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ISERJ

Disciplina: História e Memória na Formação de Professores


Prof. Carol Granato
Aluno: Arnaldo V. Carvalho

Memorial Acadêmico
Arnaldo Vianna e Vilhena de Carvalho

Me entendo “ensinante” desde criança, quando ajudava amigos e colegas com suas tarefas,
ou quando apreciava mostrar um brinquedo novo, destacar suas qualidades, e permitir que os
amigos pudessem também explorá-lo. Minha natureza contrastou brutalmente com o sistema
convencional de ensino, especialmente a partir do segundo ciclo do fundamental (não sem
turbulências nos períodos anteriores). Somado ao fato de ser oriundo de uma família de vida
intelectual bastante intensa, o resultado foi uma sequência de “insucessos” do ponto de vista
escolar; ao mesmo tempo, porém, a certeza desde criança: “a escola tem de ser diferente”.
Sobre essa família e o estímulo para a curiosidade epistemológica, devo dizer que ela foi,
sem dúvida, minha primeira influência intelectual. Meu gosto pela ciência – em especial pela
biologia - foi iniciado por meu avô (médico). Através dele acompanhei o universo celular através de
microscópio, em seu consultório. Em casa, tínhamos coleções de ossos (que ele usava para dar
aula), materiais colhidos de cirurgias, placentas e fetos preservados, etc. Esse gosto pelo saber foi
incorporado por meus irmãos, e logo também construímos uma boa coleção de história natural:
conchas, animais preservados em naftalina ou álcool, vegetais, e mesmo um fóssil pré-histórico
estiveram em nossas prateleiras. O estudo da vida de uma aranha, observada diariamente com lupa e
anotações sobre seu comportamento foi um marco. Dos antigos kits infantis conhecidos como
“laboratórios de química”, experimentei todas as substâncias e combinações indicadas, e tantas
outras criadas por mim. O desmonte e remontagem híbrida de brinquedos foi uma constante.
“Aprender brincando” e autodidatismo, aliás, são temas por onde enveredei naturalmente.
Havia em mim o contraste da resistência escolar iniciada na primeira infância, e uma curiosidade e
criatividade inesgotável, incentivo à observação e a ciência, acesso a uma imensa biblioteca
particular (familiar), e uma certa solidão de “criança de apartamento” (solidão essa que virou
vantagem, como já havia apontado Cecília Meireles. Ela porém teve solidão e silêncio. Eu, solidão
sim, mas silêncio nenhum). E nessa vivência, inventei o que fazer. Criei, li por conta própria, ao
meu modo, sobre as culturas indígenas, sobre o período medieval europeu, sobre o corpo humano e
seus aspectos biológicos. Nessa época, imaginei um tipo de literatura que falasse comigo. E ela se
materializou pouco tempo depois, na coleção “Enrola e Desenrola” da Ediouro. Foi o primeiro
conjunto de livros no estilo “livro jogo”, tratado em segunda pessoa, oferecendo a chance do
próprio leitor de influenciar na narrativa e ser levado a um dos diversos finais. Me percebo como
precursor de uma geração marcada pelo início de novas formas e necessidades de interação. Ela
iniciou por brinquedos com maior capacidade de ação (nascia o controle remoto, evoluia o
trenzinho elétrico, os brinquedos falantes e capazes de movimentar-se), e mais tarde, por propostas
como o livro jogo, e o RPG.
Este jogo de representação conhecido até hoje por seu original em inglês (RPG, ou Role-
playing Game) me foi apresentado por volta de dez para onze anos de idade. Ainda não publicado
no Brasil, me encantei com a possibilidade de criar mundos e contar histórias heroicas com meus
amigos. Por falta livros de regras em português, a “solução” foi aprender inglês. Traduzi muitos
textos somente com auxílio de dicionário ao lado, nessa época. Além disso, foi na busca por ter
mais contato com o jogo que acabei encontrando o “Centro Criativo Além da Imaginação”, onde fui
o primeiro sócio. Tratava-se de um empreendimento com aspectos de centro cultural, e que oferecia
biblioteca, ludoteca e videoteca jovem, além de manter uma série de eventos. Lá pude enveredar por
cursos como o de Mitologia Nórdica, afiar ainda mais a criatividade com a técnica do “Brainstorm”,
e introduzir o tema “RPG & Educação”, sobre o qual escrevi e cheguei a estudar suas
possibilidades. Interessante nesse momento foi o oferecimento do RPG como técnica didática para o
curso de inglês ICBEU, estabelecido em São Gonçalo. Para além de uma percepção empírica,tive a
influência de leituras como “Homo ludens”, de Huizinga, e “Saindo do Quadro”, de Alfeu Marcatto.

O RPG, os quadrinhos e os jogos de tabuleiro fizeram parte de toda a minha juventude, e


