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Em Memória de Jay Haley

In Memory of Jay Haley

Consuelo C. Casula1

Jay Haley em 13 fevereiro de 2007 foi reencontrar seu mestre Milton


Erickson, para retomar uma conversa com ele, com Gregory Bateson e com
Jonh Weakland, privando a sua esposa Madeleine Richeport, a filha Kathleen,
os filhos Andrew e Gregory, os netos e todos nós de sua amável presença,
de sua sábia supervisão e das suas conferências vivazes.
Jay Haley, durante seu mestrado em comunicação pela Universidade
de Stanford, já tinha compreendido a habilidade comunicativa de Milton
Erickson e dedidou seu tempo para analizá-la de modo a identificar as carac-
terísticas reproduziveis e utilizáveis por outros terapeutas. De 1953 a 1962,
Jay Haley participou do grupo de pesquisa coordenado por Gregory Bateson
que tinha a intenção de compreender os mecanismos da esquizofrenia e os
observar no processo de comunicação. Dessa pesquisa nasceram os con-
ceitos de duplo vínculo e de paradoxo que levaram ao desenvolvimento da
terapia familiar estratégica. Deste grupo de cientistas da comunicação nas-
ceu a revolução copernicana da psicoterapia que retirou do centro do univer-
so terapêutico o terapeuta, as suas teorias protetivas e as suas interpreta-
ções confiantes, para dar esse lugar para o paciente com seus sintomas,
suas resistências, e suas exigências. Recordo que deste grupo faziam par-
te, também, Paul Watzlawick, que nos deixou em 31 de março de 2007, Don
Jackson, W. Fry e Jonh Weakland com o qual Jay Haley conduziu as conver-
sações com Erickson publicadas nos livros “Mudar os indivíduos”, “Mudar
os casais”, “Mudar as crianças e as famílias”.
De 1962 a 1969, Jay Haley foi diretor do projeto experimental do Mental
Research Institute de Palo Alto, Califórnia, para depois se tornar diretor de
pesquisas sobre a família do Child Guidance Clinic na Filadélfia e, sucessi-
vamente, de 1975 a 1994, co-diretor do Family Therapy Institute de Washing-
ton. Em 1994 se mudou com a esposa Madeleine para La Jolla, San Diego,
onde continuou a ensinar na Alliant International University, a pesquisar, su-
pervisionar e a escrever. A esposa antropologa estimulou nele um novo inte-

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NT.: Em Português o livro foi publicado pela editora Summus.Consuelo Casula é psicóloga e
psicoterapeuta em Milão, Itália. É membro da Societá Italiana Ipnosi (SII), professora e
supervisora na Societá Italiana Ipnosi e Psicoterapia e professora assistente da Universitá
IULM de Milão.

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resse nos confrontos de populações distantes e de questões éticas. Tenho


lembranças deles com muito afeto, mão com mão, enquanto caminhavam
nas salas do encontro no qual também participei. Jay Haley foi o primeiro a
receber o premio Lifetime Achievement Award da Erickson Foundation. Foi
um grande homem, mesmo fisicamente, imponente, sorridente e irônico,
que amava o zen e a natureza humana. Com sua voz doce e calma atingia
diretamente o coração e a alma e com sua astucia enigmática e sua pers-
pectiva provocatória iluminava a mente e o cérebro dos ouvintes. Ele conti-
nua a inspirar quem o lê ou relê os seus numerosos livros, o último dos quais
Directive Family Therapy, está sendo impresso pela editora Haworth Press.
Michael Yapko, ao homenageá-lo na Ericksonian Foundations
Newsletter, declara ter o hábito de reler uma vez por ano “Terapia não conven-
cional” e descobrir a cada vez uma coisa de novo. De fato, o livro contém um
concentrado mágico, fruto da combinação química das duas grandes perso-
nalidade de Milton Erickson e Jay Haley. O produto desta união é um nutrien-
te para os psicoterapeutas que desejam se sintonizar com o paciente com o
qual estão trabalhando e assumir a responsabilidade sobre suas interven-
ções.
Agrada-me imaginar que Heinz Von Foerster diria que Jay Haley criou
Milton Erickson porque foi ele que, com o livro “Terapia não convencional” de
1973 (traduzido para o italiano pela editora Camillo Loriedo1), fez o mundo
inteiro conhecer aquele psiquiatra original que atraía, para seu consultório
em Phoenix, pacientes e alunos provenientes de todas as partes da Améri-
ca. É difícil imaginar Jay Haley sem Milton Erickson e Milton Erickson sem
Jay Haley: juntos formaram uma dupla criativa que gerou um novo modo de
comunicação na terapia e na supervisão.
Nos seus livros, Jay Haley trata de esquizofrenia, de hipnose, de tera-
pia familiar com uma modalidade irreverente conduzindo o leitor a refletir
sobre temas que freqüentemente são considerados muito obvios. Cito al-
guns exemplos:
No livro Learning and Teaching Therapy2 inicia afirmando que não exis-
te mais uma ortodoxia, e sem ortodoxia não existe mais um modo certo de
fazer terapia: existem apenas tantos modos diversos, cada um com a sua
legitimidade. Para seguir essa profissão, então, não se pode mais ser espe-
cialista, mas generalista: os terapeutas são os instrumentos através dos
quais as técnicas terapêuticas são espressas. Eles são os instrumentos da
mudança, com seus erros e suas incertezas que continuam a mudar e com
as quais aprendem a agir melhor com os clientes sucessivos. Nesse livro

