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FICHAMENTO DE CITAÇÃO

GALVÃO, Patrícia. Violência doméstica e familiar. São Paulo. Dossiê.

“No Brasil, estima-se que cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos; o
parceiro (marido, namorado ou ex) é o responsável por mais de 80% dos casos
reportados, segundo a pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e
Privado (FPA/Sesc, 2010).” (p. Apresentação)
“Dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento apontam
que uma em cada cinco faltas ao trabalho no mundo é motivada por agressões
ocorridas no espaço doméstico. Essas instituições calculam ainda que as mulheres
em idade reprodutiva perdem até 16% dos anos de vida saudável como resultado
dessa violência.” (p. Apresentação)
“A recorrência, porém, não pode ser confundida com regra geral: a relação íntima de
afeto prevista na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) não se restringe a
relações amorosas e pode haver violência doméstica e familiar independentemente
de parentesco – o agressor pode ser o padrasto/madrasta, sogro/a, cunhado/a ou
agregados – desde que a vítima seja uma mulher, em qualquer idade ou classe
social.” (p. O que é violência doméstica)
“Violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada
no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial, conforme definido no artigo 5oda Lei Maria da Penha, a
Lei nº 11.340/2006.”

“A Lei Maria da Penha define cinco formas de violência doméstica e familiar,


deixando claro que não existe apenas a violência que deixa marcas físicas
evidentes:

– violência psicológica: xingar, humilhar, ameaçar, intimidar e amedrontar; criticar


continuamente, desvalorizar os atos e desconsiderar a opinião ou decisão da
mulher; debochar publicamente, diminuir a autoestima; tentar fazer a mulher ficar
confusa ou achar que está louca; controlar tudo o que ela faz, quando sai, com
quem e aonde vai; usar os filhos para fazer chantagem [...]

– violência física: bater e espancar; empurrar, atirar objetos, sacudir, morder ou


puxar os cabelos; mutilar e torturar; usar arma branca, como faca ou ferramentas de
trabalho, ou de fogo;

– violência sexual: forçar relações sexuais quando a mulher não quer ou quando
estiver dormindo ou sem condições de consentir; fazer a mulher olhar imagens
pornográficas quando ela não quer; obrigar a mulher a fazer sexo com outra(s)
pessoa(s); impedir a mulher de prevenir a gravidez, forçá-la a engravidar ou ainda
forçar o aborto quando ela não quiser;
– violência patrimonial: controlar, reter ou tirar dinheiro dela; causar danos de
propósito a objetos de que ela gosta; destruir, reter objetos, instrumentos de
trabalho, documentos pessoais e outros bens e direitos;

– violência moral: fazer comentários ofensivos na frente de estranhos e/ou


conhecidos; humilhar a mulher publicamente; expor a vida íntima do casal para
outras pessoas, inclusive nas redes sociais; acusar publicamente a mulher de
cometer crimes; inventar histórias e/ou falar mal da mulher para os outros com o
intuito de diminuí-la perante amigos e parentes.” (p. O que é violência doméstica)

“Os dados dessa pesquisa revelam ainda que o problema está presente no
cotidiano da maior parte dos brasileiros: entre os entrevistados de ambos os sexos e
de todas as classes sociais, 54% conhecem uma mulher que já foi agredida por
um parceiro e 56% conhecem um homem que já agrediu uma parceira.” (p.
Dados Nacionais)

“O estudo realizado pela OMS (Estudio multipaís sobre salud de la mujer y violencia
doméstica contra la mujer (OMS, 2002) constatou que cerca de 20% das mulheres
agredidas fisicamente pelo marido no Brasil permaneceram em silêncio e não
relataram a experiência nem mesmo para outras pessoas da família ou para
amigos.” (p. Dados Nacionais)

“Grande parte dos homens autores de violências contra suas parceiras dizem: ‘eu
bati nela porque ela me tirou do sério, me irritou, a culpa é dela’. Quando a gente
começa a analisar isso junto com eles e questionar – ‘por que você acha que tem
direito de controlar a maneira como ela se veste? Por que você acha que ela deve
cozinhar para você?’ – é quase impossível separar o que eles entendem como ‘ser
homem’ e os direitos que isso lhes dá, da maneira que eles se comportam e de suas
atitudes’.”
Marai Larasi, diretora executiva da Imkaan, organização não governamental
feminista negra, e da End Violence Against Women Coalition (Coalizão de
Combate à Violência contra Mulheres) sediadas no Reino Unido.” (p. Quais as
Causas)

“No Brasil, há um desenvolvimento da estrutura psíquica masculina — do ponto de


vista cultural, não de indivíduos em particular — que está pouco preparada para
receber a rejeição feminina. É ele que pode rejeitar. Este modelo aparece de
maneira muito forte na violência contra as mulheres, porque quando uma mulher
desiste daquele homem e decide acabar com a relação, a honra dele está
manchada. São os casos mais clássicos de pancadaria na família ou eventualmente
assassinato da mulher.”
Maria Luiza Heilborn, professora associada do Instituto de Medicina Social da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ) e pesquisadora do CLAM
(Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos).” (p. Quais as
Causas)

“Outro senso comum amplamente disseminado é apontar o uso de álcool, drogas ou


o ciúme como causas da violência, mas atenção: esses são apenas fatores que
podem desencadear uma crise de violência, não são as causas e nem devem
ser aceitos como justificativa para a agressão.” (p. Quais as Causas)
“Um dos pontos mais importantes para compreender a violência doméstica e familiar
é reconhecer que não existem perfis de vítimas e agressores e nem padrões
absolutos de comportamento.” (p. Há um perfil de vítima e agressor?)

“A violação dos direitos humanos das mulheres atravessa gerações e fronteiras


geográficas e ignora diferenças de níveis de desenvolvimento socioeconômico. A
violência está mais presente do que se imagina em diversas relações e acontece
cotidianamente.” Jacira Vieira de Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia
Galvão. (p. Há um perfil de vítima e agressor?)

“A intersecção entre racismo e sexismo, por exemplo, muito presente na história


brasileira, faz com que as mulheres negras sejam maioria entre as vítimas de
violência doméstica (59,4%, segundo consta no Raseam 2014, o Relatório Anual
Socioeconômico da Mulher, editado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Presidência).”(p. Há um perfil de vítima e agressor?)

“Segundo a Lei Maria da Penha, a violência pode partir de maridos, companheiros,


namorados – ex ou atuais e que morem ou não na mesma casa que a mulher.” (p.
Há um perfil de vítima e agressor?)

“[...] Lei Maria da Penha não se restringe às relações amorosas, ou seja, também
vale para a violência cometida por outros membros da família, como pai, mãe,
irmão, irmã, padrasto, madrasta, filho, filha, sogro, sogra – desde que a vítima
seja uma mulher, em qualquer faixa etária. (p. Há um perfil de vítima e agressor?)

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