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Anestesia
em revista
ISSN 2446-9343 www.sbahq.org Ano 68 | Out/Nov/Dez de 2018 | Nº 04
Gratidão
Por Marcos Antonio Costa de Albuquerque*
I
nício de 2018 e o desafio de anestesiologia, produzindo um
editar a Anestesia em Revis- artigo que mostra o desafio de li-
ta. Que responsabilidade! darmos com situações de estresse.
Chegamos à quarta edição e a Portanto, leiam e analisem: “Pre-
sensação é de dever cumprido. Mui- valência da Síndrome de Burnout
to se fez, muito se há de fazer. A cer- nos médicos residentes de aneste-
teza é de que nas próximas edições siologia do Brasil”.
continuaremos buscando melhorar O CBA de Belém foi um suces-
o padrão e enriquecer o conteúdo so! Revivendo momentos intensos
com bons artigos e notícias que en- desse maior evento da anestesia
volvem o meio anestesiológico. brasileira, com destaque para a bri-
Nesta edição, a Palavra da Direto- lhante atuação da comissão execu-
ria apresentada pelo Dr. Sérgio Lo- tiva, que, em nome dos Drs. Bruno
gar nos remete ao crescimento da Carmona e Mário Fáscio, deixa-
nossa Sociedade, em todos os aspec- mos o registro de agradecimento.
tos. Ele apresenta um balanço dos Destaque para a participação do
* O autor é diretor do Departa-
mento Administrativo e responsá-
trabalhos realizados pela diretoria Dr. Leandro Braz como palestrante
vel por esta publicação
capitaneados por sua presidência. na grade do congresso americano de
O desafio em otimizar recursos Anestesiologia em São Francisco.
mantendo eficiência, qualidade e A SBA na vanguarda de luta pelo
segurança na realização do ato anes- anestesiologista conseguiu impor- que está por vir. Aproveitem esse
tésico é o que nos apresenta o artigo tantes avanços por meio do Dr. Ar- momento festivo, descansem, rela-
“A importância da anestesia e oti- mando junto à AMB, com altera- xem, ouçam aquela música predile-
mização perioperatória no cenário ções importantes na CBHPM. ta, fiquem junto aos seus, revejam
econômico da saúde”. Merece uma O Salve uma Vida é um sucesso, amigos, curtam uma bela viagem,
leitura atenta e reflexiva. Na linha e nada mais gratificante do que recarreguem as energias, enfim...
da segurança, destaque para a ma- ampliarmos essa rede de proteção Nós, que fazemos a Diretoria
téria sobre segurança do paciente à vida. da SBA 2018, capitaneados pelo
com a Dra. Aline Chibana. Imperdível a leitura atenta do nosso maestro Dr. Sérgio Logar,
Uma grande preocupação das artigo “Anestesia em Cena”, em desejamos a você, seus familiares e
sociedades de Anestesiologia re- louvável atitude do Dr. Péricles amigos tudo de melhor que a vida
fere-se à saúde ocupacional. O Lucena. Emociona o texto, que possa oferecer-lhes.
assunto desperta interesse desde mostra a necessidade de associar- Um Natal e um novo ano de
o momento da escolha do curso mos à nossa rotina estressante mo- muita saúde, paz e tranquilidade,
médico, durante a especialização e mentos de lazer, entretenimento e porque em 2019 estaremos reno-
no exercício profissional. Envolto atenção ao descanso. vados para continuar a luta em
nessa preocupação, o Dr. Andre É Natal, um novo tempo, no prol de uma sociedade melhor, in-
Carnevali realiza pesquisa com qual devemos refletir sobre tudo o serida em um mundo melhor.
médicos em especialização em que vivemos e nos preparar para o Forte abraço.
UMÁRI 06 Um bom ano !!
Artigo escrito pelo
presidente da SBA,
Dr. Sérgio Luiz do
Logar Mattos
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Tratamento farmacológico
da dor na gestante
Por Dr. Fábio Farias de Aragão,
Dr. Luis Fernando Lima Castro,
Dr. Elio Ferreira de Oliveira Jr
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org, website: www.sbahq.org
Associado da SBA ministra palestra
no Anesthesiology 2018 DIRETORIA
Presidente
Sérgio Luiz do Logar Mattos
Vice-presidente
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Erick Freitas Curi
Atos anestésicos são valorizados Secretário Geral
na revisão da CBHPM Tolomeu Artur Assunção Casali
Tesoureiro
Augusto Key Karazawa Takaschima
Dir.Dept.Defesa Profissional
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Armando Vieira de Almeida
Dir.Dept.Administrativo
Você é só Marcos Antonio Costa de Albuquerque
anestesista? Dir.Depto.Científico
Rogean Rodrigues Nunes
Conselho Editorial
Sérgio Luiz do Logar Mattos, Erick Freitas
Curi, Tolomeu Artur Assunção Casali,
Augusto Key Karazawa Takaschima,
Armando Vieira de Almeida, Marcos
Antonio Costa de Albuquerque e Rogean
Rodrigues Nunes
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Diretor responsável e editor
Nas asas da emoção: entre o centro Marcos Antonio Costa de Albuquerque
cirúrgico e as nuvens Jornalistas responsáveis
Renato Heitor S. Moreira (MTB 338/86)
O monitoramento do voo é como quando você Christine Mendonça (MTB 1879 ES)
está com o paciente Textos
Sueli de Freitas (MTB 0604 ES)
Christine Mendonça (MTB 1879 ES)
Editoração
Renato Heitor S. Moreira
Colaboração
Mercedes Azevedo
Impressão
Walprint Gráfica e Editora
Tiragem
12 mil exemplares - distribuição gratuita
Assessoria de
Comunicação e Marketing
Um bom ano !!
