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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CAMPINAS
2016
MARA SUZANY ROMANO BÉRGAMO
CAMPINAS
2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
COMISSÃO JULGADORA:
A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica
do aluno.
2016
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Educação
Rosemary Passos - CRB 8/5751
Para expressar meus sinceros agradecimentos, cito José Saramago que expressa
muito bem meus sentimentos quando diz que “há esperanças que é loucura ter. Pois eu
digo que se não fossem essas já teria eu desistido da vida”.
Assim, agradeço a DEUS pela vida e pela oportunidade de estar onde estou e ser
quem sou.
Agradeço ao Professor Dr. CESAR NUNES que me abriu as janelas para o
mundo.
Agradeço aos meus filhos, Jonata e Jorge Neto, pelo carinho e compreensão nas
ausências dos difíceis momentos da conciliação entre os estudos e o trabalho.
RESUMO
A pesquisa empreende uma análise das condições estruturais dos pequenos municípios
brasileiros, analisando o pacto federativo no Brasil e a organização política e
administrativa municipal, no campo da Educação. Estabelece um referencial teórico para
a análise das transformações ocorridas no âmbito da gestão pública, contextualizando a
gestão educacional municipal, a identidade dos Dirigentes Municipais de Educação, como
agentes políticos e responsáveis diretos na efetivação do ensino de qualidade, capaz de
garantir o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho”, como determina nossa Constituição Federal. O campo
investigado circunscreve-se aos municípios da região da Amvapa (Associação dos
Municípios do Vale do Paranapanema), configurado no perfil padronizado do pequeno
município brasileiro, marcado por um baixo IDH e uma gestão pública considerada
retrógrada. A gestão da educação municipal ocupa lugar de destaque no cenário
educacional, uma vez que os municípios são responsáveis pela base da educação no país,
decorrente da recente ordenação legal e política sobre esse serviço público e direito
subjetivo e social. O Plano Nacional da Educação (PNE), homologado como Lei
13.005/2014, traz o desafio de estabelecer novas possibilidades políticas e
administrativas, através da proposição legal de efetivação de um regime de colaboração
entre os entes federados que garanta as condições econômicas para o cumprimento das
metas educacionais. Apresenta possibilidades de superação dos condicionantes históricos
e das premissas filosóficas autoritárias na gestão e reconhecimento da Educação.
1. INTRODUÇÃO
1
A Oficina Municipal é uma Escola de Cidadania e Gestão Pública que realiza atividades de formação
humana e capacitação técnica voltadas às pessoas que se dedicam à gestão de políticas públicas municipais. Numa
aliança estratégica com a Fundação Konrad Adenauer, tem como objetivo de fundo promover a Democracia e a
Justiça no contexto do Estado de Direito.
2
Criada especificamente para estruturar e implementar os investimentos sociais do Itaú, a Fundação
Itaú Social, com atuação em todo o território brasileiro, tem como foco o apoio, elaboração e fortalecimento de
programas que visam o progresso das políticas públicas de educação, a potencialização do engajamento de seus
colaboradores – e da sociedade em geral – por meio da cultura de voluntariado, e a avaliação sistematizada de
projetos sociais. Assim, vem formulando, implantando e disseminando metodologias voltadas à melhoria de
políticas públicas na área educacional, sempre em conjunto com governos, empresas e organizações não-
governamentais.
3
É um consorcio intermunicipal denominado Associação dos Municípios do Vale do Paranapanema
11
4
O programa tem como foco a formação continuada dos gestores municipais para uma gestão mais
efetiva na promoção da qualidade da educação. A metodologia utilizada prevê que, ao longo de dois anos, os
gestores sejam preparados para fazer um diagnóstico da situação local a partir da análise de indicadores sociais,
com o objetivo de desenvolver e implementar Planos Municipais de Educação (PME)
12
Sob um primeiro olhar, pode parecer que os municípios fiquem com uma pequena
parcela da responsabilidade da qualidade em educação, o que de fato não é verdade. Podemos
afirmar que a qualidade da educação e o futuro científico do país passa pelos municípios,
quando consideramos que a LDB atribui ao município a responsabilidade com a Educação
Infantil e que, após o processo de municipalização, esses entes jurídicos são responsáveis pelos
anos iniciais do Ensino Fundamental, períodos escolares que constroem o alicerce da
capacidade cognitiva, definindo a capacidade de aprendizagens futuras.
No terceiro capítulo abordamos a participação social como condição de políticas mais
eficazes, sendo considerada as diversas vozes da sociedade, através das representações e dos
movimentos organizados, envolvidos no processo de elaboração, implementação e avaliação
das políticas públicas educacionais.
Destacamos a realização da CONAE (2010) como marco histórico da participação
social, e a produção participativa do Plano Nacional de Educação como uma agenda construída
coletivamente, que merece todo empenho da sociedade no processo de avaliação da
implementação que ocorrerá pela efetivação de suas metas, através de estratégias previstas. O
PNE apresenta 14 artigos, 20 metas e 254 estratégias como caminhos possíveis para a
estruturação e desencadeamento das mudanças esperadas e das soluções para os problemas no
cenário educacional, gerando as contradições até aqui aventadas e outras que não serão tratadas
neste texto.
Para cumprir seu papel, nesse cenário de mudanças, o município precisa, entre muitas
outras coisas, assumir uma política educacional que contribua com a formação de profissionais
instrumentalizados com os novos conhecimentos sobre a complexidade das ações que se exige
no ato de ensinar. Entretanto, isso depende da ideologia e da compreensão dos agentes políticos
sobre a educação, sobre a importância atribuída no plano de governo às ações educacionais, ao
planejamento financeiro, entre outros fatores. A frágil formação dos gestores políticos
educacionais das redes municipais contribui para a estagnação dos trabalhos pedagógicos e
administrativos. Falsarella e Carvalho (2009) afirmam que, através de estudos recentes sobre
gestão pública, sabe-se que a cultura política dominante nas regiões afeta fortemente o
desempenho em educação, quando consideram que a: “(...) Cultura Política é formada pelo
conjunto de valores, atitudes, crenças e sentimentos partilhados pelos sujeitos que interagem
em dada situação e, mediada pela avaliação subjetiva desses sujeitos, dá sentido e significado
às decisões tomadas”.
13
Esta visão ampla de uma educação capaz de atribuir elementos inovadores a uma
geração, criando instrumentos para romper com a inércia de uma história, na qual poucos
15
privilegiados tinham condições intelectuais para viver plenamente seus direitos de cidadãos
livres e capazes de colaborar intencionalmente para uma melhoria significativa na qualidade de
vida, deve se aliar a visão de que o município é o locus, no qual as relações sociais se
estabelecem e a educação escolar acontece dentro de um vínculo estreito com a cultura e os
costumes da comunidade a que o aluno pertence.
Considerar o contexto socioeconômico e cultural no qual a educação escolar acontece
é essencial para a proposição de ações, seja no âmbito político ou pedagógico, adequadas à
realidade do aluno, porém, com perspectivas de ampliações que ofereçam condições de
mudanças à altura das expectativas das suas necessidades, assim, refletindo na sua consciência,
para que este estabeleça relações sociais profícuas na dinâmica das inovações históricas. Para
Marx (1973, p.37) “(...) não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a
consciência”.
Nesse sentido, a educação escolar precisa contribuir para que a qualidade de vida
almejada proporcione uma melhoria em todas as dimensões da vida humana, não focando
apenas o econômico. Para acompanhar todas as propostas de mudanças na educação, seja para
atender as políticas públicas educacionais nacionais ou para as normas ditadas pelo mercado,
é preciso que o os agentes políticos envolvidos neste processo estejam sempre em atualização,
quanto às novas idéias que surgem no cenário educacional, exigindo um trabalho cada vez mais
complexo nos campos políticos e técnicos da sua área.
O êxito deste trabalho implica diretamente nas dimensões financeiras dos municípios
e, fundamentalmente, na formação dos recursos humanos, capazes de interferir nas estruturas
pouco inovadoras dos pequenos municípios brasileiros. Neste aspecto, há dois requisitos
fundamentais a serem analisados: a capacidade financeira e a capacidade técnica administrativa
destes municípios.
Pouco se sabe sobre os primeiros habitantes dessa região que, ocupada pelos índios da
tribo tupi-guarani e dos caiuás, foi aos poucos sendo explorada como conseqüência dos
movimentos das bandeiras paulistas em direção ao sul do país que, segundo Paim (2012),
tinham como objetivo a conquista do Paraguai. Quando em sua tradução da obra de Afonso
16
D’Escragnolle Taunay, descreve a utilização dos rios Tietê e Paranapanema como meio para
as disputas políticas da época:
Começa assim os primeiros contatos da região com a civilização branca, que por volta
do ano de 1.600, chegava para dominar essas terras, iniciando uma história de colonização e
crueldade. O primeiro município da Amvapa que começa a construir sua história foi Águas de
Santa Bárbara, em 1858, seguido de Piraju e Avaré, cujo início está nos marcos de 1860 e 1861,
respectivamente. Tais marcos são obtidos por dados do IBGE5, que são referentes à sua
organização política, porém, sabemos através de relatos informais dos mais velhos, que seu
início data de bem mais longo tempo passado. A região foi colonizada por europeus, quase na
sua totalidade italianos, que chegaram para trabalhar nas lavouras de café no final do século
XIX e início do século XX, aos poucos foram conquistando independência, ganhando suas
terras e formando novos povoados nos quais hoje se encontram nossos municípios. Essa
herança histórica e cultural das colônias italianas, centradas na figura masculina, ainda
permanece viva em cada município da região.
A região se organizou recentemente, através de consórcio intermunicipal6,
denominado Amvapa, formado por dezenove municípios localizados no Vale do Alto
5
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.
6
Consórcios intermunicipais são parcerias entre municípios para a realização de ações conjuntas
incrementando a qualidade dos serviços públicos prestados à população. Surgiram como forma de superar a
atomização de municípios e recobrar escalas produtiva e financeiras adequadas. Destacam-se os consórcios
intermunicipais em ações de saneamento, instalação de infra-estrutura de energia elétrica, construção de estradas
e atividades relacionadas à promoção de saúde pública. Disponível em <http://www.brasil-economia-
governo.org.br>
17
Paranapanema, ocupando uma área territorial de 10.389,58 Km2, somando uma população de
322.777 habitantes, de acordo com dados do IBGE. Localiza-se na região sudoeste do estado
de São Paulo e compõe-se pelos municípios de Águas de Santa Bárbara, Avaré, Angatuba,
Barão de Antonina, Coronel Macedo, Cerqueira Cesar, Fartura, Iaras, Itaberá, Itaí, Itaporanga,
Manduri, Paranapanema, Piraju, Riversul, Sarutaiá, Taguaí, Taquarituba e Tejupá.
No ano de 2011, a soma do PIB dos municípios foi de 3.978,05 bilhões. A média do
seu PIB per capita é de R$ 18.914,45. Configura-se como a segunda maior região geográfica
do estado de São Paulo que ostenta uma concentração de renda para poucos. Os municípios
apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), sendo a primeira região
do Vale do Ribeira.
Os municípios da região da Amvapa estão situados a sudoeste do estado de São Paulo,
representados pela cor cinza no mapa abaixo, definido por regiões do estado:
18
Fonte: Amvapa
Esses municípios configuram, nesta pesquisa, um recorte dos mais de 5 mil municípios
brasileiros, dos quais, segundo Pissaia (2001) 70,7%, são considerados de pequeno porte. O
estado de São Paulo conta com 645 municípios, dos quais 61% podem ser chamados de
municípios de pequeno porte, e conforme dados da Fundação Seade 7(2013), soma uma
população de 42.304.694 habitantes.
Para melhor compreensão e delineamento do perfil e identidade sócio-econômica dos
municípios que integram esta microrregião administrativa apresentaremos alguns dados que
7
O Seade, é uma fundação vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo,
centro de referência nacional na produção e disseminação de análises e estatísticas socioeconômicas e
demográficas. Realiza pesquisas diretas e levantamentos de informações produzidas por outras fontes, compondo
um amplo acervo, disponibilizado gratuitamente, que permite a caracterização de diferentes aspectos da realidade
socioeconômica do estado, de suas regiões e municípios e de sua evolução histórica. Disponível em
<http://www.sead.gov.br>
19
retratam seu perfil. Segue agora um quadro que busca expor os dados gerais dos municípios
que compõem a região da Amvapa:
PIB PIB
Municípios População População Área em Grau de (em milhões per capita (Em
2010 Estimada Km2 urbanização de reais reais
2013 2014 2010 correntes) correntes)
2011 2011
Totais do 42.304.64 248.223,21 95,94 1.349.465,14 32.454,91
estado de São
Paulo
Angatuba 22.883 1.207,98 71,83 562,01 25.073,97
Ág.StªBarb. 5.700 404,94 76,05 140,32 24.915,25
Avaré 84.372 1.213,06 95,73 1.352.20 16.218,70
Bar.Antonina 3.193 153,14 61,39 46,43 14.717,86
Cerq. Cesar 18.034 404,94 89,64 140,32 24.915,25
Cel.Macedo 4.939 303,93 77,29 89,12 17.881,17
Fartura 15.404 429,17 79,89 224,86 14.652,56
Iaras 6.507 401,31 44,50 105,24 16.459,21
Itaberá 17.754 1.110,50 67,97 310,14 17.395,06
Itaí 24.741 1.082,78 78,53 484,70 20.001,78
Itaporanga 14.579 507,71 75,83 165,86 11.392,92
Manduri 9.161 229,05 86.50 113,69 12.571,12
Paranapanema 18.430 1.018,72 81,83 404,81 22,490,96
Piraju 28.528 504,50 89.92 452,02 15.866,46
Riversul 6.003 386,20 72,89 58,01 9.486,89
Sarutaiá 3.626 141,61 81,65 43,75 12.072,74
Taguaí 11.582 145,33 71,64 204,36 18.492,11
Taquarituba 22.584 448,43 87,83 356,51 15.924,93
Tejupá 4.757 296,28 64,89 75,90 15.828,19
Total região 322.777 10.389,58 75,78/ média 3.978,05 14.611,89
Fonte: Fundação SEADE / Oficina Municipal
Dos dezenove municípios, apenas Avaré apresenta uma população maior, sendo
84.372 habitantes, seguido de Piraju com 28.558 habitantes, Itaí com 24.741 habitantes,
Angatuba com 22.883 e Taquarituba com 22.584 habitantes. A soma da população desta região
representa uma pequena parcela perante o estado, sendo menos de 1% da população do estado
de São Paulo, ocupando pouco mais de 3% da área do estado, com uma média de urbanização
de 75,78, sendo Avaré o município com maior grau de urbanização 95,73, seguido por Piraju
com 89,92 e Cerqueira Cesar com 89,64.
Segundo dados do PNUD8 o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal)
do Brasil no ano de 2010 é de 0,730. O estado de São Paulo configura-se no segundo lugar do
8
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a rede de desenvolvimento global
da Organização das Nações Unidas. O PNUD faz parcerias com pessoas em todas as instâncias da sociedade para
ajudar na construção de nações que possam resistir a crises, sustentando e conduzindo um crescimento capaz de
20
país com 0,783, estando depois do Distrito Federal. Nesse contexto dos dezessetes municípios
da região da Amvapa, onze deles estão abaixo do Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) do Brasil (0,730) e todos abaixo dos Índices de Desenvolvimento Humano
Municipal do estado de São Paulo (0,783)
melhorar a qualidade de vida para todos. Presente em mais de 170 países e territórios, o PNUD oferece uma
perspectiva global aliada à visão local do desenvolvimento humano para contribuir com o empoderamento de vidas
e com a construção de nações mais fortes e resilientes. Disponível em <http://pnud.org.br>
21
básicas dos seres humanos estão vinculadas ao poder do capital e do dinheiro, resultado das
relações de trabalho e da luta pela sobrevivência nas sociedades capitalistas contemporâneas.
bandeira nova contra as mazelas do capitalismo, mas contribuirmos através das mesmas
ideologias já conhecidas da filosofia, para gerar possibilidades de olhar cada realidade. Com
esse objetivo, passamos a analisar o desenvolvimento humano, no recorte geográfico que
delimitamos para pesquisa, baseados nos estudos da Fundação Seade, sobre a realidade do
estado de São Paulo, para subsidiar o poder público com dados precisos e confiáveis para
elaboração de políticas públicas específicas diante de cada necessidade local e regional, como
o IPRS (Indice Paulista de Responsabilidade Social) e IPVS (Indice Paulista de
Vulnerabilidade Social)
O IPRS e o IPVS são dois índices importantes quando nos referimos ao perfil de
município, uma vez que, de acordo com a fundação Seade, são ferramentas para os agentes
públicos municipais que auxiliam na formulação e na implementação de políticas públicas
municipais, coerentes com a realidade de uma população específica, o que oportuniza ações
específicas, em locais estratégicos, sem generalizar as políticas para toda a populção do
município. Segundo a Fundação Seade, o IPRS é
9
setor é a menor unidade territorial, formada por área contínua, integralmente contida em área urbana ou rural,
com dimensão adequada à realização da coleta de dados por um pesquisador que vai a campo por ocasião do censo. O
setor constitui um conjunto de quadras, no caso de área urbana, ou uma área do município, no caso de uma área não
urbanizada. Disponível em <http://gestaocompartilhada.pbh.gov.br>
23
sob três pilares: saúde, educação e renda que, de acordo com o PNUD, são mensurados da
seguinte forma:
Quadro I
Grupos Descrição
Grupo 1 – Engloba os setores censitários em melhor situação socioeconômica (muito alta),
Nenhuma com os responsáveis pelo domicílio possuindo os mais elevados níveis de renda e
Vulnerabilidade escolaridade. Apesar de o estágio das famílias no ciclo de vida não ser um definidor
do grupo, seus responsáveis tendem a ser mais velhos, com menor presença de
crianças pequenas e de moradores nos domicílios, quando comparados com o
conjunto do Estado de São Paulo.
Grupo 2 – Abrange os setores censitários que se classificam em segundo lugar, no Estado, em
Vulnerabilidade termos da dimensão socioeconômica (média ou alta). Nessas áreas concentram-se,
Muito Baixa: em média, as famílias mais velhas
Grupo 3 – Formado pelos setores censitários que se classificam nos níveis altos ou médios da
Vulnerabilidade dimensão socioeconômica e seu perfil demográfico caracteriza-se pela
Baixa predominância de famílias jovens e adultos.
