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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JORGE HENRIQUE DALAGO

ANÁLISE NUMÉRICA DE RADIER EM CONCRETO ARMADO

Itajaí
2020
JORGE HENRIQUE DALAGO

ANÁLISE NUMÉRICA DE RADIER EM CONCRETO ARMADO

Trabalho de Iniciação Científica e Tecnológica -


TICT apresentado como requisito parcial para
obtenção da M3 da disciplina Trabalho de
Iniciação Científica do curso de Engenharia Civil
10º período – Escola do Mar, Ciência e
Tecnologia da Universidade do Vale do Itajaí.

Professora: Flávia Gelatti, Msc.

Itajaí
2020
RESUMO

O sistema de fundação superficial em Radier é altamente difundido em países do


hemisfério norte, para sua concepção é de suma importância que o projetista
apresente domínio em análise estrutural e no comportamento do solo, diante disso, a
pesquisa foi desenvolvida buscando criar uma rotina de cálculo e dimensionamento
de fundações em Radier de concreto armado. Para tal fim, foram desenvolvidos dois
projetos, o primeiro deles consiste em um projeto modelo com distribuição simétrica
dos pilares, no qual foram realizadas análises de viga e grelha sobre base elástica
procurando avaliar os esforços de momento fletor, deslocamento vertical e área de
aço com o intuito de compreender as características de cada método de análise bem
como a convergência entre eles. O segundo projeto compreendeu em um estudo de
viabilidade acerca da possível troca do sistema de fundação de um projeto real pôr o
sistema em Radier. Avaliando-se os métodos de análise foi possível observar
similaridade no comportamento apresentado por ambos, no entanto percebe-se uma
maior economia no consumo de aço através do método da viga sobre base elástica
muito embora este método apresente picos de tensão na região em que são aplicados
os carregamentos. Por fim, conclui-se que a concepção estrutural se não adequada
com o tipo de fundação pode inviabilizar o projeto.

Palavras chaves: Radier de concreto armado; viga sobre base elástica; grelha sobre
base elástica.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1: Significado do termo Radier ..................................................................... 12

Quadro 2: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas. .................................. 27

Quadro 3: Valores de K em função de C1/C2. ........................................................... 29

Quadro 4: Momentos fletores em função do deslocamento x carga. ........................ 42

Quadro 5: Deslocamentos verticais em função do deslocamento x carga. ............... 42

Quadro 6: Momentos fletores em função do deslocamento x carga. ........................ 44

Quadro 7: Deslocamentos verticais em função do deslocamento x carga ................ 44

Quadro 8: Resultante de momento fletor e deslocamento vertical por faixa (Hetényi).


.................................................................................................................................. 45

Quadro 9: Resultante de momento fletor e deslocamento vertical por pórtico (Ftool)


.................................................................................................................................. 48

Quadro 10: Redistribuição de momentos (Ftool) ....................................................... 48

Quadro 11: Momento de solicitante de cálculo (MSd) ................................................ 50

Quadro 12: Altura da linha neutra em função do momento. ...................................... 50

Quadro 13: Área de aço por faixa de 75 cm. ............................................................. 51

Quadro 14: Tensão solicitante no contorno C ........................................................... 53

Quadro 15: Tensão solicitante no contorno C’ .......................................................... 55

Quadro 16: Resumo de cálculo para verificação de punção ..................................... 58

Quadro 17: Resumo dos resultados de momento fletor e comparação com método
manual ...................................................................................................................... 61

Quadro 18: Resumo dos resultados de momento fletor e comparação com método
manual ...................................................................................................................... 61

Quadro 19: Resumo da área de aço calculada pelo Eberick e comparação com o
método manual.......................................................................................................... 62

Quadro 20: Resumo das verificações a punção ........................................................ 68

Quadro 21: Resumo de quantitativos ........................................................................ 69


Figura 1: Modelo de Winkler...................................................................................... 13

Figura 2: Radier Liso ................................................................................................. 15

Figura 3: Radier com Pedestais/ Radier com Captéis ............................................... 15

Figura 4: Radier Nervurado ....................................................................................... 17

Figura 5: Radier Caixão ............................................................................................ 17

Figura 6: Diagrama de tensão – deformação da placa. ............................................. 18

Figura 7: Esquema estático do ensaio de placa. ....................................................... 19

Figura 8: Representação de uma grelha sobre base elástica ................................... 25

Figura 9: Perímetro crítico em pilares internos. ......................................................... 28

Figura 10: Disposição da armadura de punção em planta e contorno da superfície


crítica C’’.................................................................................................................... 28

Figura 11: Esforços solicitantes no pilar. ................................................................... 29

Figura 12: Planta de forma/carga do radier simétrico. ............................................... 35

Figura 13: Faixas de laje para redistribuição dos esforços nos pórticos múltiplos .... 36

Figura 14: Distribuição dos pórticos no eixo X. ......................................................... 37

Figura 15: Distribuição dos pórticos no eixo Y .......................................................... 37

Figura 16: Modelo de cálculo dos pórticos 1 e 3 para os eixos X e Y ....................... 38

Figura 17: Modelo de cálculo do pórtico 2 para os eixos X e Y ................................. 38

Figura 18: Viga com duplo carregamento simétrico .................................................. 39

Figura 19: Viga com carregamento único .................................................................. 40

Figura 20: Apoios elásticos aplicados nos nós .......................................................... 45

Figura 21: Área de influência de cada nó do pórtico ................................................. 46

Figura 22: modelo de cálculo dos pórticos 1 e 3 no software Ftool ........................... 47

Figura 23: : Diagrama de momento fletor dos pórticos 1 e 3 no software Ftool ........ 47

Figura 24: Diagrama de deslocamento vertical dos pórticos 1 e 3 no software Ftool 47

Figura 25: Seção transversal de uma viga. ............................................................... 49

Figura 26: Momento atuante de cálculo nos pilares .................................................. 54

Figura 27: Lançamento do radier .............................................................................. 56


Figura 28: lançamento dos pilares e cargas concentradas características ............... 57

Figura 29: Lançamento das cargas sobre área ......................................................... 59

Figura 30: Grelha com esforços de momentos fletores. ............................................ 60

Figura 31: Deslocamento vertical da gelha ............................................................... 62

Figura 32: Planta de forma ........................................................................................ 64

Figura 33: Grelha de momentos fletores sem edição da grelha. ............................... 65

Figura 34: Grelha de momentos fletores após a edição de grelhas .......................... 66

Figura 35: Verificação e dimensionamento da armadura de punção ........................ 67


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9

1.1 Problema de pesquisa ...................................................................................... 9

1.2 Objetivos ......................................................................................................... 10

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 10

1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 10

1.3 Justificativa ..................................................................................................... 10


2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 12

2.1 A origem do termo Radier ............................................................................... 12

2.2 A evolução do sistema .................................................................................... 12

2.3 Tipologias de Radier ....................................................................................... 14

2.4 Módulo de reação vertical do solo (K0) .......................................................... 17

2.4.1 Ensaio de Placas ............................................................................................ 18

2.4.2 Correlações com Standart Penetration test (SPT) .......................................... 19

2.4.3 Correlação com tensão admissível ................................................................. 20

2.5 Cuidados adicionais na investigação do solo ................................................. 23

2.6 Métodos de cálculo ......................................................................................... 24

2.6.1 Método da viga sobre base elástica ............................................................... 24

2.6.2 Método de grelha sobre base elástica ............................................................ 24

2.7 Dimensionamento ........................................................................................... 25

2.7.1 Flexão ............................................................................................................. 25

2.7.2 Punção............................................................................................................ 27
3 METODOLOGIA ............................................................................................. 32

3.1 Perspectiva da pesquisa ................................................................................. 32

3.2 População e participantes da pesquisa .......................................................... 32

3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta e análise de informações ............... 32


4 PROJETOS DESENVOLVIDOS ..................................................................... 35

4.1 Projeto 01 (modelo) – Radier com distribuição simétrica de pilares ............... 35


4.1.1 Método da viga sobre base elástica ............................................................... 36

4.1.2 Método da grelha sobre base elástica (Eberick) ............................................. 56

4.1.3 Conclusão ....................................................................................................... 63

4.2 Projeto 02 – Projeto real ................................................................................. 63


5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 71
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 74
9

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema de pesquisa

A busca por métodos construtivos que dispendam de menor tempo de execução é de


suma importância no quesito produtividade e lucratividade. A falta de informações
claras a respeito das fundações superficiais do tipo Radier, faz com que seu uso seja
limitado a obras de pequeno porte e poucos prédios. Segundo Souza (2017) isso é
um preconceito com o sistema, pois, a resistência de sair da zona de conforto de
métodos já consolidados nacionalmente na área de fundações engessa o mercado de
trabalho.

A escolha de fundações do tipo Radier pode acelerar esta etapa da obra,


principalmente se for usada como substituta para fundações profundas, as quais
costumam demandar muito tempo para perfurações e movimentações de terra. Além
disso é uma excelente opção para solos moles, pois a transmissão de tensões se dá
de maneira mais distribuída.

Radier, segundo a ABNT NBR 6122 (2010, p.2), é definido como um “elemento de
fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou carregamentos
distribuídos”. Uma definição que não fornece os parâmetros necessários para o
dimensionamento deste tipo de fundação.

Os Estados Unidos, Inglaterra e Índia, já possuem normas específicas para o


dimensionamento de Radier. A norma americana ACI 360 R-10 (2010) define Radier
como uma Laje sobre o solo cuja principal finalidade é suportar as cargas aplicadas
por meio da tensão admissível de suporte do solo.

Por esta razão, é imprescindível que o engenheiro responsável pelo projeto do Radier
tenha conhecimento tanto sobre as propriedades do solo e seu comportamento quanto
da análise estrutural, de modo que o tipo de solo definirá o tipo de Radier a ser adotado
(SOUZA, 2017).

No decorrer deste trabalho, serão abordados os seguintes tópicos: contexto histórico


sobre a origem do Radier; classificação de acordo com a sua geometria e os tipos
mais indicados para determinados carregamentos; formas de obtenção do coeficiente
10

de reação vertical do solo; formas de interação solo-estrutura através do princípio


Winkler utilizando os métodos de viga e grelha sobre base elástica.

Diante desse contexto, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: Quais itens


devem ser levados em consideração para que se desenvolva uma rotina de cálculo e
dimensionamento de Radier de concreto armado?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma rotina de cálculo e dimensionamento de fundações em Radier de


concreto armado.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Conhecer o funcionamento de três métodos de cálculo diferentes para obtenção de


esforços do Radier, sendo eles: o da viga sobre base elástica, tanto o analítico
(Hetényi) como o simplificado (Ftool) e a grelha sobre base elástica (Eberick);

b) Realizar estudo em um projeto modelo afim de validar os métodos de cálculo


utilizados;

c) Averiguar a viabilidade técnica e econômica de se trocar as fundações em sapatas


pelo Radier em concreto armado de um projeto real;

d) Analisar os resultados de momento fletor, deslocamento vertical, área de aço e


extrair conclusões e recomendações.

1.3 Justificativa

A escassez de referenciais teóricos e de normas técnicas nacionais faz com que o


desenvolvimento de projetos de Radier em concreto armado estejam sujeitos ao uso
de literatura estrangeira. O desenvolvimento regional de um método construtivo já
consolidado em outra localidade, dependerá do quão acessível é obter o
conhecimento do mesmo e ter clareza quanto aos benefícios que este pode
proporcionar.
11

Considerando que o uso do Radier tem sido fortemente difundido nos Estados Unidos
desde o fim da segunda guerra mundial, o autor deste trabalho acredita que o mesmo
poderá despertar o interesse de projetistas estruturais e de fundações, uma vez que
os resultados aqui apresentados se mostrem viáveis e de fácil entendimento.

A execução da fundação em Radier em comparação a fundações profundas leva a


crer que estas tendem a ser mais rápidas de ser executadas, visto que estas não
necessitam de grandes movimentações de terra e perfurações, cabe salientar que
neste trabalho não será analisado o conceito do Radier estaqueado.

