Você está na página 1de 11

DISCIPLINA:MÓDULO DE DIREITO PROCESSUAL (NCPC)

PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO


MATÉRIA: PROCESSO CIVIL

Indicações de bibliográficas:

Leis e artigos importantes:


 CPC 73
 NCPC

Palavras-chave:
 Mediação e Conciliação. Princípios da Mediação e da Conciliação. Ação. Condições da
Ação e Pressupostos Processuais. Elementos da Ação. Pedidos. Competência.
Competência Territorial. Modificação de Competência. Conexão. Continência.
Litispendência.

TEMA: NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO

O NCPC prevê alguns princípios da conciliação e da mediação.


Princípios Consagrados no NCPC
 Princípio da Independência
Ideia de que se tenha um conciliador e um mediador com uma atuação sem pressões internas e
externas.
Pressões internas são aquelas pressoes exercidas pelas próprias partes envolvidas no conflito.
Pressões externas são aquelas oriundas do meio externo, que possam influenciar na atividade do
mediador ou do conciliador.
 Princípio da Imparcialidade
Princípio também voltado para a figura dos conciliadores e dos mediadores. Eles não podem
buscar favorecer uma das partes do conflito em detrimento da outra.
O próprio NCPC se adianta, quando se trata da imparcialidade, que essa imparcialidade não
significa inércia. Um conciliador ou mediador inerte não poderá contribuir com a forma consensual
de resolução de conflitos. O conciliador e mediador devem adotar técnicas negociais para
proporcionar, propiciar, para criar um ambiente favorável a solução consensual.
O conciliador e o mediador são instigadores. Chamam as partes para esclarecerem os conflitos.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


A imparcialidade nada tem haver com a atuação. A imparcialidade diz respeito a vedação daquela
atuação já voltada para o benefício de um e prejuízo de outra.
A imparcialidade do juiz não estará comprometida se o juiz for um juiz atuante, preocupado com a
qualidade da prestação jurisdicional. O juiz ativo e participavo não viola a imparcialidade. A
imparcialidade remete ao fato de haver preferencias ou preconceitos prévios com relação às
partes.
 Princípio da Autonomia da Vontade
Princípio mais voltado às partes que se envolvem em uma mediação e conciliação. Ideia de
afastar eventuais vícios de consentimento (erro, coação, dolo). Necessidade de uma vontade livre
e sem nenhum tipo de vício de consentimento.
 Princípio da Confidencialidade
“O que se faz em Vegas, fica em Vegas”. Ideia de que as tratativas frustradas não constam do
termo que será elaborado na audiência de conciliação e mediação. Tudo aquilo que as partes
falam para se tentar chegar a uma solução consensual não será reduzido a termo. As partes tem
a liberdade total, possibilidade de fazer qualquer tipo de declaração. Liberdade quase que
absoluta das partes para se expressar.
O mediador e o conciliador são impedidos de testemunhar no processo a respeito do que
aconteceu na audiência.
Obs.: se houver uma expressa deliberação das partes, a confidencialidade pode ser afastada. Se
as partes concordarem, a confidencialidade pode ser excepcionada. Pode se ter uma proposta
rejeitada constando do termo de audiência.
Obs2.: Resolução 125/2010, CNJ: a confidencialidade também seria excepcionada quando
houvesse uma i. violação à ordem pública ou ii. uma violação as leis vigentes. Nestas duas
hipóteses, poderia se dar publicidade ao que aconteceu na audiência de conciliação e mediação.
 Princípio da Oralidade
A tentativa de conciliação e mediação é naturalmente oral. Deformaliza e agiliza a forma de se
conseguir resolver o conflito.
 Princípio da Informalidade
A informalidade pode ser analisada sobre dois aspectos distintos: i. deixar as partes mais à
vontade (a formalidade é opressora, principalmente para os sujeitos que não são acostumadas);
ii. mediador e conciliador possuem a liberdade de adaptar a forma às exigências do caso concreto
(ninguém melhor do que o conciliador e o mediador no caso concreto para saber qual formalidade
deve ou não ser seguida)
 Princípio da Decisão Informada

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


Segundo este princípio, cabe ao mediador e ao conciliador manter o jurisdicionado plenamente
informado ao seus seus direitos e ao contexto fático em que está inserido.
Estes direitos não são necessariamente o direito material que está sendo discutido. Devemos
lembrar que o conciliador e o mediador não precisam ser advogados. Ou seja, eles não precisam
ter formação jurídica.
Explica bem a situação fática e explica bem o que está sendo discutido em termos de direito. Isto
é suficiente para caracterizar o princípio da decisão informada.

