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As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho 1. A verificação da identidade do cliente e dos seus
da respectiva actividade, ao cumprimento das seguintes representantes e quando for caso disso, do beneficiário efec-
obrigações gerais: tivo, deve ter lugar no momento em que seja estabelecida a
relação de negócio ou antes da realização de qualquer tran-
a) obrigação de identificação; sacção ocasional.
b) obrigação de diligência; 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, quando
c) obrigação de recusa; o risco de branqueamento ou de financiamento do terrorismo
d) obrigação de conservação; for diminuto a verificação da identidade prevista no número
e) obrigação de comunicação; anterior pode ser aferida após o início da relação de negócio,
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devendo tais procedimentos serem finalizados no mais curto relação negocial por forma a poder detectar transacções com-
prazo possível. plexas ou de valor anormalmente elevado que não aparentem
ARTIGO 7.º ter objectivo económico ou fim lícito.
(Obrigação de diligência)
ARTIGO 10.º
Para além da identificação dos clientes, dos seus repre- (Obrigação de diligência reforçada)
sentantes e dos beneficiários as entidades sujeitas devem:
1. Sem prejuízo do cumprimento do disposto nos arti-
a) obter informação sobre a finalidade e a natureza gos 5.º e 7.º as entidades sujeitas devem aplicar medidas
pretendida da relação de negócio; acrescidas de diligência em relação aos clientes e às opera-
b) obter informação, quando o perfil de risco do ções que, pela sua natureza ou características, possam reve-
cliente ou as características da operação o justi- lar um maior risco de branqueamento ou de financiamento
fiquem, sobre a origem e o destino dos fundos do terrorismo.
movimentados no âmbito de uma relação de 2. São sempre aplicáveis medidas acrescidas de diligên-
negócio ou na realização de uma transacção oca- cia às operações realizadas à distância e especialmente as que
sional; possam favorecer o anonimato, às operações efectuadas com
c) manter um acompanhamento contínuo da relação pessoas politicamente expostas que residam fora do território
de negócio, a fim de assegurar que tais operações nacional, às operações de correspondência bancária com ins-
são adequadas às actividades e ao perfil de risco tituições de crédito estabelecidas em países terceiros e a
do cliente; quaisquer outras designadas pelas autoridades de supervi-
d) manter actualizados os elementos de informação são ou de fiscalização do respectivo sector, desde que legal-
obtidos no decurso da relação de negócio. mente habilitadas para o efeito.
3. Sem prejuízo de regulamentação emitida pelas autori-
ARTIGO 8.º dades competentes nos casos em que a operação tenha lugar
(Adequação ao grau de risco) sem que o cliente ou o seu representante estejam fisicamente
presentes, a verificação da identidade pode ser complemen-
1. No cumprimento das obrigações de identificação e de tada por um dos seguintes meios:
diligência previstos nos artigos 5.º e 7.º as entidades sujeitas
podem adaptar a natureza e a extensão dos procedimentos de a) documentos ou informações suplementares consi-
verificação e das medidas de diligência em função do risco derados adequados para verificar ou certificar os
associado ao tipo de cliente, à relação de negócio, ao pro- dados fornecidos pelo cliente, facultados, desig-
duto, à transacção e à origem ou destino dos fundos. nadamente, por uma entidade financeira;
2. As entidades sujeitas devem estar em condições de b) realização do primeiro pagamento relativo à opera-
demonstrar a adequação dos procedimentos adoptados, nos ção através de uma conta aberta em nome do
termos do número anterior, sempre que tal lhes seja solici- cliente junto de uma instituição de crédito.
tado pela competente autoridade de supervisão ou de fiscali-
zação. 4. Quanto às relações de negócio ou transacções ocasio-
ARTIGO 9.º nais com pessoas politicamente expostas residentes fora do
(Obrigação de diligência simplificada) território nacional, as entidades sujeitas devem:
É obrigatória a conservação dos documentos de identifi- 1. As entidades sujeitas e os membros dos respectivos
cação durante um período de 10 anos, a contar da data do órgãos sociais, ou que nelas exerçam funções de direcção, de
encerramento das contas dos respectivos clientes ou da rela- gerência ou de chefia, os seus empregados, os mandatários
ção contratual estabelecida, por parte das entidades sujeitas. e outras pessoas que lhes prestem serviço a título perma-
nente, temporário ou ocasional não podem revelar, ao cliente
ARTIGO 14.º
ou a terceiros, que transmitiram as comunicações legalmente
(Obrigação de comunicação)
devidas ou que se encontra em curso uma investigação
1. As entidades sujeitas devem, por sua própria iniciativa, criminal.
informar, de imediato, à entidade competente, que comu- 2. Não constitui violação do dever enunciado no
nica ao Banco Nacional de Angola, sempre que saibam, sus- número anterior a divulgação de informações legalmente
peitem, ou tenham razões suficientes para suspeitar que teve devidas ao Banco Nacional de Angola ou à Direcção
lugar, está em curso ou foi tentada uma operação susceptível Nacional de Investigação e Inspecção das Actividades Eco-
de configurar a prática do crime de branqueamento ou de nómicas do Comando Geral da Polícia Nacional dos deveres
financiamento do terrorismo. previstos na presente lei, incluindo os organismos de regula-
2. As informações fornecidas, nos termos do número ção profissional das actividades ou profissões sujeitas à
anterior apenas podem ser utilizadas em processo penal, não presente lei.
podendo ser revelada, em caso algum, a identidade de quem ARTIGO 18.º
as forneceu. (Protecção na prestação de informações)
ARTIGO 15.º
(Obrigação de abstenção) As informações prestadas de boa-fé pelas entidades
sujeitas no cumprimento das obrigações enumeradas não
1. Sempre que se constate que uma determinada opera- constituem violação de qualquer obrigação de segredo,
ção evidencia fundada suspeita e seja susceptível de consti- imposto por via legislativa, regulamentar ou contratual nem
tuir crime as entidades sujeitas, para além da obrigação implicam, para quem as preste, responsabilidade de qualquer
decorrente do artigo 5.º, devem abster-se de executar quais- tipo.
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ARTIGO 23.º
a) aplicar medidas equivalentes às previstas na pre-
(Obrigação específica de diligência reforçada)
sente lei em matéria de obrigações de identifica-
ção, de diligência, de conservação e de formação;
1. As entidades financeiras que sejam instituições de
b) comunicar as políticas e os procedimentos internos
crédito devem, também, aplicar medidas reforçadas de
definidos em cumprimento do disposto no arti-
diligência às relações transfronteiriças de correspondência
go 20.º, que se mostrem aplicáveis no âmbito da
bancária com instituições estabelecidas em países terceiros.
actividade das sucursais e das filiais.
2. Para os efeitos do número anterior as instituições de
crédito devem obter informação suficiente sobre a institui-
ção correspondente, por forma a compreender a natureza da 2. Caso a legislação do país terceiro não permita a apli-
sua actividade, avaliar os seus procedimentos de controlo cação das medidas previstas na alínea a) do número anterior
interno em matéria de prevenção do branqueamento e do as entidades financeiras devem informar desse facto às res-
financiamento do terrorismo e apreciar, com base em pectivas autoridades de supervisão e tomar medidas suple-
informação publicamente conhecida, a sua reputação e as mentares destinadas a prevenir o risco de branqueamento e
características da respectiva supervisão. de financiamento do terrorismo.
1332 DIÁRIO DA REPÚBLICA
ARTIGO 31.º
1. No cumprimento da obrigação de comunicação, pre-
(Obrigação específica de formação)
vista no n.º 1 do artigo 14.º, os profissionais liberais comu-
nicam as operações suspeitas, respectivamente ao órgão
máximo da associação de que é membro, seja ela uma ordem No caso de a entidade não financeira sujeita ser uma pes-
ou tenha outra designação, cabendo a estas entidades a soa singular que exerça a sua actividade profissional na qua-
comunicação, pronta e sem filtragem, à unidade de informa- lidade de trabalhador de uma pessoa colectiva, a obrigação
ção financeira e à Procuradoria Geral da República, sem de formação prevista no artigo 20.º incide sobre a pessoa
prejuízo do disposto no número seguinte. colectiva.
