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NOÇÕES DE

DIREITOS
HUMANOS
Violências de Gênero
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Violências de Gênero
Patrícia Maciel

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Violências de Gênero......................................................................................................................................................4
Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2016) e Violência Doméstica...........................................................5
Sujeito Passivo da Lei....................................................................................................................................................6
Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher....................................................................................8
Das Formas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher...................................................... 10
Das Medidas Integradas de Prevenção..............................................................................................................11
Da Assistência à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar...................................12
Do Atendimento pela Autoridade Policial. .......................................................................................................13
Dos Procedimentos.......................................................................................................................................................16
Competência do Foro.. ...................................................................................................................................................17
Das Medidas Protetivas de Urgência. . ................................................................................................................18
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor.........................................................20
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida. .......................................................................................20
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência. .................................................21
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência. .............................................................................21
Da Atuação do Ministério Público e da Assistência Judiciária........................................................... 22
Da Equipe de Atendimento Multidisciplinar.................................................................................................. 22
Disposições Finais........................................................................................................................................................23
Questões de Concurso................................................................................................................................................25
Gabarito...............................................................................................................................................................................34
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................35

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Violências de Gênero
Patrícia Maciel

Apresentação
Olá! Estamos de volta, e agora para estudarmos Violência doméstica e de gênero, e a Lei
Federal n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Vamos continuar nossos estudos?

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Violências de Gênero
Patrícia Maciel

VIOLÊNCIAS DE GÊNERO
A título de curiosidade:

alcançar a igualdade entre os gêneros é um dos 17 objetivos na Agenda 2030 da Organização das
Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário. No entanto, o nosso país ocupa o 5º lugar no
ranking de homicídio de mulheres e, somente no ano de 2017, foram registradas mais de 260 000
agressões a pessoas em razão de sua identidade de gênero1.

A violência de gênero se define como qualquer tipo de agressão física, psicológica, sexual ou
simbólica contra alguém em situação de vulnerabilidade devido a sua identidade de gênero ou
orientação sexual2.

Há diversos tratados incorporados no ordenamento brasileiro que combatem a discriminação e vio-


lência contra a mulher. Esses tratados exigem a implementação de regras de discriminação positiva,
que consistem em medidas especiais de caráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de
fato entre homem e mulher3.

Importante destacar que nem todo ato contra a mulher é violência de gênero.

Isso por que para que uma agressão seja classificada como violência de gênero deve ser direciona-
da a vítima em razão de sua identificação sexual ou de gênero4.

E o que seria “gênero”?

Gênero pode ser analisado como uma “construção psicossocial do masculino e do feminino 5.

A violência de gênero imprime uma questão cultural em um cenário em que o masculino


exerce domínio sobre o feminino em virtude de sua fragilidade.
Uma das legislações que visa coibir a agressão em virtude do gênero é a Lei Maria da Pe-
nha. “O nome da lei homenageia Maria da Penha, que sofreu tentativa de feminicídio em 1983,
ficando paraplégica. Até 1998, o agressor de Maria da Penha continuava em liberdade, e o caso
ganhou repercussão internacional e foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Hu-
manos da Organização dos Estados Americanos (OEA)” Fonte: Agência Câmara de Notícias.

1
https://www.politize.com.br/violencia-de-genero-2/

2
https://www.politize.com.br/violencia-de-genero-2/

3
Ramos, Andre de Carvalho Curso de direitos humanos / – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

4
https://www.politize.com.br/violencia-de-genero-2/

5
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.29209>. Acesso em: 06 out. 2010.

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De acordo com o art. 5º da Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a
mulher é “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.

Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2016) e Violência Doméstica


Pois bem, apenas para nos situar em relação ao presente estudo, vale a pena destacar que
a Lei n.. 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, cria mecanismos para coibir a vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e
a Lei de Execução.
A Lei ganhou este nome devido à luta da farmacêutica Maria da Penha6 para ver seu agres-
sor condenado.
O artigo 226, § 8º da CF/88 diz que “o Estado assegurará a assistência à família na pessoa
de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações”, cabendo à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias
para o efetivo exercício dos direitos previstos na Lei n. 11.340/06.

assegura a assistência à
família na pessoa de cada
um dos que a integram,
Estado
criando mecanismos para
coibir a violência no âmbito
de suas relações

criam as condições
necessárias para o
A família, a sociedade e
efetivo exercício dos
o poder público
direitos previstos na Lei
Maria da Penha

6
Maria da Penha é uma farmacêutica brasileira, natural do Ceará, que sofreu constantes agressões por parte do marido.
https://www.todamateria.com.br/lei-maria-da-penha/

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Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e


familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art.
226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Lei Maria da Penha

Mulher;

dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência


Doméstica e Familiar contra a Mulher

estabelece medidas de assistência e proteção às


mulheres em situação de violência doméstica e
familiar

“A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos” (Art. 6º), devendo o poder público desenvolver políticas que visem garantir
esses “direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no senti-
do de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, cruelda-
de e opressão” (Art. 3º, §1º).

Sujeito Passivo da Lei


Nos termos da Lei:

Art. 2º toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura,
nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sen-
do-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

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No entanto, para configuração de crime previsto na Lei Maria da Penha, é necessá-


rio que haja:
• Uma questão de gênero em um
• Contexto familiar e doméstico.

A violência tratada na Lei Maria da Penha consiste em ato ou omissão que viole os direitos da mu-
lher oriundos de uma relação de afeto ou de convivência 7.

Toda mulher,
independentemente de
classe, raça, etnia,
Sujeito Passivo da Lei orientação sexual, renda,
cultura, nível
educacional, idade e
religião

A Lei traz a “mulher” como sujeito passivo no crime de violência no âmbito doméstico.

 Obs.: Importante!!! O STJ entende que a “Lei Maria da Penha atribuiu às uniões homo-
afetivas o caráter de entidade familiar, ao prever, no seu artigo 5º, parágrafo único, que
as relações pessoais mencionadas naquele dispositivo independem de orientação sexu-
al”8. Tal entendimento está em consonância com a previsão de que “as relações pes-
soais independem de orientação sexual.

ENTENDIMENTO STJ: LEI MARIA DA PENHA ATRIBUIU ÀS UNIÕES


HOMOAFETIVAS O CARÁTER DE ENTIDADE FAMILIAR, POIS O DIPLOMA
LEGAL EXPRIME QUE OS SEUS DISPOSITIVOS SE APLICAM NAS RELAÇÕES
INDEPENDENTE DE ORIENTAÇÃO SEXUAL!

Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida,
à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária.

7
Ramos, Andre de Carvalho Curso de direitos humanos / – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

8
(REsp 827.962/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 08/08/2011)

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§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres
no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de ne-
gligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo
exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, espe-
cialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher

AÇÃO
VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA
OMISSÃO

Importante saber que configura a violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial, nas seguintes relações:

I – No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de


pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.

violência doméstica uma das formas de


e familiar contra a violação dos direitos
mulher humanos

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Informações Importantes!!!
• Veja que a Lei prevê como violência doméstica qualquer ação ou omissão, e não somen-
te ações de lesão corporal!!!! E mais. Não se exige a coabitação para configuração da
violência tipificada na Lei!
• O STJ editou a Súmula n.. 600 que trata sobre o tema, e reiterou a previsão legal, en-
tendendo que:

para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n.


11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.

• STJ:

O namoro é uma relação íntima de afeto que independe de coabitação; portanto, a agres-
são do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o relacionamento, mas
que ocorra em decorrência dele, caracteriza violência doméstica
(CC 96.532/MG, Rel. Ministra JANE SILVA - Desembargadora Convocada do TJMG, TER-
CEIRA SEÇÃO, julgado em 05/12/2008, DJe 19/12/2008)9;

• STJ: I

A Lei n.º 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, em seu art. 5º, inc. III, caracteriza
como violência doméstica aquela em que o agressor conviva ou tenha convivido com
a ofendida, independentemente de coabitação (CC n. 100.654/MG, Terceira Seção, Rel.
Ministra Laurita Vaz, DJe de 13/5/2009)”10.

• STJ:

O excesso na imposição de castigo pelo pai à filha menor que com ele coabita atrai a inci-
dência do art. 5º da Lei Maria da Penha, quando observado que a violência, além de estar
estritamente ligada ao contexto familiar, decorre inequivocamente da vulnerabilidade do
gênero feminino e da hipossuficiência ou inferioridade física da vítima frente àquele que
é imputado como seu algoz. É dizer, quando constatado que a condição de mulher da
vítima foi fator determinante para a agressão supostamente perpetrada por seu genitor.
(REsp 1616165/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
12/06/2018, DJe 22/06/2018);

9
(REsp 1416580/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 01/04/2014, DJe 15/04/2014)

10
(RHC 51.303/BA, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 09/12/2014, DJe 18/12/2014)

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• STJ:

É possível aplicação da Lei Maria da Penha em relações de ex-namorados no caso de


haver nexo causal entre a conduta agressiva do agente e a relação de intimidade que exis-
tia com a vítima (CC 103.813/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 24/06/2009, DJe 03/08/2009).

