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Tiragem: 33074 Pág: 6

País: Portugal Cores: Cor

Period.: Diária Área: 25,70 x 31,00 cm²

ID: 62498400 02-01-2016 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 4

FRANCIS G. MAYER/CORBIS. QUADRO DE 1527 QUE RETRATA THOMAS MORE


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A obra canónica de Thomas More foi “... É fácil confessar que muitíssi-
mas coisas há na terra da Utopia que
Redigida em latim, a Utopia, es-
creveu José de Pina Martins no es-
“não-lugar” —, a capital — Amauroto,
“cidade sem habitantes” —, o rio —
publicada em 1516. Não foi o primeiro gostaria de ver implantadas nas nos-
sas cidades, em toda a verdade e não
tudo introdutório à edição da obra
de More da Fundação Calouste Gul-
Anidro, “rio sem água” — e o príncipe
— Adamos, “chefe sem povo”.
apenas em expectativa.” Estas são benkian (2006), é “um escrito fun- “Todo este jogo é agravado pelo
texto sobre um ideal utópico, mas as últimas palavras de Thomas More damental do humanismo”. “O ser facto de o próprio nome do viajan-
na sua Utopia, ditas depois de Rafael humano encontra-se no centro do te utópico, Rafael Hitlodeu, conter
inaugurou uma tradição de obras Hitlodeu, o navegador que alegada- mundo e está nas suas mãos decidir também uma contradição: se, por
mente conheceu a ilha da Utopia, o seu destino”, explica Fátima Vieira. um lado, Rafael nos lembra o arcan-
publicadas à luz de uma génese terminar o seu relato e elogiar a es- “Não poderia nunca ter sido escrita jo Rafael, portador da ‘cura divina’,
trutura da ilha. A ideia é clara: More na Idade Média, quando se acredita- por outro lado a etimologia grega de
comum: a proposta de projectos simpatiza com alguns dos princípios va que o destino havia sido já decidi- ‘Hitlodeu’ aponta para o facto de ele
da sociedade utopiana, mas não a vê do por Deus.” A obra é escrita num ser um ‘perito em bagatelas’”, diz Fá-
alternativos para a sociedade. como um modelo a concretizar de tempo novo, em que o homem eu- tima Vieira. Em Utopia, esclarece, há
forma exacta. ropeu encabeça os Descobrimentos, constantes contradições. Mas como
O PÚBLICO inicia uma série especial “A intenção de More é não apre-
sentar as ideias de Hitlodeu e a so-
que revelam povos desconhecidos,
ideias e costumes diferentes, novas
interpretá-las? “Todas estas contra-
dições remetem a ilha da Utopia pa-
sobre velhas e novas utopias ciedade utopiana como modelares,
esperando que o leitor seja capaz de
possibilidades. É de Portugal, um dos
países protagonistas dessas viagens
ra o plano das ideias, para o plano
meramente teórico, e era isso que
um exercício de reflexão crítica so- intercontinentais, que vem a perso- More pretendia”, explica Fátima
bre os aspectos positivos e negativos nagem central da obra — o navegador Vieira, que preside à Utopian Studies
dessa sociedade”, diz Fátima Vieira, Rafael Hitlodeu, que dá a conhecer a Society/Europe, associação interdis-

500 anos
professora da Faculdade de Letras da ilha da Utopia. A obra, classifica Pina ciplinar dedicada a estudos sobre o
Universidade do Porto especializada Martins, é um texto “do humanismo pensamento utópico, que está a pre-
em estudos sobre a utopia. renascentista”. parar várias iniciativas para assinalar
No ano em que se assinalam 500 Mas a obra é também reflexo de os 500 anos da obra de More.
anos da sua publicação, a Utopia con- um contexto de acentuadas desi- É justamente no livro II que a ino-
tinua a ser lida, discutida e analisada, gualdades sociais, em que direitos vação de More é visível — e acentua-
e encontra-se em qualquer biblioteca e liberdades estavam longe de ser se quando nos apercebemos de