2. Tratando-se de advogados ou outros profissionais CAPÍTULO V
liberais e estando em causa as operações referidas no n.º 1 Supervisão e Fiscalização
do artigo 12.º, não são abrangidas pela obrigação de comu-
nicação, as informações obtidas no contexto da avaliação da ARTIGO 32.º
situação jurídica do cliente, no âmbito da consulta jurídica, (Autoridades)
no exercício da sua missão de defesa ou representação do
cliente num processo judicial, ou a respeito de um processo A fiscalização do cumprimento das obrigações previstas
judicial, incluindo o aconselhamento relativo à maneira de na presente lei compete ao Banco Nacional de Angola, à
propor ou evitar um processo, bem como as informações que Direcção Nacional de Investigação e Inspecção das Activi-
sejam obtidas antes, durante ou depois do processo. dades Económicas do Comando Geral da Polícia Nacional e
3. O disposto nos números anteriores aplica-se, igual- às autoridades policiais e judiciais competentes, nos termos
mente, ao exercício pelos advogados e outros profissionais da presente lei.
liberais das obrigações dos deveres de abstenção e de cola- ARTIGO 33.º
boração, logo que lhes seja solicitada assistência pela autori- (Competências)
dade judiciária, comunicá-la à ordem ou associação aonde
esteja inscrito, facultando a estes os elementos solicitados No âmbito das respectivas atribuições, cabe ao Banco
para o efeito do disposto do n.º 1 do presente artigo. Nacional de Angola:
sempre com observância dos princípios da lega- comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais
lidade, da necessidade, da adequação e da pro- comunicações.
porcionalidade; 2. As autoridades judiciárias e policiais devem remeter,
b) fiscalizar o cumprimento das normas constantes da anualmente, à unidade de informação do Banco Nacional de
presente lei; Angola, os dados estatísticos relativos ao branqueamento e ao
c) instaurar e instruir os respectivos procedimentos financiamento do terrorismo, nomeadamente o número de
contravencionais e conforme o caso, aplicar ou casos investigados, de pessoas acusadas em processo judi-
propor a aplicação de sanções. cial, de pessoas condenadas, e o montante dos bens congela-
dos, apreendidos ou declarados perdidos a favor do Estado.
ARTIGO 34.º 3. Cabe à unidade de informação financeira do Banco
(Obrigação de comunicação das autoridades) Nacional de Angola proceder à publicação dos dados esta-
tísticos recolhidos sobre prevenção do branqueamento e do
Sempre que, no exercício das suas funções, as autorida- financiamento do terrorismo.
des de supervisão das entidades financeiras e de fiscalização
das entidades não financeiras tenham conhecimento ou
suspeitem de factos susceptíveis de poder configurar a prática CAPÍTULO VII
do crime de branqueamento ou de financiamento do terro- Regime Sancionatório
rismo devem participá-los, prontamente, ao Banco Nacional
ARTIGO 39.º
de Angola, caso a comunicação ainda não tenha sido reali-
(Aplicação no espaço)
zada.
CAPÍTULO VI
Informação e Estatística Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
presente capítulo é aplicável a:
ARTIGO 35.º
(Acesso à informação) a) factos praticados em território angolano;
b) factos praticados fora do território nacional de que
Para cabal desempenho das suas atribuições de preven- sejam responsáveis as entidades referidas no
ção do branqueamento e do financiamento do terrorismo a artigo 3.º, actuando por intermédio de sucursais
entidade competente tem acesso, em tempo útil, à informação ou em prestação de serviços, bem como as
financeira, administrativa, judicial e policial, a qual fica pessoas que, em relação a tais entidades, se
sujeita ao disposto no artigo 16.º encontrem em alguma das situações previstas no
n.º 2 do artigo seguinte.
ARTIGO 36.º
(Difusão de informação) ARTIGO 40.º
(Responsabilidade)
Cabe ao Banco Nacional de Angola, no âmbito das suas
atribuições e competências legais, emitir alertas e difundir 1. Pela prática das contravenções a que se refere o pre-
informação actualizada sobre tendências e práticas conhe- sente capítulo podem ser responsabilizadas:
cidas, com o propósito de prevenir o branqueamento e o
financiamento do terrorismo. a) as entidades financeiras;
b) as entidades não financeiras.
ARTIGO 37.º
(Retorno de informação) 2. As pessoas colectivas são responsáveis pelas infracções
quando os factos tenham sido praticados no exercício das
A unidade de informação financeira do Banco Nacional respectivas funções ou em seu nome ou por sua conta, pelos
de Angola deve dar o retorno oportuno de informação às titulares dos seus órgãos sociais, mandatários, representan-
entidades sujeitas, quer ao Banco Nacional de Angola, quer tes, trabalhadores ou quaisquer outros colaboradores perma-
à Direcção Nacional de Investigação e Inspecção das Activi- nentes ou ocasionais.
dades Económicas do Comando Geral da Polícia Nacional, 3. A responsabilidade da pessoa colectiva não preclude a
sobre o encaminhamento e o resultado das comunicações responsabilidade individual dos respectivos agentes.
suspeitas de branqueamento e de financiamento do terro- 4. Não obsta à responsabilidade individual dos agentes a
rismo, por aquelas comunicadas. circunstância de o tipo legal da infracção exigir determinados
elementos pessoais e estes só se verificarem na pessoa
ARTIGO 38.º colectiva, ou exigir que o agente pratique o facto no seu
(Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos) interesse, tendo aquele actuado no interesse de outrem.
5. A invalidade e a ineficácia jurídicas dos actos em que
1. Cabe à unidade de informação financeira do Banco se funde a relação entre o agente individual e a pessoa
Nacional de Angola preparar e manter actualizados dados colectiva não obstam a que seja aplicado o disposto nos
estatísticos relativos ao número de transacções suspeitas números anteriores.
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p) a não prestação de pronta colaboração ao Banco a) interdição, por um período até três anos, do exercí-
Nacional de Angola e à Direcção Nacional de cio da profissão ou da actividade a que a contra-
Investigação e Inspecção das Actividades Eco- venção respeita;
nómicas do Comando Geral da Polícia Nacional, b) inibição, por um período, até três anos, do exercí-
bem como às autoridades policiais e judiciárias, cio de cargos sociais e de funções de administra-
à autoridade judiciária responsável pela direcção ção, de direcção, de chefia e de fiscalização em
do inquérito ou às autoridades competentes para pessoas colectivas abrangidas pela presente lei,
a fiscalização do cumprimento dos deveres quando o infractor seja membro dos órgãos
consagrados na presente lei; sociais, exerça cargos de direcção, de chefia ou
q) a revelação, aos clientes ou a terceiros, da trans- de gestão ou actue em representação legal ou
missão de comunicações ao Banco Nacional de voluntária da pessoa colectiva;
Angola e à Direcção Nacional de Investigação c) publicação da punição definitiva, a expensas do
e Inspecção das Actividades Económicas do infractor, num jornal de larga difusão na locali-
Comando Geral da Polícia Nacional, ou da pen- dade da sede ou do estabelecimento permanente
dência de uma investigação criminal; do infractor ou, se este for uma pessoa singular,
r) a ausência de definição e de aplicação de políticas na localidade da sua residência.
e de procedimentos internos de controlo;
s) a não adopção de medidas e de programas de CAPÍTULO VIII
divulgação e de formação em matéria de preven- Disposições Processuais
ção do branqueamento e do financiamento do
terrorismo; ARTIGO 49.º
(Competência do Banco Nacional de Angola)
t) o recurso à execução das obrigações de identificação
e de diligência por entidades terceiras. Relativamente às contravenções praticadas por entidades
financeiras a averiguação das infracções, a instrução proces-
ARTIGO 47.º
(Multas)
sual e a aplicação de multas e sanções acessórias são da
competência do Banco Nacional de Angola.
