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O Desenvolvimento Do Capitalismo No Campo Cearense
O Desenvolvimento Do Capitalismo No Campo Cearense
1. O período colonial
O processo de ocupação e colonização da capitania do Ceará ocorreu de forma tardia.
Enquanto o processo de conquista do território litorâneo que se estende da Paraíba até a Bahia, com
objetivo de produção da cana-de-açúcar para exportação inicia em meados do século XVI, a
colonização do território cearense, vinculada à produção pecuária se dará somente no final do
século XVII.
Com o avanço da produção açucareira na Zona da Mata, a pecuária como uma atividade
complementar e subordinada ao açúcar foi sendo expulsa do litoral, passando a ocupar e colonizar o
sertão nordestino através das principais bacias hidrográficas da região. Segundo Antonil, a expansão
da pecuária está relacionada a três fatores fundamentais: a necessidade dos engenhos de grande
quantidade de animais de tração; o fornecimento de carne para o consumo interno; e a exportação
do couro. Esta função exportadora da pecuária no período colonial teve uma importância
significativa comparável à exportação de fumo e algodão.
No litoral açucareiro predominou a grande plantagem escravista, baseada numa alta
especialização na produção de gêneros, beneficiamento do produto, unidades produtivas com uma
complexa divisão social do trabalho, sob um comando unificado. Já a unidade produtora de gado
recebeu o nome de fazenda, se constituindo como estabelecimentos especializados de produção e
contando com um vastíssimo território natural.
No Ceará, a produção pecuária durante o período colonial ocupou as margens dos principais
rios do estado: o Jaguaribe e o Acaraú. Capistrano de Abreu, importante historiador do período
colonial ressalta a importância da pecuária para a economia cearense, afirmando tratar-se de uma
verdadeira “civilização do couro”:
“de couro era a porta das cabanas; rude leito aplicado ao chão, e mais tarde a cama para os
partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou o alforje para
levar comida, a mala para guardar roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-
lo em viagem , as bainhas de facas, as brocas e os surrões, a roupa de montar no mato, os
banguês para curtumes ou para apanhar sal; para os açudes o material de aterro era levado
em couro por juntas de bois, que calcavam a terra com seu peso; em couro pisava-se tabaco
para o nariz”.
O gado cearense abastecia principalmente as vilas de Olinda e Recife. Devido à distância, o
gado chegava em piores condições e com custos mais elevados do que o paraibano e o potiguar. A
partir de meados do século XVIII, os cearenses passam a comercializar o gado já abatido,
transformado em carne seca, salgados no Aracati na foz do rio Jaguaribe. A carne seca era
beneficiada em oficinas, conhecidas como charqueadas.
A pecuária ainda articulou-se à pequena produção açucareira em pequenas zonas úmidas do
interior do estado, em especial nas serras de Ibiapina, da Meruoca, de Baturité e no Cariri cearense.
“Engenhos pequenos, com uma moenda de madeira, movidos quase sempre a tração animal”.
Existiam mais de quinhentas engenhocas neste período que produziam rapadura e aguardente para o
consumo interno. Segundo Manuel Correia de Andrade, estas engenhocas constituíam “uma
miniatura, distanciada no tempo e no espaço, da civilização canavieira da Zona da Mata”.
No que se refere às relações sociais de produção, o trabalho escravo articulou-se com o
trabalho livre de mestiços e indígenas. Estima-se que cada fazenda criadora de gado, em média
utilizavam a mão de obra de 10 a 12 escravos africanos. Esta compreensão contraria uma visão
eurocêntrica de que a produção pecuária é contraditória com o escravismo, o que por sua vez, faria
com que as relações sociais de produção no sertão nordestino fossem classificadas como feudais ou
semifeudais.
Segundo Capistrano de Abreu, a utilização de mão de obra escrava na pecuária também
evidencia o seu dinamismo, “não como fator econômico, mas como elemento de magnificência e
fausto”.
À medida que o gado avançava, intensificava-se o conflito pela terra entre conquistadores e
povos indígenas. Estes já haviam sido expulsos do litoral açucareiro pela ação colonizadora e
buscaram refugiar-se nos sertões nordestinos. A resistência indígena perdura por mais de dez anos,
no processo conhecido como a Guerra dos Bárbaros. Articula-se ao processo de colonização
cearense os jesuítas, como importante elemento de doutrinamento dos indígenas, constituindo
grandes aldeamentos, com o objetivo de fixar os povos originários em determinados territórios,
buscando diminuir o conflito com a produção pecuária.
2. O período monárquico.
3. Período Republicano.
Este processo continuará durante a Ditadura Militar, com a modernização das atividades já
existentes e a manutenção do latifúndio, o que gerou um forte êxodo rural da população camponesa
aos grandes centros urbanos. O projeto de modernização conservadora da Ditadura consistia em
desenvolver a infraestrutura necessária à acumulação capitalista, com a manutenção da antiga
estrutura agrária.
Com a redemocratização da sociedade brasileira, um novo grupo de empresários, liderados
por Tasso Jeiressati, estimula o desenvolvimento de relações de produção capitalistas no campo
com a política de investimentos através da inserção de grandes empresas multinacionais no campo.
Esta política de investimentos era baseada na construção de infraestrutura necessária à grande
produção agrícola, construção de grandes açudes para o desenvolvimento de agricultura irrigada;
de estradas para o transporte da produção agrícola; de portos para interligar esta produção ao
mercado internacional; e uma forte política de isenção de impostos. Deste modo, que se constitui o
agronegócio no estado do Ceará, em especial na região do Vale do Jaguaribe e na Chapada do
Apodi, com a criação de perímetros irrigados, centrada na fruticultura destinada ao mercado
internacional e com a forte utilização de agrotóxicos.