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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
UNIASSELVI-PÓS

MARIA ELISA CARVALHO DE SOUZA

A IMPORTÂNCIA DAS ARTES COMO CONTRIBUIÇÃO NAS


INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS
1

Maricá
2016
MARIA ELISA CARVALHO DE SOUZA

A IMPORTÂNCIA DAS ARTES COMO CONTRIBUIÇÃO NAS


INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS

Relatório de Estágio, apresentado como


requisito parcial para conclusão do Curso de
Especialização em Psicopedagogia em
convênio entre as instituições Centro
Universitário Leonardo da Vinci e
UNIASSELVI – Sociedade de Pós-Graduação
Ltda.
Orientador(a): Michele Joia da Silva
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Maricá
2016
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................03
1.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ESTÁGIO ..................................04
1.2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ..............................................................................08
1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................11
1.4 OBJETIVOS ............................................................................................................14
2.0 INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL DA ARTE COM
ALUNOS INCLUÍDOS............................................................................................ 15
2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 20
2.2 COLETA DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO......................................................22
2.3 REGISTROS DAS INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS INSTITUCIONAL
DA ARTE COM ALUNOS INCLUÍDOS .....................................................................26
2.4 APROXIMAÇÕES DIAGNÓSTICAS (análise dos resultados)..............................34
3.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................37
4.0 REFERÊNCIAS..........................................................................................................39
1- INTRODUÇÃO

Este relatório tem como objetivo expor uma reflexão sobre a importância
do uso da arte como intervenções psicopedagógicas, integrando os aspectos
afetivos, emocionais, cognitivos e neurológicos, promovendo e aperfeiçoando a
atenção, percepção, memória, pensamento, capacidade de previsão, execução e
controle da ação.
Nas expressões artísticas da criança são externizados os sentimentos,
as emoções, os conflitos, as expectativas, os anseios e dificuldades, propiciando a
criança a possibilidade de conhecer suas limitações, explorar suas potencialidades,
favorecendo uma transformação.
A psicopedagogia trabalhada através da arte, permite descobertas
internas que nutrem a essência do aprender de forma prazerosa, do sentir, do tocar,
do misturar, do agregar, do colar, do juntar, do modelar, do esculpir, do traçar, do
dançar.
Neste relatório irei descrever uma experiência de estágio em uma escola
que atende desde a Educação Infantil até o segundo segmento do Ensino
Fundamental, realizado no Centro Educacional Vivendo e Aprendendo. O Estágio de
Psicopedagogia, do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia do Centro
Universitário Leonardo da Vinci e UNIASSELVI, tendo em vista a necessidade de
uma experiência de prática psicopedagógica o estagio oportunizou colocar em
pratica as atividades e o conhecimento adquirido no decorrer do curso adquiridos,
colocando-me em contato com o ambiente de trabalho e a tomada de consciência da
importância do trabalho do Psicopedagogo.

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1.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ESTÁGIO

O Centro Educacional Vivendo e Aprendendo existe há 16 anos, foi


fundada na cidade do Rio de Janeiro no bairro de Jacarepaguá. Há 8 anos a Escola
foi transferida para a cidade de Maricá, localizada a Rua Flamingos, Lote 1012 no
bairro do Parque Nanci – RJ. A escola atende desde a Educação Infantil até o
segundo segmento do Ensino Fundamental.
A escola funciona das 7:30h as 18:00h, turno da manhã, turno da tarde,
e o integral, o qual é desenvolvido um trabalho pedagógico, onde as professoras
responsáveis orientam as crianças para o banho, almoço, descanso, atividades de
casa etc. A escola funciona desde a Educação Infantil até o nono ano do Ensino
Fundamental.
O bairro onde fica localizada a escola é de classe média baixa
(funcionários, pequenos comerciantes, profissionais liberais, autônomos, etc), a rua
de terra batida e de fácil acesso. A água é de poço sendo utilizada apenas para a
higiene, é usada água mineral para o consumo, a coleta de lixo é feita segundas,
quartas e sextas-feiras, mantendo o bairro limpo.
O Centro Educacional Vivendo e Aprendendo possui uma fachada
colorida e com um visual dinâmico, dispõe de um amplo espaço físico, arborizada,
com árvores frutíferas, possui um pequeno zoológico cercado de tela com tubos
galvanizados com animais, como carneiro, papagaios, patos, coelhos, mico, jabuti e
um grande viveiro de lindas Calopsitas, propiciando uma conscientização de
preservação com a natureza. A instituição possui em anexo uma piscina, uma
grande área com campo de futebol, uma área com parquinho com grama sintética,
um espaço para uma horta, no qual é trabalhado a alimentação. A escola possui
também oito salas de aula, uma secretaria, uma sala de professores, uma sala de
recursos, cinco banheiros, um laboratório de informática, uma biblioteca, uma
cozinha, um refeitório o qual serve almoço e janta aos funcionários e aos alunos que
estudam em horário integral, o cardápio é construído por uma nutricionista
As salas de aula do Ensino fundamental são amplas, confortáveis, com
boa iluminação e ventilação. Possui um mobiliário adequado, armário para guardar
materiais, mesa para a professora, mesas e cadeiras de tamanho apropriado para a
idade dos alunos. A sala de recursos é muito pequena com iluminação bem precária,
os recursos são bem limitados .
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Nas paredes da sala estão expostas as produções de textos e
desenhos realizados pelos alunos durante o semestre, também um alfabeto colorido
com vários tipos de letras, está colado acima do quadro. O material necessário para
o andamento das aulas parece ser suficiente e adequado, a equipe diretiva da
escola procura sempre suprir as necessidades materiais da escola, com exceção a
sala de recursos e as aulas de artes.
As salas da Educação Infantil são amplas, bem arejadas e possuem todo
o material necessário ao trabalho com crianças. A organização das salas é feita de
modo com que as crianças possam ter acesso aos materiais, brinquedo e livros das
estantes.
O berçário possui uma bancada para a troca de fraldas e roupas, um
espaço razoável no chão todo forrado com material sintético, colorido e acolchoado,
onde as crianças brincam com segurança, as paredes são convidativas pintadas
com os palhaços Patati e Patatá, tudo que compõe a sala é compatível com a idade
das crianças. Todas as salas possuem ar condicionados e ventiladores, o mobiliário
em condições de uso, a sala é composta por quinze cadeiras individuais enfileiradas,
um quadro branco, dois murais e uma estante para livros e cadernos.
O Centro Educacional Vivendo e Aprendendo possui uma equipe
composta de uma diretora, um coordenador pedagógico. Professores, auxiliares,
uma cozinheira, uma secretária. Todos trabalham em sintonia tendo um bom
relacionamento entre eles, alunos e pais. A gestão da escola é compartilhada entre a
equipe da direção que juntos, estão sempre a disposição tanto dos pais e alunos
quanto aos funcionários, ouvindo suas críticas, dúvidas e sugestões e atendendo
sempre que possível as suas reinvindicações.
A direção da escola sempre que possível investe na formação continuada
de seus professores, havendo uma valorização do profissional.
O Centro Educacional Vivendo e Aprendendo possui um Projeto
Político Pedagógico e os professores tem acesso e conhecimento de sua existência.
A direção coordena reuniões pedagógicas, a qual é realizada uma vez por semana,
orientando os professores para o desenvolvimento de seu trabalho. Os professores
trabalham no projeto político pedagógico da escola aplicando na prática seu
conteúdo. Os professores possuem liberdade para fazer seu planejamento de aula,
como também a elaboração de projetos, tendo como compromisso cumprir todos os
objetivos a serem desenvolvidos e este entregue no início do ano letivo.
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Todas as atividades são planejadas a partir dos fundamentos teóricos de
Paulo Freire, Celestin Freinet, Jean Piaget, Emilia Ferreiro e Lev Vygotsky. A escola
desenvolve um trabalho baseado em uma metodologia construtivista valorizando
toda a vivência do aluno e suas experiências do dia a dia, transformando-as em
aprendizado, pretendendo assim formar sujeitos críticos e atuantes na sociedade.
A avaliação é quantitativa e qualitativa, a avaliação considerará o
aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem, bem como a aferição do
desempenho do aluno quanto à apropriação de conhecimentos em cada área de
estudos e o desenvolvimento de habilidades e competências. A avaliação é feita
bimestralmente através de relatórios individuais e de grupo. Todas as séries do
Ensino Fundamental possuem caráter reprobatório. As médias bimestrais serão
constituídas de, no mínimo, duas avaliações por bimestre, sendo uma delas
individual e operatória.
As avaliações deverão ser contínuas e compostas por instrumentos
definidos pelo Projeto Político Pedagógico da Instituição, como: tarefas, pesquisas,
relatórios, seminários, projetos, trabalhos de grupo, materiais de aula, registros
reflexivos, sendo que tais avaliações comporão a nota do aluno juntamente com as
avaliações escritas individuais, as avaliações serão quantificadas e qualificadas ao
longo do processo ensino e aprendizagem. Sendo a tarefa escolar um instrumento
importante no desenvolvimento de hábitos de estudos extraclasse necessários para
o complemento da aprendizagem do aluno. A tarefa escolar deverá constituir assim,
parte da avaliação somativa do aluno.
A Proposta Pedagógica do Centro Educacional Vivendo e Aprendendo
tem como objetivo levar a criança a explorar e descobrir todas as possibilidades do
seu corpo, dos objetivos, das relações, do espaço, desenvolvendo a sua capacidade
de observar, descobrir e pensar. Buscando a integração da criança através do
desenvolvimento dos aspectos biológicos, psicológicos, intelectuais e sócio-culturais,
preparando-as para a continuidade do processo educacional. Um ensino que segue
a linha “diálogo” – ação – compreensão – participação baseada em relações diretas
da experiência do aluno o que se presta aos interesses sociais, já que a própria
unidade escolar pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la
democrática.
A proposta metodológica do Centro Educacional Vivendo e
Aprendendo tem como finalidade o desenvolvimento do educando como um todo,
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através do desabrochar de vários aspectos da criança, inspirada nas teoria de Jean
Piaget “O conhecimento não pode ser uma cópia, visto que é sempre uma
relação entre objeto e sujeito” (PIAGET, 1975, p.359).
O conhecimento é uma construção que vai sendo elaborada desde a in-
fância, que se classificam em fases e que são necessárias para o desenvolvimento e
aprendizado da criança.