com tal intensidade, que em 1993 fui chamado para coordenar um espaço cultural vinculado a um
“restaurante cult” (Farinatta), em Niterói. Nessa mesma época, fiz parte da construção coletiva do
livro “O Pós-Fronteira” (não publicado) em parceria com Carlos Alberto Krichtyne e Tiago
Imbiriba. A experiência com os jogos irá mais tarde retornar e fortalecer minha convicção de que
está é uma ferramenta pedagógica consistente, pouco e mal explorada.
Estava chegando ao ensino médio quando iniciei a leitura da obra do educador inglês A. S.
Neill. Não bastou localizar, adquirir e ler um a um seus livros esgotados no Brasil, mas também
alguns dos autores com quem ele dialogava em cada título. Abriram-se perspectivas para conhecer
Reich, Freud, Mead, Chardin, Rank, Montessori, Freire, José Pacheco, entre outros. Estava ali o
modelo de escola o qual seguia por um caminho que eu acreditava totalmente. Sobre sua escola
Summerhill, creio ter sido o primeiro defensor brasileiro de sua existência, via Internet. Em 1999,
lancei na rede campanha “Save Summerhill”, que pretendeu arrecadar fundos e principalmente,
gerar votos de influência sobre o comitê de educação da Inglaterra, que naquele pontos estava as
voltas com manter ou não a escola, mesmo sendo ela “fora dos parâmetros”. Nos anos 2000, criei e
administrei a maior comunidade sobre o tema no Orkut: Summerhill Brasil. Foram milhares de
mensagens trocadas e textos discutidos, sobre Neill, sua obra e a escola. Com tristeza um momento
de instabilidade ocorrido pouco tempo antes do fim desta rede social levou à perda de muitas horas
de estudo e informação.
A influência de Neill como mirante para a busca de modos alternativos de educação me fez
visitar, a partir de 1993, escolas com modelos alternativos. Neste primeiro ano de busca, pude
visitar a Aldeia Curumim, com forte influência montessoriana, e a Escola Nossa. E a Escola Nossa.
Para ambos, chegue a apresentar e esboçar um trabalho de educação através do RPG, em parceria
com o Além da Imaginação. Também revisitei o Colégio Miraflores, por onde passei brevemente no
período pré-escolar.
O Centro Educacional de Niterói foi uma posterior escolha de escola para minhas filhas, e
lá pude observar o choque entre metodologia educacional baseada em autonomia e a meritocracia
diretiva da escola americana, da qual uma de minhas filhas estava retornando, após a experiência de
viver e estudar nos EUA dos seis aos doze anos.
Ainda no olhar crítico e adolescente sobre a educação, o tema da multisseriação visto em
Summerhill, Montessori e outros foi ainda observado por mim na literatura referente ao século XIX,
como a obra completa de Laura Ingalls.
Formalmente, participo da educação de crianças, jovens e adultos desde 1993. Iniciei como
assistente-chefe das escoteiras do Grupo Escoteiro Martim Afonso – o escotismo é o maior
movimento juvenil e educativo do mundo, com cerca de 28 milhões de membros espalhados por
países diversos - , e pouco tempo depois já como atividade remunerada, dei aulas de basquete em
programa de iniciação esportiva por uma organização ligada a prefeitura de Niterói.
Segui, portanto, pela linha de ensinar para quem quer aprender o que tenho a oferecer;
Ensinar sobre assuntos que relacionam corpo, natureza, vontade, foco, socialização, participação
democrática, autonomia.
Minha primeira aproximação com o ensino superior, contudo, se deu por meio do curso de
Comunicação Social, efetuado entre os anos de 1997-1998. Entrar em uma faculdade por volta de
vinte anos representava para mim uma libertação. Estava por escolha tendo contato com professores
e alunos afins com um tema. Ainda me lembro das importantes aulas que desenvolveram um gosto
mais profundo pela área de humanas. Teoria da comunicação, filosofia, ciências sociais (incríveis
aulas com professora Adriana Facina, uma referência para mim), esta última com a professora Ana
Lucia Enne. Também não me foge a mente os brilhantes comunicadores com quem tive aulas no
evento “Laboratório de Marketing”, que incluía diretores de marketing de empresas como Procter &
Gamble, e Coca-Cola, além do ilustre Max Gehringer. Por mais que os rumos desta atividade
profissional sejam muito distintos daqueles que estudamos e praticamos em educação, foi possível
observar o que é atuar com paixão, como as inter-relações tomam rumos diferentes dependendo da
maneira como comunicamos, e o quanto é importante que o professor consiga encontrar meios de
sensibilizar e dar suporte ao impulso natural de aprender do aluno, que inicia no não verbo e o
atravessa.
A vida porém tinha outros planos para mim. Já tendo feito formações técnicas e livres, e
atuando com terapias naturais, em 1998 dei meu primeiro curso na área das terapias. A escolha
definitiva pela profissão me fez trancar a comunicação social, o que ocorreu quando da chegada de
minha primeira filha, Clara, no mesmo ano.
Dedicando-me a chegada da filha e ao trabalho, deixei de lado a academia, até por não
encontrar um curso que abraçasse perfeitamente ao meu perfil profissional.
Assim, no ano 2000, já como naturopata, abri o Portal Verde, espaço dedicado à terapias e
cursos. Dei continuidade, nessa época, a cursos que já ministrava, voltado para adultos. Ensinei a
pais sobre como massagear bebês; comunidades de mulheres e pessoas em geral a se alimentarem
melhor; Orientei sobre as bases da consciência corporal, da importância do foco e da imaginação,
dos fundamentos científicos e tradicionais na utilização de óleos essenciais e plantas medicinais. A
etnofarmacologia, nesse momento, era tema de grande interesse e estudo. Nessa época também
moderei a maior lista de discussão sobre óleos essenciais na saúde, e organizei encontros e jornadas
como a “Jornada Corpo e Espiritualidade”. No Portal Verde, dei meu primeiro curso “Shiatsu e
Controle Mental para Adolescentes”, em 2003, atendendo a faixa etária de 13 a 17 anos. Esse curso
teve mais de uma edição no ano seguinte, e uma última ocorrida já em 2014.
Preciso dizer que os cursos que fiz como aluno nessa área nunca foram plenamente
satisfatórios, um pouco pela qualidade em si, mas por outro lado porque meu autodidatismo me
deixava de certa maneira irrequieto no frequentar de aulas onde a sistemática lenta, repetitiva e
despersonalizada era uma constante. Com isso, acabei me permitindo a desenvolver teorias e
técnicas próprias, discuti-las com colegas profissionais, testá-las, aperfeiçoá-las e escrever sobre as
mesmas. Um resumo de minhas descobertas encontra-se em minha página pessoal, seção “Eu,
terapeuta”. Também me fez escrever o livro “Shiatsu Emocional”, publicado de forma independente
sob o selo Portal Verde, em 2007. Essa mesma criticidade em relação a maneira de ensinar
convencional me fez remodelar a ordem e o modo como os conteúdos da terapia Shiatsu e outras
terapias de origem oriental são ensinadas. Isso me fez iniciar o desenho de uma escola diferenciada
de Shiatsu, metodologia de ensino própria. A formação livre da SHIEM, que começa aberta a leigos
e profissionais, é disposta em níveis modulares, e o último dele trabalha a relação professor-aluno