• STF:

O STF, na ADI 4.424, proposta pelo Procurador-Geral da República, combateu o entendi-


mento de vários Tribunais e do Superior Tribunal de Justiça, decidindo que a ação penal
por crime de lesão corporal leve, em caso de violência doméstica ou familiar contra a
mulher, é pública e incondicionada, sendo constitucional a regra da Lei Maria da Penha,
proibindo, nos casos de sua incidência, a aplicação da Lei n. 9.099/95 (sobre crimes de
menor potencial ofensivo e Juizados Especiais Criminais)”11.

• Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata a


Lei Maria da Penha, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audi-
ência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e
ouvido o Ministério Público. (Ou seja, cabe retratação nos termos mencionados)
• Súmula 542 do STJ:

a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra
a mulher é pública incondicionada

• STJ:

O STJ decidiu que o crime de injúria (Código Penal, art. 140), mesmo que cometido no
âmbito doméstico contra a própria mulher, continua a ser submetido ao regime da ação
penal privada (promovido por queixa), por se tratar de crime contra a honra (STJ, RHC
32.953/AL, rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Data de Julgamento: 10-9-2013, Data de
Publicação: DJe 24-9-2013)12.

Das Formas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher


A Lei n. 11.340/06 elenca de forma EXEMPLIFICATIVA algumas das formas de violência
contra a mulher no âmbito doméstico. São elas (Art. 7º):

11
Ramos, Andre de Carvalho Curso de direitos humanos / – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

12
Ramos, Andre de Carvalho Curso de direitos humanos / – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018

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I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, cons-
trangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros-
tituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Formas de
violência

Física Psicológica Sexual Patrimonial Moral

Das Medidas Integradas de Prevenção


Nos moldes da Lei em estudo, “a política pública que visa coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por dire-
trizes” (Art. 8º):

• I – A integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com


as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
• II – A promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a pers-
pectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da
violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados
nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
• III – O respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da famí-
lia, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º, no inciso IV do art. 3º e no inciso IV
do art. 221 da Constituição Federal;

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• IV – A implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas
Delegacias de Atendimento à Mulher;
• V – A promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e
familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
• VI – A celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de
parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por obje-
tivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
• VII – A capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bom-
beiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às
questões de gênero e de raça ou etnia;
• VIII – A promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito
à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
• IX – O destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos
aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica
e familiar contra a mulher.

Da Assistência à Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar


A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de for-
ma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras nor-
mas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso (Art. 9º).
Dentre as medidas assistenciais, a Lei prevê que:

O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência


doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal,
estadual e municipal.
O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar
sua integridade física e psicológica:
 I – acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da
administração direta ou indireta;
 II – manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do
local de trabalho, por até seis meses.
 III – encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para
eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de
casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente.
A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o
acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e
outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

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Observações (art. 9º):

• § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano
moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de
saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar,
recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas
unidades de saúde que prestarem os serviços. (Vide Lei n. 13.871, de 2019) (Vigência)
• § 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados
para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas pro-
tetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei n. 13.871, de 2019) (Vigência)
• § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer
natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar
possibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei n. 13.871, de 2019) (Vigência)
• § 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus
dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los
para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da
ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso.(Incluído pela Lei n.
13.882, de 2019)
• § 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos
conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Mi-
nistério Público e aos órgãos competentes do poder público. (Incluído pela Lei n. 13.882, de 2019)

Do Atendimento pela Autoridade Policial


Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher,
a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
legais cabíveis.

 Obs.: IMPORTANTE!!! Já caiu em prova: “Na hipótese da iminência ou da prática de violência


doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento
da ocorrência dependerá de autorização judicial para adoção das providências legais
cabíveis” (FALSA QUESTÃO). Observe que a autoridade policial NÃO dependerá de
autorização judicial para as providências legais cabíveis!

Aplica-se o disposto no caput deste artigo (art. 10) ao descumprimento de medida proteti-
va de urgência deferida
Assim, “é direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento
policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do
sexo feminino - previamente capacitados” (Art. 10-A).
A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha
de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes
diretrizes (10-A, §1º):

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• Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua


condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
• Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e
familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos
e pessoas a eles relacionadas;
• Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato
nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida
privada.

Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha


de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento (Art.
10-A, §2º):

• I – A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equi-
pamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou
testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
• II – Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência
doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
• III – O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a
mídia integrar o inquérito.

No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade poli-


cial deverá, entre outras providências (art. 11):

• I – Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de IMEDIATO ao Ministério Público


e ao Poder Judiciário;
• II – Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
• III – Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando
houver risco de vida;
• IV – Se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da
ocorrência ou do domicílio familiar;
• V – informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os
de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de sepa-
ração judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação
dada pela Lei n. 13.894, de 2019)

Em TODOS os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da


ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem
prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal (Art. 12):

I – Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;


II – Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;

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III – Remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV – Determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
V – Ouvir o agressor e as testemunhas;
VI – Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VI – A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de
existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição re-
sponsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei n. 10.826, de
22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); (Incluído pela Lei n. 13.880, de 2019)
VII – Remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz E ao Ministério Público.

qualificação da ofendida e do
pela autoridade policial deverá conter:

agressor;
Pedido da ofendidatomado a termo

nome e idade dos dependentes;

descrição sucinta do fato e das


medidas protetivas solicitadas
pela ofendida.

informação sobre a condição de a


ofendida ser pessoa com
deficiência e se da violência
sofrida resultou deficiência ou
agravamento de deficiência
preexistente. (Incluído pela
Lei nº 13.836, de 2019)

Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento


à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia
Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos
Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação
das violências graves contra a mulher (Art. 12-A).

Art. 12-A.A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da
mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes. (Incluído pela Lei n.
13.505, de 2017)
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psico-
lógica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Redação
dada pela Lei n. 14.188, de 2021)

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Violências de Gênero
Patrícia Maciel
I – pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei n.
13.827, de 2019)
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no
momento da denúncia. (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máxi-
mo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei
n. 13.827, de 2019)
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)

Nos casos de risco à


integridade física da não será concedida
ofendida ou à liberdade provisória ao
efetividade da medida preso
protetiva de urgência

Dos Procedimentos
Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prá-
tica de violência doméstica e familiar contra a mulher: aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e
ao idoso que não conflitarem com o estabelecido na Lei n. 11.340/06 (art. 13). Veja, portanto,
que a Lei Maria da Penha prevê a possibilidade de aplicação subsidiária do CPP, CPC, ECA e
Estatuto do Idoso.
Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordiná-
ria com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos
Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorren-
tes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher (Art. 14).

Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
as normas de organização judiciária.

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Violências de Gênero
Patrícia Maciel
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável
no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019)
• § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019)
• § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio
ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei n.
13.894, de 2019)

 Obs.: A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável
no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher

Competência do Foro
É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos pela Lei n.
11.340/06, o Juizado (Art. 15):

do seu domicílio ou de sua residência;

do lugar do fato em que se baseou a demanda;

do domicílio do agressor.

 Obs.: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que a Lei
trata, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência espe-
cialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido
o Ministério Público.

É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas
de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que im-
plique o pagamento isolado de multa.
Aproveitando a observação feita, salienta-se entendimento do STJ que veda suspensão condi-
cional do processo e a transação penal.

STJ: Súmula 536 - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se apli-
cam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

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Cuidado!!! No entanto, é possível que haja a suspensão condicional da pena!!!


STJ: A Jurisprudência:

caminha para não se admitir a aplicação do princípio da insignificância no que se refere


aos crimes praticados com violência ou grave ameaça contra mulher, no âmbito das
relações domésticas (REsp 1537749/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 30/06/2015, DJe 04/08/2015)”.

STJ:

a Lei n. 11.340/2006 não veda a substituição da pena privativa de liberdade por restri-
tiva de direitos, “obstando apenas a imposição de prestação pecuniária e o pagamento
isolado de multa”. No entanto, “o art. 44, I, do CP proíbe a conversão da pena corporal
em restritiva de direitos quando o crime for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa”. (HC 416.039/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
12/12/2017, DJe 19/12/2017)

Das Medidas Protetivas de Urgência


Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas (Art. 18):

• I – Conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;


• II – determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o
caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casa-
mento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente;
• III – Comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
• IV – determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei
n. 13.880, de 2019)

As medidas podem ser concedidas de ofício pelo juiz, a requerimento da ofendida ou do Minis-
tério Público, e de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do
Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado. Poderá o juiz, ainda, a requeri-
mento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de
urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de
seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.

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independentemente da audiência das partes e de


maniestação do MP (Apesar de o MP ser
Podem ser concedidas de imediato
Concedidas pelo juiz

prontamente comunicado)
Medidas protetivas:

Requerimento da ofendida

Requerimento do MP

Concessão de medidas protetivas Concessão de NOVAS medidas ou


 De ofício revisão das medidas aplicadas
 Requerimento da ofendida  A requerimento da ofendida
 Requerimento do MP  A requerimento do MP
De imediato independentemente de audiência
Ouvido o MP
das partes e de manifestação do MP

As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão


ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reco-
nhecidos na Lei forem ameaçados ou violados (Art. 19, §2º).

