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DIÁRIO DA REPÚBLICA

Sexta-feira, 9 de Julho de 2010 I Série — N.º 128

ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA


Preço deste número — Kz: 310,00
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SUMÁRIO A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,


nos termos da alínea b) do artigo 161.º da Constituição da
Assembleia Nacional República de Angola, a seguinte:

Lei n.º 12/10:


LEI DO COMBATE AO BRANQUEAMENTO
Estabelece medidas de natureza preventiva e repressiva de combate ao
branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e ao financia- DE CAPITAIS E DO FINANCIAMENTO
mento do terrorismo. — Revoga toda a legislação que contrarie a AO TERRORISMO
presente lei.

Lei n.º 13/10: CAPÍTULO I


Aprova a lei orgânica e do processo do Tribunal de Contas. — Revoga Disposições Gerais
a Lei n.º 5/96, de 12 de Abril, a Lei n.º 21/03, de 29 de Agosto, o
Decreto n.º 23/01, de 12 de Abril e demais legislação que ARTIGO 1.º
contrarie o disposto na presente lei.
(Objecto)

1. A presente lei estabelece medidas de natureza preven-


ASSEMBLEIA NACIONAL tiva e repressiva de combate ao branqueamento de vanta-
–––– gens de proveniência ilícita e ao financiamento do terrorismo.
Lei n.º 12/10
de 9 de Julho 2. O branqueamento e o financiamento do terrorismo são
proibidos, prevenidos e punidos, nos termos da presente lei
Impõe-se a necessidade de se estabelecerem medi- e da legislação penal aplicável.
das de natureza preventiva e repressiva de combate ao
branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e ao ARTIGO 2.º
financiamento do terrorismo, porquanto, esta prática à escala (Definições)
mundial é um mal que está a atingir sobretudo as sociedades
em desenvolvimento, cuja forma de operar é orientada Para efeitos da presente lei entende-se por:
pelo sigilo, não se sabendo, pela própria natureza, a sua real
1. Entidades sujeitas — as entidades financeiras e não
dimensão.
financeiras;
Tem sido frequente os infractores utilizarem vários países
para ocultar os seus proventos ilícitos, aproveitando-se das 2. Relação de negócio — a relação de natureza comer-
diferenças existentes nos respectivos regimes legais e, por cial ou profissional entre as entidades sujeitas e os seus clien-
vezes, da difícil coordenação e cooperação internacional. tes que, no momento em que esta, efectivamente, se
estabelece, se prevê que venha a ser, ou seja duradoura;
Por não existirem estimativas fiáveis sobre a magnitude
do problema do branqueamento de capitais e do financiamento 3. Transacção ocasional — qualquer transacção efec-
do terrorismo a nível global e para prevenir a sua dissemina- tuada pelas entidades sujeitas fora do âmbito de uma relação
ção pelo nosso País, cujas consequências são inimagináveis. de negócio já estabelecida;
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4. Beneficiário efectivo — entidade por conta de quem é f) obrigação de abstenção;


realizada uma transacção ou actividade ou que, em última g) obrigação de cooperação;
instância, detém ou controla o cliente; h) obrigação de sigilo;
5. Pessoas politicamente expostas — as pessoas singu- i) obrigação de controlo;
lares que desempenham, ou desempenharam até há um ano, j) obrigação de formação.
cargos de natureza política ou pública, bem como os mem-
bros próximos da sua família e pessoas que reconhecida- ARTIGO 5.º
mente tenham com elas estreitas relações de natureza (Obrigação de identificação)
societária ou comercial;
6. Banco de fachada — a instituição de crédito consti- 1. As entidades sujeitas devem exigir a identificação dos
tuída em Estado ou jurisdição, no qual aquela não tenha uma seus clientes ou dos seus legais representantes, mediante a
presença física que envolva administração e gestão e que não apresentação de documento comprovativo válido sempre
se encontre integrada num grupo financeiro regulamentado; que:
7. Prestadores de serviços a sociedades — outras pessoas
colectivas e centros de interesses colectivos sem persona- a) estabeleçam relações de negócio;
lidade jurídica; b) procedam à abertura de contas;
8. Unidade de Informação Financeira — a unidade cen- c) efectuem transacções ocasionais de montante igual
tral nacional com competência para receber, analisar e ou superior, em moeda nacional, ao equivalente
difundir a informação suspeita de branqueamento ou de a USD 15 000,00;
financiamento do terrorismo, sendo primariamente o Banco d) se a totalidade do montante não for conhecida
Nacional de Angola, a Comissão de Mercado de Capitais e a no momento do início da operação, a entidade
Direcção Nacional de Investigação e Inspecção das Activi- sujeita, deve proceder à identificação, a partir do
dades Económicas do Comando Geral da Polícia Nacional. momento que conheça o valor em causa e este
for superior ao limiar imposto na alínea anterior;
ARTIGO 3.º e) surjam suspeitas de que as operações, independen-
(Âmbito de aplicação) temente do seu valor, estejam relacionadas com
o crime de branqueamento ou de financiamento
1. A presente lei aplica-se às instituições de crédito, do terrorismo, atendendo, em especial, à sua
às sociedades financeiras, às seguradoras, às sociedades ges- natureza, complexidade e atipicidade da opera-
toras de fundo de pensões, às bolsas de valores, aos casinos, ção;
às casas de câmbio e de mútuo, aos serviços de emissão e de f) existam dúvidas quanto à autenticidade ou à
gestão de meios de pagamento, às sociedades de gestão conformidade dos dados de identificação dos
individual e colectiva de patrimónios que possuam a sua sede clientes.
em território angolano, bem como as respectivas sucursais,
agências, filiais, ou outras formas de representação e outras 2. No caso de pessoas singulares a verificação da iden-
instituições cuja actividade seja a prestação de serviços, tidade deve ser efectuada, mediante a apresentação de
nomeadamente revisores oficiais de contas, técnicos de documento comprovativo válido em que exiba uma fotogra-
contas, auditores, notários, conservadores de registos, advo- fia, do qual conste o nome completo, a data de nascimento e
gados, solicitadores e outros profissionais independentes que a nacionalidade.
intervenham nas mais diversas áreas por conta de um cliente 3. Tratando-se de clientes que sejam pessoas colectivas a
ou em operações noutras circunstâncias. identificação faz-se mediante a apresentação de original ou
2. Esta sujeição é extensível às entidades que explorem os de fotocópia autenticada dos seus estatutos ou licença válida,
serviços públicos de correios, na medida em que prestem emitida pela entidade competente, através do cartão de iden-
serviços financeiros. tificação de pessoa colectiva ou de certidão do registo
comercial.
CAPÍTULO II 4. No caso de a pessoa colectiva ser não residente em ter-
Obrigações das Entidades Sujeitas ritório nacional a identificação é feita mediante documento
equivalente.
ARTIGO 4.º ARTIGO 6.º
(Obrigações) (Momento da verificação da identidade)

As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho 1. A verificação da identidade do cliente e dos seus
da respectiva actividade, ao cumprimento das seguintes representantes e quando for caso disso, do beneficiário efec-
obrigações gerais: tivo, deve ter lugar no momento em que seja estabelecida a
relação de negócio ou antes da realização de qualquer tran-
a) obrigação de identificação; sacção ocasional.
b) obrigação de diligência; 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, quando
c) obrigação de recusa; o risco de branqueamento ou de financiamento do terrorismo
d) obrigação de conservação; for diminuto a verificação da identidade prevista no número
e) obrigação de comunicação; anterior pode ser aferida após o início da relação de negócio,
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devendo tais procedimentos serem finalizados no mais curto relação negocial por forma a poder detectar transacções com-
prazo possível. plexas ou de valor anormalmente elevado que não aparentem
ARTIGO 7.º ter objectivo económico ou fim lícito.
(Obrigação de diligência)

ARTIGO 10.º
Para além da identificação dos clientes, dos seus repre- (Obrigação de diligência reforçada)
sentantes e dos beneficiários as entidades sujeitas devem:
1. Sem prejuízo do cumprimento do disposto nos arti-
a) obter informação sobre a finalidade e a natureza gos 5.º e 7.º as entidades sujeitas devem aplicar medidas
pretendida da relação de negócio; acrescidas de diligência em relação aos clientes e às opera-
b) obter informação, quando o perfil de risco do ções que, pela sua natureza ou características, possam reve-
cliente ou as características da operação o justi- lar um maior risco de branqueamento ou de financiamento
fiquem, sobre a origem e o destino dos fundos do terrorismo.
movimentados no âmbito de uma relação de 2. São sempre aplicáveis medidas acrescidas de diligên-
negócio ou na realização de uma transacção oca- cia às operações realizadas à distância e especialmente as que
sional; possam favorecer o anonimato, às operações efectuadas com
c) manter um acompanhamento contínuo da relação pessoas politicamente expostas que residam fora do território
de negócio, a fim de assegurar que tais operações nacional, às operações de correspondência bancária com ins-
são adequadas às actividades e ao perfil de risco tituições de crédito estabelecidas em países terceiros e a
do cliente; quaisquer outras designadas pelas autoridades de supervi-
d) manter actualizados os elementos de informação são ou de fiscalização do respectivo sector, desde que legal-
obtidos no decurso da relação de negócio. mente habilitadas para o efeito.
3. Sem prejuízo de regulamentação emitida pelas autori-
ARTIGO 8.º dades competentes nos casos em que a operação tenha lugar
(Adequação ao grau de risco) sem que o cliente ou o seu representante estejam fisicamente
presentes, a verificação da identidade pode ser complemen-
1. No cumprimento das obrigações de identificação e de tada por um dos seguintes meios:
diligência previstos nos artigos 5.º e 7.º as entidades sujeitas
podem adaptar a natureza e a extensão dos procedimentos de a) documentos ou informações suplementares consi-
verificação e das medidas de diligência em função do risco derados adequados para verificar ou certificar os
associado ao tipo de cliente, à relação de negócio, ao pro- dados fornecidos pelo cliente, facultados, desig-
duto, à transacção e à origem ou destino dos fundos. nadamente, por uma entidade financeira;
2. As entidades sujeitas devem estar em condições de b) realização do primeiro pagamento relativo à opera-
demonstrar a adequação dos procedimentos adoptados, nos ção através de uma conta aberta em nome do
termos do número anterior, sempre que tal lhes seja solici- cliente junto de uma instituição de crédito.
tado pela competente autoridade de supervisão ou de fiscali-
zação. 4. Quanto às relações de negócio ou transacções ocasio-
ARTIGO 9.º nais com pessoas politicamente expostas residentes fora do
(Obrigação de diligência simplificada) território nacional, as entidades sujeitas devem:

1. Salvo quando existam suspeitas de branqueamento ou a) dispor de procedimentos adequados e baseados no


de financiamento do terrorismo as entidades sujeitas ficam risco, para determinar se o cliente pode ser con-
dispensadas do cumprimento dos deveres enunciados nos siderado uma pessoa politicamente exposta;
artigos 5.º e 7.º nas seguintes situações: b) obter autorização da hierarquia imediata antes do
estabelecimento de relações de negócio com tais
a) quando o cliente seja o Estado ou uma pessoa clientes;
colectiva de direito público, de qualquer natu- c) tomar as medidas necessárias para determinar a ori-
reza, integrada na administração central, provin- gem do património e dos fundos envolvidos nas
cial ou local; relações de negócio ou nas transacções ocasio-
b) quando o cliente seja uma autoridade ou organismo nais;
público sujeito a práticas contabilísticas transpa- d) efectuar um acompanhamento contínuo acrescido
rentes e objecto de fiscalização; da relação de negócio.
c) quando o cliente seja a entidade que presta serviços
postais. 5. O regime previsto no número anterior deve continuar
a aplicar-se a quem, tendo deixado de ter a qualidade de
2. Nos casos previstos no número anterior, as entidades pessoa politicamente exposta, continue a representar um risco
sujeitas devem, em qualquer caso, recolher informação sufi- acrescido de branqueamento ou de financiamento do terro-
ciente para verificar se o cliente se enquadra numa das cate- rismo, devido ao seu perfil ou à natureza das operações
gorias ou profissões referidas, bem como acompanhar a desenvolvidas.
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ARTIGO 11.º quer operações relacionadas com o pedido do cliente e


(Obrigação de recusa) aguardar pela decisão, comunicada por escrito, pelo Banco
Nacional de Angola, nos termos dos números seguintes,
1. As entidades sujeitas devem recusar a realização de
podendo esta autoridade determinar a suspensão da respec-
quaisquer operações sempre que:
tiva execução.
a) não seja fornecida a respectiva identificação ou a 2. A decisão do Banco Nacional de Angola deve ser
identificação das pessoas em nome da qual os comunicada num prazo máximo de 48 horas, findo o qual a
representantes actuam; operação deve ser executada ou no caso contrário, deve ser
b) não seja fornecida a informação prevista no arti- comunicado à Direcção Nacional de Investigação e Inspec-
go 7.º sobre a estrutura de propriedade e controlo ção das Actividades Económicas do Comando Geral da
do cliente, a natureza e a finalidade da relação Polícia Nacional.
de negócio e a origem e o destino dos fundos. 3. A operação suspensa pode, todavia, ser realizada se a
ordem de suspensão não for confirmada pelo Banco Nacio-
2. Sempre que ocorra a recusa prevista no número ante- nal de Angola, nem comunicada à Direcção Nacional de
rior, as entidades sujeitas devem analisar as circunstâncias Investigação e Inspecção das Actividades Económicas do
que a determinaram e, se suspeitarem que a situação pode Comando Geral da Polícia Nacional, no prazo máximo de
estar relacionada com a prática de um crime de branquea- 48 horas, após a comunicação referida no n.º 1 do presente
mento ou de financiamento de terrorismo, devem efectuar artigo.
as comunicações previstas no artigo 14.º e ponderar pôr ARTIGO 16.º
termo à relação de negócio. (Obrigação de cooperação)

ARTIGO 12.º 1. As entidades sujeitas devem prestar colaboração


(Fundamentos da suspeita) ao Banco Nacional de Angola e à Direcção Nacional de
Investigação e Inspecção das Actividades Económicas do
1. A operação que, pela sua natureza, complexidade, Comando Geral da Polícia Nacional, quando solicitadas por
volume, carácter habitual, careça de justificação económica estas, fornecendo-lhes informações sobre certas operações,
ou passível de enquadrar um tipo legal de crime, constitui realizadas pelos clientes ou apresentação de documentos
critério objectivo para fundamentar uma suspeita. relacionados com determinadas operações.
2. Verificadas as circunstâncias descritas no número 2. Após iniciado o processo de investigação formal, as
anterior as entidades sujeitas devem procurar informação do entidades sujeitas devem prestar colaboração às autoridades
cliente sobre a origem e o destino dos fundos. policiais e judiciais competentes.

ARTIGO 13.º ARTIGO 17.º


(Obrigação de conservação) (Obrigação de sigilo)

É obrigatória a conservação dos documentos de identifi- 1. As entidades sujeitas e os membros dos respectivos
cação durante um período de 10 anos, a contar da data do órgãos sociais, ou que nelas exerçam funções de direcção, de
encerramento das contas dos respectivos clientes ou da rela- gerência ou de chefia, os seus empregados, os mandatários
ção contratual estabelecida, por parte das entidades sujeitas. e outras pessoas que lhes prestem serviço a título perma-
nente, temporário ou ocasional não podem revelar, ao cliente
ARTIGO 14.º
ou a terceiros, que transmitiram as comunicações legalmente
(Obrigação de comunicação)
devidas ou que se encontra em curso uma investigação
1. As entidades sujeitas devem, por sua própria iniciativa, criminal.
informar, de imediato, à entidade competente, que comu- 2. Não constitui violação do dever enunciado no
nica ao Banco Nacional de Angola, sempre que saibam, sus- número anterior a divulgação de informações legalmente
peitem, ou tenham razões suficientes para suspeitar que teve devidas ao Banco Nacional de Angola ou à Direcção
lugar, está em curso ou foi tentada uma operação susceptível Nacional de Investigação e Inspecção das Actividades Eco-
de configurar a prática do crime de branqueamento ou de nómicas do Comando Geral da Polícia Nacional dos deveres
financiamento do terrorismo. previstos na presente lei, incluindo os organismos de regula-
2. As informações fornecidas, nos termos do número ção profissional das actividades ou profissões sujeitas à
anterior apenas podem ser utilizadas em processo penal, não presente lei.
podendo ser revelada, em caso algum, a identidade de quem ARTIGO 18.º
as forneceu. (Protecção na prestação de informações)
ARTIGO 15.º
(Obrigação de abstenção) As informações prestadas de boa-fé pelas entidades
sujeitas no cumprimento das obrigações enumeradas não
1. Sempre que se constate que uma determinada opera- constituem violação de qualquer obrigação de segredo,
ção evidencia fundada suspeita e seja susceptível de consti- imposto por via legislativa, regulamentar ou contratual nem
tuir crime as entidades sujeitas, para além da obrigação implicam, para quem as preste, responsabilidade de qualquer
decorrente do artigo 5.º, devem abster-se de executar quais- tipo.
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ARTIGO 19.º 3. A relação de correspondência deve ser autorizada pela


(Obrigação de controlo) hierarquia imediata e as respectivas responsabilidades devem
ser reduzidas a escrito.
Todas as entidades sujeitas com sede em território ango- 4. No caso de a relação de correspondência envolver con-
lano, incluindo as respectivas filiais, sucursais, agências, ou tas correspondentes de transferência a instituição de crédito
qualquer outra forma de representação comercial devem deve confirmar que foi verificada a identidade do cliente que
dotar-se de sistemas de organização interna, de forma a dispõe de acesso directo à conta e que é observada a obriga-
permitir-lhes que, em qualquer altura, estejam aptas a cum- ção de diligência por parte da instituição respondente, asse-
prir as obrigações preconizadas na presente lei. gurando-se, ainda, que aqueles elementos lhe podem ser
fornecidos, por sua solicitação.
ARTIGO 20.º
(Obrigação de formação) ARTIGO 24.º
(Obrigação específica de comunicação)
Todas as entidades sujeitas devem prestar formação
adequada aos seus empregados e dirigentes, visando o Em caso de operações que revelem especial risco de bran-
cumprimento das obrigações impostas pela presente lei. queamento ou de financiamento do terrorismo, nomeada-
mente quando se relacionem com um determinado país ou
jurisdição sujeita a contra-medidas adicionais, as autorida-
CAPÍTULO III des de supervisão do respectivo sector podem determinar a
Obrigações Específicas das Entidades Financeiras obrigação de comunicação imediata dessas operações às
entidades competentes que comunicam ao Banco Nacional
ARTIGO 21.º de Angola, quando o seu montante for superior, em moeda
(Obrigações das entidades financeiras) nacional, ao equivalente a USD 5000,00.