Grupo 6 – O segundo dos dois piores grupos em termos da dimensão socioeconômica (baixa),
Vulnerabilidade com grande concentração de famílias jovens. A combinação entre chefes jovens,
Muito Alta com baixos níveis de renda e de escolaridade e presença significativa de crianças
pequenas permite inferir ser este o grupo de maior vulnerabilidade à pobreza
Disponível em <http:/seade.gov.br>
Quadro II
Índice Paulista de Vulnerabilidade Social - IPVS
Grupo Dimensões IPVS
Sócio- Ciclo de Vida Familiar
econômica
1 Muito Alta Famílias Jovens, Adultas ou Nenhuma Vulnerabilidade
Idosas
2 Média ou Alta Famílias Idosas Vulnerabilidade Muito Baixa
3 Alta e Média Famílias Jovens e Adultas Vulnerabilidade Baixa
Famílias Adultas
4 Média Famílias Jovens Vulnerabilidade Média
5 Baixa Famílias Adultas idosas Vulnerabilidade Alta
6 Baixa Famílias Jovens Vulnerabilidade Muito Alta
Disponível em <http:/seade.gov.br>
De acordo com os conceitos formulados pela Fundação Seade sobre o Índice Paulista
de Vulnerabilidade Social (IPVS), podemos dimensionar os municípios da região da Amvapa
25
quanto à situação de pobreza, uma vez que esses municípios são considerados pobres em
relação aos índices gerais estaduais. O diferencial de analisar um município ou região pelo IPRS
ou IPVS, é que esses índices não os classificam em rankings, mas possibilita-se uma
mensuração da qualidade de vida da população considerando outras variáveis, que não seja
somente a questão da renda, evidenciando o processo de desenvolvimento dos municípios,
considerando parâmetros importantes, como a questão da escolaridade, que é o foco do nosso
trabalho.
Para Ferreira, Dini e Ferreira apud Katzman (2006, p. 7) “(...) a vulnerabilidade de
um indivíduo, família ou grupos sociais refere-se a sua maior ou menor capacidade de
controlar as forças que afetam seu bem-estar, isto é, a posse ou o controle dos recursos
requeridos (ativos) para o aproveitamento das oportunidades propiciadas pelo Estado,
mercado ou sociedade”. Para os autores (2006), as diferentes condições de saúde e o grau de
instruções das pessoas lhes colocam em diferentes situações para sair da linha da pobreza.
Nesse sentido, colocamos o desafio do desenvolvimento de uma região em
consonância com as condições educacionais por ela oferecidas. Para Piaget (1973, p. 39) a
educação é “condição formadora necessária ao próprio desenvolvimento natural”. Quanto
maiores forem as condições intelectuais da pessoa, maiores serão suas oportunidades de
mobilidade social e de qualidade de vida, dentro desta dinâmica das relações entre indivíduo
e trabalho em tempos de mudanças aceleradas e instáveis. De acordo com Gamboa (2009, pág.
79) “(...) nesse universo de contradições a educação parece sobreviver às quedas e às
destruições, entretanto é pressionada a assumir novos papéis.”.
O processo de escolarização se coloca como instrumento para sustentar as outras
dimensões de um processo de desenvolvimento. Olhar esses municípios sob a ótica das
oportunidades conquistadas por investimentos na educação, torna-se o desafio deste trabalho,
no sentido de evidenciar a importância desta política pública, inserindo-a nas pautas dos
interesses do próprio consórcio intermunicipal, quando reúne os prefeitos e autoridades
políticas da região, do estado e até mesmo de nível federal, para socializar os problemas, discutir
possíveis soluções.
As notícias, divulgadas pela mídia regional, demonstram que as pautas de tais reuniões
estão sempre elaboradas sobre as questões do que falta, e de quais contatos políticos poderão
fazer a diferença, colaborando nas ações pontuais para os problemas já instalados, sempre
relacionados às questões de infra-estrutura. Nada se fala sobre a realidade sócio-econômica da
região, a não ser de maneira genérica, enfatizando as dificuldades das prefeituras para executar
26
Creche Pre Escola Anos Iniciais Anos finais Ens. Médio EJA Ed. Especial
CIDADES 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 Totais
ANGATUBA 312 617 1.645 1.473 880 232 96 5.255
ÁGUAS DE STA BARBARA
155 157 423 337 240 100 0 1.412
AVARÉ 1.850 2.142 6.033 5.330 3.769 1.170 216 20.510
BARÃO DE ANTONINA 44 90 227 212 159 5 0 737
CERQUEIRA CESAR 404 467 1.283 1.472 1.012 108 92 4.838
CORONEL MACEDO 97 112 309 337 337 23 0 1.215
FARTURA 368 461 1.094 1.100 655 5 113 3.796
IARAS 129 163 465 601 393 207 0 1.958
ITABERÁ 247 407 1.195 1.215 872 129 44 4.109
ITAÍ 277 613 1.699 1.575 854 463 0 5.481
ITAPORANGA 260 420 1.089 1.034 578 34 49 3.464
MANDURI 106 227 597 487 310 75 0 1.802
PARANAPANEMA 375 458 1.382 1.290 834 100 56 4.495
PIRAJU 826 715 1.820 1.852 1.314 114 121 6.762
RIVERSUL 81 142 426 386 273 0 39 1.347
SARUTAIÁ 94 82 286 216 159 0 0 837
TAGUAÍ 516 349 784 677 407 51 0 2.784
TAQUARITUBA 718 583 1.459 1.551 1.247 196 111 5.865
TEJUPÁ 152 179 421 393 214 0 0 1.359
TOTAL 7.011 8.384 22.637 21.538 14.507 3.012 937 78.026
Deste total 37.432 alunos estão matriculados nas redes municipais de ensino, sendo
15.395 (19,88%) da Educação Infantil e 22.037 (28,46%) dos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Dentre os municípios que compõem a Amvapa, somente 04 deles são
responsáveis pelos anos finais do Ensino Fundamental sendo Angatuba, Iaras, Paranapanema,
e Tejupá, lembrando que no município de Tejupá somente 01 escola que atende os anos finais
do Ensino Fundamental encontra-se sob responsabilidade do município, contando em 2013 com
92 alunos matriculados nesta etapa da Educação Básica. O Ensino Médio conta com 14.507
28
as redes estaduais que atendem os anos finais, que também se apresentam abaixo da média do
estado. Destacam-se nesse cenário os municípios de Angatuba, Fartura e Taguaí nos anos
iniciais do ensino fundamental.
A B C D E F
Município
ANGATUBA 58.000.000,00 18.422.710,,86 33 6,59 26,77 777
ÁGUAS DE STA BARBARA 15.297.582,42 6.697.311,02 35 28,18 27,63 311
AVARÉ 288.000.000.,00 65.423.828,08 32 23,76 16,07 2.635
BARÃO DE ANTONINA 12.722.980,41 2.761.107,20 22 4,11 51,38 219
CERQUEIRA CESAR 52.810.180,00 13.555.560,40 25 22,36 24,27 670
CORONEL MACEDO 15.769.000,00 3.643.564,19 20% 12,75 44,90 316
FARTURA 45.880.000,00 9.291.131,96 N/C 8,21 31,66 470
IARAS 18.905.600,00 15.555.498,18 44 13,04 38,86 290
ITABERÁ 41.230.600,00 11.375.651,69 23 9,37 35,83 530
ITAÍ 69.983.135,00 16.858.910.08 26 21,82 26,40 2.950
ITAPORANGA 28.000.000,00 9.302.801,84 27 12,56 37,03 600
MANDURI 19.455.000,00 4.758.295,13 27 13,26 36,21 279
PARANAPANEMA 64.425.927,00 19.412.475,62 N/C 14,02 22,47 952
PIRAJU 65.934.000,00 19.501.566,54 32 14,07 22,64 1.077
RIVERSUL 27.501.380,00 3.922.830,70 31 4,23 45,18 284
SARUTAIÁ 12.835,700,00 2.829.574,89 N/C N/C N/C 239
TAGUAÍ 27.525.000,00 10.151.614,78 36 7,67 40,74 419
TAQUARITUBA 56.507.738,48 15.555.498,18 N/C 18,75 26,28 657
TEJUPÁ 15.186.000,00 4.984.615,87 30 6,24 41,89 328
635.134.123,31 218.722.926,27
http://pne.mec.gov.br/construindo-as-metas
públicas, e nenhum deles mencionou como importante para o cargo os conhecimentos sobre a
gestão financeira e os conceitos de organização do Estado, ou mesmo o papel social da
educação. Todas as preocupações estão relacionadas às dimensões pedagógicas do processo
ensino-aprendizagem.
Quando questionados sobre qual atividade mais ocupa seu tempo, a resposta foi
referente às atividades relacionadas ao atendimento a pais, professores, funcionários e alunos,
seguida das reuniões e atividades burocráticas. Nenhum deles demonstrou conhecimento pleno
sobre os recursos recebidos pela educação do município e ainda afirmaram não conhecer o
conteúdo dos documentos que assinavam. Demonstraram saber apenas o trivial, como os
percentuais dos recursos próprios e os repasses do Fundeb.
Todos afirmaram não possuírem nenhum tipo de planejamento para as atividades da
secretaria de educação, fator que se agrava pela falta de pessoal técnico para exercê-las. Não
apresentaram conhecimento quanto a convênios, obras, licitações. Alguns demonstraram
conhecimento sobre os processos relacionados aos Recursos Humanos. Quando questionados
sobre o apoio dos prefeitos aos trabalhos da secretaria, foi unânime o desabafo que a educação
não é prioridade para as atuais administrações dos municípios presentes. Quanto ao
relacionamento com demais setores da prefeitura, a maior reclamação foi sobre a área de
contabilidade e finanças, pela ingerência nos trabalhos da secretaria.
Nas atividades sobre as condições psicológicas dos participantes, fica muito evidente
o despreparo para exercer essa importante função. Palavras como medo, agonia, ansiedade,
insegurança, foram repetidas incessantemente. A necessidade de uma assessoria externa foi
unanimidade para as ações cotidianas das secretarias de educação.
De acordo com o INEP (2012) ocupa a 58º colocação entre os 65 países comparados
pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA)10, fato que contribui para a
sua 85ª posição no ranking mundial do Índice de Desenvolvido Humano (IDH), que em 2012
registrou o índice 0,730, ainda entre os países que apresentam status de IDH alto, apresenta
uma das maiores desigualdade na distribuição de rendas.
O foco deste trabalho são as questões educacionais, porém, não nos é possível abordar
questões sobre qualidade de educação desvinculada de questões econômicas e em especial de
qualidade de vida, que reflete no desenvolvimento humano. Segundo o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o conceito de desenvolvimento humano implica na
capacidade de escolhas das pessoas que lhes dê oportunidades e capacidades para serem aquilo
que quiserem ser. Nesse sentido a renda passa a ser um meio e não um fim, mudando o foco
do econômico para o humano.
Na perspectiva da associação entre educação e desenvolvimento socioeconômico,
analisamos fatores como a média de anos de escolaridade, expectativa de escolaridade e
índices de evasão escolar no ensino fundamental, que possuem papel determinante na melhoria
das condições de vida e assim melhores posições nos rankings mundiais. Num recorte
geográfico comparamos dados da média de anos de escolaridade no Brasil em relação aos
países da América do Sul que, conforme quadro abaixo, demonstram que Brasil e Suriname
dividem a última colocação.
Quadro comparativo da média de anos de escolaridade, expectativa de anos de
escolaridade e Evasão Escolar, dos países da América latina
10
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (em inglês: Programme for International Student
Assessment - PISA), é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e
repetido a cada três anos. É coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
com vista a melhorar as políticas e resultados educacionais. Disponível em <http://www. wikipedia.org.>
34
Refletir sobre como nós professores estamos, entre a instrução e a ignorância, com
relação aos rumos da educação brasileira, se apresenta como um bom início para analisarmos
qualquer situação relativa a esta área. Talvez nos aventurarmos pela caverna que nos
encontramos e em seus arredores, possamos sair desta inércia e nos colocar nos primeiros
passos para conhecermos o que há além das sombras que vemos.
Buscar um conhecimento que esteja além da políticas públicas baseadas na
“culpabilização”, frutos de pesquisas que conforme estudos de BALL (2011, p. 36)
37
Uma das condições que vivenciamos que podemos denominar como “Sombra”, seria
a situação pedagógica que se define como única e definitiva causa do sucesso ou insucesso da
educação. Assim, os únicos responsáveis pela qualidade da educação passam a ser os
profissionais da educação envolvidos no processo educacional. De acordo com o artigo 61 da
Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, os profissionais da educação são os professores e os
especialistas na função de Diretor, Coordenador, Supervisor. Os demais profissionais
envolvidos no processo educacional, não são contemplados com essa nomenclatura pela atual
Lei de Diretrizes Bases, causando uma ruptura e um paradoxo, pois, todos são responsabilizados
em maior ou menor grau pela hierarquia das funções, formando o todo orgânico que representa
o sistema. Pensar sobre onde está esse muro, quem são esses homens e quais são os objetos que
conhecemos apenas suas sombras, nos leva a caminharmos por um caminho já muito trilhado
por tais profissionais, porém pouco observado. Nos convida a sairmos do nosso “mundo
maravilhoso do pedagógico”, que nos entorpece com os temas sobre avaliação, currículo,
expectativas de aprendizagem, dificuldades de aprendizagens, patologias, atendimentos
especializados entre tantos outros, para o cenário da política!
Não desmerecemos aqui a importância destes conceitos, que são determinantes para
um bom trabalho do professor, mas estão imersos num universo maior. Quanto mais essas
questões são colocadas como o centro do processo educacional, mais nos afastamos de uma
reflexão que contribua para uma ação e reação condigna à estrutura que nos estabelece
professores. E assim, pelo caminho e pela analogia, chegamos a um terreno um tanto quanto
estranho aos olhos de um professor, nos defrontamos com as questões políticas e econômicas
que subjazem ao sistema educacional. Passamos a nos preocupar com quem são os principais
agentes políticos envolvidos no processo educacional que, nos dias atuais, sob a denominação
de “Gestores”, conduzem os rumos e as perspectivas de um processo de transformação muito
discutido.
Nesse sentido nossas observações estão voltadas para um sistema político, que dita as
regras do jogo que jogamos no dia a dia, no exercício da profissão de professor, que acredita
lutar por uma liberdade de pensamento, pela igualdade de oportunidades e direitos. Assim nos
38
por esta situação: o professor, como responsável pelo aluno, ou os responsáveis pela atual
conjuntura política e econômica do país?
40
O capítulo que iniciamos tem como objetivo reunir elementos sobre a gestão pública,
como um caminho na compreensão da gestão municipal brasileira, em especial nos
municípios de pequeno porte, suas contradições e perspectivas, contribuindo para produzir
uma identificação filosófica e política para a gestão municipal em tempos atuais.
(...) a idéia da educação para o desenvolvimento local, que está diretamente vinculada
à necessidade de se formar pessoas que amanhã possam participar de forma ativa das
iniciativas capazes de transformar o seu entorno, de gerar dinâmicas construtivas (...)
Para termos cidadania ativa, temos de ter uma cidadania informada. Isto começa cedo.
A educação não deve servir apenas como trampolim para uma pessoa escapar da sua
região: deve dar-lhes os conhecimentos necessários para ajudar a transformá-la.
(PADILHA, apud DAWBOR, 2006, p. 1-2)
Stoco (2012) colabora com esta discussão quando explora as questões das pesquisas e
de suas metodologias no processo de estratificação social para formulação das políticas públicas
educacionais. Segundo Stoco (2012) afirmar que a pobreza é um fenômeno social, é ultrajante
para os discursos políticos, pois afirma que todo o processo de transformação do meio pela
produção de riquezas, não atendeu às necessidades básicas de vida digna para todos, somente
reforçou uma complexa organização social.
Em outros termos, tal como sustenta o paradigma do IDH, a pobreza não se resume à
carência de renda. Logo, apenas elevá-la não garante necessariamente a melhora
permanente das condições de vida de seus beneficiários. Isso não significa que
políticas redistributivas ou de transferência de renda sejam inócuas, mas que são
insuficientes para combater a pobreza. Como se pode notar, medir ou descrever a
pobreza é muito mais fácil que combatê-la. Trata-se de um problema complexo e
multifacetado, cuja erradicação não se atinge com soluções simplórias. (FERREIRA,
DINI, FERREIRA, 2006, p. 12)
42
científico de Friedmann (1987), da fisiologia social de Saint Simon (1760-1825), para discutir
a questão da educação em tempos de políticas neoliberais e seus conceitos.
determinada pela sua evolução histórica., nos coloca uma problemática no entendimento sobre
os engendramentos legais que constituem nossa educação.
Para tanto vamos discorrer sobre alguns pontos da legislação educacional, conceitos
de gestão pública e inferência do capital, que determinam a atual conjuntura política e
administrativa dos sistemas ou redes municipais de educação no Brasil.
Existe um discurso recorrente sobre os rumos da educação, onde a palavra qualidade
se torna muito utilizada, porém, pouco definida. Seu conceito se contradiz no contexto do
cenário da garantia de educação para todos, entre os ideais humanitários e os capitalistas, que
se fundem e tornam obscuros no trabalho diário, razão pela qual acabamos contribuindo para
fortalecer as relações do capital e educação. Nossa legislação educacional apresenta o termo
“igualdade de acesso”, expressos no inciso I do artigo 206 da Constituição Federal, e no inciso
I, do artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o que na prática seria
consoante ao termo “igualdade de oportunidades”, condição importante no contexto de uma
educação de qualidade para todos, que mesmo dentro de um viés neoliberal, apresenta
relevância e importância para as discussões quanto a qualidade da educação brasileira.
Esse tema “educação para todos”, tem um campo fértil nas políticas dos organismos
multilaterais envolvidos com as políticas públicas educacionais, como é o caso do Unicef no
Brasil. Cada vez mais a sociedade civil se organiza em torno destes organismos para fazer valer
os direitos constitucionais dos cidadãos. Na área educacional o enfoque tem sido para
“Educação para todos” e “educação de qualidade para todos”, temas que envolvem muitas
variáveis, também trabalhadas pelas organizações civis, como forma de pressionar as políticas
públicas referentes a educação. O Unicef empreende uma campanha nacional intitulada como
“Fora da Escola não pode, na escola sem aprender também não”.
11
É uma avaliação externa, aplicada pela Secretária da Educação do Estado de São Paulo para alunos das redes
estadual de ensino que estão matriculados nos 2º, 3º, 5º, 7º e 9º anos do Ensino Fundamental, e 3ª série do Ensino
Médio. Disponível em ,http://www.educaco.sp.gov.br)
46
O Brasil tem um processo de concentração de renda tão contundente que faz com que
10% da população – dezessete milhões de pessoas – tenham mais ou menos a metade
da renda do país e a outra metade da população – 85 milhões de pessoas tenham só
10% da renda ou mais preciso que um por cento da população, 1,7 milhões de pessoas
detenham a mesma renda que 85 milhões de pessoas. Isso é só a renda. Não há riqueza
ou patrimônio. Este país conseguiu tolerar e, de alguma forma, reconhecer como algo
aceitável, o fato que 52% das crianças de até seis anos de idade se encontrem em
condições de pobreza. Pela declaração do IBGE, 34% dos meninos e meninas brancos
e 65% das meninas e meninos negros estão em condição de pobreza. (HENRIQUES,
2005, p. 17)
(...) de atribuir aos municípios, responsabilidades para as quais não possuem atributos
de exclusividade, assim, se venha a fortalecer a perversa prática descentralizadora
deste país, por meio da qual só se transferem atribuições, deixando-se de repassar os
meios e os recursos necessários. Sem isto, os municípios jamais existirão como entes
federados.
