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Universidade Estadual do Maranhão – UEMA

Núcleo de Tecnologias para a Educação – UEMAnet

Curso de Licenciatura em Música EaD

RELATÓRIO FINAL DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO EM GESTÃO ESCOLAR

ANTONIO ELIAS SILVA NETO

SÃO LUÍS – MARANHÃO

2021
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ANTONIO ELIAS SILVA NETO

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO EM GESTÃO ESCOLAR

Relatório Final de Atividades de Estágio em


Gestão Escolar apresentado ao Curso de
Licenciatura em Música- EaD da
Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA, como exigência para obtenção de
notas na referida disciplina sob a orientação
e supervisão da profª Esp. Francilourdes
Carvalho Pinto Trindade.

SÃO LUÍS – MARANHÃO

2021
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................4

1. Fundamentos e Desafios da Gestão Escolar no Brasil....................................5


2. Instituição Formadora...................................................................................... 9
3. Instituição Concedente.................................................................................... 9

4. ATIVIDADES E TAREFAS DESENVOLVIDAS PELO ESTAGIÁRIO...........10

4.1 Detalhamento das ações realizadas para a realização do Estágio...............10

4.2. Detalhamento das atividades no Estágio.....................................................11

5. PARECER PESSOAL DO ESTAGIÁRIO......................................................13

Referências Bibliográficas..................................................................................15

Anexos...............................................................................................................17
4

INTRODUÇÃO

Como uma das principais bases da sociedade, a educação envolve uma


gama de políticas, modelos, mecanismos e instrumentos para concretizar os
seus processos. Nesse sistema, verifica-se a grande responsabilidade
direcionada às tarefas relacionadas à gestão escolar, dotadas de um contingente
imenso de informações e atividades, que visam o desenvolvimento e a busca da
melhor forma de gerenciar todos os processos escolares. Com o advento da
pandemia de COVID 19, o quadro educacional tornou-se complexo, repleto de
incertezas acerca de sua funcionalidade. No caso específico brasileiro, viveu-se
paralisações, distanciamentos e a dura realidade da experiência de um vácuo
temporal no ensino, produziram excessivos questionamentos acerca do futuro
das escolas, e da manutenção do ensino para a imensa geração de estudantes
no Brasil. Nesse sentido, já apontando o sistema remoto de ensino como uma
possível solução, questiona-se a sua eficácia na transmissão física dos
conteúdos disciplinares diversos, em face de suas naturezas particulares,
dificultando o processo de aprendizagem.
Imersos neste quadro hostil aos processos educacionais, tornou-se
impossível não presenciar pressões públicas e políticas sobre a gestão escolar.
De um lado, havia aqueles que instigavam o retorno das aulas, e do outro lado,
aqueles que temiam as consequências da reabertura. De qualquer forma, ambos
os lados participam da comunidade escolar, e assim como os gestores
escolares, ficaram à mercê das decisões políticas. Por fim, a pergunta mais cara
para o cidadão seria: o que a gestão fará diante deste quadro? Que soluções ela
possui? E todo aquele amontoado de princípios democráticos para a educação,
resolvem agora? Foi exatamente nesse contexto em que se desafiou a relação
teoria/prática dos princípios democráticos educacionais, em meio às diferenças
e discrepâncias no acesso ao aparato tecnológico, e à falta de recursos para a
própria subsistência de muitos. Felizmente, muito se conquistou na prática, e
muitas lições ficaram (e ainda surgem) deste momento, e permanecerão para a
posteridade. É o que pode-se perceber desde a longa caminhada dos
pensadores da educação, das políticas implementadas em décadas, e na
atuação e reação de gestores em meio a pandemia, como se observa a seguir.
5

