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Pilares

Definição:

Pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto, usualmente


disposto na vertical, em que as forças normais de compressão são
preponderantes e cuja função principal é receber as ações atuantes nos
diversos níveis da edificação e conduzi-las até as fundações.

É pilar desde que um dos lados da sua seção transversal não ultrapasse
em comprimento cinco vezes o lado menor.

Junto com as vigas, os pilares formam os pórticos, que na maior parte dos
edifícios são os responsáveis por resistir às ações verticais e horizontais e
garantir a estabilidade global da estrutura.

Segundo NBR 6118:2014 13.2.3 pilares e pilares-parede de qualquer


forma não podem ter dimensão menor que 19 cm.

Em casos especiais, permite-se dimensões entre 19 cm e 14 cm, desde


que se multipliquem os esforços solicitantes de cálculo a serem considerados
no dimensionamento por um coeficiente adicional Yn de acordo com o indicado
na Tabela 13.1 e na Seção 11. Em qualquer caso, não se permite pilar com
seção transversal de área inferior a 360 cm². ¨

Armadura longitudinal:

O diâmetro das barras não pode ser inferior a 10 mm e nem superior a 1/8
do menor lado transversal do pilar.

A taxa geométrica de armadura tem que respeitar os valores mínimos e


máximos segundo a norma.

Distribuição transversal:
Na disposição transversal em seção retangular deve existir ao menos uma
barra em cada vértice do estribo e em seção circular no mínimo 6 barras
distribuídos no perímetro.

Armadura transversal:

A armadura transversal é constituída por estribos e quando necessário


acrescido por grampos. Os grampos devem ser colocados em toda a altura do
pilar, obrigatoriamente na região de cruzamento com vigas e lajes.

O diâmetro dos estribos de pilares não pode ser inferior a 5 mm e nem a


1/ 4 do diâmetro da barra isolada ou do diâmetro equivalente do feixe que
constitui a armadura longitudinal.

O espaçamento longitudinal entre estribos, medido na direção do eixo do


pilar, para garantir o posicionamento, impedir a flambagem das barras
longitudinais e garantir a costura das emendas de barras longitudinais nos
pilares usuais, deve ser igual ou inferior ao menor dos seguintes valores:

- 200 mm

- menor dimensão da seção;

- 24 vezes o diâmetro para CA-25 e 12 vezes o diâmetro para CA-50.

Pode ser adotado o valor ϕt <ϕ/4, desde que as armaduras sejam


constituídas do mesmo tipo de aço e o espaçamento respeite também a
limitação:

Smáx = 90000 x ϕ²t/ϕ x 1/fyk com fyk em megapascal.

Quando houver necessidade de armaduras transversais para forças


cortantes e torção, esses valores devem ser comparados com os mínimos
especificados em 18.3 para vigas, adotando-se o menor dos limites
especificados.

Nota: Com vistas a garantir a ductilidade dos pilares, recomenda-se que os


espaçamentos máximos entre os estribos sejam reduzidos em 50% para
concretos de classe C55 a C90, com inclinação dos ganchos de pelo menos
135º.
Pilares –parede

No caso de pilares cuja maior dimensão da seção transversal exceda em


cinco vezes a menor dimensão, além das exigências constantes nesta
subseção e em 18.4, deve também ser atendido o que estabelece a Seção 15,
relativamente a esforços solicitantes na direção transversal decorrentes de
efeitos de 1ª e 2ª ordens, em especial dos efeitos de 2{ ordem localizados.

A armadura transversal de pilares-parede deve respeitar a armadura


mínima de flexão de placas, se essa flexão e a armadura correspondente forem
calculadas. Caso contrário, a armadura transversal por metro de face deve
respeitar o mínimo de 25% da armadura longitudinal por metro da maior face
da lâmina considerada.

O detalhamento dos pilares deve-se levar em conta na hora do


lançamento e adensamento do concreto de maneira a proteger a armação do
aço respeitando o cobrimento mínimo necessário segundo a norma nas
condições ambientais quanto a classificação de agressividade, ou seja, que
seja envolvida completamente por uma camada de concreto. Para isso será
preciso considerar os espaços necessário ao envolvimento do concreto
levando em conta o encontro entre pilares e vigas e emenda dos pilares.

Há ocorrências provenientes de forças como o vento que podem causar


instabilidade nos elementos estruturais, em particular, os pilares criando efeitos
de 1ª e o de 2ª ordem.

Quando se projeta qualquer estrutura de concreto armado deve-se atentar


a possibilidade da instabilidade e o efeito de 2ª ordem global.
Basicamente, estes efeitos estão ligados a flexibilidade.
São controlados através de parâmetros como “ɣz”, “α” e o cálculo dos
deslocamentos do topo da edificação, 0 descontrole destes parâmetros tem
duas importantes consequências:
1- A desconsideração de cargas que podem alcançar uma magnitude tal,
podendo levar uma edificação a ruína.
2- Desconfortos causados por deformações excessivas, tais como fissuras,
descolamento de rebocos e revestimentos de fachadas, rompimento de
instalações e vazamentos e etc.

