Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estado).
DOS FATOS.
Ocorre Excelência, que a Requerente saiu do procedimento com várias dores, tendo que que
ficar 30 dias de máscara e vivendo apenas com liquido, situação que complicou sobremaneira
sua vida como profissional na área de manicure e de dona de casa.
Com isso, a Requerente ficou do começo do ano de (ano) até (data) (data da 1º visita que a
Requerente pediu a devolução do dinheiro), sendo que na mesmo em data, logo após o
procedimento, a Requerente já havia feito uma série de reclamações junto à Requerida. Então
na data de (data), após várias reclamações, a Requerente pediu a devolução da quantia paga,
tendo a Requerida informado à Requerente que esta teria que tirar os pinos que foram
introduzidos na cirurgia para fazer prova da devolução da quantia.
Ocorre que mesmo diante das dores e do sofrimento da Requerente persistirem, a Requerida
disse que a Requerente devia retirar todos os pinos a fim de que conseguisse ter a devolução
da quantia paga, sendo que a Requerente com receio da Requerida, e como já dito
anteriormente, teve que se submeter ao tratamento de sobremento de seios (enxerto) na
outra clínica, sendo que tal procedimento, a Requerente teve que um custo total de R$ XXXXX,
para reparar o procedimento da Requerida que colocou pinos tortos e para se ver livre das
dores e dos problemas estéticos que o procedimento indevido da Requerida lhe causou.
Com isso, a Requerente ficou de (data) até (data) com graves problemas, sendo que, repito,
somente depois de (data do procedimento reparatório na outra clínica) foi que a Requerente
teve sua situação amenizada, sendo que, até os dias atuais, mesmo depois de reclamação feita
junto ao PROCON (doc anexo), a Requerente não teve seus danos reparados pela Requerida,
situação que não deixou outra solução a esta senão a de ingressar com a presente ação.
Do Direito.
Pois bem, feitas as breves justificativas acerca da existência dos Danos Materiais, fica certo que
mesmo após a Requerente consultar os profissionais da Requerida, e respeitar todas
recomendações indicadas para o caso em tela, esta foi submetida a tratamento que lhe causou
graves danos, que demonstram a existência dos Danos Morais e dos Danos Estéticos.
Os danos à saúde da Requerente são nítidos, posto que esta, teve tanto sua condição de
saúde, bem como sua condição estética agravada após o tratamento errôneo a que a
Requerida submeteu a Requerente, sendo que tal situação se agrava, posto que a Requerida
nunca deu resposta plausível acerca da problemática da Requerente.
Pois bem, de acordo com o exposto é nítida a responsabilidade da Requerida aos danos
acarretados à Requerente, posto que agora à luz da melhor doutrina de defesa do
Consumidor, verifica-se que o serviço colocado no mercado de consumo pela Requerida
apresentou graves Defeitos; isso sem falar no dever de informação clara e objetiva, o qual se
mostra prestado de forma equivocada, posto que a Requerida garantiu à Requerente que
referido tratamento seria de carga rápida, situação que inexistiu no presente contexto.
Para melhor embasamento jurídico do acima explanado, mister se faz a citação literal da lei
8.078/90, em especial no seu art. 6º, I e III, que, respectivamente, diz:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os
riscos que apresentam;” (grifos nosso).
De acordo com a redação legal, acima transcrita, fica evidente que o legislador deu máxima
proteção à saúde, dizendo de forma clara que os produtos/serviços colocados no mercado de
consumo, a exemplo do prestado pela Requerida, não acarretarão riscos à saúde, como os
ocorridos à saúde da Requerente; entretanto, o legislador abriu exceção, dizendo que serão
permitidos no mercado de consumo apenas aqueles produtos/serviços que apresentarem
riscos normais e previsíveis, sendo que mesmo no caso dessa exceção ficará o fornecedor
(Requerida) obrigado a dar as informações necessárias e adequadas referentes aos riscos.
Ante o comentário legal, fica exposto, mais uma vez, a violação da lei pela Requerida, pois,
repito, em momento algum o serviço prestado por esta foi apresentado que o seu uso poderia
acarretar em problemas para a saúde da Requerente, sendo que, novamente, para demonstrar
o quanto tais problemas extrapolam o limite do razoável, basta verificar o RAIO-X que
demonstra a introdução dos Pinos, totalmente, tortos.
Continuando no mesmo capítulo da lei 8.078/90 é que seu artigo 9º na mesma linha de
raciocínio expôs:
Nota-se que aqui, o legislador além de reforçar a tese do art. 8º, foi além; pois, aqui, no art. 9º,
reforçou a ideia de informação clara e objetiva para os produtos potencialmente nocivos ou
perigosos à saúde, sendo que se tal serviço posto no mercado pela Requerida apresentasse
algum potencial de periculosidade, deveria a Requerida dar tal informação à Requerente de
forma ostensiva, situação que inexiste no caso em apreço.
Por fim, corroborando ainda mais a tese de ilegalidade praticada pela Requerida, e que trouxe
prejuízos irremediáveis para a Requerente, é que o art. 10, e parágrafos, da lei 8.078/90,
disciplinou o seguinte:
“Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que
sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança.
