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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: DIRETRIZES, DEBATES E REFLEXÕES NA PRÁTICA


DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL1

DÉBORA SHIRLEY PAULO DA SILVA PIMENTEL2


RODRIGO OTÁVIO FREIRE DE MELO3

RESUMO

O objetivo deste artigo é refletir sobre a importância da educação ambiental (E.A) no


contexto social, educativo e ambiental pautada na prática do desenvolvimento
sustentável (D.S), tendo como foco a discussão e a construção do conhecimento
difuso e interdisciplinar entre crianças, jovens e adultos. Serão apresentados os
mais importantes eventos em escala mundial onde os alvos foram a concepção da
E.A e o D.S e os intensos debates acerca de uma nova reforma intergovernamental
em termos de filosofia, ideologia e prática por parte das nações participantes. Em
um segundo momento, haverá o desenvolvimento e debate sobre opiniões, saberes
e preocupações sobre os dois assuntos, a E.A e o D.S. Ao longo do artigo serão
apresentados diferentes opiniões a respeito do assunto em questão e de questões
relativas ao desenvolvimento econômico e sua relação com a gestão ambiental e
meio ambiente.

Palavras-chaves: Educação ambiental, Desenvolvimento sustentável, Sociedade,


Cidadania.

1
Artigo apresentado à Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Pós-Graduada no MBA em Gestão Ambiental Empresarial.
2
Pós-graduanda em Gestão Ambiental Empresarial pela Universidade Potiguar – UnP,
debora.shirley@hotmail.com
3
Orientador. Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFRN – rodrigomelo10@gmail.com
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INTRODUÇÃO

O interesse pelo assunto, Educação Ambiental ou (E.A) apesar de recente, foi


sempre pautado de importância e de interesse geral, seja na esfera acadêmica ou
educacional propriamente dita ou em esferas de cunho social, político e econômico.
Para esses dois últimos, um tema necessário nos processos de negociação e nos
debates envolvendo o Desenvolvimento Sustentável, (D.S) e conscientização e
sensibilização das mais diversas camadas da sociedade, mercado ou origem
político-diplomática. Nas ultimas décadas, a discussão sobre o conceito e gestão da
(E.A), vem crescendo em todos os sentidos, baseada na necessidade de mudança
ideológica, filosófica e prática de ações de cunho educativo necessárias à mudanças
nos padrões e modo de vida e produção, haja visto o aumento do consumo,
diminuição dos recursos naturais e mudança de habito da população ao longo do
tempo, sendo esse último item, um dos mais relevantes para o desenvolvimento de
crianças, jovens e adultos, bem como de toda a sociedade envolvida no que se
chama hoje de Desenvolvimento Econômico Sustentado.
A mudança de conhecimento, habilidades humanas, atitudes e
comportamentos ou até mesmo a mudança na forma de gerir os recursos visando
maior produção, denotam mudanças em toda a sociedade para uma gestão mais
saudável e participativa da população com vistas às soluções palpáveis e reais
fornecendo novos rumos, novas formas de gestão e reestruturação e uma maior e
melhor compreensão dos fatores socioambientais vigentes, através da Educação
Ambiental e estabelecendo a conexão entre justiça socioambiental, diminuição das
desigualdades e transformação social e econômica. É através da inserção e do
desenvolvimento de uma consciência ecológica no educando e incorporando nessa
reflexão, categorias de análise, como empregabilidade, sociedade, educação,
mercados, políticas sociais entre outros que a (E.A) expõe as contradições das
diferentes sociedades e viabilizando um novo despertar para o desenvolvimento e
crescimento econômico.
A necessidade de debates, conferências, reuniões, pesquisas, e outros
caminhos para a discussão da (E.A) é consequência das mudanças em todo o
mundo do modelo econômico e dos interesses nacionais e internacionais nos mais
variados sistemas de produção e nas mais variadas formas de trabalho e renda
passando também pela mudança cultural, social e econômica de nações do eixo sul,
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ditas como subdesenvolvidas em um primeiro momento e em desenvolvimento em


um segundo momento a partir da globalização e crescimento dessas nações no
cenário mundial. A participação de nações como o Brasil em fóruns internacionais e
a mudança do paradigma ambiental nas ultimas duas décadas contribuíram para a
inserção e enraizamento da (E.A) nas Instituições de Ensino básico, fundamental, e
superior e da difusão de políticas públicas e engajamento de organizações privadas
no processo ensino aprendizagem, seja através de iniciativas corporativas de
Responsabilidade socioambiental ou por meio do exercício de cidadania e inclusão
dessa nova disciplina tanto na vida estudantil como na vida em sociedade da
população.
A (E.A) se faz presente em todo o mundo seja em países desenvolvidos, em
desenvolvimento, instituições de Ensino publico ou privado ou em qualquer esfera
ou nível social. Todas as camadas da sociedade, em qualquer pais do mundo estão
familiarizadas com o desenvolvimento da (E.A) no crescimento e educação
tradicional do cidadão.
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1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Ao longo das décadas, mais precisamente a partir da década de 1970 quando


