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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

DANICLER BAVARESCO

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE LAJES LISAS EM


CONCRETO ARMADO

MARINGÁ
2010
DANICLER BAVARESCO

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE LAJES LISAS EM


CONCRETO ARMADO

Monografia apresentada como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão do
Curso de Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Alves de Souza

MARINGÁ
2010
DANICLER BAVARESCO

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE LAJES LISAS EM CONCRETO


ARMADO

Monografia apresentada como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão do
Curso de Engenharia Civil.

Aprovada em ____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________
Prof. Dr. Rafael Alves de Souza (Orientador)

_____________________________________________________
Prof. Dra. Anamaria Malachini Miotto Farah (Membro 1)

_____________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Humberto Martins (Membro 2)
Aos meus pais, Darci e Delma, pelo esforço,
dedicação e compreensão, em todos os momentos
desta e de outras caminhadas.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado a capacidade e a oportunidade de escolher e trilhar meus


caminhos.
À Universidade Estadual de Maringá por proporcionar a oportunidade de minha
graduação em Engenharia Civil.
Ao meu orientador Rafael pelos sábios ensinamentos transmitidos e pelo incentivo,
que muito contribuíram na elaboração deste trabalho.
A todos os professores que contribuíram com a minha formação, pois sem eles não
chegaria até aqui.
Aos funcionários do DEC, pela disposição e dedicação.
À Naiara, pelo apoio e compreensão ao longo de toda a caminhada.
A todos os amigos e colegas do curso pela amizade e apoio que sempre manifestaram
durante a convivência ao longo destes anos.
A mente que se abre a uma nova idéia jamais
voltará ao seu tamanho original.

Albert Einstein
RESUMO

Na atualidade, a tendência por maior liberdade de layout e vãos livres mais ousados
tem levado ao aperfeiçoamento das técnicas construtivas. É nesse contexto que a laje lisa está
inserida, apresentando inúmeras vantagens em relação ao sistema convencional, fazendo com
que o estudo das mesmas seja cada vez mais importante. A NBR 6118/2003 permite a análise
desse sistema estrutural através de uma modelo elástico simplificado, com redistribuição. O
objetivo deste trabalho é verificar se o modelo de análise proposto pela norma se aproxima
efetivamente de um modelo numérico e fazer o dimensionamento completo de uma laje lisa
de pilares dispostos em filas ortogonais. Para isso, elaborou-se um pavimento tipo hipotético
sobre o qual se obteve os diagramas de momentos fletores pelos procedimentos proposto pela
norma, utilizando o Ftool, e comparou-os com os resultados obtidos pela análise da estrutura
no programa SAP2000. Em seguida, fez-se o dimensionamento da mesma a flexão, a punção
e ao colapso progressivo. Na análise dos esforços constatou-se que a modelagem proposta
pela norma precisou de alguns ajustes para uma melhor aproximação ao modelo numérico. Já
as armaduras obtidas foram compatíveis na maioria das regiões, ficando com área de aço
abaixo da calculada utilizando um software de projeto em apenas uma região.

Palavras-chave: Concreto. Lajes. Método dos Elementos Finitos. Dimensionamento.


NBR6118.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Laje maciça 17
Figura 2.2 – Planta e corte de laje nervurada 18
Figura 2.3 – Laje mista 18
Figura 2.4 – Planta e corte de laje grelha 19
Figura 2.5 – Laje pré-moldada 20
Figura 2.6 – Planta e corte de laje cogumelo 20
Figura 2.7 – Planta e corte de laje lisa 21
Figura 2.8 – Esquema de laje lisa 21
Figura 2.9 – Apoio contínuo 21
Figura 2.10 – Detalhe do capitel 22
Figura 2.11 – Tipo de armação 22
Figura 3.1 – Punção central 25
Figura 3.2 – Punção de canto 25
Figura 3.3 – Ruína por punção em lajes lisas, perspectiva e corte 26
Figura 3.4 – Zona de ruptura em lajes submetidas ao puncionamento, sem armadura
transversal de punção. 26
Figura 3.5 – Ruptura adjacente ao pilar 27
Figura 3.6 – Ruptura de concreto e armadura transversal 27
Figura 3.7 – Ruptura além da armadura de cisalhamento 27
Figura 3.8 – Faixas de laje para distribuição dos esforços nos pórticos múltiplos 29
Figura 3.9 – Perímetro crítico em pilares internos 33
Figura 3.10 - Perímetro crítico em pilares de borda 35
Figura 3.11 – Perímetro crítico em pilares de canto 36
Figura 3.12 – Definição da altura útil no caso de capitel 37
Figura 3.13 – Disposição da armadura de punção em planta e contorno da superfície crítica C”
40
Figura 3.14 – Disposição da armadura de punção em corte 41
Figura 3.15 – Armadura contra colapso progressivo 42
Figura 3.16 – Bordas livres e aberturas 44
Figura 3.17 – Lajes sem vigas 45
Figura 3.18 – Armaduras de punção em planta e corte 46
Figura 4.1 – Planta da laje lisa 47
8

Figura 4.2 – Corte da laje lisa 47


Figura 4.3 – Pórtico que será analisado 48
Figura 5.1 – Modelagem do pórtico no Ftool 51
Figura 5.2 – Diagrama de Momento Fletor (kN.m) do pórtico 52
Figura 5.3 – Modelo de viga da estrutura 52
Figura 5.4 – Diagrama de Momento Fletor (kN.m) do modelo de viga 52
Figura 5.5 – Faixas para distribuição dos momentos 53
Figura 5.6 – Distribuição dos momentos no modelo de pórtico (kN.m/m) 54
Figura 5.7 – Distribuição dos momentos no modelo de viga (kN.m/m) 54
Figura 5.8 – Diagrama de Momento Fletor da faixa externa pelos modelos pórtico e viga 55
Figura 5.9 – Diagrama de Momento Fletor da faixa interna pelos modelos pórtico e viga 55
Figura 5.10 – Modelagem da estrutura no SAP2000 56
Figura 5.11 – Diagrama de Momento Fletor (kN.m/m) 56
Figura 5.12 – Faixas internas e externas do pórtico equivalente 57
Figura 5.13 – Divisão das faixas 57
Figura 5.14 – Diagrama de Momentos Fletores da faixa externa 57
Figura 5.15 – Digrama de Momentos Fletores da faixa interna 58
Figura 5.16 – Média ponderada dos momentos da FE 58
Figura 5.17 – Média ponderada dos momentos da FI 58
Figura 5.18 – Comparação entre P.E.A. e SAP2000 para a faixa externa 59
Figura 5.19 – Comparação entre P.E.A. e SAP2000 para a faixa interna 59
Figura 5.20 – Gráficos em 3D dos momentos fletores gerados no programa surfer (kN.m/m)
60
Figura 5.21 – Comparação entre SAP2000 e P.E.A. da FE com novas porcentagens 61
Figura 5.22 – Comparação entre SAP2000 e P.E.A. da FI com novas porcentagens 61
Figura 5.23 – Distribuição dos momentos no modelo de pórtico (kN.m/m) 62
Figura 5.24 – Área de armadura para cada região em cm²/m 65
Figura 5.25 – Bitola de armadura e espaçamento para cada região 66
Figura 5.26 – Área de influência de cada pilar 67
Figura 5.27 – Armadura tipo Stud 70
Figura 5.28 – Detalhe da borda 70
Figura 5.29 – Planta de armação inferior da laje. 71
Figura 5.30 – Planta de armação superior da laje na direção x 72
Figura 6.1 – Armaduras geradas por um software de projeto sem adequada configuração 75
9

Figura 6.2 – Estrutura em 3D gerada pelo software de projeto 76


Figura 6.3 – Planta de armação inferior da laje. 78
Figura 6.4 – Planta de armação longitudinal superior da laje 79
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Valores de Kc e Ks 30
Tabela 3.2 – Área da seção de armadura por metro de largura em cm²/m 31
Tabela 3.5 – Valores de K 34
Tabela 3.3 – Valores mínimos para armaduras passivas aderentes 42
Tabela 3.4 – Taxas mínimas de armadura de flexão 43
Tabela 5.1 – Alterações das porcentagens de multiplicação dos momentos fletores. 61
Tabela 5.2 – Obtenção de Ks através da planilha 63
Tabela 5.3 – Escolha da bitola e espaçamento da armadura 65
Tabela 5.4 – Armaduras contra colapso progressivo 67
Tabela 6.1 – Valor das reações na base dos pilares 77
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 14
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................... 15
2 LAJES........................................................................................................................ 17
3 LAJES LISAS ........................................................................................................... 23
3.1 A PUNÇÃO EM LAJES ............................................................................................ 25
3.2 ANÁLISE DE LAJES LISAS .................................................................................... 28
3.3 DIMENSIONAMENTO DE LAJES NO ESTADO LIMITE ÚLTIMO ................... 29
3.4 VERIFICAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE LAJES LISAS A PUNÇÃO – NBR
6118/2003 ................................................................................................................................. 32
3.4.1 Definição da tensão solicitante nas superfícies críticas C e C’ ............................. 33
3.4.2 Definição da tensão resistente nas superfícies críticas C, C’ e C” ....................... 38
3.4.3 Colapso progressivo ................................................................................................. 41
3.4.4 Armaduras mínimas e máximas – NBR 6118 ........................................................ 42
3.5 DETALHAMENTO DE LAJES – NBR 6118/2003 .................................................. 43
4 ANÁLISE ESTRUTURAL ...................................................................................... 47
4.1 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA .............................................................................. 47
4.2 CARGAS E MATERIAIS ......................................................................................... 48
4.3 PÓRTICOS MÚLTIPLOS ......................................................................................... 48
4.4 PROCESSO ELÁSTICO APROXIMADO (P.E.A.) ................................................. 49
4.5 MODELAGEM NO SAP2000 ................................................................................... 49
4.6 DIMENSIONAMENTOS .......................................................................................... 50
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 51
5.1 MODELAGEM NO FTOOL ..................................................................................... 51
5.2 PROCESSO ELÁSTICO APROXIMADO ............................................................... 53
5.3 MODELAGEM NO SAP 2000 .................................................................................. 56
5.4 DIMENSIONAMENTOS .......................................................................................... 62
5.4.1 Armadura de flexão.................................................................................................. 62
5.4.2 Armadura contra colapso progressivo ................................................................... 66
5.4.3 Armadura de punção ............................................................................................... 68
5.5 DETALHAMENTO ................................................................................................... 70
12

6 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ............................................................. 73


6.1 LANÇAMENTO DA ESTRUTURA NO SOFTWARE ........................................... 76
6.2 VALIDAÇÃO DOS DADOS .................................................................................... 76
6.3 RESULTADOS DO DIMENSIONAMENTO PELO SOFTWARE ......................... 77
7 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 82
13

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço de sistemas construtivos foram desenvolvidas variações de forma e de


composição das lajes (DONIN, 2007). Isto com o objetivo de melhorar o seu desempenho
estrutural para determinadas aplicações, sendo que a escolha mais adequada do tipo de laje
para um projeto depende muito da experiência profissional, da necessidade e das
características estruturais buscadas, de forma que a estrutura satisfaça plenamente todos os
requisitos arquitetônicos, econômicos e de segurança.
As lajes lisas apresentam uma série de vantagens em relação aos sistemas
convencionais que utilizam lajes, vigas e pilares, pela facilitação da execução, redução de
perdas e gastos, maior liberdade construtiva, redução da altura total do edifício, dentre outras.
As lajes lisas são apoiadas diretamente em pilares sem capitéis. A NBR 6118/2003
(ABNT, 2003) traz que a análise estrutural de lajes lisas deve ser realizada mediante emprego
de procedimento numérico adequado, como diferenças finitas, elementos finitos e elementos
de contorno. No entanto, para os casos em que os pilares estão dispostos em filas ortogonais,
de maneira regular e com vãos pouco diferentes, a norma permite a realização do cálculo dos
esforços pelo processo elástico aproximado, com redistribuição, no qual a obtenção dos
esforços solicitantes é feita adotando-se pórticos múltiplos em cada direção.
Segundo Hennrichs (2003), no dimensionamento de lajes lisas, cuidados especiais
devem ser tomados na verificação da punção, nas deformações no meio do vão, e na
determinação dos momentos negativos das lajes sobre os pilares. Quando as lajes são
modeladas de forma inadequada esses momentos podem apresentar valores muito diferentes
dos que atuam em serviço. Portanto, o dimensionamento por tais momentos pode ser
equivocado podendo resultar em problemas econômicos como também de segurança da
edificação.
O método dos pórticos virtuais da NBR 6118/2003 (ABNT, 2003) separa os vãos em
quatro faixas e distribui para cada faixa (internas ou externas) uma porcentagem dos
momentos positivos e negativos calculados para cada pórtico de carga total, sendo que esses
esforços atribuídos para cada faixa são utilizados no dimensionamento das mesmas.
De acordo com Hennrichs (2003), os métodos numéricos de análise e projeto de lajes
têm sido muito difundidos no meio técnico, destacando-se o Método das Diferenças Finitas, o
14

Método dos Elementos Finitos, ambos citados pela norma, e o Método de Analogia de Grelha.
Com o avanço tecnológico e o desenvolvimento de computadores potentes esses métodos já
são amplamente utilizados em programas comerciais de análise e de cálculo estrutural.
Mesmo com todo esse avanço dos métodos numéricos a norma ainda permite e propõe
a utilização do modelo simplificado para alguns casos, e nesse ponto cabe a pergunta, será que
o modelo simplificado aceito pela NBR 6118/2003 representa bem os esforços reais da laje
lisa?

