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E A PSICOTERAPIA
ESTIlER FRANÇA E S!LVA
PRANCHA I
l.a aplicação:
5" "Um menininho pensando, sonhando com uma música de Chopin, com
certeza, e imaginando um dia uma maneira triste ou alegre de como
êle irá interpretar as músicas num violino. Parece que êle conversa
com o violino e quantas coisas estas cordas não hão de dizer para
êle. .. Êle sonha com o futuro, não com a vida, com a música."
o
tema focaliza uma criança que se afasta da realidade e se pro-
jeta no futuro; não há, no momento, nenhuma ação ou realização.
Existe apenas o pensamento que pode ser triste ou alegre, de qual-
",
o T.. A. T. E A PSlCóTERAP!A
?a aPlicação:
5" "Pensando em uma mUSlca, talvez que irá compor ou quem sabe se
não recorda agora alguma cousa, alguma lembrança ligada à mesma.
Há uma expressão de tristeza e de cansaço, . , "
PRANCHA 2
I.a aplicação:
5" "Ai! Ai! Meu Deus! Esta criatura olha a vida, o mundo parece que
nem vive nêle, os olhos distantes enquanto que êste homem traba-
lhando com êste cavalo, na luta pela vida, êle se sente tão distante,
as coisas tão irreais, que se sente fora dêle, vivendo um mundo di-
ferente, procurando pelos linos se instruir e pela meditação tirar con-
clusões para auxiliar êstes outros, mais infelizes que precisam da coope-
ração de alguém. Engraçado, o rosto dela parece que, sei lá, mesmo
ela vendo necessidade de trabalhar por estas coisas, quer se afastar
de tudo. Sonha com um mundo melhor, uma alegria mais pura, mais
fora do tempo, talvez na eternidade". 3'10"
2. a aPlicação:
2" "Esta criatura olha a vida, tudo é brilho e luz! ela estuda para melhor
ajudar aos que precisam de compreensão, orientação ... entretanto seu
rosto parece pensativo, a vida em dois aspectos; prático, mas às vêzes ...
não sei o que dizer. Os outros trabalham e a vida continua ora serena,
ora com alguns trancos ... "
PRANCHA 3
l.a aplicação:
2.0 aplicação:
5" "Não sei o que poderia deixar esta criatura tão triste pois para tudo
há remédio na vida; um dia traz outro e, com o nôvo dia, nova vida
pode surgir e com a nova vida, a compreensão de tudo e de todos,
e sentir também que a tristeza nada constrói e que o ânimo tudo
pode conseguir." 2' 14"
Analisando as duas reações obtidas com intervalo de um ano, ve-
rifica-se o seguinte: enquanto na l.a, a identificação com a persona-
o T. A. T. E A PSICOTERAPIA 31
PRANCHA 4
l.a aplicação:
10" "Esta môça parece querer impedir uma luta, ou talvez uma briga, ou
qualquer coisa e procura acalmar esta criatura. Parece desesperado,
sei lá, por alguma perda. .. Não sei. .. l' 40"
2. a aplicação:
PRANCHA 5
l.a aplicação:
4" -"Meu Deus! O que mais me atraiu foram os livros e as flÔres. A mu-
lher está com cara espantada de quem viu assombração. 50"
2. a aPlicação:
5" "Noite, hora tranqüila. O abajur aceso ... a luz, os livros e as flôres ...
a môça sente-se feliz em poder estar só, ou então com alguém que
32 ÁRQUIVOS BRASILIDIROS DE PSlOOTltCNICA
• j.
sinta como também ela sente e então, ler, pensar, meditar nas coisas
boas com que Deus presenteou as criaturas e procurar dar aos outros
aquilo que ela também tem e pode dar".