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1.2 APRESENTAÇÃO DO TEMA

A arte trabalha com a criatividade e a sensibilidade, indispensáveis para


atuar em diversas situações na realidade. O indivíduo é condicionado desde a
infância a trabalhar superficialmente de acordo com os padrões sócio-culturais pré-
determinados, restringindo a criança na explanação das suas necessidades
emocionais, e saber externar suas emoções é propiciar uma formação capaz de
atuar ativamente diante dos diversos conflitos existentes na vida.
A arte favorece ao ser humano a percepção e a condição de buscar uma
harmonia da relação entre ele e a vida com o mundo em que é inserido, propiciando
resoluções de conflitos pessoais da personalidade e de relacionamento,
promovendo uma sociedade mais sadia.
Numa sociedade completamente desigual, num mundo complexo,
globalizado, multicultural, sem condições dignas de sobrevivência humana, violência
dentro e fora de casa, subempregos, muita divergência gerando enormes conflitos, a
arte age como um veículo promovendo a cidadania, incetivando a cultura e como
uma grande aliada de procedimentos de aprendizagem.
O educando através da arte se relaciona com o meio social de forma
mais prazerosa, facilitando a sua integração na sociedade, tendo como experiência
recriar a realidade, transformando-a, promovendo o sentimento de mudança, e com
isso, crianças e adolescentes se afastam das ruas. Por ter esta função
transformadora acaba fazendo um resgate social, sendo utilizada em vários projetos
restaurando o equilíbrio emocional, a auto-estima e a socialização.
Segundo Barbosa (1998): “A arte contribui muito para desenvolver o
sentido de cidadania, atentar para a diversidade cultural e para começar a respeitar
as diferenças entre grupos culturais”.
Através da arte, com suas próprias mãos, se faz traços, os quais, são
rebuscados dentro do seu mais profundo interior, deixando vir a tona, a sua emoção.
Essa condição que a arte tem de transformar, revolucionar sentimentos, a torna
imprescindível.
De acordo com Fischer (1983,p.20): “A arte é necessária para que o
homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é
necessária em virtude da magia que lhe é inerente.”

