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Contrato promessa de compra e venda: comprometem-se a proferir declaração negocial tendente a celebração do
contrato definitivo.
A fez a promessa tendo como pressuposto a contraprestação, que iria receber de B. Se essa não foi
realizada, esse argumento vai ser utilizado como meio de defesa perante o terceiro beneficiário, de
modo a não cumprir a prestação que deve (Art.795º/1).
Em Junho (mês em que o contrato definitivo deveria ter sido celebrado, conforme convencionado no
contrato-promessa), A não se encontra disponível para cumprir a obrigação a que estava adstrito.
Ser-lhe-á o não cumprimento imputável? Regra geral, o não cumprimento é imputável ao
devedor, se ele se mantiver em silêncio à data em que devia ter cumprido a obrigação
(Junho). Não se verifica uma situação de impossibilidade não imputável a ambas as partes.
Ele não estava em condições de cumprir – é pressuposto que o devedor deve colocar-se em
condições de cumprir – se nada se diz quanto ao motivo, pressupõe-se que este é imputável
ao devedor e ele incorre em mora Mora do devedor, a partir do vencimento do prazo
para o cumprimento da obrigação (art.805º/2/a).
Caso nº16
1ª Hipótese
Momento do cumprimento: no dia em que A regressar do Brasil, nas férias seguintes (horizonte
temporal expectável). Se nesse dia ele não entregar a jiboia, entra em mora. Prazo
determinável, não determinado.
B cumpre a prestação a que estava adstrito – consertar a parede da casa de A;
E a contraprestação, é cumprida na data devida? Não – não cumprimento. Porquê? Por motivo
inimputável a ambas as partes – impossibilidade superveniente de cumprimento A não tem
culpa que um passageiro envenene a jiboia.
À impossibilidade em geral aplica-se o regime dos artigos 790º e ss. Todavia, aplica-se o regime
do art.796º/1 aos contratos que transfiram um direito real sobre a coisa, que a obrigação em
causa seja a entrega da coisa e que suceda o perecimento ou deterioração da coisa. Aplicando-
se este regime, o risco correria por conta do adquirente, pelo que A não deveria ser
responsabilizado pela impossibilidade de cumprimento.
Todavia, temos de ter em atenção o regime do 796º/2, que refere casos em que é constituído
um termo a favor do alienante, visto que só teria de cumprir a obrigação a que estava adstrito
nas “férias seguintes”. Nestes casos, enquanto não for vencido o termo ou entregue a coisa, o
risco não se transfere para o adquirente. Deste modo, aplica-se o regime geral da
impossibilidade e ninguém se responsabiliza pela impossibilidade:
795º/1 – Trata-se de um contrato sinalagmático. Logo o credor fica desobrigado da
contraprestação; se já a prestou (já construiu o muro) pode exigir a sua restituição
(monetária, neste caso).
Sub hipótese: se o devedor receber uma indemnização do passageiro que envenena a jiboia, deve restituir o valor da
indemnização ao credor, se este o exigir. Isto porque a indemnização substitui, na esfera do devedor, a prestação
que ele deveria ter prestado ao credor e que, por motivos externos a ambos, se tornou impossível (art.794º,
commudum de representação).
2ª Hipótese
3ª Hipótese
Maior onerosidade da prestação é um risco que corre por conta do alienante. Não dita, de todo, a impossibilidade. A
maior onerosidade é protegida pelo ordenamento jurídico, mas não o exonerando da obrigação. Para estes casos,
existe o regime da alteração das circunstâncias (437º) e não a exclusão da responsabilidade por impossibilidade, nos
termos do 790º e ss.
É sempre preciso confrontar a alteração de circunstâncias com o erro sobre a base do negócio – circunstâncias com
que não contaram no momento da celebração vs. Alteração superveniente das circunstâncias.
Obrigação em causa é a entrega da jiboia –> não ocorre Não cumprimento. porquê? Motivo imputável ao
devedor (A) Não chega a ser constituído em mora porque, ao abandonar a cobra no aeroporto, saltamos logo
para uma situação de ID.
À partida, aplicar-se-ia o regime do 801º; sendo A responsável como se faltasse culposamente ao cumprimento da
obrigação, deve responder pelo incumprimento. Quanto ao B, deverá ser indemnizado e poderá resolver o contrato,
nos termos do art.801º/2. Sendo um contrato bilateral, também deverá ser-lhe restituído o valor equivalente ao
muro.