1. Fundamentos e Desafios da Gestão Escolar Democrática no Brasil.

Os segredos para assegurar a excelência do ensino ofertado estão na


qualidade e na eficiência de sua gestão, uma vez que a gestão educacional
envolve diversas áreas, além do ensino em si. O bom funcionamento de todos
os componentes operacionais da instituição de ensino permitirá aos membros da
comunidade escolar um constante respaldo em suas práticas. Surge então, a
figura da gestão democrática, que possui como pressuposto essencial para o
sucesso educacional, o princípio da participação em seu projeto político
pedagógico.
Essa forma de gerir implica participação, transparência e democracia,
elaborando um bom Projeto Político Pedagógico. Este deve ser realizado
coletivamente, de maneira participativa, com a verba destinada a escola definida
e fiscalizada. E como requerem (MORAIS, LOPES, et al., 2012, p. 2), nesse
contorno, deve-se atuar com responsabilidade nesse quesito das finanças, “além
da divulgação e transparência na prestação de contas e na avaliação
institucional da escola, ou seja, dos (as) professores, gestores, estudantes,
equipe técnica, sem esquecer os cuidados com a eleição direta para o diretor”.
Todas estas iniciativas visam clarear o processo de construção dessa escola
“democrática”, concedendo ainda, a aproximação salutar entre os participantes
da comunidade escolar, orientados pelo Conselho de Escola como referencial1.
No tocante às dimensões específicas “políticas” e “pedagógicas” do
Projeto Político Pedagógico, deve-se salientar a importância de sua coesão, na
cooperação para a implementação do projeto, a partir de suas particularidades.
Ora, como elementos que abrangem o plano sociopolítico e educativo da
coletividade, devem operar de modo recíprocos, numa relação que produza
ações educativas com base no anseio por uma sociedade mais humana e digna.
Destarte, a escola atingirá o seu objetivo, mantendo o seu compromisso

1Conforme Libâneo, “O Conselho de Escola tem atribuições consultivas, deliberativas e fiscais


em questões definidas na legislação estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas
questões, geralmente, envolvem aspectos pedagógicos, administrativos e financeiros”. O autor
detalha que a sua composição contém proporcionalmente a participação dos docentes,
especialistas em educação, funcionários, pais e alunos, segundo a paridade dos integrantes da
escola (50%) e usuários (50%). (LIBÂNEO, C. O sistema de organização e gestão da escola. In:
LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª. ed. Goiânia: Alternativa,
2001).
6

formativo, através da reflexão e discussão contínua de seus problemas


estruturais. Quanto a essa dimensão política, autores destacam a suma
importância de a comunidade escolar prezar pela sua neutralidade partidária na
escolha de seus diretores, visando apenas a qualidade da educação acima dos
interesses políticos. Com este posicionamento salutar, Lück expressa que:

A prática dessa escolha surgiu em contrapartida à indicação de


diretores por políticos, a partir de interesses partidários, que
demonstrou constituir-se em um elemento desvirtuador do princípio de
que a educação das crianças, jovens e adultos está acima dos
interesses de grupos específicos, sejam eles quais forem, que a
qualidade da educação deve realizar-se mediante orientação da mais
elevada competência e conhecimento profissional. No entanto, verifica-
se que nem sempre essa escolha de diretores pela comunidade tem
resultado na mobilização da comunidade escolar na realização de um
trabalho conjunto voltado para a melhoria contínua da educação
ofertada aos alunos da escola. Pelo contrário, há evidências mais ou
menos comuns, de que ocorre, mediante esse procedimento, a
construção de uma cultura de conivência e de condescendência geral
na escola, em detrimento da melhoria necessária. Observa-se ainda
que, acordando para a perda de influência política sobre um importante
grupo social, os políticos passaram a influir diretamente no processo
de escolha pela comunidade escolar, apoiando financeiramente
campanhas desse ou daquele professor candidato, contribuindo, dessa
forma para exacerbar dificuldades na escola e gerar dissenso em seu
interior.
(LÜCK, 2009, p. 9)