Outros Princípios (previstos na Resolução 125 CNJ)


 Princípio da Normalização do Conflito
Este princípio constava no projeto do NCPC, mas acabou saindo nas versões finais. Ideia da
solução da lide sociológica. Ou seja, é buscar pacificação social. E pacificação social significa o
apaziguamento dos ânimos. O mediador e o conciliador devem estar preocupados em resolver o
conflito no aspecto jurídico mas também no aspecto fático. E isto somente se consegue pelo
apaziguamento dos animos.
 Princípio do empoderamento
Na verdade é um escopo educacional da conciliação e da mediação. É usar a conciliação e
mediação para ensinar as partes a melhor resolverem seus conflitos futuros. É ensinar as partes a
resolverem de uma maneira mais adequada os seus conflitos futuros. Percebam, estamos em um
processo. O processo já começou. Quem sabe as partes aprendam com a conciliação e a
mediação que nem tudo precisa ser resolvido no P.J. Tem-se um aprendizado de melhor resolver
os seus conflitos futuros.
 Princípio da Validação
O princípio da validação estimula as partes a se perceberem reciprocamente como seres
humanos merecedores de atenção e de respeito. É tentar por meio da conciliacao e da mediação
convencer as partes que é possível ter uma outra opinião. Que as opiniões conflitantes são
merecedoras de atenção e respeito. A conciliação e mediação também servem, como um escopo
social, que as partes passem a reconhecer e respeitar as opiniões divergentes.

1. Ação
1.1 Condições da Ação
Com a construção do Liebman, trabalhamos com pressupostos processuais e condições da ação.
Ambos são entendidos, latu sensu, como condições para o julgamento de mérito.
Se precisa ter os pressupostos processuais e as condições da ação para finalmente se chegar ao
julgamento de mérito.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


Para se chegar ao mérito, se precisa passar pelos pressupostos processuais e pelas condições
da ação.
O CPC 73 consagram três condições da ação: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e
a legitimidade. Esta consagração no CPC 73 se deu em razão de estudos sobre o tema do
Henrique Tulio Liebman, italiano que teve inflencia efetiva na formação do CPC 73.
Posteriormente, Liebman passou a reduzir as condições de ação para duas: interesse de agir e
legitimidade. A possibilidade juridica do pedido poderia ser entendida como uma das formas de
interesse de agir.
No art. 487, VI, NCPC deixa de existir a possibilidade juridica do pedido como condição da ação.
A falta de interesse de agir e a falta de legitimidade levam a uma sentneça terminativa.
O NCPC não traz mais consagradas as expressões “condições da ação” e nem “carência de
ação”. Isto fez com que surgisse uma doutrina (Fredie Didier, Leonardo Cunha) que acreditam
que as condições da ação não existem mais. As condições da ação não existem mais como
fenomeno processual autonomo. Não é que deixou de existir, até porque a propria lei prevê no art.
487, VI, NCPC. O que acontece é que o interesse de agir teria se transformado em pressuposto
processual e a legitimidade extraordinária também teria se transformado em pressuposto
processual e a legitimidade ordinária teria passado a ser matéria de mérito. Haveria uma nova
qualificação processual do interesse de agir e da legitimidade. Agora se teria de um lado
pressupostos processuais (que levam a sentença terminativa) e o mérito (que levam a uma
sentença extintiva).
Interesse de agir: pressuposto processual.
Legitimidade Extraordinária: pressuposto processual.
Legitimidade Ordinária: pressuposto de mérito.
Por outro lado, Alexandre Freitas Camara acredita que as condições da ação estão mantidas. O
que houve foi uma diminuição delas. Segundo ele condições de ação não podem se confundir
com pressupostos processuais. As condições de ação dependem de uma análise à luz da relação
de direito processual. Para se descobrir se falta ou não falta o interesse de agir, deverá olhar a
relação juridica de direito material. Os pressupostos processuais não precisam nunca passar pela
análise de mérito.
Quando houver a extinção do processo por sentença terminativa, haverá duas regras no NCPC:
1- A repropositura da ação passa a depender do saneamento do vício.
Poderá se repropor a demanda que foi extinta por sentença terminativa, mas somente após o
saneamento do vício.
Já é uma defesa doutrinária existente hoje, mas que fica agora consagrada em lei. Se pode
repropor a ação, mas deve sanear o vício antes.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