Todavia, visto que se alteraram as circunstancias e o cumprimento da obrigação acarretaria custos muito mais
elevados do que os inicialmente previstos, A poderia invocar o regime da alteração de circunstancias e modificar ou
resolver o contrato de acordo com a equidade, nos termos do 437º.
4ª Hipótese
5ª Hipótese
Obrigação em causa: entrega da jiboia. Não se cumpre na data combinada Não cumprimento. Porquê? Motivo
imputável ao devedor.
Caso nº17
1ª Hipótese
A obrigação em causa é a entrega da mercadoria. Ocorre? Não – não cumprimento. Porquê? Por
motivo inimputável a ambas as partes.
Trata-se de uma situação de impossibilidade: aplica-se o regime geral (790º e ss) ou o regime
especial do risco? (796º)
Contrato que pressupõe a tradição da coisa
A obrigação é a entrega da coisa
Ocorre a deterioração da coisa.
Cumpridos estes pressupostos, aplica-se o 796º: mas o 796º/2, visto que foi constituído um
termo em favor do alienante (devedor): assim sendo, o risco só se transfere para o adquirente
com a entrega da coisa ou com o vencimento do prazo. Como tal ainda não ocorreu, o
adquirente não suporta o risco.
Sendo a impossibilidade inimputável a ambas as partes e tendo sido constituído um termo em
favor de A, aplica-se o regime geral da impossibilidade nos contratos sinalagmáticos: art.795º/1.
O credor, B, fica desobrigado da contraprestação e se já o tiver prestado, tem direito à
restituição. Mas não tem direito de exigir a A a reparação dos prejuízos causados porque
a impossibilidade não é imputável ao devedor.
2ª Hipótese
A obrigação de entrega da mercadoria não é cumprida – não cumprimento. Porquê? Motivo imputável ao credor
Impossibilidade imputável ao credor. Logo, o devedor não é responsabilizado, nos termos do art. 790º/1, sendo
extinta a obrigação;
Tratando-se de um contrato sinalagmático, aplica-se o art. 795º/2 e o credor ao qual é imputável a impossibilidade
de cumprimento não fica desobrigado da contraprestação – não tem direito à restituição do pagamento.
Caso nº18
Contrato de compra e venda: duas obrigações emergem:
Dia 31 de Março
Dia 31 de Julho
Termina a mora do devedor A (na obrigação de entrega dos moldes)– A cumpre a obrigação
(todavia, par além dos juros moratórios que já pagou entre Março e Julho, tem de pagar
indemnização pelos danos decorrentes do atraso).
Devedor B incorre em mora (na obrigação da pagamento do preço) – deixa de ter legitimidade
para invocar a exceção de não cumprimento visto que A já cumpriu a contraprestação. Também
se aplica o art.805º/2/a) pois entende-se que, sendo um contrato bilateral, o pagamento do
preço deveria ser entregue no momento da entrega dos moldes.
Estando em mora, também terá de pagar juros moratórios, a contar do dia 31 de Julho.
Caso nº19
1ª Hipótese
Contrato promessa de compra e venda;
Antecipação do cumprimento por parte de B: 2500€.
Será mera antecipação de cumprimento ou sinal? Tratando-se de promessa de contrato de
compra e venda bilateral (pressupõe um promitente vendedor e um promitente comprador,
presume-se que a antecipação de cumprimento tem carácter de sinal – art.441º.
No contrato, foram também estabelecidas duas cláusulas penais (art.810º):
Moratória – 10%, por cada mês de atraso;
Compensatória – 30% de 5000€
A obrigação de entrega do projeto não é cumprida – não cumprimento. Porquê? Motivo
imputável ao devedor A Mora ou incumprimento definitivo?
O credor alega ter perdido o interesse no cumprimento (querendo chegar a uma situação de ID),
pretendendo por isso a resolução do contrato. Todavia, a perda de interesse tem de ser
justificada e interpretada objetivamente (art.808º), o que não acontece. Por isso, entende-se
que A está apenas em mora. Assim sendo, o que B poderá fazer é exigir os 10% por casa mês em
atraso e o cumprimento da prestação, impondo por exemplo um prazo admonitório de 8 dias
(prazo no qual A promete cumprir).
