecido, o “O Colóquio de
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 132 a 148, 166 a
171, 1010 e 1010-a;
Jesus e Nicodemos”.
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. IV itens “Havia um homem dentre os Fariseus, por nome Ni-
1 a 17 e 24 a 26 ; codemos, senador dos Judeus. Este, uma noite, veio
PERALVA, Martins - O Pensamento de Emmanuel - item 11; encontrar Jesus e lhe disse:
FRANCO, Divaldo - Joanna D’Angelis - Estudos Espíritas - item 5; - Mestre, sabemos que és mestre, vindo da parte de
Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres, que
Parte B - NINGUÉM PODE VER O REINO DE tu fazes, se Deus não estiver com ele.
DEUS, SE NÃO NASCER DE NOVO Jesus respondeu e lhe disse:
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

- Em Verdade, em Verdade vos digo que ninguém unidas pela afeição, pela simpatia e pela similitude de
poderá ver o Reino de Deus senão nascer de novo. inclinações. Se estão encarnados outros não, conti-
Nicodemos lhe disse: nuam unidos pelo pensamento.
- Como pode nascer um homem que já é Velho? Por- A Verdadeira afeição é a espiritual, de alma para al-
ventura pode entrar no Ventre de sua mãe e nascer ma. E a única que sobrevive a destruição do corpo
outra vez? material. Os laços familiares são fortalecidos pelas
Respondeu-lhe Jesus: Vidas sucessivas, caminhando juntos para a sublima-
- Em Verdade, em Verdade vos digo que quem não ção espiritual.
renasce da água e do Espírito não pode entrar no BIBLIOGRAFIA:
Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. IV itens
que é nascido do Espírito é Espírito. Não se maravi- 1 a 3 e XIV;
lhes de eu Vos disser que é necessário nascer de no- Novo Testamento: Mateus XVI:13-17, XVII: 10-13 - Marcos VI:14-
15, XVIII: 10-20 e Lucas IX:7-9
vo. O Espírito sopra aonde quer, e tu ouves a sua Voz, KARDEC, Allan -A Gênese - Cap. IX, itens 33 e 34.
mas não sabes de onde ele vem, nem para aonde vai. KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 2o3 a 217 e ques-
Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. tões 773 a 775;
Perguntou Nicodemos:
- Como se pode fazer isto?
Respondeu Jesus: 10ª Aula - PLURALIDADE DAS EXISTENCI-
- Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas? AS - RETORNO A VIDA CORPORAL
Em Verdade, em Verdade vos digo que contamos Parte A - PRELUDIO DO RETORNO - UNIÃO DA
somente o que sabemos e damos testemunho do que ALMA AO CORPO - IDÉIAS INATAS – ENCAR-
vimos; e tu, com tudo isso, não recebes o nosso tes- NAÇÕES NOS DIFERENTES MUNDOS
temunho. Se quando eu tenho falado das coisas ter-
renas, ainda, assim não me crês, como crerias, se eu Sabemos que o principio da reencarnação não é no-
falasse das celestiais!” (João 3:1 a 2) vo, ele é sabido desde a mais alta antiguidade. Os
fatos espíritas, sendo uma lei da Natureza são de
Para compreender o sentido dessas palavras é igual-
todos os tempos.
mente necessário se ater ao significado da palavra
Equivocadamente, os antigos (filósofos indianos e
água que não foi empregada na acepção que lhe é
egípcios) admitiam a reencarnação de Espíritos hu-
própria. Naquela época, os antigos tinham conheci-
manos retornando aos corpos de animais, ou seja, o
mentos muito imperfeitos sobre as ciências físicas;
fenômeno da Metempsicose, pensamento posteri-
acreditavam que a Terra havia saído da água. Por
ormente corroborado pelo filósofo grego, Pitágoras.
essa razão olhavam água como elemento absoluto.
A Doutrina Espírita, através dos Espíritos, rejeita de
Segundo essa crença, a água tornou-se o símbolo da maneira mais absoluta esse pensamento, conside-
Natureza material, assim como o Espírito o da Natu- rando que entre outros fatos, o Espírito não evolui.
reza inteligente.
Os Espíritos aos nos trazerem esclarecimentos sobre
“Se o homem não renascer da água e do Espírito” ou
a pluralidade das existências corporais, renovam e
“na água e no Espírito”, ou seja, “Se o homem não
elucidam uma doutrina existente desde as primeiras
renascer com o corpo e a alma”. Nesse sentido é que
idades do mundo e que permanece ate nossos dias
foi compreendido o principio da pluralidade das exis-
no pensamento inato de muitas pessoas.
tências. (ESE, cap. IV item 8)
Os Espíritos da Codificação nos mostram a reencar-
O Divino Mestre indica o renascimento na matéria
nação de forma racional em consonância com as leis
como condição primordial para a aquisição dos bens
progressistas da natureza, e mais próxima da sabedo-
imperecíveis, para a impressão no Espírito dos Valo-
ria do Criador, portanto, sem superstições.
res morais, que auxiliam o seu progresso ao reencar-
Aqueles que rejeitam a pluralidade das existências,
nar-se.
como explicam as diferentes aptidões existentes em
Entretanto, há conhecimento, embora uma minoria,
cada criatura humana? Responderiam, talvez, que se
de doutrinas anti-reencarnacionistas. Excluem a pre-
as almas são desiguais, é porque Deus as fez assim.
existência da alma, sendo ela criada ao mesmo tem-
Então, por que essa superioridade inata concedida a
po em que os corpos. Não existe, assim, entre as al-
alguns?
mas nenhuma ligação, são estranhas umas a outras.
Fica assim a união das famílias reduzida apenas a Essa parcialidade, esse favorecimento estará de a-
filiação corporal. cordo com a justiça e com o amor de Deus dedica a
Sem o princípio da reencarnação, não seria possível todas as criaturas?
os Espíritos formarem no espaço, grupos, famílias
31

Joana de Angelis nos fala no livro “Estudos Espíritas”: determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico,
...”A reencarnação é a mais excelente demonstração que se vai encurtando cada vez mais, até o instante
da Justiça Divina, em relação aos infratores das Leis, em que a criança vem à luz; o grito que então se es-
na trajetória humana, facultando-lhes a oportunida- capa de seus lábios anuncia que a criança entrou para
de de ressarcirem numa os erros cometidos nas exis- o numero dos vivos e dos servos de Deus. (LE, 344)
tências transadas”.
O momento da concepção é aquele quando o esper-
Prelúdio do Retorno matozóide (célula sexual masculina), após avançar
Nas perguntas 330 a 343, de LE, encontramos os es- em corrida frenética, encontra o ovulo (célula sexual
clarecimentos que nos levam a ter uma visão sobre o feminina) e ao penetrá-lo, funde seus núcleos. Após
preparo dos Espíritos para a reencarnação, constando esse fenômeno, começa-se a divisão celular e o Espí-
as diferentes situações dos Espíritos na erraticidade rito reencarnante inicia a sua ligação fluídica, molécu-
com relação ao retomo a vida corporal: la a molécula.
Uns pressentem que o momento de reencarnar se
Uma vez ligado ao corpo, o Espírito nunca será substi-
aproxima, porém não sabe quando isso ocorrera;
tuído por outro naquele corpo. O que pode acontecer
Outros permanecem alheios a necessidade da reen-
é uma renuncia do espírito ao corpo, por sua fragili-
carnação, e nem a compreendem.
dade em enfrentar a prova iminente. Nesse caso, a
Alguns podem antecipar sua volta ao corpo físico,
criança não vinga.
solicitando-a em suas preces; pode também retardá-
la, sofrendo assim, as conseqüências do seu ato. Se o corpo escolhido por um Espírito morrer antes do
Mesmo quando felizes em uma condição mediana na nascimento, esse Espírito escolhera outro, mas nem
Espiritualidade, nela não podem permanecer indefi- sempre de maneira imediata; o Espírito tem seu tem-
nidamente, pela necessidade de progresso. po para escolha.
Normalmente essas mortes ocorrem por fragilidade
De acordo com as experiências pelas quais o Espírito
da matéria. Esse casos de mortes, que podemos
deva passar, é designado para ele corpo condizente.
chamar como prematuras, ocorrem mais como pro-
Poderá, também, pedir um corpo com imperfeições
vas para os pais do que para o Espírito propriamente
que o ajudara no seu adiantamento, mas nem sem-
dito.
pre é dele essa escolha. Contudo, poderá recusar o
corpo escolhido por ele, mas por isso, terá que sofrer Uma vez da união ao corpo da criança, como “ho-
mais do que aquele que não tentou nenhuma prova. mem”, o Espírito pode sentir-se infeliz pela escolha e
Há casos em que a união do Espírito a determinado desejar ter outra vida. Porém, o fator escolha não é
corpo, poderá ser imposto por Deus. considerado no momento, porque o Espírito não se
O instante da reencarnação é um momento solene lembra da escolha, mas pode recorrer ao suicídio, se
para o Espírito, que em sua perturbação natural, sabe achar a carga pesada demais.
que vai voltar a este mundo, mas não sabe se será No intervalo entre a concepção e o nascimento o
vencedor em suas provas. Espírito não goza de todas as suas faculdades numa
O prelúdio da reencarnação é uma espécie de agonia totalidade, pois ele ainda não esta encarnado, apenas
para o Espírito, ligado ao corpo. A partir do instante da concepção, o
No momento da reencarnação, dependendo da esfe- Espírito é tomado de perturbação, que o adverte de
ra que o Espírito habite, seus afetos o acompanharão, que lhe soou o momento de começar nova existência
encorajando-o, e muitas vezes, até o seguem durante corpórea. Essa perturbação cresce de continuo até ao
a sua vida corpórea. nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase i-
A união da Alma ao corpo dêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono.
Na fecundação o ovulo é considerado um elemento A medida que, a hora do nascimento se aproxima,
passivo, pois fica parado, é o espermatozóide que vai suas idéias se apagam, assim como a lembrança do
ate o óvulo utilizando o movimento de seu flagelo passado, do qual deixa de ter consciência na condi-
para se movimentar. Quando o espermatozóide entra ção, de homem, logo que entra na vida.
no óvulo, forma-se o zigoto que é a peça principal Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco, ao
para a formação orgânica do novo organismo, pois retomar ao estado de Espírito. Esse estado de per-
seu corpo se formará a partir do zigoto. turbação é maior no nascimento do que no desen-
Em que momento a alma se une ao corpo? carne.
- A união começa na concepção, mas não se completa Ao nascer o Espírito não recobra imediatamente a
senão no momento do nascimento. Desde o momen- plenitude das suas faculdades. Elas se desenvolvem
to da concepção, o Espírito designado para tomar gradualmente com os órgãos. O Espírito se acha nu-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

ma existência nova; preciso é que aprenda a servir-se Só através dela é que sentimos a Justiça do Criador,
dos instrumentos de que dispõe. As idéias lhe voltam dando a todos a oportunidade de conquista da eleva-
pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta e ção espiritual.
se vê em situação diversa da que ocupava na véspera.
Como Espírito encontra-se em constante evolução,
O feto em si, não tem uma alma uma vez que a en- acumula de encarnação em encarnação conhecimen-
carnação esta para ocorrer, mas ele esta ligado a ela. tos, habilidades e ao reencarnar num novo corpo
A vida intrauterina é como uma planta que vegeta. mantém, de forma inata, o que conquistou em exis-
O aborto pode dar conseqüências graves tanto para o tências anteriores.
Espírito como para os pais. E considerado crime em Na reencarnação há um esquecimento de nossa per-
qualquer época da gestação, perante aos olhos de sonalidade do passado, não nos permitindo saber,
Deus. salvo em condições excepcionais, quem fomos on-
O aborto causa a interrupção de uma programação tem.
espiritual e faz com que o Espírito não se sinta amado Os nossos conhecimentos adquiridos ficam adorme-
e não entenda o que está acontecendo ou, por que cidos, porém nao de maneira absoluta, porque senão
ele foi rejeitado. a cada reencarnação teríamos que começar todo o
aprendizado. Ocorre, também, que numa existéncia
No caso de risco de vida da mãe, é preferível que a
desenvolvemos mais nosso potencial intelectual e em
criança seja sacrificada, uma vez que a mãe já está
outra mais o lado moral.
encarnada. Esse feto deve ser tratado com todo res-
A cada nova existência o Espírito tem como ponto de
peito que qualquer encarnado o teria após desencar-
partida o que aprendeu na vida anterior, acrescido
ne. Em tudo tem a mão de Deus, e é necessário res-
certamente do que desenvolveu quando se encon-
peitarmos suas obras.
trava no Plano Espiritual. Nada do que aprendemos
Quando uma criança, já no ventre da mãe, não tem se perde, tudo fica arquivado em nos; só vamos acu-
possibilidades de viver a função dela, é como prova mulando conhecimentos.
para os pais. Existem também, o que poderíamos
Encarnações nos Diferentes Mundos
chamar, ou o que chamamos de crianças natimortas,
Encontramos na questão 132 do LE que o objetivo da
essas crianças jamais tiveram um Espírito designado
encarnação é que cheguemos à perfeição.
ao seu corpo. Pode chegar ao tempo normal do nas-
Assim observamos que vivemos num mundo onde se
cimento, mas não efetiva a vida. Toda criança que
encontram encarnados Espíritos dos mais diferentes
sobrevive, tem necessariamente um Espírito encar-
graus, tanto intelectuais quanto moral. Este mundo,
nado.
como sabemos, é um mundo de provas e expiações,
O que podemos verificar de toda essa exposição, é onde a dor supera a felicidade; o mal supera o bem e
que desde o início da vida, que se da no momento da que para conquistarmos a perfeição a que estamos
concepção, a responsabilidade é grande, pois já te- destinados, podemos entender que necessitamos de
mos um Espírito destinado a esse ser que se aproxi- muitas encarnações que serão neste orbe, como em
ma de nos através de um filho, e tem sua missão. outros, de acordo com nossa condição intelecto-
Idéias Inatas moral.
As idéias inatas são o resultado dos conhecimentos E por estar em constante evolução, o Espírito jamais
adquiridos nas existências anteriores, são idéias que retrograda, porém pode acontecer que não consiga
se conservam no estado de intuição, para servirem acompanhar a evolução de um determinado orbe
de base a aquisição de outras novas. para reencarnar novamente nele, dessa forma terá,
Encontramos uma série de casos de pessoas que nas- para seu próprio beneficio, a oportunidade de encar-
ceram em condições precárias e, no entanto, con- nar numa nova morada. Exemplificando: sabemos
quistaram destaques na ciência, na política, nas artes que a Terra só evoluirá para um planeta de regenera-
e em outros ramos do conhecimento humano. ção, quando a sua destinação assim indicar e que
Observamos também a existência de crianças preco- então os Espíritos que nela reencarnarem terão atin-
ces que, desde pequeninas, conseguem toca instru- gido um grau mais elevado de inteligência e amor.
mentos musicais, fazem cálculos com precisão, ou Assim sendo, os Espíritos que não conseguirem esta
possuem conhecimentos que são compatíveis aos de evolução, aqui certamente não reencarnarão.
um adulto.
Poderá também acontecer que um Espírito já voltado
Diante disso, questionamos: para bem, peca para encarnar em um planeta mais
Como se dão tais fatos, se não buscarmos a resposta inferior a sua evolução como missão, para levar seus
na reencarnação? conhecimentos intelectuais e (ou) morais.
33

No LE, questões 180 a 183, temos: fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais
Ao passar de um planeta para outro, o Espírito con- freqüentemente, não podem dizer: Se eu tivesse feito
servará a sua inteligência e todas as aquisições que tal coisa eu não estaria em tal situação”. (ESE, cap V
obteve, porém pode não ter condições de manifestá- item 4)
las, dependendo do corpo que escolher. Muitas vezes praticamos algum delito, mas conse-
O estado físico e moral dos seres vivos não são sem- guimos escapar das punições humanas por não haver
pre os mesmos em cada mundo, porque os mundos provas suficientes, ou porque certas faltas não são
também estão determinados a lei do progresso e puníveis nos códigos penais, ou porque a crueldade e
todos se iniciaram da mesma forma que a Terra. a ingratidão foram praticadas dentro do lar, não ha-
Há mundos onde o Espírito deixa de revestir corpos vendo denuncia para gerar um processo. Mas diante
materiais, e tem por envoltório o perispírito, que é da Lei de Deus, nada passa sem resgate, desde a mais
tão etéreo que para nos é como se não existisse. O leve a mais grave das faltas; quem semeia, tem que
perispírito modifica-se quando o Espírito encarna em colher.
outro mundo, ou seja, ele se reveste na matéria pró-
pria desse mundo. “Os sofrimentos produzidos por causas anteriores são
sempre como os decorrentes de causas atuais, uma
Portanto, “Nossas diferentes existências corporais conseqüência natural da própria falta cometida. Quer
não se passam só na Terra, mas nos diferentes mun- dizer que, em virtude de uma rigorosa justiça distribu-
dos; a que passamos neste globo não é primeira, nem tiva, o homem sofre aquilo que fez os outros sofre-
a última e é uma das mais materiais e das mais dis- rem. Se ele foi duro e desumano, poderá ser, por sua
tanciadas da perfeição”. (LE, 172) vez, tratado com dureza e desumanidade; se foi orgu-
BIBLIOGRAFIA: lhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 172 a 178, 218 a foi avarento, ou se empregou mal a sua fortuna, po-
221-a, 222, 330 a 360; derá ver-se privado do necessário; se foi mau filho,
FRANCO, Divaldo - Joanna D’Angelis - Estudos Espíritas - item 8;
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier- Palavras de Emmanuel- poderá sofrer com os próprios filhos e assim por dian-
item 41; te”.(ESE, cap. V item 7)
Não podemos esquecer que nem todos os sofrimen-
Parte B - CAUSAS ANTERIORES DAS AFLIÇÕES tos pelos quais passamos, são conseqüências de fal-
“Mas se há males, nesta vida, de que o homem é a tas cometidas; pode tratar-se de provas escolhidas
própria causa, há também outros que, pelo menos em por nós quando do nosso planejamento reencarnató-
aparência, são estranhos a sua vontade e parece go- rio, visando acabar nossa purificação e acelerar nosso
leá-los por fatalidade. Assim, por exemplo, a perda de adiantamento. Disso podemos dizer que toda expia-
entes queridos e dos que sustentam a família. Assim ção serve como prova, mas nem toda prova é uma
também os acidentes que nenhuma previdência pode expiação. Como diz Kardec no ESE, cap. V item 9:
evitar; os reveses da fortuna, que frustram todas as “Mas provas e expiações são sempre sinais de uma
medidas de prudência; os flagelos naturais; e ainda as inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não
doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram precisa de ser provado. Um Espírito pode, portanto,
aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo ter conquistado um certo grau de elevação, mas que-
trabalho; as deformidades, a idiotia, e imbecilidade, rendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa,
etc.” (ESE, cap. v, item 6). pela qual será tanto mais recompensado, se sair vito-
Aflição, segundo o Dicionário Houaiss: rioso, quanto mais penosa tiver sido a luta“.
1) estado daquele que esta aflito BIBLIOGRAFIA:
2) sentimento de persistente dor física ou moral; KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap.
ânsia, agonia, angústia V itens 6 a 10.
3) profundo sofrimento
Quando o sofrimento nos visita, devemos fazer a
reflexão das suas causas, visando estabelecer se são
11ª. Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - I
atuais ou anteriores a esta vida, mesmo tendo os Parte A - FACULDADES MORAIS E INTELEC-
esquecimentos do passado, fica-nos uma lembrança, TUAIS, INFLUÊNCIA DO ORGANISMO, IDIO-
uma intuição. TISMO, LOUCURA E SUICÍDIO
“Que todos que são atingidos no coração pelas vicissi- Faculdades Morais e Intelectuais
tudes e decepções da vida, interroguem friamente As qualidades morais da criatura humana, sejam boas
sua consciência; que remontem progressivamente a ou mas, pertencem ao Espírito que esta encarnado
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

nela; se for um Espírito bom, suas qualidades são Influência do Organismo


boas, ou seja, quanto mais elevado for, mais o ho- Na questão 367, do LE, Kardec pergunta se "o Espíri-
mem esta propenso ao bem. Se o Espírito for um ser to, ao se unir ao corpo, identifica-se com a matéria”?
ainda imperfeito, logicamente sua moral esta aquém Teve como resposta:
do bem. “A matéria não é mais que o envoltório do Espírito,
como a roupa e o envoltório do corpo. O Espírito, ao
Resumindo, podemos dizer que o homem bom é a
se unir ao corpo, conserva os atributos da natureza
encarnação de um bom Espírito e o homem ainda
espiritual”.
vicioso, ainda propenso ao mal, é a encarnação de
um Espírito ainda imperfeito. Devemos classificar Todas as faculdades, todas as qualidades, todas as
como imperfeito, para não dar a conotação de eter- sensações pertencem ao Espírito e não ao corpo ma-
namente mau, pois poderíamos entender que Deus é terial.
injusto. Para que o Espírito encarnado possa exercer com
toda liberdade as suas faculdades, há necessidade
Como Espíritos, somos perfectíveis, ou seja, cedo ou
que o corpo material, ou seja, a ferramenta que ele
tarde vamos caminhar para a perfeição.
tem para se manifestar, não esteja defeituosa; caso
O homem que age irrefletidamente ou faz as coisas contrário, se toma um obstáculo.
sem ter muito cuidado ou o que é imprudente, levia-
O organismo, em certas circunstâncias, impede o
no, inconseqüente, brincalhão, travesso ou folgazão
Espírito de se mostrar, mas esse, com o tempo, vai
ou as vezes ate malfazejo, e a encarnação de um Es-
dominando todos os órgãos do próprio corpo, e se
pírito brejeiro ou leviano.
mostra com todas as faculdades.
Devido que o corpo humano não poder ser usado por Kardec faz uma analogia do corpo defeituoso sobre o
dois Espíritos diferentes, as qualidades morais e inte- Espírito, como a da água lodosa que tira a liberdade
lectuais pertencem ao Espírito que ali esta reencar- de movimento do corpo nela mergulhado.
nado, dependendo do grau de elevação que tenha
Sobre a influência dos órgãos materiais para o desen-
atingido.
volvimento das faculdades da alma, Kardec nos traz
Há homens inteligentes, que por essa qualidade reve- os seguintes ensinamentos:
lam um Espírito superior ali reencarnado, são às ve- - “Encarnado, traz o Espírito certas predisposições e,
zes e ao mesmo tempo muito viciosos, porque o Espí- se se admitir que a cada uma corresponda no cérebro
rito não é bastante puro e por isso sofre influências um órgão, o desenvolvimento desses órgãos será
de outros Espíritos, encarnados ou não, que são mais efeito e não causa. Se nos órgãos estivesse o princípio
inferiores. A evolução do ser humano não se realiza das faculdades, o homem seria máquina sem livre-
ao mesmo tempo em todos os sentidos; num tempo arbítrio e sem a responsabilidade de seus atos. Forço-
ele evolui intelectualmente e em outro na moralida- so então fora admitir-se que os maiores gênios, os
de, mas o progresso é sempre ascendente; são as sábios, os poetas, os artistas, só o são porque o acaso
oportunidades que Deus nos da através das múltiplas lhes deu órgãos especiais, donde se seguiria que, sem
reencarnações. esses órgãos, não teriam sido gênios e que, assim, o
Sobre as diversas faculdades intelectuais e morais do maior dos imbecis houvera podido ser um Newton,
homem, se seriam produtos de tantos outros Espíri- um Vergílio, ou um Rafael, desde que de certos ór-
tos, Kardec na questão 365, do LE, nos elucida: gãos se achassem providos. Ainda mais absurda se
mostra semelhante hipótese, se a aplicarmos as qua-
“... As diversas faculdade são manifestações de uma lidades morais. Efetivamente, Segundo esse sistema,
mesma causa que é alma, ou do Espírito encarnado, e um Vicente de Paulo, se a Natureza o dotara de tal ou
não de muitas almas, como as diferentes sons do tal órgão, teria podido ser um celerado e o maior dos
órgão são produtos de uma mesma espécie de ar e celerados não precisaria senão de um certo órgão
não de tantas espécies de ar quantos forem os sons. para ser um Vicente de Paulo. Admita-se, ao contrari-
Desse sistema resultaria que, quando o homem perde o, que os órgãos especiais, dado existam são conse-
ou adquire certas aptidões, certas tendências, isso qüentes, que se desenvolvem por efeito do exercício
significa que tantos Espíritos o possuíram ou deixa- da faculdade, como os músculos por efeito do movi-
ram, o que o tornaria um ser múltiplo, sem individua- mento, e a nenhuma conclusão irracional se chegara.
lidade, e conseqüentemente sem responsabilidade. Sirvamo-nos de uma comparação trivial à força de ser
Isto do mais, é contraditado pelos tão numerosos verdadeira. Por alguns sinais fisionômicos se reconhe-
exemplos de manifestações que os Espíritos provam ce que um homem tem o vício da embriaguez. Serão
sua personalidade e sua identidade" esses sinais que fazem dele um ébrio, ou será a ebrie-
35