1.1 JUSTIFICATIVA

Na atualidade, a busca por edificações com maior liberdade de layout, vãos livres mais
ousados, muitas vezes sem a utilização de vigas e com pilares cada vez mais espaçados é uma
tendência que tem levado ao aperfeiçoamento das técnicas construtivas que viabilizem essa
liberdade (DONIN, 2007).
É nesse contexto que as lajes lisas estão inseridas, demonstrando ser alternativas com
enorme potencial para estas construções. As inúmeras vantagens como o ganho de pé-direito,
a simplicidade de execução das fôrmas e concretagem, um maior conforto visual e ambientes
mais ventilados, fazem com que, segundo Silva et al. (2004), seja cada vez mais importante o
estudo das lajes lisas, por se tratar de um elemento estrutural em foco que tem muito a evoluir
técnica e cientificamente.
A realização deste trabalho justifica-se pelo fato de que o modelo simplificado
proposto pela NBR 6118/2003, bem como as porcentagens de distribuição dos momentos
segundo as faixas, pode não representar bem os esforços reais das lajes lisas, podendo resultar
em situações antieconômicas, fato que por si só justificaria a aquisição de softwares para o
cálculo das mesmas.
15

1.2 OBJETIVOS

Verificar se o modelo de análise simplificado da norma (Método dos Pórticos Virtuais)


se aproxima efetivamente de um modelo numérico (Método dos Elementos Finitos), que é
mais preciso, e fazer a análise e o dimensionamento completo de uma laje lisa de pilares
dispostos em filas ortogonais.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

No Capítulo 1 é apresentada uma introdução sobre este trabalho de conclusão de


curso, são definidos os objetivos, assim como, a justificativa e a estrutura.
No Capítulo 2 são revisados os fundamentos das lajes, suas características e
classificações.
No Capítulo 3 é dada atenção especial às lajes lisas, realizando um estudo mais
detalhado sobre esse tipo de laje bem como suas vantagens e desvantagens. Este capítulo
aborda também a análise pelo Processo Elástico Aproximado, o pré-dimensionamento das
lajes lisas, o dimensionamento a flexão, a punção e ao colapso progressivo e detalhes gerais
da norma NBR 6118/2003.
No Capítulo 4 é descrito a estrutura que será analisada, suas cargas e materiais. Os
procedimentos utilizados para a análise e dimensionamento da estrutura também são descritos
neste item.
No Capítulo 5 são desenvolvidas as análises dos modelos bem como a comparação
entre eles, discute-se a representatividade do processo proposto pela norma e faz-se o
dimensionamento da laje lisa pelos esforços obtidos pelo mesmo.
No Capítulo 6 é tratado sobre Método dos Elementos Finitos e sobre programas de
análise e projeto estrutural. Neste capítulo também é realizado o dimensionamento da
estrutura com o auxílio de um software de projeto e comparado as armaduras com as obtidas
no capítulo 5.
O Capítulo 6 contém as conclusões obtidas.
16

No Capítulo 7 são apresentadas as referências bibliográficas que embasaram este


trabalho de conclusão de curso.
17

2 LAJES

Lajes são elementos estruturais bidimensionais planos, na forma de uma placa, onde a
espessura é muito menor que as demais dimensões e se destinam a receber as cargas verticais
que atuam nas estruturas de um modo geral, transmitindo-as para os respectivos apoios, que
comumente são vigas localizadas em seus bordos, podendo ocorrer também à presença de
apoios pontuais (pilares).
Na prática, existem diferentes tipos de lajes que podem ser empregadas nas obras de
um modo geral, podendo ser classificadas da seguinte maneira (DONIN, 2007):
a) Quanto à forma:
- Lajes poligonais: retangulares, quadradas, triangulares, octogonais, em T, L, Z,
entre outras;
- Lajes elípticas: lajes circulares ou anelares.
b) Quanto à natureza:
- Lajes maciças (Figura 2.1): são lajes constituídas por placas monolíticas de
concreto armado ou de concreto protendido, com espessura uniforme, construídas
sobre uma forma de madeira ou metálica que é removida após a cura do concreto.
São as lajes mais utilizadas em edificações e obras de arte, mas não podem vencer
grandes vãos devido ao seu peso próprio;

Figura 2.1 – Laje maciça


Fonte: Camacho (2004)

- Lajes nervuradas (Figura 2.2): são compostas por nervuras na zona de tração e
uma mesa maciça de concreto na zona de compressão. As nervuras são
configuradas por um determinado espaçamento entre si, regulamentado pela NBR
6118/2003, nesse caso as nervuras ficam aparentes, ou então, são obtidas com o
emprego de algum material inerte de baixo peso específico, como blocos
18

cerâmicos ou EPS. O peso próprio da laje é reduzido, uma vez que se elimina uma
parte do concreto que ficaria na zona tracionada, caso fosse adotada a solução em
laje
je maciça. Nas nervuras é onde estão concentradas as armaduras longitudinais de
tração. Este tipo de laje é utilizado para vencer grandes vãos ou em casos de
carregamentos especiais;

Figura 2.2 – Planta e corte de laje nervurada


Fonte: Pereira et al. (2005)

- Lajes mistas (Figura


( 2.3): é o sistema formado por elementos mistos aço-
aço
concreto, cuja combinação de perfis de aço e concreto visa aproveitar as vantagens
de cada material, tanto em termos estruturais como construtivos.

Figura 2.3 – Laje mista

- Lajes em grelhas (Figura


( 2.4): as lajes em grelha constituem um caso particular
das lajes nervuradas, onde as nervuras são mais altas e o espaçamento entre elas
e é
superior a 1 m. Além disso, não se utiliza material inerte como o EPS ou outro
19

qualquer, as vigas são aparentes, exceto se colocado forro falso. O


dimensionamento da capa de concreto deve ser de tal forma que se considere a
possibilidade de punção de uma sobrecarga pontual. O cálculo é normalmente feito
como o de lajes maciças contínuas, sendo o vigamento calculado como grelha.
Geralmente são utilizadas em edificações industriais e/ou comerciais;

Figura 2.4 – Planta e corte de laje grelha

- Lajes duplas: podem ser entendidas como um caso particular das lajes nervuradas
ou das lajes em grelhas, e ainda, em alguns casos, como lajes maciças. Elas
apresentam duas capas de concreto,sendo uma superior que trabalha
t a compressão
e outra inferior, entre estas duas capas ficam as vigas ou nervuras de concreto.
Geralmente são utilizadas em pilotis ou pavimentos de transição de edifício.
Atualmente estas lajes estão praticamente em desuso, exceto em situações
particulares;
- Lajes pré-fabricadas
fabricadas (Figura
( 2.5): formadas por um conjunto de vigotas, ou seja,
nervuras de concreto armado ou protendido, e blocos cerâmicos ou de concreto,
também conhecidos por tavelas, solidarizados por uma capa de concreto que
trabalha à compressão. As lajes pré-fabricadas
pré fabricadas podem ser unidirecionais,
constituídas por nervuras principais longitudinais dispostas em uma única direção,
ou bidirecionais, na qual são executadas nervuras transversais às pré-lajes,
pré
resultando em uma laje acabada bidirecional.
bidirecional. As nervuras de concreto podem ser
convencionais dando origem às lajes pré-fabricadas
pré fabricadas convencionais, ou nervuras
20

treliçadas, dando origem as chamadas lajes treliçadas. As vantagens deste tipo de


laje são relativas à rapidez de execução e à economia
economia de formas e de escoramento.
Além dessas duas variações, enquadra-se
enquadra se na classificação de laje pré-fabricada,
pré a
laje formada por painéis pré-fabricados,
pré fabricados, que compõem os entre pisos apenas pela
justaposição das placas, utilizadas especialmente em obras industriais;
indu

Figura 2.5 – Laje pré-moldada


Fonte: Camacho (2004)

- Lajes cogumelo (Figura


( 2.6): são lajes apoiadas diretamente sobre os pilares, sem
a utilização de vigas, mas com a utilização de capitéis nos pilares.

Figura 2.6 – Planta e corte de laje cogumelo


Fonte: Pereira et al. (2005)

- Lajes lisas (Figura


Figura 2.7 e 2.8): são apoiadas diretamente sobre os pilares, sem a
utilização de vigas, e de capitéis nos pilares.
21

Figura 2.7 – Planta e corte de laje lisa


Fonte: Pereira et al. (2005)

Figura 2.8 – Esquema de laje lisa


Fonte: Pereira et al. (2005)

c) Quanto ao tipo de apoio:


- Apoio contínuo (Figura 2.9): ocorre quando a laje está apoiada sobre uma linha
contínua, formada por alvenarias, paredes de concreto, vigas de sustentação de
concreto armado ou protendido, metálicas ou de madeira. Podendo estar todos os
bordos apoiados ou eventualmente um ou mais bordos livres;

Figura 2.9 – Apoio contínuo


Fonte: Camacho (2004)
22

- Apoio discreto (Figura


( 2.10): ocorre quando a laje está apoiada diretamente sobre
os pilares. Pode ser de três tipos, dependendo da presença ou não de reforço ou
capitel, e de sua localização no encontro do pilar com a laje, ou seja, laje cogumelo
com capitel
tel aparente, com capitel invertido, ou, no caso da laje lisa, sem capitel.

Figura 2.10 – Detalhe do capitel


Fonte: Donin (2007)

d) Quanto ao tipo de armação (Figura


( 2.11):
- Lajes armadas em uma direção: apresentam
presentam solicitações importantes de
momentos fletores e forças cortantes apenas em uma direção, isso ocorre quando a
relação entre o maior e o menor vão é superior a 2, e a maior parte do
carregamento passa então a ser suportada pelos apoios da menor direção;
dir
- Lajes armadas em duas direções: sujeitas a solicitações importantes nas duas
direções, isso ocorre quando a relação entre o maior e o menor vão é menor do que
dois.