Por Sérgio Luiz do Logar Mattos*
O
s entendidos em vinhos balho desta mais claro para os presi-
sabem que quanto mais dentes e suas bases. Logo no início do
a uva precisa lutar para ano aconteceu a publicação da reso-
sobreviver, melhor a lução 2174 do Conselho Federal de
qualidade do vinho que ela produ- Medicina, resolução esta baseada em
zirá. Imagine um terreno pobre, cuja um trabalho proveniente de debates
primeira camada seja feita de pedra, a que duraram todo o ano de 2017, que
segunda feita de areia e na sequência reuniu a diretoria da SBA, presiden-
uma camada de argila. Qual agricul- tes e membros das diretorias das re-
tor seria capaz de dizer que se trata gionais. O CFM promoveu algumas
de um terreno fértil? Entretanto, em pequenas modificações, mas o texto
tese, este seria o solo perfeito para publicado foi basicamente o mesmo
a viticultura. Este tipo de solo, for- texto por nós apresentado. Depois
çando as raízes a irem mais fundo a de 12 anos da publicação da Reso- *O autor é presidente da SBA
procura de nutrientes e, dessa forma, lução 1802/2006, a Resolução 2174
penetrando camadas de composição veio atualizar a legislação que regula
mineral diferentes, faz com que as a nossa especialidade e consideramos Essa integração entre a diretoria e
uvas colhidas após uma temporada que poderá se tornar uma importante os presidentes das regionais atingiu a
de sofrimento produzam safras de vi- ferramenta para a modernização e a sua maior expressão na realização de
nhos que os especialistas no assunto melhora da qualidade da segurança mais um SBA Day, que promoveu a
classificarão como de “um bom ano”. da anestesia no Brasil. discussão de um tema pungente tra-
Assim correu o ano de 2018! zido pelo Conselho Superior, relati-
Depois de dois anos muito difíceis, vo à criação de um Núcleo de Eventos
2018 prometia ser um ano muito
movimentado, com a Copa do Mun-
Começamos o que permitisse à Sociedade um maior
suporte ao CBA e às Jornadas Re-
do e as eleições presidenciais, mas de
forma nenhuma parecia ser um ano trabalho com o gionais. Foi apresentada na ocasião,
pelo Sr. Clécio Torres, a experiência
promissor. Começamos o trabalho
com o compromisso de garantir na compromisso de de sucesso da Sociedade Brasileira
de Cardiologia com esse modelo de
SBA uma gestão aberta e transpa-
rente, com intensa participação das garantir na SBA realização de eventos, deixando claro
a todos os presentes a necessidade de
regionais através de seus presidentes
e do Conselho Superior. A quebra uma gestão aberta evolução para que os nossos próprios
congressos e jornadas se tornem sus-
do paradigma de que o presidente
em término de mandato automatica- e transparente, com tentáveis. Confirmando essa visão da
situação, a participação da SBA foi
mente ocupasse o cargo de presiden-
te do Conselho Superior, acolhida intensa participação fundamental para o sucesso da reali-
zação do CBA em Belém do Pará, em
de forma natural e democrática pelo
Dr. Ricardo Azevedo, permitiu uma das regionais parceria com o Dr. Bruno Carmona e
a Comissão Executiva local.
através de seus
maior interação e participação do Outro dos problemas, sempre le-
Conselho nas reuniões e decisões da vantados em quase todas as discus-
sões e em todas as diretorias anterio-
presidentes e do
diretoria executiva, levando de forma
mais eficiente e rápida o sentimento res, era a dificuldade de comunicação
e demandas das regionais para a di- existente entre a SBA e seus associa-
retoria e deixando o esforço e o tra- Conselho Superior dos, incluindo mesmo os Presidentes
de Regionais e membros de Comis- nal obteve um impulso importante autorização para a tradução e publica-
sões, além da necessidade de uma com a presença marcante da SBA nos ção no Brasil de tutoriais e guidelines
maior divulgação e esclarecimento principais eventos da anestesiologia destas entidades.