A justificativa deste trabalho ocorre por meio da busca por maiores esclarecimentos
sobre a concepção, cálculo e dimensionamento do Radier de concreto armado.
Acredita-se que esta pesquisa possa auxiliar acadêmicos e engenheiros recém-
formados a projetarem seu primeiro Radier a partir dos métodos aqui estudados, além
disso, poderá servir como base para o desenvolvimento de novas pesquisas na área.
12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A origem do termo Radier

De acordo com Souza (2017) o termo Radier tem sua origem na Europa, sendo
comum nas línguas românicas (Portuguesa, Galega, Francesa, Catalã, Occitana,
Sarda, Italiana e Romena), no entanto, somente no idioma francês e romeno a palavra
não sofreu alterações ao longo do tempo. Em pesquisa a dicionários nos idiomas em
destaque, ambos apresentam significado bastante semelhante (Quadro 1).

Quadro 1: Significado do termo Radier


Definição do idioma francês: Tradução:
Plate-forme em béton, em pierre, etc. sur Plataforma de construção de concreto,
laquelle on assoit um bâtiment. pedra, etc. em qual se senta um edifício.
Definição do idioma romeno: Tradução:
Planșeu de beton armat, care se întinde în Laje de concreto armado, que se estende
toate direcțiile sub întreaga construcție pe em todas as direções sob toda a
care o susține. construção suportada.
Fonte: LE DICTIONNAIRE, 2019; DEXONLINE, 2019.

2.2 A evolução do sistema

De acordo com a ACI 360 – R10 os projetos de Radier se desenvolveram a partir de


teorias concebidas para pavimentos de aeroportos e rodovias. Acredita-se que as
primeiras pesquisas relacionadas à Radier surgiram por volta de 1860, através das
investigações acerca da teoria da viga sobre base elástica. O engenheiro alemão Emil
Winkler no ano de 1867 cria então o modelo que é popularmente chamado de subleito
de Winkler (SOUZA, 2017).

O modelo de Winkler (Figura 1) descreve o solo como um sistema de molas discretas


e independentes entre si, dispostas ao longo de uma região de contato. Este modelo
bastante simples, assume que a reação normal R é diretamente proporcional à
deflexão que ocorre em um determinado ponto (SILVA, 2004), a Equação 1 descreve
este modelo:

𝑅 = 𝐾. 𝑤 (1)
Onde:
R = Reação normal;
K = Parâmetro de rigidez elástica do solo;
13

w = deslocamento da base elástica

Figura 1: Modelo de Winkler

Fonte: SILVA, 2004, p.8.

A partir deste modelo vários pesquisadores desenvolveram métodos e teorias


aprimoradas para descrever a interação entre solo e estrutura. O progresso iniciou-se
com problemas de soluções fechadas, os quais podem ser descritos como soluções
matemáticas para casos simples de placa sobre base elástica (SANTOS, 1987).

Pode-se dizer que a contribuição das publicações de Westergaard (1923 e 1927)


foram essenciais para as investigações que aconteceram em 1930 na fazenda
experimental de Arlington na Virgínia e na estação experimental de engenharia no
Iowa, ambos os locais pertencentes aos Estados Unidos. Com resultado destas
investigações, pode-se comprovar a coerência entre os ensaios e a teoria proposta,
desde que a laje continuasse em contato com o solo. As contribuições de Westergard
estão presentes até hoje em várias instruções normativas (SOUZA, 2017).

Segundo o autor em referência (2017), após o término da segunda guerra mundial, o


Estados Unidos passa por uma fase de crescimento acelerado e, com isso, intensifica-
se a utilização de fundações em Radier, porém, devido à falta de critérios de projeto
nesta época, muitas construções eram realizadas por tentativa e erro. Os dados
coletados nesta fase serviram para que o Federal Housing Administration (FHA)
criassem os primeiros critérios de projeto para lajes de fundação residencial.

O autor em destaque (2017) ainda explana que em 1968 o Conselho de Consultores


em Pesquisas de Construções (Building Research Adivisory Board – BRAB) publica o
último artigo envolvendo lajes de fundação residencial, o qual foi destinado ao FHA,
14

sendo um marco avançado no dimensionamento dos Radiers. Neste artigo é possível


encontrar critérios para várias situações de projeto, no entanto há limitações para
dimensionamento de Radier Protendido.

Durante a década de 60 foram realizadas teses para verificar a eficiência do Radier


protendido em solos expansivos visto que o Radier em concreto armado não era tão
eficiente para esta situação. Como os resultados destas investigações se mostraram
bem positivos, em 1968 o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos
Estados Unidos emite a primeira aprovação para utilização de lajes protendidas
(Radier) no solo.

Nos anos seguintes surge o aparecimento das primeiras normativas para o uso de
Radier protendido as quais mostraram-se muito conservadoras, no entanto em 1980
o PTI (Post Tension Institute – Instituto de pós tração) juntamente com a Texas A & M
University dão início ao método PTI, o qual é usado até hoje e apresenta grande
confiabilidade por parte dos engenheiros (SOUZA, 2017).

Com o desenvolvimento de ferramentas computacionais e a crescente necessidade


de se obter resultados que demonstrassem o comportamento real do Radier, o uso
métodos numéricos como o método dos elementos finitos passou a ser usado com
maior frequência, tendo como grande diferencial em relação aos outros métodos, a
possibilidade de inserção de juntas e de geometria complexa (SANTOS, 1987;
SOUZA, 2017).

2.3 Tipologias de Radier

A fundação em Radier é indicada quando: o solo tem baixa capacidade de suporte;


deseja-se uniformizar os recalques; quando as sapatas estão muito próximas umas
das outras ou quando as áreas das sapatas ultrapassam 50% a área do terreno
(DORIA, 2007). Além disso, a escolha adequada do tipo de Radier a ser utilizado,
dependerá de fatores como a espécie de carregamento e as características do solo
em questão, nos itens abaixo será indicada a recomendação para cada modelo de
Radier.

a) Radier Liso
15

O Radier liso (Figura 2) ou de espessura uniforme, é chamado nos Estados Unidos


de slab-on-grade, este é o modelo mais comum de Radier, sua execução é fácil e
tem ótima compatibilidade com sistemas onde as cargas são distribuídas
uniformemente, como é o caso de construções em alvenaria estrutural. A
espessura deste Radier fica submetida aos carregamentos aplicados sobre o
mesmo, além disso, tem como limitação a baixa eficiência em terrenos com solo
expansivos (SOUZA, 2017).

Figura 2: Radier Liso

Fonte: DORIA, 2007, p.7

b) Radier com Captéis ou Pedestais

Tanto Radier com captéis quanto com pedestais (Figura 3) não é comumente
visto, no entanto, este modelo é mais indicado quando nasce pilares sobre o
Radier, pois verifica-se a necessidade de aumento de seção nestes pontos, o
qual, este aumento fornece melhoras significativa de resistência a flexão e
esforços de punção.

Figura 3: Radier com Pedestais/ Radier com Captéis

Fonte: DORIA, 2007, p.7.

A diferença entre captéis e pedestais baseia-se em qual face (inferior ou superior)


do Radier acontece o aumento de seção. Os captéis caracterizam-se por ficar na
16

parte inferior do Radier, permitindo que o mesmo tenha uma superfície lisa na
parte superior, todavia este modelo requer escavações adicionais por conta dos
captéis, outro fator importante a se levar em consideração é a dificuldade de
instalação da manta retardadora de vapor e das armaduras dos captéis.

Os pedestais, por serem realizados na face superior do Radier apresentam maior


facilidade na execução, por outro lado, a área sobre os quais estão acaba sendo
perdida. Em relação a recomendação de uso, é aconselhável que o uso de Radier
com captéis seja em solos não expansivos, já o uso de Radier com pedestal não
apresenta nenhuma limitação em relação ao solo desde que seja respeitado a
tensão admissível do solo (SOUZA, 2017).

c) Radier Nervurado

Esse modelo de Radier (Figura 4) tem como característica a inserção de vigas


internas dispostas em uma ou duas direções, podendo elas ainda serem inferiores
ou superiores. No caso das vigas inferiores, o molde das mesmas deverá ser
realizado na etapa de escavação e regularização da base do Radier.

O BRAB (1968) indica valores de referência para as dimensões da viga, sendo


espessura de 25,4 cm (10 polegadas) e altura de 60,96 cm (24 polegadas) e
espaçamento entre vigas variando de 1,22 a 4,57 m (4 a 15 pés). Cabe salientar
que este modelo pode ter um consumo de concreto até três vezes maior que o
Radier Liso, por este motivo deve-se avaliar bem a necessidade de se implantar
este modelo.

O seu uso é mais indicado para solos de baixa resistência ou expansivos, onde
necessita-se evitar as distorções na fundação e ter maior controle dos recalques.
Pode ser utilizado também para edificações residenciais ou multifamiliares de
média altura (SOUZA, 2017).
17

Figura 4: Radier Nervurado

Fonte: DORIA, 2007, p.8.

d) Radier Caixão

Este modelo de Radier (Figura 5) apresenta uma grande rigidez e


concomitantemente redução no seu peso próprio devido ao seu interior vazado.
Apresenta ótima compatibilidade com estruturas de concreto armado, steel frame,
wood frame e alvenaria estrutural (SOUZA, 2017).

Geralmente sua utilização se dá em obras de múltiplos pavimentos com


carregamentos elevados, os quais são transmitidos ao solo de maneira mais
uniforme. Recomenda-se que o solo para este modelo de Radier tenha uma
rigidez superior a 3,5 kgf/cm², além disso, deve-se avaliar a presença de água do
lençol freático uma vez que está pode gerar esforços de subpressão (SOUZA,
2017).

Figura 5: Radier Caixão

Fonte: DORIA, 2007, p.8.

2.4 Módulo de reação vertical do solo (K 0 )

Como abordado no capítulo anterior, os métodos de interação solo – estrutura


apresentados neste trabalho são baseados na teoria de Winkler. O ACI 360 R-10
18

(2010) define o módulo de reação vertical do solo (K0 ) como uma constante de mola
que assume uma resposta linear entre a carga e a deformação do subleito, sendo esta
resultante dada em N/m³. Na realidade, é importante ressaltar que não existe um único
valor (K0 ) para um subleito porque a relação entre carga e deformação do solo é não-
linear.

A Figura 6 expressa a relação entre o carregamento sobre uma determinada área e


sua deformação, existem ainda alguns fatores podem influenciar essa relação, sendo
eles: tipo de estrutura do solo; teor de humidade, carregamento prévio; largura e forma
da área carregada; profundidade do subleito e posição do Radier (SOUZA, 2017).

Figura 6: Diagrama de tensão – deformação da placa.

Fonte: ACI 360 R-10, 2010. (adaptado)

O módulo de reação vertical do solo (K0 ) pode ser obtido através de ensaios de
campo, correlações ou por valores propostos em normas internacionais. Nos próximos
tópicos serão abordados os meios mais comuns de obtenção do mesmo.

2.4.1 Ensaio de Placas

De acordo com Donato et al (2012), este foi um dos primeiros ensaios a ser realizado
in situ e tem seu surgimento anterior as conceituações de mecânica dos solos. O
ensaio de placa permite conhecer o comportamento real de um terreno mediante a
19

um carregamento, em outras palavras pode-se dizer que este ensaio é um modelo


reduzido de fundação superficial.

Para Souza (2017, p. 87) “as principais normativas para os ensaios de placas são a
ASTM D 1196 (2004), IS:9214 (1979) e a DIN 18134 (2012).”. Embora cada norma
tenha sua peculiaridade, todas partem do mesmo princípio, que consiste em aplicar
uma carga por meio de um macaco hidráulico em uma ou mais placas de aço
sobrepostas e por meio de transdutores medir o recalque no solo, a Figura 7
demonstra o procedimento.

Figura 7: Esquema estático do ensaio de placa.

Fonte: INDIAN STANDARD 9214, 1979. (adaptado)

Este trabalho não irá entrar em detalhes mais aprofundados neste método de
obtenção do módulo de reação vertical do solo (k) devido à complexidade de execução
do mesmo e de seu alto custo operacional, para maiores esclarecimentos recomenda-
se a leitura das normas citadas acima e Souza (2017).

2.4.2 Correlações com Standart Penetration test (SPT)

O SPT é um ensaio de investigação do subleito amplamente utilizado no mundo todo


devido a sua facilidade de execução, o qual tem como finalidade medir o índice de
resistência à penetração e retirar amostras deformadas do solo. No Brasil este ensaio
20

é normatizado pela NBR 6484, a qual possui publicação de sua última versão no ano
de 2001 (RUVER, 2005).