com a estreiteza próxima do discipulato. A estratégia básica da formação está descrita na publicação
interna “Manual do Aluno da Escola SHIEM”, e algumas de suas diferenças, esclarecidas através do
documento por mim redigido “Carta aberta aos profissionais de MTC”. Atualmente, a “Escola”,
ainda não possui sede, conta com outros três professores (formados por mim) em atuação sob minha
coordenação, e ministra o curso através de parcerias com espaços terapêuticos em Niterói, Rio de
Janeiro e São Paulo.
Em paralelo ao caminho como terapeuta, segui no desenvolvimento das experiências
lúdicas, e seu flerte com a educação. Nos anos de 2000 e até 2010 fui moderador do fórum da Ilha
do Tabuleiro, que trata do universo dos jogos do Tabuleiro. A “Ilha” chegou a alcançar 3000
associados, obteve repercussão nacional, e para ela publiquei resenhas de jogos e entrevistas que fiz
com autores nacionais e estrangeiros.
Mesmo agora com filhos, trabalho estabelecido e a sequência de meu interesse pelos jogos e
pela educação, ousei por entusiasmo fazer quase dois anos de Educação Física, entre 2002-2003.
Nesse período, investi não só em aulas, mas na participação em congressos, cursos e eventos
relacionados a essa formação, como o ENAF (Encontro Nacional de Atividade Física), chancelado
pela Universidade de Muzambinho, Minas Gerais.
Meu expertise no campo dos esportes e terapias corporais flertou diretamente com a
Educação Física, o que me inseriu com naturalidade como professor em eventos acadêmicos
voltados a essa formação. Assim, dei cursos em simpósios, encontros e congressos na área,
incluindo simpósios da UEPG, no Paraná, o Fitness Brasil em Santos (maior congresso de Educação
Física da América Latina) e o AP Fitness em Belém do Pará.
Abriu-se um mundo intenso, o qual fui absorvido quase que por completo. A “culpa” em
parte ocorreu por leituras como a de João Batista Freire e sua “educação de corpo inteiro”, e de
alguns professores brilhantes com quem tive o privilégio de conviver a aprender: Professor Jorge
Steinhuber (então o primeiro presidente do CONFEF – Conselho Federal de Educação Física),
Professora Simone Chaves, e talvez principalmente, Professor José Ricardo da Silva Ramos (mestre
em Educação Física pela Sorbonne, França). Este último foi o primeiro professor no ensino privado
que passou todo um período nos preparando para a vida escolar pública. Inesquecíveis as aulas em
que, nos transformando em alunos-crianças, fazia-nos explorar a corporeidade e seus requerimentos
cognitivos, na total ausência de recursos materiais, porém plenos de entusiasmo e ludicidade. O
professor de educação física, segundo José Ricardo, “é o guardião da cultura corporal de seu povo”.
Em um mundo em que o sistema seriado e de faixa etária separou as crianças mais velhas
das mais novas, o “aprender por transmissão direta” desapareceu, e com eles brincadeiras
educativas espontâneas e seculares. A responsabilidade do educador físico na escola é tão gigante,
mas a percepção disso pela comunidade escolar – inclusive do próprio profissional da área – tão
míope. Fico me perguntando, nós pedagogos seremos guardiões de quê? Somos?
Em 2003, mais uma filha, mais responsabilidades, nova interrupção na vida acadêmica.
Minha saída da Educação Física, no entanto, criou uma lacuna profissional. Fui aos poucos sendo
esquecido pelos eventos, uma vez “de fora” e sem uma titulação acadêmica formal. Se por um lado,
deixei de lado o contato com o modus operandi da academia, por outro a observação empírica
apoiada em minha curiosidade epistemológica agora poderiam ganhar asas.
É interessante recortar a possibilidade direta que a vida me ofereceu em observar crianças
pequenas, seus comportamentos, impulsos, necessidades, desafios. Fui tio adolescente e participei
dos primeiros anos de criação de minha sobrinha. Menos de dez anos depois era pai. Pai de novo
quase seis anos depois. E atualmente, pai de adolescente, padrasto de jovem universitária, pai de
pequenas gêmeas. Acumularam-se experiências na educação direta de crianças em âmbito familiar.
Foram muitos convívios, com diferentes configurações familiares, e principalmente no que
toca a este memorial, à comunidades escolares. Como pai participativo, dialoguei com a escola por
fora mas com assiduidade e interesse. E por dentro, fui levado a ressaltar a necessidade de uma
integração filosófica e prática entre escola e família.
Observar, como terapeuta, clientes e seus esquemas psico-corporais no consultório.
Testemunhar a desapropriação da mãe e inadequação cultural do pai em torno do nascimento
dos filhos, com total ausência de suportes educativos que possam compensar tais fenômenos; A
experiência como pai, a experiência enquanto aluno do que escolhi ser aluno e do que não escolhi...
Tudo isso reforça em mim o desejo de atuar intensamente na área educativa, única capaz de
prevenir a necessidade de tanta terapia, tanta medicina, tanta solidão identitária de tantos grupos –
como esse dos pais de primeira viagem, para quem acabei criando o projeto Parapapais, onde por
meio da rede social me comunico com homens-pais que hoje acompanham a gestação de seus filhos
ou já estão em processo de criação.
Não me esquivo de pontuar que, na área em que atuo, obtive reconhecimento como
professor, ao ser convidado para dar conferência no Congresso Internacional de Shiatsu, em
Madrid, Espanha (2009); Ao ser convidado e assim ministrar cursos diversos em Portugal, Espanha,
Grécia, Argentina, Itália, Japão e Estados Unidos, além de dezenas de cidades nas diferentes regiões
do Brasil. Inclusive da parte de instituições acadêmicas, como a Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG), UNICESGRANRIO, FACHA, UNIFESP, e outras organizações civis privadas
onde ministrei aulas e palestras (entre outros Ordem Demolay do Brasil, Dataprev, Sette, Projeto
Paragaté (Argentina), Instituto Yasuragi (Espanha), Escola Zéfiro (Itália), Biosabores (Portugal),
Encontro da Nova Consciência, Instituto Ortobio, Canteiros, Centro Brasileiro de Acupuntura,
Xamã, Clínica Cítara, Hotel Ponto de Luz).
Em 2010, o fim da site “Ilha do Tabuleiro” me tornou redirecionou meus escritos na área
para o blog “Desbussolados”, ainda no ar e contando com alguns de meus artigos.
2009 foi um ano em que tive a experiência de organizar encontros de jogos de tabuleiro, um tipo de
evento já bastante difundido no Rio de Janeiro, mas sempre dedicado ao público adulto. Desejando
incluir as crianças (abaixo de dez anos), criei uma sessão especial para elas, e com ineditismo
oferecemos jogos adequados à idade e monitoria para elas. Elas formavam grupos espontâneos,
escolhiam um jogo, e monitores adultos ensinavam as regras, e tiravam dúvidas ao longo do jogo.
Em outubro de 2014, participei do evento “Feira de Trocas Sustentáveis” no Museu de Arte
Contemporânea de Niterói(MAC), oferecendo uma oficina de “Shiatsu Familiar”, para pais e filhos,
e também (em outro horário) ensinando crianças e seus pais a juntos jogarem Clay-o-Rama, jogo
americano (sem tradução para o português) baseado em modelagem com massinha, imaginação e
representação.

