Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AVELAR ROMULO - Elementos Gestao Cultural-1
AVELAR ROMULO - Elementos Gestao Cultural-1
Novos
tempos
na
gestão
de
empreendimentos
culturais
Nos
últimos
tempos,
o
setor
cultural
brasileiro
vem
experimentando
um
processo
acelerado
de
expansão,
beneficiado
por
um
afluxo
crescente
de
recursos.
Apesar
das
turbulências
provocadas
pela
crise
mundial,
são
nítidos
os
avanços
e
a
multiplicação
de
oportunidades
na
área.
Seguindo
uma
tendência
global,
o
setor
se
ampliou
de
maneira
surpreendente,
gerando
postos
de
trabalho
num
ritmo
cada
vez
mais
acelerado.
O
êxodo
compulsório
de
profissionais
da
cultura
diminuiu
consideravelmente
em
várias
capitais
e
mesmo
algumas
cidades
do
interior
experimentam
novos
tempos,
em
que
se
torna
possível
a
um
artista,
produtor
ou
gestor
desenvolver
seu
trabalho
sem
a
necessidade
de
afirmação
prévia
em
um
grande
centro.
Entretanto,
se
o
momento
é
positivo
e
favorável
ao
surgimento
de
experiências
bem-‐
sucedidas
pelos
quatro
cantos
do
país,
a
manutenção
de
grupos
e
entidades
culturais
e
a
continuidade
de
suas
iniciativas
continuam
sendo
enormes
desafios
para
seus
produtores
e
gestores.
Os
editais
de
financiamento
se
multiplicam,
os
recursos
começam
a
irrigar
a
área
e
os
resultados
se
tornam
aos
poucos
mais
visíveis,
mas
a
profissionalização
efetiva
ainda
é
uma
realidade
distante
da
grande
maioria
daqueles
que
se
aventuram
por
esse
caminho.
Os
empreendedores
culturais
brasileiros
seguem
aos
sobressaltos,
obrigados
a
conviver
com
o
fantasma
da
descontinuidade
e
com
a
incômoda
sensação
de
“fim
de
linha”
a
cada
resultado
negativo
de
edital,
a
cada
reunião
de
negociação
de
patrocínio
frustrada.
Quanto
mais
se
afasta
dos
grandes
centros
urbanos,
maior
a
dificuldade
daqueles
que
atuam
na
área
em
identificar
um
fio
de
meada
para
a
costura
de
um
trabalho
mais
profissional.
A
criação
acontece
com
espontaneidade
e,
em
muitos
casos,
com
bastante
originalidade,
mas
perde
em
força,
com
frequência,
pela
carência
de
referências
técnicas
e
estéticas.
Artistas,
grupos
e
instituições
culturais,
alheios
também
a
uma
série
de
parâmetros
básicos
do
campo
da
gestão,
empreendem
grandes
esforços
de
criação
e
produção,
mas
com
resultados
muitas
vezes
frustrantes.
É
claro
que
não
se
pode
desconsiderar
os
avanços
significativos
que
vêm
ocorrendo,
tanto
na
esfera
das
políticas
quanto
na
própria
organização
dos
profissionais
da
cultura.
Os
últimos
anos
foram
de
grandes
articulações
pela
construção
de
um
modelo
mais
justo
e
eficaz
para
o
setor,
num
processo
de
amadurecimento
que,
embora
não
tenha
a
velocidade
que
todos
desejariam,
é
claramente
perceptível.
Entretanto,
a
cultura
ainda
tropeça
no
amadorismo
e
na
falta
de
informação,
seja
nas
capitais
ou
no
interior.
Além
disso,
ressente-‐se
pela
fragilidade
de
alguns
elos
de
sua
cadeia
produtiva.
Definitivamente,
não
há
como
pensar
em
sustentabilidade
para
um
setor
obrigado
a
conviver
com
pontos
vulneráveis
e
sempre
prestes
a
se
romper
quando
submetidos
ao
menor
esforço.
O
pior
é
que
boa
parte
daqueles
que
trabalham
na
área
tem
O
cerco
burocrático
O
fazer
artístico
e
cultural
no
Brasil
sempre
foi
marcado
por
boas
doses
de
informalidade.