sobre o nosso trabalho para a popu- ocorridos no mundo através de pai- Voltando agora ao Brasil, mas man-
lação. Este problema foi enfrentado néis, simpósios e pela participação de tendo o foco na área científica, nesse
pela contratação de uma nova asses- palestrantes brasileiros na grade cien- ano voltamos a realizar a atualização
soria de imprensa, comunicação e tífica dos Congressos das Sociedades das vídeo aulas, foram produzidos
marketing, que passando a conviver Européia, Americana e Portuguesa cinco novos livros, realizados 29 cur-
diretamente com a diretoria e es- de Anestesiologia. Promovemos tam- sos de Suporte Avançado de Aneste-
tando presente em todos os eventos bém um aprofundamento do relacio- sia, incluindo a edição comemorativa
e discussões, conseguiu promover namento da SBA com as Sociedades do centésimo SAVA, Cursos de Eco-
melhorias na Anestesia em Revista, cardiografia e Controle da Via Aérea.
uma sensível modernização no nosso No contexto da Diretoria Científica
material de divulgação e uma parti-
cipação mais intensa da Sociedade
Nossa participação devemos ainda ressaltar a criação da
Certificação Permanente em Aneste-
nas mídias sociais. Na busca por uma
maior visibilidade, não só do traba-
internacional sia (CEPE-A), a parceria com a IQG
(maior instituição acreditadora em
lho da SBA, mas dos médicos anes-
tesistas de uma forma geral, concede-
obteve um impulso saúde do país) para certificação de
qualidade de serviços de anestesio-
mos entrevistas para vários meios de
comunicação, como as revistas Viva
importante com a logia e ainda a conclusão da pesqui-
sa sobre “Avaliação da incidência de
Saúde, Super Interessante e aos por-
tais UOL e G1. Promovemos ainda presença marcante eventos adversos em anestesiologia
usando a ferramenta Logbook” em
a criação e o lançamento de campa-
nhas de divulgação, principalmente da SBA nos parceria com a Fiocruz, já submetida
para publicação pela Revista Brasilei-
através de vídeos, com destaque para
a participação do Dr. Dráuzio Varella principais eventos ra de Anestesiologia.
Na área política a SBA participa
em um trabalho muito bem conduzi-
do pela nossa área de defesa profissio- da anestesiologia ativamente das atividades do Insti-
tuto Brasil de Medicina (IBDM),
nal. Esta área ainda se destacou pela
criação da “assessoria jurídica on line” ocorridos no mundo contando com o seu representante na
instituição, o Dr. Tolomeu Casali, no
que agilizou de forma espetacular o exercício do cargo de Coordenador
contato dos associados com as nossas Substituto. O IBDM tem como ob-
advogadas que também passaram a internacionais começando pela assi- jetivo funcionar como intermediário
fazer atendimentos presenciais em to- natura de um novo Memorando de entre as entidades médicas e o Con-
dos os eventos oficiais da Sociedade. Entendimento, desta vez com a Socie- gresso Nacional, especialmente com
Não poderíamos deixar de destacar a dade Portuguesa de Anestesiologia, a Frente Parlamentar da Medicina.
importante revitalização e moderni- que veio se somar aos já existentes, Nesta breve retrospectiva, é certo
zação do Simpósio de Saúde Ocupa- assinados com a ESA e a ASA. Partici- que devo ter esquecido de muita coi-
cional, ocorrido em Recife, produzido pamos ainda de diversas reuniões com sa, mas tenho obrigação de citar que
pela parceria harmônica conseguida as diretorias dessas Sociedades e com nada disso seria possível sem o traba-
entre a Regional de Pernambuco e a o American Board of Anesthesiology, lho abnegado de um enorme número
Defesa Profissional da SBA. visando a aquisição de conhecimento de colegas. É por essas pessoas que
Na área administrativa destacou- e a busca de colaboração nas áreas de trabalham sem reconhecimento pú-
-se o sucesso obtido, não sem muito organização de eventos, pesquisa, cer- blico, é por esse grupo de diretores
stress, na avaliação temática para a tificação e exames. Como resultados que dedica, de forma voluntária, pra-
transição da certificação de qualida- destes esforços, este ano já foi reali- ticamente quase todo o seu tempo a
de ISO 9001-2008 para a versão ISO zada a prova do EDAIC II (Diploma nossa Sociedade, que hoje podemos
9001-2015, que é hoje a mais utiliza- Europeu em Anestesiologia e Cuida- dizer com convicção, que contrarian-
da em todo o mundo. dos Intensivos) no Brasil e em língua do muitas previsões, 2018 foi com
Nossa participação internacio- portuguesa. Além disso, já temos a certeza ... “um bom ano”.