Para a corrente liderada por Didier, não cabe a repropositura de ação extinta por causa da
legitimidade ordinária, tendo em vista que haverá uma sentença de mérito e não uma sentneça
terminativa. Para se sanear o vício da legitimidade ordinária, deve-se mudar as partes. Para se
mudar as partes, se terá uma nova ação. E não haverá uma repropositura.
2- O NCPC prevê para este tipo de situação (sentença que envolva a legitimidade ordinária)
o cabimento de ação rescisória.
A discussão de o interesse de agir e a legitimidade extraordinária ser pressuposto processual ou
condição da ação não tem diferenciação prática. Tudo será terminativo. Na prática, pouca coisa
muda. Em vez de se pautar no art. 487, VI, vai se pautar no art. 487, IV, NCPC.
O que traz consequencias práticas é a discussão acerca da legitimidade ordinária. Porque ou se
terá a extinção do processo por sentença terminativa (se for vista como condição da ação) ou por
sentença de mérito (se for vista como defesa de mérito).
Com as novidades do NCPC o que seria a grande diferença desaparece. Pois, o NCPC determina
que quando envolver a legitimidade ordinária não se caberá a repropositura, mas o ajuizamento
de ação rescisória. Como caberia se a decisão fosse de mérito. Na prática não muda nada.
Chamar a legitimidade ordinária de mérito ou de condição da ação não muda nada. A
consequencia será sempre a ação rescisória.

1.2 Elementos da Ação


São elementos da ação: partes, pedido e causa de pedir.
Com relação as partes, não há novidade. O legislador anterior e o atual não conceituam o que é
parte, deixando este encargo para a doutrina.
Com relação ao pedido, há três novidades.
1) O art. 286, caput, CPC 73 fala que o pedido deve ser certo OU determinado. Na verdade, o
pedido deve ser certo E determinado. A utilização do OU sempre foi razão para severas
críticas, porque o OU dá ideia de que sejam requisitos alternativos. Sempre se entendeu
que a certeza e que a determinação do pedido são requisitos cumulativos. O NCPC alterou
este erro histórico. Na prática, todo mundo já sabe que onde está escrito OU é lido como E.
2) Pedido de dano moral. O STJ pacificou o entendimento que o pedido do dano moral é
pedido genérico. Ou seja, o STJ admite que o autor não indique o valor pretendido de
indenização por dano moral. Pedido genérico é pedido iliquido, pedido indeterminado. O
STJ não proibe o autor de fazer esta indicação, mas o autor está liberado de tal
quantificação. No entanto, o NCPC exige expressamente que o pedido de dano moral seja
determinado. Haverá então um onus do autor de indicar o valor a ser recebido a título de
dano moral.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


3) Cumulação de pedidos. Continua basicamente como é hoje. Tem-se uma previsão no CPC
73 que será mantida no NCPC. Se quiser cumular pedido de diferentes procedimentos,
pode-se fazer desde que se cumule no procedimento ordinário (em tese seria um
impeditivo, pois a identidade procedimental é um dos requisitos para a cumulação dos
pedidos). Problema: os procedimentos especiais tem aplicação cogente. Ou seja, não
depende da vontade das partes. A parte não escolhe seguir ou não um procedimento
especial. Não é dispostivo, é procedimento cogente. Ou seja, não da para cumular um
pedido de procedimento especial e um pedido de procedimento ordinário no procedimento
ordinário. Agora isto somente se refere aos procedimentos especiais genuínos. Ainda se
tem que tomar cuidado com os procedimentos especiais falsos, porque estes falsos
procedimentos especiais podem ter seus pedidos cumulados com pedidos que seguem o
rito ordinário no rito ordinário.
Procedimento especial falso: são procedimentos que tem uma peculiaridade procedimental
no início mas depois viram ordinários.
Daniel Assumpção acha que o NCPC levou isso em consideração, porque no momento em
que ele fala desta regra diz que pode haver cumulação “desde que o autor opte pelo
procedimento comum e for este adequado a pretensão”. Se o rito ordinário for adequado a
pretensão que seguiria o procedimento especial, pode haver a cumulação. Caso contrário,
não.

