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ENSINO DE QUÍMICA NA EJA: ESTUDO DA INTERPRETAÇÃO DAS


DIFERENTES LINGUAGENS NA DISCIPLINA DE QUÍMICA

Eliéte Mendes Vaz1


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Orientador(a):xxxxxxxxxxxxxxxxxx .

Resumo: Nesse estudo temos como foco os alunos da EJA (Educação de Jovens e
Adultos) matriculados na disciplina de Química, sendo um estudo que busca analisar
como o entendimento das diferentes formas de linguagem interfere no processo de
aprendizagem na disciplina, procurando relacionar a interpretação textual com o
desempenho dos alunos na resolução de determinados tipos de questões
englobadas no conteúdo de “Concentração de Soluções”, o qual foi o escolhido
para dar início a pesquisa com os jovens e adultos. Pois, tais dificuldades geram
impactos relevantes no desenvolvimento do aprendizado devido a existência de uma
ligação direta entre leitura interpretativa, decifração dos símbolos e signos de
linguagem com o seu real entendimento ao serem aplicados em conceitos
relacionados com a Química, onde suas aplicações refletem em aquisição dos
conhecimentos científicos que devem ser abordados e estruturados no ensino da
Química, imprimindo significância em temas cotidianos de nossos alunos.

Palavras-chave: Ensino de Química e suas Linguagens1. Educação de


Jovens e Adultos2. Concentração de Soluções 3.

Ponta Grossa,
2015.

1
Licenciada em Química (Uepg – Pr), pós-graduanda em Educação de Jovens e Adultos pela Faculdade de
Pinhais – FAPI . E-mail: ely_mvaz@yahoo.com.br
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Titulação do(a) orientador(a). E-mail: e-mail do(a) orientador(a)
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INTRODUÇÃO
O ensino da Química é por muitas vezes desafiador não somente no ensino
regular, mas também na modalidade EJA (Educação de Jovens E Adultos). Na
atividade docente na área das Ciências Exatas em especifico, por vezes nos
deparamos com a grande dificuldade que os alunos apresentam no quesito leitura
e gerando como consequência dificuldades de interpretação textual das diferentes
linguagens presentes no ciclo de ensino. Questão essa que ocasiona problemas na
interpretação de qualquer gênero textual aos quais terão contato nas diferentes
áreas de ensino.
A modalidade EJA foi instituída a parti de iniciativas de estudos e propostas
incentivadas pelo governo com o objetivo de redução na taxa de analfabetismo que
na década de 1930 era muito grande, sendo também fator de diferenciação social e
econômico que dificultava o desenvolvimento nacional dificultando, o público alvo
nesta época eram pessoas analfabetas e de classe baixa (GIL, 1993). Atualmente a
Educação de jovens e Adultos (EJA) o ensino é direcionado aos jovens e adultos
que por algum motivo não tiveram a oportunidade de frequentar e concluir o ensino
básico em seu devido tempo.
Em seu art. 37 a Lei 9.394/96 da Lei de Diretrizes e Base da Educação
Nacional (LDB), enfatiza que: “A educação de jovens e adultos será destinada
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria” (BRASIL, 1996, p.15). Sendo assim,
reconhecer a EJA como uma modalidade de ensino. De maneira que é de sua
responsabilidade a garantia do direito a educação aos indivíduos que se
enquadram nas características de alunos da EJA, direito esse que deverá ser
considerado fundamental a todos, o qual deve ser considerado um direito
fundamental a todos, e em decorrência disto ser merecedor de proteção por parte
de medidas políticas públicas que favoreçam a educação e de ações educacionais.
Segundo, Bonenberger et al. (2006, p.1) por vezes estudantes da
modalidade EJA apresentam inúmeras dificuldades e em alguns casos acabam se
frustrando durante o decorrer da disciplina por não se considerarem capazes de
aprender química, e, por não perceberem a importância dessa disciplina no seu dia
a dia.
Porém, esquece-se que a maioria dos problemas não estão diretamente
ligados aos conhecimentos químicos, mas sim a familiaridade com os diferentes
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tipos de linguagens incutidos no ensino da Química. Problemática justificada