Naturalmente,
este
fato
se
deve
à
própria
natureza
do
povo
brasileiro
e,
claro,
ao
caráter
fluido
e
subjetivo
da
criação.
Não
é
novidade
a
grande
rejeição
de
muitos
artistas
e
mesmo
de
outros
profissionais
da
área
por
quaisquer
caminhos
que
busquem
conferir
mais
objetividade
aos
processos
de
trabalho.
Entretanto,
é
preciso
observar
que,
cada
vez
mais,
o
excessivo
apego
à
informalidade
se
torna
uma
barreira
à
profissionalização
no
campo
da
cultura.
Nesses
novos
tempos,
há
um
forte
cerco
burocrático
que
gradativamente
se
fecha
em
torno
dos
empreendedores
da
área.
A
cultura
brasileira
vive
a
era
dos
editais,
que,
por
um
lado,
torna
mais
democrático
o
acesso
aos
recursos,
mas
que,
por
outro,
cria
novos
desafios
para
artistas,
produtores
e
gestores.
Cada
vez
que
um
empreendedor
busca
recursos
públicos
para
a
realização
de
um
projeto,
traz
no
“pacote”
pesadas
obrigações,
materializadas
na
forma
de
prestações
de
contas
repletas
de
armadilhas.
Produzir
cultura
hoje
é,
pois,
algo
completamente
diferente
do
que
era
há
dez
anos.
No
passado,
de
um
jeito
ou
de
outro,
o
próprio
artista
era
capaz
de
conduzir
sua
carreira,
sozinho
ou
amparado
apenas
por
um
produtor.
No
entanto,
não
há
como
fechar
os
olhos
para
a
nova
realidade
que
se
desenha:
a
gestão
de
um
empreendimento
cultural,
por
menor
que
seja
seu
porte,
vem
ganhando
contornos
cada
vez
mais
complexos.
Não
há
mais
espaço
para
improvisos
e,
sobretudo,
para
aventuras
solitárias.
O
êxito
de
um
projeto
cultural
exige
diferentes
competências,
que
dificilmente
serão
encontradas
em
uma
única
pessoa.
A
chave
para
pensar
uma
carreira
sólida
e
sustentável
está
no
trabalho
coletivo,
em
que
se
mesclam
habilidades
criativas
e
técnicas,
mas
também
capacidade
de
planejamento,
gestão,
produção,
elaboração
de
projetos
e
comunicação,
além
de
determinados
conhecimentos
jurídicos.
Não
basta
a
um
músico
ser
um
grande
criador
ou
um
virtuose
em
seu
instrumento,
se
outras
tantas
competências
não
estiverem
a
serviço
de
sua
carreira,
se
não
tiver
ao
seu
lado
uma
equipe
apta
a
buscar
e
gerir
recursos,
a
responder
às
demandas
de
comunicação
e
a
lidar
de
maneira
profissional
com
as
engrenagens
da
burocracia
pública.
Para
que
se
tenha
ideia
do
volume
de
atividades
envolvidas
no
cotidiano
de
uma
carreira
musical,
a
título
de
exemplo
são
apresentadas,
no
Quadro
1.1,
demandas
de
trabalho
não
artístico
cujo
cumprimento
é
imprescindível
nos
dias
atuais,
mas
que,
aos
olhos
de
um
leigo,
quase
sempre
são
“invisíveis”.
Quadro 1.1 – Exemplos de atividades cotidianas de uma carreira musical
Controle de logomarcas de
Venda de shows Atendimento aos patrocinadores
patrocinadores e parceiros
Organização da memória da
Divulgação Organização do clipping
carreira
Representação do artista ou
Condução de assuntos jurídicos Organização de arquivos
grupo
O
exemplo
apresentado
acima
apenas
reforça
a
necessidade
de
se
tratar
com
a
devida
atenção
o
processo
de
montagem
de
uma
equipe
de
trabalho.
É
evidente
que
o
talento
e
a
capacidade
de
criação
continuam
sendo
os
elementos
primordiais
para
o
êxito
de
uma
carreira,
mas
é
importante
que
os
artistas
compreendam
que
a
tão
desejada
sustentabilidade
virá
não
apenas
por
sua
excelência
no
plano
artístico,
mas
também
pelo
estabelecimento
de
parcerias
com
bons
profissionais
de
áreas
como
a
comunicação,
a
administração,
o
direito
e
o
design
gráfico.