As contravenções previstas no artigo anterior são puní-
veis, nos seguintes termos: CAPÍTULO IX
Terceiros de Boa-Fé
a) quando a infracção seja praticada no âmbito da
actividade de uma entidade financeira: ARTIGO 50.º
(Defesa de direitos de terceiros de boa-fé)
i) com multa de valores, em moeda nacio-
nal, equivalente de USD 25 000,00 a 1. Se os bens apreendidos a arguidos em processo penal
USD 2 500 000,00, se o agente for uma pes- por infracção relativa ao branqueamento de vantagens de
soa colectiva; proveniência ilícita se encontrarem inscritos em registo
ii) com multa de valores, em moeda nacio- público em nome de terceiros os titulares de tais registos
nal, equivalente de USD 12 500,00 a são notificados para deduzirem a defesa dos seus direitos e
USD 1 250 000,00, se o agente for uma pes- fazerem prova sumária da sua boa-fé, podendo ser-lhes, de
soa singular; imediato, restituído o bem.
2. Não havendo registo o terceiro que invoque a boa-fé na
b) quando a infracção for praticada no âmbito da acti- aquisição de bens apreendidos pode deduzir, no processo, a
defesa dos seus direitos.
vidade de uma entidade não financeira:
3. A defesa dos direitos de terceiro que invoque a boa-fé
i) com multa de valores, em moeda nacio- pode ser deduzida até à declaração de perda e é apresentada
nal, equivalente de USD 5000,00 a mediante petição dirigida ao tribunal competente, devendo o
USD 500 000,00, se o agente for uma pessoa interessado indicar, logo, todos os elementos de prova.
colectiva; 4. O Juiz pode remeter a questão para o tribunal cível
ii) com multa de valores, em moeda nacio- quando, em virtude da sua complexidade ou do atraso que
nal, equivalente de USD 2500,00 a acarrete ao normal curso do processo penal, não possa, neste,
USD 250 000,00, se o agente for uma pessoa ser convenientemente decidida.
singular.
CAPÍTULO X
ARTIGO 48.º Disposições Penais
(Sanções acessórias)
ARTIGO 51.º
Conjuntamente com as multas, podem ser aplicadas, ao (Branqueamento de capitais)
responsável por quaisquer das contravenções previstas, as
seguintes sanções acessórias, em função da gravidade da 1. Consideram-se vantagens os bens provenientes da
infracção e da culpa do agente: prática, sob qualquer forma de comparticipação, dos factos
1336 DIÁRIO DA REPÚBLICA
ilícitos típicos de lenocínio, de abuso sexual de crianças ou de a) crime contra a vida, a integridade física ou a liber-
menores dependentes, de extorsão, de tráfico de estupefa- dade das pessoas;
cientes e de substâncias psicotrópicas, de tráfico de armas, b) crime contra a segurança dos transportes e das
de tráfico de órgãos ou de tecidos humanos, de tráfico de comunicações, incluindo as informáticas, tele-
espécies protegidas, de fraude fiscal, de tráfico de influên- gráficas, telefónicas, de rádio ou de televisão;
cia, de corrupção e dos factos ilícitos típicos puníveis c) crime de produção dolosa de perigo comum, através
com pena de prisão, assim como os bens que com eles se de incêndio, de explosão, de libertação de subs-
obtenham. tâncias radioactivas ou de gases tóxicos ou
2. Quem converter, transferir, auxiliar ou facilitar alguma asfixiantes, de inundação ou avalanche, de des-
operação de conversão ou transferência de vantagens, obtidas moronamento de construção, de contaminação de
por si ou por terceiro, directa ou indirectamente, com o fim alimentos e águas destinadas a consumo humano
de dissimular a sua origem ilícita ou de evitar que o autor ou ou difusão de doença, de praga, de planta ou de
participante da infracção seja criminalmente perseguido animal nocivos;
ou submetido a uma reacção criminal, é punido com pena de d) actos que destruam ou que impossibilitem o fun-
prisão maior de dois a oito anos. cionamento ou desviem dos seus fins normais,
3. Na mesma pena incorre quem oculte ou dissimule a definitiva ou temporariamente, total ou parcial-
verdadeira natureza, origem, localização, disposição, movi- mente, meios ou vias de comunicação, insta-
mentação ou titularidade das vantagens ou os direitos a ela
lações de serviços públicos ou destinadas ao
relativos.
abastecimento e à satisfação de necessidades
4. A punição pelos crimes previstos nos n.ºs 2 e 3 do
vitais da população;
presente artigo, tem lugar ainda que os factos que integram a
e) investigação e desenvolvimento de armas biológi-
infracção subjacente tenham sido praticados fora do territó-
cas ou químicas;
rio nacional ou ainda que se ignore o local da prática do facto
f) crimes que impliquem o emprego de energia
ou a identidade dos seus autores.
nuclear, de armas de fogo, biológicas ou quími-
5. O facto não é punível quando o procedimento criminal
relativo aos factos ilícitos típicos de onde provêm as vanta- cas, de substâncias ou de engenhos explosivos,
gens depender de queixa e a queixa não tenha sido, tempes- de meios incendiários de qualquer natureza, de
tivamente, apresentada. encomendas ou cartas armadilhadas, sempre que,
6. A pena prevista nos n.ºs 2 e 3 do presente artigo é pela sua natureza ou pelo contexto em que são
agravada de 1/3 se o agente praticar as condutas de forma cometidos, estes crimes sejam susceptíveis de
habitual. afectar gravemente o Estado ou a população que
7. Quando tiver lugar a reparação integral do dano se vise intimidar.
causado ao ofendido pelo facto ilícito típico de cuja prática
provêm as vantagens, sem dano ilegítimo de terceiro, até ao 2. Quem promover ou fundar grupo, organização ou
início da audiência de julgamento em primeira instância, a associação terrorista, a eles aderir ou os apoiar, nomeada-
pena é especialmente atenuada. mente através do fornecimento de informações ou meios
8. Verificados os requisitos previstos no número anterior materiais ou através de qualquer forma de financiamento
a pena pode ser especialmente atenuada se a reparação for das suas actividades, é punido com pena de prisão maior de
parcial. 8 a 12 anos.
9. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente 3. Quem chefiar ou dirigir grupo, organização ou asso-
auxiliar concretamente na recolha das provas decisivas para ciação terrorista, é punido com pena de prisão maior de 16
a identificação ou a captura dos responsáveis pela prática dos a 20 anos.
factos ilícitos típicos de onde provêm as vantagens. 4. Quem praticar actos preparatórios da constituição de
10. A pena aplicada, nos termos dos números anteriores grupo, de organização ou de associação terrorista, é punido
não pode ser superior ao limite máximo da pena mais com pena de prisão maior de dois a oito anos.
elevada de entre as previstas para os factos ilícitos típicos de 5. A pena pode ser especialmente atenuada ou não ter
onde provêm as vantagens. lugar se o agente abandonar voluntariamente a sua activi-
dade, afastar ou fizer diminuir, consideravelmente, o perigo
ARTIGO 52.º por ela provocado ou auxiliar concretamente na recolha das
(Organizações terroristas)
provas decisivas para a identificação ou a captura de outros
1. Considera-se grupo, organização ou associação terro- responsáveis.
rista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que, ARTIGO 53.º
actuando concertadamente, vise prejudicar a integridade e a (Outras organizações terroristas)
independência nacionais, impedir, alterar ou subverter o
funcionamento das instituições do Estado previstas na Cons- 1. Aos grupos, organizações e associações previstas
tituição, forçar a autoridade pública a praticar um acto, a no artigo anterior são equiparados os agrupamentos de duas
abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique ou, ainda, ou mais pessoas que, actuando concertadamente, visem,
intimidar certas pessoas, grupos de pessoas ou a população mediante a prática dos factos aí descritos, prejudicar a inte-
em geral, mediante: gridade ou a independência de um Estado, impedir, alterar
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ou subverter o funcionamento das instituições desse Estado 3. Pelos crimes previstos no n.º 1 do presente artigo são
ou de uma organização pública internacional, forçar as aplicáveis às pessoas colectivas, as seguintes penas princi-
respectivas autoridades a praticar um acto, a abster-se de o pais:
praticar ou a tolerar que se pratique ou, ainda, intimidar a) multa;
certos grupos de pessoas ou populações. b) dissolução.
2. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.ºs 2
a 5 do artigo anterior. 4. A pena de multa é fixada em dias, no mínimo de 100
e no máximo de 1000.
ARTIGO 54.º 5. Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre
(Terrorismo) o equivalente, em moeda nacional, a USD 5,00 e a
USD 5000,00.
1. Quem praticar os factos previstos no n.º 1 do artigo 6. Se a multa for aplicada a uma entidade sem personali-
anterior, com a intenção nele referida, é punido com pena dade jurídica responde por ela o património comum e, na sua
de prisão maior de dois a oito anos, ou com a pena corres- falta ou insuficiência, solidariamente, o património de cada
pondente ao crime praticado, agravada de 1/3 nos seus um dos associados ou beneficiários efectivos.
limites mínimo e máximo, se for igual ou superior àquela, 7. A pena de dissolução só é decretada quando os sócios
não podendo a pena aplicada exceder 24 anos. da pessoa colectiva tenham tido a intenção, exclusiva ou
2. Quem praticar crime de furto qualificado, roubo, predominante de, por meio dela, praticar os crimes indicados
extorsão ou falsificação de documento administrativo, no n.º 1 do presente artigo ou quando a prática reiterada de
com vista ao cometimento dos factos previstos no n.º 1 do tais crimes mostre que a pessoa colectiva ou sociedade está
artigo 23.º é punido com a pena correspondente ao crime a ser utilizada, exclusiva ou predominantemente, para esse
praticado, agravada de 1/3 nos seus limites mínimo e efeito, quer pelos seus membros, quer por quem exerça a
máximo. respectiva administração.
3. A pena pode ser especialmente atenuada ou não ter 8. Pelos crimes previstos no n.º 1 do presente artigo
lugar a punição se o agente abandonar voluntariamente a sua podem ser aplicadas, às pessoas colectivas, as seguintes
actividade, afastar ou fizer diminuir consideravelmente o penas acessórias:
perigo por ela provocado, impedir que o resultado que a lei
quer evitar se verifique ou auxiliar concretamente na recolha a) injunção judiciária;
das provas decisivas para a identificação ou a captura de b) interdição temporária do exercício de uma activi-
outros responsáveis. dade;
d) privação do direito a subsídios ou a subvenções
ARTIGO 55.º outorgados por entidades ou serviços públicos;
(Terrorismo internacional) e) publicidade da decisão condenatória.
Compete ao Tribunal de Contas a fiscalização da activi- 2. O parecer do Tribunal de Contas é enviado à Assem-
dade financeira do Estado e demais entidades previstas no bleia Nacional, juntamente com um relatório anual que deve
artigo 2.º da presente lei e, nomeadamente: conter uma síntese das deliberações jurisdicionais referentes
ao ano económico em causa e propostas de medidas a
a) emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado, sem- adoptar para melhorar a gestão económica e financeira dos
pre que solicitado pela Assembleia Nacional; recursos do Estado e do sector público em geral.
b) julgar as contas dos serviços e das entidades sujei- 3. O Presidente do Tribunal de Contas apresenta, em
tas à sua jurisdição; sessão da Assembleia Nacional, com cópia ao Presidente da
c) fiscalizar, preventivamente, a legalidade dos actos República, uma síntese do parecer sobre a Conta Geral do
e dos contratos geradores de despesas ou que Estado e do relatório referido no número anterior, cujo
representem responsabilidade financeira das conteúdo os órgãos de comunicação social podem ter acesso.
entidades que se encontram sob a sua jurisdição;
d) realizar, por iniciativa própria ou da Assembleia ARTIGO 8.º
Nacional, inquéritos e auditorias de natureza (Fiscalização preventiva)
contabilística, financeira ou patrimonial às enti-
dades sujeitas à sua jurisdição; 1. A fiscalização preventiva tem por fim verificar se os
actos e os contratos a ela sujeitos estão conforme às leis
e) assegurar a fiscalização da aplicação de recursos
vigentes e se os encargos deles decorrentes têm cabimentação
financeiros doados ao Estado, por entidades
orçamental.
nacionais e internacionais;
2. A fiscalização preventiva é exercida através do visto, da
f) aprovar os regulamentos internos que se revelem
sua recusa ou da declaração de conformidade.
necessários ao seu funcionamento;
3. Devem ser submetidos ao Tribunal de Contas, para
g) decidir sobre a criação de secções regionais e pro-
efeitos de fiscalização preventiva:
vinciais;
h) emitir as instruções, sob a forma de resolução das a) os contratos de qualquer natureza, de valor igual ou
respectivas câmaras, relativas ao modo como superior ao fixado na Lei do Orçamento Geral do
as contas devem ser prestadas e os processos Estado, quando celebrados por entidades sujeitas
submetidos à sua apreciação; à sua jurisdição, com excepção das referidas na
i) decidir sobre a responsabilidade financeira em alínea e) do n.º 2 do artigo 2.º da presente lei;
que os infractores incorram, revelando-a ou b) as minutas dos contratos identificados na alínea
graduando-a, nos termos da lei; anterior, quando venham a celebrar-se por escri-
j) propor as medidas legislativas julgadas necessárias tura pública e os respectivos encargos tenham de
ao desempenho das suas atribuições e compe- ser satisfeitos no acto da sua celebração, devendo
tências; o respectivo notário anexar cópia da resolução do
k) exercer outras funções determinadas por lei. Tribunal à respectiva escritura;
1340 DIÁRIO DA REPÚBLICA
c) os instrumentos da dívida pública fundada e os mente despendidas, sem prejuízo da responsabilidade disci-
contratos e outros instrumentos de que resulte o plinar, civil e criminal a que haja lugar.
aumento da dívida pública das entidades sujeitas 11. A Lei do Orçamento Geral do Estado deve fixar os
à jurisdição do Tribunal; valores dos contratos referidos na alínea a) do n.º 3 do pre-
d) os contratos de arrendamento cujo valor exceda o sente artigo dos quais é dispensada a fiscalização preventiva,
equivalente, em Kwanzas, a USD 500 000,00 ao consoante se trate de órgão municipal, provincial ou nacional.
ano. 12. Os actos e contratos sujeitos à fiscalização preventiva
devem ser submetidos ao Tribunal de Contas, 60 dias após a
4. A admissão de pessoal não vinculado à função pública, sua prática ou celebração.
e as admissões em categorias de ingresso na administração
central e local do Estado e nas autarquias locais estão ARTIGO 9.º
sujeitos à fiscalização preventiva, pela verificação da quota (Fiscalização sucessiva)
atribuída aos diversos sectores, anualmente, em função do
quadro orgânico, conforme diploma próprio, nos termos da 1. O Tribunal de Contas julga as contas das entidades ou
legislação em vigor. dos organismos sujeitos à sua jurisdição, com o fim de apre-
5. Não estão sujeitos à fiscalização preventiva: ciar a legalidade e a regularidade da arrecadação das receitas
e da realização das despesas, bem como, tratando-se de
a) os actos de nomeação emanados do Presidente da contratos, verificar, ainda, se as suas condições foram as mais
República; vantajosas no momento da sua celebração.
b) os actos de nomeação do pessoal afecto aos gabi- 2. Incumbe ao Tribunal, em sede de fiscalização suces-
netes dos titulares de órgãos de soberania; siva, verificar se, em relação aos actos e contratos sujeitos à
c) os diplomas relativos a cargos colectivos; fiscalização preventiva, as despesas correspondentes foram
d) os títulos definitivos de contratos cujas minutas realizadas com base no visto prévio do Tribunal, para efeitos
hajam sido visadas; do disposto no n.º 9 do artigo anterior.
e) os actos de permuta, de transferência, de destaca- 3. Em sede de fiscalização sucessiva, o Tribunal aprecia,
mento, de requisição ou outros instrumentos de também, a gestão económica, financeira e patrimonial das
mobilidade de pessoal; entidades sujeitas à sua jurisdição.
f) os contratos de financiamento externo do Estado, 4. O Tribunal pode, por sua iniciativa ou por solicitação
no âmbito dos projectos de investimentos públi- da Assembleia Nacional, realizar inquéritos e auditorias a
cos; aspectos determinados da gestão das entidades sujeitas à sua
g) os contratos de fornecimento de água, de gás e de jurisdição.
electricidade ou celebrados com empresas de 5. A fiscalização sucessiva compreende, também, a
limpeza, de segurança, de instalação e de assis- fiscalização do modo como quaisquer entidades dos sectores
tência técnica; cooperativo e privado aplicam os montantes obtidos do
h) os contratos de seguro obrigatório, quando cele- Orçamento Geral do Estado ou com intervenção do sector
brados nos termos da legislação aplicável. público, designadamente através de doações, de emprés-
timos, de subsídios de garantias ou avales.
