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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) JUIZ(A) PRESIDENTE DA VARA DO

TRABALHO DE CAMPO MOURÃO-PR

SUPERMERCADO RENDE BEM LTDA, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº. 123.456.789/0001-7, estabelecida
à Av. Capitão Índio Bandeira, nº. 1400, Centro, Campo Mourão-PR, CEP:
87.000-000, vem através de sua procuradora, infra assinada, com fundamento
nos arts. 847 da CLT e 300 do CPC, apresentar CONTESTAÇÃO da
reclamatória trabalhista, proposta por JOSAFÁ DE MELLO, protocolada sob o
nº. 00200/2014, pelas razões e fundamentos a seguir aduzidos:

I – DA PRESCRIÇÃO

O reclamante alega que trabalhou na empresa reclamada


pelo período de 02/02/2008 a 03/01/2014, na função de vendedor. De fato este
permaneceu na empresa por este tempo que totalizam 5(cinco) anos e
11(onze) meses e 1(um) dia.
Assim, incorre a pretensão do reclamante na prescrição
quinquenal, ou seja tem direito de pleitear somente os últimos 5(cinco) anos
trabalhados, o tempo laborado a mais esta prescrito, conforme art. 7º inc. XXIX
da Constituição Federal.

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além


de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXIX – ação, quando aos créditos resultantes das relações de


trabalho, com prazo prescricional de cinco anos, para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho.

Portanto, caso sejam acolhidos os pedidos do reclamante,


requer seja declarada a prescrição quinquenal, para que este receba somente
pelos últimos 5(cinco) anos de serviço, com base no art. 7º, inc. XXIX da CF.

II – DAS HORAS

A jornada de trabalho apresentada pelo reclamante, é de


segunda à sexta das 07:00 às 20:00 horas, com 1(uma) hora de intervalo, aos
sábados das 07:00 às 15:00, sem intervalo, e mais dois domingos por mês das
08:00 às 12:00 horas, pleiteando desta forma por horas extras.

Ocorre excelência que o reclamante exercia a função de


vendedor externo, fazendo vendas de produtos a outros supermercados e
atacados varejistas, portanto não apresentava uma jornada de trabalho
compatível com a fixação de horário.

A empresa reclamada, por possuir diversos funcionários


na função de vendedor externo, os registram neste cargo de empregados, e
ainda procede a anotação na CTPS desta função, á todos que ocupam este
posto, tal como prova cópia da carteira de trabalho do reclamante, acostada na
inicial.
O art. 62, inc. I, da CLT, prevê que não podem pleitear
horas extras os vendedores externos, tendo em vista esta categoria ter uma
jornada de trabalho onde não se pode controlar o horário.

Art. 62 – Não são abrangidos pelo regime previsto neste


capitulo:

I – os empregados que exercem atividade externa incompatível


com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser
anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no
registro de empregados;

Contudo para firmar o exposto, traz a jurisprudência


abaixo a confirmação da impossibilidade do pagamento de horas extras a
quem exerce suas atividades fora da empresa, devido à falta de controle e
fiscalização da jornada.

TRT-PR-21-05-2013 HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA.


IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DA
JORNADA. ART. 62, I, DA CLT. ENQUADRAMENTO. A
configuração do exercício de atividade externa incompatível
com a fixação de horário de trabalho, nos termos do artigo 62,
inciso I, da CLT, surge da impossibilidade de o empregador
fiscalizar a jornada, diante da natureza dos serviços prestados.
A exceção decorre da efetiva incompatibilidade entre a
atividade e o controle de horário, e não da mera ausência de
fiscalização por parte do empregador. O trabalhador que goza
de liberdade para definir seu itinerário e passa o dia visitando
diversos clientes e pontos de venda, muitos deles localizados
em outras cidades, exerce atividade incompatível com o
controle de jornada pela empresa. Meios alternativos de
fiscalização de horário, como relatórios semanais, preenchidos
prévia e unilateralmente pelo empregado, não são aptos a uma
efetiva fiscalização da jornada laboral. Recurso da ré a que se
dá provimento, neste particular.