47
Apesar deste trabalho não ter como foco as questões do financiamento da educação,
esse assunto torna-se pertinente e recorrente para uma discussão em torno de responsabilização
da gestão da educação entre os entes federados, que na visão de Davies (2012) foi fator
decisivo para a municipalização, contribuindo para colocar o município como responsável
pela base da educação nacional, sendo a educação infantil e o ensino fundamental. Para Davies
(2012, p. 145) “Tal alegação não tem fundamento legal nenhum e reflete uma opção da política
educacional de governos estaduais e do federal, não uma determinação legal”, e continua
acrescentando outra variável importante, como o financiamento:
A legislação mostra justamente o contrário. O caput e o inciso I do art. 208 da CF
estipula que o Estado (no sentido de poder público, ou seja, todas as esferas de
governo) é obrigado a garantir EF, inclusive a quem não pode frequentá-lo na idade
própria. O parágrafo 3º do art. 212, por sua vez fixa que a distribuição dos recursos
públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino
obrigatório (...) Além disso, o § 2º do art. 5º da LDB estabelece que o “Poder Público
(que abrange as três esfera de governo: União, Estados e Municípios) assegurará em
primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório (o ensino fundamental), nos termos
deste artigo, completando em seguida os demais níveis e modalidades de ensino,
conforme as prioridades constitucionais e legais”. Ou seja, primeiro Estados, DF e
Municípios devem assegurar o EF e, depois, no caso dos Municípios, a EI, no caso
dos Estados, o ensino médio. (...) Na verdade, com base no inciso II do art. 10 da
LDB, os Estados devem ser mais responsáveis pelo EF do que os Municípios, pois
prevê que eles definirão “com os Municípios, formas de colaboração na oferta do
ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das
responsabilidades, de acordo com a população atendida e os recursos financeiros
disponíveis em cada uma das esfera do poder público.” Ora os governos estaduais,
sobretudo, porque ficam com a maior fatia do maior imposto (75% do ICMS),
dispõem de muito mais recursos por aluno do que os Municípios e, por isso,
deveriam assumir uma responsabilidade maior pelo EF. Segundo balanço do Setor
Público Nacional, publicado em 2012 pela Secretaria do Tesouro Nacional
48
(BRASIL, STN, 2012), a receita líquida (ou seja, após a transferência da parcela
devida aos municípios) e de imposto de governos estaduais (23 forneceram dados)
em 2010 teria sido de cerca de R$ 282 bilhões (os dados do Distrito Federal foram
excluídos, pois o DF não tem municípios). Os municípios (4.283 forneceram dados,
dos 5.564 existentes), por sua vez, teriam tido uma receita de impostos de R$ de 182
bilhões, ou seja, 100 bilhões a menos do que a receita de impostos dos Estados (R$
282 bilhões). Já o número de matrículas municipais na educação básica em 2010
(23.722.411) foi bem maior do que as estaduais (20.031.988). Em outras palavras,
as prefeituras arrecadam bem menos impostos (R$ 100 bilhões a menos) para atender
a um número maior de matrículas (+ de 3,7 milhões) na educação básica do que os
governantes estaduais.(DAVIES ,2012, p. 146-147)
A contribuição de Davies (2012) agrega para as nossas discussões a idéia que, além
dos dispositivos legais e da tendência da descentralização dos processos burocráticos dos
estados seguidos das divisões de responsabilidades, existem as questões financeiras que tem
vínculos estreitos com as oportunidades de poder envolvidas nestes processos. Para Davies
(2012, p. 148)
12
Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental
13
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica
49
Esta estreita ligação entre a educação e economia extrapola as linhas teóricas que
contribuem para a formação do professor brasileiro, causando a situação já citada anteriormente
do desconhecimento das estruturas que engendram nossa profissão e assim comprometem nossa
postura perante as críticas que assumimos. Na maioria das vezes percebemos professores
criticando situações reproduzidas por ele mesmo, na sua prática pedagógica, quando se prende
a um mundo que reduz a sua sala de aula e as exigências do processo daquele momento, no
romantismo que contribuirá para um mundo melhor, mais justo socialmente.
Na proposta analítica de Stoco (2012) a educação é considerada como ativo que
permite o enfrentamento de vulnerabilidades sociais, como o risco à pobreza, que se transforma
em importante capital humano, social e cultural, podendo ser considerado como passivo social
refletindo negativamente na sociedade, aumentando a pobreza. Nesse sentido, estabelece uma
relação entre os ativos, capitais e estrutura de oportunidades, que só podem ser conhecidas
quando tomamos como ponto de referência o espaço social em questão.
Mesmo diante da situação antagônica proposta por Davies (2012), com relação a
interpretação da legislação quanto os devidos responsáveis pelos níveis e etapas da educação
brasileira, não seria imprudência da nossa parte, afirmar que no município está a base da
qualidade da educação nacional, justificando nossa proposta de análise da educação do macro
para o micro. Assim, facilitará um entendimento sobre os vínculos entre vulnerabilidade social
e educação, referenciados num espaço social menor, com maiores possibilidades de
intervenções significativas, levando em consideração o número de pessoas envolvidas.
De acordo com a proposta analítica de Stoco (2012) descrita acima, as desigualdades
educacionais podem ser observadas sob três eixos analíticos: o acesso à educação, as condições
extra-escolares e as condições intra-escolares.
Esses eixos, quando analisados dentro de um espaço social, trazem consigo a
necessidade de considerar, os referências teóricos sobre estado, economia e mercado, que
determinam os pontos e contrapontos da política educacional brasileira em dias atuais. Esta
questão está muito mais atrelada a esses conceitos, do que os determinados nos atos legais, os
quais se acomodam e entram numa relação de interdependência do mercado que rege a
economia, e por sua vez influenciam as políticas educacionais.
50
Este Projeto de Nação implica para a educação uma maior compreensão de todos os
envolvidos na sua efetivação, todos os desafios e perspectivas que o país enfrenta na busca por
um lugar no ranking entre os países considerados desenvolvidos para os padrões do capitalismo,
que transformam a lógica da gestão pública.
Estando a educação dentro das políticas públicas prioritárias para o desenvolvimento,
seja sob um discurso de desenvolvimento social ou do desenvolvimento econômico, está
51
intimamente ligada aos princípios de organização social, que são dependentes dos princípios de
organização do setor público. Assim todos os processos de implantação e implementação dessas
políticas devem assegurar uma compreensão desta lógica àqueles que tem como
responsabilidade sua efetivação.
Lamentavelmente, gestores e professores estamos a margem destes conhecimentos.
Uma crítica pertinente à situação é de que quanto menor for nossa compreensão sobre as
intenções do mercado no funcionamento do Estado, menor será a resistência para a efetivação
destas intenções, traduzidas em ações mascaradas por tentativas de propiciar melhorias.
E assim, o tempo trabalha em prol do capitalismo, legitimando os discursos contrários
a seus princípios, razão pela qual a educação contribui para que se perpetue as desigualdades e
injustiças sociais. Desconhecendo o terreno que atuamos, muitas vezes acabamos por consagrar
com nossas próprias mãos essas práticas que abominamos por palavras e perpetuamos por
ações.
A intenção deste trabalho, não está em desvendar as falácias filosóficas do século, mas
em nos despertar para as falácias que sustentam os discursos quanto às responsabilidades na
área educacional, bem como as exigências envolvidas nesse processo, seja na dimensão
financeira ou na dimensão intelectual.
A Constituição Federal no seu artigo 18 dispõe que “A organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” Do artigo 18 ao artigo 31 a
Constituição se refere as formas de organização de seus entes federados, que hoje somam
26 estados, 1 distrito federal e 5.570 municípios. Assim a autonomia não é poder originário
constitucional, mas prerrogativa política concedida e limitada pela Constituição da República,
criando um círculo vicioso do “jogo dos culpados”, quanto as responsabilidades por serviços
públicos essenciais como saúde e educação.
52
Ao prescrever no artigo 22, inciso XXIV, que compete à União legislar sobre as
diretrizes e bases da educação nacional; compete à União, aos estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre a educação, cultura, ensino e desporto (artigo
24, inciso IX); e que é competência proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação e à Ciência (artigo 23, inciso V), não estendeu aos municípios a competência
para legislar em matéria de educação. Portanto, não tendo autonomia para baixar
normas próprias sobre educação, os municípios estariam constitucionalmente
impedidos de instituir sistemas próprios, isto é, municipais, de educação ou de ensino.
Não obstante o texto constitucional estabelece que “a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os seus sistemas de
ensino”. (SAVIANI, 2014, p. 19)
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei”; “criar, organizar e suprimir Distritos, observada
a legislação estadual”; “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano”; “promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual” (artigos 29 e 30,
incisos I a IV, VIII e IX da Constituição da República). Disponível em
<http://www.jusbrasil.com.br>
Grifo nosso
Talvez pelos poucos anos de discussão sobre a autonomia dos entes federados no
cenário político brasileiro, essa questão ainda seja um tanto quanto relegada às margens dos
assuntos da pauta da educação brasileira. Ainda que consideremos as controvérsias já citadas
neste trabalho, quanto a interpretação dos artigos, tanto da Constituição como da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que delegam para os municípios as responsabilidades
pela Educação Infantil e pelo Ensino Fundamental, o que parece merecer atenção de todos os
interessados pelos rumos da educação brasileira é que estamos diante de um fato que se
apresenta como “pomo” da discórdia neste novo cenário de responsabilizações.
Na interpretação de Saviani (2014) a LDBEN considerou as condições dos municípios
para a efetivação dos sistemas municipais, apresentando cautela oferecendo a opção para que
integrem aos sistemas estaduais de educação.
Com certeza a LDB introduziu a possibilidade de opção à luz de duas evidencias, uma
no plano formal e outra no plano real. Do ponto de vista formal. Levou em conta a
ambigüidade da Constituição, como já se mostrou. Do ponto de vista real, considerou
as dificuldades técnicas e financeiras que muitos municípios teriam para organizar, a
curto ou mesmo a médio prazo os seus sistemas de ensino. É de notar que o
reconhecimento dessa limitação está expresso também no texto constitucional
quando, ao estabelecer no inciso VI do artigo 30 a competência inequívoca dos
municípios de manter programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental,
acrescenta que isso será feito com a cooperação técnica e financeira da União e do
estado. (SAVIANI, 2014, p. 22)
tributária não permite tratar das desigualdades regionais de forma a diminuí-las ou extingui-
las, mas sim reforçando - as cada vez mais. De acordo com a Escola de Governo14 mais de 2/3
de toda arrecadação tributária brasileira está concentrada na União Federal, cabendo aos
Estados administrarem 25,59% e aos Municípios 4,58% do total.
Assim parece-nos que o projeto da educação brasileira se encontra danificado, logo na
sua gênese, uma vez que o país vive momentos de grande euforia por uma educação que seja
condizente com seu projeto de ascensão entre os países de capitalismo desenvolvido, com isso
atingindo melhoria na qualidade de vida de seus cidadãos.
As capacidades de escolhas do ser humano para constituir sua qualidade de vida,
dependem das oportunidades que lhe são oferecidas, de acordo com as exigências de cada faixa
etária, compreendida dentro do desenvolvimento humano, com foco especial na primeira
infância. De acordo com Henriques (2005, p. 17) “em torno de 95% da capacidade de
desenvolvimento cognitivo de uma pessoa acontece entre o ventre materno e os três anos de
idade. As capacidades de aprendizagem, de socialização, afetivas são condicionadas por esse
processo”.
A Lei de Diretrizes e Bases no seu artigo 21, normatiza a composição da Educação
brasileira em Educação Básica e Educação Superior. A Educação Básica se compõe da
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. No artigo 22 estabelece que “A
educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e
em estudos posteriores.” (BRASIL, 1996).
Estabelece no seu artigo 29 a Educação Infantil como primeira etapa da educação
básica, com a finalidade do desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade. Os objetivos do Ensino Fundamental, expressos no artigo 32 da Lei de Diretrizes
e Bases são
14
Foi criada em São Paulo , em 1991, e acredita que o desenvolvimento do país só é possível na medida em
que se puder contar com governantes éticos e preparados e com cidadãos atuantes. Seus cursos se dirigem a todos
aqueles que participam direta ou indiretamente da gestão pública, isto é, os que tomam decisões e o que influenciam.
O compromisso nacional, a ética na política, o respeito aos direitos humanos e a defesa intransigente da República e da
Democracia são suas diretrizes fundamentais. Disponível em <http//:www.escoladegoverno.org.br>
55
Dada o grande desafio do papel da educação, e ainda considerando o fato que nós
educadores, somos considerados atores principais no cenário das mudanças impostas por estes
desafios, nos torna fundamental desvendarmos os fios que tecem essa teia e elucidarmos
questões inerentes a este processo que apresenta-se como um “subconsciente”, uma parte
56
importante, mas não diretamente acessível. É preciso inserir na pauta das discussões dos
educadores e políticos brasileiros as questões que, mesmo parecendo vagas e imprecisas, se
constituem como alicerce para qualquer ação que vise melhorias na qualidade da educação.
Essas questões fazem referências ao nível de compreensão dos responsáveis pela
implementação de mudanças propostas por parte de cada ente federativo, com relação às suas
atribuições e responsabilidades no contexto do todo da educação brasileira. Sempre retomamos
nas questões do gerenciamento e suas formas de organização, que nos remete aos novos
modelos de gestão pública, que abordaremos mesmo que superficialmente neste trabalho, como
parte do arcabouço do conhecimento do gestor municipal para efetivar ações de sua
responsabilidade.
No tocante às responsabilidades e a autonomia dos entes federados, é relevante
destacar que há necessidade de explorar e conhecer as fragilidades que o sistema político
nacional impõe à esta questão. Quanto a organização da educação brasileira, mesmo a lei
9394/96, delegando autonomia aos entes federativos, onde compete a cada um deles organizar
seus sistemas de ensino, determina no seu artigo 8º, parágrafo 1º que “Caberá à União a
coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias
educacionais.” (Brasil, 1996)
Neste ponto, nos deparamos mais uma vez com uma das possibilidades de organização
política do Estado brasileiro, que o artigo 23 da Constituição Federal chamou de “competências
comuns” da União dos Estados membros, do distrito Federal e dos Municípios. Cabe aqui
discutirmos até onde o município está apto a atuar nas exigências das demandas pela qualidade
da educação. Vejamos a contribuição de Magalhães e Souza (2011):
A sociedade, na sua história, constitui-se no locus da vida, das tramas sociais, dos
encontros e desencontros nas suas mais diferentes dimensões. É nesse espaço que se
inscreve a instituição escolar. O desenvolvimento da sociedade engendra movimentos
bastantes complexos. Ao traduzir-se, ao mesmo tempo, em território, em cultura, em
política, em economia, em modo de vida, em educação, em religião e outras
manifestações humanas, a sociedade, especialmente a contemporânea, insere-se
dialeticamente e movimenta-se na continuidade e descontinuidade, na universalização
e na fragmentação, no entrelaçamento e na ruptura que conformam a sua face.
(BRASIL, 2013, p. 15)
para as mudanças almejadas, acirran ainda mais as tensões sociais, culturais e políticas, sem
benefícios reais para a população menos favorecida nestes contextos.
Fica evidente que a posição do Brasil nos rankings internacionais, depende
fundamentalmente da política local, trabalhadas nos municípios brasileiros. Para tanto, se torna
imprescindível que estudos sobre os municípios, orientem as ações do governo federal,
considerando suas potencialidades e fragilidades. Um dos caminhos para o sucesso das
políticas públicas no Brasil, pode estar na inversão do macro para o micro, sem destituir os
responsáveis primeiros, os agentes políticos federais, da condição de responsáveis pelo
resultado do micro.
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1990), reforça o papel dos
municípios através da descentralização do Estado, que conforme o MARE (1995, p. 13) “busca
o fortalecimento das funções de regulação e de coordenação do Estado, particularmente no nível
federal, e a progressiva descentralização vertical, para os níveis estadual e municipal,
configurando o município como promotor e regulador de seu desenvolvimento.”
Nesse contexto a descentralização e autonomia, se apresentam como desafios no que
tange às políticas públicas municipais de educação, com perspectiva que essas sejam reflexos
positivos no todo, possibilitando que o país avance nas dimensões relacionadas as melhorias
no desenvolvimento humano com reflexos no social e econômico, formando uma teia que
entrelaça interesses a resultados e vice versa.Abrucio (2010) traduz o termo descentralização
como municipalização, muito usado hoje na educação, processo que se fortaleceu na década de
1990.
Para Ferrari (2001) a descentralização “prevê uma divisão tricotômica, isto é,
determina a existência de um terceiro nível na composição do nosso Estado Federal: a União,
ordem total; os Estados Membros, ordens regionais, e os Municípios, ordens locais".
É oportuno lembrar que a idéia de descentralização, que nos leva a refletir sobre os
conceitos de autonomia e que pressupõe autoridade e poder aos municípios, não segrega por
dimensão geográfica ou populacional. Essa situação nos convida a um olhar mais detalhado
para este país de dimensões gigantesca, onde a mídia mantém o foco nos grandes centros
urbanos, locais muito explorado por projetos sociais organizados e dirigidos pela iniciativa
privada, que sem considerar aqui suas intenções, evidenciamos a importância desta intervenção
por parte da iniciativa privada, como atores atuantes do processo de elaboração das políticas
públicas educacionais. Assim:
60
Dos 5.565 municípios brasileiros, os municípios pequenos (de até 20 mil habitantes),
mostraram-se como maioria absoluta (70,7%); os municípios com populações
inferiores a 10 mil habitantes representaram quase a metade dos municípios brasileiros
(45,7%), aqueles com população entre 5 mil a 10 mil habitantes constituíram 21,8%;
outra parte, entre 2 mil a 5 mil habitantes totalizaram 21,7% e, finalmente, os de até 2
mil habitantes, conformaram 2,2%. (PISSAIA , 2001, p. 15)
Nesse contexto Rocha (2000, p. 176) colabora para nossas reflexões quando lembra
que passamos por momento de “superação do paradoxo do poder local, que tende num primeiro
momento a fortalecer as oligarquias locais, para num segundo momento aproximar o cidadão
das decisões.” Assim Krell (2003, p. 94) alerta que a participação não pode se restringir a
legitimação de decisões já tomadas, mas “envolva a tomada de decisões e o controle e
fiscalização da execução das mesmas.” O autor ainda adverte para o desafio de alcançar uma
integração entre o saber popular e o saber técnico, alertando contra uma “mistificação do saber
popular”. “O conhecimento da população deve complementar o Know-how técnico na hora do
levantamento das verdadeiras condições sociais em que se encontram o município”.