PRANCHA 6 G. F.
l.a aPlicação:
3" "A carinha de espevitada. Não gosto da cara dêste homem nem dos
olhos. Está com cara de estar falando qualquer coisa sem interêsse." l'
2. a aplicação:
2" "Conversa. O rapaz pergunta algo à môça, mas está tudo simples;
não há mais nada nesta gravura. 50"
PRANCHA 7
l.a aplicação:
10" "Que gracinha! Parece que a mãe está dando um conselho à menina,
procurando contar alguma coisa que seja por ela ignorada, ou que
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2.a aplicação:
"Mãe e filha - amor e compreensão. Ternura. É um lindo qua-
dro; a mãe quer dar tôda a sua experiência de vida à filha, tôda a
sua ternura, procurando dar-lhe felicidade em compreensão e amor,
para todos e para tudo."
PRANCHA 8
l.a aplicação:
5" "Ela está pensando numa maneira de fugir, nem sei se é ficar dentro
da vida. Talvez uma maneira de esquecer alguma coisa passada, ou
presente, para se dedicar, em benefício dos outros que sofram mais.
Enfim, é um complexo, esta vida, um misto de dor, saudade, tristeza,
mas uma grande alegria ou conformismo em Deus." 2"
2.a aplicação:
4" "Meditar, pensar é uma coisa boa! A môça parece meditar. Tem um
aspecto delicado e um olhar inteligente. Ao mesmo tempo se me
afigura um quadro de pintura, belo, representa bem um tipo delicado
e interessante da mulher." 2'
A l.a reação, em que o Pr. nitidamente se identifica com o per-
sonagem, destaca um mecanismo de evasão, mas, ao mesmo tempo,
sentimento de culpa muito vivo, e que o Pr. sente que precisa resgatar;
no 2.°, ainda que havendo uma evasão mais passiva, pela meditação,
há na mulher possibilidades de ser feliz, isto é, de libertar-se do que
a oprime (ela é interessante, inteligente, etc.) tem recursos para vencer
na vida.
34 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSIOO~CA
PRANCHA 9 G. F.
l.a aplicação:
2. a aplicação:
"A môça correndo aflita, em busca de algo, mas talvez, logo veja
o que ela buscava lá fora não estava tão longe dela, pois que tinha
dentro de si o motivo da felicidade. Entretanto, a outra môça olha-a
serena, porque sabe que a busca incontida cansa: é melhor buscar com
calma, saber esperar."
PRANCHA 10
l.a aPlicação:
7" "Pai e filho, despedida, bênção. Aliás, mãe e filho, cabelo de mulher,
parece que êle vai para a guerra e ela chora por isso." 50"
o T. A. T. E A PSIOOTERAiPIA 35
2.a aplicação:
"Belo quadro! Parece-me pintura: marido e mulher, compreensão,
serenidade, paz, dedicação." 50"
No 1.° caso, a mãe é castigada, ou melhor a mulher com a qual
o Pr. se identifica (fugindo a identificar-se à mulher sexual, espôsa
a que faz na 2. a reação mais adequada), vai ser punida no seu amor
maternal: o filho lhe é arrancado pela guerra. No 2.° caso a reação
é mais adequada, a heroína resolve por fim seu problema de vida,
encontrando a paz.
Quando fêz pela l.a vez o T.A. T., o Pro debatia-se num conflito
bastante sério, apresentando uma atitude depressiva, diante da vida,
quase sem esperanças, evadindo-se completamente, como que fugindo
a si mesma, pois que, no fundo do conflito, havia um sentimento muito
vivo de culpa (que parece de origem sexual, talvez infantil ou juvenil?)
e o superego exigia o resgate. De outra parte, deve ter havido uma
formação moral-religiosa um tanto rígida, o que talvez tenha con·
corrido para desenvolver o problema. Já na 2. a vez, há maior confiança
em si mesma, o Pr. sente-se muito mais seguro: ainda que perdurem
vestígios de sentimento de culpa, a atitude é de maior decisão. Per-
manece, porém, certa angústia, determinando mecanismos de evasão.
A personalidade tende mais para o misticismo, embora procure, atual-
mente, integrar-se à realidade do ambiente.