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Vislumbra-se, hoje, com maior clareza o papel das artes na educação
como fator de sensibilização, veículo de prazer e de formação, potencializando
canais de expressão e de produção do conhecimento mediante suas múltiplas
linguagens, bem como do despertar das vocações identificadas com as práticas e
valores específicos. As múltiplas linguagens das artes são compreendidas hoje
como mecanismos de revelação subjetiva, de expressão da alma, conteúdo de
maior significado para a conquista da subjetividade do processo educativo.
Segundo Luzia de Maria (1998, p. 59):
O que a arte busca é justamente preservar a integridade dos homens,
prover cada “ser” do alimento necessário para que se concretize nele o
sentido de “humano”. E se a busca é pela humanização, mais do que justo
unir arte e educação para que nosso mundo seja melhor.
A criança sofre influência da arte desde cedo, seja através de imagens,
TV, computador, gibis, rótulos, estampas, obras de arte, vídeo, trabalhos artísticos
de outras crianças, etc.
A criança revela, através do seu modo de pensar, agir e interagir com os
outros, a sua capacidade imensa de buscar, de explorar, de criar e aprender. A
criança é um ser curioso e apto a explorar sempre. Neste sentido, no contexto
escolar, ela precisa vivenciar situações que estimulem e despertem ainda mais a
sua curiosidade, para que possa revelar as suas características, externar as suas
dificuldades, os seus sentimentos, os seus talentos e as expressões próprias.
A arte tem um papel importante no processo de educação da criança por
incorporar sentidos, valores, expressão, movimento, linguagem e conhecimento de
mundo em seu aprendizado, mas, para promover a arte na totalidade é necessário a
criação de um espaço físico apropriado com materiais específicos, para possibilitar
esse desenvolvimento.
De acordo com Bessa (1972, p. 13):
Quando a criança pinta, desenha, modela ou constrói regularmente, a
evolução se acelera. Ela pode atingir um grau de maturidade de expressão
que ultrapassa a medida comum. Por outro lado, a criação artística traz a
marca de uma individualidade, provoca libertação de tensões e energias,
instaura uma disciplina formativa, interna de pensamento e de ação que
favorece a manutenção do equilíbrio tão necessário para que a aprendizagem
se processe sem entraves, e a integração social sem dificuldades.
Nas escolas não há um espaço físico apropriado, estruturado, com
materiais específicos, que tenha bancadas, pias, armários, suportes. Um
espaço para ser
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produtivo, dinâmico, para trabalhar com a arte na educação, possibilitando a
criatividade, estimulando as potencialidades, trabalhando as dificuldades,
desenvolvendo as estruturas mentais, propiciando as relações humanas,
favorecendo a integração das diversidades e da cultura existente.
A utilização dos materiais artísticos em psicopedagogia, entendendo as
criações do inconsciente, pincéis, cores, papéis, telas, argila, cola, figuras,
desenhos, recortes, que têm como finalidade a mais pura expressão do verdadeiro
self, não se preocupando com a estética, e sim com o conteúdo pessoal implícito em
cada criação e explícito como resultado final. São necessárias várias técnicas
utilizadas não para profissionalização ou comercialização, mas somente manuseio
dos mesmos, no tratamento.
É fundamental a adaptação através das linguagens plásticas, poéticas ou
musicais dos diversos materiais o que antes era apenas vislumbrado, ou seja, ter
compreensão necessária para entender psicopedagogicamente, a complexidade que
está subentendida nas diversas manifestações artísticas do aprendente. Como
também perceber este mundo psíquico do sujeito aprendente em suas
subjetividades e individualidades, como seus mais ardentes sonhos, fantasias,
desejos e visões., propondo, então, em uma abordagem psicopedagógica, a
ordenação lógica através do tratamento psicopedagógico, dos fatos mostrados
inconscientemente em seus desenhos e pinturas.
Como afirma Barbosa (2005, p. 40):
Através das artes é possível desenvolver a percepção e a imaginação,
aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica,
permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de
maneira a mudar a realidade.
Uma oficina de artes para intervenções psicopedagógicas, tornará
possível oferecer as crianças melhores materiais artísticos, explorando o potencial
das artes e suas contribuições de desenvolvimento, sensibilidade, criatividade,
transformação, restaurando o equilíbrio emocional, auto-estima e a socialização.
Tomando como problema de investigação para este estudo em questão :
Qual a importância das artes como contribuição nas intervenções psicopedagógicas,
promover a socialização da educação, trabalhando os sentimentos, as emoções, os
conflitos, as expectativas, os anseios e dificuldades, propiciando a criança a
possibilidade de conhecer suas limitações, explorar suas potencialidades,
favorecendo uma transformação?
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1.3 - JUSTIFICATIVA

Os espaços físicos destinados as artes não são valorizados nas


instituições, seja ela particular ou pública. Não encontramos nestas instituições
uma oficina equipada com materiais diversos e estruturada fisicamente capaz de
oferecer a criança condições de trabalhar suas dificuldades e desenvolver suas
habilidades. Os espaços destinados as artes são pequenos, com materiais limitados,
com pouca iluminação, sem bancadas, sem pias, sem mesas adequadas.
A arte na educação é um grande agente transformador, valoriza e
desenvolve a realização pessoal, satisfação de si mesmo e dos outros, o prazer, o
equilíbrio, a alegria, a paz, a compreensão, a confiança, a reciprocidade, a identificação
com o outro e comunhão com o semelhante e com o universo, levando o ser humano a
construir um mundo melhor, mais humano, civilizado, contribuindo para a formação
integral do ser humano, diminuindo assim, a violência e a tudo o que destrói o homem.
Nas expressões artísticas da criança são externalizados os sentimentos, as
emoções, os conflitos, as expectativas, os anseios e dificuldades, propiciando a criança
a possibilidade de conhecer suas limitações, explorar suas potencialidades,
favorecendo uma transformação. Essa interação com o meio e ao mesmo tempo com o
outro ocasiona experiências significativas no desenvolvimento afetivo, cognitivo,
psíquico e de socialização .
É no fazer artístico e no contato com os objetos de arte que parte
significativa do conhecimento em artes visuais acontece. As escolas devem facilitar
para as crianças a manipulação de diferentes objetos e materiais, explorando suas
características, propriedades e possibilidades de manuseio para entrar em contato
com formas diversas de expressão artística.
Uma oficina de arte para intervenções psicopedagógicas favorece a uma
vasta experiencia com as artes, oportunizando um contato com diversos materiais,
favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, atenção, percepção, memória,
criatividade, auto-estima e concentração.
Através da pintura, modelagem, escultura, colagem, fotografia, trabalhos
com papel, madeira, argila, tela, tecidos, e outros, a criança no processo de criação,
transforma sua obra imaginada em realidade, podendo ser divulgada através de
exposições promovidas pela escola, ela fala sobre sua criação, se integra, aprende a
respeitar as diferenças sociais e raciais.
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A criança possui suas próprias interpretações sobre o fazer artístico a
partir de suas experiências vivida ao longo da vida, como, sonhos, fantasias,
situações que a deixa feliz ou triste. Ela explora, sente, age e reflete, trabalha suas
emoções, dificuldades, conflitos e a sua personalidade, construindo novas
significações.
É fundamental que o psicopedagogo tenha um olhar sensível para
compreender os processos internos da sua criança, para nortear a sua práxis e sua
ação construtiva, porque através do fazer criativo, pode potencializar a ação do
aprendiz, levando-a a acreditar em sua competência adormecida, resgatando sua
auto-estima e também oportunizar o redimensionamento do aprender.
A psicopedagogia trabalhada através da arte, permite descobertas
internas que nutrem a essência do aprender de forma prazerosa, do sentir, do tocar,
do misturar, do agregar, do colar, do juntar, do modelar, do esculpir, do traçar, do
dançar. É apostar na habilidade manual em sintonia com o prazer do sentimento, do
afeto (esta força interna que faz crescer...), que constrói um mundo de significados e
significantes. Um mundo de cores, de palavras, de pensamentos e de ações. De
vida tecida e construída em alicerce de afeto cognitivo.
Assim, buscamos a relação entre arte e educação na filosofia de Walter
Benjamin onde o autor afirma que os artistas e as crianças encontram formas
inspiradoras para procurar entender o mundo. E a verdadeira essência da educação
encontra-se na observação:
À observação – e somente aqui começa a educação- toda ação e gesto
infantil transforma-se em sinal. Não tanto, como pretendem os psicólogos,
sinal do inconsciente, das latências, repressões,censuras, mas antes sinal
de um mundo no qual a criança vive e dá ordens....Quase todo gesto infantil
significa uma ordem e um sinal em um meio para o qual só raramente
homens geniais descortinaram uma vista. (BENJAMIN, 1984, p.86)
Nas inter-relações, os aspectos afetivos e cognitivos juntam-se em um
corpo de conhecimentos que penetram o universo da formação dos conceitos e da
construção cognitiva.
O uso de recursos expressivos e artísticos para trabalhar com a criança
com problemas de aprendizagem, ampliam propostas psicopedagógicas porque
enriquecem as vivências, abrem, permeiam e fecham atividades de movimentos,
expressão e consciência corporal.
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Através do fazer-criativo a criança se entrega, se envolve e se mobiliza
para a reconstrução do fazer, do criar, do descobrir, do aprender, pois “O trabalho de
arte passa pela mente, pelo coração, pelos olhos, pela garganta, pelas mãos; e
pensa e recorda e sente e observa e escuta e fala e experimenta e não recusa
nenhum momento essencial do processo poético” (Bosi,1985, p. 71).
A psicopedagogia é uma ciência que interfere como área do
conhecimento, buscando em seus métodos e intervenções, uma alternativa de
chegar-se ao saber, mesmo que por vias cognitivas que fogem do contexto comum
do aprender em instituições educacionais, ajudar psicopedagogicamente, dando
continuidade ao aprendizado que por ora necessitava desta intervenção.
Trabalham-se nas oficinas, confeccionando-se algo, é uma tarefa de
quem o faz, um ofício; as pessoas inseridas nesta função desenham , criam ,
recriam e produzem.
As Oficinas de Artes Psicopedagógicas são recursos que podem ser
utilizados pelos educadores e psicopedagogos, a utilização das artes, como
configuração de acolher o sujeito da informação. No decorrer do acompanhamento
psicopedagógico, o aprendente ira adquirir, partindo-se da introspecção do sujeito
em suas objetividades e subjetividades, onde as técnicas devem facilitar a obtenção
de auto-estima e autoconhecimento.
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1.4 - OBJETIVOS

