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SUMÁRIO
LEI MARIA DA PENHA LEI 11.340/2006 ..................................................................................................................................................................2

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Dúvidas, sugestões e críticas:


 Favor enviar para: marcoavtorrano@gmail.com

Legenda dos grifos:


 AMARELO – DESTAQUE
 VERDE – EXCEÇÃO, VEDADO ou ALGUMA ESPECIFICIDADE
 AZUL – GÊNERO, PALAVRA-CHAVE ou EXPRESSÃO
 LARANJA – SUJEITOS, PESSOAS OU ENTES
 CINZA – MEUS COMENTÁRIOS DENTRO DO ARTIGO

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LEI MARIA DA PENHA enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a
LEI 11.340/2006 mulher; nova qualificadora para a lesão corporal simples co-
metida contra a mulher por razões da condição do sexo fe-
minino; criou o crime de violência psicológica contra a mu-
lher; inserção da integridade psicológica no art. 12-C da Lei
AUTOR: MÁRCIO ANDRÉ LOPES CAVALCANTE

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Maria da Penha.
INSTAGRAM: @DIZERODIREITO • Lei 14.310/2022 (https://bit.ly/3dkQR4z): determina o re-
gistro imediato, pela autoridade judicial, das medidas prote-
tivas de urgência deferidas em favor da mulher em situação
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes.
• Lei 14.316/2022 (https://bit.ly/3dk6l8G): destina recursos
AUTOR: MARCO TORRANO do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para ações
INSTAGRAM: @PROLEGES / @MARCOAVTORRANO de enfrentamento da violência contra a mulher.
 (Defensor DPEPR 2022 AOCP adaptada correta) A Lei 14.022/2020 dispõe
sobre as medidas para enfrentamento da emergência decorrente do novo co-
ronavírus, ou durante a declaração de estado de emergência nacional, as me-
 BDOD (pesquisa pronta): https://bit.ly/3SC42y5. didas protetivas de urgência serão automaticamente prorrogadas.
 QConcursos (questões de concurso): https://bit.ly/3JIMfRO.

Caso Maria da Penha Maia Fernandes vs. Brasil


Novidades legislativas (CIDH – Comissão Interamericana de Direitos Humanos)
• Lei 13.505/2017 (DOD: https://bit.ly/3JVw2cc): atendi- ➔ Impunidade (silêncio processual
mento policial na Lei Maria da Penha. do Estado brasileiro: não chegou a
• Lei 13.641/2018 (DOD: https://bit.ly/3BZAaFW): passou a proferir uma sentença definitiva de-
prever como crime a conduta do agente que descumprir de- pois de 17 anos) para com o respon-
cisão judicial que defere medidas protetivas de urgência. sável pela tentativa de homicídio
• Lei 13.772/2018 (DOD: https://bit.ly/3QFTYT5): violência em face de Maria da Penha Fernan-
psicológica é uma forma de violência doméstica. des, que ficou paraplégica em razão
• Lei 13.827/2019 (DOD: https://bit.ly/3AdzlZ0): autoriza a das agressões perpetradas pelo seu
aplicação de medida protetiva de urgência pela autoridade marido à época.
policial. ➔ Foi a primeira vez que a CIDH aplicou a Convenção de Be-
• Lei 13.836/2019 (DOD: https://bit.ly/3Aaihlx): Delegado lém do Pará (Decreto 1.973/1996).
de Polícia deverá informar à autoridade judicial caso a mu- ➔ Uma das recomendações feitas pela CIDH (Comissão In-
lher vítima da violência seja pessoa com deficiência. teramericana de Direitos Humanos): prosseguir e intensificar
• Lei 13.871/2019 (DOD: https://bit.ly/3JS82qo): autor de vi- o processo de reforma que evite a tolerância estatal e o tra-
olência doméstica deve ressarcir os gastos do poder público tamento discriminatório em relação à violência doméstica
com a assistência à saúde da vítima e com os dispositivos de contra mulheres no Brasil – o que foi essencial para surgir a
segurança utilizados para evitar nova agressão. Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).
• Lei 13.880/2019 (DOD: https://bit.ly/3QlqMAP): deter-  Atenção: o Caso Maria da Penha não chegou a ir para a Corte IDH.
mina a apreensão da arma de fogo sob posse de agressor em  O primeiro caso com sentença de mérito sobre violência de gênero con-
casos de violência doméstica. tra a mulher perante a Corte IDH contra o Brasil foi o Caso Márcia Barbosa
de Souza.
• Lei 13.882/2019 (DOD: https://bit.ly/3Ql8YFU): garante a
 Palavras-chave: violência doméstica; garantias e proteção judiciais; igual-
matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência dade perante a lei.
doméstica e familiar em instituição de educação básica mais MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Direitos humanos na jurisprudência internaci-
próxima de seu domicílio. onal. Grupo GEN, 2019, 862.
• Lei 13.894/2019 (DOD: https://bit.ly/3vTT4dy): altera a Lei Caso Márcia Barbosa de Souza e outros vs. Brasil: análise da sentença da Corte
Maria da Penha e o CPC para tratar, dentre outros assuntos, IDH. Conjur: https://bit.ly/3C4jGMF.
sobre divórcio relacionado com violência doméstica.
• Lei 13.984/2020 (DOD: https://bit.ly/3BYD6mf): acres- Constitucionalidade da Lei Maria da Penha
centa duas novas medidas protetivas de urgência a serem No ano de 2012, o STF julgou a constitucionalidade da Lei nº
cumpridas pelo agressor (frequentar centro de educação e 11.340/06, que trata sobre violência doméstica, mais conhe-
de reabilitação e ter acompanhamento psicossocial). cida como “Lei Maria da Penha” (STF. Plenário. ADC 19, Rel.
• Lei 14.022/2020 (DOD: https://bit.ly/3PcFYyQ): previu me- Min. Marco Aurélio, 9/2/2012).
didas de enfrentamento à violência doméstica, contra crian-
ças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência durante Confira as principais conclusões sobre o tema (ADC 19):
a pandemia da Covid-19. • Não há violação do princípio constitucional da igualdade
• Lei 14.149/2021: instituiu o Formulário Nacional de Avali- no fato de a Lei nº 11.340/06 ser voltada apenas à proteção
ação de Risco, a ser aplicado a mulher vítima de violência do- das mulheres.
méstica e familiar. • O art. 33 da Lei Maria da Penha determina que, nos locais
• Lei 14.188/2021 (DOD: https://bit.ly/3bGOvfJ): tratou so- em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de
bre quatro assuntos: instituiu o programa de "Sinal Verme- Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas cri-
lho" contra a Violência Doméstica como uma das medidas de minais acumularão as competências cível e criminal para as

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causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher,
a mulher. Essa previsão não ofende a competência dos Esta- da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
dos para disciplinarem a organização judiciária local. a Violência contra a Mulher e de outros tratados
• Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil;
contra a mulher não se aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência

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nº 9.099/95), mesmo que a pena seja menor que 2 anos.
e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e
Por conseguinte, na ADI 4424: familiar.
• Toda lesão corporal, ainda que de natureza leve ou cul-  (Educador Prefeitura de Betim/MG 2020 AOCP correta) A Lei nº
posa, praticada contra a mulher no âmbito das relações do- 11.340/2006, conhecida como Lei “Maria da Penha”, cria mecanismos para
coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
mésticas é crime de ação penal INCONDICIONADA.
ADC 19 Em caso de ameaça por redes sociais ou pelo Whatsapp, o
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MAS- juízo competente para deferir as medidas protetivas é
CULINO E FEMININO – TRATAMENTO DIFERENCIADO. O ar- aquele no qual a mulher tomou conhecimento das intimi-
tigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do trata- dações
mento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, Em caso de ameaça proferida contra a mulher por meio de
harmônica com a Constituição Federal, no que necessária a redes sociais (ex: Facebook) ou por aplicativos como o What-
proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a sApp, o juízo competente para deferir as medidas protetivas
cultura brasileira. é aquele onde a vítima tomou conhecimento das intimida-
COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 ções, por ser este o local de consumação do crime previsto
– JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA pelo art. 147 do Código Penal.
A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a O art. 147 do CP é crime formal, de modo que se consuma
conveniência de criação dos juizados de violência doméstica no momento em que a vítima toma conhecimento da ame-
e familiar contra a mulher, não implica usurpação da compe- aça.
tência normativa dos estados quanto à própria organização Segundo o art. 70, primeira parte, do CPP, "a competência
judiciária. será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – a infração".
REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 Ex: o ex-marido, residente em Curitiba, ameaçou a vítima por
da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência do- meio de mensagens no Facebook e no Whatsapp. Quando a
méstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em vítima recebeu as mensagens já estava morando em Naviraí
consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta (MS). Diante disso, a competência para julgar as medidas
da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar protetivas em favor da mulher é o juízo da comarca de Navi-
mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações raí (MS).
familiares. STJ. 3ª Seção. CC 156.284/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, jul-
STF. Plenário. ADC 19, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em gado em 28/02/2018.
09/02/2012.
Quem julga o crime de estupro de vulnerável praticado por
ADI 4424 pai contra filha de 4 anos: vara criminal “comum” ou vara
AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER de violência doméstica e familiar contra a mulher?
– LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a le- Se o fator determinante que ensejou a prática do crime foi a
são corporal resultante de violência doméstica contra a mu- tenra idade da vítima fica afastada a vara de violência do-
lher é pública incondicionada – considerações. méstica e familiar? Ex: estupro de vulnerável praticado por
STF. Plenário. ADI 4424, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em pai contra a filha, de 4 anos.
09/02/2012. • SIM. Posição da 5ª Turma do STJ:
 (Promotor MPERJ 2022 incorreta) Por meio da ADC/19-DF, o Supremo Tri- Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determi-
bunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade do tratamento diferenci- nante para a caracterização do crime de estupro de vulnerá-
ado entre gêneros masculino e feminino, trazido ao ordenamento jurídico
pela Lei Maria da Penha. vel, mas sim a tenra idade da ofendida, que residia sobre o
 (Defensor DPEPI 2022 Cespe adaptada correta) Consoante a jurisprudên- mesmo teto do réu, que com ela manteve relações sexuais,
cia do Supremo Tribunal Federal [ADI 4424] e a do Superior Tribunal de Justiça não há que se falar em competência do Juizado Especial de
[Súmula 542-STJ], em regra, no caso de crime de lesão corporal resultante de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
violência doméstica contra a mulher, a ação penal será pública incondicio-
nada. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge
 (Delegado PCMG 2021 Fumarc correta) É considerado constitucional o tra- Mussi, julgado em 23/08/2018.
tamento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, no que diz res-
peito à necessária proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e • NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ:
a cultura brasileira.
A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência
TÍTULO I da vara especializada em violência doméstica e familiar con-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
STJ. 6ª Turma. RHC 121.813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do
§ 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre

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 (Professor Prefeitura de Porto Alegre/RS 2021 Fundatec correta) A Lei Ma-
Compete à Justiça Federal conceder medida protetiva em ria da Penha que a violência doméstica ocorre, dentre outros, na unidade do-
favor de mulher ameaçada por ex-namorado que mora nos méstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas,
EUA e faz as ameaças por meio do Facebook com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.
 (Assistente social Prefeitura de Vista Serrana/PB 2021 Contemax correta)
Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida pro- A violência doméstica pode ser cometida no âmbito da unidade doméstica, da
tetiva de urgência decorrente de crime de ameaça contra a família ou em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou

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tenha convívio com a mulher agredida e independe de coabitação.
mulher cometido por meio de rede social de grande alcance,
 (Assistente social Prefeitura de Vista Serrana/PB 2021 Contemax correta)
quando iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no A violência doméstica e familiar contra a mulher se aplica também as relações
Brasil. entre pessoas do mesmo sexo, ou seja, o conceito de ‘violência contra a mu-
STJ. 3ª Seção.CC 150712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, jul- lher’ independente da orientação sexual.
gado em 10/10/2018 (Info 636).
Situações em que é possível a aplicação da Lei,
segundo o STJ:
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça,
etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, VIOLÊNCIA PRATICADA POR... É POSSÍVEL?
idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à FILHO CONTRA A MÃE
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e SIM
A Lei Maria da Penha aplica-se também
facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física HC 290.650/MS
nas relações de parentesco.
e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
NETO CONTRA AVÓ SIM
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o AgRg no AREsp
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à 1.626.825/GO
alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à FILHA CONTRA A MÃE
justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à SIM
Relembrando que o agressor pode ser
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e HC 277.561/AL
também mulher.
comunitária.
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem PAI CONTRA A FILHA SIM
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das HC 178.751/RS
relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las IRMÃO CONTRA IRMÃ SIM
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, Obs.: ainda que não morem sob o mesmo REsp
violência, crueldade e opressão. teto. 1239850/DF
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as
condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos GENRO CONTRA SOGRA SIM
enunciados no caput. HC 310154/RS
NORA CONTRA A SOGRA
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os Desde que estejam presentes os requisi-
fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições SIM
tos de relação íntima de afeto, motivação
peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e HC 175.816/RS
de gênero e situação de vulnerabilidade.
familiar. Ausentes, não se aplica.
TÍTULO II COMPANHEIRO DA MÃE (“PADRASTO”)
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER CONTRA A ENTEADA
CAPÍTULO I Obs.: a agressão foi motivada por discus- SIM
DISPOSIÇÕES GERAIS são envolvendo o relacionamento amo- RHC 42.092/RJ
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura VIOLÊNCIA roso que o agressor possuía com a mãe da
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou vítima (relação íntima de afeto).
omissão baseada no GÊNERO que lhe cause morte, lesão, TIA CONTRA SOBRINHA
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou SIM
A tia possuía, inclusive, a guarda da cri-
patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) HC 250.435/RJ
ança (do sexo feminino), que tinha 4 anos.
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como
o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem EX-NAMORADO CONTRA A EX-NAMO-
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; RADA
II - no âmbito da família, compreendida como a Vale ressaltar, porém, que não é qualquer SIM
comunidade formada por indivíduos que são ou se namoro que se enquadra na Lei Maria da HC 182.411/RS
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por Penha. Se o vínculo é eventual, efêmero,
afinidade ou por vontade expressa; não incide a Lei 11.340/06 (CC 91.979-MG).
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o FILHO CONTRA PAI IDOSO
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida (abrange NÃO
O sujeito passivo (vítima) não pode ser do
relacionamentos atuais ou pretéritos), independentemente RHC 51.481/SC
sexo masculino.
de coabitação.  (Promotor MPEAC 2022 Cespe correta) É possível a aplicação dos disposi-
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste tivos da Lei Maria da Penha à violência praticada por irmão contra irmã, ainda
artigo independem de orientação sexual. que eles não residam mais sob o mesmo teto.

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 (Delegado PCPB 2022 Cespe correta) Não atrai a incidência dessa lei a hi-
pótese em que um filho pratique violência física contra seu pai idoso.
 (Promotor MPEAC 2022 Cespe incorreta) Descaracteriza a violência do-
É inaplicável o princípio da insignifi-
méstica contra a mulher, afastando a aplicação da Lei Maria da Penha, a agres- Súmula cância nos crimes ou contravenções pe-
são cometida por ex-namorado. 589-STJ nais praticados contra a mulher no âm-
bito das relações domésticas.
Mulheres trans

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A Lei n. 11.340/2006 (Maria da Penha) é aplicável às mulhe- A prática de crime ou contravenção pe-
res trans em situação de violência doméstica. nal contra a mulher com violência ou
STJ. 6ª Turma. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Roge- Súmula grave ameaça no ambiente doméstico
rio Schietti Cruz, julgado em 05/04/2022 (Info 732). 588-STJ impossibilita a substituição da pena
 (Promotor MPDFT 2021 adaptada correta) O STJ admite a mulher trans privativa de liberdade por restritiva de
como vítima de violência doméstica. direitos.