As entidades financeiras estão sujeitas às obrigações ARTIGO 25.º


enunciadas no artigo 4.º, com as especificações previstas nos (Obrigação específica de colaboração)
artigos seguintes.
ARTIGO 22.º As entidades financeiras devem possuir sistemas e ins-
(Execução de obrigações por terceiros) trumentos que lhes permitam responder, de forma pronta e
cabal, aos pedidos de informação apresentados pelas entida-
1. As entidades financeiras, com exclusão das agências des com competência nesta matéria e pelas autoridades
de câmbio e das instituições de pagamento, ficam autoriza- judiciárias legalmente competentes, destinados a determinar
das a permitir a execução das obrigações de identificação e se mantêm ou mantiveram, nos últimos cinco anos, relações
de diligência em relação aos clientes, numa entidade terceira, de negócio com uma determinada pessoa singular ou
nos termos a regulamentar pelas respectivas autoridades de colectiva e qual a natureza dessas relações.
supervisão.
2. As entidades financeiras que recorram a terceiros para
ARTIGO 26.º
assegurar o cumprimento das obrigações previstas no número
(Sucursais e filiais em países terceiros)
anterior mantêm a responsabilidade pelo exacto cumprimento
daquelas obrigações, como se fossem os seus executantes
directos e devem ter acesso imediato à informação relativa à 1. As entidades financeiras, relativamente às suas sucur-
respectiva execução. sais ou filiais em que detenham uma participação maioritária,
estabelecidas em países terceiros, devem:

ARTIGO 23.º
a) aplicar medidas equivalentes às previstas na pre-
(Obrigação específica de diligência reforçada)
sente lei em matéria de obrigações de identifica-
ção, de diligência, de conservação e de formação;
1. As entidades financeiras que sejam instituições de
b) comunicar as políticas e os procedimentos internos
crédito devem, também, aplicar medidas reforçadas de
definidos em cumprimento do disposto no arti-
diligência às relações transfronteiriças de correspondência
go 20.º, que se mostrem aplicáveis no âmbito da
bancária com instituições estabelecidas em países terceiros.
actividade das sucursais e das filiais.
2. Para os efeitos do número anterior as instituições de
crédito devem obter informação suficiente sobre a institui-
ção correspondente, por forma a compreender a natureza da 2. Caso a legislação do país terceiro não permita a apli-
sua actividade, avaliar os seus procedimentos de controlo cação das medidas previstas na alínea a) do número anterior
interno em matéria de prevenção do branqueamento e do as entidades financeiras devem informar desse facto às res-
financiamento do terrorismo e apreciar, com base em pectivas autoridades de supervisão e tomar medidas suple-
informação publicamente conhecida, a sua reputação e as mentares destinadas a prevenir o risco de branqueamento e
características da respectiva supervisão. de financiamento do terrorismo.
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ARTIGO 27.º a) identificar os frequentadores e verificar a sua iden-


(Bancos de fachada) tidade à entrada da sala de jogo ou quando
adquirirem ou trocarem fichas de jogo ou símbo-
1. É vedado às instituições de crédito estabelecerem rela- los convencionais utilizáveis para jogar, num
ções de correspondência com ‹‹bancos de fachada››. montante igual ou superior ao equivalente, em
2. As instituições de crédito devem, ainda, diligenciar no moeda nacional, a USD 2000,00;
sentido de não estabelecer relações de correspondência com b) emitir, nas salas de jogos, cheques seus em troca
outras instituições de crédito que, reconhecidamente, permi- de fichas ou símbolos convencionais apenas à
tam que as suas contas sejam utilizadas por bancos de ordem dos frequentadores identificados que os
fachada. tenham adquirido através de cartão bancário ou
3. Logo que as instituições tenham conhecimento de que cheque não inutilizado e no montante máximo
mantêm uma relação de correspondência com entidades equivalente ao somatório daquelas aquisições;
referidas nos números anteriores devem pôr termo a essa c) emitir, nas salas de jogos e de máquinas automáti-
relação. cas, cheques seus para pagamentos de prémios
CAPÍTULO IV apenas à ordem dos frequentadores premiados
Obrigações Específicas das Entidades não Financeiras previamente identificados e resultantes das com-
binações do plano de pagamentos das máquinas
ARTIGO 28.º ou de sistemas de prémio acumulado.
(Obrigações das entidades não financeiras)
2. A identidade dos frequentadores a que se referem as
As entidades não financeiras estão sujeitas às obrigações alíneas a) e b) do n.º 1 deve ser sempre objecto de registo.
enunciadas no artigo 4.º, com as especificações previstas nos 3. Os cheques referidos nas alíneas b) e c) do n.º 1 são,
artigos seguintes e nas normas regulamentares emitidas pelo obrigatoriamente, nominativos e cruzados, com indicação de
Banco Nacional de Angola. cláusula proibitiva de endosso.
4. As comunicações a fazer, nos termos da presente lei,
devem ser efectuadas pela administração da empresa con-
ARTIGO 29.º
cessionária.
(Profissionais liberais)

ARTIGO 31.º
1. No cumprimento da obrigação de comunicação, pre-
(Obrigação específica de formação)
vista no n.º 1 do artigo 14.º, os profissionais liberais comu-
nicam as operações suspeitas, respectivamente ao órgão
máximo da associação de que é membro, seja ela uma ordem No caso de a entidade não financeira sujeita ser uma pes-
ou tenha outra designação, cabendo a estas entidades a soa singular que exerça a sua actividade profissional na qua-
comunicação, pronta e sem filtragem, à unidade de informa- lidade de trabalhador de uma pessoa colectiva, a obrigação
ção financeira e à Procuradoria Geral da República, sem de formação prevista no artigo 20.º incide sobre a pessoa
prejuízo do disposto no número seguinte. colectiva.
2. Tratando-se de advogados ou outros profissionais CAPÍTULO V
liberais e estando em causa as operações referidas no n.º 1 Supervisão e Fiscalização
do artigo 12.º, não são abrangidas pela obrigação de comu-
nicação, as informações obtidas no contexto da avaliação da ARTIGO 32.º
situação jurídica do cliente, no âmbito da consulta jurídica, (Autoridades)
no exercício da sua missão de defesa ou representação do
cliente num processo judicial, ou a respeito de um processo A fiscalização do cumprimento das obrigações previstas
judicial, incluindo o aconselhamento relativo à maneira de na presente lei compete ao Banco Nacional de Angola, à
propor ou evitar um processo, bem como as informações que Direcção Nacional de Investigação e Inspecção das Activi-
sejam obtidas antes, durante ou depois do processo. dades Económicas do Comando Geral da Polícia Nacional e
3. O disposto nos números anteriores aplica-se, igual- às autoridades policiais e judiciais competentes, nos termos
mente, ao exercício pelos advogados e outros profissionais da presente lei.
liberais das obrigações dos deveres de abstenção e de cola- ARTIGO 33.º
boração, logo que lhes seja solicitada assistência pela autori- (Competências)
dade judiciária, comunicá-la à ordem ou associação aonde
esteja inscrito, facultando a estes os elementos solicitados No âmbito das respectivas atribuições, cabe ao Banco
para o efeito do disposto do n.º 1 do presente artigo. Nacional de Angola:

ARTIGO 30.º a) regulamentar as condições de exercício, as obriga-


(Concessionários de exploração de jogo em casinos) ções de informação e esclarecimento, bem como
os instrumentos, os mecanismos e as formalida-
1. Os concessionários de exploração de jogo em casinos des de aplicação necessários ao efectivo cumpri-
ficam sujeitos aos seguintes deveres: mento das obrigações previstas na presente lei,
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sempre com observância dos princípios da lega- comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais
lidade, da necessidade, da adequação e da pro- comunicações.
porcionalidade; 2. As autoridades judiciárias e policiais devem remeter,
b) fiscalizar o cumprimento das normas constantes da anualmente, à unidade de informação do Banco Nacional de
presente lei; Angola, os dados estatísticos relativos ao branqueamento e ao
c) instaurar e instruir os respectivos procedimentos financiamento do terrorismo, nomeadamente o número de
contravencionais e conforme o caso, aplicar ou casos investigados, de pessoas acusadas em processo judi-
propor a aplicação de sanções. cial, de pessoas condenadas, e o montante dos bens congela-
dos, apreendidos ou declarados perdidos a favor do Estado.
ARTIGO 34.º 3. Cabe à unidade de informação financeira do Banco
(Obrigação de comunicação das autoridades) Nacional de Angola proceder à publicação dos dados esta-
tísticos recolhidos sobre prevenção do branqueamento e do
Sempre que, no exercício das suas funções, as autorida- financiamento do terrorismo.
des de supervisão das entidades financeiras e de fiscalização
das entidades não financeiras tenham conhecimento ou
suspeitem de factos susceptíveis de poder configurar a prática CAPÍTULO VII
do crime de branqueamento ou de financiamento do terro- Regime Sancionatório
rismo devem participá-los, prontamente, ao Banco Nacional
ARTIGO 39.º
de Angola, caso a comunicação ainda não tenha sido reali-
(Aplicação no espaço)
zada.
CAPÍTULO VI
Informação e Estatística Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
presente capítulo é aplicável a:
ARTIGO 35.º
(Acesso à informação) a) factos praticados em território angolano;
b) factos praticados fora do território nacional de que
Para cabal desempenho das suas atribuições de preven- sejam responsáveis as entidades referidas no
ção do branqueamento e do financiamento do terrorismo a artigo 3.º, actuando por intermédio de sucursais
entidade competente tem acesso, em tempo útil, à informação ou em prestação de serviços, bem como as
financeira, administrativa, judicial e policial, a qual fica pessoas que, em relação a tais entidades, se
sujeita ao disposto no artigo 16.º encontrem em alguma das situações previstas no
n.º 2 do artigo seguinte.
ARTIGO 36.º
(Difusão de informação) ARTIGO 40.º
(Responsabilidade)
Cabe ao Banco Nacional de Angola, no âmbito das suas
atribuições e competências legais, emitir alertas e difundir 1. Pela prática das contravenções a que se refere o pre-
informação actualizada sobre tendências e práticas conhe- sente capítulo podem ser responsabilizadas:
cidas, com o propósito de prevenir o branqueamento e o
financiamento do terrorismo. a) as entidades financeiras;
b) as entidades não financeiras.
ARTIGO 37.º
(Retorno de informação) 2. As pessoas colectivas são responsáveis pelas infracções
quando os factos tenham sido praticados no exercício das
A unidade de informação financeira do Banco Nacional respectivas funções ou em seu nome ou por sua conta, pelos
de Angola deve dar o retorno oportuno de informação às titulares dos seus órgãos sociais, mandatários, representan-
entidades sujeitas, quer ao Banco Nacional de Angola, quer tes, trabalhadores ou quaisquer outros colaboradores perma-
à Direcção Nacional de Investigação e Inspecção das Activi- nentes ou ocasionais.
dades Económicas do Comando Geral da Polícia Nacional, 3. A responsabilidade da pessoa colectiva não preclude a
sobre o encaminhamento e o resultado das comunicações responsabilidade individual dos respectivos agentes.
suspeitas de branqueamento e de financiamento do terro- 4. Não obsta à responsabilidade individual dos agentes a
rismo, por aquelas comunicadas. circunstância de o tipo legal da infracção exigir determinados
elementos pessoais e estes só se verificarem na pessoa
ARTIGO 38.º colectiva, ou exigir que o agente pratique o facto no seu
(Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos) interesse, tendo aquele actuado no interesse de outrem.
5. A invalidade e a ineficácia jurídicas dos actos em que
1. Cabe à unidade de informação financeira do Banco se funde a relação entre o agente individual e a pessoa
Nacional de Angola preparar e manter actualizados dados colectiva não obstam a que seja aplicado o disposto nos
estatísticos relativos ao número de transacções suspeitas números anteriores.
1334 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 41.º c) a permissão de realização de movimentos a débito


(Negligência) ou a crédito em contas de depósito bancário, a
disponibilização de instrumentos de pagamento
A negligência é sempre punível, sendo, nesse caso, redu- sobre essas contas ou a realização de alterações
zidos a metade os limites máximos e mínimos da multa. na titularidade das mesmas, quando não precedi-
das da verificação da identidade dos clientes;
ARTIGO 42.º
d) a inobservância dos procedimentos e das medidas
(Cumprimento do dever omitido)
de diligência;
1. Sempre que a contravenção resulte da omissão de um e) a não adequação da natureza e da extensão dos pro-
dever a aplicação da sanção e o pagamento da multa não cedimentos de verificação da identidade e das
dispensam o infractor do seu cumprimento, se este ainda for medidas de diligência ao grau de risco existente,
possível. bem como a ausência de demonstração de tal
2. O infractor pode ser sujeito à injunção de cumprir o adequação perante as autoridades competentes;
dever omitido. f) a adopção de procedimentos simplificados no cum-
ARTIGO 43.º primento das obrigações de identificação e de
(Prescrição) diligência, com inobservância das condições e
termos;
1. O procedimento relativo às contravenções previstas g) a omissão, total ou parcial, de medidas acrescidas
neste capítulo prescreve no prazo de cinco anos a contar da de diligência aos clientes e às operações suscep-
data da sua prática. tíveis de revelar um maior risco de branquea-
2. As multas e as sanções acessórias prescrevem no prazo mento ou de financiamento do terrorismo e às
de cinco anos, a contar do dia em que a decisão administra- relações transfronteiriças de correspondência
tiva se torne definitiva ou do dia em que a decisão judicial bancária com instituições estabelecidas em países
transite em julgado. terceiros;
h) o incumprimento da obrigação de recusa de
ARTIGO 44.º
execução de operações em conta bancária, de
(Destino das multas)
estabelecimento de relações de negócio ou de
Independentemente da fase em que se torne definitiva ou realização de transacções ocasionais quando não
transite em julgado a decisão condenatória o produto das sejam facultados os elementos de identificação
multas reverte a favor do Banco Nacional de Angola. ou os elementos de informação referidos;
i) a não realização da análise referente às circunstân-
ARTIGO 45.º cias que determinaram a recusa de uma operação,
(Responsabilidade pelo pagamento das multas) de uma relação de negócio ou de uma transacção
ocasional e da respectiva comunicação imediata;
1. As pessoas colectivas respondem solidariamente pelo j) a ausência de conservação dos originais, das cópias,
pagamento das multas e das custas em que sejam condenados das referências ou de outros suportes duradouros
os seus dirigentes, mandatários, representantes ou trabalha- demonstrativos do cumprimento das obrigações
dores pela prática de infracções puníveis, nos termos da de identificação e de diligência e da realização
presente lei. das operações;
2. Os titulares dos órgãos de administração das pessoas k) o incumprimento do dever de examinar, com espe-
colectivas que, podendo fazê-lo, não se tenham oposto à cial cuidado e atenção, as condutas, as activi-
prática da infracção respondem individual e subsidiariamente dades ou as operações susceptíveis de poderem
pelo pagamento da multa e das custas em que aquelas sejam estar relacionadas com o branqueamento ou o
condenadas, ainda que as mesmas, à data da condenação, financiamento do terrorismo;
hajam sido dissolvidas ou entrado em liquidação. l) o incumprimento das obrigações de registo, de
arquivo e de disponibilização dos resultados do
ARTIGO 46.º
exame de condutas, de actividades ou de opera-
(Contravenções)
ções suspeitas;
m) a ausência de comunicação imediata às entidades
Constituem contravenções, os seguintes factos ilícitos
típicos: competentes;
n) o incumprimento do dever de abstenção de exe-
a) o incumprimento das obrigações de identificação e cução de operações suspeitas e da respectiva
de verificação da identidade de clientes e dos obrigação de prestação de informação imediata
seus representantes; ao Banco Nacional de Angola;
b) a realização dos procedimentos de verificação da o) o não acatamento de ordens de suspensão da exe-
identidade de clientes e dos seus representantes cução de operações suspeitas e a execução de tais
com inobservância das regras sobre o momento operações, após a confirmação, pelo Banco
temporal em que os mesmos devem ter lugar; Nacional de Angola, da ordem de suspensão;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1335