Figura 2.11 – Tipo de armação


Fonte: Camacho (2004)
23

3 LAJES LISAS

Para Figueiredo (1989), com o desenvolvimento e as exigências das edificações de


concreto armado, as lajes sem vigas passaram a ser uma solução interessante, pois apresentam
uma série de vantagens em relação ao sistema convencional tais como:
a) Adaptabilidade a diversas formas ambientais:
- ampla liberdade na definição de espaços internos;
- permitem grande possibilidade de reformas e modificações futuras do espaço
interno, pois as divisórias (de alvenaria ou outras) não estão condicionadas à rígida
localização das vigas do piso e das do teto.
b) Simplificação das fôrmas pela ausência de vigas:
- menor consumo de materiais em razão da menor área de fôrma por metro
quadrado de piso ou forro;
- as fôrmas apresentam um plano contínuo sem obstáculos, com recortes apenas na
ligação com os pilares, o que acarreta menos corte de material e conseqüentemente
menor desperdício;
- as fôrmas das lajes sem vigas são montadas e desmontadas com mais facilidade,
portanto com pouca danificação, levando a um maior índice de reaproveitamento;
- permite racionalização e padronização de cimbramentos, devido aos tetos lisos de
altura constante.
c) Simplificação das armaduras:
- eliminação de todas as armaduras correspondentes às vigas;
- facilitação de operações de corte, dobra, montagem e conferência;
- telas soldadas como armaduras de flexão são facilmente estendidas sem
interferência da armadura das vigas.
d) Simplificação da concretagem por existirem poucos recortes que, quando
presentes, dificultam o acesso a determinadas regiões, mesmo de vibradores, assim
é reduzida a probabilidade de aparecimento de falhas, melhorando o acabamento
final;
e) Diminuição de revestimentos:
24

- redução da superfície a ser revestida, redução da mão-de-obra e consumo de


materiais;
- devido à simplificação das fôrmas, armaduras e concretagem, também é possível
se obter estruturas com ótimo acabamento, dispensando revestimentos.
f) Redução da altura total do edifício pela diminuição do pé-direito;
g) Simplificação das instalações:
- facilitação do projeto e da execução obtidos com a diminuição da quantidade de
curvas e eliminação de perfuração de vigas;
- menor quantidade de condutos e fios necessários;
- menor incidência de cortes e emendas e, portanto, menor desperdício de material;
- redução da mão-de-obra;
- possibilidade de perfuração das lajes para passagem de tubulação, bem como a
presença de dutos em seu interior, devido à maior capacidade de redistribuição de
esforços.
h) Melhoria na habitabilidade:
- o teto liso dificulta o acúmulo de sujeira e insetos e facilita a limpeza;
- apresenta melhorias na ventilação e insolação.
i) Redução do tempo de execução pela simplificação das tarefas de execução de
fôrmas, armaduras, concretagem e instalações.

Mesmo com inúmeras vantagens apresentadas pelo sistema, existem também algumas
desvantagens que devem ser analisadas, pois são importantes e podem inviabilizar a adoção
do sistema estrutural em certas situações. Hennrichs (2003), sita as seguintes desvantagens:
a) Punção das lajes: é um dos principais problemas de tais lajes, podendo ser
solucionado adotando-se uma espessura de laje adequada ou adotando uma
armadura de punção, ou ambos;
b) Deslocamentos transversais das lajes: o deslocamento de lajes sem vigas, para uma
mesma rigidez e um mesmo vão, é maior do que aqueles nas lajes sobre vigas;
c) Estabilidade global do edifício: no caso de edifícios altos, a ausência de vigas
diminui a estabilidade global devido às ações horizontais, nesse caso deve-se
vincular as lajes em paredes estruturais ou em núcleos rígidos.

Para se evitar grandes deformações ou que elas vibrem excessivamente, ocasionando


sensação de desconforto, a determinação da espessura é feita baseando-se nos critérios dos
25

estados limites de utilização. Na prática, para o pré-dimensionamento, a espessura adotada nas


primeiras tentativas de cálculos segue a relação do vão/30 ao vão/35 sendo que a menor
espessura para a laje lisa permitida pela NBR 6118 é de 16 cm.

3.1 A PUNÇÃO EM LAJES

A punção é o fenômeno segundo o qual elementos planos apresentam ruptura


localizada por corte, frente às cargas concentradas elevadas. Esse tipo de ruptura pode ocorrer
principalmente nos encontros entre elementos lineares comprimidos (pilares) com elementos
planos (lajes).
A ruptura de punção se dá por corte localizado, onde o elemento plano se rompe segundo
a forma de um tronco de cone, como mostram as Figuras 3.1 e 3.2.

Figura 3.1 – Punção central


Fonte: Camacho (2004)

Figura 3.2 – Punção de canto


Fonte: Camacho (2004)
26

Ensaios de Leonhardt & Mönnig (1979) demonstraram que as deformações


tangenciais inicialmente são maiores que as deformações radiais, surgindo primeiro as
fissuras radiais. Somente para elevados estágios de carga aparecem algumas fissuras
circulares, a partir das quais se desenvolvem as superfícies de ruptura por cisalhamento do
cone de punção com inclinação média da ordem de 30º, como indicado na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Ruína por punção em lajes lisas, perspectiva e corte


Fonte: Giugliani & Zuchetti (2006)

Cordovil (1997) enfatiza que o sólido tronco-cônico que se forma com a fissura
circunferencial somente ocorre na ruptura da laje, quando o concreto perde todas as suas
resistências, inclusive ao cisalhamento.
Em lajes sem armadura de cisalhamento, essa fissura atinge distâncias que variam
entre duas a três vezes a altura útil d da laje, como ilustra a Figura 3.4. Já no caso de lajes com
armadura de cisalhamento, a superfície de ruptura pode ocorrer em três posições diferentes
(CORDOVIL, 1997):

Figura 3.4 – Zona de ruptura em lajes submetidas ao puncionamento, sem armadura


transversal de punção.
Fonte: Carvalho (2008)
27

a) Na zona entre o pilar e a primeira camada da armadura de cisalhamento, com


ruptura somente do concreto adjacente ao pilar (punção restrita – Figura 3.5);

Figura 3.5 – Ruptura adjacente ao pilar


Fonte: Carvalho (2008)

b) Na zona com armadura de cisalhamento, com ruptura do concreto e da


armadura transversal (punção não restrita internamente à armadura transversal
– Figura 3.6);

Figura 3.6 – Ruptura de concreto e armadura transversal


Fonte: Carvalho (2008)

c) Na zona situada além da armadura de cisalhamento, com ruptura do concreto


(punção não restrita externamente à armadura transversal – Figura 3.7).

Figura 3.7 – Ruptura além da armadura de cisalhamento


Fonte: Carvalho (2008)

Por questões de segurança a condição ‘b’ é a mais adequada visto que a armadura
entraria em escoamento plástico alertando o problema antes do colapso da estrutura.
28

Na NBR 6118/2003 (ABNT, 2003), a resistência de lajes submetidas a forças


concentradas é verificada empregando-se uma tensão de cisalhamento nominal em uma
superfície crítica concêntrica à região carregada, ou seja, a verificação da resistência e o
dimensionamento da punção baseiam-se no estudo de seções de controle.
Segundo o Comite Euro International Du Beton (1991), não há significado físico para
a tensão tangencial atuando na superfície crítica, mas esse procedimento empírico apresenta
boa correlação com resultados experimentais e de modelos mecânicos encontrados na
literatura.

3.2 ANÁLISE DE LAJES LISAS

A norma de Projetos de Estruturas de Concreto Armado NBR 6118/2003 (ABNT,


2003) em seu item 14.7.8 coloca que a análise estrutural de lajes lisas deve ser realizada
mediante emprego de procedimento numérico adequado, por exemplo, diferenças finitas,
elementos finitos e elementos de contorno.
No entanto, nos casos em que os pilares estão dispostos em filas ortogonais, de
maneira regular e com vãos pouco diferentes, a norma permite que o cálculo dos esforços seja
realizado pelo processo elástico aproximado, com redistribuição, que consiste em adotar em
cada direção pórticos múltiplos, para obtenção dos esforços solicitantes.
A análise por procedimentos numéricos é feita através de softwares, um exemplo é o
SAP2000 que utiliza Método dos Elementos Finitos. Ele permite modelagem tridimensional,
estando disponíveis vários elementos estruturais, tais como frames, shells, asolid, e solid. Os
pilares e vigas são modelados usando o elemento de barra frame e as lajes o elemento de
casca shell. No capítulo 6 será abordado mais sobre Método dos Elementos Finitos.
No processo elástico aproximado (P.E.A.), em cada pórtico deve ser considerado a
carga total. Lançado o carregamento, traçam-se os diagramas de Momento Fletor e em
seguida faz-se a distribuição dos momentos obtida em cada direção, segundo as faixas
indicadas na Figura 3.8, da seguinte maneira:
a) 45% dos momentos positivos para as duas faixas internas;
b) 27,5% dos momentos positivos para cada uma das faixas externas;
29

c) 25% dos momentos negativos


neg para as duas faixas internas;
d) 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas externas.

Figura 3.8 – Faixas de laje para distribuição dos esforços nos pórticos múltiplos

3.3 DIMENSIONAMENTO DE LAJES


LAJES NO ESTADO LIMITE ÚLTIMO

Da análise da laje lisa se obtêm os momentos fletores característicos (


(
) positivos e
negativos que serão utilizados na determinação das armaduras. Esse dimensionamento é feito
à Flexão, admitindo-se
se uma largura de um metro, obtendo-se
se dessa forma uma armadura por
metro linear.
Inicialmente, determina-se
determina o momento fletor de cálculo ( ), em kN.cm/m, através da
equação 3.1:
   
(3.1)

onde  é o coeficiente de ponderação das ações que para a combinação de ações normais
vale 1,4.

Para o dimensionamento da área de armadura pode-se


pode se dispor da utilização de Tabelas.
Conhecido o valor de  em kN.cm/m calcula-se o coeficiente pela equação 3.2:
3
 
 (3.2)

30

onde  = 100 cm (largura de cálculo para 1,0 m de faixa de laje); d = altura útil da laje (em
cm).
Com o coeficiente , e conhecidos a resistência característica do concreto (em MPa)
e o tipo de aço utilizados na obra, determina-se o coeficiente  através da Tabela 3.1.
Com o coeficiente  , determina-se então a área de armadura ( ), em cm², pela
equação 3.3:
 
  (3.3)


Essa área de armadura será a quantidade a ser colocada por metro de laje. Com auxílio
da Tabela 3.2 determina-se o diâmetro nominal da armadura e o espaçamento entre barras.

Tabela 3.1 – Valores de   e  


Valores de   para concretos com fck (MPa) Valores de   para aços
βx 20 25 30 35 40 CA-50 CA60
0,01 10,335 8,268 6,890 5,906 5,168 0,0231 0,0192
0,02 5,189 4,151 3,459 2,965 2,594 0,0232 0,0193
0,03 3,473 2,778 2,315 1,985 1,737 0,0233 0,0194
0,04 2,615 2,092 1,744 1,494 1,308 0,0234 0,0195
0,05 2,101 1,681 1,401 1,200 1,050 0,0235 0,0196
0,06 1,758 1,406 1,172 1,004 0,879 0,0236 0,0196
0,07 1,513 1,210 1,009 0,865 0,756 0,0237 0,0197
0,08 1,329 1,063 0,886 0,760 0,665 0,0238 0,0198
0,09 1,187 0,949 0,791 0,678 0,593 0,0239 0,0199
0,1 1,072 0,858 0,715 0,613 0,536 0,0240 0,0200
0,11 0,979 0,783 0,653 0,559 0,489 0,0241 0,0200
0,12 0,901 0,721 0,601 0,515 0,451 0,0242 0,0201
0,13 0,835 0,668 0,557 0,477 0,418 0,0243 0,0202
0,14 0,779 0,623 0,519 0,445 0,389 0,0244 0,0203
0,15 0,730 0,584 0,487 0,417 0,365 0,0245 0,0204
0,16 0,687 0,550 0,458 0,393 0,344 0,0246 0,0205
0,17 0,650 0,520 0,433 0,371 0,325 0,0247 0,0206
0,18 0,616 0,493 0,411 0,352 0,308 0,0248 0,0207
0,19 0,586 0,469 0,391 0,335 0,293 0,0249 0,0207
0,20 0,559 0,448 0,373 0,320 0,280 0,0250 0,0208
0,21 0,535 0,428 0,357 0,306 0,268 0,0251 0,0209
0,22 0,513 0,410 0,342 0,293 0,257 0,0252 0,0210
0,23 0,493 0,394 0,329 0,282 0,246 0,0253 0,0211
0,24 0,474 0,380 0,316 0,271 0,237 0,0254 0,0212
0,25 0,458 0,366 0,305 0,261 0,229 0,0256 0,0213
0,26 0,442 0,354 0,295 0,253 0,221 0,0257 0,0214
0,27 0,427 0,342 0,285 0,244 0,214 0,0258 0,0215
0,28 0,414 0,331 0,276 0,237 0,207 0,0259 0,0216
0,29 0,402 0,321 0,268 0,229 0,201 0,0260 0,0217
0,30 0,390 0,312 0,260 0,223 0,195 0,0261 0,0218
0,31 0,379 0,303 0,253 0,217 0,190 0,0263 0,0219
31