2. Competência
2.1 Competência Territorial
 Nas ações de inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposições de última
vontade e ações que tenham o espólio como réu, o NCPC prevê uma regra específica de
competência. O NCPC vai incluir neste dispositivo também as ações de impugnação ou a
anulação de partilha extrajudicial.
Como funciona a competência territorial neste caso? Primeiro é o domicílio do autor da herança. É
assim no CPC 73 e continua a ser assim no NCPC. Se o autor da herança não tiver domicílio
certo, será o foro do local do imóvel deixado pelo autor da herança. Se tiver mais de um imóvel,
se terá foros concorrentes. Se não tiver imovel, será o local do óbito.
1- Domicílio do autor da herança
2- Local do imóvel (+ de 1: foros concorrentes)
3- Local do óbito.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


Problema: se o autor não tem domicilio certo e não tem imovel, mas deixou outros bens e faleceu
em um local onde ele estava passando férias por exemplo (local que ele não possui vinculo
algum).
O NCPC substitui esta regra do local do óbito e substitui pelo local em que o autor da herança
tenha deixado qualquer bem, que não o imovel.
3-local em que o autor deixou qualquer outro bem.

 União
O NCPC adequa os artigos processuais para os artigos que determinam o mesmo tema na CRFB.
Arts. 109, §§1º e 2º, CRFB. O CPC 73, no art. 99, distoa da previsão da Const.
O NCPC copiou o art. 109, §§1º e 2º da CRFB.
Se a União for autora da ação, utiliza-se regra geral de domicílio do réu.
Se a União for Ré, há foros concorrentes, escolhidos pelo autor:
1- Domicílio do autor
2- Local da coisa
3- Local do ato ou fato (em demandas derivadas do ato ou fato)
4- Distrito Federal.
Há uma pseudo inovação.
O NCPC utiliza desta mesma regra utilizada para a UF para também os Estados e o Distrito
Federal. Para os Estados, o quarto foro concorrente será a comarca da capital e não o DF.
Consequencia prática imediata: quando se tiver o Estado como Réu e o autor residir em outro
Estado, poderá o autor escolher o local do seu domicílio. Assim, pode-se demandar um Estado da
Federação em outro Estado. Ex.: Estado do RJ no polo passivo e o autor reside em SP ou em
MA. O Autor poderá litigar em seu próprio domicílio.

 Separação, Divórcio, Conversão da Separação em Divórcio, Anulação de Casamento +


Ação de Reconhecimento e/ou dissolução de União Estável.
No CPC 73 prevê a competência no domicílio da mulher. A CRFB equiparou o marido e a mulher
em termos de direitos e obrigações, mas esta regra prevaleceu.
O NCPC cria regras absolutamente inovadoras. O NCPC criou foros subsidiários, para Daniel
Assumpção. Não são foros concorrentes, porque não é uma escolha livre do autor.
1- Se tiver no casamento filho incapaz, a competencia será do foro do domicílio do guardião
do incapaz. Ou seja, quem tiver a guarda do filho.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


Obs.: se tiver filho incapaz e tiver guarda compartilhada, não se aplicará esta regra do
domicílio do guardião, porque o guardião será tanto o marido quanto a esposa. Na hipotese
de guarda compartilhada, cai-se nas outras hipóteses subsidiárias.
2- Se não tem filho ou o filho é capaz, a competência será do último domicílio do casal. Esteja
nele o marido ou a mulher. Ideia de prestigiar quem fica.
3- Nenhum dos dois conjuges está no ultimo domicílio do casal. Utiliza-se a regra geral:
domicílio do réu.
Nem neste caso, nem subsidiariamente, continua-se a ter a previsão do domicílio da
mulher.

 Diferença sutil em uma hipótese.