se deu a primeira Conferência sobre o Meio Ambiente, a Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente Humano, CNUMAH, em 1972, o mundo se viu
envolvido com as questões ambientais e humanas com uma ênfase maior. Três
anos depois, já no final de 1975, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), realizou em Belgrado, o encontro
Internacional de Educação Ambiental, produzindo a Carta de Belgrado, chamando a
atenção mundial para necessidade de uma nova ética ambiental. No documento se
definiu que a Educação Ambiental deveria ser multidisciplinar, continuada e
integrada às diferenças regionais, sociais com vistas aos interesses nacionais, tendo
como meta da educação ambiental, o desenvolvimento de um cidadão consciente
sobre as questões ambientais, além de adquirir através da (E.A), conhecimentos,
atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individualmente e
coletivamente em busca de soluções para os problemas atuais e futuros. Logo mais,
no ano de 1977 em Tbilisi, foi realizada a Conferência Intergovernamental de
Educação Ambiental, tratando conceitos, efeitos, atitudes e novos modelos de
educação com foco no desenvolvimento amplo do aprendiz e cidadão do mundo. No
evento a (E.A) foi colocada não apenas como uma matéria suplementar que se
soma aos programas existentes, mas como uma matéria ampla de crucial
importância interdisciplinar junto à cooperação entre as disciplinas tradicionais,
indispensável para uma percepção da complexidade dos problemas do meio
ambiente.
A ascensão da consciência sobre problemas ambientais, como a poluição, a
diminuição do uso e dos efeitos de pesticidas e crescimento populacional, tornaram-
se necessárias por sensibilizar os cidadãos e os países ditos ricos e, na época da
conferência, quanto à importância do meio ambiente e sua responsabilidade na
busca de soluções para os problemas ambientais, através da prática educativa e do
diálogo diplomático entre as nações.
Questões de cunho político, filosófico e, naquele momento, de cunho
educativo-ambiental e social foram dialogadas, negociadas e pautadas de mais
importância pelos interessados e participantes em função da necessidade extrema
de mudança nos valores sociais, ambientais e econômicos para a melhoria de
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qualidade de vida da população em detrimento de problemas ambientais. Nestes


termos vê-se a Educação Ambiental como ferramenta de desenvolvimento de
consciência socioambiental da população mundial para com o meio ambiente, modo
de vida, produção e consumo para uma atuação coletiva e sinérgica na busca de
soluções para os problemas e para a prevenção de novos problemas.

Os objetivos para essa nova consciência socioambiental são: Tornar os


indivíduos e grupos conscientes e sensíveis em relação ao meio ambiente e
aos problemas ambientais; Proporcionar conhecimentos sobre o meio
ambiente, principalmente quanto às influências do ser humano e de suas
atividades; Fomentar valores e sentimentos que motivem as pessoas e
grupos a se tornarem participantes ativos na defesa do meio ambiente e na
busca de soluções para os problemas ambientais; Gerar as habilidades que
uma participação ativa requer; Oferecer condições para avaliar as medidas
tomadas em relação ao meio ambiente e aos programas de educação
ambiental e Promover o senso de responsabilidade e de urgência com
respeito às questões ambientais que estimule as ações voltadas para
resolvê-las. (BARBIERI, 2007, p.88).

A educação ambiental assume importância significativa na formação do


cidadão, tornando-se uma ferramenta imprescindível para discutir informações e
dados sobre como atuar de forma responsável perante o ambiente e como essas
ações podem refletir na sociedade. A educação ambiental tornou-se assim, um
modelo de gestão, bem como uma estratégia educacional por definição, incluindo
novas estratégias e novas perspectivas por meio de uma metodologia de
aprendizado difuso e integrador para os conhecimentos e valores ambientais. Em
outras palavras a educação ambiental, adquire um sentido estratégico na condução
do processo de transição para uma sociedade sustentável, incorporando novos
valores e sentidos aos processos de trabalho e fomenta processos emancipadores
que redefinem a qualidade de vida da população e o significado da existência
humana. Para Leff (2009, p.250 / 251),

A educação ambiental tenta articular subjetivamente o educando a


produção de conhecimentos e vinculá-los aos sentidos do saber. Isto
implica fomentar o pensamento crítico, reflexivo e propositivo face às
condutas automatizadas, próprias do pragmatismo e do utilitarismo da
sociedade atual e trata-se de um processo histórico que exige o
compromisso do Estado e da cidadania para elaborar projetos nacionais,
regionais e locais, onde a educação se defina através de um critério de
sustentabilidade que corresponda ao potencial.

A (E.A) não só poderia como deveria ser praticada com compromisso social,
já que a mesma é capaz de contribuir com a mudança do quadro das desigualdades
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sociais e econômicas em países desenvolvidos e nos ditos países do eixo sul,


classificados como países em desenvolvimento onde uma política de inclusão social
e de educação ambiental é imprescindível para o desenvolvimento humano e
cidadão tanto da atual como de futuras gerações. Como complementam Loureiro,
Layrargues & Castro, (2009, p. 28 / 29), (...) E o Brasil, como um dos países mais
desiguais do mundo, tem essa questão como um contexto estruturante para a
educação ambiental com compromisso social.
Vale salientar para esse novo contexto ambiental onde a (E.A) se insere que
a falta de tal conhecimento ou a prática e elementos novos baseados nessa nova
concepção não são fatores primordiais para um maior ou menor desconhecimento
ou até problemas e impactos ambientais, destaca Berna (2001, p.17), “As arvores
não são derrubadas, a fauna sacrificada ou o meio ambiente poluído por
desconhecimento de nossa espécie, dos impactos dessas ações sobre a natureza”.
Loureiro, Layrargues e Castro (2009), destaca que a educação ambiental tem sido
apresentada como uma modalidade da educação preocupada com o exame de
problemas ambientais. Nesse sentido, desde a Conferência das Nações Unidas para
o Meio Ambiente Humano, CNUMAH, realizada em 1972, a (E.A) foi reconhecida
como instrumento decisivo para promover as mudanças na humanidade, com
objetivos claros de orientar e inspirar a população para uma necessária preservação
ambiental e melhoria da qualidade do ambiente. A Educação Ambiental assim, deve
promover o desenvolvimento de hábitos e atitudes sadios de conservação ambiental
e respeito à natureza, a partir do cotidiano de vida da escola e da sociedade. Dessa
forma entra em ação o a mudança nos conceitos e filosofias antigas para uma nova
consciência ambiental e assim, o surgimento de novos conceitos e modelos de
gestão voltados para o novo contexto ambiental baseado no Desenvolvimento
Sustentável. Complementando, explica Dias (2004, p.83),

