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Hermenêutica, A arte da Interpretação dos Textos Sagrados

Introdução: Hermenêutica é a ciência tanto bíblica quanto secular que se ocupa dos métodos é técnicas da
interpretação. É basicamente o estudo da compreensão dos textos da Bíblia, e, portanto, trata-se de uma das
primeiras ciências que o pregador deve conhecer. Hermenêutica Bíblica é a disciplina da teologia exegética que
ensina as regras para interpretar as Escrituras, e a maneira de aplicá-la corretamente. Seu objetivo primário é
estabelecer regras gerais e específicas de interpretação, a fim de entender o verdadeiro sentido do autor ao
redigir as Escrituras. É a ciência da compreensão de textos bíblicos. Exegese é a aplicação dos princípios da
hermenêutica para chegar a um entendimento correto do texto.
O termo "Teologia"
tal qual conhecemos na língua portuguesa não se encontra nas Escrituras, procede originalmente de dois
substantivos gregos, o genitivo "theos" = Deus e do acusativo "logia" = tratado, fala. A teologia pode ser comparada
a um edifício de quatro andares, cada um desses com suas respectivas funções, dependendo uma das outras
numa mesma correspondência recíproca, formando todo o mesmo edifício.
I. DIVISÃO DA TEOLOGIA.
1. TEOLOGIA EXEGÉTICA – Enfatiza o emprego dos métodos hermenêuticos a fim de poder auscultar
(sondar, inquirir) corretamente a mensagem dos textos sagrados. Preocupa-se com o sentido primário e literal
do texto. Inclui os seguintes estudos:
•Hebraico – Língua original de quase todos os textos do AT.
•Aramaico – Algumas porções do AT foram redigidas originalmente nesta língua, geralmente são mensagens
de gentios aos judeus ou dos gentios aos gentios, porém jamais de judeus para judeus.
•Grego – Língua original do NT com exceção do original do Evangelho de Mateus, escrito em aramaico,
traduzido para o grego coiné, ou comum.
•Isagogue Bíblica/ Introdução Bíblica – É a designação técnica para descrever os estudos que fornecem
informações gerais e preliminares sobre assuntos cujo conhecimento seja necessário a uma melhor compreensão
das Escrituras.
2. TEOLOGIA HISTÓRICA – Trata do desenvolvimento histórico da doutrina e se preocupa com as
variações sectárias e afastamento herético da verdade bíblica que apareceram durante a era cristã. Contém duas
divisões principais: O Estudo do desenvolvimento progressivo das doutrinas da Bíblia e o Exame do
desenvolvimento histórico das doutrinas da igreja desde a a era apostólica. A Teologia Histórica abrange:
•História da Igreja.
•História das Missões.
•História dos Credos e Confissões.
•História das Doutrinas.
3. TEOLOGIA BÍBLICA – O objetivo da Teologia bíblica é traçar o progresso da verdade nos diversos livros
da Bíblia, e descreve a forma de cada escritor apresentar as doutrinas fundamentais. As duas principais divisões
da Teologia Bíblica são:
•Teologia do AT – Ciência que trata da Natureza de Deus e da sua relação com o universo.
•Teologia do NT – É o ramo da teologia que segue determinados temas através de todos os autores do NT
4. TEOLOGIA SISTEMÁTICA – É a ciência teológica que se encarrega do material das disciplinas anteriores
com fim de arranjá-los de forma metódica e lógica, para facilitar a compreensão e promover as aplicação prática
do mesmo. As disciplinas comuns da Teologia Sistemática são:
•Bibliologia, a Doutrina das Escrituras.
•Teologia, a Doutrina de Deus.
•Angelologia, a Doutrinas dos anjos e demônios.
•Antropologia, a Doutrina dos homens.
•Cristologia, a Doutrina de Cristo.
•Soteriologia, a Doutrina da Salvação.
•Hamartiologia, a Doutrina do Pecado.
•Pneumatologia, a Doutrina do Espírito Santo.
•Eclesiologia,a Doutrina da Igreja.
•Escatologia, a Doutrina das Ultimas Coisas.
II. DEFINIÇÃO DE HERMENÊUTICA.
A Hermenêutica como ciência é:
•Objetiva, pois está fundada em fatos concretos, isto é, na verdade bíblica.