dade que nele imprime aqueles sinais? Pode dizer-se ou sensação que foge ao controle da razão; ato ou
que os órgãos recebem o cunho das faculdades“. fala extravagante, que parece desarrazoado; atitude,
comportamento que denota falta de senso, de juízo,
Idiotismo
de discernimento; atitude imprudente, insensata.
Idiotia, segundo o Dicionário Houaiss: doença infantil
A loucura é uma distorção da força mental em uma
de origem genética, caracterizada por retardo mental
ou inúmeras reencarnações. Ela não tem o poder de
grave, perda progressiva da visão, paralisia e morte,
desequilibrar o Espírito, que é todo harmonia, por ter
observada em filhos de casamentos consangüíneos.
saído de Deus, mas, causa-lhe impressões, como que
Não podemos afirmar que um Espírito que encarna
condicionamento das idéias que o próprio Espírito
com a prova ou expiação do idiotismo, é um Espírito
fórmula.
ignorante. O que se pode dizer é que ele fez mau uso
das suas faculdades em outras existências, e nesta, O Espírito ao receber um corpo, se esse traz alguma
como cretino, repara suas dívidas. deficiência, sofre dificuldades, de modo que suas
Um idiota pode ser um Espírito dotado de grande faculdades sejam reduzidas ou mesmo paralisadas.
capacidade intelectual, mas que não soube usar seu Ele não perde os, que são imperturbáveis na sua mo-
saber para o bem, influenciou muita gente nos cami- radia de origem.
nhos do mal. A loucura é um estado patológico deficiente; os pro-
blemas cerebrais não podem dar ao Espírito condi-
O Espírito sofre, pois pela deficiência do instrumento
ções normais para se manifestar adequadamente. O
físico, não pode se manifestar adequadamente. O
LE nos diz que, em muitos casos, o Espírito livre man-
erro atrofia as faculdades espirituais da alma, em se
tém-se “louco” por causa da seqüência de idéias de-
prendendo aos defeitos do corpo. Se as roupas que
sorganizadas que repetiu durante a existência toda,
nos agasalha precisam ser lavadas, quanto mais as
ou seja, atos repetitivos.
vestes do Espírito, e elas se lavam pela evolução espi-
ritual, pela prática do bem, pelo amor ao próximo. Em todas as manifestações dessas doenças é o corpo
o que está desorganizado, mas, não podemos esque-
Se queremos nos livrar do idiotismo em uma ou mais
cer que esse corpo tem certa influência na mente
das nossas existências físicas, que comecemos a nos
viva da alma, impressionando-a a ponto de mostrar
defender agora dessa situação constrangedora. Use-
enfermidades imaginarias.
mos nossa inteligência para não deturpar a verdade,
Como ninguém foi criado louco, ela é uma provação
nem para combatê-la.
dolorosa, portanto são conseqüências de ações nega-
O Espírito exerce influência sobre os órgãos físicos,
tivas de um passado.
isso é uma verdade incontestável, mas será que esses
órgãos também não exercem influência sobre as fa- A loucura pode provocar o suicídio, quando o Espírito
culdades do Espírito? não suporta o sofrimento por não poder se manifes-
tar livremente e a única maneira de acabar com isso é
Os amigos espirituais responderam que essas influ-
procurar a monte do corpo físico e assim, voltar a
ências são grandes, mas o corpo não produz as facul-
condição de Espírito livre.
dades, que são atributos do Espírito.
Em complementação, Kardec nos orienta: “Importa Suicídio:
se distinga o estado normal do estado patológico. No Na questão 944, do LE: O homem tem o direito de
primeiro, o moral vence os obstáculos que a matéria dispor da sua própria vida?
lhe opõe. Há, porém, casos em que a matéria oferece R) Não; somente Deus tem esse direito. O suicídio
tal resistência que as manifestações anímicas ficam voluntário é uma transgressão dessa lei.
obstadas ou desnaturadas, como nos de idiotismo e Nem sempre o suicídio é voluntario, porque o louco
de loucura. São casos patológicos e, não gozando não tem consciência do que faz.
nesse estado a alma de toda a sua liberdade, a pró-
Martins Peralva, em “Pensamento de Emmanuel, cap.
pria lei humana a isenta da responsabilidade de seus
35, nos que a principais motivações para esse ato
atos”.
extremo, pode ser:
É muito comum que o idiota quando no estado de
a) Falta de fé;
Espírito, tenha consciência que seu estado mental, é
b) Orgulho ferido;
conseqüência de uma prova ou expiação.
o) Esgotamento nervoso;
Loucura: d) Loucura;
Loucura, segundo o Dicionário Houaiss: distúrbio, e) Tédio da vida;
alteração mental caracterizada pelo afastamento i) Moléstias consideradas incuráveis;
mais ou menos prolongado do individuo de seus mé- g) Indução de terceiros, encarnados ou desencarna-
todos habituais de pensar, sentir e agir; sentimento dos.
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Kardec, no cap. V de O ESE fala também da embria- KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V itens
gues, das idéias materialista, ou seja, que não acredi- 14 a 17;
KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - tópico: Loucura, suicídio e
ta que a vida continua após a morte do corpo físico. obsessão; cap. II, questão 135;
Aquelas pessoas que recorrerem ao suicídio para KARDEC, Allan - Obras Póstumas - As cinco alternativas da Huma-
nidade - parágrafo 5°, item 7;
fugir das misérias e decepções do mundo, são Espíri- Bibliografia Complementar:
tos covardes. Deus ajuda aos que sofrem e não aos PERALVA, Martins - O Pensamento de Emmanuel - item 35;
que não tem força ou coragem para enfrentarem as
provas pelas quais têm que passar. Parte B - O JUGO LEVE
Responderão por homicídio, todos aqueles, encarna- Conceito de jugo
dos ou desencarnados, que foram responsáveis por Peca de madeira assentada sobre a cabeça dos bois
levarem uma pessoa ao suicídio. para atrelá-los a uma carroça ou arado; canga. Sujei-
São também responsáveis, tanto aquele que partiu ção imposta pela forca ou autoridade; opressão. (Di-
para o ato extremo por causa do desespero, por falta cionário Houaiss)
do necessário para continuar vivendo, quanto àque- A palavra jugo significa submissão, domínio, opres-
les que foram responsáveis diretamente por isso ou são. Os judeus, na época de Jesus, estavam sob o
que poderiam ajudar e não o fizeram. jugo romano. O Mestre, no entanto, convidou-nos a
aceitar o seu jugo, acrescentando que ele era suave,
Cada um responderá proporcionalmente pelo ato
o que, a primeira vista, parece uma contradição, tan-
praticado. to mais se lembrarmos de que as diretrizes religiosas
O homem que se suicida com o fim de impedir que a conclamando ao cumprimento dos deveres, ao equi-
vergonha envolva sua família, Deus levará em conta a líbrio e a renuncia, sempre foram consideradas auste-
sua intenção, atenuando-a, mas cometeu falta. ras, difíceis de serem seguidas.
Quando ao suicídio para salvar outros ou ser útil aos Mateus, no cap. II: 28 a 30 do seu Evangelho, narra o
semelhantes, Kardec nos elucida no LE, 951: “jugo leve” da seguinte forma: “Vinde a mim, todos
- “Todo sacrifício feito a custa da própria felicidade é vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos
um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de
porque é a prática da lei de caridade. Ora, Sendo a mim que sou brando e humilde de coração, e encon-
vida o bem terreno a que o homem da maior valor trareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é
aquele que a renuncia pelo bem dos seus semelhantes suave e meu fardo é leve”.
não comete um atentado: é um sacrifício que ele rea-
O jugo, por um motivo perfeitamente evidente, é
liza. Mas ante de o realizar deve refletir se a sua vida
símbolo de servidão, de opressão, de constrangimen-
não poderá ser mais útil que a sua morte”.
to. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é
No LE, 953: Quando uma pessoa vê a sua frente uma suficientemente explicita. O jugo simboliza a discipli-
morte inevitável, e terrível, é culpada por abreviar de na de duas maneiras: ou ela é sofrida de modo humi-
alguns instantes o seu sofrimento, por uma morte lhante, ou a disciplina é escolhida voluntariamente e
voluntaria? Os Espíritos respondem: conduz ao domínio de si, a unidade interior a união
- “Sempre é culpado de não esperar o termo fixado com Deus.
por Deus. Aliás, haverá certeza de que tenha chega-
“Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores
do, malgrado as aparências, e não se pode receber
físicas, perda de seres amados, encontram consola-
um socorro inesperado no derradeiro momento?”
ção em a fé no futuro, em a confiança na justiça de
Podemos, dentro da codificação, no Céu e Inferno, Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre
segunda parte, item V ver relatos de vários suicidas aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida,
desencarnados, mostrando as mais diversas em que ou que simplesmente dúvida, as aflições caem com
se encontram no mundo espiritual. todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o
O suicídio, longe de ser a porta da salvação, é o som- amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a
brio pórtico de inimagináveis torturas. mim todos vos que estais fatigados, que eu vos alivia-
BIBLIOGRAFIA
rei.” Entretanto, faz depender de uma condição a sua
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Introdução ao Estudo da assistência e a felicidade que promete aos aflitos.
Doutrina Espírita, cap. XV - A Loucura e suas causas; Livro 2º, cap. Essa condição está na lei por ele ensinada. Seu jugo é
vII, questões 361 a 378; a observância dessa lei; mas, esse jugo é leve e a lei é
KARDEC, Allan - A Gênese - cap. II, itens 27 e 28; cap. Xl, itens 13
suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e
e 14;
a caridade”. (ESE, cap. 6, item 2)
37

Nessa passagem evangélica, Jesus por ser brando e através da mediunidade, banida dos ambientes cris-
humilde de coração, nos convida a irmos ate Ele. Ir tãos.
ate Jesus significa não apenas comparecer a um cen- A Doutrina Espírita nos permite entender o convite
tro espírita, a uma igreja, templos ou qualquer outro do Mestre, tanto em seu significado quanto em sua
local religioso, pois apenas a presença física de nada aplicação, lembrando que a submissão ao egoísmo é
vale, ou seja, nada significa para nossa evolução. caracterizada por conflitos, apego e ansiedade que,
Devemos estar em Espírito, com o coração aberto realmente, representam pesado fardo a dificultar a
para que possamos receber aquilo que precisamos e nossa marcha, que se faz penosa e cheia de sobres-
merecemos e não esperar obter “milagres”. saltos.
O jugo de Jesus é suave por nos libertar desses preju-
Muitos apenas querem receber, sem nada fazerem
ízos, conduzindo-nos, progressivamente, a vivência
por merecer e, assim como entraram vazios, saem
do amor e da caridade.
vazios, porque não aproveitaram aqueles momentos
O Espiritismo retoma, assim, a tradição crista original,
de ensinamentos do Evangelho, para refletirem sobre
pois reconhece as nossas deficiências e nos reco-
a vida, o que esta fazendo dela, o porque da sua fa-
menda corrigi-las, propondo a ação no bem como
mília desagregada, o porque dos sofrimentos, o por-
valioso recurso para essa realização. Foi por isso que
que de seu orgulho, e de seu egoísmo, e descobrirem
Allan Kardec afirmou: “Conhece-se o verdadeiro espí-
que é fundamental para a saúde espiritual, portanto,
rita pela sua transformação moral e pelos esforços
precisamos aprender também a ser manso e humilde.
que emprega para domar as suas más tendências”
Para que possamos receber o alivio que Jesus nos
(ESE, cap. XVII, item 4)
promete, é necessário o aprendizado da lei de Deus,
porque o jugo é suave e o fardo é leve. BIBLIOGRAFIA:
1) Kardec, Allan, “O Evangelho Segundo Espiritismo, Cap. VI, itens
Jesus conhecia perfeitamente as nossas dificuldades, 1e2
afirmando, inclusive, que não viera chamar os justos, 2) Kardec, Allan, “O Evangelho Segundo Espiritismo, Cap. XVII,
item 4
isto é, aqueles já identificados com o bem, mas os 3) Emmanuel (Espírito), “Roteiro”, psicografia de Francisco Cân-
pecadores, ou seja, a imensa maioria dominada, ain- dido Xavier
da, pelo egoísmo e pela ilusão (Mateus, 9: 12 e 13). Ele
sabia, em conseqüência, que os frutos de seu traba-
lho não surgiriam de imediato. 12ª Aula - RETORNO A VIDA CORPORAL - II
Parte A - DA INFÂNCIA - SIMPATIAS E ANTI-
Essa compreensão da natureza humana caracterizava
também os primeiros seguidores da Boa Nova, que
PATIAS TERRENAS - ESQUECIMENTO DO
não aguardavam ou exigiam demonstrações de gran- PASSADO - SEXO NOS ESPÍRITOS
deza espiritual de ninguém, devendo o cristão identi- DA INFÂNCIA:
ficar-se por seu sincero e perseverante esforço de Frequentemente, ocorre ser o Espírito que anima o
melhoria. Alias, lendo-se os textos evangélicos, parti- corpo de uma criança, tão desenvolvido, ou mais
cularmente as cartas que Paulo dirigiu as diversas ainda, do que o de um adulto, conforme o seu pro-
comunidades por ele fundadas, vê-se que estas se gresso anterior. Enquanto criança, os órgãos da inte-
compunham de pessoas ainda falíveis, pois em suas ligência estando ainda em desenvolvimento, não lhe
missivas o apóstolo trata de desentendimentos, dú- põem a disposição todas as faculdades de um adulto.
vidas, quedas... Percebe-se, contudo, que existia na- A sua inteligência permanecerá limitada, ate que a
queles agrupamentos uma disposição autêntica para idade amadureça e ele domine totalmente o novo
a vivência do Evangelho e por isso recorriam ao organismo.
Grande trabalhador rogando esclarecimento e orien- A perturbação que acompanha a encarnação não
tação. Com o tempo, infelizmente, aquela atitude cessa de súbito com o nascimento e só se dissipa com
sensata e objetiva foi esquecida, adotando o Cristia- o desenvolvimento dos órgãos. (LE, 380).
nismo uma visão dualista segundo a qual apenas os
indivíduos excepcionalmente bons estariam bem Segundo Emmanuel no livro “O Consolador”, o Espíri-
espiritualmente, achando-se os demais em falência to no período infantil, até os sete anos, ainda se en-
moral, sob ameaça do inferno após a morte. contra em fase de adaptação a nova existência. Nessa
idade, ainda não existe uma integração perfeita entre
Diversos fatores contribuíram para esta mudança, ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano
entre elas a pregação centrada no pecado e não na espiritual são mais vivas, tomando-se mais susceptí-
promoção do bem, o retomo a concepção antiga de vel de renovar o caráter e estabelecer novo caminho
um Deus vingativo, e não o Pai mencionado por Je- na consolidação dos princípios de responsabilidade,
sus, e a perda do contato com o mundo espiritual,
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se encontrar nos pais legítimos representantes do anos os toma flexíveis, acessíveis aos conselhos da
colégio familiar. experiência e daqueles que devem fazê-los progredir.
E então que se pode reformar o seu caráter e repri-
Eis por que o lar é tão importante para a edificação
mir as suas más tendências.
do homem e por que tão profunda é a missão dos
Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão
pais perante as leis divinas, pois é ai que a criança
sagrada pela qual terão que responder. E assim que a
deve receber as bases do sentimento e do caráter. O
infância não é somente útil, necessária, indispensá-
estado infantil é uma necessidade do Espírito e cor-
vel, mas ainda a consequência natural das leis que
responde aos desígnios da Previdência, pois é um
Deus estabeleceu e que regem o Universo (LE, 385).
tempo de repouso para o Espírito (LE, 382). O objetivo
da encarnação é o aperfeiçoamento do Espírito e o Simpatias e Antipatias Terrenas
estado de infância toma-o acessível as impressões Simpatia, segundo Dicionário Houaiss, é a afinidade
que recebe; sua nova fase de vida vai fundamentar-se moral, similitude no sentir e no pensar que aproxima
nos novos registros inseridos a partir de então. duas ou mais pessoas; relação que há entre pessoas
que, tendo afinidades, se sentem espontaneamente
Daí os novos rumos limitados e dependentes deles e
atraídas entre si; impressão agradável, disposição
o aumento da probabilidade de sucesso na nova vida.
favorável que se experimenta em relação a alguém
As sábias leis divinas colocam-no em um meio onde
que pouco se conhece; estado afetivo próximo ao
ele só haure o que é útil, o que convém, junto daque-
amor; faculdade de compenetrar-se das idéias ou
les que estão incumbidos de educá-lo e talvez capaci-
sentimentos de outrem. Antipatia é aversão espon-
tados a lhe auxiliar o adiantamento. Aos pais e pro-
tânea, irracional, gratuita por (alguém ou algo); mal-
fessores cumpre ponderar seriamente sobre este
querença, repulsão; comportamento que expressa
aspecto, pois o Espiritismo abre um novo capítulo na
essa aversão.
Psicologia Infantil e na Pedagogia, mostrando a im-
portância da educação da criança, não apenas para a Frequentemente, durante a romagem terrena, dois
vida em curso, mas também para a sua perene e de- seres sentem-se naturalmente atraídos um pelo ou-
finitiva evolução espiritual. tro, em circunstâncias aparentemente fortuitas; ou
Os estabelecimentos de ensino propiciam instruções, inversamente, a sensação que surge é de antipatia e
mas somente a família consegue educar; a universi- rejeição. Estes personagens não se reconhecem, po-
dade forma o cidadão, mas somente o lar edifica o rém, esta primeira impressão é resultante de encar-
Espírito. nações anteriores, cujas experiências felizes ou desa-
O primeiro sinal de vida da criança é expresso pelo gradáveis emergem da memória espiritual de cada
choro para excitar o interesse da mãe e provocar os um.
cuidados necessários (LE, 348). Se a sua manifestação
Nem sempre é recomendável que eles se reconhe-
fosse em hosanas de alegria, as reações seriam tão
çam; a recordação das existências passadas teria
diferentes que poucos se inquietariam com as suas
inconvenientes maiores do que pensais. Após a mor-
necessidades. Em tudo erige-se a sabedoria divina.
te eles se reconhecerão e saberão em que tempo
A mudança que se opera no caráter das criaturas ao estiveram juntos (LE, 386a). Afora estas circunstanci-
atingirem certa idade, particularmente a partir da as, dois Espíritos que tenham afinidades se procuram
adolescência, deve-se ao fato de o Espírito retomar sem que necessariamente se hajam conhecido em
paulatinamente a sua natureza e mostrar-se qual era épocas remotas; fazem-no por identidade de objeti-
em encarnação anterior. vos e metas.
Além de os encontros que se dão entre certas pesso-
O que o Espírito foi, é ou será, permanece oculto na
as não serem obra do acaso, mas sim o efeito de re-
inocência da criança. Isso permite que, no caso de
lações simpáticas, há, entre os seres pensantes, liga-
Espíritos antagônicos, receba todas as manifestações
ções que ainda não conheceis. O magnetismo é a
de carinho e amor essenciais para que se lhe conceda
bússola desta ciência, que mais tarde compreende-
a oportunidade adicional de redimir-se. Assim, não
reis melhor (LE, 388). Assim como a atração de um ser
procederiam os pais, se ao invés da criança cheia de
para outro resulta da simpatia, Espíritos antipáticos
graça e ingenuidade, se encontrassem sob os traços
se reconhecem sem se falarem.
infantis um Espírito adulto, mostrando o seu verda-
deiro caráter e instinto. Dois Espíritos não são necessariamente maus pela
ausência de simpatia, mas também pela falta de simi-
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos não
litude do modo de pensar. Tal acontece por não se-
ingressam na vida corpórea senão para se aperfeiçoa-
rem afins. À medida que eles se elevam, as diferenças
rem, para se melhorarem; a debilidade dos primeiros
se anulam e a antipatia desaparece. Um Espírito mal
39

sente antipatia por aquele que possa julgá-lo e des- precisas do passado, tem sempre a voz da consciên-
mascará-lo. Ao sentir sua aproximação, já pela pri- cia e suas tendências instintivas, que lhe permite o
meira vez percebe iminente desaprovação; reage conhecimento de si mesmo.
então sob a forma de uma repulsa que se transforma
Existem mundos mais evoluídos, onde seus habitan-
facilmente em rancor, inveja e uma inspiração de
tes guardam lembranças claras de suas existências
fazer o mal.
passadas; mas isto é resultado da condição superior
O bom Espírito, por sua vez, pode afastar-se do mau
por eles conquistada, e que os leva a uma melhor
porque sabe que não será por ele entendido; porém,
compreensão e melhor aproveitamento da liberdade
consciente de sua superioridade não alimenta rancor
que Deus lhes permite desfrutar. Nesses mundos,
nem inveja; limita-se a evitá-lo.
onde não reina senão o bem, a lembrança do passado
ESQUECIMENTO DO PASSADO: nada tem de penosa; é por isso que neles se recorda
O Espírito quando reencarna, esquece totalmente o com freqüência a existência precedente, como nos
seu passado; porém, muitas pessoas acreditam que a lembramos do que fizemos na véspera.
lembrança de vidas anteriores, no decorrer da vida Quanto à passagem que se possa ter tido por mundos
presente, seria de grande beneficio. Mas, em cada inferiores, a sua lembrança nada mais é, como disse-
reencarnação manifestam-se as tendências decorren- mos, do que um sonho mau (LE, 394). Mesmo em
tes da natureza do Espírito, a orientar seu compor- mundos como a Terra, e em casos muito especiais,
tamento mais correto, as boas inclinações, indicam o existem pessoas que sabem o que foram e o que
progresso já realizado e as mas, as paixões a serem faziam; contudo, abstém-se de dizê-lo abertamente,
superadas. pois, do contrário, fariam extraordinárias revelações
Inúmeras vezes, Espíritos que foram acerbos inimigos sobre o passado.
numa determinada vida, renascem no seio de uma
Assim, cabe ao homem suportar resignadamente as
mesma família, a fim de removerem as arestas e a-
provas e expiac6es que lhe são pertinentes, sem a
prenderem a se amar; se relembrassem do passado,
preocupação desnecessária de desvendar suas vidas
em muitos casos essa reconciliação se tomaria ex-
passadas, a cada nova existência a justiça divina dar-
tremamente difícil.
lhe-á a oportunidade de retomar o curso do aprendi-
O homem nem pode nem deve saber tudo; Deus zado interrompido, propiciando-lhe os recursos ne-
assim o quer, na sua sabedoria. Sem o véu que lhe cessários para os devidos reajustes. Observando seu
encobre cenas coisas, o homem ficaria ofuscado, próprio caráter, ele sentirá, cada vez mais, a necessi-
como aquele que passa sem transição da obscuridade dade de superar suas imperfeições, pois basta que
para a luz. Pelo esquecimento do passado, ele é mais estude a si mesmo, e poderá julgar o que foi, não
ele mesmo (LE, 392). pelo que é, mas pelas suas tendências (LE, 399).
Em cada nova existência, o Espírito usufrui do conhe- SEXO DOS ESPÍRITOS
cimento conquistado nas vidas passadas, estando em No LE, 200 a 202, Kardec questiona:
melhores condições de distinguir o bem do mal; ao “Têm sexos os Espíritos?
retomar ao plano espiritual, descortina-se diante dele “Não como o entendeis, pois que os sexos dependem
sua vida pregressa. Vê as faltas que cometeu e que da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas
deram origem aos seus sofrimentos, assim como o baseados na concordância dos sentimentos.”
modo como as teria evitado; isto lhe servira de orien- Em nova existência, pode o Espírito que animou o
tação, caso tenha o mérito de escolher por si próprio corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-
uma nova encarnação, a fim de evitar e reparar os versa?
erros cometidos. Ele então escolhe provas semelhan- “Decerto; são os mesmos os Espirilos que animam os
tes as que não soube aproveitar, ou os embates que homens e as mulheres.”
melhor possam contribuir pra o seu adiantamento. Quando errante, que prefere o Espírito; encarnar no
corpo de um homem, ou no de uma mulher?
Mas, se não temos, durante a vida corpórea, uma
“Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são
lembrança precisa daquilo que fomos e do que fize-
as provas por que haja de passar.”
mos de bem ou de mal em nossas existências anterio-
Os Espíritos encarnam como homens ou como mulhe-
res, temos, entretanto, a sua intuição. E as nossas
res, porque não têm sexo. Visto que lhes cumpre pro-
tendências instintivas são uma reminiscência do nos-
gredir em tudo, cada sexo, como cada posição social,
so passado, as quais a nossa consciência, - que repre-
lhes proporciona provações e deveres especiais e,
senta o desejo por nós concebido de não mais come-
com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele
ter as mesmas faltas, - adverte que devemos resistir
que só como homem encarnasse só saberia o que
(LE, 393). Se o homem não tem, portanto, lembranças
sabem os homens.”
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Os Espíritos, em sua essência, têm sexo, não repre- Jesus, quando esteve entre nós, procurou nos apre-
sentado exteriormente por órgãos genitais, mas sim sentar uma visão diferenciada da vida. Sua doutrina é
correspondente as características psicológicas de a antítese de tudo aquilo que nos ensina o Espírito do
cada individualidade. Assim, nos Espíritos que simpa- mundo. O homem, no seu atraso espiritual, procurou
tizam mais com o estilo masculino, as virtudes tidas fazer o melhor ao seu alcance para adaptar os ensi-
como masculinas apresentam maior relevo, enquanto namentos do Mestre aos interesses da comunidade.
que, nos Espíritos que se adéquam mais ao estilo E, foi sob a inspiração do Evangelho que se construiu
feminino, ressalta um maior aperfeiçoamento das a civilização ocidental. Ninguém em sã consciência
virtudes femininas. Dessa forma, a masculinidade e a poderia dizer que a doutrina ensinada pelo Cristo não
feminilidade representam características interiores teve um papel fundamental no crescimento da hu-
de cada individualidade. manidade.
O que atrai os Espíritos entre si não é a exterioridade Mas o homem, em seus limites de entendimento,
física, mas sim a afinidade no pensar e no agir. nunca conseguiu assimilar determinados conceitos
A escolha do sexo para o Espírito que vai reencarnar encontrados nos discursos de Jesus. E, um deles, é o
não está sujeita aos preconceitos da nossa sociedade da humildade. Na introdução desta lição, Ele mostra
terrena, onde ainda prevalece o machismo. Essa es- que já no seu tempo, não havia mais sentido os ho-
colha leva em conta a necessidade de evoluir rumo mens continuarem fazendo uso das antigas leis civis
£1 perfeição, que só se alcança adquirindo todas as ensinadas por Moisés: olho por olho, dente por den-
virtudes dos homens e das mulheres. Todos nos te- te, dizia o antigo profeta. Eu, porém vos digo, disse o
mos de renascer incontáveis vezes como homem e Cristo: se alguém vos ferir na face direita, oferece-lhe
como mulher, tantas vezes quantas necessárias para a outra. Se alguém tirar-te a túnica, larga-lhe também
nos tornarmos mais próximos da perfeição. a capa. Da a quem te pede e não voltes às costas ao
Não se deve supervalorizar o sexo físico, que e, em que deseja que lhe emprestes.
última instância, um instrumento para as tarefas es-
Foi assim que esse jovem na faixa dos trinta anos
pecíficas da paternidade ou maternidade.
chocou a sociedade do seu tempo e continua cho-
Outro tópico importante é a importância da sexuali-
cando até os dias atuais os homens contemporâneos,
dade equilibrada para uma vida saudável. Em caso
que não conseguem compreender certos ensinamen-
contrario, causamos danos sérios ao nosso psiquismo
tos revolucionários. Jesus, porém, veio nos ensinar as
e ao nosso organismo.
bases morais que devem reger o comportamento dos
BIBLIOGRAFIA: seres humanos e não poderia fazê-lo se não usasse
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 2°, cap. IV, cap. VII, de um verbo forte, capaz de impressionar pela gravi-
cap. VIII
KARDEC, Allan -A Gênese - cap. XI, cap. XII dade das idéias. Este texto introdutório é a base de
KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. II, cap. III, uma sociedade justa e fraterna, onde os homens
KARDEC, Allan - O Céu e O Inferno - cap. III, 2° Parte, Cap. II, Cap. tratam-se como irmãos e procuram suportar as im-
vIII perfeições uns dos outros.
KARDEC, Allan - Obras Póstumas - As cinco alternativas da Huma-
nidade Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capitulo 12,
Revista Espírita, de junho de 1863; itens 7 e 8, Allan Kardec, faz um comentário muito
Revista Espírita, de janeiro de l866;
feliz da lição, mostrando que os homens ainda se
Revista Espírita, de junho de 1869;
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier- Religião dos Espíritos; conduzem na vida dominados pelo orgulho e pelo
egoísmo. Nao poderemos construir uma sociedade
Parte B - SE ALGUEM TE FERIR NA FACE DI- mais justa e fraterna se os homens não se tratarem
como irmãos. Infelizmente os sistemas que hoje go-
REITA
vernam a humanidade elegeram a competição como
“Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por instrumento de progresso. Perdido na exaustão da
dente. - Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal vida social, o homem não consegue encontrar saída
que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na para seus problemas. Competir é a ordem do mo-
face direita, lhe apresenteis também a outra; - e que mento. Infelizmente esta conduta gera disputas e
se alguém quiser pleitear contra vos, para vos tomar desentendimentos, estimulando a vileza e a avareza.
a túnica, também lhes entregueis o manto; - e que se As conseqüências para o futuro da humanidade em
alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, médio prazo serão danosas.
caminheis mais dois mil. - Daí aquele que vos pedir e O Codificador afirma que há mais coragem em supor-
não repilais aquele que vos queira tomar empresta- tar um insulto do que em se vingar. Mas só pode
do. (S. MATEUS, v: 38 a 42.) vivenciar este estado de Espírito aquele que acredita
41

