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FABAPAR - FACULDADE BATISTA DO PARANÁ

FICHA DE DISCIPLINA: INFLUÊNCIAS DAS TEOLOGIAS ATUAIS NO


CONTEXTO BRASILEIRO – PROF. ALAN MYATT
ALUNO: ANTONIO ELIAS SILVA NETO
DATA: 10/03/2019
LIVRO: A TEOLOGIA DO SÉCULO XX E OS ANOS CRÍTICOS DO SÉCULO 21
– DEUS E O MUNDO NUMA ERA LIQUIDA
% DA LEITURA COMPLETADA: 50%
IDEIAS CHAVES:

1. A TEOLOGIA E A TRANSIÇÃO DAS CULTURAS MODERNA PARA A PÓS-


MODERNA. (Prefácio - Pg. 9 e 10).
O que gerou a transição entre as culturas Medievais-Moderna-Pós
Moderna?

Os autores prefaciam a obra apresentando, inicialmente, características


fundamentais da aplicação e do movimento da teologia na história. Exprimem
um conceito para a mesma, apontando a reflexão intelectual sobre os elementos
da fé cristã como um papel fundamental da teologia: o ato, o conteúdo, e as suas
implicações. Os autores também expressam a sua continuidade, pois a teologia
é uma tarefa claramente contextual, atuante num contexto histórico e cultural
específico.
O movimento da teologia pela tríplice estrutura - o evangelho bíblico, a
tradição da igreja, e as formas de pensamento do mundo contemporâneo - visa
oferecer uma contínua atualização da apresentação e aplicação da confissão
cristã, diante de uma realidade contextual mutável. Desta forma, a fé cristã
continuará a ser relevante para as gerações. E este movimento da teologia é o
desafio dos teólogos de todas as gerações. A partir daí, Stanley Grenz e Roger
Olson orientam que a obra apresentará os principais teólogos dos movimentos
teológicos das últimas décadas, empregando de fato uma história, e não uma
mera sinopse dos pensadores.
Ainda no prefácio, os autores apontam para o eixo central da obra: a
transição da cultura moderna para a evocada cultura pós-moderna. Aqui, a
análise do Iluminismo é de suma importância na obra, pois é o elemento que
pavimenta o caminho para a era moderna. Assim, também, os autores observam
o futuro e decepcionante processo de erosão e declínio da modernidade, que
corroeu-se pelo Existencialismo, a Nova Física, o Feminismo e o
Desconstrucionismo. Esta realidade conduz a humanidade ao questionamento
existencial como nunca se fez, transparecendo uma ansiedade cativante em
buscas por transcendência e significados para sua existência, uma esperança
que esteja além da autossuficiência cientifica e iluminista.
Por fim, os autores apontam para a questão teológica central que deu o rumo
à teologia do século 20, e norteará o texto de toda o livro: a tensão criativa
apresentada pelas verdades da transcendência e imanência divinas.

2. A NECESSIDADE DE EQUILIBRIO ENTRE AS VERDADES BIBLICAS DA


TRANSCEDÊNCIA E IMANÊNCIA DIVINA. (Introdução - Pg.11-13)

Por que era necessário equilibrar-se a Imanência e transcendência divina?


Qual o seu significado teológico?

Como exposto anteriormente, a questão da transcendência e imanência


divinas é o elemento central da estruturação teológica nas últimas eras. Nesse
ponto da obra, os autores apresentam os conceitos gerais de imanência e
transcendência, expondo versículos bíblicos que revelam estes atributos divinos.
Nota-se que o desafio essencial dos teólogos de todas as eras é a articulação
do entendimento da natureza de Deus de um modo que equilibre, afirme e
sustente a realidade da transcendência, facilitando adequadamente a relação
entre a teologia, a razão e a cultura. Um desiquilíbrio na ênfase dos temas, onde
houvesse uma orientação teológica apenas em um dos dois temas, resultaria em
um aprisionamento da teologia à cultura, ou a tornaria irrelevante na cultura,
dependendo do tema priorizado. Ou seja, um estado de instabilidade na
orientação teológica.
Os autores da obra esclarecem, ainda na introdução, a fixação cronológica
do início da teologia do século 20. Informam que apesar da datação lógica
(1901), a teologia do novo século surgiu de um processo temporal complexo,
delimitado por dois momentos caracterizados por fatores teóricos e históricos.
Tomando como base o fator teórico, o início da teologia do Século 20 seguiria a
lógica temporal (1901), e dessa forma, a mentalidade imanente do século
anterior ainda estaria vigente. No entanto, para os autores, os eventos do início
do século 20, como as guerras e as crises, mudaram o mundo para sempre.
Todo o otimismo dos séculos anteriores foi perdido, as atrocidades da 1ª guerra,
e os conflitos que se seguiram no século confirmaram o pessimismo intelectual
e a perda da vida cultural, que abalou permanentemente as estruturas da
teologia. Assim, os autores fixam, como marco cronológico, o início da Teologia
do Século 20 no ano de 1914, apesar de ser resultado de um longo processo
histórico, que remete à idade da Razão.