Por outro lado, a participação, mesmo no plano local, pressupõe por parte dos agentes
envolvidos, certa capacidade de proposição em relação dos destinos daquela
sociedade, a contrapartida problemática do processo de participação em nível local é
a possibilidade de ele esgotar-se nas demandas imediatas, como asfaltamento,
iluminação, galerias de águas pluviais. São questões muito concretas, importantes
para a vida cotidiana da população, que contudo não esgotam os problemas que
cercam essa mesma vida cotidiana nem questionam seus fundamentos. (KRELL,
2003, p. 94)
Como resultado de sua pesquisa sobre o perfil dos Dirigentes Municipais do Brasil,
Jacobo (2000, p. 95) alega que os dados trabalhados deixam evidentes a falta de mecanismos
de direção centrados na gestão participativa nas políticas municipais educacionais.
formular políticas públicas voltadas a tais problemas. E nele também se concentram as pessoas
melhores preparadas para elaborar, implementar e avaliar as políticas públicas de qualquer
ordem. Assim como se concentram pessoas melhores preparadas para constituir os mecanismos
de controle social, instituídos pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (1990).
Situações complexas como essas nos levam a refletir sobre a capacidade
administrativa e financeira dos municípios, no contexto da autonomia política, que de acordo
com Peixoto (2012) compreende os poderes de auto-organização, de autogoverno e normativo.
A descentralização, evidencia a fragilidade dos municípios brasileiros no que tange a esses
poderes, e que durante o processo de municipalização das políticas públicas denuncia a situação
precária quanto a:
(...) dependência financeira ou a escassez de recursos para dar conta das demandas
dos cidadãos; baixa capacidade administrativa, o que implica dificuldade para
formular e implementar os programas governamentais, mesmo quando há dinheiro
federal ou estadual envolvido; e os males que atrapalham a democratização dos
municípios, como o clientelismo, a “prefeiturização” (isto é, o excesso de poder nas
mãos do prefeito), o pouco interesse em participar politicamente e/ou de controlar os
governantes. (ABRUCIO, p. 45, 2010)
Nos municípios de pequeno porte as ações políticas que envolvem uma sistematização
das políticas públicas, são raras ou de pouca eficiência, uma vez que se reduz aos interesses de
poucos, geralmente os evolvidos diretamente com o governo, mantendo assim o status do
“clientelismo” e da “prefeiturização”, citados por Abrucio (2010).
O “clientelismo” e a “prefeiturização”, são conseqüências de uma política que mantém
como pano de fundo uma cultura estática, perpetuadas pelas difíceis condições de acesso a
níveis de escolaridade mais elevados, o que implica diretamente num quadro de carência de
profissionais com as competências para atuar na complexidade das novas exigências diante a
globalização do mercado e da política. A descentralização chama os municípios para as
responsabilidades educacionais já citadas acima, atribuídas pela Constituição Federal e pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Nos dias atuais o processo pode ser concebido de forma inversa, sendo uma estrutura
econômica e social em processo acelerado de desenvolvimento, sob um regime representativo
que agoniza entre o peso da história, os costumes já enraizado e a necessidade de
transformações para sobrevivência no mundo globalizado. O que ainda persiste, é o
patrimonialismo, que sob nova roupagem mantém sua originalidade na administração da coisa
pública, como se fosse particular.
históricos para melhor compreender os aspectos que o federalismo brasileiro tem hoje
consagrado, considerando que é tema bastante polêmico quando tratamos de políticas públicas
e em especifico das atuais políticas educacionais.
O novo Plano Nacional de Educação, homologado pela lei 13.005 de julho de 2014,
vem reforçar a necessidade de retomar essa questão, pois das vinte metas estabelecidas para a
educação nacional, 15 delas estão intimamente relacionadas aos trabalhos realizados dentro dos
municípios brasileiros. Para o MEC (2014) “É no território do município que as metas
nacionais se concretizam. A articulação efetiva de esforços para as ações colaborativas deve ser
construída no espaço territorial do município, onde vive o cidadão a quem o direito à educação
precisa ser garantido”. Disponível em <http://pne.mec.gov.br/construindo-as-metas>
Entender como está acontecendo a dinâmica da administração pública nos municípios
brasileiros, se torna essencial para qualquer discussão acerca das ações necessárias para atender
as metas e conseqüentemente a qualidade esperada pela educação no projeto de construção da
nação brasileira. Para Krell, (2003, p. 22) “Parece ter finalmente chegado a hora no Brasil da
definição concreta das tarefas municipais, o que pressupõe uma distinção clara entre a
competência administrativa local, a estadual e a federal.”
A história do município no Brasil, diferentemente dos países europeus, não é a cidade,
mas a propriedade rural. Devido ao seu vasto território e a baixa densidade demográfica, a vida
se fazia dentro das fazendas agropecuárias, plantações de cana-de-açúcar e café. Uma das
marcas culturais deste contexto, é que essas fazendas se constituíam o mundo para a maioria do
povo simples, que jamais tivera oportunidades de sair delas em toda a vida, situação
determinante para o perfil cultural atual dos nossos pequenos municípios.
De acordo com Abrucio (1998) o império trazia consigo o debate ainda hoje repetido
no Brasil, quanto a centralização monárquica em termos políticos e financeiros. Mesmo já
existindo uma organização de poder local, este não era legitimada pelo império, em termos
financeiros e políticos. Havia uma centralidade de poder comandada pelo império, que
66
alimentava uma preocupação com a autonomia política muito maior do que com a autonomia
financeira.
Abrucio (1998, p. 33) explica que na época “Autonomia política, significava acabar
com o controle que o poder central tinha sobre as eleições locais e, sobretudo, garantir a
eletividade dos antigos presidentes das províncias, transformados em governadores de estado”.
Assim, os domínios políticos passam a ser concentrados nas províncias, mais tarde nos Estados
e enfim na União. Percebemos que existe um movimento contrário, do local para o central. Do
poder local, subordinado ao governo da capitania, passamos a um império centralizador. O
que importa deste contexto para este trabalho é a herança cultural e política que os municípios
brasileiros ainda carregam na sua organização estatal.
A base do município brasileiro na propriedade rural, para Krell (2003, p. 32) “tinham
estruturas autoritárias e feudais que quase nada tinham em comum com a vida política e social
nos municípios europeus”, um atraso cultural que se perpetua até os dias atuais, sempre trazendo
consigo sérios reflexos para as questões da organização política estrutural, que constituem
ainda uma barreira para o desenvolvimento local no Brasil.
Ao que se refere a educação, a questão se faz quanto as condições estruturais
existentes nos municípios para uma boa gestão de todos os recursos envolvidos para sua
efetivação. A escolarização, assim como em todo o mundo, passa ser compreendida como
necessária, quando acontecem as mudanças dos modos de produção, porém, as heranças das
diversas dimensões históricas, políticas, culturais e sociais da colonização e seus diferentes
períodos de organização do Estado, tem fortes impactos até os dias atuais.
Nesse sentido, a discussão acerca da organização do estado se torna necessária para
uma discussão sobre a gestão municipal da educação. Vejamos esta definição sobre federação,
para adentrarmos nas questões administrativas e burocráticas inerentes a gestão dos sistemas
municipais de educação.
Com efeito, segundo ele, a distinção básica entre Estado unitário, confederação e
federação o que esta última supre uma forma específica de Estado na qual o governo
está verticalmente dividido entre governos regionais e governo central, de modo que
cada um tem autoridade exclusiva em sua área de atuação. Ambos governam o mesmo
território e a mesma população, mas cada um tem autoridade para tomar decisões
independentemente do outro. Essa autoridade, por sua vez, derivada do voto popular
direto e de recursos próprios para o exercício do poder (ARRETCHE apud RIKER,
2001, p. 23)
67
Para a última década a reestruturação do Estado Brasileiro, (Krell, 2003) enfatiza que
o governo federal desenvolveu esforços para envolver o chamado terceiro setor na gestão de
serviços sociais, onde a administração estatal é substituída por uma administração gerencial,
que (p. 95) “aproveita a capacidade da sociedade civil de identificar e auto solucionar seus
problemas de forma mais ágil”.
No campo educacional, mais precisamente para os pequenos municípios brasileiros, o
que deveria soar como forma de solucionar problemas, gera logo de início um outro problema
diante do quadro de fragilidade dos agentes públicos, na figura do Dirigente Municipal de
Educação e todos os problemas de ordem local por ele enfrentado. O que podemos observar na
prática, em especial na região da Amvapa, é que o Brasil já incorporou o gerencialismo e os
municípios brasileiros convivem de maneira amena, fortalecendo sua questão central que é a
privatização da gestão pública. A incapacidade técnica e administrativa dos agentes públicos
na área educacional, acompanhados da falta de conhecimento dos chefes do executivos sobre o
tema, justifica a contratação de empresas que realizam o trabalho do planejamento educacional,
compreendendo a área administrativa através de consultorias, a pedagógica pelos sistemas de
15
Com sede em Paris, França, é um organismo composto por 34 membros. Foi fundada em 14 de
dezembro de 1961, sucedendo a Organização para a Cooperação Econômica Européia, criada em 16 de abril de
1948. Atua nos âmbitos internacional e intergovernamental e reúne os países mais industrializados do mundo e
alguns países emergentes, como México, Chile, Coréia do Sul e Turquia. No âmbito da Organização, os
representantes efetuam o intercâmbio de informações e alinham políticas, com o objetivo de potencializar seu
crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os demais países membros. Disponível em
<http://www.sain.fazenda.gov.br>
69
apostilamentos, que trazem tudo pronto e acabado. Ambos envolvem a formação do professor
e dos demais funcionários atuantes na rede.
Isso contribui para que o gestor público conviva sem culpa com os conceitos como
empowerment (empoderamento) e accountability (responsabilização), apontados por Parente
(2013) como elementos do sistema de gerencialismo que mais aproxima a gestão pública da
gestão privada. O autor ainda alerta que o termo “accountability” congrega termos já muitos
conhecidos na gestão escolar, como avaliação, prestação de contas e responsabilização.
Como já citamos neste texto, a literatura que se refere a gestão da educação, na imensa
maioria das vezes está focada na gestão escolar e no papel do diretor de escola para as funções
administrativas e no coordenador pedagógico para as funções pedagógicas. Pouco se refere ao
elemento central das políticas públicas municipais, o que se acentua o caráter centralizador das
políticas públicas educacionais brasileiras, camufladas por um discurso de divisão de
responsabilidades, fruto do federalismo. Essas responsabilidades só se tornam evidentes,
quando determinada escola, de uma determinada rede ou sistema municipal se destaca por
baixos padrões de qualidade.
Nesse momento a sociedade, a mídia e principalmente o executivo se lembram que
existe alguém dentro do município, responsável em desenvolver ações que ofereça condições
de trabalho para esse diretor para que sua escola responda a altura o “accountability”
Todos esses casos, dentre tantos de grande relevância, fortalecem a privatização da
educação . Existe hoje segundo Cerny (1990) uma “arquitetura mutável das políticas”,
caracterizado pela mudança das relações entre Estado, setores públicos e cidadãos, da qual os
agentes políticos sem uma ajuda externa não conseguem sobreviver.
Ball (2004, p. 4)) destaca quatro pontos desta mudança como fundamentais para o
entendimento de invasão do setor privado na educação, sendo a mudança das atividades do
setor público “(...) do Estado como provedor para o Estado como regulador, estabelecendo as
condições sob as quais vários mercados internos são autorizados a operar, e o Estado como
70
auditor avaliando seus resultados”. Segundo, uma mudança ligada ao capital, “que considera os
serviços sociais uma área em expansão na qual lucros consideráveis podem ser obtidos”.
Terceiro, mudanças no setor público, em busca de novas possibilidades éticas e novas relações
de trabalhos, que através de uma cultura competitiva produz novos perfis institucionais. E
finalmente, a mudança do cidadão, que deixa o papel de dependente ao Estado do bem estar
para o papel de consumidor ativo.
Os caminhos das políticas públicas educacionais no Brasil, não estão distante do que
acontece na mesma área no Reino Unido, como descreve Ball (2004, p. 1109) “A operação de
um duplo processo de descentralização/centralização, o qual reduz drasticamente, o papel dos
governos e das democracias locais”, se faz necessário para manter um papel de intervenção do
estado para um controle direto e indireto pelo aumento de focos de intervenção, com a intenção
de criar condições para um mercado disperso.
Não é mais possível ver as políticas educacionais apenas do ponto de vista do Estado-
Nação: a educação é um assunto de políticas regional e global e cada vez mais um
assunto de comércio internacional. A educação é, em vários sentidos, uma
oportunidade de negócios. Podemos pensar que essa oportunidade será maior ou
menor, que virá mais cedo ou mais tarde, que está sujeita a inflexões e mediações,
mas não que ela seja diferente ou excepcional. (BALL, 2004, p. 1008)
Essa relação da educação como oportunidades de negócios pode ser entendida tanto
do ponto vista da formação de mão de obra conforme as novas exigências do mercado, como
da privatização dos serviços educacionais que “cada vez mais, o mundo dos negócios enfoca os
serviços de educação como uma área em expansão, na qual lucros consideráveis devem ser
obtidos’. Ball (2004, p. 111)
Um exemplo brasileiro da bipolaridade da descentralização/centralização que diante
do quadro de fragilidade da gestão dos sistemas municipais de educação, tornou-se um nicho
profícuo para a prestação de serviço pelo setor privado, são as atividades para alimentar o
programa que gerencia o PAR (Planos de Ações Articuladas), que subordinou todos os repasses
do governo federal aos municípios à adesão ao “Plano de Metas Compromisso Todos Pela
Educação”, e ao devido preenchimento do Programa no SIMEC (Sistema Integrado de
Monitoramento e Controle), como forma de garantir o regime de colaboração entre os entes
federados, disposto no artigo 211 da Constituição Federal.
O relato da equipe definida para monitorar a implantação do PAR no estado de
Sergipe, nos anos de 2007 e 2008, deixa muito claro o despreparo das secretarias municipais
71
para a efetivação deste importante instrumento de colaboração. Alves e Andrade apud Adrião
e Garcia (2013) alertam que a necessidade de monitoramento parece indicar a falta de condições
objetivas para auto regulação manifestada pelos municípios brasileiros.
Em outras palavras, transparece a dúvida no âmbito do governo federal sobre a
capacidade dos municípios brasileiros de responder às demandas educativas da ampliação de
suas responsabilidades com parte do ensino fundamental, nas modalidades regular, supletivo e
educação infantil. Alves e Andrade (2013, p. 116) salientam “que apesar das orientações
enviadas pelo MEC para a execução do PAR, a contratação de consultores por parte das
prefeituras foi notória”
Essa mesma situação também foi observada durante a pesquisa na região da Amvapa,
na qual os dirigentes municipais de educação foram unânimes em dizer que necessitam de
auxílio para alimentar os diversos sistemas de gestão do governo federal e principalmente para
a elaboração dos planos de carreira do magistério e do novo Plano Municipal de Educação com
vigência de 2014 a 2024. Esse campo é ideal para as empresas de consultorias educacionais
fortalecerem os vínculos entre o mercado e o setor público.
Uma outra ação do MEC que se assemelha a política educacional do Reino Unido, é
a tentativa de fortalecer a educação através de união e representatividade de empresas
(parceiros), pais, representantes locais da educação, representantes de escolas e demais setores
da sociedade civil, para desempenhar ações que venham a fortalecer a importância da
escolarização nas áreas mais vulneráveis da sociedade, o que no Brasil conhecemos como
Programa de Mobilização Social pela Educação (PMSPE)16 e no Reino Unido é chamada de
Área de Ação Educativa. (Education Action Zones – EAZs) 01). As Áreas de Ação
Educativa (Education Action Zones – EAZs) do governo trabalhista do Reino Unido
foram anunciadas em junho de 1998 como “as porta-bandeiras numa nova cruzada
para unir negócios, escolas, autoridades locais de educação e pais, no intuito de
modernizar a educação em áreas socialmente carentes” (BALL. 2004, 1111-1112)
Essa ação é muito mais do que uma forma de trazer a sociedade para participar dos
problemas e do cotidiano das escolas, configurando uma forma de dividir responsabilidades
próprias do Estado com a sociedade e com o mercado. Este último tem sua participação atrelada
a interesses de diversas ordens em relação a administração pública. Todas as situações até aqui
citadas, são exemplos dos frutos do gerencialismo, plantado silenciosamente pelas reformas
16
Um Programa do governo federal em parceria com a iniciativa privada que realizado pelo Ministério da
Educação, chama diversos segmentos sociais para que participem do esforço pela implementação do PDE em prol da
melhoria da educação brasileira.
72
É claro que a crise do Estado de bem estar social, induzida pela piora do desempenho
econômico, foi em seguida fortemente agravada pelos cortes de verbas para os
serviços sociais (inclusive ensino) que as políticas de ajuste estrutural passaram a
impor. Nos países com governos neoliberais, o aumento da demanda pelos serviços
sociais do Estado foi respondido com a restrição de recursos para os mesmos, o que
só podia resultar em déficits de atendimento, em congestionamentos dos
equipamentos e finalmente em perda brutal de qualidade dos serviços prestados. Ficou
evidente para a opinião pública que os serviços sociais do Estado estavam deixando
de corresponder às necessidades e portanto precisavam de ser reformados. E o
neoliberalismo estava com propostas prontas de reformas, o que originou o presente
debate na área de educação e outros análogos em outras áreas. (SINGER, 1995, p. 8-
9)
Isso significa, na prática, construir elos para que se efetive o artigo 211 da Constituição
Federal, não esperando apenas a iniciativa dos órgãos maiores, mas se empoderando de
instrumentos que possibilitem uma organização administrativa com objetivos focados no aluno
e suas particularidades culturais e sociais, como primeiro passo na concretização de ações que
valorizem o papel do município no contexto nacional da educação brasileira.
17
é uma associação civil, sem fins lucrativos (...) coordenada toda a rede de participação de seus
membros e seccionais, dando destaque às ações que tenham por objetivo central a formulação de políticas
educacionais.A sua missão é articular, mobilizar e integrar os dirigentes municipais de educação para construir e
defender a educação pública com qualidade social.Por meio da Undime, as secretarias municipais de educação
podem estabelecer redes solidárias de troca de informações e experiências. Dessa forma, a Undime proporciona
aos seus representantes a oportunidade de integrações regional e nacional. A Undime organiza e promove
pesquisas, reuniões, seminários e fóruns voltados à educação pública, cidadã e de qualidade para todos e, além
disso, mantém contatos com sindicatos, confederações, associações, organizações não governamentais,
movimentos sociais, redes e demais entidades da sociedade civil, que tenham interesse no processo educacional.