(...) que a educação ambiental teria como finalidade promover a


compreensão da existência e da importância da interdependência
econômica, política, social e ecológica da sociedade; proporcionando a
todas as pessoas a possibilidade de adquirir conhecimentos, o sentido dos
valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar
a qualidade ambiental.

Como prática democrática, a educação ambiental prepara o cidadão para o


exercício da cidadania por meio da participação ativa individual e coletiva,
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considerando os processos socioeconômicos, políticos e culturais que a influenciam


como importantes no aprendizado contínuo e perpétuo para o desenvolvimento
sustentável.

2. BASES POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A velocidade e quantidade de eventos, com vistas ao processo


multidimensional da globalização, determinou uma das maiores preocupações tanto
para especialistas na área de meio ambiente e desenvolvimento como de setores da
sociedade civil como ONGs, organizações e demais interessados como os cidadãos
comuns, referentes à capacidade de suporte da terra e à viabilidade biológica da
espécie humana, exercendo pressões crescentes sobre uma mesma categoria de
recursos finitos, ou cuja velocidade de regeneração não está sendo observada. No
âmbito das políticas públicas voltadas à Educação, muitas ações são destinadas ao
meio ambiente. As questões ambientais incluem-se dentre os temas
contemporâneos que exigem uma abordagem interdisciplinar, contemplando uma
nova articulação das conexões entre as ciências naturais, sociais e exatas. Nesse
contexto fica evidente a importância do papel da Educação Ambiental no despertar
da consciência para a cidadania, pois é ela que através do seu princípio de
abordagem holística da realidade, vai levar as pessoas a reconhecer e compreender
a relação entre o seu cotidiano pessoal e a questão ambiental, com alcance muito
mais amplo.
O homem percebeu como a sua qualidade de vida e sua saúde eram afetadas
por problemas socioambientais. Nesse contexto, o ser humano repensou sobre o
modelo vigente e por hora, degradante calcado no crescimento econômico, o qual,
em todo o seu contexto marginaliza as questões socioambientais e de modo geral,
inseriu em seu cotidiano a preocupação com a conservação e a preservação da
qualidade ambiental, tornando a Educação Ambiental e o Desenvolvimento
Sustentável, temas cada vez mais importantes e presentes na vida dos cidadãos em
todos os países do mundo. Com base nos preceitos e na perspectiva das diretrizes
da Política Nacional de Educação, (Lei nº 9795/99), que coloca como um dos
objetivos fundamentais da Educação Ambiental, a necessidade do desenvolvimento
de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas
relações envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
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econômicos, científicos, culturais e éticos, a percepção crítica de muitos


especialistas e a preocupação de cidadãos e chefes de estado, vem alertando o ser
humano para a necessidade imediata de mudança de pensamento quanto ao
modelo de crescimento econômico até então adotado. Esta preocupação
materializou-se através de uma série de eventos de grande importância histórica
fundamentais para a melhoria do controle ambiental, levando ao amadurecimento
dos conceitos de Desenvolvimento Sustentável a Educação Ambiental. Por
conseguinte, segundo Serrano e Barbieri (2008), o desenvolvimento socioeconômico
e o meio ambiente são temas ubíquos nos debates acerca do desenvolvimento
sustentável, levando o conceito de meio ambiente e desenvolvimento sustentável a
esfera de mesma atuação do conceito de Educação para o Desenvolvimento
Sustentável (E.D.S.).

3. GRANDES EVENTOS SOBRE EDUCAÇAO AMBIENTAL E MEIO AMBIENTE

A partir da década de 60, diversos grupos como ambientalistas, cientistas,


pesquisadores, educadores entre outros, preocuparam-se com a educação
ambiental, gestão ambiental, poluição, desenvolvimento econômico,
desenvolvimento social, diminuição da pobreza, igualdade de direitos humanos e de
gênero. A partir da década de 1960, a discussão sobre os problemas enfrentados e
vinculados ao meio ambiente deixaram o domínio das relações emocionais. Isto é,
da visão apenas dos “alternativos” ambientalistas, e tornou-se tema para diversas
nações, muitas das quais, comprometidas pela industrialização, e preocupadas com
problemas ambientais e sociais, ainda, naquela época, em escala local. Em 1968, na
Grã-Bretanha, surgiu o Conselho para Educação Ambiental e na mesma época, na
França e países nórdicos surgiram normas, deliberações e recomendações, que
diziam respeito à introdução da Educação Ambiental no currículo escolar.
Paralelamente a essas preocupações, empresas e nações poluem e exploram
o meio ambiente, sem a devida reposição, aumentando o desperdício de energia e
de materiais em nome do capitalismo e do mercado. Tal situação já apontava sinais
de graves desequilíbrios advindos dessa expansão industrial e comercial. No bojo da
análise histórica, a vertente da conscientização ambiental nos fins da década de 60
somada ao choque do petróleo foi fundamental para a inserção das questões
relacionadas aos recursos naturais, à energia e ao ambiente em geral. Na ótica do
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desenvolvimento, no final da década de 60 e no início dos anos 70, iniciavam-se


