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Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre pelo Curso de
Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.
Brasília, 2005
II
Brasília, 2005
III
TERMO DE APROVAÇÃO
Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre pelo Curso de Pós-Graduação da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS IX
LISTA DE TABELAS XII
RESUMO XIII
ABSTRACT XIV
INTRODUÇÃO 1
Justificativa 5
Objetivos 6
Estrutura do trabalho 7
CAPÍTULO 01 - CLIMA, LUZ NATURAL E ARQUITETURA 9
1.1. O CLIMA COMO CONDICIONANTE DE PROJETO 9
1.1.1 Radiação Solar: 10
1.1.2 Temperatura 11
1.1.3 Vento 12
1.1.4 Umidade 12
1.2 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA 13
1.2.1 Clima de Brasília 13
1.2.2 Zoneamento Bioclimático: estratégias de projeto para Brasília 15
1.2.3 Brasília: caracterização do céu e disponibilidade de luz natural 17
1.3 LUZ NATURAL 22
CAPÍTULO 02 - LUZ NATURAL: Conforto Visual , Fontes e Grandezas Físicas 24
2.2 GRANDEZAS FÍSICAS 24
2.2.1 Componente Celeste – CC 25
2.2.2 Componente Refletida Externa - CRE 25
2.2.3 Componente Refletida Interna - CRI 25
2.2.4 Fator de luz do dia (DF) 25
2.2.5 Iluminância (E) 26
2.2.6 Luminância (L) 27
2.2.7 Uniformidade: 28
2.2.8 Contraste (C) 28
2.2.9 Ofuscamento 29
2.3 LUZ NATURAL: fontes 29
2.3.1 Luz do Sol 30
2.3.2 Luz do Céu 30
2.4 FENÔMENOS FÍSICOS DA LUZ 33
2.4.1 Reflexão, Transmissão e Absorção 33
2.4.2 Lei do Cosseno 35
2.4.3 Refração 36
2.4.4 Difração 36
CAPÍTULO 03 -ILUMINAÇÃO ZENITAL E SUA APLICAÇÃO NA ARQUITETURA 37
3.1 ILUMINAÇÃO NATURAL E ARQUITETURA 37
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Dados de Radiação Solar mensal num plano horizontal para a cidade de Brasília.
Figura 1.2 - Zona Bioclimática 4
Figura 1.3 - Carta Bioclimática apresentando as normais climatológicas de cidades desta zona, destacando
a cidade de Brasília,
Figura 1.4 - Carta solar de Brasília
Figura 1.5 - Valores de iluminâncias do outono para Brasília no plano horizontal
Figura 1.6 - : Valores de iluminâncias do inverno para Brasília no plano horizontal
Figura 1.7 - Valores de iluminâncias da primavera para Brasília no plano horizontal.
Figura 1.8 - Valores de iluminâncias do verão para Brasília no plano horizontal
Figura 2.1 - Fontes de luz natural que alcançam o edifício.
Figura 2.2 - Esquema do campo de visão em função dos níveis aceitáveis de luminância numa dada
superfície
Figura 2.3 - Modelo de céu claro
Figura 2.4 - Modelo de céu claro
Figura 2.5 - Modelo de céu parcialmente encoberto
Figura 2.6 - Modelo de céu parcialmente encoberto
Figura 2.7 - Modelo de céu encoberto
Figura 2.8 - Modelo de céu encoberto
Figura 2.9 - Processo que ocorre na superfície com a incidência da luz absorção, reflexão e transmissão.
Figura 2.10 - Interação da luz incidente na superfície.
Figura 2.11 - Lei do cosseno.
Figura 2.12 - Refração numa superfície.
Figura 2.13 - Difração da luz
Figura 3.1 - Relação profundidade X altura do vão da abertura.
Figura 3.2 - Relação do nível de distribuição da iluminação lateral A e iluminação zenital B em um
ambiente.
Figura 3.3 - Modelo de Lanternin
Figura 3.4 - Exemplo de Shed.
Figura 3.5 - Exemplo de Clarabóia.
Figura 3.6 - Exemplo de átrio com teto com dupla inclinação.
Figura 3.7 - Clarabóia da Pinacoteca do Estado de São Paulo
Figura 3.8 - Clarabóia da Pinacoteca do Estado de São Paulo
Figura 3.9 - Clarabóia da Pinacoteca do Estado de São Paulo
Figura 3.10 - Cobertura tipo domus revestida com painéis prismáticos.
Figura 3.11 - Iluminação zenital ao longo do Escritório Técnico da Gartner.
Figura 3.12 - Edifícios de escritórios da Audi Headquarters.
Figura 3.13 - Edifícios de escritórios da Audi Headquarters.
Figura 3.14 - Edifício do Conjunto Nacional, centro de compras pioneiro na cidade de Brasília, está
localizado na área central, às margens do Eixo Monumental.
Figura 3.15 - Edifício do Conjunto Nacional, centro de compras pioneiro na cidade de Brasília, está
localizado na área central, às margens do Eixo Monumental.
Figura 3.16 - Edifício do Conjunto Nacional, centro de compras pioneiro na cidade de Brasília, está
localizado na área central, às margens do Eixo Monumental.
Figura 3.17 - Brasília Shopping, vista externa do complexo: centro de compras e torre composta por salas
comerciais.
Figura 3.18 - Vista interna da edificação; a abertura zenital proporciona entrada de luz tanto no 1º pavtº
quanto no 2º pavtº.
Figura 3.19 - Vista interna da edificação; a abertura zenital proporciona entrada de luz tanto no 1º pavtº
quanto no 2º pavtº.
Figura 4.1 - Classificação dos componentes arquitetônicos proposta por Baker et al
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.2: Parâmetros adotados para análise da iluminação natural nos modelos simulados.
INTRODUÇÃO
A luz natural é uma das fontes de energia mais importantes para o homem desenvolver suas
atividades, pois é ela que proporciona a visão nítida do mundo. Além disso, todo ser vivo
depende da exposição à luz natural para ativar o ciclo de funções fisiológicas.
A luz natural sempre teve um papel importante na arquitetura, do ponto de vista estético e
simbólico, e em relação ao conforto e à iluminação funcional. Pois, a luz natural pode
proporcionar efeitos singulares em um determinado espaço, dando-lhe identidade própria,
criando aspectos cenográficos e características relevantes marcantes.
No entanto, para se projetar com a luz natural garantindo uma iluminação eficiente na
realização de qualquer tarefa proporcionando um ambiente visual agradável, torna-se
necessário conhecer suas vantagens e desvantagens.
Segundo Majoros (1998), dentre os aspectos positivos da luz natural pode-se dizer que a
qualidade da iluminação obtida é melhor, pois a visão humana desenvolveu-se com a luz
natural e a constante mudança da quantidade de luz natural no tempo e espaço é favorável,
pois proporciona efeitos estimulantes no ambiente. Todavia, é necessário também, conhecer
seus inconvenientes, como direcionalidade e altíssima intensidade, pois de acordo com
Amorim (2002c), a maior desvantagem da luz natural é sua imprevisibilidade.
Monitorar a iluminação natural numa edificação existente pode não ser um trabalho fácil;
mas, é importante considerar os instrumentos disponíveis aos arquitetos utilizados para o
maior aproveitamento da luz natural. Dentre os componentes arquitetônicos1 classificados por
Baker et al (1993) – componente de condução, de passagem e elementos de controle – optou-
se pesquisar o componente de passagem zenital, pelo fato de permitir uma maior
uniformidade de distribuição da luz natural em relação à iluminação lateral, uma vez que, em
geral, segundo Vianna e Gonçalves (2001), as aberturas estão uniformemente distribuídas pela
área de cobertura e têm suas projeções paralelas ao plano de utilização ou de trabalho.
Existem diferentes configurações de aberturas zenitais como modalidade de iluminação
natural para serem utilizadas como solução de projeto favorável na melhoraria da quantidade
e da qualidade de luz no espaço interno. Entretanto, a iluminação zenital é pouco estudada, e
verifica-se uma carência na literatura portuguesa de publicações sobre suas características e
desempenho ambiental, diferentemente da iluminação lateral, que é encontrada em extenso
volume.
Do ponto de vista ambiental, a edificação deve proporcionar ao usuário, acima de tudo, uma
condição mínima de habitabilidade seguida de uma sensação contínua de bem estar. Vale
1
Componentes arquitetônicos - têm como função o controle da quantidade e qualidade da luz natural empregada e o papel
que vão exercer na arquitetura projetada (BAKER et al, 1993).
2
ressaltar que, com relação aos aspectos de iluminação, conforto térmico e luminoso2 (subáreas
do conforto ambiental), no projeto arquitetônico devem ser considerados conjuntamente. Esta
visão integrada torna possível também, o bom desempenho energético da arquitetura que,
sendo adequada às necessidades do usuário, resulta, sobretudo, em ambientes mais
confortáveis e eficientes energeticamente.
Nesse sentido, é importante frisar que, para se obter a eficiência energética em uma
edificação, a iluminação natural deve ser projetada em conjunto com o sistema de iluminação
artificial. Pois, através do uso otimizado da luz natural, consegue-se a redução do uso da luz
artificial, de forma que quando a luz natural é suficiente em um determinado ambiente, a luz
artificial pode ser desligada ou diminuída.
No contexto brasileiro3, principalmente, a utilização da iluminação natural reflete-se
diretamente na energia gasta em ar condicionado e iluminação artificial. Em grande parte das
cidades brasileiras, como Brasília - cidade foco deste estudo -, por exemplo, a luminosidade
do céu é intensa, anualmente a radiação solar é de 2365,3 horas por ano4, o que permite
reduzir bastante o uso da luz artificial na maioria dos edifícios. Podem-se reduzir também os
custos com ar condicionado, pois de acordo com Amorim (2002c), a luz natural produz menos
calor por unidade de iluminação do que a maioria das luzes artificiais, reduzindo, portanto,
também a carga do ar condicionado.
Verifica-se que, atualmente, têm se desenvolvido principalmente na Europa Central, nos
Estados Unidos e Austrália, diversas tecnologias e sistemas avançados5, apropriados para
serem empregados no melhor aproveitamento e otimização do uso da luz natural. Esses
sistemas, como por exemplo - os painéis prismáticos, o laser cut panel e o Okasolar -
geralmente, podem ser aplicados tanto em aberturas laterais quanto zenitais, e têm como
principais características bloquear a entrada de luz solar direta e conduzir a luz difusa para o
interior do edifício. E ainda, podem ser utilizados como estratégia de projeto, tanto em novos
edifícios como em reformas, para obter maior conforto ambiental e eficiência energética em
edificações.
2
Conforto luminoso (visual) é o principal determinante da necessidade de iluminação em um edifício. É entendido como a
existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas
visuais com o máximo de precisão visual, com o menor esforço, com menor risco de prejuízos à vista e com reduzidos riscos
de acidentes. Estas condições, segundo Lamberts et al (1997) estão relacionadas aos requisitos necessários para ocorrência
tranqüila do processo visual (visão), podendo ser classificadas como: iluminância suficiente (em atendimento à norma
brasileira NB 57); uniformidade de iluminação; ausência de ofuscamento; modelagem dos objetos (as sombras são
importantes para definir a forma e posição dos objetos no espaço, quando não há outras referências).
3
Na Europa, por exemplo, o maior consumo de energia em edifícios não residenciais é a iluminação artificial: quase 50%
(AMORIM, 2002d). Desta forma, os maiores propósitos dos projetos arquitetônicos que buscam eficiência energética são a
otimização da luz natural, além do aquecimento solar passivo e o resfriamento passivo. (Sistema passivo – sistema que utiliza
meios não mecânicos e não elétricos para satisfazer as cargas de aquecimento, iluminação e esfriamento).
4
Normais Climatológicas de Brasília (1961-1990). INMET. Brasília. DF, 2004.
5
Um sistema avançado para a luz natural é uma adaptação na janela ou no zenital que tem como objetivo otimizar a
quantidade e a distribuição de luz natural. Estes sistemas utilizam a luz do zênite e do céu de maneira eficiente, guiando-a
com maior profundidade e uniformidade para o interior dos ambientes (BAKER et al, 1993).
3
Estes sistemas, no entanto, requerem um estudo detalhado com relação ao seu posicionamento
na construção, pois a sua utilização otimizada depende da latitude e orientação em que serão
empregados. Diante disso, optou-se utilizar a simulação computacional como metodologia de
estudo para avaliação de tecnologias e sistemas avançados para o uso otimizado da luz
natural, em superfícies iluminantes de aberturas zenitais.
O uso da simulação computacional propicia a visualização dos efeitos da entrada de luz difusa
e direta através das aberturas zenitais ao longo do ano em um processo relativamente
instantâneo, que permite a verificação da adequação do dimensionamento e localização de
aberturas, os efeitos do uso de materiais, texturas e cores na iluminância e na distribuição de
luz nos ambientes. A realidade virtual criada por computadores e programas específicos
facilita amplamente a obtenção de uma imagem sintetizada do projeto de arquitetura e dos
cálculos relativos à iluminação natural de ambientes.
Estudos anteriores realizados por Cobella e Yannas (1998), Amorim (2000) e Christakou
(2004) de análise de edifícios tendo em vista a aplicação de sistemas naturais de iluminação,
utilizando a simulação computacional como ferramenta para o cálculo da iluminação natural,
deixaram explícita a importância do emprego de estratégias e tecnologias passivas no projeto
arquitetônico, desde sua concepção, para a diminuição do consumo de energia e dos impactos
ao meio ambiente natural, como também, na obtenção de ambientes com maiores condições
de conforto.
A preocupação com o consumo de energia elétrica e com o meio ambiente natural é,
atualmente, uma questão relevante. Não é raro observar diversos países com suas legislações
reformuladas, com uma preocupação notória com as questões energético-ambientais,
incluindo a busca pelo conforto nos ambientes construídos. Estudado em diversos níveis, de
acordo com Frota (1995) o conforto ambiental6 é considerado como um dos principais
objetivos da arquitetura; busca parâmetros adequados para o projeto e avaliação do
desempenho do espaço construído, visando ao máximo o bem estar do usuário.
Um novo paradigma surgiu na década de 70, obrigando a uma reavaliação, em todos os
níveis, das estratégias energéticas de produção e consumo de energia utilizadas até então.
Segundo Pessoa et al (2002), o uso indiscriminado e predatório das fontes convencionais e a
disseminação das instalações nucleares colocaram de forma enfática o problema do impacto
ambiental e da limitação das fontes energéticas exploradas inadequadamente há tempos.
O desafio no cenário atual é mudar e substituir o comportamento convencional dos
consumidores, característico do padrão produtivo e de consumo massivo, visando racionalizar
6
Conforto Ambiental - compreende o estudo das condições térmicas, acústicas, luminosas e energéticas e os
fenômenos físicos a elas associados como um dos condicionantes da forma e da organização do espaço. O
conceito de conforto ambiental em Arquitetura está ligado à questão de proporcionar ao usuário de uma
edificação, as condições básicas necessárias de habitabilidade, utilizando-se racionalmente os recursos
disponíveis (FROTA, 1995).