Na prática, como atesta a autora, verifica-se que tal neutralidade não se


cumpre, pois comumente percebe-se a manifestação do partidarismo político
aberta, tácita ou implícita dos diretores da educação, nos planejamentos
escolares. É interessante notar, que o ponto essencial desta crítica, concentra-
se no desequilíbrio e na aplicação equivocada da dimensão política na gestão
educacional. Isso fica ainda mais patente, quando se eleva o nível da discussão
política da educação para o campo legislativo. Como analisam (ADRIÃO e
CAMARGO, 2007, p. 63-64), quanto às previsões da CF/88 para o
desenvolvimento da gestão educacional, ao afirmarem que “[...] todo e qualquer
processo legislativo apresenta-se, em essência, como espaço de disputas entre
diferentes interesses, muitas vezes antagônicos, e que a lei, como resultado
daquele processo, expressa a síntese dos conflitos existentes”. Como um
produto de embates, a lei pode promover medidas democratizadoras, mas
apenas isso não garante a sua execução, poisa as conquistas no plano da lei
7

são ambíguas na prática, havendo contradições entre o proposto e o


implementado2.
Quanto a evolução das propostas legislativas aplicadas a Gestão
democrática na educação básica, (NARDI, 2016, p. 487-488) avalia
pontualmente as empreitadas legislativas, delineando-as até a formação da
presente LDB. O autor cita projetos de Lei complementar como, o PLS nº 05, de
2014, de autoria do senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES), e o PLS nº 321, de
2014, de autoria do senador Wilson Matos (PSDB/PR), que visavam
modificações importantes no art. 14 da LDB, versando basicamente sobre
eleição direta ou forma de escolha de dirigentes das escolas públicas, e sobre
conselhos ou colegiados deliberativos, e a escolha de dirigentes e sobre
conselhos escolares. Deve-se salientar, conforme expõem Adrião e Camargo,
que toda iniciativa legislativa deve evidenciar os princípios para uma educação
democrática, e reiteram o fato de que:

[...] é no âmbito da gestão escolar que o princípio da democratização


do ensino se consolida como prática concreta. Portanto, cabe entender
os limites e as possibilidades da lei, menos como expressão de normas
jurídicas e genéricas e mais como instrumento indutor de modificações
de práticas sociais concretas, neste caso, das práticas escolares.
(ADRIÃO e CAMARGO, 2007, p. 71)

Nessa senda legal, fala-se mais em gestão democrática na escola do que


em gestão democrática nos sistemas de ensino (como se observa também no
argumento dos referidos autores, na nota 2). No entanto, parece não haver
respaldo na CF/88, nem na LDB, que preveem, na forma da lei, a gestão
democrática do ensino público como um dos princípios básicos que devem
nortear o ensino3.

2 Pode-se ainda extrair do argumento de Adrião e Camargo, elementos da esfera normativa que
representam o hiato entre a proposição e a implementação de aparatos para a concretização de
uma gestão democrática. Os autores destacam que as medidas legislativas tomadas, pouco ou
nada avançaram quanto “a participação de trabalhadores em educação e usuários das redes
públicas em instâncias decisórias dos sistemas de ensino”. Segundo os autores, isto se deve à
omissão do texto constitucional com relação à definição de diretrizes gerais para a constituição
e gestão dos diferentes sistemas de ensino”, e “pouco ou nada avançando na criação de
procedimentos diferentes dos já existentes”. (ADRIÃO, T.; CAMARGO, B. D. A gestão
democrática na Constituição Federal de 1988. In: OLIVEIRA, R.; ADRIÃO, T. Gestão,
financiamento e Direito à Educação. 3. ed. São Paulo: Xamã, 2007. p. 64, 71. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Theresa_Adriao/publication/330258907_A_gestao_demo
cratica_na_Constituicao_Federal_de_1988/links/5c35fd4b458515a4c718d186/A-gestao-
democratica-na-Constituicao-Federal-de-1988.pdf.> Acesso em: 26 maio 2021).
3 Parágrafo construído com base na análise do artigo:
8

