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ESPIRITUALIDADE CRISTÃ.
RESUMO:
ABSTRACT:
Charity is the virtue that occupies the primacy, in the practice of a spirituality with
Christian foundations, and has as a reason for existence the act of giving oneself in
complete gratuity. Its manifestation occurs basically in two ways: Love of God and
neighbor. Following this reasoning, it is seen that Christian spirituality is based on the
experience of such virtue that is the raw material of the main commandments left by
Christ: "Thou shalt love the Lord thy God with all thy heart, and with all thy soul, and
of all thy thought, and thou shalt love thy neighbor as thyself "(Mt 22: 37-39). Thus, the
exercise of charity can be seen as a means of a full humanization, which is given by
love of God, the generative principle of charity to the similar.
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Graduando do terceiro período do curso de bacharelado em Teologia. Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais. E-mail: victormatosab@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
“Agora, portanto, permanece fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior
delas, porém, é a caridade. A caridade jamais passará” (1Cor 13, 13. 8a). Segundo a
descrição paulina sobre as virtudes teologais, a caridade ocupa a primazia em
importância no exercício da Espiritualidade Cristã. Trata-se de um amor que se dá sem
reservas, sem qualquer tipo de entrave, sendo totalmente gratuito. Uma espiritualidade
fundamentada na fé apostólica, está intimamente ligada a uma atitude amorosa que seja
completamente desprovida de qualquer tipo de interesse.
A opção fundamental de vida que surge deste encontro entre Deus e homem,
gera comunhão. A caridade que atraiu o homem a Deus, e pela qual Deus se revelou ao
homem, constitui-se na matéria prima de uma existência marcada pela entrega mútua. O
Criador se deixa conhecer, apresentando-se a sua criatura e permitindo-se com ela viver,
fazendo dela sua morada. Ao passo que a criatura responde a este ato de amor com
confiança e humildade. Deus habita no templo de sua vida; ela, por sua vez, possui a
Deus, amando-o e entregando-se a Ele. Tal pensamento está em plena consonância com
o que diz Etiénne Gilson ao afirmar:
“Eles não são mais que três: um amando o que dele procede; outro
amando aquele do qual procede; e por fim aquele que é a própria
Caridade. Se o amor nada fosse, como se diz que Deus é amor? E se
não é uma substância, como se diz Deus ser uma substância”
(AGOSTINHO, 2008; p. 224).
A busca do Sumo Bem é a meta de toda vida espiritual. Nele, o homem depara-
se com a profundidade de seu próprio ser, em um processo de autoconhecimento que
gera autonomia. E só na autonomia é que o homem pode amar a Deus, de forma
verdadeira e madura. No entanto, é necessário que, antes de tudo, nele se acredite de
forma correta, pois, só assim, o amor terá alicerce no real e não no imaginário.
“Entretanto, deve se cuidar de que a alma ao crer no que não vê, não
imagine coisas irreais, e dê um falso objetivo a sua esperança e a seu
amor. Nesse caso, a caridade não procederia de coração puro, de
consciência reta e de fé sem hipocrisia” (AGOSTINHO, 2008; p.
267).
Para que isso aconteça é necessária uma fé que introduza o cristão no cerne do
verdadeiro conhecimento e faça com que, ele conhecendo a Deus, pela fé, o ame
verdadeiramente. Mas o que significa amar a Deus verdadeiramente? O pensamento a
seguir, responde a esse questionamento quando afirma:
Por conseguinte, todo este processo é movido pela caridade que, uma vez
presente, direciona o ser que a possui a unir-se de tal forma com outro, que gere uma
unidade solidificada no entender-se mútuo. Por isso: “Amar o outro como a si mesmo
não poderia implicar nenhuma contradição, pois o amor tende à unidade e nenhuma
oposição é possível no interior do que é um” (GILSON, 2010; p. 265).
“Que ninguém diga: não sei o que é amar. Que ele ame o seu irmão e
estará amando o próprio Amor. Pois assim conhecerá melhor o amor
com que ama do que o irmão a quem ama. Pode desse modo ter de
Deus um conhecimento maior que o do irmão. Sim, Deus tornar-se
mais conhecido por que lhe é mais íntimo. Mais conhecido por que é
mais seguro. Ao abraçar Deus que é Amor, abraças a Deus por amor”
(AGOSTINHO, 2008; p. 280).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo visou apresentar a importância da caridade como prática preferencial
no exercício da Espiritualidade Cristã. Descrita minuciosamente, essa virtude pôde ser
compreendida como o livre ato de amar, concedido por Deus àqueles que o procuram.
Por fim, o amor ao semelhante foi observado como fruto do amor a Deus. Para
amar verdadeiramente o próximo, o homem tem que enxergá-lo em sua dignidade
primordial de ser imagem e semelhança de Deus, a quem o amor deve ser sem limites.
Isso acarreta em saber perdoar e seguir em frente, não se deixando levar pela
mesquinhez do orgulho que obstruí todo avanço espiritual.
AGOSTINHO, Santo. A Trindade. Trad. Frei Agustinho Belmonte. 4 ed. São Paulo:
Paulus, 2008.
BENTO XVI. Deus Caritas Est. 11 ed. São Paulo: Paulinas, 2011.
BERNARD, Charles André. Introdução à Teologia Espiritual. Trad. Pier Luigi Cabra.
2 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.