4
O crescimento acumulado no consumo de energia elétrica mais alto nos últimos anos é do
setor comercial - cresceu de 70,1%, em 1988, para 89,7%, em 1993 - segundo dados do BEN
– Balanço Energético Nacional (1999). Os principais fatores que influenciaram o crescimento
deste setor, segundo Lomardo et al (1998), foram: expansão e abertura de novos centros de
compras (shopping centers7) com forte crescimento do sistema franchising; aumento da
terceirização na economia e uso crescente dos portos marítimos.
7
Entende-se como shopping centers, um centro de compras planejado; desenvolvido em um único edifício, ou grupo de
edifícios devidamente articulados, contendo lojas de diversos varejistas, com serviços de estacionamento, segurança,
manutenção, etc - em comum - pensado como unidade e administrado por um único dono. Na Inglaterra, a nomenclatura
shopping centers é usada para designar os distritos comerciais, planejados ou não; enquanto na América é usado para definir
o estabelecimento comercial do tipo shopping center voltado, fundamentalmente, para a administração do negócio e
marketing comercial. (VARGAS, 2001)
8
De acordo com Sabatella (2002), a arquitetura sustentável estuda as possibilidades de se efetuar de maneira eficiente as
interfaces de um projeto, sejam através da escolha do sítio, utilização de materiais de construção adequados, da orientação da
edificação, da eficiência das aberturas, do estudo da ventilação e da insolação, dos ganhos e perdas térmicas, do estudo do
microclima e do macroclima, do impacto ambiental, da vegetação e/ou dos aspectos culturais.
9
O consumo energético de iluminação nesse setor (centros de compras) gira em torno de 49%, segundo Lamberts et al
(1997), valor este altíssimo, pois é praticamente a metade do consumo total das edificações. Aproximadamente 34% deste
consumo é computado para ar condicionado e o restante para os demais equipamentos, como escadas rolantes e elevadores.
5
JUSTIFICATIVA
No intuito de se racionalizar o uso da energia e apontar medidas de utilização mais
responsável, não só no presente, mas considerando seu impacto global no futuro, passou a
existir uma preocupação mundial em modificar e substituir o comportamento convencional
dos consumidores, característico do padrão produtivo e de consumo massivo.
O uso contínuo de energia é possivelmente o maior impacto ambiental característico de um
edifício, e por isso o projeto energeticamente eficiente deve ser a prioridade máxima. Isto está
relacionado com diversos aspectos, dentre eles, a utilização de fontes renováveis de energia, a
minimização das cargas de resfriamento e a otimização da luz natural.
Se buscamos a criação de uma sociedade ecologicamente sustentável, porque não usarmos
tecnologias que reforcem e ampliem o uso da luz natural? A luz natural oferece enormes
vantagens, e pode ser utilizada como estratégia para obter maior qualidade ambiental e
eficiência energética em edifícios. Dentre os outros pontos positivos (já anteriormente
citados) da luz natural, temos que: a luz natural permite valores mais altos de iluminação, se
comparados à luz elétrica; além disso, a carga térmica gerada pela luz artificial é maior do que
a da luz natural, o que nos climas quentes representa um problema a mais; um bom projeto de
iluminação natural pode fornecer a iluminação necessária durante 80/90% das horas de luz
diária, permitindo uma enorme economia de energia em luz artificial; a luz natural é fornecida
por fonte de energia renovável: é o uso mais evidente da energia solar. (MAJOROS, 1998).
Além disso, tanto a reestruturação ou reabilitação quanto a construção de novos edifícios
oferecem muitas oportunidades para melhorar o desempenho da iluminação natural; inúmeras
intervenções são possíveis, e muitas tecnologias e componentes arquitetônicos para o uso da
luz natural estão disponíveis.
Um grande impasse, é que muitas vezes, os projetistas desconhecem tais tecnologias ou
encontram dificuldades em empregá-las. A disseminação de informações é muito importante
para que a utilização destas estratégias em larga escala possa tornar-se de fato concreta
contribuindo para a sustentabilidade da arquitetura de forma tangível.
Propõe-se a cidade de Brasília como contexto de estudo, devido a várias razões:
primeiramente, observa-se que tanto em prédios públicos quanto em prédios comerciais, de
maneira geral, ocorre a adoção de soluções padronizadas (como as fachadas envidraçadas e
janelas fixas, por exemplo), gerando desperdício energético e desconforto para os usuários;
6
em segundo lugar, quase toda a energia elétrica distribuída10 em Brasília provém de usinas
hidrelétricas, do sistema das regiões Sul e Sudeste do país; devido especialmente a sua
vulnerabilidade com relação ao armazenamento de energia. (Balanço Energético do Distrito
Federal, 2002)
Em projetos de centros de compras, em especial, verifica-se que há muita ênfase na
arquitetura interna e no projeto de iluminação. Esta última tendência tem ocasionado o retorno
da luz natural, mais por uma questão de otimização da condição de conforto do ambiente do
que por razões de consumo energético. De acordo com Amorim (2000), existe uma certa
uniformidade na arquitetura dos centros de compras em todo o mundo, quase como se fosse
um “estilo internacional”, ignorando a peculiaridade climática e ambiental de um determinado
lugar.
A utilização de aberturas zenitais em centros de compras para entrada da luz natural é uma
forte tendência atual. Mas a maior parte destes elementos são projetados de forma arbitrária,
sem um sistema efetivo de controle da luz direta e proteção solar do ambiente. Além disso, a
iluminação zenital é sempre vista como uma intervenção de custo inicial alto sendo muito
pouco discriminada e estudada pelos projetistas.
OBJETIVO GERAL
Como objetivo geral pretende-se avaliar o desempenho de configurações de aberturas
zenitais nos projetos arquitetônicos de edifícios do tipo centros de compras em Brasília, bem
como, a utilização de tecnologias e sistemas avançados em suas superfícies iluminantes para a
obtenção de conforto térmico e luminoso dos mesmos.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Como objetivos específicos busca-se:
1. Estudar a iluminação zenital, considerando a configuração de suas aberturas e seu
desempenho ambiental no edifício; explorar como a forma arquitetônica pode auxiliar
ou guiar a entrada da iluminação natural na edificação.
10
O Distrito Federal é especialmente vulnerável com relação ao armazenamento de energia. A Companhia Energética de
Brasília (CEB) atua como distribuidora de energia, adquirindo 98,3% da energia -conforme o Balanço Energético do Distrito
Federal (2002) -, que é distribuída aos consumidores. Isto reflete o alto grau de dependência da região com relação à energia
elétrica. Para agravar este quadro, o consumo de energia elétrica cresceu muito na região nos últimos anos, devido à criação
de novas áreas urbanas no entorno.
7
ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho estrutura-se em seis capítulos:
11
Paramétrico - relativo a parâmetro. Todo elemento cuja variação de valor modifica a solução dum problema sem lhe
modificar a natureza. (Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa)
8
CAPÍTULO 01
Este capítulo aborda as questões relativas ao clima de maneira geral, e mais especificamente o
da cidade de Brasília, foco do estudo de caso, enfatizando a disponibilidade de luz natural e a
potencialidade da região no uso de sistemas passivos como condicionante de projeto. Em
seguida descreve-se a luz natural e sua relação com o projeto de arquitetura.
Não foi por acaso que homens de diferentes continentes e culturas, diante de situações
climáticas similares, chegaram independentemente a soluções parecidas, todavia,
desenvolvendo formas de construção específicas para cada região.
De acordo com Romero (2001) a otimização do ambiente interno é um dos objetivos mais
importantes do projeto arquitetônico. Sua realização depende de um profundo conhecimento
do clima e de seus efeitos sobre os elementos construídos. Entende-se por clima o conjunto de
fenômenos meteorológicos que definem a atmosfera de um lugar determinado. Não há duas
zonas que tenham o mesmo clima; os parâmetros que o determinam sempre apresentam
valores diferentes (RIVERO, 1986).
Uma das principais funções de uma edificação é a de atenuar as condições negativas e
aproveitar os aspectos positivos oferecidos pela localização e pelo clima. Portanto, trata-se de
neutralizar as condições climáticas desfavoráveis e potencializar as favoráveis, tendo em vista
o conforto dos usuários.
Olgyay (1969:41) comenta que: “se querem encontrar soluções arquitetônicas que resolvam
os problemas apresentados por um clima específico, para obter construções climáticas
10
De acordo com Lamberts et al (1997), para entender os fatores e os processos que determinam
as particularidades dos diferentes climas, deve-se separar e estudar, individualmente, os
elementos que interferem nesse processo; denominados também de variáveis climáticas. O
conhecimento destes elementos é indispensável para se iniciar qualquer projeto de
edificações, são eles: a radiação solar, a temperatura, o vento e a umidade.
O eixo de rotação da Terra em relação ao sol está inclinado mais ou menos 23,5º (em relação
ao sol) o que modifica a forma como a Terra recebe a radiação influenciando na duração do
dia e das estações do ano. Nos equinócios (22/03 e 23/09) os dias têm a mesma duração que
as noites, o que não ocorre nos solstícios (22/06 e 22/12). O recebimento de energia em
qualquer localidade do planeta depende da posição do sol no céu, independentemente de sua
latitude e é esta posição que define a altura do sol em relação aos observadores na superfície
da Terra.
A radiação solar que atravessa diretamente e completamente a superfície da Terra é
denominada de radiação solar direta. A radiação que foi dispersa fora do feixe direto é
chamada radiação solar difusa. A soma da componente de luz solar direta e a componente
difusa da luz do dia que incide sobre uma superfície horizontal resultam na radiação solar
global, bem como na quantidade incidente desta radiação.
A radiação solar direta chega em linha reta, atravessando a atmosfera desobstruída. A
radiação difusa chega a Terra após ser dispersa na atmosfera por moléculas de ar, partículas
de nuvens e outros. A radiação difusa é medida tipicamente em uma superfície horizontal, ou
seja, uma superfície horizontal recebe inteiramente a radiação difusa da abóbada celeste
(180°). Por outro lado, a superfície vertical receberá somente a radiação difusa de metade da
abóbada do céu, independente de sua orientação. A radiação direta também pode ser medida
em um plano horizontal ou em uma superfície atingida pelos feixes de luz (ROBBINS, 1986).
A variação da temperatura na superfície da Terra resulta basicamente dos fluxos das grandes
massas de ar e da diferente recepção da radiação do Sol de local para local.
Radiação difusa
Através dos dados climáticos obtidos nas normais climatológicas ou em Anos Climáticos
(TRY – Test Reference Year)12, pode se conhecer o comportamento da temperatura do ar para
um determinado local ao longo do ano.
Vale ressaltar que, para uma mesma temperatura, a sensação de conforto térmico, tanto no
meio externo quanto no meio interno, pode ser diferente em função de variáveis como o vento
e a umidade do local.
De acordo com Rivero (1986) em climas secos, a diferença entre as temperaturas mínima e
máxima diária é maior do que em climas úmidos. Durante o dia a radiação solar incidente no
plano horizontal é menor no clima úmido por causa da nebulosidade, aumentando também a
perdas por evaporação. Durante a noite, as nuvens num clima úmido impedem a perda de
calor por radiação.
12
Ano Climático de Referência é a base de dados mais precisa, segundo Lamberts et al (1997), para uma análise completa da
adequação da edificação ao clima local.
12
1.1.3 Vento
Direção, velocidade, variação e freqüência são as características mais importantes em relação
aos ventos. As variações a que estão sujeitos os ventos são refletidas nos dados velocidade e
direção, direção esta que sempre se refere à sua origem.
As características dos ventos são determinadas em qualquer lugar por fatores locais e gerais,
momentâneos ou sazonais, responsáveis pelas suas modificações.
Fatores como as diferentes pressões atmosféricas, a rotação da Terra, a diferença entre a
temperatura da terra e do mar e a topografia, são os agentes mais importantes das alterações
no movimento do ar. Embora a interação destes fatores seja algo muito complicado, pode-se
dizer que há padrões regulares que representam uma média na maioria dos lugares, podendo
servir de guia para um projeto arquitetônico específico, apropriado para cada clima.
Geralmente, existem dados mensais da freqüência e da velocidade dos ventos e de sua direção
dominante.
1.1.4 Umidade
A umidade atmosférica tem relação com a quantidade de vapor contido na atmosfera em
função da evaporação, da chuva e da transpiração das plantas. Qualquer que seja a
temperatura há um limite de saturação do ar, ou seja, ao aquecer-se e expandir-se, o ar pode
tolerar mais vapor, sendo que, ao esfriar-se e contrair-se, sua capacidade de conter vapor fica
reduzida.
Existem duas expressões para referir-se à umidade: a umidade absoluta, que é a medida da
massa do vapor total num volume fixo de ar em uma dada temperatura; e umidade relativa,
que é a relação entre o vapor existente e o limite da saturação total do ar na mesma
temperatura. Esta última é expressa como uma porcentagem e é o valor mais útil para se
determinar as conseqüências do clima em relação ao conforto.
Considerados os elementos climáticos, verifica-se que o clima apresenta características muito
diversas, constituindo então, no primeiro elemento verdadeiramente particular para cada
região (a ele vão se somar fatores como os materiais de construção, desenvolvimento
tecnológico, entre outros, que imprimem ao espaço arquitetônico identidade própria do lugar).
Dentro da faixa tropical (entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio), onde o Brasil está
inserido, costuma-se identificar três tipos climáticos básicos principais: o quente seco, o
quente e úmido e o composto ou de monções. Koenigsberger (1973) cita uma classificação
cujas três zonas climáticas principais estão subdivididas ainda em três subgrupos onde o clima
quente e seco apresenta o subgrupo quente e seco marítimo de deserto; o clima quente úmido
identifica-se o subgrupo quente úmido de ilha e o clima composto, o subgrupo tropical de
altitude.
13
Inserida no clima Tropical de Altitude está a cidade de Brasília, situada no Planalto Central
brasileiro na latitude 15º52’S e longitude 47º 53’O, escolhida para estudo de caso onde a
seguir faz-se sua caracterização climática.
Temp. Média (ºC)* 22,47 22,46 22,4 22,02 20,85 18,98 19,01 20,7 22,45 22,95 22,4 22,23 21,6 ºC
Insolação (h)** 157,4 157,5 180,9 201,1 234,3 253,4 265,3 262,9 203,2 168,2 143 138,1 2365,3 h
Nebulosidade
7.0 7.0 7.0 6.0 5.0 3.0 3.0 3.0 4.0 7.0 8.0 8.0 5.0
(0-10) **
Precipitação (mm)** 241,4 214,7 188,9 123,8 39,3 8,8 11,8 12,8 51,9 172,1 238 248,6 1552,1mm
2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3 2e3
Vento - Velocidade
(m/s) e Direção * N-
L L L L L L L L L L NO L
NE
Fonte: Adaptado de * Maciel (2002) ** Normais Climatológicas (1960-1990), INMET. *** Colle et al (1998)
Com base na pesquisa feita por Maciel (2002) conclui-se que as amplitudes diárias podem
alcançar valores consideráveis, principalmente na época da seca. No período quente e úmido
as amplitudes variam entre 9ºC (dezembro) e 11ºC (outubro). No período seco as
14
Contudo, as temperaturas entre 18ºC e 28ºC, situada na Zona de Conforto proposta pela Carta
Bioclimática de Edificações de Baruch Givoni (1992)13 representam os maiores percentuais
mensais para todos os meses do ano, caracterizando, dessa forma, um predomínio de
temperaturas amenas na cidade.