que exista algo além dessa vida. Para os materialistas, lembrança do que o preocupa em estado de vigília.
para os que se conduzem nas malhas do niilismo, não No entanto, quando esses sonhos são lembrados,
há motivos para que suportem as injustiças cometi- revelam nitidez, clareza, lógica e colorido, caracterís-
das por pessoas que não compreendem ainda que ticas dos sonhos reais. Este fato pode acontecer com
todos somos filhos de um mesmo Pai. O trabalho de relação aos Espíritos encarnados mais elevados, que
esclarecimento é imenso e esta quase todo por fazer. podem ter uma clarividência mais definida porque
Os espíritas têm em mãos um precioso material dou- guardam na memória, ao voltarem, os acontecimen-
trinário, capaz de apresentar ao homem novas op- tos verificados, quer digam respeito a existência pre-
ções de vida, fundamentadas nos princípios de imor- sente ou as vidas passadas, ou ao que lhes vai suce-
talidade, da reencarnação e da lei de causa e efeito. der no futuro.
BIBLIOGRAFIA: Para ilustração desses sonhos lúcidos, pode-se men-
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XII, cionar o sonho de Joana D’Arc, de Jacó e dos antigos
item 7 e 8;
profetas judeus; são lembranças da vida espiritual
que a alma vê, inteiramente desprendida do corpo
físico. Eles são verdadeiros no sentido de apresenta-
13ª Aula - EMANCIPAÇÃO DA ALMA rem imagens reais para o Espírito, mas que, frequen-
Parte A - SONO, SONHOS - VISITAS ESPÍRITAS temente, não tem relação com o que se passa na vida
ENTRE OS VIVOS – TRANSMISSÃO OCULTA DO corpórea. Muitas vezes, ainda, como já dissemos, são
PENSAMENTO - CATALEPSIA, LETARGIA OU uma recordação. Podem ser, enfim, algumas vezes,
MORTE APARENTE um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou
a visão do que se passa no momento em outro lugar,
O SONO E OS SONHOS a que a alma se transporta.
Todos nos encarnados no planeta Terra, necessita-
mos de prover as necessidades de nosso organismo VISITA ESPÍRITA ENTRE VIVOS
físico. Portanto, alimentação, higiene, vestuário, fa- O Espírito, durante o sono, recobra em parte a sua
zem parte do atendimento de necessidades que de- liberdade, ou seja, ele se afasta do corpo. A faculdade
vemos realizar. O sono é momento de descanso para que a alma possui de emancipar-se e de desprender-
nosso organismo biológico, uma vez que quando se do corpo durante a vida física pode dar lugar a
dormimos, o nosso organismo se recupera das fadi- fenômenos análogos aos que os Espíritos desencar-
gas do dia-a-dia. Contudo, não podemos esquecer de nados produzem. Enquanto o corpo acha-se mergu-
que se o nosso corpo físico necessita de descanso lhado em sono, ou mesmo em estado de vigília, o
para recuperar as energias gastas durante o dia, mas, Espírito, transportando-se a diversos lugares, pode
o mesmo não acontece com nosso corpo perispiritu- tornar-se visível e aparecer a outras pessoas.
al. Do principio de emancipação da alma durante o sono
Sonhos do subconsciente parece resultar que temos, simultaneamente, duas
Caracterizam-se pela incoerência, falta de nitidez, existências: a do corpo, que nos da a vida de relação
confusão. As idéias, pensamentos e impressões que exterior, e a da alma, que nos da a vida de relação
afetaram nosso pensamento no estado de vigília irão oculta, no entanto, no estado de emancipação, a vida
ter papel importante, associados aos fatos comuns da do corpo cede lugar a da alma, mas não existem,
vida e o temperamento imaginativo ou emocional, propriamente falando, duas existências; são antes
que, registrados em nosso aparelho físico (ainda im- duas fases da mesma existência, porque o homem
perfeito para registrar com nitidez a realidade espiri- não vive de maneira dupla (LE, 413).
tual), nesta confusão que se verifica na maioria dos O perispírito, tanto do encarnado quando do desen-
sonhos que temos. (LE, 405) carnado, é sempre um envoltório semimaterial, o
Sonhos reais ou inteligentes qual, se visível, tem uma aparência tão idêntica a
São as reproduções do que se vê, ouve ou sente do real, que se torna possível a muitas pessoas estar
contato com os Espíritos, encarnados ou desencarna- com a verdade quando dizem ter visto o encarnado,
dos. São visões perfeitas, diretas e objetivas e são ao mesmo tempo, em dois pontos diversos. Através
tidos, geralmente, por Espíritos mais elevados e com dos sonhos, o homem tem a oportunidade de encon-
clarividência definida. trar-se com amigos e parentes. Os laços de amizade,
antigos ou novos, reúnem assim, freqüentemente,
É por isto que nem sempre o homem se lembra des- diversos Espíritos que se sentem felizes em se encon-
ses sonhos, pois que ainda tem a alma em desalinho trar (LE, 417). Essas visitas são significativas, na medida
e não lhe resta mais do que a lembrança da perturba- em que rica, ao despertar, uma vaga intuição, que é
ção que acompanha e não lhe resta mais do que a
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

origem de certas idéias que surgem espontaneamen- mentos elevados e puros; aspiremos a tudo o que é
te. grande, nobre e belo. Pouco a pouco sentiremos re-
generar-se o nosso próprio ser, e com ele, do mesmo
TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO:
modo, todas as camadas sociais, o globo e a Humani-
Todo pensamento irradia as características do estado
dade! E, em nossa ascensão, chegaremos a compre-
mental que o envolve - felizes ou menos felizes. Emi-
ender e a praticar melhor a comunhão universal que
tindo uma idéia, o homem passa a refletir as que se
une a todos os seres.
assemelham, mantendo-o em comunicação com to-
das as mentes que tenham o mesmo modo de pen- CATALEPSIA, LETARGIA OU MORTE APARENTE
sar. Da mesma forma que os indivíduos influenciam, Antes de entrar no estudo destes conceitos no espiri-
são também influenciados. Pelos desejos, pela fixa- tismo, vamos conceituar os termos letargia e catalep-
ção de seus interesses, emitem e captam certa ordem sia:
de idéias em regime de influências recíprocas. E nes- Letargia é definida como: sonolência mórbida ou
se regime que, durante o sono, os Espíritos comuni- estado de sono profundo verificado em algumas do-
cam entre si suas idéias. Portanto, mesmo que a enças;
“mente” do homem não queira, o Espírito revela a Catalepsia é definida como: síndrome nervosa, de
outros o objeto das suas preocupações. índole histérica, caracterizada pela suspensão parcial
da sensibilidade externa e dos movimentos voluntá-
Podemos dizer que o pensamento, energia emanada
rios e, principalmente, por extrema rigidez muscular
do ser pensante de maneira continua (e é fragmentá-
Os letárgicos e os catalépticos vêem e ouvem o que
rio nos irracionais), se propaga no meio do fluido
esta ao seu redor, apesar de não poderem se comu-
universal e vai encontrar guarida nas mentes que
nicar, por que seu corpo físico rica com uma perda
estiverem sintonizadas com aquela faixa de pensa-
temporária da sensibilidade e do movimento, por
mento específica.
uma causa fisiológica ainda inexplicada.
Por isso essa transmissão pode ocorrer de desencar-
Na letargia há a suspensão total das forças vitais do
nado para desencarnado; de encarnado para encar-
organismo físico, dando a aparência da morte e tem
nado; de desencarnado para encarnado e encarnado
causas naturais. Já na catalepsia a suspensão rica
para desencarnado. Portanto, as palavras-chaves
localizada, onde a inteligência pode manifestar-se
serão: SINTONIA e TIPO DE PENSAMENTO.
livremente, não a confundindo com a morte e além
Os Espíritos podem captar o pensamento de outros de natural, pode também ser provocada e desfeita
Espíritos, mas para isso alguns fatores determinantes pela ação magnética.
serão importantes, como nível evolutivo dos Espíritos
BIBLIOGRAFIA
em questão; grau de maior ou menor emancipação Kardec, Allan, “O Livro dos Espíritos”, questões: 400 a 412; 413 a
de seu corpo de carne e finalmente sintonia . Cada 424
Espírito, segundo a Codificação, é uma unidade indi- DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. Rio de
visível, que pode irradiar seus pensamentos para Janeiro: FEB, 2007 Primeira parte, cap. VI, p. 121 , 129 e 132
diversos pontos, sem que se fracione para tal efeito.
E nessa transmissão oculta de pensamentos que al- Parte B - PASSAGENS SOBRE RESSURREIÇÃO
guns Espíritos têm, muitas vezes, as mesmas idéias, Ressurreição significa ressurgir no mesmo corpo físi-
sem necessidade da exteriorização da linguagem co, o que a ciência demonstra ser impossível. Pois,
falada; é assim que expressam-se na linguagem dos após a dispersão dos elementos (hidrogênio, carbo-
Espíritos. no, etc.) constitutivos do corpo biológico, impossível
Muitas experiências científicas já demonstraram a se faz a sua reintegração, uma vez que estes elemen-
realidade dos pensamentos e a possibilidade de tos retornam a natureza, compondo novos corpos.
transmiti-los, telepaticamente, isto é, independente Desta maneira, pode-se entender o termo ressurrei-
dos órgãos da fala ou independente da escrita ou de ção como uma figura simbólica para a reencarnação.
qualquer outro meio de comunicação ostensivo. Se
formos um pouco mais observadores, constataremos Jesus disse que “...não vim derrogar as Leis, mas dar-
que, frequentemente, estamos exercitando esta fa- lhes cumprimento” , portanto, nada do que Jesus
culdade, mesmo sem perceber, isto é, de forma in- realizou em sua época, poderia contrariar as Leis
consciente. Divinas. Assim sendo, as passagens onde o Mestre
“ressuscitou” aquelas pessoas, teria que ter um fun-
O pensamento e a vontade são a ferramenta por damento mais lógico.
excelência, com a qual tudo podemos transformar
em nos e a roda de nos. Tenhamos somente pensa- O entendimento do que são catalepsia e letargia, nos
auxiliam a entender, juntamente com as instruções
43

dos Espíritos, que as ressurreições que Jesus provo- lhem assim as provas, que irão passar, antes de reen-
cou são casos de letargia e/ou catalepsia (que a ciên- carnarem, pois somente fora da matéria pode o Espí-
cia médica desconhecia). rito refletir acertadamente sobre as verdades eter-
nas.
Na época do advento de Jesus, houve alguns casos de
passagens de ressurreição, por exemplo: Nem todos o fazem após o desencarne, há os que
A filha de Jairo: A menina estava desacordada já al- acreditam em penas eternas isso para eles é um cas-
gum tempo e os médicos da época davam-na como tigo.
estando morta. Contudo, ao solicitar a Jesus que auxi-
Alguns solicitam suas provas para a vida presente ou
liasse sua filha, o pai da menina estava sendo humil-
mesmo para a futura, nisso consiste o seu livre arbí-
de, pedindo auxilio a Deus. Ele acreditava que Jesus
trio, lembrando-nos sempre que nada acontece sem
iria curar sua filha.
a permissão de Deus.
O filho da viúva de Naim: A mãe do jovem estava
Para os Espíritos mais próximos de sua origem (sim-
desesperada porque seu único filho havia desencar-
ples, ignorantes e carecidos de experiências) Deus
nado. Recorreu a Jesus e ele dirigiu-se ao menino
lhes supre as inexperiências, Traçando-lhes o cami-
dizendo: “levanta-te” e o menino levantou-se e pôs
nho que devem seguir, porém, pouco a pouco, o Pai
se a andar.
os deixa escolher, à medida que o discernimento,
Lazaro, irmão de Marta e Maria: Jesus, pois, como- juntamente com o progresso espiritual, vai evoluin-
vendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro: do. Deus sabe esperar, não Se precipita, mas ainda
era uma gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela. assim, há encarnações expiatórias, para Espíritos
Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, vacilantes, necessitados da experiência corpórea.
disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto
Essa escolha dos Espíritos é apenas para o gênero das
há quase quatro dias. Respondeu-lhe Jesus: Não te
provações, dando-lhes conhecimento da natureza das
disse que, se creres, verás a glória de Deus? Tiraram
vicissitudes, porém as particularidades correm por
então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu,
conta das conseqüências das próprias ações, igno-
disse Pai, graças te dou, porque me ouviste. Eu sabia
rando assim, se terão êxito ou não.
que sempre me ouves; mas por causa da multidão
que esta em redor é que assim falei, para que eles O Espírito escolhe provas que queira sofrer, de acor-
creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isso, clamou do com a natureza de suas faltas, as que o levem a
em alta voz: Lázaro, vem para fora! expiação destas e a progredir mais rapidamente. Para
os encarnados pode parecer natural que se escolham
Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos
as provas menos dolorosas, ao Espírito, não. Uns
com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-
impõem a si mesmos uma vida de misérias e priva-
lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir. Jesus, como Espíri-
ções, objetivando suportá-las com coragem; outros
to puro, já possuía o amor incondicional, tinha mag-
preferem experimentar as tentações da riqueza e do
netismo suficiente e sabia como utilizá-lo em seus
poder, muito mais perigosas, outros ainda, se deci-
atendimentos de cura.
dem a experimentar suas forcas nas lutas que terão
BIBLIOGRAFIA de sustentar em contato com o vício.
LE, Livro Segundo, 1010
ESE, Cap. IV itens 1 a 17 Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores,
Velho Testamento, I Reis, 17: 17 a 24 sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha;
Velho Testamento, II Reis, 4:2o a 32 e 36 ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar.
Velho Testamento, 13:21
N.T Lucas 7: 11-15 e 8:49-55 Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou
N.T João 11-1-46 de seu livre-arbítrio. Quanto mais difíceis as provas,
N.T Atos dos Apóstolos,9:36-42 e 20:9-12 maior o mérito, se sair vitorioso.
Espíritos mais atrasados podem pedir para nascer
14ª Aula - VIDA ESPÍRITA - I entre outros mais adiantados para progredirem, mas
Parte A - ESCOLHA DAS PROVAS - RELAÇÕES poderão ficar deslocados entre eles e são os que às
DE ALÉM-TÚMULO - RELAÇÕES SIMPÁTICAS vezes nos dão um triste espetáculo de ferocidade em
meio da civilização; isso não quer dizer que retroce-
E ANTIPÁTICAS DOS ESPÍRITOS deram.
ESCOLHA DAS PROVAS Nas provações por que lhe cumpre passar para atingir
Após cada existência, os Espíritos vêem o progresso a perfeição o Espírito não tem que sofrer tentações
que fizeram e compreendendo o quanto ainda lhes de todas as naturezas. Há Espíritos que desde o co-
falta em pureza para atingirem a felicidade real, esco- meço tomam um caminho que os exime de muitas
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

provas. Os que se deixam arrastar para o mau cami- provações em enfermidades para serem instrumen-
nho, correm todos os perigos que esse caminho apre- tos da descoberta da cura. Há, também, outros Espíri-
senta. tos que pedem duras provas, e ao saírem vitoriosos,
podem evoluir mais rapidamente.
Quando errante, pouco importa ao Espírito encarnar
no corpo de um homem, ou no de uma mulher, o que Suportemos nossas provas, com a certeza do Amor
o guia na escolha são as provas por que haja de pas- de Jesus e com o amparo dos Amigos Espirituais,
sar. emissários do Pai, a nos protegerem, porém sem nos
esquecemos de fazer a nossa parte. Ajuda-te a ti
Para o tipo de provas que necessitamos, precisamos
mesmo e o Céu te ajudará.
de mundos de expiações e provas.
Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes
O Espírito pode enganar se quanto à eficiência da
do que supomos. Muitas vezes, também, (na maioria
prova que escolheu:
das vezes) a ajuda nos sugere a idéia que nos fará sair
1) pode escolher uma que esteja acima de suas forcas da dificuldade pelo nosso próprio esforço.
e sucumbir (diferente de expiação);
RELAÇÕES DE ALÉM–TÚMULO
2) pode também escolher alguma que nada lhe apro- Os Espíritos de diferentes ordens estão misturados na
veite, como sucederá se buscar vida ociosa e inútil, espiritualidade, como quando encarnados, homens
mas ao voltar ao mundo dos Espíritos, verifica que bons e maus se encontram o tempo todo, se relacio-
nada ganhou e pede outra que lhe faculte recuperar nam, mas sem que isso, os obrigue a conviverem
o tempo perdido. mais intimamente.
“É o próprio Espírito que modela o seu envoltório e o Os da mesma ordem se reúnem por uma espécie de
torna adequado as suas novas necessidades, ele o afinidade e formam grupos ou famílias de Espíritos
aperfeiçoa, o desenvolve e completa o organismo a unidos pela simpatia e pelos propósitos; os bons,
medida que sente a necessidade de manifestar novas pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de
faculdades, numa palavra, ele o talha conforme sua fazer o mal, pela vergonha de suas faltas e pela ne-
inteligência”. (GE - cap. XI - item II) cessidade de se encontrarem entre os seres seme-
lhantes a eles.
Em alguns casos não é permitida ao Espírito a escolha
do seu invólucro corpóreo, dependerá sempre da As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre
evolução adquirida. Em outros, quando o Espírito já si uma hierarquia de poderes que é exercida por
conquistou essa evolução, solicita impedimentos meio de uma ascendência moral irresistível, em rela-
físicos que o imunize ante a possibilidade de reinci- ção à superioridade moral elevada.
dência nos erros, pois, os compromissos morais ad- A condição dos Espíritos na vida além túmulo, sua
quiridos conscientemente na carne, somente na car- elevação, sua felicidade, depende da respectiva fa-
ne, podem ser resolvidos. culdade de sentir e de perceber, que é sempre pro-
porcional ao seu grau evolutivo.
Nem sempre o Espírito requisita deliberadamente
determinadas provas, de vez que, em muitas circuns- Os Espíritos Superiores vão por toda parte, para exer-
tâncias quais aquelas que se verificam no suicídio ou cerem a sua influência sobre bons e maus. Para com-
na delinqüência, caímos de imediato, na desagrega- bater as más tendências destes, a fim de auxiliá-los a
ção ou na insanidade das próprias forcas, lesando o evoluir, é uma missão; porém, as regiões habitadas
corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no pelos bons são interditadas aos Espíritos imperfeitos,
berço físico exibindo defeitos e moléstias congênitas, a fim de que não levem a elas o distúrbio das más
em aflitivos quadros expiatórios. paixões.

O erro de uma encarnação passada pode influenciar As almas colocam-se e agrupam-se no espaço segun-
na encarnação presente, predispondo as doenças que do o grau de pureza do seu respectivo invólucro, a
tem a sua causa profunda na estrutura do corpo espi- condição do Espírito está em relação direta com a sua
ritual. constituição fluídica.
Os Espíritos inferiores se comprazem em nos levar ao
A carne é assim como um filtro que retém as impure- mal pelo despeito de não terem merecido estar entre
zas do corpo perispiritual, liberando-o de certos ma- os bons. O desejo deles é o de impedir, tanto quanto
les adquiridos. puderem, que os Espíritos ainda inexperientes atin-
Embora conhecedores que somos da Lei de Causa e jam o bem Supremo; querem fazer os outros prova-
Efeito, não podemos generalizar os casos, não pode- rem aquilo que eles provam.
mos nos esquecer daqueles missionários que pedem
45

O poder que um homem goza na Terra não lhe da Nossos parentes e amigos costumam vir ao nosso
supremacia no mundo dos Espíritos, o maior na Terra encontro quando deixamos a Terra. Os Espíritos vão
pode estar na última classe entre os Espíritos, en- ao encontro da Alma como se regressasse de uma
quanto o seu servidor poderá estar na primeira. Jesus viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e
disse: “Quem se humilhar será exaltado, e quem se ajudam-na a desprender-se dos liames corporais. Isso
exaltar será humilhado”. é uma graça concedida aos bons Espíritos que se en-
contram com os que os amam. Ao passo que aquele
Aquele que teve poder na Terra, ao se ver inferioriza-
que se acha manchado, permanece em isolamento,
do entre os Espíritos, sobretudo os orgulhosos e inve-
ou só tem ao seu redor os que lhe são semelhantes:
josos, irão se sentir humilhados. O domínio do man-
isso é uma punição. Muitas vezes, os seres amados
datário sobre o subordinado, na espiritualidade, só
estão ao lado e eles não conseguem vê-los.
continuará a existir se a superioridade for moral.
A reunião de parentes e amigos depois da morte de-
Os Espíritos se vêem e se compreendem, a palavra é
pende da elevação deles e do caminho que seguem,
material: é reflexo da faculdade espiritual (LE, 282). O
procurando progredir. Se um esta mais adiantado e
fluido universal estabelece entre eles constante co-
caminha mais depressa do que outro, não podem os
municação; é o veiculo da transmissão de seus pen-
dois conservar-se juntos. ver-se-ão de tempos a tem-
samentos, como, para nos, o ar o é do som. É uma
pos, mas não estarão reunidos para sempre, senão
espécie de telégrafo universal, que liga todos os
quando puderem caminhar lado a lado, ou quando se
mundos e permite que os Espíritos se correspondam
houverem igualado na perfeição. Acresce que a pri-
de um mundo a outro.
vação de ver os entes queridos e amigos é, às vezes,
Os Espíritos, reciprocamente, não podem dissimular uma punição.
seus pensamentos. Não podem ocultar-se uns dos Essa punição é uma forma do Espírito mais rapida-
outros. Podem afastar-se uns dos outros, mas sempre mente despertar, e imposta pelo próprio Espírito por
se vêem. Isto, porém, não constitui regra absoluta, sua sintonia espiritual.
porquanto certos Espíritos podem muito bem tomar-
RELAÇÕES SIMPÁTICAS E ANTIPÁTICAS DOS ESPÍRI-
se invisíveis a outros Espíritos, se julgarem útil fazê-
TOS
lo.
Ha afeições entre os Espíritos, do mesmo modo que
Os Espíritos comprovam suas individualidades pelo entre os homens, sendo, porém, que mais forte é o
perispírito, que os toma distinguíveis uns dos outros, laço que prende os Espíritos uns aos outros, pois
como faz o corpo entre os homens. quando carentes de corpo material, esse laço não se
Os Espíritos se reconhecem por terem coabitado a acha exposto as vicissitudes das paixões. Havendo
Terra. O filho reconhece o pai, o amigo reconhece o aversões somente entre os Espíritos impuros, e são
amigo. E, assim, de geração em geração se reconhe- estes que excitam as inimizades e as dissensões entre
cem no mundo dos Espíritos. vemos a nossa vida os homens.
pretérita e lemos nela como em um livro. vendo a
Na erraticidade os que foram inimigos enquanto en-
dos nossos amigos e dos nossos inimigos, vemos a
carnados, compreendem como era estúpida a atitude
sua passagem da vida para a morte.
e pueril o motivo; apenas os Espíritos imperfeitos
Deixando seus despojos mortais é necessário algum
conservam uma espécie de animosidade, porém se
tempo para que a Alma se reconheça a si mesma e
foi por motivo material e desaparecendo a matéria,
sacuda o véu material.
poderão rever se sem ressentimento; da mesma for-
Após este estágio, vê imediatamente os parentes e ma que dois escolares que não se gostavam, chegan-
amigos que a precederam. do a idade da razão reconhecem quão pueril eram
A alma no seu regresso ao mundo dos Espíritos, é suas brigas infantis.
acolhida da seguinte forma:
A lembrança dos atos maus que dois homens pratica-
- A do justo, como bem-amado irmão, desde muito
ram um contra o outro, induz os Espíritos, quando
tempo esperado.
desencarnados, a se afastarem um do outro.
- A do mau, como um ser que se despreza (ele pró-
Aqueles a quem foi feito o mal neste mundo, se são
prio).
bons, eles perdoam, segundo o arrependimento do
Os Espíritos impuros, quando da chegada de outro executor deste mal. Se maus é possível que guardem
Espírito mau entre eles, ficam satisfeitos por verem ressentimento do mal que foi feito e queiram vingan-
seres que se lhes assemelham e que também são ça, não raro, em outra existência. Deus pode permitir
privados da infinita ventura, qual na Terra um ladrão que assim seja, como um castigo.
entre seus iguais.
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

Não são suscetíveis de alterar-se as afeições individu- BIBLIOGRAFIA:


ais dos ESPÍRITOS, por não estarem eles sujeitos a A Gênese - cap.XI - Encarnações dos Espíritos e Reencarnação
Após a Tempestade - Joanna de Angelis - item 24
enganar-se. Falta-lhes a máscara sob que se escon- Depois da Morte - Leon Denis – 2ª parte - cap. XIII - As Provas e a
dem os hipócritas. Dai vem que, sendo puros, suas Morte e cap. XXXIII
afeições são inalteráveis. Suprema felicidade lhes Emmanuel - Emmanuel - cap. XXXII - Dos Destinos
advém do amor que os une. O Consolador - Emmanuel - perguntas 175 a 178 e 239 a 252
O Livro dos Espíritos - perguntas de 258 a 273, 274 a 3o3 e 663
Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis - cap. VIII,
afeição mútua que dois seres se consagraram na Ter- XIII, XIV e XV
Religião dos Espíritos - Emmanuel - “Cadinho”, “Herança”, “Exa-
ra, desde que originada de verdadeira simpatia. Se,
minadores”, “Doenças Escolhidas”, “Em Plena Prova”
porém, nasceu principalmente de causas de ordem Revista Espírita - Setembro e outubro de 1864 - Estudos Morais
física, desaparece com a causa. As afeições entre os Revista Espírita - julho de 1864 - Instruções dos Espíritos - O
Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, castigo pela Luz - Médium Sr. A. Didier
porque não se acham subordinadas aos caprichos dos Revista Espírita - setembro de 1863 - Perguntas e Problemas
Sobre a Expiação e a Prova
interesses materiais e do amor-próprio. Revista Espírita novembro de 1860 - Relações Afetuosas dos
“A teoria das metades eternas encerra uma simples Espíritos
Vida e Sexo - Emmanuel- cap. XXIV
figura, representativa da união de dois Espíritos sim-
páticos. Trata-se de uma expressão usada ate na lin-
Parte B - RECONCILIAR-SE COM SEUS ADVER-
guagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da
letra. Não pertencem decerto a uma ordem elevada SÁRIOS
os Espíritos que a empregaram. Necessariamente, “Se teu irmão pecar contra ti, vai, e corrige-o entre ti
limitado sendo o campo de suas idéias, exprimiram e ele somente; se te ouvir; ganho terás o teu irmão.
seus pensamentos com os termos de que se teriam Então, chegando-se Pedro a ele, perguntou: Senhor;
utilizado na vida corporal. Não se deve, pois, aceitar a quantas vezes poderá pecar meu irmão contra mim,
idéia de que, criados um para o outro, dois Espíritos para que eu lhe perdoe? Será até sete vezes? Respon-
tenham, fatalmente, que se reunir um dia na eterni- deu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até
dade, depois de haverem estado separados por tem- setenta vezes sete vezes” (Mateus 18:15, 21 e 22)
po mais ou menos longo”. (LE, 303a)
“Portanto, se estás fazendo a tua oferta diante do
Não há almas que desde suas origens, estejam pre- altar; e te lembrar aí que teu irmão tem alguma coisa
destinadas a união. Cada um de nós não tem, contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar; e vai
n’alguma parte do Universo, sua metade, a que fa- te reconciliar primeiro com teu irmão, e depois virás
talmente um dia reunirá. Não há união particular e fazer a tua oferta.
fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Reconcilia-te sem demora com o teu adversário, en-
Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria quanto estas a caminho com ele, para que não susci-
que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham ta que ele te entregue ao juiz, e que o juiz te entregue
adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. ao seu ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em
Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não
concórdia resulta a completa felicidade. pagares o última ceitil” (Mateus 5:23-26).
A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da A misericórdia consiste no esquecimento e no perdão
perfeita concordância de seus pendores e instintos. das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem
Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofen-
individualidade. A identidade necessária a existência sas é próprio das almas elevadas. Com que direito
da simpatia perfeita apenas consiste na igualdade dos podemos pedir o perdão das nossas faltas, se não
graus da elevação (todos - pensamento, sentimento e perdoamos as dos outros? Como rezar o Pai Nosso?
conhecimento). Será realmente que quando nos sentimos ofendidos,
Todos os Espíritos serão simpáticos no futuro. Um o primeiro a ofender não fomos nos mesmos? Será
Espírito, que hoje esta numa esfera inferior, ascende- que não nos escapou nenhuma ação ou palavra inju-
rá, aperfeiçoando-se, a que se acha tal outro Espírito. riosa; sem que o percebêssemos?
E ainda mais depressa se dará o encontro dos dois, se Mahatma Gandhi quando libertado de uma prisão
o mais elevado, permanecer estacionário em razão britânica, ao lhe perguntarem se perdoaria aos que o
de não bem realizar suas provas. prenderam, ele respondeu que nada havia a perdoar.
Podem deixar de ser simpáticos um ao outro dois Esse deve ser o tipo de amor que unirá todas as pes-
Espíritos que já o sejam, se um deles for preguiçoso. soas, um amor universal, sem melindres.
47

