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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _VARA CÍVEL

DA COMARCA DE PONTA GROSSA/PR

FABIO FRANCISCO CABRAL, brasileiro, solteiro, portador da cédula de


identidade (RG) nº 7587190-2,, inscrito no CPF sob nº 004.265.779-22, residente e
domiciliado na Rua Júlio César Vicente da Silva, 88, casa, Bairro São Francisco Uvaranas,
Cidade de Ponta Grossa/PR e JOSEANE APARECIDA CORRÊA, brasileira, solteira,
portadora da cédula de identidade (RG) nº, inscrita no CPF sob nº 067.880.859.78 ,
residente e domiciliado na Rua Belmiro Sassi, 464,Bairro Neves, Cidade de Ponta
Grossa/PR, vem, por intermédio de sua procuradora devidamente constituída e conforme
procuração anexa, apresentar:

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM


PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA

em face de MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, pessoa jurídica de direito


público, inscrita sob o CNPJ nº 76.175.884/0001-87, por sua procuradoria com endereço
para citação na Av. Visc. de Taunay, 950 - Ronda - Ponta Grossa – PR, pelas razões de fato
e de direito a seguir expostas., pelas negligências que resultaram na morte da Sra. Maria da

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Graça Cabral , 71 anos, mãe do requerente, ocorrido no Pronto Atendimento Hospital
Municipal Dr Amadeu Puppi, no dia 08/05/2019.

1 - PRELIMINARMENTE

1.1- Da Assistência Judiciária Gratuita

O Requerente FABIO atualmente trabalha como fiscal de loja, declarando, sob as


penas da Lei, não possuir condições de arcar com as despesas processuais da presente
Ação, conforme consta de seu holerite em anexo.

A Requerente JOSEANE era dependente de sua mãe, ora falecida, motivo pelo
qual se propõe esta ação, e não confere renda, sobrevivendo apenas com Auxílio-Doença,
uma vez que incapacitada para o trabalho. (comprovante em anexo)

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, requer a V Exa. a
concessão do benefício da gratuidade de justiça, nos termos do
Art. 5º, LXXIV da Constituição Federal e dos Arts. 98 e 99 do CPC/2015.

1.2- Da Tutela de Evidência

O Requerente ingressa com a presente Ação Ordinária com a pretensão de provar


as diversas negligências que acarretaram na morte de sua mãe, aos 08 de Maio de 2019, no
Pronto Atendimento do Hospital Dr. Amadeu Puppi, com a intenção de obter indenização
por danos morais e materiais, tendo em vista que a morte ocorreu de maneira súbita e por
falta de atendimento rápido, visto que a paciente já apresentava problemas de saúde, tais
como enfisema pulmonar.

Mesmo após oficiar-se à Prefeitura para que fornecessem ALÉM DOS


PRONTUÁRIOS as filmagens para que pudessem constatar o estado de saúde que a Sra.
Maria chegou ao pronto socorro, pois, frise-se, a mesma já apresentava problemas de saúde
anteriores, só foi entregue ao Requerente as cópias do prontuário, MESMO COM O
PEDIDO EXPRESSO DE FORNECIMENTO DAS IMAGENS.

Foram diversas as tentativas pela via administrativa de conseguir as filmagens para


corroborar com as demais provas de negligência médica que serão aqui trazidas. Desta
forma, resolve-se por meio desta tutela ter acesso às filmagens, acreditando-se que esta

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prova será crucial para comprovar que a Sra. Maria já chegou ao pronto socorro em estado
grave e demorou mais de 2h para ser achada MORTA dentro do banheiro.

A Tutela de Urgência é conceituada como ‘‘uma tutela jurisdicional sumária


satisfativa, fundada em um juízo de alta probabilidade ou de quase certeza da
existência do direito que prescinde da urgência”.

Além disso, fora simplesmente ignorado o pedido das filmagens no Ofício


endereçado à Secretaria de Saúde (em anexo), demonstrando evidente propósito
protelatório por parte do ente federativo Requerido. O Art. 311 do CPC/15 explica:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente


da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o


manifesto propósito protelatório da parte;

Desta forma, resta evidente o abuso de direito e desídia do Requerido em elucidar


as questões sobre a morte da Sra. Maria ao seu filho, que passou pela humilhação e tristeza
de sua mãe ter sido achada morta dentro do banheiro de um PRONTO SOCORRO!

Assim, requer seja concedida a concessão de tutela de evidência em caráter de


medida liminar inaudita altera pars, para que a Requerida apresente cópias das vídeo
filmagens da recepção do Pronto Socorro, acreditando-se que a negligência fora decisiva
para o resultado morte da Sra. Maria.