p) a não prestação de pronta colaboração ao Banco a) interdição, por um período até três anos, do exercí-
Nacional de Angola e à Direcção Nacional de cio da profissão ou da actividade a que a contra-
Investigação e Inspecção das Actividades Eco- venção respeita;
nómicas do Comando Geral da Polícia Nacional, b) inibição, por um período, até três anos, do exercí-
bem como às autoridades policiais e judiciárias, cio de cargos sociais e de funções de administra-
à autoridade judiciária responsável pela direcção ção, de direcção, de chefia e de fiscalização em
do inquérito ou às autoridades competentes para pessoas colectivas abrangidas pela presente lei,
a fiscalização do cumprimento dos deveres quando o infractor seja membro dos órgãos
consagrados na presente lei; sociais, exerça cargos de direcção, de chefia ou
q) a revelação, aos clientes ou a terceiros, da trans- de gestão ou actue em representação legal ou
missão de comunicações ao Banco Nacional de voluntária da pessoa colectiva;
Angola e à Direcção Nacional de Investigação c) publicação da punição definitiva, a expensas do
e Inspecção das Actividades Económicas do infractor, num jornal de larga difusão na locali-
Comando Geral da Polícia Nacional, ou da pen- dade da sede ou do estabelecimento permanente
dência de uma investigação criminal; do infractor ou, se este for uma pessoa singular,
r) a ausência de definição e de aplicação de políticas na localidade da sua residência.
e de procedimentos internos de controlo;
s) a não adopção de medidas e de programas de CAPÍTULO VIII
divulgação e de formação em matéria de preven- Disposições Processuais
ção do branqueamento e do financiamento do
terrorismo; ARTIGO 49.º
(Competência do Banco Nacional de Angola)
t) o recurso à execução das obrigações de identificação
e de diligência por entidades terceiras. Relativamente às contravenções praticadas por entidades
financeiras a averiguação das infracções, a instrução proces-
ARTIGO 47.º
(Multas)
sual e a aplicação de multas e sanções acessórias são da
competência do Banco Nacional de Angola.
As contravenções previstas no artigo anterior são puní-
veis, nos seguintes termos: CAPÍTULO IX
Terceiros de Boa-Fé
a) quando a infracção seja praticada no âmbito da
actividade de uma entidade financeira: ARTIGO 50.º
(Defesa de direitos de terceiros de boa-fé)
i) com multa de valores, em moeda nacio-
nal, equivalente de USD 25 000,00 a 1. Se os bens apreendidos a arguidos em processo penal
USD 2 500 000,00, se o agente for uma pes- por infracção relativa ao branqueamento de vantagens de
soa colectiva; proveniência ilícita se encontrarem inscritos em registo
ii) com multa de valores, em moeda nacio- público em nome de terceiros os titulares de tais registos
nal, equivalente de USD 12 500,00 a são notificados para deduzirem a defesa dos seus direitos e
USD 1 250 000,00, se o agente for uma pes- fazerem prova sumária da sua boa-fé, podendo ser-lhes, de
soa singular; imediato, restituído o bem.
2. Não havendo registo o terceiro que invoque a boa-fé na
b) quando a infracção for praticada no âmbito da acti- aquisição de bens apreendidos pode deduzir, no processo, a
defesa dos seus direitos.
vidade de uma entidade não financeira:
3. A defesa dos direitos de terceiro que invoque a boa-fé
i) com multa de valores, em moeda nacio- pode ser deduzida até à declaração de perda e é apresentada
nal, equivalente de USD 5000,00 a mediante petição dirigida ao tribunal competente, devendo o
USD 500 000,00, se o agente for uma pessoa interessado indicar, logo, todos os elementos de prova.
colectiva; 4. O Juiz pode remeter a questão para o tribunal cível
ii) com multa de valores, em moeda nacio- quando, em virtude da sua complexidade ou do atraso que
nal, equivalente de USD 2500,00 a acarrete ao normal curso do processo penal, não possa, neste,
USD 250 000,00, se o agente for uma pessoa ser convenientemente decidida.
singular.
CAPÍTULO X
ARTIGO 48.º Disposições Penais
(Sanções acessórias)
ARTIGO 51.º
Conjuntamente com as multas, podem ser aplicadas, ao (Branqueamento de capitais)
responsável por quaisquer das contravenções previstas, as
seguintes sanções acessórias, em função da gravidade da 1. Consideram-se vantagens os bens provenientes da
infracção e da culpa do agente: prática, sob qualquer forma de comparticipação, dos factos
1336 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ilícitos típicos de lenocínio, de abuso sexual de crianças ou de a) crime contra a vida, a integridade física ou a liber-
menores dependentes, de extorsão, de tráfico de estupefa- dade das pessoas;
cientes e de substâncias psicotrópicas, de tráfico de armas, b) crime contra a segurança dos transportes e das
de tráfico de órgãos ou de tecidos humanos, de tráfico de comunicações, incluindo as informáticas, tele-
espécies protegidas, de fraude fiscal, de tráfico de influên- gráficas, telefónicas, de rádio ou de televisão;
cia, de corrupção e dos factos ilícitos típicos puníveis c) crime de produção dolosa de perigo comum, através
com pena de prisão, assim como os bens que com eles se de incêndio, de explosão, de libertação de subs-
obtenham. tâncias radioactivas ou de gases tóxicos ou
2. Quem converter, transferir, auxiliar ou facilitar alguma asfixiantes, de inundação ou avalanche, de des-
operação de conversão ou transferência de vantagens, obtidas moronamento de construção, de contaminação de
por si ou por terceiro, directa ou indirectamente, com o fim alimentos e águas destinadas a consumo humano
de dissimular a sua origem ilícita ou de evitar que o autor ou ou difusão de doença, de praga, de planta ou de
participante da infracção seja criminalmente perseguido animal nocivos;
ou submetido a uma reacção criminal, é punido com pena de d) actos que destruam ou que impossibilitem o fun-
prisão maior de dois a oito anos. cionamento ou desviem dos seus fins normais,
3. Na mesma pena incorre quem oculte ou dissimule a definitiva ou temporariamente, total ou parcial-
verdadeira natureza, origem, localização, disposição, movi- mente, meios ou vias de comunicação, insta-
mentação ou titularidade das vantagens ou os direitos a ela
lações de serviços públicos ou destinadas ao
relativos.
abastecimento e à satisfação de necessidades
4. A punição pelos crimes previstos nos n.ºs 2 e 3 do
vitais da população;
presente artigo, tem lugar ainda que os factos que integram a
e) investigação e desenvolvimento de armas biológi-
infracção subjacente tenham sido praticados fora do territó-
cas ou químicas;
rio nacional ou ainda que se ignore o local da prática do facto
f) crimes que impliquem o emprego de energia
ou a identidade dos seus autores.
nuclear, de armas de fogo, biológicas ou quími-
5. O facto não é punível quando o procedimento criminal
relativo aos factos ilícitos típicos de onde provêm as vanta- cas, de substâncias ou de engenhos explosivos,
gens depender de queixa e a queixa não tenha sido, tempes- de meios incendiários de qualquer natureza, de
tivamente, apresentada. encomendas ou cartas armadilhadas, sempre que,
6. A pena prevista nos n.ºs 2 e 3 do presente artigo é pela sua natureza ou pelo contexto em que são
agravada de 1/3 se o agente praticar as condutas de forma cometidos, estes crimes sejam susceptíveis de
habitual. afectar gravemente o Estado ou a população que
7. Quando tiver lugar a reparação integral do dano se vise intimidar.
causado ao ofendido pelo facto ilícito típico de cuja prática
provêm as vantagens, sem dano ilegítimo de terceiro, até ao 2. Quem promover ou fundar grupo, organização ou
início da audiência de julgamento em primeira instância, a associação terrorista, a eles aderir ou os apoiar, nomeada-
pena é especialmente atenuada. mente através do fornecimento de informações ou meios
8. Verificados os requisitos previstos no número anterior materiais ou através de qualquer forma de financiamento
a pena pode ser especialmente atenuada se a reparação for das suas actividades, é punido com pena de prisão maior de
parcial. 8 a 12 anos.
9. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente 3. Quem chefiar ou dirigir grupo, organização ou asso-
auxiliar concretamente na recolha das provas decisivas para ciação terrorista, é punido com pena de prisão maior de 16
a identificação ou a captura dos responsáveis pela prática dos a 20 anos.
factos ilícitos típicos de onde provêm as vantagens. 4. Quem praticar actos preparatórios da constituição de
10. A pena aplicada, nos termos dos números anteriores grupo, de organização ou de associação terrorista, é punido
não pode ser superior ao limite máximo da pena mais com pena de prisão maior de dois a oito anos.
elevada de entre as previstas para os factos ilícitos típicos de 5. A pena pode ser especialmente atenuada ou não ter
onde provêm as vantagens. lugar se o agente abandonar voluntariamente a sua activi-
dade, afastar ou fizer diminuir, consideravelmente, o perigo
ARTIGO 52.º por ela provocado ou auxiliar concretamente na recolha das
(Organizações terroristas)
provas decisivas para a identificação ou a captura de outros
1. Considera-se grupo, organização ou associação terro- responsáveis.
rista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que, ARTIGO 53.º
actuando concertadamente, vise prejudicar a integridade e a (Outras organizações terroristas)
independência nacionais, impedir, alterar ou subverter o
funcionamento das instituições do Estado previstas na Cons- 1. Aos grupos, organizações e associações previstas
tituição, forçar a autoridade pública a praticar um acto, a no artigo anterior são equiparados os agrupamentos de duas
abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique ou, ainda, ou mais pessoas que, actuando concertadamente, visem,
intimidar certas pessoas, grupos de pessoas ou a população mediante a prática dos factos aí descritos, prejudicar a inte-
em geral, mediante: gridade ou a independência de um Estado, impedir, alterar
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1337

ou subverter o funcionamento das instituições desse Estado 3. Pelos crimes previstos no n.º 1 do presente artigo são
ou de uma organização pública internacional, forçar as aplicáveis às pessoas colectivas, as seguintes penas princi-
respectivas autoridades a praticar um acto, a abster-se de o pais:
praticar ou a tolerar que se pratique ou, ainda, intimidar a) multa;
certos grupos de pessoas ou populações. b) dissolução.
2. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.ºs 2
a 5 do artigo anterior. 4. A pena de multa é fixada em dias, no mínimo de 100
e no máximo de 1000.
ARTIGO 54.º 5. Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre
(Terrorismo) o equivalente, em moeda nacional, a USD 5,00 e a
USD 5000,00.
1. Quem praticar os factos previstos no n.º 1 do artigo 6. Se a multa for aplicada a uma entidade sem personali-
anterior, com a intenção nele referida, é punido com pena dade jurídica responde por ela o património comum e, na sua
de prisão maior de dois a oito anos, ou com a pena corres- falta ou insuficiência, solidariamente, o património de cada
pondente ao crime praticado, agravada de 1/3 nos seus um dos associados ou beneficiários efectivos.
limites mínimo e máximo, se for igual ou superior àquela, 7. A pena de dissolução só é decretada quando os sócios
não podendo a pena aplicada exceder 24 anos. da pessoa colectiva tenham tido a intenção, exclusiva ou
2. Quem praticar crime de furto qualificado, roubo, predominante de, por meio dela, praticar os crimes indicados
extorsão ou falsificação de documento administrativo, no n.º 1 do presente artigo ou quando a prática reiterada de
com vista ao cometimento dos factos previstos no n.º 1 do tais crimes mostre que a pessoa colectiva ou sociedade está
artigo 23.º é punido com a pena correspondente ao crime a ser utilizada, exclusiva ou predominantemente, para esse
praticado, agravada de 1/3 nos seus limites mínimo e efeito, quer pelos seus membros, quer por quem exerça a
máximo. respectiva administração.
3. A pena pode ser especialmente atenuada ou não ter 8. Pelos crimes previstos no n.º 1 do presente artigo
lugar a punição se o agente abandonar voluntariamente a sua podem ser aplicadas, às pessoas colectivas, as seguintes
actividade, afastar ou fizer diminuir consideravelmente o penas acessórias:
perigo por ela provocado, impedir que o resultado que a lei
quer evitar se verifique ou auxiliar concretamente na recolha a) injunção judiciária;
das provas decisivas para a identificação ou a captura de b) interdição temporária do exercício de uma activi-
outros responsáveis. dade;
d) privação do direito a subsídios ou a subvenções
ARTIGO 55.º outorgados por entidades ou serviços públicos;
(Terrorismo internacional) e) publicidade da decisão condenatória.

1. Quem praticar os factos previstos no n.º 1 do artigo 54.º


com a intenção referida no n.º 1 do artigo 55.º é punido com CAPÍTULO XI
a pena de prisão maior de dois a oito anos, ou com a pena Disposições Finais
correspondente ao crime praticado, agravada de 1/3 nos seus
limites mínimo e máximo, se for igual ou superior àquela. ARTIGO 57.º
2. É correspondentemente aplicável o disposto nos n.OS 2 (Regulamentação)
e 3 do artigo anterior.
A presente lei deve ser regulamentada, pelo Executivo,
ARTIGO 56.º no prazo de 120 dias, contados a partir da data da sua publi-
(Responsabilidade criminal das pessoas colectivas cação.
e equiparadas e penas aplicáveis)
ARTIGO 58.º
1. As pessoas colectivas, as sociedades e as meras asso- (Dúvidas e omissões)
ciações de facto são responsáveis pelos crimes previstos no
artigo 51.º, quando cometidos em seu nome e no interesse As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e da
colectivo, pelos seus órgãos ou representantes, ou por uma aplicação da presente lei são resolvidas pela Assembleia
pessoa sob a autoridade destes quando o cometimento do Nacional.
crime se tenha tornado possível em virtude de uma violação
dolosa das obrigações de vigilância ou de controlo que lhes ARTIGO 59.º
incumbem. (Revogação)
2. A responsabilidade das entidades referidas no número
anterior não exclui a responsabilidade individual dos respec- É revogada toda a legislação que contrarie a presente
tivos agentes. lei.
1338 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 60.º b) os órgãos da administração central;