2ª Hipótese
De facto, há mora do devedor (A), pelo que B tem direito a ser ressarcido pelos danos
decorrentes do atraso. Todavia, nos termos do art. 811º/2, se existe uma cláusula penal é essa
que se aplica, não podendo B exigir indemnização por dano excedente, a menos que tal tenha
sido previamente convencionado pelas partes. Neste sentido, B tem direito a 500€ (10%) por
cada mês de atraso, nada mais.
Vitinho
811º/1 – Não pode ser ressarcido por dano excedente, a menos que a cláusula seja moratória:
pode exigir compensação nos termos gerais do cc pelo ID, se a cláusula penal apenas incidir na
mora.
Mas neste caso, ele não está a pedir nada que compense o ID. O que ele está a fazer é exigir
uma dupla compensação pela mora, o que não pode ocorrer: se há cláusula penal, não pode
haver sanção pecuniária compulsória porque ambas cumprem o mesmo objetivo:
Sanção pecuniária compulsória: reverte metade para o credor (ressarcindo das consequências
do atraso) e metade para o Estado (porque se entende que o devedor pratica 1 ato ilícito,
desconforme com o OJ) Se metade compensa o credor e se a cláusula penal fá-lo igualmente,
ele não pode exigir as duas. Se há cláusula penal, é apenas a esta que o credor tem direito em
caso de mora (811º/2).
Caso nº20
AeT
AeZ
1ª Hipótese
Programa devia ter sido entregue dia 30 de Junho. Não foi – não cumprimento. Porquê? Motivo
imputável ao credor – Mora do credor (813º) Não acionou um anti-vírus, o que impossibilitou
o cumprimento da obrigação por parte da empresa T não estava em condições de cumprir a
prestação em tempo.
Situação de impossibilidade imputável ao credor (teoricamente aplicável o 795º/2) mas que se
traduz em mora porque não torna a obrigação de todo impossível – 813 e ss. .
Nos termos do 815º, o risco, na mora do credor, é suportado pelo credor.
Nos termos do 816º, a Empresa A (credor) deve indemnizar a empresa T (devedor).
Não foi possível fazer a instalação em tempo. Mas não é de todo impossível.
2ª Hipótese
3ª Hipótese
Prestação não foi cumprida em tempo não cumprimento porquê? motivo imputável ao devedor mora do
devedor. Como chegar a uma situação de ID? não bastam as tais insistências: para que relevem para a transição
da mora para o ID, têm de ser mais do que simples insistências. Terá de haver uma das 5 causas, por exemplo, a
perda justificada de confiança ou a fixação e consequente não cumprimento do prazo admonitório.
Não havendo motivo bastante para chegarmos a uma situação de ID, T está apenas em mora, nos termos do
805º/2/a, tendo o banco direito a exigir os 10% por cada mês de atraso. Mas não pode exigir mais nada, a não ser
continuar a insistir no cumprimento da prestação, fixando o prazo admonitório, ou recorrendo à execução específica
(830º/1).
4ª Hipótese
Local do cumprimento de prestações móveis – nos termos do 773º, local onde a coisa se encontrava ao tempo da
conclusão do negócio, ou seja, em Inglaterra. Mas terá o Banco A de ir a Inglaterra buscar os 100 computadores?
Não – nos termos da interpretação objetiva das declarações negociais (236º), nenhum contraente normal entende
que deverá ser o credor a ir buscar os 100 computadores à sede da empresa. Normalmente, em contratos deste
género, é o devedor que se deve deslocar à sede do credor e proceder à instalação. Logo presume-se que as partes
quiseram afastar a regra supletiva do 773º. O local do cumprimento deverá ser o Banco A.
Assim sendo, o envio por via marítima não extingue a obrigação, devendo os técnicos da empresa deslocar-se ao
banco e proceder à instalação. Logo, a partir de 2 de julho o devedor incorre em mora (805º/2/a), devendo, a partir
de então, pagar juros moratórios (806º).
O que dizer quanto à cláusula penal moratória incluída neste contrato?
Clausula que exclua a responsabilidade em caso de mora é nula, por força do 809º.
5ª hipótese
Não cumprimento no prazo devido porquê? razões imputáveis ao devedor: tinha os pc’s disponíveis para
entrega (porque enviou-os para o banco B) e não cumpriu a obrigação perante o banco A. mora do devedor
(805º/2/a) + juros moratórios (806º).
Ora, ao enviar o montante estabelecido para o caso de incumprimento definitivo, a empresa Z está a fazer uma
declaração perentória de não cumprimento, o que a faz transitar para uma situação de ID, deixando de estar em
simples mora.