A importância da anestesia e
otimização perioperatória no
cenário econômico da saúde
Como a anestesia ajuda os hospitais a maximizar o desempenho
no programa de saúde baseado em valor
É
sabido que a saúde do Bra- a fila de espera para cirurgias eletivas qua non a melhoria dos processos e
sil está doente1. Para aten- chega a 900 mil pacientes2. Já na saú- da qualidade assistencial, incluindo
der os 209 milhões de bra- de suplementar, ocorre insustentabili- a otimização perioperatória para os
sileiros, o mapa do setor de dade financeira do sistema devido ao pacientes cirúrgicos, ao qual poderá
saúde no Brasil (Figura 1) demonstra aumento contínuo das despensas as- gerar melhora nos desfechos clíni-
a existência de 6.805 hospitais com sistenciais com consequente transfe- cos, redução do tempo de internação
596.186 leitos, sendo destes 44,3% rência dos custos das operadoras para hospitalar e, consequentemente, a
privados e 55,7% públicos. Entretan- a sociedade, tornando o pagamento possibilidade de remuneração dos
to, no período entre 2010 e 2018, o dos planos de saúde cada vez mais di- hospitais pela promoção da saúde, e
país perdeu 31,4 mil leitos privados e fícil. A inflação médica em 2017 foi não da doença.
34,2 mil leitos de internação na rede 3,4 vezes maior que a inflação do dia O anestesista, como líder do pro-
pública. Os cenários do SUS e da a dia e, este ano, a previsão é de 4,3 cesso de otimização perioperatória,
saúde suplementar são distintos. No vezes acima do IPCA3. Desta forma, apresenta importante papel para aju-
SUS, há insuficiência de recursos e má para a sustentabilidade econômi- dar na sustentabilidade do setor de
administração. Como consequência, ca da saúde, torna-se condição sine saúde. A manutenção de um serviço
anestesista,
8 SBA Ano 68 · Nº 04 · outubro/novembro/dezembro de 2018
ARTIGOS CIENTÍFICOS
Anestesia
em revista
em 2016, intitulada “Value-based he- talares e atendendo ¼ da população. mento do gasto assistencial no Brasil
althcare: A global assessment”, foram Isso faz com que o Brasil represente está associado à transição demográfi-
avaliados quatro domínios para uma o segundo maior mercado de planos ca acelerada, dupla carga de doenças
prática de saúde baseada em valor: (1) de saúde do mundo, perdendo apenas transmissíveis e crônico-degenerati-
capacitação de contexto, políticas e para os Estados Unidos. A saúde su- vas, além de um modelo de remune-
instituições para gerar valor no setor plementar encontra-se com suas des- ração de fee-for-service que estimula a
de saúde; (2) mensuração de resulta- pesas assistenciais em níveis próximos doença e a permanência do paciente
do e custos; (3) assistência integrada ou superiores à receita de contrapres- internado nos hospitais privados, re-
e centrada no paciente; e (4) abor- tações, mostrando-se ser insustentá- sultando em maiores contas para as
dagem de pagamentos com base em vel no modelo de saúde atual, o qual operadoras que, em última instância,
resultados. Infelizmente, o Brasil foi prioriza a doença e não a saúde. Isso serão repassadas para a população.
considerado com baixo alinhamento ocorre devido ao rápido crescimento Exemplo ocorrido este ano, quando a
nos quatro domínios. do VCMH (Variação de Custo Médi- ANS autorizou 10% de reajuste para
Em paralelo, em 1998 (Lei 9.656) co-Hospitalar, ou seja, inflação médi- os 8,1 milhões de planos individuais,
foram regulamentados os planos e ca), que, neste ano, a previsão é de 4,3 embora a inflação no Brasil estivesse
seguros privados de saúde, formali- vezes acima dos 3,6% previstos para o em 4,39%3. Mesmo considerando es-
zando a responsabilidade contratual IPCA. É a 13ª maior diferença entre tes altos reajustes, a variação acumu-
(e limitada) das operadoras. Na saú- 51 países2. Independente da retração lada entre 2008 e 2017 do VCMH
de suplementar, os planos de saúde do mercado com a crise, não houve (176,9%) e da despesa assistencial
privados são responsáveis por mais de redução dos custos assistenciais. Os (173,9%) foi superior aos reajustes
54% dos recursos destinados à saúde, gastos continuam crescendo mais da ANS (131,8%)8. Como conse-
cuidando de 44,3% dos leitos hospi- rápido que a inflação geral. O cresci- quência, a taxa de crescimento do
Figura 2. Despesa assistencial anual per capita (R$), por região e faixa etária.
Fonte: UNIDAS Autogestão em Saúde, Pesquisa 2017/2018.
60 anos teve expansão de 60,4%. Os R$ 6,90 com outros atendimentos 29 TAXA DE COLCHÃO TÉRMICO, POR DIA
idosos apresentam múltiplas morbi- ambulatoriais, R$ 6,80 com terapias 30 ALUGUEL / TAXA DE APARELHO /
EQUIPAMENTO PARA ANESTESIA GERAL,
dades e maior utilização dos serviços e R$ 4,60 com as demais despesas. POR USO
CIRÚRGICA CLÍNICA OBSTETRÍCIA PEDIÁTRICA PSIQUIÁTRICA gueis (figura 3), e as taxas de maior
Custo médio R$10.812,24 R$18.346,44 R$3.734,05 R$8.821,48 R$20.209,27 consumo financeiro são relacionadas
das internações à sala cirúrgica (tabela 1). Sendo as-
Distribuição 27,8% 68,9% 1,0% 1,1% 1,2% sim, a desospitalização dos pacientes
das despesas
e estratégias para redução do tempo
Tabela 2. Custo médio das internações hospitalares (R$), por tipo; de internação hospitalar poderão im-
e distribuição das despesas com internações hospitalares, proporção do total.