Continuação da Tabela 3.1


Valores de   para concretos com fck (MPa) Valores de   para aços
βx 20 25 30 35 40 CA-50 CA60
0,32 0,369 0,295 0,246 0,211 0,184 0,0264 0,0220
0,33 0,359 0,288 0,240 0,205 0,180 0,0265 0,0221
0,34 0,350 0,280 0,234 0,200 0,175 0,0266 0,0222
0,35 0,342 0,274 0,228 0,195 0,171 0,0267 0,0223
0,36 0,334 0,267 0,223 0,191 0,167 0,0269 0,0224
0,37 0,327 0,261 0,218 0,187 0,163 0,0270 0,0225
0,38 0,319 0,256 0,213 0,183 0,160 0,0271 0,0226
0,39 0,313 0,250 0,208 0,179 0,156 0,0273 0,0227
0,40 0,306 0,245 0,204 0,175 0,153 0,0274 0,0228
0,41 0,300 0,240 0,200 0,172 0,150 0,0275 0,0229
0,42 0,295 0,236 0,196 0,168 0,147 0,0276 0,0230
0,43 0,289 0,231 0,193 0,165 0,145 0,0278 0,0231
0,44 0,284 0,227 0,189 0,162 0,142 0,0279 0,0233
0,45 0,279 0,223 0,186 0,159 0,139 0,0280 0,0234
0,46 0,274 0,219 0,183 0,157 0,137 0,0282 0,0235
0,47 0,270 0,216 0,180 0,154 0,135 0,0283 0,0236
0,48 0,265 0,212 0,177 0,152 0,133 0,0285 0,0237
0,49 0,261 0,209 0,174 0,149 0,131 0,0286 0,0238
0,50 0,257 0,206 0,172 0,147 0,129 0,0288 0,0240
0,51 0,254 0,203 0,169 0,145 0,127 0,0289 0,0241
0,52 0,250 0,200 0,167 0,143 0,125 0,0290 0,0242
0,53 0,246 0,197 0,164 0,141 0,123 0,0292 0,0243
0,54 0,243 0,195 0,162 0,139 0,122 0,0293 0,0244
0,55 0,240 0,192 0,160 0,137 0,120 0,0295 0,0246
0,56 0,237 0,190 0,158 0,135 0,118 0,0296 0,0247
0,57 0,234 0,187 0,156 0,134 0,117 0,0298 0,0248
0,58 0,231 0,185 0,154 0,132 0,116 0,0299 0,0250
0,59 0,228 0,183 0,152 0,130 0,114 0,0301
0,60 0,226 0,181 0,150 0,129 0,113 0,0303
0,61 0,223 0,179 0,149 0,128 0,112 0,0304
0,62 0,221 0,177 0,147 0,126 0,110 0,0306

Tabela 3.2 – Área da seção de armadura por metro de largura em cm²/m


BITOLAS PADRONIZADAS
Espaça- BITOLAS (Ø - mm)
mento (cm) 4,0 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5
7,0 1,79 2,88 4,50 7,14 11,43 17,88
7,5 1,67 2,67 4,20 6,67 10,67 16,67
8,0 1,56 2,50 3,94 6,25 10,00 15,63
8,5 1,47 2,35 3,71 5,88 9,41 14,71
9,0 1,39 2,22 3,50 5,58 8,89 13,89
9,5 1,32 2,11 3,32 5,26 8,42 13,16
10,0 1,25 2,00 3,15 5,00 8,00 12,50
11,0 1,14 1,82 2,86 4,55 7,27 11,36
12,0 1,04 1,67 2,62 4,17 6,67 10,42
12,5 1,00 1,60 2,52 4,00 6,40 10,00
13,0 0,96 1,54 2,42 3,85 6,15 9,62
32

Continuação da Tabela 3.2


BITOLAS PADRONIZADAS
Espaça- BITOLAS (Ø - mm)
mento (cm) 4,0 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5
14,0 0,89 1,43 2,25 3,57 5,71 8,93
15,0 0,83 1,33 2,10 3,33 5,33 8,33
16,0 0,78 1,25 1,97 3,13 5,00 7,81
17,0 0,74 1,18 1,85 2,94 4,71 7,35
17,5 0,71 1,14 1,80 2,86 4,57 7,14
18,0 0,69 1,11 1,75 2,78 4,44 6,94
19,0 0,66 1,05 1,66 2,63 4,21 6,58
20,0 0,63 1,00 1,58 2,50 4,00 6,25
21,0 0,60 0,95 1,50 2,38 3,81 5,95
22,0 0,57 0,91 1,43 2,27 3,64 5,68
23,0 0,54 0,87 1,37 2,17 3,48 5,43
24,0 0,52 0,83 1,31 2,08 3,33 5,21
25,0 0,50 0,80 1,26 2,00 3,20 5,00
26,0 0,48 0,77 1,21 1,92 3,08 4,81
27,0 0,46 0,74 1,17 1,85 2,96 4,63
28,0 0,45 0,71 1,12 1,79 2,79 4,46
29,0 0,43 0,69 1,09 1,72 2,76 4,31
30,0 0,42 0,67 1,05 1,67 2,67 4,17
31,0 0,40 0,65 1,03 1,61 2,58 4,03
32,0 0,39 0,63 1,00 1,56 2,50 3,91
33,0 0,37 0,61 0,97 1,52 2,42 3,79

3.4 VERIFICAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE LAJES LISAS A PUNÇÃO – NBR


6118/2003

O modelo de cálculo da NBR 6118/2003 corresponde à verificação do cisalhamento


em duas ou mais superfícies críticas definidas no entorno de forças concentradas.
Na primeira superfície crítica (contorno C) do pilar ou da carga concentrada, deve ser
verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do concreto, através da tensão de
cisalhamento.
Na segunda superfície crítica (contorno C’) afastada 2d do pilar ou carga concentrada,
deve ser verificada a capacidade da ligação à punção, associada à resistência à tração
diagonal. Essa verificação também se faz através de uma tensão de cisalhamento, no contorno
C’.
33

Caso haja necessidade, a ligação deve ser reforçada por armadura


armadura transversal.
A terceira superfície crítica (contorno C”) apenas deve ser verificada quando for
necessário colocar armadura transversal.

3.4.1 Definição da tensão solicitante nas superfícies críticas C e C’

3.4.1.1 Pilar interno, com carregamento simétrico (Figura 3.9)

Figura 3.9 – Perímetro crítico em pilares internos


Fonte: ABNT (2003)

No caso em que o efeito do carregamento pode ser considerado simétrico:


'(
&"  (3.4)
).

onde:
  + ,  -/2 (3.5)
onde:
d = altura útil da laje ao longo do contorno crítico C', externo ao contorno C da área de
aplicação da força e deste distante 2d no plano da laje;
   = as alturas úteis nas duas direções ortogonais;
u = perímetro do contorno crítico C';
u.d = área da superfície crítica;
!" = força ou a reação concentrada de cálculo;
τ$% = tensão de cisalhamento solicitante de cálculo.
cálculo
34

A força de punção !" pode ser reduzida da força distribuída aplicada na face oposta
da laje, dentro do contorno considerado na verificação, C ou C'.

3.4.1.2 Pilar interno, com efeito de momento

No caso em que, além da força vertical, existe transferência de momento da laje para o
pilar, o efeito de assimetria deve ser considerado, de acordo com a expressão:
'( .(
&" = + (3.6)
). 01 

onde:
K = coeficiente que fornece a parcela de " transmitida ao pilar por cisalhamento,
que depende da relação C1/C2;
" = é o momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre.

O coeficiente K assume os valores indicados na Tabela Tab. 3.5.

Tabela 3.3 – Valores de K


C1/C2 0,5 1,0 2,0 3,0
K 0,45 0,60 0,70 0,80
Onde:
C1 é a dimensão do pilar paralela à excentricidade da força;
C2 é a dimensão do pilar perpendicular à excentricidade da força.
Fonte: ABNT (2003)

Os valores de 23 devem ser calculados pelas expressões a seguir:


a) Para um pilar retangular:
24 = 56 7 + 56 . 57 + 4. 57 .  + 16. 7 + 2. ;. . 56 (3.7)

b) Para um pilar circular:


2< = += + 4-7 (3.8)
onde:
D é o diâmetro do pilar.
35

3.4.1.3 Pilares de borda

a) quando não agir momento no plano paralelo à borda livre:


'( ? .(?
&"  , (3.9)
)∗ . 01? .

onde:
"6 = (" @ " ∗ ) ≥ 0 (3.10)
onde:
!" = reação de apoio;
u* = perímetro crítico reduzido;
" = momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre;
" ∗ = momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico reduzido
u* em relação ao centro do pilar;
246 = módulo
ulo de resistência plástica perpendicular à borda livre, calculado para o
perímetro u.

O coeficiente 6 assume os valores estabelecidos para K na Tabela 3.5, com C1 e C2


de acordo com a Figura 3.10.

Figura 3.10 - Perímetro crítico em pilares de borda


Fonte: ABNT (2003)

b) quando agir momento no plano paralelo à borda livre:


' ? .(?  .(
&"  )∗(. , , (3.11)
01? . 01 .
36

onde:
"7 = momento de cálculo no plano paralelo à borda livre;
247 = módulo de resistência plástica na direção paralela à borda livre, calculado pelo
perímetro u.

O coeficiente 7 assume os valores estabelecidos para K na Tabela 3.5, substituindo-


se C1/C2 por C2/2C1 (sendo C1 e C2 estabelecidos na Figura 3.10).

3.4.1.4 Pilares de canto

Aplica-se
se o disposto para o pilar de borda quando não age momento no plano paralelo
à borda.
Como o pilar de canto apresenta duas bordas livres, deve ser feita a verificação
separadamente para cada uma delas, considerando o momento fletor cujo plano é
perpendicular à borda livre adotada.
Nesse caso, K deve ser calculado em função da proporção C1/C2, sendo C1 e C2,
respectivamente, os lados do pilar perpendicular
perpendicular e paralelo à borda livre adotada, conforme
Tabela 3.5 (ver Figura 3.11).

Figura 3.11 – Perímetro crítico em pilares de canto


Fonte: ABNT (2003)
37

3.4.1.5 Capitel

Quando existir capitel, devem ser feitas duas verificações nos contornos críticos C1’ e
C2’, como indica a Figura 3.12.

Figura 3..12 – Definição da altura útil no caso de capitel


Fonte: ABNT (2003)

onde:
d é a altura útil da laje no contorno C2’;
 é a altura útil da laje na face do pilar;
A é a altura útil da laje no contorno C1’;
B é a distância entre a borda do capitel e a face do pilar. Quando:
B ≤ 2( – d) ⇒basta verificar o contorno C2’;
2( – d) < B ≤ 2
2 ⇒basta verificar o contorno C1’;
B > 2 ⇒é necessário verificar os contornos C1’ e C2’.

3.4.1.6 Interação de solicitações normais e tangenciais

Não se exige a verificação da influência das solicitações normais, decorrentes de


flexão simples ou composta da laje, na resistência à punção.
38

3.4.2 Definição da tensão resistente nas superfícies críticas C, C’ e C”

3.4.2.1 Verificação da tensão resistente de compressão diagonal do concreto na superfície


crítica C

Essa verificação deve ser feita no contorno C, em lajes submetidas à punção, com ou
sem armadura.
&" ≤ &D7  0,27. ∝I . J  (3.12)

onde:
∝I = (1 - J
/250) (3.13)
J
= resistência característica do concreto a compressão em megapascal;
&D7 = tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite para verificação da
compressão diagonal do concreto na ligação laje – pilar.

&" é calculado conforme 3.4.1.1, com KL (perímetro do contorno C) em lugar de u.


O valor de &D7 pode ser ampliado de 20% por efeito de estado múltiplo de tensões
junto a um pilar interno, quando os vãos que chegam a esse pilar não diferem mais de 50% e
não existem aberturas junto ao pilar.

