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Resumo
Graduanda em Direito. Email: danny_abt@hotmail.com
Graduando em Direito.. Email: helio_sb@hotmail.com
Graduanda em Direito.. Email: nerivaldorios@hotmail.com
The media plays an important role in society. Its place as an opinion maker and
modifier, access to information and freedom of expression are notoriously vital
achievements for the democratic state of law that depend indirectly on the media.
Legally speaking, the media has persuasive powers. These powers impact on the
society's sense of justice when there are certain types of cases. Quite often, due
to the lack of correct information, the media defends divergent "judgments" from
the jurisprudence. These pre-judgments filled with media influence is one of the
key points of this paper, which analyzes this power and how much it can interfere
in the judge's decision or in the course of proceedings. This paper also verifies if
in the cases whose subjects were only ordinary people, they received the same
treatment of the media than the renowned people, and if the lack of interest of
the media was decisive for the dosimetric calculation of the cases in question.
Abstract
(+ ou _ 150 palavras)
Palavras-Chave: ( 5 palavras-chaves no máximo)
1 Introdução
2
A Dosimetria da Pena ou Cálculo da Pena, constitui na aplicação do poder
punitivo do Estado através do Poder Judiciário, na determinação da sentença
condenatória ao indivíduo delinquente. Conforme o art. 68 do Código Penal a
dosimetria será realizada através de um sistema trifásico composta pelas
seguintes fases: a primeira consiste na fixação da pena-base, devendo atender
ao critérios determinados no art. 59 do CP, na segunda fase o magistrado
analisará as circunstâncias atenuantes e agravantes, conforme arts. 61, 62 e 65
do CP, por fim, analisará as causas de diminuição e aumento da pena,
atendendo aos critérios da terceira fase.
O magistrado ao aplicar a dosimetria deverá atender aos critérios do
sistema trifásico e da pena em abstrato, devendo sempre agir dentro do
Princípios da Imparcialidade. Neste sentido essa pesquisa se baseia, através da
análise de casos concretos, como os caso dos réus Thor Oliveira Fuhrken Batista
(processo nº 0026925-48.2012.8.19.0021), em sentença de 1ª Instância e Sidnei
Isaias da Silva (processo nº 0440277-34.2013.8.19.0001), ambos envolvendo
circunstâncias de atropelamento com morte.
Portanto, este trabalho tem como objetivo principal, analisar a influência da
mídia através do apelo popular na aplicação da dosimetria da pena por meio da
comparação em casos semelhantes, e seus respectivos resultados. Mas
especificamente, a pesquisa visa analisar a aplicação da dosimetria nas
particularidades circunstanciais de cada caso apresentado e relacionando-os
com a vida pública dos autores e das vítimas, a produção de falsas verdades e
especulação e as possíveis influências que o magistrado possa absorver do
ambiente no momento de decidir os parâmetros da dosimetria aplicada.
Justifica-se à necessidade de aprofundar a análise de aplicação da
dosimetria na penalização de crimes cujas circunstâncias foram semelhantes,
porém, de maior ou menor repercussão midiática, bem como, a influência desta
nas decisões do magistrado.
Esse trabalho se configura, como uma pesquisa qualitativa, preocupando-
se com aspectos da realidade que não pode ser quantificado, pois pretende-se
utilizar dados descritivos, fazendo uma comparação entre os processos
apresentados, através de consultas processuais dos casos e pesquisas
jornalísticas, além da análise de bibliografias e publicações voltadas ao tema.
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2 A mídia e suas influências
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sensacionalismo, acaba deixando de lado os valores étnicos e morais, com a
intenção apenas de lucrar, mesmo que a versão dos fatos seja falsa ou
exagerada. O que gera diferentes tipos de opiniões.
Sentença:
5
[...]
6
Importante frisar que a multa pecuniária imposta deve atender a um caráter
reparador e preventivo, na forma do artigo 59, do Código Penal, e não deve ser
mínima, que não atinja os efeitos acima elencados, ou tamanha, que não possa
ser suportada pelo Réu.
Veja-se que, no presente caso, a alegação do Acusado de que a sua empresa vem
passando por problemas é estapafúrdia (Foi nomeado diretor estatutário da EBX
Brasil S/A, de seu pai, cujo objeto é o investimento em empresas de capital
fechado ). O Réu é filho de um dos empresários mais ricos do mundo, com fortuna
estimada em $19,4 bilhões de dólares , sendo certo que este é um dos signatários
do milionário acordo de transação civil com a família da vítima. Durante o seu
interrogatório, ao ser formulada pergunta de praxe sobre eventual assistência do
Acusado à vítima, respondeu que teria sido paga uma indenização de
R$300.000,00 reais à sua família, demonstrando, assim, total desconhecimento
acerca da indenização milionária acordada,
circunstância que denota a sua total indiferença e despreocupação em relação
aos seus gastos pessoais.