A Norma NBR 6118-2003 no capítulo 15 trata especificamente deste


tema e no item 15.2 o conceitua assim:
“Efeitos de 2ª ordem são aqueles que se somam aos obtidos numa
análise de primeira ordem (em que o equilíbrio da estrutura é estudado na
configuração geométrica inicial), quando a análise do equilíbrio passa a ser
efetuada considerando a configuração deformada.”
A verificação da estabilidade global visa garantir a segurança da estrutura
perante o Estado Limite Último de Instabilidade.

Um pilar engastado na base, com uma carga centrada aplicada no seu


topo e em seguida, vamos aplicar uma carga horizontal também no topo, de tal
forma que esta carga gerará um “momento fletor” de engastamento na base. A
estrutura irá deformar e este é o efeito de primeira ordem. .

Após a deformação inicial, com as mesmas cargas solicitantes sobre a


estrutura agora deformada, aparecerá um momento de segunda ordem,
resultante do carregamento multiplicado pela distância deformada.

Haverá então um processo contínuo, que cessará quando o acréscimo de


deformação tender a zero. Caso não haja esta convergência a estrutura será
considerada instável, impossível de se estabilizar.
A NBR 6118-2003 capítulo 15 item 15.5 descreve sobre a dispensa da
consideração dos esforços globais de 2ª ordem. Atualmente é consenso na
classe de calculistas utilizarem o processo descrito no item 15.5.3, que
apresenta a formulação do cálculo do coeficiente ɣz.
O coeficiente ɣz, permite avaliar a magnitude dos efeitos de 2ª ordem
sobre os efeitos de 1ª ordem. O calculo do ɣz deverá ser efetuado para cada
caso de carregamento de vento.

A mesma norma recomenda que:

Se ɣz < 1,1 , considera-se que a estrutura é de nós fixos e pode-se


desconsiderar o efeito de 2ª ordem.
Se 1,1< ɣz < 1,3 , deve-se aplicar os efeitos de segunda ordem no cálculo
da estrutura.
Se ɣz > 1,3 , a estrutura deve ser considerada instável.

No cálculo das edificações, os projetistas de estruturas utilizam dois


processos para dimensionar as peças estruturais com o efeito de 2ª ordem.
Através do cálculo do P∆, processo interativo, onde o sistema irá calcular o
pórtico espacial (o edifício) diversas vezes, até que as deformações tendam a
zero, dimensionando as peças estruturais para a resultante final desta estrutura
deformada.
Ou através da majoração dos esforços pelo valor do ɣz.
Ambos os processos dão resultados excelentes e muito próximos.

Vamos fazer outra analogia para entender melhor como essa análise
influencia nas peças estruturais de uma edificação:
Imaginem agora uma mesa com o tampo em compensado com chapa de
10mm de espessura (a laje). Os pés desta mesa serão formados por quatro
ripas de madeira branca (os pilares).
Esta mesa fica em pé, mas ao aplicar uma força lateral ela tombará com
certa facilidade.
Isto é uma estrutura com pouca estabilidade global, muito sujeita aos
efeitos de 2ª ordem.
Para esta mesa ficar segura, poderemos trocar o tampo e os pés por um
material mais resistente, por exemplo uma madeira de lei ou aço. Aumentando
a resistência das peças estruturais.
Em analogia, o ɣz faz isso, pois ao majorar os esforços nas peças,
dimensionaremos as mesmas com mais aço.

Mas, e se a instabilidade for muito alta?


Bom, se nós colocássemos uma tábua contornando os pés, fazendo um
percintamento (as vigas) na altura do tampo (a laje) e trocássemos os pés de
ripa por uma peça de madeira (pilares maiores), de tal forma que a mesa ficará
bem mais robusta e rígida e ao aplicar a mesma força lateral ela terá uma
resistência maior à solicitação do carregamento.
Este é o caso de quando o ɣz ultrapassa o limite de 1,3 e precisamos então
enrijecer a estrutura. Para isso muitas vezes precisamos criar pórticos ligando
os pilares com vigas, aumentar as seções de vigas e pilares, ou criar pilares
com seções em “L”, “U”, “T” e etc.

Quando calculamos uma edificação, verificamos a estabilidade global e os


efeitos de 2ª ordem na estrutura. Esta verificação poderá gerar um majorador
dos esforços de primeira ordem que resultará numa estrutura até 30% mais
resistente, preparando-a para o acréscimo de esforços que poderá vir a existir.
Se esta estrutura estiver exageradamente instável, deveremos mudar a
concepção estrutural e/ou aumentar as seções das peças estruturais, de tal
forma teremos uma estrutura mais estável e resistente. Vale salientar que
qualquer edificação deve ter esta análise, mesmo as de pequeno porte.

