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Na calúnia, o autor do delito atribui ao ofendido uma conduta que é definida na lei como
criminosa. Por exemplo, João, sabendo ser falsa a afirmação, diz que Carla, servidora pública,
recebeu dinheiro para acelerar o andamento de um requerimento administrativo. Existe calúnia
nesse caso, porque a conduta atribuída por João corresponde ao crime de corrupção passiva.
Na difamação, o agente atribui ao ofendido uma conduta ofensiva à reputação, mas que não
corresponde a crime (pois, nesse caso, seria calúnia). Na injúria, o agente ofende a dignidade ou
o decoro do ofendido por qualquer meio. Ocorre, por exemplo, se Júlia se dirige a Luís e o chama
de “desonesto, sem vergonha”. Os tribunais brasileiros costumam entender que não ocorre
crime contra a honra quando pessoas trocam ofensas durante discussão (é o que se chama de
retorsão imediata), mas isso também dependerá do exame das circunstâncias.
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Segundo o Vocabulário jurídico de Silva: Imunidade – do latim immunitas (isenção, dispensa),
entende-se o privilégio outorgado a alguém, para que se livre ou se isente de certas imposições
legais, em virtude de que não é obrigado a fazer ou cumprir certo encargo ou certa obrigação,
determinada em caráter geral. Em princípio, é atribuída a certas pessoas, em face de funções
públicas exercidas (parlamentares, congressistas, diplomatas). E, por ela, é assegurada às
mesmas uma soma de regalias e prerrogativas excepcionais em relação às demais pessoas. A
imunidade coloca às pessoas, a quem se atribuem semelhantes prerrogativas ou regalias,
proteção especial. (In: GOMES, Enéias Xavier. Da Crítica de Hans Kelsen às Imunidades
Parlamentares. Disponível em:
https://aplicacao.mpmg.mp.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/1132/R%2520DJ%2520crit
ica%2520Kelsiana%2520-%2520Eneias%2520Xavier.pdf%3Fsequence%3D1+&cd=9&hl=pt-
BR&ct=clnk&gl=br Acesso em 09.5.2018).
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Esclarece Lopes-Moreno que atendendo à raiz etimológica da palavra, percebe-se que
presunção segundo o Dicionário da Real Academia, vem da palavra latina praesumptio, assim
como esta deriva do particípio praesumptum, do verbo praesumo, composto da preposição prae
e do verbo sumo, que significa literalmente, tomar antes. Já Valentin Silva Melero aduz que o
termo latino presumere originariamente dá a entender um movimento corporal e, em muitas
passagens da literatura jurídica clássica ou moderna, vem acompanhado da reprovação de
ilicitude e atrevimento que implica em apoderar-se de algo. Só para recordar, o usurpador Juan
que depois da morte do Imperador Honório subiu ao poder, recebeu o epiteto de Preasumptor.
(In: MALUF, Carlos Alberto Dabus. As Presunções na Teoria da Prova. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67011/69621
Acesso em 09.5.2018).
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Em que pese que boa parte da doutrina alegue que os dispositivos legais que autorizam a
condução coercitiva pela autoridade policial não foram recepcionadas pela atual Constituição
brasileira. Argumentam, alguns, que o CPP advém antes do texto constitucional vigente. E,
assim, retratam, pois, a condução coercitiva do investigado como modalidade de prisão. E, nesse
sentido há forte entendimento que fundamenta a impossibilidade da condução coercitiva pela
autoridade policial. E, no cenário constitucional brasileiro vigente, somente o juiz poderia
determina a condução coercitiva, ainda que seja em sede de inquérito policial. Assim, sob os
argumentos do nobre processualista Guilherme Nucci, a autoridade policial jamais poderia
expedir mandado de condução coercitiva (modalidade de prisão) com base nos termos do artigo
5º, inciso LXI, da CF/1988. A finalidade da condução coercitiva é determinar que os submetidos
a esta medida colaborem com a Polícia Judiciária e a Justiça. Daí a clareza da total
incompatibilidade com o objeto, meios, objetivos e motivo da prisão. Por ter uma finalidade de
segregação é que a prisão somente poderá ser decretada pelo juiz competente, considerando-
se que sua aplicação é norma a ser utilizada em casos excepcionais, consequentemente,
revestida de uma série de requisitos que em nada se coadunam com a condução coercitiva.