Objetivos Geral: Promover o uso das artes como contribuição nas intervenções
psicopedagógicas com alunos incluídos.
Objetivos Específicos:
- Utilizar as artes para promover a socialização da educação;
- Identificar e analisar as contribuições emocionais, trabalhando os conflitos,
as expectativas, os anseios e dificuldades;
- Propiciar a criança a possibilidade de conhecer suas limitações;
- Explorar suas potencialidades, favorecendo uma transformação.
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2 .0 - INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL DA COM DA ARTE
COM ALUNOS INCLUÍDOS

O Centro Educacional Vivendo e Aprendendo é uma instituição inclusiva,


embora, falte recursos financeiros para estruturá-la e profissionais capacitados para
trabalhar nesta inclusão. A sala de recurso é muito pequena, com pouca iluminação,
poucos materiais pedagógicos; não valorizam as artes como um veículo
transformador, a escassez de materiais como, pincéis, tintas, papéis, telas de
pinturas, argila, e outros, empobrece as possibilidades de um fazer pedagógico.
Na Escola Vivendo e Aprendendo eu também sou professora de artes e
não há uma sala; um espaço próprio para dar aula, muitas das vezes não sabia nem
em que sala daria. Tanto as aulas de artes e as intervenções que fiz na sala de
recursos, parte do material que eu produzi, foi material meu, que desenvolvi e levei
para instituição, a mesma alegava que não tinha verba para comprar.
Durante o estágio foi observado crianças especiais, como TDAH,
Autismo e TOD. Foi percebido a falta de preparo dos professores mediante aos
alunos especiais em situações as quais eles não souberam como agir, ou
simplesmente não quiseram se envolver.
O aluno TOD;  Transtorno Opositor Desafiador; teve uma crise, porque
não deram o que ele queria, ele foi para a secretaria e de forma muito agressiva,
tentava agredir os professores, desafiava, debochava, tentava morder, conseguiu
arrancar um portão da secretaria. Tentamos contê-lo, conversei com ele e segurei-o
pela alça da mochila. Percebemos que desviando a sua atenção para outra coisa,
mudando seu foco, ele poderia se acalmar, então, foi o que fizemos, levamos para
sala e conseguimos fazer com que ele fizesse uma atividade com colagem com fios
de lã coloridos, pois ele adora mexer com fios, e não precisamos chamar os seus
pais na escola.
A instituição possui alguns alunos com autismo leve, moderado e severo.
Uns não precisam de auxiliares na sala de aula, são muito inteligentes, indepen-
dentes, interagem bem com seus colegas, permitem serem tocados, poucos episó-
dios de crises, possuem dificuldades com a função motora fina, linguagem um pouco
comprometida, possuem estereotipias. Outros possuem sintomas como déficits
graves em habilidades de comunicação, sem qualquer interação social, não manifes-
tam afeto, não gostam de carinho, de serem tocados, são agressivos quando
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contrariados, uma inteligência abaixo da média, comprometimento na função motora
fina e grossa. .
A arte trabalha com a criatividade, com as emoções, a auto estima,
externa seus sentimentos mais profundo. Nas aulas de artes trabalhávamos
principalmente a interação social, é muito gratificante constatar o quanto a arte
promove essa troca, ver todas as crianças fazendo artes, juntas e felizes, orgulhosas
do resultados dos seus trabalhos.
Sem a intervenção do outro, não há desenvolvimento, pois todos os
processos psicológicos superiores se desenvolvem, primeiramente, por intermédio
da atividade coletiva (VYGOTSKI, 1997). A interação, assim, é um elemento
necessário à aprendizagem e ao desenvolvimento. Cabe lembrar que o
desenvolvimento é impulsionado pela aprendizagem e vice-versa, num movimento
dialético. A aprendizagem, por sua vez, é um processo social no qual os sujeitos
constroem seus conhecimentos através da interação com o meio e com os outros,
numa inter-relação constante entre fatores internos e externos (VYGOTSKI, 2001).
O aluno com dificuldades de aprendizagem precisa que sua diferença
seja respeitada, sem privilégios em relação aos demais alunos. O professor não
pode negar a diferença, ele deve trabalhar com seus alunos para que a diferença
seja compreendida como uma característica do ser humano e que ela não tira a
dignidade de ninguém.

Trabalho com madeira e colagem, dia das Trabalho com fios de lã e madeira e pregos, Arte
mães Linear.
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Trabalho com canudos de jornal, cestas Trabalho com colagem, tinta e jornal, Primavera
Trabalho com canudos de jornal, porta copos Trabalho com canudo de jornal, porta lápis

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Trabalho para primavera, confecção da árvore.

Trabalho para primavera, confecção das


folhas.

Trabalho para primavera, confecção das flores


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Trabalho para primavera, montagem da árvore.

Trabalho com reciclagem, briquedos do dia das crianças.


Trabalho para o natal, guirlanda.

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2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para ilustrar o tema “A Importância da Artes como contribuição nas