Jesus quando ensinou o Pai Nosso, acrescentou: “Se, O Evangelho dos Humildes - Eliseu Rigonatti - cap. V - itens 25 e
porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso 26
O Sermão da Montanha - Rodolfo Calligaris - Reconcilia-te sem
Pai vos perdoara as ofensas”. demora com teu adversário
Desta belíssima oração que Ele nos ensinou no Ser-
mão do Monte, somente fez referência ao perdão das
ofensas, mostrando dessa forma a importância do 15ª Aula - VIDA ESPÍRITA - II
perdão. Parte A - LEMBRANÇAS DA EXISTÊNCIA COR-
Quem perdoa obtém a graça da consciência tranqüi- PÓREA
la, toma-se inacessível ao mal, da impulso evolutivo a
própria alma. Regressando a erraticidade, o Espírito vai se lem-
brando, pouco a pouco, não só da última existência
Sabemos que a morte não nos livra dos nossos inimi- na Terra, mas, também daquelas que a precedem.
gos, os Espíritos vingativos perseguem muitas vezes, Isso acontece após o período de perturbação, maior
com seu ódio no além túmulo; porque estando o ou menor, pelo qual o Espírito passa. Essas lembran-
Espírito aprisionado em seu corpo, fica mais fácil para ças podem ser dos mais minuciosos pormenores,
o desencarnado atormentar. Nisso reside à causa da mas, de modo geral, ele só se interessa pela lem-
maioria dos casos de obsessão. brança daqueles fatos e pensamentos vivenciados
Para tranqüilidade futura, Jesus recomenda nos re- que tenham tido influência no seu estado atual na
conciliarmos com os nossos inimigos, o quanto antes, erraticidade. Evidente que, ao despertar no plano
para que não se perpetuem nas existências futuras, o espiritual, o Espírito passa pelo espanto natural de-
ódio, o mal. corrente dos anos que passou na vida corpórea, cujas
Perdão e esquecimento ao Espírito evangelizado é a impressões se apagam gradualmente da memória.
mesma coisa, mas para muitos de nos o perdão é Após a libertação do corpo e livre do período de per-
simplesmente renunciar a vingança. turbação que se segue a morte, o Espírito passa a ter
uma compreensão mais nítida dos objetivos da vida
Jesus ainda recomendou que quem fosse fazer uma
material e da necessidade de purificação para chegar
oferenda, primeiro reconciliasse com os seus adver-
ao estado de Espíritos Puros. são desenhados na
sários e só depois voltasse para dar a oferenda, com
memória do Espírito as lembranças por esforço da
o coração limpo.
própria imaginação ou como um quadro que se apre-
O perdão deve ser irrestrito e incondicional. Quando
senta a vista. De forma que, lembra-se de todos atos
Pedro perguntou a Jesus quantas vezes deve-se per-
de mais interesses e os outros ficam na mente mais
doar, ele lhe disse que deveria perdoar setenta vezes
ou menos vagos ou esquecidos de todo. As lembran-
sete, isso não queria dizer perdoar quatrocentos e
ças serão perfeitas apenas dos fatos principais que
noventa vezes apenas, mas infinitamente; perdoar
possam auxiliá-lo na trajetória da evolução. Por isso,
com o coração e não só com os lábios, como aquele
frequentemente conserva a lembrança dos sofrimen-
que diz: “Eu perdôo, mas nunca mais quero vê-lo”,
tos que vivenciou e essa lembrança lhe faz compre-
esse não perdoou realmente.
ender melhor a felicidade no plano espiritual.
Perdoar é doar amor, é misericórdia. O perdão se
reconhece pelos atos muito mais que pelas palavras. São sempre gratos aos que se lembrem deles, depen-
Libertemo-nos de todas as amarras perniciosas que dendo do seu grau evolutivo não dão importância aos
ainda nos prendem e sigamos livres de nossos defei- objetos que lhe pertenceram, assim como também
tos mesquinhos na estrada que leva-nos ao Pai. consideram o seu antigo corpo como uma roupa im-
prestável. O que realmente os atrai são o pensamen-
Sejamos indulgentes com os que nos caluniam, pois a
to e a saudade das pessoas queridas.
indulgência acalma, corrige e atrai. Saibamos pedir
perdão das calunias que fazemos; assim conseguire- Os Espíritos inferiores sentem saudades das sensa-
mos nos reconciliar com os nossos inimigos já nessa ções que tenham desfrutado na Terra e desejariam
encarnação. poder ainda ter a satisfação que sentiam enquanto
Que o Amor do Pai possa unir a todos seus filhos. estavam na matéria e que os gratificavam. Por isso,
procuram satisfazer esse desejo material pela cha-
BIBLIOGRAFIA:
O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. X - itens 3, 5 e 8; cap. mada vampirização. Por esse processo, utilizam das
XII itens 5 e 8 pessoas que vibram na esfera das mesmas sensações
Pão Nosso - Emmanuel - cap. 120 - Conciliação impuras, para satisfazer as suas paixões. Assim sen-
Joana de Angelis Responde - perguntas 21, 171 a 173 do, “bebem”, “fumam”, “comem” e “fazem sexo”
Renovando atitudes - Amar, não sofrer
Crônicas Evangélicas - Paulo Alves de Godoy - cap. VIII- Caminhe
utilizando pessoas como instrumento, conseguindo o
mais uma milha fim desejado. Certamente que esse procedimento
acarreta a uns e outros a expiação mediante sofri-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

mentos futuros, pelas induções exercidas sobre esse se estiver em estado de perturbação. Quase sempre
ou aquele indivíduo. Os Espíritos elevados, não sen- assiste aos lances do inventário e partilha dos bens
tem saudades da sua felicidade material. Para eles a que tiver deixado e toma conhecimento do compor-
felicidade eterna é mil vezes preferível aos prazeres tamento dos seus herdeiros e legatários, avaliando,
efêmeros da Terra. para sua tristeza ou alegria, os verdadeiros sentimen-
tos deles.
Aqueles Espíritos que deram começo a trabalhos de
vulto com uma finalidade útil e que os vêem inter- PERDA DE PESSOAS AMADAS MORTES PREMATU-
rompidos pela morte, não lamentam, no outro mun- RAS
do, por tê-los deixado inacabados, porque vêem que Desde épocas remotas, a morte vem sendo revestida
outros estão destinados a concluí-los. A estes procu- por um aspecto lúgubre e entendida com um aconte-
ram influenciar para que os concluam e continuam a cimento que espalha a dor e a desolação, atingindo
ter no mundo dos Espíritos o objetivo que tinham na indiscriminadamente todas as idades. Daí a revolta
Terra: o bem da humanidade. Conforme a elevação das criaturas questionando a justiça divina, por sacri-
do Espírito, ele passa a apreciar os trabalhos de arte ficar jovens fortes, com todo um futuro de realiza-
ou literatura que tenha produzido de outro ponto de ções pela frente. Todos lamentam profundamente a
vista e não é raro condenar o que de maior admira- partida de um ente querido, principalmente quando
ção lhe causava. E também, de acordo com a sua se trata de mortes prematuras, muitas vezes arrimo
elevação e a missão que tenha a desempenhar, se de família. No entanto, importa ao homem elevar-se
interessa pelos trabalhos que se executam na Terra, para compreender que o bem está muitas vezes onde
no campo das artes e das ciências, desde que consi- aparentemente ele só vê fatalidade; a justiça divina
derem úteis segundo uma visão bem diferente da não pode ser dimensionada pela justiça dos homens.
nossa. Quanto ao amor pela pátria, o principio é A morte é preferível, para a encarnação de vinte a-
sempre o mesmo. Para os Espíritos elevados, a pátria nos, a esses desregramentos vergonhosos que deso-
e o Universo. Na terra, a pátria, para eles, esta onde lam as famílias honradas e partem o coração de uma
se ache o maior número das pessoas que lhes são mãe. A morte prematura, frequentemente, é um
afins. grande benefício que Deus concede aquele que se
vai, e que se encontra, assim, preservado das misé-
COMEMORAÇÃO DOS MORTOS - FUNERAIS
rias da vida, ou das seduções que teriam podido ar-
Quando nos lembramos de forma equilibrada e amo-
rastá-lo a sua perdição, atrasando assim, o processo
rosa daqueles que partiram para o plano espiritual,
evolutivo do Espírito que aparentemente desencar-
esta lembrança poderá aumentar-lhes a felicidade ou
nou prematuramente.
servir de lenitivo aos sofrimentos. Isso independe de
ser o dia de comemoração dos mortos. No dia de Dois amigos que se achem detidos numa mesma pri-
finados, só acorrem ao cemitério atraídos pelas pes- são, ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a
soas que os chamam pelo pensamento. Os esqueci- obtém antes do outro. Seria caridoso que o que con-
dos, cujos túmulos não são visitados, a esses nada tinuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi
mais os prende a Terra. De qualquer forma, o que libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais
importa é a lembrança e o afeto que lhe devotamos. egoísmo do que afeição em querer que do seu cati-
Aprece, por sua vez, é que santifica o ato da come- veiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual
moração, independente do lugar, desde que seja tempo? Ou ainda numa outra hipótese, se um amigo
feita com o coração. A preferência para ser enterrado que convive conosco, estivesse numa penosa situa-
neste ou naquele lugar só denota inferioridade mo- ção de enfermidade, sua saúde ou seus interesses
ral, já que se sabe que a alma se reunirá, mais cedo exigem que vá para outro pais, onde estará melhor
ou mais tarde, aos Espíritos que lhes são caros, sem em todos os sentidos? Deixaria temporariamente de
depender do lugar onde estejam os despojos mortais. estar ao nosso lado, mas poderíamos nos correspon-
É um costume piedoso reunir no mesmo lugar os der com ele sempre: a separação seria apenas mate-
restos mortais dos membros de uma mesma família, rial, seria correto impedirmos a sua viagem, somente
mas destituído de importância para os Espíritos. A- para satisfazer o nosso interesse? O mesmo acontece
queles que já possuem certa elevação, libertos das com as pessoas que se amam na Terra. O que parte
vaidades terrenas, vêem como futilidade as honras primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguar-
que lhes prestam aos despojos mortais, diferente- dando com paciência o momento em que por nossa
mente dos Espíritos ainda pouco elevados, que sen- vez também estaremos libertos.
tem grande prazer nisso e até se aborrecem com o
Assim sendo, no mundo espiritual, o conceito de
pouco caso que se lhes façam. Geralmente o Espírito
morte é bem diferente daquele conceito que temos
assiste ao enterro do seu corpo, mas tal não acontece
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aqui na vida material. Os Espíritos desencarnados póstolos, como conhecemos hoje. Porém, além dos
encaram-na como um processo de libertação, dando doze Ministros do Seu Evangelho, havia outros 70
a ela uma continuação oposta àquela que lhe é dada discípulos, aos quais Jesus convidava de acordo com
no mundo carnal. Por isso que o Espiritismo propicia as circunstâncias e as possibilidades do momento.
um quadro bastante diverso sobre a morte, dando a Um certo dia, diante de um rapaz que se aproximou
ela um aspecto mais consolador. Diante do princípio dele, disse-lhe:
da reencarnação, o reencontro dos Espíritos se toma
“Segue-me. E ele lhe disse: Senhor, permita-me que
uma questão de tempo.
vá primeiro enterrar o meu pai. E Jesus lhe respon-
O Espírita, portanto, sabe que a alma vive melhor deu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e
quando liberta do corpo material, que esta separação tu vai e anuncia o Reino de Deus.” Lc, 9: 59-60 e Mt,
é temporária e que ambos prosseguem enlaçados 8: 18-22
pelos mútuos pensamentos de amparo, proteção e
O que poderiam significar essas palavras: Deixai que
contentamento. Sabe ainda que a revolta afeta os
os mortos enterrem os seus mortos? Elas possuem
que se foram, porque ela de alguma forma revela não
um sentido bastante amplo, que somente um conhe-
aceitação da vontade divina. E muito mais produtivo
cimento completo da vida espiritual pode dar a inter-
e caridoso as boas obras realizadas em memória da-
pretação mais profunda e um entendimento mais
queles que se foram para a pátria espiritual. Importa
amplo. A vida espiritual é a verdadeira vida, é a vida
assim compreender essa realidade espiritual e culti-
normal para qualquer Espírito. A nossa existência na
var harmoniosa permuta de fluidos revigorantes,
Terra é transitória e passageira, é uma espécie de
através de vibrações de carinho, pedindo a Deus que
morte se for comparada ao esplendor e a atividade
abençoe os que se anteciparam na grande viagem, de
da vida espiritual. O corpo físico representa apenas
modo que as lágrimas cedam lugar às aspirações de
uma roupa grosseira que reveste o Espírito tempora-
um futuro reino pleno de felicidade, conforme pro-
riamente, funciona como uma prisão que prende o
metido por Jesus.
Espírito na Terra durante um determinado tempo.
SORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTE Quando o Espírito se liberta dessa prisão se sente
O nosso Codificador pergunta aos Espíritos Superio- muito feliz com a liberdade que lhe permite um meio
res se o Espírito de uma criança morta em tenra ida- de compreensão do sentido da vida de um modo
de é tão adiantado como de um adulto, a resposta é muito mais abrangente.
simples e sucinta “às vezes bem mais, porque pode
De forma que, o respeito que devemos aos “mortos”
ter vivido mais e possuir maiores experiências, sobre-
não se refere a matéria, ou seja, ao corpo físico, mas,
tudo se progrediu (LE, 197). Sinaliza que antes de ser
pelo respeito, pela lembrança e pela afeição ao Espí-
criança é um Espírito encarnado. A duração da vida
rito ausente do corpo material. Quando Jesus disse
da criança pode ser para o Espírito um complemento
ao rapaz que deixasse aos mortos o cuidado de en-
de uma vida interrompida, antes do tempo determi-
terrar os seus mortos, não estava de maneira ne-
nado. Seu desencarne é frequentemente uma prova
nhuma com a intenção de desprezar o corpo do pai
ou expiação para os pais. O destino do Espírito de
daquele rapaz, mas, aproveitou aquela oportunidade
uma criança após o seu desencarne é recomeçar uma
para ensinar que o Espírito é muito mais que o corpo
nova existência. Aqueles Espíritos que são viciosos
e que a verdadeira pátria é a pátria espiritual, de
progrediram menos e têm então de sofrer as conse-
onde todos nos temos a origem. Quem passa pela
qüências de seus atos, não dos seus atos de infância,
sepultura, continua trabalhando, porque permanece
mas sim de suas existências anteriores. Desta forma
vivo em outros planos, no esforço e na luta do auto
que a Justiça Divina se mostra a todos.
aprimoramento, a morte só existe nos caminhos do
BIBLIOGRAFIA: mal, onde as sombras impedem a visão da vida mai-
Kardec, Allan - LE - 304 a 329 e 934 a 936 or.
Kardec, Allan - ESE - cap. V- Item 21
O Pensamento de Emmanuel - Item 34 Por outro lado, Emmanuel através da psicografia de
Simonetti, Richard - Quem tem Medo da Morte? Francisco Cândido Xavier no livro Fonte viva, esclare-
Náufel José - Do ABC ao Infinito - 1° volume
ce-nos que Jesus não recomendou ao rapaz que dei-
xasse aos “cadáveres” o cuidado de enterrar os “ca-
Parte B - DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS
dáveres” e sim que deixasse aos mortos o cuidado de
SEUS MORTOS enterrar os mortos. Isso porque, existe uma grande
Quando Jesus com suas sandálias pisava a “Terra diferença entre um cadáver e um morto. O cadáver é
Santa”, a Palestina, tinha como auxiliares mais dire- carne sem vida, enquanto um morto é alguém ausen-
tos os doze discípulos, que mais tarde seriam os A- te da vida. Desse modo, há muita gente que peram-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

bula nas sombras da morte sem morrer. Distantes do A Doutrina Espírita designa como erraticidade o esta-
aprimoramento espiritual, muitas pessoas se fecham do em que os espíritos se encontram entre duas en-
no egoísmo e na vaidade desmedida, recusando-se a carnações, denominando-os de espíritos errantes,
participar das experiências coletivas, e como sabe- termo usado pela primeira vez na questão 224 do LE:
mos no isolamento não há progresso. “Que é a alma nos intervalos das encarnações?
Há milhares de pessoas que dormem, indefinidamen- - Espírito errante que aspira a um novo destino e o
te, enquanto passam os dias de experiência sobre a espera.
Terra. Percebem a produção incessante da natureza,
Necessário se faz a distinção dos vocábulos erratici-
mas não lembram-se da obrigação de fazer algo em
dade e mundo Espírita: o primeiro implica a condição
benefício do progresso coletivo. Diante da árvore que
de um estado subjetivo pertinente aos espíritos de
se cobre de frutos ou da abelha que tece o favo de
segunda e terceira ordens, isto e, Espíritos Superiores
mel, não lembram-se do pequenino dever de contri-
e Espíritos Imperfeitos; o segundo, equivale ao local
buir para a prosperidade comum. De uma maneira
em que preexistem e sobrevivem todos os Espíritos.
geral, se assemelham a mortos preciosamente ador-
Os de primeira ordem, denominados puros, e que
nados.
não se encontram na erraticidade, não tem mais a
Disse o apóstolo Paulo: “Desperta, tu que dormes! necessidade de reencarnarem, e assim, continuam a
Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará” vida no mundo espiritual.
(Efésios, 5:14). Isso equivale dizer que devemos acor-
Por se encontrarem aguardando uma nova oportuni-
dar para a vida superior e nos levantar para realizar
dade de crescimento através da encarnação em
boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possa-
mundos físicos adequados ao seu grau evolutivo, os
mos ajudar os outros.
espíritos se preparam buscando ampliação de seus
Perambulamos pelas sombras da morte sem morrer conhecimentos, esta espera pode ser ou não longa,
quando nos afundamos nos abismos do ouro, das às vezes se estende por um determinado período de
conquistas passageiras e nos abismos dos vícios e tempo, porém, nunca é perpétuo.
ilusões de todos os matizes. Pela tentação da riqueza
Inseridos na condição de Espíritos errantes, o livre-
moramos em túmulos de cifrões, derrotados pelos
arbítrio está presente nas decisões a serem tomadas,
maus hábitos, enclausurando-nos nas grades das
mas para alguns, é indício de expiação imposta por
sombras, atormentados pelos desenganos e frustra-
Deus para que se adiantem na escala evolutiva, isso
ções.
porque estar em erraticidade, não significa sinal de
Passar pela vida, sem perambular pelas sombras da inferioridade, haja vista que os Espíritos se encon-
morte é aprender a participar da luta coletiva; é sa- tram por toda a parte. Portanto, apenas os que de-
irmos de nos mesmos a cada dia buscando sentir a vem reencarnar são considerados errantes, e os Espí-
dor do vizinho, as necessidades do próximo. É des- ritos puros já se encontram em seu estado definitivo,
pertar, é acordar e viver com todos, por todos e para pelas próprias qualidades íntimas conquistadas atra-
todos, porque, ninguém pode suspirar tão somente vés do esforço individual.
para si. Em qualquer parte do Universo somos usufru-
Em erraticidade, os Espíritos analisam e refletem
tuários do esforço e do sacrifício de milhões de pes-
sobre o seu passado, sempre objetivando o aperfei-
soas.
çoamento e, ao percorrerem os lugares, observam e
Desta forma, se estivermos diante de algum cadáver, escutam com interesse os conselhos dos encarnados
que nada mais é do que carne sem vida, devemos lhe mais esclarecidos, e dessa forma, as idéias novas
oferecer a benção da sepultura, mas em se tratando surgem em seu íntimo, predispondo-os à aceitação
de assunto espiritual, deixemos sempre aos mortos o dos desígnios divinos.
cuidado de enterrar os seus mortos.
Portando consigo as paixões que lhes são inerentes e
BIBLIOGRAFIA através do desejo e da vontade de melhorar-se, a
Kardec, Allan - ESE - cap. XXIII, itens 7 e 8 verdade surge lenta e gradual, indicando-lhes o ca-
Xavier, Francisco Cândido - Pelo Espírito Emmanuel - Fonte viva –
lições 66 e 143 minho a seguir, impulsionando-os a uma nova exis-
Xavier, Francisco Cândido - Pelo Espírito Emmanuel – Pão Nosso - tência no mundo material. Muitos se sentem felizes,
lição 68 outros se sentindo infelizes, entrevêem o que lhes
faltam para atingirem a felicidade. Algumas vezes não
lhes é permitido, ainda reencarnar, constituindo as-
16ª Aula - VIDA ESPÍRITA- III sim de aprendizado para melhor valorização das o-
Parte A - ESPÍRITOS ERRANTES portunidades concedidas pelo Pai Criador.
51

No livro “O Pensamento de Emmanuel”, cap. 5, o de habitação temporária para os Espíritos que não
autor assim se exprime: tinham as necessidades e as sensações iguais as nos-
sas como encarnados, mostrando a grandiosidade e
“... Geralmente as imperfeições demasiado arraiga-
sabedoria divinas.
das em nossa individualidade eterna não se diluem
no estado doutrinariamente denominado “Espíritos Onde quer que se encontre, a vida sempre será vida,
errantes” - permanência do Espírito no espaço duran- não como nos a entendemos, mas como Deus nos
te o tempo que vai do instante do desenlace ao do mostra através da expansão do Universo por toda a
início de uma nova ligação a outro corpo que a reen- parte, logo, não é de se estranhar que muitos não
carnação lhe proporciona, por benção de Deus ...” consigam compreender onde está a utilidade desses
mundos ainda em formação, mas que a cada dia ser-
Na obra “Depois da Morte”, Leon Denis nos instrui,
vem como verdadeiras estações para que os Espíritos
traçando um paralelo sobre os Espíritos que se en-
errantes possam ali ter um refugio em locais não
contram em erraticidade:
circunscritos e nem localizados na imensidão do Cria-
“... A ignorância, o egoísmo, os defeitos de todo tipo dor.
reinam ainda na erraticidade, e a matéria ai exercem
PERCEPCOES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ES-
sempre sua influência. O bem e o mal acotovelam-se.
PÍRITOS
É, de alguma forma, o vestíbulo dos espaços lumino-
A Inteligência como atributo do Espírito se manifesta
sos, dos mundos melhores. Todos por ali passam,
mais amplamente quando não encontra obstáculos e,
todos permanecem, mas para elevarem-se mais alto
no caso dos Espíritos desencarnados, isso ocorrer em
...”
nível mais significativo porque outras percepções
Isso nos esclarece a contento, sobre a continuidade inerentes ao Ser Inteligente eclodem conforme o
da nossa individualidade como Ser Inteligente após a grau que lhes caracteriza a evolução.
morte, com as qualidades e as imperfeições que nos
Em LE, questão 240: “Os Espíritos compreendem a
acompanham durante a nossa trajetória evolutiva ate
duração como nós? - Não, e isso faz que nem sempre
chegarmos a condição de Espíritos puros.
nos compreendais, quando se trata de fixar datas ou
MUNDOS TRANSITÓRIOS épocas.” Entendamos que eles vivem fora do tempo
O Ser Inteligente, ao se encontrar no mundo dos Es- de tal forma que muitas vezes sentem como se os
píritos, quase sempre suas percepções se ampliam e seus padecimentos fossem eternos, quando na reali-
muitos compreendem melhor as vicissitudes porque dade há apenas uma manifestação mais ampla sobre
passaram e conseguem mais ou menos mensurar a o presente, o passado e o futuro, sempre de confor-
duração dos sofrimentos e a sua utilidade, e com midade com o seu grau evolutivo.
justeza, compreendem o presente como não conse-
Na parte I cap. III, item 10 do livro “O Céu e o Infer-
guiam compreender no estado de encarnados.
no”, os Espíritos Superiores nos esclarecem sobre a
Para os Espíritos errantes, Deus lhes destinou mun-
questão da duração do temo:
dos denominados transitórios, os quais lhes servem
“... No intervalo das existências corpóreas o Espírito
de habitações temporárias para que possam se pre-
volta por tempo mais ou menos longo ao mundo
parar para encarnação futura e assim, desfrutar de
espiritual, onde é feliz ou infeliz, segundo o bem ou o
maior ou menor bem-estar nesses mundos cuja su-
mal que tenha praticado ...”, ou seja, não há uma só
perfícies são estéreis e, por isso, não servem como
imperfeição do Espírito que não traga conseqüências
habitação para os encarnados.
desagradáveis e da mesma forma não há uma só
No livro “O Pensamento de Emmanuel”, cap. 1, o qualidade que não lhe traga felicidade.
autor assim se refere aos mundos habitados:
Na questão 244 do LE: “Os Espíritos vêem a Deus? –
“... Temos assim, no Espaço incomensurável, mun-
Somente os Espíritos superiores o vêem e compreen-
dos-berços, mundos-experiências, mundos-
dem; os Espíritos inferiores o sente e advinham”.
universidades e mundos-templos, mundos-oficinas e
Observemos que muitas vezes não conseguem com-
mundos reformatórios, mundos-hospitais e mundos-
preender e distinguir os sentimentos no tocante a
prisões ...”
Deus e isso sempre os deixam confusos e desorienta-
“... As diversas zonas espirituais, superiores ou inferi-
dos quando retomam ao mundo espiritual.
ores, além das fronteiras físicas, onde a vida palpita
com a mesma intensidade das metrópoles humanas Geralmente dirigem a sua atenção para o que lhe é
...” importante e, muitas vezes se demoram nas questões
Tudo que Deus cria tem a sua utilidade e antes da materiais, sentem com maior ou menor intensidade
aparição do homem na Terra, quando ainda não ha- os sofrimentos morais como decorrência de suas
via surgido os primeiros seres orgânicos, esta serviu ações não produtivas, as sensações físicas como do-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