Fonte: UNIDAS Autogestão em Saúde, Pesquisa 2017/2018.
pactar de forma significativa na redu-
ção dos custos assistenciais (tabela 2).
Esta redução de custo irá gerar maior
O QUE É FEE-FOR-SERVICE? previsibilidade aos hospitais e opera-
Fee-for-service é o modelo de pagamento mais tradicional do sistema de saúde doras de saúde permitindo explorar
onde os médicos e hospitais são remunerados pelas operadoras baseado no volume
do serviço prestado ou número de procedimentos realizados. Os pagamentos são outras modalidades de remuneração
realizados separadamente, desta forma, a cada visita do paciente ao médico, procedi- mais sustentáveis.
mento realizado, dias de internação hospitalar, entre outros, as operadoras precisam Resumindo o “retrato atual” do
realizar o pagamento a depender do volume utilizado, independente da real necessi-
dade de cada um destes itens. Sistema de Saúde brasileiro: no SUS,
temos um inadequado acoplamento
recurso versus demanda devido à fal-
ta de infraestrutura, má gestão e falta
O QUE É FEE-FOR-VALUE?
Fee-for-value ou saúde baseada em valor é o modelo onde a filosofia de cuidado leva de recursos, gerando ineficiência do
em consideração a qualidade do cuidado e o desfecho do tratamento, relacionado com sistema e consequente insuficiência
o custo-eficiência. Neste modelo os especialistas consideram as “melhores práticas” no
tratamento ao paciente, uma vez que eles são remunerados pela qualidade e eficiência
no atendimento à população. O re-
do tratamento realizado. A saúde baseada em valor estimula o olhar “holístico” ao pa- sultado são longas filas de espera para
ciente, devendo-se realizar o trabalho multidisciplinar, necessitando coordenação, co- cirurgia e longo tempo de permanên-
municação, engajamento e trabalho em equipe. Quando bem-sucedido, as equipes são
remuneradas com incentivos adicionais por terem promovido um melhor atendimento
cia hospitalar. O processo de otimiza-
com melhor desfecho e menor custo. ção perioperatória e desospitalização
poderá resultar em melhor utilização
dos recursos disponíveis pela deman-
da represada. Em paralelo, a inflação
médica está levando ao esgotamento
da saúde suplementar devido a uma
política de fee-for-service que privi-
legia a doença e não a saúde. Com
a crise atual, surge a necessidade de
discutir e repensar um modelo sus-
tentável. Com o processo de otimiza-
ção perioperatória e desospitalização
poderá ocorrer um adequado acopla-
mento financeiro dos hospitais junto
às operadoras através da transição de
um modelo baseado em volume (fee-
-for-service) para um modelo baseado
em valor (fee-for-value).
A NECESSIDADE
DE MUDANÇA
Figura 4. Custo total do desperdício no sistema de saúde. Adaptado de FenaSaúde, Guia de Boas A ineficiência dos sistemas de saú-
Práticas para Evitar Desperdícios em Saúde e Por Dentro da Saúde Suplementar, setembro 2017. de custa muito caro. De acordo com
o relatório da OMS10, de 20 a 40% desfechos clínicos e maior previsibi- deve estar alinhado com a estratégia
de todos os gastos em saúde são des- lidade orçamentária. Esta será a base hospitalar, de sorte a realizar as mu-
perdiçados por ineficiência (figura para promover novas oportunidades danças graduais nas linhas de cuida-
4). Para que toda a cadeia da saúde de negociação com as operadoras. A dos específicos com processos de
suplementar funcione de maneira or- consequência deste processo será a otimização perioperatória, resul-
denada é preciso uma grande agenda (2) reestruturação financeira do se- tando na contenção de custos e
de reforma do sistema de saúde. Den- tor através da remuneração baseada maior eficiência operacional. Os
tre elas, é necessária a mudança do na promoção à saúde e melhores re- hospitais poderão negociar com as
modelo de pagamento levando-se em sultados de tratamento. Os hospitais operadoras através dos princípios
consideração a performance, efetivi- serão remunerados pela sua eficiência baseados em valor trazendo maior
dade e qualidade do serviço prestado. operacional, seus resultados nos trata- sustentabilidade e sem apresentar
Sendo assim, o serviço de anestesia mentos e pela promoção à saúde. Tra- riscos à sua margem líquida.