(Entrada em vigor) c) os governos provinciais, as administrações muni-
cipais e demais órgãos ou serviços da admi-
A presente lei entra em vigor à data da sua publicação. nistração local do Estado, incluindo os fundos
autónomos;
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, d) os institutos públicos;
aos 27 de Maio de 2010. e) as autarquias locais, suas associações e seus servi-
ços;
O Presidente, em exercício, da Assembleia Nacional, f) as empresas públicas e as sociedades de capitais
João Manuel Gonçalves Lourenço. maioritariamente públicos;
g) as associações públicas e privadas, nos termos da
Promulgada aos 18 de Junho de 2010. presente lei, ou associações públicas, associações
de entidades públicas ou associações de entida-
Publique-se. des públicas e privadas que sejam financiadas
maioritariamente por entidades públicas sujeitas
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. ao seu controlo de gestão;
h) as entidades de qualquer natureza que tenham
––––––––––––– participação de capitais públicos ou sejam bene-
ficiárias, a qualquer título, de dinheiros ou outros
Lei n.º 13/10 valores públicos, na medida necessária à fiscali-
de 9 de Julho zação da legalidade, da regularidade e da correc-
ção económica e financeira da aplicação dos
Com a entrada em vigor, em 5 de Fevereiro de 2010, da mesmos dinheiros e valores públicos;
Constituição da República de Angola, afigura-se necessário i) quaisquer outros entes públicos que a lei determine.
proceder-se à conformação da legislação que disciplina a
organização e o funcionamento do Tribunal de Contas, com 3. O disposto nos números anteriores não prejudica os
vista a conferi-lo maior eficiência e rigor na fiscalização da poderes do Tribunal em matéria de fiscalização sobre a utili-
legalidade das finanças públicas e julgamentos das contas do zação de dinheiros públicos por outras entidades para além
Estado e aglutinar, num único diploma legal, os regimes das que ali são enumeradas.
substantivo e adjectivo da disciplina jurídica do Tribunal de
Contas. ARTIGO 3.º
(Independência)
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
nos termos das disposições combinadas da alínea h) do arti- 1. O Tribunal de Contas é independente e os juízes, no
go 164.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 166.º, ambos da exercício das suas funções, gozam dos direitos e das garan-
Constituição da República de Angola, a seguinte: tias dos demais Magistrados Judiciais, previstos na Consti-
tuição e nos estatutos dos Magistrados Judiciais e do
LEI ORGÂNICA E DO PROCESSO Ministério Público.
DO TRIBUNAL DE CONTAS 2. O autogoverno é assegurado, nos termos da presente lei.
3. Ao Tribunal de Contas são aplicáveis os princípios que,
CAPÍTULO I na Constituição, regem o exercício da função jurisdicional e
Disposições Gerais asseguram a obrigatoriedade das suas decisões.
4. Fora dos casos em que o facto constitua crime a res-
ARTIGO 1.º ponsabilidade pelas decisões judiciais é, sempre, assumida
(Definição e natureza) pelo Estado, cabendo a este o direito de regresso contra o
respectivo juiz.
O Tribunal de Contas é o órgão supremo de fiscalização ARTIGO 4.º
da legalidade das finanças públicas e de julgamento das (Composição e quórum)
contas que a lei sujeite à sua jurisdição.
O Tribunal de Contas é composto por um total de nove
ARTIGO 2.º Juízes Conselheiros, podendo funcionar com um mínimo de
(Jurisdição) cinco, incluindo o Presidente ou, por delegação, o Vice-Pre-
sidente.
1. O Tribunal de Contas tem jurisdição em todo o territó- ARTIGO 5.º
rio nacional e no estrangeiro, no âmbito da ordem jurídica (Sede e secções)
angolana.
2. Estão sujeitos à jurisdição do Tribunal de Contas: 1. O Tribunal de Contas tem a sua sede em Luanda e
secções regionais e provinciais, tendo em vista o melhor
a) os órgãos de soberania do Estado e seus serviços; desempenho das suas atribuições e competências.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1339

2. A estrutura orgânica e funcional das secções regionais ARTIGO 7.º


e provinciais e dos seus serviços de apoio é definida por lei, (Conta Geral do Estado)
no quadro do disposto na presente lei.
3. As secções regionais e provinciais entram em funcio- 1. O parecer a emitir pelo Tribunal de Contas sobre a
namento após a publicação, no Diário da República, da Conta Geral do Estado deve, entre outras questões, apreciar
deliberação do Plenário do Tribunal que aprove a respectiva os seguintes aspectos:
criação.
4. A actividade das secções regionais e provinciais do a) o cumprimento da Lei do Orçamento Geral do
Tribunal de Contas é coordenada por Magistrados Judiciais Estado e demais legislação complementar;
ou do Ministério Público escolhidos pelo Plenário do Tribu- b) a actividade financeira do Estado, nos domínios das
nal, na base de concurso curricular e nomeados pelo seu receitas, das despesas, da tesouraria e dos crédi-
Presidente. tos públicos;
5. O Tribunal de Contas dispõe, na sede e nas secções c) as responsabilidades directas ou indirectas do
regionais e provinciais, de serviços de apoio técnico e Estado, incluindo a concessão de avales e garan-
administrativo indispensável ao desempenho das suas tias;
funções. d) o inventário do património do Estado;
e) as subvenções, os subsídios, os benefícios fiscais, os
CAPÍTULO II créditos e outras formas de apoio concedidas pelo
Competência do Tribunal de Contas Estado;
f) a execução dos programas de acção, investimento e
financiamento das empresas públicas, bem como
ARTIGO 6.º o emprego ou aplicação das subvenções a cargos
(Competência) dos fundos autónomos.

Compete ao Tribunal de Contas a fiscalização da activi- 2. O parecer do Tribunal de Contas é enviado à Assem-
dade financeira do Estado e demais entidades previstas no bleia Nacional, juntamente com um relatório anual que deve
artigo 2.º da presente lei e, nomeadamente: conter uma síntese das deliberações jurisdicionais referentes
ao ano económico em causa e propostas de medidas a
a) emitir parecer sobre a Conta Geral do Estado, sem- adoptar para melhorar a gestão económica e financeira dos
pre que solicitado pela Assembleia Nacional; recursos do Estado e do sector público em geral.
b) julgar as contas dos serviços e das entidades sujei- 3. O Presidente do Tribunal de Contas apresenta, em
tas à sua jurisdição; sessão da Assembleia Nacional, com cópia ao Presidente da
c) fiscalizar, preventivamente, a legalidade dos actos República, uma síntese do parecer sobre a Conta Geral do
e dos contratos geradores de despesas ou que Estado e do relatório referido no número anterior, cujo
representem responsabilidade financeira das conteúdo os órgãos de comunicação social podem ter acesso.
entidades que se encontram sob a sua jurisdição;
d) realizar, por iniciativa própria ou da Assembleia ARTIGO 8.º
Nacional, inquéritos e auditorias de natureza (Fiscalização preventiva)
contabilística, financeira ou patrimonial às enti-
dades sujeitas à sua jurisdição; 1. A fiscalização preventiva tem por fim verificar se os
actos e os contratos a ela sujeitos estão conforme às leis
e) assegurar a fiscalização da aplicação de recursos
vigentes e se os encargos deles decorrentes têm cabimentação
financeiros doados ao Estado, por entidades
orçamental.
nacionais e internacionais;
2. A fiscalização preventiva é exercida através do visto, da
f) aprovar os regulamentos internos que se revelem
sua recusa ou da declaração de conformidade.
necessários ao seu funcionamento;
3. Devem ser submetidos ao Tribunal de Contas, para
g) decidir sobre a criação de secções regionais e pro-
efeitos de fiscalização preventiva:
vinciais;
h) emitir as instruções, sob a forma de resolução das a) os contratos de qualquer natureza, de valor igual ou
respectivas câmaras, relativas ao modo como superior ao fixado na Lei do Orçamento Geral do
as contas devem ser prestadas e os processos Estado, quando celebrados por entidades sujeitas
submetidos à sua apreciação; à sua jurisdição, com excepção das referidas na
i) decidir sobre a responsabilidade financeira em alínea e) do n.º 2 do artigo 2.º da presente lei;
que os infractores incorram, revelando-a ou b) as minutas dos contratos identificados na alínea
graduando-a, nos termos da lei; anterior, quando venham a celebrar-se por escri-
j) propor as medidas legislativas julgadas necessárias tura pública e os respectivos encargos tenham de
ao desempenho das suas atribuições e compe- ser satisfeitos no acto da sua celebração, devendo
tências; o respectivo notário anexar cópia da resolução do
k) exercer outras funções determinadas por lei. Tribunal à respectiva escritura;
1340 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) os instrumentos da dívida pública fundada e os mente despendidas, sem prejuízo da responsabilidade disci-
contratos e outros instrumentos de que resulte o plinar, civil e criminal a que haja lugar.
aumento da dívida pública das entidades sujeitas 11. A Lei do Orçamento Geral do Estado deve fixar os
à jurisdição do Tribunal; valores dos contratos referidos na alínea a) do n.º 3 do pre-
d) os contratos de arrendamento cujo valor exceda o sente artigo dos quais é dispensada a fiscalização preventiva,
equivalente, em Kwanzas, a USD 500 000,00 ao consoante se trate de órgão municipal, provincial ou nacional.
ano. 12. Os actos e contratos sujeitos à fiscalização preventiva
devem ser submetidos ao Tribunal de Contas, 60 dias após a
4. A admissão de pessoal não vinculado à função pública, sua prática ou celebração.
e as admissões em categorias de ingresso na administração
central e local do Estado e nas autarquias locais estão ARTIGO 9.º
sujeitos à fiscalização preventiva, pela verificação da quota (Fiscalização sucessiva)
atribuída aos diversos sectores, anualmente, em função do
quadro orgânico, conforme diploma próprio, nos termos da 1. O Tribunal de Contas julga as contas das entidades ou
legislação em vigor. dos organismos sujeitos à sua jurisdição, com o fim de apre-
5. Não estão sujeitos à fiscalização preventiva: ciar a legalidade e a regularidade da arrecadação das receitas
e da realização das despesas, bem como, tratando-se de
a) os actos de nomeação emanados do Presidente da contratos, verificar, ainda, se as suas condições foram as mais
República; vantajosas no momento da sua celebração.
b) os actos de nomeação do pessoal afecto aos gabi- 2. Incumbe ao Tribunal, em sede de fiscalização suces-
netes dos titulares de órgãos de soberania; siva, verificar se, em relação aos actos e contratos sujeitos à
c) os diplomas relativos a cargos colectivos; fiscalização preventiva, as despesas correspondentes foram
d) os títulos definitivos de contratos cujas minutas realizadas com base no visto prévio do Tribunal, para efeitos
hajam sido visadas; do disposto no n.º 9 do artigo anterior.
e) os actos de permuta, de transferência, de destaca- 3. Em sede de fiscalização sucessiva, o Tribunal aprecia,
mento, de requisição ou outros instrumentos de também, a gestão económica, financeira e patrimonial das
mobilidade de pessoal; entidades sujeitas à sua jurisdição.
f) os contratos de financiamento externo do Estado, 4. O Tribunal pode, por sua iniciativa ou por solicitação
no âmbito dos projectos de investimentos públi- da Assembleia Nacional, realizar inquéritos e auditorias a
cos; aspectos determinados da gestão das entidades sujeitas à sua
g) os contratos de fornecimento de água, de gás e de jurisdição.
electricidade ou celebrados com empresas de 5. A fiscalização sucessiva compreende, também, a
limpeza, de segurança, de instalação e de assis- fiscalização do modo como quaisquer entidades dos sectores
tência técnica; cooperativo e privado aplicam os montantes obtidos do
h) os contratos de seguro obrigatório, quando cele- Orçamento Geral do Estado ou com intervenção do sector
brados nos termos da legislação aplicável. público, designadamente através de doações, de emprés-
timos, de subsídios de garantias ou avales.
6. Os diplomas, os despachos, os contratos e outros 6. A verificação das contas pode ser feita por amostragem
documentos sujeitos à fiscalização preventiva consideram- ou por recurso a outros métodos selectivos, sem prejuízo de
-se visados 30 dias após a sua entrada no Tribunal, salvo se auditorias de regularidade das despesas.
forem solicitados elementos em falta ou adicionais, casos em 7. As contas em moeda nacional de valor inferior ao
que se interrompe a contagem do prazo até que os mesmos correspondente a USD 500 000,00, uma vez verificadas e
lhe sejam entregues. certificadas pela Direcção dos Serviços Técnicos, quando
7. Os actos e os contratos sujeitos à fiscalização preven- consideradas em termos, podem ser devolvidas nos termos
tiva do Tribunal são juridicamente ineficazes até que obte- da presente lei.
nham o respectivo visto, após o que a sua execução pode ser ARTIGO 10.º
iniciada. (Entidades sujeitas à prestação de contas)
8. Nos casos de recusa de visto devem as entidades
sujeitas à sua jurisdição remeter ao Tribunal, no prazo de 1. Estão sujeitas à prestação de contas, as seguintes enti-
15 dias, cópia da anulação da respectiva nota de cabimenta- dades ou órgãos:
ção orçamental, a fim de ser junta ao processo.
9. Nos casos cuja publicação seja obrigatória dela deve a) serviços do Estado, personalizados ou não, dotados
constar que foram submetidos à fiscalização preventiva ou de autonomia administrativa e financeira, in-
que dela estão isentos. cluindo os fundos autónomos;
10. Os gestores orçamentais, os responsáveis de facto e de b) serviços administrativos de todas as unidades mili-
direito e as entidades co-contratantes que infrinjam o disposto tares, e os órgãos de gestão financeira das For-
nos números anteriores são solidariamente responsáveis pela ças Armadas, do seu Estado Maior General;
reintegração das verbas orçamentais que sejam indevida- c) estabelecimentos fabris militares;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1341

d) orgãos do Ministério do Interior, da Polícia Nacio- b) aprovar o relatório anual do Tribunal;


nal e demais serviços para-militares; c) aprovar os regulamentos internos do Tribunal;
e) empresas ou sociedades de capitais maioritaria- d) distribuir os juízes pelas Câmaras;
mente públicos; e) apreciar quaisquer outros assuntos que, pela sua
f) cofres de qualquer natureza, de todos os organismos importância, lhe sejam submetidos.
e serviços públicos, excepto o cofre do Tribunal
de Contas; 3. Compete ao plenário, como instância de recurso,
g) serviços públicos angolanos no estrangeiro; decidir:
h) órgãos encarregados da gestão financeira ao nível
das autarquias locais; a) os processos de anulação das decisões proferidas
i) quaisquer entidades públicas com funções de tesou- em matérias de contas, pelas Câmaras ou de
raria; acórdãos transitados em julgado;
j) outros organismos ou serviços que a lei determine. b) os recursos para uniformização de jurisprudência, a
requerimento do Presidente do Tribunal ou do
2. As contas dos órgãos de soberania são apreciadas pelo Procurador Geral da República;
Tribunal de Contas, sobre as quais emite um parecer que c) os recursos sobre outras matérias que, por lei, lhe
integra o seu relatório anual, que é apresentado à Assembleia compitam.
Nacional.
3. As contas do Tribunal de Contas, incluindo a do seu 4. Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judi-
cofre são objecto de auditoria independente designada pela cial exercer a acção disciplinar sobre os juízes, sob proposta
Assembleia Nacional com base em concurso público. do Plenário do Tribunal de Contas.
4. Em cada ano civil o Tribunal selecciona os serviços
ou as entidades sujeitas à sua jurisdição, que são objecto de ARTIGO 13.º
efectiva fiscalização sucessiva das contas referentes ao ano (Competência da 1.ª Câmara)
económico findo.
Compete à 1.ª Câmara:
CAPÍTULO III
Funcionamento do Tribunal de Contas a) julgar sobre a concessão ou a recusa de visto de
todos os processos sujeitos à fiscalização pre-
ARTIGO 11.º
ventiva, não havendo acordo entre juízes que
(Sessões)
integram a sessão de visto;
b) julgar, em recurso, as decisões das secções regio-
1. O Tribunal de Contas funciona em plenário, em ses- nais ou provinciais, em matéria de fiscalização
sões das câmaras, em sessões diárias de visto e em sessões preventiva;
das secções regionais e provinciais. c) mandar realizar inquérito e averiguações relaciona-
2. O Tribunal de Contas reúne-se, ordinariamente, em das com o exercício da fiscalização preventiva;
plenário uma vez por mês e nele participam todos os juízes e d) emitir as instruções a que se refere a alínea c) do
os representantes do Ministério Público, ainda que sem n.º 2 do artigo 6.º da presente lei, em matéria de
direito a voto, sob direcção do Presidente do Tribunal. fiscalização preventiva;
3. As Câmaras do Tribunal reúnem-se em sessão plená- e) aplicar multas;
ria ordinária, uma vez por semana, com, pelo menos, f) exercer outras atribuições que a lei determine.
três juízes, devendo, em caso de ausência ou impedimento
de algum, ser substituído por outro, ainda que de câmara ARTIGO 14.º
(Competência da 2.ª Câmara)
diferente, que é designado pelo presidente da mesma.
4. As sessões de visto, para o efeito de fiscalização pre- Compete à 2.ª Câmara:
ventiva, são asseguradas por dois juízes e realizam-se todos
os dias úteis. a) julgar as contas dos serviços e dos organismos
ARTIGO 12.º sujeitos à jurisdição do Tribunal;
(Plenário) b) julgar, em recurso, as decisões das secções regio-
nais e das secções provinciais em matéria de
1. O Plenário do Tribunal de Contas só pode funcionar fiscalização sucessiva;
em sessão com, pelo menos, cinco dos seus juízes em c) julgar os processos de fixação de débitos dos res-
efectivo serviço e desde que, entre eles, se inclua o seu ponsáveis, nos casos de omissão de contas;
Presidente ou, por delegação, o Vice-Presidente. d) declarar a impossibilidade de julgamento;
2. Compete ao Plenário do Tribunal de Contas: e) julgar as infracções dos serviços em regime de ins-
talação;
a) emitir o parecer sobre a Conta Geral do Estado e a f) mandar realizar inquéritos de averiguações em
sua síntese; matéria da sua competência;
1342 DIÁRIO DA REPÚBLICA