Nesse mesmo ano, retomei os estudos sobre jogos e educação, com o objetivo de inscrever
junto com minha esposa Nívia Pombo, doutora em história, projeto educativo sobre a história do
Rio de Janeiro, utilizando o jogo de tabuleiro como ferramenta. Além da revisão do livro de
Huizinga, as leituras de: Jogos e Soluções Interativas, de Lucio Abbondati, foram parte do estudo,
que nesse momento encontra-se em suspenso por nossas demandas profissionais e pessoais.

Meu apelo para a área mais humana, para a educação dos pequenos como suporte primeiro
na organização de uma sociedade mais coerente, etc., me inclinou a retornar dessa vez para a
pedagogia. Pela primeira vez, já não buscava uma faculdade para fazer dela uma profissão. Mas
para obter reconhecimento formal, e fomentar a possibilidade de um sonho abstrato: poder atuar ou
mesmo criar um espaço escolar muito diferenciado no Brasil, com premissas obviamente críticas às
formas ordinárias de atuação. Re-acendeu o meu sonho de quem sabe um dia, ter uma escola, e estar
preparado para isso.
A pedagogia, também prometia uma aplicação prática e imediata, nos cursos sobre terapias
que nunca deixei de ministrar. A expectativa era de aprofundar em novos métodos didáticos, novas
formas de planejamento dos cursos, e ainda, na gestão de outros colegas professores da área
terapêutica, a quem tenho delegado o ensino de certas áreas de uma formação que atualmente
ministro (Shiatsu).
A entrada na pedagogia se deu na conveniência do Ensino a Distância, onde iniciei
graduação online. Infelizmente devo dizer que a instituição que escolhi não correspondeu às minhas
expectativas, o que me fez parar, e me reorganizar para retornar posteriormente em caráter
presencial. Quis retomar minha jornada pelo ensino público e assim optei por participar do ENEM
como forma de processo seletivo.
Confesso que, uma vez tendo obtido os pontos necessários para quaisquer das formações em
pedagogia oferecidas na região metropolitana do Rio de Janeiro, optei pelo Iserj por um endereço
que atendia mais o meu momento. Desconhecido para mim, este educador que até aqui atua
marginal ao reconhecimento formal que prevê e exige diplomas – um espírito errante -, o ISERJ
tem me trazido, com a beleza de suas histórias, estrutura, tradições, e ensino, um corpo, com a
densidade adequada para a atuação de excelência onde já me encontro inserido, e para a busca dos
rumos que ainda me falta colocar em prática.
Muito clara é a lembrança do primeiro dia em que entrei no Iserj. Após a confirmação de
minha vaga, fui ao endereço indicado, e me surpreendi com majestoso prédio, que imediatamente
me remetera ao niteroiense Liceu Nilo Peçanha, escola municipal onde cursei um ano de meu
ensino médio. Cheio de vida, inspira educação. A arquitetura panóptica, os murais de estudantes de
todas as idades (todos os estágios do ensino), as corujas nas telhas antigas foram o abre-alas para,
no primeiro dia de aula, o encontro com o burburinho estudantil. Que alegria é poder cursar o
ensino superior na convivência imediata com as diversas turmas do ensino básico, bem como ter
acesso às demais modalidades de ensino previstas em lei, qual seja o EJA, a Educação Especial, etc.
O Iserj é a capital fluminense da educação e eu não sabia. Do burburinho para a história,
criam-se laços identitários. Afinal, difícil não orgulhar-se de estar em salas de aula que um dia
tiveram a presença de brilhantes como Cecília Meireles e Anísio Teixeira.
Enfim, não fica apenas na inspiração minha passagem até aqui curta, pelo ISERJ. Ao longo
do processo formativo, tive a oportunidade de discutir sobre alguns dos temas que já considerava
relevantes, mas também de descobrir outros, com intensidade.
Cheguei com planos à instituição. Um deles era publicar na Internet um blog relatando
minha experiência como aluno do ISERJ. Pela falta de tempo e ao mesmo tempo, necessidade de
maturação, o blog “Aprendiz de Professor” foi ao ar no início de 2016. Para além de comentar sobre
o dia a dia como acadêmico, publico textos autorais e de outros. São artigos diversos: ensaios,
resenhas, críticas, reflexões, memórias, frases e pensamentos acerca do tema educação, o processo
de formação do professor, o ISERJ, e atualmente, os desafios do recém-graduado.
Aproveitei também algumas isenções de matéria em função do prévio cumprimento nas
outras graduações parcialmente cursadas. Tratei de investir em matérias optativas, eletivas, e de
outras mais avançadas, a fim de ampliar meu aprimoramento e avançar em discussões de alto
interesse. Foi com esse espírito que cursei “Seminários de Neurociência” com a prof. Olga, quando
incursei num mundo que sempre me interessou – o dos superdotados e portadores de altas
habilidades - e nesse momento curso “História e Memória na formação de Professores do ISERJ”,
para o qual teço este memorial [2016].
A construção e publicação do Lattes foi outra conquista acadêmica importante, ocorrido por
incentivo da Prof. Carol Granato, a partir de meu interesse em participar de programa de Iniciação
Científica.
Por iniciativa própria, também apresentei uma ementa para oferecer gratuitamente uma