A
produção
e
a
gestão
sempre
foram
pontos
cruciais
na
vida
de
todo
artista,
embora
este
fato
nem
sempre
seja
percebido
ou
devidamente
reconhecido.
Desde
os
tempos
das
grandes
gravadoras
e
companhias
teatrais
e
cinematográficas,
elas
estavam
lá,
ocultas
e
distantes
da
luz
dos
refletores,
mas
sempre
criando
o
suporte
para
o
momento
mágico
do
encontro
com
o
público.
Mudaram-‐se
os
tempos
e
o
próprio
modelo
de
produção,
que
saltou
de
um
formato
altamente
excludente,
em
que
algumas
poucas
estrelas
tinham
direito
ao
apoio
e
aos
afagos
de
um
grande
staff
de
profissionais,
para
outro,
mais
acessível,
em
que
os
artistas
se
tornam
os
responsáveis
pela
condução
de
sua
carreira
e
pela
composição
de
equipes
capazes
de
empreendê-‐la.
Além
disso,
o
próprio
conceito
de
sucesso
sofreu
mudanças
consideráveis
nos
últimos
tempos.
A
velha
indústria
de
ídolos
impostos
pela
mídia
de
forma
massificada
vem
gradativamente
cedendo
espaço
para
o
surgimento
de
uma
oferta
incrivelmente
diversificada
de
bens
culturais.
Torna-‐se
cada
vez
mais
nítido
o
fenômeno
da
pulverização
das
grandes
estruturas
em
microindústrias
de
cultura
e
entretenimento.
Desde
o
surgimento
da
Web
2.0,
as
pessoas
não
mais
precisam
dominar
tecnologias
complexas
para
colocar
conteúdo
no
ar,
o
que
facilita
a
interação
de
um
artista
com
seu
público,
mesmo
que
isso
se
dê
num
círculo
mais
restrito.
Segundo
Anderson
(2006,
p.
6),
os
inúmeros
mercados
de
nicho,
somados,
ganham
volume
suficiente
para
fazer
frente
aos
grandes
hits.
O
público
exige
cada
vez
mais
opções
e
abraça
a
diversidade,
abrindo
espaço
para
o
surgimento
de
um
grande
mosaico
de
“minimercados
e
microestrelas”.
Embora
naturalmente
ainda
exista
demanda
para
a
cultura
de
massa,
é
preciso
compreender
que
os
novos
tempos
exigem
novos
arranjos
e
novas
posturas.
É
preocupante
perceber
que
grande
parte
dos
artistas
brasileiros
ainda
se
guia
por
uma
cartilha
ultrapassada
e
espera,
com
total
credulidade,
que
um
dia
seu
talento
será,
enfim,
“descoberto”.
Acalentam
a
visão
romântica
de
que
um
produtor
experiente
e
bem
sucedido
irá
aparecer
do
nada,
reconhecer
seu
imenso
valor
artístico
e
alçá-‐los
à
condição
de
estrelas.
Passam
uma
vida
inteira
aguardando
esse
momento
que
dificilmente
virá.
Casos
raros
como
o
de
Marisa
Monte,
que
teve
ascensão
meteórica
ao
ser
lançada
pelo
produtor
Nelson
Motta,
contribuem
decisivamente
para
a
alimentação
dessa
fantasia
coletiva.
Na
vida
real,
entretanto,
não
se
pode
esperar
por
milagres.
A
maioria
dos
artistas
que
alcançam
o
sucesso
estrutura
sua
carreira
de
forma
lenta
e
gradual,
conquistando
aos
poucos
novos
espaços,
amparados
por
um
trabalho
ordenado
e
eficiente
de
produção
e
distribuição.
Algumas
vezes,
esse
processo
chega
a
se
estender
por
décadas,
notadamente
nos
casos
em
que
os
artistas
vivem
distantes
da
mídia
dos
grandes
centros.
É
preciso,
portanto,
que
os
artistas
abracem
o
desafio
de
construir
sua
carreira,
passo
a
passo.
Nesse
sentido,
a
composição
da
equipe
talvez
seja
o
primeiro
deles,
começando
pelos
produtores
e
gestores.