No âmbito da pandemia de COVID 19, o modelo de gestão educacional


parametrizado até então, foi duramente desafiado no Brasil. Os princípios
fundamentais que estruturam os modelos de gestão educacional democrática
sofreram o duro golpe das finanças, ante a “obrigatória” aquisição de recursos
tecnológicos para a manutenção do ensino. Com isso, altera-se não apenas os
mecanismos de transmissão de ensino, mas todo os fatores a ele conectados:
criatividade na transmissão/gravação das aulas, o acompanhamento
pedagógico, o processo avaliativo etc. Em muitas áreas da federação, elas
tornaram-se insuficientes ou escassas, conduzindo todo o sistema a uma
situação de inaptidão para a continuidade das aulas. De fato, o mundo mudou,
os isolamentos necessários adiantaram a execução de um modus operandi,
antes visto apenas como “futurista”, com aulas conectadas via web ou em molde
híbrido de ensino.
Essa leitura pode ser realizada na própria realidade brasileira,
conforme expressa Álvaro Domingues, presidente do Sindicato dos
Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (SINEPE/DF),
informa que, diante dos períodos de distanciamento forçado exigidos pelo
executivo estadual e municipal do DF, buscou-se em tempo hábil a aplicação do
sistema híbrido ou online nas escolas particulares4. Álvaro informa, que ainda
em maio/2020, 80% das famílias atendidas pelas escolas privadas cadastradas,
estavam “satisfeitas” com o modelo remoto (com foco na aprendizagem)5.
Informa também a dificuldade dos infantes, por serem a princípio menos
autônomos (15’41’’), e destaca que a gestão pedagógica das escolas privadas
do Estado, se superou. Diferente do que se passou na rede pública, que devido
a sua realidade demográfica natural, sofreram (e talvez ainda permanecem sem
sucesso) diante das dificuldades para a implantação de um sistema de ensino
remoto eficaz.

O papel da gestão democrática nas escolas. Brasilescola, 2021. Disponível em:


<https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-papel-gestao-democratica-nas-
escolas.htm#:~:text=Como%20condi%C3%A7%C3%A3o%20para%20o%20estabelecimento,1
5).>. Acesso em: 27 maio 2021. [Publicado por Sandra Iara Lopes Gomes Patruni].
4 INSTITUTO CASAGRANDE. Simpósio: grandes soluções para a gestão da escola. Youtube,

12 ago. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XqJp-48-Clw>. Acesso em:


26 maio 2021
5 Ibid. A partir, aproximadamente, de 15:22’ do vídeo.
9

Por fim, deve-se destacar os efeitos que a pandemia trouxe para a


humanidade, de modo, inclusive, definitivo para posteridade, como são os
sistemas educacionais via web. Karnal instrui com muita clareza, que apesar de
grandes conteúdos disciplinares não serem abstraídos com eficiência e
satisfação, devido a natureza dos temas, o grande legado da pandemia foi a
afirmação de um novo individuo: aquele capaz de lhe dar com situações
inusitadas, reagindo bem ao imprevisível, mantendo-se preparado para
situações adversas no futuro (0’32”)6.
Diante de todos estes fundamentos e premissas para uma gestão
educacional eficaz, desafiada em meio a pandemia, pode-se fazer uma leitura
mais elaborada da realidade educacional local, na grande Ilha de São Luís. No
estágio em Gestão Educacional, estudantes de música têm a oportunidade de
vivenciar a experiência teórica juntamente com a prática. Desse modo, o relatório
tem como objetivo apresentar as minhas constatações e avaliações acerca das
atividades realizadas pelos gestores da Escola de Música do Estado do
Maranhão “Lilah Lisboa de Araújo”, e compartilhar os principais desafios e
aprendizagens extraídos da realidade docente da escola, com relação ao ensino
remoto. É o que pode-se perceber desde a longa caminhada dos pensadores da
educação, das políticas implementadas em décadas, e na atuação e reação de
gestores em meio a pandemia, como se observa a seguir.