TRT-PR-03115-2012-021-09-00-0-ACO-19011-2013 - 7A.
TURMA
Relator: BENEDITO XAVIER DA SILVA
Publicado no DEJT em 21-05-2013
O Tribunal Regional do Trabalho expõe mais um caso,
onde ficou impossibilitada a fixação de horas extras, devido à função de
vendedor propagandista externo.

TRT-PR-20-06-2006 VENDEDOR PROPAGANDISTA-HORAS


EXTRAS-ATIVIDADE EXTERNA INCOMPATÍVEL COM A
FIXAÇÃO DE HORÁRIO DE TRABALHO (ART. 62, I, DA CLT).
A Reclamada cuidou de, ao admitir o Autor para as funções de
vendedor propagandista externo, destacar a incompatibilidade
de fixação de horário de trabalho. Tal situação foi objeto de
previsão expressa na Cláusula 13ª do Contrato de Trabalho. O
fato de o autor preencher relatórios de visitas, participar de
reuniões e cumprir metas, não autoriza concluir que tais
situações representavam um controle de jornada. Pelo
contrário, revela apenas a organização da empresa em
coordenar e controlar a atuação de seus empregados, mas não
uma preocupação da Ré em fiscalizar a jornada do Autor.

TRT-PR-03849-2004-004-09-00-3-ACO-17995-2006 - 4A.
TURMA
Relator: ARNOR LIMA NETO
Publicado no DJPR em 20-06-2006

Diante o exposto, é unanime afirmar que o pedido do


reclamante é totalmente incabível, portanto requer-se a improcedência no
pedido de horas extras, bem como em seus reflexos, solicitados na inicial.

Caso não prevalecer a função de vendedor externo a


jornada de trabalho que o reclamante cumpria era de segunda a sexta das
08:00 às 18:00 horas, com 2 horas de intervalo, e aos sábados das 08:00 ao
12:00 horas, eventuais horas extras foram devidamente pagas ou
compensadas.

III – DO DANO MORAL


O reclamante pleiteia dano moral, pois alega que fazia
cobranças para a reclamada e por isso transportava dinheiro.

Como já exposto no item anterior, o reclamante não


exercia a função de cobrador, mas sim de vendedor externo.

A empresa reclamada, não utiliza os vendedores externos


para fazerem cobranças, e sim para fazerem vendas, para a função de
cobrador a empresa reclamada possui cerca de 5(cinco) funcionários, que
trabalham somente dentro da cidade e fazem cobranças de pequenos valores.

Os vendedores externos trabalham em cidades da região,


e não recebem e nem transportam qualquer valor em dinheiro, pois todas as
vendas feitas por estes agentes, são pagas através de boletos bancários, seja
qual for o valor.

Portanto, os vendedores externos, apenas emitem os


boletos que ficam para os compradores pagarem. Nota-se com este
procedimento a preocupação da empresa reclamada com a integridade física e
mental, de seus funcionários.

Diante a postura da empresa reclamada, é impossível o


reclamante ter transportado quaisquer valores, tendo em vista que o sistema de
boletos bancários é aplicado na empresa desde o ano de 2005, e o reclamante
somente ingressou no quadro de funcionários no ano de 2008.

Vale ressaltar, que não é cabível dano moral, quando há


transporte de valores sem lesão para quem o transportou, pois não pode haver
pagamento de um dano que de fato nunca ocorreu, conforme elucida a
jurisprudência abaixo.

TRT-PR-14-08-2012 PRETENSÃO DE INDENIZAÇÃO POR


TRANSPORTE DE VALORES - AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTO LEGAL - PREJUÍZO MORAL OU
ECONÔMICO NÃO COMPROVADO - INEXISTÊNCIA DE
AFRONTA AOS ARTIGOS 186 E 927 DO NCCB. Inexiste
previsão legal para indenização em razão do risco pelo
transporte de numerário, não tendo o autor, ainda, sinalizado
com previsão convencional ou contratual nesse sentido. Logo,
a pretensão ressente-se de fundamento jurídico. Ademais, a
parte sequer alegou a ocorrência efetiva de qualquer prejuízo
com o desenvolvimento de tal tarefa. Dependente, por
pressuposto, a indenização, de ocorrência de efetivo prejuízo,
não restam violados os artigos 186 e 927 do NCCB, uma vez
que se fundam no princípio da responsabilidade civil,
combinados com o art. 5º, inc. X, da CF/88. Sentença
reformada.