Sem
um
trabalho
consistente
nesse
campo,
dificilmente
uma
carreira
se
sustenta,
num
tempo
que
ganha
contornos
cada
vez
complexos
e
turbulentos.
O
produtor
cultural
é
um
agente
que
deve
ocupar
a
posição
central
nesse
processo,
desempenhando
o
papel
de
interface
entre
os
profissionais
da
cultura
e
os
demais
segmentos.
Nessa
perspectiva,
precisa
atuar
como
“tradutor”
das
diferentes
linguagens,
contribuindo
para
que
o
sistema
funcione
harmoniosamente.
Sua
primeira
função
é
a
de
cuidar
para
que
a
comunicação
e
a
troca
entre
os
agentes
ocorram
de
modo
eficiente.
Assim
como
ocorre
com
o
produtor,
ao
gestor
cultural
também
cabe,
com
frequência,
o
papel
de
interface.
Isso
acontece
quando
ele
se
propõe
a
desenvolver
projetos
ou
administrar
grupos,
instituições
ou
empresas
culturais
que
tenham
que
lidar,
em
seu
dia-‐a-‐
dia,
com
artistas,
outros
profissionais
da
cultura
e
patrocinadores
públicos
ou
privados.
No
entanto,
o
gestor
cultural
pode
estar
presente
também
em
outros
contextos,
como
contratado
de
uma
empresa
para
o
trato
das
questões
relativas
ao
patrocínio
à
cultura,
como
agente
vinculado
a
órgão
público
ou
como
administrador
de
um
espaço
cultural
privado,
público
ou
pertencente
a
organização
não-‐governamental.
Se,
por
um
lado,
essa
função
de
“tradução”
de
linguagens
está
bastante
presente
nas
rotinas
de
trabalho
dos
produtores
e
gestores,
por
outro,
também
se
destacam
as
atribuições
cotidianas
inerentes
ao
campo
da
administração.
É
preciso
observar
que
produção
e
gestão
cultural
são
atividades
essencialmente
administrativas.
A
consciência
desse
fato
é
ponto
primordial
para
o
sucesso
de
qualquer
empreendimento
na
área.
Infelizmente,
ainda
hoje
existe
certo
pudor,
notadamente
entre
os
artistas,
de
reconhecer
a
importância
de
utilizar
técnicas
e
princípios
da
administração
em
benefício
de
seu
trabalho.
Persiste
o
preconceito
de
que
a
estruturação
das
atividades
de
produção
e
gestão
em
bases
profissionais
provoca,
necessariamente,
conflitos
com
o
processo
de
criação.
Na
verdade,
a
experiência
tem
mostrado
que,
ao
contrário,
a
correta
utilização
de
tais
técnicas
abre
novas
perspectivas
para
os
criadores,
na
medida
em
que
os
liberta
de
uma
série
de
amarras
de
ordem
operacional
e
burocrática.
A
equipe
de
criação
do
Grupo
Corpo,
por
exemplo,
pode
se
Produzir
é
administrar
recursos
e
potencialidades,
visando
à
obtenção
de
bens
ou
serviços.
É
cuidar
de
todos
os
detalhes
da
organização
para
que
o
resultado
final
seja
atingido
com
a
máxima
eficiência,
ao
menor
custo
possível.
Nesse
sentido,
o
êxito
de
qualquer
atividade
de
produção
condiciona-‐se
à
existência
de
perfeito
encadeamento
de
todas
as
ações
programadas.
Sob
esse
aspecto,
a
elaboração
de
um
produto
ou
evento
cultural
não
difere
da
produção
de
um
bem
de
consumo
ou
de
um
serviço
qualquer.
Produzir
arte
e
cultura
também
demanda
a
execução
de
atividades
em
sequência
lógica
e
racional.
A
despeito
de
toda
a
informalidade
que
caracteriza
o
setor,
é
preciso
perceber
que,
quando
se
trata
desse
campo,
nada
pode
ser
conduzido
casualmente.
A
organização
do
trabalho
é
fator
de
sucesso
também
no
universo
cultural.
Compreender
a
existência
de
etapas
em
uma
produção
é,
portanto,
o
ponto
de
partida
para
uma
atuação
eficiente
dos
profissionais
da
área.