reflexões e os questionamentos correlacionando crescimento econômico e meio
ambiente.
Nos anos 70, de acordo com Romeiro, Reydon e Leonardi (1999), o
“ambiente”, termo usado então, passou a fazer parte da agenda mundial, na esfera
da crise econômica instalada na maioria das nações, sejam de Primeiro, Segundo
ou Terceiro Mundos. Deu-se conta, na época, que havia um novo ingrediente na
crise e tendo ligação direta com a necessidade de redução do índice de qualidade
de vida de grande parte da população mundial: Era a poluição junto com a
possibilidade de saturação dos recursos naturais, interferindo no presente e futuro
da humanidade.
É dessa época, 1970, o estudo do Clube de Roma, conhecido como “Limites
do Crescimento”, considerado alarmista e severamente criticado por diferentes
correntes de intelectuais. Em 1972, na Suécia, ocorreu a conferência de Estocolmo.
Iniciando-se, nesse período dos anos 70 e 80, a abordagem neoclássica, ganhando
espaço e coincidindo com as reivindicações da sociedade e das classes
ambientalistas pelo pagamento das externalidades dos impactos ambientais
causados pelas empresas, surgindo, então, a questão da valoração ambiental, que
busca traduzir a relação custo/benefício em termos quantificáveis.
O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), criado em
1973, reforçou a necessidade da educação e formação ambientais em todas as
atividades exercidas por organismos internacionais e, em 1975, foi lançado o
Programa Internacional de Educação Ambiental em Belgrado. Em 1977, realizou-se
em Tbilissi na Geórgia, ex-URSS, a Conferência Intergovernamental de Educação
Ambiental. Nessa Conferência e na posterior, em 1987 em Moscou, estabeleceram-
se a avaliaram-se as grandes orientações para a efetivação da educação ambiental
em todas as sociedades do planeta. A economia ecológica surge no final da década
de 80 e no início da de 90, reacendendo valores existenciais do homem na busca de
sua determinação, a percepção ecológica e a sua interdependência com as outras
ciências. Outros estudos se seguiram, novos conceitos foram formulados, inusitados
atores políticos e sociais vieram à tona, abrindo as Organizações Não-
Governamentais (ONGs), até se chegar a Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e aquela quantidade enorme de
debates, tratados, acordos e desacordos, que foram ali firmados. Todavia, após a
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transição da Rio-92, surgiu o Protocolo de Kyoto, em 1997, cujo tema era


relacionado a redução de emissão de gases que agravam o efeito estufa.

4. PROGRAMA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No ano de 1975, buscando responder às recomendações da Conferência de


Estocolmo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO), promoveu em Belgrado (Iugoslávia) um Encontro Internacional em
Educação Ambiental, criando o Programa Internacional de Educação Ambiental
(PIEA), que formulou os princípios orientadores: Promover o intercâmbio de ideias,
informações e experiências em Educação Ambiental entre as nações e regiões do
mundo; Fomentar o desenvolvimento e a coordenação de atividades de pesquisa,
para melhor compreensão dos objetivos, conteúdos e métodos da Educação
Ambiental; Favorecer o desenvolvimento e a avaliação de novos materiais,
currículos, programas e instrumentos didáticos no campo da Educação Ambiental;
Impulsionar o treinamento ou atualização de pessoal-chave para o desenvolvimento
da Educação Ambiental, tal como professores, planejadores, pesquisadores e
administradores educacionais; e Oferecer assistência técnica aos Estados Membros
no desenvolvimento de programas de Educação Ambiental.
A Conferência de Belgrado, realizada na ex-Iugoslávia em 1975 e promovida
pela UNESCO, foi produzida, por estudiosos e especialistas de 65 países a carta de
Belgrado se constitui no Documento que culminou com a formulação de princípios e
orientações para um programa internacional de E.A. e preconiza uma nova ética
planetária para promover a erradicação da pobreza, fome, analfabetismo, poluição,
exploração e dominação humanas. Censura o desenvolvimento de uma nação à
custa de outra. Sugere a criação de um programa mundial em Educação Ambiental.
(PEDRINI, 1997). Neste encontro, produziu a Carta de Belgrado, um dos mais
importantes documentos produzidos na década que chamava atenção mundial para
necessidade de uma nova ética ambiental. Nela é definido que a Educação
Ambiental deve ser multidisciplinar, continuada e integrada às diferenças regionais e
voltada para os interesses nacionais. O documento, ao tratar Gottardo (2003) apud
Tannous e Garcia (2008, p. 186), fala sobre a satisfação das necessidades e
desejos de todos os cidadãos da Terra, tais como erradicação das causas da
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pobreza, do analfabetismo, da fome, da poluição, preconizando assim a ética global