3.4.2.2 Tensão resistente na superfície crítica C’ em elementos estruturais ou trechos sem


armadura de punção

A tensão resistente crítica C´ deve ser calculada como segue:


&" ≤ &D6 = 0,13. +1 + N20⁄ -. +100. P. J
-6⁄Q (3.14)
onde:
P = NP . P (3.15)
 =  .  ⁄2 (3.16)
39

onde:
&D6 = Tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite, para que uma laje possa
prescindir de armadura transversal para resistir à força cortante;
d = altura útil da laje ao longo do contorno crítico C' da área de aplicação da força, em
centímetros;
P = taxa geométrica de armadura de flexão aderente (armadura não aderente deve ser
desprezada);
P e P = taxas de armadura nas duas direções ortogonais assim calculadas:
a) na largura igual à dimensão ou área carregada do pilar acrescida de 3d para cada
um dos lados;
b) no caso de proximidade da borda prevalece à distância até a borda quando menor
que 3d.

Essa verificação deve ser feita no contorno crítico C' ou em C1' e C2', no caso de
existir capitel.

3.4.2.3 Tensão resistente nas superfícies C’ em elementos estruturais ou trechos com


armaduras de punção

A tensão resistente C´ deve ser calculada como segue:


 V(W .X .YZ[∝
&" ≤ &DQ = 0,10. R1 + N20⁄ S . +100. P. J
-6⁄Q + 1,5. " . (3.17)
U ).

onde:
\] ≤ 0,75.  (3.18)
onde:
&DQ = tensão de cisalhamento resistente de cálculo;
\] = espaçamento radial entre linhas de armadura de punção, não maior do que 0,75d;
"0 = área da armadura de punção num contorno completo paralelo a C';
α = ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o plano da laje;
u = perímetro crítico ou perímetro crítico reduzido no caso de pilares de borda ou
canto;
40

J  = resistência de cálculo da armadura de punção, não maior do que 300 MPa para
conectores ou 250 MPa para estribos (de aço CA-50
CA ou CA-60).
60). Para lajes com espessura
maior que 15 cm, esses valores podem ser aumentados conforme estabelece 19.4.2. da NBR
6118/2003 (ABNT, 2003).

Essa armadura deve ser preferencialmente constituída por três ou mais linhas de
conectores tipo pino com extremidades alargadas, dispostas radialmente a partir do perímetro
do pilar. Cada uma dessas extremidades deve estar ancorada fora do plano da armadura de
flexão correspondente.

3.4.2.4 Definição da superfície crítica C”

Quando for necessário utilizar armadura transversal, ela deve ser estendida em
contornos paralelos a C’ até que, num contorno C” afastado 2d do último contorno de
armadura (ver Figurass 3.13 e 3.14), não seja mais necessária armadura, isto é, &" ≤ &D6
(3.4.2.2).

Figura 3.13 – Disposição da armadura de punção em planta e contorno da superfície


crítica C”
Fonte: ABNT (2003)
41

Figura 3.14
14 – Disposição da armadura de punção em corte
Fonte: ABNT (2003)

No caso de ser necessária a armadura de punção, três verificações devem ser feitas:
a) tensão resistente de compressão do concreto
conc no contorno
ontorno C, conforme 3.4.2.1;
3.4
b) tensão resistente à punção no contorno C’, considerando a armadura de punção,
conforme 3.4.2.2;
.2.2;
c) tensão resistente à punção no contorno C”, sem armaduraa de punção, conforme
3.4.2.3.
3.4.2.5 Armadura de punção obrigatória

No caso daa estabilidade global da estrutura depender da resistência da laje à punção,


deve ser prevista armadura de punção, mesmo que &" seja menor que &D6 . Essa armadura
deve equilibrar um mínimo de 50% de !" .

3.4.3 Colapso progressivo

Para garantir a ductilidade


ductilidade local e a conseqüente proteção contra o colapso
progressivo, a armadura de flexão inferior que atravessa o contorno C deve estar
suficientemente ancorada além do contorno C', conforme Figura 3.15, e deve ser tal que:
" . J  ^ !" (3.19)
onde:
" é a somatória de todas as áreas das barras que cruzam cada uma das faces do pilar.
42

Figura 3.15 – Armadura contra colapso progressivo


Fonte: ABNT (2003)

3.4.4 Armaduras mínimas e máximas – NBR 6118

Para melhorar o desempenho e a ductilidade à flexão,


flexão assim como controlar a
fissuração, são necessários valores mínimos para a armadura passiva estabelecidos pela NBR
6118/2003, como mostra a Tabela 3.3.
3.3. Essa armadura deve ser constituída preferencialmente
por barras com alta aderência ou por telas soldadas.

Tabela 3.4 – Valores mínimos para armaduras passivas aderentes


Fonte – ABNT (2003)

Elementos
Elementos estruturais com Elementos estruturais com
ARMADURA estruturais sem
armadura ativa aderente armadura ativa não aderente
armaduras ativas

P ^ P`ab @ 0,5P4 ^ 0,67P`ab


Armaduras negativas P ^
^ P`ab P ^ P`ab @ P4 ^ 0,67P`ab
(ver item 19.3.3.2)

Armaduras positivas
de lajes armadas nas P ^ 0,67P
0 `ab P ^ 0,67P`ab @ P4 ^ 0,5P`ab P ^ P`ab @ 0,5P4 ^ 0,5P`ab
duas direções
Armadura positiva
(principal) de lajes
P ^ P`ab P ^ P`ab @ P4 ^ 0,5P`ab P ^ P`ab @ 0,5P4 ^ 0,5P`ab
armadas em uma
direção
Armadura positiva
 ⁄c ^ 20 % e efgeKfe
(secundária) de lajes
 ⁄c ^ 0,9 ig²⁄g -
armadas em uma
P ^ 0,5P`ab
direção

V V1
Onde P  , P4  e P`ab dado pela Tabela 3.4.
 _  _
43

Tabela 3.5 – Taxas mínimas de armadura de flexão


Fonte – Adaptado de ABNT (2003)
Valores de P`ab (%) = ,`ab /
Forma da seção J
20 25 30 35 40 45 50
j`ab
Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
Os valores de P`ab estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, k = 1,4 e k = 1,15. Caso esses
fatores sejam diferentes, P`ab deve ser recalculado com base no valor de
j`ab dado.

No caso de lajes lisas ou lajes-cogumelo com armadura ativa não aderente, as


armaduras passivas positivas devem respeitar os valores mínimos da Tabela 3.4 e a armadura
negativa passiva sobre os apoios deve ter como valor mínimo dado pela equação 3.4.
 ≥ 0,00075 × ℎ × B (3.20)
onde:
h é a altura da laje;
l é o vão médio da laje medido na direção da armadura a ser colocada.

Essa armadura deve cobrir a região transversal a ela, compreendida pela dimensão dos
apoios acrescida de 1,5 h para cada lado.
O valor máximo da armadura de flexão deve respeitar o limite dado em 17.3.5.2 e
17.3.5.3 da NBR 6118/2003.

3.5 DETALHAMENTO DE LAJES – NBR 6118/2003

A seguir algumas diretrizes da NBR 6118/2003 em seu item 20 (ABNT, 2003).


a) Detalhamento de laje:
- as armaduras devem ser dispostas de forma que se possa garantir o seu
posicionamento durante a concretagem;
- qualquer barra da armadura de flexão deve ter diâmetro no máximo igual a h/8;
- as barras da armadura principal de flexão devem apresentar espaçamento no
máximo igual às 2h ou 20 cm, prevalecendo o menor desses dois valores na região
dos maiores momentos fletores;
44

- a armadura secundária de flexão deve ser igual ou superior a 20% da armadura


principal, mantendo
antendo-se, ainda, um espaçamento entree barras de, no máximo, 33 cm
e a emenda dessas barras deve respeitar os mesmos critérios de emenda das barras
da armadura principal;
princip
- em bordas livres e junto às aberturas devem ser respeitadas as prescrições
mínimas contidas na Figura 3.16;

Figura 3.16 – Bordas livres e aberturas


Fonte: ABNT (2003)

b) armaduras passivas das lajes sem vigas:


vigas
- em lajes sem vigas, maciças ou nervuradas, calculadas pelo processo aproximado
aproximad
devem ser respeitadas as disposições contidas na Figura 3.17;
45

Figura 3.17 – Lajes sem vigas


Fonte: ABNT (2003)

- pelo menos duas barras inferiores devem passar continuamente sobre os apoios,
respeitando-se
se também a armadura contra colapso progressivo, conforme 3.4.3;
- em lajes com capitéis, as barras inferiores interrompidas, além de atender às
demais prescrições, devem penetrar pelo menos 30 cm ou 24 ∅ no capitel;
- devem ser atendidas as condições
condições de ancoragem prescritas na seção 9 da NBR
6118;

c) Armaduras de punção:
punção
- Quando necessárias, as armaduras para resistir à punção devem ser constituídas
por estribos verticais ou conectores (studs), com preferência pela utilização destes
últimos;
- O diâmetro da armadura de estribos não pode superar h/20 e deve haver contato
mecânico das barras longitudinais com os cantos dos
dos estribos (ancoragem
mecânica);
- As regiões mínimas em que devem ser dispostas as armaduras de punção, bem
como as distâncias regulamentares
regulamentares a serem obedecidas estão mostradas na Figura
3.18;
46

Figura 33.18 – Armaduras de punção em planta e corte


Fonte: ABNT (2003)
47

4 ANÁLISE ESTRUTURAL

4.1 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA


ESTRUTU

A estrutura a ser analisada é uma laje lisa de 9,00 por 9,00 metros. Os pilares são de
20x20 cm, espaçados de 3,50 metros formando filas ortogonais, como mostra a Figura 4.1. A
laje é a do primeiro pavimento com 16 cm de espessura e pé-direito
pé direito de 3,00 metros, conforme
ilustra a Figura 4.2.

Figura 4.1 – Planta da laje lisa

Figura 4.2 – Corte da laje lisa


48

4.2 CARGAS E MATERIAIS

O carregamento atuante foi constituído de carga de utilização de 2,5 kN/m² e


revestimento de 1,0 kN/m². Com peso próprio do concreto de 25 kN/m³, o peso próprio da laje
a ser usado nas modelagens será de 4 kN/m², totalizando uma carga de 7,5 kN/m².
Os valores para o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson foram adotados de
acordo com o item 8.2.8 e 8.2.9 da NBR 6118/2003 (ABNT, 2003), sendo considerado o
módulo de elasticidade secante, calculado pela equação 4.1, e a resistência do concreto
utilizado é de 30 MPa.
n   0,85 5600 NJ
(4.1)

4.3 PÓRTICOS MÚLTIPLOS

Analisou-se apenas o pórtico central por ser o mais carregado e por apresentar
pequena variação com relação aos outros dois extremos, como pode ser visto na Figura 4.3. A
estrutura apresenta também simetria entre seus eixos x e y fazendo com que a análise em uma
direção seja equivalente a outra, por isso foi analisado apenas uma direção.

Figura 4.3 – Pórtico que será analisado


49

Para se traçar os diagramas de momentos fletores utilizou-se o programa Ftool. No


programa o pórtico foi modelado com pilares de 20x20 cm engastados na base e a viga teve
altura de 16 cm e comprimento da faixa correspondente da laje, 3,50 metros.
Para comparação entre as formas de modelagem, fez-se também a simulação do
carregamento com o modelo de viga. Este foi constituído de viga de 16 cm de altura por 3,50
metros de comprimento, com apoios de segundo gênero no lugar dos pilares, permitindo
assim analisar se esta simplificação é válida ou não para pórtico múltiplo.

4.4 PROCESSO ELÁSTICO APROXIMADO (P.E.A.)

O P.E.A. proposto pela norma NBR 6118/2003 (ABNT, 2003) consiste em dividir o
pórtico da Figura 4.3 em quatro faixas iguais de comprimento l/4 para distribuição dos
momentos fletores, duas faixas internas mais próximas ao meio do vão e duas externas
localizadas na região dos pilares. As faixas internas recebem 45% dos momentos positivos e
25% dos momentos negativos e as faixas externas recebem 27,5% dos momentos positivos e
37,5% dos momentos negativos, obtendo-se os diagramas para cada faixa.
Após a obtenção dos diagramas, foi feita a comparação dos momentos fletores obtidos
pelo P.E.A. com os momentos fletores obtidos pela modelagem no SAP2000 para verificando
se o modelo de análise simplificado da norma se aproxima efetivamente do modelo numérico.