depois,
como clássico da literatura. E a sua uma garantia. E, assim, Utopia — que que vários princípios da sociedade
mensagem, dizem os especialistas, é “obviamente uma obra de ficção, utopiana, que continuamos a ambi-
continua a fazer sentido hoje: existem mas com um grande contributo para cionar, não são ainda realidade em
alternativas ao que está instituído. o pensamento filosófico”, diz Fátima muitos pontos do globo.
“É um texto de grande amplitude, Vieira — desenvolve-se em dois livros: A sociedade utopiana é “uma de-
de abertura, de descoberta de cami- o primeiro traça um olhar crítico so- mocracia, visto que são os cidadãos
nhos, que até àquela altura não ha- bre a época e o segundo dá a conhe- que elegem os seus representantes”,

o sentido
via na cultura europeia”, diz Manuel cer a ilha visitada por Rafael Hitlodeu. diz Paulo Tunhas, professor de fi-
Frias Martins, professor de Cultura losofia da Faculdade de Letras da
Renascentista da Faculdade de Letras A modernidade da obra Universidade do Porto. “Mas é uma
da Universidade de Lisboa. Uma so- A Utopia é uma obra marcada pela democracia que tem componentes
ciedade em que nada é de ninguém realidade, mas também pela ficção. totalitárias. É, indiscutivelmente, um
— tudo é de todos. Em que o bem co- O primeiro livro trata da realidade — sistema fechado”, como evidenciam

de Utopia
mum é mais precioso do que o bem More faz um retrato crítico da Ingla- alguns princípios: “Não se pode, por
individual. Em que a guerra é abomi- terra (e da Europa) do ponto de vista exemplo, sair de uma zona do terri-
nada e a caça é tida como loucura. social, político, económico e religio- tório para outra sem autorização.”
Em que o ouro e outros metais ditos so. “É um olhar de alguém que sofre Numa época de monarquias, a ilha
preciosos não têm valor. Em que um com aquele que sofre, um olhar so- da Utopia tem um sistema político
dia de trabalho tem seis horas, uma bre aquele que tem de roubar porque baseado na vontade do povo. “É uma
noite de sono tem oito e o resto do tem fome. More critica as estruturas nova forma de fazer política, em que
tempo é ocupado por cada um como do Estado exactamente porque aca- todos os cidadãos podem participar”,

não se
entender. Assim é na ilha da Utopia, bam por promover o roubo e, em vez explica Mónica Dias, do Instituto de
objecto central da obra homónima de castigar, deviam de facto reorgani- Estudos Políticos da Universidade
de Thomas More publicada em 1516, zar a própria sociedade de maneira a Católica Portuguesa (UCP). Para que
antítese da sociedade europeia do evitar que houvesse pobres e fome”, isso seja possível, More “apresenta o
século XVI. elucida Manuel Frias Martins. Para o ideal educativo — o acesso de todos
More nasceu em 1477 (ou 1478, académico, More é, assim, “um dos à educação é uma das facetas mais
segundo alguns historiadores), em grandes humanistas que anunciam importantes da ilha”.
Londres. Foi advogado, chanceler de a modernidade”. A obra de More tem, além disso,

perdeu
Henrique VIII e fez parte da Câmara O livro II é integralmente dedicado um importante papel na área do Di-
dos Comuns. Em 1515, baseado em A à ilha da Utopia, à sua organização reito. “Há uma ideia de Estado de
República de Platão, começa a planear e aos seus princípios. É, segundo direito marcada — as pessoas não
a redacção da Utopia. Depois de uma Fátima Vieira, “perfeita ficção”, de- são condenadas pela arbitrarieda-
visita a Londres do seu amigo Eras- nunciada pelo próprio navegador de e pela vontade de um príncipe,
mo, autor de Elogio da Loucura, More que, tal como a ilha, é imaginário. há leis conhecidas e respeitadas por
envia-lhe o texto terminado. Erasmo, Outros indícios, como os nomes e a todos”, nota Mónica Dias.
alegadamente sem o autor saber, en- sua etimologia, contribuem para essa O autor inglês não esquece tam-