pequena oficina junto ao MOB – Movimento de Ocupação da Biblioteca, coordenado pela prof.
Malu Melo (O MOB posteriormente cresceria, ganharia sede e se tornaria projeto permanente de
extensão, o Mob.E). A oficina “O Sono e os Sonhos – Ferramentas Pedagógicas”, composta de
quatro aulas, e tendo como foco a exploração da fisiologia do sono e do simbolismo onírico como
estratégia pedagógica ocorreu no segundo semestre de 2015, e contou com 10 alunos. Este e o
primeiro de uma série programada de oferecimentos semestrais, que pretendo realizar no Iserj. Os
próximos temas serão: Jogos e Educação; Laboratório da Postura Lúdica (Projeto Lagarta Mágica);
e Saúde no Iserj.
No segundo semestre de 2015, também tive a oportunidade de participar e atuar no Festival
de talentos Cecília Meireles, evento que reuniu toda a comunidade Iserjiana no teatro da instituição.
A preparação para atuação no evento me levou a um detalhado estudo sobre o Iserj dos anos 30-50,
e da sensível “troca de olhares” ocorrida em vida por Cecília Meireles e Fernando Pessoa. Assim,
fiz a fala de abertura, contando ao público um pouco mais sobre os escolanovistas Cecília Meireles,
Fernando Azevedo e Anísio Teixeira em seus tempos de ISERJ, e ao longo do festival apresentei
pequenos excertos onde, através do tema “Velhice e percepção”, fiz dialogar Meireles e Pessoa
através de leituras dramatizadas. O evento buscou arrecadar fundos para o Iserj, e por isso também
participei ativamente do processo de venda de convites.
Desde o primeiro período, já percebia uma tendência a evasão por muitos motivos, e em
enquete informal, percebi que os alunos muitas vezes se sentiam tão mal orientados quando de sua
entrada que simplesmente resolviam migrar para outras instituições. Dessa percepção surgiu a
criação do Guia de Bolso ISERJ, um pequenino manual destinado aos calouros, mostrando um
pequeno mapa do ISERJ e seus arredores, com informações relevantes para facilitar o dia a dia de
quem começa. O projeto do guia foi apresentado a professora Ana Severiano, que me convidou
então a concluir o projeto como parte da Monitoria em Gestão coordenado por ela. Com orgulho
tornei-me monitor e participei dos movimentos da monitoria na organização de eventos internos do
ISERJ, como o “Diálogos em Formação”. Concluí o projeto com supervisão da Professora
Severiano, mas no entanto, este não foi levado a impressão, em função do rompante turbulento dos
protestos e greves ocorridos no início deste ano de 2016.
O estado de sucateamento das instituições de ensino e a desvalorização dos profissionais de
educação é um processo gradativo e que chegou em seu fundo do poço este ano, em compasso com
a pré-falência do Estado do Rio de Janeiro. No ISERJ, os reflexos já eram sentidos antes da
deflagração definitiva da crise. As greves dos professores e demais funcionários da educação
ocorreu já na condição de educação estrangulada, com grandes dívidas salariais, não cumprimento
de acordos efetuados desde 2013, entre outros. O descaso por parte das mídias para com a greve
impediu uma mobilização popular em torno do tema, e inspirados pelos movimentos de ocupação
ocorridos em São Paulo, os estudantes entraram em ação, formando a primeira Ocupação Estudantil
no Iserj. Participei das assembleias do ensino superior na busca por posicionar-se, apoiando a
ocupação. Estive algumas vezes no ISERJ nesse período, para verificar e testemunhar as ações de
resistência e condições insalubres dos estudantes, a enfrentar grande pressão, mas comparecendo
com força às instâncias cabíveis, entre elas a ALERJ. O movimento também foi acompanhado por
país do ensino básico, que criaram um fórum próprio e entraram na briga por melhores condições. O
fim forçado da greve e das ocupações trouxeram a todos os defensores da educação, exaustos, um
misto de tristeza, resignação e alívio. Seguiram-se novas reuniões e embates logo no início da
retomada das aulas. Participei de várias, emiti algumas falas com sentido ponderador, interessei-me
por entrevistar os jovens ocupantes e tentar ajudar a sociedade a saber do que estava acontecendo
dentro da instituição, e ao mesmo tempo, localizar informações acerca do que ocorria do lado de
fora, nos bastidores políticos que implicavam diretamente no Iserj. Para isso, utilizei o “Aprendiz de
Professor”, as redes sociais, e fiz uma intensa campanha entre os colegas alunos. Aproveitei para
discutir, com colegas e em sessões de monitoria de gestão, os métodos aplicados pelos atores sociais
envolvidos em todo o processo (pais, professores, diretores, políticos, instituições, etc). Acredito
que esse foi um período de aprendizagem geral. A classe profissional para onde estou seguindo mais
e mais a cada passo que dou em minha formação precisou rever seus métodos de reivindicação. Os
estudantes precisaram rever seu adormecimento, e retomar sua proatividade. Os pais do ensino
básico precisaram reassumir seus papéis de responsáveis reais pela educação de seus filhos,
conversando com eles sobre os acontecidos, apoiando suas iniciativas, interagindo com a escola,