Cabe salientar que a energia do ensaio SPT pode variar de acordo com o método de
aplicação dos golpes, no Brasil é reconhecido um aproveitamento na ordem de 70%
enquanto em meios internacionais este aproveitamento é de 60%, diante disso, em
correlações que utilizem aproveitamento de 60% é necessário fazer a conversão de
energia utilizando a Equação 2 (RUVER, 2005; SOUZA, 2017).

𝑁70
𝑁60 = (2)
6/7

Onde:
𝑁60 = Valor do SPT considerando 60% de aproveitamento de energia;
𝑁70 = Valor do SPT considerando 70% de aproveitamento de energia.

Souza (2017 apud De MELLO, 1971) ressalta que as correlações com os ensaios SPT
tem uma discrepância muito grande, diante disso, deve-se ter cuidado ao escolher
este método para obtenção do módulo de reação vertical do solo.

2.4.3 Correlação com tensão admissível

A ABNT NBR 6122:2019 define a tensão admissível como a grandeza fundamental


para o projeto de fundações rasas, neste caso o projeto deve ser desenvolvido
utilizando tensões características que atendam os coeficientes de segurança, os
estados últimos (ruptura) e de serviço (recalques). Os principais métodos de obtenção
da tensão admissível são: prova de carga sobre placa, métodos teóricos e métodos
semi-empíricos.

Uma possível forma de obtenção do coeficiente de reação vertical (𝐾0 ) é dada através
da correlação semi-empírica entre o ensaio SPT e a tensão admissível, Godoy e
Teixeira (1996) apresentam definem através da Equação 3 como obter a tensão
admissível do terreno em kgf/cm².

𝑠 = 0,2𝑆𝑃𝑇𝑀é𝑑𝑖𝑜 (3)

Onde:
𝑠 = tensão admissível do terreno (kgf/cm²);
𝑆𝑃𝑇𝑀é𝑑𝑖𝑜 = valor médio obtido dentro do bulbo de tensões (duas vezes o tamanho da sapata).
21

Cabe destacar que existe diversas correlações entre o ensaio SPT e a tensão
admissível propostos por outros autores, cabe ao projetista escolher qual deseja
utilizar. Após se obter o valor da tensão admissível é possível utilizar a tabela de
Morrison (1993), esta por sua vez faz a correlação entre a tensão admissível e o
coeficiente de reação vertical.
22

Tabela 1: Valores de coeficiente de reação vertical do solo correlacionados com o método das tensões
admissíveis.
Tensão admissível Coeficiente de Tensão admissível Coeficiente de
do solo reação vertical do solo reação vertical
(kgf/cm²) (kgf/cm³) (kgf/cm²) (kgf/cm³)
0,25 0,65 2,15 4,30
0,30 0,78 2,20 4,40
0,35 0,91 2,25 4,50
0,40 1,04 2,30 4,60
0,45 1,17 2,35 4,70
0,50 1,30 2,40 4,80
0,55 1,39 2,45 4,90
0,60 1,48 2,50 5,00
0,65 1,57 2,55 5,10
0,70 1,66 2,60 5,20
0,75 1,75 2,65 5,30
0,80 1,84 2,70 5,40
0,85 1,93 2,75 5,50
0,90 2,02 2,80 5,60
0,95 2,11 2,85 5,70
1,00 2,20 2,90 5,80
1,05 2,29 2,95 5,90
1,10 2,38 3,00 6,00
1,15 2,47 3,05 6,10
1,20 2,56 3,10 6,20
1,25 2,65 3,15 6,30
1,30 2,74 3,20 6,40
1,35 2,83 3,25 6,50
1,40 2,92 3,30 6,60
1,45 3,01 3,35 6,70
1,50 3,10 3,40 6,80
1,55 3,19 3,45 6,90
1,60 3,28 3,50 7,00
1,65 3,37 3,55 7,10
1,70 3,46 3,60 7,20
1,75 3,55 3,65 7,30
1,80 3,64 3,70 7,40
1,85 3,73 3,75 7,50
1,90 3,82 3,80 7,60
1,95 3,91 3,85 7,70
2,00 4,00 3,90 7,80
2,05 4,10 3,95 7,90
2,10 4,20 4,00 8,00

Fonte: Morrison, 1993. (adaptado)


23

2.5 Cuidados adicionais na investigação do solo

Alguns tipos de solo são verdadeiros desafios para a engenharia de fundações, isso
se deve a dificuldade de identificá-los e também a escassez de literatura na área. Em
geral, a presença da umidade nestes é responsável por provocar alterações na
estrutura do solo ou rearranjo do mesmo, o qual, pode ocasionar prejuízos muito
maiores até mesmo que a desastres naturais (SOUZA, 2017).

Estes solos são conhecidos como expansivos e colapsíveis, embora este trabalho não
tenha a finalidade de demonstrar o cálculo e dimensionamento para estas situações,
é importante alertar que se não detectados podem ocasionar danos irreparáveis na
edificação.

• Solos expansivos

Caracteriza-se como solo ou material rochoso que possui capacidade de inchar ou


encolher ao entrar em contato com a umidade. As deformações causadas por este
geralmente são maiores que as elásticas e não podem ser previstas através da
literatura clássica (SOUZA, 2017).

O autor em destaque ainda cita que os limites de Atterberg podem ser utilizados para
classificação dos solos expansivos bem como para determinar sua atividade e grau
de expansão, além disso, ressalta-se que a expansão do solo ocorre em função de
alguns minerais, sendo a montimorilonita a detentora das maiores atividades.

• Solos colapsíveis

De acordo com Cintra e Aoki (2009, apud SOUZA, 2017, p. 136) “trata-se de solos
com baixo teor de umidade, porosos, com alto índice de vazios que sofrem colapso
de sua estrutura em consequência à infiltração de água em quantidade suficiente.”.

Cabe salientar que alguns solos colapsíveis em estado seco podem apresentar alta
resistência e rigidez, sua identificação exige cuidados e técnicas apuradas, deste
modo as investigações restritas ao ensaio SPT são insuficientes, deve-se utilizar
também dos limites de Atterberg como recurso para identificação do colapso do solo
(SOUZA, 2017).
24

2.6 Métodos de cálculo

Neste trabalho as análises de esforços são apresentadas pelos métodos de viga sobre
base elástica e grelha sobre base elástica.

2.6.1 Método da viga sobre base elástica

“No cálculo desse sistema, separa-se o radier em dois sistemas de faixas ortogonais,
de acordo com a geometria do radier e a distribuição dos pilares, onde cada faixa é
tratada como uma viga de fundação isolada sobre base elástica, utilizando a hipótese
de Winkler” (DÓRIA, 2007, p. 39). O autor ainda ressalta que em cada direção, deve-
se tomar a totalidade da carga nos pilares.

No método de Winkler, o deslocamento de uma placa delgada, considerando uma


região distante dos carregamentos e assente sobre um sistema de molas, é calculada
pela Equação 3 (DÓRIA, 2007).

𝑑4 𝑤 2.𝑑4 𝑤 𝑑4 𝑤
𝐷 ( 𝑑𝑥 4 + 𝑑𝑥 2 𝑑𝑦 2 + 𝑑𝑦 4 ) (3)

𝑐𝐸 .𝑡 3
𝐷 = 12(1−𝑣 2) (4)

Onde:
𝐷 = rigidez a flexão da placa;
t = espessura da placa;
𝐸𝑐 = módulo de Young do material da placa;
𝑣 = coeficiente de Poisson do material da placa.

2.6.2 Método de grelha sobre base elástica

De acordo com Dória (2007) o método representa a substituição do Radier por uma
grelha equivalente, a qual é composta por elementos de barras, estes representam
uma faixa da laje correspondente ao tamanho da malha escolhida (Figura 8).

“A vinculação das barras permite a interação de forças ortogonais ao plano da grelha


e de dois momentos em torno dos eixos pertencentes a esse plano por nó da barra.
Cada nó apresenta três graus de liberdade, sendo uma translação ortogonal e duas
rotações no plano do radier” (DÓRIA, 2007, p. 39).
25

Figura 8: Representação de uma grelha sobre base elástica

Fonte: Dória, 2007, p. 39.

Pode-se admitir que as barras longitudinais são responsáveis pela rigidez longitudinal
do Radier e as barras transversais encarregam-se da rigidez transversal. Quanto a
definição do tamanho da malha, não é possível determinar o tamanho ideal, no entanto
quanto mais discretizada for esta, melhores serão os resultados obtidos, além disso,
para que haja uma distribuição mais uniforme dos carregamentos, aconselha-se não
espaçar de forma muito diferente a malha em cada direção (DÓRIA,2007).

O autor em destaque cita que os resultados deixam de ser satisfatórios quando o


espaçamento da malha for de 2 a 3 vezes menor que a espessura do Radier, também
recomenda-se que em regiões com grandes concentrações de esforços o
espaçamento não ultrapasse de 3 a 4 vezes a espessura do mesmo.

2.7 Dimensionamento

O dimensionamento a flexão e a punção demonstrados a seguir seguem as premissas


da ABNT NBR 6118:2014.

2.7.1 Flexão

O dimensionamento a flexão é o responsável por resistir os esforços provenientes do


momento fletor, como é permitido ignorar as tensões de cisalhamento, logo pode-se
dimensionar a peça como se a mesma estivesse submetida a flexão pura.

As formulações dispostas a seguir são apresentadas por Duarte Filho (2018) e podem
ser utilizadas para o dimensionamento de vigas e lajes unidirecionais. No entanto,
26

selecionou-se apenas as expressões que permitam calcular armadura simples, ou


seja, meramente a armadura de tração.

• Momento solicitante de cálculo (𝑀𝑠𝑑 )

𝑀𝑠𝑑 = 𝛾𝑓 . 𝑀𝑘 (5)
Onde:
𝛾𝑓 = Coeficiente de ponderação = 1,4;
𝑀𝑘 = Momento característico.

• Posição da linha neutra (𝑥)


𝑑 𝑀𝑠𝑑
𝑥 = 𝜆 [1 − √1 − 0,5 𝛼 ] (6)
𝑐 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑤 𝑑2

Onde:
𝛼𝑐 = parâmetro de redução da resistência do concreto na compressão;
𝑓𝑐𝑑 = Resistência de cálculo a compressão do concreto;
𝑏𝑤 = largura da alma da viga;
𝑑 = altura útil.

Em estruturas usuais com 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 MPa obtém-se os seguintes valores para os


parâmetros 𝛼𝑐 = 0,85 e 𝜆 = 0,80. Logo, pode-se rescrever a expressão da seguinte
maneira:

𝑀
𝑥 = 1,25 𝑑 [1 − √1 − 0,425 𝑓 𝑠𝑑 𝑏 ] (7)
𝑐𝑑 𝑤 𝑑2

O valor da linha neutra deve ser verificado de modo que o mesmo não entre no
domínio 4, o qual é caracterizado por ter ruptura frágil, ou seja, sem aviso prévio.
Deste modo, a seguinte verificação deve ser atendida 𝑥 ≤ 𝑥𝑙𝑖𝑚 , onde 𝑥𝑙𝑖𝑚 é a
profundidade limite da linha neutra. Caso esta verificação não seja atendida
recomenda-se aumentar a seção da viga.

𝑥𝑙𝑖𝑚 = 0,45𝑑 (8)

• Área de aço (𝐴𝑠 )

𝛼𝑐 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑤 𝜆 𝑥
𝐴𝑠 = (9)
𝑓𝑦𝑑
27

Em concretos com 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 MPa pode-se rescrever a equação da seguinte maneira:

0,68 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑤 𝑥
𝐴𝑠 = (10)
𝑓𝑦𝑑

Onde:
𝑓𝑦𝑑 = Resistência de cálculo ao escoamento do aço de armadura passiva.

A última verificação deve ocorrer de acordo com ABNT NBR 6118:2014 (Quadro 2),
onde é apresentada de forma simplificada a taxa de armadura mínima a ser
considerada em função do 𝑓𝑐𝑘 . Caso esta apresente valor superior ao 𝐴𝑠 calculado,
logo deverá substituir a armadura calculada previamente.

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑚𝑖𝑛 𝑏𝑤 ℎ (11)

Quadro 2: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas.

Fonte: ABNT NBR 6118, 2014.