Beatriz Dias Coelho (texto) trega o texto ao impressor Thierry


Martens de Lovaina, que o publica.
mesma ideia: a ilha — Utopia, neolo-
gismo criado por More que significa
bém a religião e dedica-lhe um capí-
tulo. Na ilha da Utopia há liberdade
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religiosa (ainda que existam algumas sentando uma forte crítica social e se”, surgem as utopias marxistas. tar uma utopia como objectivo final
crenças obrigatórias, como a imorta- mostrando que havia um caminho Entre elas, a professora destaca No- significa eliminar diferenças dentro
lidade da alma) — “isto é a aceitação alternativo, os reformistas sociais tícias de Lugar Nenhum (1890), do da própria utopia e eliminar diferen-
da diferença, é a modernidade”, ad- do século XIX olharam para a sua britânico William Morris, em que ças só se faz através da repressão da
voga Frias Martins. Mas para o pro- sociedade e propuseram reformas “a revolução, abolindo todas as for- diferença — que, neste contexto, é
fessor da Faculdade de Letras da Uni- sociais”. Foi o caso de Robert Owen, mas de propriedade privada, liberta exactamente o contrário da utopia.
versidade de Lisboa, a modernidade reformista britânico considerado um o indivíduo para uma forma de vida Se isso acontecer, estamos perante
de Thomas More relaciona-se princi- dos rostos do socialismo utópico e mais solidária”. tragédias que envolvem a morte de
palmente com a ideia de “identificar que, entre outras medidas, propôs A partir da ideia de utopia surgi- milhões de pessoas.”
a propriedade privada como o cerne melhorias para as condições de tra- ram variantes, como a distopia. O Paulo Tunhas acredita que “a asso-
das desigualdades sociais”, diz. É por balho. “Thomas More nunca foi um século XX ficou precisamente mar- ciação entre utopias e sistemas totali-
isso que o autor cria na sua Utopia revolucionário [como Marx e Engels], cado por distopias, entre as quais se tários desfez o impulso utópico” e de-
uma sociedade em que a proprieda- foi um reformista. Não escreveu um destacam várias obras dos britânicos fende que a palavra “utopia” é, hoje,
de privada não existe. “O Iluminismo manifesto, mas uma obra literária.” H. G. Wells, Aldous Huxley e George “utilizada num sentido muito vago”.
do século XIX vai beber à Utopia mui- More destina ainda um capítulo à Orwell e do russo Ievgueny Zamya- “Hoje em dia reivindica-se a utopia, o
tos dos seus ideais e sobretudo o mo- guerra, considerada pelos utopianos tin. Nas décadas de 60 e 70 houve, direito à utopia, como se a utopia fos-
do como vai ler os males sociais. Vai como “bestial”. Homens e mulheres porém, “um revivalismo utópico de se uma coisa fácil, digamos assim.”
propor correcções dos males sociais estão preparados para combater, feição feminista e ecologista”, nota Fátima Vieira considera que já pas-
em termos de reorganização política caso seja necessário, mas na ilha da Fátima Vieira. Foi nessa conjuntura sou o tempo “dos grandes planos pa-
da sociedade.” Utopia a guerra é sempre encarada que surgiram obras como Ecotopia ra a transformação do mundo, como
Como Fátima Vieira observa, du- como uma medida de último recur- (1975) de Ernest Callenbach ou Wo- os que foram oferecidos no século
rante muito tempo pensou-se que so. “Esta ideia de paz, por oposição man on the Edge of Time (1976) de XIX”. Ainda assim, “o desejo de mu-
More propôs a abolição da proprie- à guerra, é uma ideia que começa Marge Piercy. dança continua”, diz. A especialista
dade privada, “e por isso foi muitas no final da Idade Média e avança no A especialista em estudos sobre em estudos sobre a utopia destaca as
vezes descrito como um protocomu- Renascimento. O humanismo é-lhe utopia esclarece, no entanto, que as leituras do sociólogo francês Michel