(In:TARCHA, Patrícia Rosana Magalhães. As novas perspectivas da condução coercitiva e a
polícia judiciária. Disponível em: https://patriciatarcha.jusbrasil.com.br/artigos/121944123/as
novas-perspectivas-da-conducao-coercitiva-e-a-policia-judiciaria Acesso em 09.5.2018).
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Coautor ou partícipe: havendo coautor ou partícipe no fato imputado a parlamentar, eventual sustação
do processo em relação a este não alcança o coautor ou partícipe. A Súmula 245 do STF (que diz que a
imunidade parlamentar não se estende ao corréu) só tem valor hoje para a imunidade processual
(exemplo: particular que ajuda deputado a cometer corrupção. Quanto ao parlamentar pode haver – em
tese – sustação do processo; mas essa sustação não alcança o coautor ou partícipe). (In: GOMES, Luís
Flávio; BIACHINI, Alice. Das imunidades e prerrogativas dos parlamentares. Disponível em:
https://professoraalice.jusbrasil.com.br/artigos/315644894/das-imunidades-e-prerrogativas-dos
parlamentares Acesso em 9.5.2018).
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O decoro parlamentar é a conduta individual exemplar que se espera que seja adotada por
políticos na qualidade de representantes eleitos de seu povo. Está descrito no regimento interno
de cada Casa Legislativa. No atual texto constitucional brasileiro, está previsto no artigo 55,
parágrafo primeiro. O que fere o decoro parlamentar são, a saber: o uso de expressões que
configuram crime contra a honra ou que incentivem sua prática; o abuso de poder; recebimento
de vantagens indevidas; prática de ato irregular grave no desempenho de suas funções
parlamentares; revelação de conteúdo de debates considerados secretos pela Assembleia
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É que o princípio da improcessabilidade de que tratava a norma constitucional anterior foi
substituído pelo da processabilidade. Os parlamentares, portanto, poderão sofrer processo
penal independentemente de qualquer deliberação prévia da Casa Legislativa respectiva. Com
a inovação da EC 35/2001, nesse tema, permite que a Casa respectiva, por maioria absoluta e,
por iniciativa de partido político suste, a qualquer momento, após o recebimento da denúncia,
o processo-crime, até a decisão final. (In: HORTA, Raul Machado. Imunidades parlamentares.
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Disponível em:
https://aplicacao.mpmg.mp.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/1132/R%20DJ%20critica%
20Kelsiana%20-%20Eneias%20Xavier.pdf?sequence=1. Acesso em 09.5.2018).
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Segundo Kelsen, o princípio da liberdade que é dominante no parlamentarismo, apresentava-
se em dupla combinação, a saber: princípio da maioria caracterizado pela renúncia à exigência
da unanimidade de votos na criação da vontade coletiva e, a vontade indireta, segundo a qual a
vontade estatal não é emanação direta do povo, mas de um parlamento. Enfim, para superar o
impasse paradoxal, criou-se com a revolução francesa de 1789, a ficção da representação,
enxergando o Parlamento como representante do povo, legitimando-o do ponto de vista da
soberania popular.
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STF eliminou o foro especial para ex-autoridades: depois de cancelada a Súmula 394 do STF, o
legislador ordinário, numa espécie de reação, aprovou a Lei 10.628/2002. Mas essa lei foi julgada
inconstitucional pelo STF (ADIns 2.797 e 2.860). O foro especial, desse modo, só vale enquanto
a autoridade exerce suas funções. Ex-autoridade não conta com o foro especial por prerrogativa
de função. Cessadas as funções, cessa o foro especial por prerrogativa de função.