quando se leciona acreditando que alguns conhecimentos anteriores de linguagens
já foram assimilados pelos alunos, ou seja, o professor conta com algum
conhecimento prévio, que na maioria das vezes os alunos não têm ou os tem
parcialmente. Tal deficiência influenciará diretamente na aprendizagem do aluno
que não possui subsídios suficientes para o entendimento de um conteúdo mais
aprofundado, mesmo que no ensino da EJA esses conteúdos já sejam adaptados
para as condições de atraso no ensino.
Considerando tais possibilidades, este estudo tem como finalidade principal
planejar e aplicar estratégias de ensino que possibilitem uma melhor compreensão e
interpretação dos fundamentos Químicos existentes na disciplina, introduzindo
formas de interpretar as diferentes linguagens existentes nos conteúdos específicos
da disciplina para que seja possível o entendimento de determinados termos que se
fazem essenciais para uma aprendizagem significativa relacionando os temas com o
cotidiano do aluno.
Haverá a necessidade da mediação semiótica (um tipo de relação que
ocorre entre o homem e o seu mundo por intermédio do signo) para que haja total
entendimento do problema. Já o “signo” considera-se como um objeto, material ou
mental, que foi criado para se identificar algo que não está presente, tem como
função indicar. Os “símbolos” por sua vez têm função de representar. Quando se
trata na linguagem química utilizam-se signos e símbolos, erramentas que possuem
funções parecidas com as das palavras, um conjunto de signos e símbolos é uma
expressão de ideias com a mesma proporcionalidade de uma frase (VYGOTSKY,
1987; BENITE 2011).
Logo, acredita-se que faz importante e necessário o estudo das diferentes
formas de linguagens e suas interpretações, pois, sem o domínio delas, que são a
base para o desenvolvimento da aprendizagem em qualquer disciplina, não será
possível a leitura e interpretação de questões específicas da Química.
Dessa forma, através desse estudo inicial se abre a possibilidade de se
elaborar intervenções diferenciadas as questões dificultadoras do aprendizado da
disciplina de Química (SILVA, 2005; ROQUE 2008). Cabendo ao educador dar
novos significados a sua pratica docente, adequando os conteúdos, metodologias e
as formas de trabalho nessa modalidade de ensino.
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1 QUÍMICA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


1.1 O ENSINO DE QUÍMICA
Conforme Soares (2005) alfabetização é um “processo de aquisição do
código escrito, das habilidades de leitura e escrita”. Enquanto letramento segundo
Ribeiro (2003) é algo que “se relaciona com a percepção da ordem da escrita, de
seus usos e objetos, bem como de ações que uma pessoa ou um grupo de
pessoas faz com base em conhecimentos e artefatos da cultura escrita”.
A escola deve atender às necessidades de seus alunos levando-se em
conta
que a escola faz parte da sociedade, a qual está em constante mudança. Freire em
suas concepções condena a educação do tipo bancária, onde apenas existe o
deposito de informações desconsiderando o aluno como um ser humano que é ativo
em sua realidade. “O homem integra-se e não se acomoda” (FREIRE, 1979, p.
31).
No ambiente educacional da modalidade EJA, devemos ter em mente que
somente passar informações aos alunos não é o suficiente, há a necessidade de
dar-lhes capacidade de adquirir novas competências, para que eles sejam capazes
de relacionar com as diferentes linguagens que lhes são postas ao longo de sua
formação, bem como saber lidar de forma adequada com as mudanças tecnológicas
atuais. Podendo assim, responder de forma satisfatória a todos os desafios,
processos e dinâmicas que estão sendo constantemente postas a nossa realidade.
(PICONEZ, 2002, p. 108).
Segundo Ortiz (2002,p.80), em nossa pratica docente é constante termos
questionamentos por parte de nossos alunos da EJA, os quais buscam aplicações
imediatas dos conceitos científicos e que condizem com sua realidade. Os alunos da
EJA necessitam rotineiramente de estímulos para que sua autoestima seja
desenvolvida para que deixe de sentir-se por vezes envergonhado e inferiorizado
pela falta ou incompleta instrução educacional e cultural, bem como de ter sua
trajetória escolar insatisfatória por quaisquer motivos.
Podemos considerar em sua maioria, que o aluno EJA como o adulto que
apresenta grande vontade de adquirir novos conhecimentos, ou seja, quer aprender.
Motivo pelo qual há a necessidade de zelar para que ele permaneça frequentando e
participando ativamente na instituição escolar (PELUSO, 2003).
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Dessa forma, considerando sua maturidade, em geral os conteúdos das