7
Fuhrken Batista, Maria Vicentina Pereira, Cristina dos Santos Gonçalves e
Marcio Tadeu Rosa da Silva.
P.R.I.
Duque de Caxias, 05/06/2013.
Daniela Barbosa Assumpcao de Souza – Juiz Titular
Sentença:
SIDNEI ISAÍAS DA SILVA foi denunciado pelo Ministério Público, como incurso
no artigo 302, parágrafo único, incisos I e III e da Lei nº 9.503/97, sob
acusação de que, no dia 23 de dezembro 2013, por volta das 18 horas, na
Estrada do Mato Alto, na calçada de um posto da Comlurb, Campo Grande,
nesta cidade, o denunciado, consciente e voluntariamente, agindo sem o
dever de cuidado, inclusive inabilitado para dirigir veículos automotores,
com manifesta imprudência, na direção do veículo FIAT UNO, cor cinza, placa
LNV-4460, atropelou a vítima Waldiléia Francisco Alves, causando-lhes as
lesões corporais que foram a causa efetiva da sua morte.
[...]
8
vítima. Preambularmente, o Ministério Público, ao elaborar a inicial
acusatória, apesar da narrar que o atropelamento se deu na calçada, na
capitulação da denúncia, não mencionou a referida majorante prevista no
inciso II, do parágrafo único do art. 302 do CTB. Contudo, como é cediço, o
réu se defende dos fatos e não da classificação que lhe é dada na peça
vestibular, devendo ser aplicado o art. 383 do CPP. Assim, estamos diante do
que a doutrina denomina de emendatio libelli, e esta ocorre quando a peça
acusatória, embora descrevendo perfeitamente as condutas criminosas,
qualifica-as incorretamente. Se o fato está narrado na denúncia, a errônea
classificação do delito não será empecilho para a prolação da sentença
condenatória, de sorte que o agente não se defende da capitulação jurídica,
mas sim do fato que se lhe imputa. Desta forma, permite o artigo 383 do
Código de Processo Penal, alterado pela Lei nº. 11.719/08, que o magistrado
dê aos fatos definição jurídica diversa da que constar na denúncia ainda que
venha a aplicar apenamento mais gravoso.
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que então foi atrás dela e a trouxe de volta ao local dos fatos; que populares
tentaram agredi-los pois acreditaram que estavam tentando se evadir do
local do acidente; que ficou sentado aguardando a viatura chegar; que
quando a viatura chegou, se identificou como o autor; que foi algemado; que
nunca foi preso ou processado; que nada tem contra as testemunhas que
foram ouvidas; que sua esposa estava sentindo muita dor no peito; que não
havia bebido nada no dia dos fatos; que sua esposa tentou fugir pois entrou
em pânico; que atropelou a vítima quando esta estava tentando atravessar
a via; que o seu carro foi parar na calçada ao tentar desviar da vítima o que
fez com o que ficasse desgovernado. Ao ser reinterrogado, o acusado
ratificou suas declarações anteriormente prestadas. Por sua vez, a
informante NOEMIA declarou em juízo: que é esposa do acusado; que no dia
dos fatos estava passando mal, sentindo dores do peito e queda de pressão,
ocasião em que pediu ao seu marido que a levasse ao hospital; que o veículo
por eles utilizado pertencia a uma pessoa conhecida como "Tuninho"; que
estavam indo para o hospital, mas antes tinham que passar no seu comércio
para desligar o freezer; que ia ser rápido, pois estavam indo para o Hospital
Rocha Faria; que estava passando mal desde que acordou; que não havia
outra pessoa para socorrê-la; que foram ao hospital somente às 18 horas;
que não foi ao hospital antes pois tinha tomado um medicamento e
melhorou; que o veículo tinha sido deixado pelo seu amigo na sua casa há
dois dias; que "Tuninho" tinha pedido para o seu esposo vender o veículo;
que na delegacia não disse que estava passando mal devido ao susto pelo
acidente; que o seu marido não é habilitado, mas sabe dirigir; que não sabe
como foi o acidente pois não viu como o carro bateu; que saiu do veículo
correndo com medo de ser linchada pelas pessoas que se aglomeravam no
local; que entrou em uma van e o acusado foi atrás dela buscá-la; que não