hospitalar torna-se o pilar fundamen- tando-se do paciente cirúrgico, estas
tal para capilarização e execução desta mudanças serão possíveis através de IMPORTÂNCIA DA
estratégia nos pacientes cirúrgicos. ANESTESIA E DA
Com o objetivo de mudar o pano- OTIMIZAÇÃO
rama da saúde nacional é necessário
(1) eficiência na utilização dos recur-
O serviço PERIOPERATÓRIA NO
PROGRAMA DE SAÚDE
sos com eficácia no tratamento e (2) de anestesia BASEADO EM VALOR
Para os executivos hospitalares, o
reestruturação financeira do setor
baseado na promoção à saúde. Desta institucional desafio financeiro está no topo da
forma poderão ser alcançados melho- lista das principais preocupações a se-
res resultados e qualidades assisten- será o pilar rem trabalhadas11. Em segundo lugar
ciais e operacionais com os recursos
atuais. A (1) eficiência na utilização do hospital estão a segurança e qualidade, seguido
de governança. O elevado posiciona-
dos recursos com eficácia no trata- mento destes itens nesta lista reflete a
mento deve levar em consideração a necessidade do link entre performan-
otimização dos recursos disponíveis um time de otimização perioperató- ce e desfecho clínico com o futuro fi-
para ampliação do atendimento à ria liderado pelo anestesista. Este pro- nanceiro do hospital. O desafio destas
demanda. Atuação na gestão assisten- fissional é o mais adequado para esta instituições é entregar valor na forma
cial para disseminação de protocolos posição devido ao fato de permanecer de alta qualidade de atendimento no
de otimização perioperatória para de forma horizontal no hospital, par- menor custo possível. Os líderes hos-
desospitalização e, consequentemen- ticipando desde o pré-operatório até pitalares estão à procura de formas
te, ampliação do volume cirúrgico e o pós-operatório. Os hospitais que de modelo de negócio e maneiras de
disponibilização de leitos hospitala- possuírem suas equipes de anestesia entregar assistência que alcance os
res para novos atendimentos. A per- institucionais conseguirão capilarizar melhores resultados e que atendam os
manência desnecessária dos pacientes suas estratégias de integração entre desafios da entrega de valor. Para o su-
ocupando leitos no pós-operatório os setores e a realização de boas prá- cesso da transição institucional para o
reduz a eficiência operacional dos ticas embasadas na literatura científi- programa de saúde baseado em valor
hospitais e gera perda de oportunida- ca, minimizando a variabilidade nas é necessário levar em consideração a
de para internação de novos pacientes condutas assistenciais. O serviço de modernização das práticas de negó-
e, consequentemente, geração de no- anestesia institucional será o pilar do cios em todos os níveis. Desta forma,
vas cirurgias. O aumento da eficiên- hospital permitindo o alcance dos re- as organizações devem procurar mais
cia hospitalar através da revisão dos sultados que estarão alinhados com as do que a “realização da técnica anes-
processos internos e implementação estratégias da governança corporativa tésica”, mas serviços de anestesia par-
de protocolos clínicos baseados em da instituição. ceiros que compartilhem os mesmos
evidências irá possibilitar melhores Portanto, o serviço de anestesia objetivos da organização, que aumen-
Mobilização precoce
Informações pré-operatórias Ingesta precoce de
Enfermagem
líquidos e sólidos
Acompanhamento pós alta
tem a qualidade, dominem os custos o protocolo ERAS em cirurgias de ciativa da ASA (American Society
e entreguem valor. O relacionamento grande porte reduziu o tempo de recu- of Anesthesiologists) o qual engloba
deve ir além da logística para entregar peração e internação hospitalar em 2 a o protocolo ERAS, utilizando seus
a “técnica anestésica”, mas sim a cria- 3 dias e complicações em 30% a 50%13. princípios clínicos, mas ampliando a
ção de linhas de cuidados e a lideran- Revisando os mecanismos fisiológi- atuação para os processos hospitala-
ça do perioperatório de sorte a entre- cos por trás da eficácia do protocolo res e desempenho financeiro. O PSH
gar os resultados. Para este sucesso é ERAS, a principal proposta que tem possui uma forte ação de coordena-
necessário integrar os diversos setores se mostrado benéfica é a manutenção ção e liderança para a melhoria da
e diminuir a variabilidade da assistên- da homeostasia através do controle qualidade assistencial e desempenho
cia através da implantação de proto- do metabolismo e fluídos, além do de performance do centro cirúrgico.
