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CASTRO, Silvio. Teoria e política do modernismo brasileiro.

Petrópolis,
Vozes, 1979.

1.1 RAIZ SIMBOLISTA

O texto inicia falando sobre concepções de ciência e aspectos


racionalistas nos campos científicos dos sécs. XIX e XX, afirmando que a
efervescência do racionalismo sócio-literário desencadeia, nas ciências
humanas - especificamente no plano artístico literário - o realismo e o
naturalismo.

O autor aponta uma ruptura do modelo racionalista-realista através de


uma nova visão do universo proposta por Baudelaire, que amparado no seu
conceito de “correspondências”, evidencia a metáfora na relação entre criador e
objeto criado. Assim, o mundo objetivo não é mais verificado somente a partir da
razão objetiva, do empirismo, mas também (e neste caso, com mais ênfase) a
partir da razão subjetiva. Neste sentido, o autor propõe que Baudelaire “inaugura,
em antecipação, a poética simbolista” (p. 20).

A revolução iniciada na poética baudelairiana se intensifica com Rimbaud.


Este apresenta uma produção literária onde poesia e espírito se unem
proporcionando, além de mera arte, uma experiência ontológica ao homem.
Nesse desaguar, palavra e vida se completam indissociavelmente. Assim, a
palavra assumia o valor de símbolo total – significante e significado.

Neste contexto de releituras da realidade existencial, a realidade


expressiva das palavras associadas ao seu valor musical, o Simbolismo constitui
matéria-prima para suas produções. A partir de então, a arte simbolista surge,
no final do século XIX, contrapondo-se ao realismo, ao naturalismo e ao
positivismo da época.

1.3 FUTURISMO E MODERNISMO BRASILEIRO

O texto apresenta o Futurismo como um movimento que, dentre as


vanguardas históricas, mais intensamente influenciou a inter-relação
internacional em busca de uma nova expressão artística.
O Futurismo é inaugurado historicamente em 20 de fevereiro de 1909.
Com a publicação do Manifesto Futurista. O manifesto é uma síntese
provocadora e moderna, de clara contestação ao tempo passado e à cultura
tradicional do mundo antigo. A arte futurista vai exaltar, então, o mundo moderno,
da velocidade e das máquinas; o mundo onde protagoniza um novo homem,
audacioso, violento e individualista.

O manifesto futurista busca exaltar, em suas escolhas lexicais, o vigor, a


virilidade e a violência da ruptura com os cânones tradicionais proposta pelo
movimento. Para esta cisão, são eleitos novos elementos representativos que
devem traduzir um mundo moderno: o industrial e urbano, marcados por um
mundo de velocidades e tensões. Neste frenesim, são as máquinas que
produzem os padrões de beleza que serão opostos às tradicionais obras de arte.

Em 11 de maio de 1912, o “Manifesto técnico da literatura futurista”,


proposto por Marinetti, apresenta ressignificações na escrita da literatura
futurista. Agora, a analogia passaria a ser tomada como fator absoluto da nova
expressão literária. Através da analogia o poeta futurista de integraria
plenamente com o universo e conseguiria, então, o traduzir a contento.

A favor de uma mudança significativa, Marinetti propõe a destruição da


sintaxe, valorizando especialmente o substantivo e sua colocação ao acaso, a
abolição do adjetivo, advérbio e todos os elementos de conexão, e o abandono
da pontuação, substituindo os seus sinais convencionais por sinais matemáticos
ou musicais.

O autor propõe na seção em análise, que as relações entre Modernismo


e Futurismo existem quase exclusivamente no plano ideológico no que se refere
a movimentos de vanguarda com raízes comuns. O modernismo recolheu do
Futurismo o sentido de modernidade que amparou o seu sistema teórico. Assim,
toda a poética modernista será pensada a partir da teorização do conceito de
arte moderna influenciada pelo Futurismo.

Entre 1921 e 1922 temos a ação de jovens escritores brasileiros que


preparavam um sistema de vanguarda nacional que se reconhecia no Futurismo.
Porém, com a consolidação da vanguarda brasileira a partir de Semana de Arte
Moderna de 1922, as pontes dialéticas caem e as diferenças entres os dois
movimentos são observadas de forma clara. Assim, neste mesmo ano, por
questões político-ideológicas, passou-se a fazer clara distinção entre os dois
movimentos. Embora o Modernismo tenha seguido a tendência futurista de
estruturar a ação do movimento pela presença de um elevado número de
manifestos.

1.4 DADAÍSMO E MODERNISMO BRASILEIRO

O texto apresenta o Dadaísmo como o mais radical dos movimentos da


vanguarda europeia. Situado historicamente entre 1916 e 1923, se caracterizou
pela ação negativa intensa e radical, chegando a afirmar a inutilidade do próprio
movimento dadaísta e de sua obra.

Surgido na França, o Dadaísmo cresce num momento em que a Europa


se via transtornada pela 1º grande guerra. Nessa atmosfera, o movimento
dadaísta surge para contestar tudo, projetando uma ação abolidora dos valores
estéticos e morais vigentes.

O Dadaísmo vai além do Futurismo pois nega, inclusive, os resultados já


alcançados pela vanguarda italiana. Surgem então, como uma pura ação que
deve valer por si mesma, procurando desesperadamente o homem pela sua
própria destruição.

O modernismo brasileiro recebeu influências diretamente do Dadaísmo no


processo gerador da dialética de contestação da vanguarda nacional de 1917
até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Exposições de pintura como a de Anita
Malfatti, em São Paulo, em 1917, marcam a ligação objetiva entre a vanguarda
brasileira e o espírito dadaísta.

Dentre os jovens escritores e artistas brasileiros que, a partir de 1917,


adentram numa batalha pela afirmação de uma nova estrutura estética no país,
o que era mais intimamente ligado ao espírito vanguardista dadaísta era Oswald
de Andrade. Em suma, serão nos atos da Semana de Arte Moderna que se
encontrarão outras características comuns entre a vanguarda brasileira e a
revolução Dadá.

1.5 MODERNISMO BRASILEIRO E SURREALISMO


A consciência crítica dos fatos e atos nacionais geradores de uma nova
poética fazem que o Modernismo brasileiro assista e participe da passagem da
pura dialética dadaísta para o mais amplo processo surrealista, incorporando os
seus aparatos teórico-metodológicos que melhor servisse a realização da obra
modernista.

O relacionamento entre Modernismo e Surrealismo pode ser visto


principalmente na diferença de intensidade contextual das normas estéticas e
conceitos culturais universais que interessam aos dois movimentos. A exemplo
disto, temos o problema da linguagem.

Por fim, o autor propões que os manifestos Surrealistas, a partir de 1924,


pouco ou nada influenciaram os manifestos modernistas.

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