Cobrimento de armaduras:

Espessura de camada de concreto sobre o aço de pilares, vigas e lajes


varia de acordo com o ambiente em que a obra é construída.

Quando não estão bem-protegidas pelo concreto, as barras de aço ficam


sujeitas às agressões do meio ambiente que podem corroê-las e, em casos
mais severos, comprometer a estabilidade da construção. Daí a importância de
se garantir adequada proteção das armaduras.
O concreto, além de sua capacidade de suporte de cargas verticais,
também tem o importante papel de proteger as armaduras, cobrindo o aço de
modo a evitar seu contato direto com agentes agressivos, como atmosferas
poluídas e a água.
De forma geral, quanto maior for a espessura da camada de concreto
sobre o aço, maior será a sua proteção contra a corrosão. "Quando o
cobrimento é muito fino em relação à agressividade de um ambiente, defeitos
na estrutura ocorrem em poucos anos, levando ao desplacamento do concreto,
à fissuração intensa e, finalmente, ao desaparecimento das armaduras, à
ruptura, deformação e até queda da estrutura", alerta o engenheiro Egydio
Hervé Neto, diretor técnico da Ventuscore e especialista em estruturas de
concreto.
Para evitar esse tipo de situação tão perigosa, a norma técnica brasileira
NBR 6118:2007 "Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento" estabelece
requisitos de qualidade para o concreto empregado nas estruturas, bem como
o cobrimento mínimo das armaduras em função da agressividade do ambiente
onde ela foi construída.

Agressividade ambiental

A norma estabelece quatro classes de agressividade, como demonstrado


a seguir:

Classe de agressividade 1 - Fraca

Estruturas expostas a uma atmosfera mais limpa não sofrem com as


agressões químicas decorrentes da poluição urbana, como a chuva ácida, por
exemplo. O risco de deterioração da estrutura é insignificante. Por isso, é
possível utilizar uma camada menos espessa de concreto sobre as armaduras.
Enquadram-se nesse grupo as edificações implantadas em ambientes rurais.
Cobrimento das armaduras
Laje de concreto armado: 20 mm
Pilar e viga de concreto armado: 25 mm
Concreto protendido: 30 mm

Classe de agressividade 2 - Moderada

Os ambientes classe 2 estão mais expostos a agressões ambientais,


como as provenientes do gás carbônico e dos cloretos presentes no ar. Mas
não há tanta umidade constante e o risco de deterioração da estrutura é
pequeno. Nesse grupo enquadram-se as estruturas construídas nas cidades,
residenciais e comerciais.
Cobrimento das armaduras
Laje de concreto armado: 25 mm
Pilar e viga de concreto armado: 30 mm
Concreto protendido: 35 mm

Classe de agressividade 3 - Forte


Nessa categoria estão as edificações expostas à atmosfera marinha,
como as construções em cidades litorâneas. Também estão algumas
indústrias. Com maior teor de umidade, esse tipo de ambiente possui
atmosfera com agentes agressivos mais concentrados. Para se ter uma ideia, a
velocidade de corrosão em ambiente marinho pode ser da ordem de 30 a 40
vezes superior à que ocorre em atmosfera rural.
Cobrimento das armaduras
Laje de concreto armado: 35 mm
Pilar e viga de concreto armado: 40 mm
Concreto protendido: 45 mm

Classe de agressividade 4 - Muito Forte

Nesse grupo estão as estruturas implantadas em locais úmidos, dentro de


indústrias, ou diretamente em contato com a água do mar. Esse tipo de
ambiente é extremamente agressivo ao concreto e às suas armaduras. Daí a
necessidade de maior proteção.

Cobrimento das armaduras


Laje de concreto armado: 45 mm
Pilar e viga de concreto armado: 50 mm
Concreto protendido: 55 mm

Dependendo do seu posicionamento na estrutura, os pilares podem ser


classificados como: pilares intermediários, pilares de extremidade e pilares de
canto (Figuras 04 a 07).

Nos pilares intermediários, os momentos que as vigas transmitem a esses


pilares são pequenos e, em geral podem ser desprezados. Dessa forma, um
pilar intermediário está em uma situação de projeto de compressão centrada.

Nos pilares de extremidade os momentos transmitidos pelas vigas devem


ser considerados. Dessa forma, a situação de projeto é de Flexo-compressão
normal.

Para os pilares de canto a situação de projeto é de Flexo-compressão


oblíqua, já que devem ser considerados os momentos transmitidos pelas vigas
nas duas direções “x” e “y”.
Pilar intermediário

Pilar de extremidade

Pilar de canto
Referências:

NBR 6118:2014
http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/45/artigo250451-
1.aspxências: 03/06/2016
Reportagem: Juliana Nakamura
Edição 45 - Dezembro/2011
http://boaengenharia.blogspot.com.br/2012/02/instabilidade-e-efeito-de-2-
ordem_06.html 01/06/2016
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgO5UAI/pilares 03/06/2016

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