res localizadas, as necessidades fisiológicas, o cansa- dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois
ço físico e tudo isso o leva a se sentir como se esti- que me tenha ido e vos houver preparado o lugar,
vesse encarnado, mas na realidade, são apenas elos voltarei e vos retirareis para mim, a fim de que onde
que repercutem em seu perispírito e as lembranças eu estiver, também vós ai estejais...” São João, cap.
que conservam da existência física, revelando assim o XIV: 1-3.
grau de materialidade em que ainda se encontram.
No texto transcrito acima, observemos atentamente
O Perispírito, sendo o princípio da vida orgânica, em- e procuremos reter em cada um de nós, a mensagem
bora não seja o da vida intelectual, porque esta é do consoladora que Jesus nos deixou para melhor a-
domínio do Espírito, é também o agente que transmi- prendermos a lidar com as adversidades do dia a dia;
te as sensações exteriores a este, e no instante da o apelo aos nossos melhores sentimentos; a adver-
morte, o perispírito se desprende gradativamente e a tência quanto ao nosso procedimento com os nossos
princípio, o Espírito não compreende a sua nova situ- semelhantes e, por fim, a esperança e a promessa de
ação e muitas vezes se revolta agravando ainda mais uma vida futura feliz.
os seus padecimentos morais, os quais são percebi- BIBLIOGRAFIA:
dos como fome, sede, frio, calor etc. KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 2°, cap. VI, item 1,
questões 223 a 257; item II, questões 234 a 236 e, Ensaio Teórico
Na segunda parte do livro “O Céu e o Inferno”, os sobre as Sensações dos Espíritos;
Espíritos nas mais diversas condições evolutivas, nos KARDEC, Allan - A Gênese, cap. XII, itens 25 e 35;
revelam o grau dos sofrimentos e das dores que sen- KARDEC, Allan - O Céu e O Inferno, cap. I, itens 1 a 15; cap. III,
tem após a morte do corpo físico, e isso é distinto item 10; cap. VII, item: Código da vida Futura, parágrafos de 1 a
8;
para cada um, corroborando mais uma vez, que a
KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. 2, n° 17;
individualidade apenas se transfere de dimensão Revista Espírita - Maio de 1857;
levando consigo todas as paixões que o conduziram Revista Espírita -Abril e Maio de 1864;
na existência material, pois, uma existência voltada
para a espiritualização, liberta o Espírito das limita- Parte B - A VERDADEIRA PROPRIEDADE
ções da matéria e amplia a visão espiritual do ser
como encarnado em mundos que lhes permitem Leon Denis, na Segunda parte, capitulo IX, da magní-
trabalhar pela própria evolução e dos semelhantes. fica obra “Depois da Morte”, poeticamente nos induz
a uma reflexão profunda sobre a natureza dos nossos
DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE pensamentos e ações com relação a Deus e ao Uni-
Já a par dos conhecimentos sobre a vida Espírita e verso, assim se exprime:
sobre o Espírito na erraticidade, podemos concluir
que a morte do corpo físico provocada pela exaustão “... Na hora em que o silêncio e a noite se estendem
dos órgãos materiais não opera qualquer transforma- sobre a Terra, quando tudo repousa nas moradas
ção em nenhum de nós, portanto, é imprescindível humanas, se dirigirmos nosso olhar para o infinito
que aproveitemos o momento atual para refletirmos dos céus, lá veremos inumeráveis luzes disseminadas.
sobre nós mesmos, sobre nossas ações e reações no Astros radiosos, sóis resplandecentes, seguidos pelos
viver cotidiano. seus cortejos de planetas, envolvem aos milhares nas
profundezas. Até as regiões mais recuadas grupos
O Espírito desperta na erraticidade como realmente estelares se desdobram como lenços luminosos. Em
ele é na realidade: uns não se apercebem do novo vão o telescópio sonda os céus, em parte alguma ele
estado, continuam vivendo como se estivesse encar- encontra limites para o Universo; em toda parte os
nado e, por conseguinte, não conseguem compreen- mundos se sucedem aos mundos, os sóis aos sóis; em
der porque os familiares e amigos agem como se não toda parte legiões de astros se multiplicam a ponto
os estivessem vendo; outros, mesmo percebendo, de se confundir numa brilhante poeira nos abismos
continuam no propósito de fazer o mal; outros ainda, sem fim dos espaços ...”
por se sentirem cheios de remorsos, tomam-se revol-
tados e inconformados com a nova situação em que O homem sempre deve se conduzir durante a exis-
se encontram; e há também os que após um desper- tência material com sabedoria, em busca do seu a-
tar sereno, ingressam em trabalhos voltados para o primoramento, adquirindo os valores e as qualidades
bem. essenciais ao seu progresso. Criado simples e igno-
rante para, através do esforço próprio e da perseve-
No capitulo II, item 2, do Evangelho Segundo o Espiri- rança nas vicissitudes que, algumas vezes lhe são
tismo “...Não se turbe o vosso coração, crede em impostas, outras vezes são decorrentes da sua liber-
Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na dade de ação que gera responsabilidades para com
casa de meu Pai; se assim não fosse, já vo-lo teria Deus, para com o próximo e, sobretudo para consigo
53

mesmo, chegar à culminância do objetivo da sua cria-


ção.
17ª Aula - RETORNO DA VIDA CORPÓREA
A cada nova oportunidade, ele realiza suas conquistas À VIDA ESPIRITUAL
pessoais em níveis material e moral, adquirindo assim
Parte A - A ALMA APÓS A MORTE - SEPARA-
um patrimônio somente seu que o acompanha antes,
durante e depois da encarnação. Conforme vai am- ÇÃO DA ALMA E DO CORPO - PERTURBAÇÃO
pliando seu círculo de amizades na família, no traba- ESPÍRITA
lho e nas atividades sociais, conquista a cada dia algo
Analisando do ponto de vista filosófico do Espiritis-
bom e valoroso que o ajudará sempre. Nessa intera-
mo, a morte não significa a interrupção da vida. A
ção com a sociedade, ele cresce, amplia, auxilia, tra-
morte resulta da extinção das forças vitais do ser
balha e auxilia seus irmãos que partilham a caminha-
orgânico.
da evolutiva Ao encarnar num corpo físico, ele traz o
No momento da morte física a alma volta a ser Espíri-
seu patrimônio com a finalidade de cada vez mais
to e conserva a sua individualidade não a perde ja-
torná-lo valioso, e isso deveria fazer com que perce-
mais, mesmo após a morte do corpo físico.
besse que tudo o que ele possuir no âmbito material,
será tão somente como usufrutuário de tudo que o A individualidade e um atributo do Espírito, demons-
Pai lhe confiou através da sua misericórdia. Ao retor- trada, através do perispírito, de acordo com as inú-
nar a pátria de origem e quando sofrimentos inenar- meras comunicações de seres desencarnados, que
ráveis o acometem, quase sempre ele lamenta por fornecem detalhes particulares da vida física anterior.
não ter percebido tal realidade. O perispírito é o envoltório fluídico da alma, da qual
não está separado nem antes, nem após a morte,
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVI, item
podendo conservar, temporariamente, a aparência
II, o Espírito (Cheverus, Bordéus, 1861) nos alerta
física que tinha em sua última encarnação. Cientifi-
quanto aos bens verdadeiros: “... A riqueza da inteli-
camente, está devidamente comprovada a sobrevi-
gência deve servir-te como a do ouro; difunde em teu
vência da individualidade do Espírito após a morte
redor os benefícios da instrução, distribuí aos teus
física. Portanto o Espírito é imortal, conservando o
irmãos, os tesouros do teu amor, e eles frutificarão
seu patrimônio de experiências existenciais.
...”, isso deve sempre ser a meta do Espírito durante
a existência física e a sua transitoriedade aqui na Logo, a memória dessas experiências é propriedade
terra. exclusiva do Espírito. Após o desencarne, o Espírito
conserva todas as suas experiências da vida e princi-
Quase sempre o homem procura a sua propriedade
palmente, as aquisições morais, e nada leva com re-
individual e intransferível nas coisas mundanas e
lação às conquistas materiais.
transitórias sem a mínima preocupação com a sua
Após a criação o Espírito será imortal, entretanto,
parte moral vivenciando a existência com preocupa-
não é eterno, porque foi criado por Deus e somente
ções que não agregarão valores durante o seu per-
Deus é eterno.
curso neste mundo e, ao despertar para a compreen-
O Espírito encarnado, em sua maioria, não se lembra
são e aquisição desses bens imperecíveis, ele sofre,
de que é hospede da esfera que o recebe para a sua
lamenta e quase sempre se revolta com a providência
jornada de experiências e aprendizado, para alcançar
que sempre o agradou com suas bênçãos, objetivan-
estágios mais sublimes, na sua evolução espiritual.
do o seu progresso infinito.
Depois do desencarne, o Espírito tem conhecimento,
O objetivo do homem nas existências físicas é exata- com exatidão, que o reino do bem ou o domínio do
mente para que ele conquiste com sabedoria, boa mal, residem dentro de cada um.
vontade e desapego aos bens materiais, que constitui A consciência desse fato proporcionaria ao ser encar-
um dos maiores entraves ao seu crescimento que nado, o comprometimento em semear o bem e a luz,
busque o seu eu interior, que siga os passos do Mes- mais intensamente em sua jornada terrena.
tre Jesus, que mesmo encarnado, aprenda a valorizar
SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO
e priorizar os bens da alma e do coração, os tesouros
A confiança e a fé na vida futura não são suficientes
da amizade e da verdadeira fraternidade, quando
para excluir a apreensão da passagem da vida física
então o bem e o amor reinarão sobre a Terra unindo
para a vida espiritual. Muitos, não temem a morte,
todos os seres no ideal de servir e amar a Deus e ao
entretanto, permanecem inseguros quanto à transi-
próximo, como Jesus já havia nos dito.
ção de uma vida para a outra.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. III itens 2, A extinção da vida orgânica provoca a separação da
16 e, 17; caps. IV e V (Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão); alma e do corpo, pela ruptura do laço fluídico que os
Cap. IV une; mas essa separação jamais é brusca; o fluido
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

perispiritual se separa pouco a pouco de todos os A perturbação pode ser considerada como estado
órgãos, de sorte que a separação não é completa e normal no instante da morte e a sua duração é inde-
absoluta senão quando não reste mais um único á- terminada; e varia de algumas horas a alguns anos.
tomo do perispírito unido a uma molécula do corpo.
Na morte natural, a que resulta da extinção das for-
Na transição do plano físico para o plano espiritual, ças vitais ou da doença, o desligamento se processa
existem varias sensações dos Espíritos e verifica-se gradualmente. No ser humano, cuja alma esta des-
que as essas condições dependem do desprendimen- materializada, e cujos pensamentos se separaram das
to do perispírito, que apresentam diversas variações: preocupações terrestres, o desligamento é quase
completo, antes da morte real; o corpo vive ainda a
1) se, no momento da extinção da vida orgânica o
vida orgânica, e a alma já entrou na vida espiritual.
desligamento do perispírito já estiver completado, a
alma nada sentirá; A afinidade entre o corpo e o perispírito esta na razão
do apego do Espírito a matéria; está no seu máximo
2) se, nesse momento, a união dos dois elementos,
no homem cujas preocupações todas se concentram
estiver no auge de suas forças, produzir-se-á uma
na vida e nos gozos terrenos; ela é nula naquele cuja
espécie de ruptura ou dilaceramento;
alma depurada, esta identificada por antecipação
3) se, a união já se apresentar enfraquecida, a sepa- com a vida espiritual.
ração será fácil e se dará sem abalo ou choque;
Nas mortes violentas, por suicídio, acidente, ferimen-
4) se, após a completa extinção da vida orgânica, tos e etc., o Espírito é surpreendido, espanta-se, não
ainda existirem muitos pontos de contatos entre o acredita que esteja morto e sustenta teimosamente
corpo físico e o perispírito, a alma poderá sentir os que não morreu. Não obstante, vê o seu corpo, sabe
efeitos da decomposição do corpo, até que as liga- que é dele, mas não compreende que esteja separa-
ções sejam completamente rompidas. do.
A separação da alma e do corpo não é dolorosa, há A perturbação que se segue a morte nada tem de
maior sofrimento para o corpo durante a vida que no penosa para o homem de bem: é calma, semelhante
momento da morte. É a alma quem sofre e não o à que acompanha um despertar tranqüilo. Para aque-
corpo físico, este serve como o instrumento da dor. le cuja consciência não esta pura é cheia de ansieda-
A Doutrina Espírita esclarece que a “intensidade e a de e angústias.
duração do sofrimento estão na razão da afinidade BIBLIOGRAFIA
entre o corpo físico e perispírito” e conclui que “o KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos - Segunda Parte - cap. III -
149 a 165
estado moral da alma é a causa principal que influi
KARDEC, Allan - O Céu e o Inferno- Segunda Parte - cap. I- item4 a
sobre a maior ou menor facilidade do desligamento.” 9 e 13.
(Céu e Inferno)
PERTURBAÇÃO ESPÍRITA Parte B - PARÁBOLA DO MORDOMO OU AD-
Conforme esclarece a Doutrina Espírita, na passagem MINISTRADOR INFIEL
da vida corpórea para vida espiritual, produz-se ain-
da, um outro fenômeno de capital importância: o da Definição de parábola: As parábolas do Evangelho são
perturbação. Nesse momento a alma sente um en- narrativas alegóricas, contendo figuras e quadros das
torpecimento que paralisa, momentaneamente, as ocorrências cotidianas, entretanto, capaz de transmi-
suas faculdades e neutralizam, pelo menos em parte, tir verdades indispensáveis, através de métodos
as sensações. A alma fica em estado cataléptico, de comparativos para facilitar a compreensão de ensi-
sorte que quase nunca tem consciência do seu último namentos e preceitos morais.
suspiro. Importância do método pedagógico: “Ainda hoje,
O estado do Espírito no momento da morte pode se esse método é portador de resultados eficientes. A
resumir assim: O Espírito sofre tanto mais quanto o sua vigência permite que se transfiram as informa-
desligamento do corpo seja mais lento. O tempo de ções de uma para outra geração, através das épocas,
desligamento esta em razão de adiantamento do sem que percam a sua atualidade, podendo ser sem-
Espírito. Para o Espírito desmaterializado, cuja cons- pre interpretadas conforme as circunstâncias e carac-
ciência é pura, a morte é um sono de alguns instan- terísticas culturais de cada época” (J.A.)
tes, isenta de todo sofrimento, e cujo despertar é E Jesus disse aos seus discípulos: “havia um homem
cheio de suavidade. rico, que tinha um administrador; e este lhe foi de-
nunciado como esbanjador dos seus bens”.
55

Chamou-o e perguntou-lhe: que é isto que ouço a teu menores que as verdadeiras; com esse procedimen-
respeito? to, visava captar a simpatia e boa vontade deles.
Presta conta da tua administração, pois já não podes
Nesta parábola, parece que Jesus incentiva a prática
mais ser meu administrador.
de atos ilícitos ou apologia a desonestidade é uma
Disse o administrador consigo mesmo: Que hei de
consagração à fraude. Entretanto, não é esse o obje-
fazer, já que o meu senhor me tira a administração?
tivo do ensinamento. Sabemos que no Evangelho de
Não tenho forças para trabalhar na terra; de mendi-
Jesus não existe nada dúbio e que é necessário inter-
gar tenho vergonha.
pretá-lo, segundo o espírito que vivifica.
Eu sei o que hei de fazer para que, quando for despe-
dido da administração, me recebam em suas casas. No uso e administração de qualquer desses bens, o
Tendo chamado cada um dos devedores do seu se- homem procede como mordomo infiel: apropria-se
nhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu deles com exclusivismo, egoisticamente, acumulam
patrão? os só para si, desrespeita os direitos alheios, prejudi-
Respondeu ele: Cem cados (vasos de barro) de azeite. ca o próximo.
Disse-lhe então: Toma a tua conta, assenta-te de- A “infidelidade” esta em se apossar do que nos é
pressa e escreve cinqüenta. dado temporariamente, “para administrar”
Depois perguntou a outro: E tu, quanto deves? Res-
pondeu ele: Cem coros (medida dos hebreus) de tri- “O homem sendo o depositário, o administrador dos
go. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta. bens que Deus lhe depositou nas mãos, severas con-
E o senhor louvou o administrador infiel, por haver tas lhe serão pedidas do emprego que lhes dará, em
procedido sabiamente; porque os filhos deste mundo virtude do seu livre-arbítrio. O mau emprego consiste
são mais sábios na sua própria geração do que os em utilizá-los somente para a sua satisfação pessoal.
filhos da luz. Ao contrário, o emprego é bom sempre que dele
E eu vos recomendo: Com as riquezas da iniqüidade, resulta algum bem para os outros. O mérito é pro-
façam amigos; para que, quando estas vos faltarem, porcional ao sacrifício que para tanto se impõe.” (ESE -
esses amigos vos recebam nos tabernáculos (tenda cap. XVI, item 13)
usada pelos hebreus no deserto) eternos. BIBLIOGRAFIA:
Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e Novo Testamento. (Lc 16: 1-13)
quem é injusto no pouco, também é injusto no mui- ALMEIDA, José de Souza e. - As Parábolas - cap. VII.
to. SCHUTEL, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus - 1° Parte.
Se, pois, não vos tomardes fiéis na aplicação das ri-
quezas de origem injusta, quem vos confiará a verda-
deira riqueza? 18ª Aula - INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS
E se não vos tornardes fiéis na aplicação do alheio, Parte A - INTERFERÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM
quem vos dará o que é vosso? NOSSOS PENSAMENTOS E AÇÕES
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um e amar ao outro; ou se devo- Para o Espírita não é novidade dizer que os Espíritos
tará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a vêem tudo o que fazemos, contudo, o pensamento
Deus e as riquezas” - Jesus (Lucas 16; 1 a 13) que impulsiona nossas atitudes é que vai determinar
de quem (Espírito) vamos chamar a atenção para
Sintetizemos a parábola, interpretando os seus per- nossa conduta.
sonagens:
Dependendo do que estamos fazendo e quem nos
O senhor ou proprietário: Deus. esta assistindo, a reação de nosso irmão desencarna-
O mordomo infiel: o homem. do será diversa, por exemplo, se estamos envoltos
em dificuldades e com muitos percalços em nossa
Os devedores beneficiados: nosso próximo. Há bens caminhada, os irmãos em menor escala evolutiva irão
dados a administração: todos os bens materiais exis- rir, se divertir e até auxiliar que aquela dificuldade
tentes no mundo que habitamos (propriedades, for- torne-se maior. Porém, se estamos sendo assistidos
tuna, posição social, família, corpo físico, etc.). por irmãos de evolução mais apurada, estes irão la-
Interpretação da parábola: A parábola fala de um mentar nossos enganos e contribuir para que seja-
administrador (mordomo) que se comportou deso- mos esclarecidos e orientados sobre o melhor cami-
nestamente. Então, chamado as contas, antes que nho a seguir. (LE, 456-458)
fosse despedido convocou os devedores do proprie- O meio de comunicação entre os Espíritos é o pen-
tário (o senhor) e mandou que confessassem dívidas samento e através dele que são estabelecidos os
contatos, como as ondas de rádio estabelecerão qual
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

a emissora que iremos sintonizar. Assim, de acordo os que nos geram duvidas são os sugeridos pelos
com nossos pensamentos é que estabeleceremos Espíritos. (LE 461)
contato e seremos ouvidos por aqueles que se inte-
Devemos levar, contudo, em consideração a evolução
ressam pelas nossas emissões. Portanto, nenhum
moral do indivíduo. Se for um homem de inteligência
pensamento, até aquele que é mais secreto, ou aque-
e a utiliza para bem servir, nisto tendo uma missão,
la atitude que escondemos, até de nos mesmos, não
com certeza será auxiliado pelos benfeitores espiritu-
ficarão escondidos pelos Espíritos. (LE, 457)
ais. Contudo, se aquele Espírito encarnado tem boas
Frequentemente somos influenciados pelos desen- inclinações, contudo, no primeiro impulso tem uma
carnados em nossos pensamentos e ações. Muitos idéia infeliz, provavelmente, são ainda suas más ten-
podem perguntar-se, mas “Por que permite Deus que dências que afloram em seu ser.
os Espíritos nos incitem ao mal‘?” (LE, 466). Contudo,
“E assim que Deus deixa a nossa consciência a esco-
basta uma analise racional dos ensinamentos a nos
lha da rota que devemos seguir, e a liberdade de
oferecidos pela doutrina Espírita e responderemos
ceder a uma ou a outra das influências contrárias que
com facilidade “...Nossa missão é a de te por no bom
se exercem sobre nós”. (LE, 466)
caminho, e quando mas influências agem sobre ti, és
tu que as chamas, pelo desejo do mal, porque os BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 2°, cap. VIII, questões
Espíritos inferiores vêm em teu auxilio no mal, quan- 419 a 421; cap. IX, questões 456 a 472; Livro 3°, cap. II,
do tens a vontade de cometer; eles não podem aju- questão 662;
dar-te no mal, senão quando tu desejas o mal...” KARDEC, Allan - A Gênese - cap. XIV (Os Fluidos), Ação dos Espíri-
tos sobre os Fluidos- Criações Fluídicas, itens 13 a 15;
Neutralização das influências negativas KARDEC, Allan - Obras Póstumas - parágrafo II (A Alma), item 4;
Com base no estudo das questões apontadas neste KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. II (Comunicações com
capítulo, percebemos o quão importante são nossos o Mundo Invisível);
pensamentos. Não podemos esquecer que os pen-
samentos vêm do íntimo de cada um de nós e o que Parte B - PAGAR O MAL COM O BEM
passa em nosso interior é que devemos observar.
“Se não amardes senão aqueles que vos ama, que
Contudo, não basta somente observar o que somos, recompensa tereis, uma vez que as pessoas de má
o que pensamos e o que fazemos. Urge trabalharmos vida amam também aqueles que as amam? E se não
nosso aperfeiçoamento individual para que sejamos fazeis o bem sendo aqueles que vo-lo fazem, que
portadores de luzes e não de sombras, assim enten- recompensa tereis, uma vez que as pessoas de má
demos melhor o enunciado “... diga com quem tu vida fazem a mesma coisa.”
andas e eu direi quem tu és”, pois chamamos pelo
Jesus nos indaga qual o diferencial do nosso trato na
nosso pensamento aqueles que se comprazem com
sociedade, com aqueles com quem nos convivemos e
eles.
temos afinidades e gostos comuns, em relação aos
Se o homem procura melhorar-se, trabalhando a sua que optam por caminhos e pensamentos de vida
renovação moral, auxiliando no trabalho de caridade diferentemente ao nosso.
com o próximo, ele ira irradiando pensamentos dire-
Tratar bem aqueles que nos são queridos parece fácil,
cionados ao bem e assim aqueles que lhes asseme-
e quanto aos demais?
lham irão ter com ele. Contudo, se o pensamento
estiver impregnado de vícios e imperfeições, a sua Jesus prossegue em questionar os que estão a sua
companhia será dos que comungam das mesmas volta e sorvem-lhe os ensinamentos: “Se vos empres-
idéias. tais senão aqueles de quem esperais receber o mes-
mo favor, que recompensa tereis, uma vez que as
Distinção dos próprios pensamentos
pessoas de má vida se emprestam mutuamente para
“Portanto nós também, pois que estamos rodeados
receber a mesma vantagem?”
de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos
todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos Em seguida acrescenta dando destaque a: “mas, por
rodeia...” Hebreus, 12:1 vós, amai os vossos inimigos, fazei o bem a todos, e
emprestai sem disso nada esperar, e então vossa
Se os nossos irmãos em evolução participam de nos-
recompensa será muito grande, e sereis filho do Al-
sos pensamentos, muitas vezes nos questionamos se
tíssimo, que é bom para com os ingratos e para com
este ou aquele pensamento é nosso? Para isto, os
os maus”.
Espíritos nos deram a orientação de que o primeiro
A seguir pede que sejamos todos cheios de miseri-
impulso (idéia) são, em geral, nossos pensamentos e
córdia, como nosso Deus o é. (São Lucas, cap. VI, v. 32 a
36)
57

Assim é que do ensinamento extrai-se que o comum, nhecimento das Leis de Amor. Pela mansidão o ho-
daqueles a quem Jesus chama de pessoas de má vida mem conquista amizades na Terra e bem-
é fazerem o bem entre si, entre os seus iguais. aventuranças no céu.
Os mansos e os humildes de coração possuirão a
Ao desviar o olhar na vida de relação para aquele que
Terra porque se elevam na hierarquia espiritual. É em
se tem como diferente é que se deve aplicar, não só
Jesus que devemos buscar as lições de mansidão que
na medida da força moral, mas acrescer-se da medi-
tanto carecemos nas lutas da vida (SCHUTEL, Cairbar -
da do amor maior; daquele amor humano inspirado e
Parábolas e Ensinos de Jesus).
dilatado pelo amor do Pai, que é todo cheio de mise-
ricórdia. BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XII,
Jesus nos diz que devemos agir assim, até porque o itens 1a 4, Cap. V item 19.
benefício maior é para com aquele de quem o senti- SCHUTEL, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus - Mansidão e
Irritabilidade.
mento é emanado.
Quando inspirados no amor maior, a atitude de aco-
lhimento, perdão das ofensas, a sublimação do eu,
flui naturalmente do ser.
19ª Aula - OS PODERES OCULTOS E O
Para aquele que é incrédulo, que tem visão limitada HOMEM
na vida presente, não há porque ser gentil ou mesmo Parte A - OS PACTOS - O PODER OCULTO - TA-
delicado no trato social. LISMÃS E FEITICEIROS - BENÇÃOS E MALDI-
Provavelmente há de se perguntar “o que eu ganho ÇÕES
fazendo isso?”. Diversas vezes tentamos buscar em pessoas, que
Para aquele outro, cuja fé, pode até ser tímida, mas acreditamos poderiam nos ajudar, de forma rápida e
que crê em Deus e no amor de Deus por seus filhos, imediata a resolução de nossos problemas. Será que
mais particularmente ao que professa a Doutrina o homem tem o poder de decidir sobre a vida de seu
Espírita, a esses, se tímidos, se fortalecerão cada dia semelhante, ou quantas vezes, como pais, nos intitu-
mais, a estes últimos, oportunidades valiosas de acri- lamos “donos da verdade” e interferimos nas provas
solar virtudes no cadinho da vida. de nossos filhos? Pessoas que nem imaginamos, ten-
tam atrapalhar e nos afastar de objetivos nobres, é o
Pois, aquele que é tido hoje como um inimigo; como
orgulho que ainda impera nos corações dos homens,
um ingrato, talvez maledicente, nos chega à convi-
de fato não podemos esquecer “a semeadura é livre
vência na ânsia íntima de ser acolhido e de colher,
e a colheita é obrigatória”.
por sua vez, algum aprendizado através do nosso
bom exemplo. Os Pactos (LE, 549 a 550)
O que são pactos? Encontramos uma definição como
No Novo Testamento, Evangelho de Mateus, cap. V
sendo a que mais se adapta as questões que iremos
vers. de 38 a 40, Jesus nos fala em pagar o mal com o
tratar acerca deste assunto: “Aliança, no sentido de
bem, sem deixar nenhuma dúvida, senão veja-se:
acordo, é um pacto entre duas ou mais partes objeti-
“ouviste o que foi dito, olho por olho, dente por den-
vando a realização de fins comuns”
te, eu, porém vos digo que não resistais ao mal; mas,
Neste intercâmbio com o plano espiritual, é muito
se, porém alguém te bater na face direita, oferece-
comum encontrarmos pessoas que se questionam se
lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo,
há algo de verdadeiro nos pactos com os maus Espíri-
e tirar-lhe a túnica, larga-lhe também a capa; e se
tos. E a resposta que os Espíritos nos trazem é bem
qualquer te obrigar a andar uma milha, vai com ele
clara: “Não, não há pactos, mas uma natureza má
duas.”
simpatizando com Espíritos maus”, também por curi-
Claro está que o chamamento aos que crêem no a- osidades desvirtuamos do caminho do bem. Sabemos
mor e na justiça divina é inquestionável. vê-se que é que o mundo que vivemos ainda esta repleto de dou-
para, invés de retribuir a agressão sofrida, oferecer a trinas religiosas que são repletas de rituais e promes-
mansidão; pois resistir ao mal é fazer força contra, é sas, que funcionam mais ou menos assim: você me
entrar no jogo do agressor. Na seqüência, a generosi- consegue este privilégio, eu retribuo os Espíritos a-
dade de sentimentos e ainda mais, dar de nós além través de pagamentos, agradecimentos... O que não
do que nos é pedido. Isto é fazer o diferente, é não podemos nos esquecer é que em qualquer ato de
sermos aqueles a quem o Mestre denominou “os de nossas vidas há um pensamento que o motivou e
má vida”. este pensamento, esta intenção, será observado de
acordo com o padrão vibratório.
A face da mansidão, do entendimento, da fraternida-
de, entendendo que o outro ainda não possui o co-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