2.7.2 Punção

De acordo com a ABNT NBR 6118:2014 “o modelo de cálculo corresponde à


verificação do cisalhamento em duas ou mais superfícies críticas definidas no entorno
de forças concentradas”. Carvalho e Pinheiro (2013) definem as principais etapas para
a verificação e cálculo da punção, são elas:

a) Determinação dos contornos críticos: deverá ser considerado três contornos C, C’


e C’’.
• C é o contorno que corresponde exatamente a face do pilar (Figura 9);
• C’ é o contorno a uma distância a 2d da face do pilar (Figura 9);
• C’’ é o contorno a uma distância a 2d da última linha de armadura (Figura 10)
28

Figura 9: Perímetro crítico em pilares internos.

Fonte: NBR 6118:2014, p. 161.

Em um primeiro momento é preciso definir apenas o valor de C e C’, visto que o


contorno C’’ só se faz necessário com a presença de armaduras de punção (Figura
10).
Figura 10: Disposição da armadura de punção em planta e contorno da superfície crítica C’’

Fonte: NBR 6118:2014, p. 167.

b) Cálculo das tensões solicitantes 𝜏𝑠𝑑 : estas estão relacionadas com a posição do
pilar (borda, canto ou centro), a geometria e o tipo de esforço. Para pilares de centro
pode-se encontrar as tenções a partir das Equações 12 e 13, sendo a primeira para
o contorno C e a segunda para C’:
𝐹𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 = (12)
𝑢 .𝑑

𝐹𝑠𝑑 𝐾 .𝑀𝑠𝑑 𝐾′ .𝑀′𝑠𝑑


𝜏𝑠𝑑 = + + (13)
𝑢 .𝑑 𝑊𝑝 .𝑑 𝑊′𝑝 .𝑑
29

Onde:
Fsd = força normal;
u = perímetro critico do contorno considerado (C, C’ ou C’’);
d = (dx + dy )/2 = altura útil da laje ao longo do contorno considerado;
dx e dy são as alturas úteis nas duas direções ortogonais;
K e K’ = coeficientes que fornecem a parcela de momento Msd transmitido ao pilar por
cisalhamento;
Msd e M′sd = momentos de cálculo em uma ou mais direções;
Wp e W′p = módulo de resistência plástica.

O Valor do coeficiente K pode ser encontrado no Quadro 3, o qual se dá a partir da


relação 𝐶1 e 𝐶2 (Figura 11), no caso de 𝐶1 /𝐶2 ser um número diferente dos que estão
apresentados, o valor de K pode ser obtido através da interpolação linear.

Quadro 3: Valores de K em função de C1/C2.

𝑪𝟏 /𝑪𝟐 0,5 1,0 2,0 3,0

K 0,45 0,60 0,70 0,80


Fonte: NBR 6118:2014, p. 161.

Onde:
𝐶1 = é a dimensão do pilar paralela à excentricidade da força;
𝐶2 = é a dimensão do pilar perpendicular à excentricidade da força.

Figura 11: Esforços solicitantes no pilar.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Para um pilar retangular o módulo de resistência plástica 𝑊𝑝 é dado pela equação 14:

𝐶12
𝑊𝑝 = + 𝐶1 . 𝐶2 + 4𝐶2 . 𝑑 + 16𝑑 2 + 2𝜋 . 𝑑 . 𝐶1 (14)
2
30

c) Cálculo das tensões resistentes 𝜏𝑅𝑑1 , 𝜏𝑅𝑑2 e 𝜏𝑅𝑑3 :


• 𝜏𝑅𝑑1 = tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite (equação 15), para que
uma laje possa dispensar o uso de armadura transversal para resistir a força
cortante.

20
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 . (1 + √ 𝑑 ) . (100. 𝜌. 𝑓𝑐𝑘 )1⁄3 (15)

Onde:
d = (dx + dy )/2 = altura útil da laje ao longo do contorno C’ em cm;
ρ = √ρx . ρy = a taxa geométrica de armadura longitudinal de flexão;
3d+b+3d
Área de aço φ.
e
ρx e ρy = Área de concreto
= (3d+b+3d).d
= delimitando-se a uma distância de 3d para cada face
do pilar;
φ = barra adotada de aço adotada em cm²;
e = espaçamento da barra adotada em cm;
b = largura da face do pilar analisada em cm;
d = altura útil da laje em cm;
h = altura total em cm.
𝑓𝑐𝑘 = resistência característica do concreto à compressão em Mpa.

• 𝜏𝑅𝑑2 = tensão de cisalhamento resistente de cálculo limite (equação 16) para


verificação da compressão diagonal do concreto na ligação laje-pilar.

𝜏𝑅𝑑2 = 0,27. 𝛼𝑣 . 𝑓𝑐𝑑 (16)

Onde:
𝑐𝑘 𝑓
𝛼𝑣 = (1 − 250 ) = coeficiente de efetividade do concreto;
𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 = 1,4
= resistência de cálculo de concreto a compressão.

• 𝜏𝑅𝑑3 = tensão de cisalhamento resistente de cálculo (equação 17).

20 𝑑 𝐴𝑠𝑤 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑠𝑒𝑛𝛼


𝜏𝑅𝑑3 = 0,10 . (1 + √ 𝑑 ) . (100. 𝜌. 𝑓𝑐𝑘 )1⁄3 + 1,5 . 𝑆 (17)
𝑟 𝑆𝑟 .𝑢 .𝑑

Onde:
𝑆𝑟 ≤ 0,75 . 𝑑 = é o espaçamento radial entre linhas da armadura de punção;
𝐴𝑠𝑤 = é a área da armadura de punção num contorno completo paralelo a C’;
𝛼 = é o ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o pano da laje;
31

𝑢 = é o perímetro crítico do contorno C’;


𝑑 = (𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 )/2 = altura útil da laje ao longo do contorno C’ em cm;
𝑓𝑦𝑤𝑑 = é a resistência de cálculo de armadura de punção (aço CA-50 ou CA-60), não maior
que 300 Mpa para conectores ou 250 MPa para estribos. O valor de 𝑓𝑦𝑤𝑑 não pode ser
superior a 250 MPa para lajes de até 15 cm de altura e 435 MPa em lajes com altura maior
que 35 cm, sendo permitido a interpolação linear para valores intermediários de altura de laje.

Obs: o cálculo de 𝜏𝑅𝑑3 só será realizado caso seja necessário a armadura de punção.

d) Verificações (duas) para quando não for previsto armadura de punção:

• Tensão resistente de compressão diagonal do concreto no contorno C, limitada pela


expressão: 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑2;
• Tensão resistente à punção no contorno C’, limitada pela expressão: 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑1.

e) Verificações (três) para quando for previsto armadura de punção:

• Tensão resistente de compressão no concreto no contorno C, limitada pela


expressão: 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑2;
• Tensão resistente à punção no contorno C’, limitada pela expressão: 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑3;
• Tensão resistente à punção no contorno C’’, limitada pela expressão: 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑1 .
32

3 METODOLOGIA

3.1 Perspectiva da pesquisa

O presente trabalho evidencia a sua natureza como pesquisa aplicada, a qual busca
gerar conhecimentos para obtenção de métodos e avaliações de fins práticos com
resolução imediata de problemas (APPOLINÁRIO, 2004). A pesquisa será realizada
de forma qualitativa, pois não possui a intenção de realizar comparações estatísticas,
mas pretende se basear em aspectos qualitativos para definir o método mais
adequado de interação solo-estrutura.

Devido ao objetivo geral deste trabalho, necessita-se elaborar uma pesquisa do tipo
exploratória e descritiva. Exploratória porque a criação de uma metodologia para o
cálculo e dimensionamento de Radier em concreto armado requer o conhecimento
prévio de subáreas da engenharia civil como estrutural e geotécnica. E descritiva, pois
os esforços solicitantes no Radier serão descritos a partir da modelagem.

Os procedimentos a serem seguidos são baseados em pesquisas: bibliográfica e


operacional. A pesquisa bibliográfica caracteriza-se por ser elaborada a partir de
material já publicado como, por exemplo, livros, revistas, periódicos, monografias,
entre outros. No entanto, é necessário que se verifique a veracidade dos dados
obtidos (FREITAS e PRADANOV, 2013).

Quanto a pesquisa operacional, Arenales et al. (2015) enfatizam que o sucesso deste
tipo de pesquisa depende da criatividade e experiência do pesquisador. As fases que
envolvem esta pesquisa são: definição do problema; construção do modelo
matemático; resolução do modelo; validação do modelo e implementação da solução.

3.2 População e participantes da pesquisa

Não há população e participantes diretos na pesquisa uma vez que todos os recursos
são retirados de fonte bibliográfica e produzidos pelo autor.

3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta e análise de informações

A metodologia da presente pesquisa busca corresponder os objetivos específicos,


anteriormente apresentados. Dessa maneira, a metodologia foi desenvolvida com o
fim de atender os seguintes itens.
33

Objetivo a):

Realizou-se levantamento bibliográfico em publicações nacionais e internacionais


com objetivo de conhecer o funcionamento de três métodos de cálculo diferentes para
obtenção de esforços do Radier.

Objetivo b):

O projeto 1 (modelo) possui pilares distribuídos de maneira simétrica, este foi


analisado através do método da viga sobre base elástica utilizando o modelo analítico
proposto por Hetényi e pôr meio do modelo simplificado com auxílio do software Ftool.

Ocorreu também uma terceira análise, sendo esta pelo método da grelha sobre base
elástica utilizando o software Eberick. Quanto ao dimensionamento a flexão e a
punção, este realizou-se automaticamente pelo Eberick e manualmente para a análise
realizada mediante o método da viga sobre base elástica.

A partir dos resultados apresentados pelos métodos citados acima, verificou-se a


similaridade entre eles, diante disso, foi possível constatar a validação dos métodos e
quais as principais distinções entre eles.

Objetivo c):

O segundo projeto consistiu em propor a troca do sistema de fundação de um projeto


real, o qual foi concebido em fundação superficial do tipo sapata. Para esta proposta
recorreu-se apenas a análise da grelha sobre base elástica (Eberick), a qual procurou-
se encontrar o melhor refinamento de esforços e consequentemente a menor
espessura possível para o Radier.

A partir da definição da menor espessura, fez-se o levantamento dos insumos


envolvidos no projeto original e no Radier, de modo que se obtenha a viabilidade
técnico financeira da implantação do Radier.

Objetivo d):

Com base nos valores de esforços obtidos a partir dos métodos de análise utilizados,
é possível determinar de que maneira estes se comportam, qual apresenta o maior
34

consumo de aço e quais podem ser utilizados em projetos situações simples ou de


grande complexidade.
35

4 PROJETOS DESENVOLVIDOS

4.1 Projeto 01 (modelo) – Radier com distribuição simétrica de pilares

O primeiro projeto de radier a ser analisado tem dimensões em planta de 9 m x 9 m


(Figura 12), sendo a tipologia escolhida para esta análise, a placa lisa de concreto.
Além disso, alguns parâmetros necessários para o dimensionamento do radier foram
adotados, sendo eles a espessura de 0,30 m, Fck de 30 MPa, módulo de Elasticidade
E = 27 x 106 kN/m².

Admitindo que o terreno tenha uma tensão admissível de 0,5 kgf/cm², logo, pela
correlação proposta por Morrison (1993) obtém-se um valor de reação vertical do solo
𝐾0 = 13000 kN/m³. Cabe ressaltar que a adoção de tais parâmetros tem como único
objetivo a aplicação e demonstração dos métodos aqui citados.

Figura 12: Planta de forma/carga do radier simétrico.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.


36

4.1.1 Método da viga sobre base elástica

Como o radier é uma placa e deseja-se calcular como uma viga, torna-se necessário
dividir o mesmo em trechos. Segundo o item 14.7.8 da NBR 6118:2014, a análise
estrutural para lajes lisas ou cogumelos deve ser realizada por procedimentos
numéricos, como método dos elementos finitos, diferenças finitas ou elementos de
contorno, porém, a mesma salienta que:

“Nos casos das lajes em concreto armado, em que os pilares estiverem


dispostos em filas ortogonais, de maneira regular e com vãos pouco
diferentes, o cálculo dos esforços pode ser realizado pelo processo elástico
aproximado, com redistribuição, que consiste em adotar, em cada direção,
pórticos múltiplos, para obtenção dos esforços solicitantes.”