É importante salientar que o mês de setembro pode ser considerado, a partir dos dados
anteriormente interpretados por alguns autores e também através dos dados contidos nas
normais climatológicas, como um dos meses mais desfavoráveis do ponto de vista do conforto
térmico, apresentando elevadas temperaturas e baixa umidade relativa. E, sobretudo também
possui valores elevados de radiação solar, principalmente com relação à radiação direta; por
ser um período seco com céu claro; o céu azul profundo nestas condições tem uma luminância
muito baixa na altura do horizonte até 30º, em torno de meio dia, e por este motivo pode não
ser suficientemente luminoso para ser a principal fonte de iluminação interna (ver fig. 1.1).
8000 30
6000 22,5
20
17,5
4000 15
12,5
3000
10
2000 7,5
5
1000
2,5
0 0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Meses do ano
Figura 1.1: Dados de Radiação Solar mensal num plano horizontal para a cidade de Brasília.
Fonte: Garrocho et al (2004).
13
Carta Bioclimática de Edificações – foi desenvolvida e aprimorada por Baruch Givoni. Baseia-se em temperaturas internas
do edifício, propondo estratégias construtivas para adequação da arquitetura ao clima. Contém 9 zonas que indicam
estratégias de atuação para melhorar a sensação térmica, são elas: ventilação, resfriamento evaporativo, massa térmica para
resfriamento, ar condicionado, umidificação, massa térmica para aquecimento, aquecimento solar passivo e aquecimento
artificial. A zona de conforto encontra-se com valores de umidade relativa entre 20% e 80% e temperaturas entre 18ºC e 29ºC
(GIVONI, 1992).
15
14
Transmitância térmica, atraso térmico e fator solar.
16
A cidade de Brasília está situada na Zona Bioclimática 4 (ver figs. 1.2 e 1.3) que tem como
estratégias de condicionamento térmico passivo para o período quente e úmido (verão) -
resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento – onde temperaturas internas
mais agradáveis podem ser obtidas através do uso de paredes (externas e internas) e
coberturas com maior massa térmica, de forma que o calor armazenado em seu interior
durante o dia seja devolvido ao exterior durante a noite, quando as temperaturas externas
diminuem. Ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a temperatura interna seja
superior à externa) - a ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes
da edificação. E no período seco (inverno) - aquecimento solar da edificação - a forma, a
orientação e a implantação da edificação, além da correta orientação de superfícies
envidraçadas (indica-se como adequado a orientação norte-sul), podem contribuir para
otimizar o seu aquecimento no período frio através da incidência de radiação solar. E
vedações internas pesadas (inércia térmica) - a adoção de paredes internas pesadas pode
contribuir para manter o interior da edificação aquecido.
15
Ano Climático de Referência (ACR) - a determinação do TRY (test reference year) para um local específico é baseada na
eliminação de anos de dados que contenham temperaturas médias mensais extremas, altas ou baixas, até que reste somente
um ano. Os meses são classificados em ordem de importância para as comparações de energia. Fonte: Stamper citado por
Maciel (2002).
17
condições de conforto térmico; o desconforto térmico por calor ocorre em 22,2% das horas do
ano e o desconforto por frio em 36,6%, sendo que na tabela 1.2 abaixo o percentual de
desconforto por calor ou frio não corresponde à soma das estratégias indicadas, pois os
percentuais destas estratégias também consideram zonas sobrepostas.
Os dados obtidos com a tabela 1.2 vêem completar as estratégias de projeto indicadas pela
NBR 15220-3 para o zoneamento bioclimático 4, vale ressaltar que, na carta obtida por
Maciel (2002) o uso das estratégias artificiais é recomendada somente em 1,07 %, enquanto
na maioria das situações de desconforto, são indicadas em ambas as fontes de pesquisa,
estratégias passivas de condicionamento térmico, ou seja, ganho de calor através da radiação
solar.
Buson (1998) em sua pesquisa utilizou o gráfico de Dresler16 para estimar o valor de
luminância da abóbada celeste do Distrito Federal. Nos cálculos utilizou-se um valor igual a
15.000 lux, que é um valor de luminância garantido em 100% das horas do dia durante todo o
ano no período de 8:00 as 16:00 horas.
Esse valor encontrado confirma a regularidade da disponibilidade de luz natural na cidade de
Brasília durante o ano todo e enfatiza o que descreve Olgyay (1969): “a intensidade da
radiação recebida pela superfície da terra aumenta com a altura sobre o nível do mar, pois
se perde menos na atmosfera.” Pois, Brasília apresenta uma altitude média de 1100 metros
como dito anteriormente, e praticamente 2.365 horas de insolação anual, o que comprova a
potencialidade da região na aplicação de sistemas passivos como condicionante de projeto.
Na figura 1.4 temos a carta solar de Brasília e nela plotados os valores horários de
temperatura. O conhecimento da geometria da insolação torna-se essencial para projetar,
aproveitando o calor solar quando há interesse em aquecer e evitando ou protegendo a
edificação na estação quente.
Com base na carta solar de Brasília pode-se visualizar que a quantidade de luz proveniente do
norte é mais intensa e maior. Já a proveniente do sul é dita tipicamente “morna” e em menor
quantidade, e assim, é particularmente apropriada para espaços que requerem maiores níveis
de iluminância, sem muito risco no aumento dos ganhos térmicos da edificação, pela
penetração de radiação solar que se converte em energia térmica.
16
Com o Gráfico de Dresler é possível obter níveis mínimos de luminância externa para determinados períodos do dia, e a
porcentagem de horas dos dias ao longo do ano em que este nível é igualado ou ultrapassado.
19
A partir da carta ou diagrama solar pode-se obter as alturas solares ao meio-dia nas diferentes
estações do ano para Brasília, ou seja, a altura solar é alta (de 73º a 90º); média (de 60º a 72º)
e baixa (de 50º a 59º). Isto pode ser visualizado na tabela 1.3, como também, o tempo de
insolação e a radiação solar para as quatro estações do ano, onde se torna perceptível a
predominância da incidência de raios solares quase que perpendiculares à superfície
horizontal durante todo o ano, ocasionando assim, uma maior densidade do fluxo energético
(ou seja, maior ganho de calor através de radiações solares).
Tabela 1.3: Tempo de insolação, radiação solar incidente e altura solar ao meio-dia nos
solstícios e equinócios para a latitude de Brasília.
A disponibilidade da luz natural nas regiões tropicais é grande, e seus valores de iluminâncias
são muito altos. Por um lado este aspecto é muito positivo, pois se pode empregar e utilizar a
iluminação natural como recurso de projeto em grande parte do ano, diminuindo assim, o uso
da energia elétrica com o sistema de iluminação artificial, por outro lado, esse excesso de
luminosidade trás também ganhos térmicos para a edificação, entretanto, no geral, como
aspecto favorável na realidade climática de Brasília é que comprovadamente através da carta
biclimática de edificações, comentada na tabela 1.2 anteriormente, as condições de
desconforto térmico por calor ocorre em 22,2% das horas do ano, já o desconforto por frio é
maior, ocorrendo em 36,6%,das horas do ano.
Nota-se nas figuras 1.5, 1.6, 1.7 e 1.8 que para as quatro estações do ano têm-se valores
horários muito próximos e significantemente altos de iluminâncias direta e difusa no plano
horizontal para Brasília, por exemplo, às 12:00 h: em 22 de março (equinócio de outono) têm-
se 98.500 lux com céu parcialmente encoberto; em 22 de junho (solstício de inverno) com céu
claro - 85.500 lux; no equinócio de primavera, 23 de setembro, com céu parcialmente
encoberto o valor de iluminância é igual a 98.000 lux, enquanto para 22 de dezembro
(solstício de verão) quando a abóbada celeste encontra-se obstruída têm-se 21.000 lux.
Estas condições de iluminâncias favorecem o uso da iluminação natural como solução de
projeto e reforça a aplicação das diretrizes bioclimáticas, anteriormente consideradas,
ressaltando que a situação de desconforto ao frio é superior a de calor. Estratégias como o uso
20
90
80
70
Ilumunâncias (Klux)
60
50
40
30
20
10
0
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00
Horas
Figura 1.5: Valores de iluminâncias do outono para Brasília no plano horizontal
Fonte: Garrocho et al (2005).
100
Inverno - 22/06
90
80
70
Iluminâncias (Klux)
60
50
40
30
20
10
0
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00
Horas
110
Primavera - 23/09
100
90
80
Iluminâncias (Klux) 70
60
50
40
30
20
10
0
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00
Horas
22,5
Verão - 22/12
20
17,5
15
Iluminâncias (Klux)
12,5
10
7,5
2,5
0
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 18:00
Horas
Com o decorrer do tempo, a linguagem das novas edificações construídas em Brasília foi
sendo modificada com a apropriação de novas tendências. Contudo, ainda observa-se, tanto
em prédios públicos quanto em prédios comerciais, a continuidade da cultura do desperdício
energético e a adoção de soluções padronizadas, resultado de um processo de globalização. O
22
Deste modo, após analisar o clima local e verificar a disponibilidade de luz natural nesta
região, conclui-se que as aberturas zenitais são soluções favoráveis para a melhoria das
condições de conforto interno do edifício, ponderando sempre a geometria solar local. O
projetista, no entanto, deve estar atento nesta busca, pelo maior conforto do ambiente
construído e conseqüentemente da eficiência energética; pois o desafio é equilibrar
sabiamente o ingresso da luz difusa, bloqueando o calor gerado pela luz solar direta, evitando
assim, problemas de conforto térmico.
Para se projetar utilizando a luz natural como ferramenta é preciso conhecê-la mais
detalhadamente, no item a seguir descreve-se a luz natural caracterizando seus efeitos
benéficos e nocivos; suas fontes e conceitos relativos.
17
A luz natural pode ajudar a evitar fenômenos como a Síndrome do Edifício Doente (Sick Building Syndrome - SBS),
associada a edifícios com ar condicionado e luz artificial - e mais especificamente da Desordem Emocional Sazonal
(Seasonal Affective Disorder – SAD), ligada à carência de luz. (BAKER et al, 2002).
23
SAD e vivem em altas latitudes, durante o inverno, sentem esses sintomas de forma mais
severa, o que faz com que se sintam seriamente debilitadas.
Enquanto as pessoas que vivem e trabalham em altas latitudes, no inverno, estão em posição
de maior risco, prédios inadequadamente iluminados durante o dia podem colocar seus
ocupantes em risco em qualquer latitude, mesmo no verão. Nesse contexto, não é sem
propósito que o sintoma mais comum relatado em estudos sobre a Síndrome do Edifício
Doente (Sick Building Syndrome - SBS) é a letargia. De acordo com Baker et al (2002), os
edifícios com luz natural, devido à variação da iluminação no tempo e espaço, fornecem os
estímulos suficientes para desencadear os processos fisiológicos que evitam esta síndrome.
Todavia, quanto à luz natural, seus efeitos prejudiciais e benéficos estão ligados de forma
inseparável; é difícil obter qualquer benefício do sol sem, ao mesmo tempo, se expor aos
prejuízos que ele pode causar. Obviamente, o equilíbrio neste aspecto é relevante, e um
projeto arquitetônico adequado pode ajudar a equacionar a questão.
Assim sendo, é importante ressaltar que a luz proveniente do sol é a fonte de luz natural
principal, mas como afirma Hopkinson et al (1975) é a luz do sol difundida na atmosfera que,
como luz do céu, serve de fonte primária na iluminação natural de interiores. A partir disso,
relaciona-se no próximo capítulo o conceito físico da luz e suas fontes.
24
CAPÍTULO 02
Corbella (2003) acrescenta que “para um projeto que vise à utilização da iluminação natural,
quanto mais dados se possuam sobre as características do céu, tanto melhor”. Algumas
ferramentas de cálculo precisam de percentagens de tipo de céu (classificados segundo a
densidade das nuvens), ou dados médios mensais de transparência do céu, ou ainda quais os
períodos de céu com muita ou pouca luminância.
Portanto, Hopkinson et al (1975) ressalta que “a essência de um bom projeto de iluminação
natural consiste na colocação de aberturas de tal modo que a luz penetre onde ela é desejada,
isto é, sobre o trabalho, e de tal maneira que proporcione uma boa distribuição de luminância
em todos os planos do interior”. A iluminação interior, tanto em quantidade como em
qualidade, é uma função, não apenas do tamanho, formato, e colocação das aberturas, mas
também das propriedades refletoras das superfícies interiores, representando todos estes
elementos uma significativa contribuição para a iluminação total do ambiente.
2
A capacidade do olho de reconhecer com nitidez e precisão os objetos - habilidade do olho de ver detalhes. A acuidade é
função: do nível de iluminância do objeto, de seu tamanho, da distância até os olhos, do tempo de visão, do contraste entre o
objeto e seu entorno imediato e de perturbações visuais dentro do campo visual (VIANNA e GONÇALVES, 2001).
25
Tabela 2.1: Impressão visual em relação aos valores de Fator de luz Diurna (FLD).
Quanto aos valores de iluminâncias por tipo de atividade (valores médios em serviço) destaca-
se os níveis estabelecidos para os centros comerciais, tipologia escolhida para modelo de
estudo e simulação de configurações de aberturas zenitais, são eles:
(medido por um fotômetro) e o “brilho subjetivo” desse objeto, visto pelos olhos adaptados ao
ambiente.
A luminância denota a intensidade por metro quadrado de área aparente da fonte de luz ou de
uma superfície iluminada. Quando as superfícies são iluminadas, a luminância é dependente
tanto do nível de iluminação quanto das características de reflexão da própria superfície.
Unidade: nit ou cd/m2
Em função do campo de visão em um edifício do tipo centro de compras, descrito na figura
2.2, define-se, para este estudo, um valor máximo de luminância igual a 2.500 cd/m2. E o
valor de 25.000 cd/m2 para a luminância média da cena.
2.2.7 Uniformidade:
A uniformidade de iluminância (Uo) é determinada através da relação entre a iluminância
mínima (Emín) de uma superfície e a média aritmética das iluminâncias (Eméd) nesta
superfície, como mostra a expressão:
Uo = Emín/Eméd
Considerou-se, no presente estudo, como adequado, o ambiente que obteve um valor superior
a 0,8.
Ressalta-se que, o índice de Uniformidade de iluminância adotado para avaliação dos
resultados das simulações, é um parâmetro retirado da iluminação artificial, e o que será
ponderado aqui é a melhoria dele nas diversas alternativas analisadas, e não o valor absoluto.
Proporção Relação
Entre a tarefa e o entono imediato 3:1
Entre a tarefa e superfícies escuras mais afastadas 10:1
Entre a tarefa e superfícies claras mais afastadas 0,1:1
Entre a fonte de luz (natural ou artificial) e superfícies adjacentes 20:1
Máximo contraste em qualquer parte do campo de visão 40:1
29
Considerou-se para análise, no presente estudo, a relação de proporção 40:1, como parâmetro
de contraste marcante.
2.2.9 Ofuscamento
Ofuscamento é a sensação produzida pela luminância com o campo visual que é
suficientemente maior que a luminância a qual os olhos estão adaptados para causar
incômodo, desconforto ou perda na performance visual e visibilidade. A magnitude da
sensação de ofuscamento depende de alguns fatores como o tamanho, posição e luminância de
uma fonte, o número de fontes e a luminância a qual os olhos estão adaptados.