2- INSTITUIÇÃO FORMADORA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA

NÚCLEO DE TECNOLOGIAS para a EDUCAÇÃO – UEMAnet

3-INSTITUIÇÃO CONCEDENTE

Escola de Música do Estado do Maranhão “Lilah Lisboa de Araújo”. (EMEM)

Endereço: Localizado na Rua da Estrela, número 363 – no Bairro da Praia

Grande, CEP: 65010-200.

Cidade: São Luís/ Maranhão

6WERNNER, F. Karnal sobre a educação pós pandemia. Youtube, 2020. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=ILa5GzENRVo>. Acesso em: 26 Maio 2021.
10

Breve histórico da EMEM

A EMEM foi criada há 47 anos através do Decreto Lei 5.267, de 21/07/74,


e inaugurada em 13/05/74. A Escola de Música do Estado do Maranhão “Lilah
Lisboa de Araújo” é uma instituição ligada à Secretaria de Estado da Cultura.
Após ter funcionado em três prédios diferentes (dos quais só o terceiro era
próprio), desde o dia 18 de abril de 2001, passou a ter como endereço um
sobrado do século XVIII, situado na Rua da Estrela, Centro Histórico de São
Luís, ex-residência da professora de piano Lilah Lisboa de Araújo, que empresta
seu nome à Escola. Restaurado para abrigar a EMEM, o prédio foi equipado com
salas de aula e um auditório de 180 lugares, acusticamente tratados
eclimatizados. Instituição de ensino público de música do Estado, a EMEM
oferece cursos reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação e possibilita
a formação de Técnicos em Música (Habilitação em Instrumento ou Canto
Lírico). Funcionando nos três turnos, atende a crianças, jovens e adultos que
recebem aulas práticas e teóricas em disciplinas como História da Música,
Harmonia, Percepção Musical etc., oferecidas semestralmente. O ingresso é
feito mediante processo seletivo previamente divulgado.

4-ATIVIDADES E TAREFAS DESENVOLVIDAS PELO ESTAGIÁRIO

O nosso estágio em Gestão educacional coincidiu com um momento


atípico que obrigou nossas escolas a fecharem o que impossibilitou um contato
próximo com os gestores. Mesmo diante dessas dificuldades, conseguimos
concluir mais essa etapa da nossa formação, por meio das possibilidades que a
tecnologia remota nos oferece, como descrevo a seguir.

4.1 - Detalhamento das ações realizadas para a realização do Estágio

Primeiramente, a disciplina de estágio em Gestão Educacional é


fundamental para todos os que tem interesse de atuar na educação, já que é
uma prévia do cotidiano escolar, no que tange a administração do setor. Esse
estágio aconteceu de forma singular, porque ainda vivemos em uma pandemia,
em que as formas de reunir, captar informações e lecionar precisaram se
reformular.
11

A disciplina de estágio em Gestão Escolar gerou discussões entre nós, os


estudantes de música, por meio de fóruns e mensagens via WhatsApp, em que
cada um pode relatar as suas percepções da realidade da gestão educacional,
captando as dificuldades, os desafios e formas possíveis para superá-los.
Fomos acompanhados pela professora Francilourdes Carvalho Pinto
Trindade, que por meios de reuniões nos deu orientação de como deveríamos
executar as atividades do estágio e os tramites para realizá-lo com excelência.
Devido à natureza da disciplina, buscou-se instituições que acomodassem um
aluno individualmente. A partir da definição e alocação dos estagiários na escola,
buscava-se o contato com gestores, professores e coordenadores, para a
emissão do questionário. Além do conteúdo disponível nas respostas dos
funcionários selecionados, foi importante pesquisar a realidade do
funcionamento da instituição, através do feedback da comunidade docente, por
meio das redes sociais e WhatsApp.
Mesmo diante do cenário pandêmico e a demora na captação das
instituições de ensino para acomodar cada aluno, nossa orientadora atuou de
forma louvável, dando as devidas instruções e formatando o caminho para a
realização da disciplina. Assim, a sua participação foi fundamental para
desenvolvimento do estágio em Gestão Educacional, informando os meios de se
obter os resultados, e a implementação de sua apresentação dos resultados
obtidos por meio das respostas dos gestores, coordenadores e professores das
instituições selecionadas.