E a prisão preventiva? É cabível???

Sim!
Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, que poderá ser decretada:
• De ofício pelo juiz;
• A requerimento do MP;
• Mediante representação da autoridade policial

No entanto, poderá o juiz revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a
falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que
a justifiquem.
A ofendida DEVERÁ ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmen-
te dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado

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constituído ou do defensor público. Ah, e não será ela não quem entregará a intimação ou noti-
ficação ao agressor (Art. 21, p. único).

Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor


As seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras, poderão ser aplicadas pelo
juiz de forma isolada ou cumulada, podendo o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da
força policial:

I – Suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,


nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II – Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III – Proibição de determinadas condutas, entre as quais:
• Aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distân-
cia entre estes e o agressor;
• Contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
• Frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;
• IV – Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
• V – Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
• VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei n.
13.984, de 2020)
• VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo
de apoio. (Incluído pela Lei n. 13.984, de 2020)

Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida


Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas (23), em relação às me-
didas protetivas destinadas à ofendida:

I – Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou


de atendimento;
II – Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
afastamento do agressor;
III – Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guar-
da dos filhos e alimentos;
IV – Determinar a separação de corpos.
V – determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais
próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da
existência de vaga. (Incluído pela Lei n. 13.882, de 2019)

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É possível que o juiz determine liminarmente medidas que garantam a proteção patrimo-
nial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher. São as
medidas, dentre outras (Art. 24):

• I – Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;


• II – Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
• III – Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
• IV – Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.

 Obs.: Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III
deste artigo.

Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência


Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
A Lei n. 11.340/06 teve uma alteração em 2018 prevendo como crime o descumprimento
das medidas protetivas de urgência.
Assim, o descumprimento de decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência
previstas na Lei poderá ensejar pena de detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

 Obs.: Observações:
 A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu
as medidas.
 Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.
 A aplicação dessa pena não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.

Apesar da previsão da fiança, o STJ entende que:

[...] a jurisprudência desta Corte se formou no sentido de que, nos casos em que o paciente
for considerado hipossuficiente e não possua condição financeira suficiente para arcar
com o valor arbitrado a título de fiança, e verificada a ausência dos motivos ensejadores
da custódia cautelar, o réu deverá ser posto em liberdade, conforme disposto no art. 350
do Código de Processo Penal, [...].(HC 333.166/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 20/09/2016, DJe 11/10/2016)

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Da Atuação do Ministério Público e da Assistência Judiciária


O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorren-
tes da violência doméstica e familiar contra a mulher (Art. 25).
Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário (art. 26):

• I – Requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de


segurança, entre outros;
• II – Fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação
de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
• III – Cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência do-


méstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado nos casos de medidas
protetivas de urgência, que poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público ou a pedido da ofendida (Art. 27).
É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos ser-
viços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede
policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado (art. 28).

Súmula 588/STJ - a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violên-
cia ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena priva-
tiva de liberdade por restritiva de direitos.

Da Equipe de Atendimento Multidisciplinar


Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados
poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissio-
nais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde (art. 29).
Dentre as atribuições da equipe de atendimento multidisciplinar, compete (art. 30):
• Fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, me-
diante laudos ou verbalmente em audiência,
• Desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas,
voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças
e aos adolescentes.

Nos casos de maior complexidade que exijam avaliação mais aprofundada, é possível que
o juiz determine a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe
de atendimento multidisciplinar.

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Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,


as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
sas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. Será garantido o
direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referi-
das a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Disposições Finais
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite
das respectivas competências: (Vide Lei n. 14.316, de 2022)
• I – centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes
em situação de violência doméstica e familiar;
• II – casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência
doméstica e familiar;
• III – delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-le-
gal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
• IV – programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar;
• V – centros de educação e de reabilitação para os agressores.
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a adaptação de seus
órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida,
concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, regularmente cons-
tituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que
não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas
bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema
nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão
remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. (Incluído pela
Lei n. 13.827, de 2019)
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão, após sua concessão, imediatamente
registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garan-
tido o acesso instantâneo do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança
pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.
(Redação dada Lei n. 14.310, de 2022) Vigência
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas competências e
nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orça-
mentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabele-
cidas nesta Lei.

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Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela
adotados.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independente-
mente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Considerações importantes! Jurisprudência STJ:

Súmula 589/STJ - é inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais praticados no âmbito das relações domésticas.

O STJ possui entendimento de que o descumprimento reiterado das medidas protetivas


da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), com risco concreto à integridade física da
vítima, justifica a prisão cautelar do agressor. (RHC 60.394/MA, Rel. Ministra MARIA THE-
REZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 30/06/2015)
É cabível a decretação da prisão cautelar para garantir a execução das medidas de urgên-
cia em favor da mulher. STJ. 5ª Turma. RHC 40.567/DF, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 05/12/2013.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/STJ/2018) Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurispru-
dência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue.
Em se tratando de crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, se a condenação
for privativa de liberdade por até um ano, poderá o juiz substituí-la por pena de prestação pecu-
niária ou pagamento isolado de multa.

002. (CESPE/SEFAZ-RS/2018) Assinale a opção que apresenta medida protetiva de urgência


a ser aplicada ao agressor no caso de constatação da prática de violência doméstica contra a
mulher, conforme o disposto na Lei Maria da Penha – Lei n. 11.340/2006.
a) transferência para outra comarca
b) prestação de serviços em creches e asilos
c) proibição de aproximação ou contato com familiares da ofendida
d) pagamento de multa
e) pagamento de cestas básicas

003. (SEFAZ-RS/AUDITOR DO ESTADO/2018) A Lei Maria da Penha estabelece deveres a


serem observados pela autoridade policial no atendimento à mulher em situação de violência
doméstica. A respeito desse assunto, julgue os seguintes itens.
I – A mulher deverá ser mantida no lar com escolta policial até que seja encerrado o inquérito
ou até que seja concedida medida protetiva de urgência.
II – A autoridade policial deverá garantir que a mulher não tenha contato direto com o agressor
ou com pessoas a ele relacionadas, salvo se por meio de familiares e testemunhas.
III – É direito da mulher o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado
por servidores – preferencialmente do sexo feminino – previamente capacitados.
IV – A autoridade policial deverá garantir que não haja revitimização da mulher que tenha sofri-
do violência familiar, evitando sucessivas inquirições sobre sua vida privada.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e IV estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Apenas os itens III e IV estão certos.

004. (CESPE/DPE-PE/2018) Com relação aos instrumentos previstos na Lei Maria da Penha,
assinale a opção correta.
a) A violência patrimonial contra a mulher se restringe à destruição total de seus documentos
pessoais e dos bens e recursos econômicos destinados a satisfazer as suas necessidades.
b) Alguém da convivência da mulher que lhe cause dano moral ou patrimonial não comete cri-
me, porque essas atitudes, à luz da lei, não são consideradas violência doméstica ou familiar.

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c) A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma forma de violação de direi-
tos humanos.
d) Para fins legais, a comprovação da relação íntima de afeto entre o agressor e a ofendida
depende de coabitação.
e) A legislação especial, ao se referir à violência moral, não inclui condutas que configurem a
calúnia, a difamação ou a injúria.

005. (CESPE/PC-MA/2018) Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer


ação ou omissão que, baseada no gênero, lhe cause sofrimento físico e que ocorra
a) dentro da residência da vítima, desde que o agressor seja do sexo masculino.
b) em relação íntima de afeto, somente se o agressor ainda conviver com a vítima.
c) em relação íntima de afeto, independentemente da coabitação dos envolvidos.
d) no âmbito da unidade doméstica, desde que o agressor seja pessoa da família.
e) no âmbito da família, salvo se o agressor não possuir laços naturais com a vítima.

006. (CESPE/DPE-AL/2017) Maria denunciou seu esposo, Antônio, por ele ter insistido em
manter relação sexual com ela, contra a sua vontade, após chegar em casa embriagado.
Maria afirmou, ainda, que Antônio, diante de sua recusa, a agrediu verbalmente, dirigindo-lhe
palavras insultuosas.
Antônio foi condenado, mas a sua defesa recorreu, alegando nulidade do pedido e requerendo
absolvição por falta de condição de procedibilidade da ação penal ante a ausência de repre-
sentação formal da vítima.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A situação em apreço se refere a crime de injúria com violência doméstica contra a mulher,
razão por que a ação penal pode ser iniciada a qualquer tempo.
b) O crime em questão é de ação pública condicionada e só pode ir adiante se Maria fizer uma
representação formal.
c) O fato de Maria ter registrado a ocorrência e pedido providências supre o requisito da re-
presentação.
d) A ação penal será arquivada se Maria desistir do registro da ocorrência policial em audiência
especial perante o juiz e o representante do Ministério Público.
e) A ausência de lesão corporal impossibilita que o fato em questão seja abrangido pelas nor-
mas tutelares da Lei Maria da Penha.