Presunção legal da hipossuficiência da mulher vítima de A ação penal relativa ao crime de lesão
violência doméstica Súmula corporal resultante de violência do-
Apesar de haver decisões em sentido contrário, prevalece o 542-STJ méstica contra a mulher é pública
entendimento de que a hipossuficiência e a vulnerabilidade, incondicionada.
necessárias à caracterização da violência doméstica e fami-  Doutrina: “Encerrando de uma vez por todas essa discussão, o STF, no jul-
gamento da ADI 4424 e da ADC 19, dentre outras matérias, decidiu que o art.
liar contra a mulher, são presumidas pela Lei nº
41 da Lei Maria da Penha é constitucional, assentando dessa forma a natureza
11.340/2006. incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando
A mulher possui na Lei Maria da Penha uma proteção decor- a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico. Assim,
rente de direito convencional de proteção ao gênero (trata- os crimes de lesões corporais leves e culposas no contexto da Lei Maria da
Penha são de ação penal pública incondicionada. Todavia, crimes que não
dos internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordena-
sejam de lesões corporais e que eram de ação penal pública condicionada à
mento, proteção essa que não depende da demonstração de representação do ofendido, a exemplo do crime de ameaça, continuam com
concreta fragilidade, física, emocional ou financeira. Ex: a natureza desta ação penal inalterada, não sendo alcançados pela decisão
agressão feita por um homem contra a sua namorada, uma do STF. Posteriormente, o STJ, seguindo o julgado do STF, também consolidou
este mesmo entendimento no âmbito da sua jurisprudência, editando a Sú-
Procuradora da AGU, que possuía autonomia financeira e ga-
mula nº 542, segundo a qual ‘A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
nhava mais que ele. resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.’”
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 620.058/DF, Rel. Min. Jorge (ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de processo penal, Juspodivm,
Mussi, julgado em 14/03/2017. 2021, p. 400). #Resumindo:
STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 74.107/SP, Rel. Min. Nefi Cor- Ação penal pública Ação penal pública
deiro, julgado em 15/09/2016. incondicionada condicionada

Obs: isso não significa, contudo, que sempre que houver uma agressão contra Lesão corporal leve... Crime de ameaça...
uma mulher deverá ser aplicada a Lei Maria da Penha. É necessário que: Lesão corporal culposa... no contexto da Lei Maria da Penha.
• a violência tenha sido cometida em uma das situações descritas no art. 5º no contexto da Lei Maria da Penha.
da Lei nº 11.340/2006 e  (Promotor MPEAC 2022 Cespe incorreta) A ação penal relativa aos crimes
• que o delito tenha sido motivado por questões de gênero ou que a vítima de ameaça e de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mu-
estava em situação de vulnerabilidade por ser do sexo feminino. lher é pública condicionada à representação.
Nesse sentido:  (Defensor DPEAM 2021 FCC incorreta) A ação penal relativa ao crime de
(...) A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça orienta-se no sentido de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher será pública
que, para que a competência dos Juizados Especiais de Violência Doméstica condicionada à representação da vítima, não se exigindo maiores formalida-
seja firmada, não basta que o crime seja praticado contra mulher no âmbito des para tanto.
doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do acusado seja de gê-  (Analista MPEGO 2022 FGV correta) João agrediu Maria, sua esposa, cau-
nero, ou que a vulnerabilidade da ofendida seja decorrente da sua condição sando-lhe lesões corporais leves, o que foi objeto de registro junto ao órgão
de mulher. Precedentes. policial competente. Após o encaminhamento do expediente ao Ministério
2. No caso dos autos, verifica-se que o fato de a vítima ser do sexo feminino Público, mas em momento anterior ao oferecimento da denúncia, Maria soli-
não foi determinante para a prática do crime de estupro de vulnerável pelo citou ao Promotor de Justiça o “arquivamento do caso”. À luz dessa narrativa,
paciente, mas sim a idade da ofendida e a sua fragilidade perante o agressor, é correto afirmar que a referida solicitação não obsta o oferecimento da de-
seu próprio pai, motivo pelo qual não há que se falar em competência do Jui- núncia ou a adoção de medidas protetivas em prol de Maria, não sendo pos-
zado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (...) sível a suspensão condicional do processo.
STJ. 5ª Turma. HC 344.369/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2016.
 (Defensor DPEMS 2022 FGV correta) Em relação ao sistema protetivo da
Lei Maria da Penha: é desnecessária a demonstração específica da subjugação A suspensão condicional do processo e
feminina para sua aplicação. Súmula a transação penal não se aplicam na hi-
 (Inspetor PCRJ 2021 FGV correta) A hipossuficiência e a vulnerabilidade da 536-STJ pótese de delitos sujeitos ao rito da Lei
mulher em contexto de violência doméstica e familiar é presumida.
 (Inspetor PCRJ 2021 FGV incorreta) Em caso de subjugação feminina, a
Maria da Penha.
aplicação do sistema protetivo depende de demonstração específica.  (Defensor DPEPR 2022 AOCP incorreta) A suspensão condicional do pro-
 (Inspetor PCRJ 2021 FGV incorreta) Há necessidade de demonstração de cesso e a transação penal não se aplicam na hipótese de crimes sujeitos ao
vulnerabilidade concreta. rito da Lei Maria da Penha, mas são cabíveis quando se tratar de contravenção
penal.
 (Promotor MPERS 2021 correta) Conforme o entendimento sumulado no
Para a configuração da violência do- âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a prática de qualquer infração penal
méstica e familiar prevista no artigo 5º com violência ou grave ameaça contra a mulher no ambiente doméstico, in-
Súmula
da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Pe- clusive contravenção penal, impossibilita a substituição da pena privativa de
600-STJ liberdade por penas restritivas de direitos.
nha) não se exige a coabitação entre
 (Guarda Municipal Prefeitura de São José dos Pinhais/PR 2021 FAUEL cor-
autor e vítima. reta) Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a

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mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei dos Juizados
Especiais.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas se-
 (Residência jurídica DPERJ 2021 correta) Os crimes praticados com violên- guintes hipóteses:
cia doméstica e familiar contra a mulher não admitem transação penal, IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica
mesmo que a pena máxima cominada não ultrapasse os dois anos. ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da con-
dição de sexo feminino, em favor do agressor.
É possível aplicar suspensão condicional da pena aos crimes

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 Doutrina: “Por este regramento legal, são apontados como requisitos (cu-
e às contravenções penais praticados em contexto de vio- mulativos) do acordo de não persecução penal: (...) 10) não se tratar de cri-
lência doméstica? mes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agres-
Em tese, SIM! É o que vem sendo cobrado, aliás, em provas sor: não cabe ANPP para crimes praticados no contexto de violência domés-
objetivas: tica ou familiar contra a mulher (Lei Maria da Penha). Nessa esteira, não se
 (Defensor DPEGO 2021 FCC correta) A suspensão condicional da pena é admite também o acordo em crimes pra- ticados contra a mulher em virtude
aplicável em caso de reincidente em crime culposo e nos crimes submetidos da condição de sexo feminino (misoginia), ainda que eles não ocorram no âm-
à Lei Maria da Penha. bito doméstico ou familiar. É o exemplo de uma ofensa à honra da mulher
 (Promotor MPECE 2020 Cespe correta) Aos crimes praticados com vio- vítima de misoginia11. Sobre a matéria, tem-se o Enunciado nº 22 do
lência doméstica e familiar contra a mulher, admite-se suspensão condicio- GNCCRIM: ‘Veda-se o acordo de não persecução penal aos crimes praticados
nal da pena. no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
por razões da condição de sexo feminino, bem como aos crimes hediondos e
equiparados, pois em relação a estes o acordo não é suficiente para a repro-
Como podemos entender vação e prevenção do crime.’” (ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de
processo penal, Juspodivm, 2021, p. 352).
a estrutura escalonada de negociação do CPP?
 (Promotor MPESP 2022 incorreta) A Lei no 9.099/95 não é aplicável, sendo
1) composição dos danos civis (art. 74 da Lei 9.099/95); possível o acordo de não persecução penal nos crimes cometidos sem violên-
cia ou grave ameaça, com pena mínima inferior a quatro anos, em que o
2) transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95); agente confessou o delito.
3) ANPP (art. 28-A do CPP);
4) suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei A reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da
9.099/95); violência doméstica e familiar contra a mulher, não é fun-
5) acordo de delação premiada (art. 4º da Lei 12.850/2013). damento suficiente para afastar a necessidade de fixação
 LOPES JR., Aury. Direito Processual penal. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2021, do valor mínimo para reparação dos danos causados pela
p. 85. O Prof. Aury não menciona o instituto da composição dos danos civis
(art. 74 da Lei 9.099), mas inserimos porque é uma das modalidades da justiça infração penal
penal consensual e que antecede a transação penal, como bem ensina Leo-
A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é
nardo Barreto Moreira Alves (Manual de processo penal..., Juspodivm, 2021,
p. 1301). fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação
 (Promotor MPEPR 2021 correta) Não poderá ser proposto o acordo de não do valor mínimo previsto no art. 387, inciso IV, do CPP, seja
persecução penal se for cabível transação penal de competência dos Juizados porque não há previsão legal nesse sentido, seja porque
Especiais Criminais.
compete à própria vítima decidir se irá promover a execução
ou não do título executivo, sendo vedado ao Poder Judiciário
LEI MARIA DA PENHA omitir-se na aplicação da legislação processual penal que de-
Suspensão condicional Suspensão condicional termina a fixação do valor mínimo em favor da ofendida.
do processo (Lei 9.099/95) da pena (CP e LEP) CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados
Não é possível.❌ É possível. ✔ pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofen-
 (Defensor DPEAM 2021 FCC incorreta) A transação penal não se aplica na dido;
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha, mas a suspensão STJ. 6ª Turma. REsp 1.819.504-MS, Rel. Min. Laurita Vaz, jul-
condicional do processo, por espraiar seus efeitos para além da Lei nº
9.099/1995, é admitida. gado em 10/09/2019 (Info 657).
 (Promotor MPEAC 2022 Cespe incorreta) A reconciliação entre a vítima e
o indivíduo agressor, no âmbito da violência doméstica, é suficiente para afas-
Não é possível tar a necessidade de reparação dos danos causados pelo crime.
❌composição dos danos civis (Lei 9.099, art. 74),
❌transação penal (Lei 9.099, art. 76), Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da copro-
❌suspensão condicional do processo (Lei 9.099, art. 89) prietária vítima de violência doméstica, que, em razão de
na Lei Maria da Penha. medida protetiva de urgência decretada judicialmente, de-
➔ Não são possíveis para tais delitos os institutos da com- tém o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do
posição dos danos civis, da transação penal e da suspensão agressor
condicional do processo. Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa
➔ Fundamento: Súmula 536-STJ e art. 41 da Lei Maria da com exclusividade por um dos coproprietários, impedindo o
Penha. exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de processo penal, Juspodivm, demais consortes, enseja o pagamento de indenização àque-
2021, p. 1310. les que foram privados do regular domínio sobre o bem, tal
como o percebimento de aluguéis. É o que prevê o art. 1.319
Não é possível do Código Civil.
❌ANPP Contudo, impor à vítima de violência doméstica e familiar
na Lei Maria da Penha. obrigação pecuniária consistente em locativo pelo uso exclu-
sivo e integral do bem comum constituiria proteção
CPP, art. 28-A (...)

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insuficiente aos direitos constitucionais da dignidade hu- Lei 14.132/2021 Lei 14.188/2021
mana e da igualdade, além de ir contra um dos objetivos fun-
Perseguição / Stalking Violência psicológica
damentais do Estado brasileiro de promoção do bem de to-
(art. 147-A) (art. 147-B)
dos sem preconceito de sexo, sobretudo porque serviria de
desestímulo a que a mulher buscasse o amparo do Estado Art. 147-A. Perseguir al- Art. 147-B. Causar dano

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para rechaçar a violência contra ela praticada, como asse- guém, reiteradamente e por emocional à mulher que a
gura a Constituição Federal em seu art. 226, § 8º, a revelar a qualquer meio, ameaçando- prejudique e perturbe seu
desproporcionalidade da pretensão indenizatória em tais ca- lhe a integridade física ou psi- pleno desenvolvimento ou
sos. cológica, restringindo-lhe a que vise a degradar ou a con-
A imposição judicial de uma medida protetiva de urgência - capacidade de locomoção ou, trolar suas ações, comporta-
que procure cessar a prática de violência doméstica e fami- de qualquer forma, invadindo mentos, crenças e decisões,
liar contra a mulher e implique o afastamento do agressor ou perturbando sua esfera de mediante ameaça, constran-
do seu lar - constitui motivo legítimo a que se limite o domí- liberdade ou privacidade. gimento, humilhação, mani-
nio deste sobre o imóvel utilizado como moradia conjunta- Pena – reclusão, de 6 (seis) pulação, isolamento, chanta-
mente com a vítima, não se evidenciando, assim, eventual meses a 2 (dois) anos, e gem, ridicularização, limita-
enriquecimento sem causa, que legitime o arbitramento de multa. ção do direito de ir e vir ou
aluguel como forma de indenização pela privação do direito § 1º A pena é aumentada de qualquer outro meio que
de propriedade do agressor. metade se o crime é come- cause prejuízo à sua saúde
STJ. 3ª Turma. REsp 1.966.556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio tido: psicológica e autodetermina-
Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724). I – contra criança, adoles- ção:
cente ou idoso; Pena - reclusão, de 6 (seis)
Revenge porn (pornografia de vingança) II – contra mulher por razões meses a 2 (dois) anos, e
da condição de sexo femi- multa, se a conduta não cons-
A "exposição pornográfica não consentida", da qual a "por- nino, nos termos do § 2º-A do titui crime mais grave.
nografia de vingança" é uma espécie, constituiu uma grave art. 121 deste Código;
lesão aos direitos de personalidade da pessoa exposta inde- III – mediante concurso de 2
vidamente, além de configurar uma grave forma de violência (duas) ou mais pessoas ou
de gênero que deve ser combatida de forma contundente com o emprego de arma.
pelos meios jurídicos disponíveis. § 2º As penas deste artigo
STJ. 3ª Turma. REsp 1735712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, são aplicáveis sem prejuízo
julgado em 19/05/2020 (Info 672). das correspondentes à vio-
 (Promotor MPESP 2022 correta) O crime de divulgação de cena de sexo e lência.
nudez, sem o consentimento da vítima maior de 18 anos, cometido por § 3º Somente se procede
agente que tenha mantido relação íntima de afeto com a ofendida, com o fim
de vingança ou humilhação, é conhecido vulgarmente por revenge porn.
mediante representação.
A pena é maior, em razão da A pena da violência psicoló-
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher causa de aumento do § 1º, II gica é menor que a
constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. do art. 147-A. do stalking praticado contra
mulher por razões da condi-
 (Notário TJRO 2021 IESES correta) A violência doméstica e familiar contra
a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos. ção de sexo feminino.