intervenções Psicopedagógicas ”, foram utilizados textos e trabalhos.
Observa-se que o uso da arte de acordo com Contribuições teóricas de
Alfredo Bosi, Ana Mae Barbosa, Ernst Fisher, Luzia de Maria, Mahylda Bessa e Walter
Benjamin, na construção do indivíduo e como contribuição nas intervenções
psicopedagógicas, promove a auto-estima, criatividade, percepção, sensibilidade,
concentração e a socialização, tendo um papel importante na formação do educando.
Segundo Barbosa (2006) na construção da Arte utilizamos todos os
processos mentais envolvidos na cognição. Existem pesquisas que apontam que a
Arte desenvolve a capacidade cognitiva da criança e do adolescente de maneira que
ele possa ser melhor aluno em outras disciplinas.
O ensino da Arte como campo de conhecimento, lida constantemente
informações. Essas informações precisam ser mediadas pelo educador para a
construção de conhecimento. O educando deve ser estimulado, para investigar suas
próprias informações, desenvolvendo assim capacidades cognitivas, através de
experiências significativas.
Segundo Fischer (1973) a arte é o meio indispensável para essa união do
indivíduo como o todo; reflete a infinita capacidade humana para a associação, para a
circulação de experiências e idéias.
As Artes oferecem para a criança materiais lúdicos que podem levar a
descobertas, conhecimentos, experimentação de possibilidades, encontrando
formas inspiradoras para procurar entender o mundo.
Conforme Benjamin escreve em seu texto “Canteiro de Obras”, sobre a
obsessão dos pedagogos pela psicologia que os impede de perceber que:
A terra está repleta dos mais incomparáveis objetos da atenção e da ação
das crianças. Dos mais específicos. É que as crianças são especialmente
inclinadas a buscarem todo local de trabalho onde a atuação sobre as
coisas se dê de maneira visível. Elas sentem-se irresistivelmente atraídas
pelos destroços que surgem da construção, do trabalho no jardim ou em
casa (...). Nesses restos que sobram elas reconhecem o rosto que o mundo
das coisas volta exatamente para elas. Nesses restos elas estão menos
empenhadas em imitar as obras dos adultos do que estabelecer entre os
mais diferentes materiais, através daquilo que criam em suas brincadeiras,
uma nova e incoerente relação. (1984, p.77)
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Nessas vivências proporcionadas pela cultura, a exploração realizada pela
criança amplia a observação do mundo no qual ela está inserida, formando também seu
próprio mundo das coisas, nos permitindo refletir sobre a importância da Arte no processo
de educação.
Refletindo-se sobre a construção da aprendizagem e suas dificuldades, de
acordo com Contribuições teóricas de Brioso e Sarriá, Castillo, Cristina Dias Allessandrini,
Maria Antonia Serra Pinheiro, Nadia Bossa, Vitor da Fonseca e Vygotski, pensa-se que no
processo de construção do autoconhecimento e autonomia prioriza-se uma aprendizagem
significativa. A interface entre psicopedagogia e artes justifica-se quando um processo
reflexivo é entendido como uma oportunidade de transformação, de ação construtiva.
Segundo Allessandrini (2006) trabalhar com dificuldades de aprendizagem
pressupõe a compreensão dos mecanismos presentes nos níveis afetivo e cognitivo,
durante a aquisição do conhecimento. A aprendizagem, em seu significado mais amplo,
possibilita a interação do homem no contexto social e cultural a partir de uma ação
educativa efetiva.
Através da produção artística, oportuniza-se um momento de “traduzir-se”, fazer
contato, de maneira simbólica, com seus conflitos e sentimentos. É um momento de
dialogar com sua subjetividade e assim ampliar a consciência para uma transformação.
Segundo Bossa (2000) o objeto central da psicopedagogia está estruturado em
torno do processo da aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e
patológicos, bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu
desenvolvimento. Sendo assim o psicopedagogo é um profissional que tem total dedicação
à assessoria de instituições escolares com o intuito de certificar aos profissionais que nela
atuam e oferecer condições precisas para se puder atingir uma melhor compreensão da
complexidade do processo de ensinar e aprender. Podemos compreender que de fato as
professoras afirmam de forma consistente que o psicopedagogo em sua atuação produz
sim o seu efeito, percebemos em suas falas que esse profissional tem muito a oferecer no
processo ensino-aprendizagem não só dos educandos mais também aos educadores.
Na instituição escolar, o trabalho do psicopedagogo tem a função social de
socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a
construção de regras de conduta, dentro de um projeto social mais amplo.
A psicopedagogia nos revela uma solução para dificuldades de aprendizagem
que por via das vezes parecem difíceis, mas que podem ser tratadas quando
reconhecemos que o sujeito pode sim aprender.
21
2.2 COLETA DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO

A coleta de dados se deu pelas observações realizadas na sala de


recursos e de artes e também como instrumento um questionário com perguntas
abertas, na perspectiva quantitativo, contendo 3 perguntas. O mesmo foi respondido
por quatro professores do ensino fundamental da instituição.
Segundo Ramos (2003, p.34):
As perguntas abertas permitem ao informante dar respostas livremente,
proporcionando obtenção de respostas com mais detalhes, oferecendo ao
pesquisador, aprofundamento sobre a pesquisa, no entanto, dificulta a

quantificação.

As questões permitem coletar informações referente ao tema estudado,


“A importância das artes como contribuição nas intervenções psicopedagogicas”,
sendo assim, o pesquisador pretende através do mesmo trazer contribuições
significativas para o enriquecimento desta pesquisa.
A primeira questão interroga dos entrevistados, qual a importância da
Arte na vida de um ser humano.
- Professor A: Acredito que tudo seja bem mais fácil e eficaz a partir da
introdução da arte! Dinamismo, encenação, o poder do convencimento,
humanização e o bem do fazer acontecer no concreto!
- Professor B: Quanto a importância das artes visuais em qualquer
sociedade, ela faz parte de uma expressão anterior ao coletivo e ao mesmo tempo
uma ferramenta de elo profundo entre os homens, mesmo quando divergente das
crenças ou costumes vigentes. É algo que melhora a vida, uma experiência única de
auto descoberta e exercício de contemplação do mundo exterior, um olhar profundo.
- Professor C: Qualquer manifestação de artes é imprescindível na vida
do ser humano: o fazer, o criar, o observar, o criticar, etc.
- Professor D: Desde que nascemos estamos cercados de Arte, seja na
decoração do quarto dos bebês, nas cores dos brinquedos, nas músicas que
embalam o sono, assim como em livros de histórias infantis. Nós nascemos
instintivamente emotivos, isto é, reagimos emocionalmente ao mundo que nos cerca,
mas nossas emoções surgem de forma bruta. Elas precisam ser conhecidas,
lapidadas e cultivadas. A expressão artística oferece oportunidade para isso,
desenvolvendo, além da inteligência, a personalidade, o temperamento e o
caráter. Logo, o estímulo à prática artística desde a infância estimula a imaginação e
22
a criatividade, além de despertar vocações que podem se desenvolver em direção
às áreas de criação e expressão.
Todos os entrevistados acima descreveram o quanto as artes é
necessária na vida de um ser humano. A arte favorece ao ser humano a percepção
e a condição de buscar uma harmonia da relação entre ele e a vida com o mundo
em que é inserido, propiciando resoluções de conflitos pessoais da personalidade e
de relacionamento,promovendo uma sociedade mais sadia.
Barbosa (1991), diz:
Arte não é apenas básico, mas fundamental na educação de um país que
se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma
diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário, e é
conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser
humano. (p.4) 26
A arte favorece ao ser humano a percepção e a condição de buscar uma
harmonia da relação entre ele e a vida com o mundo em que é inserido, propiciando
resoluções de conflitos pessoais da personalidade e de relacionamento,
promovendo uma sociedade mais sadia. Tendo um importante papel no processo de
educação, por incorporar sentidos, valores, expressão, movimento, linguagem e
conhecimento de mundo em seu aprendizado.
Como afirma Barbosa (2005, p. 40):
Através das artes é possível desenvolver a percepção e a imaginação,
aprender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica,
permitindo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de

maneira a mudar a realidade.