2 – DOS FATOS

No dia 08/05/2019, a Sra. Maria da Graça Cabral dirigia-se até a Agência Bancária
para fazer o saque de sua aposentadoria. Ocorre que, após começar a sentir-se mal, uma
vez que apresentava enfisema pulmonar (laudos em anexo), dirigiu-se até o Pronto Socorro
do Hospital Dr. Amadeu Puppi para que fosse atendida.

Chegando ao local, a Sra. Maria dirigiu-se ao balcão e relatou que não estaria se
sentindo bem, e solicitou uma senha para atendimento. Uma vez que esta já apresentava

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problemas pulmonares, é importante ressaltar que o atendimento deveria ter sido
prioritário.

Após, dirigiu-se ao banheiro do Posto onde, depois de DUAS HORAS


encontraram seu corpo, já sem vida, dentro de uma das cabines e é exatamente por este
motivo que se requereu as filmagens deste dia, uma vez que nos causa estranheza a
dinâmica empregada pelos funcionários do posto quando do atendimento de uma pessoa
idosa e com sérios problemas pulmonares.

3 – DO DIREITO

A Constituição da Republica Federativa do Brasil assegura a todos o direito à saúde,


como dispõe em seus arts. 196 e 197.

Dessas normas explicitadas, subsume-se facilmente ser a prestação de serviços de


saúde, uma atividade essencial. Assim sendo, eventual solução de continuidade ou
interrupção da execução em caso específico, deverá atender a critérios puramente técnicos,
nas circunstâncias, o profissional qualificado para tal análise é o médico que cuida da
paciente.

Felizmente, têm sido refutados pela melhor doutrina tanto o argumento de que as
normas constitucionais de caráter programático não teriam aplicabilidade imediata, se
limitando a meras recomendações a serem cumpridas quando da elaboração de lei
pertinente, quanto aquele que inclui entre tais normas o direito à saúde, direito social.

A aplicação imediata das referidas normas constitucionais já é pacífica na


jurisprudência pátria, conforme se depreende das decisões proferidas pelo E. Supremo
Tribunal Federal, que o Autor pede vênia para transcrever abaixo:

“EMENTA: DIREITO À SAÚDE.


ART. 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ACÓRDÃO
RECORRIDO QUE PERMITIU A INTERNAÇÃO
HOSPITALAR NA MODALIDADE “DIFERENÇA DE
CLASSE”, EM RAZÃO DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO
DOENTE QUE NECESSITAVA DE QUARTO PRIVATIVO.
PAGAMENTO DA DIFERENÇA DE CUSTO DOS

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SERVIÇOS. RESOLUÇÃO 283/91 DO EXTINTO INAMPS. O
art. 196 da Constituição Federal estabelece como dever do Estado
a prestação de assistência à saúde e garante o acesso universal e
igualitário do cidadão aos serviços e ações para sua promoção,
proteção e recuperação. O direito à saúde, como está assegurado
na carta, não deve sofrer embaraços impostos por autoridades
administrativas, no sentido de reduzi-lo ou de dificultar o acesso a
ele. (...)” (grifo nosso) (STF, RE 226835-RS/1999, Min. Ilmar
Galvão)

“EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS – PESSOA


DESTITUÍDA DE RECURSOS FINANCEIROS – DIREITO À
VIDA – FORNECIMENTO GRATUITO DE
MEDICAMENTOS – DEVER CONSTITUCIONAL DO
PODER PÚBLICO (CF arts. 5º, caput, e 196)– PRECEDENTES
(STF) – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. O direito à
saúde representa conseqüência constitucional indissociável do
direito à vida. O direito público subjetivo à saúde representa
prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das
pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz
bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade
deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem
incumbe formular – e implementar – políticas sociais e econômicas
idôneas que visem garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles
portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à
assistência farmacêutica e médico-hospitalar. O direito à saúde -
além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas
as pessoas - representa conseqüência constitucional indissociável
do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera
institucional de sua atuação no plano da organização federativa
brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde
da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável
omissão, em grave comportamento institucional. A

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INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO
PODE TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA
CONSTITUCIONAL INCONSEQÜENTE. O caráter
programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política – que
tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no
plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro –
não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente,
sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele
depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o
cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto
irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a
própria Lei Fundamental do Estado. (...)” (grifo nosso) (STF,
AGRRE 271286-RS/1999, Min. Celso Mello)

ADEMAIS, O DIREITO À VIDA NÃO PODE CONVERTER-


SE EM PROMESSA CONSTITUCIONAL
INCONSEQUENTE, SOB PENA DE O PODER PÚBLICO,
FRAUDANDO JUSTAS EXPECTATIVAS NELE
DEPOSITADAS PELA COLETIVIDADE, SUBSTITUIR, DE
MANEIRA ILEGÍTIMA, O CUMPRIMENTO DE SEU
IMPOSTERGÁVEL DEVER, POR UM GESTO
IRRESPONSÁVEL DE INFIDELIDADE
GOVERNAMENTAL AO QUE DETERMINA A PRÓPRIA
LEI FUNDAMENTAL DO ESTADO.