g) emitir as instruções relativas ao modo como forem ARTIGO 18.º


apresentadas as contas; (Dever de cooperação)
h) aplicar multas; 1. No exercício das suas funções, o Tribunal de Contas
i) exercer outras atribuições que a lei determine. tem direito à cooperação de todas as entidades públicas e
privadas.
ARTIGO 15.º 2. As entidades públicas devem, obrigatoriamente e sem-
(Secções regionais e provinciais) pre que solicitadas, prestar informação transparente sobre as
irregularidades que o Tribunal de Contas deve apreciar e
1. No domínio da fiscalização preventiva compete às de que tomem conhecimento no exercício das suas funções.
secções regionais e provinciais: 3. Os relatórios dos diversos serviços de inspecção,
devem ser sempre remetidos ao Tribunal, quando contenham
a) pronunciar-se sobre a verificação das quotas relati- matéria de interesse para sua acção.
vas à admissão de pessoal não vinculado à função
pública, bem como às admissões em categoria de ARTIGO 19.º
ingresso na administração local do Estado; (Recurso a auditores independentes)
b) pronunciar-se sobre os contratos e minutas de con-
tratos passíveis de fiscalização preventiva, que 1. Sempre que necessário o Tribunal de Contas pode
lhes sejam submetidos pelos órgãos menciona- recorrer a auditores independentes para a realização de tare-
dos nas alíneas c) e e) do artigo 2.º da presente fas indispensáveis ao exercício das suas funções, quando
lei. estas não possam ser desempenhadas pelos serviços de
apoio permanente do Tribunal.
2. Compete, ainda, às secções regionais e provinciais, no 2. Os auditores referidos no número anterior, devida-
respectivo âmbito territorial, exercer outras competências mente credenciados, gozam das mesmas prerrogativas dos
previstas por lei. funcionários da Direcção dos Serviços Técnicos, no desem-
3. As secções regionais e provinciais não têm compe- penho das suas missões.
tência jurisdicional. 3. Quando o Tribunal de Contas realizar auditorias por
4. Os juízes das secções regionais e provinciais gozam solicitação da Assembleia Nacional ou do Executivo, com
das mesmas regalias e imunidades dos juízes de direito. recurso a auditores independentes, os custos são suportados
pelo órgão solicitante.
ARTIGO 16.º
(Competência do Presidente do Tribunal) CAPÍTULO IV
Juízes do Tribunal de Contas
1. Compete ao Presidente do Tribunal de Contas:
ARTIGO 20.º
(Nomeação e posse do Presidente e do Vice-Presidente)
a) representar o Tribunal e assegurar as suas relações
com os demais órgãos de soberania e poderes 1. O Presidente, o Vice-Presidente e os demais Juízes
públicos; Conselheiros do Tribunal de Contas são nomeados pelo
b) presidir ao plenário, convocando e dirigindo as suas Presidente da República de entre Magistrados e não Magis-
sessões de trabalho; trados e Juízes do Tribunal de Contas, para um mandato
c) designar os Presidentes das Câmaras; único de sete anos.
d) exercer o voto de qualidade sempre que se verifique 2. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal de
empate entre os juízes; Contas são empossados pelo Presidente da República.
e) distribuir as férias dos juízes, após a sua audição. 3. Nas suas ausências ou impedimentos ou em caso de
vacatura o Presidente do Tribunal de Contas é substituído
2. O Presidente do Tribunal de Contas pode participar, pelo Vice-Presidente.
como convidado, nas sessões do Plenário do Conselho 4. O Presidente pode delegar, no Vice-Presidente,
Superior da Magistratura Judicial. poderes que integram a sua competência própria.

ARTIGO 17.º ARTIGO 21.º


(Audição dos responsáveis) (Nomeação e posse dos Juízes Conselheiros)

1. Nos casos sujeitos à sua apreciação o Tribunal de Os Juízes Conselheiros são nomeados e tomam posse
Contas, antes de tomar uma decisão, ouve previamente os perante o Presidente da República.
responsáveis dos serviços em causa.
ARTIGO 22.º
2. Esta audição faz-se antes do Tribunal formular juízos
(Recrutamento e substituição dos Juízes Conselheiros)
públicos.
3. As alegações, as respostas ou as observações dos 1. O recrutamento dos juízes para o Tribunal de Contas
responsáveis devem ser referidas nos documentos em deve ser efectuado mediante concurso curricular a ser apre-
que sejam comentados ou nos actos que os julguem ou ciado pelo Plenário do Conselho Superior da Magistratura
sancionem. Judicial, para um mandato de sete anos, não renovável.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1343

2. O Plenário do Conselho Superior da Magistratura ARTIGO 27.º


Judicial deve aprovar, previamente, as normas que regem o (Impedimentos e incompatibilidades)

concurso para recrutamento de Juízes do Tribunal de Contas,


1. Aos Juízes do Tribunal de Contas é aplicável o regime
publicitando-as entre os interessados e através dos órgãos de
de impedimentos e de suspeições dos Magistrados Judiciais.
comunicação social.
2. A verificação do impedimento e a apreciação da sus-
3. No caso de vacatura de lugar ou no termo do mandato
peição competem à Câmara a que pertence o juiz em causa.
não renovado ou ainda, no termo da sua renovação o Conse-
3. É aplicável aos Juízes do Tribunal de Contas o regime
lho Superior da Magistratura Judicial deve abrir novo
de incompatibilidades previstos para os Juízes do Tribunal
concurso, no prazo não superior a 60 dias.
Supremo.
ARTIGO 23.º CAPÍTULO V
(Requisitos para designação e nomeação dos juízes) Ministério Público

Os requisitos para a designação e nomeação dos Juízes ARTIGO 28.º


(Intervenção do Ministério Público)
do Tribunal de Contas, são os seguintes:
1. O Ministério Público é representado, no Tribunal de
a) ser cidadão angolano, com idade igual ou superior Contas, pelo Procurador Geral da República, que pode fazer-
a 35 anos; -se representar por um ou mais dos seus adjuntos.
b) possuir licenciatura em direito, economia, finanças, 2. O Ministério Público actua oficiosamente e goza de
gestão ou em cursos superiores similares com, poderes e faculdades estabelecidas nas leis do processo.
pelo menos, 10 anos de experiência profissional 3. O Ministério Público deve intentar perante os tribunais
comprovada; comuns as competentes acções criminais e civis relativas a
c) ser magistrado judicial ou do Ministério Público, actos financeiros.
com classificação de bom e experiência profis-
sional de pelo menos 10 anos; CAPÍTULO VI
d) possuir idoneidade moral; Infracções
e) estar no pleno gozo dos direitos civis e políticos;
f) não ter sido condenado por crime doloso punível ARTIGO 29.º
com pena de prisão maior. (Multas)

ARTIGO 24.º 1. O Tribunal de Contas pode aplicar multas, nos seguin-


(Prerrogativas) tes casos:

Os Juízes do Tribunal de Contas têm honras, direito, a) pela falta de apresentação de contas nos prazos
categoria, tratamento e demais prerrogativas iguais aos dos legalmente estabelecidos;
Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo, aplicando-se-lhes b) pela falta de efectivação dos descontos obrigatórios
em tudo quanto não seja incompatível com a natureza do por lei;
Tribunal, o disposto no estatuto dos Magistrados Judiciais. c) pela retenção indevida dos descontos obrigatórios
por lei;
ARTIGO 25.º d) pela violação das normas sobre a elaboração e exe-
(Poder disciplinar) cução dos orçamentos;
e) pela violação do dever de cooperação a que se
1. Compete ao Tribunal de Contas, em plenário, o exer- refere o artigo 18.º;
cício do poder disciplinar sobre os seus juízes, ainda que a f) pela falta de prestação de informações pedidas, de
acção disciplinar respeite à infracção cometida no exercício remessa de documentos solicitados ou de com-
de outras funções. parência para prestação de declarações;
2. Das decisões do plenário cabe recurso para o Conselho g) pela falta de apresentação tempestiva de documen-
Superior da Magistratura Judicial. tos que a lei obrigue a remeter;
3. Em tudo o mais aplica-se, com as devidas adaptações, h) pela introdução, nos processos ou nas contas, de
o regime disciplinar estabelecido para os Magistrados Judi- elementos susceptíveis de induzir o Tribunal em
cias. erro;
ARTIGO 26.º i) pela execução de acto ou de contrato que devia ter
(Responsabilidade civil e criminal) sido previamente submetido a visto do Tribunal;
j) por outros casos previstos na lei.
São aplicáveis aos Juízes do Tribunal de Contas, com as
necessárias adaptações, as normas que regulam a efectivação 2. As multas têm como limite máximo 1/3 do vencimento
da responsabilidade civil e criminal dos Magistrados Judi- líquido anual dos responsáveis, incluindo as remunerações
ciais. acessórias, percebidas à data da prática do acto.
1344 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. As multas são da responsabilidade individual do ARTIGO 32.º


infractor e são graduadas de acordo com a circunstância da (Determinação da responsabilidade financeira)
infracção, designadamente a respectiva categoria funcional
e a gravidade da falta. 1. O acórdão define expressamente, quando for caso
disso, a responsabilidade prevista nos artigos anteriores,
ARTIGO 30.º podendo ainda conter juízos de censura.
(Responsabilidade financeira) 2. A responsabilidade inclui os juros de mora legais sobre
as respectivas importâncias, contados desde o termo do
1. Os responsáveis dos serviços e dos organismos obri- período a que se refere a prestação de contas.
gados à prestação de contas respondem, pessoal e solidaria- 3. O Tribunal de Contas pode relevar a responsabilidade
mente, por reintegração dos fundos desviados da sua financeira em que tenha incorrido o infractor, quando se
afectação legal ou cuja utilização tenha sido realizada irre- verifique a existência de mera culpa, devendo fazer constar
gularmente, salvo se o Tribunal considerar que lhe não pode do acórdão as razões justificativas da relevação ou redução.
ser imputada a falta. 4. O disposto nos números anteriores não basta à eventual
2. Implica responsabilidade a violação, com culpa grave, condenação em multa e não prejudica o apuramento de outras
das regras de gestão racional dos bens e dos fundos públicos. responsabilidades dos tribunais ou entidades competentes
3. As autoridades ou funcionários de qualquer grau para o efeito, nomeadamente a responsabilidade criminal, a
hierárquico que, pelos seus actos, seja qual for o fundamento, disciplinar e a civil que possa ter-se por não efectivada, nos
contraiam, por conta do Estado, encargos não permitidos por termos do presente artigo.
lei anterior e para os quais não haja dotação orçamental à data
desses compromissos, ficam pessoalmente responsáveis pelo ARTIGO 33.º
pagamento das importâncias decorrentes desses encargos. (Execução e vinculação)
4. Fica isento de responsabilidade todo aquele que haja
manifestado, por forma inequívoca, oposição aos actos que a 1. As decisões e os acórdãos do Tribunal de Contas devem
originaram e todo aquele que não haja participado na delibe- ser prontamente cumpridos por todos os serviços e agentes
ração ou tenha agido em cumprimento estrito da obrigação. administrativos e por todas as autoridades públicas.
2. As decisões e os acórdãos do Tribunal de Contas cons-
ARTIGO 31.º tituem título executivo.
(Alcances e desvios) 3. A execução das decisões e os acórdãos condenatórios
do Tribunal de Contas e a cobrança coerciva dos seus emo-
1. Em caso de alcance e de desvio de dinheiro ou de lumentos é da competência da Contadoria Geral do Tribunal
valores do Estado ou de outras entidades sujeitas à fiscaliza- competente.
ção do Tribunal de Contas, a responsabilidade financeira CAPÍTULO VII
recai sobre o agente ou sobre os agentes de facto. Administração e Gestão do Tribunal de Contas
2. Essa responsabilidade recai, também, sobre os geren-
tes ou sobre os membros dos Conselhos Administrativos ou ARTIGO 34.º
equiparados, estranhos ao facto, quando: (Autonomia administrativa e financeira)

a) por ordem sua, a guarda e a arrecadação dos valo- 1. O Tribunal de Contas é dotado de autonomia adminis-
res ou do dinheiro tenham sido entregues à pes- trativa e financeira.
soa que alcançou ou que praticou o desvio, sem 2. O Tribunal de Contas elabora o projecto do seu orça-
ter ocorrido a falta ou o impedimento daqueles a mento anual, que é remetido ao Ministério das Finanças, para
quem, por lei, pertenciam tais atribuições; posterior enquadramento no Orçamento Geral do Estado.
b) por indicação ou nomeação sua, pessoa já despro- 3. O projecto de orçamento anual do Tribunal de Contas
vida de idoneidade moral e como tal, haja sido deve incluir a previsão das receitas próprias.
designada para o cargo em cujo exercício tenha
praticado o acto; ARTIGO 35.º
c) no desempenho das funções de fiscalização que lhe (Poderes administrativos e financeiros do Tribunal)
estejam cometidas, hajam procedido com culpa
grave, nomeadamente quando não tenham aca- Compete ao Tribunal de Contas:
tado as recomendações do Tribunal em ordem à
existência de controlo interno. a) aprovar o projecto do seu orçamento anual;
b) apresentar, à Assembleia Nacional e ao Governo,
3. O Tribunal de Contas avalia o grau de culpa, de har- sugestões de providências legislativas necessá-
monia com as circunstâncias do caso e tendo em conside- rias para a melhoria do funcionamento do Tribu-
ração a índole das principais funções dos gerentes ou dos nal e dos seus serviços de apoio;
membros dos Conselhos Administrativos, o volume dos c) dar parecer, à Assembleia Nacional, sobre todas as
valores ou dos fundos movimentados, assim como os meios iniciativas relacionadas com o funcionamento do
humanos e materiais existentes no serviço. Tribunal e dos seus serviços de apoio;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1345

d) definir linhas gerais de organização e de funciona- 5. A fiscalização contabilística, financeira, orçamental,


mento dos seus serviços de apoio. operacional e patrimonial do Tribunal de Contas é exercida
pela Assembleia Nacional, nos termos da Lei n.º 5/10, de
ARTIGO 36.º 6 de Abril – Lei Orgânica do Funcionamento e do Processo
(Poderes administrativos e financeiros do Presidente do Tribunal) Legislativo.
ARTIGO 38.º
Compete ao Presidente do Tribunal de Contas: (Emolumentos)

a) orientar a elaboração do projecto de orçamento 1. Pelos serviços do Tribunal de Contas e da sua Direcção
anual e das propostas de alteração orçamental; de Serviços Técnicos são devidos emolumentos em valores
b) superintender e orientar os serviços de apoio e ges- calculados, nos termos do Código das Custas Judiciais e do
tão financeira do Tribunal, exercendo, em tais diploma relativo ao regime e tabela de emolumentos do
domínios poderes idênticos aos que integram a Tribunal de Contas.
competência ministerial; 2. O pagamento dos emolumentos é da responsabilidade
c) proceder à nomeação do pessoal dirigente, técnico, de quem contrata com o Estado ou, tratando-se de pessoal, do
administrativo e auxiliar do Tribunal. interessado.
3. O montante dos emolumentos, das custas judiciais e
das multas cobrado pela Contadoria Geral e das secções
ARTIGO 37.º
regionais ou provinciais dá entrada na Conta Única
(Gestão do Orçamento do Tribunal de Contas)
do Tesouro (CUT), através do competente Documento de
Arrecadação de Receitas (DAR).
1. O Orçamento do Tribunal de Contas é gerido por um 4. O valor, contabilizado mensalmente, nos termos do
Conselho Administrativo constituído pelo Presidente do número anterior, comprovada a sua entrada, é distribuído da
Tribunal, pelo director dos Serviços Técnicos e pelo director seguinte forma:
dos Serviços Administrativos.
2. Constituem receitas ordinárias do Tribunal de Contas: a) 70% ao Estado;
b) 30% ao Cofre do Tribunal de Contas.
a) as dotações do Orçamento Geral do Estado;
b) as provenientes dos emolumentos devidos pela prá- 5. A cobrança dos emolumentos compete à entidade
tica de actos da competência do Tribunal; pagadora da contrapartida devida pelo Estado, a qual deve
c) as custas processuais que sejam devidas pelos pro- proceder oficiosamente à sua cobrança, no primeiro paga-
cessos instaurados sob a tutela jurisdicional do mento que efectuar.
Tribunal; 6. Os demais aspectos do regime dos emolumentos e do
d) as multas aplicadas de acordo com a lei. Cofre do Tribunal de Contas são regulados por diploma
próprio conjunto a ser aprovado pelo Presidente do Tribunal
de Contas e pelo Ministro das Finanças.
3. Constituem receitas extraordinárias do Tribunal de
Contas:
CAPÍTULO VIII
a) as vendas de livros, de revistas e de outras publica- Serviços de Apoio
ções por si editadas;
ARTIGO 39.º
b) outras que venham a ser atribuídas ou que decor-
(Princípios orientadores)
rem de iniciativas por si promovidas.
1. O Tribunal de Contas dispõe de serviços de apoio
4. Constituem despesas do Tribunal de Contas: técnico e administrativo integrados no Gabinete do Presi-
dente, no Gabinete do Vice-Presidente, nos Gabinetes dos
a) as resultantes do pagamento das remunerações, dos Juízes e nas direcções de serviços e que compõem o seu
subsídios e dos abonos aos juízes e ao pessoal quadro privativo do pessoal, a definir por lei.
dos serviços de apoio; 2. São princípios orientadores da estrutura, das atribui-
b) as resultantes do funcionamento administrativo do ções e do regime do pessoal dos serviços de apoio:
Tribunal;
c) as decorrentes da formação dos juízes e do pessoal a) o provimento de pessoal dirigente e técnico com
dos serviços de apoio; funções respectivas tendo sempre em conta as
d) as decorrentes da aquisição, de publicações ou da suas qualidades e mérito profissionais;
edição de livros ou de revistas; b) o estatuto remuneratório do pessoal referido na
e) as derivadas da realização de estudos, de auditorias, alínea anterior deve ser equiparado ao das cate-
de peritagens e de outros trabalhos ordenados gorias equivalentes dos serviços de inspecção na
pelo Tribunal. administração do Estado;
1346 DIÁRIO DA REPÚBLICA