e a reforma dos processos e sistemas educacionais.
A Carta de Belgrado constitui um dos documentos mais lúcidos e importantes
gerados nesta década. Fala sobre a satisfação das necessidades e desejos de todos
os cidadãos da Terra. Propõe temas que falam que a erradicação das causas
básicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluição, a exploração e
dominação, devam ser tratados em conjunto. Nenhuma nação deve se desenvolver
as custas de outra nação, havendo necessidade de uma ética global. A reforma dos
processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa nova ética
de desenvolvimento. A juventude deve receber um novo tipo de educação que
requer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre
escolas e comunidade, entre o sistema educacional e sociedade. Finaliza com a
proposta para um programa mundial de Educação Ambiental.
A Carta de Belgrado estabeleceu como meta básica a ação ambiental em
melhoria de todas as relações ecológicas, incluindo as relações do ser humano entre
si e com os demais elementos da natureza, bem como o desenvolvimento de uma
população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente e com os
problemas associados a ele, com conhecimento, habilidade, motivação, atitude e
compromisso para atuar de forma individual e coletiva na busca por soluções para
os problemas atuais e para a prevenção de novos problemas.
A Carta de Belgrado, ainda se refere à Recomendação 96 da Conferência
sobre o Meio Ambiente Humano de Estocolmo propondo um programa mundial de
Educação Ambiental que esta contra a crise ambiental do mundo, onde está
educação ainda deverá contar com os princípios básicos incluídos na Declaração
das Nações Unidas sobre a Nova Ordem Econômica Internacional, com novos
conhecimentos e habilidades de valores e atitudes visando uma melhora ambiental
atual para uma qualidade de vida digna hoje e no futuro.

5. CNUMAD

Essa conferência ocorreu em Estocolmo, na Suécia, entre 5 e 16 de junho de


1972, onde reuniu delegações de 113 países e produziu a Declaração da ONU
sobre Ambiente Humano com vinte e seis princípios voltados, principalmente, para
preservação dos recursos naturais e para a proteção de espécies ameaçadas ou
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seja, o objetivo da conferência foi de conscientizar a sociedade a melhorar a relação


com o meio ambiente e assim atender as necessidades da população presente sem
comprometer as gerações futuras. Diante disso, a ONU decidiu então lançar
a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente. Da conferência,
foi formatado um Plano de Ação com cento e nove recomendações.
O tema discutido na Conferência de Estocolmo foi a poluição ocasionada
principalmente pelas indústrias. Os principais resultados formais do encontro
constituíram a Declaração Sobre o Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo
que expressou com convicção, que tanto as gerações presentes como as futuras,
tinham assegurado o direito fundamental à vida, num ambiente sadio e não
degradado. Foi então estabelecido um plano que buscava inspirar e dar orientações
à humanidade, para que todos juntos, pudessem preservar e melhorar o ambiente
humano. No entanto, se a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
Humano (CNUMAH), realizada em Estocolmo, em 1972, for tomada como
referencial, de acordo com Oliveira e Lessa (2006, p. 254), “pode-se concluir que o
debate internacional evoluiu muito. Contudo, entre 1990 e 2004, este não poderia
ser sustentado”.
Como resultado da Conferência de Estocolmo, neste mesmo ano, a ONU
criou um projeto denominado Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente
(PNUMA), que é responsável, ao tratar Ferreira (2010, p. 18), por analisar as ações
desenvolvidas no Brasil e no mundo sobre a proteção do meio ambiente, visando
sempre um desenvolvimento sustentável, promovendo a liderança e encorajando
parcerias no que tange ao meio ambiente e ainda inspira, forma e capacita povos e
nações a melhorarem sua qualidade de vida sem interferir na qualidade de vida das
gerações futuras. Essa conferência foi de grande importância para controlar o uso
dos recursos naturais pelo homem, e salientar que grande parte destes recursos
além de não serem renováveis, quando removidos da natureza em grandes
quantidades, deixam uma lacuna, ás vezes irreversível. A Conferência foi realizada
para atender alguns fatores que foram de grande influência na época, como por
exemplo o aumento e importância da comunidade científica, que começavam a
questionar sobre o futuro do planeta, as mudanças climáticas e sobre a quantidade e
qualidade da água; o aumento da exposição, pela mídia, de desastres ambientais
(marés negras, desaparecimento de territórios selvagens, modificações na
paisagem), gerando um maior questionamento da sociedade a cerca das causas e
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soluções para tais desastres; o crescimento desenfreado da economia, e


consequentemente das cidades, sendo que estas cresceram sem nenhum
planejamento para o futuro; e outros problemas ambientais, como chuvas-ácidas,
poluição do Mar Báltico, grandes quantidades de metais pesados e pesticidas.
A conferência de Estocolmo ainda foi marcada pelo confronto entre as
devidas perspectivas propostas por países desenvolvidos e em desenvolvimento,
onde os países desenvolvidos preocupavam-se com os efeitos da devastação
ambiental sobre a Terra, propondo um programa voltado para a conservação dos
recursos naturais e genéticos do planeta, ou seja, consideravam a ideia de medida
preventiva imediata. Por outro lado, ao tratar Machado (2006), os países em
desenvolvimento argumentavam o fato de estarem desolados pela miséria, com
problema de moradia, saneamento básico, com riscos de doenças infecciosas,
propondo assim desenvolvimento econômico rápido, devido as claras necessidades.
É possível afirmar, portanto, que a iniciativa tomada em Estocolmo veio a
estimular a realização de diversos acordos sobre questões ambientais. Apesar de
algum tempo após a Conferência, a dinâmica internacional de proteção ao meio
ambiente continuar enfraquecida, a partir de 1987 as agendas ambientalistas
retomaram o foco das atividades diplomáticas, firmando-se os princípios da
Declaração de Estocolmo, de maneira crescente, nas políticas nacionais e
internacionais de desenvolvimento, fazendo com que surja, neste contexto, o
ambientalismo como um novo movimento social. Quarenta anos depois da
Conferência de Estocolmo, os eventos internacionais sobre meio ambiente já
ocupam uma parte significativa nas agendas dos organismos de governança global.

