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HISTÓRIA EUROPA
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03/05/2019 Culpar socialistas pela queda do Império Romano é anacronismo grosseiro
iluminaram
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quando nos EUA — país
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Saiba produção dos livros —
imperava uma escrita da História de viés positivista.
William “Will” J. Durant (1885–1981) foi um importante intelectual público dos Estados
Unidos. Foi crítico da intolerância étnica vivenciada nos anos 1930–40, escreveu sobre
o Irã, defendeu a independência da Índia contra os abusos do imperialismo britânico.
Doutor em Filoso a pela Universidade de Colúmbia, foi jornalista e professor. É
lembrado por duas grandes obras: a primeira foi História da Filoso a, livro publicado
em 1926, focado na apresentação das ideias de alguns lósofos ocidentais, de
Sócrates a John Dewey, de quem foi aluno. A segunda foi elaborada juntamente com
sua esposa, Chaya (Ida) “Ariel” Durant (1898–1981). História da Civilização é a grande
obra dos Durant, um compêndio sobre história mundial em 11 volumes, publicada entre
1935–1975 e inspirada em An Introduction to the History of Civilization, do britânico
Henry Thomas Buckle, também uma coleção sobre História Geral. Ariel só recebe os
créditos por seu trabalho a partir do sétimo livro da série.
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A virada
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na elaboração deascompêndios
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Concordo como disciplina nos meios
Saiba mais
universitários, impulsionada pelos crescentes movimentos nacionalistas europeus,
especialmente o francês e o alemão. A partir de meados do século XIX buscou-se a
aplicação de técnicas rigorosas na análise da documentação: desejava-se uma
objetividade que trouxesse aos estudos históricos um rigor cientí co e o
reconhecimento dos mesmos como uma ciência. Pululam, então, manuais escolares
que, em sua maioria, interpretavam os acontecimentos históricos das diversas
sociedades como estágios em seu desenvolvimento civilizacional inspirados pelo
evolucionismo das ciências biológicas, o que hoje não é mais aceito pelos
historiadores. Assim, a história de sociedades como Grécia e Roma era tida como um
primeiro passo no processo civilizatório ocidental, o que é ainda advogado por grupos
conservadores, que tendem a negar a pluralidade dessas sociedades e a inspiração
que outros povos próximos deram à sua cultura, política e economia. A noção de
História contida nesses manuais e compêndios muitas vezes buscava justi car a
dominação sobre os povos e territórios da Ásia e da África durante o século XIX como
meio de levar “civilização” a essas partes do globo. Não era o caso de História da
Civilização.
Tendo como foco o público geral, a coleção logo se tornou um grande sucesso e os
autores ganharam o prêmio Pulitzer de Não-Ficção em 1968 pelo décimo volume do
compêndio, cujo tema é Iluminismo e Revolução Francesa. A História da Civilização
tinha como mote levar ao público não especializado conhecimento sobre o
desenvolvimento das grandes sociedades europeias não apenas por viés político,
como era de praxe nos manuais da época, mas também abordando seus traços
culturais.
Por m, devido ao escopo da obra, acabaram por escrever uma análise que dependia e
utilizava largamente as conclusões de outros historiadores, estes sim especialistas
em suas respectivas temporalidades, uma vez que não é possível dar conta de
pesquisar todos os períodos históricos. Tratou-se, portanto, de uma “história de
segunda mão”, que sintetizava as visões dos historiadores famosos da época.
Mesmo defendendo que Grécia e Roma eram devedoras das trocas com o Oriente no
primeiro volume da História da Civilização, as ideias nas quais se basearam para
explicar a economia e a política antigas eram, principalmente, as de Mikhail
Rostovtzeff (1870–1952), classicista nascido na Rússia e que emigrara para os EUA na
década de 1920, vindo a se tornar uma grande referência para a História Antiga feita
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defendendo várias pautas progressistas
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mais descolonização, voto
feminino, equidade salarial, direitos para o operariado americano, e tendo ertado
com ideais socialistas, além de terem participado da Escola Moderna (de princípios
anarquistas) —, os Durant muitas vezes zeram uso de autores que não
compartilhavam de suas visões, mas que eram famosos em sua época nos EUA, como
Rostovtzeff.
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Como bem colocou G.W. Bowersock em 1974, “hoje não há, provavelmente, nenhum
historiador respeitável que aceite as teses básicas do livro de Rostovtzeff”. Não era o
que ocorria quando os Durant, na década de 1940, escreveram o volume sobre a
história de Roma. Hoje entende-se, conforme lembra Pierre Grimal, que as ações de
Aureliano e Diocleciano ampliaram a sobrevida do Império. O que vai contra ao
argumento presente nos trabalhos de Rostovtzeff, que serviram de base para a
História da Civilização de Durant.
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primitivismo da economia
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os adeptos dessa corrente: primitivistas.
Conclusão
Assim sendo, ao reproduzir o trecho da obra dos Durant em que atribui ao controle
imperial da economia as motivações para a queda do Império Romano, cuja origem
está nos trabalhos de Mikhail Rostovtzeff, chamando-a mesmo de um “socialismo
imperial”, o jornal conservador Gazeta do Povo não é apenas anacrônico, como ignora
mais de 70 anos de pesquisas e debates na área que mostram que a desestruturação
do império romano do Ocidente foi um processo multifacetado, com razões não
apenas econômicas, mas também políticas e culturais.
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Trata-se,
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não analisa a economia romana sob suaConcordo
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Saiba mas
mais sim procura projetar no
Referências
BOWERSOCK, G.W. The Social and Economic History of the Roman Empire by
Michael Ivanovitch Rostovtzef. Daedalus, 103, n.1, 1974, p.15-23.
DURANT, W. Story of Civilization: Our Oriental Heritage. Nova York: Simon &
Shustler, 1935.
DURANT, W. Story of Civilization: The Life of Greece. Nova York: Simon & Shustler,
1939.
DURANT, W. Story of Civilization: Caesar and Christ. Nova York: Simon & Shustler,
1944.
ROSTOVTZEFF, Mikhail. The social & economic history of the Roman Empire. Nova
Iorque: Biblo & Tannen, 1926.
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