O
processo
de
produção
pode
ser
dividido
em
três
fases
distintas:
pré-‐produção,
produção
e
pós-‐produção,
conforme
descrito
no
Quadro
3.1.
Para
efeito
didático,
é
possível
estabelecer
marcos
divisórios
dessas
etapas.
Esses
limites
correspondem
a
ações
que,
uma
vez
empreendidas,
conduzem
imediatamente
à
fase
seguinte,
conforme
demonstrado
no
diagrama
apresentado
na
Figura
3.1.
Pré-‐produção:
um
momento
crucial
para
o
êxito
do
projeto
A
pré-‐produção
é
o
momento
de
definir
estratégias
para
a
transformação
da
ideia
em
algo
exequível.
Dedicar
atenção
especial
a
essa
etapa
é
fator
essencial
para
que
o
empreendimento
tenha
sucesso.
Muitas
pessoas
–
os
artistas,
em
particular
–
têm
dificuldade
de
trazer
para
o
plano
real
seus
desejos
e
divagações.
Frequentemente
se
lançam
em
buscas
desordenadas,
desconsiderando
a
necessidade
de
estabelecer
métodos
racionais
de
trabalho
e
de
analisar
previamente
o
contexto.
São
muitas
as
boas
ideias
e
até
carreiras
que
se
perdem
exatamente
por
falta
de
habilidade
em
planejar
e
traçar
diretrizes.
A
pré-‐produção
é
exatamente
o
momento
do
planejamento.
Na
prática,
o
produtor
ou
gestor
deve
tentar
antever
seu
projeto
concluído,
com
a
máxima
riqueza
de
detalhes.
Precisa
buscar
respostas
para
algumas
perguntas
relativas
ao
produto
final:
o
que,
como,
quando,
onde,
quem,
por
que
e
para
que.
Ao
refletir
sobre
tais
questões,
poderá
tornar
mais
explícitos
seu
próprio
objetivo
e
as
estratégias
a
serem
adotadas
para
atingi-‐lo.
Mais
do
que
simples
exercício
de
futurologia,
esse
procedimento
o
levará
à
tomada
das
primeiras
decisões
e
à
definição
de
contornos
reais
para
o
empreendimento.
A
antecipação
deve
ser
minuciosa,
para
que
a
projeção
se
aproxime
o
máximo
possível
do
resultado
final.
Obviamente,
o
imponderável
precisa
ser
levado
em
conta.
É
natural
que
ocorram
alterações
ao
longo
da
execução
do
trabalho,
e
que
ele
tenha,
quando
concluído,
configurações
bem
distintas
da
ideia
original.
A
realidade
é
dinâmica
e
exige
dos
empreendedores
posturas
maleáveis.
As
linhas
de
um
projeto
têm
que
ser
revistas
sempre
que
ocorrer
alguma
mudança
significativa
no
ambiente.
Um
dos
grandes
benefícios
do
planejamento
é
exatamente
o
de
proporcionar
ao
gestor
maior
agilidade
e
segurança
para
a
tomada
de
decisões
e
para
a
efetivação
das
alterações
necessárias,
diante
de
fatos
inesperados.
Quem
planeja
reduz
o
impacto
de
eventuais
turbulências.
(Avelar,
p.175)
A
pré-‐produção
de
um
projeto
cultural
envolve,
naturalmente,
uma
série
de
procedimentos,
entre
os
quais
se
destacam:
Boa
parte
das
falhas
na
condução
de
projetos
culturais
se
deve
ao
pouco
cuidado
com
detalhes.
Ainda
são
muitas
as
produções
em
que
os
imprevistos
se
colocam
como
regra,
por
simples
descuido,
despreparo
ou,
na
pior
das
hipóteses,
por
negligência.
Um
produtor
precisa
ter
boa
percepção
sobre
fatores
críticos
e
antever
aquilo
que
possa
vir
a
ser
problema,
acrescentando
cada
um
desses
pontos
ao
checklist.
(Avelar,
p.180)
Tome-‐se
como
exemplo
o
caso
da
produção
de
um
evento
ao
ar
livre
que,
em
determinada
edição,
enfrente
problemas
com
uma
chuva
inesperada.