PRANCHA 11
l.a aplicação:
2. a aplicação:
PRANCHA 12 F
l.a aplicação:
5" "Esta môça aqui pensa em alguma coisa e a morte espreitando atrás
dela. Que bom morrer, gente!" 3"
2. a aplicação:
"A vida em duas faces: mocidade, fôrça, energia, vontade ... ve-
lhice, doçura, compreensão, tolerância, amor... A môça parece triste,
não sei por quê - talvez porque queira fazer tanto pelos que mais
quer e tão pouco tem conseguido fazer. .. Mas quem sabe? para tudo
há remédio na vida, e só os minutos que passam podem contar
o que passou e como aproveitar aquelas experiências para melhoras
futuras." 50"
PRANCHA 13
l.a aplicação:
2.a aplicação:
5" "O môço parece chorar a morte da mulher. .. que teria acontecido
a ela? tle parece desesperado... Há livros neste quarto, é do que
mais gosto. Ela talvez tenha se ido dêste mundo de horror, de tanta
COIsa que por aí existe, talvez tenha agradecido a Deus a sua hora
ter chegado."
Identificação em ambos os casos, COm a heroína; mecanismo muito
claro de evasão pela morte; na l.a reaçãõ, nenhuma fôrça real poderá
arrancá-la a isso, que para ela é uma libertação. É ainda uma forma
simbólica do sentimento de culpa, diante da vida, do desejo de
resgatá-lo.
PRANCHA 14
l.a aPlicação:
2. a aplicação:
5" "O céu estrelado, tranqüilo, sereno ... Gosto do céu, é o que há de
mais belo na natureza. .. assemelha·se muito com a alma humana ...
por vêzes calmo, sereno e límpido ... outras vêzes, triste, sombrio,
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PRANCHA 15
l.a aplicação:
5" "Risos! Ai meu Deus! uma doida a fazer o teste. Cemitério! Morte,
cruz! Nem Saudade! Só decepção. Na morte, alívio. E esta cara de
bôbo aqui parece que está com mêdo, ou será alma do outro mundo?
Sei lá! Mas é escuro ... a morte só pode ser boa, porque o espírito
repousa em Deus. Morrer é partir um pouco, mas não de todo, porque
se permanece na lembrança dos que nos quiseram bem, é partir um
pouco para tudo que se adora." 3'
2. a aPlicação:
(Senti diferente neste) "Morte ... isolamento ... A vida é bela,
se Deus nô-Ia deu foi para que dela fizéssemos algo que fôsse digno
de oferecer ao seu Criador. .. embora a morte pareça sombria, a mim
não parece, é como se a gente partisse um pouco para algum lugar
que não se sabe onde... Mas deixa-se também um pouco da gente
mesma em tudo que se tocou, física ou espiritualmente... no amor
que se deu a tudo e a todos, está sempre a presença do que partiu ...
Morrer é partir um pouco para tudo que se adora. .. 4'
Ambas as reações são de base angustiosa e atestam o sentimento
de culpa e o grande desejo de resgatá-lo; mecanismos de evasão se
mostram muito nítido, num e noutro caso; a 2. a reação, porém, há
o T .. A. T. E A PSICOTERAPIA 39
PRANCHA 16
(BRANCO) lO" "Paz, alegria, compreensão! Não vejo nada, mas posso
imaginar muita, muita coisa: um céu azul, um horizonte claro. Mon-
tanhas lindas, natureza! Um mar imenso. Uma vela longe. Ah! meu
Deus! Só morrendo para ver isto ...
2. a aPlicação:
(BRANCO) "Singeleza, paz ... imenso campo, repleto de flôres ... ao longe,
montanhas se perdendo no azul do céu. .. Como é belo o céu. '. e é
nosso a um simples olhar. .. tudo na vida material requer um preço
material, mas o céu-não; êle é nosso a um simples olhar... às vêzes,
gôsto de perder-me, a mim mesma, nesta imensidão azul; parece-me
que quanto mais próxima dêle tanto mais liberta, tanto mais próxima
a Deus... Neve... brancura mais linda... branco e azul. São as
côres mais lindas que já pude ver. .. Gosto de meditar, ficar só, um
pouco também, pois quando isso não se dá parece que estou me per-
dendo a mim mesma, no turbilhão da vida ... Meditar é como tra-
balhar, fazer para tornar mais felizes os que me cercam, fazer-me hoje
melhor que ontem, amanhã melhor que hoje... deixar dar a todos
o cantinho de paz, amor que Deus lhes preservou, um lugar ao sol
para cada um." 6'
PRANCHA 17 G.F.
l.a aplicação:
4" "Esta môça está pensando em suicidar-se, mas está com mêdo, porque
tem um povo em baixo e ainda podem salvá-la. Entretanto, que tolice!