•Racional, pois é constituída de conceitos e raciocínios, e não por "sensações" e "imagens".
•Analítica, pois em virtude da abordar um fato, processo ou situação de interpretação, ela decompõem o todo
em partes componentes relacionadas entre si.
•Explicativa, em virtude de ter como finalidade explicar os fatos em termos de leis, e as leis em termos de
princípios.
A hermenêutica é tanto descritiva quanto prescrita. Como descritiva, ela explica o que é o texto, seu significado.
Enquanto prescritiva, ela determina qual deve ser o nosso comportamento mediante a interpretação fornecida
através de métodos e regras.
•Método. Por método entendemos ser todo processo racional usado para chegar a determinada conclusão
válida.
•Regras. Em hermenêutica, refere-se as regras ou técnicas usadas para chegar ao conhecimento do significado
original do texto.
Deste modo a Hermenêutica propõe-se a postular métodos válidos de interpretação visando auxiliar o obreiro
e qualquer estudante da Bíblia a usar de métodos de interpretação confiáveis, além de estabelecer princípios
fundamentais da exegese bíblica, com base para o estudo do texto na sua diversidade cultural e histórica.
III. HERMENÊUTICA, EXEGESE E EISEGESE
A Hermenêutica precede a EXEGESE. Esta por sua vez, vale-se dos princípios, regras e métodos hermenêuticos
em suas conclusões e investigações. A "EXEGESE" é a aplicação dos princípios hermenêuticos para chegar a
um entendimento correto sobre o texto. É o estudo do sentido literal do texto, referindo-se a idéia de que o
intérprete está derivando o seu entendimento do texto, em vez de incutir no texto o seu entendimento. Enquanto
a hermenêutica é a teoria da interpretação, a exegese é a prática. Porém deve-se notar uma diferença grande
entre "EXEGESE" E "EISEGESE". A primeira consiste em extrair o significado de um texto qualquer, mediante
legítimos métodos de interpretação. A segunda, consiste em "injetar" no texto alguma coisa que o intérprete quer
que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Eisegese é na verdade a manipulação do texto para
fá-lo dizer o que na verdade ele não está dizendo. Assim podemos dizer que a Hermenêutica e a Exegese têm
por função:
a) Traduzir o texto original tornando-o compreensível em língua nacional, isto é da região em que se está
estudando a mesma, sem sangrar o sentido primário.
b) Compreender o sentido do texto dentro de seu ambiente histórico-cultural e das construções gramaticais.
c) Explicar o verdadeiro sentido do texto em todas as dimensões possíveis (autor, audiência, condições sociais,
condições religiosas, etc...)
d) Tornar a mensagem das Escrituras inteligível ao homem moderno.
e) Conduzir-nos a Cristo.
Por outro lado, o intérprete pratica a "Eisegese" quando:
f) Força o texto dizer o que não diz – O intérprete está consciente de que a interpretação por ele asseverada não
está condizente com o texto, ou então, está inconsciente quanto ao objetivo do autor ou propósito da obra,
entretanto, voluntária ou involuntariamente, manipula o texto afim de que sua capacidade de falar seja aceita
como princípio escriturístico.
g) Ignora o contexto, sob pretexto ideológico – Ignorar o contexto é rejeitar deliberadamente o processo
histórico que deu margem ao texto. Neste caso o intérprete não examina com a devida atenção os parágrafos
pré e pós texto, e não vincula um versículo ou passagem a um contexto remoto ou imediato, isto quase sempre
para se conformarem com a sua ideologia.
h) Ignora a mensagem e o propósito principal de um livro – Um livro pode mais facilmente ser entendido
quando se sabe o propósito do autor e qual a mensagem que ele procurou afirmar para os seus contemporâneos.
Ignorar estes propósitos leva a dispersão na aplicação do texto.
i) Quando não esclarece um texto a luz de outros – Os textos obscuros devem ser entendidos a luz de outros e
segundo o propósito e a mensagem do livro. Recorrer a outro texto é reconhecer a unidade das Escrituras na
correlação de idéias.