4.5 MODELAGEM NO SAP2000

No SAP2000 a estrutura será modelada com os mesmos carregamentos e mesmas


características dos materiais. Para os pilares serão utilizados elementos do tipo frame de
20x20 cm e engastados na base. Para as lajes, em função das faixas para análise posterior de
esforços, adotou-se elementos do tipo shell de 12,5x12,5 cm e 16 cm de espessura.
50

Com elementos de laje de 12,5x12,5 cm obteve-se uma malha com sete segmentos
para cada faixa interna e externa, o que permitiu uma boa discretização dos momentos fletores
obtidos pelo SAP2000.
Ao longo das linhas das malhas foi levantado os momentos fletores e para comparação
com o P.E.A. calculou-se a média ponderada dos valores ao longo de toda a faixa.

4.6 DIMENSIONAMENTOS

Para constatar se a variação obtida entre os esforços calculados pelo método


aproximado da NBR 6118/2003 (ABNT, 2003) e o SAP2000 realmente é representativa e
influi significativamente no dimensionamento, analisou-se a variação ocasionada nas
armaduras.
Para isso, foi feito o dimensionamento através dos esforços dos diagramas de
momento fletor obtidos através do P.E.A. utilizando os procedimentos descritos no capítulo 3
e comparado com o dimensionamento da estrutura feito através de um software de
dimensionamento que usa o MEF.
51

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
DISCU

5.1 MODELAGEM NO FTOOL

Para a modelagem do pórtico equivalente, como a faixa possui 3,50 metros, o


carregamento resultante a ser utilizado é de 26,25 kN/m (7,5 kN/m²
/m² x 3,5 m) e a viga, para
possuir a mesma inércia que ocorre na estrutura, apresentava a mesma largura da faixa e sua
altura era a espessura da laje (16 cm). Já o pilar possuía a mesma seção de 20x20 cm.
Para os parâmetros dos materiais, o módulo de elasticidade calculado pela equação 4.1
resultou em n  de 26.071,59 MPa e como o peso da estrutura entrou no carregamento, o
valor do peso próprio do concreto usado
u foi zero.
Entrando com essas características obtêm-se
obtêm a modelagem da Figura 5.1 e, gerando a
análise, os diagramas de momentos fletores da Figura 5.2.

Figura 5.1 – Modelagem do pórtico no Ftool


52

Figura 5.2 – Diagrama de Momento Fletor (kN.m)


.m) do pórtico

Analisando a Figura 5.2 percebe-se


se que o pico do momento negativo está localizado
no pilar central com 30,2 kN.m,
kN.m, e que o balanço de um metro resultou em um momento fletor
de 13,1 kN.m
.m nos pilares externos. Nesses pilares houve também uma transmissão de
momento fletor de 4,2 kN.m,
.m, para a viga, gerando uma elevação do diagrama. Já o momento
máximo positivo foi de 16,7 kN.m na parte central do vão entre pilares.
Para a modelo de viga do P.E.A. utilizou-se
utilizou se os mesmos procedimentos, porém com
apoios de segundo gênero no lugar dos pilares, obtendo a modelagem da Figura 5.3 e, gerando
a análise, os diagramas de momentos fletores da Figura 5.4.

Figura 5.3 – Modelo de viga da estrutura

Figura 5.4 – Diagrama de Momento Fletor (kN.m)


( .m) do modelo de viga
53

Nesta modelagem, os momentos máximos positivo e negativo foram maiores, 17,5


kN.m e 33,6 kN.m
.m respectivamente, porém há o incremento de momento ocasionado pelos
pilares nos apoios externos. Mais a frente será analisado a significância dessas diferenças.

5.2 PROCESSO ELÁSTICO APROXIMADO


AP

De acordo com a NBR 6118/2003 (ABNT, 2003) o pórtico foi dividido em quatro
faixas, cada uma com 87,5 cm como ilustrado na Figura 5.5. Multiplicando os momentos dos
diagramas das Figurass 5.2 e 5.4 pelas porcentagens especificadas
especificadas na norma obtêm-se
obtêm os
valores de momento fletor para a modelo de pórtico mostrados na Figura 5.6 e para o modelo
de viga apresentado na Figura 5.7.

Figura 5.5 – Faixas para distribuição dos momentos


54

Figura 5.6 – Distribuição dos momentos no modelo de pórtico (kN.m/m)

Figura 5.7 – Distribuição dos momentos no modelo de viga (kN.m/m)

Para o P.E.A. utilizando o modelo de pórtico, como o mesmo apresentava dois valores
de momento fletor nos pilares externos, um a direita e um a esquerda, fez-se uma
simplificação tirando a média entre os dois, assim, a faixa interna que recebia valores de -3,28
e -4,33 kN.m/m com a aplicação das porcentagens, passou a receber o valor de 3,80 kN.m/m,
uma variação de 0,53 kN.m/m, já para a faixa externa que recebia valores de -4,91 e -6,49
kN.m/m foi atribuído o valor médio de 5,70 kN.m/m, sendo uma variação de 0,79 kN.m/m.
Os valores no interior das Figuras 5.6 e 5.7 são os momentos fletores atribuídos para a
região e, traçando os diagramas correspondentes obtêm-se as Figuras 5.8 para as faixas
internas e 5.9 para as faixas externas, permitindo uma melhor comparação entre os modelos.
55

Figura 5.8 – Diagrama de Momento Fletor da faixa externa pelos modelos pórtico e viga

Figura 5.9 – Diagrama de Momento Fletor da faixa interna pelos modelos pórtico e viga

Analisando a diferenças entre os valores obtidos pelo modelo pórtico em relação ao


modelo viga observa-se que o modelo de viga apresenta valores um pouco mais elevados (a
favor da segurança) no momento negativo do pilar central e nos momentos positivos, para
ambas as faixas. Já para o momento fletor negativo dos pilares externos a diferença é de 0,79
kN.m/m para a faixa externa e 0,53 kN.m/m para a faixa interna, que não são valores
expressivos, indicando que a modelagem tipo viga para o P.E.A. é válida.
56

5.3 MODELAGEM NO SAP 2000


200

No SAP2000 fez-se
se a modelagem da estrutura, mostrada na Figura 5.10. Processando
a mesma no software obteve-se
obteve o Diagrama de Momento Fletor na direção X da Figura 5.11.

Figura 5.10 – Modelagem da estrutura no SAP2000

Figura 5.11
5 – Diagrama de Momento Fletor (kN.m/m)
.m/m)
57

Para comparação com o modelo elástico aproximado levantou-se


se as faixas do pórtico
equivalente, indicadas na Figura 5.12.

Figura 5.12 – Faixas internas e externas do pórtico equivalente

Cada faixa (FI e FE) foi dividida em sete segmentos. Para a análise,
análise foi obtido o valor
do momento ao longo de cada linha indicada na Figura 5.13, resultando nos Diagramas de
Momento Fletor mostrados nas Figuras 5.14 e 5.15.

Figura 5.13 – Divisão das faixas

Figura 5.14 – Diagrama de Momentos Fletores da faixa externa


58

Figura 5.15 – Digrama de Momentos Fletores da faixa interna

Para possibilitar a comparação entre os momentos encontrados pelo P.E.A. com os


momentos fletores obtidos pelo SAP2000 calculou-se a média ponderada dos valores para a
FE e FI, resultando nos diagramas da Figura 5.21 e 5.22.

Figura 5.16 – Média ponderada dos momentos da FE

Figura 5.17 – Média ponderada dos momentos da FI


59

Comparando os valores das médias ponderadas do SAP2000 com os do P.E.A. obtêm-


se as Figuras 5.19 e 5.20.

Figura 5.18 – Comparação entre P.E.A. e SAP2000 para a faixa externa

Figura 5.19 – Comparação entre P.E.A. e SAP2000 para a faixa interna

Para facilitar a visualização das diferenças entre os processos, gerou-se gráficos em


3D dos diagramas com auxílio do programa Surfer, mostrados na Figura 5.20.
Para as FE o P.E.A. resultou em valores próximos dos encontrados pelo método dos
elementos finitos, porém tanto para os momentos positivos quanto para os negativos, a
aproximação sugerida pela norma levou a valores menores (contrários a segurança). Para os
momentos positivos a diferença é menor, em torno de 1,5 kN.m/m, já para os momentos
negativos a diferença passa de 3,5 kN.m/m nos pilares externos, o que pode levar a um sub-
dimensionamento das armaduras nessas regiões, o que será verificado no dimensionamento.
Para as FI, tanto para os momentos fletores negativos quanto para os positivos, o
P.E.A. resultou em valores muito maiores em relação aos encontrados pelo SAP2000, com
diferenças de mais de 4,5 kN.m/m, podendo levar a armaduras antieconômicas.
60

(a) SAP 2000

(c) Média ponderada ao


longo das faixas

(b) Processo elástico


aproximado

Figura 5.20 – Gráficos em 3D dos momentos fletores gerados no programa surfer


(kN.m/m)
61

Neste exemplo, para que os momentos fletores sugeridos pela NBR 6118/2003 para o
P.E.A. correspondam com os resultados obtidos no SAP2000, as porcentagens de distribuição
dos momentos fletores que melhor se adaptam, bem como as que eram especificadas pela
norma, estão na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Alterações das porcentagens de multiplicação dos momentos fletores.


Momentos Porcentagem estipulado pela NBR Porcentagem que melhor se adapta a
fletores 6118/2003 (ABNT, 2003) esta estrutura
Positivo 27,5 33,5
FE
Negativo 37,5 55,0
Positivo 45,0 27,0
FI
Negativo 25,0 9,5

Para verificar a compatibilização entre os momentos fletores do P.E.A. com novas


porcentagens e as médias ponderadas dos momentos fletores obtidos pelo SAP2000, gerou-se
os Diagramas das Figuras 5.21 e 5.22.

Figura 5.21 – Comparação entre SAP2000 e P.E.A. da FE com novas porcentagens

Figura 5.22 – Comparação entre SAP2000 e P.E.A. da FI com novas porcentagens


62

Com os valores ajustados o modelo se adapta bem, apresentando diferenças pouco


significativas, sendo as maiores a favor da segurança.

5.4 DIMENSIONAMENTOS

A seguir será descrito passo a passo os procedimentos de cálculo das armaduras de


flexão, punção e colapso progressivo.

5.4.1 Armadura de flexão

Como exemplo foi feito o cálculo para a região do pilar central da faixa externa.
Como pode ser visto na Figura 5.23, esse região recebe um momento negativo (
) de
11,33 kN.m/m.

Figura 5.23 – Distribuição dos momentos no modelo de pórtico (kN.m/m)

O Momento de cálculo para ações normais (  1,4) vale então:


   
(5.1)
  1,4 +11,33- (5.2)
63

  1,4 +11,33- (5.3)


  15,82 pq. g/g (5.4)

A altura útil é arbitrada inicialmente levando em consideração a classe de


agressividade ambiental que vai delimitar o cobrimento mínimo (item 7.4.7.6 da NBR
6118/2003) e a previsão do diâmetro da armadura a ser usada. Aqui será consideração classe
de agressividade I e diâmetro de armadura de máximo 8,0 mm em ambas as direções da laje.
Assim, a altura útil vale:
 = 16,0 − 2,0 − 0,8 − 0,8⁄2 (5.5)
 = 12,8 ig (5.6)

Para uma largura ( ) de 1,0 metro de laje obtêm-se então o valor de :
 ×
= (5.7)


6LL×67,r
= 6s,r7×6LL (5.8)

= 10,33 (5.9)

Entrando com o valor de na Tabela 3.1, sendo o J


30 MPa e aço CA-50, obtêm-se
o valor de  , como mostra a Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Obtenção de tu através da planilha


Valores de t para concretos com vwx (MPa) Valores de tu para aços
βx 20 25 30 35 40 CA-50 CA-60
0,01 103,355 8,268 6,890 5,906 5,168 0,0231 0,0192
0,02 51,886 41,509 34,590 29,649 25,943 0,0232 0,0193
0,03 34,730 27,784 23,154 19,846 17,365 0,0233 0,0194
0,04 26,154 20,923 17,436 14,945 13,077 0,0234 0,0195
0,05 21,008 16,807 14,006 12,005 10,504 0,0235 0,0196
0,06 17,579 14,063 11,719 10,045 8,789 0,0236 0,0196
0,07 15,130 12,104 10,086 8,645 7,565 0,0237 0,0197
0,08 13,293 10,634 8,862 7,596 6,647 0,0238 0,0198
0,09 11,865 9,492 7,910 6,780 5,933 0,0239 0,0199
0,10 10,723 8,578 7,149 6,127 5,362 0,0240 0,0200

Entre dois valores de  adota-se o maior pois gerará maior armadura, logo  =
0,0237.
Em seguida obtêm-se o valor da armadura  :
 ×
 = (5.10)

64

L,L7Qy 6s,r7 6LL


  (5.11)
67,r

  2,93 ig² (5.12)

Com isso obteve-se a área de armadura calculada por metro de laje. Está área precisa
atender a condição de armadura mínima recomendada pela norma (Tabela 3.3), para este caso,
a taxa de armadura (ρY ) precisa ser maior que a taxa de armadura mínima (ρ|Z[ ):
P ≥ P`ab (5.13)

P`ab é obtido na Tabela 3.4, sendo para J


30 MPa e seção retangular o valor de
0,173%. Assim:
V
P = ≥ 0,00173 (5.14)
×_
V
≥ 0,00173 (5.15)
6LL×6}
 ≥ 2,77 ig² (5.16)

Como a armadura calculada (2,93 cm²) é maior que a área de armadura mínima (2,77
cm²), a condição foi satisfeita.
Para a adoção do diâmetro das armaduras e do espaçamento é necessário seguir as
seguintes diretrizes vistas no capítulo 3:
a) diâmetro máximo de h/8;
b) espaçamento máximo de 2 h ou 20 cm, valendo o menor valor.