viu que uma pessoa tinha sido atropelada; que o acusado lhe disse para
voltar pois havia uma vítima; que permaneceram no local até a chegada da
viatura; que o acusado não chegou a entrar na van; que o acusado lhe disse
que tinha subido na calçada, bateu em uma árvore e atropelou uma pessoa;
que o acusado não tinha ingerido bebida alcoólica. A seu turno, pelo policial
militar MICHEL foi informado que: foi solicitado pela sala de operações para
comparecer ao local do acidente; que conduziu o acusado, sua esposa e uma
testemunha, a qual estava junto com a pessoa que faleceu, para a 35ª
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Delegacia Policial; que quando chegou ao local, viu o corpo na calçada; que
as pessoas informaram que a vítima estava tentando atravessar a rua quando
foi atropelada pelo acusado; que isso lhe foi dito pela pessoa que estava com
a vítima; que a rua era de mão única e não havia faixa de pedestres; que não
sabe a velocidade permitida da via; que ouviu falar que o acusado bateu em
uma árvore e foi parar no muro; que a testemunha que estava com a vítima
disse que o acusado e sua esposa tentaram se evadir do
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que havia uma árvore no local que não existe; que a vítima não foi atropelada
na passagem de pedestre; que o acusado estava no local sentado; que o sinal
de pedestres fica a duzentos metros após o acidente; que a velocidade
permitida no local é de 50km ou 60km no máximo; que falaram que o
acusado tentou se evadir do local o que não é verdade pois ele apenas foi
buscar a sua esposa que tentava sair de lá; que, quando chegou, a vítima
estava caída e não se mexia; que o acusado estava fora do carro e havia
aglomeração de pessoas no local; que o carro estava em cima da calçada;
que a vítima estava ao lado do carro; que não viu a pessoa que acompanhava
a vítima; que as pessoas que estavam no local não lhe narraram como tinha
sido o atropelamento, apenas disseram que o acusado atropelou a vítima
quando estava atravessando a rua. Com efeito, é certo que a vida em
sociedade exige de todos nós um comportamento cauteloso, a fim de
convivermos harmoniosamente e sem causar prejuízo aos demais, assim
como não há dúvidas de que aquele que não observa esses deveres de
cuidado deve responder pelos resultados lesivos que ocasiona. Contudo,
para que a responsabilidade seja atribuída ao autor da conduta é preciso
provar o nexo de causalidade entre a conduta que não observa o necessário
dever de cuidado e o resultado lesivo provocado. Se o autor não tiver dado
causa ao resultado danoso, não há que se cogitar culpa. Como é cediço, o
delito culposo imputado ao réu se caracteriza quando o agente produz
resultado não querido, mas previsível ou previsto, e que poderia ser evitado,
com o devido dever objetivo de cuidado. Na lição de CÉZAR ROBERTO
BITENCOURT: "Culpa é a inobservância do dever objetivo de cuidado
manifestada numa conduta produtora de um resultado não querido,
objetivamente previsível. (...) A tipicidade do crime culposo decorre da
realização de uma conduta não diligente causadora de uma lesão ou de
perigo a um bem jurídico-penalmente protegido. Contudo, a falta do cuidado
objetivo devido, configurador da imprudência, negligência ou imperícia, é de
natureza objetiva. Em outros termos, no plano da tipicidade, trata-se,
apenas, de analisar se o agente agiu
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Contudo, tal definição excluía outros elementos indispensáveis à
configuração da conduta culposa. Modernamente, para a caracterização do
crime culposo é necessário: a) uma conduta humana; b) prática da conduta
com inobservância do dever objetivo de cuidado, manifestado nas formas de
imperícia, imprudência ou negligência; c) um resultado naturalístico; d) a
existência de nexo causal entre a conduta e o resultado; e) previsibilidade
objetiva do sujeito e; f) previsão legal expressa da conduta culposa.