disciplinas em geral poderão ser abordados com maior ênfase com cunho formativo
e com mais oportunidades de discussão, tendo assim um melhor aproveitamento,
com geração de uma ampla gama de conhecimentos. Fazendo com que haja
desenvolvimento de atitudes positivas e agregando valores, com a integração da
vida em comunidade, já que parte-se do pressuposto que são mais conscientes de
quando se trata de suas responsabilidades (FREIRE,1996).
Em Química alguns dos objetivos relacionados aos objetos de estudo devem
ser mais aprofundados através de didáticas específicas que condizem com a
disciplina, procurando sempre à interdisciplinaridade, dando destaque a
contextualização, aplicações imediatas, relacionando o teórico com o pratico e o
tecnológico. Tais formas de ensino promovem ampliação da relação dessa ciência
com sua vivência diária.
Considerando os aspectos inerentes cabíveis ao ensino médio, na
modalidade EJA, pode-ser considerar que o aprendizado deve primordialmente
contribuir não somente com conhecimentos técnicos, mas sim para a formação
cultural mais abrangente, buscando desenvolver nos alunos as ferramentas para que
sejam capazes de interpretar acontecimentos naturais, que possam ter maneiras
para compreender determinadas situações, procedimentos e equipamentos que
estão em convívio diário, ou que tenham contato esporadicamente.
“Informações científicas e tecnológicas, apresentam códigos
matemáticos, ícones e simbologia particulares, que apesar de
serem diferentes também fazem parte de uma linguagem. E por
este motivo o aprendizado das Ciências da Natureza e Matemática
deve estar o mais próximo possível da Linguagem e
Códigos”( PCNs,1997, p.10).
O desenvolvimento científico e tecnológico sofre influencia direta da Química
de maneira positiva. Pois, conhecimentos sobre a química estão relacionados em
diferentes vieses da sociedade, de forma que as pessoas em geral possuem crenças
contrarias sobre o assunto, muita delas não estão fundamentadas cientificamente,
sendo apenas baseadas no senso comum.
Por exemplo, o uso de plantas como fonte de “cura”, as quais não foram
comprovadas cientificamente, porém abrem caminho para pesquisas para a
fabricação de novos medicamentos. Devido a essa e outras tantas situações é que,
o aprendizado desta no ensino da EJA é importante, pois dessa forma os alunos
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poderão compreender quais transformações químicas que ocorrem em


determinadas situações sendo capazes de julgar e decidir de maneira fundamentada
as informações recebidas pelo senso comum (BENITE,2011; PCNs 1997).
Para o ensino de química, o uso de linguagens matemática e o seu domínio
são objetivadas para o desenvolvimento de competências e habilidades que
estabelecem relações lógicas e também de raciocínio proporcional. Logo, somente a
pratica de memorização de regras e formulas não resultará em aprendizado.
Deve-se considerar que a Química utiliza uma linguagem própria
para a representação do real e as transformações químicas, através
de símbolos, fórmulas, convenções e códigos. Assim, é necessário
que o aluno desenvolva competências adequadas para reconhecer
e saber utilizar tal linguagem, sendo capaz de entender e empregar,
a partir das informações, a representação simbólica das
transformações químicas. (PCN, BRASIL, 1997 p.34)

Segundos as DCEs do Estado do Paraná (PARANÁ, 2006) o ensino da


Química tem como principal formar um aluno que assimile os conhecimentos
químicos sendo assim capaz de refletir de maneira critica sobre fatos históricos da
atualidade.
Pode-se considerar que o objetivo central do ensino de Química
para formar o cidadão é preparar o indivíduo para que ele
compreenda e faça uso das informações químicas básicas
necessárias para sua participação efetiva na sociedade tecnológica
em que vive. O ensino de Química precisa ser centrado na inter-
relação de dois componentes básicos: a informação química e o
contexto social, pois, para o cidadão participar da sociedade, ele
precisa não só compreender a química, mas a sociedade em que
está inserido (SANTOS E SCHNETZLER, 2003, p. 93).

1.2 PRESSUPOSTOS PARA O ENSINO DE CONCENTRAÇAO EM MASSA DO


SOLUTO POR VOLUME
Na elaboração do plano de trabalho docente um dos conteúdos básicos da
disciplina de Química é a Concentração em Massa do Soluto por Volume, conteúdo
a ser ministrado no 3º registro dos quatro previstos para o cumprimento das 128
horas-aulas de Química na modalidade EJA, sendo estes divididos em 32 encontros
(aulas) com duração de 4 horas cada, realizados em dois encontros semanais.
Para o desenvolvimento satisfatório deste conteúdo se faz necessário a
inclusão de relações matemáticas que devem ser satisfatórias para o
desenvolvimento dos cálculos da Concentração em Massa do Soluto, bem como
interpretação textual dos enunciados. Etapa que objetiva a compreensão de
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conceitos de conteúdos específicos, dando visão das relações matemáticas