Com altura de 16 cm, o máximo diâmetro é 20 mm e o maior espaçamento é 20 cm


(20 cm < 32 cm).
Conhecendo esses limites pode-se então definir a armadura a ser usada nesta região.
Consultando a Tabela 3.2 encontra-se o espaçamento e o diâmetro que satisfaça essa área de
armadura, como mostrado na Tabela 5.3.
65

Tabela 5.3 – Escolha da bitola e espaçamento da armadura


BITOLAS PADRONIZADAS
BITOLAS (Ø - mm)
Espaçamento (cm)
4,0 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5
7,0 1,79 2,88 4,50 7,14 11,43 17,88
7,5 1,67 2,67 4,20 6,67 10,67 16,67
8,0 1,56 2,50 3,94 6,25 10,00 15,63
8,5 1,47 2,35 3,71 5,88 9,41 14,71
9,0 1,39 2,22 3,50 5,58 8,89 13,89
9,5 1,32 2,11 3,32 5,26 8,42 13,16
10,0 1,25 2,00 3,15 5,00 8,00 12,50
11,0 1,14 1,82 2,86 4,55 7,27 11,36
12,0 1,04 1,67 2,62 4,17 6,67 10,42
12,5 1,00 1,60 2,52 4,00 6,40 10,00
13,0 0,96 1,54 2,42 3,85 6,15 9,62
14,0 0,89 1,43 2,25 3,57 5,71 8,93
15,0 0,83 1,33 2,10 3,33 5,33 8,33
16,0 0,78 1,25 1,97 3,13 5,00 7,81
17,0 0,74 1,18 1,85 2,94 4,71 7,35
17,5 0,71 1,14 1,80 2,86 4,57 7,14
18,0 0,69 1,11 1,75 2,78 4,44 6,94
19,0 0,66 1,05 1,66 2,63 4,21 6,58

Cabe ao engenheiro a escolha de uma das combinações. Aqui será usado uma armação
de 8,0 mm a cada 17 cm.
Repete-se esse procedimento para os momentos fletores de todas as regiões mostradas
na Figura 5.23, obtendo a área de armadura necessária para cada região, mostrada na Figura
5.24, e a bitola e espaçamento das barras da Figura 5.25, salientando que as armaduras
superiores vão nas regiões dos momentos negativos (apoios) e as armaduras inferiores vão nas
regiões dos momentos positivos (meio dos vãos).

Figura 5.24 – Área de armadura para cada região em cm²/m


66

Figura 5.25 – Bitola de armadura e espaçamento para cada região

A região dos apoios externos e a região inferior das faixas externas necessitaram
apenas da área de armadura mínima. Como a diferença de espaçamento entre as armaduras de
cada região (superior e inferior) tiveram variação de espaçamento de apenas um centímetro,
será adotado o menor espaçamento ao longo de toda a laje, resultando em uma armação
inferior com Ø 6,3 mm c/16 e superior com Ø 8,0 mm c/17.

5.4.2 Armadura contra colapso progressivo

Como visto no capítulo 3 a armadura deve resistir à força transversal total aplicada ao
elemento estrutural (!" ):
" . J  ≥ !" (5.17)
onde:
" é a somatória de todas as áreas das barras que cruzam cada uma das faces do pilar.

Para calcular !" divide-se as regiões de influência de laje para cada pilar, neste caso
apenas repartindo as distâncias entre pilares por dois, como mostra a figura 5.26.
67

Figura 5.26 – Área de influência de cada pilar

O pilar central recebe uma área de 3,50 x 3,50 m, com carregamento de 7,5 kN/m² e
armaduras CA-50 (500 MPa), assim:
" . J  ≥ !" (5.18)

" . 6,6s
X~
≥ !"
× 1,4 (5.19)
sL
" . ≥ 3,5 × 3,5 × 7,5 × 1,4 (5.20)
6,6s

" ≥ 2,96 ig² (5.21)

Calculando para todos os pilares obtêm-se a Tabela 5.4. Pelos espaçamentos das
armaduras de flexão, no mínimo uma barra de 6,3 mm e uma barra de 8,0 mm cruzam cada
face dos pilares, o que faz com que já exista 0,81 cm², ficando a área de aço restante para ser
acrescentada em armadura contra colapso progressivo especificadas na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Armaduras contra colapso progressivo


u€
As As As colapso As
PILAR L1 (m) L2 (m) necessário existente progressivo Armação armação
(kN)
(cm²) (cm²) (cm²) (cm²)
P1 2,75 2,75 79,41 1,83 0,31 1,52 2 Ø 10,0 mm 1,57
P2 3,50 2,75 101,06 2,32 0,31 2,01 3 Ø 10,0 mm 2,35
P3 2,75 2,75 79,41 1,83 0,31 1,52 2 Ø 10,0 mm 1,57
P4 2,75 3,50 101,06 2,32 0,31 2,01 3 Ø 10,0 mm 2,35
P5 3,50 3,50 128,63 2,96 0,31 2,65 4 Ø 10,0 mm 3,14
P6 2,75 3,50 101,06 2,32 0,31 2,01 3 Ø 10,0 mm 2,35
P7 2,75 2,75 79,41 1,83 0,31 1,52 2 Ø 10,0 mm 1,57
P8 3,50 2,75 101,06 2,32 0,31 2,01 3 Ø 10,0 mm 2,35
P9 2,75 2,75 79,41 1,83 0,31 1,52 2 Ø 10,0 mm 1,57
68

5.4.3 Armadura de punção

Na estrutura em análise há apenas pilares internos cujo carregamento pode ser


considerado simétrico. O pilar mais crítico que recebe maior força transversal aplicada é o
pilar P5, por isso, as verificações das superfícies críticas são feitas sobre ele.

5.4.3.1 Verificação da tensão resistente de compressão diagonal do concreto na superfície


crítica C (item 19.5.3.1 da NBR 6118/2003)

Utilizando o equacionamento visto no capítulo 3:


&" ≤ &D7  0,27. ∝I . J  (5.22)
'(
&" = )L.
(5.23)

 = + +  -/2 (5.24)


L,r L,r
 = R16,0 − 2,0 − S + R16,0 − 2,0 − 0,8 − S‚ /2 (5.25)
7 7

 = 13,2 ig (5.26)
!" = 3,5 × 3,5 × 7,5 × 1,4 = 128,63 pq (5.27)
K0.  = +20 + 20 + 20 + 20- × 13,2 = 1056 ig² (5.28)
'( 67r,}Q
&" = )L.
= 6Ls}
= 0,12 pq/ig² (5.29)
ƒ~ QL
∝I = R1 − S= 1− = 0,88 (5.30)
7sL 7sL
QL
&D7 = 0,27. ∝I . J  = 0,27 × 0,88 × 6,„×6L = 0,51 (5.31)

0,12 ≤ 0,51 → † (5.32)

A condição &" ≤ &D7 foi satisfeita. Se a mesma não passasse seria necessário
aumentar a altura da laje, aumentar as dimensões dos pilares ou aumentar a resistência do
concreto.
69

5.4.3.2 Tensão resistente na superfície crítica C’ em elementos estruturais ou trechos sem


armadura de punção (item 19.5.3.2 da NBR 6118/2003)

Utilizando o equacionamento visto no capítulo 3:


&" ≤ &D6  0,13. +1 + N20⁄ -. +100. P. J
-6⁄Q (5.33)
'(
&" = (5.34)
).

K.  = ‡4 × B4aˆA] + 4 × ; × ‰ ×  (5.35)
K.  = +4 × 20 + 4 × ; × 13,2- × 13,2 = 3245,56 ig² (5.36)
67r,}Q
&" = Q7„s,s}
= 0,04 (5.37)

P = NP × P (5.38)
V(Š‹
P = P = (5.39)
VŒŠ‹

B3 = 3 ×  × 2 + 4aˆA] = 3 × 13,2 × 2 + 20 = 99,2 ig (5.40)


ˆQ ‘×+∅UU -
"Q = Ž4 × „
(5.41)
UU

’’,7 ‘×L,r
"Q = R 6y S × „
(5.42)
‘×L,r
"Q = +5- × = 2,51 ig² (5.43)
„

“ˆQ = B3 × ℎ = 99,2 × 16 = 1587,2 ig² (5.44)


7,s6
P = P = 6sry,7 = 0,00158 (5.45)

P = N0,00158 × 0,00158 = 0,00158 (5.46)

&D6 = 0,13. R1 + N20⁄13,37 S × +100 × 0,00158-6⁄Q = 0,49 (5.47)

&D6 = 0,49 (5.48)


0,04 ≤ 0,49 (5.49)

Como &" ≤ &D6 não existe a necessidade de reforço da ligação pilar/laje por
armadura transversal (studs – Figura 5.27) e, com isso, a terceira superfície crítica (contorno
C”) não precisa ser verificada.
70

Figura 5.27 – Armadura tipo Stud

5.5 DETALHAMENTO

O detalhamento deve seguir as diretrizes da NBR 6118/2003 vistas no capítulo 3.


Nas faixas externas (apoios), as barras superiores precisam ter comprimento maior que
0,35l para cada lado do pilar (1,23
( m), podendo-se reduzir esse valor para 0,25l nos 50 % de
faixa mais afastado do apoio (0,88 m).. Já para as barras inferiores dessas faixas, as armaduras
podem terminar a uma distância menor ou igual a 0,125l do eixo dos pilares (44 cm).
Nas faixas internas as barras superiores das armaduras precisam ser estendidas até uma
distância maior ou igual a 0,25l do eixo dos apoios internos (0,88 m).
m) Já para as barras
inferiores a norma possibilita interromper
interrompe a armadura a 0,125l para 67 % da região desta faixa
(44 cm).
Cabe ao engenheiro optar pela redução ou corte de uma barra em cada região,
região devendo
discernir entre a economia de aço ou a facilitação da armação da laje. Neste
N trabalho as barras
inferiores nãoo serão interrompidas, indo de uma borda a outra, possibilitando
possibilita a armação em
malha, já para as barras superiores optou-se pela redução nas regiões permitidas pela norma.
norma
Todas as barras terão dobra de 7 cm, com exceção das barras superiores
superior que chegam
nas bordas que, para limitar a fissuração,
fissuração terão uma dobra de 32 cm e outra de 10 cm,
formando o detalhe da Figura 5.28, como orienta a NBR 6118/2003 no item 20.2

Figura 5.28 – Detalhe da borda


71

As armaduras contra colapso progressivo, para serem devidamente ancoradas além da


superfície C’, terão um comprimento de 135 cm e gancho de 12 cm.
Com isso obtêm-se
se as plantas de armação positiva (Figura 5.29) e negativa (Figura
5.30).. As armaduras em ambas as direções são simétricas, por esse motivo só será apresentado
em uma direção.

Figura 5.29 – Planta de armação inferior da laje.