Caracteriza-se o crime culposo por imprudência, o fato de o agente proceder
sem a necessária cautela, deixando de empregar as precauções indicadas
pela experiência como capazes de prevenir possíveis resultados lesivos. In
casu, fazem-se presentes todos os elementos acima descritos, restando
maculadas as normas objetivas de cuidado preconizadas pelo artigo 28 da Lei
n.º 9.503/97, o qual dispõe: "O condutor deverá, a todo momento, ter
domínio de seu veículo, dirigindo com atenção e cuidados indispensáveis à
segurança do trânsito". Vale aqui relembrar também os ensinamentos de
ZAFFARONI e PIERANGELI: "... não basta que a conduta seja violadora do
dever de cuidado e cause o resultado, mas que, além disto, deve haver uma
relação de determinação entre a violação do dever de cuidado e a causação
do resultado, isto é, que a violação do dever de cuidado deve ser
determinante do resultado. (...) Para estabelecer essa relação de
determinação do dever de cuidado e a produção do resultado, deve-se
recorrer a uma hipótese mental: devemos imaginar a conduta cuidadosa no
caso concreto e, se o resultado não tivesse sobrevindo, haverá uma relação
de determinação entre a violação do dever de cuidado e o resultado; ao
contrário, se, ainda neste caso, o resultado tivesse ocorrido, não haverá
relação de determinação entre a violação do cuidado devido e o resultado.
O fundamento legal para exigir a relação de determinação em nosso direito
é encontrado no art. 18, II (" por imprudência, negligência ou imperícia"), o
que resulta que para nossa lei não basta que o resultado se tenha produzido,
mas contrariamente requer-se ainda que tenha sido causado em razão da
violação do dever de cuidado" in (ZAFFARONI, Eugênio Raúl. PIERANGELI,
José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro. Parte Geral. 5a edição, São
Paulo, Revista dos Tribunais, 2004, p. 489). É na previsibilidade dos
acontecimentos e na ausência de precaução que reside a conceituação da
culpa penal, pois é a omissão de certos cuidados nos fatos ordinários da vida,
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perceptíveis à atenção comum, que se configuram as modalidades culposas
da imprudência e negligência. Outra não é a hipótese dos autos. Pelas provas
coligidas, restou provado que o réu agiu com imprudência ao deixar de tomar
as devidas cautelas, perdendo o controle do seu veículo, por estar em
velocidade incompatível com a via, vindo então a atropelar a vítima
WALDILÉIA, que estava em cima da calçada, ocasionando o acidente que
ceifou a vida desta, conforme laudo de exame de corpo de delito de
necropsia (fls. 133/134), não havendo que se falar em absolvição, pois ficou
por demais evidente a violação do dever de cuidado objetivo. Cabe ressaltar
que o laudo de fls. 137/138, deixa claro que a morte da vítima se deu por
ação contundente do condutor do veículo que trafegava em velocidade
incompatível com a segurança do local e efetuou brusco desvio direcional da
direita para a esquerda por imperícia e reação retardada veio a impactar
contra a nacional que se encontrava sobre o passeio, corroborando a versão
apresentada pela acompanhante da vítima em sede policial (fls. 03).
Ressalte-se que o próprio acusado, em juízo, declarou que trafegava na
velocidade de quase 70 km/h, ou seja, acima do limite legal que era de 60
km/h e ainda não ser habilitado para conduzir veículo. Em sua defesa, o
acusado alegou que somente conduziu o veículo pois sua esposa estaria
passando mal, porém não logrou comprovar tais alegações trazendo aos
autos documentos que comprovassem o referido estado de saúde, sendo
certo, ainda, que poderiam se valer de outros meios para levá-la a
atendimento médico como pedir que a alguém a levasse ou mesmo pegar
um táxi. A defesa aduziu de que o fato é atípico por ter sido provocado por
exclusiva culpa da vítima que estaria atravessando a via em local impróprio
posto que ficava em uma curva, fora da faixa de pedestres . No entanto, tal
alegação não merece prosperar diante do laudo de exame em local de
acidente de tráfego (fls. 137/139) que corrobora a versão narrada
acompanhante da vítima, CIDCLEIDE, em sede policial (fls. 03), de que a
mesma foi atropelada quando estava na calçada. Assim, da conjugação dos
elementos de convicção constantes dos autos, resta demonstrado o nexo de
causalidade ente da conduta do agente e o resultado, qual seja a morte da
vítima WALDILÉIA conforme previsto no artigo 13 do Código Penal,
concretizado pela infração do dever de cuidado objetivo, alternativa outra
não resta senão a condenação do réu. A causa de aumento de pena prevista
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no inciso I do parágrafo 1º do art. 302 da Lei de Trânsito restou demonstrada,