007. (CESPE/DPE-AL/2017) Considerando a Lei Maria da Penha e o entendimento dos tribu-


nais superiores acerca de crimes contra a mulher, assinale a opção correta.
a) A Lei Maria da Penha não estabelece medidas próprias para o descumprimento de medidas
protetivas, devendo-se, nesse caso, responsabilizar o agente pelo crime de desobediência.
b) Em caso de violência contra mulher, para que se aplique a Lei Maria da Penha, deverá ser
demonstrada a situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência da vítima, sob a perspectiva
de gênero.

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c) As medidas protetivas de urgência têm natureza cautelar e temporária, sendo vinculadas à


existência, presente ou potencial, de processo-crime ou ação principal contra o agressor.
d) A agravante relativa à violência contra a mulher prevista no Código Penal (CP) não se aplica
de modo conjunto com outras disposições da Lei Maria da Penha, sob pena de acarretar o
bis in idem.
e) Ato de violência física contra mulher, em ambiente doméstico, acarreta pena de prisão sim-
ples ou de multa, admitindo-se que o magistrado fixe apenas a pena pecuniária.

008. (CESPE/MPE-RR/2018) Tendo em vista que a violência doméstica contra a mulher ainda
é um problema social grave no Brasil, apesar da sua redução com o advento da Lei Maria da
Penha, assinale a opção correta com relação aos crimes advindos da prática de violência con-
tra a mulher no âmbito doméstico e familiar.
a) O feminicídio, homicídio praticado contra a mulher em razão do seu sexo, consiste na vio-
lência doméstica e familiar ou no menosprezo ou discriminação à condição de mulher, com
hipóteses de aumento de pena por circunstâncias fáticas específicas.
b) O processamento de crimes praticados em situação de violência doméstica se dá por meio
de ação penal de iniciativa pública incondicionada, segundo entendimento do STF.
c) O crime de estupro é processado por meio de ação penal de iniciativa pública condicionada
à representação, da qual a vítima pode retratar-se mesmo após o oferecimento da denúncia.
d) Os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher estão taxativamente elencados
na Lei Maria da Penha.

009. (CESPE/TJ-PR/2017/ADAPTADA) Com base na jurisprudência do STF sobre violência


doméstica e familiar, julgue o item abaixo.
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher são inaplicáveis as
normas tutelares despenalizadoras da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

010. (CESPE/PC-GO/2017) À luz do posicionamento jurisprudencial e doutrinário dominantes


acerca das disposições da Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), assinale a opção correta.
a) Caracteriza o crime de desobediência o reiterado descumprimento, pelo agressor, de medi-
da protetiva decretada no âmbito das disposições da Lei Maria da Penha.
b) Em se tratando dos crimes de lesão corporal leve e ameaça, pode o Ministério Público dar
início a ação penal sem necessidade de representação da vítima de violência doméstica.
c) No caso de condenação à pena de detenção em regime aberto pela prática do crime de
ameaça no âmbito doméstico e familiar, é possível a substituição da pena pelo pagamento
isolado de multa.
d) No âmbito de aplicação da referida lei, as medidas protetivas de urgência poderão ser con-
cedidas independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público,
o qual deverá ser prontamente comunicado.
e) Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na violência havida em relações homoafetivas
se o sujeito ativo é uma mulher.

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Patrícia Maciel

011. (CESPE/PC-DF/2013) No que se refere aos crimes hediondos (Lei n. 8.072/1990) e à


violência doméstica e familiar sobre a mulher (Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha), julgue
os itens seguintes.
Se duas mulheres mantiverem uma relação homoafetiva há mais de dois anos, e uma delas
praticar violência moral e psicológica contra a outra, tal conduta estará sujeita à incidência da
Lei Maria da Penha, ainda que elas residam em lares diferentes.

012. (CESPE/PC-BA/2013) Julgue o próximo item, que versa sobre discriminação étnica e
violência doméstica e familiar contra a mulher.
Um indivíduo que calunia a própria esposa comete contra ela violência doméstica e familiar.

013. (CESPE/TJ-AC/2012) Acerca das leis penais extravagantes, julgue os itens subsecutivos,
de acordo com o magistério doutrinário e jurisprudencial dominantes.
Para a caracterização de violência doméstica e familiar contra a mulher, conceitua-se como
unidade doméstica o local onde haja o convívio permanente de pessoas, inclusive as esporadi-
camente agregadas, em típico ambiente familiar, sem necessidade de vínculo natural ou civil.

014. (CESPE/PC-AL/2012) Julgue os itens a seguir, com base a Lei Maria da Penha, que dis-
põe sobre violência doméstica e familiar contra a mulher.
Conforme a referida lei, consideram-se violência sexual as ações ou omissões que impeçam
a mulher de usar qualquer método contraceptivo ou que a forcem à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação.

015. (CESPE/PC-AL/2012) É expressamente previsto na lei o dever de a autoridade policial


acompanhar a ofendida, de forma a assegurar-lhe, se houver necessidade, o direito de retirar
seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar.

016. (CESPE/PC-AL/2012) A Lei Maria da Penha incide apenas nos casos em que a violência
doméstica e familiar contra a mulher, que consiste em ação ou omissão, baseada no gênero,
que resulte em morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimo-
nial, é praticada no âmbito da unidade doméstica.

017. (CESPE/PC-GO/2017) Júlio, durante discussão familiar com sua mulher no local onde
ambos residem, sem justo motivo, agrediu-a, causando-lhe lesão corporal leve.
Nessa situação hipotética, conforme a Lei n.º 11.340/2006 e o entendimento do STJ,
a) a ofendida poderá renunciar à representação, desde que o faça perante o juiz.
b) a ação penal proposta pelo Ministério Público será pública incondicionada.
c) a autoridade policial, independentemente de haver necessidade, deverá acompanhar a víti-
ma para assegurar a retirada de seus pertences do domicílio familiar.

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d) Júlio poderá ser beneficiado com a suspensão condicional do processo, se presentes todos
os requisitos que autorizam o referido ato.
e) Júlio poderá receber proposta de transação penal do Ministério Público, se houver anuên-
cia da vítima

018. (CESPE/PC-GO/2016) De acordo com as disposições da Lei n.º 11.340/2006 – Lei Maria
da Penha –, assinale a opção correta.
a) No caso de mulher em situação de violência doméstica e familiar, quando for necessário o
afastamento do local de trabalho para preservar a sua integridade física e psicológica, o juiz
assegurará a manutenção do vínculo trabalhista por prazo indeterminado.
b) Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz determinará a proibição temporária da celebração de atos e con-
tratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo se houver procurações
previamente conferidas pela ofendida ao agressor.
c) A referida lei trata de violência doméstica e familiar em que, necessariamente, a vítima é
mulher, e o sujeito ativo, homem.
d) Na hipótese de o patrão praticar violência contra sua empregada doméstica, a relação em-
pregatícia impedirá a aplicação da lei em questão.
e) As formas de violência doméstica e familiar contra a mulher incluem violência física, psico-
lógica, sexual e patrimonial, que podem envolver condutas por parte do sujeito ativo tipificadas
como crime ou não.

019. (CESPE/TRT - 8ª REGIÃO/2016/ADAPTADA) Com base na legislação penal, julgue o


item abaixo.
A coabitação entre os sujeitos ativo e passivo é condição necessária para a aplicação da Lei
Maria da Penha no âmbito das relações íntimas de afeto.

020. (CESPE/TJ-AM/2016) Com relação às disposições da Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da


Penha –, assinale a opção correta.
a) Para os efeitos da referida lei, a configuração da violência doméstica e familiar contra a mu-
lher depende da demonstração de coabitação da ofendida e do agressor.
b) Os juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher têm competência
exclusivamente criminal.
c) É tido como o âmbito da unidade doméstica o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, salvo as esporadicamente agregadas.
d) A ofendida poderá entregar intimação ou notificação ao agressor se não houver outro meio
de realizar a comunicação.
e) Considera-se violência sexual a conduta de forçar a mulher ao matrimônio mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação, assim como a conduta de limitar ou anular o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos.

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021. (NUCEPE/PC-PI/2018/ADAPTADA) No que diz respeito aos crimes contra a honra, é


possível afirmar que:
É crime injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, mas o legislador pátrio enten-
deu que o juiz pode deixar de aplicar a pena, quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria ou no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

022. (NUCEPE/PC-PI/2018/ADAPTADA) No que diz respeito aos crimes contra a honra, é


possível afirmar que:
Caso o crime contra a honra tenha como vítima um funcionário público, em razão de suas fun-
ções, a pena será aumentada.

023. (CONSULPAM/SURGP/2014) Tomando por base os tipos penais de crimes contra a hon-
ra, complete as lacunas abaixo para, ao final, escolher a sequência CORRETA:
I – Imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação.
II – Ofender alguém em sua dignidade ou o decoro.
III – Imputar falsamente a alguém fato definido como crime.
a) injúria, difamação, calúnia.
b) difamação, calúnia, injúria.
c) difamação, injúria, calúnia.
d) calúnia, injúria, difamação.

