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Entre 1598 e 1620, a Espanha entra em crise. Entre a grandeza e a decadência. Há a peste bulbônica,
demografia desgastada, aumento nos preços, a mercadoria das Índias chega mais cara e há uma
invasão de mercadorias estrangeiras. O Cervantes retrata a sociedade espanhola nessa época.
⤷ No último terço do século XV ocorrem mudanças sociais no ocidente da Europa. Houve um aumento
do número de habitantes, extensão da cultura, novas técnicas e uma valorização ao gêneros raros e aos
metais preciosos. O resultado disso foi a busca de novos territórios.
A primeira "corrida" Portugal ganhou, depois a Espanha ganhou duas a frente: Granada (último reduto
mouro), incursões à África e a descoberta das Ilhas, o que já oferecia bastante coisa à Coroa. Depois
veio a descoberta da América e das minas. E ainda, os Habsburgos adicionaram Milão e os Países
Baixos.
⤷ Por que decaiu? A conquista espanhola funda uma sociedade nova porque institui o mercado
mundial e porque permite a acumulação primitiva de capital. Esta sociedade só pode se desenvolver
com novas relações sociais associadas a essas mudanças. Contudo, realiza-se a conquista do Novo
Mundo à maneira feudal. Ocupar terras, reduzir os homens à servidão, retirar os tesouros, tudo isso
não prepara o "investimento". Uma burguesia poderia tê-lo feito, contudo ela não era forte,
experimentou primeiro o capitalismo instável, através de feiras, por exemplo. O imperialismo
espanhol foi a "etapa suprema" da sociedade que ele próprio contribuiu para destruir.
Pelo menos no século XV a expansão foi concebida como um meio de atenuar a crise interna em
Portugal. De início, o projeto inicial que sustentou a expansão portuguesa foi a conquista de Marrocos,
este primeiro projeto expansionista nunca foi completamente executado. Até o desastre do Alcácer-
Quivir, este projeto foi visto como um "projeto reserva" à expansão no Oriente.
A partir deste projeto se desenvolveu outro no século XV: a conquista de todo o Norte da África e
Jerusalém, esta era uma ideia de D. Manuel (D. Manuel pareceu ter sido influenciado por um
messianismo dos seus educadores. A sua própria subida ao trono dava a ideia de que ele era um
escolhido, pois ele só conseguiu ser rei devido a morte de seis candidatos melhor colocados para o
trono.). Contudo, a expansão da costa ocidental africana tinha evoluído, e o comércio pareceu ser uma
forma mais segura do que a guerra.
Os projetos de expansão marítima e mercantil evoluíram em dois sentidos: fortalecer a talassocracia
portuguesa no Atlântico e estender a rede portuguesa ao Oceano índico. Nas fases iniciais o interesse
pelas especiarias asiáticas parece estar ausente, as principais preocupações eram o outro, os escravos
e outras mercadorias africanas.
D. João II queria dominar os caminhos para os mercados das Índias, preferindo a rota do Cabo. Ele
queria fazer uma aliança com o Preste João (Imperador da Etiópia) para a conquista do Norte da África
e participar no comércio do Oceano Índico. E tais eram os objetivos da expedição de Vasco da Gama
enviada por D. Manuel.
D. Manuel não queria conquistar militarmente a Ásia, depois da tomada de Jerusalém, ele queria se
tornar Imperador. Ele se sentia incumbido de uma missão universal de manter a justiça, a paz e a
supremacia cristã.
As conquistas na Ásia no início do século XV não foram por iniciativa do rei, mas por Afonso de
Albuquerque. Ele faz isso, primeiro, porque percebe que para usar a Índia como um trampolim para o
Próximo Oriente mulçumano era preciso um posição bem segura da Índia, e segundo porque o
comércio inter-regional traria lucros maiores e seria mais seguro do que a rota do Cabo. Ele fez com
que houvesse uma presença definitiva de Portugal no Oceano Índico.
A Coroa portuguesa institui um monopólio, mas impede que se construa um império universal, a
feitoria se opõe a uma ideia de império. Só no XVII tenta-se integrar esse todo, havendo assim um
império português. Ele nega que havia desde o início um controle do território brasileiro.
Há uma tradição e uma certa vocação imperial nos espanhóis. Ele lembra do "império" asturo-leonês,
depois leonês-castelhano que tentou uma restauração visigótica. Depois o Sérgio mostra que o Carlos
V tem um caso moderno, ele inventou algo novo, não é algo como imperador medieval, embora os
contemporâneos achem que ele está reconstruindo a ideia de império da idade Média. O Carlos V quis
germanizar a Espanha. E ainda mostra que quando Carlos V ascendera ao trono, as Índias Ocidentais
não iam além de um grupo de ilhas, onde as autoridades reais mal podiam conter as fúria e cobiça dos
aventureiros ali estabelecidos como colonos. Fernão Cortez queria que o Carlos V agregasse ao seu
título o título das Índias de Castela. Ideia de agregar o Império Americano ao seu título de imperador.
O imperador não seguiu a sugestão do conquistador, porque para ele, as Índias são mero instrumento
de sua política europeia e mediterrânea. Para Sérgio, o Carlos I dos espanhóis foi o verdadeiro
iniciador do moderno colonialismo.
Alguns historiadores costumam dizer que os espanhóis foram mais cruéis com os nativos da América,
mas o Sérgio não concorda com isso, os lusitanos não era mais isento de culpas do que o espanhol.