J) Quando põem
a "revelação" acima da mensagem revelada – Não é difícil encontrarmos pessoas "sangrando" o texto sob pretexto
de que "recebeu" de Deus uma revelação, colocando a pseudo-revelação acima da mensagem revelada.
l) Quando está comprometido com um sistema ou ideologia – É um grande problema para o intérprete
encontrar na Bíblia doutrinas que afetam diretamente o sistema e as tradições de sua denominação.
A tarefa da hermenêutica e da exegese não é nada fácil. Propor-se a interpretar as Escrituras, significa deparar-
se com bloqueios a uma compreensão espontânea do significado primitivo da mensagem. O intérprete terá de
lidar com uma língua e cultura distinta da sua. Entre estes bloqueios possíveis, destacamos:
I. DIFICULDADES INTERNAS.
•HISTÓRICOS-CULTURAIS. As Escrituras foram escritas não para a nossa realidade e cultura, mas para
outra cultura eqüidistante da nossa há mais de três milênios.
•LINGUÍSTICAS. A Bíblia foi originalmente escrita em pelo menos três idiomas: o hebraico, o aramaico e o
grego. Além de possuir diversos vocábulos derivados de outros idiomas semitas.
•TEXTUAIS. Nenhuns dos escritos originais chegaram até nós. O que temos são cópias manuscritas. Apesar
da meticulosidade dos escribas, o Texto Sagrado sofreu algumas alterações ao ser repetidamente copiado,
porém não invalidando o conjunto. Neste caso lançamos mão da "Critica Textual" que tem por finalidade
reconstruir com toda perfeição o texto bíblico, expurgando-o de qualquer alteração produzida por erro do
escriba.
II. DIFICULDADES EXTERNAS.
•AÇÃO MALÍGNA NO MUNDO. 2Co 4.4. É notória uma atividade maligna com o intuito de impedir que
o Evangelho floresça na mente e no coração dos incrédulos. 2Tm 4.1; Cl 2.8,22; Ef 4.14
•DEPRAVAÇÃO MENTAL DO HOMEM APÓS SUA QUEDA. Através, e por causa do pecado, os
homens adquiriram uma mente depravada em relação a Deus, a moral e a si mesmo. Rm 1.28; Tt 1.15
III. ATITUDES E QUALIDADE DO INTÉRPRETE.
1.MATURIDADE ESPIRITUAL. O estudioso das Escrituras deve possuir qualidades espirituais,
principalmente o temos e a reverencia ao Espírito Santo. 1Co 2.14
2.COMUNHÃO COM O ESPÍRITO SANTO. Além do temos, o intérprete deve ser uma pessoa cheia do
Espírito Santo, sendo guiado por Ele. 1Co 2.10.
3.VIDA DE ORAÇÃO. Todo trabalho de interpretação das Escrituras deve ser acompanhado de oração.
4.INIMIZADE PARA COM A OCIOSIDADE BÍBLICA. Os cristãos hebreus são chamados pelo autor da
epístola de "indolentes" (Hb 5.11; 6.12). por serem preguiçosos deixaram de receber profundas instruções
espirituais, pois devido ao tempo de fé, cerca de trinta anos, nunca se preocuparam com o estudo sério da
Palavra.
5.MENTE SÃ E EQUILIBRADA. O hermeneuta deve evitar o raciocínio defeituoso, a extravagância na
imaginação, a perversão do raciocínio e as idéias vagas, devendo ser capaz de perceber rapidamente o que uma
passagem ensina e não ensina, assim como observar sua verdadeira tendência.
6.OBSERVADOR DAS LÍNGUAS ORIGINAIS. Reconhecer o valor das línguas sagradas propiciará riquezas
a interpretação, pois se sabe que uma consistente extração da verdade depende, até certo ponto, do
conhecimento dessas línguas bíblicas, sua gramática e idiotismo.
7.POSSUIR CULTURA GERAL. Não possuir somente conhecimento da gramática e do vernáculo de sua
língua, mas também da história dos povos bíblicos, da geografia, arqueologia, etc.
IV. FERRAMENTAS NECESSÁRIAS A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA.
1. CHAVE E CONCORDÂNCIA BÍBLICA. Concordância é uma compilação em ordem alfabética, de
termos ou conceitos bíblicos, que remete as passagens da Bíblia onde ocorre o respectivo termo ou conceito.