Estabelece, também, relações com as três esferas do poder público: Judiciário, Legislativo e Executivo, almejando
contribuir para a formulação, promoção e acompanhamento de políticas nacionais de educação.
75
vínculos, na grande maioria das situações, muito estreitos entre as decisões econômicas e as
políticas públicas educacionais.
Seria uma possibilidade de contribuir com novos olhares para as discussões
pertinentes à gestão educacional, desmistificando aquela gestão pura e unicamente escolar,
como a responsável pelo sucesso do processo escolar. Ampliar os horizontes das
responsabilidades, e manejar os instrumentos necessários para uma gestão eficiente, será pensar
de forma mais abrangente em todos os responsáveis direta ou indiretamente nas decisões que
impactam nas salas de aula. A esta proposição se agrega o responsável por administrar o direito
constitucional e universal à educação básica, que pressupõe desde a capacidade da gestão do
sistema maior à organização das relações entre as escolas, processos que não se completarão
sem uma gestão contextualizada na realidade sociopolítica, econômica e na garantia de
participação democrática da sociedade.
O perfil do Dirigente Municipal de Educação do Brasil, é definido por Jacobo (2000)
como um sujeito histórico em construção, por ser sujeito determinante no processo de
municipalização educacional que se faz em construção no país, o que não diminui sua
importância como agente de transformação social, mesmo que nas atuais circunstâncias, isto
nos pareça algo ilusório. Sua importância se revela por significar
um ser localizado, um ente que faz, desfaz e refaz a história da sociedade em que está
inserido, sendo, por isso, também, um ente datado. Por mais tênues e fluidos que sejam
os seus níveis de inserção no processo de direção gestão política educacional, ele, em
última análise, é um agente social e político concreto, e os seus atos, visíveis ou
ocultos, influem no destino da comunidade em que atua(...) Seu modo de pensar e
agir, portanto, guarda profundos vínculos com o fenômeno descrito, sendo, assim, por
esta realidade influenciado, podendo também, ser capaz de nela imprimir sua marca
pessoal. (JACOBO, 2000, p. 90-91)
A direção e a liderança dos sistemas municipais de ensino não podem ficar entregues
a quadros despreparados técnica e pedagogicamente. Sob a égide da chamada
sociedade do conhecimento, por mais dedicados que sejam, não é possível gerenciar
a educação à custa de outras influências que não sejam as pautadas na formação
acadêmica profissional ampliada.(JACOBO,2000, p. 95)
76
18
Este processamento é uma análise profunda dos problemas, buscando explicá-los à luz de conhecimentos
das ciências sociais e identificando, simultaneamente, suas implicações técnicas, financeiras e operacionais e,
principalmente suas implicações políticas. MATUS (2001)
77
19
O Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime), parceria do Ministério da
Educação com a União Nacional dos Dirigentes Municipais (UNDIME), foi criado com o objetivo de fortalecer e
apoiar os dirigentes da educação municipal na gestão dos sistemas de ensino e das políticas educacionais. O intuito
do programa é contribuir para o avanço em relação às metas e aos compromissos do Plano Nacional de Educação
(PNE) e do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) (...)O objetivo é oferecer a todos os dirigentes
municipais de educação e as equipes técnicas que atuam na gestão da educação e do sistema municipal, um espaço
permanente de formação, troca de experiências, acesso a informações sistematizadas e à legislação pertinente, que
ajude a promover a qualidade da educação básica nos sistemas públicos municipais de ensino, focando as diversas
dimensões da gestão educacional. Disponível em <http://www.mec.gov.br/pradim>
78
ser capaz de se constituir como um ser que faz, desfaz e refaz a história da sociedade em que
está inserido, se constituindo como sujeito histórico e agente social e político concreto.
Esse perfil, no contexto das aceleradas mudanças a que vem sendo submetida a
educação brasileira no atual momento, torna, segundo Palhano, “mais e mais
complexa, e conseqüentemente mais difícil, a atuação dos DME, na medida que
constituem, por razões históricas, um quadro profissional de baixa estruturação
interna; comandam órgãos públicos que foram tratados com descaso em quase todos
os rincões deste país; dispõem, além disso, de pouca autonomia administrativa,
financeira e gerencial (...)Hoje a escolha do secretário municipal de educação a partir
de critérios técnicos e a sua inserção em processos de formação continuada é uma
exigência para que a administração do ensino público municipal atenda às
necessidades da população quanto à escola pública, no que diz respeito à eficiência, à
competência, à prática da democracia e da cidadania. (AZEVEDO, 2001, p. 144)
Isso justifica a preocupação com o perfil deste dirigente municipal de educação, uma
vez que com o processo de descentralização todos os 5.570 municípios brasileiros precisam
cumprir seu papel, para que aconteça uma educação com a qualidade e equidade necessária para
as mudanças sociais, dívida do Brasil com sua sociedade. Jacobo (2000, p. 95) propõe
Para que o Dirigente possa dar um sentido orgânico ao seu papel, espera-se que
compreenda as situações dialógicas que engendram a realidade política brasileira considerando
todas as suas faces, para compreender as contradições da educação brasileira, que conforme a
concepção de Nunes e Romão (2013) mesmo produzidas pelas matrizes neoliberais, tem o
desafio de construir instrumentos capazes de reconhecer as novas culturas e valores da
sociedade brasileira.
A educação brasileira é hoje o resultado de uma realidade cumulativa de estratos
diversificados de concepções políticas, determinações legais, estruturas institucionais
e contraposições de ideais, de concepções pedagógicas e de marcos regulatórios
administrativos e normativos. Em sua formação histórica guarda heranças coloniais,
disposições teóricas anacrônicas, práticas políticas autoritárias e fundamentações
ético-pedagógicas contraditórias ou contrapostas. Não é tarefa fácil compreender as
origens e estigmas da educação brasileira em sua trajetória histórica, legal, pedagógica
e política. (NUNES E ROMÃO, 2013, p. 159)
Esta situação traz, em seu escopo, toda complexidade da gestão pública, que adentram
a simplicidade das organizações política da grande maioria dos municípios brasileiros e sinaliza
que as exigências do mundo globalizado vale para todos. Neste cenário o papel do dirigente
79
torna-se cada vez mais exigente e atribui a este importante agente político, mais que a
capacidade de interpretar a realidade, mas de influenciar ou inferir nos processos decisórios de
políticas públicas, cuidando que estas se transformem em práticas, fundamentados no
conhecimento do problema, pois se trata do seu local de vida. Este trecho da entrevista com
Stephen J. Ball, nos ajuda a compreender
Dentre as competências do Dirigente espera-se que, além de uma formação sólida nas
bases educacionais, tenha uma formação política, capaz de traduzir para um projeto político
pedagógico, sua percepção sobre a situação da educação no município e quais ações essa
situação exige. Para tanto deve estar informado sobre o que ocorre na área da educação nas
diferentes esferas da administração pública. “É de extrema importância que o dirigente esteja
informado e conectado com os desafios, dilemas, conquistas, vitórias e fracassos colocados
pelas políticas públicas educacionais vigentes e, sobretudo, em que medida essas políticas estão
ou poderão afetar a situação educacional do município.” Gentilini (2013, p. 66)
Nesse sentido Nunes e Romão (2013) reconhecem que é preciso desenvolver diretrizes
e princípios, éticos e políticos emancipatórios, para que o contexto social seja influenciado
positivamente pela educação.
E tal reconhecimento, desencadeia a intenção política de formar agentes públicos e
sociais, educadores e professores do sistema público de educação, gestores e
especialistas de políticas públicas numa concepção política e educacional de viés
emancipatório, participativo, democrático e popular, buscando superar a tradição
autoritária que todos herdamos e constituir bases e dispositivos de valoração de novas
formas de convivência, solidariedade, costumes em vista da humanização, liberdade
e igualdade social. (NUNES E ROMÃO, 2013, p. 158)
80
Outro aspecto que merece atenção é o seu baixo impacto na ampliação da autonomia
administrativo-financeira dos órgãos municipais de educação. Mesmo tendo essa
prerrogativa assegurada pela legislação educacional em vigor, o que se observa é o
ainda diminuto número de DME que gozam de pela autonomia para gerir os recursos
do Fundo e os demais vinculados à educação. (JACOBO, 2000, p. 78)
assumiam, que ao final do dia foi socializado sem identificação, e todos sem exceção se
demonstraram despreparados para a execução desta importante função. Palavras como medo,
ansiedade, angústia, falta de conhecimento, problemas de relacionamento com a equipe, foram
recorrentes, confirmando assim um problema pouco discutido nas pesquisas educacionais.
Ficou evidente que mesmo aqueles que já vinham de outras nomeações de gestões
passadas, não tinham nenhum projeto para gerir a educação do município. Confirmaram que
agiam e agem de acordo com as necessidades pontuais, sempre obedecendo ordens do
Executivo. Pior ainda é a situação daqueles que as ordens não partem do Executivo, mas sim
dos burocratas dos departamentos da prefeitura que, acostumados a gerir os recursos da
educação conforme suas próprias convicções, dizem o que pode ou não ser realizado perante os
problemas estruturados. Já os problemas semi-estruturados são inexistente tanto para os
burocratas, quanto para o Executivo.
Uma urgência se estabeleceu no decorrer dos dois anos que aconteceu o curso: a
conquista de uma equipe técnica administrativa específica para a educação em todos os
municípios. Essa equipe deve ser capaz de assumir frentes nas secretarias municipais de
educação, dentro dos objetivos da própria educação e das normativas emitidas pelos órgãos
maiores. Ou seja, tomar nas mãos as rédeas deste processo no município. Jacobo (2000, p. 96)
defende “que quem se municipaliza é o município. Quando os outros municipalizam o
município, não há municipalização.”
As legislações e normas que idealizam a estrutura e a organização da educação
nacional não consideram as diferenças regionais, a falta de recursos e a escassez de pessoal
técnico qualificado, entre os municípios brasileiros. Recentemente o Ministério da Educação,
através do seu Conselho Nacional de Educação (CNE), homologou o Parecer 09/2011, que trata
dos arranjos de desenvolvimento da educação (ADE), como um instrumento para
fortalecimento e implementação do regime de colaboração entre os entes federados, atendendo
o artigo 211 da Constituição Federal, tratando de uma colaboração horizontal, entre os
municípios.
Este parecer tem por objetivo analisar proposta de fortalecimento e implementação do
regime de colaboração entre entes federados, basicamente entre Municípios, numa
espécie de colaboração horizontal, mediante arranjos de desenvolvimento da
educação. Isto significa trabalhar em rede, onde um grupo de Municípios com
proximidade geográfica e características sociais e econômicas semelhantes busca
trocar experiências e solucionar conjuntamente dificuldades na área da educação,
trabalhando de forma articulada com os Estados e a União, promovendo e
fortalecendo a cultura do planejamento integrado e colaborativo na visão territorial e
geopolítica. (CNE, 2011, p.2)
82
Temos que propor muitas mudanças e superações, em nossa sociedade. Que deverão
ser manejadas com esclarecimento, perseverança e investimento de toda sorte,
financeiros, institucionais, emocionais. As soluções não são simples e mágicas: tem
que ser históricas, marcadas por decisões políticas e disposta num longo tempo de
implantação social. (NUNES E ROMÃO, 2013, p. 166)
humano, qualidade de vida, dignidade, liberdade como projeto de nação, temos como propósito,
conhecer o projeto de educação, seus objetivos e perspectivas.
A Nação traçou objetivos para a Educação Básica, expressos nos textos das Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, responsáveis por orientar, organizar e
articular as propostas pedagógicas das redes de ensino do Brasil, assim, orientando os
municípios a se constituir sistema dentro de um propósito da União, enquanto projeto de Nação.
Em que pese, entretanto, a autonomia dada aos vários sistemas, a LDB, no inciso IV
do seu artigo 9º, atribui a União estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito
federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos
mínimos, de modo a assegurar formação básica comum...Por outro lado, a necessidade
de definição de Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica está
posta pela emergência da atualização das políticas educacionais que consubstanciem
o direito de todo o brasileiro à formação humana e cidadã e à formação profissional,
na vivência e convivência em ambiente educativo. ( BRASIL 2014)
(...) verdade que essa complementação, ainda, que o ilegal e muito aquém das
possibilidades financeiras do governo federal e das necessidades educacionais da
população, contribuiu para diminuir a miséria de recursos educacionais dos
Municípios e Estados mais pobres do Brasil (...) Entretanto estes pontos positivos
precisam ser vistos com cautela, pois, tendo em vista a forte tradição patrimonialista
e privatista do Estado brasileiro e o baixo grau de organização, conscientização e
mobilização da sociedade, não há nenhuma garantia de que os recursos extras trazidos
pela complementação ou pela redistribuição em âmbito estadual tenham sido
canalizados, na mesma proporção, para a melhoria da remuneração dos profissionais
da educação e das condições de ensino. (DAVIES, 2013, p. 151)
85
20
O Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM é uma associação civil sem fins lucrativos,
criada em 1º de outubro de 1952, com sede no Rio de Janeiro. Sua fundação recebeu o apoio das associações
municipais e dos movimentos relacionados ao municipalismo brasileiro.O IBAM atua tanto no Brasil como no
exterior, com forte presença na América Latina e nos países africanos de língua portuguesa. Disponível em
<http://www.ibam.org.br>
21
O Fundo de Participação dos Municípios é uma transferência constitucional (CF, Art. 159, I, b), da
União para os Estados e o Distrito Federal, composto de 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).A distribuição dos recursos aos Municípios é feita de acordo com o
número de habitantes, onde são fixadas faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um coeficiente individual.
Disponível em <http://www.fazenda.mg.gov.br>
86
municipais, estão vinculadas a capacidade administrativa que cada ente federado possui. Na
esfera federal, o gerenciamento e as normatizações estão sob a responsabilidade do Ministério
da Educação, representado pelo Ministro da Educação e seus órgãos colegiados como o
Conselho Nacional de Educação. Existe uma estrutura com responsáveis diretos pelos diversos
assuntos que demandam atenção da União para conduzir a educação nacional, onde estão
agentes púbicos trabalhando nas especificidades dos conhecimentos exigidos por cada área.
Quando falamos em política pública federal, relacionamos uma política coerente com
um projeto de nação onde leva-se em consideração todo o território nacional e suas diferenças
culturais, sociais e econômicas. O Brasil no seu imenso território, solicita projetos específicos
para cada situação encontrada. Essas situações caóticas apresentadas pela nosso sociedade, num
quadro de desigualdade e injustiças sociais, são perpetuadas por políticas públicas desajustadas
das necessidades apresentadas em cada situação. Portanto, a discussão sobre as políticas
públicas, deveriam estar interligadas as reais necessidades dos seus beneficiários. Nesse sentido
voltamos a discussão do papel dos municípios no contexto das transformações sociais que o
Brasil almeja. Discutir o papel do município, enquanto papel de Estado, que conforme a visão
de (Gramsci apud Buci-Gluccksamss, 1980) é de fato concebido como o organismo próprio de
um grupo, destinado a criar condições favoráveis para maior expansão de classe.
Conceber o município sob a ótica de Estado, consiste em determinar suas
responsabilidades com as transformações locais, sem o desarticular do sistema político federal,
mesmo porque, isso é parte do federalismo brasileiro, que parece ainda necessitar de alguns
ajustes nas suas estruturas e conceitos base e especialmente na política tributária.
As condições favoráveis de mudanças para um município na realidade da floresta
amazônica, com certeza não serão as mesmas para um município na região da Amvapa, interior
do estado de São Paulo. Assim, retomamos a discussão das condições estruturais dos
municípios de se autogerir para criar condições que propiciem transformações sociais e
qualidade de vida dos seus munícipes, contribuindo assim para um país melhor. O que se discute
aqui, não são soluções imediatas ou mágicas. São apenas possibilidades de transformações a
nível local, valorizando o papel das partes (município) na transformação do todo (país).
Para Diógenes e Prado (2012, p. 19) “as políticas públicas tem fina articulação com o
Estado, que por sua vez tem abrangência histórica articulada com a dinâmica das
transformações sociais, econômicas, políticas e culturais de uma determinada sociedade, e com
a sua capacidade de resolver ou não os problemas e os dilemas de sua época.” O entendimento
desta relação entre o papel dos municípios enquanto membro autônomo da federação possuindo
87
É nesse cenário de relações conflituosas entre termos e ideais que mudam de nomes,
mas mantêm os mesmo conceitos que contribuem para uma divisão social considerada injusta,
é que se encontram os municípios brasileiros, em especial os pequenos, que em meio a uma
batalha para se auto definir enquanto autônomo ou subordinado, se transforma no maior
instrumento de difusão da política neoliberal.
88
O cenário de urgências na área educacional nos coloca diante de um dilema quanto aos
primeiros passos que definirão uma agenda de mudanças possíveis e as condições estruturais
que devem ser superadas. Saviani (2011) define dilema como situação embaraçosa com duas
saídas igualmente difíceis. Todo dilema nos proporciona desafios. Para tomarmos decisões
acertadas, seria oportuno uma democracia como soberania popular. A cidadania plena ainda é
objeto de luta no Brasil. Muito já se caminhou em direção a esse propósito, porém, ainda nos
falta uma grande distância a ser percorrida.
É chegado o momento de se ampliar a roda exigindo melhores condições para o
cenário educacional, com foco específico na sala de aula e na aprendizagem dos alunos,
garantindo o direito à educação e à aprendizagem. A participação social nos parece ponto
central para que as mudanças se concretizem. Quebrar o isolamento da gestão educacional, seja
a gestão escolar ou a gestão dos sistemas municipais, define-se como um dos caminhos
concretos para iniciarmos uma nova leitura entre a sociedade que cada vez mais se fortalece
por sua novas configurações. Na perspectiva de viver a democracia e a cidadania, a educação
como prática social, ampla e ligada diretamente a vida social, de acordo com os tempos e
espaços transformados pelas relações que o homem estabelece na vida e nos movimentos
sociais, deve ser tida como ponto de equilíbrio por influenciar as relações sociais e ser
influenciada por elas.
Parece que a participação social se transforma na palavra de ordem do mundo
contemporâneo, retomando os conceitos da Grécia antiga, porém com um legado de
experiências bem sucedidas quanto ao sucesso desta participação.
89
de qualidade que a atenda dos 4 aos 17 anos, ensinando-as muito mais que ler e escrever as
palavras, mas sim, ler o mundo e interpretar os melhores caminhos, escrevendo sua própria
vida, onde a classe excluída historicamente participe e ativamente. Uma nova situação adentra
a escola pública, exigindo novos fazeres pedagógicos para novos pensamentos sociais. Não
somente os alunos os novos sujeitos da escola pública, os educadores também são parte deste
novo momento social. Para Arroyo, 2013, p. 31 “Quando eles, educadores e educandos, são
Outros, a escola, a docência, o currículo, o ordenamento escolar, as teorias pedagógicas têm de
ser Outros”.