Sérgio expõe a ideia de Hugo Grócio, a qual era que "descobrir" era tomar posse, para utilizar essa
palavra de domínio era preciso que houvesse possessão. Então, os portugueses não tiveram posse nas
Índias Orientais, mas sim postos fortificados. Já a Espanha confere um senhorio efetivo sobre o seu
território.
Para ele não é verdade que Portugal não construiu um império como a Espanha devido à população
escassa e à falta de recursos em comparação com os espanhóis, pois quando se analisa isto se
considera a Espanha como um bloco unificado, quando, na verdade, as terras transoceânicas eram
exclusivamente de Castela.
A colonização espanhola foi eminentemente popular, predominou o esforço privado, individual,
enquanto Portugal tinha, no Brasil e nas Índias Orientais, uma presença ativa da Coroa, prova disso é a
busca de um povoamento litorâneo permitindo um fácil contato com a metrópole. Aliás, no regimento
de Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, não se pode ir para o interior sem autorização.
Enquanto Lisboa tende a impedir o estabelecimento de pessoas no sertão para favorecer a ocupação
no litoral, os espanhóis fazem o contrário, aconselham que se povoe o interior. Contudo, é preciso
lembrar que nada disso foi uma imposição das coroas, na verdade, impôs-se naturalmente essas
características que hoje, olhando para trás, nós conseguimos identificar.
As colônias espanholas eram mais descentralizadas, "livres", o que era reflexo da falta de uma unidade
nacional da própria metrópole. Já Portugal tem uma centralização maior, o que se espelha na colônia.
As duas coroas têm estratégias diferentes da colonização da América.
SEMELHANÇAS
⤷ Tese mais discutida nos 90's: o rei é limitado e dependente, Estado feudal com uma monarquia
corporativa, só no XVIII há centralização. Hespanha.
CONCLUSÃO
PIERRE VILLAR: 1598 - 1620, crise espanhola. Peste, diminuição demográfica, aumento dos preços. A
conquista espanhola funda uma sociedade nova com o acúmulo primitivo de capital, etc. Mas para que
essa sociedade nova funcione, é preciso que as relações sejam também novas, associadas a essas
mudanças, contudo, realiza-se a conquista do Novo Mundo à maneira feudal o que não preparou o
investimento, por isso que houve essa crise.
Já Portugal começou a controlar mais o Brasil depois da restauração, havia um medo da Espanha, eles
pediram apoio aos ingleses, com os quais assinaram vários tratados, acordos, etc. Esse medo é posto
como exemplo no texto do ALECASTRO, quando ele fala sobre o ANTÔNIO VIEIRA que diz que as
colônias não servem para dar riqueza, mas para um bem maior: "a liberdade, o reino, as conquistas", as
colônias servem para sermos livres.
DIFERENÇAS
Portugal Espanha
Reinos: coesão e Unificação territorial Unificação de coroas, sem uma
unificação coesão/unidade. Inquisição (Perry
Anderson)
Manuel I: ligado às cruzadas, achava que Carlos V: governava os reinos por
era um escolhido, influenciado por um Conselhos e vice-reinos que
messianismo. Ideia de conquista brigavam com a aristocracia local,
Carlos V X Manuel I Jerusalém e se declarar Imperador. (LUIZ atrapalhou mais ainda uma
(os dois THOMAZ) unificação. As possessões
representam a ultramarinas reforçavam essa
faceta do descentralização, mas as riquezas
imperialismo que vinham de lá reforçavam o
nascente) absolutismo. Essas riquezas
impediram do desenvolvimento de
manufaturas na Espanha. (PERRY
ANDERSON)
Por feitorias: escambo/extrato. Expansão Territorialização. Senhorio efetivo
e conquista de territórios a fim de se sobre o território. Incursões na
defender da Espanha: "expansionismo África, Ilhas, América e minas,
preventivo". Peregrinação - Fernão Madrid, Países Baixos.
Mendes Pinto: crítica à expansão. (ALENCASTRO)
(ALENCASTRO). Expansão para atenuar
Tipo de a crise interna. Projeto inicial: Marrocos -
expansionismo ñ foi completamente executado.
Interesse inicial: escravos e metais. D.
João II: queria conquistar o Norte da
África, achar caminhos para o Oriente
através da rota do Cabo. Conquistas na
Ásia no XV: Afonso de Albuquerque.
(LUIZ THOMAZ)
A Coroa portuguesa institui um Tradição e vocação dos espanhóis
monopólio, mas impede que haja um para construir um Império,
império universal, as feitorias se opõe à exemplos: impérios asturo-leonês
ideia de Império. Alguns historiadores e depois leonês-castelhano. Carlos
dizem que Portugal não se tornou um V: ideia nova de império, não são
Império como a Espanha devido à como os medievais; o verdadeiro
escassa população. Sérgio Buarque não iniciador do colonialismo moderno.
concorda com isso: a "Espanha" não é (SÉRGIO BUARQUE)
unificada, ele lembra que as terras
Ideia de Império ultramarinas eram exclusivamente de
Castela, não de todos os outros reinos.
Então, se for fazer a comparação da
população de Castela com a de Portugal,
não se enxerga este contraste com o
número populacional. (SÉRGIO
BUARQUE)
Maior controle. Prova: ocupação Popular. Predominou o esforço
Tipo de colonização litorâneo, regimento de Tomé de Souza. privado. Aconselha ir para o
Lisboa não aconselha ir para o interior. interior. Coroa descentralizada:
Coroa centralizada: reflexo do império. reflexo do império. (SÉRGIO
(SÉRGIO BUARQUE) BUARQUE)