4.2 - Detalhamento das atividades no Estágio

Superando as dificuldades impostas pelo distanciamento, elaboramos um


questionário pelo Google Docs para pesquisa on-line (segue em anexo), com
questões voltadas para os mecanismos de participação existentes na escola, a
construção do PPP, a existência dos Conselhos Escolares, maneiras como as
decisões são tomadas, formas de participação da comunidade escolar, entre
outras que se relacionem com a Gestão democrático-participativa, e ainda
questões sobre o retorno das aulas em tempos de pandemia. Os funcionários
selecionados e acordantes na realização do questionário, foram o diretor da
12

instituição, o Sr. Zema Ribeiro, e a professora de piano e ex-coordenadora


pedagógica da instituição, Andreia Lúcia.
Para a formação das perguntas e análise das respostas, tomamos por
base as orientações da tutora de estágio, as discussões feitas no fórum, os
materiais estudados, os textos complementares, e toda a bagagem que
acumulamos ao longo da graduação em música. Destarte, conseguimos
absorver a importância deste estágio em Gestão Educacional, principalmente no
momento hostil em que vivemos. E da realidade da gestão educacional da
EMEM extraímos desafios e mazelas que refletem a realidade global do ensino
público no Brasil, que a torna, portanto, digna de apreciação e crítica.
Devido a realidade atual, a carga horária do estágio teve que ser adaptada
conforme a necessidade da distribuição de cada etapa do estágio. Não tive
acesso à escola física, apesar de conhecer o espaço bem, por ser o meu próprio
local de trabalho. No entanto, desde o início do ano 2020, as atividades foram
suspensas, e ficamos distantes da EMEM desde então, funcionando no prédio
apenas a administração, seguindo uma escala de trabalho segura. Ainda assim,
o estágio se firmou através da captação de informações remotas, e concomitante
à estas aplicações, nós alunos compartilhávamos no fórum nossas opiniões
referentes a forma de gerir a educação em nosso contexto, assim como dialogar
com nossos colegas e a professora, conhecendo desafios enfrentados ou
contemplados pelos colegas acerca da gestão escolar no ensino remoto. Um
momento de enriquecimento para os graduandos. Também, assistimos as aulas
disponibilizadas no AVA, os materiais e ebooks sugeridos pelo professor da
disciplina.
Por fim, após o retorno das respostas dos gestores da escola, dedicamo-
nos a escrever o relatório nas horas finais, extraindo a realidade da instituição, e
as políticas, ações ou iniciativas tomadas em face desse período ímpar da nossa
história. As informações tomadas contribuíram para apontarmos os desafios
enfrentados pela instituição, e de certa forma, captar e confrontar diferentes
visões dos gestores acerca dos temas no questionário. Certamente, foi esta uma
etapa indispensável para nossa formação docente, que embora as 90 horas não
tenha sido materializada na prática, o estágio mesmo que de forma remota, além
13

de todas a dificuldades vivenciada pela sociedade de forma geral, foi uma


experiência bastante proveitosa e enriquecedora.