024. (UFMT/DPE-MT/2016/ADAPTADA) A respeito dos crimes contra a honra, insculpidos no


Código Penal, é correto afirmar que:
Configura o crime de injúria imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação.

025. (FCC/TRT - 18ª REGIÃO/2014) Quanto à injúria, é correto afirmar que


a) a pena é aumentada de 1/3 se o crime é cometido contra pessoa portadora de deficiência.
b) absorve o crime de lesão corporal, se consiste em violência que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, possa ser considerada aviltante.
c) há extinção da punibilidade quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamen-
te a ofensa.
d) não responde pelo crime quem dá publicidade a conceito desfavorável emitido por funcioná-
rio público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
e) admissível a retratação, se verificada até o recebimento da denúncia.

026. (FCC/TRT - 6ª REGIÃO/2015) A manifestação do advogado, no exercício de sua ativida-


de, em juízo ou fora dele, é acobertada por imunidade nos crimes de
a) difamação e desacato.
b) injúria e calúnia.

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c) injúria e desacato.
d) difamação e injúria.
e) desacato e calúnia.

027. (TRT 2R-SP/TRT - 2ª REGIÃO/2013) Qual das figuras abaixo significam, respectivamen-
te: imputar falsamente fato definido com o crime e ofender a dignidade e o decoro. Aponte a
alternativa correta.
a) calúnia e difamação.
b) injúria e calúnia.
c) injúria e difamação.
d) calúnia e injúria.
e) difamação e injúria.

028. (VUNESP/TJ-SP/2015) A respeito da retratação nos crimes contra a honra, pode- -se afir-
mar que fica isento de pena o querelado que, antes da sentença, retrata-se cabalmente
a) da calúnia ou difamação.
b) da calúnia, injúria ou difamação.
c) da injúria ou difamação.
d) da calúnia ou injúria.

029. (FCC/TJ-AL/2015) Admissível a exceção da verdade e a retratação, respectivamente,


nos crimes de
a) falso testemunho e calúnia.
b) injúria e calúnia.
c) injúria e falso testemunho.
d) difamação e injúria.
e) difamação e falso testemunho.

030. (TJ-AC/TJ-AC/2014) Quando o agente imputa ou atribui a alguém falsamente a prática


de fato definido como crime, acaba praticando:
a) injúria
b) difamação
c) calúnia
d) injúria real

031. (FGV/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR/2015) Visando coibir e prevenir a vio-


lência doméstica e familiar contra a mulher, foi promulgada a Lei n. 11.340/06, popularmente
conhecida como Lei Maria da Penha. O diploma legal, com o objetivo de conferir tratamen-
to mais rigoroso aos autores de crimes praticados nessa situação, trouxe um procedimento

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processual penal com algumas peculiaridades. Sobre esse procedimento, de acordo com a
jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que:
a) não cabe retratação da representação já ofertada pela vítima mulher;
b) poderá eventual pena privativa de liberdade ser substituída por restritiva de direito de paga-
mento de cesta básica;
c) caberá retratação perante a autoridade policial da representação já ofertada;
d) preenchidos os requisitos legais, cabe oferecimento de proposta de transação penal;
e) a ação penal do crime de lesão corporal leve praticado no âmbito desta lei será pública
incondicionada.

032. (FGV/TJ-GO/Analista Judiciário/Psicólogo/2014) “De acordo com o Relatório Mundial so-


bre Violência e Saúde, em 48 pesquisas realizadas com populações de todo o mundo, de 10% a
69% das mulheres relataram ter sofrido agressão física por um parceiro íntimo em alguma oca-
sião de sua vida”. (Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde
apud MORGADO, Rosana. Mulheres em situação de violência doméstica In Brandão, Eduardo &
Gonçalves, Hebe. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: Nau, 2011).
São fatores que se articulam ao fenômeno da violência contra a mulher:
a) a responsabilidade da mulher que não rompe o relacionamento com o agressor, a baixa au-
toestima das mulheres e a banalização da violência doméstica;
b) a dependência econômica das mulheres, a existência de filhos que necessitam do pai e a
falta de assistência de uma rede de assistência às vítimas;
c) a convivência prolongada com relações de violência, a legitimação social para sua perpetu-
ação e a formação de uma identidade de gênero subordinada;
d) a ausência de políticas públicas articuladas sobre o tema, o temor pelo perigo real de morte
na ruptura e a conivência das próprias vítimas;
e) a complacência social com o fenômeno, os baixos índices de punição dos acusados e o
empoderamento das vítimas pela proteção recebida de suas famílias consanguíneas.

033. (FGV/TJ-RJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/ESPECIALIDADE PSICÓLOGO/2014) A Lei n.


11.340/2006 (Lei Maria da Penha) configura o fenômeno da violência doméstica e familiar
contra a mulher como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em que exista a relação íntima de afeto entre homem e mulher, na qual o agressor conviva
ou tenha convivido com a ofendida em coabitação.
Com base nas considerações acima, está correto o que se afirma em:

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a) somente I;
b) somente I e II;
c) somente I e III;
d) somente II e III;
e) I, II e III

034. (FGV/TJ-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO/PSICOLOGIA/2015) A Lei n. 11.340/2006 (Lei Ma-


ria da Penha) configura como violência doméstica e familiar contra a mulher:
a) qualquer ação que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e da-
nos morais;
b) qualquer omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento sexual ou psicológico e da-
nos morais;
c) qualquer ação e omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento sexual e danos morais;
d) qualquer ação ou omissão, independentemente da relação de gênero, que lhe cause morte,
lesão, sofrimento sexual e dano patrimonial ou moral;
e) qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

035. (FGV/DPE-MT/PSICÓLOGO/2015) Sabe-se que a violência doméstica contra a mulher


é um fenômeno social grave, que traz inúmeras consequências físicas e psicológicas para as
vítimas e também para as crianças e adolescentes que a presenciam.
A esse respeito, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

 (  ) As relações de violência doméstica contra a mulher costumam alternar momentos de


violência com os de sedução, afeto, arrependimento, etc., sendo permeadas, portanto,
por sentimentos ambivalentes e contraditórios.
 (  ) A convivência prolongada com relações de violência, a legitimação social para sua per-
petuação e a formação de uma identidade de gênero depreciada formam um campo
propício para a internalização da banalização da violência sofrida pela mulher.
 (  ) Mesmo enfrentando condições ainda extremamente desfavoráveis, as mulheres po-
dem construir, individual e coletivamente, estratégias de ruptura face às condições de
violência, não devendo ser vista simplesmente como vítimas passivas.

As afirmativas são, respectivamente,


a) V, V e F.
b) V, V e V.
c) F, V e V.
d) V, F e V.
e) V, F e F.

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GABARITO
1. E
2. c
3. e
4. c
5. c
6. c
7. b
8. a
9. C
10. d
11. C
12. C
13. C
14. C
15. C
16. E
17. b
18. e
19. E
20. e
21. C
22. C
23. c
24. E
25. c
26. d
27. d
28. a
29. e
30. c
31. e
32. c
33. b
34. e
35. b

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GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/STJ/2018) Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurispru-
dência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue.
Em se tratando de crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher, se a condenação
for privativa de liberdade por até um ano, poderá o juiz substituí-la por pena de prestação pecu-
niária ou pagamento isolado de multa.

De forma alguma. A Lei n. 11340/06, em seu artigo 17 prevê exatamente o contrário:

É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o
pagamento isolado de multa.
Errado.

002. (CESPE/SEFAZ-RS/2018) Assinale a opção que apresenta medida protetiva de urgência


a ser aplicada ao agressor no caso de constatação da prática de violência doméstica contra a
mulher, conforme o disposto na Lei Maria da Penha – Lei n. 11.340/2006.
a) transferência para outra comarca
b) prestação de serviços em creches e asilos
c) proibição de aproximação ou contato com familiares da ofendida
d) pagamento de multa
e) pagamento de cestas básicas

Conforme consta da Lei Maria da Penha:

Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente,
nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de dis-
tância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da
ofendida;

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IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Letra c.

003. (SEFAZ-RS/AUDITOR DO ESTADO/2018) A Lei Maria da Penha estabelece deveres a


serem observados pela autoridade policial no atendimento à mulher em situação de violência
doméstica. A respeito desse assunto, julgue os seguintes itens.
I – A mulher deverá ser mantida no lar com escolta policial até que seja encerrado o inquérito
ou até que seja concedida medida protetiva de urgência.
II – A autoridade policial deverá garantir que a mulher não tenha contato direto com o agressor
ou com pessoas a ele relacionadas, salvo se por meio de familiares e testemunhas.
III – É direito da mulher o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado
por servidores – preferencialmente do sexo feminino – previamente capacitados.
IV – A autoridade policial deverá garantir que não haja revitimização da mulher que tenha sofri-
do violência familiar, evitando sucessivas inquirições sobre sua vida privada.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e IV estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Apenas os itens III e IV estão certos.