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NT.: Aprendendo e ensinando Terapia.

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coloca em discussão tanto a duração da sessão quanto a compensação


ligada a isto. Haley propõe um modo provocativo de fazer-se pagar não pelas
horas utilizadas para conversar com os pacientes, mas pela solução atingi-
da, pelo caso resolvido.
No livro The Power Tactics of Jesus Christ3, Jay Haley propõe uma
reflexão insólita sobre três importantes mistérios da nossa profissão: a natu-
reza da esquizofrenia, a natureza da hipnose e a natureza da terapia. Existe
a esquizofrenia? Existe hipnose? Existe terapia? Pergunta-se Haley. Como
podemos definí-las? O que fazemos para saber que coisas são e que coisas
não são? Como podemos estar certos da sua existência? Por que nos obs-
tinamos a pensar na terapia como uma troca entre dois ou mais indivíduos?
Por que não tentamos vê-la mais como um contrato comercial, uma tarefa,
uma chamada ou como o encontro de mais forças? E por que não envolve-
mos outros além do paciente como outros componentes da família, da esco-
la, todas as pessoas significativas com as quais interage? A terapia pode ser
definida misteriosa e paradoxal enquanto está baseada nas ilusões dos
terapeutas de que aquilo que eles fazem ou dizem provoca, segundo uma
causalidade linear, a mudança do paciente.
Jay Haley convida a imprimir na mente a citação de Montaigne que diz
“quando a natureza cura, a medicina recebe as honras” e sobretudo ao ava-
liar a corresponsabilidade das mudanças naturais que simplesmente acon-
tecem ou que os individuos espontaneamente colocam em ação, o curso
natural dos eventos que, propriamente naturais, resolvem os sintomas. Mui-
tos problemas neuróticos surgem, de fato, durante as fases de transição dos
ciclos de vida naturais do indivíduo ou da família. Quando o ciclo naturalmen-
te completou o seu curso, inclusive o disturbio neurótico pode não ter ne-
nhum motivo de permanecer, e desaparece.
Para Jay Haley, a hipnose é também misteriosa e paradoxal quando o
terapeuta endereça o paciente na direção de uma mudança espontânea se-
guindo as indicações do terapeuta, ou quando transforma um sintoma em
um comportamento voluntário e o torna absurdo e insustentável. Em “Estra-
tégias da psicoterapia” com o termo paradoxo indica uma ordem que qualifi-
ca uma outra ordem de modo conflituante, simultaneamente ou em um mo-
mento sucessivo. Por exemplo, o hipnotizador servindo-se do paradoxo, pode
dizer: “desejo que o Sr. não mova a mão mas concentre sua atenção somen-
te sobre as sensações que estás experienciando” e, em pouco tempo, a
mão se movimentará espontaneamente.

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NT.: As táticas poderosas de Jesus Cristo.