CAPÍTULO II É crime de ação pública É crime de ação pública


DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR condicionada. incondicionada.
CONTRA A MULHER Exige perseguição reiterada. Não exige reiteração.
Art. 7º São FORMAS DE VIOLÊNCIA doméstica e familiar Trata-se de crime habitual. Não é crime habitual.
contra a mulher, entre outras (ROL EXEMPLIFICATIVO): Não se exige produção de re- Exige a produção de resul-
I - a violência FÍSICA, entendida como qualquer conduta sultado naturalístico. tado naturalístico (a conduta
que ofenda sua integridade ou saúde corporal; Trata-se de crime formal. deve causar dano emocional
II - a violência PSICOLÓGICA, entendida como qualquer à mulher).
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da Trata-se de crime material.
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ➔ Comentários (DOD): ➔ Comentários (DOD):
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante https://bit.ly/3Aa1LTy. https://bit.ly/3bGOvfJ
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,  Cyberstalking: o crime do art. 147-A do CP é de forma livre, de sorte que
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, pode ser praticado “por qualquer meio”.
 (Promotor MPERJ 2022 correta) Presentes outros elementos típicos, a
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, atual legislação penal tipifica o crime de ameaça à integridade física ou psico-
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou lógica da mulher.
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde  (Promotor MPERJ 2022 incorreta) O crime de perseguição configura-se
psicológica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, quando se causa dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu
de 2018) pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, en-
tre outras condutas.
Código Penal

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III - a violência SEXUAL, entendida como qualquer conduta configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou re-
que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de
cursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,  (Educador Prefeitura de Betim/MG 2020 AOCP correta) De acordo com a
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a Lei “Maria da Penha” (Lei n° 11.340/2006), qualquer conduta que configure
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça perturbação do pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar as
ações da mulher, dentre outros fatores, é uma forma de violência psicológica.
de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao

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 (Psicólogo Prefeitura de Arapongas/PR 2020 Fafipa correta) É uma forma
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante de violência doméstica e familiar contra a mulher a violência patrimonial, en-
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite tendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destrui-
ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; ção parcial ou total de seus objetos, entre outros.

 (Oficial DPERO 2022 Cespe correta) Considerando-se as formas de violên-


cia doméstica e familiar contra a mulher previstas na Lei n.º 11.340/2006, é Novidade legislativa – Lei 14.192/2021
correto afirmar que coação para praticar aborto pode configurar violência se- VIOLÊNCIA POLÍTICA CONTRA A MULHER
xual. (art. 326-B do Código Eleitoral)
IV - a violência PATRIMONIAL, entendida como qualquer Art. 326-B. Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou
conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou
ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua cam-
necessidades; panha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo.
V - a violência MORAL, entendida como qualquer conduta Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
que configure calúnia, difamação ou injúria. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço), se o
crime é cometido contra mulher:
FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
I - gestante;
1. FÍSICA Integridade ou saúde corporal. II - maior de 60 (sessenta) anos;
III - com deficiência.
Dano emocional, diminuição da auto-
 Comentários sobre a Lei 14.192/2021 (DOD): https://bit.ly/3SISBEL.
2. PSICOLÓGICA estima, controlar ações, comporta-
mentos e crenças.
A revogação da contravenção de perturbação da tranquili-
Relação sexual não desejada, induza a dade (art. 65 da LCP) pela Lei 14.132/2021, não significa que
comercializar ou utilizar de qualquer tenha ocorrido abolitio criminis em relação a todos os fatos
modo sua sexualidade, impedir mé- que estavam enquadrados na referida infração penal
3. SEXUAL
todo contraceptivo, forçar matrimô-
A Lei nº 14.132/2021 acrescentou o art. 147-A ao Código Pe-
nio, gravidez, aborto, prostituição, li-
nal, para prever o crime de perseguição, também conhecido
mitar direitos sexuais e reprodutivos.
como stalking:
Retenção, subtração, destruição par- Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer
cial ou total de objetos, instrumentos meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, res-
de trabalho, documentos pessoais, tringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer
4. PATRIMONIAL
bens, valores, direitos ou recursos forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
econômicos, incluindo para satisfazer privacidade.
suas necessidades. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
5. MORAL Calúnia, difamação e injúria.
Antes da Lei nº 14.132/2021, a conduta acima explicada era
 (Promotor MPECE 2020 Cespe correta) A retenção de seus documentos
pessoais, o que constitui violência patrimonial.
fato atípico?
 (Notário TJRO 2021 IESES correta) A violência moral, entendida como qual- NÃO. Antes da criação do crime do art. 147-A, a conduta era
quer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria é considerada como punida como contravenção penal pelo art. 65 do Decreto-lei
uma forma de violência doméstica e familiar contra a mulher. 3.688/41, que tinha a seguinte redação:
 (Perito PCMS 2021 Fapec correta) A lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha)
apresenta como formas de violência doméstica e familiar contra a mulher,
Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade,
entre outras, a violência física, a violência moral, a violência sexual, a violência por acinte ou por motivo reprovável: Pena – prisão simples,
psicológica e a violência patrimonial. de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a
 (Técnico IPE Saúde 2022 Fundatec correta) Violência física: entendida dois contos de réis.
como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.
 (Técnico IPE Saúde 2022 Fundatec correta) Violência psicológica: enten-
dida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da A Lei nº 14.132/2021 revogou a contravenção de molesta-
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou mento (art. 65 do DL 3.688/41), punindo de forma mais se-
que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e deci- vera essa conduta, que pode trazer graves consequências
sões.
 (Técnico IPE Saúde 2022 Fundatec correta) Violência moral: entendida
psicológicas à vítima.
como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. A revogação da contravenção de perturbação da tranquili-
 (Assistente social Prefeitura de Rio Azul/PR 2021 FAUEL correta) A violên- dade pela Lei nº 14.132/2021 não significa que tenha ocor-
cia familiar e doméstica contra a mulher, pode ser exercida, entre outras, por rido abolitio criminis em relação a todos os fatos que esta-
meio da violência moral através de qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
vam enquadrados na referida infração penal.
 (Perito PCMS 2021 Fapec correta) Nos termos da Lei 11.340/06 (Lei Maria
da Penha), considera-se violência patrimonial qualquer conduta que

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De fato, a parte final do art. 147-A do Código Penal prevê a IV - a implementação de atendimento policial
conduta de perseguir alguém, reiteradamente, por qualquer especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias
meio e “de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua de Atendimento à Mulher;
esfera de liberdade ou privacidade”, circunstância que, a V - a promoção e a realização de campanhas educativas
toda evidência, já estava contida na ação de “molestar al- de prevenção da violência doméstica e familiar contra a
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e

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guém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por
motivo reprovável”, quando cometida de forma reiterada, a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos
porquanto a tutela da liberdade também abrange a tranqui- direitos humanos das mulheres;
lidade. VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes,
No caso concreto apreciado pelo STJ, o acusado, mesmo de- termos ou outros instrumentos de promoção de parceria
pois de processado e condenado em primeira instância pela entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
contravenção penal do art. 65 da LCP, voltou a tentar con- governamentais, tendo por objetivo a implementação de
tato com a mesma vítima ao lhe enviar três e-mails e um pre- programas de erradicação da violência doméstica e familiar
sente. Desse modo, houve reiteração. contra a mulher;
Com a entrada em vigor da Lei nº 14.132/2021, ele pediu o VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar,
reconhecimento de que teria havido abolitio criminis. O STJ, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
contudo, não aceitou. Isso porque houve reiteração, de profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados
modo que a sua conduta se amolda ao que passou a ser pu- no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
nido pelo art. 147-A do CP, inserido pela Lei nº 14.132/2021. VIII - a promoção de programas educacionais que
Logo, houve evidente continuidade normativo-típica. disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade
Vale ressaltar, contudo, que o STJ afirmou que esse réu de- da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou
veria continuar respondendo pelas sanções da contravenção etnia;
do art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688/1941 (e não pelo art. 147- IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis
A do CP). Isso porque a lei anterior era mais benéfica. de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos,
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1863977-SC, Rel. Min. à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da
Laurita Vaz, julgado em 14/12/2021 (Info 722). violência doméstica e familiar contra a mulher.
 (Promotor MPESP 2022 incorreta, porque o crime de stalking tem como CAPÍTULO II
sujeito passivo qualquer pessoa, homem ou mulher) Os novos crimes contra DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
a liberdade pessoal previstos no art. 147-A e art. 147-B, ambos do CP, nomi-
nados, respectivamente, de perseguição (stalking) e violência psicológica con- DOMÉSTICA E FAMILIAR
tra a mulher, têm como vítima a mulher, sendo a pena majorada se a ofendida
é criança, adolescente ou idosa.
Art. 9º A ASSISTÊNCIA à mulher em situação de violência
doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
TÍTULO III conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema
DOMÉSTICA E FAMILIAR Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
CAPÍTULO I públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
Art. 8º A POLÍTICA PÚBLICA que visa coibir a violência mulher em situação de violência doméstica e familiar no
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um cadastro de programas assistenciais do governo federal,
conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do estadual e municipal.
Distrito Federal e dos Municípios e de ações não- § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência
governamentais, tendo por DIRETRIZES: doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do psicológica:
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública,
segurança pública, assistência social, saúde, educação, integrante da administração direta ou indireta;
trabalho e habitação; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e o AFASTAMENTO do local de trabalho, por até 6 meses.
outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e  (Promotor MPECE 2020 Cespe correta) A manutenção do vínculo traba-
de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e lhista por até seis meses quando necessário o afastamento da vítima do seu
local de trabalho.
à freqüência da violência doméstica e familiar contra a  (Agente CRESS/SE 2021 Quadrix correta) O juiz assegurará à mulher em
mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade fí-
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das sica e psicológica, a manutenção do vínculo trabalhista, quando for necessário
medidas adotadas; o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
 (Agente SEFAZ/BA 2022 FGV correta) Joana, que se encontrava em situa-
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos ção de violência doméstica e familiar, foi incluída em um programa assisten-
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a cial do governo do Estado Beta, tendo mudado de residência. Por temer que
coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem o seu ex-companheiro a procurasse no local de trabalho, considerando o his-
a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido tórico de perseguições, Joana solicitou ao juízo competente que assegurasse
a manutenção do seu vínculo trabalhista, por seis meses, de modo que pu-
no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do desse se afastar do local de trabalho. Considerando a sistemática estabelecida
art. 221 da Constituição Federal; na Lei Maria da Penha, o requerimento de Joana pode ser atendido, conside-
rando estar em harmonia com os balizamentos legais.

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 (Escrivão PCPA 2021 AOCP correta) O juiz assegurará à mulher em situação monitoramento das vítimas de violência doméstica ou
de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psi-
familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos
cológica, a manutenção do vínculo trabalhista por até 6 meses.
ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, de 2019)
III - ENCAMINHAMENTO à assistência judiciária, quando for
 (Procurador Prefeitura de Maravilha/SC 2021 Unoesc correta) Os disposi-
o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação tivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponi-
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução bilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou fami-

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de união estável perante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº liar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo
13.894, de 2019) agressor.

§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste


A medida de afastamento do local de trabalho, prevista no
artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza ao
art. 9º, § 2º, da Lei é de competência do Juiz da Vara de
patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem
Violência Doméstica, sendo caso de interrupção do con-
configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição
trato de trabalho, devendo a empresa arcar com os 15 pri-
da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019)
meiros dias e o INSS com o restante
O art. 9º, § 2º da Lei Maria da Penha prevê que: Novidade legislativa – Lei 13.871/2019
O juiz assegurará à mulher em situação de violência domés- AUTOR DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DEVE RESSARCIR os gas-
tica e familiar, para preservar sua integridade física e psico- tos do poder público com a assistência à saúde da vítima e
lógica, manutenção do vínculo trabalhista, quando necessá- com os dispositivos de segurança utilizados para evitar
rio o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. nova agressão
A competência para determinar essa medida é do Juiz da ➔ Comentários sobre a Lei 13.871/2019 (DOD):
Vara de Violência Doméstica ou do Juiz do Trabalho? https://bit.ly/3JS82qo.
Juiz da Vara de Violência Doméstica. O juiz da vara especiali-
zada em Violência Doméstica (ou, caso não haja na locali- § 7º A mulher em situação de violência doméstica e
dade, o juízo criminal) tem competência para apreciar pe- familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em
dido de imposição de medida protetiva de manutenção de instituição de educação básica mais próxima de seu
vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de afasta- domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a
mento do trabalho de ofendida decorrente de violência do- apresentação dos documentos comprobatórios do registro
méstica e familiar. Isso porque o motivo do afastamento não da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica
advém da relação de trabalho, mas sim da situação emer- e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
gencial que visa garantir a integridade física, psicológica e pa- § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus
trimonial da mulher. dependentes matriculados ou transferidos conforme o
Qual é a natureza jurídica desse afastamento? Sobre quem disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será
recai o ônus do pagamento? reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos
A natureza jurídica do afastamento por até seis meses em competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
razão de violência doméstica e familiar é de interrupção do
contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxílio- Novidade legislativa – Lei 13.882/2019
doença, devendo a empresa se responsabilizar pelo paga- GARANTE A MATRÍCULA DOS DEPENDENTES DA MULHER
mento dos quinze primeiros dias, ficando o restante do perí- vítima de violência doméstica e familiar em instituição de
odo a cargo do INSS. educação básica mais próxima de seu domicílio
STJ. 6ª Turma. REsp 1757775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti ➔ Comentários sobre a Lei 13.882/2019 (DOD):
Cruz, julgado em 20/08/2019 (Info 655). https://bit.ly/3JKMP1q.
§ 3º A assistência à mulher em situação de violência CAPÍTULO III
doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de imediato, as providências legais cabíveis.
violência sexual. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, ao descumprimento de medida protetiva de urgência
violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou deferida.
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos
causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência
de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços doméstica e familiar o atendimento policial e pericial
de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em especializado, ininterrupto e prestado por servidores -
situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os preferencialmente do sexo feminino - previamente
recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
federado responsável pelas unidades de saúde que
prestarem os serviços. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) Novidade legislativa – Lei 13.505/2017
DEPOIMENTO SEM DANO (OU DEPOIMENTO ESPECIAL)
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em
caso de perigo iminente e disponibilizados para o

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➔ Comentários sobre a Lei 13.505/2017 (DOD): delito, além de submeter-se a situações constrange-
https://bit.ly/3AcGtoj. doras, como o reencontro com o delinquente.
 (Notário TJRO 2021 IESES correta) É direito da mulher em situação de vio-  (Delegado PCRN 2021 FGV correta) Após ser agredida por seu
lência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, marido, Ana Cláudia busca auxílio em delegacia policial próxima a
ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino sua residência. Após narrar todo o ocorrido ao servidor responsá-
- previamente capacitados. vel, ele afirmou que não parecia ser nada grave porque ela não