colos. Diferentes iniciativas interna- suporte para o completo retorno das Quando a anestesia lidera este pro-
cionais de otimização perioperatória principais funções basais14. Na práti- cesso, a melhoria dos desfechos se
são extensamente estudadas, estre elas ca, o retorno da função do intestino, torna objetivo e tangível aos stakehol-
o protocolo ERAS e o PSH (Perio- alívio da dor com analgésicos, mo- ders. Em 2018, a ASA lançou o pro-
perative Surgical Home). bilização para os níveis pré-operató- grama PSH Learning Collaborative
O termo ERAS é o acrônimo para rios e ausência de complicações que 2020, no qual foi formada uma rede
enhanced recovery after surgery (oti- necessitam cuidados hospitalares de colaboração entre os principais
mização da recuperação pós-opera- podem servir como critérios clínicos hospitais e serviços de anestesia norte
tória). Este termo é frequentemente para alta hospitalar. Desta forma, o americanos para, em conjunto, desen-
utilizado para descrever um progra- protocolo ERAS preconiza a reali- volver estratégias de melhorias através
ma de cuidado multimodal no perio- zação de medidas pré-admissionais, de benchmarking. Pela primeira vez
peratório12. Alguns autores utilizam pré-operatórias, intraoperatórias e uma equipe fora dos EUA participa
o termo enhanced recovery (ER) ou pós-operatórias (figura 5) com o ob- deste processo, sendo representada
fast-track, sendo este último, o termo jetivo da redução do estresse metabó- pelo Grupo de Anestesiologistas As-
mais comumente utilizado na Amé- lico e manutenção da homeostase15,16. sociados Paulista (GAAP), de São
rica do Norte. Estes programas são Neste contexto, para liderar o grupo Paulo. Em projeto piloto, o GAAP
compostos por uma série de medidas perioperatório, criar os protocolos obteve sucesso ao implementar PSH
perioperatórias baseadas em evidên- e capilarizar as condutas, deve-se ter para cirurgias videolaparoscópicas de
cias científicas que têm o objetivo de uma equipe de anestesia institucional apendicectomia e colecistectomia,
serem benéficas ao paciente e que, em parceira e com liderança atuando no aumentando em 37,5% a taxa de alta
conjunto, têm mostrado resultados cenário perioperatório. hospitalar em 24h. Neste mesmo pi-
de melhorar os desfechos cirúrgicos. O termo PSH é o acrônimo para loto, obteve sucesso na redução signi-
Recente metanálise demonstrou que perioperative surgical home, uma ini- ficativa do tempo de internação hos-
pitalar na artroplastia total de quadril bilidade do sistema para o futuro. Na 5. Cambricoli F. Saúde sofre por má gestão
em um hospital privado, gerando re- atualidade, novos desafios são enfren- e falta de infraestrutura. https://econo-
mia.estadao.com.br/noticias/geral,saude-
dução de 40% nos custos e manuten- tados, sendo o principal a mudança -sofre-por-ma-gestao-e-falta-de-infraes-
ção na margem líquida do hospital. do modelo nos hospitais sem haver trutura,100000695222016
Até 2020, o desafio será confirmar es- comprometimento da assistência e 6. Mariano CM. Emenda constitucional
tes resultados no cenário do hospital da estrutura financeira do hospital. 95/2016 e o teto dos gastos públicos: Bra-
privado brasileiro. O Healthcare Financial Management sil de volta ao estado de exceção econômi-
co e ao capitalismo do desastre. Revista de
Através de três pilares, o serviço Association sugere quatro estratégias17 Investigações Constitucionais. 2017; 4: 22.
de anestesia tem papel fundamental para a transformação para o sistema 7. Economist T. Value-based Healthca-
para maximizar os resultados hospi- de saúde baseado no valor: re: A Global Assessment. The Econo-
talares na transição para o programa • Implantar a cultura de colabora- mist. A Global Assessment. The Econo-
mist. http://vbhcglobalassessment.eiu.
baseado em valor: (1) centralizando ção, criatividade e comprometi-
com2016.
a responsabilidade, (2) melhorando mento. 8. FenaSaúde. Por Dentro da Saúde Suple-
a qualidade e (3) desenvolvendo pro- • Desenvolver business intelligence mentar, Variação da despesa assistencial
tocolos para padronizar condutas e para coletar e analisar os dados. per capita. FenaSaúde. FenaSaúde2018.
reduzir variabilidade na assistência. A • Utilizar os dados para melhorar a 9. Suplementar IdEeS. Atualização das
projeções para a saúde suplementar decor-
(1) centralização da responsabilidade oferta, a custo-efetividade e o des-
rentes do envelhecimento populacional.
ocorre devido ao fato do anestesista fecho clínico. IESS. IESS2017.
permanecer no hospital durante todo • Desenvolver e gerenciar de forma 10. Berwick DeH, AD. Eliminating was-
o perioperatório. Enquanto, frequen- efetiva uma equipe para cuidar do ting in US health care. JAMA. 2012; 306.
temente, o cirurgião está presente no paciente crítico. 11. Executives ACoH. Survey: Healthca-
re Finance, Safety and Quality Cited by
momento da cirurgia, o anestesista A anestesia é um parceiro im- CEOs as Top Issues Confronting Hospi-
poderá otimizar o paciente no pré- portante para alcançar o sucesso tals in 2015. https://www.ache.org/pubs/
-operatório, conduzir as condutas pa- do programa baseado em valor. Os Releases/2016/top-issues-confronting-
dronizadas no intraoperatório e con- gestores e administradores hospita- -hospitals-2015.cfm2016.
tribuir na integração dos setores para lares devem olhar para as lideranças 12. Fearon KC, Ljungqvist O, Von Meyen-
feldt M, et al. Enhanced recovery after
o adequado pós-operatório. A (2) da anestesia não apenas com a visão surgery: a consensus review of clinical care
melhoria da qualidade ocorrerá atra- clínica, mas também de gestão, de for patients undergoing colonic resection.
vés da participação e implantação de sorte que seja entregue a assistência Clin Nutr. 2005; 24: 466-77.
melhorias nos processos, performan- acoplada ao planejamento estratégi- 13. Zhuang CL, Ye XZ, Zhang XD, Chen
BC and Yu Z. Enhanced recovery after
ce e desfechos focados na experiência co do hospital.
surgery programs versus traditional care
do paciente. Adicionalmente, contri- for colorectal surgery: a meta-analysis of
buir na medição e mensuração para randomized controlled trials. Dis Colon
gerar estratégias de melhoria. Por fim, REFERÊNCIAS Rectum. 2013; 56: 667-78.