existente, bem como das relações textuais incutidas no processo de aprendizagem.
Segundo Fonseca (2003), a concentração em massa, também dita como
concentração comum ou ainda concentração de uma solução é uma das muitas
expressões bem utilizadas em laboratórios.
A concentração em massa (C) indica a quantidade em massa de
soluto (m1) que se encontra dissolvida em um volume-padrão de
solução (V). Sendo a expressão matemática dada por: C = m1
V
Em geral a concentração de uma solução é expressa em gramas do
soluto por litro de solução (g. L-1), porém pode ser expressa em
outras unidades: g. mL-1 , g.cm-3 , kg.L-1. (FONSECA, 2003 p.274).

Com a aplicação correta da expressão matemática que representa a


concentração de uma solução em função da massa de soluto pesada e o volume do
solvente usado temos sua resolução correta. Porém, para que isso ocorra se faz
necessárias a leitura e interpretação adequada do enunciado da questão.
Isso acontecendo de maneira eficaz evidencia-se que o aluno foi capaz de
assimilar as informações relevantes para realizar os cálculos pedidos e a partir
dessas resoluções chegarem a uma conclusão de cunho químico. Pois, somente
com essa finalização que envolve interpretação textual e dos símbolos e signos
característicos da química e da matemática. Logo, existe uma estreita relação entre
leitura, interpretação e aplicação dessas informações como linguagem química.

2 PESQUISA EMPÍRICA
O estudo contido neste artigo representa os resultados obtidos ao buscar
compreender parâmetros de interpretação das analise das linguagens escrita e
química, procurando relacionar essas dificuldades em compreensão e interpretação
das simbologias e expressões específicas do conteúdo proposto no plano de ensino
da EJA.
Esse trabalho realizou-se entre os meses de agosto e setembro de 2015,
com alunos de uma Aped, turma de EJA situada nos bairros do município, porem
com vinculo direto ao CEEBJA-PG. Fase em que conteúdos referentes aos 2º ano
do EM são expostos a turma de Educação de Jovens e Adultos, contanto 22 entre
homens e mulheres com idades médias 19 a 56 anos.
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Nesse processo existiu intervenção por parte da professora, através da


mediação e explicação de cada símbolo matemático presente na expressão,
identificação de fatores para conversão de unidades de massa e volume, bem como
suas aplicações na expressão (fórmula matemática). Lembrando que para a
disciplina de Química alguns termos são indispensáveis para saber o que a questão
nos pede para ser respondido, a tais como: equacione, elabore, determine, calcule
reacione. Explicitar estes termos é de suma importância para que o aluno possa
construir de forma satisfatória dando determinados significados e assim seu
aprendizado seja melhorado.
Como sequência dessa assimilação e realização dos cálculos foi possível
relacionar o tema Concentração Comum, com o senso comum propriamente dito,
como por exemplo, na preparação de um café, algo tão cotidiano, relacionando os
símbolos de massa (quantidade de pó de café) com o volume (quantidade de água
usada), tendo como resultado um café fraco ou forte, quimicamente falando diluído
ou concentrado respectivamente. Tais conclusões foram possíveis somente
relacionando a proporção de soluto (pó de café) e solvente (água) usado na
preparação dessa solução.
Foram propostos exercícios com diferentes graus de dificuldade, desde o
mais simples onde somente deveriam fazer as substituições dos valores de massa
(m1) e volume (V) na fórmula matemática, porém para isso se fazia necessário a
interpretação do enunciado da questão e retirar dela as duas informações presentes.
Em outras questões o grau de dificuldade foi aumentado de forma que antes de
substituir valores na fórmula, os alunos deveriam realizar a(s) conversão (ões) de
unidades de massa (m1) e volume(V).