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 (Auxiliar PCRJ 2022 FGV correta) Atendimento policial e pericial especiali- apresentava nenhuma marca de lesão, sugerindo, em tom jocoso,
zado, ininterrupto e prestado por servidores, preferencialmente do sexo fe- que ela deveria voltar logo para casa porque “marido está difícil de
minino, previamente capacitados encontrar”. Diante disso na Cláudia deixa a delegacia de polícia sem
realizar o registro de ocorrência pretendido. Dentro de uma pers-
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência pectiva criminológica, os fatos hipotéticos acima narrados descre-
vem, respectivamente, as noções de: vitimização primária e vitimi-
doméstica e familiar ou de testemunha de violência
zação secundária.
doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher,  (Perito PCSP 2014 Vunesp correta) Causada pelos órgãos for-
obedecerá às seguintes DIRETRIZES (do depoimento sem mais de controle social, ao longo do processo de registro e apura-
dano / depoimento especial): (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) ção do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcio-
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional namento do sistema de persecução criminal.
 (Delegado PCES 2019 Instituto Acesso correta) A dor causada à
da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa vítima, ao ter que reviver a cena do crime, ao ter que declarar ao
em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei juiz o sentimento de humilhação experimentado, quando os advo-
nº 13.505, de 2017) gados do acusado culpam a vítima, argumentando que foi ela pró-
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em pria que, com sua conduta, provocou o delito. Os traumas que po-
dem ser causados pelo exame médico-forense, pelo interrogatório
situação de violência doméstica e familiar, familiares e
policial ou pelo reencontro com o agressor em juízo, e outros, são
testemunhas terão contato direto com investigados ou exemplos da chamada vitimização secundária.
suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505,  (Defensor DPDF 2019 Cespe correta) A criminologia classifica
de 2017) como vitimização secundária a coisificação, pelas esferas de con-
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas trole formal do delito, da pessoa ofendida, ao tratá-la como mero
objeto e com desdém durante a persecução criminal.
inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e
 (Agente Policial PCSP 2018 Vunesp correta) O aumento do nú-
administrativo, bem como questionamentos sobre a vida mero de crimes investigados e processados pode ocasionar uma
privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) maior vitimização secundária.
 Lei Mariana Ferrer (Lei 14.245/2021) é sancionada e proíbe hu-
Salvaguarda da integridade fí- milhação em audiências (https://bit.ly/3AOm4TF).
➔ sica, psíquica e emocional da de- Vitimização terciária
poente
DIRETRIZES A ausência de receptividade social, bem como a omis-
Garantia de que, em nenhuma são estatal no atendimento da vítima, que em diver-
DO DEPOIMENTO
hipótese a mulher, familiares e 3. sos casos se vê compelida a alterar sua rotina, os am-
SEM DANO
➔ testemunhas terão contado di- bientes de convívio e círculos sociais em razão da es-
/ DEPOIMENTO
reto com o investigado, suspeito tigmatização causada pelo delito. Ex: vítima de crime
ESPECIAL
e pessoas a eles relacionadas. sexual.
Não revitimização da depoente, Questões

evitando sucessivas inquirições.
 (Defensor DPEPR 2012 FCC todas corretas):
 (Perito PCRJ 2021 FGV correta) A inquirição de mulher em situação de vio-
lência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando No dia 16 de outubro, após um dia exaustivo de trabalho,
se tratar de crime contra a mulher, deverá observar a: Não revitimização da quando chegava em sua casa, às 23:00 horas, em um
mulher, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos cri- Vitimização bairro afastado da cidade, Maria foi estuprada. Naquela
minal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida pri- primária mesma data, fora acionada a polícia, quando então foi la-
vada. vrado boletim de ocorrência e tomadas as providências
 (Perito PCRJ 2021 FGV incorreta) Garantia de que, apenas em hipóteses médico-legais, que constatou as lesões sofridas.
excepcionais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar terá con-
Em novembro, fora à Delegacia de Polícia prestar infor-
tato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas.
mações, quando relatou o ocorrido, relembrando todo o
 (Perito PCRJ 2021 FGV incorreta) Apenas em hipóteses excepcionais, fami- Vitimização
drama vivido. Em dezembro fora ao fórum da Comarca,
liares e testemunhas da mulher em situação de violência doméstica e familiar secundária
onde mais uma vez, Maria foi questionada sobre os fatos,
terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacio-
revivendo mais uma vez o trauma do ocorrido.
nadas
Após o fato, Maria passou a perceber que seus vizinhos,
 Tema conexo de Criminologia que já sabiam do ocorrido, a olhavam de forma sarcástica,
como se ela tivesse dado causa ao fato e até tomou co-
Vitimização primária Vitimização
nhecimento de comentários maldosos, tais como: “tam-
terciária
1. bém com as roupas que usa (...)”, “também como anda,
É o processo através do qual a vítima sofre direta ou rebolando para cima e para baixo” e etc., o que a deixou
indiretamente as consequências do delito. profundamente magoada, humilhada e indignada.

Vitimização secundária  Material exclusivo de Criminologia: https://bit.ly/3tB6Pgw.

É entendida como o sofrimento suportado pela vítima


2. nas fases do inquérito e do processo, em que muitas § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
vezes deverá reviver o fato criminoso por meio de in- doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata
terrogatórios, declarações e exames de corpo de esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte
PROCEDIMENTO (do depoimento sem dano / depoimento
especial): (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
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I - a inquirição será feita em recinto especialmente III - REMETER, no prazo de 48 horas, expediente apartado
projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
próprios e adequados à idade da mulher em situação de medidas protetivas de urgência;
violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à IV - DETERMINAR que se proceda ao exame de corpo de
gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por necessários;

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profissional especializado em violência doméstica e familiar V - OUVIR o agressor e as testemunhas;
designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela VI - ORDENAR a identificação do agressor e fazer JUNTAR
Lei nº 13.505, de 2017) aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou existência de mandado de prisão ou registro de outras
magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o ocorrências policiais contra ele;
inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) VI-A - VERIFICAR se o agressor possui registro de porte ou
posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, JUNTAR
Recinto especialmente proje-
➔ aos autos essa informação, bem como NOTIFICAR a
tado.
ocorrência à instituição responsável pela concessão do
PROCEDIMENTO
Inquirição intermediada por registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826,
DO DEPOIMENTO
profissional especializado (de- de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
SEM DANO ➔ (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)
signado pela autoridade judiciá-
/ DEPOIMENTO VII - REMETER, no prazo legal, os autos do inquérito
ria ou policial).
ESPECIAL policial ao juiz e ao Ministério Público.
Depoimento registrado a inte-

grar o inquérito policial. ➔ Oitiva da vítima.
 (Perito PCRJ 2021 FGV incorreta) É vedada a intermediação por terceira
➔ Colheita de outras provas.
pessoa, em razão do cenário de violência doméstica e familiar.

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência Remessa do pedido de medidas


doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre ➔ protetivas de urgência formu-
outras providências (rol exemplificativo): lado pela vítima.
I - garantir proteção policial, quando necessário, Determinação de realização de
comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder exame de corpo de delito da
Judiciário; ➔
ofendida e outros exames perici-
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde ATENDIMENTO ais necessários.
e ao Instituto Médico Legal; PELA
III - fornecer transporte para a ofendida e seus AUTORIDADE Oitiva do agressor e das teste-

dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver POLICIAL munhas.
risco de vida; Identificação do indiciado e jun-
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar ➔ tada da folha de antecedentes
a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do criminais.
domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Verificação de eventual registro
Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência ➔ de porte ou posse de arma de
judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo fogo por parte do agressor.
competente da ação de separação judicial, de divórcio, de Remessa dos autos ao juiz e ao
anulação de casamento ou de dissolução de união estável. ➔
Ministério Público.
(Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
 (Orientador Social Prefeitura de Cananéia/SP 2020 Vunesp correta) A au- § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela
toridade policial deverá, entre outras providências, garantir proteção policial, autoridade policial e deverá conter:
quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Po- I - qualificação da ofendida e do agressor;
der Judiciário.
 (Guarda Municipal Prefeitura de Cascavel/PR 2021 Objetiva correta) En-
II - nome e idade dos dependentes;
caminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Le- III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas
gal. solicitadas pela ofendida.
 (Guarda Municipal Prefeitura de Cascavel/PR 2021 Objetiva correta) For- IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa
necer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local se-
guro, quando houver risco de vida.
com deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência
ou agravamento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e 13.836, de 2019)
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá § 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento
a autoridade POLICIAL adotar, de imediato, os seguintes referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os
PROCEDIMENTOS, sem prejuízo daqueles previstos no Código documentos disponíveis em posse da ofendida.
de Processo Penal: § 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou
I - OUVIR a ofendida, LAVRAR o boletim de ocorrência e prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de
TOMAR a representação a termo, se apresentada; saúde (segundo Leonardo Barreto Moreira Alves: trata-se de
II - COLHER todas as provas que servirem para o uma exceção à exigência do exame de corpo de delito).
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;

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 (Escrivão PCMG 2021 Fumarc incorreta) Os laudos ou prontuários médicos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo
fornecidos por hospitais e postos de saúde não serão admitidos como meios de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação
de prova, daí a necessidade de a vítima ser encaminhada, o mais breve possí- da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público
vel, ao IML para exame de corpo de delito. concomitantemente.] (NÃO TEM JUIZ/DELEGADO ➔ POLICIAL)

 (Procurador Prefeitura de Presidente Prudente/SP 2022 Vunesp correta)


Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação Se o policial verificar a existência de risco atual ou iminente à integridade fí-

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sica ou psicológica de Joana, ele afastará Marcelo imediatamente do lar, se
de suas políticas e planos de atendimento à mulher em
não houver delegado disponível no momento da denúncia.
situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade,
NO ÂMBITO DA POLÍCIA CIVIL, à criação de Delegacias § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo,
Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 horas e
Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação
especializadas para o atendimento e a investigação das da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério
violências graves contra a mulher. Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou
Art. 12-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº
§ 2º (VETADO. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 13.827, de 2019)
§ 3º A autoridade POLICIAL poderá requisitar os serviços  (Agente SEAP/PR 2021 IBFC correta) Nos casos de risco à integridade física
públicos necessários à defesa da mulher em situação de da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será con-
cedida liberdade provisória ao preso.
violência doméstica e familiar e de seus dependentes. (Incluído
 (Farmacêutico Prefeitura de Porto Alegre/RS 2021 Fundatec incorreta)
pela Lei nº 13.505, de 2017)
Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus depen-
É possível a autoridade policial dentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de
conceder medidas protetivas de urgência? convivência com a ofendida, exclusivamente, pela autoridade judicial ou pelo
SIM: Lei 13.827/2019. delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca.
SIM: ADI 6138.
Novidade legislativa – Lei 14.188/2021
Lei 13.505/2017 INSERÇÃO DA INTEGRIDADE PSICOLÓGICA NO ART. 12-C
(possibilidade vetada)
Antes da Lei 14.188/2021 Depois da Lei 14.188/2021
1. No ano de 2017, houve uma primeira tentativa de
prever a possibilidade de a autoridade policial conce- Art. 12-C. Verificada a exis- Art. 12-C. Verificada a exis-
der medidas protetivas de urgência. tência de risco atual ou imi- tência de risco atual ou imi-
Contudo, essa primeira tentativa foi vetada. nente à vida ou à integridade nente à vida ou à integridade
física da mulher em situação física ou psicológica da mu-
Lei 13.827/2019 de violência doméstica e fa- lher em situação de violência
(ADI 6138: confirmada a constitucionalidade) miliar, ou de seus dependen- doméstica e familiar, ou de
No ano de 2019, em nova tentativa, a Lei Maria da tes, o agressor será imediata- seus dependentes, o agressor
2. Penha agora passou a prever a possibilidade de a au- mente afastado do lar, domi- será imediatamente afastado
toridade policial conceder medidas protetivas de ur- cílio ou local de convivência do lar, domicílio ou local de
gência, a qual foi questionada pela ADI 6138 e, enfim, com a ofendida: (Incluído convivência com a ofendida:
confirmada a sua constitucionalidade. pela Lei nº 13.827/2019) (...)
 Mais comentários sobre a Lei 14.188/2021 (DOD): https://bit.ly/3bGOvfJ.

Art. 12-C (não viola a cláusula de reserva de jurisdição). Novidade Legislativa – Lei 13.827/2019
Verificada a existência de RISCO ATUAL ou IMINENTE À VIDA QUEM CONCEDE AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
ou à INTEGRIDADE FÍSICA ou PSICOLÓGICA da mulher em DA LEI MARIA DA PENHA?
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus  Regra: só a autoridade judicial pode conceder medidas pro-
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, tetivas de urgência.
domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Redação dada  Exceção: a medida de afastamento do agressor do lar pode
pela Lei nº 14.188, de 2021)
ser determinada pelo Delegado ou policial se o Município
 (Agente SEAP/PR 2021 IBFC correta) Pela nova Lei, o agressor será imedi- não for sede de comarca.
atamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida.
Se houver ... o agressor Esse afastamento será de-
I - pela AUTORIDADE JUDICIAL; (Incluído pela Lei nº 13.827, de risco atual ou deverá ser ime- terminado:
2019) (PRIMEIRO ➔ JUIZ)
iminente à diatamente 1ª opção: pela autoridade
II - pelo DELEGADO de polícia, quando o Município não for vida ou à inte- afastado do lar, judicial.
sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) [§ 1º Nas gridade física domicílio ou lo- 2ª opção: pelo Delegado
hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no
prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou psicológica cal de convivên- de Polícia, se o Município
ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério da mulher ou cia com a ofen- não for sede de comarca.
Público concomitantemente.] (NÃO TEM JUIZ ➔ DELEGADO) de seus de- dida. 3ª opção: pelo policial (civil
III - pelo POLICIAL, quando o Município não for sede de pendentes... ou militar), se o Município
comarca e não houver delegado disponível no momento da não for sede de comarca e
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) [§ 1º Nas hipóteses dos

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não houver Delegado dis- Podemos entender que o dispositivo legal viola: os princípios
ponível no momento. como da proporcionalidade, da individualização da pena, do
devido processo legal, da presunção de inocência, do contra-
Obs1: se a medida for concedida por Delegado ou por poli-
ditório, da ampla defesa, da separação dos poderes e da dig-
cial (situações 2 e 3), o Juiz será comunicado no prazo má-
nidade da pessoa humana.
ximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manu-

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tenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ci-
Somente o juiz do caso concreto é quem poderia deixar de
ência ao Ministério Público concomitantemente.
conceder a liberdade provisória ao agente delitivo. Assim,
Obs2: as demais medidas protetivas deverão ser sempre
apenas se presentes, em concreto, os requisitos da prisão
concedidas pela autoridade judicial (não há exceções).
preventiva (art. 312 do CPP) é que o juiz do caso poderia ne-
Vedação à liberdade provisória gar a concessão da liberdade provisória.
Não será concedida liberdade provisória...
- ao autor de um crime praticado com violência doméstica e familiar Nesse sentido (Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, p.
contra mulher 1154): “À guisa de conclusão, o entendimento atual da juris-
- caso esteja demonstrado que a soltura do agente acarretará prudência é no sentido de que a vedação legal em abstrato
- risco à integridade física da vítima ou à liberdade provisória é inconstitucional, pois apenas a pre-
- risco à efetividade da medida protetiva de urgência.
sença, em concreto, dos requisitos da prisão preventiva (art.
 Mais comentários sobre a Lei 13.827/2019 (DOD): https://bit.ly/3SKCHdk.
312 CPP) é que permite a negativa des- se benefício por parte
do magistrado. Inexiste, portanto, prisão cautelar ex lege
É constitucional o art. 12-C da Lei Maria da Penha que (STJ, HC nº 380.947/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j.
autoriza, em algumas hipóteses, a aplicação, pela 14.02.17). Em suma, não é o legislador, de antemão, quem
autoridade policial, de medida protetiva de urgência em fa- pode negar a liberdade provisória, mas sim o juiz do caso
vor da mulher concreto”.
É válida a atuação supletiva e excepcional de delegados de  Os mesmos fundamentos podem ser utilizados para questionar o § 2º do
polícia e de policiais a fim de afastar o agressor do lar, domi- art. 12-C da Lei Maria da Penha.
cílio ou local de convivência com a ofendida, quando consta-  Acompanhar
tado risco atual ou iminente à vida ou à integridade da mu- TÍTULO IV
lher em situação de violência doméstica e familiar, ou de DOS PROCEDIMENTOS
seus dependentes, conforme o art. 12-C inserido na Lei nº CAPÍTULO I
11.340/2006 (Lei Maria da Penha). DISPOSIÇÕES GERAIS
STF. Plenário. ADI 6138/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 23/3/2022 (Info 1048). Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das
 (Defensor DPEPR 2022 AOCP incorreta) Em razão do princípio da reserva
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência
de jurisdição, somente o Juiz competente poderá deferir medidas protetivas doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas
de urgência que obrigam o agressor nos casos de violência doméstica e fami- dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação
liar contra a mulher. específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que
não conflitarem com o estabelecido nesta Lei (aplicação
Outra previsão de que subsidiária do CPP, CPC, ECA e do Estatuto da Pessoa Idosa).
não será concedida liberdade provisória
(ver: § 2º do art. 310 do CPP) Art. 14. Os JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
CPP, art. 310 (...) FAMILIAR CONTRA A MULHER, órgãos da Justiça Ordinária
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que in- com competência cível e criminal, poderão ser criados pela
tegra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados,
arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade para o processo, o julgamento e a execução das causas
provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
13.964, de 2019) contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se
Segundo Aury Lopes Jr., há flagrante inconstitucionalidade em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
nesse tipo de dispositivo legal: organização judiciária.
Infelizmente na reforma de 2019/2020, foi ressusci-
tada uma medida flagrantemente inconstitucional: Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de
a prisão em flagrante que impede a concessão de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de
liberdade provisória. (...) O STF já afirmou e reafir- Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela
mou que é inconstitucional as regras (como a cons- Lei nº 13.894, de 2019)
tante na lei de drogas, mas também já o fez em re-
 (Defensor DPEPB 2022 FCC correta) De acordo com a Lei Maria da Penha,
lação a lei dos crimes hediondos e outras) que ve- a ação de divórcio ou dissolução de união estável de mulher vítima de violên-
dam a concessão de liberdade provisória, inclusive cia doméstica e familiar poderá ser ajuizada perante o Juizado de Violência
em decisão que teve repercussão geral reconhe- Doméstica e Familiar contra a Mulher, excluindo-se a pretensão relacionada
cida: (...) RE 1.038.925 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, à partilha de bens.
P, j. 18-8-2017, DJE de 19-9-2017,Tema 959. § 1º EXCLUI-se da competência dos Juizados de Violência
 LOPES JR., Aury. Direito processual penal, Saraiva, 2020. Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada
à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)