inspecionando, cobrando, e participando de suas ações. A comunidade do Iserj re-experimentou
antigas formas de encontro e reunião, previstas em seus estatutos. Ensaiou-se o renascimento dos
conselhos, e surgiram vozes entre os estudantes. O futuro dirá que partes desses movimentos se
solidificarão, e quais retornarão ao ocaso. Independente do que ocorrer, meu testemunho me ensina
sobre o imenso desafio que desde já começo a encarar no ensino público nacional.
A imersão na realidade do ensino público, experimentada de forma leve em meus primeiros
contatos na adolescência, vem amparada com as lições de não ódio ao privado, aprendidas com
estadistas que souberam ir além da pequenez: Nelson Mandela e M. Gandhi, de quem li biografias e
autobiografias, textos próprios e artigos. Não cabe aqui mitificações, humanos que foram. Mas na
mesma chave, não me furto a admitir que – isolados méritos e assertividades - foi sem dúvida, nesse
espelho dessa mediação entre elite e proletariado, que o então presidente Lula emitiu brilho no
cenário internacional. Com direito a indicação para o Nobel da Paz, governou com a busca de uma
superação de ranços que por vezes nos fez estranhar a postura excessivamente moderada do político
para com antigas figuras de oposição.
Fez parte inevitável de minha então recente trajetória acadêmica, o investimento nos
trabalhos da disciplina “Educação e Movimentos Sociais”, do Professor Marcos Chagas. Para além
de teorizações históricas, pude conhecer o amplo trabalho conscientizador organizado nas escolas
itinerantes do MST, em total sintonia com a proposta progressista de Paulo Freire. Em trabalho de
pesquisa, cheguei a traduzir trechos inéditos em português de artigos sobre autores da educação
soviética no período leninista (em especial sobre Moisey Pistrak), traçando comparações com
métodos difundidos pelo ocidente como o dos projetos, disseminado mundialmente a partir
sobretudo de Dewey. Neste momento estou convertendo minha pesquisa em artigo para
apresentação em congresso.
Paulo Freire segue como principal autor no geral das disciplinas, que já nos ofereceram a
chance de discutir sobre sua obra, com foco especial em seus clássicos: Pedagogia do Oprimido e
Pedagogia da Autonomia.
Um incentivo e um acréscimo à minha consciência discente, tais textos não substituem o
valor da arte como libertadora dos rudes contornos que a sociedade nos impõe. Assim, a disciplina
Arte-Educação, ministrada pelo Prof. Dilson Miklos, tratou de oferecer aos alunos novas
possibilidades de olhar, um olhar mais atento e refinado e cuja crítica às dificuldades sociais
permanece presente. Começando pela desconstrução do velho olhar, trouxe-nos Kanjinsky como
símbolo desse desmanche do que ontem era concreto. Olhares sobre diferentes manifestações e
tendências, com a disciplina percorremos um amplo panorama que incluiu artistas nacionais e
internacionais e suas obras, incluindo Marina Abramovich, Celeida Tostes, etc.
Uma nova escola, sob um olhar ao mesmo tempo consciente e humanizado não poderia
deixar de atender o “coração da razão”, e uma das disciplinas matrizes de toda a Ciência: a
matemática. Ela tem sido ensinada pelo professor André da maneira com que eu me deparei em
escolas como a da Ponte ou mesmo no Centro Educacional de Niterói. O trabalho que começa pelo
real entendimento, ao invés do antigo método de memorização, do “é porque é”, ainda dominante
nas escolas brasileiras. O respeito pelo desenvolvimento individual do aluno, a importância em
tornar uma compreensão suporte para a seguinte, a utilização de materiais concretos, lúdicos e de
intermediação para a abstração simbólica da matemática são fundamentais em tempos em que a
educação finalmente compreende que o ser pessoa e o ser cidadão demandam uma construção real
das bases cognitivas fundamentais.
As leis gerais referentes a educação foram estudadas e sua utilização na gestão foi
intensamente simulada na disciplina Gestão I, do Prof. Arthur. No momento, em Gestão II, o
professor Thiago complementa o trabalho, utilizando a realidade da escola pública em novas
simulações.
Fátima Ornellas tutoriou um processo de grande relevância com “Pedagogia em Espaços não
escolares”. A disciplina trouxe o elo perdido para minha ideia de formação para lugares outros, além
da escola; o passeio por diferentes possibilidades para a pedagogia, combinada com meu ativismo
com a Associação Brasileira de Shiatsu inspirou parcerias educativas cujos projetos estão em em
franca elaboração, em ambientes não escolares: o primeiro deles em parceria com o SECONCI, o
segundo com o projeto “Papo de Responsa”, da Polícia Civil.
Nesse momento, em que me encontro no meio exato do curso de Pedagogia, já inicio minhas
reflexões em torno do tema de escolha para meu trabalho de conclusão de curso. Meu dilema
pessoal não gira em torno da dificuldade de “encontrar um tema” para desenvolver, senão de deixar
para trás neste trabalho as demais opções entre meu leque de interesses já pré definidos, e por onde
de algum modo pretendo passar em minha trajetória de educador.
Outubro de 2016.