diante da própria declaração do acusado admitindo não possuir Carteira de
Habilitação. Também restou demonstrada a causa de aumento de pena
prevista no inciso II do parágrafo 1º do art. 302 da Lei de Trânsito, conforme
laudo de exame de local de acidente de tráfego (fls. 137/138) que atestou
que a vítima, no momento do impacto, encontrava-se sobre o passeio. No
entanto, a causa de aumento de pena prevista no inciso III do parágrafo 1º
do art. 302 da Lei de Trânsito não restou seguramente demonstrada, eis que
o réu permaneceu no local do acidente onde inclusive foi preso. Note-se que
nenhuma das testemunhas relatou ter visto o réu evadir-se do local dos
fatos, apenas ouviram dizer, sendo que a testemunha WILLIAM, que estava
próximo ao local do acidente, em juízo, afirmou que o réu se dirigiu à VAN
apenas para buscar sua esposa retornando ao lugar do acidente. Por fim, não
tendo sido demonstrada a existência de causas que pudessem justificar a
conduta do acusado; excluir-lhe a culpabilidade; ou, ainda, isentá-lo da
aplicação de uma pena, impõe-se o acolhimento da pretensão contida na
peça vestibular. Atenta às diretrizes dos artigos 59 e 68, ambos do CP, e
artigo 387, inciso II, do Código de Processo Penal, passo a aplicar e a dosar-
lhe a pena. O acusado, consoante espelha sua FAC, é primário, de bons
antecedentes e regular conduta social, a personalidade do agente é favorável
em virtude da ausência de exames clínicos que necessitam de conhecimento
especifico através de profissional de saúde mental capacitado e as demais
circunstâncias não lhe são prejudiciais. Portanto, a culpabilidade, entendida
como grau de reprovação da conduta face às particularidades do agente e do
caso, destacadas no exame antes feito, não justifica a exasperação da pena-
base, a qual é fixada em 02 (dois) anos de detenção, ausentes atenuantes e
agravantes. Na terceira e última fase, aumento em 1/2 (metade) diante das
majorantes reconhecidas (incisos I e II do parágrafo único do artigo 302 do
CTB), ficando 03 (três) anos de detenção, tornando-se definitiva à míngua de
outras causas especiais ou legais de aumento ou diminuição. O apenado
preenche os requisitos do artigo 44 e seus incisos do CP, sendo aplicada a
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR UMA RESTRITIVA DE
DIREITOS (ARTIGO 43), NA MODALIDADE DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE (INCISO IV) E MULTA, ESTA FIXADA EM 10 (DEZ) DIAS, NA
FORMA DA 2ª PARTE DO § 2º, DO ARTIGO 44, TODOS DO CP. Em caso de
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eventual cumprimento, o regime inicial de cumprimento da pena é o aberto,
na forma do artigo 33, § 2º, alínea "c" do CP. O valor de cada dia-multa é
fixado em 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo vigente à época do fato,
devendo ser atualizado por índice oficial de correção, até o seu efetivo
pagamento. O prazo para proibição de obter permissão para dirigir deve ser
fixado de acordo com as peculiaridades que envolvem o caso concreto, bem
como com a gravidade do delito previsto no tipo penal. A propósito, leciona
ALBERTO SILVA FRANCO: "O art. 293 do CTB estabelece o prazo de duração
da pena cominada no art. 292, fixando-o de dois meses a cinco anos. Não
fornece, contudo, os critérios definidores dessas balizas tão distantes. Por
que a pena deve ser determinada em dois meses? Por que há de ser em cinco
anos? (...) Certo é, no entanto, que qualquer quantum de pena acima do
mínimo de dois meses deve estar devidamente motivada, em respeito ao
princípio do art. 93, IX, da Constituição Federal. E, mais do que isso, conforme
observa Luiz Flávio Gomes (ob. cit.), o julgador não pode perder de vista o
princípio constitucional da proporcionalidade: "Quanto mais grave a
infração, maior o tempo da pena; quanto menos grave o delito, menor o
tempo de sua duração" in (FRANCO, Alberto Silva. Leis Penais Especiais e sua
Interpretação Jurisprudencial, volume 1, 7ª edição, São Paulo: Revista dos
Tribunais, p. 955/956). Neste vértice, a proporcionalidade entre a pena de
proibição ou suspensão e a privativa de liberdade não se resume em mera
regra aritmética, pois a sistemática adotada para aplicação de tal penalidade
deve, sobretudo, atender às circunstâncias do crime no caso concreto. Logo,
considerando que a vítima foi atingida, na calçada, o que ocasionou a sua
morte, por condutor não habilitado que dirigia o veículo em velocidade
acima do permitido para a via, fixo a pena de proibição para obter habilitação
ou permissão para dirigir veículo automotor em 02 (dois) anos. Nos termos
do artigo 387, parágrafo 1º, do Código de Processo Penal, o réu poderá
aguardar em liberdade eventual recurso que venha a interpor desta decisão,
diante do regime de pena fixado.