CPC73: competencia do local da agencia, filial ou sucursal quanto as obrigações que ela contraiu.
Não se precisa ir até a sede da empresa para litigar contra ela.
NCPC: a competencia do local em que se encontra a agencia, filial ou sucursal quanto as
obrigacoes que a pessoa juridica contraiu. Perde-se a correlação.
Ex.: A obrigação foi contraida pela sucursal de Porto Alegre, mas esta empresa tem sucursal
tambem em Cuiabá. Pode-se litigar em Cuiabá também. O NCPC não vincula mais a competencia
ao local em que a obrigação foi contraida. Se a pessoa juridica contraiu uma obrigacao em
qualquer lugar e se ela tiver em qualquer outro lugar uma agencia, uma sucursal ou uma filial,
este lugar tambem será competente.

 Competência da residência do idoso


Competencia para as causas que versarem sobre os direitos previstos no Estatuto do Idoso será
da competência do idoso. Refere-se para as ações individuais, mas é uma regra de competencia
relativa.
Obs.: no art. 80 do Estatuto do Idoso já se tem uma regra desta – de competencia absoluta.
Apesar de uma tentativa doutrinária de dar uma interpretação mais diferenciada, esta regra que
preve a competencia absoluta no foro da residencia do idoso, é uma regra exclusiva de tutela
coletiva. Ideia de que esta regra não se aplica a tutela individual.

 Nova regra de competencia polêmica


Esta ultima novidade promete polêmica. Passa a ser competente o lugar da sede da serventia
notarial ou de registro na ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício.
Qual a polêmica?

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


O problema desta novidade é que o STJ já consagrou o entendimento de que a atividade notarial
é regida pelo CDC. Ai vai nascer o problema de que se ela é uma relação consumerista, há uma
regra de competencia. Art. 101, I, CDC: competencia do domicilio do consumidor. A vítima do ato
ilícito é consumidor, real ou por equiparação, do serviço prestado.
O NCPC passa a prever que a competencia é do domicilio do réu, que é a serventia do registro.
O CPC não pode modificar a natureza da relação juridica do direito material. Este artigo do NCPC
nasceria morto.

2.2 Intervenção de ente federal em processo em tramite na Justiça Estadual


O processo está em tramite na Justiça Estadual. Eis que a União ou Empresa Pública, ou
Autarquia ou Fudação ou Conselho de Fiscalização de atividade profissional (todos federais)
pedem para ingressar no processo. São terceiros que fazem um pedido de intervenção. E ai?
A Súmula 150 do STJ: remessa imediata do procesos para a Justiça Federal. Parte-se da ideia de
que a Justiça Federal é o foro que tem competencia para decidir este pedido. O juizo estadual não
tem competencia para decidir desta intervenção. Se a JF acolher o pedido de intervenção, o
processo continua na propria JF, por aplicação ao art. 109, CRFB. Se a JF rejeitar o pedido de
intervenção, não haverá motivo para o processo continuar na JF e e voltará a tramitar na JE.
O que faz o NCPC? O NCPC ao prever esta regra, cria também exceções. Estas exceções
criadas pelo NCPC buscam compatibilizar o texto com a CRFB (em seu art. 109).
Não acontecerá esta remessa na ação de recuperação judicial, na ação de falência, na ação de
insolvência civil e na ação de acidente do trabalho, porque nestas quatro ações, mesmo com a
presença do ente federal, são de competencia da justiça estadual. Mesmo que os entes federais
sejam admitidos e tornem-se partes no processo, o processo continuará sendo de competencia
da justiça estadual.
Além disto, preve a exclusão da justiça eleitoral e do trabalho, pela mesma razão. Se a demanda
é pela matéria da eleitoral ou do trabalho, mesmo que haja ente federal, a competencia não passa
a ser da justiça federal, mas da justiça eleitoral e na justiça do trabalho.

Regra: remessa imediata para a Justiça Federal.