Ela não vê que, mesmo no sol, está tudo coberto de nuvens e amanhã
40 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSlOO~CA
2.0 aplicação:
15" (Senti dificuldade nesta) O rio corre. .. a môça olha-o e nêle parece
ver uma comparação à própria vida ... o rio correndo, com murmúrio
suave, ora encontrando pedras, pedregulhos, mas ou passa por cima do
que está no seu caminho, banhando e refrescando as pedras a êle
expostas. .. ou deixa-as, mas vai sempre para a frente, para confun-
dir-se com o mar imenso do amor e da compreensão em Deus, as
criaturas ... "
PRANCHA 18 G.F.
l.a aplicação:
5" "Mãe e filho. Parece que êle está bêbedo e a mãe chora da tristeza
de ver um filho com um vício tão triste. Mas ela é mãe e confia um
dia em vê-lo liberto desta tremenda agonia." 2'
2.a aplicação:
PRANCHA 19
l.a aplicação:
12" "Neve! Gracinhal Parece aquelas casinhas de esquimós, cobertinhas de
neve. Tem um trem atrapalhado cá em cima, parecendo fantasma
da morte! FantasiaI Hum! Quanta gente olhando, sei lá. Chega!" 2'
2.a aplicação:
10" "Paisagem da terra dos esquimós ... a casinha ... a neve que cai
constante lá fora... pela janela se vê o clarão do fogo, o aconchêgo
do lar. .. Esta paisagem me afigura dois aspectos: um belo, tranqüilo,
agradável. .. o outro um tanto sombrio, parece sôbre a casa, haver
um enorme duende, com dois grandes olhos, lembrando-me as histórias
que ouvi em minha infância; dêste aspecto eu não gôsto." 3'
As reações são do mesmo tipo, mas, na 2. a, o Pro ressalta, de
maneira muito precisa, o aspecto agradável - o lar aconchegado -
embora havendo, de longe, uma sombra ameaçadora. São reações,
ambas, de base angustiosa, angústia que deve ter tido raízes na
infância.
PRANCHA 20
1.a aplicação:
lO" "Esta criatura parece que não tem casa! Noite fria, nevando, e êle
ao relento. Nada. Quem sabe, coitado, mais um peregrino, na estrada
da vida; o que estará êle pensando? Será um artista? Um poeta aban-
donado, ou será algum desiludido da vidal Pode ser que seja, mas
também pode ser que não seja."
2.4 aplicação:
2" "Noite de natal, me parece ... sempre recordo tanto o Natal da m.
fância, nem sempre foi como eu imaginara, mas eram bons também ...
42 ARQUIVOS BRASILEmOS DE PSlCO~CA
o homem está só, esperando alguém, quem será, talvez seja um filósofo
que gosta das noites para passear e pensar ... mas ... sei lá, cada um
sabe o que traz dentro de si, em seu próprio coração... se triste, se
alegre, se boa, se ruim, a recordação, dada um sabe o que lá dentro
de si mesmo está." 2' 50"
BIBLIOGRAFIA
Arquivos Brasileiros
de Psicotécnica
Um número especial em homenagem ao mes-
tre recentemente desaparecido - Emilio
Mira y Lopez - organizador e diretor do
Instituto de Seleção e Orientação Profissio-
nal da Fundação Getúlio Vargas.
Adquira êsse número e fique conhecendo um
cientista de vida atribulada e inquieta,
que nunca cessou de estudar, pesquisar e
produzir.
E mais: nesse mesmo número leia as últimas
conferências e aulas proferidas pelo saudoso
mestre.
Recorte e envie êste cupom à FuNDAÇÃO GETÚLIO VARGA'>
SERVIço DE PUBLICAÇÕES
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