A segunda questão interroga dos entrevistados, quando falamos em


socialização, qual a contribuição das artes neste contexto.
- Professor A: Como já havia mencionado acima, uns dos maiores
benefícios é o poder fazer no concreto, através da arte!
- Professor B: Na minha experiência, fica claro que a possibilidade da
arte como auto aceitação e como instrumento de descobrimento e empatia com o
outro só ajuda na socialização.
- Professor C: Nenhuma mudança social, ou acontecimento social
acontece sem que não interfira no modo de pensar artístico. Os grandes
movimentos artístico podem ser explicado por grandes transformações sociais.

23
- Professor D: Através de produções artísticas coletivas, por exemplo,
podemos desenvolver a interação social, reconhecendo e aprendendo a apreciar
semelhanças e diferenças, desenvolvendo senso crítico e respeitando as
diversidades. Além disso, a Arte pode contribuir para a construção da identidade de
cada um, uma vez que pode ser trabalhada de modo a desenvolver a afetividade, o
emocional e cognitivo do indivíduo.
Conforme o respondido por todos acima, fica claro a socialização que as
artes proporciona. O educando através da arte se relaciona com o meio social de
forma mais prazerosa, facilitando a sua integração na sociedade, tendo como
experiência recriar a realidade, transformando-a, promovendo o sentimento de
mudança, e com isso, crianças e adolescentes se afastam das ruas. Por ter esta
função transformadora acaba fazendo um resgate social, sendo utilizada em vários
projetos restaurando o equilíbrio emocional, a auto-estima e a socialização. Então
acho que [se] aproximar do mundo profissional das artes vai trazer a dimensão mais
aproximada do humano nas artes, (BARBOSA, 1998)
Segundo Barbosa (1998): “A arte contribui muito para desenvolver o
sentido de cidadania, atentar para a diversidade cultural e para começar a respeitar
as diferenças entre grupos culturais”.
A terceira questão interroga dos entrevistados, qual a importância das
artes como contribuição nas intervenções psicopedagógicas ?
- Professor A: A arte é como uma mola propulsora, trazendo resultados
benéficos nas intervenções psicopedagógicas. A arte contribui no desenvolvimento,
sensibilidade, criatividade, transformação, restaurando o equilíbrio emocional, auto -
estima e a socialização.
- Professor B: Na arte, emoção e cognição se interagem. Os recursos
proporcionados pela arte podem colaborar para que os conteúdos se elaborem,
sejam significativos e prazerosos, é um espaço construcional.
- Professor C: Desenvolve a coordenação geral, elabora pensamentos e
questionamentos, estimula a criatividade, engrandece a auto estiima, propicia as
relações humanas.
- Professor D: Estímulo à criatividade e a imaginação, ampliação da visão
de mundo e pode despertar vocações que podem se desenvolver em direção às
áreas de criação e expressão.

24
Os entrevistados consideram que a arte proporciona enúmeros
benefícios. Nas expressões artísticas da criança são externizados os sentimentos,
as emoções, os conflitos, as expectativas, os anseios e dificuldades, propiciando a
criança a possibilidade de conhecer suas limitações, explorar suas potencialidades,
favorecendo uma transformação. Essa interação com o meio e ao mesmo tempo
com o outro ocasiona experiências significativas no desenvolvimento afetivo,
cognitivo, psíquico e de socialização.
De acordo com Bessa (1972, p. 13):
Quando a criança pinta, desenha, modela ou constrói regularmente, a
evolução se acelera. Ela pode atingir um grau de maturidade de expressão
que ultrapassa a medida comum. Por outro lado, a criação artística traz a
marca de uma individualidade, provoca libertação de tensões e energias,
instaura uma disciplina formativa, interna de pensamento e de ação que
favorece a manutenção do equilíbrio tão necessário para que a
aprendizagem se processe sem entraves, e a integração social sem
dificuldades.
Segundo Allessandrini (1996, p. 29-30):
“A experiência artística, expressão da alma e da percepção que o homem
tem do mundo, apresenta-se como recurso importante para ampliar a
aprendizagem daquele que se relaciona com o outro, e aprende a partir
dessa relação.[Considera também] ...a linguagem da arte importante na
expressão da atividade cognitiva do aprendiz.”
A psicopedagogia trabalhada através da arte, permite descobertas
internas que nutrem a essência do aprender de forma prazerosa, do sentir, do tocar,
do misturar, do agregar, do colar, do juntar, do modelar, do esculpir, do traçar, do
dançar. É apostar na habilidade manual em sintonia com o prazer do sentimento, do
afeto, que constrói um mundo de significados e significantes.
Sendo assim, a partir dos dados coletados, ficou evidente que todos os
entrevistados entendem a importância das artes como contribuição nas intervenções
psicopedagógicas.

25
2.3 REGISTROS DAS INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS INSTITUCIONAL
DA ARTE COM ALUNOS INCLUÍDOS

2.3.1 Fantoches
Caso aluno A:
O aluno A tem o diagnóstico de Autismo Clássico, possui dificuldades na
interação social, quando ele quer consegue se expressar verbalmente, não
manifesta afeto, não gosta de carinho, é agressivo, possui uma inteligência abaixo
da média, comprometimento na função motora fina. Possui esteriotipia de balançar
os braços e as mãos como se tivesse voando. O aluno A é alto e forte, ele adora
música, gosta de ouvir histórias, não é alfabetizado e é muito disperso. Ele veio de
outras escolas as quais não tiveram a menor paciência e empenho com suas
dificuldades. Foi muito complicado me aproximar dele, ele é muito agitado, não
consegue ficar parado, eu atribuo a escola também como responsável, pois a
mesma não oferece muitos atrativos e materiais necessários.
De acordo com os critérios internacionais para o diagnóstico do autismo
após as revisões das edições, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM - IV) - Associação Americana de Psiquiatria (APA), conceituam o
autismo como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento representado por danos
graves e agressivos em várias áreas do desenvolvimento:
Esses transtornos são caracterizados por severos déficits e prejuízo
invasivo em múltiplas áreas do desenvolvimento e incluem prejuízo na
interação social recíproca, prejuízo na comunicação e a presença de
comportamentos, interesses e atividades estereotipadas. (DSM IV, 2000,
p.38)
A linguagem é considerada como um instrumento social que faz uso de
signos para estabelecer a comunicação entre os sujeitos. Os déficits na área da
comunicação são uma das maiores preocupações no caso de pessoas com autismo
que afetam a compreensão e a expressão, o gestual e a linguagem falada.
Objetivos:
Trabalhar a cognição, estimular o desenvolvimento da linguagem através
de atividades lúdicas auditiva e visual.
Desenvolvimento:
Como o aluno A gosta de ouvir histórias, criei dois fantoches, dois per-
sonagens, o Abu e o Ben. Contarei brevemente a história dos personagens Abu
26
e Ben. Eles são amigos e brincam quando saem do colégio todos os dias perto do
armazén do sr. Álvaro. Um dia, Abu e Ben brincando de esconde-esconde, Abu se
escondeu embaixo das escadas do armazén do sr. Álvaro e lá no cantinho, bem es-
condido, achou uma caixinha muito reluzente, ela brilhava muito, Abu a pegou e
quando abriu a caixinha, uma luz muito forte saiu dela, muitas letrinhas coloridas se
movimentaram, como se tivessem vida, uma voz perguntou se ele gostaria de se
transformar em um super herói, “ O Super A”, sua função como herói seria ajudar as
crianças com dificuldades de aprendizagem, e teria que percorrer todas as escolas
para ajudar. Para Abu se transformar em um super herói, teria que falar as letrinhas
mágicas, as vogais. Com isso Abu apresentou paro o aluno A as vogais, os sons e
depois as consoantes e seus sons. O aluno conseguiu absorver bastante o alfabeto,
ele adorou a historinha. Começamos trabalhar com algumas palavrinhas, foi um
grande progresso, mas, infelizmente sua mãe teve que retirá-lo do colégio por mo-
tivos pessoais, e todo esse processo foi interrompido.
Recursos utilizados:
Fantoches feitos de meia, papelão, cola quente, cadarço de tênis, bola de
isopor, cartolina vermelha, eva, feltro verde, marrom e azul, missangas. Caixa de
sapato, papel dourado, letrinhas de eva, papel celofane.
O fantoche Abu, “ Super A “
27

O fantoche Ben, amigo do Abu.