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Jay Haley estimula a nossa reflexão sobre estratégias, sobre técnicas,


e sobre a ética do terapeuta. Em “Terapia não convencional” recorda que os
problemas sofridos pelo gênero humano são os mesmos há muitos séculos,
mas os modos de afrontá-los devem ser novos: os terapeutas de hoje devem
conseguir aprender modos diversos para mudar diversos tipos de pessoas,
deve conquistar flexibilidade e capacidade de improvizar acompanhado de
uma base ética sólida. Nas últimas linhas do livro The power tatics of Jesus
Christ, reforça a importância de ensinar aos terapeutas estratégias para a
solução dos sintomas que sejam permeados de ética e de auto-disciplina.
Refere-se àquela disciplina que é ensinada na filosofia oriental ou nas práti-
cas das artes marciais que permitem a conquista de poder no interno de um
limite de harmonia, equilíbrio e controle de si.
No livro “Estratégias da psicoterapia”, Haley define o sintoma de mo-
dos diversos de acordo com o ponto de vista. Do ponto de vista do indivíduo,
sintoma é um meio para mostrar uma dificuldade sua e para qualificar como
inevitável uma série de comportamentos excessivos. Do ponto de vista
interpessoal, um sintoma é uma tática com a qual o paciente conquista uma
posição de vantagem nas suas relações, um modo de tratar uma outra pes-
soa que representa uma incongruência entre o nível de conteúdo e o nível da
metacomunicação. Do ponto de vista da família, é um sinal que indica que a
família tem dificuldades de superar uma fase do ciclo vital ou que percebe
uma confusão da hierarquia entre pais e filhos, ou é perturbada por uma
incoerência na qual um comportamento é primeiro permitido e depois proibi-
do e depois novamente permitido, no qual a excessiva proteção se alterna a
rígidas punições.
A definição que mais me agrada é aquela apresentada em “Mudar os
indivíduos” na qual, servindo-se de uma metáfora eficaz, define o sintoma “o
cabo do paciente”. E como se segura uma panela? Pelo cabo! Simples,
não? Simples porque tanto o mestre Erickson quanto o aluno Haley acredita-
vam na força terapêutica da simplicidade, da natureza, das fases evolutivas,
dos ciclos de mudança, do narcisismo inato, das exigências e das diferen-
ças biológicas, dos recursos escondidos, das reestruturações e das metáfo-
ras. Simples porque chama a atenção para o princípio de utilização
ericksoniano que ensina a servir-se de tudo aquilo que o paciente nos traz. E
nesta metáfora tem ainda implícita a filosofia da terapia breve.
Quem escolheu se ocupar da terapia breve mais que outras sabe que
deve assumir a responsabilidade de intervir na vida de um paciente e guiá-lo
na direção do bem estar com uma abordagem estratégica. A terapia breve é
necessariamente diretiva, se deseja em um tempo breve ajudar o paciente a
substituir o sintoma pelo o orgulho de estar livre deste. Assumir a responsa-

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bilidade implica ética, autodisciplina e a consciência da estratégia mais efi-


caz para aquele paciente particular e para aquele problema específcio. Até a
hipnose resulta mais eficaz quando usada de modo estratégico.
Em “Terapia não convencional”, Jay Haley indica para abordagem es-
tratégica que o terapeuta prenda o cabo da panela e mantenha a iniciativa
daquilo que acontece na sessão. Ele elabora uma técnica para cada proble-
ma singular de cada paciente em particular. A abordagem estratégica com-
porta elaborar os problemas para resolvê-los, estabelecer os objetivos, proje-
tar as intervenções para atingir esses objetivos imediatamente e em um tem-
po breve, calibrar as respostas para corrigir a abordagem e avaliar os resulta-
dos. E sobretudo ter muitas estratégias à disposição. Entre aquelas propos-
tas por Haley enfatizo algumas: reestruturação, ênfase nos aspectos positi-
vos, desenvolver diversos cenários evolutivos, amplificar as respostas, dife-
renciar a angústia fisiológica daquela não necessária pela qual chegou a
terapia, utilizar o sintoma, oferecer alternativas piores que o sintoma, promo-
ver mudanças usando o poder da metáfora, encorajar as resistências e as
recaídas, prescrever tarefas difíceis. Qualquer que seja a estratégia que se
deseje adotar é importante recordar que a estrutura fundamental de cada
psicoterapia é a benevolência que convida a transformar a relação terapêuti-
ca em um desafio afetuoso. Isto nos leva a ler e a fazer ler aos pacientes as
boas intenções mesmo por detrás de um comportamente estúpido. Leva-nos
a usar a reestruturação como modalidade comunicacional habitual.
A reestruturação da qual se serve o terapeuta é baseada no conceito
que a natureza de cada descrição é determinada pelos seus objetivos, e,
assim como um dos objetivos da terapia é criar benevolência, torna-se funci-
onal ler um comportamento negativo como um esforço positivo, uma limita-
ção como carência de habilidade comunicacional ou como falta de compre-
ensão recíprica, a passividade e falta de iniciativa como constância e estabi-
lidade. Até mesmo ler um comportamento protetivo como vingativo e egoísta.
E, quando é necessário retirar o paciente de sua neurose, o terapeuta estra-
tégico pode também recorrer a uma penitência através da qual se provoca no
paciente um fastídio maior do que aquele causado pelo sintoma. É uma
forma de penitência leiga onde a salvação, e portanto a liberação da escrava-
tura do sintoma, vem atravessada pelo sofrimento induzido pelo terapeuta.
Haley, no livro “O terapeuta e a sua vítima”, recorda que para a penitência
funcionar deve ser executada de forma voluntária pelo paciente: eis ai ou
outro paradoxo. A penitência – que deve ser uma ação clara e não ambígua,
com um início e um fim –, vem escolhida em colaboração com o paciente
que esteja disposto a aceitar executá-la propriamente para sua adequação.
A penitência deve ser bastante árdua para interromper o sintoma, mas sobre-