Portanto, se queremos prejudicar o nosso semelhan- mesma confiança atrair um Espírito, pois eles o são
te, só no pensamento já estaremos nos ligando aque- por uma direção de pensamento a determinado obje-
les que comungam da mesma faixa vibratória que nós tivo, mas aí vemos “a natureza do Espírito atraído
e aí esta o sentido alegórico atribuído a palavra pac- depende da natureza da intenção e da elevação dos
to. “Aquele que deseja cometer uma ação má, pelo sentimentos... isso indica estreiteza e fraqueza de
simples fato de o querer chama em seu auxílio os idéias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zom-
maus Espíritos, ficando obrigado a servi-los como eles badores” (LE, 554)
o auxiliam, pois eles também necessitam dele para o
Feiticeiros
mal que desejam fazer...” (LE, 549)
Os feiticeiros são definidos como praticantes ou líde-
O Poder oculto e Talismãs (LE, q. 551 a 556) res da celebração de rituais, orações ou cultos, para
Segundo o Livro dos Espíritos, define o Poder Oculto: conseguir determinados fins. Contudo, entendemos
“como um poder magnético muito grande que algu- com maior profundidade, pois os Espíritos superiores
mas pessoas possuem do qual podem fazer mau uso nos esclarecem que “Esses a que chamais feiticeiros
se o próprio Espírito for mau e, nesse caso poderão são pessoas quando de boa-fé, que possuem certas
ser influenciados por Espíritos imperfeitos. “Mas não faculdades como o poder magnético ou a dupla vista
acrediteis nesse pretenso poder mágico que só existe (LE 555) Existem, também, pessoas que com este
na imaginação da pessoas supersticiosas e ignorantes poder magnético multo grande, podem fazer mau
das verdadeiras leis da natureza”. uso, sendo aí secundadas por maus Espíritos, entre-
tanto, existem aqueles que associados a este poder
Do francês talisman e este do persa telesmât e este
magnético de grande vulto, unem a pureza de senti-
do grego ζέλεσμα (rito religioso).
mentos e um desejo ardente de fazer o bem e podem
Substantivo: Amuleto: Objeto ao qual se atribuem
curar uma pessoa pelo simples toque.
poderes mágicos.
Benção e Maldição
Quando analisamos a história da humanidade, perce-
Murtas vezes nos perguntamos se a maldição, ou
bemos que os objetos aos quais eram atribuídos po-
“praga” como popularmente é conhecido por nós,
deres mágicos de proteção, sorte e outros, surgiram
pode atingir-nos. Será?! Antes de qualquer coisa de-
provavelmente nas primeiras tribos, onde os homens
vemos lembrar que aquele de amaldiçoa o seu seme-
daquela sociedade já tinham os chamados “feiticei-
lhante, já demonstra um sinal de inferioridade moral,
ros”, que por diversas “orientações” que recebiam do
além do mais a maldição ou a benção não podem
plano maior (não podemos esquecer que a mediuni-
jamais desviar o nosso senso de Justiça Divina, senão
dade sempre existiu, pois é inerente ao Espírito), se
estaríamos indo contra um dos atributos de nosso Pai
juntava à necessidade de uma representação materi-
Criador (LE 13) Contudo, não podemos esquecer a
al que pudesse auxiliá-los na concepção de fé, de
pergunta: “Qual nosso mundo íntimo?”, pois sabe-
crença em um poder superior. A época exata de co-
mos que é este que irá determinar com quais sintoni-
mo isto ocorreu e seu ponto inicial, os historiadores
as estaremos ligados e qualquer tipo de influência de
não tem como identificar, contudo, percebe-se no
pensamentos emitidos e magnetismo em nossa dire-
desenrolar do desenvolvimento de entendimento
ção só serão captados se estivermos ao seu alcance e
intelectual do homem, a aquisição destes símbolos,
se esta prova estiver dentro de nossa programação
que representavam sorte ou azar, na cultura de de-
de provas a serem vivenciadas. É imprescindível lem-
terminado povo, sendo esta disseminada para outras
brar que tudo e uma questão de fé
regiões. Por exemplo: Na China, espalhar moedas no
chão e arroz atrai dinheiro e fortunas. Na Europa BIBLIOGRAFIA
ocidental, acreditavam que o alho matinha as pesso- KARDEC, Allan - o Livro dos Espíritos, 549 a 557
KARDEC, Allan - A Gênese cap. XVII itens 22 a 24;
as livres de vampiros Para os Celtas, o trevo de qua-
tro folhas simboliza boa sorte.
Parte B - CARACTERES DO VERDADEIRO PRO-
O que nos importa entender que estes símbolos nada FETA
produzem realmente em nossas vidas, pois “...Todas
as fórmulas são charlatanices; não há nenhuma pala- O capitulo XXI do ESE tem como titulo “Falsos Cristos
vra sacramental, nenhum signo cabalístico, nenhum e Falsos Profetas” e antes de iniciarmos uma reflexão
talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, sobre o tema vamos conceituar a palavra Profeta [do
porque eles só são atraídos pelo pensamento e não grego prophétes, pelo latim propheta] 1. Adivinho. 2.
pelas coisas materiais.”(LE, 552), percebemos também Aquele que prevê ou faz conjecturas sobre o futuro.
que aquele que confia naquele poder, ou melhor 3. Titulo dado pelos muçulmanos a Maomé. 4. O que
dizendo “virtude de um talismã”, pode por essa
59

revela a vontade de Deus. 5. Designação imprópria suas atitudes demonstra orgulho e vaidade, que são
para médium. sentimentos antagônicos a humildade, este já não
demonstra superioridade moral, pois não possui as
Todo aquele que é enviado de Deus e vem ao mundo
virtudes necessárias e portanto, não há resultados e
com a missão de instruir a humanidade naquele mo-
influência moralizadora de suas obras, pois não as
mento, podem revelar coisas ocultas, mistérios da
têm.
vida espiritual e também pode ser um profeta sem
necessariamente fazer predições, ou seja, sem fazer Outra característica importante a observar é que a
previsões de acontecimentos futuros. Contudo, des- maioria dos verdadeiros missionários de Deus, igno-
de o surgimento de Jesus é que os homens devem ram que o sejam. Realizam a tarefa para a qual foram
atentar para seu ensinamento “Então, se alguém vos designados, graças a suas virtudes engrandecidas em
disser: Eis que o Cristo esta aqui, ou ali, não lhe deis sua alma, seguindo sua caminhada com a intenção da
crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profe- verdadeira caridade e amor ao semelhante, muitos
tas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se passam até desapercebidos dos olhos de alguns, pois,
possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mateus, para eles o que interessa é cumprir o dever que lhes
XXIV:23-24) compete, um dever que o seu coração aponta e que
A doutrina Espírita, incentivando a fé raciocinada, segue sem pestanejar, com fé no Pai Criador e com o
mostra o melhor caminho para identificar o verdadei- sentimento verdadeiro do amor, como o Cristo nos
ro profeta, ou seja, aquele que realmente é um envi- ensinou: “Que vos amei uns aos outros; como eu vos
ado de Deus, estando aqui cumprindo uma missão de amei a vós...” (João, XIII 3:4)
progresso da humanidade e ensinamento de leis mo- Exploradores da credulidade existem e existirão en-
rais que o Cristo deixou exemplificado para todos nos quanto nosso planeta estiver em fase de renovação,
há mais de 2000 anos. Quando observamos os ho- portanto, cabe a nós, que estamos entendendo me-
mens, verificamos os diferentes níveis de evolução de lhor os ensinamentos de Jesus, vigiarmos e auxiliar-
cada individualidade. Muitos, ainda pouco conhece- mos aqueles que compartilham conosco a jornada, a
dores da “fé raciocinada”, não percebem que ambi- enxergar a verdade que esta ainda por baixo do véu
ciosos e farsantes utilizam-se da palavra bem articu- para muitos. Nós que estamos abraçando a verdade
lada, para imbuir conceitos nada “cristãos” em seus que esclarece, auxilia, alivia as dores esta verdade
ensinamentos. Levando ao desengano de muitos que baseada no entendimento verdadeiro dos ensina-
se deixam levar pela “fé sem bases solidas”. mentos de Jesus, deve ser revelada para que aqueles
Uma verdade que Jesus nos deixou é que “... não é que ainda não têm uma fé raciocinada despertem
boa a árvore que dá maus frutos, nem má a que dá para a realidade dos novos tempos.
bons frutos...” (Lucas, VI:43). Nessa passagem frutos BIBLIOGRAFIA
significa obras, ou seja, nos coloca a verdadeira ma- KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XXI,
neira de reconhecer um profeta na Terra. Portanto, item 9, A
se ele for reconhecido por suas obras edificantes,
conseqüentemente será considerado um enviado de
Deus. 20ª Aula - AFEIÇÕES DOS ESPÍRITOS
Parte A - AFEIÇÕES POR CERTAS PESSOAS -
Nosso maior exemplo é o Cristo, Ele veio sem pom-
pas e honrarias, veio na humildade da vida comum do
ANJOS DA GUARDA – ESPÍRITOS PROTETO-
homem daquela época. Auxiliou a todos os que en- RES, FAMÍLIARES OU PRESSENTIMENTOS
contraram em seu caminho, curou doentes, orientou AFEIÇÕES POR CERTAS PESSOAS
a todos e mesmo na hora da maior etapa de sua pas- Os bons Espíritos se afeiçoam com os homens de
sagem aqui na terra, deixou que a vontade do Pai bem ou com aqueles das quais percebam vontade de
fosse cumprida, ali deixando seus ensinamentos atra- progredir
vés de seu exemplo de amor, humildade e caridade.
Porém nem sempre as afeições dos Espíritos tem um
Muitos já presenciamos, em nosso momento atual e cunho exclusivamente moral pode existir caso de
em momentos vários de evolução do homem nos uma lembrança de paixões humanas.
tempos, dizendo: - “Eis-me aqui sou o Cristo”, ou Os Espíritos desencarnados se afeiçoam aqueles Espí-
“Sou o Seu enviado”, e se alguém que estiver em ritos encarnados que estejam na sua sintoma (seme-
nosso caminho e comportar-se desta maneira, QUES- lhança de sensações) os bons se simpatizam com os
TIONE, pois não possui a primeira característica que homens de bem ou suscetíveis ao progresso e os
reconhecemos em um verdadeiro profeta, a humil- imperfeitos (inferiores) se ligam a homens viciosos ou
dade e se observarmos atentamente, quando em com tendências ao vício.
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

Os bons Espíritos se comprazem com o equilíbrio o não muito edificantes, porém ele nunca o abandona
bom senso e a evolução dos homens e ficam tristes ou lhe faz mal, muito pelo contrário, permanece pró-
quando os vem segundo outros caminhos mais infor- ximo, para entrar em ação assim que for solicitado ou
tunísticas, já os Espíritos imperfeitos (inferiores) se que tiver oportunidade de fazer contato.
comprazem com as aflições e desvios dos homens, se
Muitas vezes o protegido resolve seguir um caminho
irritando quando estes buscam um caminho mais
indicado pelos Espíritos imperfeitos, pelas suas falhas
promissor.
morais, nesses casos o Espírito protetor permanece a
Os bons Espíritos, sabendo que a vida corporal é ape-
distancia, não intervém diretamente, pois respeita o
nas transitória, afligem-se mais com mal moral, por-
livre-arbítrio do protegido que com certeza irá tirar
que o homem esta muito mais suscetível as coisas
um aprendizado daquela situação, deixando a cargo
materiais, deixando se levar muito fácil pelas paixões
do mesmo que se sintonize a ele (protetor), solicitan-
terrenas, através do seu orgulho e egoísmo. Os Espíri-
do ajuda.
tos imperfeitos sempre incitam os homens ao deses-
pero, para que eles se comprometam cada vez mais, O Espírito protetor exerce a sua função de maneira
enquanto os Espíritos bons tentam reerguer o ho- oculta, para que o protegido evolua através de seus
mem dando-lhes coragem. próprios méritos, pois mesmo o Espírito protetor o
Os parentes e amigos que retomam antes ao plano auxiliando com bons conselhos, ele respeita o livre-
espiritual sempre protegem os seus que permanecem arbítrio do protegido que necessita querer apreender
no plano terrestre, de acordo com o seu poder. Po- para progredir.
rém são sensíveis a afeição daqueles que não os es- O Espírito protetor sente-se coroado de felicidade
queceram. Frequentemente protegem como Espíritos quando vê êxito na sua missão, e lamenta quando o
em conformidade com o seu poder. protegido não consegue resistir às tentações, mas, no
ANJOS DA GUARDA ESPÍRITOS PROTETORES FAMÍ- entanto não desiste, porque sempre há tempo de se
LIARES OU SIMPÁTICOS escrever o amanhã.
Em varias ocasiões imaginamos o anjo da guarda com Os Espíritos protetores adotarão o nome que o pro-
asas enormes, entretanto essa ilusão se toma insigni- tegido quiser dar-lhe, pois irá lhe inspirar confiança,
ficante diante da elevação do Espírito designado a porque para eles todos são irmãos e com o consen-
proteger cada criatura. Pode-se chamar irmão espiri- timento daquele irmão que esta sendo chamado,
tual, bom Espírito ou bom gênio. atenderá o protegido.
O irmão espiritual é um bom Espírito que se liga ao No plano espiritual frequentemente o Espírito reco-
homem para o proteger. nhece seu protetor, pois já o conhece de outras en-
Anjo da guarda é um Espírito protetor de uma ordem carnações.
elevada, que tem como missão acompanhar e induzir Familiares podem proteger seus entes queridos, po-
o homem a seguir o bom caminho, através de bons rém devem apresentar um grau de elevação, um
conselhos e encorajamento nas provas da vida. poder e uma virtude a mais, concedidos por Deus. O
O Espírito protetor acompanha o homem desde o pai que protege seu filho pode ser assistido por um
nascimento até a morte e frequentemente continua Espírito mais elevado.
acompanhando no plano espiritual e em outras en- O homem recebe o seu Espírito protetor de acordo
carnações, pois ele aceitou essa tarefa, podendo es- com o seu grau de adiantamento e assim sucessiva-
colher seres que lhe são simpáticos, sendo que para mente. Deus não pede ao Espírito mais do que aquilo
uns é um prazer e para outros uma missão ou um que comporte a sua natureza e o grau a que tenha
dever. atingido.
Quando o Espírito de um familiar protetor reencarna,
O Espírito protetor pode proteger outros homens,
pode vir com a missão de proteger aquele outro Espí-
porém de uma forma genérica.
rito, mas sempre haverá um Espírito protetor para
Alguns Espíritos protetores necessitam deixar seu
ampará-lo.
“protegido” para cumprir outras missões, nesses
casos é substituído automaticamente por outro. Os Espíritos imperfeitos se ligam ao homem pela sua
invigilância e sintonia, trazendo-lhes duvidas entre o
A missão do Espírito protetor ou anjo da guarda é de
bem o mal, mas isso acontece pelo homem e não
ajudar o seu protegido, estando em todos os momen-
porque a previdência divina o incumbiu.
tos ao seu lado, torcendo pela sua vitória, intuindo
Os Espíritos simpáticos são atraídos pelo homem pela
para sua evolução, dando-lhes bons conselhos, e se
sua afinidade, porém permanecem por um período
sente decepcionado quando o vê seguir caminhos
61

temporário e com a permissão do Espírito protetor, O Espírito protetor procura nos auxiliar em nossa
bem como, os Espíritos familiares. conduta seja moral ou vida privada, porém muitas
vezes não ouvimos a voz da nossa consciência, mes-
Os ditos bom ou mau gênios, frequentemente não
mo assim eles nos enviam sugestões através das pes-
encarnam para acompanhar um homem mais dire-
soas que nos cercam, e em muitas vezes continuamos
tamente, costumam enviar Espíritos que lhe sejam
rumando pelo caminho mais penoso, tendo dissabo-
simpáticos para essa missão.
res, mas pela nossa invigilância, pois o nosso Espírito
Os Espíritos protetores podem se ligar aos membros protetor tentou nos alertar de todas as formas.
de uma família, que vivem juntos e são unidos por Exemplo simples: Seguimos um caminho e começa-
afeição, não se levando em conta o orgulho pela raça. mos a sentir algo estranho (pressentimento) para não
Os Espíritos, preferencialmente, freqüentam lugares irmos por ali, mas nos persistimos, mais adiante en-
onde tem indivíduos semelhantes, para se sentirem contramos uma pessoa que nos comunica que tem
mais a vontade e mais seguros para serem ouvidos. O alguns elementos suspeitos à frente que podem nos
homem ira atrair aquele que mais se afinize naquele assaltar. Você decide pelo seu livre-arbítrio.
momento, tanto bons como maus, tudo depende do
BIBLIOGRAFIA:
seu aperfeiçoamento moral. Isso sendo valido tanto KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Introdução ao Estudo da
para o indivíduo como para uma coletividade. Doutrina Espírita, (Resumo da Doutrina dos Espíritos), parágrafo
11; Livro 2º, cap. IX, questões 484 a 524;
Toda aglomeração de indivíduos, formando uma so- KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. II (Comunicações com
ciedade, tem um Espírito Superior, que direciona os o Mundo Invisível), itens 44, 63 e 84; pergunta 138
demais para um objetivo comum, dependendo do KARDEC, Allan - A Gênese, cap. XIV (Os Fluidos), item 15, 3º pará-
grau de adiantamento daquele povo. grafo.
KARDEC, Allan - Obras Póstumas - item 47, 2º parágrafo.
Quando um indivíduo tem dom para artes, invocam
Espíritos protetores especiais para os auxiliar, e são Parte B - PRECES INTELIGÍVEIS - MODO DE
atendidos quando são dignos e realmente tem o ORAR
dom.
“Cada homem tendo os seus Espíritos simpáticos, PRECES INTELIGÍVEIS
disso resulta que em todas as coletividades a genera- “... Se eu orar numa língua estrangeira, verdade é
lidade dos Espíritos simpáticos estão em relação com que o meu Espírito ora, mas o meu entendimento fica
a generalidade dos indivíduos; que os Espíritos estra- sem fruto...” (Paulo, I Cor., XIV: 11,14,16-17)
nhos são para elas atraídos pela identidade de gostos Como pode se observar a prece só tem valor quando
e de pensamentos; em uma palavra, que essas aglo- o pensamento está associado ao desejo intimo, por-
merações, tão bem como os indivíduos, são mais ou que caso contrário esta sendo feita sem propósito,
menos bem envolvidas, assistidas e influenciadas, apenas de uma forma mecânica, não atingindo o seu
Segundo a natureza dos pensamentos da multidão.” objetivo.
A prece realizada em uma língua desconhecida não
Das observações feitas sobre a natureza dos Espíritos pode atingir o alvo, pois a sua interpretação estará
pode-se deduzir que o Espírito protetor ou Anjo da dissociada do pensamento, ou seja, a prece poderá
guarda têm como missão seguir o homem na vida e estar sendo destinada a algo que diverge do pensa-
auxiliá-lo em todos os momentos. mento.
Quando o Espírito toma-se capaz de guiar-se por si Para que a prece realmente toque o coração é neces-
só, não necessita mais do Espírito protetor, mas para sário que ela esteja sendo sentida e desejada, for-
que isso aconteça terá que estar em planos mais ele- mando assim uma idéia, caso contrário estará sendo
vados. em vão.
PRESSENTIMENTOS “...Deus lê o intimo dos corações; perscruta o nosso
O pressentimento é o conselho íntimo e oculto de um pensamento e a nossa sinceridade; e considerá-lo
Espírito que vos deseja o bem. mais sensível a forma do que ao fundo seria rebaixá-
O Espírito ao encarnar tem conhecimento do gênero lo.”
de provas que irá se ligar, quando estas são marcan- MODO DE ORAR
tes, ele conserva em seu foro íntimo uma impressão, Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o ampa-
que se aflorara no momento adequado na forma de ro do Criador e o Criador responde a criatura pelo
pressentimento ou intuição. princípio da reflexão espiritual, estendendo-lhe os
Quando não temos certeza acerca do pressentimen- Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da
to, devemos rogar para que Deus permita que seu vida fragmentada para os cimos da vida vitoriosa.
Espírito protetor seja mais explicito na mensagem. Três podem se os objetivos da prece:
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

LOUVAR - consiste em exaltar os atributos de Deus, porém nunca é inútil quando bem feita, porque da
não evidentemente, com o propósito de ser-Lhe a- força, o que já é um grande resultado (LE, 663).
gradável, visto que Deus é inacessível a lisonja. De- A prece pelos desencarnados não muda os desígnios
vemos traduzir um sentimento espontâneo e puro de de Deus a seu respeito; mas o Espírito experimenta
admiração por Aquele que, em todas as suas mani- alivio e conforto ao receber o influxo amoroso da
festações, se revela detentor da perfeição absoluta, prece.
nosso apoio maior, nossa inspiração mais sublime, Pode-se orar também aos bons Espíritos, porque são
nossa esperança mais autêntica. eles os mensageiros de Deus e executores de Sua
O Senhor conhece-nos melhor do que nos mesmos e vontade.
nos oferece experiências compatíveis com nossa ca- BIBLIOGRAFIA
pacidade de suportá-las, cobrando-nos em suaves KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII,
prestações débitos que nos esmagariam se fossemos itens 16, 17 e 22.
convocados a resgatá-los numa só parcela. KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVIII
PEDIR - é o segundo propósito da oração, algo perfei- (Coletânea de Preces Espíritas), itens 11 a 13.
tamente admissível, um direito de todo filho que se
dirige a seu pai.
As petições visam algo que se deseje obter, em bene- 21ª Aula - OS ACONTECIMENTOS DA VIDA
ficio próprio ou de outrem. Que se pode pedir? Tudo PARTE A - INFLUÊNCIA NOS ESPÍRITOS NOS
desde que não contrarie a Lei de Amor. Exemplos: ACONTECIMENTOS DA VIDA - TORMENTOS
perdão pelas faltas cometidas, forças para resistir às VOLUNTÁRIOS - A VERDADEIRA DESGRAÇA
tentações, proteção contra os inimigos, saúde para os
enfermos, luz para os Espíritos conturbados e paz Os acontecimentos da vida podem ser influenciados
para os sofredores (encarnados ou desencarnados), por Espíritos que estão em sintonia com os encarna-
amparo para um perigo iminente, coragem para ven- dos e que através do pensamento são capazes de
cer os percalços da vida, paciência e resignação nos sugerir diversas opiniões. Essas influências, entretan-
momentos aflitivos e dolorosos, inspiração sobre to não alteram o seu livre arbítrio nem interferem
como resolver uma situação difícil seja de ordem sobre as leis da natureza. Portanto não se deve atri-
material ou moral, etc. buir aos Espíritos a responsabilidade pelos seus atos,
Existem aqueles que dizem que Deus tudo vê, então cabendo aos mesmos as conseqüências e responsabi-
por que pedir? lidades pela sua realização.
Quem raciocina assim desconhece que a oração não Os atos praticados com a cooperação dos Espíritos
objetiva trazer Deus até nos, mas de elevar-nos até parecem absolutamente naturais uma vez que sua
Ele. há quem reclame que suas preces não são ouvi- intervenção é oculta. Assim, ao encontrar alguém ao
das. É que pedimos o que queremos; Deus nos dá o acaso, pode ter sido por influência dos Espíritos que
que precisamos, e raramente compatibilizamos dese- inspiram a passar por determinado local.
jos e necessidades.
Se pretendermos que o Senhor nos libere de sofri- Os Espíritos também podem agir sobre a matéria,
mentos e dificuldades retificadoras, fatalmente co- desde que não interfiram nas leis da natureza. Se um
lheremos decepções. homem sobe por uma escada e ela se quebra, isso
O ideal, portanto não é pedir que Deus nos favoreça ocorre pelo fato da escada ser velha e estar fraca. A
para as realizações da Terra, mas que nos fortaleça influência dos Espíritos nesse caso pode se dar inspi-
para as realizações do Céu, inspirando-nos o compor- rando ao homem a idéia de subir nessa escada. Se
tamento mais adequado, a atitude mais digna o es- um raio atinge uma árvore e fere o homem que nela
forço mais nobre. se abriga, da mesma forma a ação dos Espíritos é
AGRADECER - Deus coloca a nossa disposição diaria- inspirar o homem para procurar o abrigo no local
mente, riquezas inestimáveis. A oportunidade de onde o raio irá cair. E se o homem não der atenção
servir, a disciplina do trabalho, o conforto do lar, as aos Espíritos e for se abrigar em outro local, o raio
possibilidades da inteligência, são algumas das infini- cairá sobre a mesma árvore, sem atingir o homem
tas bênçãos que devemos agradecer ao Criador. então. Espíritos não provocam a queda do raio, nem
A prece torna o homem melhor, porém não redime alteram a matéria para que a escada se quebre, como
as faltas cometidas; aquele que pede a Deus perdão no caso anterior. Sua ação é apenas sugerir ao ho-
pelos seus erros, só o obtém mudando sua conduta mem que tome esta ou aquela ação, que siga por um
na pratica do bem. A prece não pode mudar a natu- ou outro caminho. Os Espíritos agem sobre a matéria
reza das provas pelas quais o homem tem que passar, para que as leis da natureza se cumpram, caso con-
trário, estariam derrogando as leis.
63

