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Findlay, Kallerberg e Warhurst (2013) falam que a qualidade de vida no trabalho

não depende apenas de variáveis estoque, como consideradas anteriormente, sendo o


melhor exemplo disto, o salário do funcionário. Estes argumentam, em seu trabalho “The
Challenge of Job Quality” que a QVT depende de outros fatores, contudo, elucidam que
existem dúvidas quanto a definição desta como algo objetivo, ou como um constructo
mais subjetivo, dependendo então da relação de cada indivíduo com o contexto em que
está inserido. Não obstante, estes autores colocam também que em uma revisão
bibliográfica dos artigos publicados sobre o assunto chega-se a um consenso acerca dos
elementos chave da qualidade de um trabalho. Abaixo estão enumerados os princípios
que conferem “qualidade” a um trabalho, conforme Findlay, Kalleberg e Warhurst (2013):

a) O indivíduo dever ser capaz de utilizar e desenvolver suas habilidades;


b) O trabalho deve ser desafiador perante as habilidades do indivíduo;
c) O trabalho deve oferecer ao funcionário a possibilidade de geri-lo;
d) O ambiente de trabalho deve possibilitar que o funcionário possa compartilhar
sua opinião, e participar do processo decisório.

Findlay, Kalleberg e Warhurst (2013) discorrem inclusive que a questão de


qualidade do trabalho pode ser entendida em quatro partes. Primeiramente, a qualidade
do trabalho não é um conceito engessado, mas sim, multifacetado. Segundamente, este
segue a regra da teoria dos sistemas, que nos diz que sistemas complexos influenciam
sistemas mais simples, por conseguinte, a qualidade do trabalho sofre influência de
fatores internos e externos. Por terceiro, o estudo da qualidade do trabalho deve ser
entendido como um empreendimento multidisciplinar. Por ultimo, este conceito não pode
ser desvencilhado da subjetividade do indivíduo, uma vez que este está sujeito ao viés do
trabalhador, bem como o contexto em que este trabalho está inserido.

Afzal et al (2012. p1.) diz que “Embora a QVT tenha varias faces em comum com a
satisfação do trabalho, ela coloca ênfase maior na relação entre o trabalho e o nível de
satisfação geral com a vida do indivíduo.” Dentro de um sistema organizacional qualquer,
deve haver um padrão satisfatório de qualidade de vida no trabalho. No seu trabalho,
estes pontuam que a liderança seria um dos importantes fatores a serem considerados
quanto à QVT, citando ainda que diversos estudos teóricos demonstram a influência da
liderança para com outras variáveis organizacionais.
Afzal et al (2012) evidencia em seu estudo a relação entre a liderança, qualidade
de vida no trabalho e produtividade que uma percepção positiva de qualidade de vida no
trabalho por parte do funcionário de uma determinada organização afetará positivamente
o resultado de seu trabalho, tanto na qualidade final quanto na produtividade geral do
empregado.

Com base nestes fatores, é possível argumentar a importância da QVT, visto que
as inter-relações entre estes fatores dentro da organização acabam por moldar as
relações entre o indivíduo e o trabalho, sendo imprescindível então a preocupação das
organizações para com QVT, de forma a criar um ambiente de trabalho equilibrado, que
propicie condições para que o indivíduo possa vir desenvolver-se dentro da organização e
simultaneamente contribuir para com os objetivos desta com um aumento da performance
de seu trabalho, conforme Brito et al (2011).

AFZAL, Elham. et al. Relationship between Leadership Behavior, Quality of


Work Life and Human Resources Productivity: Data from Iran. International Journal of
Hospital Research, 2012.

BRITO, Lucas Charão. et al. Abordagem Biopsicossocial e Organizacional:


Analisando os Aspectos da Qualidade de Vida no Trabalho. Revista Global Manager,
Caxias do Sul. v.11 nº2. 2011.

FINDLAY, Patricia. KALLEBERG, Arne L. WARHURST, Chris. The Challenge of


Job Quality. The Tavistock Institute, 2013.

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