nista”, mas a académica defende que muito sensível. O século XVI é o sécu- distopias não são necessariamente Maffesoli, que defende que existem
não se pode olhar para Rafael Hitlo- lo das guerras religiosas e, portanto, utopias renascentistas e, já no século pessimistas, uma vez que não são hoje utopias intersticiais: “As utopias
deu como um porta-voz de More. a questão da paz acaba por ser um XVII, em 1624, Nova Atlântida, do bri- antónimas das utopias. “A percep- não existem como grandes planos,
“Essa ideia da ausência de proprie- elemento central de quem se interes- tânico Francis Bacon, aparece como ção que temos da distopia mudará mas existem como pequenos planos,
dade privada de que Rafael Hitlodeu sa por pensar o seu tempo. A questão a primeira utopia científica, em que se a entendermos como um aviso — em micro-utopias que vão sendo re-
fala ao descrever a ilha da Utopia, da guerra é, de facto, a questão da “a base do progresso da sociedade é a ideia de que aquele é um caminho alizadas. Quase não se dá por elas,
não é necessariamente uma proposta paz, ou seja, a valorização da paz e assegurada por avanços científicos”, que não devemos seguir — que ainda mas vão efectivamente contribuindo
defendida por Thomas More”, diz. “A a crença de que a guerra é um de- afirma a professora da Faculdade vamos a tempo de ouvir.” para alterar o mundo.” Fala ainda do
ideia de olhar para o livro e associar- siderato anti-humano, anti-social e de Letras da Universidade do Porto. Fátima Vieira nota que, nos últi- filósofo francês Gilles Lipovetsky, que
se ao pensamento comunista é típica antibem comum”, explica Manuel Hoje, Nova Atlântida é “considera- mos anos, várias obras têm aponta- acredita, por sua vez, que nos nossos
do século XIX e do século XX, mas Frias Martins. da fundadora de um género literário do “para uma redefinição da utopia dias são comuns as “utopias indivi-
é errada porque se está a confundir As convicções religiosas de More muito próximo do utópico: a ficção literária”, entre as quais Utopia III duais, decorrentes da consciência de
a ideia de utopia — a ideia de pensar viriam a ser o motivo da sua morte. científica”. (2006) do português José de Pina que a transformação colectiva pode-
uma alternativa — com as idealiza- Em 1531, o rei inglês Henrique VIII, No século XVIII, a presidente do Martins, Inglaterra, Uma Fábula rá decorrer da acção de indivíduos
ções dessa utopia.” que queria casar-se com Ana Bolena, ramo europeu da Utopian Studies So- (1999) do argentino Leopoldo Brizue- comuns, formando redes”.
Mónica Dias defende que não é proclama-se chefe supremo da Igreja, ciety destaca As Viagens de Gulliver, la ou A Ilha da Mão Esquerda (1995) Quanto ao sentido da utopia, a es-
possível ver um paralelismo directo depois de o Papa Clemente VII lhe ne- do irlandês Jonathan Swift, publica- do francês Alexandre Jardin. “Estas pecialista não tem dúvidas: “A utopia
entre o princípio de abolição da pro- gar o divórcio de Catarina de Aragão. da em 1726. “São paradigmáticas de obras são meta-utópicas, isto é, são é hoje vista como uma estratégia de
priedade privada expresso em Utopia More, que não reconhece Henrique uma atitude cínica em relação à ideia exercícios de reflexão sobre o pensa- pensamento prospectivo e holístico.
e o princípio teorizado no socialismo VIII como chefe da Igreja e se opõe ao de possibilidade de aperfeiçoamento mento utópico, e buscam revalidar a Na verdade, o raciocínio utópico par-
que surge apenas no século XIX, num divórcio, é condenado à morte por do ser humano e dos modos de orga- utopia como estratégia para a cons- te do entendimento de que as socie-