Atualização do Memorial (2019)

Quando da feitura do original deste memorial, estava apenas começando o período de


sucessivos estágios que a graduação do ISERJ proporciona. Estes nos deixam marcos indeléveis, e
posso lembrar, me sentindo já distante mas com carinho de todos eles. Tendo me escrito no setor de
estágios, fiz cursos de capacitação e atuei ativamente com autistas por cerca de um ano e meio, no
ensino fundamental I (incluindo o processo de alfabetização) e II. A atuação em uma área antes
impensada me fez perceber o papel de mediador não apenas como aquele que precisa facilitar a
aproximação do aluno especial do conteúdo, mas também dos demais alunos para com este. É
preciso criar alianças e vínculos honestos com as demais crianças, para que haja lugar para o
incluído em seu mundo, e vice-versa. Fico satisfeito com a certeza de que, ao menos com a criança
com a qual pude atuar por mais tempo, foi possível observar o desenvolvimento desses vínculos e
suas repercussões para todos.
No estágio no Ensino Médio, realizado no Colégio Julia Kubitchek, os jogos foram o pano
de fundo para minhas aulas de regência. Utilizando material reciclável, apresentei o jogo tradicional
africano “Mancala” como tema gerador, e com ele pude visitar com os alunos um pouco da vastidão
que é a cultura lúdica que ocorre no território africano atual. Isso os aproximou da ideia de infância
como construção social, das raízes afro do país Brasil, e do inevitável sentido de humanidade que há
em tudo isso.
Em 2017, ainda no tema dos jogos na educação, levei para a graduação a primeira Oficina
de Jogos na Educação. Tratou-se de uma atividade de curta duração, apresentada em um evento
acadêmico no ISERJ. De lá até o presente, segui me desenvolvendo, conhecendo e estudando novos
autores, verificando as interfaces do jogo de tabuleiro com o digital e outras abordagens lúdicas, e
propondo novas atividades no âmbito da educação. Assim, em 2018, uma nova oficina, mais
completa, foi oferecida através de meu estágio em Gestão Escolar.
Seguiu a esse estágio o de Pedagogia em Espaços não Escolares, onde produzi, com a ajuda
fundamental de colegas e da coordenadora de estágio (Malu Melo), o I Simpósio Bem Viver,
dedicado ao autoconhecimento como alicerce fundamental na educação. Mais de trezentos
participantes, além de 38 professores (incluindo convidados de instituições como UERJ, UFRJ,
Pedro II, Corcovado e várias outras) palestrantes estiveram presentes entre os três dias do evento.
Em 2018, também foi o ano em que concluí toda a matriz curricular e a escrita de meu
Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da professora Ana Severiano (um verdadeiro
privilégio). O tema escolhido foi o ensino de Shiatsu e como ele pode iluminar caminhos da escola,
e vice-versa. Título do trabalho: Shiatsu e Escola Básica: Diálogos Pedagógicos. A apresentação,
realizada somente em 2019, contou com as professoras Cristina Corais e Malu Melo na banca, com
Prof. Solange do Amaral como suplente. Apresentar meu trabalho e ser arguido por parte das
professoras que notavelmente mais impactaram em minha história dentro do ISERJ foi uma honra e
uma alegria muito grande. Dentre os expectadores, colegas de jornada e minha mãe, Gilda, que
finalmente pôde ver seu filho mais novo receber um diploma de graduação. A banca concedeu nota
máxima ao trabalho, e me solicitou permanecer pesquisando e publicando na área de educação.
Em paralelo à faculdade, segui entre 2017 e 2018 ensinando novos alunos no Shiatsu e
também a praticantes avançados; Ministrei cursos de Aromaterapia, Terapia Corporal para
Gestantes, entre outros. Também formalizei a criação do primeiro curso de Professores de Shiatsu
do Brasil, pela SHIEM. Organizei o I Congresso Internacional Online de Shiatsu, que contou com
professores da Espanha, Inglaterra e diversos estados do Brasil.
Quase formado Pedagogo, iniciei a articulação de um laboratório específico de jogos de
tabuleiro na educação. Projeto escrito, fiz campanha para arrecadar doações de jogos usados e
iniciar um acervo, acolhido no Mob.E. O desejo era que o laboratório desse suporte a um grupo de
estudos. Na busca pela criação de um, acabei ajudando, já em 2019, como egresso do curso de
Pedagogia, a reativar o Grupo de Pesquisas em Identidade(s) e Práticas Docentes (GPIDOC), que já
constava no diretório de Grupos de Pesquisa do CNPQ mas se encontrava parado. Tendo me
tornado oficialmente um pesquisador, passei a coordenar o LabJog, então, se tornou um projeto
vinculado ao GPIDOC. Além dos jogos de tabuleiro, o GPIDOC encontra-se, neste ano de 2019,
estudando o tema das Oficinas Pedagógicas, as teorias de inteligência e aprendizagem, e formando
cruzamentos teóricos entre ambos. Pelo LabJog, ofereci o I Minicurso Ciência dos Jogos de
Tabuleiro na Educação e o primeiro Partidas Comentadas, em parceria com a faculdade de História
da UERJ. O minicurso ofereceu aos participantes um panorama abrangente das pesquisas sobre
jogos de tabuleiro e seu suporte teórico no Brasil. Foram apresentados os autores de referência
(como Huizinga, Caillois, Sutton-Smith, Flanagan e Zimmermann), as principais linhas de estudo,
estratégias de trabalho, etc. Já o “Partidas Comentadas” é um projeto de longo prazo, onde uma
partida de um jogo comercial é realizada com comentários de professores especialistas na temática
que inspira o jogo. Nesta primeira experiência, realizada no Departamento de História da UERJ,
jogamos o Twilight Struggle, baseado na Guerra Fria. O professor de História Contemporânea do
departamento, Dr. Flaviano Isolan, foi o comentarista, intervindo com reflexões e explicações
acerca dos eventos que marcaram o recorte temporal em que se passa o jogo.
Ainda no primeiro semestre de 2019, apresentei trabalho no Congresso Internacional de
Jogos e Brincadeiras (São Paulo, SP), participo desde abril deste ano, da formação do coletivo
Ludus Magisterium. Composto de professores e estudantes de graduação e pós-graduação que
estudam e/ou utilizam os jogos de tabuleiro na educação, o grupo hoje discute via fórum, reuniões
presenciais, já organizou oficinas e participou de editais. Em julho, meu artigo sobre jogos de
tabuleiro e inovação foi aprovado na revista Dashboard Livre. No momento, estou apresentando
minha candidatura ao mestrado em Educação na UERJ.
Julho de 2019
Arnaldo V. Carvalho