6. CNUMAH

Nos anos 90, a Educação Ambiental atinge forte dinâmica no Brasil, durante a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1992, a Rio/92 ou Eco/92, momento em
que o Brasil recebeu cidadãos representantes de instituições de mais de 170 países
que assinaram tratados reconhecendo o papel central da educação para a
construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado,
requerendo responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e
planetário. Em 1992, realizou-se a Rio 92, que divulgou os princípios do
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desenvolvimento sustentável de modo a compatibilizar objetivos sociais de acesso


às necessidades básicas com objetivos ambientais de preservação da vitalidade e
da diversidade do planeta.
A CNUMAH representou um marco na história das relações internacionais,
uma vez que foi a primeira reunião de nível internacional a ocorrer após o fim da
guerra fria e da União Soviética. Mostrou-se extremamente importante, ao reafirmar
a sustentabilidade ambiental e ao aprovar um plano de ação concreto traduzido na
Agenda 21 - documento síntese dos compromissos acordados entre os países
signatários, no qual fica claro o desafio assumido pelos mesmos de incorporarem às
suas políticas públicas, princípios que conduzam ao desenvolvimento sustentável. A
Agenda 21 é um documento escrito em mais de 600 páginas. Trata-se de um roteiro
e um grande desafio, buscando a qualidade de vida no Planeta Terra ao longo do
século XXI. Está dividida em 40 capítulos, em que são colocadas algumas propostas
setoriais, com objetivos, métodos de ação e a previsão orçamentária. Agenda 21
endossa o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável, que combina as
aspirações compartilhadas por todos os países ao progresso econômico e material
com a necessidade de uma consciência ecológica. Segundo Dias (2009), a
conferência tratou de questões ambientais consideradas em seus amplos aspectos,
com inclusão dos temas ligados à erradicação da pobreza, melhoria das condições
de vida e de trabalho no campo e na cidade e proteção das condições de saúde.
Com todos os debates e reflexões realizados na Rio/92, alguns princípios
foram aceitos entre os membros participantes, como a Carta da Terra, escrita com a
finalidade de se tornar a declaração dos princípios estabelecidos nessa convenção.
A Carta da Terra busca inspirar todos os povos a um novo sentido de
interdependência global e responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar
de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações;
ela reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza,
desenvolvimento econômico equitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e
paz são interdependentes e indivisíveis.
Os compromissos específicos adotados pela Conferência incluem duas
convenções, uma sobre Mudança do Clima e outra sobre Biodiversidade, e também
uma Declaração sobre Florestas. Na CNUMAH, ficou acordado, então, que os
países em desenvolvimento deveriam receber apoio financeiro e tecnológico para
alcançarem outro modelo de desenvolvimento que seja sustentável, inclusive com a
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redução dos padrões de consumo — especialmente de combustíveis fósseis


(petróleo e carvão mineral). Com essa decisão, a união possível entre meio
ambiente e desenvolvimento avançou, superando os conflitos registrados nas
reuniões anteriores patrocinadas pela ONU, como na Conferência de Estocolmo, em
1972.
Também influenciou a Rio 92 o chamado Relatório Brundtland, documento de
1987 igualmente conhecido como “Nosso Futuro Comum”, que apontava para o
risco de esgotamento dos recursos naturais devido ao modelo adotado pelos países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Dez anos após a Cúpula Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável - Rio 92, as Nações Unidas novamente patrocinaram,
em agosto de 2002, uma reunião global em Johanesburg, África do Sul. A Cúpula
Mundial desse ano, batizada de Rio+10, proporcionou aos líderes mundiais uma
oportunidade histórica de um novo acordo para um mundo social, ambiental e
economicamente sustentável. Já, a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável que foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na
cidade do Rio de Janeiro, chamada de Rio+20, foi assim conhecida porque
contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas
décadas e teve dois temas principais que é voltado para a economia verde no
contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura
institucional para o desenvolvimento sustentável.

7. PROTOCOLO DE KYOTO

O Protocolo de Kyoto é um tratado internacional que tem como objetivo fazer


com que os países desenvolvidos assumissem o compromisso de reduzir a emissão
de gases que agravam o efeito estufa, para aliviar os impactos causados
pelo aquecimento global, ou seja, firmar acordos por meio de discussões
internacionais buscando o estabelecimento de metas para a redução da emissão de
gases poluentes causadores do superaquecimento do planeta Terra, com maior
ênfase aos países industrializados, e também criar formas dos países em
desenvolvimento produzirem menos impactos ao meio ambiente. Além disso, são
realizadas discussões para estabelecer metas e criar formas de desenvolvimento
que não sejam prejudiciais ao Planeta. A ideia começou em 1988 na “Toronto
Conference on the Changing Atmosphere” no Canadá, desde então houve várias
16