Como acima citado, a Cláusula Pétrea Constitucional (art. 5º, XXXII) é uma norma de eficácia
limitada, conforme melhor doutrina, ou seja, para que seja aplicada, depende de lei
infraconstitucional, ocorre que a lei 8078/90, que veio a dar aplicabilidade concreto ao
assunto, existe desde a década de 90, e, portanto, trouxe todos os dispositivos aptos a
promover a defesa do consumidor, sendo assim, conclui-se que qualquer violação a regras
dispostas no Código de Defesa do Consumidor, indubitavelmente, estará acarretando em total
violação ao preceito constitucional acima mencionado.
O Diploma legal acima citado, em seu art. 2º, define como sendo consumidor toda a pessoa
física que adquire ou utiliza produto ou serviço, e, ainda, por equiparação toda a coletividade
de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo, essa é a
dicção do parágrafo único, do art. 2º do CDC. Sendo assim, fica nítida a condição de
consumidora da Requerente.
Do outro lado da cadeia consumerista, está a Requerida, como fornecedora, pois o art. 3º do
Código de Defesa do Consumidor, define que:
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços”. (grifos nosso).
De acordo com a regra acima, fica certo que a Requerida enquadra-se perfeitamente na
condição de fornecedora; enfim, a Requerida pratica, sem sombra alguma de dúvidas, um dos
verbos descritos no art. 3º do Código de Defesa do Consumidor, com isso, fica clara a sua
legitimidade para figurar no pólo passivo da presente demanda.
Ainda com relação ao enquadramento da Requerida no pólo passivo, é que o art. 12 da lei
8.078/90 definiu a responsabilidade objetiva, e a exemplo do caso concreto, tanto do
fabricante, bem como do importador pelos danos causados aos consumidores, assim como
pelas informações insuficientes. O § 1º, do dispositivo elencado nesse parágrafo, ainda definiu
claramente o que vem a ser produto defeituoso, demonstrando, segundo esta definição, que o
produto/serviço da Requerida encaixa-se perfeitamente nesta definição.
Pois bem, voltando ao cerne do tema, agora à luz do art. 4º, da lei 8.078/90, é que o mesmo,
em perfeita harmonia com a Constituição, diz:
“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.
Em análise ao dispositivo supramencionado, agora, mister se faz a análise do art. 6º, já citado
outrora, só que agora observando o seguinte:
I – [...];
II – [...];
III – [...];
IV – [...]
V – [...];
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
VII – [...];
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.” (grifo nosso).
Pois bem, em análise especial ao inciso VI, do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor,
verifica-se a clara violação do dispositivo por parte da Requerida, pois como demonstrado
acima, esta causou à Requerente uma série de danos, e, portanto, conforme exigência legal,
deve fazer a reparação dos mesmos, sob pena de violação não só da norma consumerista,
mas, também, de normas Constitucionais, e normas previstas no Código Civil.
No que tange a regra elencada no art. 6º, VIII, que disciplina a Inversão do Ônus da Prova,
verifica-se que tal instituto deve ser totalmente observado no presente contexto, haja vista
que a lei trouxe tal regramento como mecanismo hábil para a facilitação da defesa dos direitos
do Consumidor. Com base em tal afirmação, consubstanciada no dispositivo legal acima citado,
surge a seguinte indagação: por qual motivo o legislador criou o instituto da Inversão do Ônus
da Prova?
Acerca da Indagação feita no parágrafo anterior, é que, a nosso ver, com o devido respeito,
verifica-se que o órgão legiferante criou tal mecanismo justamente para buscar em um litígio,
que as partes visivelmente diferentes, ficassem, processualmente, situação de igualdade, e,
portanto, fazendo prevalecer o princípio da Isonomia.
Tal conclusão feita no parágrafo anterior é feita em cima do fato da posição evidente de
vulnerabilidade que encontra a Requerente em relação à Requerida, pois está ao contrário
daquela é fornecedora que detém superioridade econômica, técnica, e etc.; já a Requerente,
como dito, é a parte hipossuficiente, pois não detém os mesmos recursos que a Requerida,
sendo, portanto, imprescindível que seja determinada a inversão do ônus da prova.
Sendo assim, se o legislador não tivesse criado o Instituto da Inversão do ônus da Prova as
demandas propostas pelo Consumidor, com certeza não prosperariam, pois o mecanismo da
Inversão é o único instrumento processual hábil que coloca os demandantes (Consumidor X
Fornecedor) em igualdade de condições, pois o detentor de maior poder econômico, técnico,
pode com certeza produzir numero maior de provas para que a verdade real transpareça.
Dos Pedidos.
Seja a Requerida condenada em Danos Morais, com a agravante dos Danos Estéticos, a favor
da Requerente em R$ XXXXX, conforme exposto acima;
Protesta pela observância do art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, qual seja que
Vossa Excelência determine a Inversão do ônus da Prova ante a hipossuficiência da
Requerente;
A condenação da Requerida em 20% (vinte por cento) sobre o valor das condenações a título
de honorários de sucumbência;
Protesta por todos os meios de provas em direito admitidas, em especial prova testemunhal e
pericial, oitiva dos representantes que fizeram o procedimento na Requerente, bem como
depoimento pessoal da Requerente, juntada posterior de novos documentos, e no momento
oportuno, se assim entender Vossa Excelência, apresentação em juízo de material para a
realização de eventual pericia;
Nestes termos;
Pede Deferimento.
(Local, data)