6. Os diplomas, os despachos, os contratos e outros 6. A verificação das contas pode ser feita por amostragem
documentos sujeitos à fiscalização preventiva consideram- ou por recurso a outros métodos selectivos, sem prejuízo de
-se visados 30 dias após a sua entrada no Tribunal, salvo se auditorias de regularidade das despesas.
forem solicitados elementos em falta ou adicionais, casos em 7. As contas em moeda nacional de valor inferior ao
que se interrompe a contagem do prazo até que os mesmos correspondente a USD 500 000,00, uma vez verificadas e
lhe sejam entregues. certificadas pela Direcção dos Serviços Técnicos, quando
7. Os actos e os contratos sujeitos à fiscalização preven- consideradas em termos, podem ser devolvidas nos termos
tiva do Tribunal são juridicamente ineficazes até que obte- da presente lei.
nham o respectivo visto, após o que a sua execução pode ser ARTIGO 10.º
iniciada. (Entidades sujeitas à prestação de contas)
8. Nos casos de recusa de visto devem as entidades
sujeitas à sua jurisdição remeter ao Tribunal, no prazo de 1. Estão sujeitas à prestação de contas, as seguintes enti-
15 dias, cópia da anulação da respectiva nota de cabimenta- dades ou órgãos:
ção orçamental, a fim de ser junta ao processo.
9. Nos casos cuja publicação seja obrigatória dela deve a) serviços do Estado, personalizados ou não, dotados
constar que foram submetidos à fiscalização preventiva ou de autonomia administrativa e financeira, in-
que dela estão isentos. cluindo os fundos autónomos;
10. Os gestores orçamentais, os responsáveis de facto e de b) serviços administrativos de todas as unidades mili-
direito e as entidades co-contratantes que infrinjam o disposto tares, e os órgãos de gestão financeira das For-
nos números anteriores são solidariamente responsáveis pela ças Armadas, do seu Estado Maior General;
reintegração das verbas orçamentais que sejam indevida- c) estabelecimentos fabris militares;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1341
1. Nos casos sujeitos à sua apreciação o Tribunal de Os Juízes Conselheiros são nomeados e tomam posse
Contas, antes de tomar uma decisão, ouve previamente os perante o Presidente da República.
responsáveis dos serviços em causa.
ARTIGO 22.º
2. Esta audição faz-se antes do Tribunal formular juízos
(Recrutamento e substituição dos Juízes Conselheiros)
públicos.
3. As alegações, as respostas ou as observações dos 1. O recrutamento dos juízes para o Tribunal de Contas
responsáveis devem ser referidas nos documentos em deve ser efectuado mediante concurso curricular a ser apre-
que sejam comentados ou nos actos que os julguem ou ciado pelo Plenário do Conselho Superior da Magistratura
sancionem. Judicial, para um mandato de sete anos, não renovável.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1343
Os Juízes do Tribunal de Contas têm honras, direito, a) pela falta de apresentação de contas nos prazos
categoria, tratamento e demais prerrogativas iguais aos dos legalmente estabelecidos;
Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo, aplicando-se-lhes b) pela falta de efectivação dos descontos obrigatórios
em tudo quanto não seja incompatível com a natureza do por lei;
Tribunal, o disposto no estatuto dos Magistrados Judiciais. c) pela retenção indevida dos descontos obrigatórios
por lei;
ARTIGO 25.º d) pela violação das normas sobre a elaboração e exe-
(Poder disciplinar) cução dos orçamentos;
e) pela violação do dever de cooperação a que se
1. Compete ao Tribunal de Contas, em plenário, o exer- refere o artigo 18.º;
cício do poder disciplinar sobre os seus juízes, ainda que a f) pela falta de prestação de informações pedidas, de
acção disciplinar respeite à infracção cometida no exercício remessa de documentos solicitados ou de com-
de outras funções. parência para prestação de declarações;
2. Das decisões do plenário cabe recurso para o Conselho g) pela falta de apresentação tempestiva de documen-
Superior da Magistratura Judicial. tos que a lei obrigue a remeter;
3. Em tudo o mais aplica-se, com as devidas adaptações, h) pela introdução, nos processos ou nas contas, de
o regime disciplinar estabelecido para os Magistrados Judi- elementos susceptíveis de induzir o Tribunal em
cias. erro;
ARTIGO 26.º i) pela execução de acto ou de contrato que devia ter
(Responsabilidade civil e criminal) sido previamente submetido a visto do Tribunal;
j) por outros casos previstos na lei.
São aplicáveis aos Juízes do Tribunal de Contas, com as
necessárias adaptações, as normas que regulam a efectivação 2. As multas têm como limite máximo 1/3 do vencimento
da responsabilidade civil e criminal dos Magistrados Judi- líquido anual dos responsáveis, incluindo as remunerações
ciais. acessórias, percebidas à data da prática do acto.
1344 DIÁRIO DA REPÚBLICA
a) por ordem sua, a guarda e a arrecadação dos valo- 1. O Tribunal de Contas é dotado de autonomia adminis-
res ou do dinheiro tenham sido entregues à pes- trativa e financeira.
soa que alcançou ou que praticou o desvio, sem 2. O Tribunal de Contas elabora o projecto do seu orça-
ter ocorrido a falta ou o impedimento daqueles a mento anual, que é remetido ao Ministério das Finanças, para
quem, por lei, pertenciam tais atribuições; posterior enquadramento no Orçamento Geral do Estado.
b) por indicação ou nomeação sua, pessoa já despro- 3. O projecto de orçamento anual do Tribunal de Contas
vida de idoneidade moral e como tal, haja sido deve incluir a previsão das receitas próprias.
designada para o cargo em cujo exercício tenha
praticado o acto; ARTIGO 35.º
c) no desempenho das funções de fiscalização que lhe (Poderes administrativos e financeiros do Tribunal)
estejam cometidas, hajam procedido com culpa
grave, nomeadamente quando não tenham aca- Compete ao Tribunal de Contas:
tado as recomendações do Tribunal em ordem à
existência de controlo interno. a) aprovar o projecto do seu orçamento anual;
b) apresentar, à Assembleia Nacional e ao Governo,
3. O Tribunal de Contas avalia o grau de culpa, de har- sugestões de providências legislativas necessá-
monia com as circunstâncias do caso e tendo em conside- rias para a melhoria do funcionamento do Tribu-
ração a índole das principais funções dos gerentes ou dos nal e dos seus serviços de apoio;
membros dos Conselhos Administrativos, o volume dos c) dar parecer, à Assembleia Nacional, sobre todas as
valores ou dos fundos movimentados, assim como os meios iniciativas relacionadas com o funcionamento do
humanos e materiais existentes no serviço. Tribunal e dos seus serviços de apoio;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1345
a) orientar a elaboração do projecto de orçamento 1. Pelos serviços do Tribunal de Contas e da sua Direcção
anual e das propostas de alteração orçamental; de Serviços Técnicos são devidos emolumentos em valores
b) superintender e orientar os serviços de apoio e ges- calculados, nos termos do Código das Custas Judiciais e do
tão financeira do Tribunal, exercendo, em tais diploma relativo ao regime e tabela de emolumentos do
domínios poderes idênticos aos que integram a Tribunal de Contas.
competência ministerial; 2. O pagamento dos emolumentos é da responsabilidade
c) proceder à nomeação do pessoal dirigente, técnico, de quem contrata com o Estado ou, tratando-se de pessoal, do
administrativo e auxiliar do Tribunal. interessado.