outras conferências sobre o Meio Ambiente e clima, até que foi discutido e
negociado a criação do Protocolo de Kyoto, no Japão, em 1997.
As metas estabeleciam em porcentagem, a redução de gases entre os anos
de 2008 e 2012. Na reunião, oitenta e quatro países se dispuseram a aderir ao
protocolo e o assinarem, comprometendo com a implantação de medidas com o
intuito de diminuir a emissão de gases tóxicos no ar atmosférico. O Protocolo de
Kyoto discutia também, de acordo com Ferreira (2010, p. 23), “maneiras de substituir
produtos derivados do petróleo por outros de menos impactos ambientais. Alegando
comprometimento com o desenvolvimento do país, os Estados Unidos se desligou
do protocolo em 2001”.
O Protocolo de Kyoto surge como uma grande oportunidade, não só para que
o mundo comece a agir efetivamente em prol do meio ambiente, mas também com
um meio parar que os países em desenvolvimento busquem o desenvolvimento
sustentável, estimulando a produção de energia limpa para a redução das emissões
de Gases de Efeito Estufa (GEEs) e, com base na cooperação internacional com
países desenvolvidos, beneficiem-se com a transferência de tecnologia e com o
comércio de carbono. Para o Brasil em especial, o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo pode ser muito interessante, já que aproveita um grande potencial brasileiro
para a produção de energia limpa, e possibilita que o país desempenhe papel
importante no contexto ambiental internacional (VIDAL, 2003 apud MOREIRA e
GIOMETTI, 2008). Na busca de medidas que auxiliem a implementação das metas
previstas, foram estabelecidos no Protocolo de Kyoto três mecanismos que visam
ajudar os países do Anexo I a reduzirem os custos para cumprimento de suas metas
de emissão: Implementação Conjunta; Comércio de Emissões; Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo – MDL. A Implementação Conjunta (IC) é prevista no artigo
6º do Protocolo de Kyoto, onde é estabelecido que somente os países do Anexo I
poderiam fazer uso desse mecanismo. A IC tem como objetivo permitir que os
países do Anexo I possam transferir ou adquirir de qualquer outro país Anexo I
unidades de reduções de emissões resultantes de projetos que visem reduções das
emissões antrópicas por fontes ou aumento das remoções antrópicas por
sumidouros. O Comércio Internacional de Emissões (CIE) foi previsto no artigo 17º
do Protocolo, onde por meio dele os países do Anexo I poderiam negociar o limite de
emissões com outros países com o objetivo de cumprir suas metas de redução. O
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL foi previsto no artigo 12 do Protocolo
17

de Kyoto, sendo o único mecanismo que permite a participação pelos países


emergentes.
O Protocolo de Kyoto lista os seis GEE mais importantes relacionados a
atividades humanas e estabelece metas quantificadas de redução de emissões, são
eles: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O),
hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6)
– destaque para o dióxido de carbono (CO2). Por fim, o Protocolo de Kyoto, firmado
em 1997, entrou em vigor somente em Fevereiro de 2005, após a adesão da Rússia,
garantindo assim que os responsáveis por 55% das emissões globais estavam
presentes no acordo.
Mesmo que não existam comprovações científicas totalmente exatas e
aceitas pela integralidade da comunidade acadêmica e de pesquisadores a respeito
das consequências das alterações climáticas ou do efeito estufa sobre a vida
humana, o fato do Protocolo de Kyoto entrar em vigor representa um grande passo
para que, a médio e longo prazo, as gerações presentes e futuras possam aspirar
por um mundo melhor e por um ambiente mais saudável. O Brasil ainda tem
dificuldades em estabelecer um vinculo mais forte com um modelo de
desenvolvimento sustentável, mas tem evoluído de forma significativa na dimensão
ambiental, notadamente no que se refere à sua legislação. Por essa razão, apesar
de existirem inúmeros problemas de ordem ecológica ou ambiental, torna-se
necessário implementar programas educativos e preventivos, de modo a elevar o
nível de conscientização da população, mas principalmente dos empresários, para
que a emissão de CO2, pelas mais diferentes formas, seja reduzida drasticamente.

8. GESTÃO AMBIENTAL

A Gestão ambiental vem amadurecendo como modelo para o


desenvolvimento econômico e ambiental ao longo das décadas, a partir das
contribuições das várias áreas de conhecimento como a ecologia, biologia, ciências
sociais, filosofia, sociologia, gestão ambiental, gestão empresarial, entre outras.
Outro motivo para esse amadurecimento foi o crescimento dos mercados nacional e
internacional, relacionando-se a condicionantes históricos como mudança política de
nações e blocos econômicos, conferências mundiais para o meio ambiente, melhoria
e inclusão de classes sociais antes ditas menos favorecidas, participação de atores
18

como ONGs, cooperativas, empresas e empresários, políticos das varias esferas e


poderes, bem como da própria necessidade de mudança de hábito de empresas,
colaboradores e população frente às mudanças vigentes no mundo globalizado.
Antes do início da Revolução Industrial, os recursos naturais eram ainda
abundantes e a qualidade ambiental ainda era pouco comprometida em função da
produção ainda ser restrita e de forma artesanal. Todavia, com o crescimento,
mudança no modo de viver e produzir do início do Século XX, o homem passa a
conviver com inúmeros avanços tecnológicos, industriais, sociais, econômicos,
conquistas e revoluções sociais em relação ao dito progresso globalizado. Nessa
época, o mundo vivia as grandes mudanças globais ocasionadas pela Revolução
Industrial. Nações ganhavam poder e aumentavam seu poder comercial, outras
eram modificadas por causa de moléstias como grandes epidemias ou recessão
econômica e social. Surgiram nesse século, as grandes guerras mundiais e os
interesses de empresas multinacionais e nações em pleno desenvolvimento em
atuar na política e economia de nações ditas à época de subdesenvolvidas. A partir
da segunda metade desse mesmo século, as grandes conferências e grupos
interessados na gestão ambiental e na mitigação de impactos ambientais, se
debruçaram em questões como crescimento econômico, melhoria da saúde,
diminuição da poluição, fim da bipolaridade dos governos e inserção de nações em
desenvolvimento e de blocos econômicos e avanço das politicas e práticas
ambientais difusas e iguais. Conforme afirma Seiffert, (2010), tais interesses
elevaram a compreensão das relações entre os seres humanos e o meio ambiente
com objetivos baseados na melhor condução do processo de gestão ambiental.
Dessa forma, entende-se o conceito de Gestão Ambiental mais abrangente e não
apenas inserido no contexto ambiental, mas também com interesse na solução de
problemas sociais e empresarias, porque não, como doenças ocupacionais,
aumento da qualidade de vida do trabalhador, modelos de gestão baseados em
diminuição de resíduos e formas mais eficientes na condução do trabalho humano
nas empresas. A Gestão Ambiental passou a ser tratada como ferramenta de
qualidade e produção mais limpa e eficiente, implicando numa participação conjunta
e articulada de todos os setores da sociedade.