A
B
C
D
1.60
1.60
5.95
18.25
A) 5º-580 cd/m2; B) 15º-850 cd/m2; C) 25º - 1250 cd/m2 D) 35º - 1800 cd/m2 E) 45º - 2500 cd/m2
Devido à sua importância como aquecimento solar passivo, a radiação solar direta é muitas
vezes considerada indesejável para iluminação pela sua componente térmica, mas esta
concepção é errônea. De fato, a luz do sol não contém calor – esta consiste em radiação
eletromagnética, na região visível e na região invisível (a maior parte infravermelho, com um
pouco de ultravioleta) em proporções quase iguais. Segundo fundamenta Lamberts et al
(1998), aproximadamente metade da energia está na região visível, o restante no
infravermelho e no ultravioleta. Somente quando a radiação (visível ou invisível) é absorvida
pelas superfícies é que esta é convertida em calor. É normal ouvirmos falar na parte invisível
da radiação como “radiação térmica”, significando que somente esta parte é a causa do
aquecimento. Certamente, estamos interessados somente na parte visível do espectro, mas esta
é responsável por metade da energia que potencialmente pode se transformar em calor.
A eficácia luminosa da luz do sol também é maior que muitas das alternativas de luz artificial
conhecidas. A luz natural direta introduz menor quantidade de calor por lúmem para o interior
de um edifício que a maioria das lâmpadas (ver tabela 2.3). Isto comprova que a luz natural
pode ser uma estratégia importante para diminuir a carga de resfriamento necessária em um
edifício por causa da iluminação artificial, assumindo-se que pode ser distribuída e largamente
utilizada para este fim.
Dessa forma, sua variabilidade possui como vantagem, por exemplo, permitir ao homem a
percepção espaço-temporal do lugar onde se encontra. O jogo de intensidades diferenciadas
de luz, sombras e de reprodução de cores constitui informações espaços-temporais que a luz
natural fornece ao homem, fundamentais ao funcionamento do seu relógio biológico.
A condição de céu claro é considerada quando a abóbada celeste apresenta-se azul e sem
nuvens. O dia apresenta-se com muitos contrastes de luz e sombra. A presença pontual da luz
do Sol faz com que a iluminação ao longo do dia seja variável, tanto na distribuição quanto na
intensidade. De acordo com Moore (1991) sob estas condições as superfícies que refletem a
luz do Sol tornam-se importantes fontes secundárias de luz natural, já que a luz do Sol é muito
forte para ser usada diretamente sobre uma área de trabalho.
O céu parcialmente nublado ou encoberto é uma combinação de céu claro, de fundo, com
nuvens sobrepostas nele. A dificuldade neste tipo de céu é padronizar a intensidade de sua
luminância, pois esta varia ao longo das horas e, pode apresentar-se muito diferente de um dia
para o outro, dependendo da quantidade de nuvens formadas na atmosfera (MOORE, 1991).
32
O céu encoberto caracteriza-se por esconder o sol e difundir a luz proveniente dele, através
das nuvens. A abóbada apresenta-se como uma fonte de iluminação, na cor cinza claro e
brilhante. A intensidade de luz é três vezes maior na área do Zênite (posição relativa do sol
em um dado momento), em relação a área do horizonte. Moore (1991) salienta que esta
distribuição permanece constante ao longo do dia, porém a iluminância absoluta do céu varia
com a altitude do Sol, (o céu encoberto é mais brilhante ao meio-dia).
Além disso, a maioria da luz fornecida ao espaço para execução de uma tarefa não é
proveniente diretamente de sua fonte principal (do céu ou de uma fonte artificial), mas sim de
superfícies refletidas. Isto depende da propriedade da superfície atingida pela luz, tais como
sua textura (lisa ou rugosa), refletância e cor. Dessa forma, faz-se uma breve descrição dos
diferentes mecanismos pelos quais a luz interage com a matéria.
• a luz pode ser refletida – a relação entre a energia refletida e a energia incidente é
chamada de refletância, R.
• a luz pode ser transmitida - a relação entre a energia transmitida e a energia incidente é
chamada de transmitância, T.
• em ambos os casos a energia pode ser absorvida - a relação entre a energia absorvida e a
energia incidente é chamada de absortância, a.
Considerando a refletância, uma superfície totalmente preta pode ser igual a 0, uma superfície
perfeitamente branca pode ser igual a 1, e as superfícies reais encontram-se dentre esses dois
valores.
reflexão
reflexão
Figura 2.9: Processo que ocorre na superfície com a incidência da luz: absorção, reflexão e
transmissão. (Fonte: Adaptado de Baker et al (2002)).
Ambas as superfícies, opacas e transparentes podem ser difundidas. A difusão da luz significa
que o raio de luz refletido ou transmitido é distribuído em todas as direções (em direção a uma
superfície hemisférica imaginária), ainda que o raio de luz incidente seja de fonte direta
(numa única direção).
As paredes e o piso são geralmente constituídos de materiais opacos, que bloqueiam a
passagem da luz, refletindo-a. Além do tipo de reflexão do material, as superfícies possuem
índices de reflexão variáveis de acordo com a sua cor. Superfícies de cores escuras refletem
menos luz que superfícies mais próximas ao branco (BAKER et al, 2002).
As aberturas são superfícies tratadas com materiais transmissores, vidro ou policarbonato, que
permitem a passagem da luz para os ambientes adjacentes. Estes materiais transmitem a luz de
forma especular ou difusa. Quando a superfície é lisa e transparente, a transmissão e a
reflexão são especulares, (a luz transmitida não sofre interferência em sua trajetória e a
reflexão da luz para o exterior é semelhante a um espelho). Através das superfícies
transparentes e rugosas, como o vidro translúcido e o vidro martelado, a luz é transmitida e
refletida de maneira difusa (MOORE, 1991).
Baker et al (1993) sugere uma classificação de reflexão e transmissão de acordo com as
propriedades dos materiais. Considera relevante concentrar-se nos aspectos:
a) coeficiente de reflexão (ou transmissão) difusa – sob a luz difusa (luz uniforme);
b) coeficiente de reflexão (ou transmissão) difusa – sob o feixe de luz direta (dependendo
do ângulo incidente i);
c) reflexão (ou transmissão) especular em função do ângulo incidente;
d) forma da intensidade de distribuição da curva, na qual será determinada a aparência do
material: opaco, transparente, especular ou complexo.
e) mudança na coloração da luz após reflexão ou transmissão.
Na figura 2.9 segue esquema da classificação sugerida por Baker et al (1993) para ambos os
padrões de reflexão e transmissão, onde ǻ (delta) é o ângulo de dispersão para a metade da
intensidade.
35
Resumindo estes fenômenos, Baker et al (1993) através dos esquemas descritos acima
classifica valores típicos para o ângulo ǻ de dispersão tendo:
Se ǻ = 60º, a reflexão e transmissão é perfeitamente difusa; Se ǻ = 0º é considerada
especular; se ǻ está entre 0º e 15º a reflexão e transmissão tem dispersão estreita; se 15º <
ǻ < 45º a reflexão e transmissão tem dispersão larga; e estando ǻ entre 45º e 60º a reflexão
e transmissão pode ser considerada como difusa.
2.4.3 Refração
A refração é um efeito que ocorre entre materiais transparentes de densidades diferentes, tais
como o ar e o vidro. É caracterizado pela alteração na direção de propagação da luz ao mudar
de meio de propagação. Quando a luz passa entre materiais dissimilares, os raios dobram e
muda a velocidade rapidamente. A refração depende de dois fatores: o ângulo do incidente (i)
e o índice refrativo (n) do material.
O índice refrativo afeta a reflexão e a transmissão. Quando a luz está vindo na perpendicular a
um revestimento transparente, muito pouco dela é refletida. Esta reflexão cresce na proporção
que o ângulo de incidência aumenta; lentamente no início e então, mais drasticamente, até um
ponto em que toda a luz incidente é refletida.
2.4.4 Difração
Difração, diferentemente da óptica geométrica, acontece num nível não visível a olho nu,
quando os comprimentos de onda passam por orifícios ou ranhuras da ordem de grandeza do
próprio comprimento, alterando então a propagação das ondas.
CAPÍTULO 03
20 Plano de trabalho (ou plano de referência) – plano hipotético ou real, sobre o qual se trabalha habitualmente e no qual, se
especifica e mede a iluminação. Supõe-se este plano horizontal e à altura do piso de 0,75m (Hopkinson et al, 1975).
38
As janelas verticais, geralmente, são o tipo mais usado de sistema de iluminação lateral. Em
regra geral, analisa Hopkinson et al (1975) a iluminação natural útil alcançará somente uma
distância de 2,5 vezes a altura do piso até o topo da janela (acima do plano do trabalho). Em
um edifício de escritório padrão com uma janela de altura igual a 2,5m, isto significa um
máximo de profundidade de 5-7 metros.
Neste tipo de iluminação, uma estratégia eficiente que pode contribuir na redução da
luminância excessiva proveniente da abóbada celeste e do sol, bem como o calor por estes
emitidos é o uso de elementos de controle (como prateleiras, persianas, vidros prismáticos)
aplicados sozinhos ou em conjunto.
3.3.1.1 Lanternin
Caracteriza-se por duas faces opostas e iluminantes. Os cuidados ao projetar um lanternin
devem ser os mesmos ao se utilizar uma abertura lateral (a face voltada para Norte merece
tratamento da insolação), geralmente sua laje de cobertura é executada com “abas”
prolongadas com o intuito de proteger contra a penetração direta do sol. A melhor orientação
para as áreas iluminantes no caso do Brasil é Norte – Sul (N-S).
3.3.1.2 Sheds
Apresenta melhor desempenho quando orientado a sul para latitudes compreendidas entre 24º
e 32º S, no caso do Brasil. Seguindo esta orientação, a parte envidraçada deverá estar voltada
para sul permitindo assim, na maior parte do dia a entrada da luz difusa. Porém, deve-se estar
atento aos raios solares com menor inclinação (principalmente os do final de tarde) que
podem ocasionar ofuscamento.
Qualquer que seja o tipo de abertura na edificação, lateral ou zenital, envidraçada ou não, sua
orientação será um fator determinante na qualidade e quantidade de luz natural recebida.
Especialmente, no caso da localização geográfica do Brasil, a luz incidente proveniente do
norte é dinâmica e geralmente mais intensa e com tonalidades diferentes de cor. Já a
proveniente do sul é dita tipicamente “morna” e mais constante, e assim, é particularmente
apropriada para espaços que requerem maiores níveis de iluminância, sem muito risco no
aumento dos ganhos de calor internos, pela penetração de radiação solar que se converte em
energia térmica. E ainda, sem que ocorra o aumento do desconforto visual, por ofuscamento e
contrastes, produzido pelo ingresso da radiação direta.
A seguir descrevem-se algumas tipologias de edificações com potencial para o uso da
iluminação natural, especificamente, da iluminação zenital, caracterizada por admitir a
entrada de luz através de aberturas horizontais na cobertura.
Figuras 3.7, 3.8 e 3.9: Clarabóia da Pinacoteca do Estado de São Paulo – autoria arqtº Paulo
M. da Rocha (Julho de 2004)
Porém, não podemos esquecer que as clarabóias devem ser utilizadas com muito critério e
cuidado, principalmente em regiões tropicais como no caso do Brasil, e principalmente, no
exemplo da Pinacoteca, onde há excesso de vidro incolor sem proteção alguma; pois em
função da maior vulnerabilidade que apresentam do ponto de vista térmico provocam um
maior desconforto para o usuário, incremento do uso do ar condicionado e,
conseqüentemente, maior consumo de energia.
Em contrapartida, um exemplo de solução eficiente é a aplicação em aberturas zenitais de
sistemas avançados para o uso otimizado da luz natural. A fig 3.10 mostra o interior do
Museu de História Contemporânea da Alemanha coberto por um zenital do tipo domus com
superfície iluminante revestida pelo painel prismático. Dentre as vantagens dos painéis
prismáticos, podemos citar a sua semitransparência e a redução do ofuscamento causado pela
visão da abóbada celeste.
Os átrios são soluções extremantes favoráveis em edificações lineares, pois permite maior
aproveitamento da luz natural, nas figs 3.12 e 3.13, está o edifício de escritórios da Audi
Automóveis com a cobertura em vidro isolado do tipo okasolar. Este material contém grelhas
fixas que controlam a transmissão ótica da luz e o ganho de calor. O sistema é controlado por
um computador otimizado que redireciona a luz incidente e filtra o calor, permitindo a entrada
da luz difusa através das grelhas de acordo com a elevação do sol.
44
21 Na língua portuguesa, o termo shopping center foi incorporado e faz referência específica ao empreendimento do tipo
centro de compras planejado. Desta forma, adota-se no trabalho a nomenclatura centros de compras, tradução do termo
utilizado na língua inglesa, shopping center.
45
Na Europa, as galerias comerciais do século XIX, surgiram para permitir aos consumidores o
“ir” às compras em ruas cobertas, protegidos do sol e da chuva. Nessas galerias foram
planejados elementos arquitetônicos e materiais diversos no intuito de atrair os consumidores
a entreter-se nestes espaços por um maior período de tempo e seduzi-los com ambientes
luxuosos e confortáveis.
Por todo o mundo, nas zonas climáticas mais diversas, de cidades como Nápoles a Moscou, se
construíram galerias comerciais. Dois exemplos típicos de galerias são a Galeria Vittorio
Emanuelle II, em Milão e o GUM, em Moscou. Estas galerias foram construídas com espaços
envidraçados, cúpulas e fachadas em vidro para tornar o mais atraente e confortável possível o
“ir” às compras naquela época.
novas tecnologias, no intuito de aumentar a oferta e diferenciar seus serviços para atrair
consumidores cada vez mais exigentes.
22 Negócios âncoras são lojas que possuem uma marca forte e consolidada no mercado, e que certamente atrai os
consumidores. Fonte: ABRASCE - Associação Brasileira de Shopping Centers (1998).
23 Winning Shopping Center Design, nº 5 – ICSC, New York, 1998.
47
de luz natural é favorável, pois proporciona segundo Majoros (1998) efeitos estimulantes nos
ambientes. Todavia, o sistema de iluminação artificial não deve ser desconsiderado, mas sim,
incorporado de forma integrada com o comportamento da luz natural.
O Conjunto Nacional inaugurado em 1971 é um exemplo típico de edificação que passou por
alterações em sua concepção arquitetônica original, para receber em seu teto aberturas zenitais
que reforçam a entrada da luz natural. Foram acrescentados nas áreas de circulação do centro
de compras algumas clarabóias e lanternins com estrutura em alumínio natural e
policarbonato alveolar transparente. Porém, verifica-se certa incidência de luz solar direta nas
áreas comuns da edificação em alguns horários, ocasionando ofuscamento e excesso de
luminosidade próximo às vitrines, prejudicando de certa forma a exposição das mercadorias.
Por outro lado, pode-se verificar que a iluminação zenital nesses espaços proporcionou o
acionamento tardio da iluminação artificial principalmente em dias claros, gerando certamente
uma redução no consumo de energia do edifício.