O aluno A

28
2.3.2 Caixa de ovos
Caso aluno B:
A aluna B, tem o diagnóstico de autismo severo, não é agressiva, é muito
preguiçosa, praticamente não fala, possui muita dificuldade na interação social.
Quando emite algum som, é referente a comida, pois ela adora comer, rouba a
comida de qualquer aluno que tiver próximo a ela, a sua estereotipia é rotacionar
qualquer coisa com o dedo, podendo ser vidro de shampoo, escova de dentes,
possui uma inteligência abaixo da média e comprometimento na função motora fina
e grossa. A aluna B não se senti motivada a fazer nada, ela não conseguiu
identificar formas e cores, não consegue segurar no lápis, não é alfabetizada, é
muito dócil e amorosa.
Objetivos:
Estimular a função motora fina e cognitiva
Desenvolvimento:
Na sala de recursos a aluna B trabalhou colagem com caixa de ovos. Fiz
umas flores de caixa de ovos e ajudei a aluna B a colar e pintar as flores, e cada
caneta que ela pegava para pintar eu apresentava a cor relacionada.
Como eu também trabalho com madeira produzi figuras geométricas
coloridas de madeira maciça e na sala de recursos apresentei as figuras, fiz a aluna
com a ponta dos dedos acompanhar a forma das figuras, e fazer com ela repetisse o
nome das cores de cada uma.
Recursos utilizados:
Caixa de ovos de isopor, cola, cartolina, canetas coloridas de hidrocor.
Madeira maciça para as formas geométricas, tintas.

29
A aluna B na sala de recursos trabalhando a função motora fina e cognição.

Figuras geométricas de madeira maciça.

30
2.3.3 Canudos de jornal
Caso aluno C:
O aluno C possui o diagnóstico de autismo clássico, está no 3 ano do
Ensino Fundamental, consegue ler e escrever com dificuldade, acompanhar a turma
e o professor, em alguns momentos necessita de um professor auxiliar, suas crises
são raras, possue ecolalia, sua estereotipia quando alegre faz movimentos com os
braços como se estivesse batendo asas, interage com os outros da instituição
principalmente com os seus colegas, tinha dificuldades com as mãos, não suportava
vê-las sujas, tem comprometimento leve com a função motora fina, é muito meigo.
Objetivo:
Trabalhar a função motora fina e função sensorial tátil
Desenvolvimento:
Na sala de artes o aluno C executou vários trabalhos de artes
trabalhando a função motora fina, como pintura, trabalhos com canudos de jornal e
outros.
Ele não suportava molhar ou sujar as mãos, não tinha muito afinidade
com trabalhos manuais. Auxiliei o aluno com as propostas, no início foi complicado,
pois ele ficava irritado, mas aos poucos ele começou a gostar e principalmente
porque ele ao interagir com os outros alunos da escola se sentia confiante e igual
aos outros. Neste trabalho com jornal ele conseguiu superar a dificuldade que tinha
com a sensibilidade tátil.
Em outo momento a professora da turma pediu que eu a ajudasse, tive a
oportunidade de preparar algumas provas mais difíceis adaptando-as.
Recursos utilizados:
Canudos feitos de jornais, tinta guache, cola, pincél

31
O aluno C trabalhando com canudinhos de jornal.

32
Provas adaptadas de matemática para o aluno C.

33
2.4 APROXIMAÇÕES DIAGNÓSTICAS (análise dos resultados)

FANTOCHES – Caso Aluno A


O aluno A, além de suas dificuldades de apredizagem, conseguiu ab-
sorver parcialmente o alfabeto, conseguiu identificar as vogais e algumas con-
soantes. A historinha contada pelos personagens proporcionou ao aluno desen-
volver sua linguagem através do lúdico. A contação de histórias é também mais
uma ferramenta psicopedagógica, resgata a construção da aprendizagem, disperta o
imaginário, proporciona momentos de alegria, risos, tranquilidade e emoções. O
aluno sentiu-se atraído pela história, completamente concentrado, trabalhamos algu-
mas palavrinhas, foi um grande progresso. Porém, infelizmente sua mãe teve que
retirá-lo do colégio por motivos pessoais, e todo esse processo foi interrompido.
Segundo Castillo (1999), para que a criança faça uso da leitura e escrita,
tornam-se necessárias algumas habilidades, tais como: discriminação visual;
discriminação auditiva; memória visual e auditiva; coordenação motora; coordenação
motora fina; conhecimento do esquema corporal; orientação espacial; atenção
seletiva; domínio da linguagem oral; diferenciação entre letras e outros símbolos;
cópia de modelo e memorização de relatos curtos, canções infantis, versos de rima
fácil.
As Artes oferecem para a criança materiais lúdicos que podem levar a
descobertas, conhecimentos, experimentação de possibilidades. Nos alunos
autistas, essas experimentações se tornam livres, pois não se espera um resultado,
apenas se experimenta, sem se deter no significado. O que prevalece é o olhar e as
mãos, em gestos espontâneos. Dessa aprendizagem podemos identificar elementos
explicativos em Benjamin (1984) para o qual o desempenho infantil é guiado não
pela “eternidade dos produtos”, mas simplesmente pelo instante do gesto.
Trabalhar com teatro, contação de histórias, permite o aluno exercitar sua
capacidade criativa e de expressão verbal e não verbal. A utilização dos recursos
artísticos no contexto da educação inclusiva exerce total importância.

34
CAIXA DE OVOS – Caso Aluno B
A Aluna B se sentiu motivada ao trabalho proposto, demonstrando
interesse nos materiais apresentados, possui muita dificuldade na função motora
fina, porém conseguiu com a minha ajuda segurar na caneta e colar as flores de
isopor, conseguiu repetir as cores as quais eram selecionadas e depois conseguiu
identifica-las. Teve dificuldade em identificar as formas.
De acordo com o CID-10 (1993,p.245), problema no desenvolvimento
motor é um
Sério comprometimento no desenvolvimento de coordenação motora, que
não é explicável unicamente em termos de retardo intelectual ou qualquer
transtorno neurológico congênito ou adquirido específico. É usual que a
inabilidade motora esteja associada a algum grau de desempenho
comprometido em tarefas cognitivas visuoespaciais.
Neste sentido, Fonseca (1995) nos explica que os problemas motores
não atingem diretamente a capacidade intelectual, mas interferem no desempenho
escolar, pela dificuldade em escrever, em pintar, em manusear objetos e em
participar das atividades próprias da escola.
O desenvolvimento das habilidades motoras tem um forte impacto sobre
a aprendizagem e por consequencia no seu desenvolvimento, implicando
diretamente no sucesso escolar. A coordenação motora fina é imprescindível para a
escrita e para a letra legível.