Como o radier modelado atende ao requisito de pilares perpendiculares, logo, pode-


se utilizar a divisão do mesmo em pórticos, estes por sua vez, são subdivididos em
faixas externas e internas. A Figura 13 mostra entre dois pilares uma distância
conhecida L, a qual é dividida em quatro faixas de mesmo comprimento, sendo faixas
externas aquelas próximas a linha dos pilares e faixas internas as do centro.

Figura 13: Faixas de laje para redistribuição dos esforços nos pórticos múltiplos

Fonte: ABNT NBR 6118:2014. (adaptado)

Na Figura 12 observa-se que este modelo de radier possui três linhas de pilares em
ambos os sentidos, logo, teremos três pórticos tanto para o eixo X quanto para o eixo
Y (Figuras 14 e 15) e estes por sua vez serão subdivididos em faixas internas e
externas.
37

Figura 14: Distribuição dos pórticos no eixo X.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Figura 15: Distribuição dos pórticos no eixo Y

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Os pórticos então ficam definidos com um comprimento de 3 metros cada um. Para
realizar o modelo de cálculo de cada pórtico deve-se considerar o carregamento total
38

para ambas as direções, porém, a distribuição dos momentos deverá ocorrer da


seguinte maneira:

• 45 % dos momentos positivos para as duas faixas internas;


• 27,5 % dos momentos positivos para cada uma das faixas externas;
• 25 % dos momentos negativos para as duas faixas internas;
• 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas externas.

Modelo de Cálculo

Devido a simetria do radier simulado, será necessário calcular apenas dois pórticos
(vigas), pois, estes possuem o mesmo carregamento em ambas as direções. A Figura
16 mostra o carregamento dos pórticos 1 e 3, estes representam as linhas externas
de pilares e a Figura 17 o carregamento do pórtico 2, correspondendo a linha do meio
de pilares.

Figura 16: Modelo de cálculo dos pórticos 1 e 3 para os eixos X e Y

X
Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Figura 17: Modelo de cálculo do pórtico 2 para os eixos X e Y

X
Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.
39

Cálculo de momento fletor e deslocamento vertical

A obtenção dos esforços de momento fletor e deslocamento vertical para o método da


viga sobre base elástica será realizada de duas maneiras distintas, a primeira delas
consiste em executar a solução analítica proposta por Hetényi (1974) e a segunda
será a modelagem simplificada no software Ftool.

a) Solução analítica (Hetényi):

O livro Beams on elastic foundation (HETÉNYI, 1974) define o caso apresentado como
uma viga de comprimento finito. Além disso, no capítulo IV do livro citado o autor
define soluções para situações específicas de carregamento, como o método admite
a superposição de esforços, logo, é possível fazer combinações de situações para
satisfazer o modelo desejado.

Como não há uma solução pronta para o modelo estudado, será necessário realizar
a combinação de situações. A figura 18 expõe uma condição de duas cargas pontuais
de mesma intensidade e distância simétrica em relação aos bordos da viga, já a figura
19 exibe a condição de um único carregamento situado em um ponto qualquer da
viga, no entanto, como o carregamento analisado se situa bem ao centro da viga a
análise será feita do ponto A ao ponto C em decorrência da simetria dos esforços.

Figura 18: Viga com duplo carregamento simétrico

Fonte: HETÉNYI, 1974, p.56. (Adaptado)


40

Figura 19: Viga com carregamento único

Fonte: HETÉNYI, 1974, p.55. (Adaptado)

A constante de característica do sistema (λ) é uma grandeza importante que influencia


a forma da linha elástica, diante disso, a mesma se faz presente em todas as
equações apresentadas por Hetényi (1974), no sistema internacional a sua unidade é
m−1 . Abaixo encontram-se as Equações 18 e 19, necessárias para o cálculo do
parâmetro λ (equação 20).

𝐾 = 𝐾0 . 𝑏 (18)

𝑏ℎ3
𝐼= (19)
12

4 𝐾
𝜆 = √4𝐸𝐼 (20)

Onde:
K = rigidez das molas de Winkler (kN/m²);
𝐾0 = módulo de fundação (kN/m³);
b = largura do pórtico (m);
I = momento de inércia da viga (m4 ) e;
E = módulo de elasticidade (N/m²).

Ao realizar os cálculos obtém-se os seguintes valores:

𝐾 = 13000.3 = 39000 kN/m²

3.0,3³
𝐼= = 0,0068 m4
12

4 39000
𝜆 = √4 .27𝑥106 . = 0,481 m−1
0,0068
41

• Viga com carregamento único

As equações 4 e 5 descrevem os esforços de momento fletor (M) e deslocamento


vertical (Y) sucessivamente, no entanto é importante destacar algumas considerações
de cálculo, nos pórticos 1 e 3 o valor da carga P = 105 kN e no pórtico 2, P = 133 kN.
Em ambas temos que a = b = 4,5m e o comprimento total do pórtico l = 9,0m. Cabe
destacar que as funções trigonométricas estão em radianos.

𝑃 1
𝑀= {2 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑥(𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑎 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑏 −
2𝜆 𝑆𝑒𝑛ℎ2 𝜆𝑙−𝑠𝑒𝑛2 𝜆𝑙

𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑏) + (𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑥 − 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑥)[𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙(𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑎 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑏 −
𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑎 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑏) + 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙(𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑎 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑏 − 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑏)]} (21)

𝑌=
𝑃𝜆 1
{2 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑥 (𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑎 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑏 − 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑏) +
𝑘 𝑆𝑒𝑛ℎ2 𝜆𝑙−𝑠𝑒𝑛2 𝜆𝑙

(𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑥 + 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑥 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑥)[𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙(𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑎 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑏 − 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑎 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑏) +
𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙(𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑎 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑏 − 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑏)]} (22)

Para a comparação dos métodos, selecionou-se apenas alguns pontos de interesse,


os quais podem ser observados nas figuras 16 e 17, o quadro 4 apresenta os
resultados de momento fletor e pode-se observar que no meio da viga (pórtico) (x =
4,5 m) encontra-se os maiores valores de momentos positivos, além disso identificou-
se a presença de momentos negativos (x = 1,5 m).

O quadro 5 exibe os deslocamentos, no qual é possível observar que as bordas


apresentam um pequeno deslocamento para cima enquanto no centro da faixa ocorre
os maiores deslocamentos para baixo.

Obs: a equação do deslocamento vertical devolve o resultado em metros (m), porém,


como o valor obtido é muito pequeno adotou-se no quadro 2 a solução em milímetros
(mm).
42

Quadro 4: Momentos fletores em função do deslocamento x carga.

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2
X
P = 105 kN P = 133 kN

0,0 m 0,000 kN.m 0,000 kN.m

1,5 m -3,085 kN.m -3,908 kN.m

3,0 m 6,218 kN.m 7,876 kN.m

4,5 m 56,522 kN.m 71,595 kN.m


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Quadro 5: Deslocamentos verticais em função do deslocamento x carga.

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2
X
P = 105 kN P = 133 kN

0,0 m -0,173 mm -0,219 mm

1,5 m 0,138 mm 0,175 mm

4,5 m 0,692 mm 0,877 mm

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

• Viga com duplo carregamento simétrico

As equações 6, 7, 8 e 9 são equações de momento e as equações 10, 11 e 12


descrevem o deslocamento vertical para este tipo de carregamento, percebe-se que,
para descobrir os esforços nos mesmos pontos é necessário um número maior de
equações.

As considerações de cálculo são: nos pórticos 1 e 3 o valor da carga P = 66 kN e no


pórtico 2, P = 105 kN. Para ambas as situações os parâmetros a seguir serão o
mesmo, a = 1,5m, a distância 2c = 6,0m e o comprimento total da faixa l = 9,0m.

Para momentos ao longo do trecho 𝐴 − 𝐶 (𝑥 < 𝑎)


43

𝑃 1
𝑀𝐴−𝐶 = 2𝜆 {2 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑥 [𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 cos 𝜆(𝑙 − 𝑎) + 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆(𝑙 −
𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙+𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙

𝑎) cos 𝜆𝑎] + (𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑥 − 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑥 cos 𝜆𝑥)[𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝜆(𝑙 − 𝑎) −


𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑎 cos 𝜆(𝑙 − 𝑎) + 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆(𝑙 − 𝑎) 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑎 − 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆(𝑙 − 𝑎) cos 𝜆𝑎]} (23)

Ao longo do trecho 𝐶 − 𝐷 (𝑎 < 𝑥 < 𝑙 − 𝑎)

𝑃
𝑀𝐶−𝐷 = |𝑀𝐴−𝐶 |𝑥>𝑎 − 2𝜆 [𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆(𝑥 − 𝑎) 𝑠𝑒𝑛 𝜆(𝑥 − 𝑎) + 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆(𝑥 − 𝑎) 𝑐𝑜𝑠 𝜆(𝑥 − 𝑎)] (24)

𝑃 1
𝑀𝐶 = 𝑀𝐷 = 4𝜆 [2 𝐶𝑜𝑠ℎ2 𝜆𝑎(𝑐𝑜𝑠 2𝜆𝑐 + 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑙) − 2 𝑐𝑜𝑠² 𝜆𝑎(𝐶𝑜𝑠ℎ 2𝜆𝑐 +
𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙+𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙

𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑙) − 𝑆𝑒𝑛ℎ 2𝜆𝑎 (𝑠𝑒𝑛 2𝜆𝑐 + 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙) − 𝑠𝑒𝑛 2𝜆𝑎 (𝑆𝑒𝑛ℎ 2𝜆𝑐 + 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙)] (25)

𝑃 1
𝑀0 = − 2𝜆 {𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑐[𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑐 + 𝑠𝑒𝑛 𝜆(𝑙 − 𝑐)] + 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑐[𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑐 + 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆(𝑙 −
𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙+𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙

𝑐)] + 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑐 𝑐𝑜𝑠 𝜆(𝑙 − 𝑐) − 𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑐 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆(𝑙 − 𝑐)} (26)

2𝑃𝜆 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑎 cos 𝜆(𝑙−𝑎)+𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆(𝑙−𝑎) cos 𝜆𝑎


𝑌𝐴 = 𝑌𝐵 = (27)
𝑘 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙+𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙

𝑃𝜆 1
𝑌𝐶 = 𝑌𝐷 = [2 𝐶𝑜𝑠ℎ2 𝜆𝑎(cos 2𝜆𝑐 + 𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑙) + 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜆𝑎(Cosh 2𝜆𝑐 +
2𝑘 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙+𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙

𝑐𝑜𝑠 𝜆𝑙) + 𝑆𝑒𝑛ℎ 2𝜆𝑎(𝑠𝑒𝑛 2𝜆𝑐 − 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙) − 𝑠𝑒𝑛 2𝜆𝑎(𝑆𝑒𝑛ℎ 2𝜆𝑐 − 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙) ] (28)

𝑃𝜆 1
𝑌0 = {𝐶𝑜𝑠ℎ 𝜆𝑐 [cos 𝜆(𝑙 − 𝑐) + cos 𝜆𝑐] + cos 𝜆𝑐 [Cosh 𝜆 (𝑙 − 𝑐) +
𝑘 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑙+𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑙

Cosh 𝜆𝑐] − 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆𝑐 𝑠𝑒𝑛 𝜆(𝑙 − 𝑐) + 𝑠𝑒𝑛 𝜆𝑐 𝑆𝑒𝑛ℎ 𝜆(𝑙 − 𝑐)} (29)
44

No quadro 6 pode-se observar-se que o que o maior valor de momento fletor positivo
encontra-se quando x = 1,5 m e detém-se o maior valor de momento negativo para x
= 4,5m. Quanto aos deslocamentos verticais, o quadro 7 demonstra que as bordas
possuem um maior deslocamento em relação ao centro da faixa.

Quadro 6: Momentos fletores em função do deslocamento x carga.

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2
X
P = 66 kN P = 105 kN

0,0 m 0,000 0,000

1,5 m 23,772 37,820

3,0 m -10,138 -16,128

4,5 m -18,588 -29,572


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Quadro 7: Deslocamentos verticais em função do deslocamento x carga

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2
X
P = 66 kN P = 105 kN

0,0 m 0,560 mm 0,890 mm

1,5 m 0,487 mm 0,774 mm

4,5 m 0,174 mm 0,277 mm


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Após realizar o cálculo para ambas as situações é necessário fazer a soma dos
resultados em cada ponto para que se possa encontrar a resultante de momento fletor
e deslocamento vertical (Quadro 8), ressaltando que para x = 3,0 não há valores de
deslocamento vertical pois, o mesmo não era um ponto de interesse.
45

Quadro 8: Resultante de momento fletor e deslocamento vertical por faixa (Hetényi).