Figuras 3.14, 3.15 e 3.16: Edifício do Conjunto Nacional, centro de compras pioneiro na
cidade de Brasília, está localizado na área central, às margens do Eixo Monumental.
(Março, 2004)
Figura 3.17: Brasília Shopping, vista externa do complexo: centro de compras e torre
composta por salas comerciais. (Março, 2004)
Figura 3.18 e 3.19: Vista interna da edificação; a abertura zenital proporciona entrada de luz
tanto no 1º pavtº quanto no 2º pavtº. (Março, 2004)
3.3.3 Conclusão
Verifica-se com relação à iluminação zenital, diferentemente da iluminação lateral, poucos
estudos sobre o tema. Contudo, não se pode afirmar que as tendências atuais que vem sendo
adotadas nos projetos de centros de compras (como por exemplo, colocação de zenitais para
entrada da luz natural) têm conduzido a uma redução efetiva no consumo energético destes
edifícios. Com relação ao desenho de aberturas zenitais, especificamente em centros de
compras, deve-se observar desde o estudo preliminar do projeto arquitetônico, qual a
quantidade de luz natural necessária e como obter uma boa performance para iluminar os
espaços adjacentes mais profundos da edificação, sem que ocorra excesso de radiação solar
nas mercadorias em exposição e presença de ofuscamento nas vitrines e áreas de circulação.
O topo do zenital é a área por onde entra a luz natural que será conduzida aos espaços
adjacentes. A iluminação pode sofrer alterações em função da geometria da cobertura,
estrutura de fixação e dos elementos de controle usados para filtrar a luz. A geometria da
cobertura deve levar em consideração fatores climáticos, como penetração de chuva,
distribuição da luz natural, acúmulo de sujeira e a forma mais adequada para a estrutura.
50
Os materiais de fechamento transparentes deixam passar mais luz natural e fornecem a visão
do céu, porém com a desvantagem de deixarem passar a luz do sol concentrada em feixes. Os
materiais translúcidos difundem e redirecionam a luz do sol, porém não possibilitam uma
visão clara do céu. Com céu encoberto, analisa Baker et al (1993), ocorre uma drástica
redução nos níveis de luz natural quando usados materiais altamente difusores. A geometria
também altera o direcionamento da luz, com a utilização de vidros translúcidos, por exemplo,
um teto chanfrado a quarenta e cinco graus, direciona mais luz para as paredes e menos para o
piso (BAKER et al, 1993).
24 De acordo com Sabatella (2002), a arquitetura sustentável estuda as possibilidades de se efetuar de maneira eficiente as
interfaces de um projeto, sejam através da escolha do sítio, utilização de materiais de construção adequados, da orientação da
edificação, da eficiência das aberturas, do estudo da ventilação e da insolação, dos ganhos e perdas térmicas, do estudo do
microclima e do macroclima, do impacto ambiental, da vegetação e/ou dos aspectos culturais.
51
CAPÍTULO 04
intensidade dos raios UV, elas não os eliminam; céus nublados normalmente reduzem a
intensidade em torno de 50%.
Em geral, tanto os efeitos mais prejudiciais como os mais benéficos dos raios UV resultam da
exposição ao raio UVB. Contudo, pouca quantidade de UVB é transmitida através dos vidros
das janelas e zenitais27. Assim como o resto da faixa de ondas solar, a intensidade da radiação
UV varia de acordo com a latitude, a estação do ano, a hora do dia e o espaço celeste coberto
por nuvens.
Ao incidir sobre um fechamento translúcido/transparente (vidro, policarbonato, acrílico, etc)
essas três categorias de radiação (ultravioleta, visível e infravermelho) são: absorvida,
refletida ou transmitida em função das propriedades do material (já comentado no capítulo 2).
Em edifícios de centros de compras, especialmente, além de considerar o efeito da incidência
solar sobre o ser humano, deve-se preponderar a entrada dos raios solares através de
superfícies envidraçadas em relação às mercadorias expostas (desbotamento), ao ofuscamento
e aos ganhos térmicos.
Na Tabela 4.1 relaciona-se o aspecto de incidência solar (comprimento de onda) e o tipo de
material transparente indicado para o ambiente construído, pois o equilíbrio na utilização
destes materiais é uma questão que deve ser ponderada.
Tabela 4.1 – Incidência solar e indicação de envidraçados.
Fonte: Adaptado de VIANNA e GONÇALVES (2001).
EFEITOS Região de concentração INDICAÇÃO
da efetividade (nm)
Utilizar preferencialmente material incolor ou claro.
Passagem de luz 380 a 780 Especificar com cuidado películas e vidros refletivos
(Cool-Lite*) prata, bronze e azul intenso.
Atenuar passagem de Refletivos metalizados a vácuo (Cool-Lite e Sun
infravermelho (calor) 780 a 1500 Guardian**), películas refletivas, refletivo verde
(Antélio***), verde comum e eletrocrômico.
Admitir luz e atenuar 380 a 780 (desejável) Refletivos verdes (SG), eletrocrômico ref. verde
infravermelho > 780 (indesejável) (Antélio) e verde comum.
Atenuar passagem de Policarbonatos, vidros laminados e películas de
ultravioleta (evitar 300 a 380 controle solar.
desbotamento)
Admitir luz branca e 380 a 780 (desejável) Policarbonatos, vidro laminado e película Museum****
atenuar ultravioleta < 380 (indesejável) (incolores)
(uso em vitrines)
Evitar eritemas, 280 a 320 Policarbonatos, películas, laminados e vidros comuns
queimaduras com espessura superior a 6mm.
Síntese de vitamina D 280 a 310 Ausência de qualquer envidraçado.
(antiraquitismo)
* Cool-Lite – Fabricado pela Santa Marina ** Sun Guardian (SG) – Fabricado pela Sun Guardian *** Antélio – Fabricado pela Blindex **** Museum -
Fabricado pela Courtaulds.
27
A proporção de raios UV transmitidos através dos vidros das janelas e zenitais, segundo BAKER et al (2002), varia de
acordo com o tipo, grossura e ângulos de incidência. Uma única janela de vidro claro comum de 4 mm, por exemplo,
transmite por volta de 50% do total de radiação UV num ângulo de 0° de incidência; fazendo uma média de
aproximadamente 80% acima de 350 nm, depois diminuindo rapidamente para algo como 7% a 320nm, sendo apenas uma
pequena porção de raios UVA. Com relação à maior parte da faixa de ondas de raios UVA (320-380 nm), esses valores de
transmissão continuam relativamente constantes em ângulos de incidência de até 60°. Acima de 60°, representando grandes
altitudes solares em relação ao vidro vertical, eles diminuem rapidamente.
53
4.2.2 Acrílico
O PMMA é uma das formas primárias disponíveis do acrílico. É produzido em placas
moldadas e folhas corrugadas, além de formas lineares corrugadas com cavidades celulares. A
moldagem é realizada entre folhas de vidro (CARAM, 1997).
As folhas transparentes têm espessuras entre 1mm e 100mm. Folhas planas comuns,
corrugadas, estão à disposição em espessuras de 2mm a 6mm, as folhas lineares com células,
corrugadas, encontra-se com 16mm de espessura e com até 1.200 mm de largura.
São fabricados na cor opaca e em outras, como também com texturas superficiais diversas. As
dimensões dos moldados variam de acordo com o fabricante, porém, folhas de até 2m por 6m
já existem no mercado. Quanta à transmissão da luz: o PMMA pode transmitir a luz de forma
muito intensa; chega a 92% para espessuras entre 1 e 25mm.
4.2.3 Policarbonato
O policarbonato é produzido numa variedade de formas corrugadas. A folha corrugada é
encontrada, em geral, com espessura de 1mm à 12mm, transparente, colorida ou opaca com
dimensão de até 2m por 6m, variando conforme o fabricante. Existem diversas texturas de
superfície.
A superfície do material geralmente é revestida com silicone de polímeros, o que proporciona
à folha resistência adicional à abrasão. Isso costumava ser aplicado apenas às versões planas
do produto, mas com as novas tecnologias existentes passou-se a produzir formas moldadas
maleáveis e endurecidas em formato curvo ou drapeado.
Existem policarbonatos com camadas duplas ou múltiplas, de até quatro ou cinco paredes de
espessura, moldados como materiais lineares com células, em larguras padrão, normalmente
de 1,25 ou 2,1m. Os fabricados com camada dupla têm até 16mm de espessura; o de tripla
camada pode ser obtido com espessura de até 40mm. As espessuras do material celular variam
de acordo com cada fabricante.
Com relação à transmissão da luz: varia entre 82% para 12mm e 90% para 1mm de espessura
do material. O produto característico de 5 ou 6mm possui uma transmissão de 85%. Esses
valores são reduzidos para 50% para a folha de cor bronze. O policarbonato transmite a luz
visível e é efetivamente opaco à irradiação ultravioleta.
et al (1993) propõe uma classificação geral para se trabalhar com a iluminação natural que
pode ser aplicada tanto individualmente quanto agrupada, são eles: os componentes de
condução, os componentes de passagem e os elementos de proteção. Na tabela 4.2 abaixo se
sintetiza a classificação geral destes componentes.
A figura 4.1 abaixo ilustra esquematicamente alguns exemplos destes componentes. Ressalta-
se que a utilização ou não destes componentes e das combinações entre eles em edificações
deve estar de acordo com o clima local, dimensão e função da edificação.
A tabela descreve a categoria na qual o sistema está inserido; sua nomenclatura e ilustração; o
clima ao qual apresenta condições de ser utilizado; a localização para fixação (lateral ou
zenital) e os critérios de seleção, ou seja, suas principais características e funções.
Disponibilidade
Necessidade de
percurso solar
desenvolvedor
Uniformidade
luz p/ o fundo
Vista externa
Ofuscamento
Luz artificial
Condução da
Economia de
do ambiente
Proteção do
Iluminação
Tipo/Nome Desenho
Produtor,
Seguir o
1A Sistemas
primário da
AL
luz difusa.
para uso
Vidros c/ perfis AL
refletores Climas Temperados D D D D D N S 3
(Okasolar) AZ
Prateleira AL
Condução
Sistemas
Painéis AL D D D D D S/N S 1
Prismáticos Todos os climas AZ
Direta
AL: Abertura Lateral; ALA: Abertura Lateral Alta; AZ: Abertura Zenital; S: sim; D: depende; N: Não; T: em fase de testes;
FD: em fase de desenvolvimento
Fabricação e Desenvolvimento de Produtos:
1. Siemens AG, Traunreuth, Alemanha; 2. Queensland University of Technology, Ian Edmonds, Brisbane, Austrália; 3.
Okalux, Marktheidenfeld, Alemanha.
28
Adaptado por Amorim (2002b) da classificação proposta pela IEA Task 21, “Daylight in Buildings”, Julho de 2000.
58
Dentre estes sistemas avançados discriminados acima, serão estudados como possíveis
soluções de projeto nas superfícies iluminantes de aberturas zenitais de edifícios do tipo
centros de compras, painéis prismáticos, o okasolar e o laser cut panel. Sendo somente
possível serem simulados no programa computacional utilizado os painéis prismáticos e o
Okasolar.
12h
15h
9h
1º pavtº
Pavt° térreo
As prateleiras têm como função proteger as zonas internas próximas à abertura da luz solar
direta e redireciona a luz que cai na superfície superior para o teto, melhorando a distribuição
de luz interna. A superfície superior da prateleira pode ter acabamento em material refletor,
como espelho, alumínio e outros.
No caso das aberturas zenitais em centros de compras, como visto na figura 4.3, as prateleiras
de luz são uma estratégia de projeto eficiente, pois permite uma melhor e maior penetração da
59
luz natural para o interior do edifício, diminuindo a incidência da luz solar direta tanto nas
lojas do segundo piso quanto na área comum do primeiro piso; possibilitando também, um
ambiente luminoso mais uniforme e evitando, portanto, um maior ganho térmico.
Todavia, ressalta-se que quanto mais inclinada estiver a prateleira, mais profundamente ela
projeta a luz, tanto direta como difusa. Porém, neste aspecto deve-se ter o cuidado para não
ocorrer ofuscamento nos planos de “trabalho” dos usuários. Uma prateleira na posição
inclinada pode projetar a luz solar direta para baixo, dependendo da altura do sol, causando
efeitos indesejáveis para os usuários do ambiente.
painéis têm dimensão de 206mm x 206mm, e são disponíveis em 11 tipos diferentes, cada um
desenhado para um tipo de uso diferente. Quatro diferentes ângulos de prisma, utilizados de
acordo com a localização no edifício, podem ser produzidos com uma camada refletiva
(prata), para refletir a luz direta.
Figuras 4.4, 4.5 e 4.6: Esquemas com reflexão e refração da luz incidente num painel
prismático. (Fonte: www.siteco.de)
Como vantagens, os elementos prismáticos são translúcidos, o céu não pode ser visto, mas é
perceptível. Assim, não alteram muito a aparência das janelas vistas de dentro. Possibilita a
redução do ofuscamento causado pela visão da abóbada celeste, estes podem reduzir uma
luminância de 2000- 6000 cd/m2 (céu encoberto visto por uma janela convencional) para 100-
300 cd/m2, o que resulta em melhoria significativa do conforto visual, especialmente em
ambientes de trabalho com uso de computadores (BAKER et al, 1993).
Entretanto, apresenta desvantagens por ser um sistema fixo deixando obscurecer
permanentemente a visão do exterior. Requer espaço de 20mm entre os dois vidros, para
inserir o prisma. Tornando assim, o custo consideravelmente maior do que sistemas
tradicionais (de 200 a 400 ¼ por m2), porém as economias também são importantes (não há
necessidade de uso de brises, menos luminárias, menor consumo de energia – menos luz
artificial durante o dia e com isso menor consumo de ar condicionado) (IEA, 2000).
Luz
natural
Luz na direção
do piso
Figura 4.7: Laser Cut Panel (LCP), sistema Figura 4.8: Funcionamento do laser cut
de re-direcionamento da luz natural. panel. (Fonte: IEA (2000)).
O laser cut panel colocado na vertical (em janelas, por exemplo) reflete o raio de luz
incidente com inclinações superiores a 30º, enquanto transmite a luz próxima à normal
incidente com um pequeno distúrbio, mas mantendo a visão. Esse painel possui um brilho
muito baixo porque a luz refletida é direcionada para cima (para o teto) enquanto a luz
transmitida permanece no mesmo sentido (descendente) do raio de luz incidente.
Primeiramente, a luz é refletida quando incide no meio do acrílico pelo princípio da refração,
depois é refletida internamente e na saída refletida novamente (ver fig. 4.9). Como toda luz
refletida está na mesma direção, a reflexão é altamente eficiente. A fração de luz refletida, f,
depende do ângulo incidente, i, e o espaçamento entre os cortes dependem da relação de
profundidade, D/W, como visualiza-se na fig. 4.10. Por exemplo, um laser cut panel com
espaçamento entre os cortes numa relação de profundidade (D/W) = 0,7 fixado em uma janela
vertical reflexionará quase toda luz incidente acima de 45º de inclinação e transmitirá grande
parte da luz incidente abaixo dos 20º. Assim, uma fração de luz alta é reflexionada pelo painel
em direção ao teto agindo como uma fonte secundária de luz refletida difusa, similar ao
funcionamento da prateleira de luz (light shelf).
