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Apontamentos de História: Teste I

I: Imperialismo
Durante o século XIX e até aos inícios do século XX, a Europa apresentava-se como o
continente que dominava o Mundo (hegemonia europeia): politicamente uma grande parte
dos outros continentes, uma vez que várias potências europeias possuíam colónias africanas,
asiáticas e americanas – rivalizando entre si para a sua afirmação geo-política, pelo poderio
militar; economicamente, uma vez que é na Europa que se encontravam as principais
potências industriais, as economias mais desenvolvidas e os principais sistemas financeiras –
situavam-se na Inglaterra, França e Alemanha as sedes dos principais bancos e das maiores
empresas das indústrias e do comércio; e culturalmente, impondo os seus modelos culturais
(línguas, literatura, ciência, filosofia, artes, instituições e religião), desvalorizando as
manifestações culturais dos territórios dominados – considerados “inferiores”. Esta hegemonia
explica-se sobretudo, pelo poder económico que os países europeus conseguiram com a
industrialização. Com o desenvolvimento da indústria são necessárias grandes quantidades de
matéria-prima e mercados para escoar os excedentes. A concorrência comercial entre as
potências europeias levou-as a procurar matérias-primas mais baratas, novas áreas para
investir e mercados para exportar os seus produtos. Devido a todos estes factores, as
potências europeias rivalizam entre si na tentativa de dominarem cada vez mais territórios.
Assim toma forma o Imperialismo, que se caracteriza pelo domínio político e/ou económico
dos países mais industrializados sobre as regiões menos desenvolvidas.

No final do século XIX, os interesses económicos, políticos, militares e as ideias de


nacionalismo levaram as principais potências europeias à exploração e ocupação de
territórios em África e na Ásia e a uma crescente rivalidade pela posse destes territórios. O
território mais disputado foi a África, território fértil em matérias-primas para a indústria
europeia, mas também aquele onde era mais fácil impor o poder pela força, pelo facto de
muitos dos seus Estados serem tecnicamente menos desenvolvidos.

II: Conferência de Berlim


Nos finais do século XIX, a Grã-Bretanha, a França, o Império Russo, a Alemanha, Portugal, a
Espanha, a Holanda e a Bélgica disputavam entre si a posse de territórios em África. Para
tentar resolver as rivalidades que cresciam entre os países, o chanceler alemão Otto Von
Bismarck organizou uma reunião entre os países com interesses em África – a Conferência de
Berlim (1884-1885) – na qual se fez uma verdadeira “partilha de África”. Ficou então, definida
uma nova forma de direito colonial, segundo a qual a ocupação efectiva de um território e a
sua exploração económica substituíam o direito obtido pela descoberta – direito histórico. Este
novo princípio favorecia os interesses dos países mais desenvolvidos e ricos como a Grã-
Bretanha e a França, mas prejudicava outros, como Portugal.

Com o intuito de afirmar o seu poder em África, o Governo português patrocinou algumas
expedições para explorar o interior de África. Após estas viagens, a Sociedade de Geografia
publicou o “mapa cor-de-rosa”, em 1886, no qual os Portugueses reivindicavam os territórios
entre Angola e Moçambique, desejo que colidia com os interesses britânicos, que pretendiam
unir a Cidade do Cairo à Cidade do Cabo, através de uma linha de caminho-de-ferro. Na
sequência desta proposta, a Inglaterra fez um ultimato a Portugal – o Ultimato Inglês -: ou
Portugal desistia desses territórios ou a Inglaterra cortaria relações diplomáticas, podendo
recorrer à força. Portugal cedeu, e manteve a sua aliança com a Inglaterra, revelando, por um
lado, a fragilidade de Portugal e, por outro, o grande poder político de Inglaterra.
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III: A 1ª Grande Guerra


Nos primeiros anos do século XX, as grandes nações – sendo a maior potência mundial a
Inglaterra – rivalizavam entre si pelo controlo de mercados, matérias-primas e territórios,
assim como rivalidades internacionais por questões de nacionalismo que envolviam alterações
de fronteiras, diferenças religiosas, políticas e étnicas. Neste clima hostil, iniciou-se uma
corrida ao armamento com o intuito de reforçar os seus exércitos, ficando conhecido este
processo conhecido como “paz armada”. A Europa tinha-se transformado num “barril de
pólvora”. As grandes potências envolveram-se também em conflito, o que aumentou a tensão
entre alguns Estados, como por exemplo a disputa pela Alsácia e a Lorena pela França e
Alemanha. Para se protegerem, os países recorreram a uma “política de alianças”, aliando-se
de acordo com os seus interesses:

 Em 1882, a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália formaram a Tríplice Aliança;


 Em 1907, a França, a Inglaterra e o Império Russo formaram a Tríplice Entente.