Diria que o fracasso social de hoje é conseqüência da falta da escola para todos, ou de
uma escola que desconsiderou, nas palavras de Arroyo, 2013, p.31 (...) os coletivos sociais,
étnicos e raciais aqueles que vinham se afirmando na cena política, econômica, social e
cultural”, que atingiu em grandes proporções essa geração que hoje são os pais e educadores.
“Ninguém dá o que não tem”, se não foram preparados para o respeito, a tolerância as
diversidades humanas, não saberão se comportar conforme tais valores, nem mesmo quando se
trata do seu próprio filho ou aluno, nativos de uma geração segura de suas diferenças e que
são tolhidas por nós, adultos preconceituosos, em nome de uma moral que já se vai longe.
É preciso estabelecer ações que venham romper com o processo vicioso pela busca de
culpados e oportunizar situações onde os atores possam trazer para si as responsabilizações do
processo de aprendizagem da criança, através de formações específicas para cada ato
pedagógico. A profissionalização deve ser prioridade para as conquistas e os desafios que o
processo nos coloca. Se a escola é o palco ideal para o cenário em questão, é preciso que esteja
preparada, instrumentalizada, para viabilizar de fato um trabalho de ressignificação dos
contexto sociais. Para Silveira, 2013, p. 16, “um dos aspectos importantes desta proposta é que
os professores fazem parte deste processo como aprendizes, pois necessitam também conhecer
e/ou aprofundar saberes e experiências, estabelecer objetivos, mobilizar conhecimentos para
que estes se tornem significativos para os próprios professores”.
Na palavras de Ferreira, 2015, p. 55 “desse modo, conhecer o processo histórico e
suas implicações na sociedade contemporânea poderá proporcionar uma visão mais ampla das
lutas sociais, dos conflitos de interesses e da correlação de forças que forjaram o Brasil de ontem
e de hoje.” Somente um profissional, conhecedor da democracia e dos direitos adquiridos ao
longo do processo da civilização humana, poderá pautar suas ações no respeito pelo direito das
crianças em aprender, independente de suas situações existenciais valorizando suas
potencialidades e trabalhando suas fragilidades.
91
Nesse sentido, o conflito no ambiente educacional é pedagógico uma vez que por meio
dele podem ser discutidos diferentes interesses, sendo possível, com isso, firmar
acordos pautados pelo respeito e promoção aos Direitos Humanos. Além disso, a
função pedagógica da mediação permite que os sujeitos em conflito possam lidar com
suas divergências de forma autônoma, pacífica e solidária, por intermédio de um
diálogo capaz de empoderá-los para a participação ativa na vida em comum, orientada
por valores baseados na solidariedade, justiça e igualdade. (BRASIL, 2012, p. 12)
A escola deve trazer para si tal responsabilidade e trabalhar a parte que lhe pertence.
Essa parte consiste na formação de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, capazes
de construir novos cenários, novas proposições de organizações para uma sociedade ativa,
aprendente e cada vez mais voltada para o bem comum.
92
Anísio Teixeira (apud Rocha, 2000) dizia que “a educação faz-nos livres pelo
conhecimento” e que democracia é, literalmente, educação. Dizia ainda que o
processo educativo não é apenas “treino e domesticação”, mas é, fundamentalmente,
a formação do cidadão livre e consciente, base e condição para a democracia. Russell
(1979) afirmava que a educação deve ter como tarefa a capacitação dos homens pela
combinação de cidadania com liberdade na criatividade individual. Miranda (1977)
afirma que a capacidade dos cidadãos de julgar e participar do governo também está
relacionada à quantidade e à qualidade da informação à qual eles têm acesso. Mas a
informação não precisa apenas ser acessada ou ter sua circulação facilitada, é preciso
que ela seja percebida e entendida, e essa capacidade somente pode ser desenvolvida
com processos educacionais adequados. (SILVEIRA, 2000, p. 87)
Carvalho (2011) alerta que é tempo de iniciar um movimento que cuide de toda e
qualquer criança, não deixando nenhuma para trás. A sociedade, timidamente se organiza para
participar do planejamento. Infelizmente todos os movimentos são formados na sua grande
93
O que parece estar no eixo central das discussões das políticas nacionais contidas no
Plano Nacional de Educação, lei 13.005 de 25/06/2014, é uma grande ruptura que
apoiando-se na primeira, transita por cenários que fundam uma cultura de
previsibilidade e demonstra-se capaz de atrelar o planejamento educacional ao
desenho de um modelo de desenvolvimento compatível com o presente econômico
construído em quase três décadas de vigência da democracia e um futuro que a
América Latina nunca pode desenhar porque não estavam dadas (no Estado) as
condições estruturais de hoje. (AGUILAR; RODRIGUES, 2015, p. 7)
22
A Conferência Nacional de Educação – CONAE é um espaço democrático aberto pelo Poder Público
para que todos possam participar do desenvolvimento da Educação Nacional. Está sendo organizada para tematizar
a educação escolar, da Educação Infantil à Pós Graduação, e realizada, em diferentes territórios e espaços
institucionais, nas escolas, municípios, Distrito Federal, estados e país. Estudantes, Pais, Profissionais da
Educação, Gestores, Agentes Públicos e sociedade civil organizada de modo geral, terão em suas mãos, a partir de
janeiro de 2009, a oportunidade de conferir os rumos da educação brasileira.
94
Segundo Demo (1995), há grande diferença entre a ignorância que é mantida pela falta
de conhecimento e a ignorância construída com base em um “conhecimento
truncado”. Na primeira, o conhecimento é negado, na segunda o conhecimento é
destorcido ou comprometido apenas com a inovação tecnológica, para fins de
aumento da competitividade, e não para o exercício da cidadania. Matta (1980) afirma
que a expansão quantitativa da informação pode levar à desinformação, distorção e
supervalorização de fatos não relevantes e ao silêncio sobre situações
comprometedoras para os interesses do sistema. (SILVEIRA, 2000, p. 87)
Assim, o conhecimento deve ser agenda da educação brasileira, com um olhar especial
àqueles responsáveis direto pela aprendizagem das crianças, gestores e professores, como
alicerces seguros de um sistema que certamente terá êxito em seus propósitos. Abrimos frente
para dois pontos estratégicos no sucesso das metas do Plano Nacional de Educação, sendo o
financiamento e construção do Sistema Nacional de Educação que irá garantir uma totalidade
pensada organicamente. A questão do financiamento vem arrematar as discussões realizadas
nos capítulos anteriores, sobre a fragilidade dos municípios brasileiros em gerir com eficiência
os resultados da educação no país. Assegurar recursos seria assegurar um sistema com maiores
possibilidades de soluções para seus problemas pontuais e o cumprimento das metas do Plano
Nacional de Educação. Esse financiamento passa pela definição e concretização do CAQI,
instrumento capaz de potencializar qualquer ação a ser realizada pelos municípios brasileiros.
Ele é visto por especialistas como único mecanismo capaz de equilibrar arrecadação,
distribuição e gastos em educação no Brasil.
Já na construção do Sistema Nacional de Educação, está a esperança da garantia de
aprendizagem para todos os brasileiros, através de pensamentos pedagógicos, teorias e práticas
capazes de atingir as diferentes necessidades do território nacional. Para tanto o Brasil precisa
de um compromisso político-pedagógico, que reconheça as necessidades dos novos sujeitos
sociais que estão nas escolas públicas.
95
pensada pelos adeptos do capital humano, que de acordo com Lombardi (2009) fundamenta
uma formação de recursos para a estrutura de produção, numa visão de mercado, onde a
educação torna-se um produto a ser consumido por quem demonstrar vontade e competência
para adquiri-la.
É importante destacar que, por trás desta estrutura de uma educação fadada ao capital
humano, esconde se um preconceito reproduzido por seus próprios críticos, no qual a mídia
cria uma vitrine para destacar aqueles que por esforço próprio se evidenciam nos conteúdos
acadêmicos em detrimento dos demais, escondendo um processo de dominação e contribuindo
para consolidar preconceitos por aqueles que apresentam dificuldades no processo de
aprendizagem. O preconceito gerado é alimentado historicamente pelas desigualdades
econômicas, sociais e pelo desrespeito as diferenças e tem no cenário atual muitas vitórias a
serem comemoradas, frutos de lutas e movimentos sociais, porém, há também muito a se fazer
para extinguir esse comportamento da sociedade.
Esse fato se coloca como uma das justificavas para o polêmico discurso por um
saudosismo pedagógico, onde as falas se dirigem à um passado que segregava e obtinha o êxito
de poucos pela exclusão de muitos. Ouvimos constantemente de professores e gestores, não só
dos mais experientes, até os iniciantes que já incorporaram esse discurso do “hoje em dia a
educação vai mal”, ou que “antigamente a educação pública tinha qualidade”, “que as novas
políticas sociais acabaram com a autoridade e autonomia da escola” ou que “agora só o aluno
tem direitos”, dentre muitos outros que apenas depreciam o papel da escola nesta nova era de
direitos sociais
97
Esse fato apenas demonstra a fragilidade dos atores educacionais no atual contexto
histórico em se adequar a nova ordem social vigente. Nessa nova ordem social a escola é muito
mais que um espaço voltado a um processo pedagógico exclusivo para saberes da cultura
acadêmica tradicional. O fator qualidade do passado pode ser justificado pelo fato que somente
tinha acesso à escola parte da sociedade, aqueles com privilégios financeiros ou aqueles com
privilégios culturais. A permanência só era garantida para aqueles, cujo processo de
desenvolvimento cognitivo e emocional se davam dentro da normalidade, que garantiam um
QI (Quociente de Inteligência) adequado ao capital cultural veiculado pela escola pública, ou a
poucos privilegiados pela vida que estavam sob a responsabilidade de adultos conscientes sobre
a importância da formação escolar, independente da sua situação financeira ou social. Essa
situação de descontentamento ou desorientação entre os atores, implica na nova formatação da
escola perante a nova sociedade. Existe um conflito de interesses e um claro comodismo
adquirido pelo velha forma de estabelecer consensos no ambiente escolar. Foi assim que a
escola ganhou status de “formar” consciências para satisfazer os anseios das classes
dominantes. Nos valemos de Moll, 2013, p. 44, para esclarecer que não temos a intenção de
generalizar os educadores brasileiros, como despreparados ou irresponsáveis.
É preciso que se aclare, nesta altura do texto, que não entendemos os atores do
contexto escolar, sobretudo o conjunto de profissionais da educação, como passivos
expectadores deste cenário históricos e políticos. Apesar das molduras, há (e sempre
houve) muito de criação, recriação e inovação no interior das escolas. Inúmeros
professores, sós ou acompanhados de outros, nas dobras das cenas escolares,
produzem projetos, ações e realizações que permitem a muitos estudantes um
ambiente de diálogo, de aprendizagens, de singularidades.
Romper com esse ciclo de desestímulos e conflitos entre os educadores, significa que
a gestão maior da educação, deverá elaborar diretrizes éticas e políticas nas quais o professor
possa refletir sobre essas novas configurações sociais. Assim, deixem para trás a forma de
estabelecer consensos baseadas na autoridade e na hierarquia dos cargos, construindo a gestão
democrática que as legislações estabelecem e que o momento histórico exige. A forma de gestão
da educação, vivendo um lento processo de mudança frente a uma mudança acelerada da
sociedade, pode ser considerada como geradora dos conflitos estabelecidos nas relações
98
internas da escola e na atual relação escola e sociedade. A escola precisa mudar porque a
sociedade já mudou e muda a todo instante, gerando os dilemas das contradições vivenciadas
na gestão educacional e os conflitos para se conciliar os interesses dos atores educacionais e da
sociedade.
Refletir sobre o conflito como um processo pedagógico implica em situá-lo num
determinado contexto histórico, cultural e institucional. As relações sociais nas quais
os conflitos se expressam, podem resultar de choques de interesses, de ambigüidades,
produtos da contradições sociais, de diferenças no modo de pensar e agir, em formas
distintas de exercitar a liberdade, enfim, em questões de natureza plural. Daí a
dificuldade em entender e gerir os conflitos, quando estes são de naturezas múltiplas.
(ZENAIDE, 2013, p. 158)
Também por essas razões justifica-se as disciplinas teóricas das matrizes curriculares
dos cursos superiores para a formação do magistério, evidenciando que para saber ensinar, não
basta apenas métodos, mas se torna fundamental um conhecimento histórico das construções
sociais e suas implicações na vida contemporânea, que conforme Viola, 2007, p. 19 “para sua
compreensão, não só repensá-lo no interior de um horizonte histórico, mas que a este horizonte
histórico se incorporem às noções de complexidade manifestas na cultura político-social de uma
sociedade que produz (e reproduz) a comunidade e a sociedade de direitos”. É preciso ainda
Os impactos dos rearranjos das famílias, dos padrões consumistas, das tecnologias
informacionais, de relações sociais marcadas por exclusão e violência, têm
repercutido fortemente sobre essa nova geração que ainda está em processo formativo
de conhecimentos e de valores. Que tipo de formação a sociedade pretende para esta
99
geração, que conduzirá o mundo dentro em breve? É a Escola que cumpre oferecer
respostas a essa indagação. Embora sejam muitos os espaços educativos, é o sistema
escolar formal que propicia uma educação sistemática, metódica, aprofundada, devido
a sua extensão – são 12 anos de Educação Básica – e, sobretudo, ao fato de que lhe
cabe não apenas transmitir o patrimônio cultural (científico. Linguístico-literário,
humanístico, artístico) da espécie humana, produzido por outras gerações. Cabe à
Escola ensinar os educandos a contextualizarem seus conhecimentos, identificando a
sua significação e mobilizando-os para a existência humana em suas várias
dimensões, ou seja, produzindo novos conhecimentos para enfrentamento das
situações-problemas do contexto sócio-histórico. (SILVEIRA, 2013,p. 12)
A gestão dos sistemas municipais de educação dever ter competência o suficiente para
estabelecer as condições dialógicas necessárias na efetiva participação dos atores educacionais
neste processo de gerenciamento dos conflitos resultantes do atual contexto sócio histórico. As
conquistas dos direitos devem ser valorizadas no ambiente escolar, como forma de manter uma
convivência pacífica com as diferenças que adentram o cenário educacional pela porta da
escola. Nesse cenário a compreensão do ser humano enquanto ser político torna-se essencial
desde os primeiros anos de escolarização das crianças. A criança não é mais vista como ser
menor, que não possuía valores. A Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do
Adolescentes são mecanismos jurídicos que reconhecem a criança como um sujeito de direitos,
assim, um cidadão pleno.
Outro ponto importante é que este cidadão de que falamos é um cidadão em
desenvolvimento, que deve ter seu processo educacional pensado e planejado para uma
educação cidadã, amparada pelas legislações vigentes o seu direito a uma formação cultural
ampla assumida pelo Estado. Essa formação ampla que favorece à participação social plena e
efetiva deve começar na família que torna-se parceira do Estado no papel da escola, como
instituição responsável por dar sentido as qualidades das relações sociais.
Com a obrigatoriedade da Educação Básica a escola se torna palco das novas relações
sociais que se estabelecem. É na escola que se vive os primeiros momentos de socialização
entre as diferenças, de ruptura de uma cultura de segregação alimentada por relações sociais
tradicionais. É ali que a prática dos Direitos Humanos ganha significado, espaço no qual os
sujeitos constroem novos valores, tornando-os prática através das ações propiciadas pela escola.
O que parece estar no eixo central das discussões das políticas nacionais contidas no
Plano Nacional de Educação, lei 13.005 de 25/06/2014, é uma grande ruptura que
apoiando-se na primeira, transita por cenários que fundam uma cultura de
previsibilidade e demonstra-se capaz de atrelar o planejamento educacional ao
desenho de um modelo de desenvolvimento compatível com o presente econômico
construído em quase três décadas de vigência da democracia e um futuro que a
América Latina nunca pode desenhar porque não estavam dadas (no Estado) as
condições estruturais de hoje. (AGUILAR; RODRIGUES, 2015, p. 7)
No período pós PNE 2014 – 2024, a imposição de uma nova agenda deve provocar
mudanças radicais nas estruturas políticas que sustentam a educação brasileira, em especial, na
sua base, educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, alicerce do processo de bons
resultados da educação nacional. Nesse contexto, todas as ações políticas devem ter como alvo
a sala de aula e a aprendizagem dos alunos. Assim esse texto quando busca refletir sobre as
questões filosóficas e políticas das contradições estruturais da prática institucional, dos limites
burocráticos formais e da cultura autoritária hegemônica, colabora para adentrarmos na sala de
aula e analisarmos se há condições para uma educação que venha romper os velhos jargões
sobre educação e transformação social e seja efetiva para construir um sistema educacional,
onde o ser humano estabeleça a relação situação-liberdade-consciência, de acordo com a
concepção de Saviani, 2014, p. 1, na análise sobre o sistema de educação.
Apesar da seqüência de fracassos da educação brasileira não ser natural, pelo contrário,
é fruto de uma ação e uma intenção humana, penso que a sociedade já elegeu qual é seu principal
problema, sendo a aprendizagem das crianças brasileiras, resultado da qualidade do ensino que
o Estado lhes oferece. Essa questão está amalgamada pelas condições da estrutura do sistema
educacional brasileiro, cenário onde a educação se concretiza pelas suas legislações, normas e
financiamentos. Os 14 artigos do PNE, suas 20 metas e 254 estratégias estão postos como
caminhos possíveis para as mudanças esperadas e as soluções para os problemas no cenário
educacional, gerando as contradições até aqui aventadas e outras que não serão tratadas neste
texto. Por se tratar de um conjunto de políticas declaradas, o novo PNE não poderá ficar restritos
as arenas de discussões políticas, ou como pauta dos horários de trabalhos pedagógicos
coletivos internos das escolas. Ele ratifica todos os discursos sobre a ineficiência da ação
pedagógica eficaz desvinculada de uma ação política abrangente. A dimensão política alimenta
o fazer pedagógico, atribuindo significado social a este fazer.
105
Para Aguilar e Rodrigues (2015) o novo PNE reconfigura todas as agendas políticas
de Estados e municípios, devido a importância do momento histórico singular da participação
de grupos interessados na melhoria da educação através da CONAE e ao papel atribuído ao
INEP neste processo que aproxima as agendas públicas e institucional.
Para os autores a CONAE se define como um resgate histórico de todas as questões
que se fazem presente no debate da educação nacional ao longo do tempo, que acabam por se
sintetizar em cinco grandes desafios.