***

Autores e ideias formadores de identidades acadêmicas e intelectuais de Arnaldo


V. Carvalho

> Wilhelm Reich, Teóricos do Pensamento Tradicional Oriental, Michel Odent, Therese Bertherart,
Gaiarsa, Rudolf Steiner (Waldorf)

Minhas Ideias centrais, temas de estudo, interesse e bandeiras em torno do tema educação
- Multisseriação é preferível (de Laura Ingalls a Montessori)
- Sistemas de equipes pequenas (escotismo, grupos de trabalho, laboratório brigada, pedagogia por
projetos)
- Contato com a natureza
- Pensamento sustentável
- Envolvimento da família (a família se matricula?)
- Educação democrática (Neill, Ponte, Schumacher, etc).
- Educação não-diretiva (Neill)
- Inteligência(s), aprendizagem multissensorial, embodied conscience e temas afins
- Identificação e incentivo à talentos (inclui o estudo das Altas Habilidades / Superdotação)
- Utilização de novas tecnologias
- Educação não escolar

Autores de maior interesse:


Edward Thompson, Christopher Hill, Perry Anderson, Jean Piaget, Freud, Carl Rogers, Eclea Bosi,
Alfredo Bosi, A. S. Neill, Umberto Eco, Montessori, Marx, Pistrak, Malinowski, Rubem Alves,
Emília Ferrero, José Pacheco, Wilhelm Reich, João Batista Freire, Vítor da Fonseca.

Escolas que me inspiram:


Summerhill, Escola da Ponte, Schumacher School

Disciplinas e campos de conhecimento de maior interesse:


- História, psicologia, didática, neuroeducação, movimento e expressão corporal, tecnologia,
aprender brincando (ludodidática)

Meu tema no TCC:


- Shiatsu e Escola Básica: Diálogos Pedagógicos

Foram possíveis objetos de estudo do trabalho de conclusão de curso – O leque irrealizado de


possibilidades:

- Perfil de saúde do aluno e professor Iserj;


- Sistema de discipulato na educação contemporânea: possibilidades
- Consciência postural para crianças
- Escolas de pequenos espaços são viáveis?
- Saúde e educação (perfil de saúde de alunos e professores Iserj)
- Summerhill e a Educação Não-Diretiva: revisão de resultados.
- Questionando o sistema de seriação / faixa etária
- Jogos não eletrônicos como instrumento pedagógico
- Pistrak e os autores leninistas da educação
- Autodidatismo x Escola

- HQs como ferramenta de intermediação na aquisição da linguagem escrita.


- Jogos de representação em aulas transdisciplinares ou específicas

- Multisseriação: desespero do professor atual x sistema naturalmente superior

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