3. O montante dos emolumentos, das custas judiciais e
das multas cobrado pela Contadoria Geral e das secções
ARTIGO 37.º
regionais ou provinciais dá entrada na Conta Única
(Gestão do Orçamento do Tribunal de Contas)
do Tesouro (CUT), através do competente Documento de
Arrecadação de Receitas (DAR).
1. O Orçamento do Tribunal de Contas é gerido por um 4. O valor, contabilizado mensalmente, nos termos do
Conselho Administrativo constituído pelo Presidente do número anterior, comprovada a sua entrada, é distribuído da
Tribunal, pelo director dos Serviços Técnicos e pelo director seguinte forma:
dos Serviços Administrativos.
2. Constituem receitas ordinárias do Tribunal de Contas: a) 70% ao Estado;
b) 30% ao Cofre do Tribunal de Contas.
a) as dotações do Orçamento Geral do Estado;
b) as provenientes dos emolumentos devidos pela prá- 5. A cobrança dos emolumentos compete à entidade
tica de actos da competência do Tribunal; pagadora da contrapartida devida pelo Estado, a qual deve
c) as custas processuais que sejam devidas pelos pro- proceder oficiosamente à sua cobrança, no primeiro paga-
cessos instaurados sob a tutela jurisdicional do mento que efectuar.
Tribunal; 6. Os demais aspectos do regime dos emolumentos e do
d) as multas aplicadas de acordo com a lei. Cofre do Tribunal de Contas são regulados por diploma
próprio conjunto a ser aprovado pelo Presidente do Tribunal
de Contas e pelo Ministro das Finanças.
3. Constituem receitas extraordinárias do Tribunal de
Contas:
CAPÍTULO VIII
a) as vendas de livros, de revistas e de outras publica- Serviços de Apoio
ções por si editadas;
ARTIGO 39.º
b) outras que venham a ser atribuídas ou que decor-
(Princípios orientadores)
rem de iniciativas por si promovidas.
1. O Tribunal de Contas dispõe de serviços de apoio
4. Constituem despesas do Tribunal de Contas: técnico e administrativo integrados no Gabinete do Presi-
dente, no Gabinete do Vice-Presidente, nos Gabinetes dos
a) as resultantes do pagamento das remunerações, dos Juízes e nas direcções de serviços e que compõem o seu
subsídios e dos abonos aos juízes e ao pessoal quadro privativo do pessoal, a definir por lei.
dos serviços de apoio; 2. São princípios orientadores da estrutura, das atribui-
b) as resultantes do funcionamento administrativo do ções e do regime do pessoal dos serviços de apoio:
Tribunal;
c) as decorrentes da formação dos juízes e do pessoal a) o provimento de pessoal dirigente e técnico com
dos serviços de apoio; funções respectivas tendo sempre em conta as
d) as decorrentes da aquisição, de publicações ou da suas qualidades e mérito profissionais;
edição de livros ou de revistas; b) o estatuto remuneratório do pessoal referido na
e) as derivadas da realização de estudos, de auditorias, alínea anterior deve ser equiparado ao das cate-
de peritagens e de outros trabalhos ordenados gorias equivalentes dos serviços de inspecção na
pelo Tribunal. administração do Estado;
1346 DIÁRIO DA REPÚBLICA
c) assegurado, aos juízes e ao restante pessoal, o contratos dos órgãos locais do Estado, autar-
direito de uma comparticipação emolumentar, quias locais e de outros organismos públicos,
nos termos gerais previstos em regulamento sujeitos à fiscalização preventiva;
próprio. d) a 3.ª Divisão, à qual compete acompanhar a exe-
cução do Orçamento Geral do Estado, elaborar o
CAPÍTULO IX projecto de parecer sobre a Conta Geral do
Organização e Funcionamento Interno Estado e o relatório sobre as contas dos órgãos
do Tribunal de Contas de soberania;
e) a 4.ª Divisão, à qual competem as acções que visam
SECÇÃO I a efectivação da fiscalização sucessiva dos ser-
Organização viços da administração central do Estado, de
quaisquer entidades públicas com funções de
ARTIGO 40.º tesouraria ou, ainda, de cofres e fundos autóno-
(Gabinetes de Apoio do Presidente, do Vice-presidente mos, desde que sejam de âmbito nacional, de
e dos Juízes) serviços angolanos no estrangeiro e de quaisquer
outros organismos ou serviços de âmbito nacio-
1. O Presidente, o Vice-presidente e os Juízes do Tribunal nal, que a lei determina à sujeição do Tribunal de
de Contas dispõem de gabinetes de apoio técnico e adminis- Contas, bem como realizar as inspecções ou
trativo, integrados por assessores e pessoal administrativo auditorias a esses organismos e preparar os pro-
próprio, nos termos a definir no regulamento interno. cessos jurisdicionais de responsabilidade finan-
2. Os membros dos gabinetes são nomeados e exonerados ceira dos responsáveis ou agentes;
pelo Presidente de Tribunal de Contas, mediante proposta do f) a 5.ª Divisão, à qual compete realizar as acções com
juiz interessado. vista à efectivação da fiscalização sucessiva dos
3. O Presidente do Tribunal de Contas pode ainda órgãos encarregados da gestão financeira na
nomear especialistas e outro pessoal, para prestar colabora- administração local do Estado, nas autarquias
ção aos gabinetes ou para realizar tarefas de carácter eventual locais, nas empresas públicas ou nas sociedades
ou extraordinário, por despacho que determine, nomeada- de capitais maioritariamente públicos, bem
mente, a duração do serviço e a respectiva remuneração. como efectuar as inspecções e auditorias a essas
entidades e preparar os processos jurisdicionais
ARTIGO 41.º de responsabilidade financeira dos seus respon-
(Direcção dos Serviços Técnicos) sáveis e agentes.
1. À Direcção dos Serviços Técnicos compete, em geral, 3. As competências específicas da Contadoria Geral e das
organizar os processos para apreciação e decisão do Tribunal, Divisões da Direcção dos Serviços Técnicos previstas no
proceder à elaboração do relatório e do parecer sobre a Conta número anterior, bem como as estruturas internas que as
Geral do Estado, verificar preliminarmente os processos, para compõem devem ter um regulamento interno, a aprovar pelo
emitir a declaração de conformidade, se for o caso, bem Plenário do Tribunal de Contas.
como proceder à verificação de contas e de auditoria.
ARTIGO 42.º
2. A Direcção de Serviços Técnicos é dirigida por um
(Direcção dos Serviços Administrativos)
director, com categoria de director nacional e compreende as
seguintes estruturas:
1. À Direcção dos Serviços Administrativos compete,
em geral, executar as actividades que assegurem a gestão
a) a Contadoria Geral, à qual compete receber, orga-
administrativa e financeira, assim como a gestão de pessoal
nizar e preparar, para apreciação e decisão do
e do património do Tribunal.