Admitida a intervenção: processo tramita na JF.
Não admitida a intervenção: processo volta a tramitar na JE.
Exceções: 1- ação de recuperação judicial, na ação de falência, na ação de insolvência civil e na
ação de acidente do trabalho; 2- ações que envolvam matérias eleitorais e trabalhistas.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


Problema: há duas outras hipoteses em que haverá o pedido de intervenção dos entes federais e
que o processo não será encaminhado à JF. O legislador ao prever a regra e as exceções,
deveria ter previsto todas as exceções.
Outras exceções:
1- Competência por delegação. Art. 109, §§3º e 4º, CRFB
A competência é da JF naquele processo, mas o processo tramita na JE em primeiro grau. Trata-
se de uma competencia delegada. O processo tá em tramite na JE não se tem que encaminhar
para a JF, porque a competencia em primeiro grau continuará sendo da JE. O pedido de
intervenção será decidido pela propria JE que estará atuando com competencia delegada da JF.
2- Art. 5º, Lei 9.469/97: intervenção do ente federal por interesse meramente economico.
Neste caso, a exemplo desta primeira hipotese, a competencia da JF somente passará a existir
quando houver interposição de recurso.

2.3 Modificação de Competência (conexão e continência)


O conceito de ambas continuam o mesmo. Os conceitos que existem nos arts. 103 e 104 do CPC
73 estão mantidos.
Bem como os efeitos. Efeitos: reunião das ações perante o juizo prevento (art. 105, CPC 73).
Novidades do NCPC: com relação aos efeitos.
1- Passa a ser possível a reunião de ações não conexas. Desde que exista risco de prolação
de decisões conflitantes ou contraditórias.
Hoje os tribunais fazem uma ginástica, um exercicio de elasticidade conceitual, porque pegam o
conceito de conexão e expandem ao máximo, exclusivamente para concluir que é caso de
reunião de demandas, mesmo sabendo que não é hipotese de conexão. Força-se a barra porque
é interessante a reunião em termos de segurança jurídica e isonomia, porque há um risco de
decisões contraditórias e conflitantes. Ao se reunir no juizo prevento, este risco desaparece.
Agora, mesmo que elas não sejam conexas, caberá a reunião das ações.
Obs1.: a ação de execução e a ação de conhecimento que tenham como fundamento a mesma
obrigação serão julgadas conjuntamente. Hoje reconhece-se a conexão neste caso, quando na
verdade não há conexão nos termos da lei (porque a causa de pedir e o pedido serão diferentes),
mas haverá risco de decisões conflitantes e contraditórias.
Ex.: ação declaratória de inexistência de débito e execução de Certidão de Dívida Ativa pela
Fazenda Pública.
Obs2.: ações de execução com fundamento no mesmo título executivo.
Obs3.: o NCPC consagra expressamente o entendimento da símula 235, STJ: se uma demanda
conexa já tiver sido sentenciada não haverá reunião.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção


2- Litispendência
Irá se definir quem é o juizo prevento (juizo da primeira propositura)
O CPC de 73 tem duas regras: art. 106 (primeiro despacho do “cite-se”- ações da mesma
competência territorial) e art. 219, caput (1ª citação válida – ações de competencias territoriais
distintas).
NCPC: momento do 1º registro ou 1ª distribuição. A ação que foi proposta pela primeira vez vai
gerar a prevenção.
O NCPC acaba com a divergência de regras. Passa-se a ter uma regra única: momento da
propositura, pelo 1º registro ou pela 1ª distribuição. O 1º registro é a certificação do Poder
Judiciário de que o autor entrou com a petição inicial. Cria-se uma regra que não depende do
juizo da prevenção- mandar citar o réu depende de um ato do juizo; citar depende do juizo e do
procedimento para citação, ou seja carteiro, oficial de justiça, etc.

Litispendencia: mesmas partes, mesma causa de pedir e o pedido de uma ação que contem (por
ser mais amplo) o pedido de outra. Se terá sempre a ação continente (pedido mais amplo) e a
ação contida (pedido mais limitado).
Se o juizo prevento for da ação continente (pedido mais amplo), a ação contida será extinta.
Se o juizo prevento for da ação contida (pedido mais limitado), haverá a reunião dos processos.
Obs.: cuidado: a ação contida não será sempre extinta! A questão da extinção depende de quem
é o juizo prevento: se o juizo prevento for da ação contida, haverá reunião das ações contida e
contingente; se o juizo prevento for da ação contingente, a ação contida será extinta.

Matéria: Processo Civil – Prof: Daniel Assumpção

Você também pode gostar