3. O ILUMINISMO: A “Elevação do Ser Humano” e a Destruição do


Equilíbrio Clássico (Pg. 15 a 20)

Quais as consequências impostas pelo Iluminismo ao Cristianismo?

A era da razão, ou Iluminismo, alterou de modo permanente e irreversível o


pensamento medieval. Todas as estruturas teológicas, filosóficas e culturais
medievais foram abaladas pela revolução causada pela manifestação iluminista
do século 16. Os autores apresentam um par de eventos que marcam o inicio da
era da Razão. Primeiramente, no início do século 17, de modo sociopolítico, tem-
se como um propicio marco a Paz de Westfália (1648), que findou a Guerra dos
30 anos. Já no campo intelectual, tem-se a obra de Francis Bacon (1561-1626),
que se associa como marco importante da Era da Razão. Já o fim da Era está
alocado pelos historiadores no fim do século 18.
A obra apresenta diversos fatores que retratam com clareza o rompimento do
Iluminismo, da Era da Razão, com o pensamento da Era Medieval. Os antigos
dogmas, pertencentes ao sistema recebido através da doutrina da igreja, não
foram mais aceitos pelos pensadores iluministas. A condição elevada de toda a
humanidade, através de uma antropologia otimista, atribuiu à humanidade
habilidades intelectuais e morais muito superiores aos reconhecidos pela
teologia tradicional, tanto católica quanto protestante. A revelação divina que era
consultada como arbitro supremo da verdade foi substituída, em mérito, pela
razão humana que agora tinha poderes para avaliar e compreender a verdade
oferecida através dessa revelação.
Ainda sobre a “luz da razão”, esta fluía do interior de cada indivíduo, e
superou a hierarquia eclesiástica, destituindo sua autoridade vigente. As
formulações da teologia clássica já não eram mais suficientes para resolver os
debates intelectuais. Agora, todas os temas teológicos seriam postos em prova,
para verificar sua razoabilidade. Como expressa os autores da obra - os
iluministas não se interessavam mais em elaborar argumentos sobre doutrinas
aparentemente irracionais, como a Trindade e a expiação dos pecados através
de Cristo - sustentadas pelo uso de textos bíblicos e pelas decisões dos concílios
eclesiásticos.
Outro campo modificado pelo otimismo Iluminista, foi a percepção das
capacidades morais humanas. Empregou-se grande ênfase sobre a moralidade
e não mais sobre o dogma, pois os poderes do raciocínio humano podiam tanto
descobrir a lei moral natural escrita dentro de cada pessoa quanto levar a
obediência a essa lei.
Por fim, observa-se a delimitação das bases do Iluminismo pelos autores da
obra. Primeiramente, apontam o fato de o Iluminismo ser fruto de uma revolução
filosófica, apontando René Descartes como grande referencial, o grande
defensor do método de investigação que define verdades absolutamente certas.
Introduziu a “dúvida” como o princípio de raciocínio. E com ele, o sujeito
pensante, e não a revelação divina, tornou-se ponto inicial para argumentação
filosófica. A segunda base do sistema iluminista foi o entendimento que este era
fruto, também, de uma revolução cientifica. O iluminismo rejeitou a discussão
medieval do “proposito interior”, considerando-a especulação metafisica. Os
fenômenos passaram a ser descritos em termos de leis da natureza que geravam
resultados quantificáveis. O novo método só aceitava como reais aqueles dados
ou fenômenos do universo que pudessem ser medidos.