Na armação inferior, como


como a diferença de espaçamento entre a faixa externa e a faixa
interna era muito pequena (1 cm), optou-se
optou se por utilizar o mesmo espaçamento ao longo de
toda a laje.
72

Figura 5.30 – Planta de armação superior da laje na direção x

Novamente, pela diferença de espaçamento entre as faixas ser de apenas 1 cm, foi
adotado o espaçamento para as barras negativas a cada 17 cm em toda a laje.
laje
73

6 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Segundo Rovere (2002), o Método dos Elementos Finitos (MEF) é um método


numérico aproximado que se aplica em geral a problemas de engenharia em que não é
possível obter soluções satisfatórias por métodos analíticos. O MEF consiste em dividir o
domínio de integração do problema em um número discreto de regiões pequenas de
dimensões finitas, denominadas elementos finitos, dando a este conjunto de regiões o nome
de malha de elementos finitos. Em resumo, consiste em encontrar a solução de um problema
complicado através da substituição do problema inicial por vários outros problemas de
simples resolução.
Os elementos podem ter as mais diversas formas geométricas, o que permite uma
melhor representação do problema (ROVERE, 2002):
a) Elementos unidimensionais: Barras de eixo reto (elementos de treliça, viga) ou
curvo;
b) Elementos bidimensionais: Elementos planos triangulares, retangulares,
quadriláteros, com lados retos ou curvos;
c) Elementos tridimensionais: Elementos sólidos tetraédricos, hexaédricos, com lados
retos ou curvos;
d) Elementos laminares: Elementos de Placa (superfície plana) e Casca (superfície
curva);
e) Elementos axi-simétricos: Elementos tipo toróide com simetria de revolução,
gerados por elementos triangulares ou retangulares.

De acordo com Marinho (2002), os elementos são interconectados através de um


número discreto de pontos nodais. Para cada região (ou elemento) se estabelece um
comportamento local aproximado, o que possibilita a escolha de funções mais simples de tal
forma que as incógnitas do problema, em qualquer ponto do elemento, possam ser definidas
em função das mesmas incógnitas nos pontos nodais do elemento. Em seguida, minimizando
o funcional do problema obtido das somas das contribuições de cada elemento, se chega a um
sistema total de equações cuja solução permite conhecer os valores das incógnitas nos pontos
nodais. Finalmente, a partir desses valores, pode-se calcular outros resultados intermediários.
74

Na modelagem da estrutura, a forma, o tamanho e o arranjo dos elementos influenciam


na solução, por isso devem ser escolhidos com bastante cuidado.
Segundo Souza (2004), o tamanho dos elementos tem influência significativa na
convergência da solução sendo recomendada para elementos bidimensionais e tridimensionais
uma razão unitária entre a maior e a menor dimensão do elemento.
Quanto menor o elemento mais precisa será a solução, porém maior será o trabalho
computacional devido ao grande número de elementos utilizados e, a partir de certo número
de elementos, o aumento da discretização já não gera melhora da resposta. Souza (2004)
recomenda a utilização de malhas mais refinadas em regiões sujeitas a concentrações de
tensões tais como cantos e reentrâncias.
Há uma série de softwares comerciais que utilizam MEF. Alguns softwares realizando
a análise, como é o caso do SAP2000 utilizado anteriormente, e outros destinados ao projeto
de estruturas que atuam na análise, dimensionamento e detalhamento, como é o caso dos
softwares CAD/TQS, CypeCAD, AltoQi Eberick, dentre outros.
Esses programas funcionam apenas com uma ferramenta de trabalho a serviço do
engenheiro, e o ajudará na produção de projetos, que serão tão bem elaborados quanto for o
trabalho de concepção e análise desenvolvido por ele. A mera produção de desenhos de
detalhamento de concreto pelo computador não implica em um projeto tecnicamente correto,
sendo a função do engenheiro a análise crítica, interpretação, correção e validação dos dados.
Um exemplo de uma má utilização do programa pode ser visto na Figura 6.1 onde não houve
configuração da armadura mínima e não se executou um pós-tratamento das barras obtidas
pelo software, o que tornou essa armação insegura e impraticável.
75

Figura 6.1 – Armaduras geradas por um software de projeto sem adequada


configuração

Nos programas, o dimensionamento e detalhamento automático de lajes, são


realizados através de faixas de esforços.
esforços. Para cada faixa o programa calcula e apresenta uma
armadura, devendo as mesmas serem homogeneizadas (conforme critério do engenheiro),
otimizando a armação. Como critério
critéri para agrupamento das faixas,, uma possibilidade é
utilizar a média ponderada dos momentos, limitando-se
limitando se o valor a uma porcentagem mínima
mínim
de 70 a 80 % do valor máximo
áximo daquela região.
A utilização de ferramenta computacional na elaboração de um projeto traz vantagens,
tais como produtividade, qualidade e segurança,
segurança mas apenas quando o seu uso é feito de
maneira responsável e criteriosa.
76

6.1 LANÇAMENTO DA ESTRUTURA NO SOFTWARE

No software foi modelada a mesma estrutura com os mesmos carregamentos,


dimensões e mesmas características dos materiais usados nos capítulos 4 e 5. A estrutura em
3D gerada pelo programa é mostrada na Figura 6.2.

Figura 6.2 – Estrutura em 3D gerada pelo software de projeto

6.2 VALIDAÇÃO DOS DADOS

A validação do lançamento da estrutura foi feita através da análise do somatório das


cargas verticais (N) que chegam à base dos pilares. Para isso gerou-se o relatório de esforços
na base dos pilares mostrado na tabela 6.1.
O somatório das reações de apoios do modelo analisado pelo computador deve ser
próximo a carga total aplicada na estrutura, caso contrário há erros de lançamento.
A carga da estrutura é formada pelo carregamento das lajes de 7,5 kN/m² e o peso
próprio dos pilares:
∑ q  Áfe ec Be–c × 7,5 + —˜B. i˜™i. <šBefc × 25 (6.1)
∑ q = 9 × 9 × 2 × 7,5 + +0,2 × 0,2 × 6 × 9- × 25 (6.2)
∑ q = 1269,0 pq (6.3)
77

Tabela 6.1 – Valor das reações na base dos pilares


Reações de apoio
Pilar Carga
N (kN) Mx (kN.m) My (kN.m) Qx (kN) Qy (kN)
Permanente 68,57 0,56 -0,56 0,57 -0,57
P1
Sobrecarga 31,98 0,28 -0,28 0,29 -0,29
Permanente 104,26 0,00 -0,66 0,00 -0,67
P2
Sobrecarga 50,10 0,00 -0,34 0,00 -0,34
Permanente 68,57 -0,56 -0,56 -0,57 -0,57
P3
Sobrecarga 31,98 -0,28 -0,28 -0,29 -0,29
Permanente 104,26 0,66 0,00 0,67 0,00
P4
Sobrecarga 50,10 0,34 0,00 0,34 0,00
Permanente 156,36 0,00 0,00 0,00 0,00
P5
Sobrecarga 76,56 0,00 0,00 0,00 0,00
Permanente 104,26 -0,66 0,00 -0,67 0,00
P6
Sobrecarga 50,10 -0,34 0,00 -0,34 0,00
Permanente 68,57 0,56 0,56 0,57 0,57
P7
Sobrecarga 31,98 0,28 0,28 0,29 0,29
Permanente 104,26 0,00 0,66 0,00 0,67
P8
Sobrecarga 50,10 0,00 0,34 0,00 0,34
Permanente 68,57 -0,56 0,56 -0,57 0,57
P9
Sobrecarga 31,98 -0,28 0,28 -0,29 0,29
Somatório 1252,6

Como a diferença dos somatórios foi muito pequena é validado o lançamento. As


diferenças entre os somatórios aparecem pela consideração de 1 tf = 10 kN e pela aplicação da
carga na área total ( 9 x 9 ), não descontando as regiões dos pilares.

6.3 RESULTADOS DO DIMENSIONAMENTO PELO SOFTWARE

Após o programa calcular as armaduras foram feitas as verificações e


homogeneizações necessárias, obtendo assim as plantas de armações inferiores e superiores,
Figuras 6.3 e 6.4 respectivamente. As plantas longitudinais e transversais são idênticas, por
isso apresenta-se apenas em uma direção.
78

Figura 6.3 – Planta de armação inferior da laje.


79

Figura 6.4 – Planta de armação longitudinal superior da laje


80

Comparando os resultados entre os dimensionamentos observa-se que:


a) As armaduras positivas apresentaram a mesma área de aço (Ø6,3mm c/16 cm)
pelos dois métodos para ambas as faixa;
b) Nas armaduras negativas das faixas internas também houve compatibilidade, com
variação de apenas 1 cm no espaçamento entre as barras em algumas regiões;
c) O programa utilizado não atendeu (dimensionou) a armadura contra colapso
progressivo, devendo o engenheiro calculá-la manualmente para inserção na
planta;
d) A dobra das barras não respeitou o detalhe de proteção de bordas, detalhe da
Figura 5.28, requerida pela norma, devendo as mesmas serem editadas para
corrigir essa falha;
e) Na região dos apoios (Faixas externas) as armaduras superiores apresentaram
diferença. Para o processo elástico aproximado obteve-se Ø8,0 c/17 cm, o que
corresponde a uma área de aço de 2,94 cm²/m, já pelo software a armadura foi
Ø8,0 c/14 cm, sendo uma armadura de 3,57 cm²/m, 21 % maior que a do P.E.A.
Como visto na análise, essa região recebeu pelo P.E.A. momentos fletores
negativos inferiores aos obtidos pelo SAP2000 que levaram a essa taxa de
armadura menor. Contudo, pela região dos apoios pontuais ser uma região de picos
de momentos e sua armação ser muito influenciada pelo critério de redistribuição
de faixas e ainda por este trabalho contemplar apenas um único exemplo, não se
pode concluir pela diferença de 21 % que o método proposto pela norma não é
representativo. Para isso é necessário mais estudos com diferentes vãos e
carregamentos.
81

7 CONCLUSÃO

A modelagem do processo elástico aproximado pelo modelo de viga não apresentou


diferenças significativas em relação ao pórtico, ficando ainda as maiores variações a favor da
segurança.
O processo elástico aproximado gerou momentos inferiores para as faixas externas e
superiores para as faixas internas. Com isso, para esse exemplo, o modelo de análise
simplificado da norma (Método dos Pórticos Virtuais) necessitou de alteração das
porcentagens de distribuição dos momentos fletores para se adaptar melhor aos diagramas
obtidos pelo SAP2000.
As armaduras negativas do apoio central obtidas pelos esforços do P.E.A. na região
dos apoios ficaram sub-dimensionadas em 21 % em relação às armaduras obtidas por um
software de projeto que utiliza o MEF, mas, em virtude das características dessa região, não
se pode concluir que o método proposto pela norma não é representativo.
Não se pode avaliar a condição de armadura antieconômica nas faixas internas pois
estas regiões receberam armaduras próximas das mínimas. É necessário análise em estruturas
com maiores esforços nessas faixas para poder analisar se o P.E.A. gera excesso de armadura
nessas posições.
O software não dimensionou a laje contra colapso progressivo, a dobra das barras não
respeitou o detalhe de proteção de bordas e as armaduras geradas precisaram de um pós-
tratamento, devendo o engenheiro corrigir esses pontos falhos. Para isso, é necessário que o
mesmo domine todos os detalhes do dimensionamento que está executando, utilizando o
software como ferramenta auxiliar.
Os softwares para o projeto de estruturas trazem muitas vantagens para o engenheiro
que deve usá-lo de maneira responsável e criteriosa, validando, conferindo e corrigindo os
resultados, pois, sem isso, a utilização dos mesmos passa a ser perigosa.
82

8 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

CAMACHO, J. S. Curso de Concreto Armado (NBR 6118/2003): Estudo das lajes. São
Paulo: UNESP, 2004.

CARVALHO, C. B. Analise Critica dos Critérios Normativos de dimensionamento à


punção em lajes lisas. 2008. 215f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas).
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

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CORDOVIL, F. A. B. Lajes de Concreto Armado - Punção. São Paulo: Editora da UFSC,


1997.

DONIN, C. Análise numérica de lajes nervuradas por meio do método dos elementos
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Santa Maria, Santa Maria, 2007.

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