TRT-PR-39766-2009-012-09-00-1-ACO-36913-2012 - 6A.
TURMA
Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI
Publicado no DEJT em 14-08-2012

Posto isto, requer-se a improcedência do pedido de dano


moral, acostado pelo reclamante na inicial.

IV- DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS

A reclamada não deve arcar com os honorários


advocatícios, devido ao principio do Jus Postuland, onde a parte poderia entrar
com a reclamatória sem possuir procurador.

De acordo com o art. 791 da CLT,

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão


reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e
acompanhar as suas reclamações até o final.

§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e


empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do
sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil.

Teria ainda o reclamante à possibilidade de ser


representado por seu sindicato, mas não o fez, entendendo-se neste caso que
este possui condições de arcar com as custas e os honorários advocatícios.
Conforme explana a súmula 219 do TST, só poderia o
reclamado ser condenado ao pagamento dos honorários e sucumbências, caso
o reclamante estivesse assistido por seu sindicato, não possuísse salário
superior a dois salários mínimos, e também tivesse declarado estado de
pobreza, o que não fez o reclamante.

Súmula nº 219 do TST

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
HIPÓTESE DE CABIMENTO (nova redação do item II e
inserido o item III à redação) - Res. 174/2011, DEJT
divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de
honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por
cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência,
devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria
profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao
dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação
econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do
próprio sustento ou da respectiva família. (ex-Súmula nº 219 -
Res. 14/1985, DJ 26.09.1985)

II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários


advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista.

III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em


que o ente sindical figure como substituto processual e nas
lides que não derivem da relação de emprego.

Portanto, requer a condenação do reclamante em


honorários advocatícios e custas.

V- DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E FISCAIS

A reclamada, visando resguardar direitos futuros, no caso


de eventual deferimento de alguma parcela à reclamante, requer sejam
discriminados os valores sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, a
ser recolhida após ultimados os atos pertinentes ao processo executório,
excluídas sempre as constantes do parágrafo 9º do artigo 28 c/c § 2º da lei nº
8.212/91, bem como outras que possuem caráter indenizatório, que não
integram a remuneração da reclamante (lei nº 8. 212/91 – art. 43, parágrafo
único, com as alterações introduzidas pela lei nº 8.620/93 – art. 1º).

Requer, ainda, seja determinada a retenção da parcela


previdenciária a cargo da reclamante (OJ 368 da SBDI-1 do C. TST), com
observância, na fase de execução, das normas constantes do Decreto nº 2.173
de 05.03.97 (artigo 68, parágrafo 4º) e da Ordem de Serviço Conjunta INSS,
DAF, DSS nº 066 de 10.10.97, para posterior recolhimento, ou, ainda, das
normas que porventura vierem a substituí-la.

Doutra forma, a pretensão da reclamante para que a


reclamada seja responsável pela totalidade das contribuições previdenciárias
devidas (parcela empregado e empregador) não encontra amparo legal, ou
fático.

Quanto ao imposto de renda, a reclamada requer seja


determinada sua retenção, para recolhimento a posteriori, nos termos da
legislação que disciplina a matéria (Lei nº 8.541/92, artigo 46), impondo seja
observada, ainda, o disposto na IN RFB nº 1127/11.

IV – DOS REQUERIMENTOS

Diante os itens acima expostos, requer a improcedência


total da presente reclamatória trabalhista, com a condenação do reclamante em
custas e honorários advocatícios.

Requer ainda o depoimento pessoal do reclamante, sob


pena de confissão, conforme art. 359 do Código de Processo Civil.
Protesta provar o alegado, por todas as provas em direito
admitidas, tais como documentais (em anexo) e testemunhais.

Pede deferimento.

Campo Mourão, 04 de Abril de 2014.

Desiree Vellozo Teles


OAB/PR 11.0092-4
ROL DE DOCUMENTOS

- Cópia do Contrato Social da Empresa


- Procuração
- RG e CPF do representante da reclamada.
- Quadro dos funcionários, cuja função é vendedor externo, bem como cópia de
suas CTPS.
- Quadro de funcionário de cobradores.

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