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 (Defensor DPEPB 2022 FCC incorreta) Poderá ser ajuizada perante o Jui- violência doméstica e familiar contra a mulher só será admitida perante o juiz,
zado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, inclusive em relação em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do ofereci-
à pretensão relacionada à partilha de bens. mento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
 (Técnico Prefeitura de Esteio/RS 2022 Fundatec incorreta) O juizado de
violência doméstica e familiar contra a mulher é também competente para
analisar pretensão relacionada à partilha de bens.
AÇÕES PENAIS PÚBLICAS
CONDICIONADAS À REPRESENTAÇÃO

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§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar
após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de CPP LEI MARIA DA PENHA
união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. Art. 25. A representação será Art. 16. (...) só será admitida
(Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
irretratável, depois de a renúncia à representação
COMPETÊNCIA no OFERECIDA a denúncia. perante o juiz, em audiência
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher especialmente designada
com tal finalidade, antes do
OPÇÃO DA OFENDIDA DE EXCETO RECEBIMENTO da denúncia
PROPOR AÇÃO... PARTILHA DE BENS e ouvido o Ministério Público
✔ ❌
A retratação ocorre até o A retratação ocorre ANTES do
A ofendida tem a opção de EXCLUI-se da competência OFERECIMENTO da denúncia. RECEBIMENTO (= ATÉ o RECE-
propor AÇÃO DE DIVÓRCIO dos Juizados de Violência Do- BIMENTO) da denúncia.
ou de DISSOLUÇÃO DE méstica e Familiar contra a  A retratação só será admitida pe-
rante o juiz, em audiência especial-
UNIÃO ESTÁVEL no Juizado Mulher a pretensão relacio-
mente designada para tal finalidade.
de Violência Doméstica e Fa- nada à PARTILHA DE BENS.
 Doutrina: “Nos crimes praticados mediante violência doméstica e familiar
miliar contra a Mulher. contra a mulher, consoante o art. 16 da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06),
 (Promotor MPECE 2020 Cespe correta) Os juizados de violência doméstica a retratação da representação pode ser feita até o recebimento da denúncia,
e familiar não têm competência para processar pretensão relacionada à par- exigindo-se um formalismo especial para a sua efetivação, isto é, que ela seja
tilha de bens. feita perante o juiz, em audiência especial para esse fim, ouvido o Ministério
 (Investigador PCPA 2021 AOCP incorreta) À ofendida é facultada a opção Público” (ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de processo penal, Jus-
de propor ação de divórcio e de partilha de bens no Juizado de Violência Do- podivm, 2021, p. 423).
méstica e Familiar contra a Mulher.  (Estagiário MPERJ 2020 FGV correta) Poderá se retratar da representação
oferecida, desde que antes do recebimento da denúncia, em audiência espe-
cialmente designada para tal fim, na presença do magistrado, ouvido o Minis-
Art. 15. É COMPETENTE, por opção da ofendida, para os tério Público.
processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência; É possível retratação tácita?
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; SIM, mas de difícil comprovação!
III - do domicílio do agressor.
A retratação da representação, em qualquer caso, na regra
Art. 16. Nas AÇÕES PENAIS PÚBLICAS CONDICIONADAS À geral ou na Lei Maria da Penha, conforme entendimento de
REPRESENTAÇÃO da ofendida de que trata esta Lei, só será parcela da doutrina, pode ser expressa ou tácita. A retração
admitida a RENÚNCIA à representação perante o juiz, em tácita ocorreria, por exemplo, quando o ofendido se recon-
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes cilia com o seu agressor. Mas se trata de hipótese, na prática,
do RECEBIMENTO da denúncia e ouvido o Ministério Público. de difícil comprovação. Daí porque há julgado mais antigo do
STF não admitindo a retratação tácita (STF, HC nº 82.206/SP,
RETRATAÇÃO Rel. Min. Nelson Jobim, j. 08.10.02).
ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de processo penal, Juspodivm,
A realização da audiência prevista no art. 16 da Lei n. 2021, p. 423/424.
11.340/2006 somente se faz necessária se a vítima houver
manifestado, de alguma forma, em momento anterior ao É possível retratação da retratação?
recebimento da denúncia, ânimo de desistir da representa- Doutrina majoritária: SIM!
ção.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.946.824-SP, Rel. Min. Joel Ilan A doutrina majoritária entende que é possível a retratação
Paciornik, julgado em 14/06/2022 (Info 743). da retratação. Ou seja, o ofendido primeiro representa, de-
pois se retrata e, posteriormente, se retrata desta retrata-
Só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, ção, isto é, volta a ter interesse na representação. Para tanto,
em audiência especialmente designada com tal finalidade. exige-se apenas que ela seja feita dentro do prazo decaden-
STJ. 5ª Turma. HC 371.470/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da cial de 6 meses, ou seja, desde que não haja a decadência,
Fonseca, julgado em 17/11/2016. pois, em essência, essa situação envolve uma verdadeira re-
Não atende ao disposto no art. 16 da Lei Maria da Penha, a presentação. É esse também o posicionamento do STJ (HC nº
retratação da suposta ofendida ocorrida em cartório de 59.188/PA, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 29.10.09). Gui-
Vara, sem a designação de audiência específica necessária lherme de Souza Nucci ainda acrescenta que “a retratação
para a confirmação do ato. da retratação pode ser considerada inviável se ficar eviden-
STJ. 5ª Turma. HC 138.143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, jul- ciada a má-fé do ofendido, que vem ameaçando o agente e
gado em 03/09/2019 (Info 656). conseguindo vantagens, graças à possibilidade de ‘ir e vir’ no
 (Defensor DPEPR 2022 AOCP incorreta, porque é “antes do RECEBI- seu desejo de representar”.
MENTO”) A retratação da representação pela ofendida em crimes de

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ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Manual de processo penal, Juspodivm, sic stantibus), se entender necessário à proteção da ofendida,
2021, p. 424.
de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério
Público.
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a instrução criminal, caberá a PRISÃO PREVENTIVA DO

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substituição de pena que implique o pagamento isolado de AGRESSOR, decretada pelo juiz, de ofício (STJ: não se admite
multa. prisão de ofício pelo juiz, ainda que caso de aplicação da Lei
Maria da Penha), a requerimento do Ministério Público ou
APLICAÇÃO DE PENAS DE CESTA BÁSICA mediante representação da autoridade policial.

É VEDADA OU OUTRAS DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva
❌ A SUBSTITUIÇÃO DE PENA QUE IMPLIQUE se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que
➔ subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem
O PAGAMENTO ISOLADO DE MULTA.
razões que a justifiquem.
A suspensão condicional do processo e A determinação do magistrado pela cautelar máxima, em
Súmula a transação penal não se aplicam na hi- sentido diverso do requerido pelo Ministério Público, pela
536-STJ pótese de delitos sujeitos ao rito da Lei autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser conside-
Maria da Penha. rada como atuação ex officio
Caso adaptado: João praticou lesão corporal e proferiu ame-
A prática de crime ou contravenção pe-
aças de morte contra a sua esposa Regina. Ele foi preso em
nal contra a mulher com violência ou
flagrante. No dia seguinte, foi realizada audiência de custó-
Súmula grave ameaça no ambiente doméstico
dia. Na audiência, o Promotor de Justiça pugnou pela homo-
588-STJ impossibilita a substituição da pena logação do auto de prisão em flagrante e pela aplicação de
privativa de liberdade por restritiva de
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP).
direitos.
O juiz decretou a prisão preventiva (cautelar máxima).
Essa situação envolve três interessantes temas:
CAPÍTULO II 1) É possível atualmente que o juiz decrete, de ofício, a pri-
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA são preventiva?
Seção I Não. Após o advento da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anti-
Disposições Gerais crime), não é mais possível a conversão da prisão em fla-
grante em preventiva sem provocação por parte ou da auto-
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, ridade policial, do querelante, do assistente, ou do Ministé-
caberá ao juiz, no prazo de 48 horas: rio Público.
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as 2) É possível que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva
medidas protetivas de urgência; do indivíduo nos casos de violência doméstica com base art.
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão 20 da Lei Maria da Penha?
de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o Não. O art. 20 da Lei Maria da Penha não é uma exceção à
ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de regra acima exposta. A proibição de decretação da prisão
anulação de casamento ou de dissolução de união estável preventiva de ofício também se estende para o art. 20 da Lei
perante o juízo competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019) Maria da Penha. Se você reparar o art. 20 da Lei nº
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as 11.340/2006 ele continua dizendo, textualmente, que o juiz
providências cabíveis. pode decretar a prisão preventiva de ofício nos casos envol-
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob vendo violência doméstica. Ocorre que esse art. 20 da Lei nº
a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) destoa do atual regime ju-
rídico. A atuação do juiz de ofício é vedada independente-
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser mente do delito praticado ou de sua gravidade, ainda que
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou seja de natureza hedionda, e deve repercutir no âmbito da
a pedido da ofendida. violência doméstica e familiar.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser 3) Se o MP pediu a aplicação de medida cautelar diversa da
concedidas de imediato (contraditório diferido), prisão, o juiz está autorizado a decretar a prisão?
independentemente de audiência das partes e de Sim. A decisão que decreta a prisão preventiva, desde que
manifestação do Ministério Público, devendo este ser precedida da necessária e prévia provocação do Ministério
prontamente comunicado. Público, formalmente dirigida ao Poder Judiciário, mesmo
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas que o magistrado decida pela cautelar pessoal máxima, por
ISOLADA ou CUMULATIVAMENTE, e poderão ser substituídas entender que apenas medidas alternativas seriam insuficien-
a qualquer tempo por outras de maior eficácia (cláusula tes para garantia da ordem pública, não deve ser conside-
rebus sic stantibus), sempre que os direitos reconhecidos rada como de ofício. Isso porque uma vez provocado pelo
nesta Lei forem ameaçados ou violados. órgão ministerial a determinar uma medida que restrinja a
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público liberdade do acusado em alguma medida, deve o juiz poder
ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas agir de acordo com o seu convencimento motivado e
de urgência ou rever aquelas já concedidas (cláusula rebus

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analisar qual medida cautelar pessoal melhor se adequa ao
caso. Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de É possível a prisão preventiva
prévia e indispensável provocação. Entretanto, a escolha de se descumpridas as medidas protetivas de urgência?
qual delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita STJ: SIM (art. 313, III, CPP)!
pelo juiz da causa. Entender de forma diversa seria vincular PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS COR-

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a decisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Mi- PUS. LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DA VIOLÊNCIA DOMÉS-
nistério Público, de modo a transformar o julgador em mero TICA, AMEAÇA E DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA
chancelador de suas manifestações, ou de lhe transferir a es- DE URGÊNCIA. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚ-
colha do teor de uma decisão judicial. BLICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO.
STJ. 6ª Turma. RHC 145225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
Cruz, julgado em 15/02/2022 (Info 725). 1. A prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de
Processo Penal, poderá ser decretada para garantia da or-
Em sentido semelhante: dem pública, da ordem econômica, por conveniência da ins-
A escolha pelo Magistrado de medidas cautelares pessoais, trução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
em sentido diverso das requeridas pelo Ministério Público, desde que presentes prova da existência do crime e indícios
pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser con- suficientes de autoria e de perigo gerado pelo estado de li-
siderada como atuação ex officio berdade do imputado.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 626.529-MS, Rel. Min. Rogerio 2. Consoante disposto no art. 20 da Lei n. 11.340/2006 (a Lei
Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022 (Info 735). Maria da Penha), "em qualquer fase do inquérito policial ou
da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agres-
Não se pode decretar a preventiva do autor de contraven- sor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Minis-
ção penal, mesmo que ele tenha praticado o fato no âmbito tério Público ou mediante representação da autoridade po-
de violência doméstica e mesmo que tenha descumprido licial".
medida protetiva a ele imposta 3. Conforme o art. 313, III, do CPP, se o crime envolver vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adoles-
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência do-
cente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, será admi-
méstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão preven-
tida a decretação da prisão preventiva "para garantir a exe-
tiva do réu.
cução das medidas protetivas de urgência".
O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a de-
4. In casu, a custódia cautelar está suficientemente funda-
cretação da prisão preventiva “se o CRIME envolver violência
mentada na necessidade de garantia da ordem pública, ante
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
o evidente risco à integridade física da vítima, uma vez que,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
o agravante teria descumprido, reiteradamente, a medida
execução das medidas protetivas de urgência”.
protetiva de urgência anteriormente imposta a ele consis-
Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em
tente em proibição de aproximação da ofendida, vindo a
CRIME (não abarcando contravenção penal). Logo, não há
agredi-la fisicamente, além de a ameaçar.
previsão legal que autorize a prisão preventiva contra o au-
Ademais, a vítima teria relatado que ele, reiteradamente, a
tor de uma contravenção penal. Decretar a prisão preventiva
perseguia, inclusive na casa da sua genitora.
nesta hipótese representa ofensa ao princípio da legalidade
5. Não há falar em ausência de contemporaneidade dos fa-
estrita.
tos que justificaram a imposição da prisão preventiva, visto
STJ. 6ª Turma. HC 437535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de As-
que, entre a data em que o agravante foi posto em liberdade
sis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
e a data em que o Tribunal de origem, ao julgar o recurso em
26/06/2018 (Info 632).
sentido estrito, decretou a segregação cautelar, transcorre-
 (Promotor MPEAC 2022 Cespe incorreta) Admite-se a prisão preventiva do
ram seis meses e meio, prazo insuficiente para afastar o ar-
autor de contravenção penal caso o ato seja praticado no âmbito de violência
doméstica. gumento relativo à atualidade do periculum libertatis.
6. Agravo regimental não provido.
É possível a prisão preventiva (AgRg no HC n. 681.443/GO, relator Ministro Ribeiro Dantas,
se a soma da pena máxima for inferior a 4 anos? Quinta Turma, julgado em 14/6/2022, DJe de 20/6/2022.)
STJ: SIM (art. 313, III, CPP)!
"Embora a soma da pena máxima cominada aos crimes de Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos
ameaça e lesão corporal seja inferior a 4 anos, o art. 313, in- processuais relativos ao agressor, especialmente dos
ciso III, do Código de Processo Penal, é expresso ao dispor pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da
que será admitida a prisão preventiva se o crime envolver intimação do advogado constituído ou do defensor público.
violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, ado- Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar
lescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para ga- intimação ou notificação ao agressor.
rantir a execução das medidas protetivas de urgência" (AgRg
no HC n. 575.873/SP, relator Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/5/2020, DJe
27/5/2020).
STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC n. 163.925/MA, Rel. Min. Anto-
nio Saldanha Palheiro, julgado em 14/6/2022.