Mas será essa cláusula válida, nos termos do art. 809º e ss? esta cláusula limitadora de responsabilidade não pode
ser válida pois, tendo em conta o valor da encomenda (dois milhões e 500 mil euros), 1000 libras não representa
uma indemnização adequada para o credor, mas sim um valor irrisório cláusula equivale à exclusão de
responsabilidade e é nula – 809º.
Reduzir o contrato, retirando-se tal cláusula e proceder compensação do credor de acordo com
o regime geral do ID.
Incumprimento
definitivo
insistir no desistir da
cumprimento prestação
resolução do
ICP residual contrato
ICP ou ICN
Caso 21
1ª Hipótese
Carta de A, dia 1 de Julho – trata-se de uma declaração perentória de não cumprimento. Mas se
o contrato só deveria ser celebrado dia 31 de Dezembro, o prazo para o cumprimento ainda não
tinha vencido. Logo A ainda não estava em mora. Quando ainda não existe mora (porque o
prazo não venceu; ou porque não há prazo certo e ainda não houve interpelação) alguns autores
defendem que, mesmo havendo uma declaração perentória de não cumprimento, não se passa
logo para o incumprimento definitivo. Com efeito, é preciso que o prazo vença ou que haja
interpelação para que, através de uma declaração perentória, cheguemos ao incumprimento
definitivo. Se ocorrer ainda antes de estar em mora, o devedor passa para uma situação de
mora. ora, na mora, o ordenamento jurídico tem uma atitude de alguma benevolência para com
o devedor, dando-lhe oportunidade de ainda vir a cumprir (não se encara a mora como uma
situação definitiva). Por isso, é o devedor que escolhe que destino dar ao bem, sujeitando-se
apenas a indemnizar o credor devido ao atraso. A única coisa que o credor pode fazer é
continuar a insistir no cumprimento da prestação, recorrendo, nomeadamente, à execução
específica (830º/1).
Efetivamente, no contrato promessa, o credor pode recorrer à execução específica,
logo que o devedor incorra em mora. Portanto, pode faze-lo logo no dia 1 de Julho.
Nota: em 31 de Dezembro é que provavelmente não poderá. Se o devedor declarar novamente que não cumprirá,
entrará no incumprimento definitivo. Ora, neste caso, presume-se que o sinal afasta a execução específica (830º/2).
Neste caso, o que poderá fazer é exigir o sinal em dobro (242º/2) restituição do quadro + 50 000€.
2ª hipótese
Conforme já referi, a declaração perentória de não cumprimento, antes do vencimento do prazo, não faz o devedor
incorrer logo em incumprimento definitivo, mas sim em mora. Ora, na mora do contrato promessa, o credor só pode
continuar a insistir no cumprimento da prestação (recorrendo à execução específica, por exemplo) e a exigir juros
moratórios (806º). Não pode exigir que seja ativado o regime do sinal, este só atua em caso de incumprimento
definitivo. Logo, a pretensão de B não procede.
Por seu turno, estando apenas em mora, o devedor pode oferecer se para cumprir, devendo o credor aceitar, sob
pena de entrar ele em mora (813 e ss).
Nota: Mas se, de facto, A já estivesse em incumprimento definitivo e B exigisse o sinal em dobro, A não poderia
oferecer-se para cumprir o contrato prometido pois tal só é possível se já tiver havido tradição da coisa e o
promitente não faltoso exigir a sua valorização, acrescido do valor do sinal (situação do 442º/2/2ª parte).
3ª hipótese
Obrigação pura – sem prazo estipulado. Logo o devedor pode cumprir quando quiser, bem como o credor pode
exigir o cumprimento quando quiser.
Ora, se o B escreve ao A a dizer que, por ir para o estrangeiro, não vai cumprir a promessa, estamos perante uma
declaração perentória de não cumprimento. Logo o devedor, segundo conceções doutrinais, em mora (não em ID).
Ora, estando em mora e oferecendo-se posteriormente para cumprir a promessa, A não pode recusar, pois na mora
quem tem o controlo do destino da prestação é o devedor. A não podia vender a quinta a D, já que B não estava em
ID. Para poder vender a casa ao D, A deveria invocar uma das cinco causas da transição de mora para ID.
Tendo isto em conta, se a contrato promessa tivesse eficácia real (413º), B poderia opor o seu direito real ao
terceiro, por força do 1410º. Caso só tivesse eficácia obrigacional, deveria ser indemnizado por A.