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TEXTO PARA DISCUSSÃO 1943 IPEA: INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS À

LUZ DOS PLANOS DIRETORES: UMA ANÁLISE A PARTIR DE UM


CIRCUITO COMPLETO DE INTERVENÇÃO

4.2 Presença dos instrumentos conforme condições estabelecidas

Pesquisadora: Aline Sousa

A existência das condições citadas (fechamento de circuito/provisão legal para OUC e


OO) para os instrumentos urbanísticos a partir dos circuitos de intervenção no âmbito
municipal devem ser verificadas além da capacidade técnica municipal ou categoria da
cidade, mas também através de um contexto mais amplo como aspectos históricos do
planejamento urbano, nível educacional e engajamento da população, forças políticas
dominantes e outros (NETO; KRAUSE; BALBIM, 2014, p. 38).

Ao verificar as tabelas e gráficos indicados pelos autores, nas condições 1 e 2 de


análise, os instrumentos estão mais presentes entre os municípios núcleos de metrópoles
e capitais regionais. Além disso, quanto mais periférico na dinâmica da rede de cidades
é o município, menor é a presença dos instrumentos.

Ainda, em uma análise com referência às regiões do país, o Nordeste apresenta a menor
proporção do total de municípios com a presença das duas condições de análise,
enquanto as demais regiões exibem valores superiores à média nacional sobre a
presença das duas condições de análise. Os autores indicam que tais conjunturas
regionais condiz pela situação do conhecimento e desconhecimento da finalidade do uso
dos instrumentos por parte das instituições de planejamento e seus agentes, além do
contexto do planejamento urbano municipal e sua influencia no processo de elaboração
dos PDs compatível à realidade municipal. O contexto de uma elaboração de PDs
“apressada” partir da vigência do EC, sendo que este representou a unificação de
nomenclaturas no território nacional, pela reprodução de textos legais que incluem “a
previsão de instrumentos urbanísticos que não trazem nenhuma especificidade ao
município” (NETO; KRAUSE; BALBIM, 2014, p. 42).

A partir dos dados do MUNIC é possível verificar uma variação positiva entre 2001 e
2009 da presença dos instrumentos em todos os tipos de centros, onde, por exemplo, o
aumento de 2001 a 2009 da presença da condição 1 e 2 nas cidades inseridas na
categoria de área de abrangência de Metrópole. Já para os dados da Rede PDP,
verificam uma maior presença da condição 1 em detrimento da condição 2, além de
observar diferenças são maiores entre os municípios de mais baixa hierarquia e aqueles
na área de abrangência das metrópoles. Segundo os autores, as diferenças entre a
MUNIC 2009 e a pesquisa da Rede PDP podem ser atribuídas ao tipo de informação
prestada pelo agente público em confronto com limitação de conhecimento relativo à
“complexidade setorial das administrações municipais”, o que representa a limitação de
dados (NETO; KRAUSE; BALBIM, 2014, p.43).

Ou seja, o crescimento da presença dos instrumentos pode ser explicado pela


consequência da vigência do EC, da obrigatoriedade de elaboração dos PDs, esforço da
União e pelo empenho dos municípios para elaboração ou revisão de seus PDs.

No que fiz respeito à metodologia, a MUNIC prevê identificar a presença dos


instrumentos, que corresponde às respostas fechadas feitas pelo gestor do Poder
Executivo, enquanto os relatórios da Rede PDP propõe a interpretação das respostas
dadas às perguntas que resumem elementos necessários à aplicabilidade dos
instrumentos, onde quanto mais completo o PD, maior será o detalhamento das
questões.

Entre as perguntas da pesquisa da Rede PDP, os autores apresentaram as que tiveram


um quantitativo expressivo de respostas “sim”, entre elas: i) O PD traz a definição dos
locais para a aplicação dos instrumentos OO, OUC e Zeis?; ii) O PD estabelece os usos
para os recursos auferidos por meio da OO?; iii) O PD estabelece diretrizes gerais a
serem consideradas na elaboração da norma de OUC? Sobre as demais perguntas,
apresentam-se algumas considerações: A definição de prazos para implementação de
todos os instrumentos foi baixa nos PDs; relevância à inserção metropolitana nas formas
de participação e remuneração (nas OUCs) e de parâmetros para o cálculo de
contrapartidas financeiras (na OO); quantitativo baixo de respostas positivas sobre
previsão de investimentos em Zeis, definição dos usos de recursos de OO.

Além disso, vale indicar que quanto mais baixa a posição dos municípios na hierarquia
dos centros menor a aplicabilidade dos instrumentos urbanísticos e menos completos
são os PDs dessas cidades. Visto isso, os autores indicam que “não basta estar previsto
em lei” (NETO; KRAUSE; BALBIM, 2014, p.46), os instrumentos deverão possuir as
demais especificações necessárias à sua efetiva aplicação, como especificações relativas
ao local de aplicação dos instrumentos, aos usos dos recursos de OO e às diretrizes para
OUC em comparação com a simples previsão legal desses instrumentos nos PDs.
Em linhas gerais, a análise realizada pelos autores apresenta possíveis dispositivos
metodológicos para as fases da pesquisa, na qual poderia provocar a reflexão sobre as
questões das categorias em conjunturas regionais que se encontram os 15 municípios
(como a relevância à inserção metropolitana), comparações dos textos legais com o EC,
além dos locais, recursos e investimentos referentes à aplicação dos instrumentos.

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