CANUDOS DE JORNAL - Caso Aluno C


O aluno C, desenvolveu bem a atividade proposta, inicialmente
manifestou resistência ao contato com as tintas, ele não gosta de molhar as mãos
ou sujá-las, porém depois de começar e experimentar, percebeu o resultado, ficou
completamente entusiasmado e auto confiante. Depois desse episódio o aluno quis
participar de outras atividades com artes. Esta atividade proporcionou ao aluno
trabalhar com a função motora fina, e superar a sua sensibilidade sensorial tátil .
Vygotsky (1989) explica que, para o indivíduo aprender algo novo, há que
ser considerado o que esse indivíduo é capaz de fazer sozinho, sem ajuda de outras
pessoas ou de mais habilidades e conhecimentos. Esse nível de conheciomento em
que encontra o indivíduo, Vygotsky chamou de Nível de Desenvolvimento Real. Em
seguida, é necessário considerar o que o indivíduo ainda não domina, não conhece
desse novo aprendizado, mas que pode realizar com a ajuda de outros pessoas ou
35
conhecimentos. Esse nível foi denominado de Nível de Desenvolvimento Potencial.
Entre esses níveis de desenvolvimento (real e potencial) está a Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP). A ZDP permite identificar a distância entre o Nível
de Desenvolvimento Potencial e o Nível de Desenvolvimento Real do Indivíduo.
Nossa capacidade motora fina nos permite usar os pequenos músculos
do nosso corpo. Escrever, coordenar os movimentos das mãos e dos
olhos, criar peças de arte, mover olhos e lábios são exemplos de habilidade motora
fina. Pegar uma pequena folha do chão com os dedos também é um uso dela.
Qualquer coisa que fazemos coordenando olhos e mãos tem a ver com essa
capacidade motora fina, como usar um lápis, inclusive para desenhar.
O aluno mediante a sua dificuldade conseguiu avançar no seu
desenvolvimento.

36
3.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estágio teve por finalidade abordar a importância das artes como
contribuição nas intervenções psiciopedagógicas.
As artes na vida de um indivíduo, favorece a percepção e a condição de
buscar uma harmonia da relação entre ele e a vida com o mundo em que é iserido,
propiciando resoluções de conflitos pessoais da personalidade e de relacionamento,
promovendo uma sociedade mais sadia, contribuindo na construção da identidade
do ser humano, tornando assim indispensável à formação humana.
Através da arte o educando se relaciona com o meio social de forma
mais prazerosa, facilitando a sua integração na sociedade, tendo como experiência
recriar a realidade, transformando-a, promovendo o sentimento de mundança, com
isso.
A arte está presente em todas as formas de comunicação e expressão, a
imagem é um dos meios mais utilizados e mais acessíveis que o homem encontrou
para expressar seus pensamentos, seja, razão ou emoção. Numa sociedade onde
as diferenças socio-economicas, a arte é um modo altamente eficaz na na inclusão
social. O indivíduo que exerce a atividade artística desenvolve em conjunto a
sensibilidade indispensável ao bem estar interior e exterior do homem.
Não existe uma única forma de aprender. Não há uma única capacidade
intelectual. A criança aprende e soluciona um problema de formas variadas, sob
diferentes pontos de vistas, levantando muitas hipóteses. Não se deve enxergar o
produto, mas sim, a estratégia que a criança utilizou no seu processo.
Barbosa (2006), afirma que:
Na construção da Arte utilizamos todos os processos mentais envolvidos na
cognição. Existem pesquisas que apontam que a Arte desenvolve a
capacidade cognitiva da criança e do adolescente de maneira que ele possa
ser melhor aluno em outras disciplinas.
O psicopedagogo é o mediador que abre espaço para essas
explorações, essas diferentes formas de entender e aprender a matemática, a
linguagem, a leitura, a escrita.
É necessário trabalhar essas diferenças, investigando como processa o
pensamento, como a criança constrói seu conhecimento. trabalhando com todas as
possibilidades.

37
Bossa (2000) afirma que é de suma importância o papel da
psicopedagogia nas instituições escolares, ao dar suporte, diagnosticar, e investigar
as causas que impedem a aprendizagem institucional, a circulação do
conhecimento, o papel das lideranças e dos liderados, como os motivos que levam
ao insucesso organizacional interferindo na aprendizagem das crianças.
A Psicopedagogia investiga os processos cognitivos, emocionais, sociais,
culturais, orgânicos e pedagógicos que intervêm na aprendizagem, com o propósito
de criar circunstâncias que promovam a mesma.
Portanto e necessário valorizar a arte como um recurso nas contribuições
psicopedagógicas, possibilitando a criatividade, desenvolvendo as estruturas
mentais, propiciando as relações humanas, favorecendo a integração das
diversidades .
Este estágio proporcionou conhecer, vivenciar e contribuir, junto a
instituição, foi uma grande oportunidade para que eu pudesse observar, adquirir e
trocar experiências e conhecimentos e sem dúvidas refletir sobre o papel do
psicopedagogo.
Perceber o quanto é valioso o trabalho desse profissional intervir na vida
do educando  com dificuldades de aprendizagem, estimulando-o a superar suas
limitações e trazendo de volta sua auto-estima.

38
4.0 REFERÊNCIAS

ALESSANDRINI, Cristina Dias. Oficina criativa e psicopedagógica. São Paulo:


Casa do Psicólogo, 1996.

,C. D. Oficina Criativa e Psicopedagogia.São Paulo:Casa do


Psicólogo, 2006.

BARBOSA, Ana Mae Tavares Barros. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e
novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 1991.

Ana Mae Tavares. Memória Roda Viva: Entrevista com Ana Mae
Tavares Barbosa. Disponível em: <http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/370/
entrevistados/anamaebarbosa1998.htm>.
Acessado em :09 nov. 2016 às 14:00.

Ana Mae Tavares. Carta Maior: Entrevista com Ana Mae Tavares
Barbosa. Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/?/editoria/midia/entrevista-
%96-anamae barbosa/12/10517 >.
Acessado em: 17 jun. 2016 às 21:00.

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Paulo:Cortez,2005.

Ana Mae Tavares. Inquietação e mudanças no ensino da arte. – 4 ed.


– São Paulo: Cortez, 2008

BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo:


Summus, 1984.

Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e


história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras Escolhidas, v.1)

39
BESSA, Mahylda. Artes plásticas entre as crianças. 3 ed. Rio de Janeiro: José
Olimpio, 1972.

BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1985.

BOSSA, N. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2000

Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da


prática/Nadia A. Bossa. – 2. ed - Porto Alegre, RS: Artes Médicas Sul, 2000.

CASTILLO, H.V. A leitura de textos literários vs textos científicos por leitores


incipientes. In: WITTER, G. P. (Org) Leitura: textos e pesquisas. Campinas: Alínea,
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10:descrições clínicas e diretrizes diagnósticas.Porto Alegre: Artes Médicas,1993.

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Lev Semenovitch. A formação social da mente. São Paulo:Martins


Fontes,1989.

41

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