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II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
Seção II com a ofendida;
Das Medidas Protetivas de Urgência III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
que Obrigam o Agressor a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
Medidas protetivas de urgência estes e o agressor;

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(noções gerais) b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas
➔ Natureza jurídica: são medidas cautelares. por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de
Necessárias para instrumentalizar a eficácia do pro- preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

cesso. IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
Poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar
➔ ou serviço similar;
MP ou a pedido da ofendida (caput do art. 19).
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Pressupostos: presença do fumus comissi delicti (=
 (Procurador Prefeitura de Varginha/MG 2022 Objetiva correta) Consta-
prova da materialidade e de indícios de autoridade do tada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, o juiz poderá
➔ delito) e do periculum libertatis (art. 312 do CPP). aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, a medida
 Material exclusivo (medidas cautelares pessoais): protetiva de urgência de prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
https://bit.ly/3mX0Crg.
VI – comparecimento do agressor a programas de
A Lei Maria da Penha algumas medidas protetivas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
urgência ao agressor e à ofendida, mas sem exaurir, ou VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio
seja, é de rol exemplificativo (numerus apertus). de atendimento individual e/ou em grupo de apoio. (Incluído
➔  (Defensor DPEAM 2021 FCC incorreta) As medidas protetivas de
pela Lei nº 13.984, de 2020)
urgência, diante da natureza cautelar restritiva de liberdade, estão
dispostas em rol taxativo e devem respeitar o contraditório prévio à
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a
decretação. aplicação de outras previstas na legislação em vigor
(ROL EXEMPLIFICATIVO), sempre que a segurança da
Não é possível medidas protetivas de urgência de ofício ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a

pelo juiz (caput do art. 19). providência ser comunicada ao Ministério Público.
Não é possível prisão preventiva de ofício pelo juiz (art. § 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se
➔ o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do
20 e entendimento do STJ).
art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz
Cláusula rebus sic stantibus: as medidas protetivas de comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as
➔ urgência poderão ser substituídas a qualquer tempo medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a
(§§ 2º e 3º do art. 19). restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do
As medidas protetivas de urgência podem ser aplicadas agressor responsável pelo cumprimento da determinação
de maneira isolada ou cumulativamente (§ 2º do art. judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou
➔ de desobediência, conforme o caso.
19 da Lei Maria da Penha), em conjunto ou separada-
mente (caput do art. 22). § 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de
urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento,
As medidas protetivas de urgência podem ser concedi- auxílio da força policial.
das de imediato (contraditório diferido), independen- § 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
➔ temente de audiência das partes e de manifestação do couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei
MP, devendo este ser prontamente comunicado (§ 1º no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil)
do art. 19). (tutela específica – art. 536, caput, e § 1º, bem como art. 537,
O descumprimento de medidas protetivas de urgência § 1º, I, todos do CPC/2015).

importa em crime, tipificado no art. 24-A desta lei.
Medidas protetivas de urgência
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e (que obrigam o agressor)
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá 1. Suspensão da posse ou restrição do porte de armas.
aplicar, de imediato (contraditório diferido), ao agressor, em
conjunto ou separadamente, as seguintes MEDIDAS Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
2.
PROTETIVAS DE URGÊNCIA, entre outras (rol exemplificativo): com a vítima.
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, Proibição de aproximação da ofendida, de seus familia-
com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 3. res e das testemunhas, fixando limite mínimo de dis-
10.826, de 22 de dezembro de 2003; [§ 2º Na hipótese de aplicação tância.
do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput
e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz Proibição de contato coma ofendida, seus familiares e
comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas 4.
protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
testemunhas.
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
5. Proibição de frequentar determinados lugares.
cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de
prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.] Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes me-
6.
nores.

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7. Prestação de alimentos provisionais ou provisórios. Matrícula dos dependentes da ofendida em instituição
de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou
Comparecimento do agressor a programas de recupe- 5.
8. a transferência para essa instituição, independente-
ração e reeducação.
mente da existência de vaga.
9. Acompanhamento psicossocial do agressor.
6. Restituição de bens.

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10. Tutela específica.
Proibição temporária para compra, venda e locação de
 (Promotor MPEMG 2021 Fundep incorreta) A restrição ao porte de armas, 7.
propriedade em comum.
previsto no art. 22, I, da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), não pode incidir
nos casos de porte funcional. Suspensão das procurações conferidas pela ofendida
8.
Seção III ao agressor.
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida 9. Caução provisória mediante depósito judicial.
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de
outras medidas (rol exemplificativo): Informativos 2022 - STJ
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa
oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; É indevida a manutenção de medidas protetivas na hipó-
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus tese de conclusão do inquérito policial sem indiciamento do
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do acusado.
agressor; STJ. 6ª Turma. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. An-
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem tonio Saldanha Palheiro, julgado em 20/09/2022 (Info 750).
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
alimentos; Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da copro-
IV - determinar a separação de corpos. prietária vítima de violência doméstica, que, em razão de
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida medida protetiva de urgência decretada judicialmente, de-
em instituição de educação básica mais próxima do seu tém o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do
domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, agressor
independentemente da existência de vaga. (Incluído pela Lei nº
13.882, de 2019) Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa
com exclusividade por um dos coproprietários, impedindo o
 (Notário TJRO 2021 IESES correta) Poderá o juiz, quando necessário, sem
prejuízo de outras medidas, encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro-
exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos
grama oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento. demais consortes, enseja o pagamento de indenização àque-
les que foram privados do regular domínio sobre o bem, tal
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade como o percebimento de aluguéis. É o que prevê o art. 1.319
conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o do Código Civil.
juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, Contudo, impor à vítima de violência doméstica e familiar
entre outras (rol exemplificativo): obrigação pecuniária consistente em locativo pelo uso exclu-
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo sivo e integral do bem comum constituiria proteção insufici-
agressor à ofendida; ente aos direitos constitucionais da dignidade humana e da
II - proibição temporária para a celebração de atos e igualdade, além de ir contra um dos objetivos fundamentais
contratos de compra, venda e locação de propriedade em do Estado brasileiro de promoção do bem de todos sem pre-
comum, salvo expressa autorização judicial; conceito de sexo, sobretudo porque serviria de desestímulo
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida a que a mulher buscasse o amparo do Estado para rechaçar
ao agressor; a violência contra ela praticada, como assegura a Constitui-
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito ção Federal em seu art. 226, § 8º, a revelar a desproporcio-
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática nalidade da pretensão indenizatória em tais casos.
de violência doméstica e familiar contra a ofendida. A imposição judicial de uma medida protetiva de urgência -
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório que procure cessar a prática de violência doméstica e fami-
competente para os fins previstos nos incisos II e III deste liar contra a mulher e implique o afastamento do agressor
artigo. do seu lar - constitui motivo legítimo a que se limite o domí-
Medidas protetivas de urgência nio deste sobre o imóvel utilizado como moradia conjunta-
(à ofendida) mente com a vítima, não se evidenciando, assim, eventual
enriquecimento sem causa, que legitime o arbitramento de
Encaminhamento da vítima e seus dependentes a pro- aluguel como forma de indenização pela privação do direito
1. grama oficial ou comunitário de proteção ou atendi- de propriedade do agressor.
mento. STJ. 3ª Turma. REsp 1966556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bel-
Recondução da ofendida ao respectivo domicílio após lizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).
2.
o afastamento do agressor. Seção IV
3. Afastamento da ofendida do lar. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de
4. Separação de corpos. Urgência
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência

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Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas afasta a fixação de outras sanções estabelecidas em lei, a exemplo da requi-
sição de força policial, imposição de multas etc., nem mesmo o cabimento
protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº
da própria prisão preventiva em análise, com fincas no art. 313, III, do CPP
13.641, de 2018)
ora destacado. Esclareça-se, porém, que restará caracterizado o crime do art.
Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos. (Incluído pela Lei nº 24-A da Lei Maria da Penha apenas se houver o descumprimento de medida
13.641, de 2018) protetiva de urgência. Em outros termos, não incidirá este delito se ocorrer o
§ 1º A configuração do crime independe da competência descumprimento de simples medida cautelar prevista no art. 319 do CPP, sob

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civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Incluído pela Lei pena de analogia in malam partem. Em acréscimo, pondere-se que se incidir
nº 13.641, de 2018) a causa de aumento de pena do crime de feminicídio prevista no inciso IV, do
§ 7º, do art. 121 do Código Penal, consistente no descumprimento das medi-
 (Promotor MPERJ 2022 correta) No que concerne ao crime de descumpri- das protetivas de urgência previstas nos incisos I a III do caput do art. 22 da
mento das medidas protetivas do art. 24-A da Lei Maria da Penha, é correto Lei nº 11.340/06, o crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha restará absorvido
afirmar que a configuração do crime independe da competência civil ou cri- pelo feminicídio, que envolve conduta mais grave” (ALVES, Leonardo Barreto
minal do juiz que deferiu as medidas. Moreira. Manual de processo penal, Juspodivm, 2021, p. 1082).

§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a  (Defensor DPEAM 2021 FCC correta) Na hipótese de prisão em flagrante
autoridade JUDICIAL poderá conceder FIANÇA. (Incluído pela Lei por descumprimento de decisão judicial que defere medidas protetivas de ur-
nº 13.641, de 2018) gência, somente a autoridade judicial poderá arbitrar fiança, sendo defeso ao
Delegado fazê-lo.
 (Defensor DPEPR 2022 AOCP correta) Em caso de prisão em flagrante por  (Procurador Prefeitura de Petrolina/PE 2021 Facape correta) Havendo
descumprimento de medida protetiva de urgência, crime com pena cominada descumprimento de ordem judicial que defere medidas protetivas de urgên-
de 3 meses a 2 anos de detenção, somente o Juiz poderá conceder fiança ao cia, o autor responderá por crime com pena de detenção máxima de 02 anos.
autuado.
 (Procurador Prefeitura de Esteio/RS 2022 Fundatec correta) Nos termos
 (Promotor MPEAC 2022 Cespe correta) W., enquadrado na lei de violência da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), o agressor que descumpre deci-
doméstica contra sua ex-companheira, descumpriu as medidas protetivas de são judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei in-
urgências deferidas judicialmente em seu desfavor. Nessa situação hipotética, corre no cometimento de: Crime.
caso ocorra a prisão em flagrante de W., apenas a autoridade judicial poderá  (Assistente social IAPEN/AC 2021 IBADE correta) Em caso de descumpri-
arbitrar a fiança. mento de decisão judicial de medidas protetivas de urgência será: aplicada a
 (Promotor MPERJ 2022 incorreta) Na hipótese de prisão em flagrante, pena de 3 (três) meses a 2 (anos) de detenção.
tanto a autoridade judicial como a policial poderão conceder fiança.  (Perito PCMS 2021 Fapec correta) Segundo o art. 24-A da Lei 11.340/06, é
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de crime a conduta de descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas
de urgência previstas na Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).v
outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)

É crime descumprir decisão judicial que Exemplo prático de absolvição


➔ (art. 24-A)
defere medidas protetivas de urgência.
➔ DETENÇÃO: 3 meses a 2 anos. HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. DESCUMPRIMENTO
DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA (ART. 24-A DA LEI
➔ Somente é punido a título de DOLO. N. 11.340/06). ABSOLVIÇÃO. APROXIMAÇÃO DO RÉU DA
➔ Somente o JUIZ pode conceder fiança. VÍTIMA. CONSENTIMENTO DA OFENDIDA. AMEAÇA OU VI-
OLAÇÃO DE BEM JURÍDICO TUTELADO. AUSENTE. MATÉRIA
O art. 24-A foi incluído só em 03/04/2018 FÁTICA INCONTROVERSA. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCE-
(antes disso o fato é atípico). DIDA. 1. A intervenção do direito penal exige observância
 Antes da previsão do art. 24-A (crime), cabia so-
aos critérios da fragmentariedade e subsidiariedade. 2.
mente ao juiz substituir por medida mais gravosa,
executar multa eventualmente imposta e, no má- Ainda que efetivamente tenha o acusado violado cautelar de
ximo, decretar a prisão preventiva (art. 313, III, não aproximação da vítima, isto se deu com a autorização
CPP). O STJ entendia que não cabia aplicação do art. dela, de modo que não se verifica efetiva lesão e falta inclu-
330 do CP (crime de desobediência). Esse cenário
sive ao fato dolo de desobediência. 3. A autorização dada
➔ mudou com a criação do art. 24-A na Lei Maria da
Penha. pela ofendida para a aproximação do paciente é matéria in-
ART. 24-A  “Em se tratando de novatio legis in pejus, cuja controversa, não cabendo daí a restrição de revaloração pro-
(CRIME) irretroatividade se impõe, conforme os arts. 5º, XL, batória. 4. Ordem concedida para restabelecer a sentença
da CF e 1º do CP, não incide o art. 24-A da Lei Maria
absolutória.
da Penha aos fatos anteriores à publicação da Lei
13.641/18, que criou tipo penal específico para a STJ. 6ª Turma. HC n. 521.622/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, jul-
conduta de desobedecer decisões judiciais que im- gado em 12/11/2019.
põem medidas protetivas” (STJ-6T, AgRg no AREsp
1216126, j. 21-8-2018). CAPÍTULO III
Está previsto a título de causa de au- DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
mento de pena (1/3 até a metade) no Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for
crime de feminicídio: parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
CP, art. 121. (...)
doméstica e familiar contra a mulher.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada
➔ de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado: Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
IV - em descumprimento das medidas outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar
protetivas de urgência previstas nos inci-
contra a mulher, quando necessário:
sos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº
11.340, de 7 de agosto de 2006. I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de
 Doutrina: “O disposto no art. 24-A da Lei Maria da Penha não exclui a
educação, de assistência social e de segurança, entre outros
aplicação de outras sanções cabíveis, consoante estipulado pelo parágrafo (rol exemplificativo);
3º deste dispositivo legal. Em outros termos, a configuração do delito não

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II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares TÍTULO VII
de atendimento à mulher em situação de violência doméstica DISPOSIÇÕES FINAIS
e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica
ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades
e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela
constatadas;
implantação das curadorias necessárias e do serviço de
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar

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assistência judiciária.
contra a mulher.
CAPÍTULO IV Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Municípios poderão criar e promover, no limite das
respectivas competências: (Vide Lei nº 14.316, de 2022)
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para
mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá
mulheres e respectivos dependentes em situação de violência
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no
doméstica e familiar;
art. 19 desta Lei (medidas protetivas de urgência).
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
dependentes menores em situação de violência doméstica e
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência
familiar;
doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria
Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da  (Procurador Prefeitura de Santos/SP 2021 Vunesp correta) A partir dos
ditames da chamada “Lei Maria da Penha”, os Municípios poderão criar e pro-
lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento
mover, no limite das respectivas competências: casas-abrigos para mulheres
específico e humanizado. e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e fa-
miliar.
TÍTULO V
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de
saúde e centros de perícia médico-legal especializados no
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e
contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com
familiar;
uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica
violência doméstica e familiar;
e de saúde.
V - centros de educação e de reabilitação para os
agressores.
Art. 30. Compete à equipe de atendimento
multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus
ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante
programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver
trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais
outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os
previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente,
familiares, com especial atenção às crianças e aos
pelo Ministério Público e por associação de atuação na área,
adolescentes.
regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos
da legislação civil (MICROSSISTEMA PROCESSUAL COLETIVO).
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição (um ano)
mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação
poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há
de profissional especializado, mediante a indicação da equipe
outra entidade com representatividade adequada para o
de atendimento multidisciplinar.
ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e
orçamentária, poderá prever recursos para a criação e
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados
manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos
dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de
termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo
TÍTULO VI às mulheres.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
informações criminais para a base de dados do Ministério da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas
Justiça.
criminais acumularão as competências cível e criminal para
conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da
doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões
medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão,
pertinente.
após sua concessão, imediatamente registradas em banco de
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência,
dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de
nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas
Justiça, garantido o acesso instantâneo do Ministério Público,
referidas no caput.
da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de

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assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das “Art. 152. ...................................................
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz
medidas protetivas. (Redação dada Lei nº 14.310, de 2022)
poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas
de recuperação e reeducação.” (NR)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos termos das Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 dias após sua publicação.
respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão

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estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada
exercício financeiro, para a implementação das medidas
estabelecidas nesta Lei.