A gestão ambiental está voltada para a aplicação de conhecimentos


teóricos e práticos aos problemas ambientais que concernem às
organizações, por meio de processos administrativos típicos, como
19

planejamento, controle, coordenação, motivação e outros, para alcançar


objetivos e metas específicos em diferentes níveis de atuação, do
operacional ao estratégico. (BARBIERI e SILVA, 2011).

A problemática ambiental atual está inserida na questão antrópica tanto


quanto se insere na questão ambiental propriamente dita. Por ser um dos temas de
maior interesse por parte da sociedade, por motivos econômicos, sociais ou
educacionais, está relacionada com o interesse individual e mútuo do individuo e
empresas, bem como de governos e gestores nacionais e internacionais. Como
coloca Christofoletti, (1993), a questão ambiental, um dos temas mais discutidos da
atualidade, envolve todos os tipos de problemas e discussões em relação às
condições socioambientais de áreas urbanizadas ou não. Completando o
comentário, Sobral e Silva, (1989) apud Philippi Jr. e Pelicioni (2005), incluem à
Gestão Ambiental, os aspectos relacionados à qualidade de vida humana, os
impactos da ação humana sobre as condições climáticas, hidrológicas,
geomorfológicas, pedológicas e biogeográficas, em todas as escalas de tempo e
espaço. Assim, para todos, sem exceção, a Gestão Ambiental teve na sua evolução
através dos anos, as necessidades básicas do individuo como cidadão e como
produtor de seus bens oriundos de processos produtivos degradantes e capitalistas
por natureza onde o uso desenfreado dos recursos, hora se tornando escassos,
crescimento das metrópoles, aumento da população, necessidade de melhoria dos
modelos de gestão em saúde, segurança, educação, infraestrutura, e políticas
públicas voltadas para o bem-estar da população se tornaram pauta central em
reuniões entre os interessados.
Assim, constatou-se ao longo da história diversos exemplos de interesse em
relação a impactos ambientais negativos provocados pela ação humana, bem como
medidas que visavam ao seu controle e eventual mitigação dos problemas.
Alcântara (2012), ao tratar desse tema, considera a aplicação da gestão ambiental,
objetivo central na criação de técnicas para planejar, organizar e administrar
atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos
naturais, bem como realizar o cumprimento da legislação ambiental vigente.
Complementando esse raciocínio, a Gestão Ambiental apresenta caráter
multidisciplinar, pois, profissionais dos mais diversos campos podem atuar na área,
desde que devidamente habilitados, garantindo assim, a conservação e preservação
20

da biodiversidade e, consequentemente, minimizar os impactos ambientais


provocados pelas ações humanas.
21

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi apresentar o desenvolvimento e inclusão dos


conceitos de Educação Ambiental e de Desenvolvimento Sustentável ao longo dos
anos, bem como de discutir as formas mais comuns de interesse da sociedade e
governo em administrar essas formas contemporâneas de gestão e educação.
Foram lembrados, fatos históricos como Conferências Mundiais, avanço e
crescimento global, Revolução Industrial, problemas sociais e recessões
econômicas. Dessa forma, diante do exposto, há que pensar na inclusão da (E.A)
nas Instituições de Ensino, sejam de qualquer grau de educação ou de qualquer
sistema, seja público ou privado para a melhoria das questões ambientais e de
cidadania nacional. Um dos itens de valor é o da implementação da (E.A) de forma
interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar como concerne a Política Nacional
de Educação Ambiental (BRASIL, 1999, art. 4º), de forma continua e ininterrupta
tanto às vistas de aulas expositivas tradicionais como em modelos e didáticas
atualizados com processos participativos e metodologias ativas fora do ambiente de
sala de aula, considerando o meio ambiente e suas interações. Pela urgência do
tema, os assuntos correlatos à (E.A) como o desenvolvimento de discussões
multilaterais entre países em conferências mundiais e internacionais também
carecem de igual necessidade, devendo ser vistos em sala de aula e em ambiente
profissional através de ações de Responsabilidade Social Corporativa, com
interação entre os interessados, voltados à aplicabilidade de conhecimentos teóricos
e práticos às questões de (E.A) e (D.S).
22

ENVIRONMENTAL EDUCATION

ABSTRACT

The purpose of this paper is make a reflection about the importance of the
environmental education (E.E) in the social, educational and environmental context
based on the practical of sustainable development (S.D), focused on discussion and
construction of the diffuse interdisciplinary knowledge among children, teenagers and
adults. Will be shown, the most important international events discussing the
conception of (E.E) and (S.D) and the intense discussions on a new
intergovernmental reform in terms of philosophy, ideology and practice by the
nations. In a second step, will be the development and discussion of opinions,
knowledge and concerns on both subjects, (E.E) and (S.D). Throughout the article,
different opinions about the main subject and issues related to economic
development and its relation within environmental management and environment will
be presented.

Keywords: Environmental Education, Sustainable Development, Society,


Citizenship.
23

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