c) assegurado, aos juízes e ao restante pessoal, o contratos dos órgãos locais do Estado, autar-
direito de uma comparticipação emolumentar, quias locais e de outros organismos públicos,
nos termos gerais previstos em regulamento sujeitos à fiscalização preventiva;
próprio. d) a 3.ª Divisão, à qual compete acompanhar a exe-
cução do Orçamento Geral do Estado, elaborar o
CAPÍTULO IX projecto de parecer sobre a Conta Geral do
Organização e Funcionamento Interno Estado e o relatório sobre as contas dos órgãos
do Tribunal de Contas de soberania;
e) a 4.ª Divisão, à qual competem as acções que visam
SECÇÃO I a efectivação da fiscalização sucessiva dos ser-
Organização viços da administração central do Estado, de
quaisquer entidades públicas com funções de
ARTIGO 40.º tesouraria ou, ainda, de cofres e fundos autóno-
(Gabinetes de Apoio do Presidente, do Vice-presidente mos, desde que sejam de âmbito nacional, de
e dos Juízes) serviços angolanos no estrangeiro e de quaisquer
outros organismos ou serviços de âmbito nacio-
1. O Presidente, o Vice-presidente e os Juízes do Tribunal nal, que a lei determina à sujeição do Tribunal de
de Contas dispõem de gabinetes de apoio técnico e adminis- Contas, bem como realizar as inspecções ou
trativo, integrados por assessores e pessoal administrativo auditorias a esses organismos e preparar os pro-
próprio, nos termos a definir no regulamento interno. cessos jurisdicionais de responsabilidade finan-
2. Os membros dos gabinetes são nomeados e exonerados ceira dos responsáveis ou agentes;
pelo Presidente de Tribunal de Contas, mediante proposta do f) a 5.ª Divisão, à qual compete realizar as acções com
juiz interessado. vista à efectivação da fiscalização sucessiva dos
3. O Presidente do Tribunal de Contas pode ainda órgãos encarregados da gestão financeira na
nomear especialistas e outro pessoal, para prestar colabora- administração local do Estado, nas autarquias
ção aos gabinetes ou para realizar tarefas de carácter eventual locais, nas empresas públicas ou nas sociedades
ou extraordinário, por despacho que determine, nomeada- de capitais maioritariamente públicos, bem
mente, a duração do serviço e a respectiva remuneração. como efectuar as inspecções e auditorias a essas
entidades e preparar os processos jurisdicionais
ARTIGO 41.º de responsabilidade financeira dos seus respon-
(Direcção dos Serviços Técnicos) sáveis e agentes.

1. À Direcção dos Serviços Técnicos compete, em geral, 3. As competências específicas da Contadoria Geral e das
organizar os processos para apreciação e decisão do Tribunal, Divisões da Direcção dos Serviços Técnicos previstas no
proceder à elaboração do relatório e do parecer sobre a Conta número anterior, bem como as estruturas internas que as
Geral do Estado, verificar preliminarmente os processos, para compõem devem ter um regulamento interno, a aprovar pelo
emitir a declaração de conformidade, se for o caso, bem Plenário do Tribunal de Contas.
como proceder à verificação de contas e de auditoria.
ARTIGO 42.º
2. A Direcção de Serviços Técnicos é dirigida por um
(Direcção dos Serviços Administrativos)
director, com categoria de director nacional e compreende as
seguintes estruturas:
1. À Direcção dos Serviços Administrativos compete,
em geral, executar as actividades que assegurem a gestão
a) a Contadoria Geral, à qual compete receber, orga-
administrativa e financeira, assim como a gestão de pessoal
nizar e preparar, para apreciação e decisão do
e do património do Tribunal.
Tribunal, todos os processos para fiscalização
2. A Direcção dos Serviços Administrativos é dirigida por
preventiva ou sucessiva, submeter ao Tribunal os
um director, com a categoria de director nacional.
relatórios de auditoria e verificação, bem como
3. A Direcção dos Serviços Administrativos organiza-se
realizar as funções previstas no artigo 43.º da pre-
em divisões e em secções e compreende a seguinte estrutura:
sente lei;
b) a 1.ª Divisão, à qual compete proceder à verificação a) a Divisão de Administração e Finanças, à qual com-
e a preparação de todos os processos decorrentes pete executar as actividades administrativas e
de actos ou de contratos dos órgãos centrais do financeiras do Tribunal, elaborar o projecto de
Estado sujeitos à fiscalização preventiva; orçamento do Tribunal e executá-lo, e assegurar
c) a 2.ª Divisão, à qual compete verificar e preparar a aquisição e a manutenção dos bens e equipa-
todos os processos relativos aos actos e aos mentos, para o funcionamento do Tribunal;
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1347

b) a Divisão dos Recursos Humanos, à qual compete a movimentação de processos na fase jurisdicional, exe-
organizar e gerir os recursos humanos do Tribu- cução do expediente e a passagem de certidões de processos
nal e propor as medidas de formação e superação pendentes compete à Direcção dos Serviços Técnicos, que as
técnica dos responsáveis e demais pessoal do exerce através da Contadoria Geral.
Tribunal;
c) a Divisão de Transportes e Relações Públicas, à ARTIGO 46.º
qual compete cuidar da gestão e da manutenção (Livros de registo)
dos meios de transportes e realizar todas as tare-
fas relacionadas com o protocolo e relações 1. Na Contadoria Geral, a que se refere o artigo anterior,
públicas do Tribunal; devem existir, entre outros, os seguintes livros de registo:
d) a Divisão de Documentação e Informática, à qual
compete organizar e gerir a Biblioteca do Tribu- a) de entrada geral de processos;
nal, a sua base informática de dados e o trata- b) de distribuição;
mento da informação. c) de acórdãos;
d) de decisões finais das sessões diárias de vistos;
4. As competências específicas das Divisões da Direcção e) de relatórios de inquéritos e de auditorias solicita-
dos Serviços Administrativos do Tribunal de Contas e a dos pela Assembleia Nacional ou pelo Governo;
definição das secções que delas fazem parte, constam do f) de pareceres;
regulamento interno, a aprovar pelo Plenário do Tribunal de g) de relatórios de deliberações;
Contas. h) de actas.
ARTIGO 43.º
(Secretário do Tribunal)
2. Os registos devem ser efectuados em livros próprios
e/ou por processamento informático.
1. Para além das funções cujo desempenho lhe compete,
nos termos da lei, o director dos Serviços Técnicos é o
Secretário do Tribunal. ARTIGO 47.º
2. Nas sessões do Tribunal o secretário pode intervir para (Registo de entrada)
prestar quaisquer informações que lhe sejam solicitadas pelo
Presidente, por iniciativa deste ou a pedido dos vogais. 1. No registo de entrada geral de processos deve-se
3. Nas ausências ou impedimentos do director dos Servi- anotar o número de entrada, a data, a referência do processo;
ços Técnicos as funções de secretário são desempenhadas o resumo do conteúdo, nome do organismo ou do interessado
por um funcionário designado pelo Presidente do Tribunal. e respectivo destino.
2. Nenhum processo, requerimento ou papel deve ter
seguimento sem que nele esteja lançada a nota de registo de
ARTIGO 44.º
entrada, com o respectivo número de ordem.
(Pessoal)

1. O quadro de pessoal do Tribunal de Contas é o cons- ARTIGO 48.º


tante do Anexo I à presente lei, da qual é parte integrante. (Actas)
2. O Presidente do Tribunal de Contas, precedendo a
aprovação do respectivo plenário, deve propor, sempre que 1. De tudo o que ocorra nas sessões é lavrada acta, cuja
necessário, a revisão e o reajustamento do quadro de pessoal, redacção compete ao secretário, que deve submetê-la à apro-
aos Ministros da Administração Pública, Emprego e Segu- vação, na reunião seguinte.
rança Social e das Finanças. 2. Na sessão diária de visto, a acta é constituída pela
3. O Presidente do Tribunal de Contas, com a aprovação simples indicação, em lista, dos processos que lhe sejam
do respectivo plenário, deve propor ao Executivo o regime submetidos e pela decisão adoptada.
especial das categorias e carreiras do pessoal do Tribunal de
Contas. ARTIGO 49.º
SECÇÃO II (Férias)
Funcionamento Interno
1. O Tribunal de Contas funciona ininterruptamente, sem
ARTIGO 45.º prejuízo do direito a férias judiciais.
(Secretaria) 2. Compete ao Presidente do Tribunal organizar a escala
As funções da Secretaria do Tribunal em plenário, em ses- de férias dos juízes, por forma a garantir o funcionamento do
sões das Câmaras, bem como o registo e o controlo de toda Tribunal.
1348 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Os Juízes do Tribunal de Contas têm direito a um SECÇÃO II


período de férias igual ao atribuído aos Juízes Conselheiros Disposições Comuns
do Tribunal Supremo.
ARTIGO 52.º
(Espécies processuais)
ARTIGO 50.º
(Cooperação dos órgãos de controlo interno)
1. No Tribunal de Contas há as seguintes espécies pro-
cessuais:
1. Os serviços de controlo interno, designadamente a
Inspecção Nacional de Finanças e a Direcção Nacional de
a) processos de visto;
Contabilidade ou quaisquer outros organismos ou entidades
b) processos de prestação de contas;
de controlo ou de auditoria dos organismos da administração
c) processos de prestação de contas dos órgãos de
pública, assim como do sector empresarial do Estado estão
soberania;
sujeitos ao dever especial de cooperação com o Tribunal de
d) processos de fiscalização da execução do OGE;
Contas.
e) processos de responsabilidade financeira reintegra-
tória;
2. Sem prejuízo do disposto no artigo 18.º da presente lei
f) processos de fixação, por omissão de contas, de
o dever de cooperação compreende:
débito aos responsáveis;
g) processos de declaração de impossibilidade de jul-
a) a comunicação, ao Tribunal, dos programas anuais
gamento;
e plurianuais de actividades e respectivos relató-
h) processos de multa.
rios de actividades;
b) a realização de acções, incluindo o acompanha-
2. Os recursos são, para efeitos de distribuição, uma
mento da execução orçamental e da gestão das
espécie processual.
entidades sujeitas aos seus poderes de controlo
financeiro, quando solicitadas pelo Tribunal;
ARTIGO 53.º
c) o envio dos relatórios sempre que contenham
(Distribuição)
matéria de interesse para a acção do Tribunal.
1. Com a excepção dos processos de visto a distribuição
3. O Presidente do Tribunal de Contas pode reunir com é o meio utilizado para designar o relator de cada um dos
os directores dos Serviços de Inspecção da Administração processos enumerados no artigo anterior.
Pública, a fim de promover o intercâmbio de informações
quanto aos respectivos programas e a coordenação de crité- 2. Para efeitos do disposto no número anterior a ordem
rios e de métodos de controlo interno e externo. dos juízes é encontrada na primeira sessão anual do Tribu-
nal.

CAPÍTULO X 3. A distribuição realiza-se no primeiro dia útil da semana,


Jurisdição do Tribunal de Contas sendo presidida por um dos juízes, com excepção do Presi-
dente, coadjuvado pelo director dos Serviços Técnicos e pelo
funcionário da Contadoria Geral da mesma direcção desig-
SECÇÃO I
nada para o efeito.
Exercício da Jurisdição

4. Nas sessões de visto o relator deve ser o juiz de turno,


ARTIGO 51.º sendo a sua designação feita por escala, em períodos sema-
(Formas de exercício da jurisdição) nais.

1. A jurisdição do Tribunal de Contas compreende a 5. O outro juiz que integra a sessão de visto é o que
fiscalização, o controlo financeiro e a efectivação de respon- sucede ao relator, na ordem de precedência.
sabilidade financeira. 6. O Presidente do Tribunal de Contas, em regra, não faz
turnos, não lhe sendo, do mesmo modo, distribuídos proces-
2. O Tribunal de Contas exerce a fiscalização e o controlo sos de visto.
financeiro através de mecanismos e processos de fiscali-
zação preventiva e sucessiva. 7. O livro de registo da distribuição deve ser dividido
por espécies processuais, devendo o director dos Serviços
3. O Tribunal de Contas torna efectivas as responsabi- Técnicos ordenar, por cada espécie, os números dos proces-
lidades financeiras através de processos jurisdicionais. sos a distribuir.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1349

ARTIGO 54.º estão sujeitos à fiscalização de contas pelo Tribunal de


(Relator)
Contas.
2. Para efeitos de cumprimento do disposto no número
1. Compete ao relator deferir todos os termos do pro-
anterior o Plenário do Tribunal de Contas deve fixar, através
cesso, dirigir a respectiva instrução e prepará-lo para delibe-
de instruções, o modo e a forma como devem ser prestadas as
ração.
contas pelos serviços referidos no número anterior.
2. Das decisões do relator cabe, sempre, reclamação para
3. A apreciação do Tribunal de Contas deve versar sobre
o plenário da Câmara.
a legalidade e a regularidade das despesas efectuadas e,
3. Não podem intervir nos processos de efectivação de
havendo situações geradoras de eventuais infracções finan-
responsabilidade financeira os juízes que exerceram as
ceiras, devem ser levadas ao conhecimento do Titular do
funções de relator nos processos de fiscalização preventiva
respectivo órgão de soberania, sem prejuízo da notificação
ou sucessiva em que foram reveladas aquelas responsabili-
do Ministério Público para os efeitos previstos no n.º 2
dades.
ARTIGO 55.º do artigo 55.º da presente lei.
(Ministério Público) 4. As contas do Tribunal de Contas devem ser auditadas
por uma empresa de auditoria independente, que não efectue
1. Ao Ministério Público compete requerer o julgamento nem tenha efectuado trabalhos de auditoria ao serviço do
dos processos de efectivação de responsabilidade financeira. Tribunal, nos últimos dois anos e submetidas à Assembleia
2. Compete-lhe, ainda, participar aos Magistrados Nacional para aprovação, em anexo ao relatório anual de
do Ministério Público junto dos Tribunais competentes as actividades do Tribunal.
infracções de que tenha conhecimento, para o que pode
requerer as certidões que julgue necessárias. SECÇÃO II
3. O representante do Ministério Público deve estar Fiscalização Orçamental
presente nas sessões do Tribunal, podendo usar da palavra e
requerer quando ache conveniente. ARTIGO 59.º
(Execução orçamental)
ARTIGO 56.º
(Constituição de advogado)
O Tribunal de Contas fiscaliza a execução do Orçamento
É permitida a constituição de advogado salvo, em Geral do Estado, incluindo o da Segurança Social, podendo,
primeira instância, nos processos de fiscalização prévia de para tal, solicitar, a quaisquer entidades públicas ou privadas,
contas. as informações necessárias.
ARTIGO 57.º
(Princípio do contraditório)
ARTIGO 60.º
(Parecer sobre a Conta Geral do Estado)
1. Em todos os processos da jurisdição do Tribunal de
Contas é assegurado o exercício do contraditório, devendo
1. Para além dos aspectos referidos no n.º 1 do artigo 7.º
os responsáveis, os organismos e todas as entidades sujeitas
da presente lei o parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta
ao poder jurisdicional do Tribunal ser ouvidos sobre os
Geral do Estado deve, igualmente, incidir sobre:
factos que lhes são imputados e responsabilidades que lhes
são atribuídos.
a) o Orçamento da Segurança Social;
2. A audição deve ser feita antes de serem formulados,
b) a execução do plano de privatizações;
pelo Tribunal, juízos de censura ou outros contra os interes-
c) a aplicação das receitas das privatizações;
sados no número anterior.
d) as doações e outras formas de assistência não one-
3. Nos processos de visto de prestação de contas os inte-
rosa de organismos internacionais;
ressados devem ser ouvidos por escrito.
e) outros aspectos que a lei venha a determinar.