Os acontecimentos da vida são orientados pela Espiri- contramos mostram apenas que escolhemos mal a
tualidade. Se alguns Espíritos desejam alterar esse elaboração e execução de um projeto. Está, portanto,
planejamento, devemos lembrar que é a vontade em nós mesmos a causa dos nossos sofrimentos. É
Divina que prevalece. Os Espíritos levianos e zombe- preciso determinação para nos modificarmos. O or-
teiros podem nos criar pequenos embaraços, que são gulho dificulta a mudança dos objetivos grandiosos
permitidos para exercitar a nossa paciência. Eles po- que escolhemos. Não conseguimos perceber que
dem agir por antipatias pessoais dessa ou de outra através de pequenas ações podemos alcançar a feli-
existência, ou unicamente por malícia, sem nenhum cidade. Somente quando, através do entendimento
motivo especial. Se mantivermos elevada a moral e da justiça Divina e da humildade, abrir nossa mente e
não nos deixarmos abater pelas contrariedades, esses coração, conseguiremos encontrar novos propósitos
Espíritos se cansam e se afastam. para o nosso crescimento.
Quando nossos inimigos desencarnam podem ou não Os bons acontecimentos da vida devem ser comemo-
reconhecer o mal que nos fizeram na Terra e, arre- rados sempre, porque representam a conquista dos
pendidos, param de nos perseguir. Outras vezes, se nossos objetivos e a superação de dificuldades. De-
tomam nossos obsessores e continuam a nos perse- vemos então agradecer a Deus, pois sem a Sua per-
guir, o que a Previdência Divina permite para nos missão nada se faz e aos bons Espíritos, que são seus
provar. A oração é a ferramenta eficaz para acabar agentes. Os homens que se esquecem de agradecer a
com essa influência danosa. Orar pelos nossos inimi- espiritualidade pelas suas conquistas, vêem apenas o
gos, retribuir o mal com o bem, fará com que eles resultado material delas. Muitos há que assim proce-
compreendam os seus erros e suas artimanhas cessa- dem e para os quais parece que o destino sempre
rão, pois compreenderão que nada ganham com isso. sorri. E preciso lembrarmos da transitoriedade da
nossa existência física. Essa felicidade é passageira e
Antes de condenarmos os Espíritos pelos nossos in-
muito será cobrado a quem muito foi dado. Esses
fortúnios, devemos acreditar que são as nossas
terão mais contas a prestar quando desencarnarem.
transgressões as Leis Divinas, a verdadeira causa dos
Aos Espíritas, portanto, muito será pedido, porque
nossos aborrecimentos.
muito receberam através da doutrina, mas também
Alguns Espíritos podem interceder em nosso favor aos que souberem aproveitar os ensinamentos, mui-
para nos proteger, mas há males que estão nos de- to lhes será dado.
sígnios da Providência. Nesse caso, eles podem ame-
TORMENTOS VOLUNTÁRIOS
nizar nossas dores e nos inspirar paciência e resigna-
O homem esta incessantemente a procura da felici-
ção para superarmos as contrariedades e evoluirmos.
dade, que lhe escapa a todo instante. Qual seria a
Eles nos sugerem pensamentos positivos, pois de-
razão de não encontrar na Terra a tão almejada “feli-
pende de nós mesmos afastar ou atenuar as vicissi-
cidade”?
tudes da vida. Lamentar-se e fugir dos problemas
Por buscar nas coisas terrenas, que são ilusórias e
nada resolve. Devemos sim, com paciência e resigna-
perecíveis, em vez de procurá-la nos gozos da alma. E
ção, enfrentá-los e superá-los, pois frequentemente
gratificante encontramos a paz espiritual e manter-
do mal que nos aflige surgirá um bem muito maior é
mos a consciência tranqüila. O curioso de tudo isso, é
esse o sentido das palavras: “Buscais e achareis, batei
que são criados pelo próprio homem, os tormentos
e se vos abrirá”.
que somente a ele cabe evitar. Haverá maiores tor-
A penúria muitas vezes nos causa o desespero e soli- mentos que os causados pela inveja e pelo ciúme?
citamos riquezas materiais aos Espíritos elevados que Para o invejoso e o ciumento não existe descanso,
frequentemente ignoram esse apelo. Entretanto, se pois a inveja e o ciúme o impedem de ter a verdadei-
for para nossa provação, eles podem nos ajudar, as- ra vida. Com certeza encontrariam a felicidade, tão
sim como os maus Espíritos que querem nos conduzir desejada, se abandonassem tais viciações. (ESE, cap.
ao mal, pois a riqueza é o meio mais fácil de nos per- V item 23).
der através dos prazeres que o dinheiro pode propor-
VERDADEIRA DESGRAÇA
cionar.
Todos falam da desgraça, todos a experimentaram e
Para mudarmos o rumo de nossa vida, é preciso mui- julgam conhecer o seu caráter múltiplo. Segundo o
to mais que trabalho. Podemos nos deparar com E.S.E. quase todos se enganam, pois, a verdadeira
obstáculos intransponíveis e que, apesar de todos os desgraça não é, de maneira alguma, aquilo que os
nossos esforços não encontraremos meios de superá- homens, ou seja, os desgraçados supõem. Acreditam
los. Essas dificuldades até podem ser provocadas pela que a miséria se encontra no credor impaciente, no
ação dos Espíritos, mas na maioria das vezes ocorrem berço vazio, na angústia da traição, e na privação do
por causa da nossa presunção. As barreiras que en- orgulhoso que deseja vestir-se ricamente. E realmen-
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

te desgraça para aqueles que não enxergam além do ração moral. Se em qualquer momento de nossas
presente. A verdadeira desgraça esta mais nas con- vidas nos depararmos com preconceitos, interesses
seqüências do passado, as quais devem ser reparadas materiais ou paixões orgulhosas, a consciência das
em conformidade com as Leis Divinas “Que o Espiri- prodigiosas faculdades que trazemos em nosso inte-
tismo vos esclareça, portanto, e restabeleça a verda- rior nos fará ultrapassar com galhardia essas barrei-
deira luz da verdade e o erro tão estranhamente des- ras. Ter dificuldades na vida é ter a oportunidade de
figurados pela vossa cegueira.” (ESE, cap. V item 24) exercitar nossa fé e, quando o fazemos, nossas capa-
BIBLIOGRAFIA: cidades, mesmo as que estão em estado latente,
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 2º, cap. IX, 525 a 535- crescem através de nossa vontade ativa e se multipli-
b; cam durante nosso trabalho nos mostrando os cami-
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns - cap. XXVI, parágrafos 1° ao nhos para a vitória. Não basta ver, mas é necessário
13°; compreender. Assim não é a fé cega que devemos
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier- Fonte Viva - capítulos 76 buscar, e sim, a fé racionada. Quando, então, se ad-
e 149. quire uma fé consciente e racional.
Se todas as criaturas encarnadas estivessem convic-
Parte B - O PODER DA FÉ
tas da força que trazem consigo seriam capazes de
“E, depois que veio para onde estava a gente, chegou edificar-se moralmente e de realizar aquilo que cha-
a ele um homem que, posto de joelhos, lhe dizia: mamos de prodígios e muito mais. Foi por isso que
Senhor tem compaixão de meu filho que é lunático e Jesus disse: “Tudo é possível ao que crê.
padece muito; porque muitas vezes cai no fogo, e BIBLIOGRAFIA
muitas na água. E tendo-o apresentado a teus discí- KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XIX,
pulos,e eles não o puderam curar. E respondendo itens 1 a 5 e 12.
Jesus disse: O geração incrédula e perversa, ate
quando hei de estar convosco,até quando vos hei de 22ª Aula - AÇÃO, OCUPAÇÕES E MISSÕES
sofrer? Trazeis-mo cá. E Jesus o abençoou, e saiu dele
o demônio, e desde àquela hora ficou o moco curado.
DOS ESPÍRITOS
Então se chegaram os discípulos a Jesus em particu- Parte A - OS ESPIRITOS DURANTE OS COMBA-
lar,e lhe disseram: Por que não pudemos nos lançá-lo TES - AÇÃO DOS ESPÍRITOS NOS FENÔMENOS
fora? Jesus lhes disse : Por causa da vossa pouca fé. DA NATUREZA - OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS
Porque, na verdade,vos digo: "Se tiverdes fé como ESPÍRITOS
um grão de mostarda, direis a este monte: Passa da-
qui para acolá, e ele há de passar: e nada vos será Os Espíritos Durante os Combates
impossível.” (Mateus, XVII: 14-19). Nas guerras, acontece também, dos Espíritos toma-
rem partido. É assim que os antigos representavam
Fé é confiar nas próprias forcas. E acreditar, saber, ter
os deuses tomando partido por este ou aquele povo.
esperança que podemos conseguir. E impossível ima-
Esses deuses nada mais eram que os Espíritos repre-
ginar o progresso humano sem a fé, pois quando sentados por figuras alegóricas (LE, 541). Ora, exis-
confiamos nas nossas forcas somos capazes de feitos tem aqueles que são bons e apóiam o lado da justiça,
que até duvidamos ser capazes de conseguir. Esse
ao passo que os maus, os que alimentam sentimen-
poder pode ser chamado de “vontade inquebrantá-
tos inferiores, comprazem-se em participar da dis-
vel” ou “desejo da alma” é o poder da fé.
córdia e da destruição.
Quando Jesus disse aos seus discípulos que eles eram Com relação aos soldados que morrem durante os
homens de pouca fé, não quis questionar o entendi- combates, acontece o mesmo que em todos os casos
mento de Deus e da espiritualidade, mas sim, consta- de morte violenta, ou seja, ficam surpreendidos e
tar a confiança que tinham em si mesmos, nas capa- como que atordoados, não acreditando estarem mor-
cidades e dons adquiridos através das reencarnações. tos; parecem-lhes ainda tomar parte na ação; com-
Referia-se ao fato de que aqueles que acreditam em preendem a realidade pouco a pouco. Conforme os
seu potencial, sem presunção, encontram determina- sentimentos sejam mais ou menos elevados, alguns
ção para prosseguir, derrotando as adversidades que podem ainda odiar os seus inimigos e persegui-los.
encontram pelo caminho. Remover montanhas, por- Outros, com mais serenidade, vêem que não há fun-
tanto, não se refere ao transporte físico das mesmas, damento para a animosidade e abandonam o campo
mas ter a firme decisão moral de que se pôde suplan- de luta.
tar as imperfeições, que nada no caminho será gran-
Ação dos Espíritos sobre os Fenômenos da Natureza
de ou forte suficientemente para impedir nossa supe-
65

Na Introdução, item VI, do LE, Kardec assevera: “Os Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da
Espíritos (...) constituem uma das potências da Natu- Natureza operam uns com conhecimento de causa,
reza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos usando do livre-arbítrio, e outros por efeito de impul-
até então inexplicados ou mal elucidados e que não so instintivo ou irrefletido. Os animais de ínfima or-
encontram entendimento racional senão no Espiri- dem, que fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos,
tismo”. executam essas obras provendo as suas necessidades
e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus.
Os grandes fenômenos da Natureza, que são conside-
Há aí um fim providencial e essa transformação da
rados como uma perturbação dos elementos, têm
superfície do globo é necessária à harmonia geral. Os
sua origem em causas imprevistas ou, ao contrário,
Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao con-
providenciais?
junto, enquanto se ensaiam para a vida, antes que
- Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a tenham plena consciência de seus atos e estejam no
permissão de Deus. (LE, 536) gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenô-
Os fenômenos da Natureza às vezes têm, como ime- menos, de que inconscientemente se constituem os
diata razão de ser, o homem. Na maioria dos casos, agentes. Primeiramente, executam, mais tarde,
entretanto, têm por único motivo o restabelecimento quando suas inteligências já houverem alcançado um
do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da Na- certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coi-
tureza. (LE, 536a) sas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do
mundo moral. Tudo serve, tudo se encadeia na Natu-
Deus não exerce ação direta sobre a matéria, encon- reza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que
trando agentes dedicados em todos os graus da esca- também começou por ser átomo. Admirável lei de
la dos mundos. Os Espíritos são encarregados de e- harmonia, que o nosso acanhado espírito ainda não
xercer certa influência sobre os elementos da Natu- pode apreender em seu conjunto! (LE, 540)
reza para os agitar, acalmar e dirigir. (LE, 536b)
Ocupações e Missões dos Espíritos
E destituída de fundamento e esta muito aquém da Os livros do Espírito André Luiz, psicografados por
verdade, a crença dos antigos que consideravam os Francisco Cândido Xavier, dão-nos algumas noções de
Espíritos como divindades, com atribuições especiais, como vivem os Espíritos no mundo dos desencarna-
sendo que uns eram encarregados dos ventos, outros dos. Quem no Nosso Lar, por exemplo, tem idéia de
dos raios, outros de presidir ao fenômeno da vegeta- como funcionam os ministérios espirituais, o umbral,
ção, etc. (LE, 537) as zonas purgatoriais, etc. Em Os Missionários da Luz,
Os Espíritos que presidem aos fenômenos geológicos pode-se ver a influência exercida pelos Espíritos no
não habitam precisamente a Terra. Presidem aos processo da reencarnação, a exemplo de Sigismundo.
fenômenos e os dirigem de acordo com as atribuições Pela leitura dos livros espíritas, notamos que os Espí-
que têm. Dia vira em que receberemos a explicação ritos estão situados em diversos graus de evolução:
de todos esses fenômenos e os compreenderemos os superiores têm a missão de auxiliar os menos de-
melhor. (LE , 537a) senvolvidos. Isso, porém, não nos exime de desem-
Os Espíritos que presidem aos fenômenos da Nature- penhar as nossas missões menores. Observe, por
za não são seres à parte na criação. São Espíritos que exemplo, o dever ou missão de um pai de família, em
foram encarnados como nos ou que o serão. (LE, 538) que a sua tarefa é educar os seus filhos para a vida
Reflitam sobre: encarnados como nós ou que serão. (veja em sociedade. Não importa o tipo de missão, pois
as referência bibliográficas) todas são uteis no âmbito do desenvolvimento geral.
Pergunta-se: o que seria do Presidente da Republica
Os Espíritos que presidem aos fenômenos da Nature-
sem o trabalho humilde dos varredores de rua?
za pertencem às ordens superiores ou as inferiores
da escala Espírita, conforme sejam mais ou menos Os Espíritos encarnados têm ocupações inerentes as
material, mais ou menos inteligente o papel que de- suas existências corpóreas. No estado de erraticida-
sempenhem. Uns mandam, outros executam; os que de, ou de desmaterialização, tais ocupações são ade-
executam coisas materiais são sempre de ordem quadas ao grau de adiantamento deles. Uns percor-
inferior, assim é entre os Espíritos, como entre os rem os mundos, se ocupam com o progresso, dirigin-
homens. (LE, 538a) do os acontecimentos e sugerindo idéias que lhes
sejam propicias. Assistem os homens de gênio que
A produção do fenômeno, das tempestades é obra de
concorrem para o adiantamento da Humanidade;
massas inumeráveis de Espíritos, que se reúnem para
outros encarnam com determinada missão de pro-
produzi-lo. (LE, 539)
gresso; outros tomam sob sua tutela os indivíduos, as
famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos quais
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

se constituem os anjos guardiões, os gênios proteto- Todas as inteligências concorrem, pois, para a obra
res e os Espíritos familiares. Os Espíritos vulgares se geral, qualquer que seja o grau atingido, e cada uma
imiscuem em nossas ocupações e diversões. Os impu- na medida de suas forcas, seja no estado de encarna-
ros ou imperfeitos aguardam, em sofrimentos e an- ção ou no espiritual. Por toda a parte há atividade,
gústias, o momento em que praza a Deus proporcio- pois tudo no Universo é movimento que instrui e
nar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal é coadjuva, em mutuo apoio, dando-se as mãos para a
pelo despeito de ainda não poderem gozar o bem. verdadeira prática da solidariedade.
Os Espíritos, além de cuidarem de seu melhoramento A Lei do Trabalho é para todos, inclusive para os Espí-
pessoal, concorrem para a harmonia do Universo, ritos puros. Esses têm como ocupação receberem as
executando a vontade de Deus, do qual são os minis- ordens diretamente de Deus, transmitindo-as a todo
tros. A vida Espírita é uma ocupação continua, mas o Universo e zelando por seu cumprimento.
nada tem de penosa como a da Terra, pois não esta
As missões para os Espíritos são definidas de confor-
sujeita a fadiga corpórea, nem as angustias da neces-
midade com o seu adiantamento e a conseqüente
sidade.
capacidade de executá-las, sempre tendo em vista a
Os Espíritos inferiores e imperfeitos também desem- oportunidade e o esforço que empregam para evolu-
penham função útil, embora, muitas vezes, não se ir, e frequentemente, o Espírito as pede e se toma
apercebam disso. feliz quando as obtém.
Os Espíritos devem percorrer todos os diferentes Kardec pergunta: Haverá Espíritos que se conservem
graus da escala evolutiva para se aperfeiçoarem. As- ociosos, que em coisa alguma útil se ocupem? (LE,
sim, todos devem habitar em toda parte e adquirir o 564)
conhecimento de todas as coisas. Mas há tempo para - “Há, mas esse estado é temporário e dependendo
tudo e dessa forma, a experiência e o aprendizado do desenvolvimento de suas inteligências. Há, certa-
pelos quais o Espírito esta passando hoje, um outro já mente, como há homens que só para si mesmos vi-
passou e outro ainda passará. vem. Pesa-lhes, porém, essa ociosidade e, cedo ou
tarde, o desejo de progredir lhes faz necessária a
Existem Espíritos que não se ocupam de coisa algu-
atividade e felizes se sentirão por poderem tornar-se
ma, conservam-se totalmente ociosos. Todavia, esse
úteis. Referimo-nos aos Espíritos que hão chegado ao
estado é temporário e cedo ou tarde o desejo de
ponto de terem consciência de si mesmos e do seu
progredir os impulsiona para uma atividade.
livre-arbítrio porquanto, em sua origem, todos são
Os Espíritos de maior envergadura são incumbidos de quais crianças que acabam de nascer e que obram
auxiliar o progresso da humanidade, dos povos e mais por instinto que por vontade expressa.”
indivíduos, dentro de um circulo de idéias mais ou
BIBLIOGRAFIA:
menos amplas, mais ou menos especiais e de velar KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, Cap. IX, Cap. X
pela execução de determinadas coisas. Alguns de- KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - cap. III
sempenham missões mais restritas e, de certo modo, KARDEC, Allan - Obras Póstumas - As Expiações Coletivas;
pessoais ou inteiramente locais, como assistir enfer- KARDEC, Allan - A Gênese, Cap. XI e Cap. XVI
KARDEC, Allan - O Céu e O Inferno - cap. II
mos, aflitos, velar por aqueles de quem se constituí- Bibliografia Complementar:
ram guias e protetores, orientá-los, dando-lhes con- DENIS, Léon - O Mundo Invisível e a Guerra, cap. VIII
selhos ou inspirando-lhes bons pensamentos. Pode-
se dizer que há tantos gêneros de missões quanto às Parte B - TEMPESTADE ACALMADA OU AMAI-
espécies de interesses a resguardar. NADA
Os Espíritos se ocupam com as coisas deste mundo
Jesus, após a multiplicação dos pães, foi conhecer
de acordo com o grau de evolução em que se encon-
outras populações e indo até Decápole, uma região
trem. Os superiores só se ocupam do que seja útil ao
composta de dez cidades independentes entre si, fez
progresso; já os inferiores se sentem ligados as coisas
a viagem atravessando de barca o lago de Genesaré,
materiais e delas se ocupam. As missões mais impor-
muito sujeito a tempestades. Os apóstolos acharam
tantes são confiadas somente aqueles que Deus julga
ótimo por terem assim a oportunidade de escapar da
capazes de as cumprir e incapazes de desfalecimento
multidão, que não ofereciam ao Mestre um minuto
ou comprometimento. Ao lado das grandes missões
de sossego.
confiadas aos Espíritos Superiores, há outras de im-
portância relativa em todos os graus, concedidas a Inicialmente tudo correu bem, os apóstolos remavam
Espíritos de todas as categorias. alegremente, enquanto Jesus aproveitava para re-
pousar um pouco. Subitamente um grande turbilhão
67

de vento se abateu sobre o lago, enchendo a barca forme suas obras, conforme seu esforço e interesse
de água. Aproximaram-se, então, do Mestre e o des- em progredir física e moralmente.
pertaram, dizendo: “Mestre, estamos perdidos!”
Leis Divinas, soberanas, imutáveis e perfeitas, gover-
Jesus levanta-se, repreende o vento e o tumulto das
nam a vida em todos os reinos. Esta justiça de Deus é
ondas, imediatamente sobrevindo a calmaria. Ele,
absoluta, e por isso mesmo, escapa as nossas mentes
então, disse-lhes: “Onde esta a vossa fé?” Os apósto-
relativas. Mas na proporção em que formos evoluin-
los cheios de temor e admiração perguntavam uns
do, alargaremos as nossas perspectivas mentais, para
aos outros: quem é este, que dá ordens ao vento e as
atingirmos a compreensão das coisas que hoje nos
ondas e estes o obedecem? (Lucas, cap. VII, v. 22 a 25)
escapam.
O fato de Jesus se encontrar dormindo tranquilamen-
te durante a tempestade comprova a sua superiori- E o amor de Deus por nos manifesta-se de varias
dade moral. formas, uma delas decorre do fato de nos trazer reve-
Não é de se estranhar ele ter ampla autoridade sobre lações periódicas. Na antiguidade mais remota, para
essas inteligências. Não podemos esquecer que o os homens, o Céu era ponto de interrogação, um
Divino Mestre é o Governador Planetário da Terra, mistério total... a princípio o termo DEUS não signifi-
pela vontade do Pai Criador. cava o “Senhor da Natureza”, mas todo ser existente
É evidente que Jesus não ordenou ao mar, nem aos fora das condições da humanidade, desprovido de
ventos, pois não teriam condições para compreender capacidade abstrativa, simples e ignorante das leis
as ordens divinas, mas dirigiu-se aos seres inteligen- que regiam o mundo, observava os fenômenos natu-
tes encarregados pelas manifestações da Natureza. rais com admiração, perplexidade e certa idolatria.
A Doutrina Espírita por meio de seus esclarecimentos, Com o decorrer dos fatos tivemos novas revelações,
comprova-nos que os fatos considerados milagres que são a sementeira do bem, a oportunidade de
nada são mais que resultados ou produtos das ações reformular a nós mesmos, um auxílio fundamental
dos Espíritos em nosso derredor trabalham sem ces- para que possamos, ao longo de nossas encarnações,
sar na execução das leis naturais. desenvolver todo esse potencial que trazemos no
BIBLIOGRAFIA íntimo. E, muitas vezes, sentimos a necessidade, de
SCHUTEL, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus uma forma muito natural, de nos elevarmos a cada
Novo Testamento - Lucas, cap. VII (V. 22-25)
etapa, somando, não só o conhecimento, mas tam-
bém posturas, atitudes, hábitos, que de tempos em
23ª Aula – “O DESPERTAR DA CONSCIÊN- tempos devem ser reformuladas.
CIA ESPÍRITA” Por entender que o homem é mais frágil do que per-
Allan Kardec, no comentário que faz ao item 191 de verso, a Inteligência Suprema do Universo revela-nos
“O Livro dos Espíritos”, ensina: “A vida dos Espíritos, a VERDADE, pouco a pouco, progressivamente, de
no seu conjunto, segue as mesmas fases da vida cor- acordo com a nossa possibilidade de compreensão,
pórea; passa gradativamente do estado de embrião revelando que a Sua Justiça é inseparável do seu A-
ao de infância, para chegar, por uma sucessão de mor.
períodos, ao estado de adulto, que é o da perfeição, As Revelações dos Espíritos convidam-nos, natural-
com a diferença de que nesta não existe o declínio mente, a ideais mais elevados, a propósitos mais
nem a decrepitude da vida corpórea”. É o processo edificantes.
de desenvolvimento do ser, o qual se iniciou nos pri-
E os ensinamentos de JESUS são aquilo que há de
mórdios da evolução... Foi um longo trabalho no
mais elevado e de mais profundo no campo do co-
tempo para o despertar de nossa consciência espiri-
nhecimento, para que o homem de todas as épocas,
tual.
de todas as partes da Terra possam promover o seu
Somos o resultado, o acumulo de experiências. Cada autoconhecimento, através da sua própria evolução,
qual vive, vê o mundo e suas facetas de modo diver- o seu crescimento individual espelhado naquilo que
so, segundo seu grau de entendimento. Ele ensinou.
A diversidade das religiões obedece ao fato de que na
Depois de Jesus o mundo não seria mais o mesmo, do
evolução, cada um de nos desenvolveu sua espiritua-
ponto de vista espiritual, mas a criatura humana ain-
lidade, também de modo diverso.
da com as suas resistências, com as suas defesas, iria
Os Espíritos partem da igualdade originária, passam ter dificuldades para assimilar e principalmente prati-
pelas desigualdades existenciais, e atingem finalmen- car tudo aquilo que Ele ensinou.
te a igualdade essencial. E, nesta caminhada evoluti-
A Natureza não dá saltos. Apesar de tudo que nos
va através dos milênios, a cada um será dado con-
vivenciamos ao longo destes dois milênios, ainda hoje
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO

temos dificuldades como consequência do atavismo, a perceber, com mais amplitude, os problemas que o
ou seja, continuamos presos aos arcabouços religio- cercam. Aguça-se-lhe a sensibilidade, intensifica-se-
sos de outras épocas em assimilar e admitir esta No- lhe a capacidade de amar. Converte-se lhe o coração
va Mensagem em nossos corações, desta forma não em profundo estuário espiritual, em que todas as
modificamos o nosso comportamento, geramos os dores humanas encontram eco.
conflitos individuais e coletivos que vivemos nos dias Por isso mesmo, acentuam-se-lhe os sofrimentos, de
atuais. vez que as suas aspirações não surpreendem qual-
quer sintonia nos planos inferiores em que ainda
Ha milênios, a mente humana gravita em derredor de
respira.
patrimônios efêmeros, quais sejam os da precária
posse material, atormentada por pesadelos carnais Desejaria o aprendiz acompanhar-se por todos aque-
de variadas espécies; guerras de todos os matizes les que ama, na caminhada para a vida superior, en-
consomem-lhe as forças; flagelos de múltiplas ex- tretanto, à medida que se adianta em conhecimentos
pressões situam lhe a existência em limitações afliti- e se sutiliza em sensações, reconhece quase sempre
vas e dolorosas. Com a morte do corpo, a alma não que os amados se fazem dele mais distantes.
atinge a liberação total. Além-túmulo, prossegue
O Mestre Nazareno já havia alertado: “Se alguém me
atenta as imagens que a ilusão lhe armou ao cami-
quiser seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz,
nho, escravizada a interesses inconfessáveis. Em ple-
e siga-mel” Segui-Lo é passar pela porta estreita,
na vida livre, guarda, ordinariamente, a posição da
exercendo a coragem, convivendo muitas vezes com
criatura que venda os olhos e marcha, impermeável e
a solidão, reconhecendo que temos necessidade ur-
cega, sob pesadas cargas a lhe dobrarem os ombros.
gente de renovar sentimentos, valores, ideais, pro-
Obstinados em disputar satisfações egoístas entre os
postas. Segui-Lo não nos livra de nossos compromis-
companheiros da carne e orientados pelas suas pai-
sos, perante a vida. Pelo contrário, seu convite é para
xões desvairadas, escravizados em seus pontos de
que nos esforcemos para viver seu Evangelho através
vistas pessoais e conduzidos por hábitos perniciosos,
de atitudes de união, fraternidade, paciência e per-
caminham a passos vacilantes, com a mente voltada
dão; no lar, no ambiente de trabalho, na comunida-
para experiências inferiores.
de, na escola, no núcleo religioso que freqüentamos.
Através da Terceira Revelação, o homem que amadu- Convida a viver no mundo, seguindo seu exemplo.
receu o raciocínio com as informações da Doutrina Somente Jesus pode proporcionar ao homem de to-
Espírita supera as fronteiras da inteligência comum e dos os tempos a possibilidade desta mudança, da
acorda, dentro de si mesmo, deslumbrado, perce- transformação de si mesmo e do mundo em que vive.
bendo que a vida é patrimônio da gota d’água, tanto
Quanto mais cede a favor do todo, mais é compensa-
quanto é a essência dos incomensuráveis sistemas
do pela Lei Divina que o enriquece de forca e alegria
siderais. Amadurecida a compreensão na maioridade
no grande silêncio. Reconhece que o Espírito foi cria-
mental, percebe o homem a sua própria pequenez, a
do para viver em comunhão com os semelhantes,
frente do Infinito.
que é a unidade de um todo em processo de aperfei-
Mas a Doutrina Espírita não se coloca como um tri- çoamento e que não pode fugir, sem dano, a coope-
bunal. E acima de tudo o processo libertador das ração, mas, a maneira da árvore no reino vegetal,
consciências, a fim de que a visão do homem alcance precisa crescer e auxiliar com eficiência para garantir
horizontes mais altos. Esta nova fé vem alargar-lhe a a estabilidade do campo e fazer-se respeitável.
senda para mais elevadas formas de evolução, sendo
E somente ai desperta e conquista a PAZ que resulta
a chave de luz para os ensinamentos do Cristo. Expli-
da consciência sem choque com o inconsciente, que a
ca o Evangelho não como um tratado de regras disci-
irriga de ideais superiores e a estimula as realizações
plinares, nascidas do capricho humano, mas como a
enobrecedoras.
salvadora mensagem de fraternidade e alegria, co-
O Espiritismo como um processo libertador de cons-
munhão e entendimento, abrangendo as leis mais
ciências, é uma questão de fundo e não de forma.
simples da vida. E a força do Cristianismo em ação
Apesar da evolução no campo do conhecimento ain-
para reerguer a alma humana e sublimar a vida. Pe-
da há uma forca irresistível que nos mantém cativos
cado e culpa são substituídos por responsabilidade!
ao passado, as lendas, as crendices, superstições e
E a esperança Espírita não repousa na fragilidade mitos.
humana, mas nas potencialidades do Espírito, que se Somos viajantes da eternidade e dentro de nos reside
atualizam no fogo das experiências existenciais. Em a consciência que somos seres espirituais em ascen-
contato com os ideais da Nova Revelação, o homem, são, no roteiro da harmonia e da perfeição. Sabemos
sentindo dilatar-se-lhe naturalmente a visão, começa que o progresso não vem pelo simples crer, mas aci-
69