Neste clima de extrema tensão, qualquer incidente poderia levar a um conflito entre nações e
activar o sistema de alianças. Foi o que aconteceu em Sarajevo (Bósnia), a 28 de Junho de
1914, quando o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono do Império Austro-
Húngaro, e a sua esposa, foram assassinados por Gavril Princip. A Sérvia situava-se num
território que há anos era disputado pelo Império Russo e pela Aústria-Hungria, sendo aliado
do primeiro. Como um sérvio assassinou o herdeiro ao trono da Aústria, esta declarou guerra à
Sérvia, exigindo o julgamento de Princip e os seus cúmplices da organização criminosa Mão
Negra. O Império Russo e a França, apoiaram a Sérvia, entrando todas em guerra a Áustria,
apoiada pela Alemanha, esta última que, na tentativa de invadir a França, invadiu território da
Bélgica, que juntamente com o Reino Unido, declarou guerra à Alemanha. Assim, foi activado o
sistema de alianças, levando a sucessivas declarações de guerra entre os países da Tríplice
Aliança (Aliados) e da Tríplice Entente (Potências Centrais).

Os conflitos na Europa durante a 1ª Grande Guerra distribuíam-se por três grandes frentes:

 a Frente Ocidental (do mar do Norte à fronteira norte da Suíça e desta ao mar
Adriático);
 a Frente Leste (do mar Báltico ao mar Negro);
 a Frente Balcânica (do mar Adriático à Turquia – Império Otomano – ou Mar Egeu).

1ªFase (1914): conhecida por “guerra de movimentos” ou “Guerra Relâmpago”. Foi marcada
pelo avanço rápido das tropas alemãs, com grande poderio militar e tirando partido do efeito
surpresa sobre territórios como a Bélgica, a França (chegando perto de Paris, mas sendo
travados pelo exército francês) e o Luxemburgo, no que diz respeito à Frente Ocidental. Na
Frente Balcânica, deram-se avanços e recuos por parte dos dois blocos. Na Frente Oriental, os
Alemães e os Austro-Húngaros impuseram pesadas derrotas sobre os russos, conquistando um
território essencial no centro da Europa – a Polónia. No entanto, os planos de expansão da
Alemanha foram travados pelo rigoroso Inverno russo, sendo obrigados a abandonar a ideia da
“Guerra Relâmpago” – o conflito iria durar mais tempo do que o que se havia previsto.

2ªFase (1915-1917): conhecida por “guerra de posições” ou “Guerra das Trincheiras”, sendo a
fase mais mortífera da guerra. Esta fase da guerra começa depois da importante “Batalha do
Marne”, em França. Cada bloco defendia as suas posições e tentava impedir o avanço do
outro. As tropas de cada um dos lados escavaram na terra uma extensa rede de abrigos e
valas, as trincheiras – nas quais os soldados viviam em difíceis condições de vida - sobretudo
na Frente Ocidental. A batalha mais dura desta fase foi a “Batalha de Verdun”. Na Frente
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Oriental, os russos conseguiram travar o avanço dos alemães, tendo algumas vitórias. Na
Frente Balcânica, a Roménia foi conquistada pela Áustria-Húngria e a Bulgária. Na sequência da
Batalha Naval da Jutlândia (1916), a Inglaterra bloqueou os portos alemães, pelo que esta
respondeu implementando em força a guerra submarina, atacando navios que se destinavam a
portos ingleses, incluindo – repetidamente – navios americanos, o que levou os Estados Unidos
a participarem na guerra (1917), ao lado dos Aliados, que ficaram, consequentemente mais
fortes. A guerra alargou-se ainda a muitos mais países, juntando, por exemplo, a Grécia, Brasil,
Japão, China e Portugal – em 1916, com o objectivo de garantir os seus direitos sobre os
territórios ultramarinos -, aos Aliados, e a Bulgária e o Império Otomano, às Potências Centrais,
estendo-se a guerra também às colónias, tomando uma dimensão mundial. No entanto, em
1915, a Itália passou para o lado dos Aliados após lhe terem sido prometidas compensações
territoriais. Em 1917, o Império Russo retirou-se por causa da Revolução Soviética, uma vez
que os revolucionários defendiam a paz. Esta fase foi marcada também pelos
aperfeiçoamentos do armamento por parte dos dois blocos, com destaque para os
submarinos, tanques de guerra, aviões de combate, granadas de mão, gás tóxico, canhões e
grandes metralhadoras.