5. PARECER PESSOAL DO ESTAGIÁRIO

Conforme todo o fundamento especializado sobre gestão educacional


democrática apresentado, e as informações adquiridas no campo de estágio
(dentro das condições impostas), podemos analisar os desafios e as soluções
aplicadas à realidade do ensino na Escola de Música do Estado do Maranhão.
Primeiramente, não há dúvidas quanto ao legado e a importância desta
instituição para a educação musical do Estado, como se pode observar na
redação de NINA7, na oportunidade do aniversario de 47 anos da EMEM em
2009, declarando que:
Nestes 47 anos, a EMEM tem exercido um papel fundamental na vida
musical maranhense, preparando várias gerações de músicos e arte
educadores que hoje, atuam em diferentes áreas. Seja na música
chamada erudita ou na popular, no magistério ou condução de grupos
vocais e instrumentais, tem fornecido profissionais aos mais diversos
segmentos musicais, suprindo a falta que, outrora, havia de Cursos de
Formação Superior no Estado e que foi superada com as recentes
criações dos Cursos de Licenciatura em Música, nas Universidades
Estadual e Federal, respectivamente. E mesmo aqueles que não
iniciaram seus estudos na Escola ou não fazem parte do seu corpo
discente, têm sido beneficiados com a oportunidade de reciclagem e
aperfeiçoamento, que ela oferece através de suas “Semanas”, Cursos,
Seminários, Workshops, Exposições Didáticas, entre outros, sem falar
nos incontáveis Concertos e Recitais realizados ao longo de todo o
ano, sempre gratuitos e abertos à comunidade. Os vários grupos
vocais e instrumentais formados por alunos e professores são
constantemente solicitados a participar de eventos de toda ordem,
sejam eles oficiais ou privados, sociais, religiosos ou artísticos. As
dificuldades, muitas, também existem e sempre existiram.
Principalmente por tratar-se de um órgão público, dependente eterno
das oscilações políticas e econômicas do poder que o mantém. Nestes
47 anos, houve muitos momentos ricos e produtivos, outros nem tanto.
Muitas críticas levianas ou infundadas, outras nem tanto. Muitos erros
cometidos por falta de conhecimento ou excesso dele. Mas enfim, a
EMEM resiste, movida pelo amor e boa vontade de todos os que fazem
e a benção dos que fizeram o que ela é hoje. Parabéns, jovem senhora!
(NINA, 2009)

Como lembra a autora, as dificuldades ocorrem, ocasionadas por diversos


fatores, entre os quais estão alguns alheios a nossa vontade e previsão, como o
foi a pandemia. Por outro lado, como parte do corpo docente, verifico uma infeliz

7No período, a autora era coordenadora da exposição do aniversário da EMEM, sendo também
a autora da pesquisa “EMEM: Uma abordagem Histórica”.
14

incongruência entre os anseios da comunidade docente e discente da EMEM e


seus gestores. E como se pode presumir, me refiro ao fator político, que desde
sempre influenciou a EMEM, buscando amplamente os intuitos do poder
estadual vigente, em detrimento das necessidades da instituição. Haja vista
alguns cargos que são obtidos simplesmente pela caneta e decisão do
Secretário de Cultura do Estado. Assim, estes cargos podem compactuar e atuar
sempre com os objetivos da classe política vigente que os comissionou.
Voltando para as ações especificas da gestão durante a pandemia,
observou-se algumas diferenças entre as narrativas obtidas nas repostas dos
funcionários, quanto à prática dos critérios de Gestão Democrática. Talvez por
algum equívoco simples na memória dos fatos. Enquanto um funcionário destaca
a participação do conselho estudantil e dos pais, outro a omite em sua resposta.
Certamente aqui, prevalece a valorização da posição política dentro da
instituição, como se pode observar também nas diferentes respostas à questão
3, na qual os funcionários devem escolher o nível de adaptação da escola ao
ensino remoto. A docente e ex-coordenadora pedagógica indica o nível “0” como
nível de adaptação da EMEM, enquanto a direção assume o nível “7” para esta
adaptação. Não se sabe ao certo os motivos para a discrepância, provavelmente,
os motivos podem referir-se ao momento diferenciado da observação das
condições para cada funcionário.
Quanto ao critério da resistência ou facilidade na execução do modelo
online, um funcionário aponta “sim” como resposta, enquanto outro opta por
digitar na posição “outro”, “alguns” como resposta. A resposta de ambos
concorda em “não” quando questiona-se se houve capacitação pedagógica
acerca das ferramentas digitais (questão 6). Quanto a inviabilização ou prejuízo
de alguma atividade da gestão, decorrente do trabalho à distância, a docente
informa não ter havido dificuldades, enquanto a direção afirma ter havido
alteração em toda a dinâmica de trabalho. Convém ressaltar os posicionamentos
referentes ao ensino da música. Para a professora, com larga experiência na
área da performance e do ensino, a falta de “uma plataforma que fosse adequada
para o ensino instrumental” é um grande óbice para o processo educacional da
EMEM na pandemia. Já para o diretor, que não atua especificamente na área
15