Por todo o até aqui exposto, não restam dúvidas de que o Município de Ponta
Grossa está, então, legal e constitucionalmente obrigado a fornecer um serviço de saúde
integral, igualitário e eficaz para todos os seus cidadãos - onde obviamente está incluindo o
atendimento - sob pena de ser instado judicialmente a fazê-lo.

3.1 DO DIREITO À INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL SOFRIDO

A Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 tornou expresso o direito


à honra e sua proteção em seu artigo 5º, inciso X. Já o “caput” do artigo 186 do Código
Civil Brasileiro assim prescreve o direito a reparação pelo dano moral. Neste mesmo
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sentido, o Código de Defesa do Consumidor, Lei n.º 8.078/90, assegura ao consumidor de
bens e serviços, efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais.

A exposição fática demonstra amplamente que houve o dano moral, decorrente do


prejuízo resultante de uma lesão a um bem juridicamente tutelado pelo direito como bem
maior e de relevância máxima que é a VIDA, e consequentemente a saúde, a dignidade e ao
direito de ter um normal desenvolvimento físico, psicológico e moral. Assim, a Autora,
conforme análise fática acima realizada sofreu gritantes prejuízos de ordem moral, uma vez
que perdeu sua VIDA por descaso dos agentes de saúde, uma vez que comprovadamente
idosa e com sérios problemas pulmonares (LAUDO ANEXO).

Além disso, sua morte ocorreu de forma abrupta, surpreendendo seus familiares e
principalmente sua filha JOSEANE a qual percebe auxílio-doença e era dependente da Sra.
Maria. Tanto é verdade que se colaciona aos autos deferimento de prorrogação de auxílio
doença, uma vez que a mesma não se encontra apta para o trabalho.

3.2 DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO

Com efeito, a situação de fato que gerou o trágico evento narrado neste processo
põe em evidência a configuração, no caso, de todos os pressupostos primários que
determinam o reconhecimento da responsabilidade civil objetiva da entidade
estatal ora Requerida.

Como se sabe, a Teoria do Risco Administrativo, consagrada em sucessivos


documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política de 1946, revela-se
fundamento de ordem doutrinária subjacente à norma de direito positivo que instituiu, em
nosso sistema jurídico, a Responsabilidade Civil Objetiva do Poder Público, pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, por ação ou poromissão (CF, art. 37, § 6º).

Essa concepção teórica - que informa o Princípio Constitucional da


Responsabilidade Civil Objetiva do Poder Público, tanto no que se refere à ação
quanto no que concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera ocorrência de
lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo dano moral e/ou
patrimonial sofrido, independentemente de caracterização de culpa dos agentes
estatais, não importando que se trate de comportamento positivo (ação) ou que se cuide

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de conduta negativa (omissão) daqueles investidos da representação do Estado, consoante
enfatiza o magistério da doutrina1:

Informada pela ‘teoria do risco’, a responsabilidade do Estado


apresenta-se hoje, na maioria dos ordenamentos, como
‘responsabilidade objetiva’. Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou
culpa do agente, o mau funcionamento ou falha da
Administração. Necessário se torna existir relação de causa e
efeito entre ação ou omissão administrativa e dano sofrido
pela vítima. É o chamado nexo causal ou nexo de
causalidade. Deixa-se de lado, para fins de ressarcimento do dano, o
questionamento do dolo ou culpa do agente, o questionamento da licitude ou
ilicitude da conduta, o questionamento do bom ou mau funcionamento da
Administração. Demonstrado o nexo de causalidade, o Estado
deve ressarcir. (grifei)

É certo, no entanto, que o Princípio da Responsabilidade Objetiva não se


reveste de caráter absoluto, eis que admite abrandamento e, até mesmo, exclusão da
própria responsabilidade civil do Estado nas hipóteses excepcionais (DE TODO
INOCORRENTES NA ESPÉCIE EM EXAME) configuradoras de situações liberatórias
- como o caso fortuito e a força maior - ou evidenciadoras de culpa atribuível à própria
vítima.

Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da jurisprudência prevalecente no


Supremo Tribunal Federal 2, que os elementos que compõem a estrutura e
delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Público
compreendem (1) a alteridade do dano, (2) a causalidade material entre o “eventus
damni” e o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (3) a

1(HELY LOPES MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 650, 31ª ed., 2005, Malheiros; SERGIO
CAVALIERI FILHO, “Programa de Responsabilidade Civil”, p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros; JOSÉ CRETELLA
JÚNIOR, “Curso de Direito Administrativo”, p. 90, 17ª ed., 2000, Forense; YUSSEF SAID CAHALI,
“Responsabilidade Civil do Estado”, p. 40, 2ª ed., 1996, Malheiros; TOSHIO MUKAI, “Direito Administrativo
Sistematizado”, p. 528, 1999, Saraiva; CELSO RIBEIRO BASTOS, “Curso de Direito Administrativo”, p. 213, 5ª ed.,
2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO, “A Responsabilidade Civil Objetiva no Direito Brasileiro”, p.
61/62, 3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA NICIDA GARCIA, “Responsabilidade do Agente Público”, p. 199/200,
2004, Fórum, v.g.), cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida por ODETE MEDAUAR (“Direito Administrativo
Moderno”, p. 430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005, RT)
2RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO; AI 299.125/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO; RE
385.943/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.
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oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder Público, que,
nessa condição funcional, tenha incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do seu comportamento funcional e(4) a ausência
de causa excludente da responsabilidade estatal.

É por isso que a ausência de qualquer dos pressupostos legitimadores da incidência


da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta Política basta para descaracterizar a
responsabilidade civil objetiva do Estado, especialmente quando ocorre circunstância que
rompe o nexo de causalidade material entre o comportamento do agente público e a
consumação do dano pessoal ou patrimonial infligido ao ofendido.

Esclareça-se, por oportuno, que todas as considerações já feitas aplicam-se, sem


qualquer disceptação, em tema de responsabilidade civil objetiva do Poder Público, a
situações – como a destes autos – em que o “eventus damni” ocorreu em hospitais públicos
(ou mantidos pelo Poder Público) ou derivou de tratamento médico inadequado ministrado
por funcionário público ou, então, resultou de conduta imputável a servidor público com
atuação na área médica.

Este entendimento foi pacificado no Supremo Tribunal Federal, conforme se


depreende abaixo:

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER


PÚBLICO - ELEMENTOS ESTRUTURAIS - PRESSUPOSTOS
LEGITIMADORES DA INCIDÊNCIA DO ART. 37, § 6º,
DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - TEORIA DO RISCO
ADMINISTRATIVO – INFECÇÃO POR CITOMEGALOVÍRUS -
FATO DANOSO PARA O OFENDIDO (MENOR IMPÚBERE)
RESULTANTE DA EXPOSIÇÃO DE SUA MÃE, QUANDO
GESTANTE, A AGENTES INFECCIOSOS, POR EFEITO DO
DESEMPENHO, POR ELA, DE ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS EM HOSPITAL PÚBLICO, A SERVIÇO DA
ADMINISTRAÇÃO ESTATAL - PRESTAÇÃO DEFICIENTE,
PELO DISTRITO FEDERAL, DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-
NATAL - PARTO TARDIO – SÍNDROME DE WEST - DANOS
MORAIS E MATERIAIS – RESSARCIBILIDADE –

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DOUTRINA – JURISPRUDÊNCIA - RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO.

- Os elementos que compõem a estrutura e


delineiam o perfil da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público compreendem (a) a
alteridade do dano, (b) a causalidade material
entre o 'eventus damni' e o comportamento
positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente
público, (c) a oficialidade da atividade causal
e lesiva imputável a agente do Poder Público
que tenha, nessa específica condição, incidido
em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do
comportamento funcional e (d) a ausência de
causa excludente da responsabilidade estatal.
Precedentes.

A omissão do Poder Público, quando lesiva aos


direitos de qualquer pessoa, induz à
responsabilidade civil objetiva do Estado,
desde que presentes os pressupostos primários
que lhe determinam a obrigação de indenizar os
prejuízos que os seus agentes, nessa condição,
hajam causado a terceiros. Doutrina.
Precedentes.

- A jurisprudência dos Tribunais em geral tem


reconhecido a responsabilidade civil objetiva
do Poder Público nas hipóteses em que o
'eventus damni' ocorra em hospitais públicos
(ou mantidos pelo Estado), ou derive de
tratamento médico inadequado, ministrado por
funcionário público, ou, então, resulte de
conduta positiva (ação) ou negativa (omissão)
imputável a servidor público com atuação na
área médica.
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- Servidora pública gestante, que, no
desempenho de suas atividades laborais, foi
exposta à contaminação pelo citomegalovírus, em
decorrência de suas funções, que consistiam,
essencialmente, no transporte de material
potencialmente infecto-contagioso (sangue e
urina de recém-nascidos).