Momento fletor Deslocamento vertical

X Pórticos Pórticos
Pórtico 2 Pórtico 2
1e3 1e3

0,0 m 0,000 kN.m 0,000 kN.m 0,387 mm 0,671 mm

1,5 m 20,687 kN.m 33,912 kN.m 0,625 mm 0,949 mm

3,0 m -3,920 kN.m -8,252 kN.m - -

4,5 m 37,934 kN.m 42,023 kN.m 0,866 mm 1,154 mm


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Diante disso conclui-se que os momentos máximo negativo e positivo ocorrem em x


= 3,0 m e x = 4,5 m sucessivamente, as duas informações fazem sentido pois, o
primeiro caso encontra-se no ponto médio entre dois pilares e o segundo caso pode
ser justificado pelo fato de estar bem no meio do pórtico e sob um pilar, também se
observa o maior deslocamento vertical ocorre no meio do pórtico, ou seja, quando x =
4,5 m.

b) Solução simplificada (Ftool):

O cálculo com auxílio de ferramentas computacionais possibilita a obtenção dos


esforços solicitantes de modo prático e ágil. Albino (2018) recomenda que o pórtico
seja dividido em 20 partes iguais ao longo de seu comprimento, ou seja, neste caso
teríamos 20 partes de 45 cm cada, no entanto, adotou-se por dividir a faixa a cada 50
cm, com a finalidade de facilitar a comparação entre os métodos.

Essa divisão fica delimitada por nós, os quais são aplicados os apoios elásticos
(Figura 20), no software Ftool este tipo de apoio pode ser encontrados no menu
Support Conditions (condições de suporte) e são chamados de spring stiffness values
(valores de rigidez da mola) no qual deverá ser usado o parâmetro 𝐾𝑦 , sua unidade é
dada em kN/m.

Figura 20: Apoios elásticos aplicados nos nós

Fonte: O autor.
46

Visto que o software Ftool calcula a faixa como um elemento linear, logo, é preciso
ajustar o parâmetro 𝐾𝑦 para cada nó, com este intuito deve-se usar as Equações 30
e 31. A área de influência de um nó vai de centro a centro de suas partes adjacentes,
a Figura 21 facilita a compreensão deste conceito.

𝐾𝑦 = 𝐾0 . Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (30)

𝑝
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝑏. 𝑛. 2 (31)

Onde:
b = Largura da faixa;
n = número de partes adjacentes ao nó;
p = comprimento de uma parte.

Figura 21: Área de influência de cada nó do pórtico

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

A região com hachura azul entre as linhas tracejadas é a área de influência dos nós
intermediários e a hachura vermelha representa a área dos nós de extremidade. Outra
consideração importante que deve ser feita é em relação ao deslocamento horizontal,
uma vez que o mesmo não é analisado, deve-se colocar uma restrição neste eixo.

Diante disso foi obtido os seguintes resultados:

0,5
Nós de extremidade 𝐾𝑦 = 13 000 . 3 . 1 . = 9 750 kN/m
2

0,5
Nós intermediários 𝐾𝑦 = 13 000 . 3 . 2 . = 19 500 kN/m
2
47

A figura 22 demonstra como deverá ficar a modelagem dos pórticos 1 e 3, nas figuras
23 e 24 são apresentados os diagramas de momento fletor e deslocamento vertical
sucessivamente. Cabe ressaltar que para o modelo do pórtico 2 altera-se apenas o
valor das cargas aplicadas, e os diagramas são similares aos apresentados.

Figura 22: modelo de cálculo dos pórticos 1 e 3 no software Ftool

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Figura 23: Diagrama de momento fletor dos pórticos 1 e 3 no software Ftool

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Figura 24: Diagrama de deslocamento vertical dos pórticos 1 e 3 no software Ftool

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Os valores de momento fletor e deslocamento vertical obtidos estão dispostos no


quadro 9, o qual apresenta valores similares ao quadro 8, indicando que os momentos
máximo negativo e positivo se encontram em x = 3,0 m e x = 4,5 m sucessivamente,
além disso, o maior deslocamento vertical ocorre no meio do pórtico, ou seja, quando
x = 4,5 m.
48

Quadro 9: Resultante de momento fletor e deslocamento vertical por pórtico (Ftool)

Momento fletor Deslocamento vertical

X Pórticos Pórticos
Pórtico 2 Pórtico 2
1e3 1e3

0,0 m 0,000 kN.m 0,000 kN.m 0,386 mm 0,669 mm

1,5 m 20,293 kN.m 33,386 kN.m 0,626 mm 0,952 mm

3,0 m -4,535 kN.m -9,067 kN.m - -

4,5 m 37,192 kN.m 41,049 kN.m 0,867 mm 1,155 mm


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020..

Ao comparar os quadros citados nota-se a mesma ordem de grandeza nos resultados


obtidos pelo método analítico, desta forma é possível afirmar que o método analítico
(Hetényi) valida os resultados obtidos através do método simplificado (Ftool).

Redistribuição de momentos nas faixas internas e externas

Antes de dimensionarmos os pórticos para os esforços de flexão é necessário fazer a


redistribuição dos momentos fletores (Figuras 14 e 15) de acordo com o item 14.7.8
da NBR 6118:2014 (Quadro 10), esta será realizada com os valores de momento
obtidos através do método simplificado (Ftool).

Quadro 10: Redistribuição de momentos (Ftool)

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2

X Faixa Faixa Faixa Faixa


externa interna externa interna

0,0 m 0,000 kN.m 0,000 kN.m 0,000 kN.m 0,000 kN.m

1,5 m 5,581 kN.m 4,566 kN.m 9,181 kN.m 7,512 kN.m

3,0 m -1,701 kN.m -0,567 kN.m -3,400 kN.m -1,133 kN.m

4,5 m 10,228 kN.m 8,368 kN.m 11,288 kN.m 9,236 kN.m


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
49

Pode-se perceber que o maior valor de momento positivo ocorre em x = 4,5 m e para
o momento negativo dá-se em x = 3,0 m. Por esta razão será utilizado estes valores
para o dimensionamento da armadura de tração positiva e negativa.

Dimensionamento a flexão utilizando as resultantes de momento do Ftool

Para o este dimensionamento utilizou-se o método apresentado por Duarte Filho


(2018), o qual baseia-se em encontrar a altura da linha neutra, verificar o domínio em
que a peça se encontra e por fim calcular a área de aço. A figura 25 exibe a seção
transversal de uma viga e a nomenclatura para cada distância apresentada.

Figura 25: Seção transversal de uma viga.

Fonte: Duarte Filho, 2018, p. 78. (Adaptado)

Neste caso temos:


Bw – largura da viga (faixa interna ou externa), ou seja, 75 cm.
h – altura definida do radier, 30 cm.
d’’ – distância da borda mais tracionada até o centro da barra (cobrimento + meia barra) ≅ 4,5
cm).
d = altura útil (h – d’’) = 25,5 cm.

• Momento de solicitante de cálculo (𝑀𝑆𝑑 )

O momento de solicitante de cálculo (𝑀𝑆𝑑 ), são os esforços de momento fletor obtidos


(𝑀𝑆𝑘 ) multiplicados pelo coeficiente 𝛾𝑓 = 1,4. O Quadro 11 demonstra os momentos
fletores majorados por este coeficiente para x = 3 m e x = 4,5 m.
50

Quadro 11: Momento de solicitante de cálculo (MSd)

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2
Momento
Faixa Faixa Faixa Faixa
externa interna externa interna

Positivo (x = 4,5 m) 14,319 kN.m 11,715 kN.m 15,804 kN.m 12,930 kN.m

Negativo (x = 3,0m) -2,381 kN.m -0,794 kN.m -4,760 kN.m -1,587 kN.m
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

• Posição da linha neutra

A posição da linha neutra (x) indica onde os esforços de compressão acabam e os de


tração se iniciam. A Equação 6 expressa o valor da linha neutra de uma viga, cabe
ressaltar que para que se tenha vigas armadas apenas com armadura simples
(atuando somente em esforços de tração) é necessário garantir que 𝑥 < 0,45𝑑, o
Quadro 12 exibe os valores de linha neutra para os momentos fletores do Quadro 11.

𝑀
𝑥 = 1,25𝑑 [1 − √1 − 0,425 𝑓 𝑆𝑑 𝑏 ] (6)
𝑐𝑑 𝑤 𝑑²

𝑓𝑐𝑘 30
𝑓𝑐𝑑 = = = 2,143 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
14 14

Quadro 12: Altura da linha neutra em função do momento.

Momento Positivo 14,319 kN.m 11,715 kN.m 15,804 kN.m 12,930 kN.m

Linha neutra (𝑥) 0,52 cm 0,42 cm 0,57 cm 0,47 cm

Momento Negativo -2,381 kN.m -0,794 kN.m -4,760 kN.m -1,587 kN.m

Linha neutra (𝑥) 0,09 cm 0,03 cm 0,17 cm 0,06 cm


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

• Cálculo da área de Aço

Após calcular a altura da linha neutra pode-se encontrar a área de aço (equação 10)
para a armadura e tração positiva e negativa (Quadro 13).

0,68 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑤 𝑥
𝐴𝑠 = (10)
𝑓𝑦𝑑
51

𝑓𝑦𝑘 50
𝑓𝑦𝑑 = = = 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
1,15 1,15

Quadro 13: Área de aço por faixa de 75 cm.

Pórticos 1 e 3 Pórtico 2
As
Faixa Faixa Faixa Faixa
externa interna externa interna

Armadura
Positiva 1,30 cm² 1,06 cm² 1,44 cm² 1,17 cm²

Armadura
Negativa 0,21 cm² 0,07 cm² 0,43 cm² 0,17 cm²
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

De acordo com o item 17.3.5.2.1 da NBR 6118/2014 a armadura mínima de tração em


uma peça sujeita a flexão simples é dada pela equação 17.

𝐴𝑠 𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑚𝑖𝑛 𝑏𝑤 ℎ (11)

𝐴𝑠 𝑚𝑖𝑛 = 0,0015 . 75 . 30 ≅ 3,38 𝑐𝑚².

O mesmo item da norma faz a seguinte observação:

Em elementos estruturais, exceto elementos em balanço, cujas armaduras


sejam calculadas com um momento fletor igual ou maior ao dobro de Md, não
é necessário atender à armadura mínima. Neste caso, a determinação dos
esforços solicitantes deve considerar de forma rigorosa todas as
combinações possíveis de carregamento, assim como os efeitos de
temperatura, deformações diferidas e recalques de apoio. Deve-se ter ainda
especial cuidado com o diâmetro e espaçamento das armaduras de limitação
de fissuração.

Caso o calculista deseje realizar um projeto mais econômico poderá fazer uso de tal
artificio da norma, no entanto, não será utilizado neste trabalho, uma vez que o mesmo
foi realizado de maneira simplificada, com intuito de facilitar o processo de cálculo
manual.

Diante do fato do 𝐴𝑠 𝑚𝑖𝑛 ter apresentado valor muito superior ao 𝐴𝑠 calculado, está
será a área de aço adotada em toda a extensão do radier, a fim de que se cumpra as
premissas da norma. É preciso recordar que o valor de 𝐴𝑠 𝑚𝑖𝑛 demonstrado acima é
52

para uma faixa de 75 cm, ou seja, é preciso ser ajustado este valor por faixa de metro,
neste caso será 4,50 cm²/m.

Dimensionamento a punção

O nascimento dos pilares no radier configura em uma concentração de cargas muito


elevada em uma pequena região, como consequência é gerado esforços de punção,
deste modo é imprescindível que se faça a verificação destes esforços. Logo, será
adotado as etapas propostas por Carvalho e Pinheiro (2013) no que se refere a
verificação a punção, no entanto será realizada uma pequena mudança na
organização proposta pelos autores. Será dividido apenas em três grandes etapas,
sendo elas a verificação dos perímetros críticos C, C’ e C’’.