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem


outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e


familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995.

A suspensão condicional do processo e


Súmula a transação penal não se aplicam na hi-
536-STJ pótese de delitos sujeitos ao rito da Lei
Maria da Penha.
 (Defensor DPEPR 2022 AOCP incorreta) A suspensão condicional do pro-
cesso e a transação penal não se aplicam na hipótese de crimes sujeitos ao
rito da Lei Maria da Penha, mas são cabíveis quando se tratar de contravenção
penal.
 (Promotor MPERS 2021 correta) Conforme o entendimento sumulado no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça, a prática de qualquer infração penal
com violência ou grave ameaça contra a mulher no ambiente doméstico, in-
clusive contravenção penal, impossibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por penas restritivas de direitos.

Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro


de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido
do seguinte inciso IV:
“Art. 313. .................................................
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.” (NR)

Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei nº


2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a
vigorar com a seguinte redação:
“Art. 61. ..................................................
.................................................................
II - ............................................................
.................................................................
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma
da lei específica;
........................................................... ” (NR)

Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as
seguintes alterações:
“Art. 129. ..................................................
..................................................................
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,
ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
..................................................................
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um
terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.” (NR)
Art. 45. O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução
Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:

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o vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade,
Súmulas sobre Lei Maria da Penha
além da convivência, com ou sem coabitação.
• Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência
doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº 4) A violência doméstica abrange qualquer relação íntima
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a co- de afeto, dispensada a coabitação.

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abitação entre autor e vítima. Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica
• Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insigni- e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Ma-
ficância nos crimes ou contravenções penais pratica- ria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
dos contra a mulher no âmbito das relações domés-
ticas. 5) Para a aplicação da Lei n. 11.340/2006, há necessidade
• Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção de demonstração da situação de vulnerabilidade ou hipos-
penal contra a mulher com violência ou grave ame- suficiência da mulher, numa perspectiva de gênero.
aça no ambiente doméstico impossibilita a substitui-
ção da pena privativa de liberdade por restritiva de 6) A vulnerabilidade, hipossuficiência ou fragilidade da mu-
direitos. lher têm-se como presumidas nas circunstâncias descritas
• Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de na Lei n. 11.340/2006.
lesão corporal resultante de violência doméstica
contra a mulher é pública incondicionada. 7) A agressão do namorado contra a namorada, mesmo ces-
• Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do pro- sado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência
cesso e a transação penal não se aplicam na hipótese dele, está inserida na hipótese do art. 5º, III, da Lei n.
de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 11.340/06, caracterizando a violência doméstica.

8) Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a


Jurisprudência em Teses (STJ) Mulher têm competência cumulativa para o julgamento e a
EDIÇÃO N. 41: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA execução das causas decorrentes da prática de violência
E FAMILIAR CONTRA MULHER doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 14
da Lei n. 11.340/2006.
1) A Lei n. 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha,
objetiva proteger a mulher da violência doméstica e fami- 9) O descumprimento de medida protetiva de urgência não
liar que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou configura o crime de desobediência, em face da existência
psicológico, e dano moral ou patrimonial, desde que o de outras sanções previstas no ordenamento jurídico para
crime seja cometido no âmbito da unidade doméstica, da a hipótese.
família ou em qualquer relação íntima de afeto. Superada.
Estão no âmbito de abrangência do delito de violência do- A Lei nº 13.641/2018 incluiu na Lei Maria da Penha (Lei nº
méstica e podem integrar o polo passivo da ação delituosa 11.340/2006) um tipo penal específico para essa conduta:
as esposas, as companheiras ou amantes, bem como a mãe, Art. 24-A Descumprir decisão judicial que defere medidas
as filhas, as netas do agressor e também a sogra, a avó ou protetivas de urgência previstas nesta Lei:
qualquer outra parente que mantém vínculo familiar ou afe- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
tivo com ele (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1626825/GO,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 05/05/2020). 10) Não é possível a aplicação dos princípios da insignificân-
A Lei nº 11.340/2006 não abrange toda e qualquer violência cia e da bagatela imprópria nos delitos praticados com vio-
doméstica ou familiar contra a mulher, mas apenas aquela lência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas
baseada na relação de gênero, isto é, atos de agressão moti- e familiares.
vados não apenas por questões pessoais, mas refletindo a
posição cultural da subordinação da mulher ao homem ou 11) O crime de lesão corporal, ainda que leve ou culposo,
pretendida sobreposição do homem sobre a mulher. Não praticado contra a mulher no âmbito das relações domésti-
basta que o crime seja praticado contra mulher no âmbito cas e familiares, deve ser processado mediante ação penal
doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do acu- pública incondicionada.
sado seja de gênero, ou que a vulnerabilidade da ofendida
seja decorrente da sua condição de mulher (STJ. 5ª Turma. 12) É cabível a decretação de prisão preventiva para garan-
AgRg no REsp 1858694/GO, Rel. Min. Reynaldo Soares da tir a execução de medidas de urgência nas hipóteses em
Fonseca, julgado em 28/04/2020). que o delito envolver violência doméstica.

2) A Lei Maria da Penha atribuiu às uniões homoafetivas o 13) Nos crimes praticados no âmbito doméstico e familiar,
caráter de entidade familiar, ao prever, no seu artigo 5º, a palavra da vítima tem especial relevância para fundamen-
parágrafo único, que as relações pessoais mencionadas na- tar o recebimento da denúncia ou a condenação, pois nor-
quele dispositivo independem de orientação sexual. malmente são cometidos sem testemunhas.

3) O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei 14) A suspensão condicional do processo e a transação pe-
Maria da Penha é a mulher, já o sujeito ativo pode ser tanto nal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da
o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado Lei Maria da Penha. (Súmula n. 536/STJ)

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constatado risco atual ou iminente à vida ou à integridade da
15) É inviável a substituição da pena privativa de liberdade mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de
por restritiva de direitos nos casos de violência doméstica, seus dependentes, conforme o art. 12-C inserido na Lei nº
uma vez que não preenchidos os requisitos do art. 44 do CP. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
STF. Plenário. ADI 6138/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,

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16) O habeas corpus não constitui meio idôneo para se plei- julgado em 23/3/2022 (Info 1048).
tear a revogação de medidas protetivas previstas no art. 22
A determinação do magistrado pela cautelar máxima, em
da Lei n. 11.340/2006 que não implicam constrangimento
sentido diverso do requerido pelo Ministério Público, pela
ao direito de ir e vir do paciente.
autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser conside-
rada como atuação ex officio
17) A audiência de retratação prevista no art. 16 da Lei n.
Caso adaptado: João praticou lesão corporal e proferiu ame-
11.340/06 apenas será designada no caso de manifestação
aças de morte contra a sua esposa Regina. Ele foi preso em
expressa ou tácita da vítima e desde que ocorrida antes do
flagrante. No dia seguinte, foi realizada audiência de custó-
recebimento da denúncia.
dia. Na audiência, o Promotor de Justiça pugnou pela homo-
A audiência do art. 16 deve ser realizada nos casos em que
logação do auto de prisão em flagrante e pela aplicação de
houve manifestação da vítima em desistir da persecução pe-
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP).
nal. Isso não quer dizer, porém, que eventual não compare-
O juiz decretou a prisão preventiva (cautelar máxima).
cimento da ofendida à audiência do art. 16 ou a qualquer ato
Essa situação envolve três interessantes temas:
do processo seja considerada como 'retratação tácita'. Pelo
1) É possível atualmente que o juiz decrete, de ofício, a pri-
contrário: se a ofendida já ofereceu a representação no
são preventiva?
prazo de 06 (seis) meses, na forma do art. 38 do CPP, nada
Não. Após o advento da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anti-
resta a ela a fazer a não ser aguardar pelo impulso oficial da
crime), não é mais possível a conversão da prisão em fla-
persecutio criminis (STJ. 6ª Turma. EDcl no REsp 1822250/SP,
grante em preventiva sem provocação por parte ou da auto-
Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
ridade policial, do querelante, do assistente, ou do Ministé-
05/11/2019).
rio Público.
2) É possível que o juiz decrete, de ofício, a prisão preventiva
Informativos do indivíduo nos casos de violência doméstica com base art.
Informativos 2022 20 da Lei Maria da Penha?
Não. O art. 20 da Lei Maria da Penha não é uma exceção à
É indevida a manutenção de medidas protetivas na hipó- regra acima exposta. A proibição de decretação da prisão
tese de conclusão do inquérito policial sem indiciamento do preventiva de ofício também se estende para o art. 20 da Lei
acusado. Maria da Penha. Se você reparar o art. 20 da Lei nº
STJ. 6ª Turma. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. An- 11.340/2006 ele continua dizendo, textualmente, que o juiz
tonio Saldanha Palheiro, julgado em 20/09/2022 (Info 750). pode decretar a prisão preventiva de ofício nos casos envol-
A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) é aplicável às mu- vendo violência doméstica. Ocorre que esse art. 20 da Lei nº
lheres trans em situação de violência doméstica 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) destoa do atual regime ju-
Uma mulher trans é uma pessoa que nasceu com o sexo fí- rídico. A atuação do juiz de ofício é vedada independente-
sico masculino, mas que se identifica como uma pessoa do mente do delito praticado ou de sua gravidade, ainda que
gênero feminino. seja de natureza hedionda, e deve repercutir no âmbito da
O conceito de sexo está relacionado aos aspectos biológicos violência doméstica e familiar.
que servem como base para a classificação de indivíduos en- 3) Se o MP pediu a aplicação de medida cautelar diversa da
tre machos, fêmeas e intersexuais. prisão, o juiz está autorizado a decretar a prisão?
Utilizamos a palavra gênero quando queremos tratar do con- Sim. A decisão que decreta a prisão preventiva, desde que
junto de características socialmente atribuídas aos diferen- precedida da necessária e prévia provocação do Ministério
tes sexos. Público, formalmente dirigida ao Poder Judiciário, mesmo
Muitas vezes, uma pessoa pode se identificar com um con- que o magistrado decida pela cautelar pessoal máxima, por
junto de características não alinhado ao seu sexo designado. entender que apenas medidas alternativas seriam insuficien-
Ou seja, é possível nascer do sexo masculino, mas se identi- tes para garantia da ordem pública, não deve ser conside-
ficar com características tradicionalmente associadas ao que rada como de ofício. Isso porque uma vez provocado pelo
culturalmente se atribuiu ao sexo feminino e vice-versa, ou órgão ministerial a determinar uma medida que restrinja a
então, não se identificar com gênero algum. liberdade do acusado em alguma medida, deve o juiz poder
STJ. 6ª Turma. REsp 1977124/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti agir de acordo com o seu convencimento motivado e anali-
Cruz, julgado em 5/4/2022 (Info 732). sar qual medida cautelar pessoal melhor se adequa ao caso.
Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de prévia
É constitucional o art. 12-C da Lei Maria da Penha que au- e indispensável provocação. Entretanto, a escolha de qual
toriza, em algumas hipóteses, a aplicação, pela autoridade delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo
policial, de medida protetiva de urgência em favor da mu- juiz da causa. Entender de forma diversa seria vincular a de-
lher cisão do Poder Judiciário ao pedido formulado pelo Ministé-
É válida a atuação supletiva e excepcional de delegados de rio Público, de modo a transformar o julgador em mero chan-
polícia e de policiais a fim de afastar o agressor do lar, domi- celador de suas manifestações, ou de lhe transferir a escolha
cílio ou local de convivência com a ofendida, quando do teor de uma decisão judicial.

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STJ. 6ª Turma. RHC 145225-RO, Rel. Min. Rogerio Schietti tese) nas fases pré-processual ou processual penais, bem
Cruz, julgado em 15/02/2022 (Info 725). como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob
pena de nulidade do ato e do julgamento.
Em sentido semelhante: STF. Plenário. ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
A escolha pelo Magistrado de medidas cautelares pessoais, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
 (Promotor MPERJ 2022 incorreta, porque não há previsão expressa) A

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em sentido diverso das requeridas pelo Ministério Público,
Lei Maria da Penha prevê, expressamente, a impossibilidade de reconheci-
pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser con-
mento da “legítima defesa da honra” em crimes de violência doméstica.
siderada como atuação ex officio
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 626.529-MS, Rel. Min. Rogerio Informativos 2020
Schietti Cruz, julgado em 26/04/2022 (Info 735).
Quem julga o crime de estupro de vulnerável praticado por
Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da copro- pai contra filha de 4 anos: vara criminal “comum” ou vara
prietária vítima de violência doméstica, que, em razão de de violência doméstica e familiar contra a mulher?
medida protetiva de urgência decretada judicialmente, de- Se o fator determinante que ensejou a prática do crime foi a
tém o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do tenra idade da vítima fica afastada a vara de violência do-
agressor méstica e familiar? Ex: estupro de vulnerável praticado por
Em regra, a utilização ou a fruição da coisa comum indivisa pai contra a filha, de 4 anos.
com exclusividade por um dos coproprietários, impedindo o • SIM. Posição da 5ª Turma do STJ:
exercício de quaisquer dos atributos da propriedade pelos Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determi-
demais consortes, enseja o pagamento de indenização àque- nante para a caracterização do crime de estupro de vulnerá-
les que foram privados do regular domínio sobre o bem, tal vel, mas sim a tenra idade da ofendida, que residia sobre o
como o percebimento de aluguéis. É o que prevê o art. 1.319 mesmo teto do réu, que com ela manteve relações sexuais,
do Código Civil. não há que se falar em competência do Juizado Especial de
Contudo, impor à vítima de violência doméstica e familiar Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
obrigação pecuniária consistente em locativo pelo uso exclu- STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge
sivo e integral do bem comum constituiria proteção insufici- Mussi, julgado em 23/08/2018.
ente aos direitos constitucionais da dignidade humana e da
igualdade, além de ir contra um dos objetivos fundamentais • NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ:
do Estado brasileiro de promoção do bem de todos sem pre- A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência
conceito de sexo, sobretudo porque serviria de desestímulo da vara especializada em violência doméstica e familiar con-
a que a mulher buscasse o amparo do Estado para rechaçar tra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha.
a violência contra ela praticada, como assegura a Constitui- STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti
ção Federal em seu art. 226, § 8º, a revelar a desproporcio- Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
nalidade da pretensão indenizatória em tais casos.
Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Ma-
A imposição judicial de uma medida protetiva de urgência -
ria da Penha no caso de violência do neto praticada contra
que procure cessar a prática de violência doméstica e fami-
a avó
liar contra a mulher e implique o afastamento do agressor
A Lei Maria da Penha objetiva proteger a mulher da violência
do seu lar - constitui motivo legítimo a que se limite o domí-
doméstica e familiar que, cometida no âmbito da unidade
nio deste sobre o imóvel utilizado como moradia conjunta-
doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de
mente com a vítima, não se evidenciando, assim, eventual
afeto, cause-lhe morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
enriquecimento sem causa, que legitime o arbitramento de
psicológico, e dano moral ou patrimonial. Estão no âmbito
aluguel como forma de indenização pela privação do direito
de abrangência do delito de violência doméstica e podem in-
de propriedade do agressor.
tegrar o polo passivo da ação delituosa as esposas, as com-
STJ. 3ª Turma. REsp 1966556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bel-
panheiras ou amantes, bem como a mãe, as filhas, as netas
lizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).
do agressor e também a sogra, a avó ou qualquer outra pa-
Informativos 2021 rente que mantém vínculo familiar ou afetivo com ele.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1626825-GO, Rel. Min. Felix
A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por Fischer, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
contrariar os princípios da dignidade da pessoa humana, da
proteção à vida e da igualdade de gênero Informativos 2019
Ao apreciar medida cautelar em ADPF, o STF decidiu que:
A reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da
a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por
violência doméstica e familiar contra a mulher, não é fun-
contrariar os princípios constitucionais da dignidade da pes-
damento suficiente para afastar a necessidade de fixação
soa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da
do valor mínimo para reparação dos danos causados pela
igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88);
infração penal
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição
A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é
ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a
fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação
excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da
do valor mínimo previsto no art. 387, inciso IV, do CPP, seja
legítima defesa; e
porque não há previsão legal nesse sentido, seja porque
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são
compete à própria vítima decidir se irá promover a execução
proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de legí-
ou não do título executivo, sendo vedado ao Poder Judiciário
tima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à

