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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
5ª CÂMARA CÍVEL - PROJUDI
RUA MAUÁ, 920 - ALTO DA GLORIA - Curitiba/PR - CEP: 80.030-901
CONFLITO PROCEDENTE.
Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
RELATÓRIO
Selma Alves Vilas Boas e Odair da Silva ajuizaram a ação de rescisão contratual, restituição de quantia paga e
perdas e danos contra Ecoingá Ltda., Milton Carlos Brito Júnior e Paulo Eduardo Avanço dos Reis. Os autores
celebraram um contrato de promessa de compra e venda, em 25 de abril de 2014, para a aquisição de um lote
Defendem: a) a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, Decreto Lei nº 58/37 e Lei nº 6.766/79; b) a
desconsideração da pessoa dos sócios; c) a rescisão do contrato por culpa da ré, que violou princípios básicos
do CDC, como a falta de informação adequada e clara sobre o produto; d) a indevida atualização das parcelas;
e) a exigência de cobrança de taxa de administração de seguro; f) a não entrega da infraestrutura na forma e
prazo estabelecidos no contrato.; g) a não aplicação da Tabela Price; h) a cobrança indevida de juros na forma
capitalizada; i) cobrança de juros sem expressa convenção; j) a garantia de alienação fiduciária do imóvel, sem
anuência dos autores; k) falta de boa-fé contratual.
Defendem, ainda: a) a aplicação de cláusula penal, com a condenação dos réus nas perdas e danos; b) o
reconhecimento e declaração de nulidade de cláusulas contratuais; c) a devolução da quantia paga, acrescida
de juros e correção monetária; d) a retenção razoável de 10% sobre o valor pago; e) devolução dos gastos com
a rescisão e IPTU; f) pagamento de reparação por danos morais. Pugna pela averbação da presente demanda
na matrícula do imóvel, com a total procedência dos pedidos.
O MM Juiz a quo, Dr. Fábio Bergamin Capela, deferiu o pedido de averbação e determinou a inversão do
ônus da prova (PROVA 7.1).
O MM Juiz a quo, Dr. Fábio Bergamin Capela, ACOLHEU a preliminar de incompetência territorial,
PROJUDI - Recurso: 0028160-70.2017.8.16.0017 - Ref. mov. 19.1 - Assinado digitalmente por Nilson Mizuta:1983
24/04/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Nilson Mizuta - 5ª Câmara Cível)
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determinando a remessa dos autos ao Juízo Cível da Comarca de Sarandi/PR (PROVA 70.1).
Recebidos os autos, o MM Juiz de Direito da Comarca de Sarandi, Dr. Márcio Augusto Matias Perroni,
suscitou o conflito de competência, com fundamento no Código de Defesa do Consumidor (PROJUDI 83.1).
A presente dúvida foi suscitada pelo MM Juiz da Comarca de Sarandi/PR, Dr.Márcio Augusto Matias Perroni,
na ação de rescisão contratual, restituição de quantia paga e perdas e danos contra Ecoingá Ltda. e outros, para
a resolução do contrato de promessa de compra e venda, celebrado em 25 de abril de 2014, para a aquisição de
um lote de terras no empreendimento denominado ECOVALLEY, nº 07, Quadra nº 29, com área de 302,09m²,
registrado na Matrícula nº 19.843, localizado na cidade de Sarandi/PR.
Os autores ajuizaram a demanda perante o Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Maringá,
distribuído à 5ª Vara Cível.
Durante o trâmite do feito, o MM Juiz a quo, Dr. Fábio Bergamin Capela, ACOLHEU a preliminar de
incompetência territorial, determinando a remessa dos autos ao Juízo Cível da do Foro Regional da Comarca
de Sarandi/PR, por causa da situação do imóvel, que se encontra localizado na cidade de Sarandi/PR (PROVA
70.1).
O MM Juiz suscitante, porém, fundamenta que, tratando-se de ação de rescisão contratual, de natureza
pessoal, a competência para processar e julgar o feito é o do foro do domicílio do consumidor,
independentemente da situação do imóvel.
A demanda está amparada em direito pessoal, considerando que a causa de pedir em análise decorre da relação
obrigacional que vincula as partes, o contrato de promessa de compra e venda de imóvel.
Note-se, ainda, que a relação é típica de consumo, conforme previsto nos artigos 2º e 3º, ambos do Código de
Defesa do Consumidor. Os autores são consumidores, pois adquiriram o imóvel na condição de destinatários
finais da empresa da empresa ré, que comercializou o empreendimento imobiliário. O contrato também é
típico contrato de adesão, conforme instrumento (PROJUDI 1.11 a 1.13), já que as condições vêm
pré-estabelecidas, havendo a assinatura no final do contrato.
A presença de cláusulas por adesão e o poder econômico da construtora e incorporadora permitem aferir a
posição vulnerável dos contratantes, que se subsumem às condições impostas na avença, em uma típica
PROJUDI - Recurso: 0028160-70.2017.8.16.0017 - Ref. mov. 19.1 - Assinado digitalmente por Nilson Mizuta:1983
24/04/2019: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Nilson Mizuta - 5ª Câmara Cível)
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relação de consumo. No presente caso, o MM Juiz da Comarca de Maringá deferiu o pedido de inversão do
ônus probatório, não deixando dúvidas sobre a aplicação das regras consumeristas ao caso.
Ademais, ressalte-se que os contratantes e autores da demanda residem na rua Aurélio Quaglia, nº 89, Jardim
Monte Rei, CEP:87.083-660, na cidade de Maringá, Estado do Paraná. Assim, a mudança de competência para
a Comarca de Sarandi acarretaria dificuldade de acesso ao Poder Judiciário e, por consequência, prejuízo à
defesa dos direitos do consumidor.
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que este terá para acompanhar o processo. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito
da 1ª Vara da Comarca de Itararé/SP, o suscitado”(CC 41.728/PR, Rel. Ministro FERNANDO
GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/05/2005, DJ 18/05/2005, p. 158).
23 de abril de 2019