3ªFase (1918): assinalada pela retoma da “guerra de movimentos”. Nesta fase, os exércitos
das Potências Centrais sofreram sucessivas derrotas: as tropas alemãs fracassam mais uma
tentativa de invadir Paris, sendo travadas pelas tropas francesas, na Frente Ocidental; na
Frente Balcânica, a ofensiva aliada leva à rendição dos búlgaros e dos turcos; e a Itália derrota
a Áustria-Hungria. A Alemanha fica cada vez mais isolada no conflito e a guerra torna-se
insustentável, pelo que as tropas alemãs se recusam a combater mais e a população se revolta
contra o Governo alemão, obrigando, a 9 de Novembro de 1918, o keiser alemão Guilherme II
a abdicar do trono, sendo substituído por um governo republicano. A 11 de Novembro de
1918, o novo Governo alemão, assinou o Armistício, terminando assim os combates entre os
exércitos. A Alemanha rende-se e os países que participaram na guerra preparam os acordos
para restabelecer a paz.

Participação de Portugal na 1ª Grande Guerra

Consequências:
- Perdas humanas aos milhares
- Instabilidade política e social (golpes
Intervenção dos CEP (Corpo de Estado)
Causas:
Expedicionário Português):
- Garantia das colónias africanas
- Desejo de reconhecimento do Tomada de posse e assassinato de
Afundamento do caça-minas Augusto Sidónio Pais
regime republicano
de Castilho, no Atlântico
- As exigências da Inglaterra: - Agravamento das dificuldades
- entra a Flandres e a Bélgica, deu-se económico-financeiras
confiscação dos barcos alemães
a Batalha de La Lys (Abril de 1918)
ancorados nos nossos portos - Garantia das colónias africanas
- em Angola e Moçambique, defendo
as colónias portuguesas dos exércitos - Participação na Conferência da Paz
A Alemanha declarou guerra a alemães - Assento na Sociedade das Nações
Portugal (9 de Março de 1916) (SND)
- Afirmação interncional do regime
republicano
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IV: O Mundo Pós-Guerra


Após a rendição da Alemanha, os Aliados iniciaram um conjunto de iniciativas tendo em vista
regulamentar a paz, reunindo-se numa Conferência da Paz, onde prepararam vários tratados,
sendo o mais importante o Tratado de Versailles, assinado em Junho de 1919, dominado pelos
representantes dos EUA, da França e da Inglaterra. Representantes de 32 países reuniram-se
perto de Paris, para decidirem o que fazer aos países vencidos da guerra: Alemanha, Áustria-
Hungria, Turquia e Bulgária. As decisões tomadas neste tratado afectaram sobretudo a
Alemanha: teve de admitir a culpa pela guerra; restituiu a Alsácia-Lorena à França; perdeu
todas as suas colónias e teve de pagar indemnizações aos países vencedores. A Alemanha foi
obrigada a assinar este tratado pois, se não o fizesse, os Aliados ameaçavam invadi-la. Em 1920
foram assinados outros tratados de paz com os outros países vencidos. Dos outros tratados de
paz entre países vencedores e vencidos resultou o desmembramento dos grandes impérios e
a formação de novos Estados, definindo-se um novo mapa político. Ainda durante a
Conferência de Paz, em Abril de 1919, foi criada a Sociedade das Nações (SND), instituição que
tinha como principais objectivos:

 Assegurar a paz e a segurança dos Estados de forma a evitar novos conflitos;


 Fomentar a cooperação económica, financeira, social e cultural entre os países-
membros;
 Garantir a protecção das minorias nacionais;

As decisões de Versailles e da SDN trouxeram uma paz frágil que durou apenas cerca de 20
anos, pois nos anos ’30 a Sociedade das Nações entrou em descrédito, por não ter sido capz de
evitar conflitos e invasão de territórios.