contexto filosófico, económico e so- traição. É decapitado em 1535 e a sua nização em sociedade — é um bom trução do futuro. Cada uma revisita dades funcionam como sistemas e
cial muito diferente. “Os socialistas cabeça exposta na Torre de Londres. exemplo de uma utopia satírica.” uma obra utópica e actualiza-a para que, por isso, cada vez que for alte-
não vão, aliás, buscar essa ideia a Mo- Mas nesse século houve também “um os nossos dias. O que sai valorizado rado um dos aspectos desse sistema
re, vão sim a Platão, em A República, Utopias para além da Utopia movimento mais positivo, informado dessas obras é a utopia enquanto (por exemplo, o económico), todos
e a outros filósofos”, advoga. A do- Apesar de não ser o primeiro texto pela visão iluminista do ser humano, estratégia, considerada válida hoje os outros aspectos serão afectados.”
cente do Instituto de Estudos Políti- sobre um ideal utópico, Utopia viria e que se estende pelo século XIX”. como ontem para a imaginação de Fátima Vieira remete para um vídeo
cos da UCP rejeita comparações entre a inaugurar uma tradição de obras “No século XVIII encontramos um formas de organização alternativa publicado no YouTube, no qual o
o socialismo científico enunciado por que foram, depois, publicadas à luz conjunto de utopias que, na lógica do da sociedade.” escritor uruguaio Eduardo Galeano
Marx e Engels e o texto de Thomas de uma génese comum: a proposta pensamento iluminista, nos falam de descreve “a forma exemplar como
More. “O socialismo científico do sé- de projectos alternativos para a socie- um futuro de felicidade. São, nessa O lugar das utopias o realizador de cinema argentino
culo XIX, de Karl Marx e Friedrich dade. Para se proteger, Thomas More medida, ‘eucronias’. Memoirs of Pla- Hoje, importa perceber qual é o Fernando Birri terá explicado para
Engels, aponta para uma sociedade escreveu de maneira a que fosse sem- netes (1795), de Thomas Northmore, lugar e o sentido de Utopia e das que serve a utopia: a utopia é algo
perfeita num fim da História — onde pre “Rafael Hitlodeu a fazer a apolo- é um bom exemplo de uma utopia utopias em geral. Manuel Frias Mar- que colocamos no nosso horizonte,
a utopia já não seria necessária — e gia dessa ordem alternativa”, diz Fáti- que vê o futuro como forçosamente tins acredita que as utopias existem damos dez passos e ela afasta-se dez
por isso apela a algo mais drástico, ma Vieira, assinalando que “o género melhor do que o presente.” “para serem perseguidas” e que de- passos, damos mais dez passos e ela
uma revolução — uma alteração total literário utópico, em virtude desta As utopias do século XIX apostam vem ser concretizadas “em alguns afasta-se outros dez. Mas é para isso
do sistema social —, que não é o que estratégia narrativa, permite a críti- na educação — “confiava-se que a so- dos seus ideais”, mas alerta para os mesmo que ela serve — para nos fa-
More queria”, afirma Mónica Dias. ca e a passagem de uma mensagem ciedade melhor surgiria como reflexo seus perigos: “Costumo dizer que, zer caminhar”. Editado por Isabel
“Podemos dizer é que, da mesma subversiva, tendo por isso conhecido de um indivíduo melhor”, esclarece se alguma vez uma utopia se reali- Salema
maneira que Thomas More olhou pa- grande pujança ao longo destes cinco Fátima Vieira. É neste século que, no zar, realiza-se sempre como tragédia.
ra a sua sociedade, viu que havia de- séculos, em tempos de opressão”. contexto da Revolução Industrial e Porque a utopia não é realizável, por Amanhã: Novas (e velhas)
sigualdades e escreveu Utopia apre- À obra de More seguiram-se outras da “agudização do conflito de clas- isso é que é uma utopia. Implemen- utopias da humanidade
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