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Relativamente aos crimes que atingem a honra objetiva, faz-se possível o exercício da exceção
da verdade, consistente possibilidade jurídica dada ao querelado de provar que o fato que
imputara a outrem é verdadeiro. De tal sorte, no crime de calúnia, provando o agente a
veracidade do alegado (pelo instituto da exceção da verdade), faz-se desparecer o elemento da
calúnia, observadas, todavia, quanto à possibilidade jurídica, as exceções constantes nos incisos
do § 3º do artigo 138 do Código Penal. Quais sejam: I - Se, constituindo o fato imputado crime
de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - Se o fato é imputado
a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - Se do crime imputado, embora de ação
pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
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Contudo, com o advento da Lei nº 10.826/03, conhecido como “Estatuto do Desarmamento”,
tais dispositivos foram derrogados no que diz respeito às armas de fogo. Isso porque o referido
diploma legal tipifica tais condutas, cominando penas bem mais severas ao uso indevido de arma
de fogo do que as previstas no Decreto-Lei nº 3.688/41. Nesse sentido, cumpre registrar as
atuais sanções legais previstas pelo legislador para quem comete os crimes referentes a armas
de fogo: a) Posse irregular de arma de fogo de uso permitido – detenção, de um a três anos, e
multa; b) Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua
posse ou que seja de sua propriedade - detenção, de um a dois anos, e multa; c) Porte ilegal de
arma de fogo de uso permitido – reclusão, de dois a quatro anos, e multa; d) Disparo de arma
de fogo - reclusão, de dois a quatro anos, e multa; e) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de
uso restrito – reclusão, de três a seis anos, e multa; f) Comércio ilegal de arma de fogo – reclusão,
de quatro a oito anos, e multa. Percebe-se que, além do endurecimento das penas cominadas
para infrações penais referentes a armas de fogo, o estado passou a se preocupar muito mais
com o porte e a posse de arma de fogo por parte de população, já que tais direitos foram
restringidos significativamente. (In: MAUS, Victor. A APLICABILIDADE DA LEI DAS
CONTRAVENÇÕES PENAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO CONTEMPORÂNEO. Disponível em:
https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/1662/1/Victor%20Maus.pdf Acesso em
09.5.2018).
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DECISÃO: STF – “Nos limites da circunscrição do município e havendo pertinência com o
exercício do mandato, garante-se a imunidade do vereador”. Esta tese foi assentada pelo
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), na sessão desta quarta-feira (25), ao dar
provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 600063, com repercussão geral reconhecida. Os
ministros entenderam que, ainda que ofensivas, as palavras proferidas por vereador no exercício
do mandato, dentro da circunscrição do município, estão garantidas pela imunidade
parlamentar conferida pela Constituição Federal, que assegura ao próprio Poder Legislativo a
aplicação de sanções por eventuais abusos. (In: PEREIRA, Clóvis Brasil. Vereador Tem Imunidade
Parlamentar: STF garante imunidade de vereador no exercício do mandato. Disponível em:
http://www.prolegis.com.br/vereador-tem-imunidade-parlamentar-stf-garante-imunidade-de-
vereador-no-exercicio-do-mandato/ Acesso em 09.5.2018)
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O estado de sítio é um instrumento burocrático e político sobre o qual o chefe de Estado –
que, no Brasil, é o(a) Presidente da República – suspende por um período temporário a atuação
dos poderes legislativo (deputados e senadores) e judiciário. Trata-se de um recurso
emergencial que não pode ser utilizado para fins pessoais ou de disputa pelo poder, mas apenas
para agilizar as ações governamentais em períodos de grande urgência e necessidade de
eficiência do Estado. A forma como o estado de sítio funciona depende muito da legislação
constitucional que cada país possui. No Brasil e na maioria dos países, o estado de sítio possui
uma duração muito limitada – aqui, de 30 dias – e só pode ser estendido em casos de guerra,
tendo duração enquanto essa perdurar ou manter-se plenamente ativa. Na Constituição Federal
(CF/1988), o funcionamento do estado de sítio está fundamentado nos artigos 137 a 141.