Tribunal, todos os processos para fiscalização
2. A Direcção dos Serviços Administrativos é dirigida por
preventiva ou sucessiva, submeter ao Tribunal os
um director, com a categoria de director nacional.
relatórios de auditoria e verificação, bem como
3. A Direcção dos Serviços Administrativos organiza-se
realizar as funções previstas no artigo 43.º da pre-
em divisões e em secções e compreende a seguinte estrutura:
sente lei;
b) a 1.ª Divisão, à qual compete proceder à verificação a) a Divisão de Administração e Finanças, à qual com-
e a preparação de todos os processos decorrentes pete executar as actividades administrativas e
de actos ou de contratos dos órgãos centrais do financeiras do Tribunal, elaborar o projecto de
Estado sujeitos à fiscalização preventiva; orçamento do Tribunal e executá-lo, e assegurar
c) a 2.ª Divisão, à qual compete verificar e preparar a aquisição e a manutenção dos bens e equipa-
todos os processos relativos aos actos e aos mentos, para o funcionamento do Tribunal;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1347
b) a Divisão dos Recursos Humanos, à qual compete a movimentação de processos na fase jurisdicional, exe-
organizar e gerir os recursos humanos do Tribu- cução do expediente e a passagem de certidões de processos
nal e propor as medidas de formação e superação pendentes compete à Direcção dos Serviços Técnicos, que as
técnica dos responsáveis e demais pessoal do exerce através da Contadoria Geral.
Tribunal;
c) a Divisão de Transportes e Relações Públicas, à ARTIGO 46.º
qual compete cuidar da gestão e da manutenção (Livros de registo)
dos meios de transportes e realizar todas as tare-
fas relacionadas com o protocolo e relações 1. Na Contadoria Geral, a que se refere o artigo anterior,
públicas do Tribunal; devem existir, entre outros, os seguintes livros de registo:
d) a Divisão de Documentação e Informática, à qual
compete organizar e gerir a Biblioteca do Tribu- a) de entrada geral de processos;
nal, a sua base informática de dados e o trata- b) de distribuição;
mento da informação. c) de acórdãos;
d) de decisões finais das sessões diárias de vistos;
4. As competências específicas das Divisões da Direcção e) de relatórios de inquéritos e de auditorias solicita-
dos Serviços Administrativos do Tribunal de Contas e a dos pela Assembleia Nacional ou pelo Governo;
definição das secções que delas fazem parte, constam do f) de pareceres;
regulamento interno, a aprovar pelo Plenário do Tribunal de g) de relatórios de deliberações;
Contas. h) de actas.
ARTIGO 43.º
(Secretário do Tribunal)
2. Os registos devem ser efectuados em livros próprios
e/ou por processamento informático.
1. Para além das funções cujo desempenho lhe compete,
nos termos da lei, o director dos Serviços Técnicos é o
Secretário do Tribunal. ARTIGO 47.º
2. Nas sessões do Tribunal o secretário pode intervir para (Registo de entrada)
prestar quaisquer informações que lhe sejam solicitadas pelo
Presidente, por iniciativa deste ou a pedido dos vogais. 1. No registo de entrada geral de processos deve-se
3. Nas ausências ou impedimentos do director dos Servi- anotar o número de entrada, a data, a referência do processo;
ços Técnicos as funções de secretário são desempenhadas o resumo do conteúdo, nome do organismo ou do interessado
por um funcionário designado pelo Presidente do Tribunal. e respectivo destino.
2. Nenhum processo, requerimento ou papel deve ter
seguimento sem que nele esteja lançada a nota de registo de
ARTIGO 44.º
entrada, com o respectivo número de ordem.
(Pessoal)
1. A jurisdição do Tribunal de Contas compreende a 5. O outro juiz que integra a sessão de visto é o que
fiscalização, o controlo financeiro e a efectivação de respon- sucede ao relator, na ordem de precedência.
sabilidade financeira. 6. O Presidente do Tribunal de Contas, em regra, não faz
turnos, não lhe sendo, do mesmo modo, distribuídos proces-
2. O Tribunal de Contas exerce a fiscalização e o controlo sos de visto.
financeiro através de mecanismos e processos de fiscali-
zação preventiva e sucessiva. 7. O livro de registo da distribuição deve ser dividido
por espécies processuais, devendo o director dos Serviços
3. O Tribunal de Contas torna efectivas as responsabi- Técnicos ordenar, por cada espécie, os números dos proces-
lidades financeiras através de processos jurisdicionais. sos a distribuir.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1349
CAPÍTULO XI
2. O Presidente do Tribunal de Contas deve fazer a apre-
Modalidades de Controlo Financeiro
sentação da síntese do parecer e do relatório, referido
SECÇÃO I no n.º 2 do artigo 7.º da presente lei na sessão parlamentar
Parecer Sobre as Contas dos Órgãos de Soberania que aprecie a execução do Orçamento Geral do Estado e da
Conta Geral do Estado, sem prejuízo do disposto na Lei do
ARTIGO 58.º
(Órgãos de soberania) Orçamento Geral do Estado.
3. No relatório/parecer sobre a Conta Geral do Estado, o
1. Os Serviços de Apoio Administrativo e Financeiro do Tribunal pode formular recomendações à Assembleia
Presidente da República, da Assembleia Nacional e dos Nacional, sobre as matérias em causa sobre os respectivos
Tribunais dotados de autonomia administrativa e financeira serviços que as executam.
1350 DIÁRIO DA REPÚBLICA
ARTIGO 68.º dos responsáveis, caso em que deve ser organizada uma conta
(Notificação das decisões) por cada gerência.
2. Estão, também, obrigados à prestação de contas, aque-
1. Todas as decisões da sessão diária são notificadas ao les que, mesmo sem título jurídico adequado, exerçam
representante do Ministério Público, no prazo de 48 horas. efectivamente a gestão.
2. As decisões que recusem o visto são enviadas, com os
respectivos processos, aos serviços que os tenham remetido ARTIGO 73.º
ao Tribunal, no prazo máximo de 48 horas. (Prazos)
3. As decisões que recusem o visto em actos e em
contratos relativos ao pessoal são, também, notificados aos 1. O prazo para a apresentação das contas é de seis meses,
respectivos interessados. a contar do último dia do período a que dizem respeito.
2. A requerimento dos interessados, que invoquem moti-
ARTIGO 69.º vos justificados, o Tribunal pode fixar prazo diferente, mas
(Publicação das decisões) nunca superior a 12 meses.
3. O Tribunal pode, excepcionalmente, relevar a falta
1. São publicadas na 1.ª série do Diário da República, as de cumprimento dos prazos referidos nos números anteriores.
seguintes decisões:
ARTIGO 74.º
a) os acórdãos que fixem jurisprudência; (Isenção)
b) quaisquer outras decisões a que a lei atribua força
obrigatória geral. 1. Estão isentos da prestação de contas os organismos
e os serviços cuja despesa anual não exceda a quantia
2. São publicadas na 2.ª série do Diário da República, as em moeda nacional equivalente a USD 500 000,00 sem
seguintes decisões: prejuízo da obrigação de documentar, legalmente, as
respectivas despesas.
a) a síntese do parecer da Conta Geral do Estado; 2. A isenção de prestação de contas não prejudica os
b) a síntese do relatório anual de actividades; poderes de fiscalização do Tribunal.
c) as instruções;
d) os acórdãos que o Tribunal entenda que devam ser ARTIGO 75.º
publicados. (Processos de verificação de contas)
4. Os juízes da 2.ª Câmara são, obrigatoriamente, notifi- 2. Os processos de auditoria concluem pela elaboração e
cados da certificação das contas antes da sua efectiva devo- aprovação de um relatório, ao qual se aplica o disposto nas
lução. alíneas a) a g) do artigo anterior.
5. As contas certificadas nos termos do n.º 1 do presente
artigo podem ser chamadas a julgamento no prazo de quatro ARTIGO 79.º
anos, a contar da data de certificação, mediante deliberação (Fiscalização de subsídios e garantias do Estado)
do Tribunal, por iniciativa própria ou a requerimento funda-
mentado do Ministério Público ou de qualquer interessado. 1. As entidades de direito privado ou do sector coopera-
6. O levantamento das contas que tenham sido objecto de tivo que recebam subsídios ou garantias do Estado estão,
devolução é da responsabilidade dos serviços que as prestam nos termos do n.º 4 do artigo 9.º da presente lei, sujeitos
e deve ser feito no prazo que lhe seja assinalado. aos poderes de fiscalização do Tribunal de Contas.