Figura 4.9: Frações de luz refletida (f) e Figura 4.10: Fração de luz refletida X inclinação
transmitida (1-f). (Fonte: IEA (2000)) do ângulo de luz incidente em um laser cut panel
colocado na vertical. (Fonte: IEA (2000)).
Os painéis são produzidos a partir de cortes a laser em uma lâmina de acrílico transparente
(denominado PMMA) e projetados com uma borda contínua capaz de suportar seções. O corte
a laser é programado de acordo com cada projeto. Geralmente os cortes são feitos
62
Quanto à economia de energia a ser obtida com a utilização do painel, esta dependerá da
aplicação dos mesmos (IEA, 2000). Por exemplo, painéis fixos na parte superior da janela que
redirecionam a luz para o fundo do espaço interno podem aumentar a luz natural de 10 a 30%,
dependendo das condições do céu. Inclinados para fora da janela tem efeito maior ainda (ver
fig. 4.13).
Verão Inverno
Figura 4.13: Corte
Figura 4.12: Esquema de esquemático do laser cut
Figura 4.11: Transparência posicionamento do laser cut de panel fixado na janela com
e amostragem do material. acordo com a estação do ano. inclinação de 20º.
Fonte: IEA (2000)
A principal desvantagem deste sistema é o custo, aproximadamente 100 ¼/m2. Para pequenas
quantidades (<20 m2) o custo é de 130 ¼/m2. Com relação à manutenção e limpeza do
material, se forem instalados em uma janela entre folhas de vidro ou em um zenital, a
63
manutenção é dispensada. Mas, se forem instalados como uma lâmina ou somente com uma
folha de vidro, a manutenção requerida é similar ao do vidro comum.
Figuras 4.14 e 4.15: Laser cut panel - a luz incidente com ângulos elevados é refletida
quando difusa; enquanto os raios de luz com baixa inclinação penetram através do zenital.
Fonte: IEA (2000).
São produzidos a partir de cortes a laser em uma lâmina fina de acrílico transparente, onde
quatro painéis, cortados no formato triangular, são colocados dentro de uma pirâmide-tipo
zenital. Para um zenital triangular, os painéis são cortados no formato retangular e aparados
no interior do quadro do zenital. Os painéis de acrílico são cortados geralmente com espessura
de 6 mm, e o espaçamento entre os cortes é de 4 mm. Os zenitais angulares seletivos são
fabricados nos tamanhos que variam de 0,8 m2 a 2,4 m2.
Sugere-se que o ângulo de inclinação do zenital para colocação dos painéis seja entre 45° e
55° para os trópicos e o subtrópicos, latitudes do hemisfério sul (caso do Brasil), pois nestas
situações torna-se de suma importância rejeitar a luz do sol com ângulos de inclinação altos
evitando o superaquecimento ao meio-dia (IEA, 2000). Desta forma, o zenital deve possuir
painéis com ângulo de inclinação igual ou superior a 45°, como na figura 4.16. Para as
latitudes do hemisfério norte onde o raio de luz incidente com baixa inclinação é mais
importante, os ângulos de inclinação do zenital devem estar entre 25° e 35°. Em um zenital
triangular (ângulo de inclinação do painel = 55°), a transmissão diminui enquanto a luz direta
incidente aproxima-se dos 90°, ou seja, esse tipo de zenital admite a entrada da luz difusa e
rejeita a luz solar direta.
Segundo o IEA (2000) o desempenho do zenital angular seletivo depende dos seguintes
fatores: espaçamento dos cortes a laser dentro do painel, ângulo de inclinação dos painéis
piramidais ou triangulares, profundidade do zenital, hora e estação do ano e condições do céu.
Quanto maior a profundidade do zenital, melhor será o desempenho da luz difusa através dele.
64
Figura 4.16: A luz solar direta A é Figura 4.17: Laser cut panel colocado num zenital
refletida pelo componente enquanto invertido – voltado para o interior da edificação.
a luz difusa B penetra na edificação. Exemplo de alpicação na Biblioteca da Mont Cootha
Fonte: IEA (2000).
Herbarium, Brisbane – Austrália. (Fonte: QUT (2003))
Os zenitais angulares seletivos foram projetados especificamente para climas de baixa latitude
(hemisfério sul) com céu claro, pois não são apropriados para climas com céu
predominantemente encoberto por rejeitarem a luz solar direta.
São sempre usados como sistemas fixos e não requerem nenhuma manutenção específica,
além da manutenção normal do zenital. De acordo com dados do IEA (2000), o custo de um
zenital piramidal convencional de 0,8m2 instalado é de aproximadamente 500 ¼, no entanto,
um zenital angular seletivo piramidal de 0,8m2 instalado custa em torno de 600 ¼.
Com relação à economia de energia, esta pode ser bastante significativa, visto que os zenitais
angulares seletivos bloqueiam a entrada de luz solar direta, evitando ganhos térmicos
indesejáveis e o uso de ar condicionado. Já a utilização de iluminação artificial também pode
ser reduzida se comparado a um edifício com nenhum zenital ou edifícios com zenitais sem
algum controle da carga térmica adquirida.
Figura 4.18: Tentativa de simulação com laser cut panel no programa computacional
Rayfront.
Dessa forma, consideraram-se algumas aplicações do laser cut panel em uma configuração
típica de um edifício comercial do tipo centros de compras em Brasília, testando algumas
posições recomendadas pelo fabricante para esta latitude, verificando-se através de estudos
geométricos a reflexão e refração da luz natural direta nestes componentes, demonstradas a
seguir.
4.4.4.2.1 Aberturas Zenitais a 45°, 50° e 55° - Equinócio de Outono (22/03) e Primavera
(23/09).
Croquis de utilização do sistema avançado laser cut panel em aberturas zenitais com
inclinação de 45°, 50° e 55° no formato triangular. Ângulos de incidência solar para os
equinócios de outono (22/03) e primavera (23/09).
9h 15h
Alt. solar = 42º Alt .solar = 42º
45°
45°
12h
15h
12h 9h
Alt. solar = 72º
45°
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.19: Equinócios de outono e primavera nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura
zenital com 45º de inclinação.
15h
Alt .solar = 42º
9h
Alt. solar = 42º
50°
50°
12h
15h
12h 9h
Alt. solar = 72º
50°
N S 1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.20: Equinócios de outono e primavera nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura
zenital com 50º de inclinação.
67
9h
15h
Alt. solar = 42º
Alt .solar = 42º
55
°
°
55
12h 12h
Alt. solar = 72º 15h
9h
55
°
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.21: Equinócios de outono e primavera nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura
zenital com 55º de inclinação.
9h – o ângulo de incidência dos raios solares é baixo, o sistema age deflexionando o raio
incidente para dentro da edificação, conseqüentemente, pode ocasionar alguns problemas com
relação ao excesso de luminosidade. Com relação ao ganho de calor, este é praticamente
desprezado já que neste período matutino as temperaturas são bastante amenas.
12h – Neste horário como o ângulo de incidência solar é alto, o painel deflete praticamente
toda a luz direta resultando em uma excelente solução de projeto onde a carga térmica
indesejada também é reduzida.
15h – o ângulo de incidência dos raios solares é baixo, o que pode ocasionar problemas com
relação ao excesso de luminosidade, e ainda, esse é um período crítico para Brasília, pois as
temperaturas, principalmente, nos meses de setembro e outubro são elevadas e a umidade do
ar neste horário atinge índices baixos ocasionando imenso desconforto ao usuário da
edificação. Uma solução é utilizar conjuntamente outro sistema como, por exemplo, a
prateleira de luz que reflete os raios incidentes para o teto de acordo com disposição e fixação.
15h
9h Alt .solar = 31º
Alt. solar = 31º
45°
45°
12h 12h
Alt. solar = 50º
15h 9h
45°
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.22: Solstício de inverno nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura zenital com 45º
de inclinação.
9h 15h
Alt. solar = 31º
Alt .solar = 31º
50°
50°
12h
15h
9h
12h
Alt. solar = 50º
50°
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.23: Solstício de inverno nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura zenital com 50º
de inclinação.
69
9h 15h
Alt .solar = 31º
Alt. solar = 31º
12h
12h 15h 9h
Alt. solar = 50º
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.24: Solstício de inverno nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura zenital com 55º
de inclinação.
12h – Neste horário como o ângulo de incidência solar é um pouco mais alto, nos zenitais
com 50° e 55° de inclinação o painel deflete praticamente toda a luz direta, sendo favorável
sua aplicação já que a carga térmica do meio-dia é sempre considerável. No zenital de 45° o
mesmo não ocorre, pois o painel deflexiona o raio incidente para dentro do edifício.
15h – Idem ao ocorrido às 9h, pois os raios deflexionados pelo painel seguramente podem
originar contratempos com excesso de luminosidade. Como alternativa pode-se empregar
conjuntamente outro sistema avançado para o uso da luz natural, já que nessa época os
ângulos de inclinação solar estão em torno dos 30°, e por este motivo, pode não ser
suficientemente luminoso para ser a principal fonte de iluminação interna.
9h 15h
Alt. solar = 48º Alt .solar = 48º
45°
45°
12h
15h
12h 9h
Alt. solar = 84º
45°
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.25: Solstício de verão nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura zenital com 45º
de inclinação.
15h
9h Alt.solar=48º
Alt. solar = 48º
50°
50°
12h
12h 15h 9h
Alt. solar = 84º
50°
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.26: Solstício de verão nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura zenital com 50º
de inclinação.
71
9h 15h
Alt. solar = 48º Alt.solar=48º
12h
15h 9h
12h
Alt. solar = 84º
1º pavtº
Pavt° térreo
Figura 4.27: Solstício de verão nos horários de 9h, 12h e 15h para abertura zenital com 55º
de inclinação.
9h – Nos zenitais com 45° e 50°, como o ângulo de incidência solar ainda é baixo, o painel
deflete a luz para dentro da edificação, sendo possível ocorrer ofuscamento. Já no zenital com
55º de inclinação, o raio defletido incide na laje do edifício que reflete a luz novamente
distribuindo-a.
12h – Neste horário, o laser cut panel tem uma performance desejável em todos os zenitais:
45°, 50º e 55° de inclinação, pois a luz solar direta incidente é rejeitada evitando uma
sobrecarga térmica na edificação.
15h – Semelhante ao ocorrido no horário das 9h, no zenital com inclinação de 55°, o raio
defletido pelo laser cut panel incide na laje do edifício que assume um papel semelhante ao
da prateleira de luz, redirecionando-a; pois, a abóbada celeste nessa época é intensamente
luminosa. Conseqüentemente, os ganhos térmicos indesejáveis são minimizados já que a
radiação solar e as temperaturas são elevadas no período.
4.4.6 Okasolar
O sistema Okasolar é um sistema fixo, consiste em grelhas igualmente espaçadas, com três
faces reflexivas em três dimensões, fixadas dentro de uma placa de vidro duplo. Possibilita a
difusão da luz natural uniformemente no interior da edificação e tem efeito de proteção solar
variável com as mudanças sazonais, ou seja, admitem uma quantidade de luz direta e energia
73
solar de acordo com a elevação do sol no céu, permitindo que o desempenho do edifício
responda conforme a hora e a estação do ano (IEA, 2000).
Figuras 4.30 e 4.31: Exemplo do Okasolar fixado em aberturas laterais e zenitais com
ângulos de incidência solar a 15º, 45º e 60º. (Fonte: www.okalux.com).
Okasolar pode ser usado sempre que a iluminação natural e o controle solar eficaz forem
desejáveis, eliminando assim, a penetração direta dos raios solares e mantendo a visão do
exterior. Pode ser instalado tanto em aberturas laterais quanto em zenitais, em sistemas de
vidro duplo liso ou em coberturas inclinadas.
De acordo com seu fabricante (Okalux, 2005), as unidades de Okasolar são neutras na
aparência e similares às unidades de vidro isolante convencional quando vistas externamente.
Cada grelha tem superfícies côncavas e convexas que asseguram que toda luz refletida seja
difundida, minimizando o efeito “espelho” quando vista externamente. Vista internamente, a
aparência das grelhas é mais ou menos pronunciada, dependendo do ângulo e da distância em
se encontra o observador. Geralmente, possuem uma aparência cinzenta escura quando
mostradas em perfil de encontro ao céu.
As unidades de Okasolar são compostas por duas folhas de vidro separadas por um caixilho-
espaçador de alumínio em toda a extensão de seu perímetro que abriga o painel da grelha. A
especificação do vidro varia de acordo com as exigências de cada projeto. Entretanto, sendo
necessário, o vidro externo pode também incorporar um revestimento de controle do sol com
baixa transmitância solar (como películas, por exemplo).
O ângulo e o afastamento da seção transversal original das grelhas permite a penetração e o
controle da luz natural de acordo com as exigências do projeto. Reflexões múltiplas entre
grelhas adjacentes podem ser ocasionadas por alguma luz que atinge o interior e pela luz
refletida para o exterior. O balanço entre a reflexão interna e externa irá depender do ângulo
incidente e de sua variação durante o dia (IEA, 2000). Portanto, as grelhas do Okasolar têm a
função de redirecionar a luz direta, permitir a entrada da luz difusa, eliminar o brilho e
distribuir a luz mais uniformemente.
74
CAPÍTULO 05
De forma geral, existem muitos métodos que calculam a iluminância produzida pelo céu, a
geometria da iluminação, ângulos de obstrução, porém são poucos os que permitem o cálculo
da iluminância produzida pelo sol no interior da edificação. Não existem métodos manuais
que façam cálculos de iluminância em ambientes de geometria muito complexa, torna-se
praticamente imprescindível o uso do computador.
29
Imagem sintetizada – imagem produzida por procedimentos computacionais a partir de uma cena. Pode ser denominada
também de imagem renderizada ou imagem texturizada. (CHRISTAKOU, 2004).
30
Rendering – é um processo de representação bidimensional; uma vista específica de um determinado modelo
tridimensional. (idem)
31
Algoritmo – conjunto de regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em
um número finito de etapas. (idem)
32
Cena – Em computação gráfica, “cena” diz respeito a um conjunto de elementos tais como: a geometria do modelo, os
atributos dos materiais, as fontes de luz e os parâmetros de visualização da imagem renderizada. (idem)
77
de um ponto de observação, fazendo com que em cada nova visualização seja necessário uma
nova determinação dos percursos dos raios luminosos.
Ainda conforme analisa Claro (2005), as técnicas de Ray-tracing têm algumas limitações
graves: não é possível considerar de forma adequada a contribuição da radiação difusa, que
por sua vez influencia de forma determinante a distribuição espectral da radiação luminosa; a
falta de uma simulação global da componente difusa, por sua vez, não permite que se trate de
forma adequada o fenômeno das sombras projetadas, que se apresentam com bordas muito
definidas, totalmente não naturais.
GREG WARD no
RADIANCE (Linux , Mac OSX, SGI) Lawrence Berkeley Laboratory California EUA
Diante dessa análise dos métodos e ferramentas existentes para o cálculo da iluminação
natural, verificou-se que a simulação numérica através de programas computacionais se
apresenta como escolha adequada neste estudo para o prognóstico do comportamento dos
ambientes quanto à admissão da luz natural do exterior.