ma de tudo pelo viver a nossa essência espiritual. O humilde e caridoso médico, com seus olhos verdes,
Romper é a meta! trazendo aos lábios seu efetivo sorriso bondoso, fixa-
Neste homem alarga-se a acústica da alma e, embora va aquela massa heterogênea de consulentes e, pers-
os sofrimentos que o afligem, é sobre ele que as Inte- crutando-lhes o mais intimo do ser, receitava a cada
ligências Superiores estão edificando os fundamentos um com os remédios adequados.
espirituais da Nova Humanidade, pois um futuro glo- Costumava dizer aos seus íntimos que, ali, aprendia
rioso de luz nos espera. todos os dias uma verdadeira pagina de geologia
BIBLIOGRAFIA: humana.
Kardec,Allan - O Livro Dos Espíritos Toda a crosta social estava ali representada e podia
Pires, J. Herculano - O Espírito e o Tempo ser estudada, tal como o geólogo estuda as estratifi-
Emmanuel - Roteiro, psicografado por Francisco Cândido Xavier. cações de um terreno multissecular.
Emmanuel- Fonte viva - Cap. 17, psicografado por Francisco
Cândido Xavier.
O seareiro Espírita olhava toda aquela gente com as
Angelis, Joanna de - Após a Tempestade, psicografado por Dival- lentes do amor.
do Pereira Franco. Sentia de cada um seus casos mais íntimos; lia-lhes os
Angelis, Joanna de - O despertar do Espírito, psicografado por pensamentos e sentimentos; traduzia-lhes a angústia,
Divaldo Pereira Franco. os problemas econômicos e morais.
Menezes, Bezerra de - Estudos Filosóficos.
E receitava pelo coração e pela mente. Pelo coração,
conselhos, vestidos de emoção e ternura, acordando
24ª. Aula – HOMENAGENS nos consulentes o cristão que dormia; pela mente,
Parte A - HOMENAGEM A BEZERRA DE MENE- homeopatia, água fluídica e passes. E finalizava pe-
ZES dindo que cada um tivesse as mãos, no lar, o grande
livro, O Evangelho Segundo o Espiritismo, que o lesse
Livro: “Lindos Casos de Bezerra de Meneses”, de com alma, com sinceridade e confiança no seu autor,
Ramiro Gama Nosso Senhor Jesus Cristo!
Quem foi o homem, quem é este espírito. E os resultados eram os mais promissores.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capitulo Cada doente deixava seu consultório, satisfeito, me-
XVII - Sede perfeitos, item 3, encontramos a melhor lhorado, pois que havia deixado lá dentro o seu peso,
definição para este nosso irmão: a sua tristeza, algo que o oprimia.
“O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a 33 - O Apostolado da Medicina
lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior Deixou para seus colegas o retrato do verdadeiro
pureza... Tem fé no futuro, razão por que coloca os médico, que deseja fazer da medicina um apostolado.
bens espirituais acima dos bens temporais”. - “Um médico não tem o direito de terminar uma
Bezerra de Menezes foi um homem de bem, em to- refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se
das as posições que ocupou, sempre agindo de con- é longe ou perto, quando um aflito lhe bate a porta.
formidade com os princípios da caridade e do amor O que não acode por estar com visita, por ter traba-
ao próximo. lhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite,
Caro aluno, para incentivá-lo a ler e estudar esse mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro;
maravilhoso livro, que trás algumas passagens da o que sobretudo pede um carro a quem não tem com
vida desse Espírito Missionário, vamos relatar apenas que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta
alguns casos contidos do livro referenciado. que procure outro, - esse não é médico, é negociante
da medicina, que trabalha para recolher capital e
Bezerra encarnado. juros dos gastos da formatura. Esse é um desgraçado,
30 - “Geologia Humana” que manda para outro o anjo da caridade que lhe
No consultório da Farmácia Cordeiro, de propriedade veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula
do seu grande amigo José Guilherme Cordeiro, Bezer- que podia saciar a sede de riqueza do seu espírito a,
ra realizou um trabalho do Senhor, que ate hoje ecoa única que jamais se perdera no vaivém da vida”.
na Espiritualidade. 44- O Louco e o Santo
Foi ali, entre as quatro paredes daquela sala humilde Bezerra de Menezes é sempre um nome pronunciado
e povoada por Espíritos superiores, que o auxiliavam e lembrado com gratidão e ternura, pois soube reali-
no seu caridoso afã de curar corpos e almas, que o zar na Terra a tarefa diferente, junto a Jesus, como
Kardec Brasileiro realizou a sua missão apostólica. médico, esposo, pai, irmão e homem público.
O consultório, depois do meio dia, enchia-se de gen- Seus colegas quando o viam passar cosendo-se, todo,
tes pobre e rica, tipos humildes de proletários e figu- as paredes das ruas, rumo a avenidas das lágrimas e
ras da alta sociedade.
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da miséria, furtando-se ao convívio dos orgulhosos e “Jesus, amantíssimo Advogado de nossas súplicas
sábios convencidos, taxavam-no de louco. junto a Deus Todo Poderoso, eu Te peço não que
Os seus discípulos, admiradores e beneficiados de deixe de sofrer mas para que meu pobre espírito
seu coração, que foram e são todos os que, de perto, aproveite bem todo o sofrimento e, por fim, eu te
lhe sentiram e sentem a luz da bondade, chamavam- peço pelos meus irmãos que ficam, por esses pobres
no de santo. amigos, doentes do corpo e da alma, que aqui vieram
Desejara ser o médico dos pobres e o foi. Desejara buscar no teu humilde servo uma migalha de confor-
ser um autêntico discípulo do Cristo e realizou inte- to e de amor. Assiste-os, por caridade, dá-lhes, a tua
gralmente o seu anseio maior. paz, a paz do Cordeiro de Deus que tira os pecados
do mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo! Louvado seja
45 - Sua prece a Deus
Teu Nome! Louvado seja o Nome de Jesus! Louvado
Sabia orar como ninguém.
seja Deus!”
Quando orava, fazia-o de alma genufletida.
E desencarnou!
Chorava e os que viam orando aprendiam a orar de
Apagara-se na Terra uma grande luz e apontara no
verdade e também choravam.
céu mais um foco de claridade.
Por isso, Suas preces curavam e curam, salvaram e
salvam, consolavam e consolam. 53 - Bezerra opera uma ferida gangrenada
Deus, a que se dirigia e dirige seus pedidos, atendia-o O garoto Walter ferira a perna com arame farpado e
e o atende sempre. nada dissera aos pais. Com o tempo, se agravou, com
É que Bezerra de Menezes lhe sabe falar na lingua- ameaça de gangrenar.
gem do coração e na música do pranto que ama! O médico considerou o caso gravíssimo e recomen-
Manuel Quintão dizia: dou, além dos medicamentos, que os pais recorres-
“Deus sempre fora, em toda a sua estrada pontilhada sem a Deus, pois temia algo pior.
em realizações, o fanal da consolação, o segredo do Os pais foram buscar a avó do menino, Mãe Ritinha
sacrifício para a eucaristia da fé...” que era médium. Ela sentiu a gravidade da situação e
em prece pediu a ajuda de Bezerra de Menezes para
47 - Dava algo de si mesmo.
operar seu neto.
Ao observarmos mais esta qualidade em Bezerra,
Foi dado um passe na criança e por longo tempo a
podemos notar que ele sempre cumpriu o contido no
médium ficou a pensar-lhe a ferida. Em pouco tempo,
Evangelho de Lucas, XXI: 1-4 - “O Óbolo da viúva” e
para surpresa dos presentes, um bisturi invisível ce-
viveu sempre sob o ensinamento do Apóstolo Paulo
surava (abria) a ferida, tirando-lhe os elementos in-
de Tarso, condito na Primeira Carta aos Coríntios: XIII,
fecciosos.
1-13
Bezerra recomendou repouso para o doente e que
Não se preocupava com o dinheiro. Era-lhe apenas
todos orassem e confiassem na misericórdia de Deus.
um meio e não um fim.
O médico ao fazer sua visita, se surpreendeu com a
Não dava também grande atenção às coisas materi-
melhora e ficou muito contente, pois também pro-
ais, como vemos.
fessava a doutrina Espírita.
Era ver um faminto, um sofredor a sua gente e lhe
Com o passar dos dias, a ferida foi fechando e a cica-
dava tudo o que tinha nos bolsos.
triz, revelando uma operação invisível..
E, quando, porventura, nada possuía de dinheiro,
dava algo de si, num abraço, num olhar, numa prece. 54 - O passe evitou o ataque de uremia.
Exercia a caridade desconhecida. Uma criança de um ano de idade tivera uma retenção
urinaria, que mesmo com remédios não resolvia o
80 - Os últimos momentos de Bezerra de Menezes
problema.
Nem no último momento de lucidez, ante a agonia de
O pais chamaram a médium Mãe Ritinha, que com
morte, esqueceu os pobres e doentes do corpo e da
palavras amorosas, procurou levantar o campo vibra-
alma.
tório dos pais e num clima de exaltação e fé, orou
...Bezerra, sentindo que se aproximava seus últimos
pedindo ao Espírito Bezerra que medicasse a criança.
momentos nesta vida, pediu que o ajudasse a levan-
Bezerra veio através da médium e deu um longo pas-
tar-se um pouco, e com a cabeça erguida, olhos vol-
se no doente e ainda sob ação do passe, a criança
tados para o alto, assim orou, baixinho e entre lágri-
urinou, evitando assim um esperado ataque de ure-
mas,deixando-nos suas últimas palavras como a lição
mia.
permanente da sua grandeza espiritual, de seu espíri-
to totalmente liberto dos vícios e ligado a causa de BIBLIOGRAFIA
Jesus; 1) Gama, Ramiro, “Lindos Casos de Bezerra de Menezes”
2) Novo Testamento, I Carta de Paulo aos Coríntios, XIII, 1-13
3) Novo Testamento, Lucas: XXI, 1-4
71

Na Segunda viagem, o emérito Codificador, observa


Parte B - HOMENAGEM A ALLAN KARDEC que suas previsões a respeito do numero de adeptos
se confirmam. Escolhe para viajar a mesma época,
LIVRO: “Viagem Espírita em 1862” desce nas cidades de Mâcon, e Sens Saint Etienne
No livro “Viagem Espírita de 1862”, cabe ressaltar as para abraçar novamente seus companheiros Espíri-
outras viagens de Kardec realizadas com amor, com- tas.
prometimento e seriedade.
Allan Kardec como Presidente da Sociedade Espírita, E precisamente no dia 19 de setembro de 1861, está
fora reeleito por quase unanimidade dando aos se- mais uma vez entre os seus conterrâneos. Como ha-
guidores todo apoio. via previsto, os grupos se multiplicaram. Ante os seus
olhos estavam representantes de Centros Espíritas de
As viagens que Allan Kardec realizou serviram para Guillotière em Perrache, em Croix Rousse, em Vaise,
divulgação do Espiritismo. e, Saint-Juste sem contar o grande numero de reuni-
O primeiro incentivador para realização das viagens ões familiares. Fica extremamente emocionado na
foi o Sr. Guillaume, que vendo, entre outros, as quali- cidade de Lyon traduz o triunfo da causa, pela qual da
dades exigidas ao predestinado. sua vida, mesmo com a ira deletéria de seus críticos
Em agosto de 1860, Kardec, deixa Paris envolta pela impotentes. O tema predileto de Kardec é a Caridade,
névoa seca do outono, parte sozinho. Nas vésperas se porém sabe que o despeito pode ser tão evidente
surpreende com o desenvolvimento do Espiritismo quanto a Bondade.
em sua cidade natal, Lyon. Um operário emociona profundamente discursando
A caminho passou pelas cidades de Sens, Mâcon e com admiráveis palavras: “Viemos de longe e subi-
Saint Etienne Em 19 de setembro de 1860, é recebido mos a altura de Saint Juste com um calor extenuante.
no Centro Espírita de Broteaux, único existente, pelo Trouxemos conosco as nossas ferramentas de traba-
Sr. Dijou senhor distinto, operário chefe de oficinas e lho, juntamente com pão e queijo. Queríamos parti-
sua esposa. Este é o fato histórico, pois se trata do lhá-lo convosco, um verdadeiro ágape, ou seja, (ban-
primeiro encontro de dirigentes espíritas. O Sr. Dijou quete) oferecido com simplicidade antiga e o coração
é o responsável do grupo Lionês. A mão do emérito sincero...”.
missionário aperta as mãos calosas e ásperas do O emérito missionário nunca menosprezou os opo-
companheiro a quem chama de irmão. O coração de nentes. Pelo jornal GAZETTE DE LYON um jornalista
Kardec se rejubila. O milagre a que tantas vezes fizera Sr. C.M. publica um artigo onde chama aos Espíritas,
menção. Sempre com arrebatamento e orgulho, o alucinados que romperam com todas as crenças reli-
grande feito que compete à doutrina Espírita realizar giosas de seu tempo e de seu país. A resposta de
consolida-se com a mensagem de Erasto companhei- Kardec é serena: “O Espiritismo não e uma seita polí-
ro de Paulo de Tarso o maior divulgador do Cristia- tica, como não é uma seita religiosa. É a constatação
nismo. ERASTO EM SUA SUBLIME EPÍSTOLA DIRIGI- de um fato, uma doutrina moral, e a moral esta em
DAA COMUNIDADE LIONESA ENCONTRA PALAVRAS todas as religiões, em todos os tempos, em todos os
PARA DESCREVER A EMOÇÃO DO NOSSO NOBRE CO- países. A moral que ensina é boa ou ma? E subversi-
DIFICADOR E DIZ O SEGUINTE: “NÃO PODEIS IMAGI- va? Estudem-na e saberão do que se trata. Todavia,
NAR QUANTO NOS É DOCE E AGRADÁVEL PRESIDIR desde que é a moral do Evangelho desenvolvida,
AO VOSSO BANQUETE, ONDE O RICO E O OPERÁRIO condená-la será condenar o Evangelho”
SE ABRAÇAM, BEBENDO A FRATERNIDADE”.
A evidente diminuição dos médiuns de efeitos físicos
Kardec dirige-se a tribuna singela do Centro Espírita a medida que se multiplicam o número de médiuns
de Broteaux, pelo futuro afora será lembrado como o de comunicações inteligentes. Os médiuns iletrados
local onde fora aceso a pira do amor. Ali é aceso o são numerosos psicografam sem terem aprendido a
fogo sagrado que empunharão através dos séculos, escrever.
todos aqueles que se compromissaram, mesmo ao
preço de injurias, suor e lágrimas a divulgar as glórias Esta viagem, também, ficou marcada pelo Auto de Fé
do Espiritismo pela bênção da PALAVRA. de Barcelona, em 09 de outubro de 1861 ,onde cerca
de trezentas publicações Espíritas foram queimadas
Kardec escreve na Revista Espírita suas impressões da em praça pública.
viagem.
A viagem de 1862 sem sobra de duvida é a mais im-
“Eu bem sabia que em Lyon os adeptos eram de portante e a mais extensa a ser feita e se alongara até
grande número, porém estava longe de suspeitar que Bordeaux. Atende o convite subscrito por 500 assina-
fosse tão considerável, pois se contam por centenas turas. Percorre a mais de vinte cidades diferentes,
e, breve espero serão incontáveis”. das quais presidiu a cerca de cinqüenta reuniões.
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Preparou com o seu zelo habitual o material de sua Kardec prossegue em seu discurso de forma calorosa
oratória todo o seu legado é fruto de experiência e veemente, conclamando a comunidade Espírita a
pessoal e a sua voz apesar dos anos é cheia de ener- seguir, de forma assombrosa e destemida, os ensi-
gia. namentos de Jesus, que preceituam, acima de tudo, o
perdão das ofensas; a caridade sem distinção; a in-
Em seu primeiro discurso aos Espíritas de Lyon e Bor-
dulgência para com as faltas alheias, lembrando
deaux. Apresenta um fato até a pouco desconhecido,
sempre da máxima cristão, do fazer aos outros aquilo
entre os adeptos do Espiritismo, os mediúnicos.
que quereríamos que nos fizessem.
DISCURSO
Enfatiza que nos, conhecedores que somos dos ensi-
I - Kardec faz nesta primeira parte do discurso, uma
nos dos Espíritos Superiores, temos condições de
análise metódica de como se comportam aqueles que
melhor avaliar a encarnação presente visando um
se dizem Espíritas. Como agem em relação a ele e a
futuro melhor, a nos próprios, aqueles a quem ama-
Doutrina. Dos ataques pessoais que sofreu e da sua
mos e aqueles que por nos não se afeiçoaram.
atitude serena e de plena confiança naqueles que
são, de fato, Espíritas (fls. 45/63). INSTRUÇÕES PARTICULARES DADAS AOS GRUPOS
EM RESPOSTA A ALGUMAS DAS QUESTÕES PRO-
II - Nesta parte do discurso, Kardec fala sobre a pri-
POSTAS
mazia filosófica que o Espiritismo tem, não só sobre o
I - O nobre codificador, não por excesso de zelo, mas
materialismo, mas sobre todas as demais correntes
por cuidar que os adeptos do Espiritismo estejam
pensantes. Sobre o encantamento que as pessoas
sempre vigilantes, principalmente no que se refere
sentem quando encontram no Espiritismo consola-
aqueles que por várias maneiras tentaram destruir a
ção, esperança, justiça divina e racionalidade juntos,
vertiginosa ascendência dos postulados Espíritas,
em detrimento do vazio oferecido pela crença no
mostra-se incansável em sua luta pela pureza, pela
nada absoluto, chegando ate mesmo a enumerar
singeleza dos procedimentos na prática doutrinaria.
esses aspectos.
Os agressores declarados já não mais se valem de
III - A antítese: maneirismos conhecidos. Agora agem de forma insi-
Egoísmo .......... Exaltação da personalidade, do “eu” nuante manipulando pessoas ingênuas que até se
Caridade ......... Sublimação da personalidade dizem Espíritas, para depois disso, se prevalecerem
Aqui Kardec discorre sobre o sentido amplo da cari- dos resultados.
dade. Ressalta que a fraternidade, o fazer aos outros Algumas pessoas por possuírem mediunidade prati-
aquilo que gostariam que lhe fizessem, é o diferenci- cam necromancia, leitura de sorte. São os charlatães
al; e o caminho para a evolução da humanidade. Ob- e politiqueiros que tentam lançar cinzas sobre o no-
serva a falha na base de alguns sistemas sociais quem me da Doutrina. Outros ainda pretendem realizar
pensam no desenvolvimento do Homem ignorando o sessões mediúnicas assistidas por espíritos zombetei-
aspecto espiritual da existência. Destaca ainda outra ros, aproveitadores e pseudo-sábios, sendo que o
vez sobre a sublime missão do Espiritismo como sen- resultado por certo, é o fiasco. Esses e o egoísmo são
do um norteador moral que ira regenerar a humani- os escolhos a serem vencidos e que tentam, ainda,
dade, fazendo pelas massas o que hoje faz pelo indi- embaçar o brilho da Doutrina.
víduo.
II - Perguntaram-lhe sobre a possibilidade se criar
A rígida moral apregoada pela Doutrina, faz com que uma senha para se reconhecerem entre si os Espíri-
inúmeras, senão a grande maioria das pessoas, não tas, Kardec descartou de pronto essa hipótese, pois
abracem a crença por notar o grande esforço que que não há fundamento para tal.
devem fazer para superar seus vícios e paixões, fra-
III - Perguntaram-lhe também, sobre a possibilidade
quezas e, principalmente, o egoísmo. Um trecho que
de o Espiritismo degenerar em superstição nas clas-
merece destaque todo particular é quando ele nos
ses pouco esclarecidas por falta de compreensão em
fala que a Doutrina é uma luz intensa. Tal um espelho
sua essência. Ao que o Codificador tranqüiliza a co-
que nos é oferecido e quando a pessoa nele se vê
munidade comparando o uso que as pessoas fazem
refletida, apedreja aquele que lho ofereceu. Ele enfa-
dos cinco sentidos que possuem, e colhe um depoi-
tiza “... tal acontece hoje” , em 1862. E nos dizemos:
mento emocionante de um homem simples e traba-
tal acontece hoje.
lhador que dizia até bem pouco tempo que em nada
A transformação do Ser é inevitável e, por via de con- absolutamente acreditava, sequer em Deus. Mas,
sequência, a Terra como um todo se transformara, segundo esse mesmo homem, após conhecer e estu-
selecionando assim, os Espíritos que aqui habitarão. dar o Espiritismo transformou-se radicalmente, e
73

para isso argumentava que podiam até colher depo- infância, como o era na época de Moisés, trazia maus
imento dos que o conhecia pessoalmente. costumes advindos quando da sua servidão no Egito.
Então ao líder não restou outra alternativa senão
IV - Se o Espiritismo faz tanto bem as pessoas, por
cortar, literalmente, o mal pela raiz, proibindo a co-
que então tem tantos inimigos? Kardec ao ser questi-
municação com os supostos mortos. Eles o faziam
onado sobre a tenacidade dos inimigos da Doutrina,
com o intuito de saberem a sorte, o futuro. Há que se
que já naquela época mostravam-se incansáveis,
respeitar os que estão na outra dimensão da vida. E
deixou fluir seu verbo iluminado e nos disse que
assim, o codificador não afasta de todo o posiciona-
quanto mais séria e inovadora é uma tese, mais anta-
mento de Moisés.
gonista encontrara. Falou de forma lúdica da Doutri-
na que começou com as mesas girantes que eram IX - Falsos profetas e falsos Cristos. Não há nas fileiras
atração e brincadeira da sociedade parisiense, após Espíritas quem se tenha propagado profeta ou mes-
poucos anos mostrou-se inteira dizendo a que veio, e mo que palidamente, Cristo. As obras que são feitas
isso colocou em estado de alerta essa mesma socie- pelos servidores, são feitas em nome de Jesus, e os
dade, que era materialista e acomodada por tradição resultados a própria Doutrina nos diz que fazem par-
e que não pretendia ter seus valores alterados pelo te das Leis naturais. Com certeza deve haver alguém
que eles julgavam de tão pouco valor e essência. que diga de si para consigo que possa de ser um pro-
feta. Mas onde as virtudes que atraem os bons espíri-
V - Se o Espiritismo pudesse ser simbolizado pela
tos?
figura de um soldado, Kardec, muito provavelmente,
o veria com o peito coberto de medalhas. Assim fez X e Xl - Sobre a formação de grupos e sociedades
ele esta analogia ao comparar a trajetória pontilhada Espíritas e o uso de práticas exteriores de cultos nos
de inimigos e obstáculos tais que, vencedor que foi e grupos. Com estes itens Kardec encerra sua exposi-
que é, a Doutrina engrandeceu-se ao passo que, se ção aos fraternais amigos que visitou. Kardec explica
passassem os anos, sem que ninguém lhe notasse, de forma bastante clara os procedimentos para se
não teria o mérito que hoje possui. Os ataques, as formar grupos de estudos e práticas doutrinárias.
agressões sofridas, serviram tão somente para lançar Sempre alertando para os cuidados que se deve ter,
holofotes, direcionando assim a atenção das pessoas considerando que o Espiritismo abraça todos os cre-
para que buscassem a real propositura daquele que dos. Não fazendo restrição aos comparecimentos das
era atacado. mulheres e dos jovens, o Codificador já possuía a
visão futurista do desenvolvimento da Doutrina atra-
VI - Publicações indevidas em nome da Doutrina.
vés dos tempos.
Neste aspecto, Kardec é ainda mais incisivo. Concita a
comunidade a estar especialmente vigilante quanto CONCLUSÃO
às publicações que são feitas em nome da Doutrina. As três viagens realizadas por nosso inesquecível
Ainda que pareçam corroborar, é preciso que se te- missionário em 1860, 1861 e 1862 tiveram como
nha em conta os aspectos estritamente fundamenta- objetivo auxiliar os seguidores da Doutrina Espírita
dos na Doutrina. Médiuns incautos assistidos por com suas preciosas orientações tais como: não existir
espíritos pseudo-sábios dão luz a livros que, na reali- a necessidade das práticas exteriores, não aprovação
dade, não condizem com o embasamento sério da de cobrança por trabalhos mediúnicos, não faz restri-
Codificação. ções comparecimentos das mulheres, dos jovens
mesmo porque seria uma ingratidão para com aque-
VII - Este item do discurso nos reporta a um trecho do
les fiéis colaboradores da Codificação, quanto a edu-
Evangelho em que lançaram dúvida sobre as ações de
cação das crianças fica despreocupado por perceber
Jesus quando curou certa pessoa. Disseram: quem ele
nelas uma tranqüilidade e felicidade por não mais
pensa que é? Tem demônio Ao que ele respondeu: -
temerem o Diabo e nem o Inferno. O futuro da Dou-
um reino que combata a si mesmo não sobrevive.
trina estava consolidado.
Assim também com o que diziam sobre os feitos da
Doutrina. Murmuravam entre dentes que o que o As cartas que Kardec recebeu foram o testemunho da
Espiritismo fazia era por obra do maligno. Kardec grande missão reservada ao Espiritismo de trazer luz,
muito sabiamente fala sobre isso, nos recordando esperança, fortaleza e fraternidade as pessoas.
sobre os atributos, sobre a justiça Divina. Quando há
Kardec considerou suas viagens, principalmente a de
a manifestação de um espírito, seja ele iluminado ou
1862, extremamente proveitosa, onde pode consta-
sofredor ainda nas sombras, é e Sempre será pela
tar o vicejar das sementes vigorosas da Boa Nova.
misericórdia divina que será ouvido e assistido.
VIII - Qual a interpretação sobre a proibição de Moi-
sés em se invocar os mortos? A humanidade em sua

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