- Filho recém-nascido acometido da 'Síndrome de


West', apresentando um quadro de paralisia
cerebral, cegueira, tetraplegia, epilepsia e
malformação encefálica, decorrente de infecção
por citomegalovírus contraída por sua mãe,
durante o período de gestação, no exercício de
suas atribuições no berçário de hospital
público.

- Configuração de todos os pressupostos


primários determinadores do reconhecimento da
responsabilidade civil objetiva do Poder
Público, o que faz emergir o dever de
indenização pelo dano pessoal e/ou patrimonial
sofrido. (RE 495.740-AgR/DF, Rel. Min. CELSO DE
MELLO) – (Grifei)

“O Estado responde pela cegueira consequente a


infecção adquirida por pessoa internada em
hospital por ele mantido.” (RF 89/178, Rel.
Des. MÁRIO GUIMARÃES) – (grifei)

PROCESSUAL CIVIL – RESPONSABILIDADE CIVIL DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

I – ‘Se o erro ou falha médica ocorrer em


hospital ou outro estabelecimento público, a
responsabilidade será do Estado (Administração
Pública), com base no art. 37, § 6º,
da Constituição Federal (...).’ (AC
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278427, Rel. Juiz CASTRO AGUIAR – TRF/2ª
Região, DJU de 22/08/2003, p. 255) – (grifei)

CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MATERIAIS


E DANOS MORAIS. INVALIDEZ RESULTANTE DE ATO
CIRÚRGICO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
INDENIZAÇÃO DEVIDA.

1. A Fundação Universidade Federal de Mato


Grosso, na qualidade de mantenedora do Hospital
Universitário Júlio Müller, responde
objetivamente pelos danos resultantes de ato
cirúrgico a que foi submetido o autor naquele
nosocômio (CF, art. 37, § 6º). (AC 01000520560,
Rel. Juiz DANIEL PAES RIBEIRO – TRF/1ª Região,
DJU de 03/04/2003, p. 142) – (grifei)

“(...) 2. Sendo objetiva a responsabilidade do


Hospital conveniado e do INAMPS, estes
respondem pelos danos causados ou produzidos
diretamente por agentes que estavam a seu
serviço, independentemente da apuração de culpa
ou dolo. O constituinte estabeleceu para todos
os entes do Estado e seus desmembramentos
administrativos a obrigação de indenizar o dano
causado a terceiro por seus servidores,
independentemente de prova de culpa no
cometimento da lesão. Adotou a Constituição a
regra do princípio objetivo de responsabilidade
sem culpa pela atuação lesiva dos agentes
públicos e seus delegados.” (AC 01000054165,
Rel. Juiz MÁRIO CESAR RIBEIRO – TRF/1º Região,
DJU de 18/06/1999, p. 298) – (grifei)

Deste modo, resta evidenciado o dever do Município Réu de indenizar os


Requerentes pelos prejuízos a ela causados pelos gentes públicos que agiram em seu nome,
em decorrência da sua responsabilidade civil objetiva.
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4 – DOS PEDIDOS

Ex positis, requer-se a Vossa Excelência que:

1. A citação do Requerido no endereço inicialmente indicado, para querendo,


apresentar contestação no prazo legal, ciente das consequências da revelia;

2. Dispensa de audiência de conciliação e mediação Art. 334, § 4º do CPC/2015;.

3. Contestada ou não, que seja a PRESENTE AÇÃO JULGADA PROCEDENTE para:

3.1- Reconhecer a responsabilidade civil objetiva do Requerido pelos danos morais


causados aos Requerentes, nos termos da Legislação vigente;

3.2- Condenar o Requerido ao pagamento de indenização pelos danos morais


causados aos Requerentes, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou, caso Vossa
Excelência assim não entenda, que seja arbitrado o valor que melhor lhe aprouver;

3.3- Conceder os benefícios da gratuidade da justiça em razão de os Requerentes


serem hipossuficientes;

3.4- Condenar o Requerido ao pagamento dos honorários advocatícios na base de


20% do valor da condenação e demais ônus da sucumbência, atualização monetária das
quantias fixadas e juros de mora.

Requer possa a Requerente provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Ainda, na oportunidade, requer que todos os atos e publicações alusivos ao feito


sejam também realizados em nome da infra-assinada patrona, sob pena de nulidade.

Termos em que,
Pede o deferimento.

Curitiba, 3 de julho de 2019

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Karine Corrêa
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