Especificar orientação e
localização do projeto Criar e salvar Especificar condições de
variação céu, data e hora
E por fim, a Sketch-View (ver fig. 5.4)possibilita a visualização da modelagem, bem como
sua rotação e ajuste da imagem temporariamente.
33
CAD – computer aided design (uso de computadores para projetar produtos) – o software CAD é utilizado para projetos
genéricos ou especializados, tais como de arquitetura, engenharia, elétrica ou mecância. (CHRISTAKOU, 2004).
81
34
Plataforma – o hardware e o software que precisam estar presentes para que um programa aplicativo possa funcionar.
(CHRISTAKOU, 2004).
82
Admite-se importar a geometria de programas CAD generalizado, porém com extensão DXF,
mas com o intuito de obter-se uma simulação mais eficiente e integrada o indicado é utilizar-
se do programa 3DSolar, um poderoso modelador parametrizável de geometrias 3D. Possui
um módulo que pode ser adicionado ao programa, denominado de Raydirect, que permite a
integração e o cálculo de sistemas avançados de re-direcionamento da luz natural, como por
exemplo, o laser cut panel e painéis prismáticos.
O Rayfront tem como pré-requisitos para seu melhor funcionamento: processador Intel
Pentium 200MHz, 64Mb RAM, 1GB em disco e placa de vídeo gráfica com 16 bits de cor,
resolução de tela mínima de 1024x768.
Como aspecto positivo funciona em plataforma UNIX36, entretanto somente permite utilizar o
AutoCAD 14 ou 2000, não estando adequado ao uso de versões mais recentes. Segundo
estudo realizado por Christakou (2004) ocorrem dificuldades em adaptação do software ao
ambiente Windows XP em português, que necessita ser instalado em pasta específica e isto
não está descrito no manual. Com relação a este aspecto foram posteriormente, enviados pelo
suporte técnico37, os arquivos em PDF descrevendo com maiores detalhes este procedimento
de instalação.
O primeiro passo é definir parâmetros geográficos do projeto (ver fig. 5.6). Depois disso,
pode-se criar e salvar a variação, selecionar o tipo de céu, data e hora da simulação (ver fig.
5.7). Quanto à seleção do céu o programa permite a modelagem de um céu específico para
determinando sítio através de entrada de parâmetros na interface, além do céu padrão CIE
(Commission Internacionale de I’Eclairage).
35
Interface – é a fronteira compartilhada por dois dispositivos, sistemas ou programas que trocam dados e sinais. Ou o meio
pelo qual o usuário interage com um programa ou um sistema operacional (como por exemplo: DOS, Windows).
36
UNIX – sistema operacional multitarefa, multi-usuário desenvolvido nos laboratórios Bell Labs para criar um ambiente
favorável para o desenvolvimento de pesquisas científicas.
37
Os demais questionamentos feitos ao suporte técnico a respeito do funcionamento do software encontram-se no Anexo D.
83
Figura 5.10: Janela de edição de dados Figura 5.11: Malha de pontos de medições
referentes ao plano de medição. lumínicas.
85
ELABORAÇÃO DO
MODELO
CONFIGURAÇÃO DOS
ZENITAIS
ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS
DE ANÁLISE
SIMULAÇÕES
DEFINIÇÃO CONDIÇÕES DE
CONTORNO
CONCLUSÕES
6 .0 0
30.00
9.00
1 8 .0 0
45°
N S
1º pavtº
Pavt° térreo
O Zenital 02 – Lanternin - possui quatro lados sendo dois lados opostos e com superfícies
iluminantes a 90º no sentido norte/sul e os outros dois no sentido leste/oeste em material
opaco; a laje de cobertura foi elaborada com um leve prolongamento sobre as superfícies
iluminantes com o intuito de proteger o ambiente interno contra a penetração da radiação
solar direta. A abertura no teto possui dimensões de 9m x 6m e as quatro faces
perpendiculares à cobertura, 2m de altura, ou seja, 18 m2 de superfície iluminante em cada
lado – total – 36 m2 (ver fig. 5.15).
N S
1º pavtº
Pavt° térreo
O Zenital 03 – Shed para sul – possui superfície iluminante a 90º. A superfície opaca
inclinada tem 30º em relação à laje de cobertura. A superfície lateral iluminante foi orientada
voltada para sul. Pois, devido à cidade de Brasília estar situada na latitude 15º 52’ Sul, esta
configuração de abertura zenital, elaborada para ser modelada e simulada no programa
Rayfront, foi orientada neste sentido (sul) porque nesta condição, segundo Vianna et al
(2001), fornecerá iluminação unilateral difusa durante a maior parte do ano. E também pelo
fato da luz proveniente do sul ser mais constante e menos intensa, e assim, particularmente
apropriada para espaços que requerem maiores níveis de iluminância, sem muito risco no
aumento dos ganhos de calor internos, pela penetração de radiação solar que se converte em
88
energia térmica. Para esta configuração de zenital elaborou-se três superfícies iluminantes
com dimensões de 9m x 2m (18 m2), no total 54 m2 (ver fig. 5.16).
N S
1º pavtº
Pavt° térreo
Parâmentros Índices
Iluminância Mínima: Média: Máxima:
Emín. = 750 lux Eméd. = 1000 lux Emáx. = 2000 lux
Luminância Máxima admissível – Lmáx. = 25.000 cd/m2.
Uniformidade Uo = Emínima / Emédia > 0,8.
Contraste Máximo em qualquer parte do campo de visão – relação: 40:1
Ofuscamento Acima de 2500 cd/m2.
Fator de Luz Diurna Moderado / médio = 4%.
38
Os conceitos e parâmetros analisados encontram-se detalhados no capítulo 02 desta dissertação.
89
Figura 5.19: Imagem – iso contour. Figura 5.20: Imagem sintetizada – false
color
As simulações no programa Rayfront foram realizadas aplicando-se nas superfícies
iluminantes dos zenitais três materiais distintos - um convencional – o vidro incolor e dois
sistemas avançados: o painel prismático e o okasolar. Para cada tipologia de zenital foram
concebidas 36 (trinta e seis) simulações, sendo no total 108 (cento e oito) combinações.
Devido a componente de luz refletida ser determinada principalmente, pela reflexão das
superfícies do edifício, as demais superfícies receberam o mesmo tratamento para ambos os
modelos:
Paredes – pintura branca com índice de reflexão de 85% (plastic)
Teto – pintura branca com índice de reflexão de 85% (plastic)
• Datas
Optou-se realizar as simulações nos solstícios e equinócios e definiu-se o dia luminoso típico
mensal com base no dia representativo para nas quatro estações do ano obtidos através do
programa DLN – Cálculo de Disponibilidade de Luz Natural versão 2.06 (1997). As datas
escolhidas são: 22 de março (equinócio de outono); 22 de junho (solstício de inverno); 23 de
setembro (equinócio de primavera) e 22 de dezembro (solstício de verão).
O software, de autoria do arqtº Paulo Sérgio Scarazzato e programação de Rogério Reis da
Silva, utiliza a metodologia proposta pelo IESNA39 para calcular a iluminância e luminância
produzida pela abóbada celeste no plano horizontal e vertical de diferentes latitudes do Brasil,
em condições de céu claro, parcialmente encoberto e encoberto. Deste modo, inserindo dados
do lugar e a época do ano que se deseja calcular, é possível obter dados de iluminância e
luminância. O programa permite que se calcule a iluminância diária e horária do “dia
luminoso típico40”. Este último é utilizado pela simulação porque é representativo da condição
média de uma determinada estação do ano.
• Horários
Os horários foram definidos com o objetivo de coincidirem com a duração das atividades e a
utilização da iluminação para acontecerem. Devido à trajetória aparente do Sol ser cíclica, o
horário do período da manhã escolhido para simulação foi as 9:00h e para o período da tarde
as 16:00h, e as 12:00h devido o sol atingir sua altura máxima, quando a direção das radiações
é perpendicular ao plano, ocasionando uma maior concentração energética por área de
superfície.
• Tipo de céu
A partir do índice de nebulosidade médio mensal obtido para Brasília através dos dados do
INMET (NORMAIS CLIMATOLÓGICAS, 1960-1990) identificaram-se as condições de céu
39
Illuminating Engineering Society of North América (IESNA) - Esta metodologia considera a latitude, longitude, meridiano,
a data e hora considerada, e o valor médio calculado representando o dia, hora e tipo de céu escolhido (Amorim, 2000)
40
O conceito de Dia Luminoso Típico proposto por Scarazzato (1995) em analogia ao utilizado na área de conforto térmico é
calculado através da média obtida para céu encoberto, parcialmente encoberto e claro; depois o programa tenta dentro de um
período estabilizado, um dia com valores calculados que mais se aproxima da média.
91
para cada respectiva estação do ano, na seguinte escala: de 0 a 3 – céu claro; de 4 a 7 – céu
parcialmente encoberto; de 8 a 10 – céu encoberto, portanto na tabela a seguir estão
resumidos esses dados.
Tabela 5.3: Respectivos índices de nebulosidade e condição de céu para Brasília.
Mês Índice de nebulosidade Condição de céu
22 de março 7.0 Parcialmente encoberto
22 de junho 3.0 Claro
23 de setembro 4.0 Parcialmente encoberto
22 de dezembro 8.0 Encoberto
Fonte: www.inmet.gov.br
A figura 5.21 abaixo ilustra uma janela do programa computacional DLN (Disponibilidade de
Luz Natural) desenvolvido por Scarazzato e Silva (1995) onde se pode obter a iluminância da
luz do céu para um determinado local no Brasil, em diversos horários, no plano horizontal e
vertical para todas as estações do ano. Na tela está ilustrado o valor de iluminância (luz do
céu) no plano horizontal para a cidade de Brasília (lat. 15º52’S):
Figura 5.21: Janela do programa DLN com dados de iluminâncias (luz do céu) para Brasília
em 22/12 (solstício de verão).
No capítulo 06, a seguir, são mostrados os resultados das simulações computacionais
realizadas no programa Rayfront, suas análises e conclusões finais.
93
CAPITULO 06
Tabela 6.1: Resultados simulações no programa RAYFRONT. - ZENITAL 1 – Teto de dupla inclinação
Equinócio de Outono – 22 de março – Céu Parcialmente Encoberto – IN = 7.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m ) 2
(lux)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 47,97 lux 29.670,84 lux 2.010,06 lux 0,02 7,60 4.725 53.327,20 3,77
12:00 h 48,06 lux 49.689,04 lux 3.257,28 lux 0,01 7,65 7.912 85.813,95 3,79 83 5,8
16:00 h 48,13 lux 24.012 lux 1.085,27 lux 0,04 7,66 3.823 46.109,57 2,35
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 42,86 lux 446,25 lux 64,82 lux 0,66 6,85 71,05 53.327,20 0,12
12:00 h 44,05 lux 557,19 lux 70,65 lux 0,62 7,01 88,72 85.813,95 0,08 > 20 1,6
16:00 h 43,01 lux 429,06 lux 64,85 lux 0,66 6,84 68,32 46.109,57 0,14
OKASOLAR
9:00 h 48,16 lux 1310,15 lux 174,93 lux 0,27 7,66 208,62 53.327,20 0,32
12:00 h 48,16 lux 2363,62 lux 259,69 lux 0,18 7,66 376,37 85.813,95 0,30 > 10 1,2
16:00 h 48,16 lux 1236,82 lux 154,60 lux 0,31 7,66 196,94 46.109,57 0,33
Solstício de Inverno – 22 de junho – Céu Claro– IN = 3.0
Horário E mín E máx E méd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2) (lux)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 48,05 lux 21.560 lux 1507,40 lux 0,03 7,65 3.433 39.424,96 3,82
12:00 h 48,16 lux 38.673,60 lux 2566,11 lux 0,01 7,66 6.158 67.372,96 3,80 83 5,8
16:00 h 48,13 lux 14.296 lux 1135,74 lux 0,04 7,66 2.276 29.170,38 3,89
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 41,56 lux 555,92 lux 68,65 lux 0,60 6,61 88,52 39.424,96 0,17
12:00 h 42,66 lux 679,71 lux 76,82 lux 0,55 6,79 108,23 67.372,96 0,11 > 20 1,6
16:00 h 41,55 lux 505,40 lux 66,00 lux 0,62 6,61 80,47 29.170,38 0,22
OKASOLAR
9:00 h 48,16 lux 1030,51 lux 155,88 lux 0,30 7,66 164,09 39.424,96 0,39
12:00 h 48,16 lux 1906,23 lux 217,75 lux 0,22 7,66 303,53 67.372,96 0,32 > 10 1,2
16:00 h 48,16 lux 918,36 lux 135,30 lux 0,35 7,66 146,23 29.170,38 0,46
- Iluminâncias acima de 2000 lux Possibilidade de ofuscamento Índices dentro dos parâmetros Índices com valores próximos aos dos parâmetros
95
Tabela 6.2: Continuação dos resultados simulações - ZENITAL 1 – Teto de dupla inclinação.
Equinócio de Primavera – 23 de setembro – Céu Parcialmente Encoberto – IN = 4.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2) (lux)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 47,97 lux 32.077,37 lux 2189,71 lux 0,02 7,63 5.107 57.796,22 3,78
12:00 h 48,09 lux 50.474,03 lux 1923,20 lux 0,02 7,65 8.037 86.422,42 2,22 83 5,8
16:00 h 48,07 lux 21.125 lux 986,12 lux 0,04 7,65 3.363 41.226,37 2,39
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 37,07 lux 484,58 lux 66,67 lux 0,55 5,90 77,16 57.796,22 0,11
12:00 h 37,78 lux 529,64 lux 72,16 lux 0,52 6,01 84,33 86.422,42 0,08 > 20 1,6
16:00 h 36,64 lux 100,36 lux 49,55 lux 0,73 5,83 15,98 41.226,37 0,12
OKASOLAR
9:00 h 48,16 lux 1302,68 lux 177,93 lux 0,27 7,66 207,43 57.796,22 0,30
12:00 h 48,16 lux 2447,94 lux 247,10 lux 0,19 7,66 389,79 86.422,42 0,28 > 10 1,2
16:00 h 48,16 lux 1180,58 lux 156,87 lux 0,30 7,66 187,99 41.226,37 0,38
Solstício de Verão – 22 de dezembro – Céu Encoberto – IN = 8.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2) (lux)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 48,16 lux 5.136,50 lux 564,39 lux 0,08 7,66 817,91 13.330,57 4,23
12:00 h 48,16 lux 7.197,26 lux 770,50 lux 0,06 7,66 1.146,06 18.619,08 4,13 83 5,8
16:00 h 48,16 lux 4.263,65 lux 473,92 lux 0,10 7,66 678,92 11.014,11 4,30
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 45,46 lux 243,39 lux 56,99 lux 0,80 7,23 38,75 13.330,57 0,42
12:00 h 43,78 lux 174,18 lux 52,74 lux 0,83 6,97 27,73 18.619,08 0,28 > 20 1,6
16:00 h 42,92 lux 394,93 lux 64,66 lux 0,66 6,83 62,88 11.014,11 0,58
OKASOLAR
9:00 h 48,16 lux 93,65 lux 51,39 lux 0,93 7,66 14,91 13.330,57 0,38
12:00 h 48,16 lux 115,89 lux 53,66 lux 0,89 7,66 18,45 18.619,08 0,28 > 10 1,2
16:00 h 48,16 lux 83,63 lux 50,64 lux 0,95 7,66 13,31 11.014,11 0,45
- Iluminâncias acima de 2000 lux Possibilidade de ofuscamento Índices dentro dos parâmetros Índices com valores próximos aos dos parâmetros
96
- Iluminâncias acima de 2000 lux Possibilidade de ofuscamento Índices dentro dos parâmetros Índices com valores próximos aos dos parâmetros
97
Tabela 6.5: Resultados simulações no programa RAYFRONT - ZENITAL 3 – Shed para sul.