7. Quando os resultados das acções de verificação interna 2. A fiscalização sucessiva das entidades referidas no
evidenciem factos constitutivos de responsabilidade finan- número anterior só pode ser exercida mediante decisão do
ceira o Tribunal pode determinar a realização de auditoria à Tribunal ou por solicitação da Assembleia Nacional.
respectiva entidade. 3. Os poderes de fiscalização do Tribunal devem limitar-
-se à apreciação sobre a forma de utilização desses subsídios
ARTIGO 77.º
e garantias do Estado, sem prejuízo de outros deveres de
(Verificação externa das contas)
natureza financeira ou patrimonial que, por força dessas
ajudas, essas entidades estejam, legalmente, obrigadas a
A verificação externa das contas deve ser feita com cumprir.
ARTIGO 80.º
recurso aos métodos e técnicas de auditoria decididos, em
(Instruções)
cada caso, pelo Tribunal e deve concluir pela elaboração
e aprovação de um relatório, do qual conste o seguinte:
O Tribunal emite instruções de execução obrigatória
a) a entidade fiscalizada; sobre a forma como devem ser prestadas as contas e
b) os responsáveis pela representação e gestão finan- apresentados os documentos que devem acompanhá-las.
ceira das contas;
ARTIGO 81.º
c) a demonstração referida no n.º 2 do artigo anterior;
(Diligências complementares)
d) o juízo sobre a legalidade das operações exami-
nadas;
e) a descrição das situações susceptíveis de traduzir A prestação de contas pela forma que esteja determinada
eventuais casos de infracções financeiras; não prejudica a faculdade do Tribunal exigir, de quaisquer
f) a apreciação da economia, da eficiência e da eficá- entidades, documentos e informações necessárias, bem como
cia da gestão financeira; requisitar, à Inspecção Nacional de Finanças ou outro
g) os métodos e as técnicas de verificação utilizados; organismo público, a realização das diligências que julgue
h) a opinião dos responsáveis, nos termos previstos no convenientes.
n.º 3 do artigo 17.º da presente lei;
i) recomendações para serem supridas as deficiências CAPÍTULO XII
de gestão, organização e funcionamento dos Efectivação de Responsabilidade Financeira
organismos ou entidades;
SECÇÃO I
j) emolumentos e outros encargos devidos pela enti-
Disposições Gerais
dade fiscalizada.
ARTIGO 82.º
ARTIGO 78.º (Processos jurisdicionais de responsabilidade financeira)
(Auditorias)
1. A responsabilidade resultante de infracção financeira
1. O Tribunal pode, nos termos do disposto no n.º 3 do efectiva-se através de processos jurisdicionais de responsa-
artigo 9.º da presente lei, realizar, a qualquer momento, bilidade financeira.
auditorias a determinados actos, procedimentos ou aspectos 2. Os processos jurisdicionais de responsabilidade finan-
da gestão financeira das entidades sujeitas aos seus poderes ceira têm por base os relatórios de verificação de contas e de
de controlo financeiro, sem prejuízo do estabelecido no auditoria, os acórdãos que as apreciaram, de uma maneira
artigo 19.º da presente lei. geral, todas as decisões do Tribunal que considerem a exis-
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1353
ARTIGO 83.º
(Processo autónomo de multa) ARTIGO 87.º
(Requerimento inicial)
1. O prazo para interposição dos recursos das decisões 1. Nos recursos interpostos de decisões que não sejam
finais é de 15 dias, contado a partir da data da notificação finais nem fixem emolumentos o recorrente tanto pode
recorrida. alegar, no prazo estabelecido no n.º1 do artigo anterior,
como fazê-lo na altura em que o recurso haja de subir.
2. O prazo é de oito dias para os recursos de outras deci-
sões. 2. Na hipótese prevista na parte final do número anterior
ARTIGO 105.º os termos do recurso suspendem-se até à altura referida
(Efeito dos recursos) no número anterior, ficando sem efeito a interposição,
se nenhum outro recurso for interposto da decisão final.
1. Os recursos das decisões finais e das que fixem emo-
lumentos sobem imediatamente e têm efeito suspensivo, ARTIGO 110.º
salvo em matéria de visto. (Preparação para julgamento)
2. Os recursos de outras decisões só sobem com o recurso Elaborado o projecto de acórdão deve o relator declarar o
que venha a ser interposto da decisão final e tem efeito processo preparado para julgamento e, até oito dias antes da
meramente devolutivo. sessão em que haja de ser apreciado, ordenar a sua remessa,
acompanhado do respectivo projecto, à Direcção dos Servi-
ARTIGO 106.º ços Técnicos.
(Reclamação de não admissão do recurso) ARTIGO 111.º
(Direito subsidiário)
1. Do despacho que não admita recurso, pode o recorrente
reclamar para o Presidente da instância para a qual ele foi Em tudo o mais relativo à tramitação e julgamento
interposto. aplicam-se, subsidiariamente, as normas do processo civil
que regulam o recurso de agravo.
2. O relator pode reparar o despacho de não admissão
e fazer prosseguir o recurso. SECÇÃO III
Recursos Extraordinários
3. Se o relator mantiver o despacho de não admissão
manda subir a reclamação, depois de instruída, com as ARTIGO 112.º
certidões requeridas pelo reclamante. (Recurso de revisão)
1. Se o recurso for admitido são notificados o recorrente 3. À tramitação e julgamento deste recurso são aplicáveis
para, no prazo de 20 dias a contar da notificação do as normas do processo civil que regulam recurso idêntico,
despacho que o admita, alegar e juntar documentos e a parte com as necessárias adaptações.
recorrida para, no mesmo prazo, contado do termo do
concedido ao recorrente, responder e, do mesmo modo, ARTIGO 113.º
juntar os documentos que possuía. (Recurso para uniformização de jurisprudência)
2. Não sendo o Ministério Público parte é-lhe dada vista, 1. Se, no domínio da mesma legislação, forem proferidas
depois de juntas as alegações, para promover o que tenha duas decisões que, relativamente à mesma questão funda-
por conveniente ou para se pronunciar em defesa da legali- mental de direito, sejam opostas, pode, o Presidente do
dade. Tribunal promover ou o Procurador Geral da República
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1357
Presidente do Tribunal Supremo para o respectivo plenário, Juiz conselheiro presidente ... … … … … 1
com as devidas adaptações. Dirigentes Juiz conselheiro vice-presidente … … … 1
responsáveis Juizes conselheiros ..… … … … … … … 7
Procurador geral adjunto da república … 1
CAPÍTULO XIV
Disposições Finais e Transitórias Directores de serviços ... … … … … … 2
Director de gabinete do juiz conselheiro
ARTIGO 114.º presidente ... … … … … … … … … 1
(Fiscalização preventiva) Director adjunto de gabinete do juíz conse-
Cargos de direc-
ção e chefia lheiro presidente ... … … … … … … 1
Para o ano fiscal de 2010, os valores a que se refere o Chefes de divisão … … … … … … … … 9
n.º 11 do artigo 8.º da presente lei, são os equivalentes em Secretário do juiz conselheiro presidente 1
Kwanzas a USD 500 000,00, para os órgãos de administra- Secretárias dos juízes conselheiros … … 8
ção municipal, a USD 1 500 000,00, para os órgãos de Chefes de secção ... … … … … … … … 18
administração central e a USD 5 000 000,00, para o Titular
Consultores do presidente do tribunal de
do Poder Executivo, ouvido o Conselho de Ministros. Consultores
contas .. … … … … … … … … … … 4
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
1358
ORGANIGRAMA
VICE-PRESIDENTE
GABINETE DO JUIZ
PRESIDENTE
DIRECÇÃO DOS
DIRECÇÃO DOS CONSELHO ADMINIS-
CONTADORIA
GERAL
1.ª DIVISÃO 2.ª DIVISÃO 3.ª DIVISÃO 4.ª DIVISÃO 5.ª DIVISÃO DIVISÃO DE ADMINIS- DIVISÃO DE RECURSOS DIVISÃO DE TRANS- DIVISÃO DE
TRAÇÃO E FINANÇAS HUMANOS PORTES E R. P. INFORMÁTICA
DIÁRIO DA REPÚBLICA