(...) (1)a construção de um Sistema Nacional de Educação responsável pelo rumo (ou
curso de ação) da política e pela definitiva articulação entre Estado e sociedade na
garantia do direito à educação; (2) a promoção permanente de um debate nacional que
permitisse erguer as bases de um projeto de Estado e sociedade responsável pela
educação nacional com a participação plena, democrática e respeitosa dos direitos
humanos como valores essenciais; (3) a garantia de que os acordos e consensos do
universo nacional dos debates da CONAE estivessem atrelados à formulação de
políticas posteriormente implementadas através de diretrizes, planos, programas que
façam a educação brasileira avançar; (4) a criação de condições para que estas
políticas públicas educacionais siga o rumo marcado pela garantia da universalização,
a qualidade social da educação e a democratização da gestão.(AGUILAR;
RODRIGUES, 2105, p. 11)
contrário, defendemos que uma ação sistematizada na educação brasileira, nos colocaria no
caminho desejado para uma unidade nacional.
Quando nos valemos dos estudos de Saviani (2014) para refletirmos sobre o tema,
percebemos que as mesmas contradições quanto ao significado da palavra “sistema” e
“estrutura” encontrados no dia a dia, se refletem nos textos legais. O autor inicia sua reflexão
afirmando que “sistema não é algo natural, mas sempre um produto da ação humana”. Implica
além de caráter intencional, uma multiplicidade de elementos a serem ordenados, para garantir
uma relação coesa entre si. “Com efeito, se o sistema nasce da tomada de consciência em
relação à situação dada, ele surge como forma de superação dos problemas que o engendram”.
Saviani, 2014, p. 4.
A estrutura implica na forma como as coisas se relacionam entre si, independente da
vontade do homem, mesmo quando envolve o homem como é caso das estruturas políticas,
econômicas e educacionais. Na estrutura não existe intencionalidade, enquanto que o sistema
se dá pela intenção de mudar uma realidade, impondo uma ordem e sistematizando-a por
atividades dirigidas a um objetivo coletivo, através de uma práxis coletiva, a estrutura é uma
conseqüência desta práxis, que origina uma matriz fundamental, na qual estão alojados os
problemas criados por um conjunto de práticas intencionais individuais, ou seja, não levaram
em consideração as necessidades de todos, mas de poucos.
Seguindo o raciocínio da importância da participação social representada pela
CONAE, e nos valendo da contribuição de Saviani, 2014, p. 12, quando nos fala que uma
educação é sistematizada quando “toma consciência da situação (estrutura) educacional; capta
os seus problemas; reflete sobre ele; formula-os em termos de objetivos realizáveis; organiza
meios para alcançar os objetivos; instaura um processo concreto que os realiza e mantém
ininterrupto o movimento ação-reflexão-ação”, podemos afirmar que o processo da CONAE e
a homologação do novo Plano Nacional de Educação é o momento oportuno para se definir o
Sistema Nacional de Educação.
Para tanto agora, compete aos poderes instituídos e nós sociedade a definição deste
sistema, uma vez que já possuímos a consciência dos problemas da situação, um conhecimento
da realidade, resta-nos a formulação de uma pedagogia que seja unificadora das ações que
garantam as aprendizagens capazes de satisfazer as necessidades básicas de todos os brasileiros,
independente da sua situação existencial. Essa é a condição para se garantir a participação social
que as sociedades capitalistas exigem, como forma de criar condições favoráveis de vida digna
nesse regime severo que o capital impõe, quebrando as diversidades criadas pelas falhas dos
107
sistemas educacionais, que há muito funcionam como uma fórmula para aumentar o fosso que
separa as camadas sociais e as desigualdades estampadas na cara do Brasil.
De forma alguma a construção de um sistema único iria desconfigurar o regime
federativo, pelo contrário, o fortalecerá, não deixando os municípios dependentes das suas
condições econômicas e culturais, em outras palavras, uma criança não pode contar com a
sorte de nascer em locais com mais ou menos condições estruturais para obter êxito na vida,
deve ter seu direito à aprendizagem garantido por um sistema que venha a quebrar as
desigualdades cultivadas pelas deficiências locais.
O principal elemento da articulação do SNE, são nossas escolas, que partir do Plano
Nacional já têm um planejamento sistematizado sobre os problemas identificados ao longo dos
anos. As diretrizes, metas e estratégias agora devem ser traduzidas em uma práxis coletiva. De
108
acordo com Brasil, 2014, p.5 “a organização de um sistema nacional é a busca pedagógica de
caráter nacional, respeitados os princípios do federalismo”. A Base Nacional Comum (BNC)
terá o papel de reunir as diversas teorias que irão compor essa nova práxis, onde tratará os
desiguais desigualmente. “Tratar, pois, desigualmente os desiguais na medida da desigualdade
aponta para uma nova alteridade desigual a fim de se alcançar patamares novos e sucessivos de
igualdade”. Brasil, 2014, p. 4. Eis um novo desafio, reunir teorias capazes de permitir que os
educadores assumam uma nova práxis educativa orientada teoricamente de modo explícito,
com a finalidade de dar um formato específico ao Sistema Nacional de Educação, gerando uma
qualidade nacional, resultado da interação coesa entre os propósitos dos estados, distrito federal
e municípios, como elementos integrantes deste sistema educacional.
Borges (2015) baseado nas palavras que Jaqueline Moll que iniciou em 2011 o texto
referência para a elaboração da Base Nacional Comum, defende que uma base comum é
fundamental para se corrigirem desigualdades existentes no cenário educacional brasileiro. Há
crianças que, dependendo do nível social ou da região em que vivem, entram em escolas mais
estruturadas, com um currículo fundamentado e tendem a aprender melhor. Em contrapartida,
alunos cujas escolas não têm um currículo ou contam com um que se baseia somente em
avaliações externas ou no livro didático poderão ter a aprendizagem prejudicada.
No caso da inclusão, o artigo 4º da lei 13.005/2014, define no seu parágrafo único que
“o poder público buscará ampliar o escopo das pesquisas com fins estatístico de forma a incluir
informações detalhada sobre o perfil das populações de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com
deficiência”. Apesar de estar relacionado a questão da inclusão, essa situação colaborará na
busca por uma práxis efetiva para tratar com eficiência os problemas de aprendizagem, uma
vez que no artigo 11, parágrafo 1º a lei estabelece que o sistema de avaliação apurará , no
máximo a cada dois anos “indicadores de rendimento escolar, referentes ao desempenho dos
estudantes apurado em exames nacionais de avaliação, com participação de pelo menos 80%
dos alunos de cada ano escolar periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados pertinentes
apurados pelo censo escolar da educação básica”.
Essa exigência, já está posta na educação brasileira, através da Prova Brasil que resulta
no IDEB. A novidade seria se o artigo 4º realmente se cumprisse, como forma de tornar justo o
artigo 11, definindo estratégias capazes de considerar as diferenças não só intelectuais dos
alunos, mas sociais e econômicas, situação que nos parece não estar clara aos olhos daqueles
responsáveis por definir as estratégias que compõe o IDEB.
109
Esses são alguns dos dilemas deste novo cenário da educação brasileira, inaugurado
pela homologação do PNE. Suas 20 metas desenham estratégias específicas que dependerão de
um financiamento capaz de adequar as estruturas já existentes, criando outras necessárias, para
a efetivação de um sistema que irá desenvolver as ações previstas pelas estratégias. O Plano
Nacional de Educação contribuiu para aumentar a ebulição no cenário educacional quanto aos
desafios para o cumprimento das metas. No completar de 1 ano da aprovação da lei
13.005/2014, se acaloram os debates quanto ao cumprimento de metas consideradas urgentes
para alavancar a caminhada prevista pelo Plano. Muitas das metas possivelmente não se
concretizarão nos prazos estabelecidos, isso não pode significar que serão descartadas, mas sim
que deverão ter prioridades no campo da política nacional, situação que somente se concretizará
se os movimentos organizados se manterem firmes no propósito da participação.
Já era sabido que metas ousadas, porém essenciais, como elevar a taxa de
alfabetização da população com mais de 15 anos para 93,5% até 2015, previsto na meta 9, não
seriam cumpridas. Igualmente, as metas 1, 2 e 3, têm nos seus prazos uma utopia, pois prevê
a universalização da pré escola e do ensino médio até 2016. Segundo o Observatório do PNE,
2 milhões e novecentos mil crianças de 4 a 17 anos estão fora da escola. Isso significa a criação
de quase três milhões de vagas até 2016, para garantir a obrigatoriedade. Já passado 1 (um) ano
nada foi concretizado para tal.
Já se expirou também o prazo para a elaboração e aprovação da Lei de
Responsabilidade Educacional, prevista na 11ª estratégia da meta 20. Essa meta como todas a
outras dependem da implantação do CAQI, mecanismo capaz de garantir uma educação de
qualidade. Quanto a meta 6, que propõe 9 estratégias visando garantir que 50% das escolas
públicas atenda pelo menos 25% dos alunos da educação básica, se estabelece um importante
debate quanto a necessidade de reorganização dos seus tempos e espaços e uma práxis que de
acordo com Moll (2013) leve em consideração o direito à continuidade e terminalidade dos
estudos de todos, assegurado o direito constitucional, considere os erros como construção do
conhecimento e a avaliação do processo de aprendizagem e replanejamento das ação
pedagógica, mediada por estruturas flexíveis e estratégias de intervenção pontuais nas
dificuldades apresentadas pelos alunos.
As metas 4 e 5, que tratam respectivamente da educação especial e alfabetização de
todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental, tem relações estreitas com as
metas 13, 14, 15, 16, 17 e 18 as quais tratam da formação, qualificação, plano de carreira e
remuneração dos profissionais da educação básica e ampliação da titulação de mestres e
110
doutores. De acordo com Nunes (2013) “ a primeira grande decisão deveria ser de uma profunda
e eficiente política de formação de professores a médio e longo prazo”. A meta 13, propõe-se a
ampliar a proporção de mestres e doutores no ensino superior para 75%, no mínimo de 35%
doutores; meta 14 o alvo é a pós graduação, formando 60 mil mestres e 35 mil doutores ano; na
meta 15 prevê-se a formação em nível superior para os professores da educação básica na área
em que atuam; a meta 16 assegura 50% dos professores da educação básica, pós graduados até
2024; na meta 17 equipara-se o rendimento médio dos professores aos demais profissionais
com nível superior e finalmente a meta 18 assegura plano de carreira, piso salarial no prazo de
2 anos para os profissionais da educação básica.
A qualidade da educação passa pelas mãos do educador, que luta para conquistar um
lugar na sociedade brasileira que ele nunca teve e o reconhecimento da importância da sua
profissão. Para Nunes (2013) a valorização do pedagogo não é meramente salarial, é também
cultural porque há toda uma gênese de que a experiência escolar depende da pedagogia. O
pedagogo é quem forma a pessoa humana e dará as bases iniciais de toda a formação da criança
depois dos pais, portanto deveria ser plural, muldisciplinar, para formar a pessoa humana.
As metas 8 e 9 também são interdependentes entre si, uma vez que para elevar a média
de escolaridade da população de 18 a 29 anos de idade em 12 anos de estudos, depende da
garantia da alfabetização plena para todos, inclusive aqueles com 15 anos ou mais, previstos
pela meta 9. Nas metas 10 e 11 se propõe a oferecer 25% de matrículas na EJA fundamental e
médio na forma de educação profissional e triplicar as matrículas da educação técnica de nível
médio, respectivamente. Já a meta 12, por meio de 21 estratégias, pretende elevar a taxa bruta
da matrícula na educação superior para 50% e taxa líquida para 33%.
A meta 19 trata da gestão democrática, o que pretende se estabelecer por meio de 8
estratégia como promover a participação social através de conselhos, fóruns, ampliando
programas de formação de conselheiros, assegurando condições de funcionamento para os
conselhos que se fortalecerão como instrumentos de participação e fiscalização. Regulamentar
os processos de escolha dos diretores de escola e desenvolver programas de formação, aplicação
de provas específicas que definam critérios objetivos para provimento dos cargos.
Sobram-nos agora as metas 7 e 20, que tratam respectivamente da elevação do IDEB
e do financiamento da educação, duas questões igualmente delicadas pela abrangência da sua
importância. Para que a meta 7 seja cumprida, todas as outras metas devem ser igualmente
cumpridas, pois para uma elevação dos índices de desenvolvimento da educação básica, é
preciso que as estruturas sejam transformadas pelo sistema que se efetivará nas estratégias das
111
metas do PNE. Já a meta 20 se encontra os entraves financeiros, que já muito debatido neste
texto, se fazem presente em especial naqueles municípios que tem total dependência de repasses
federais para garantir seus serviços públicos.
Agora iniciamos uma nova luta pelo acompanhamento e avaliação das metas e
estratégias do Plano Nacional de Educação, dos planos estaduais e municipais. Se, num período
recente de nossa vida política, nossa atitude era de fazer constituir uma rede de direitos, que se
transformassem em leis e pudessem ser amplamente reconhecidos pelo Estado e pela
Sociedade, a prática política de nossos dias aponta para outra obrigação: não se trata mais de
lutar para que os direitos se transformem em leis, trata-se de lutar para que as leis atuais, que já
condensam direitos inalienáveis, se transformem em prática social.
112
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
gestão precisa ser pensada de modo a contribuir para que esse desenvolvimento seja saudável,
sustentável, em todos o contexto da vida humana. Para tanto se faz necessário repensar os
modelos de gestão municipal vigentes, para além de uma teorização, mas que seja traduzida
numa agenda de modernização das decisões e de manejos ágeis e eficientes.
Apesar do baixo IDH, baixo PIB per capita e alta dependência dos municípios pelo
Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a região apresenta um bom índice educacional,
alguns municípios com destaque estadual no SARESP e no âmbito nacional, no IDEB. Esse é
um termômetro para um possível futuro promissor. É preciso desenhar situações que nossas
crianças tenham condições dignas de vida e de trabalho na região e não precisem partir para os
grandes centros, como acontece hoje. Inverter o êxodo rural através de políticas de
empregabilidade local pode ser uma plataforma inicial coerente.
Isso evidência que, mesmo diante de um cenário político contraditório, as expectativas
de mudanças na educação, a união dos atores educacionais por dias melhores empenhados em
realizar um trabalho que venha a contribuir positivamente na melhoria do todo, tem apresentado
resultados positivos ao longo dos anos. Nosso lamento está na falta de atitudes políticas
concretas que colaborem no ajustamento das estruturas do nosso sistema educacional, a um
ciclo de reconhecimento de novos direitos civis e do protagonismo de novos sujeitos sociais.
O modelo estrutural da gestão pública que inclui o aspecto organizacional ou
estrutural da educação brasileira e conseqüentemente, refere-se ao processo de
responsabilização dos entes federados pelos serviços educacionais prestados à população, se
constitue hoje como a mais urgente das políticas a serem reconfiguradas, de acordo com o novo
cenário social nacional. De um lado está o problema de como estruturar ou organizar as políticas
públicas diante das condições estruturais de cada ente federado sem interferir na sua autonomia,
prerrogativa da organização da nossa República Federativa. Do outro lado, está a questão de
processo administrativo ou de gestão, mais do que de estrutura, contemplando as possíveis
maneiras de mediar as possibilidades de colaboração para ampliar e/ou dinamizar a
competência técnica dos municípios brasileiros, em especial os de pequeno porte, para gerir
tamanha responsabilidade diante da busca e necessidade de um sistema nacional de educação
de qualidade social.
Podemos considerar que há hoje um grande avanço, em termos e construção de acordos
federativos para a garantia dos direitos constitucionais, que ganham espaço na sociedade de
acordo que os novos sujeitos sociais tomam consciência dos seus direitos e deveres e deles
fazem uso. O país registra grande avanço na ampliação do acesso à educação básica,
114
resultantes das alterações legais, que caminham para novos marcos no financiamento, projetos
para a qualificação da gestão com expectativa de melhorias na qualidade do ensino-
aprendizagem, contribuindo significativamente para a criação de novas oportunidades aos
sujeitos da privação histórica da educação no Brasil, tradição na qual os negros, pardos,
migrantes do campo e de regiões mais pobres do país, trabalhadores sem qualificação,
moradores de bairros periféricos e pessoas fora da faixa etária legal, os deficientes, foram
privados dos seus direitos mais basilares e, em especial, o direito à educação.
Nas palavras de Nunes (2015) o empoderamento desses novos sujeitos sociais,
motivados pelas conquistas de direitos basilares da condição humana, fez valer um conjunto
considerável de dispositivos legais, assumidos e defendidos por vanguardas sociais e
populares em nosso cenário recente, e que estão hoje constando em nossa conformação e
ordem jurídica, a saber, um novo marco para a defesa da condição da Criança e Adolescentes,
com o Estatuto da Criança e dos Adolescentes, um novo Estatuto para o cuidado dos Idosos,
o Estatuto do Idoso, uma nova lei para prever e assistir a condição da Mulher, a lei Maria da
Penha, um novo Código Ambiental, um novo código civil, o Estatuto da Igualdade Étnico-
Racial, o novo Plano de Direitos Humanos no Brasil, a demarcação de terras indígenas e
quilombolas, as políticas de reparação social e inclusão, tais como as cotas universitárias, o
atendimento à pessoa deficiente, as políticas públicas para a juventude, entre tantas outras
bandeiras e causas emergentes.
Esse quadro nos encoraja a continuarmos ativos no papel que a sociedade espera
daqueles que assumiram a responsabilidade de educar e, assim, constituir a responsabilidade
de transformar, colaborando no apontamento para as discussões sobre as fragilidades
importantes a serem ainda superadas, em decorrência de políticas mal elaboradas e de
burocratas incapazes de compreender o contexto escolar. Aliadas a estes fatores apresentam-
se como agravantes as desigualdades econômicas e sociais no Brasil, que acabam por
contribuir para o aumento da complexidade e as tensões próprias do contexto federativo e que
dificultam a organização da educação brasileira. Amplia-se o desafio com a questão da
descontinuidades de ações, de programas educacionais para problemas pontuais, a falta de
articulação entre os órgãos gestores e o mau uso dos recursos aplicados na educação.
O conhecimento sobre os processos das políticas públicas, a influência da economia
na política e vice versa, os ideais subliminares dos contextos geradores dos discursos e ações
que povoam o cenário político nacional, são parte determinante para as competências dos
115
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Maria de Salete Silva; ALCÂNTARA, Pedro Ivo. O Direto de Aprender: Potencializar
e reduzir desigualdades . Brasília, DF: UNICEF, 2009
SILVEIRA, Andréa F. Cidadania e Participação Social. Disponível em
http://static.scielo.org/scielobooks/hn3q6/pdf/silveira-9788599662885.pdf. Acesso em
maio/2014
SILVEIRA, Henrique Flávio Rodrigues Um estudo do poder na sociedade da informação.