• Verificação do perímetro crítico C

Num primeiro momento será necessário calcular o perímetro crítico C, sabendo que
todos os pilares possuem o mesmo tamanho b = 20 cm, logo teremos:

C = 4. 𝑏 = 4 . 20 = 80 cm

Para o cálculo da tensão solicitante é necessário que conheçamos o valor de d, para


isso é necessário definir o cobrimento e a espessura da armadura de flexão. O
cobrimento adotado será de acordo com o item d da tabela 7.2 da norma NBR
6118:2014, ou seja, 4,5 cm.

No dimensionamento a flexão foi definido uma área de aço de 3,38 cm² para cada
subfaixa (interna ou externa) de 75 cm de comprimento, o que equivale a uma barra
de 8 mm a cada 11 cm em ambas as direções, portanto, a altura útil d fica definida
como:
0,8
▪ 𝑑𝑥 = 30 − 4,5 − = 25,1 cm
2
0,8
▪ 𝑑𝑦 = 30 − 4,5 − 0,8 − = 24,3 cm
2
𝑑𝑥 +𝑑𝑦 25,1+24,3
▪ 𝑑= = = 24,7 cm
2 2
53

O Quadro 14 apresenta os valores de 𝜏𝑠𝑑 para os carregamentos de 66, 105 e 133


KN, cabe ressaltar que esses valores são característicos, ou seja, são valores de 𝐹𝑠𝑘 .
Além disso, os resultados foram convertidos para Mpa.

𝐹𝑠𝑑 𝐹𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 = =
𝐶 .𝑑 80 . 24,7

Quadro 14: Tensão solicitante no contorno C

Fsd = Fsk . 1,4 sd para o


Fsk contorno C

66,00 kN 92,40 kN 0,47 MPa

105,00 kN 147,00 kN 0,74 MPa

133,00 kN 186,20 kN 0,94 MPa


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Em seguida faz-se o cálculo da tensão resistente 𝜏𝑅𝑑2 .


30 30
▪ 𝜏𝑅𝑑2 = 0,27. 𝛼𝑣 . 𝑓𝑐𝑑 = 0,27. (1 − 250) . 1,4 = 5,09 MPa

Para que se possa prosseguir as verificações a condição de 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑2 precisa ser
atendida. Neste caso pode-se afirmar que a tensão de resistência do concreto a
compressão na junção radier/pilar é muito superior a tensão solicitante, deste modo,
deve-se partir para a verificação do perímetro crítico C’.

• Verificação do perímetro crítico C’

O comprimento do perímetro crítico C’ é definido pela seguinte expressão:


C’ = 4. 𝑏 + 2𝜋. 2𝑑 = 4 . 20 + 2𝜋. 2 . 24,7 = 390,4 cm

Para o cálculo da tensão solicitante 𝜏𝑠𝑑 no contorno C’ faz-se necessário conhecer os


valores de momento fletor atuante em cada pilar (Figura 26). Neste contexto será
empregado para 𝑀𝑠𝑑 os valores de momento fletor no eixo X e para 𝑀′𝑠𝑑 os valores
de momento fletor no eixo Y.
54

Figura 26: Momento atuante de cálculo nos pilares

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Além disso, é necessário calcular o valor do coeficiente K e o módulo de resistência


plástica 𝑊𝑝 , ambos ocorrem em função das dimensões do pilar, neste caso, como os
pilares são quadrados, temos que:
▪ 𝐶1 = 𝐶2 = 20 cm
▪ 𝐾 = 𝐾 ′ = 0,6
𝐶12
▪ 𝑊𝑝 = 𝑊′𝑝 = + 𝐶1 . 𝐶2 + 4𝐶2 . 𝑑 + 16𝑑 2 + 2𝜋 . 𝑑 . 𝐶1 = 72925,44 cm²
2

Com todos os coeficientes definidos é possível definir a tensão solicitante do contorno


C’ para todos os pilares, o Quadro 15 associa os esforços de compressão e momento
fletor com a tensão solicitante em cada pilar.

𝐹𝑠𝑑 𝐾 .𝑀𝑠𝑑 𝐾′ .𝑀′𝑠𝑑 𝐹 0,6 .𝑀 0,6 .𝑀′


𝜏𝑠𝑑 = + + = 390,4𝑠𝑑. 24,7 + 72925,44 𝑠𝑑 + 72925,44 .𝑠𝑑24,7
𝐶′ .𝑑 𝑊𝑝 .𝑑 𝑊′𝑝 .𝑑 . 24,7
55

Quadro 15: Tensão solicitante no contorno C’

Fsd Msd M'sd sd para o


Pilar contorno C'

P1 92,40 kN 7,81 kN.m 7,81 kN.m 0,10 MPa

P2 147,00 kN 14,32 kN.m 12,85 kN.m 0,16 MPa

P3 92,40 kN 7,81 kN.m 7,81 kN.m 0,10 MPa

P4 147,00 kN 12,85 kN.m 14,32 kN.m 0,16 MPa

P5 186,20 kN 15,81 kN.m 15,81 kN.m 0,20 MPa

P6 147,00 kN 12,85 kN.m 14,32 kN.m 0,16 MPa

P7 92,40 kN 7,81 kN.m 7,81 kN.m 0,10 MPa

P8 147,00 kN 14,32 kN.m 12,85 kN.m 0,16 MPa

P9 92,40 kN 7,81 kN.m 7,81 kN.m 0,10 MPa


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Agora faz-se necessário calcular a tensão resistente de cálculo 𝜏𝑅𝑑1 , a qual sofre
apenas a influência dos materiais empregados. Para a obtenção de 𝜏𝑅𝑑1 é exigido o
cálculo da taxa de armadura 𝜌, logo temos que:
3𝑑+𝑏+3𝑑 3 .24,7+20+3 .24,7
𝜑. 0,5 .
▪ 𝜌𝑥 = 𝜌𝑦 = 𝑒
(3𝑑+𝑏+3𝑑).𝑑
= 11
(3 .24,7+20+3 .24,7).24,7
= 0,00184

▪ 𝜌 = √𝜌𝑥 . 𝜌𝑦 = √0,00184 . 0,00184 = 0,00184

Após a obtenção do valor de 𝜌 é possível calcular 𝜏𝑅𝑑1 .


20
▪ 𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 . (1 + √ 𝑑 ) . (100. 𝜌. 𝑓𝑐𝑘 )1⁄3

20
▪ 𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 . (1 + √ ) . (100 . 0,00184. 30)1⁄3 = 0,44 MPa
24,7

A tensão Resistente 𝜏𝑅𝑑1 apresentou condição muito superior a tensão solicitante 𝜏𝑠𝑑 ,
por esta razão atende a verificação de 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑1 , ou seja, fica dispensado a armadura
de punção e as demais verificações.
56

4.1.2 Método da grelha sobre base elástica utilizando o software Eberick

A fundação do tipo radier foi implementado na versão 8 do Eberick e segundo a AutoQI


(2020) o cálculo é análogo ao da laje convencional, com a diferença de que o radier
está lançado diretamente sobre o solo. O modelo de cálculo baseia-se na hipótese
que o radier é uma malha que se apoia sobre apoios elásticos equivalentes, ou seja,
seu comportamento também se fundamenta nas teorias de Winkler.

Para lançamento do radier no software é necessário que seja definido um contorno


para o mesmo, este pode ser através de vigas de bordo ou elementos de barra. Souza
(2017) sugere que se adote o uso de vigas de bordo para o confinamento do solo sob
o radier, no entanto, para o modelo trabalhado será utilizado elementos de barra
(Figura 27).

Em seguida faz-se o lançamento do radier (laje de fundação) no interior do perímetro


formado pelas barras e define-se os dados, como espessura, coeficiente de recalque
vertical (𝐾0 ) e eventuais carregamentos que possa vir a existir. Além disso, no menu
grelha é possível alterar o tamanho da malha a fim de que se obtenha o melhor
refinamento de cálculo.

Figura 27: Lançamento do radier

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.


57

O lançamento dos carregamentos pode ocorrer de vários modos, sendo o mais


comum deles o nascimento dos pilares sobre o radier (Figura 28), entretanto, como
não foi realizado uma edificação sobre o mesmo é necessário adicionar na forma de
carga concentrada o carregamento de cada pilar.

Figura 28: lançamento dos pilares e cargas concentradas características

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Uma limitação surge em relação ao tamanho da grelha, como esta precisa interceptar
o elemento pilar em algum ponto, logo, o tamanho da malha está em função da
dimensão dos pilares. Para o modelo em questão foi empregado uma malha de 20 cm
de espaçamento em ambas as direções, porém, para uma análise comparativa com
os outros métodos, necessita-se que a grelha seja espaçada a cada 25 cm.

Deste modo, este modelo será utilizado apenas para a verificação da punção, uma
vez que o Eberick só faz a conferência deste esforço com a existência de pilares no
modelo. O Quadro 16 apresenta os resultados obtidos e se assemelha ao cálculo
manual, desta forma fica dispensada a necessidade de armadura de punção.
58

Quadro 16: Resumo de cálculo para verificação de punção

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Para o cálculo comparativo do momento fletor, será necessário criar um novo modelo,
o qual, substitui os pilares por carregamentos sobre área (Figura 29), pois, estes
possibilitam aumentar o espaçamento da grelha para 25 cm em ambas as direções.

Os esforços de momentos fletores podem ser observados na Figura 30, ao verificar a


legenda pode-se constatar que a maior parte dos esforços está abaixo de 11,17 kN.m,
no entanto, na região dos carregamentos a grelha apresenta picos de tensão muito
superiores ao restante da mesma.

Com o intuito de fazer a comparação entre a grelha e os pórticos múltiplos é


necessário realizar uma média de esforços da grelha para faixas de 75 cm, ou seja,
deve-se retirar a média de três pontos equivalentes devido ao espaçamento da grelha
59

ser de 25 cm, isto ocorre com o intuito de se equiparar as faixas externas e internas
do pórtico.

Além disso, outros ajustes mostraram-se relevantes para uma melhora nos resultados
apresentados pela grelha, dado que esta costuma apresentar picos de momento que
podem não representam a realidade.

Figura 29: Lançamento das cargas sobre área

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.


60

Figura 30: Grelha com esforços de momentos fletores.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Neste sentido, uma das alternativas é tirar a média das barras adjacentes ao ponto
desejado, para o modelo analisado constatou-se que para a região das faixas internas
a média de duas barras (50 cm) se adequa melhor a esta situação, no entanto, para
as faixas externas, é necessário realizar a média de 6 barras (150 cm), isso ocorre
em função do carregamento estar agindo diretamente sobre esta área. Os Quadros
17 e 18 demonstram o resumo dos melhores resultados apresentados pela grelha em
comparação com o método manual.

Comparando-se os dois modelos contata-se a semelhança de comportamento entre


ambos, porém a ordem de grandeza dos valores obtidos acaba tendo uma pequena
divergência, o que ocorre em função das diferenças de concepção. Enquanto o
método manual analisa o comportamento de cada pórtico individualmente, a grelha
por sua vez sofre influência de todos os esforços e os redistribui para as duas
direções.

Deve-se enfatizar que nesta avaliação está se utilizando o método manual para validar
a grelha do Eberick. Ao avaliar o comportamento dos pórticos 1 e 3 observa-se que a
61

grelha apresenta resultados mais conservadores de momento fletor para as posições


de 1,5 e 3,0 metros, no entanto na posição de 4,5 metros, está retrata um valor um
pouco superior, de modo geral nota-se um certo balanceamento entre as respostas
obtidas em ambos os modelos.

Quadro 17: Resumo dos resultados de momento fletor e comparação com método manual

Pórticos
Faixa interna Faixa externa
1e3

Distância X 1,5 m 3,0 m 4,5 m 1,5 m 3,0 m 4,5 m

Eberick 6,6 kN.m -2,1 kN.m 9,3 kN.m 8,2 kN.m -3,5 kN.m 13,2 kN.m

Manual 6,4 kN.m -0,8 kN.m 11,7 kN.m 7,8 kN.m -2,4 kN.m 14,3 kN.m

Diferença 3,34% 171,94% -20,92% 4,89% 46,59% -8,09%


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

Quadro 18: Resumo dos resultados de momento fletor e comparação com método manual

Pórtico 2 Faixa interna Faixa externa

Distância X 1,5 m 3,0 m 4,5 m 1,5 m 3,0 m 4,5 m

Eberick 7,4 kN.m -2,0 kN.m 9,8 kN.m 12,0 kN.m -3,8 kN.m 14,9 kN.m

Manual 10,5 kN.m -1,6 kN.m 12,9 kN.m 12,9 kN.m -4,8 kN.m 15,8 kN.m

Diferença -29,24% 27,79% -24,37% -7,01% -19,72% -5,80%


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

No pórtico 2, o comportamento da grelha de modo geral apresenta valores de


momento fletor ligeiramente menores, com exceção para a posição a 3,0 metros na
faixa interna. Cabe salientar que as diferenças obtidas de momento fletor entre os
métodos são expressamente nominais, ou seja, a consequência disso vai estar
relacionada na área de aço do radier.