Equinócio de Outono – 22 de março – Céu Parcialmente Encoberto – IN = 7.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 48,15 lux 408,42 lux 124,80 lux 0,38 7,66 65,03 53.327,20 0,23
12:00 h 48,15 lux 504,38 lux 139,14 lux 0,34 7,66 80,31 85.813,95 0,16 83 5,8
16:00 h 48,15 lux 352,51 lux 123,65 lux 0,38 7,66 56,13 46.109,57 0,26
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 44,60 lux 702,52 lux 122,41 lux 0,36 7,10 111,86 53.327,20 0,22
12:00 h 46,60 lux 1.556,60 lux 176,44 lux 0,26 7,10 247,86 85.813,95 0,20 > 20 1,6
16:00 h 46,60 lux 680,60 lux 118,13 lux 0,39 7,10 108,37 46.109,57 0,25
OKASOLAR
9:00 h 45,57 lux 61,30 lux 48,54 lux 0,93 7,25 9,76 53.327,20 0,09
12:00 h 46,15 lux 55,52 lux 48,63 lux 0,94 7,34 8,84 85.813,95 0,05 > 10 1,2
16:00 h 45,63 lux 50,60 lux 48,30 lux 0,94 7,26 8,05 46.109,57 0,10
Solstício de Inverno – 22 de junho – Céu Claro– IN = 3.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 48,15 lux 282,27 lux 106,84 lux 0,45 7,66 44,94 39.424,96 0,27
12:00 h 48,14 lux 316,70 lux 111,61 lux 0,43 7,66 50,42 67.372,96 0,16 83 5,8
16:00 h 48,15 lux 259,13 lux 100,61 lux 0,48 7,66 41,26 29.170,38 0,34
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 43,48 lux 616,17 lux 98,61 lux 0,44 6,92 58,11 39.424,96 0,25
12:00 h 43,89 lux 1001,28 lux 148,82 lux 0,29 6,98 159,43 67.372,96 0,22 > 20 1,6
16:00 h 46,64 lux 479,69 lux 91,02 lux 0,51 7,42 76,38 29.170,38 0,31
OKASOLAR
9:00 h 45,63 lux 52,58 lux 48,29 lux 0,94 7,26 8,37 39.424,96 0,12
12:00 h 45,58 lux 55,52 lux 48,63 lux 0,93 7,25 8,84 67.372,96 0,07 > 10 1,2
16:00 h 45,64 lux 49,45 lux 48,01 lux 0,95 7,26 7,87 29.170,38 0,16
- Iluminâncias acima de 2000 lux Possibilidade de ofuscamento Índices dentro dos parâmetros Índices com valores próximos aos dos parâmetros
99
Tabela 6.6: Continuação dos resultados simulações - ZENITAL 3 – Shed para sul
Equinócio de Primavera – 23 de setembro – Céu Parcialmente Encoberto – IN = 4.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 48,15 lux 377,19 lux 127,74 lux 0,37 7,66 60,06 57.796,22 0,22
12:00 h 48,14 lux 452,65 lux 140,88 lux 0,34 7,66 72,07 86.422,42 0,16 83 5,8
16:00 h 48,15 lux 387,10 lux 119,13 lux 0,40 7,66 61,64 41.226,37 0,28
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 43,56 lux 794,59 lux 128,65 lux 0,33 6,93 126,52 57.796,22 0,22
12:00 h 43,87 lux 1.080,90 lux 173,64 lux 0,04 6,98 172,11 86.422,42 0,20 > 20 1,6
16:00 h 46,68 lux 618,08 lux 107,90 lux 0,43 7,43 98,42 41.226,37 0,26
OKASOLAR
9:00 h 46,03 lux 52,21 lux 48,44 lux 0,95 7,32 8,31 57.796,22 0,08
12:00 h 45,47 lux 58,61 lux 48,72 lux 0,93 7,24 9,33 86.422,42 0,05 > 10 1,2
16:00 h 45,67 lux 55,13 lux 48,47 lux 0,94 7,27 8,77 41.226,37 0,11
Solstício de Verão – 22 de dezembro – Céu Encoberto – IN = 8.0
Horário Emín Emáx Eméd Uo Lmín Lmáx E externa FLD (%) Fator Solar (%) K (W/m2k) Observações
(cd/m2) (cd/m2)
VIDRO INCOLOR (6mm)
9:00 h 48,14 lux 882,17 lux 195,09 lux 0,24 7,66 140,47 13.330,57 1,46
12:00 h 48,15 lux 993,97 lux 249,50 lux 0,19 7,66 158,27 18.619,08 1,34 83 5,8
16:00 h 48,15 lux 701,64 lux 168,43 lux 0,28 7,66 111,72 11.014,11 1,52
PAINEL PRISMÁTICO
9:00 h 43,41 lux 118,73 lux 50,06 lux 0,86 6,91 18,90 13.330,57 0,37
12:00 h 43,71 lux 181,27 lux 52,10 lux 0,83 6,96 28,86 18.619,08 0,27 > 20 1,6
16:00 h 43,20 lux 90,54 lux 48,85 lux 0,88 6,87 14,41 11.014,11 0,44
OKASOLAR
9:00 h 47,59 lux 62,72 lux 49,54 lux 0,75 7,57 9,98 13.330,57 0,37
12:00 h 45,06 lux 57,17 lux 49,60 lux 0,90 7,17 9,10 18.619,08 0,26 > 10 1,2
16:00 h 46,67 lux 58,88 lux 48,87 lux 0,95 7,43 9,37 11.014,11 0,44
- Iluminâncias acima de 2000 lux Possibilidade de ofuscamento Índices dentro dos parâmetros Índices com valores próximos aos dos parâmetros
100
Inevitavelmente, com a luz solar direta ocorre a presença de ofuscamento (luminância maior
que 2500 cd/m2) nos ambientes abaixo da abertura zenital e no seu entrono, sendo inexistente
a uniformidade na distribuição da iluminação em todos os horários e dias típicos simulados.
Entretanto, os valores de Fator de Luz Diurna apresentaram-se dentro ou próximo dos índices
de parâmetro adotado, em torno de 4%, considerado este um valor médio ou moderado.
É importante frisar que o índice de Uniformidade de iluminância adotado para avaliação dos
resultados das simulações, é um parâmetro retirado da iluminação artificial, e o que será
ponderado aqui é a melhoria dele nas diversas alternativas analisadas, e não o valor absoluto.
Portanto, para esta configuração de zenital, teto de dupla inclinação, a área da abertura pode
assumir valores menores que os 10% da área de piso, indicado por alguns autores estudados, e
não metragens superiores.
Figura 6.1: 22 de junho - 12h – céu claro. Figura 6.2: Representação em false color do
Superfície iluminante simulada com vidro ambiente em 22 de junho - 12h – céu claro
incolor.
101
Figuras 6.5 e 6.6: Simulação com o painel prismático na superfície iluminante do teto de
dupla inclinação – 23/09 – 12h – céu parcialmente encoberto.
102
Zenital 01 - Modelo Teto com Dupla Inclinação - Simulação numérica no RAYFRONT
22 de Junho (solstício de inverno) - 12:00h - Céu claro (sunny sky)
Iluminância de Referência (ext): 67422.67 lux
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Média
0,00 48,16 48,11 48,16 48,09 48,18 48,15 48,23 48,16 48,16 48,16
2,80 48,11 48,16 47,99 48,09 47,90 48,07 48,01 48,05 48,09 48,05
5,60 47,94 48,26 47,70 47,29 47,44 47,28 47,72 47,80 48,21 47,74
8,40 47,91 49,16 45,99 52,89 314,58 47,39 45,90 47,82 47,84 77,72
11,20 47,73 47,01 66,92 157,17 679,71 159,70 71,22 46,87 47,67 147,11
14,00 47,69 46,97 50,91 104,24 665,94 166,69 53,51 46,99 47,61 136,73
16,80 47,71 47,12 53,35 178,41 648,91 195,13 59,01 47,04 47,86 147,17
19,60 48,50 47,99 49,18 45,61 42,66 45,17 48,49 47,63 47,96 47,02
22,40 48,58 48,29 49,11 49,48 48,37 48,93 49,53 48,23 48,47 48,78
25,20 48,16 48,15 48,49 48,28 48,14 48,48 48,81 48,25 48,16 48,32
Dimensão e posição do Plano de medição 28,00 48,13 48,16 48,26 48,16 48,27 48,28 48,25 48,16 48,13 48,20
Emínima = 42,66 lux Emáxima = 679,71 lux Emédia = 76,82 lux Uo>0,8(min/méd)= 0,55
Zenital 1 :
Dimensões modelo:
30m x 18m - 540m2
Vão central - 10% área piso - 54m2 (9mx6m)
Materiais simulados:
Teto: pintura branca
Piso: Granito cinza
Parede: pintura branca
Esquadrias: alumínio natural
Guarda-corpo: vidro transparente
Fechamento cobertura: Painel Prismático
N S
Figura 6.7: Valores de iluminância obtidos no plano de medição para simulações com o software Rayfront.
103
6.1.1.3 Okasolar
Apesar dos valores de iluminância média encontrarem-se muito abaixo dos 1000 lux
estipulados pelo parâmetro adotado, os valores de iluminância máxima com céu claro e
parcialmente encoberto em todos os horários simulados (9h, 12h e 16h) apresentaram índices
satisfatórios e próximos ao do parâmetro adotado (2000 lux). Entretanto, não ocorre equilíbrio
algum na distribuição da iluminação no ambiente. Em condições de céu encoberto (22 de
dezembro), a uniformidade da iluminação é melhor (está acima de 0,89) nos três horários
simulados.
Apesar disso, esses valores apresentam-se como positivos, pois o Okasolar é um sistema que
possui coeficiente global de transmissão térmica (K) igual a 1,2 W/m2K e 60% de transmissão
luminosa. Admitindo assim, para esta tipologia de zenital, área de abertura superior a 10% da
área de piso.
Figuras 6.10 e 6.11: Zenital 2: 22/06 - 16h – céu claro – incidência de luz solar direta no
ambiente.
Figura 6.12: 22 de junho - 9h céu claro Figura 6.13: 22 de junho - 9h céu claro
6.1.2.3 Okasolar
Nesta configuração de zenital, este sistema teve um comportamento semelhante ao painel
prismático apresentando certa uniformidade na distribuição da iluminação no ambiente, em
todos os horários e dias típicos simulados. Contudo, o Okasolar possui percentual de
transmissão luminosa maior – 60% contra 40% dos painéis prismáticos, o que permite uma
maior visibilidade do meio externo, e isso é claramente detectado na simulação com o
Rayfront. Sendo assim, a dimensão das superfícies que receberam o sistema Okasolar pode
adquirir uma maior área iluminante, como também, menor dimensão no prolongamento da
laje de cobertura sobre as mesmas.
105
Figuras 6.16 e 6.17: Simulação do dia 22 de junho - 9h -céu claro com vidro incolor nas
superfícies iluminantes.
6.1.3.3 Okasolar
Valores de iluminância muito baixos (22/12 - 12h, céu encoberto – Emáx = 57,17 lux) não
possibilitando existência de contrastes marcantes no ambiente. Todavia, este sistema
avançado aplicado nas superfícies iluminantes desta tipologia de zenital permite a
uniformidade na distribuição da iluminação, porém um desequilíbrio sensível nos valores de
luminância (ver Fig. 6.22).
Figuras 6.20 e 6.21: Simulação - 22 /12 (solstício de verão) - 12h -céu encoberto.
107
Zenital 03 - Modelo Shed para Sul - Simulação numérica no RAYFRONT
22 de Junho (solstício de inverno) - 16:00h - Céu claro (sunny sky)
Iluminância de Referência (ext): 29225.63 lux
0,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 Média
0,00 48,16 48,16 48,32 49,13 48,33 49,26 49,05 48,16 48,08 48,52
2,80 48,52 48,38 48,53 49,18 48,31 49,21 48,59 48,16 48,3 48,58
5,60 48,45 48,67 49,45 48,72 48,62 49,65 48,87 48,56 48,45 48,83
8,40 48,23 48,43 47,46 45,64 46,15 45,97 48,95 48,87 48,41 47,57
11,20 48,39 48,26 45,81 47,55 48,39 47,35 46,21 47,65 48,06 47,52
14,00 48,19 48,15 46,05 47,67 48,2 47,73 46,28 47,9 48,51 47,63
16,80 48,28 48,38 46,19 47,7 47,94 47,33 46,15 47,83 48,38 47,58
19,60 48,32 48,06 47,78 45,82 48,81 46,24 47,74 48,26 47,91 47,66
22,40 48,16 48,16 48,16 48,01 48,05 47,85 48,03 48,05 48,05 48,06
25,20 48,1 48,16 48,16 48,05 48,05 48,04 48,06 48,05 48,16 48,09
Dimensão e posição do Plano de medição 28,00 48,16 48,16 48,16 48,16 48,16 48,16 48,05 48,05 48,16 48,14
Emínima = 45,64 lux Emáxima = 49,45 lux Emédia = 48,01 lux Uo>0,8(min/méd)= 0,95
Zenital 3 :
Dimensões modelo:
30m x 18m - 540m2
vão central -10% área piso- 54m2 (9mx6m)
Materiais simulados:
Teto: pintura branca
Piso: pintura cinza
Parede: pintura branca
Esquadrias: aluminío natural
Guarda-corpo: vidro transparente
Fechamento cobertura: Okasolar
N S
Figura 6.22: Valores de iluminância obtidos no plano de medição para simulações com o software Rayfront.
108
Contudo, pode-se dizer que para a latitude e condições climáticas da cidade de Brasília, o
zenital com teto inclinado a 55º e superfície iluminante revestida com o laser cut panel, foi o
que apresentou melhores resultados nas quatro estações do ano, pois o painel permitiu o re-
109
O Rayfront tem como aspectos positivos permitir trabalhar com todas as relações de
transporte da luz: especulares, inter-reflexões difusas e difração; possibilita modelar as
condições de céu de um determinado lugar, além do céu padrão CIE; dispõe de ferramenta
para tratamento e conversão de imagens; permite pré-visualização da imagem e alteração
sofisticada das vistas inseridas no 3DSolar; eficiência e confiabilidade.
Entretanto, em função da limitação do software, os resultados obtidos na simulação numérica
(na forma de leitura de pontos num plano virtual de medição) necessitam da utilização de
programas de editoração de texto para serem lidos ou interpretados.
110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EDUFAL, Maceió, 2004
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Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB, Brasília, 1998
FERREIRA, P.C. Alguns dados sobre o clima para a edificação em Brasília. Dissertação
de mestrado. Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UnB,
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www.okalux.com. Acesso em: Agosto de 2005.
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