Existem dois tipos de concordâncias:
1.VERBAIS – Relacionam palavras. São chamadas também de "CHAVE BÍBLICA"
2.REAIS – Estas, ao contrário de somente palavras, arrolam também idéias, é em sentido estrito, lista de idéias
ou assuntos que remetem aos textos bíblicos.
2. DICIONÁRIO E ENCICLOPÉDIAS. Os dicionários bíblicos não se propõem como as concordâncias, a
reproduzir os textos, e sim oferecer a cada assunto uma exposição mais ampla. Dicionário é um conjunto de
vocábulos e termos de uma língua disposta em ordem alfabética com seus significados. As enciclopédias bíblicas,
entretanto, não se prestam a verificar significados dos termos, ainda que muitos se ache nela, mas abranger todos
os ramos do conhecimento bíblico teológico.
3. VERSÕES DA BÍBLIA. São diversas as traduções da Bíblia em circulação no Brasil – Todas com base na
tradução de João Ferreira de Almeida, traduzida para o Brasil no século XVII pela SBBE. Nesta ocasião a
tradução de Almeida foi entregue a uma comissão de tradutores brasileiros, a fim de tirar os lusitanismos do
texto e dar características lingüísticas mais brasileiras.
V. TERMINOLOGIAS
1.TRADUÇÃO. Ato de transpor uma composição literária de uma língua para outra.
2.TRANSLITERAÇÃO. Ato de reduzir um sistema de escrita a outro, letra por letra.
3.VERSÃO. É a tradução de uma língua original para outra língua.
4.REVISÃO/ VERSÃO REVISADA. Ato ou efeito de rever através de um novo exame do texto, com vista a
corrigir erros ou introduzir emendas ou substituições.
5.RECENSÕES. Ato de comparar o texto de edições anteriores com os manuscritos.
6.PARÁFRASE. É uma tradução livre, solta, de um texto, procurando expressar a idéias ou mensagem do texto
e não palavras.
7.EDIÇÃO. É um empreendimento editorial com vista a publicação, podendo ser:
•ATUALIZADA. Quando o texto sofreu acréscimo ou modificação em relação a edição anterior
•ANOTADA. quando o texto se faz acompanhar de notas destinadas a esclarecer, completar ou atualizá-lo
•CRÍTICA. (exegética) – Quando se procura estabelecer o texto original de uma obra, mediante colação com
manuscrito, correção de erros tipográficos, modernização na maneira de compor, e tanto quanto possível, de
particularidades ortográficas e gramaticais acrescentando variantes de passagens, notas e comentários que
constituem o aparato crítico.
•ABREVIADA. Quando o texto foi parcialmente suprido ou resumido em trechos ou passagens supostamente
não essenciais a sua compreensão.
•BIBLIÓFILO. Quando se destina a colecionador de tiragens reduzidas e exemplares enumerados
•FAC-SIMILAR. Quando reproduz outra por processo foto mecânico.
•CORRENTE. É uma edição comum, de baixo custo, feita para o grande público e que contém o texto puro
e simples da obra.
•DE LUXO. Quando editada em papel de alto preço, em formato quase sempre grande e com margens
amplas.
•COMEMORATIVA. Quando procura celebrar um acontecimento.
•DE AFINIDADE. Quando procura personalizar certas edições para grupos especiais.
As grandes doutrinas e princípios do cristianismo estão expostos com clareza nas Escrituras, por isso, só se
evocam as regras de interpretação para conseguir verdadeiro significado dos pontos obscuros e de difícil
compreensão. Para se conhecer o sentido inato da Bíblia, ela mesma deve ser a própria intérprete.
I. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO.
1. É PRECISO, O QUANTO SEJA POSSÍVEL, TOMAR AS PALAVRAS EM SEU SENTIDO COMUM.