I – Errado.

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
medidas protetivas de urgência, entre outras:
II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

II – Errado.

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta
Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
medidas protetivas de urgência, entre outras:
III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de dis-
tância entre estes e o agressor;

III – Certo.

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Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial
e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino
- previamente capacitados.

IV – Certo.

Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial
e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino
- previamente capacitados.
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de
violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
(Incluído pela Lei n. 13.505, de 2017) (...)
III – não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbi-
tos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
Letra e.

004. (CESPE/DPE-PE/2018) Com relação aos instrumentos previstos na Lei Maria da Penha,
assinale a opção correta.
a) A violência patrimonial contra a mulher se restringe à destruição total de seus documentos
pessoais e dos bens e recursos econômicos destinados a satisfazer as suas necessidades.
b) Alguém da convivência da mulher que lhe cause dano moral ou patrimonial não comete cri-
me, porque essas atitudes, à luz da lei, não são consideradas violência doméstica ou familiar.
c) A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma forma de violação de direi-
tos humanos.
d) Para fins legais, a comprovação da relação íntima de afeto entre o agressor e a ofendida
depende de coabitação.
e) A legislação especial, ao se referir à violência moral, não inclui condutas que configurem a
calúnia, a difamação ou a injúria.

a) Errada. A violência patrimonial contra a mulher NÃO se restringe à destruição total de seus
documentos pessoais e dos bens e recursos econômicos destinados a satisfazer as suas ne-
cessidades. O artigo 7º da Lei explica quais:

são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:


I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde cor-
poral; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional
e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, cons-
trangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, in-
sulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

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III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros-
tituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

b) Errada.

Art. 5º Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão base-
ada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

c) Certa. Exatamente o que prevê o artigo 6º da Lei:

A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos
humanos.

e) Errada. O artigo 7º traz expressamente as formas de violência contra a mulher, e dentre elas,
destaca-se:

V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Letra c.

005. (CESPE/PC-MA/2018) Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer


ação ou omissão que, baseada no gênero, lhe cause sofrimento físico e que ocorra
a) dentro da residência da vítima, desde que o agressor seja do sexo masculino.
b) em relação íntima de afeto, somente se o agressor ainda conviver com a vítima.
c) em relação íntima de afeto, independentemente da coabitação dos envolvidos.
d) no âmbito da unidade doméstica, desde que o agressor seja pessoa da família.
e) no âmbito da família, salvo se o agressor não possuir laços naturais com a vítima.

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Nos termos do artigo 5º da Lei Maria da Penha:

configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gêne-
ro que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Letra c.

006. (CESPE/DPE-AL/2017) Maria denunciou seu esposo, Antônio, por ele ter insistido em
manter relação sexual com ela, contra a sua vontade, após chegar em casa embriagado.
Maria afirmou, ainda, que Antônio, diante de sua recusa, a agrediu verbalmente, dirigindo-lhe
palavras insultuosas.
Antônio foi condenado, mas a sua defesa recorreu, alegando nulidade do pedido e requerendo
absolvição por falta de condição de procedibilidade da ação penal ante a ausência de repre-
sentação formal da vítima.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) A situação em apreço se refere a crime de injúria com violência doméstica contra a mulher,
razão por que a ação penal pode ser iniciada a qualquer tempo.
b) O crime em questão é de ação pública condicionada e só pode ir adiante se Maria fizer uma
representação formal.
c) O fato de Maria ter registrado a ocorrência e pedido providências supre o requisito da re-
presentação.
d) A ação penal será arquivada se Maria desistir do registro da ocorrência policial em audiência
especial perante o juiz e o representante do Ministério Público.
e) A ausência de lesão corporal impossibilita que o fato em questão seja abrangido pelas nor-
mas tutelares da Lei Maria da Penha.

Em relação à assertiva correta, letra “c”, o STJ vem entendendo que:

nos crimes de ação penal pública condicionada, não exige maiores formalidades, sendo
suficiente a demonstração inequívoca de que a vítima tem interesse na persecução penal,
dispensando-se a necessidade da existência nos autos de peça processual com esse título,
sendo suficiente que a vítima ou seu representante legal leve o fato aos conhecimentos

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das autoridades. (AgRg no HC 435.751/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 23/08/2018, DJe 04/09/2018).

Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei,
só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente desig-
nada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público (Art.
16). E ainda, segundo o entendimento pacificado através da Súmula 542 do STJ:

a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra
a mulher é pública incondicionada.

Letra c.

007. (CESPE/DPE-AL/2017) Considerando a Lei Maria da Penha e o entendimento dos tribu-


nais superiores acerca de crimes contra a mulher, assinale a opção correta.
a) A Lei Maria da Penha não estabelece medidas próprias para o descumprimento de medidas
protetivas, devendo-se, nesse caso, responsabilizar o agente pelo crime de desobediência.
b) Em caso de violência contra mulher, para que se aplique a Lei Maria da Penha, deverá ser
demonstrada a situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência da vítima, sob a perspectiva
de gênero.
c) As medidas protetivas de urgência têm natureza cautelar e temporária, sendo vinculadas à
existência, presente ou potencial, de processo-crime ou ação principal contra o agressor.
d) A agravante relativa à violência contra a mulher prevista no Código Penal (CP) não se aplica
de modo conjunto com outras disposições da Lei Maria da Penha, sob pena de acarretar o
bis in idem.
e) Ato de violência física contra mulher, em ambiente doméstico, acarreta pena de prisão sim-
ples ou de multa, admitindo-se que o magistrado fixe apenas a pena pecuniária.

a)Ao contrário do afirmado do enunciado, a Lei Maria da Penha prevê medidas próprias para o
descumprimento das medidas protetivas:

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher,
a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências
legais cabíveis.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva
de urgência deferida.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta
Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
medidas.

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§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.

b)Apesar de discussões jurisprudenciais, a jurisprudência STJ:

orienta-se no sentido de que para que a competência dos Juizados Especiais de Vio-
lência Doméstica seja firmada, não basta que o crime seja praticado contra mulher no
âmbito doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do acusado seja de gênero,
ou que a vulnerabilidade da ofendida seja decorrente da sua condição de mulher.
(AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
23/08/2018, DJe 31/08/2018)

d)Conforme entendimento do STJ:

a aplicação da agravante prevista no art. 61, II, f, do CP, de modo conjunto com outras dis-
posições da Lei n. 11.340/06 não acarreta bis in idem.

Vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. LESÃO CORPORAL DE


NATUREZA GRAVE E AMEAÇA. AGRAVANTE DO ARTIGO 61, II, “F”, DO CÓDIGO PENAL.
RITO DA LEI MARIA DA PENHA. BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. 1. Nos termos do entendi-
mento desta Corte Superior, “a aplicação da agravante prevista no art. 61, II, f, do CP, de
modo conjunto com outras disposições da Lei n. 11.340/06 não acarreta bis in idem, pois
a Lei Maria da Penha visou recrudescer o tratamento dado para a violência doméstica e
familiar contra a mulher” (AgRg no AREsp 1079004/SE, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIOR-
NIK, QUINTA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 28/06/2017).(...) (AgRg no AREsp
1157953/SE, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
17/10/2017, DJe 27/10/2017).

Letra b.

008. (CESPE/MPE-RR/2018) Tendo em vista que a violência doméstica contra a mulher ainda
é um problema social grave no Brasil, apesar da sua redução com o advento da Lei Maria da
Penha, assinale a opção correta com relação aos crimes advindos da prática de violência con-
tra a mulher no âmbito doméstico e familiar.
a) O feminicídio, homicídio praticado contra a mulher em razão do seu sexo, consiste na vio-
lência doméstica e familiar ou no menosprezo ou discriminação à condição de mulher, com
hipóteses de aumento de pena por circunstâncias fáticas específicas.
b) O processamento de crimes praticados em situação de violência doméstica se dá por meio
de ação penal de iniciativa pública incondicionada, segundo entendimento do STF.

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c) O crime de estupro é processado por meio de ação penal de iniciativa pública condicionada
à representação, da qual a vítima pode retratar-se mesmo após o oferecimento da denúncia.
d) Os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher estão taxativamente elencados
na Lei Maria da Penha.

a)Nos termos do artigo 121, §2º- A, incisos I e II, do Código Penal,

Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:


I – violência doméstica e familiar; e
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

b)Segundo o STF:

Os crimes de lesão corporal praticados contra a mulher no âmbito doméstico e familiar


são de ação penal pública e incondicionada.

A questão trata como incondicionada todas as espécies de crime, independentemente de se-


rem de lesão corporal, injúria etc.

c)O artigo 16 da Lei prevê que:

Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida, só será admitida a renúncia
à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

d)O Artigo 1º da Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais
ratificados pela República Federativa do Brasil. Em continuidade, o artigo 4º prevê que na inter-
pretação da Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as
condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Logo, a as-
sertiva está incorreta ao afirmar que existe uma lista taxativa no corpo da Lei Maria da Penha.
Letra a.