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DIREITOS (ARTIGO 43), NA MODALIDADE DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE (INCISO IV) E MULTA, ESTA FIXADA EM 10 (DEZ) DIAS, NA
FORMA DA 2ª PARTE DO § 2º, DO ARTIGO 44, TODOS DO CP, em regime
aberto, em caso de eventual cumprimento, bem como fixo a pena de
proibição para obter habilitação ou permissão para dirigir veículo automotor
em 02 (dois) anos, por ter infringido o comando normativo proibitivo do tipo
penal inserto no artigo 302, parágrafo único, incisos I e II da Lei nº 9.503/97.
Condeno também o apenado ao pagamento da taxa judiciária e das custas
do processo. Ocorrendo a preclusão das vias impugnativas desta decisão: a)
expeçam-se as comunicações de estilo; b) Oficie-se ao DETRAN comunicando
a proibição imposta ao acusado para se obter habilitação para dirigir veículo;
c) calculem-se a taxa judiciária e as custas, d) extraia-se carta desta sentença
e encaminhe-na à VEP, para os fins de execução da pena. P.R.I. Rio de Janeiro,
12 de agosto de 2015.
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diferente do segundo que teve sua pena aumentada pela metade, além do fato
de ter ocorrido na calçada, ambas as defesas durante a fase processual
apelaram pela não condenação em virtude do comportamento da vítima, sendo
desconsideradas pelos magistrados, fixando a pena de Thor Batista em 02 (dois)
anos de detenção e suspensão da habilitação para dirigir veículo por igual
período, além de indenização pecuniária no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão
de reais) conforme art. 44 do CP, já no caso de Sidnei Isaias da Silva pena de
03 (três) anos de detenção e a proibição para obter habilitação ou permissão
para dirigir veículo automotor em 02 (dois) anos; ambos os condenados tiveram
suas penas restritivas de liberdades substituídas por penas restritivas de direito,
no caso de Thor por duas, e no caso Sidnei por uma.
4 Considerações finais
Ressalta-se que toda vez que uma pessoa é conhecida da mídia, possui alto poder
aquisitivo e dirigindo um carro de luxo, se envolve em um acidente de trânsito com morte
de pedestre ou ciclista (como nos casos apresentados acima), existe uma enorme
comoção no país através dos meios de comunicação em que se faz um pré-julgamento
em busca dos culpados. São incessantes as matérias jornalísticas veiculadas por causa
do acidente, em que na maioria dos casos, o condutor se apressa a apontar o dedo para
a vítima, alegando que houve imprudência da mesma, por outro lado os familiares da
vítima (pedestre ou ciclista) colocam a culpa no motorista pelo ato praticado. Aí entra
um bombardeio de informações trazidas pela mídia, distorcendo e implantando na
opinião pública um juízo de valor, preocupada em reproduzir declarações, onde
dificilmente é analisada as circunstâncias importantes, tais como: as evidências, os fatos
e as provas técnicas. Afinal, partindo da máxima que todos são inocentes até que se
prove o contrário ninguém pode ser considerado culpado sem o devido processo legal.
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família e grupo empresarial do qual o acusado é sócio (uma vez que não houve
a necessidade do magistrado solicitar informações oficiais a respeito do
patrimônio como por exemplo a quebra de sigilo bancário ou fiscal); o mesmo
não acontece com caso do Sidnei onde a vida social é pouco observada,
observa-se também a enorme preocupação do magistrado em fundamentar a
decisão de maneira a não deixar margens de questionamento no caso “Thor”
em uma sentença de mais de 30 páginas, diferente a do texto do caso de Sidnei
que ocupou 08 objetivas laudas no processo. Conclui-se que os processos não
sofreram restrições ou cerceamentos de defesas nem julgamentos antecipados
em virtude da publicidade dos fatos, no entanto a fase de cálculo de dosimetria
sofreu influência no que se refere a condenação pecuniária em virtude das
informações trazidas pela mídia sobre a situação financeira.
Bibliografia
Ação Penal - Procedimento Ordinário - Praticar Homicídio Culposo na Direção de, 0440277-
34.2013.8.19.0001 (Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário 23 de 07 de 2015).
Fonte:
19
http://www1.tjrj.jus.br/gedcacheweb/default.aspx?GEDID=0004E26EBE20768E0BA2C
3F369FD2D39189AC5041A5F3816
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