CAPÍTULO XI
2. O Presidente do Tribunal de Contas deve fazer a apre-
Modalidades de Controlo Financeiro
sentação da síntese do parecer e do relatório, referido
SECÇÃO I no n.º 2 do artigo 7.º da presente lei na sessão parlamentar
Parecer Sobre as Contas dos Órgãos de Soberania que aprecie a execução do Orçamento Geral do Estado e da
Conta Geral do Estado, sem prejuízo do disposto na Lei do
ARTIGO 58.º
(Órgãos de soberania) Orçamento Geral do Estado.
3. No relatório/parecer sobre a Conta Geral do Estado, o
1. Os Serviços de Apoio Administrativo e Financeiro do Tribunal pode formular recomendações à Assembleia
Presidente da República, da Assembleia Nacional e dos Nacional, sobre as matérias em causa sobre os respectivos
Tribunais dotados de autonomia administrativa e financeira serviços que as executam.
1350 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECÇÃO III 2. O disposto no n.º 1 não se aplica às obrigações gerais


Fiscalização Preventiva de dívida fundada e aos contratos e outros instrumentos
geradores de dívida, nem aos actos ou aos contratos reme-
ARTIGO 61.º tidos ao Tribunal de Contas, depois de ultrapassado o prazo
(Prazo de remessa) a que se refere o artigo 73.º da presente lei.
3. A declaração de conformidade deve ser homologada
Os actos e os contratos sujeitos à fiscalização preven- pelo juiz de turno.
tiva devem ser submetidos ao Tribunal de Contas no prazo
ARTIGO 65.º
de 30 dias a contar da data da sua aprovação pelo órgão
(Visto simplificado e de urgência)
competente.
ARTIGO 62.º
1. O Presidente da República, enquanto Titular do Poder
(Verificação dos processos)
Executivo, pode solicitar ao Tribunal de Contas a emissão de
visto simplificado e de urgência, desde que os processos
1. Compete à Direcção dos Serviços Técnicos proceder à
digam respeito a projectos de reconstrução nacional e de
verificação preliminar dos processos sujeitos à obtenção de
desenvolvimento e para a aquisição de bens.
visto, o qual deve ser feito no prazo de 15 dias a contar da
2. Os processos de vistos simplificados e de urgência
data do registo de entrada.
gozam de prioridade sobre todos os outros, devendo o
2. Findo o prazo referido no número anterior o processo
Tribunal pronunciar-se sobre eles, no prazo de 15 dias, findos
deve ser presente à sessão de visto, com um relatório sumá-
os quais, se considera o visto tacitamente concedido.
rio sobre as eventuais questões nele suscitadas.
3. A apresentação dos processos à sessão deve ser feita
pelo director dos Serviços Técnicos ou pelo funcionário que ARTIGO 66.º
ele designe. (Decisões)
4. Quando seja manifesta a falta de elementos no processo
a Direcção dos Serviços Técnicos pode proceder à sua devo- 1. Os juízes, quer em sessão diária, quer em plenária da
lução, com o fim de solicitar os elementos em falta ou os 1.ª Câmara, podem decidir pela recusa ou pela concessão
esclarecimentos adequados. do visto.
2. Os juízes podem, ainda, ordenar a devolução do pro-
ARTIGO 63.º cesso, para que seja objecto de instrução complementar ou
(Fundamentos de recusa do visto) aperfeiçoamento ou ainda quando se trate de acto que não
está sujeito à fiscalização.
1. Constitui fundamento de recusa do visto a não confor- 3. Os juízes, em sessão diária, podem, ainda, decidir que
midade dos actos, dos contratos e demais instrumentos, com o processo seja submetido ao plenário da 1.ª Câmara, nos
a legislação em vigor e que implique: termos da lei.
ARTIGO 67.º
a) nulidade; (Visto tácito)
b) encargos sem cabimentação em verba orçamental
própria; 1. Sempre que não tenha sido proferida decisão no prazo
c) violação directa de normas financeiras; previsto na presente lei o acto ou o contrato podem produzir
d) ilegalidade que altere o respectivo resultado finan- os seus efeitos, sem prejuízo de eventual apuramento poste-
ceiro. rior de responsabilidades.
2. O visto tácito é declarado pelo Juiz Relator, precedendo
2. Nos casos previstos na alínea d) do número anterior o informação da Direcção dos Serviços Técnicos.
Tribunal, em decisão fundamentada, pode conceder o visto e 3. Em caso de acumulação excepcional de serviços, a
fazer recomendações aos serviços e aos organismos no 1.ª Câmara pode deliberar que, durante um período de tempo
sentido de suprirem ou evitarem, no futuro, tais ilegalidades. determinado, se estudem prioritariamente certos processos
em detrimento de outros, ainda que daí resulte, em relação
ARTIGO 64.º a estes, a formação de visto tácito.
(Declaração de conformidade) 4. O prazo do visto tácito corre durante as férias judiciais,
mas não inclui sábados, domingos nem dias feriados e
1. Sempre que não haja dúvidas sobre a legalidade do acto suspende na data do ofício que solicite quaisquer elementos
ou do contrato pode ser emitida, pela Direcção dos Serviços ou diligências instrutoras até à data do registo da entrada
Técnicos, declaração de conformidade. no tribunal do ofício com a satisfação desse pedido.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1351

ARTIGO 68.º dos responsáveis, caso em que deve ser organizada uma conta
(Notificação das decisões) por cada gerência.
2. Estão, também, obrigados à prestação de contas, aque-
1. Todas as decisões da sessão diária são notificadas ao les que, mesmo sem título jurídico adequado, exerçam
representante do Ministério Público, no prazo de 48 horas. efectivamente a gestão.
2. As decisões que recusem o visto são enviadas, com os
respectivos processos, aos serviços que os tenham remetido ARTIGO 73.º
ao Tribunal, no prazo máximo de 48 horas. (Prazos)
3. As decisões que recusem o visto em actos e em
contratos relativos ao pessoal são, também, notificados aos 1. O prazo para a apresentação das contas é de seis meses,
respectivos interessados. a contar do último dia do período a que dizem respeito.
2. A requerimento dos interessados, que invoquem moti-
ARTIGO 69.º vos justificados, o Tribunal pode fixar prazo diferente, mas
(Publicação das decisões) nunca superior a 12 meses.
3. O Tribunal pode, excepcionalmente, relevar a falta
1. São publicadas na 1.ª série do Diário da República, as de cumprimento dos prazos referidos nos números anteriores.
seguintes decisões:
ARTIGO 74.º
a) os acórdãos que fixem jurisprudência; (Isenção)
b) quaisquer outras decisões a que a lei atribua força
obrigatória geral. 1. Estão isentos da prestação de contas os organismos
e os serviços cuja despesa anual não exceda a quantia
2. São publicadas na 2.ª série do Diário da República, as em moeda nacional equivalente a USD 500 000,00 sem
seguintes decisões: prejuízo da obrigação de documentar, legalmente, as
respectivas despesas.
a) a síntese do parecer da Conta Geral do Estado; 2. A isenção de prestação de contas não prejudica os
b) a síntese do relatório anual de actividades; poderes de fiscalização do Tribunal.
c) as instruções;
d) os acórdãos que o Tribunal entenda que devam ser ARTIGO 75.º
publicados. (Processos de verificação de contas)

ARTIGO 70.º 1. Os processos de verificação de contas e de auditoria


(Arquivamento) adoptados pela Direcção dos Serviços Técnicos devem cons-
tar de normas de auditorias e de procedimentos a aprovar pelo
Os processos em que tenha havido solicitação de Plenário do Tribunal de Contas.
elementos ou informações adicionais e se mantenham sem 2. A elaboração do relatório e do parecer sobre a presta-
qualquer movimento durante quatro meses, por motivos não ção de contas, incluindo os dos órgãos de soberania, devem
imputáveis ao Tribunal, devem ser objecto de despacho de obedecer aos formulários aprovados pelo Tribunal de Contas.
arquivamento, pelo Juiz Relator.
ARTIGO 76.º
ARTIGO 71.º (Verificação interna das contas)
(Minuta de contrato)
1. As contas a que se refere o n.º 6 do artigo 9.º da
Os notários e as demais entidades com funções notariais presente lei são objecto de verificação interna por parte da
não podem lavrar escrituras que devem ser legalmente Direcção dos Serviços Técnicos e, quando em termos, devem
precedidas de minuta visada, sem verificar a sua confor- ser certificadas pelo respectivo director.
midade com ela, disso fazendo menção na escritura. 2. A verificação interna abrange a análise e a conferência
da conta, para demonstração numérica das operações reali-
SECÇÃO IV zadas, pois integram o débito e o crédito da gerência, com
Fiscalização Sucessiva
evidência dos saldos de abertura e de encerramento.
ARTIGO 72.º
3. Não podem ser objecto de procedimento previsto no
(Prestação de contas) número anterior as contas em que tenham sido detectadas
irregularidades ou haja suspeita de irregularidade, bem
1. A prestação de contas é feita por períodos anuais, salvo como aquelas que a 2.ª Câmara do Tribunal decida mandar
quando, dentro do mesmo ano haja substituição da totalidade submeter a julgamento.
1352 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. Os juízes da 2.ª Câmara são, obrigatoriamente, notifi- 2. Os processos de auditoria concluem pela elaboração e
cados da certificação das contas antes da sua efectiva devo- aprovação de um relatório, ao qual se aplica o disposto nas
lução. alíneas a) a g) do artigo anterior.
5. As contas certificadas nos termos do n.º 1 do presente
artigo podem ser chamadas a julgamento no prazo de quatro ARTIGO 79.º
anos, a contar da data de certificação, mediante deliberação (Fiscalização de subsídios e garantias do Estado)
do Tribunal, por iniciativa própria ou a requerimento funda-
mentado do Ministério Público ou de qualquer interessado. 1. As entidades de direito privado ou do sector coopera-
6. O levantamento das contas que tenham sido objecto de tivo que recebam subsídios ou garantias do Estado estão,
devolução é da responsabilidade dos serviços que as prestam nos termos do n.º 4 do artigo 9.º da presente lei, sujeitos
e deve ser feito no prazo que lhe seja assinalado. aos poderes de fiscalização do Tribunal de Contas.
7. Quando os resultados das acções de verificação interna 2. A fiscalização sucessiva das entidades referidas no
evidenciem factos constitutivos de responsabilidade finan- número anterior só pode ser exercida mediante decisão do
ceira o Tribunal pode determinar a realização de auditoria à Tribunal ou por solicitação da Assembleia Nacional.
respectiva entidade. 3. Os poderes de fiscalização do Tribunal devem limitar-
-se à apreciação sobre a forma de utilização desses subsídios
ARTIGO 77.º
e garantias do Estado, sem prejuízo de outros deveres de
(Verificação externa das contas)
natureza financeira ou patrimonial que, por força dessas
ajudas, essas entidades estejam, legalmente, obrigadas a
A verificação externa das contas deve ser feita com cumprir.
ARTIGO 80.º
recurso aos métodos e técnicas de auditoria decididos, em
(Instruções)
cada caso, pelo Tribunal e deve concluir pela elaboração
e aprovação de um relatório, do qual conste o seguinte:
O Tribunal emite instruções de execução obrigatória
a) a entidade fiscalizada; sobre a forma como devem ser prestadas as contas e
b) os responsáveis pela representação e gestão finan- apresentados os documentos que devem acompanhá-las.
ceira das contas;
ARTIGO 81.º
c) a demonstração referida no n.º 2 do artigo anterior;
(Diligências complementares)
d) o juízo sobre a legalidade das operações exami-
nadas;
e) a descrição das situações susceptíveis de traduzir A prestação de contas pela forma que esteja determinada
eventuais casos de infracções financeiras; não prejudica a faculdade do Tribunal exigir, de quaisquer
f) a apreciação da economia, da eficiência e da eficá- entidades, documentos e informações necessárias, bem como
cia da gestão financeira; requisitar, à Inspecção Nacional de Finanças ou outro
g) os métodos e as técnicas de verificação utilizados; organismo público, a realização das diligências que julgue
h) a opinião dos responsáveis, nos termos previstos no convenientes.
n.º 3 do artigo 17.º da presente lei;
i) recomendações para serem supridas as deficiências CAPÍTULO XII
de gestão, organização e funcionamento dos Efectivação de Responsabilidade Financeira
organismos ou entidades;
SECÇÃO I
j) emolumentos e outros encargos devidos pela enti-
Disposições Gerais
dade fiscalizada.

ARTIGO 82.º
ARTIGO 78.º (Processos jurisdicionais de responsabilidade financeira)
(Auditorias)
1. A responsabilidade resultante de infracção financeira
1. O Tribunal pode, nos termos do disposto no n.º 3 do efectiva-se através de processos jurisdicionais de responsa-
artigo 9.º da presente lei, realizar, a qualquer momento, bilidade financeira.
auditorias a determinados actos, procedimentos ou aspectos 2. Os processos jurisdicionais de responsabilidade finan-
da gestão financeira das entidades sujeitas aos seus poderes ceira têm por base os relatórios de verificação de contas e de
de controlo financeiro, sem prejuízo do estabelecido no auditoria, os acórdãos que as apreciaram, de uma maneira
artigo 19.º da presente lei. geral, todas as decisões do Tribunal que considerem a exis-
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1353

tência de situações geradoras de responsabilidade financeira, 2. O prazo de prescrição do procedimento conta-se a


nos termos da presente lei. partir da data da infracção ou, não sendo possível determiná-
3. Os processos jurisdicionais de responsabilidade finan- -lo, a partir do último dia da respectiva gerência.
ceira são as espécies processuais referidas nas alíneas e), f), 3. O prazo de prescrição do procedimento suspende-se
g) e h) do artigo 52.º da presente lei. com a entrada da conta ou do processo no Tribunal de
4. O Tribunal de Contas pode, nos processos jurisdicio- Contas ou com o início da auditoria e até a audição do
nais de responsabilidade financeira, previstos nas alíneas e), responsável, sem poder ultrapassar dois anos.
f) e g) do artigo 52.º da presente lei, aplicar como medida
acessória, as multas estabelecidas para as infracções finan-
ceiras previstas no n.º 1 do artigo 29.º da presente lei. SECÇÃO II
Formas do Processo de Responsabilidade Financeira

ARTIGO 83.º
(Processo autónomo de multa) ARTIGO 87.º
(Requerimento inicial)

O processo autónomo de multa é a forma processual


utilizada para aplicar as multas estabelecidas para as infrac- 1. Compete ao Ministério Público requerer o julgamento
ções financeiras, nos termos do disposto no artigo 99.º da pre- dos processos jurisdicionais de responsabilidade financeira
sente lei, quando não sejam impostas jurisdições de a que se referem as alíneas e), f) e g) do artigo 52.º da
responsabilidade financeira, previstos no n.º 4 do artigo presente lei, no prazo de 90 dias, a partir da data de recepção
anterior. dos relatórios a que se refere o artigo 60.º da presente lei.
2. A requerimento do Ministério Público, o prazo a que se
ARTIGO 84.º
refere o número anterior pode ser prorrogado por 30 dias,
(Procedimento judicial)
pelo Presidente do Tribunal de Contas.
3. Se o Ministério Público decidir arquivar o relatório e
Sempre que os relatórios de verificação de contas ou de
abster-se de accionar o responsável deve, dentro do prazo
auditoria demonstrem factos geradores de responsabilidade
financeira deve o respectivo relator, no prazo de 30 dias, inicial ou prorrogado para o fazer, fundamentar a abstenção
remeter o processo ao Ministério Público, para efeitos de e dá-la a conhecer ao Presidente do Tribunal.
eventual procedimento judicial e dar conhecimento da 4. Esgotados os prazos a que se referem os n.os 1 e 2
remessa ao Presidente do Tribunal de Contas, ao interessado ou discordando das razões invocadas pelo Ministério
e ao respectivo superior hierárquico. Público deve o Presidente informar ao Procurador Geral da
República da posição do seu representante junto do Tribunal
de Contas.
ARTIGO 85.º
5. O Procurador Geral da República decide, no prazo
(Extinção de responsabilidade)
de 30 dias, se o Ministério Público deve ou não requerer
julgamento.
1. O procedimento por responsabilidade financeira rein-
tegratória extingue-se pela prescrição, pelo pagamento da
ARTIGO 88.º
quantia a repor no prazo estabelecido pelo juiz da causa.
(Forma e conteúdo do requerimento inicial)
2. O procedimento por responsabilidade sancionatória
extingue-se por:
1. No requerimento deve o agente do Ministério Público:
a) prescrição;
b) morte do responsável; a) identificar o demandado, com indicação do nome,
c) amnistia; da residência, do local de trabalho, da função que
d) pagamento; exerce e da respectiva remuneração;
e) relevação da responsabilidade. b) formular o pedido e indicar as razões de facto e de
direito que lhe servem de fundamento;
c) indicar os montantes que o demandado deve ser
ARTIGO 86.º
condenado a repor ou a pagar e o montante da
(Prazo de prescrição do procedimento)
multa a aplicar.
1. O procedimento por responsabilidade financeira rein-
tegratória prescreve no prazo de 10 anos e o de responsabili- 2. No requerimento podem deduzir-se pedidos cumula-
dade sancionatória no prazo de cinco anos. tivos, ainda que por infracções diferentes.
1354 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Com o requerimento, devem ser apresentadas ou avan- ARTIGO 93.º