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tudo deve resultar benéfica para o paciente, deve procurar um bem certo para
ele.
A provação é também um modo para medir a motivação do paciente.
Haley recorda que não se deve considerar óbvio que a motivação de superar
os problemas exista no momento em que o paciente entra no nosso consul-
tório para iniciar a terapia. Ao contrário, um aspecto essencial de cada forma
de terapia consiste propriamente em estimular a motivação do paciente. Por
isso diversas páginas de seus livros se estende ao mostrar a técnica deno-
minada familiarmente “comer o mingau pelas beradas”4. Erickson e Haley
mostram nos seus trabalhos a eficácia de conduzir o paciente a desejar
ardentemente a intervenção terapêutica. Até porque antes de antes de
apresentá-lo sob a forma de prescrição, provação, conselho, o paciente é
coagido a suportar longuíssimos e intermináveis afastamentos e desvios
permitindo que o terapeuta identifique e esclarece oportunidades, conveniên-
cia, dúvidas sobre a prontidão ou receptividade do paciente. O terapeuta não
quer que o paciente sofra demais sem estar preparado, ou que a intervenção
possa fazer com que o paciente se irrite, gerando um rancor contra o terapeuta.
Nem Jay Haley nem Milton Erickson temiam dizer abertamente ao paciente
aquilo que ninguém ousava, nem tinham medo de perdê-lo ou de irritá-lo.
Exprimiam abertamente verdades, inclusive dolorosas, depois de estarem
seguros que os pacientes estavam prontos para aceitar a intervenção tera-
pêutica e depois que tivessem dado a sua palavra de honra que iriam seguir
as indicações do terapeuta. E se expressavam com benevolência terapêuti-
ca. Esta estratégia, estudada para superar as resistências do paciente, é
potente para alimentar a curiosidade e, então, estimular o paciente a colabo-
rar com autêntica motivação.
Encerro esta comemoração com algumas recordações pessoais. Co-
nheci Haley durante um congresso organizado pela Fundação Ericksoniana.
No Congresso Evolution of Psychoterapy em 1990, Jay Haley, durante sua
conferência entitulada “O Zen e a arte da terapia” apresentou aquilo que as
duas disciplinas têm em comum, as semelhanças entre a mudança terapêu-
tica e a iluminação que surge através da relação particular que se instaura
entre o mestre/terapeuta e o aluno/paciente. Tanto os mestres Zen quanto
Milton Erickson, para estimular a mudança/iluminação, recontam histórias
aos seus pacientes/alunos, dão prescrições, tarefas absurdas, provações,
propõem enigmas, estimulam a imaginação criativa, utilizam de humor, pro-
vocam dores físicas, focalizam a atenção no presente e não no passado. Em

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NT: A autora utilizou a expressão “menare il can per l’aia” que traduzida literalmente significa
dar voltas com o cachorro.