musical, o desafio consiste na “falta de acesso a essas ferramentas, também,


por parte de alguns”.
De qualquer forma, ambos tem realizado o melhor para o
desenvolvimento do trabalho. Enquanto os professores têm trabalhado de forma
online, a partir deste 1º semestre de 2021, a administração escolar (com exceção
do diretor e da coordenação pedagógica) segue à risca todo o protocolo de
segurança ao comparecer em sua escala de trabalho. Nesse sentido, apesar do
estágio ter acontecido em um momento atípico, reitero a minha satisfação nessa
reta final do curso de Licenciatura em Música, que tem me proporcionado
vivenciar essa experiência do estágio em Gestão Escolar, que vai muito além da
aula abordada, nos motivando a continuar e desenvolver um trabalho de
excelência na educação.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACERVO EDUCA PLAY PR. Gestão em foco - gestão democrática. Youtube,


2015. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=hFS0HEagFP4>.
Acesso em: 26 Maio 2021.

ADRIÃO, T.; CAMARGO, B. D. A gestão democrática na Constituição Federal


de 1988. In: OLIVEIRA, R.; ADRIÃO, T. Gestão, financiamento e Direito à
Educação. 3. ed. São Paulo: Xamã, 2007. Disponivel em:
<https://www.researchgate.net/profile/Theresa_Adriao/publication/330258907_
A_gestao_democratica_na_Constituicao_Federal_de_1988/links/5c35fd4b4585
15a4c718d186/A-gestao-democratica-na-Constituicao-Federal-de-1988.pdf.>.
Acesso em: 26 Maio 2021.

INSTITUTO CASAGRANDE. Simpósio: Grandes soluções para a gestão da


escola. Youtube, 12 Ago. 2020. Disponivel em:
<https://www.youtube.com/watch?v=XqJp-48-Clw>. Acesso em: 26 Maio 2021.

LIBÂNEO, C. O sistema de organização e gestão da escola. In: LIBÂNEO, J. C.


Organização e Gestão da Escola - teoria e prática. 4ª. ed. Goiânia: Alternativa,
2001.

LOBO, R. Seminário SIEEESP Instituto. Youtube, 2020. Disponivel em:


<https://www.youtube.com/watch?v=0xmIdlhC-04>. Acesso em: 26 Maio 2021.

LÜCK, H. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba:


Editora Positivo, 2009.
16

MORAIS, P. S. D. et al. A Gestão democrática e a participação dos educadores


na elaboração do projeto político pedagógico de escolas públicas no Brasil.
Associação Nacional de Política e Administação da Educação - ANPAE,
2012. Disponivel em:
<https://www.anpae.org.br/iberoamericano2012/Trabalhos/PauleanySimoesDe
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NARDI, E. L. Gestão democrática na educação básica: delineamentos da


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ANEXOS
Questionário sobre Gestão Escolar enviado aos gestores da Escola de
Música do Estado do MA.
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Respostas dos Gestores no questionário.


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