Nem sempre este sentido comum será o literal, por isso, para esta regra perguntamos: Qual o significado desta
palavra? Os verdadeiros sentidos dos textos são, muitas vezes conseguidos pelo significado de suas palavras. Os
significados das palavras na Bíblia estão determinados pela peculiaridade e uso da linguagem bíblica, devendo,
portanto buscar o conhecimento do sentido em que se usam as palavras antes de tudo na própria Bíblia. Se não
tem mais de um significado, estamos de imediato esclarecidos: possuímos já o verdadeiro sentido. Porém, caso
contrário, tem outra pergunta!
2. É DE TODO NECESSÁRIO TOMAR AS PALAVRAS NO SENTIDO QUE INDICA O CONJUNTO
DA FRASE. Esta segunda regra responde a pergunta: Que sentido requer o restante da frase? Na linguagem
bíblica, como em qualquer outra, existem palavras que variam muito em seu significado, segundo o sentido da
frase ou argumento em que ocorrem. Importa, pois averiguar e determinar sempre qual seja o pensamento
especial que o escritor se propõe a expressar, e assim, tomando por guia este pensamento, pode-se determinar
o sentido positivo da palavra que apresenta dificuldade.
3. É NECESSÁRIO TOMAR AS PALAVRAS NO SENTIDO INDICADO NO CONTEXTO, A SABER,
OS VERSÍCULOS QUE PRECEDEM E SEGUEM O TEXTO QUE SE ESTUDA. Nem sempre o conjunto
de uma frase é suficiente para determinar qual o verdadeiro significado de certas palavras. Nestes casos, para
uma correta interpretação precisamos ainda da resposta de uma terceira pergunta: Qual o sentido que requer o
contexto? No contexto, isto é, nas passagens mais acima ou, mais abaixo, podemos encontrar expressões,
versículos ou exemplos que nos esclarecem e definem o significado da palavra obscura.
4. É PRECISO TOMAR EM CONSIDERAÇÃO O OBJETIVO OU DESÍGNIO DO LIVRO OU
PASSAGEM QUE OCORREM AS PALAVRAS OU EXPRESSÕES OBSCURAS. Se mesmo assim
couberem mais um sentido, vamos ampliar ainda mais nossa averiguação perguntando: Qual o sentido que
requer o desígnio ou objetivo geral da passagem ou livro em que se encontra? O objetivo ou desígnio de um
livro ou passagem se adquire, sobre tudo, lendo-o e estudando com atenção e repetida vezes, tendo em conta
em que ocasião e a que pessoas originalmente foram escritos.
5. É NECESSÁRIO CONSULTAR PALAVRAS PARALELAS (Existem Paralelo de palavras ou de idéias e
de ensino gerais). Como passagens paralelas entendemos aqui as que fazem referência um a outra. Fazemos uso
destes paralelos, quando o conjunto de frase ou contexto não basta para explicar as palavras duvidosas. Não
sendo possível determinar pela palavra, deve-se procurar ensinos, narrativas e fatos contidos em textos ou
passagens, chamam-se "paralelo de idéias". Se ainda assim, não houver correta interpretação usando estes
paralelos, será preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. Se porventura com as
respostas a todas estas averiguações for possível ainda, encontrar mais de um significado em alguma palavra ou
passagem, pode considerar-se verdadeiro ambos os significados ou ambas as interpretações, devendo-se, por
certo, conferir a que mais condições reunam para ser aceita como verdadeira.
II. FIGURAS DE RETÓRICA.
Vimos até aqui, que para correta compreensão das Escrituras se faz necessário, na medida do possível, tomar
as palavras em seu sentido usual e comum, o que, devido a linguagem não significa que sempre devem ser
tomadas ao pé da letra. Descobrimos também ser necessário familiarizarmos com a linguagem para chegarmos
a compreender, sem dificuldades, qual seja o seu sentido usual e comum destas palavras. Para tanto, se faz
necessário ao estudante das Escrituras explorarem uma série de figuras e hebraísmo, com seus correspondentes
exemplos que precisam ser estudados detidamente e repetida vezes.
1. METÁFORA. Tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o
que é próprio do outro (Jo 15.1).
2. SINÉDOQUE. Faz uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo
singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa (Sl 16.9; 1Co 11.26; At 24.5).
3. METONÍMIA. Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela
realidade que indica o símbolo (Lc 16.29; Jo 13.8).