É
possível
que
os
realizadores
tenham
que
se
desdobrar,
com
urgência,
para
conseguir
algumas
lonas
plásticas
para
proteção
dos
equipamentos.
Desse
modo,
é
recomendável
acrescentar
no
checklist
a
inclusão
de
tais
lonas
no
material
a
ser
levado
para
as
próximas
edições,
a
fim
de
que
a
situação
de
risco
não
volte
a
se
repetir.
O
ponto
de
partida
para
a
montagem
de
um
instrumento
dessa
natureza,
na
fase
de
pré-‐
produção,
é
a
identificação
das
rotinas
específicas
do
trabalho
a
ser
realizado.
É
preciso
levantar
cuidadosamente
todos
os
procedimentos
fundamentais
para
a
concretização
do
projeto,
a
fim
de
que
o
roteiro
se
torne
realmente
confiável.
O
passo
seguinte
é
organizar
as
informações
em
formulários,
facilitando
o
lançamento
dos
dados
e
a
consulta
pelos
integrantes
da
equipe.
O
instrumento
deve
ser
aperfeiçoado
ou
adaptado
a
cada
produção,
Pós-‐produção:
investimento
no
futuro
A
pós-‐produção,
etapa
final
de
um
projeto
cultural,
tem
início
quando
se
encerra
o
trabalho
artístico.
O
produtor
tem
agora
algumas
tarefas
não
muito
prazerosas
a
cumprir.
É
preciso
reunir
as
energias
que
sobraram
e
promover
uma
verdadeira
“limpeza
da
casa”.
Além
da
desmontagem
da
estrutura
física
utilizada
para
a
produção,
é
hora
de
fazer
uma
série
de
acertos,
organizar
a
documentação
do
projeto,
promover
reflexões
sobre
a
produção
e
elaborar
relatórios,
tarefas
que
exigem
atenção,
empenho
e
paciência.
Uma
primeira
ação
importante
da
etapa
de
pós-‐produção
é
a
eliminação
de
eventuais
pendências.
Tudo
aquilo
que
foi
emprestado
ou
alugado
deve
ser
devolvido,
naturalmente
em
bom
estado
de
conservação.
Chamar
a
atenção
para
a
importância
desse
tipo
de
cuidado
pode
parecer
um
tanto
óbvio.
Entretanto,
na
prática,
são
frequentes
as
falhas
dessa
natureza
cometidas
pelas
equipes
de
produção,
seja
por
cansaço
e
saturação
nessa
fase
final
ou,
simplesmente,
por
negligência.
Da
mesma
forma,
é
preciso
efetuar
com
cautela
os
acertos
de
contas,
para
que
nenhum
compromisso
financeiro
deixe
de
ser
cumprido.
Na
perspectiva
do
credor,
a
menor
dívida
não
saldada
assume
grandes
proporções.
Qualquer
pequeno
deslize
nesse
terreno
pode
abalar
a
credibilidade
do
produtor,
pelo
menos
no
universo
imediato
daquele
que
se
sentiu
lesado.
A
apresentação
de
relatórios
para
os
parceiros,
sejam
eles
privados,
públicos
ou
do
terceiro
setor,
é
outro
procedimento
imprescindível
na
pós-‐produção.
Do
ponto
de
vista
daqueles
que
gerenciam
patrocínios
dentro
das
empresas
ou
instituições,
trata-‐se
de
um
instrumento
essencial
para
a
própria
realimentação
do
financiamento
e
para
a
preservação
das
fontes.
Um
relatório
bem
estruturado
é
fundamental
para
a
comprovação
de
que
os
recursos
foram
bem
empregados
e
renderam
bons
frutos.
Contribui
também
para
que
os
dirigentes
das
instituições
financiadoras
se
convençam
de
que
vale
a
pena
continuar
investindo
nas
iniciativas
dos
responsáveis
pelo
empreendimento.
A
pós-‐produção
é
também
o
momento
de
conclusão
das
prestações
de
contas
relativas
aos
recursos
públicos
obtidos
para
o
projeto
por
intermédio
de
leis
de
incentivo
ou
de
mecanismos
como
fundos,
editais
e
prêmios
culturais.