Consequências da 1ª Grande Guerra

Políticas: Sociais:

 Desmembramento dos grandes  Fome;


impérios (Alemão, Austro-Húngaro,  Desemprego;
Turco e Russo);  Empobrecimento das classes
 Alteração do mapa político; médias;
 Criação de novos Estados  Emancipação e económica e
(Jugoslávia, Finlândia, política das mulheres;
Checoslováquia, Polónia, Estónia,
Letónia e Lituânia); Económicas:

Demográficas:  Destruição do aparelho produtivo


(fábricas, armazéns…) e das infra-
 Milhões de mortos; estruturas (estradas, pontes,
 Quebras de Taxa de Natalidade; caminhos-de-ferro…);
 Diminuição da força de trabalho;
 Aumento de preços e inflação;
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IV.I: A Hegemonia Norte-Americana


Após a 2ªGuerra Mundial, os Estados Unidos da América apresentavam um crescimento
económico excepcional, provocado por diversos factores:

 O facto de não terem tido combates no seu território manteve os EUA em plena
capacidade para produzir, antes, durante e depois da guerra;
 O conflito na Europa levou a que os americanos exportassem para a Europa produtos e
capitais, ficando os países do “velho continente” com enormes dívidas;
 A reconstrução da Europa foi, em grande medida, financiada por capitais americanos,
agravando-se a dívida europeia;
 Tratando-se de um país de dimensão continental, os EUA tinham um enorme mercado
e eram riquíssimos em matérias-primas. Acresce que a adopção de novas formas de
produção (Fordismo e Taylorismo) aumentou muito significativamente a
produtividade americana. Nos anos 20, os EUA afirmaram-se como a grande potência
económica a nível mundial. Neste período, viveram numa enorme euforia: aquilo a
que mais tarde se chamou os “loucos anos 20”.

Taylorismo: criado por Taylor, que acreditava que: treinando os trabalhadores os fazia
produzir mais e melhor; pagando mais aos trabalhadores os motivava e os levaria a produzir
mais e melhor; o trabalho devia ser executado de acordo com uma sequência e um tempo
programados, de modo a não haver desperdício; o trabalho necessitava de estudo para que
fosse determinada uma metodologia própria visando sempre o seu máximo desenvolvimento.

Fordismo: método de produção caracterizado pela produção em série, inspirado pelas ideias
de Taylor. Ford introduziu nas suas fábricas as linhas de montagem, nas quais os veículos a
serem produzidos eram colocados em esteiras rolantes e cada operário realizava uma etapa de
produção.

V: A Rússia antes da Revolução Russa


 Tratando-se de um país de dimensões continentais, a densidade populacional russa
era muito baixo (no início do séc. XX, a Rússia tinha “apenas” 174 milhões de
habitantes para 22 milhões de km2);
 O poder político era detido exclusivamente pelo czar Nicolau II. O regime reprimia
todas as formas de oposição, não existindo liberdade de expressão;
 Até à segunda metade do século XIXX, a Rússia vivia sobre um regime feudal;
 Apesar de ter um território riquíssimo, tratava-se de um país eminentemente agrícola.
A reduzida indústria que possuía estava na mão de capitais estrangeiros (ingleses,
franceses, belgas…);
 Mais de 80% da sua população eram camponeses; apenas 2% eram operários. Uns e
outros viviam em condições absolutamente miseráveis, mas os segundos revelam-se
mais disponíveis para contestar o regime do czar;
 No dia 22 de Janeiro de 1905, numa manifestação que se realizou nas cidades de
Moscovo e S. Petersburgo, foram mortos mais de mil trabalhadores num
acontecimento que ficou conhecido como “Domingo Sangrento”;
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 Na sequência do recrudescimento da contestação popular, o czar permitiu a criação de


um Parlamento – a “Duma”. Porém, em vésperas da 1ª Grande Guerra, voltou a
acentuar-se o carácter autocrático (absolutista), corrupto e violento do regime.
Existiam até suspeitas de que o czar simpatizasse com os alemães;
 Grigor Rasputin, um monge descendente de camponeses siberianos, que estava ligado
a práticas de ocultismo e libertinagem, exercia uma grande influência sobre a família
do czar e o seu governo, situação que provocava desconforto e até mesmo ódio da
população, ao ponto de ter sido assassinado em 1916.

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