4. A RELIGIÃO NO SISTEMA ILUMINISTA (Pg. 23 – 25)

O que foi a Religião Iluminista na Prática?

A crença religiosa foi a área mais afetada pelo iluminismo. Este elevou
acultura acima do domínio da igreja. Criou-se, consequentemente, um contraste
entre a “religião natural” e a “religião revelada”, que fora aos poucos renegada
pela religião natural. A primeira pregava que a existência de Deus e as leis
morais eram racionalmente demonstráveis e conhecidas por todas as pessoas.
Já a “religião revelada”, baseava-se nas doutrinas conforme ensinadas pela
Bíblia e pela igreja. Assim, com o tempo, a “religião natural” ou religião da razão
substituiu o enfoque dogmático e a doutrinário da igreja medieval. John Locke
(1632-1704) foi o precursor intelectual da solidificação e primazia da religião
natural sobre a religião revelada. De seus princípios surgiu o Deísmo, que atuava
como alternativa teológica, e visava reduzir a religião a seus elementos mais
básicos, universais e, portanto, racionais. o Cristianismo, deveriam estar em
conformidade com ela. Como resultado, os vários dogmas da igreja
considerados revelação já não serviam mais de parâmetro. Ao invés disso, as
doutrinas deveriam ser avaliadas através da comparação com a religião da
razão. O resultado foi uma religião que consistia em um número mínimo de
dogmas para se crer, onde o próprio ser humano elevado obteria as verdades
religiosas, chegando até a eliminar a religião revelada.

5. A IMANÊNCIA DE DEUS NA EXPERIENCIA MORAL (Pg. 26 – 34)

Como a Moral Kantiana abalou as estruturas do Iluminismo?

Como se observou nos pontos anteriores, o Iluminismo gerou um grande


problema para a religião. A religião revelada perdera seu lugar, seu proposito e
valor diante da nova Era da Razão. Muitas foram a tentativa de trazer um lugar
especial para a religião na vida humana novamente. Uma primeira possibilidade
foi proposta pelo filosofo alemão Immanuel Kant (1724-1804). Segundo o texto
da obra em comento, Kant apontou o campo prático ou moral da vida como o
lugar apropriado para a religião, que fundamentada na razão prática, oferecia
uma nova tentativa de equilíbrio entre a transcendência e a imanência divinas.
O livro que ele publicou em 1781, Crítica da Razão Pura, estremeceu o
mundo da filosofia e os efeitos intelectuais ainda podem ser sentidos na
atualidade. Kant elevou a mente ao centro do conhecimento humano
(epistemologia), visando colocar a metafisica sobre bases sólidas. Propôs que a
mente possui um papel “ativo” no processo de conhecimento, argumentando que
o processo de conhecimento do mundo externo não pode ser derivado apenas
de experiencias sensoriais. Os sentidos só oferecem os dados brutos que a
mente sistematiza quando acontece o verdadeiro conhecimento. Dentre os
vários conceitos formais, dois são fundamentais: espaço e tempo, que não são
propriedades inerentes aos objetos. Kant também aplicou a distinção entre os
objetos presentes na experiencia do conhecedor humano (phenomena -
fenômenos) e os objetos que estão além dessa experiencia (noumena). Kant
também defendeu a tese da Razão Prática, cortando as asas da razão “pura” ou
especulativa. Ele atesta a tese que o homem é também um ser essencialmente
moral, observando que nossa relação com o mundo não se limita pelo
cientificismo. Daí surge a sua “Religião Racional”, ou seja, o Cristianismo, que
na obra “A Religião Dentro dos Limites da Razão” (1793), move-se da
moralidade. Para ele, religião oferece o objetivo maior da moralidade, pois fala
de um “poderoso Criador de leis morais” cuja vontade “deve ser o motivo maior
de todos os homens”. Conclui-se que Kant, esse livro marcou tanto a
continuação do Iluminismo quanto o rompimento com ele. Apesar de todo
esforço, Kant não se desvencilhou do antropocentrismo iluminista, pois sua
ênfase da imanência divina se concretiza pela razão (pura ou prática) humana,
partindo do interior do indivíduo, e não traz uma palavra do “além”,
transcendente.

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