çadas todas as provas, não podendo, todavia, ser indicadas (Audiências de técnicos)
mais do que três testemunhas para cada facto.
1. Quando, num processo, tenham de ser resolvidas ques-
tões que pressuponham conhecimentos especializados, pode
ARTIGO 89.º
o Tribunal determinar a intervenção, na discussão, de técni-
(Citação)
cos que, reconhecidamente, os possuam, a fim de prestarem
1. Não havendo razão para o indeferimento liminar ou os esclarecimentos que sejam necessários.
para despacho correctivo, nos termos da Lei do Processo 2. Compete ao Presidente da Câmara, por sua iniciativa,
Civil, o demandado é citado para contestar ou pagar volun- dos restantes juízes ou a requerimento das partes, determi-
tariamente, no prazo de 30 dias. nar, em audiência, o momento de intervenção dos técnicos e
2. O Juiz Relator pode, a requerimento do citado, prorro- as matérias sobre que devem pronunciar-se.
gar o prazo estabelecido no número anterior, por mais 15 3. Os esclarecimentos dos técnicos, produzidos em
dias, quando a complexidade ou a dimensão das questões a audiência de discussão e julgamento, devem ser reduzidos a
analisar o justifiquem. escrito e transcritos nas respectivas actas.
3. A citação é feita nos termos da Lei do Processo Civil, 4. O disposto no número anterior não se aplica aos julga-
podendo o Tribunal ou o relator requerer que sejam efectua- mentos efectuados no plenário do Tribunal de Contas.
das por agente da autoridade administrativa ou policial.
ARTIGO 94.º
(Designação de dia para julgamento)
ARTIGO 90.º
(Contestação)
1. Realizadas as diligências de produção de prova o rela-
1. A contestação deve ser reduzida a escrito e não está tor manda abrir vista aos restantes juízes, por oito dias,
sujeita a formalidades especiais, salvo a exigência do imposto sucessivamente, salvo se entender que a simplicidade da
de selo. causa não justifica tal diligência.
2. O demandado deve, na contestação, requerer ou apre- 2. Esgotados os prazos de visto o relator inscreve o pro-
sentar todos os meios de prova, não podendo as testemunhas cesso em tabela para ser discutido e julgado numa das sessões
ser mais do que três por cada facto. do Plenário da Câmara que se realize, decorrido que seja o
3. A falta de contestação não implica confissão dos factos. prazo de oito dias.
3. Durante o prazo a que se refere o número anterior o
processo pode ser consultado tanto pelo agente do Minis-
ARTIGO 91.º
tério Público como pelo demandado ou seu mandatário
(Falta de remessa de elementos)
judicial.
A falta injustificada da entrega ou da remessa de elemen- ARTIGO 95.º
tos relevantes para a decisão da causa ordenada pelo Juiz (Audiência de discussão e julgamento)
Relator a qualquer das partes é, para efeitos probatórios,
apreciada livremente pelo Tribunal. 1. Os trabalhos da audiência de discussão e julgamento
são dirigidos pelo Juiz Presidente da Câmara.
ARTIGO 92.º 2. Declarada aberta a audiência é dada a palavra, primeiro
(Produção de prova) ao requerente e, em seguida, ao requerido ou havendo-o,
seu mandatário judicial, para exporem os seus pontos de
1. São admissíveis a prova por inspecção, a prova teste- vista, quer sobre a matéria de facto, quer sobre o direito
munhal, a prova documental e, quando o Tribunal julgue aplicável.
necessária, a prova pericial. 3. Cada uma das partes pode responder às alegações da
2. A prova é produzida, com inteiro respeito pelo princí- outra, mas nenhuma delas deve usar da palavra por mais de
pio da audiência contraditória, sob a direcção do Juiz 30 minutos, cada vez, salvo se, atenta a complexidade da
Relator, sendo os depoimentos das testemunhas e os esclare- causa, o Juiz Presidente da Câmara autorizar que continue no
cimentos dos peritos, havendo lugar a eles, reduzidos a uso dela.
escrito. 4. Se os técnicos convocados, nos termos do artigo 90.º
3. À produção da prova são aplicáveis, a título subsidiá- forem ouvidos depois das alegações, as partes têm o direito
rio, os preceitos pertinentes do Código do Processo Civil, de voltar a usar da palavra para se pronunciarem sobre os
com as devidas adaptações. esclarecimentos prestados por eles.
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1355

ARTIGO 96.º 2. São ordinários:


(Decisão)
a) os recursos das decisões proferidas em matéria de
1. Concluída a discussão da causa e encerrada a audiên- fiscalização preventiva;
cia, os Juízes da Câmara recolhem para deliberar. b) os recursos das decisões proferidas em matéria de
2. O acórdão é elaborado pelo relator, em conformidade fiscalização sucessiva;
com as deliberações tomadas, publicado no prazo máximo c) os recursos das decisões proferidas pelas câmaras,
de 20 dias, em sessão do Plenário da Câmara, e assinado por em matéria de contas.
todos os juízes.
ARTIGO 97.º 3. São extraordinários os recursos de revisão e os recur-
(Conteúdo das decisões) sos para uniformização de jurisprudência.

As decisões desfavoráveis, ainda que por mero juízo de


censura, devem ser fundamentadas e mencionadas, expres- ARTIGO 101.º

samente, a posição adoptada pelos visados, a propósito dos (Decisões irrecorríveis)

actos ou das omissões que lhe sejam imputados.


Não são recorríveis os despachos interlocutórios, os de
mero expediente e os proferidos no uso de poder discricio-
ARTIGO 98.º
nário, salvo se violarem os direitos dos cidadãos, consagra-
(Execução dos acórdãos condenatórios)
dos na lei.
Os acórdãos condenatórios constituem título executivo e
ARTIGO 102.º
devem ser executados no prazo de 30 dias, após o respectivo
(Legitimidade para recorrer)
trânsito em julgado, pelos tribunais competentes.
1. Têm legitimidade para recorrer:
ARTIGO 99.º
a) o Ministério Público;
(Forma do processo autónomo de multa)
b) o membro do Executivo de quem dependa o fun-
cionário ou o serviço;
O processo autónomo de multa segue a forma dos pro-
c) o serviço interessado, através do seu dirigente;
cessos de efectivação de responsabilidade financeira, esta-
d) os responsáveis condenados ou objecto de juízo;
belecida nos artigos 87.º e seguintes, com as devidas
e) os que forem condenados em processos de multa;
adaptações e as alterações constantes das alíneas seguintes:
f) as entidades competentes para praticar o acto ou
outorgar, no contrato, objecto de visto.
a) a citação é substituída por notificação;
b) o prazo para contestar é reduzido para 10 dias
2. O funcionário ou o agente interessado em acto ou em
improrrogáveis;
contrato a quem tenha sido recusado visto pode requerer, no
c) não é admissível a prova pericial nem a interven-
prazo de 10 dias, à entidade referida na alínea f) do número
ção de técnicos especializados;
anterior, a interposição do recurso.
d) é dispensada a vista a que se refere o número do
artigo 94º;
3. O funcionário ou o agente interessado em acto ou em
e) a duração das alegações orais em audiência, não
contrato a quem tenha sido recusado visto, não fica impedido
pode ultrapassar 20 minutos, sem direito à res-
de interposição directa de recurso, se a entidade referida no
posta.
número anterior não o fizer no prazo de 10 dias, a contar da
data da entrega do seu pedido para fazer.
CAPÍTULO XIII
Recursos
SECÇÃO II
SECÇÃO I Recurso Ordinário
Disposições Gerais
ARTIGO 103.º
ARTIGO 100.º (Forma de interposição)
(Espécies de recursos)
Os recursos são interpostos mediante simples requeri-
1. Os recursos são ordinários e extraordinários. mento dirigido ao relator do processo.
1356 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 104.º ARTIGO 109.º


(Prazo de interposição) (Tramitação do recurso de outras decisões)

1. O prazo para interposição dos recursos das decisões 1. Nos recursos interpostos de decisões que não sejam
finais é de 15 dias, contado a partir da data da notificação finais nem fixem emolumentos o recorrente tanto pode
recorrida. alegar, no prazo estabelecido no n.º1 do artigo anterior,
como fazê-lo na altura em que o recurso haja de subir.
2. O prazo é de oito dias para os recursos de outras deci-
sões. 2. Na hipótese prevista na parte final do número anterior
ARTIGO 105.º os termos do recurso suspendem-se até à altura referida
(Efeito dos recursos) no número anterior, ficando sem efeito a interposição,
se nenhum outro recurso for interposto da decisão final.
1. Os recursos das decisões finais e das que fixem emo-
lumentos sobem imediatamente e têm efeito suspensivo, ARTIGO 110.º
salvo em matéria de visto. (Preparação para julgamento)

2. Os recursos de outras decisões só sobem com o recurso Elaborado o projecto de acórdão deve o relator declarar o
que venha a ser interposto da decisão final e tem efeito processo preparado para julgamento e, até oito dias antes da
meramente devolutivo. sessão em que haja de ser apreciado, ordenar a sua remessa,
acompanhado do respectivo projecto, à Direcção dos Servi-
ARTIGO 106.º ços Técnicos.
(Reclamação de não admissão do recurso) ARTIGO 111.º
(Direito subsidiário)
1. Do despacho que não admita recurso, pode o recorrente
reclamar para o Presidente da instância para a qual ele foi Em tudo o mais relativo à tramitação e julgamento
interposto. aplicam-se, subsidiariamente, as normas do processo civil
que regulam o recurso de agravo.
2. O relator pode reparar o despacho de não admissão
e fazer prosseguir o recurso. SECÇÃO III
Recursos Extraordinários
3. Se o relator mantiver o despacho de não admissão
manda subir a reclamação, depois de instruída, com as ARTIGO 112.º
certidões requeridas pelo reclamante. (Recurso de revisão)

ARTIGO 107.º 1. Os acórdãos transitados em julgado podem ser objecto


(Julgamento da reclamação) de revisão pelos fundamentos admitidos na Lei Reguladora
do Processo Civil.
Aplica-se ao julgamento da reclamação o disposto no
artigo 689.º do Código do Processo Civil, com as devidas 2. A interposição do recurso de revisão da decisão
adaptações. que concedeu o visto apenas é possível durante o prazo em
ARTIGO 108.º que o acto ou contrato pode ser impugnado em contencioso
(Tramitação do recurso de decisão final) administrativo.

1. Se o recurso for admitido são notificados o recorrente 3. À tramitação e julgamento deste recurso são aplicáveis
para, no prazo de 20 dias a contar da notificação do as normas do processo civil que regulam recurso idêntico,
despacho que o admita, alegar e juntar documentos e a parte com as necessárias adaptações.
recorrida para, no mesmo prazo, contado do termo do
concedido ao recorrente, responder e, do mesmo modo, ARTIGO 113.º
juntar os documentos que possuía. (Recurso para uniformização de jurisprudência)

2. Não sendo o Ministério Público parte é-lhe dada vista, 1. Se, no domínio da mesma legislação, forem proferidas
depois de juntas as alegações, para promover o que tenha duas decisões que, relativamente à mesma questão funda-
por conveniente ou para se pronunciar em defesa da legali- mental de direito, sejam opostas, pode, o Presidente do
dade. Tribunal promover ou o Procurador Geral da República
I SÉRIE — N.º 128 — DE 9 DE JULHO DE 2010 1357

requerer que o Tribunal se pronuncie com vista à uniformi- ANEXO I


zação de jurisprudência. Quadro de pessoal a que se refere o artigo 44.º da presente lei

2. À tramitação e ao julgamento deste recurso aplicam- Grupo


Designação funcional
Número de
-se as normas que regulam recurso idêntico, proposto pelo de pessoal unidades

Presidente do Tribunal Supremo para o respectivo plenário, Juiz conselheiro presidente ... … … … … 1
com as devidas adaptações. Dirigentes Juiz conselheiro vice-presidente … … … 1
responsáveis Juizes conselheiros ..… … … … … … … 7
Procurador geral adjunto da república … 1
CAPÍTULO XIV
Disposições Finais e Transitórias Directores de serviços ... … … … … … 2
Director de gabinete do juiz conselheiro
ARTIGO 114.º presidente ... … … … … … … … … 1
(Fiscalização preventiva) Director adjunto de gabinete do juíz conse-
Cargos de direc-
ção e chefia lheiro presidente ... … … … … … … 1
Para o ano fiscal de 2010, os valores a que se refere o Chefes de divisão … … … … … … … … 9
n.º 11 do artigo 8.º da presente lei, são os equivalentes em Secretário do juiz conselheiro presidente 1
Kwanzas a USD 500 000,00, para os órgãos de administra- Secretárias dos juízes conselheiros … … 8
ção municipal, a USD 1 500 000,00, para os órgãos de Chefes de secção ... … … … … … … … 18
administração central e a USD 5 000 000,00, para o Titular
Consultores do presidente do tribunal de
do Poder Executivo, ouvido o Conselho de Ministros. Consultores
contas .. … … … … … … … … … … 4

ARTIGO 115.º Contador geral ... … … … … … … … … 1


(Conflitos de jurisdição) Contadores chefes ... … … … … … … … 5
Contadores verificadores especialistas ... 6
Os conflitos de jurisdição entre o Tribunal de Contas e Técnicos Contadores verificadores principais ... … 10
outros Tribunais superiores são resolvidos, nos termos da lei. superiores Contadores verificadores de 1.ª classe .. … 10
Contadores verificadores de 2.ª classe .. … 20
ARTIGO 116.º Técnicos superiores de 1.ª classe ... … … 6
(Dúvidas e omissões) Técnicos superiores de 2.ª classe ... … … 30

Técnicos médios de 1.ª classe ... … … … 4


As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e
Técnicos médios de 2.ª classe ... … … … 4
aplicação da presente lei são resolvidas pela Assembleia
Técnicos médios de 3.ª classe ... … … … 16
Nacional.
Técnicos Bibliotecário ..… … … … … … … … … 1
ARTIGO 117.º médios Arquivista … … … … … … … … … … 1
(Revogação de legislação) Tradutor… … … … … … … … … … … 1
Programadores … … … … … … … … 2
São revogadas a Lei n.º 5/96, de 12 de Abril, a Lei Operadores de informática ... … … … … 4
n.º 21/03, de 29 de Agosto, o Decreto n.º 23/01, de 12
de Abril e demais legislação que contrarie o disposto na Oficiais administrativos de 1.ª classe ... … 3
presente lei. Primeiros oficiais ... … … … … … … … 6
Pessoal
ARTIGO 118.º administrativo Segundos oficiais … … … … … … … … 8
Terceiros oficiais … … … … … … … … 10
(Entrada em vigor)
Aspirantes … … … … … … … … … … 8
A presente lei entra em vigor à data da sua publicação. Auxiliares administrativos de 1.ª classe … 2
Auxiliares administrativos de 2.ª classe … 4
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, Motorista principal … … … … … … … 1
aos 19 de Maio de 2010. Pessoal Motoristas de ligeiros de 1.ª classe … … 10
Auxiliar Motoristas de pesados de 2.ª classe … … 2
O Presidente, em exercício, da Assembleia Nacional, Auxiliar de limpeza principal … … … … 1
João Manuel Gonçalves Lourenço. Auxiliares de limpeza de 1.ª classe … … 3
Operadores qualificados de 1.ª classe … 2

Promulgada aos 18 de Junho de 2010.


O Presidente, em exercício da Assembleia Nacional,
Publique-se. João Manuel Gonçalves Lourenço.

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
1358
ORGANIGRAMA

MINISTÉRIO PÚBLICO PLENÁRIO JUIZ CONSELHEIRO


PRESIDENTE

VICE-PRESIDENTE

GABINETE DO JUIZ
PRESIDENTE

1.ª CÂMARA SECÇÕES REGIONAIS 2.ª CÂMARA

JUIZ 1 JUIZ 2 JUIZ 3 JUIZ 4 JUIZ 5 JUIZ 6 JUIZ 7

DIRECÇÃO DOS
DIRECÇÃO DOS CONSELHO ADMINIS-

O. E. 425 — 7/128 — 1500 ex. — I. N.-E. P. — 2010


SERVIÇOS ADMINISTRA-
SERVIÇOS TÉCNICOS TRATIVO DO COFRE
TIVOS

CONTADORIA
GERAL

1.ª DIVISÃO 2.ª DIVISÃO 3.ª DIVISÃO 4.ª DIVISÃO 5.ª DIVISÃO DIVISÃO DE ADMINIS- DIVISÃO DE RECURSOS DIVISÃO DE TRANS- DIVISÃO DE
TRAÇÃO E FINANÇAS HUMANOS PORTES E R. P. INFORMÁTICA
DIÁRIO DA REPÚBLICA

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.

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