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Passada a realização de alguns exercícios propostos, tendo casos
semelhantes sendo explicados e resolvidos passo a passo, foi possível reafirmar as
mesmas dificuldades apresentadas por alunos do EM regular, tanto os alunos da
EJA quanto os do EM apresentam as mesmas dificuldades em relação a assimilação
do conteúdo teórico, devido a deficiência em alguns conceitos prévios de cunho
textual e matemático.
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Parte da dificuldade esta em conseguir relacionar a linguagem química com a


matemática, 30% dos alunos conseguiram fazer a substituição de valores de massa
e volume em seus devidos símbolos presentes na fórmula, o restante não conseguiu
fazer essa correlação. Como explicação a esse fato os alunos dizem não conseguir
organizar suas ideias quando existe a presença de letras e números em uma mesma
questão, não sendo capazes de relacionar unidades de medida com seu respectivo
o símbolo existente na fórmula química.
Por outro lado, todos conseguiram oralmente identificar a pergunta a ser
respondida, se era massa, volume ou concentração, mas não souberam retirar os
dados presentes na questão para posterior resolução do cálculo. Outra dificuldade
apresentada diz respeito das funções matemáticas propriamente ditas, após ter cada
informação substituída na formula bastava realizar o cálculo matemático e chegar a
um determinado valor numérico. Porém, não houve 100% de certeza em que “conta”
fazer, não sabendo que operação realizar, ou seja, deficiência ou inexistência de
conhecimento básico da matemática. Fato explicado por ainda não terem feito a
disciplina ou terem feito de forma insatisfatória.
Contudo, o conhecimento de causa, vivência todos foram felizes ao
responder corretamente a parte química propriamente dita das questões, pois, ao
discutir os termos e valores obtidos houve concordância em todos os aspectos
analisado, sempre relacionando com o dia-a-dia o que tornou o conteúdo mais
próximo deles do que se pensava.

4 CONCLUSÃO
A partir do estudo anteriormente realizado com alunos do EM e agora com
alunos da Educação de Jovens e Adultos, evidencia-se mais uma vez que existe
uma relação de interdependência entre a leitura, decifração e interpretação das
diferentes linguagens postas aos alunos no decorrer de sua caminhada
acadêmica.Essa relação quando não se dá de forma satisfatória tanto na linguagem
textual, química e matemática causa um efeito dominó no aprendizado do aluno.
Pois, a má interpretação ou não entendimento por completo de determinadas
etapas da sua formação estudantil se reflete posteriormente no momento em que
estes conhecimentos que pressupomos que nossos alunos já adquiriram se faz mais
presente no processo educacional, de forma que fica muito restrita a aquisição de
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novos conhecimentos que objetiva um avanço na formação dos alunos quando


essas informações prévias se tornam necessárias para ir além, ou seja, avançar em
seus conhecimentos.
Esse enorme problema não afeta somente os alunos, mas o professor
também, já que esta dificuldade nos é posta em uma etapa avançada da educação
formal, situação que faz com que nós professores procuremos as melhores formas
possíveis para minimizar e amenizar essas dificuldades. Infelizmente somente
nessa altura do ensino é que os alunos percebem que passaram de um nível para
outro sem os devidos conhecimentos básicos necessários para prosseguir,
acabando por sentirem-se incapazes, insuficientes e envergonhados por não terem
de certa forma aproveitada a oportunidade de estudar e se apoderar de alguns
conhecimentos na época adequada independente do motivo pelo qual não o fizeram.
Por outro lado, a vontade de aprender e a total entrega na participação nas
aulas fez a diferença em específico nessa turma de EJA, alunos incansáveis que de
todas as maneiras se apropriaram dos conhecimentos teóricos e práticos que
possuía para passar a eles. Alunos que contribuíram entre eles para um bem
comum, compartilhando conhecimentos de vida que sempre ou quase sempre
conseguíamos relacionar com um conhecimento científico da Química.
A professora coube buscar maneiras para não deixar que os alunos se
frustrassem mais uma vez com a educação, identificando as defasagens e tentar
corrigi-las de acordo com as possibilidades. Já que não foi possível ter parcerias
com professores das disciplinas problemáticas que estão diretamente relacionadas
às dificuldades apresentadas na interpretação textual em relação a cálculos
matemáticos básicos, pois não há um sistema de pré-requisito especifico para as
disciplinas a serem cursadas na EJA, logo nem sempre os alunos matriculados em
disciplinas da área das exatas teve noções de interpretação e/ou cálculos básicos.
Por fim, apesar de todas as dificuldades enfrentadas não houve nenhuma
desistência nessa turma, com aulas contextualizadas e fazendo uso de atividades
praticas simples, obentendo um resultado muito satisfatório com grande aprendizado
tanto para os alunos quanto para a professora tendo que buscar novas formas de
ensinar o passo a passo de determinados tópicos inerentes a sua pratica docente.
Tendo como resposta positiva dos alunos que passaram a acreditar que certos
conhecimentos científicos podem promover melhorias em sua vida como um todo.
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