4. PROSOPOPÉIA. Usa se esta figura quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-lhes feitos e
ações das pessoas (1Co 15.55; Is 55.12; Sl 85.10,11).
5. IRONIA. Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal
modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro (2Co 11.5; 12.11; 1Rs 18.27; Jó 12.2).
6. HIPÉRBOLE. É a figura pela qual se representa uma cousa maior ou menor do que a realidade e, para
apresentá-la viva a imaginação (Nm 13.33; Dt 1.28).
7. ALEGORIA. É uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, representando cada
uma delas realidades correspondentes. Costuma ser tão palpável a natureza figurativa da alegoria que uma
interpretação ao pé da letra quase se faz possível.
8. FÁBULA. É uma figura de retórica pouco usada nas Escrituras, na qual um fato ou alguma circunstância se
expõe em forma de narração mediante a personificação de cousas ou de animais (2Rs 14.9).
9. ENÍGMA. Também é um tipo de alegoria, porém de solução difícil e abstrusa, isto é confuso, difícil de
compreender (Jz 3.14; Pv 30.24).
10. TIPO. É uma classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos
que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se nas
Escrituras "Sombras dos bens vindouros", e se encontram, portanto no AT (Jo 3.14; Mt 12.40; Rm 5.14; 1Co
5.7).
11. SÍMBOLO. É uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma cousa ou algum fato por meio de outra
cousa ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou representação (Ap 5.5; 6.2;
Mt 10.16).
12. PARÁBOLA. É uma espécie de alegoria apresentada sob forma de narração, relatando fatos naturais ou
acontecimentos possíveis. Sempre com o objetivo de declarar ou ilustrar uma ou várias verdades importantes
(Lc 18.1-7; Mt 13.3-8).
13. SÍMILE. Procede da palavra latina "similis" que significa semelhante ou parecido a outro. Consiste em
denominar uma cousa empregando o nome de outra, na esperança de que o leitor ou ouvinte reconhecerá a
semelhança entre o sentido real e o figurado da comparação.
14. INTERROGAÇÃO. A palavra procede de um vocábulo latino que significa "pergunta". Mas nem todas as
perguntas são figuras de retórica. Somente quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma
figura de literária – figura pela qual o orador se dirige a seu interlocutor, ou adversário, ou ao público, em tom
de pergunta, sabendo de antemão que ninguém vai responder (Enciclopédia Brasileira Mérito) Gn 18.25; Rm
8.33-35.
15. APÓSTROFE. Semelhante a prosopopéia, o vocábulo indica que o orador se volve dso seus ouvintes
imediatos para dirigir-se a uma pessoa ou coisa ausente ou imaginária. Quando as palavras são dirigidas a um
objeto impessoal, a personificação e a apostrofe se combinam (Sl 114.5-8; Jr 47.6).
16. ANTITESE. É a inclusão na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contrastes um
com o outro. (Dt 30.15; Mt 7.13,14).
17. CLIMAX OU GRADAÇÃO. Concatenação dos elementos de um período de modo a fazer com que cada
um comece com a última palavra do anterior; amplificação, apresentação de uma série de idéias em progressão
ascendentes ou descendentes (Hb 11. Rm 8).
18. PROVÉRBIO. Trata-se de um dito comum ou adágio. Os provérbios do AT estão redigidos em sua maior
parte em forma poética, consistente em dois paralelismo, que geralmente são sinônimos, antitéticos ou
sintéticos.
19. PARADOXO. Uma proposição ou declaração oposta a opinião comum. Uma afirmação contrária a todas
as aparências e a primeira vista, absurda, impossível ou em contraposição ao sentido comum, porém que, se
estudada detidamente ou meditando nela, torna-se correta e bem fundamentada (Mt 16.12; 8.22).
20. HEBRAÍSMO. Certas maneiras e expressões peculiares do idioma hebreu que ocorrem em nossas
traduções da Bíblia, que originalmente foi escrita em hebraico e em grego (Lc 10.6; Ef 2.2; 5.6,8).
Exemplos de hebraísmo e suas peculiaridades:
•De posse e poder – Sl 108.9
•De felicidade e suficiência – Sl 63.5
•De contraste ou antítese – Pv 15.20
•DE poder e força – Sl 104.24

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