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ambas as disciplinas, não se busca a patologia, mas se segue o caminho da


iluminação.
Da conferência intitulada “Tipicamente eriksoniano” do congresso de
1992 “Ericksonian Methods: the essence of the story” me lembro de uma
experiência sua extraordinária. Conta sobre um paciente que pede um trata-
mento hipnótico por um problema e quando Haley pergunta qual é o proble-
ma, o paciente responde que prefere não dizer para ele. Haley aceita, faz
sua intervenção hipnótica e, ao fim da terceira sessão, o paciente agradece-
lhe por ter ajudado a resolver o seu problema. Haley nunca soube qual era o
problema que em somente três sessões ajudou o paciente a resolver. E isso
é tipicamente ericksoniano.
Da conferência do congresso Training Ericksonian Methods de 1994,
sobre “O que é a supervisão” lembro um comentário sobre mudanças
acontecidas na supervisão ao longo dos anos: primeiro os supervisores condu-
ziam uma conversa reflexiva, focalizada nos problemas emocionais do terapeuta
e agora os supervisores oferecem um conjunto de técnicas para os diversos
problemas. Advertia sobre um risco que agora virou realidade: Não existe mais
ortodoxia e qualquer um que se considere capaz de inventar uma técnica
qualquer abre uma escola, tendo a certeza de encontrar seguidores.
Aquilo que agora recordo com mais afeto é sua conferência apresenta-
da na Brief Therapy Conference de 1996 sobre “A terapia breve, breve, breve
de Milton Erickson”. Nesta ocasião, Jay Haley enfatizou que, nos seus trata-
mentos, Milton Erickson sempre privilegiou a brevidade e a eficácia de suas
intervenções. Erickson não tinha tempo a perder, e seus pacientes também
não. Estes muitas vezes chegavam de muito longe e ambos (terapeuta e
paciente) eram estimulados pela urgência que conduz à concentração do
olhar. A isso, Milton Erickson unia uma visão positiva do paciente, a confian-
ça nos confrontos de seus recursos, uma boa dose de curiosidade, o que o
levava a formular tantas perguntas, algumas pertinentes outras irreverentes,
e uma elaborada diretividade estratégica. Para Erickson era de fato impor-
tante seguir uma estratégia, começar a propor mudanças já na formulação
do problema, talvez até encorajar o paciente a piorar, não somente para
averiguar a motivação, mas também para mostrar aos pacientes as reais
possibilidade de mudança ou simplesmente para prescrever uma prevista ou
temida recaída.
Jay Haley, durante aquela conferência de 1996, também apresentou
um vídeo sobre as origens da terapia familiar. Foi comovente ver os rostos
jovens e sentir as vozes frescas e estusiásticas dos precussores da terapia
familiar: Bateson, Don Jackson, Withaker, Minuchin, com muitos dos quais
Haley está agora reunido. Depois da lembrança das pessoas que já em 1996

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habitavam o mundo habitado agora por Haley, por volta do final do vídeo, fora
de cena, se escuta a voz do entrevistador que pergunta a Haley de que modo
ele gostaria de ser lembrado. E ele responde: “como o mais velho terapeuta
de família”.
Ele o foi, até a bela idade de 83 anos, vividos com talento e paixão,
com flexibilidade e originalidade que o levou a produzir algo único e a presen-
tear a nós, alunos, palavras de sabedoria. Ensinamentos inesquecíveis es-
tampados nas páginas dos livros escritos por ele e assimilados pelos nos-
sos neurônios e que ninguém poderá nos roubar.

Referências

Haley, J. & Zeig, J. (2001). Changing directives: The strategic Therapy of Jay
Haley. Arizona: The Milton H. Erickson Press.
Haley, J. (1974). Le strategie della psicoterapia. Itália: Santoni.
Haley, J. (1976). Terapie non comuni. Roma: Astrolabio.
Haley, J. (1985). La terapia del problem-solving: nuove strategie per una tera-
pia familiare efficace. La nuova Italia Scientifica.
Haley, J. (1985). Il terapeuta e la sua vittima: l’uso dell’ordalia per cambiare il
comportamento. Roma: Astrolabio.
Haley, J. (1986). The Power Tactics of Jesus Christ. New York: Tringle Press
/ W.W. Norton.
Haley, J. (1987). Cambiare gli individui, Conversazioni con Milton H. Erickson.
Roma: Astrolabio.
Haley, J. (1987). Cambiare le coppie, Conversazioni con Milton H. Erickson.
Roma: Astrolabio.
Haley, J. (1988). Cambiare i bambini e le famiglie, Conversazioni con Milton
H. Erickson. Roma: Astrolabio.
Haley, J. (1995). Dietro lo specchio, Conversazioni con Milton H. Erickson.
Roma: Astrolabio.
Haley, J. (1996). Learning and teaching Therapy. New York: The Guildford
Press.

Endereço para correspondência


casula@planet.it

Recebido em 07/06/2007
Aceito em 08/07/2007
Traduzido em 12/11/2007

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