Na
verdade,
trata-‐se
aqui
apenas
do
fechamento
do
processo
para
envio
aos
órgãos
públicos,
uma
vez
que
o
trabalho
de
organização
dos
documentos
deve
ter
sido
iniciado
no
momento
do
primeiro
depósito
na
conta
do
projeto,
ainda
no
início
da
etapa
da
produção.
Nesses
casos,
o
empreendedor
deve
seguir
rigorosamente
as
instruções
fornecidas
pela
entidade
responsável
pelo
financiamento
e
apresentar
a
documentação
exigida,
num
curto
espaço
de
tempo
após
o
encerramento
do
prazo
de
realização
estipulado.
O
grau
de
complexidade
da
prestação
de
contas
varia
de
acordo
com
a
instituição
financiadora,
o
que
exige
atenção
às
instruções
normativas
publicadas
e
às
orientações
contidas
nos
formulários
específicos
disponibilizados
para
esse
fim.
Por
fim,
uma
iniciativa
simples,
mas
que
pode
trazer
resultados
surpreendentes,
é
o
envio,
após
o
encerramento
do
projeto,
de
uma
carta
ou
cartão
a
todas
as
pessoas
incluídas
na
lista
de
agradecimentos.
Essa
atitude
simpática,
embora
pouco
usual,
costuma
ser
muito
bem
recebida
e
abrir
novas
perspectivas
de
parcerias
futuras.
(Avelar,
p.263)
Bibliografia
ALLEN,
Johnny
et
al.
Organização
e
gestão
de
eventos.
Tradução
de
Marise
Philbois
Toledo.
Rio
de
Janeiro:
Elsevier,
2003.
ANDERSON,
Chris.
A
cauda
longa:
do
mercado
de
massa
para
o
mercado
de
nicho.
Rio
de
Janeiro:
Elsevier,
2006.
AVELAR,
Romulo.
O
avesso
da
cena:
notas
sobre
produção
e
gestão
cultural.
Belo
Horizonte:
Ed.
do
Autor,
2013.
BARRETO,
Alê.
Aprenda
a
organizar
um
show.
Rio
de
Janeiro:
Imagina,
2007.
Disponível
em:
<http://produtorindependente.blogspot.com.br/2010/01/livro-‐aprenda-‐organizar-‐um-‐show-‐
lancado.html>.
Acesso
em:
16
de
agosto
de
2013.
CARVALHO, Jorginho de. Oficina iluminação cênica. Rio de Janeiro: Funarte, 2004.
CUNHA,
Maria
Helena.
Gestão
cultural:
profissão
em
formação.
Belo
Horizonte:
Duo
Editorial,
2007.
DRUMMOND,
Alessandra;
NEUMAYR,
Rafael.
Direito
e
cultura:
aspectos
jurídicos
da
gestão
e
produção
cultural.
Belo
Horizonte:
[s.n.],
2011.
KOSSA,
Pablo.
10
anos
de
Goiânia
Noise:
em
terra
de
cowboy
quem
toca
guitarra
é
doido.
Goiânia:
Contato
Comunicações,
2005.
LACOMBE,
Francisco
José
Masset;
HEILBORN,
Gilberto
Luiz
José.
Administração:
princípios
e
tendências.
São
Paulo:
Saraiva,
2006.
LOBO,
Carla.
Diário
de
produção:
relatos,
dicas,
experiências
e
casos
de
quem
aprendeu
a
produção
cultural
na
prática.
Belo
Horizonte:
Ed.
da
autora,
2009.
MACHADO, Raul José de Belém. Oficina cenotécnica. Rio de Janeiro: Funarte, 1997.
NATALE,
Edson;
OLIVIERI,
Critiane.
Guia
brasileiro
de
produção
cultural
2007:
educar
para
a
cultura.
São
Paulo:
Editora
Zé
do
Livro,
2006.
SALAZAR,
Leonardo
Santos.
Música
Ltda:
o
negócio
da
música
para
empreendedores
(inclui
um
plano
de
negócio
para
uma
banda).
Recife:
Sebrae
2010.
YEOMAN,
Ian
et
al.
Gestão
de
festivais
e
eventos:
uma
perspectiva
internacional
de
artes
e
cultura.
São
Paulo:
Roca,
2006.