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omitir-se na aplicação da legislação processual penal que de- pagamento dos quinze primeiros dias, ficando o restante do
termina a fixação do valor mínimo em favor da ofendida. período a cargo do INSS.
CPP/Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:(...) STJ. 6ª Turma. REsp 1757775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados Cruz, julgado em 20/08/2019 (Info 655).
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofen-
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dido;
STJ. 6ª Turma. REsp 1819504-MS, Rel. Min. Laurita Vaz, jul- Decisão que fixa alimentos em razão da prática de violência
gado em 10/09/2019 (Info 657). doméstica pode ser executada sob o rito da prisão civil
A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos
Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada
provisórios ou provisionais em favor da companheira e da fi-
comparece ao cartório da vara e manifesta interesse em se
lha, em razão da prática de violência doméstica, constitui tí-
retratar da representação, ainda assim o juiz deverá desig-
tulo hábil para imediata cobrança e, em caso de inadimple-
nar audiência para que ela confirme essa intenção e seja
mento, passível de decretação de prisão civil.
ouvido o MP, nos termos do art. 16
STJ. 3ª Turma. RHC 100446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bel-
A Lei Maria da Penha autoriza, em seu art. 16, que, se o crime
lizze, julgado em 27/11/2018 (Info 640).
for de ação pública condicionada (ex: ameaça), a vítima
possa se retratar da representação que havia oferecido, Compete à Justiça Federal conceder medida protetiva em
desde que faça isso em audiência especialmente designada, favor de mulher ameaçada por ex-namorado que mora nos
ouvido o MP. Veja: EUA e faz as ameaças por meio do Facebook
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à represen- Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida pro-
tação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a tetiva de urgência decorrente de crime de ameaça contra a
renúncia à representação perante o juiz, em audiência espe- mulher cometido por meio de rede social de grande alcance,
cialmente designada com tal finalidade, antes do recebi- quando iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no
mento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Brasil.
Não atende ao disposto neste art. 16 a retratação da suposta STJ. 3ª Seção.CC 150712-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, jul-
ofendida ocorrida em cartório de Vara, sem a designação de gado em 10/10/2018 (Info 636).
audiência específica necessária para a confirmação do ato.
Não se pode decretar a preventiva do autor de contraven-
Em outras palavras, se a vítima comparece ao cartório e ma-
ção penal, mesmo que ele tenha praticado o fato no âmbito
nifesta interesse em se retratar, ainda assim o juiz deverá
de violência doméstica e mesmo que tenha descumprido
designar a audiência para ouvir a ofendida e o MP, não po-
medida protetiva a ele imposta
dendo rejeitar a denúncia sem cumprir esse procedimento.
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência do-
STJ. 5ª Turma. HC 138143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, jul-
méstica, não é motivo idôneo para justificar a prisão preven-
gado em 03/09/2019 (Info 656).
tiva do réu.
A medida de afastamento do local de trabalho, prevista no O inciso III do art. 313 do CPP prevê que será admitida a de-
art. 9º, § 2º, da Lei é de competência do Juiz da Vara de cretação da prisão preventiva “se o CRIME envolver violência
Violência Doméstica, sendo caso de interrupção do con- doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
trato de trabalho, devendo a empresa arcar com os 15 pri- idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
meiros dias e o INSS com o restante execução das medidas protetivas de urgência”.
O art. 9º, § 2º da Lei Maria da Penha prevê que: Assim, a redação do inciso III do art. 313 do CPP fala em
O juiz assegurará à mulher em situação de violência domés- CRIME (não abarcando contravenção penal). Logo, não há
tica e familiar, para preservar sua integridade física e psico- previsão legal que autorize a prisão preventiva contra o au-
lógica, manutenção do vínculo trabalhista, quando necessá- tor de uma contravenção penal. Decretar a prisão preventiva
rio o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. nesta hipótese representa ofensa ao princípio da legalidade
A competência para determinar essa medida é do Juiz da estrita.
Vara de Violência Doméstica ou do Juiz do Trabalho? STJ. 6ª Turma. HC 437535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de As-
Juiz da Vara de Violência Doméstica. O juiz da vara especiali- sis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
zada em Violência Doméstica (ou, caso não haja na locali- 26/06/2018 (Info 632).
dade, o juízo criminal) tem competência para apreciar pe-
Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem
dido de imposição de medida protetiva de manutenção de
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualifica-
vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de afasta-
doras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicí-
mento do trabalho de ofendida decorrente de violência do-
dio praticado contra mulher em situação de violência do-
méstica e familiar. Isso porque o motivo do afastamento não
méstica e familiar.
advém da relação de trabalho, mas sim da situação emer-
Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de or-
gencial que visa garantir a integridade física, psicológica e pa-
dem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atre-
trimonial da mulher.
lado à violência doméstica e familiar propriamente dita, en-
Qual é a natureza jurídica desse afastamento? Sobre quem
quanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continu-
recai o ônus do pagamento?
ará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo
A natureza jurídica do afastamento por até seis meses em
a praticar o delito.
razão de violência doméstica e familiar é de interrupção do
STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, jul-
contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxílio-
gado em 24/04/2018 (Info 625).
doença, devendo a empresa se responsabilizar pelo

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Não há dúvidas acerca da natureza subjetiva da qualificadora STF. 1ª Turma. HC 137888/MS, Rel. Min. Rosa Weber, jul-
do motivo torpe, ao passo que a natureza do feminicídio, por gado em 31/10/2017 (Info 884).
se ligar à condição especial da vítima, é objetiva, não ha-
INSS pode ajuizar ação de regresso contra o autor do homi-
vendo, assim, qualquer óbice à sua imputação simultânea.
cídio para ser ressarcido das despesas com o pagamento da
É inviável o afastamento da qualificadora do feminicídio me-
pensão por morte aos dependentes do segurado

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diante a análise de aspectos subjetivos da motivação do
O art. 120 da Lei nº 8.213/91 prevê que a Previdência Social
crime, dada a natureza objetiva da referida qualificadora, li-
ajuizará ação regressiva contra os responsáveis nos casos de
gada à condição de sexo feminino.
negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene
STJ. 5ª Turma. REsp 1739704/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, jul-
do trabalho indicadas para a proteção individual e coletiva.
gado em 18/09/2018.
Assim, este dispositivo autoriza que o INSS proponha ação
Informativos 2017 de regresso contra o ex-empregador pedindo o ressarci-
mento dos valores que pagou e ainda irá pagar a título de
Competência da Vara de Violência Doméstica para decidir
pensão por morte.
guarda de criança e autorização para viagem se a causa de
É possível aplicar este art. 120 para outros casos que não en-
pedir estiver relacionada com a violência praticada contra
volvam acidente de trabalho? SIM. O STJ decidiu que:
a genitora
É possível que o INSS ajuíze ação regressiva contra o autor
A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Con-
do homicídio pedindo o ressarcimento dos valores pagos a
tra a Mulher possui competência para o julgamento de pe-
título de pensão por morte aos filhos de segurada, vítima de
dido incidental de natureza civil, relacionado à autorização
homicídio praticado por seu ex-companheiro.
para viagem ao exterior e guarda unilateral do infante, na
O art. 120 da Lei 8.213/91 não é numerus clausus (taxativo)
hipótese em que a causa de pedir de tal pretensão consistir
e, assim, não exclui a responsabilidade civil do causador do
na prática de violência doméstica e familiar contra a geni-
dano prevista no art. 927 do CC.
tora.
STJ. 2ª Turma. REsp 1431150-RS, Rel. Min. Humberto Mar-
STJ. 3ª Turma. REsp 1550166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio
tins, julgado em 23/8/2016 (Info 596).
Bellizze, julgado em 21/11/2017 (Info 617).
Lesão corporal contra irmão configura o § 9º do art. 129 do O entendimento jurisprudencial acima explicado foi positi-
CP não importando onde a agressão tenha ocorrido vado pela Lei nº 13.846/2019. Veja a nova redação do art.
Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 120 da Lei n. 8.213/91:
9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela violência Art. 120. A Previdência Social ajuizará ação regressiva contra
doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocor- os responsáveis nos casos de:
rido no ambiente familiar. I - negligência quanto às normas padrão de segurança e higi-
Ex: João agrediu fisicamente seu irmão na sede da empresa ene do trabalho indicadas para a proteção individual e cole-
onde trabalham, causando-lhe lesão corporal leve. O agente tiva;
deverá responder pelo art. 129, § 9º do CP. Sendo a lesão II - violência doméstica e familiar contra a mulher, nos ter-
corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, mos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
cônjuge ou companheiro, deverá incidir a qualificadora do §
Informativos 2015
9º não importando onde a agressão tenha ocorrido.
STJ. 5ª Turma. RHC 50026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Cabimento de HC para questionar a legalidade de medida
Fonseca, julgado em 3/8/2017 (Info 609). protetiva da Lei Maria da Penha
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixa-
Lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
ção de medida protetiva de urgência consistente na proibi-
mulher é crime de ação pública incondicionada
ção de aproximar-se de vítima de violência doméstica e fa-
A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em
miliar.
detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pú-
STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da
blica incondicionada.
Fonseca, julgado em 1º/12/2015 (Info 574).
STJ. 3ª Seção. Pet 11805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Impossibilidade de penas restritivas de direito
 Vide Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
por restritiva de direitos ao condenado pela prática do crime
Informativos 2016 de lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art.
129, § 9º do CP).
Impossibilidade de pena restritiva de direitos em caso de STF. 2ª Turma. HC 129446/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, jul-
contravenção penal envolvendo violência doméstica contra gado em 20/10/2015 (Info 804).
a mulher
Cabe substituição da pena privativa de liberdade por restri- Competência para julgar divórcio advinda de violência do-
tiva de direitos em caso de contravenção penal envolvendo méstica
violência doméstica contra a mulher? A extinção de medida protetiva de urgência diante da homo-
NÃO. Posição majoritária do STF e Súmula 588 do STJ. logação de acordo entre as partes não afasta a competência
SIM. Existe um precedente da 2ª Turma do STF (HC 131160, da Vara Especializada de Violência Doméstica ou Familiar
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). contra a Mulher para julgar ação de divórcio fundada na
mesma situação de agressividade vivenciada pela vítima e
que fora distribuída por dependência à medida extinta.

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STJ. 3ª Turma. REsp 1496030-MT, Rel. Min. Marco Aurélio art. 148 do ECA previsto competência criminal para essa vara
Bellizze, julgado em 6/10/2015 (Info 572). especializada.
STJ. 6ª Turma. HC 238110-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
Foro competente para apreciar ação de dissolução de união
julgado em 26/8/2014 (Info 551).
estável cumulada com alimentos
A autora pode optar entre o foro de seu domicílio e o foro

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O STF, posteriormente, decidiu que essa lei estadual é cons-
de domicílio do réu para propor ação de reconhecimento e
titucional:
dissolução de união estável cumulada com pedido de ali-
Os Tribunais de Justiça têm prerrogativa para atribuir aos Ju-
mentos, quando o litígio não envolver interesse de incapaz.
izados da Infância e Juventude competência para julgar cri-
STJ. 3ª Turma. REsp 1290950-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
mes contra crianças e adolescentes.
Cueva, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
STF. Plenário. ADI 4774, Rel. Min. Nunes Marques, julgado
Validade do depoimento sem dano em 11/11/2021.
O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crian-
Lei estadual não pode criar prioridades na tramitação dos
ças e adolescentes que foram supostamente vítimas de cri-
processos judiciais
mes contra a dignidade sexual por meio de um procedi-
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prioridade na
mento especial, que consiste no seguinte: a criança ou o ado-
tramitação para processos envolvendo mulher vítima de vi-
lescente fica em uma sala reservada, sendo o depoimento
olência doméstica.
colhido por um técnico (psicólogo ou assistente social), que
A fixação de prioridades na tramitação dos processos judici-
faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma con-
ais é matéria de Direito Processual, cuja competência é pri-
versa em tom mais informal e gradual, à medida que vai se
vativa da União (art. 22, I, CF/88).
estabelecendo uma relação de confiança entre ele e a vítima.
STF. Plenário. ADI 3483/MA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
O juiz, o Ministério Público, o réu e o Advogado/Defensor
em 3/4/2014 (Info 741).
Público acompanham, em tempo real, o depoimento em ou-
tra sala por meio de um sistema audiovisual que está gra- Atriz famosa que é agredida pelo namorado é protegida
vando a conversa do técnico com a vítima. pela Lei Maria da Penha
A Lei nº 13.431/2017 trouxe regras para a realização do de- O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a
poimento sem dano. competência do Juizado de Violência Doméstica e Familiar
No entanto, mesmo antes desta Lei, o STJ já entendia que contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque
era válida, nos crimes sexuais contra criança e adolescente, a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mu-
a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento sem lher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-
dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para
desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecu- a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presun-
ção penal, mediante prova antecipada. Assim, mesmo antes ção da Lei.
da Lei nº 13.431/2017, não configurava nulidade por cercea- STJ. 5ª Turma. REsp 1416580-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, jul-
mento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime gado em 1º/4/2014 (Info 539).
sexual praticado contra criança ou adolescente não estarem
Aplicação das medidas protetivas da Lei Maria da Penha
presentes na oitiva da vítima devido à utilização do método
também a ações cíveis
de inquirição denominado “depoimento sem dano”.
As medidas protetivas de urgência da Lei 11.340/2006 (Lei
STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min. Gurgel de Faria, jul-
Maria da Penha) podem ser aplicadas em ação cautelar cível
gado em 24/2/2015 (Info 556).
satisfativa, independentemente da existência de inquérito
Informativos 2014 policial ou processo criminal contra o suposto agressor.
STJ. 4ª Turma. REsp 1419421-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salo-
Juizado da violência doméstica e execução alimentos
mão, julgado em 11/2/2014 (Info 535).
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
tem competência para julgar a execução de alimentos que
tenham sido fixados a título de medida protetiva de urgência
fundada na Lei Maria da Penha em favor de filho do casal em
conflito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1475006-MT, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 14/10/2014 (Info 550).
Vara da infância e juventude pode julgar estupro de vulne-
rável se previsto na lei estadual
Lei estadual pode conferir poderes ao Conselho da Magistra-
tura para, excepcionalmente, atribuir aos Juizados da Infân-
cia e da Juventude competência para processar e julgar cri-
mes contra a dignidade sexual em que figurem como vítimas
crianças ou adolescentes.
Assim, lei estadual poderá determinar que o crime de estu-
pro de vulnerável (art. 217-A do CP) seja julgado pela vara da
infância e juventude (art. 145 do ECA), mesmo não tendo o

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