Brasília, v. 29, n. 3, p. 79-90, set./dez. 2000
TORRES, Haroldo da Gama, Sinésio Pires; DINI, Nádia Pinheiro; FERREIRA, Mª Paula.
Indicadores Sociais: por que construir novos indicadores sociais como o IPRS. 2003.
Disponível em www.sead.org.br
UNDIME. Orientações ao Dirigente Municipal de Educação: fundamentos, políticas e
práticas,2008
ZENAIDE, Maria de Nazaré Tavares. O ECA na Escola: Perspectivas Interdisciplinares. Et. al
Luciana Calissi, Rosa Maria Godoy Silveira (Organizadoras). João Pessoa. Universitária da
UFPB, 2013.
122
7. ANEXOS
ALUNOS MATRICULADOS
CIDADES CRECHES PRÉ ESCOLAS TOTAL
2011 % 2012 % 2013 2011 % 2012 % 2013
ANGATUBA 238 34,5 320 -2,5 312 547 -28,5 391 57,8 617 1808
ÁGUAS DE STA
BARBARA 131 -0,8 130 19,2 155 167 -0,6 166 -5,4 157 749
AVARÉ 1420 23,0 1747 5,9 1850 2026 3,8 2104 1,8 2142 9147
BARÃO DE ANTONINA 50 0,0 50 -12,0 44 74 4,1 77 16,9 90 295
CERQUEIRA CESAR 262 16,4 305 32,5 404 448 9,6 491 -4,9 467 1910
-
CORONEL MACEDO 97 10,3 87 11,5 97 110 -3,6 106 5,7 112 497
FARTURA 324 11,1 360 2,2 368 415 5,8 439 5,0 461 1906
IARAS 111 8,1 120 7,5 129 168 -4,2 161 1,2 163 689
ITABERÁ 193 10,4 213 16,0 247 452 -2,7 440 -7,5 407 1545
ITAÍ 281 18,5 333 -16,8 277 660 -5,8 622 -1,4 613 2173
ITAPORANGA 229 7,0 245 6,1 260 396 5,3 417 0,7 420 1547
MANDURI 74 9,5 81 30,9 106 221 6,3 235 -3,4 227 717
PARANAPANEMA 225 31,1 295 27,1 375 451 3,5 467 -1,9 458 1813
PIRAJU 775 4,4 809 2,1 826 604 6,6 644 11,0 715 3658
-
RIVERSUL 85 27,1 62 30,6 81 149 0,7 150 -5,3 142 527
-
SARUTAIÁ 72 19,4 86 9,3 94 97 4,1 101 18,8 82 450
TAGUAÍ 469 9,2 512 0,8 516 279 16,5 325 7,4 349 2101
TAQUARITUBA 609 13,6 692 3,8 718 613 -4,7 584 -0,2 583 3216
TEJUPÁ 130 -1,5 128 18,8 152 154 -6,5 144 24,3 179 708
TOTAL 5775 6575 7011 8031 8064 8384
ALUNOS MATRICULADOS
CIDADES ANOS INICIAIS ANOS FINAIS TOTAL
2011 % 2012 % 2013 2011 % 2012 % 2013
ANGATUBA 1810 -5,6 1708 -3,7 1645 1533 -0,8 1520 -3,1 1473 9689
ÁGUAS DE STA
BARBARA 432 -0,7 429 -1,4 423 384 -5,5 363 -7,2 337 2368
AVARÉ 6279 -1,0 6219 -3,0 6033 5430 -1,9 5327 0,1 5330 34618
-
BARÃO DE ANTONINA 262 11,1 233 -2,6 227 235 -7,2 218 -2,8 212 1387
CERQUEIRA CESAR 1355 -3,5 1308 -1,9 1283 1338 5,5 1412 4,2 1472 8168
CORONEL MACEDO 352 -4,8 335 -7,8 309 383 -9,4 347 -2,9 337 2063
FARTURA 1119 -2,5 1091 0,3 1094 1166 -2,9 1132 -2,8 1100 6702
-
IARAS 423 61,0 165 181,8 465 410 42,7 585 2,7 601 2649
ITABERÁ 1232 -5,0 1171 2,0 1195 1400 -5,6 1321 -8,0 1215 7534
ITAÍ 1661 3,3 1715 -0,9 1699 1620 -1,9 1590 -0,9 1575 9860
ITAPORANGA 1120 -0,1 1119 -2,7 1089 1073 -1,0 1062 -2,6 1034 6497
MANDURI 578 -0,7 574 4,0 597 545 -2,0 534 -8,8 487 3315
PARANAPANEMA 1464 -6,6 1367 1,1 1382 1415 -2,5 1380 -6,5 1290 8298
PIRAJU 1988 -3,5 1918 -5,1 1820 1884 -1,8 1851 0,1 1852 11313
RIVERSUL 403 5,0 423 0,7 426 475 -13,1 413 -6,5 386 2526
-
SARUTAIÁ 249 2,8 256 11,7 286 254 1,2 257 16,0 216 1518
TAGUAÍ 777 -5,8 732 7,1 784 761 -3,4 735 -7,9 677 4466
TAQUARITUBA 1567 -5,9 1474 -1,0 1459 1613 -1,1 1595 -2,8 1551 9259
TEJUPÁ 477 -7,8 440 -4,3 421 405 4,4 423 -7,1 393 2559
TOTAL 23548 22677 22637 22324 22065 21538
Cidades Rede 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013
Angatuba Estadual 95,7 89,1 92,2 93,8 91,3 94,7 * * *
Angatuba Municipal * * * 100 100 100 * * *
Angatuba Privada * 90 100 * * * 80 80 76,9
Angatuba Publico 95,7 89,1 92,2 94,4 91,7 95 * * *
Águas de Sta Bárbara Estadual 100 85,7 79,2 100 100 100 * * *
Águas de Sta Bárbara Municipal * * * 100 100 100 * * *
Águas de Sta Bárbara Privada * * * * * * * * *
Águas de Sta Bárbara Publico 100 85,7 79,2 100 100 100 * * *
Avaré Estadual 98,9 95,4 96,2 98,1 100 96,4 * * *
Avaré Municipal * * * 86,5 84,1 95,1 100 100 100
Avaré Privada 92,8 93,9 98,8 * * * 65 68 73,7
Avaré Publico 98,9 95,4 96,2 92,5 93,6 96 100 100 100
BARÃO DE ANTONINA Estadual 100 100 100 20 16,7 20 * * *
BARÃO DE ANTONINA Municipal * * * * * * * * *
BARÃO DE ANTONINA Privada * * * * * * * * *
BARÃO DE ANTONINA Publico 100 100 100 20 16,7 20 * * *
CERQUEIRA CESAR Estadual 100 92,2 92 92,3 100 94,1 * * *
CERQUEIRA CESAR Municipal * * * 75 75 100 * * *
CERQUEIRA CESAR Privada 95 100 91,7 * * * 87,5 100 100
CERQUEIRA CESAR Publico 100 92,2 92 91,3 96,7 95,2 * * *
CORONEL MACEDO Estadual 94,4 100 100 * 100 100 * * *
CORONEL MACEDO Municipal * * * 100 * 100 * * *
CORONEL MACEDO Privada * * * * * * * * *
CORONEL MACEDO Publico 94,4 100 100 100 90,9 100 * * *
(*) valores em percentual
DISPONIVEL EM http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais
131
Percentual de Funções Docentes ( Professores e Diretores) com curso superior por etapa ou modalidade de ensino
Cidades Rede 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013
FARTURA Publico 100 100 100 * 100 * * * *
IARAS Estadual 94,7 92,1 85,5 81,9 * 100 * * *
IARAS Municipal -- -- -- 100 100 100 * * *
IARAS Privada * * * * * * * * *
IARAS Publico 94,7 92,1 85,5 84,3 88,9 100 * * *
ITABERÁ Estadual 96,6 97,9 84,2 92 100 92,3 * * *
ITABERÁ Municipal * * * 50 100 100 * * *
ITABERÁ Privada * * * * * * 50 40 66,7
ITABERÁ Publico 96,6 97,9 84,2 88,9 100 93,3 * * *
ITAÍ Estadual 100 89,4 81 100 87,5 70,6 * * *
ITAÍ Municipal * * * 50 50 0 * * *
ITAÍ Privada 84,6 85,7 88,9 * * * * * *
ITAÍ Publico 100 89,4 81 93,3 83,3 68,6 * * *
ITAPORANGA Estadual 100 92,2 95,2 * 92,7 89,8 * * *
ITAPORANGA Municipal * * * 100 41,7 75 * * *
ITAPORANGA Privada 100 73,5 70,6 * * * 66,7 * *
ITAPORANGA Publico 100 92,2 95,2 100 81,1 88,7 * * *
MANDURI Estadual 100 92,3 96 100 92,9 85,7 * * *
MANDURI Municipal * * * 50 * * * * *
MANDURI Privada 100 * * 90,9 * * * * *
MANDURI Publico 100 92,3 96 90,9 86,7 75 * * *
PARANAPANEMA Estadual 97,8 83,9 87,2 100 95,8 91,7 * * *
PARANAPANEMA Municipal * * * 33,3 50 100 * * *
PARANAPANEMA Privada 100 91,7 100 * * * 57,1 75 75
PARANAPANEMA Publico 97,8 83,9 87,2 92 92,3 92,3 * * *
PIRAJU Estadual 98,4 98,3 99,2 99,2 100 100 * * *
PIRAJU Municipal * * * 100 100 100 * * *
PIRAJU Privada 100 100 100 97,3 * * 80 82,4 81,3
PIRAJU Publico 98,4 98,3 99,2 99,3 100 100 * * *
(*) valores em percentual
DISPONIVEL EM http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais
132
Percentual de Funções Docentes ( Professores e Diretores) com curso superior por etapa ou modalidade de ensino
Cidades Rede 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013
SARUTAIÁ Estadual 100 100 77,8 94,7 77,8 * * * *
SARUTAIÁ Municipal * * * * * * * * *
SARUTAIÁ Privada * * * * * * * * *
SARUTAIÁ Publico 100 100 77,8 94,7 77,8 * * * *
TAGUAÍ Estadual 100 100 100 100 100 100 * * *
TAGUAÍ Municipal * * * 100 100 100 * * *
TAGUAÍ Privada * * * * * * * * *
TAGUAÍ Publico 100 100 100 100 100 100 * * *
TAQUARITUBA Estadual 98,3 92,7 94,4 100 100 100 * * *
TAQUARITUBA Municipal * * * * 100 100 * * *
TAQUARITUBA Privada 93,1 100 96,4 * * * 56,3 60 85,7
TAQUARITUBA Publico 98,3 92,7 94,4 96,4 100 100 * * *
TEJUPÁ Estadual 100 100 100 * * * * * *
TEJUPÁ Municipal * * * * * * * * *
TEJUPÁ Privada * * * * * * * * *
TEJUPÁ Publico 100 100 100 * * * * * *
(*) valores em percentual
DISPONIVEL EM http://portal.inep.gov.br/indicadores-educacionais
133
Tabela 2.3 - Histórico da Estimativa do Investimento Público Direto em Educação Cumulativo por Estudante ao Longo da Duração Teórica dos Estudos nos Níveis de Ensino, com
Valores Atualizados para 2011 pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por Nível de Ensino - Brasil 2000 - 2011
R$1,00
*
Duração teórica do ensino Investimento Público Direto cumulativo por estudante
(anos) R$1,00
Com base nos resultados da Prova Brasil 2013, é possível calcular a proporção de alunos com
aprendizado adequado à sua etapa escolar
Valores em %
País / Estado / Português Matemática Referên
Município 5 9 5 9 cia para 2022
º ANO º ANO º ANO º ANO
BRASIL 4 2 3 1 70
0 3 5 1
SÃO PAULO 5 2 4 1 70
2 7 9 3
6 4 7 2
ANGATUBA 8 6 2 4
ÁGUAS DE STA 6 2 6 1
BARBARA 1 5 3 8
5 3 5 1
AVARÉ 5 0 2 6
BARÃO DE 4 2 5 2
ANTONINA 7 8 0 3
CERQUEIRA 4 3 3 2
CESAR 2 3 5 0 70
CORONEL 4 3 4 1
MACEDO 2 1 8 9
7 3 8 2
FARTURA 0 3 7 2
2 2 2 1
IARAS 8 2 7 5
5 2 5 1
ITABERÁ 6 9 8 6
4 2 4 9
ITAÍ 3 0 3
3 2 3 1
ITAPORANGA 5 2 6 4
4 2 4 1
MANDURI 1 8 5 7
PARANAPANE 4 2 5 1
MA 2 1 5 4
5 4 5 2
PIRAJU 5 0 2 5
4 3 4 2
RIVERSUL 8 0 0 3
6 1 5 1
SARUTAIÁ 1 2 8 1
136
7 4 8 2
TAGUAÍ 3 9 2 9
TAQUARITUB 5 2 5 1
A 8 6 7 6
5 2 6 1
TEJUPÁ 3 9 6 9
Fonte: Censo Escolar/INEP 2011/2012/2013 Organizado por Meritt.
Notas técnicas: http://www.qedu.org.br
137
7. Com qual frequência você acompanha e analisa os Como você julga o tempo gasto com essa
resultados de avaliações externas? questão?
Todo dia 4 Adequado 78
1 ou algumas vezes por semana 12 Insuficiente 27
1 ou algumas vezes por mês 22 Excessivo 0
1 ou algumas vezes por semestre 28
1 ou algumas vezes por ano 17
Não faz 22
8. Com qual frequência você trata de questões Como você julga o tempo gasto com essa
administrativas, burocráticas e de orçamento da escola? questão?
Todo dia 72 Adequado 82
1 ou algumas vezes por semana 13 Insuficiente 15
1 ou algumas vezes por mês 17 Excessivo 8
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 3
Não faz 0
14. Com qual frequência você se preocupa com a qualidade Como você julga o tempo gasto com essa
da merenda diária? questão?
Todo dia 99 Adequado 99
1 ou algumas vezes por semana 4 Insuficiente 3
1 ou algumas vezes por mês 2 Excessivo 3
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 0
15. Com qual frequência você conversa com os estudantes Como você julga o tempo gasto com essa
sobre o que eles estão estudando, lendo, e produzindo? questão?
Todo dia 37 Adequado 84
1 ou algumas vezes por semana 50 Insuficiente 17
1 ou algumas vezes por mês 13 Excessivo 4
1 ou algumas vezes por semestre 1
1 ou algumas vezes por ano 2
Não faz 2
16. Com qual frequência você olha os cadernos das crianças Como você julga o tempo gasto com essa
e verifica se eles comunicam o que aprendem? questão?
Todo dia 6 Adequado 69
1 ou algumas vezes por semana 35 Insuficiente 35
1 ou algumas vezes por mês 47 Excessivo 1
1 ou algumas vezes por semestre 8
1 ou algumas vezes por ano 1
Não faz 8
17. Com qual frequência você confere se as classes estão Como você julga o tempo gasto com essa
organizadas e limpas para receber alunos e professores? questão?
Todo dia 82 Adequado 91
1 ou algumas vezes por semana 18 Insuficiente 13
1 ou algumas vezes por mês 4 Excessivo 1
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 1
18. Com qual frequência você observa se os alunos saem Como você julga o tempo gasto com essa
muito da classe? questão?
Todo dia 92 Adequado 89
1 ou algumas vezes por semana 9 Insuficiente 12
1 ou algumas vezes por mês 0 Excessivo 4
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 4
139
15. Com qual frequência você conversa com os estudantes Como você julga o tempo gasto com essa
sobre o que eles estão estudando, lendo, e produzindo? questão?
Todo dia 37 Adequado 84
1 ou algumas vezes por semana 50 Insuficiente 17
1 ou algumas vezes por mês 13 Excessivo 4
1 ou algumas vezes por semestre 1
1 ou algumas vezes por ano 2
Não faz 2
16. Com qual frequência você olha os cadernos das crianças Como você julga o tempo gasto com essa
e verifica se eles comunicam o que aprendem? questão?
Todo dia 6 Adequado 69
1 ou algumas vezes por semana 35 Insuficiente 35
1 ou algumas vezes por mês 47 Excessivo 1
1 ou algumas vezes por semestre 8
1 ou algumas vezes por ano 1
Não faz 8
17. Com qual frequência você confere se as classes estão Como você julga o tempo gasto com essa
organizadas e limpas para receber alunos e professores? questão?
Todo dia 82 Adequado 91
1 ou algumas vezes por semana 18 Insuficiente 13
1 ou algumas vezes por mês 4 Excessivo 1
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 1
18. Com qual frequência você observa se os alunos saem Como você julga o tempo gasto com essa
muito da classe? questão?
Todo dia 92 Adequado 89
1 ou algumas vezes por semana 9 Insuficiente 12
1 ou algumas vezes por mês 0 Excessivo 4
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 4
19. Com qual frequência você observa em que momentos os Como você julga o tempo gasto com essa
alunos saem da sala? questão?
Todo dia 87 Adequado 89
1 ou algumas vezes por semana 11 Insuficiente 12
1 ou algumas vezes por mês 2 Excessivo 4
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 5
20. Com qual frequência você tem disponibilidade para Como você julga o tempo gasto com essa
atender os pais dos alunos? questão?
Todo dia 95 Adequado 87
1 ou algumas vezes por semana 6 Insuficiente 11
1 ou algumas vezes por mês 3 Excessivo 7
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 1
Não faz 0
140
21. Com qual regularidade você realiza reuniões de pais Como você julga o tempo gasto com essa
para apresentar a proposta educativa? questão?
Todo dia 1 Adequado 94
1 ou algumas vezes por semana 1 Insuficiente 10
1 ou algumas vezes por mês 42 Excessivo 1
1 ou algumas vezes por semestre 56
1 ou algumas vezes por ano 5
Não faz 0
22. Com qual frequência você orienta os familiares no Como você julga o tempo gasto com essa
acompanhamento da vida escolar dos filhos? questão?
Todo dia 32 Adequado 86
1 ou algumas vezes por semana 16 Insuficiente 16
1 ou algumas vezes por mês 39 Excessivo 2
1 ou algumas vezes por semestre 17
1 ou algumas vezes por ano 1
Não faz 0
24. Com qual frequência você observa como os pais e a Como você julga o tempo gasto com essa
comunidade são atendidos pelos funcionários da escola? questão?
Todo dia 93 Adequado 97
1 ou algumas vezes por semana 10 Insuficiente 8
1 ou algumas vezes por mês 2 Excessivo 0
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 0
25. Com qual frequência você recepciona os alunos na Como você julga o tempo gasto com essa
entrada e na saída da escola? questão?
Todo dia 84 Adequado 93
1 ou algumas vezes por semana 19 Insuficiente 12
1 ou algumas vezes por mês 1 Excessivo 0
1 ou algumas vezes por semestre 0
1 ou algumas vezes por ano 0
Não faz 1