009. (CESPE/TJ-PR/2017/ADAPTADA) Com base na jurisprudência do STF sobre violência


doméstica e familiar, julgue o item abaixo.
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher são inaplicáveis as
normas tutelares despenalizadoras da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

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Súmula 536 STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se apli-
cam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Certo.

010. (CESPE/PC-GO/2017) À luz do posicionamento jurisprudencial e doutrinário dominantes


acerca das disposições da Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), assinale a opção correta.
a) Caracteriza o crime de desobediência o reiterado descumprimento, pelo agressor, de medi-
da protetiva decretada no âmbito das disposições da Lei Maria da Penha.
b) Em se tratando dos crimes de lesão corporal leve e ameaça, pode o Ministério Público dar
início a ação penal sem necessidade de representação da vítima de violência doméstica.
c) No caso de condenação à pena de detenção em regime aberto pela prática do crime de
ameaça no âmbito doméstico e familiar, é possível a substituição da pena pelo pagamento
isolado de multa.
d) No âmbito de aplicação da referida lei, as medidas protetivas de urgência poderão ser con-
cedidas independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público,
o qual deverá ser prontamente comunicado.
e) Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na violência havida em relações homoafetivas
se o sujeito ativo é uma mulher.

a) Errada. O Artigo 24-A, incluído em 2018 na Lei Maria da Penha prevê medidas em caso de
descumprimento de medidas protetivas.
b) Errada. A ação penal prevista na Lei Maria da Penha. No entanto os crimes de lesão corporal
“praticados contra a mulher no âmbito doméstico e familiar são de ação penal pública e incon-
dicionada”, nos termos do entendimento do STF e do STJ.
c) Errada. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher,
de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena
que implique o pagamento isolado de multa (art. 17).
d) Certa.

Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente
de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente
comunicado.

e) Errada.

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Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial:

“(...) A intervenção do juiz cível, usando de cautelares previstas ou não na Lei Maria da Penha
previstas, se dá por seu poder geral de cautela, ínsito à jurisdição, mas exclusivamente em
feitos de sua competência. 4. O relevantíssimo interesse de proteção a toda relação afetiva
(mesmo homoafetiva, mesmo em violências que não envolvam o binômio agressor homem
e vítima mulher), de valorização do gênero como autocompreensão na sociedade, de evi-
tação a toda forma de violência e de mais forte intervenção estatal em favor do vulnerável,
exige ampliações pela via da alteração legislativa. (...)”REsp 1623144 /MG

Letra d.

011. (CESPE/PC-DF/2013) No que se refere aos crimes hediondos (Lei n. 8.072/1990) e à


violência doméstica e familiar sobre a mulher (Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha), julgue
os itens seguintes.
Se duas mulheres mantiverem uma relação homoafetiva há mais de dois anos, e uma delas
praticar violência moral e psicológica contra a outra, tal conduta estará sujeita à incidência da
Lei Maria da Penha, ainda que elas residam em lares diferentes.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial:
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Segundo o STJ:

(...) 5. A Lei Maria da Penha atribuiu às uniões homoafetivas o caráter de entidade fami-
liar, ao prever, no seu artigo 5º, parágrafo único, que as relações pessoais menciona-
das naquele dispositivo independem de orientação sexual. (...)” (REsp 827.962/RS, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe
08/08/2011)

Certo.

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012. (CESPE/PC-BA/2013) Julgue o próximo item, que versa sobre discriminação étnica e
violência doméstica e familiar contra a mulher.
Um indivíduo que calunia a própria esposa comete contra ela violência doméstica e familiar.

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, cons-
trangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, in-
sulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros-
tituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Certo.

013. (CESPE/TJ-AC/2012) Acerca das leis penais extravagantes, julgue os itens subsecutivos,
de acordo com o magistério doutrinário e jurisprudencial dominantes.
Para a caracterização de violência doméstica e familiar contra a mulher, conceitua-se como
unidade doméstica o local onde haja o convívio permanente de pessoas, inclusive as esporadi-
camente agregadas, em típico ambiente familiar, sem necessidade de vínculo natural ou civil.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas.
Certo.

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014. (CESPE/PC-AL/2012) Julgue os itens a seguir, com base a Lei Maria da Penha, que dis-
põe sobre violência doméstica e familiar contra a mulher.
Conforme a referida lei, consideram-se violência sexual as ações ou omissões que impeçam
a mulher de usar qualquer método contraceptivo ou que a forcem à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação.

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros-
tituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
Certo.

015. (CESPE/PC-AL/2012) É expressamente previsto na lei o dever de a autoridade policial


acompanhar a ofendida, de forma a assegurar-lhe, se houver necessidade, o direito de retirar
seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar.

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade poli-
cial deverá, entre outras providências:
(...) IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local
da ocorrência ou do domicílio familiar;(...)
Certo.

016. (CESPE/PC-AL/2012) A Lei Maria da Penha incide apenas nos casos em que a violência
doméstica e familiar contra a mulher, que consiste em ação ou omissão, baseada no gênero,
que resulte em morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimo-
nial, é praticada no âmbito da unidade doméstica.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

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III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos.
Letra e.

017. (CESPE/PC-GO/2017) Júlio, durante discussão familiar com sua mulher no local onde
ambos residem, sem justo motivo, agrediu-a, causando-lhe lesão corporal leve.
Nessa situação hipotética, conforme a Lei n.º 11.340/2006 e o entendimento do STJ,
a) a ofendida poderá renunciar à representação, desde que o faça perante o juiz.
b) a ação penal proposta pelo Ministério Público será pública incondicionada.
c) a autoridade policial, independentemente de haver necessidade, deverá acompanhar a víti-
ma para assegurar a retirada de seus pertences do domicílio familiar.
d) Júlio poderá ser beneficiado com a suspensão condicional do processo, se presentes todos
os requisitos que autorizam o referido ato.
e) Júlio poderá receber proposta de transação penal do Ministério Público, se houver anuên-
cia da vítima

Súmulas 542 e 536 STJ, respectivamente:

A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra
a mulher é pública incondicionada.
A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei,
só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada
com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Letra b.

018. (CESPE/PC-GO/2016) De acordo com as disposições da Lei n.º 11.340/2006 – Lei Maria
da Penha –, assinale a opção correta.
a) No caso de mulher em situação de violência doméstica e familiar, quando for necessário o
afastamento do local de trabalho para preservar a sua integridade física e psicológica, o juiz
assegurará a manutenção do vínculo trabalhista por prazo indeterminado.
b) Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz determinará a proibição temporária da celebração de atos e con-
tratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo se houver procurações
previamente conferidas pela ofendida ao agressor.

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c) A referida lei trata de violência doméstica e familiar em que, necessariamente, a vítima é


mulher, e o sujeito ativo, homem.
d) Na hipótese de o patrão praticar violência contra sua empregada doméstica, a relação em-
pregatícia impedirá a aplicação da lei em questão.
e) As formas de violência doméstica e familiar contra a mulher incluem violência física, psico-
lógica, sexual e patrimonial, que podem envolver condutas por parte do sujeito ativo tipificadas
como crime ou não.

Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua
integridade física e psicológica:
I – acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou
indireta;
II – manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por
até seis meses.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: II
- proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de proprie-
dade em comum, salvo expressa autorização judicial;
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, espe-
cialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Art. 5, p. único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Letra e.

019. (CESPE/TRT - 8ª REGIÃO/2016/ADAPTADA) Com base na legislação penal, julgue o


item abaixo.
A coabitação entre os sujeitos ativo e passivo é condição necessária para a aplicação da Lei
Maria da Penha no âmbito das relações íntimas de afeto.

A lei se aplica em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convi-
vido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Errado.

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020. (CESPE/TJ-AM/2016) Com relação às disposições da Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da


Penha –, assinale a opção correta.
a) Para os efeitos da referida lei, a configuração da violência doméstica e familiar contra a mu-
lher depende da demonstração de coabitação da ofendida e do agressor.
b) Os juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher têm competência
exclusivamente criminal.
c) É tido como o âmbito da unidade doméstica o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, salvo as esporadicamente agregadas.
d) A ofendida poderá entregar intimação ou notificação ao agressor se não houver outro meio
de realizar a comunicação.
e) Considera-se violência sexual a conduta de forçar a mulher ao matrimônio mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação, assim como a conduta de limitar ou anular o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos.

A lei se aplica em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convi-
vido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Súmula 600 STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º
da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à pros-
tituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
Letra e.

021. (NUCEPE/PC-PI/2018/ADAPTADA) No que diz respeito aos crimes contra a honra, é


possível afirmar que:
É crime injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, mas o legislador pátrio enten-
deu que o juiz pode deixar de aplicar a pena, quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria ou no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

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§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Certo.

022. (NUCEPE/PC-PI/2018/ADAPTADA) No que diz respeito aos crimes contra a honra, é


possível afirmar que:
Caso o crime contra a honra tenha como vítima um funcionário público, em razão de suas fun-
ções, a pena será aumentada.

Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes
é cometido:
(...) II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
Certo.

023. (CONSULPAM/SURGP/2014) Tomando por base os tipos penais de crimes contra a hon-
ra, complete as lacunas abaixo para, ao final, escolher a sequência CORRETA:
I – Imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação.
II – Ofender alguém em sua dignidade ou o decoro.
III – Imputar falsamente a alguém fato definido como crime.
a) injúria, difamação, calúnia.
b) difamação, calúnia, injúria.
c) difamação, injúria, calúnia.
d) calúnia, injúria, difamação.

Estamos diante de crimes contra honra. Vejamos:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Letra c.

024. (UFMT/DPE-MT/2016/ADAPTADA) A respeito dos crimes contra a honra, insculpidos no


Código Penal, é correto afirmar que:
Configura o crime de injúria imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação.

Na verdade, a questão está se referindo ao crime de difamação, e não de injúria.

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Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Errado.

025. (FCC/TRT - 18ª REGIÃO/2014) Quanto à injúria, é correto afirmar que


a) a pena é aumentada de 1/3 se o crime é cometido contra pessoa portadora de deficiência.
b) absorve o crime de lesão corporal, se consiste em violência que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, possa ser considerada aviltante.
c) há extinção da punibilidade quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamen-
te a ofensa.
d) não responde pelo crime quem dá publicidade a conceito desfavorável emitido por funcioná-
rio público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
e) admissível a retratação, se verificada até o recebimento da denúncia.

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Letra c.

026. (FCC/TRT - 6ª REGIÃO/2015) A manifestação do advogado, no exercício de sua ativida-


de, em juízo ou fora dele, é acobertada por imunidade nos crimes de
a) difamação e desacato.
b) injúria e calúnia.
c) injúria e desacato.
d) difamação e injúria.
e) desacato e calúnia.

Lei 8.906.

Art. 7º § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desaca-
to puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele,
sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
Art. 142 CP - Não constituem injúria ou difamação punível:
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
Letra d.

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Violências de Gênero
Patrícia Maciel

027. (TRT 2R-SP/TRT - 2ª REGIÃO/2013) Qual das figuras abaixo significam, respectivamen-
te: imputar falsamente fato definido com o crime e ofender a dignidade e o decoro. Aponte a
alternativa correta.
a) calúnia e difamação.
b) injúria e calúnia.
c) injúria e difamação.
d) calúnia e injúria.
e) difamação e injúria.

Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Letra d.

028. (VUNESP/TJ-SP/2015) A respeito da retratação nos crimes contra a honra, pode- -se afir-
mar que fica isento de pena o querelado que, antes da sentença, retrata-se cabalmente
a) da calúnia ou difamação.
b) da calúnia, injúria ou difamação.
c) da injúria ou difamação.
d) da calúnia ou injúria.

Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação,
fica isento de pena.
Letra a.

029. (FCC/TJ-AL/2015) Admissível a exceção da verdade e a retratação, respectivamente,


nos crimes de
a) falso testemunho e calúnia.
b) injúria e calúnia.
c) injúria e falso testemunho.
d) difamação e injúria.
e) difamação e falso testemunho.

Calúnia Exceção da verdade:

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§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sen-
tença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. I do art. 141;
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Difamação Exceção da verdade:

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a


ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Letra e.

030. (TJ-AC/TJ-AC/2014) Quando o agente imputa ou atribui a alguém falsamente a prática


de fato definido como crime, acaba praticando:
a) injúria
b) difamação
c) calúnia
d) injúria real

Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Letra c.

031. (FGV/TJ-SC/TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR/2015) Visando coibir e prevenir a violên-


cia doméstica e familiar contra a mulher, foi promulgada a Lei n. 11.340/06, popularmente
conhecida como Lei Maria da Penha. O diploma legal, com o objetivo de conferir tratamento
mais rigoroso aos autores de crimes praticados nessa situação, trouxe um procedimento pro-
cessual penal com algumas peculiaridades. Sobre esse procedimento, de acordo com a juris-
prudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que:
a) não cabe retratação da representação já ofertada pela vítima mulher;
b) poderá eventual pena privativa de liberdade ser substituída por restritiva de direito de paga-
mento de cesta básica;
c) caberá retratação perante a autoridade policial da representação já ofertada;
d) preenchidos os requisitos legais, cabe oferecimento de proposta de transação penal;
e) a ação penal do crime de lesão corporal leve praticado no âmbito desta lei será pública
incondicionada.

• É possível retratação em audiência. Art. 16, Lei 11.340/06


• Súmula 536 do STJ
Letra e.

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032. (FGV/TJ-GO/Analista Judiciário/Psicólogo/2014) “De acordo com o Relatório Mundial so-


bre Violência e Saúde, em 48 pesquisas realizadas com populações de todo o mundo, de 10% a
69% das mulheres relataram ter sofrido agressão física por um parceiro íntimo em alguma oca-
sião de sua vida”. (Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde
apud MORGADO, Rosana. Mulheres em situação de violência doméstica In Brandão, Eduardo &
Gonçalves, Hebe. Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: Nau, 2011).
São fatores que se articulam ao fenômeno da violência contra a mulher:
a) a responsabilidade da mulher que não rompe o relacionamento com o agressor, a baixa au-
toestima das mulheres e a banalização da violência doméstica;
b) a dependência econômica das mulheres, a existência de filhos que necessitam do pai e a
falta de assistência de uma rede de assistência às vítimas;
c) a convivência prolongada com relações de violência, a legitimação social para sua perpetu-
ação e a formação de uma identidade de gênero subordinada;
d) a ausência de políticas públicas articuladas sobre o tema, o temor pelo perigo real de morte
na ruptura e a conivência das próprias vítimas;
e) a complacência social com o fenômeno, os baixos índices de punição dos acusados e o
empoderamento das vítimas pela proteção recebida de suas famílias consanguíneas.

Apesar de a questão ter sido aplicada em concurso para o cargo de psicólogo, não custa des-
tacar que a convivência prolongada com relações de violência, a legitimação social para sua
perpetuação e a formação de uma identidade de gênero subordinada são fatores que se arti-
culam ao fenômeno da violência contra a mulher.
Letra c.

033. (FGV/TJ-RJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/ESPECIALIDADE PSICÓLOGO/2014) A Lei n.


11.340/2006 (Lei Maria da Penha) configura o fenômeno da violência doméstica e familiar
contra a mulher como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em que exista a relação íntima de afeto entre homem e mulher, na qual o agressor conviva
ou tenha convivido com a ofendida em coabitação.
Com base nas considerações acima, está correto o que se afirma em:
a) somente I;
b) somente I e II;
c) somente I e III;

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d) somente II e III;
e) I, II e III

Lei 11.340:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Letra b.

034. (FGV/TJ-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO/PSICOLOGIA/2015) A Lei n. 11.340/2006 (Lei Ma-


ria da Penha) configura como violência doméstica e familiar contra a mulher:
a) qualquer ação que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e da-
nos morais;
b) qualquer omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento sexual ou psicológico e da-
nos morais;
c) qualquer ação e omissão que lhe cause morte, lesão, sofrimento sexual e danos morais;
d) qualquer ação ou omissão, independentemente da relação de gênero, que lhe cause morte,
lesão, sofrimento sexual e dano patrimonial ou moral;
e) qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psico-
lógico e dano moral ou patrimonial
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pes-
soas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofen-
dida, independentemente de coabitação.

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Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos.
Letra e.

035. (FGV/DPE-MT/PSICÓLOGO/2015) Sabe-se que a violência doméstica contra a mulher


é um fenômeno social grave, que traz inúmeras consequências físicas e psicológicas para as
vítimas e também para as crianças e adolescentes que a presenciam.
A esse respeito, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

 (  ) As relações de violência doméstica contra a mulher costumam alternar momentos de


violência com os de sedução, afeto, arrependimento, etc., sendo permeadas, portanto,
por sentimentos ambivalentes e contraditórios.
(  ) A convivência prolongada com relações de violência, a legitimação social para sua per-
petuação e a formação de uma identidade de gênero depreciada formam um campo
propício para a internalização da banalização da violência sofrida pela mulher.
(  ) Mesmo enfrentando condições ainda extremamente desfavoráveis, as mulheres po-
dem construir, individual e coletivamente, estratégias de ruptura face às condições de
violência, não devendo ser vista simplesmente como vítimas passivas.

As afirmativas são, respectivamente,


a) V, V e F.
b) V, V e V.
c) F, V e V.
d) V, F e V.
e) V, F e F.

Essa questão também foi aplicada em concurso para o cargo de psicólogo, mas traz algumas
peculiaridades sobre a violência contra mulher, sob a ótica da psicologia, corroborando a pre-
visão da Lei. Assim, todas as assertivas acima estão corretas.
Letra b.

Patrícia Maciel
Advogada. Professora em cursos de graduação e de preparação para concursos públicos. Mestranda em
Educação. Pós-graduada em Direito Tributário pela Rede de Ensino UNIDERP – LFG. Ex-vice-presidente da
Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Taguatinga – OAB/DF.

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