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Tenham sempre em mente que as pessoas NÃO estão lutando por ideias, por coisas
que estão dentro da cabeça de alguém. Elas estão lutando para ganhar benefícios
materiais, para viverem melhor e em paz, para verem suas vidas caminhar para frente,
para garantir o futuro dos seus filhos.
Devemos reconhecer, pela nossa consciência, de que houveram muitas falhas e erros
em nossa ação, seja política ou militar: um número importante de coisas que
deveríamos ter feito ou não ter feito apenas na hora certa, ou simplesmente ter
deixado de lado.
No nível militar, muitos planos e objetivos estabelecidos pela liderança do partido não
foram alcançados, apareceram alguns casos de “militarismo” que fizeram alguns
soldados e até mesmo alguns líderes esquecer que somos MILITANTES ARMADOS,
não MILITARES. Esta tendência tem de ser combatida de maneira urgente e eliminada
dentro do exército.
Se dez homens vão a um campo de arroz e fazem o trabalho de oiro, não há motivo
para que se fique satisfeito. É a mesma coisa na batalha. Se dez homens lutarem
como oito, não é o bastante. Sempre se pode fazer mais. Algumas pessoas se
acostumam à guerra, e quando você se acostuma com algo, é o fim: você atira uma
bala pelo cano da sua arma e vai embora. Você ouve os motores nos rios e não usa os
mísseis que tem, e assim só barcos Portugueses vão embora intactos. Deixe-me
repetir sempre se pode fazer mais. Temos que colocar os Portugueses para fora.
Se oponham à mania que existe entre os jovens, especialmente entre aqueles com
mais de 20 anos, de deixar o país para estudarem fora, à ambição cega de conseguir
um diploma, ao complexo de inferioridade à ideia enganosa de que aqueles que
possuírem estudos ou cursos terão privilégios em nosso país amanhã. Mas também
se oponham àqueles que atacam os que estudam, se oponham à ideia de que
estudantes serão parasitas ou sabotadores do nosso partido.
Nas áreas libertadas, façam o que for necessário para normalizar a vida política das
pessoas. Seções do partido, comitês zonais, comitês regionais, devem ser
consolidados e funcionar normalmente. Reuniões frequentes têm de ser realizadas
para explicar à população o que está acontecendo na luta, o que o partido está
tentando fazer a todo momento, e quais as intenções criminosas do inimigo.
Em regiões ainda ocupadas pelo inimigo, reforcem o trabalho clandestino, a
mobilização e organização da população, e a preparação de militantes para ação e
para ajudar nossos combatentes.
Exijam dos membros responsáveis do partido dedicação séria aos estudos, que
tenham interesse nas coisas e problemas de nossa vida cotidiana e que lutem em
seus aspectos fundamentais e essenciais, não apenas na aparência. Aprendam com a
vida, aprendam com nosso povo, aprendam com livros, aprendam as experiências dos
outros. Nunca parem de aprender.
Nada é incompatível com o prazer de viver, com o amor pela vida e suas alegrias, ou
com a confiança no futuro e no nosso trabalho.