O programa gera também o deslocamento vertical máximo da grelha e o resultado


pode aparecer associado a três cores distintas, deslocamentos menores que 5 mm é
apresentado na cor verde, de 5 a 10 mm na cor amarela e vermelho acima de 10 mm.
62

A figura 31 indica o valor de -0,19 mm de deslocamento e por esta razão o resultado


aparece na cor verde, o qual ocorre bem no meio do Radier.

Figura 31: Deslocamento vertical da gelha

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

A área de aço também é gerada e apresentada em forma de relatório, o quadro 19


traz o resumo da área de aço calculada pelo programa e faz o comparativo com o
cálculo manual. Diante disso, verifica-se uma economia considerável no consumo de
aço utilizando o software Eberick para o dimensionamento do Radier.

Quadro 19: Resumo da área de aço calculada pelo Eberick e comparação com o método manual

Área de aço Eberick Manual Diferença

Asx 3,63 cm²/m 4,50 cm²/m -19,33%

Asy 3,02 cm²/m 4,50 cm²/m -32,89%


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
63

O método de grelha do Eberick demostrou-se mais viável em relação a área de aço,


e isso se deve a alguns fatores. Embora a área de aço calculada para os pórticos
tenha valor relativamente baixo, o mesmo é anulado quando seu limitante é o 𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 ,
além disso, o Eberick faz uso do recurso previsto na norma NBR 6118:2014 o qual,
permite reduzir o valor para 0,67𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 .

Outro ponto a ser destacado é em relação ao Asx, este apresenta armadura


discretamente maior que a armadura mínima por conta dos picos de momento
característicos do método de grelha, pois é sensível a forma com é aplicada os
carregamentos.

4.1.3 Conclusão

Embora possua pequenas divergências numéricas nos resultados encontrados em


ambos os métodos aqui estudados, de maneira geral, é possível expressar a
existência de concordância entre eles considerando que a concepção destes é
diferente. A partir do projeto 1, foi possível compreender o funcionamento e aplicação
do método de grelha para um projeto com este.

Agora é possível aplicar o método de grelha para um projeto com um grau de


dificuldade maior e com outras características, ou seja, um projeto mais próximo da
realidade, o qual não seria possível realizar através do método de pórticos isolados,
pois, o mesmo demandaria de muito tempo, fugindo então as possibilidades do
método manual.

4.2 Projeto 02 – Projeto real

O segundo projeto tem por objetivo testar a viabilidade da troca de tipologia de


fundação de um projeto real, o qual apresenta característica de edificação
multifamiliar. O projeto em questão foi concebido com fundação superficial em sapatas
e a resistência do solo considerada é de 400 kN/m² o que equivale a um valor de
coeficiente de reação vertical 𝐾0 = 80 000 kN/m³.
64

Para a análise dos esforços e dimensionamento será utilizado o software Eberick o


qual faz sua modelagem através do método de grelha. A Figura 32 apresenta a
locação e os esforços característicos dos pilares, o espaçamento da grelha foi
disposto em intervalos de 20 cm, sendo está a dimensão máxima para a mesma em
virtude do tamanho dos pilares.

O módulo editor de grelhas do Eberick permite que se ajuste os picos de esforços


característicos desse sistema, deste modo, é possível deixar a grelha com o melhor
refinamento possível, resultando em modelo que mais representa a realidade e
economia no consumo de aço.

Figura 32: Planta de forma

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

Após a realização de inúmeros testes chegou-se à modelagem do radier com a menor


espessura possível para este projeto, de forma que atendesse aos esforços de flexão
65

e punção, esta então foi identificada aos 45 cm. Além disso, utilizou-se Fck de 30 Mpa,
classe de agressividade ambiental II e cobrimento de 5 cm.

A Figura 33 mostra os esforços de momentos antes da edição das grelhas, pode-se


notar que as barras ao redor dos pilares 12 e 16 apresentam altas concentrações de
momento destoando do restante da grelha.

Figura 33: Grelha de momentos fletores sem edição da grelha.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.


66

Figura 34: Grelha de momentos fletores após a edição de grelhas

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.

A incoerência da Figura 33 fica evidente ao confrontar os resultados obtidos após a


edição das barras da grelha (Figura 34), nesta é possível perceber uma redução de
50% no valor máximo de momento fletor, também é notório a uniformização de
tenções nas áreas mais carregadas.

O dimensionamento de armaduras no software Eberick se dá em função aos valores


de esforços obtidos na grelha, sendo que esta é sensível a concentrações de carga
ou pontos de apoio com elevada rigidez. Estas particularidades da grelha conduzem
a picos de esforços que podem ser corrigidos com uma revisão da modelagem,
economizando o consumo de armadura de aço.

Na verificação a punção, o Eberick dimensiona em quais regiões se faz necessário a


inserção de armaduras para combater estes esforços. Na Figura 35 constata-se os
perímetros críticos averiguados e a necessidade de armadura de punção nos pilares
8, 12, 14 e 16.
67

Figura 35: Verificação e dimensionamento da armadura de punção

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.


68

Quadro 20: Resumo das verificações a punção

Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.


69

Além do detalhamento gráfico é possível obter o resumo de cálculo da verificação a


punção (Quadro 20). Percebeu-se ao longo dos testes que o software para este
modelo de radier considera o perímetro C como pilar interno, no entanto, caso não
seja possível fazer o contorno completo nos perímetros C’ e C’’ a sua verificação
poderá ser considerada como pilar de borda ou de canto.

Diante dos resultados de flexão e punção, obteve-se o consumo de materiais para


este radier (Quadro 21), ao comparar estes quantitativos com o sistema de fundação
em sapatas é possível notar um consumo muito superior para o radier.

Quadro 21: Resumo de quantitativos

Sistema de Volume de Massa de


fundação concreto Aço

Sapatas 66,0 m³ 3490 kg

Radier 111,4 m³ 18500 kg

Diferença 68,7% 430,1%


Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

De modo geral se torna inviável a troca do sistema de fundação para esta concepção
estrutural, no entanto cabe aqui ser feitas algumas considerações. A primeira se
correlaciona a espessura do radier com o consumo de aço, pois a medida em que se
aumenta a espessura do radier, diminui-se o consumo de aço.

Ou seja, o ideal é ir experimentando diversas espessuras de radier até convergir em


uma maior economia. Outro ponto a ser levantado é pertinente a concepção estrutural.

Ao observarmos a figura 32 nota-se que a grande maioria dos pilares recebem um


carregamento relativamente baixo em comparação aos pilares 8, 12 e 16. Acredita-se
que caso esses pilares dividissem seu carregamento com novos pilares a tensão no
radier seria mais uniforme e a armadura de flexão seria mais bem aproveitada.

Levando em consideração a resistência do solo para este projeto, a mesma mostra-


se ter um ótimo comportamento, o que leva a solução de fundação em sapata como
70

uma ótima opção, no entanto, caso o solo dispusesse de uma capacidade de suporte
inferior, caberia um novo estudo a fim de verificar se a mesma continuaria sendo mais
vantajosa.

Por fim, uma outra forma de tentar reduzir o consumo de armadura seria realizar o
dimensionamento do radier de forma manual, apenas utilizando os resultados da
grelha do Eberick, porém, isto acarreta em uma maior consumo de tempo na
elaboração do projeto, caberia fazer outro estudo a fim de saber qual seria a economia
obtida afim de viabilizar ou não este dimensionamento.
71

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou abordar de forma simples as formas de análise e


dimensionamento do Radier através de dois projetos. No projeto um foi possível
levantar os esforços de momento fletor e deslocamento vertical através dos métodos
de viga e grelha sobre base elástica, também foi apresentado o dimensionamento a
flexão e a punção de acordo com a ABNT NBR 6118:2014.

O método de viga sobre base elástica foi verificado de duas maneiras distintas, através
dos modos analítico (Hetényi) e simplificado (Ftool), assim sendo, ambos os
resultados convergiram e desta forma o modo analítico acabou validando os
resultados obtidos no simplificado, o que provoca uma economia de processamento
bastante considerável, uma vez que o método analítico possui uma formulação
bastante complexa.

Em relação a análise pelo método da grelha sobre base elástica (Eberick) é possível
levantar alguns pontos, em um primeiro momento pode-se dizer que o tamanho da
malha está limitado pelas dimensões mínimas dos pilares, o que implica em picos de
tesão excessivos, os quais não tentem a representar a realidade. Buscou-se contornar
esta situação fazendo uma média dos valores adjacentes ao ponto de interesse.

Ao comparar ambos os métodos, foi possível perceber que no pórtico 2 os momentos


gerados pelo método da grelha sobre base elástica apresentam valores reduzidos em
praticamente todos os pontos analisados, para a faixa interna a média de redução foi
de 27% enquanto na faixa externa a redução ficou na ordem de 10%.

Já os pórticos 1 e 3 exibem pequenas variações de comportamento, onde os


momentos positivos mostraram-se maiores no método da viga elástica enquanto os
momentos negativos apresentam valores superiores no método da viga elástica,
porém é possível observar que os pontos em que recebem o carregamento a variação
ficou em torno de 12 % para as faixas internas e 6% para externas, os maiores
contraste se observaram entre os carregamentos, com diferenças de até 170%.

É importante salientar que as diferenças numéricas entre os métodos estudados se


devem as características de cada método, pois, embora estes apresentem resultados
diferenciados, ambos demonstram o mesmo comportamento e acabam se validando.
72

O dimensionamento a flexão de forma manual foi realizado de forma análoga ao


dimensionamento de vigas e lajes unidirecionais, perante o fato da robustez da peça
diante aos baixos esforços de momento fletor, a área de aço calculada foi
relativamente pequena.

No entanto, a mesma foi substituída pela armadura mínima, a qual acabou dando ao
dimensionamento do Eberick uma maior economia, sendo está de 20% para a
armadura principal e 33% para armadura secundária, mesmo levando em conta que
o dimensionamento tenha sido realizado através do maior valor de momento fletor da
grelha.

A verificação a punção tanto no método manual quanto no Eberick é igual para a


superfície C, todavia, para a superfície C’ caso o software não consiga fazer o
contorno total da superfície, a verificação pode sofrer alterações, ou seja, esta pode
ser considerada como pilar de canto ou de borda.

No projeto dois, buscou-se verificar a viabilidade de troca de uma fundação em


sapatas de um projeto real por um Radier, o intuito era buscar a menor dimensão
possível e comparar o consumo de materiais entre ambas as soluções de fundação.

Embora a ferramenta de edição de grelhas do Eberick tenha permitido realizar uma


uniformização dos esforços, a qual resultou em uma redução de aproximadamente
50% dos picos de momento fletor, ainda assim, não foi viável a substituição do sistema
de fundação.

Sabe-se que ao aumentar a seção de concreto consequentemente diminui-se a área


de aço, no entanto, devido a grande diferença no consumo de materiais, percebeu-se
que não faria sentido buscar a seção ideal, pois, a concepção estrutural desta
edificação não é favorável para o tipo de fundação sugerido.

Acredita-se que se apenas alguns pilares, ou seja, os mais carregados, fossem melhor
distribuídos sobre o Radier, afim de se obter tensões mais uniformes, este poderia se
tornar mais competitivo, outro fator que poderia favorecer a troca do sistema de
fundação seria uma capacidade de suporte do solo menor.

Como sugestão para trabalhos futuros ficam: desenvolver uma correlação entre os
sistemas de sondagem mais utilizados e o modulo de reação vertical para a região do
73

vale do Itajaí; verificar a viabilidade de troca de fundação para um novo projeto e


refazer a concepção estrutural deste; comparar o dimensionamento do Radier a partir
da ABNT NBR 6118:2014 e outras normas internacionais; redimensionar o projeto 2
em concreto protendido e verificar a sua viabilidade.
74

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