1. Penteado A. A saúde do Brasil está doen- 14. Varadhan KK and Lobo DN. A meta-
(3) o desenvolvimento dos protoco-
te. https://economia.estadao.com.br/blo- -analysis of randomised controlled trials of
los padronizados irá permitir reduzir gs/antonio-penteado-mendonca/a-saude- intravenous fluid therapy in major elective
a variabilidade da assistência com o -do-brasil-esta-doente2018 open abdominal surgery: getting the balan-
objetivo de reduzir as complicações 2. Siani P. Fila de espera para cirurgias ele- ce right. Proc Nutr Soc. 2010; 69: 488-98.
perioperatórias. Estes protocolos são tivas pelo SUS chega a 900 mil pessoas. 15. Ljungqvist O. ERAS--enhanced reco-
http//g1.globo.com/jornal-hoje/noti- very after surgery: moving evidence-based
fundamentados na medicina baseada
cia/2017/12/fila-de-espera-para-cirur- perioperative care to practice. JPEN J Pa-
em evidências, com foco na qualidade gias-eletivas-pelo-sus- chega-900-mil-pes- renter Enteral Nutr. 2014; 38: 559-66.
e segurança dos pacientes. soas.html2017. 16. Ljungqvist O, Scott M and Fearon KC.
Dentro do cenário macroeconômi- 3. Sobrinho WP. Conta não fecha. https:// Enhanced Recovery After Surgery: A Re-
co da saúde do Brasil, a transição de www.uol/noticias/especiais/plano-de-sau- view. JAMA Surg. 2017; 152: 292-8.
de-preco-alto.htm#tematico-12018. 17. Project HsV. “Value in Health Care:
um modelo de volume para valor se 4. Hospitalar. O futuro da saúde. https:// Current State and Future Directions.
torna imperativo. Já começamos este www.hospitalar.com/pt/o-evento/setor- http:// www.hfma.org/Content.as-
processo. Isto irá garantir a sustenta- -da-saude2018 px?id=1126.2017.
Tratamento farmacológico
da dor na gestante
Por Dr. Fábio Farias de Aragão, Dr. Luis Fernando Lima Castro, Dr. Elio Ferreira de Oliveira Jr
INTRODUÇÃO
A escolha de prescrever uma dro-
ga para uma gestante é difícil. As
alterações gravídicas no corpo da
gestante influem na absorção, distri-
buição, metabolismo e excreção dos
fármacos, podendo alterar a resposta
esperada. Ainda, deve-se considerar
os riscos e benefícios do uso da droga
para a mãe e filho, pesando-se os ris-
cos de não tratar adequadamente a
doença durante a gestação e lactação.
A avaliação de risco não pode focar
apenas em malformações estru-
turais (teratogenicidade), mas
também alterações funcio-
nais, alterações na dinâmica
da gestação (alterações no
peso fetal, abortamento,
prematuridade e óbito neo-
natal) e complicações após o
parto1,2,3.
Visando a evitar a administra-
ção de drogas com risco potencial
e facilitar a prescrição de drogas
durante a gestação e lactação, foram
desenvolvidos diversos sistemas de
classificação, baseados em dados
em animais e humanos. A “AAP
(American Academy of Pediatrics)
Committee tables on drugs compa-
tible with breastfeeding” utiliza-se
dos números de 1 a 7, indicando
drogas em que a amamentação deve
ser suspensa. Os sistemas de clas-
sificação de risco do uso de medi-
camentos em gestantes americano
(US Food and Drug Administration
– FDA), sueco (Farmaceutiska Spe- efeitos adversos baseados na gravi- Também constam nas novas nor-
cialiteter i Sverige - FASS) e o austra- dade, incidência ou tipo de efeito; mas informações essenciais sobre
liano (Australian Drug Evaluation d) não são levados em considera- identificação de gravidez, contra-
Committee - ADEC), compartilham ção dose, duração, frequência, via cepção e infertilidade8.
como característica a categorização e a idade gestacional de exposição Por outro lado, abandonar as clas-
das drogas em letras. O sistema ame- da droga4,5. sificações baseadas em categorias re-
ricano classifica as drogas em A (es- Com o objetivo de facilitar o quer que o profissional revise as evi-
tudos controlados, adequados, em dências que estão à disposição. Desta
mulheres grávidas, não demonstram Antes de forma, se a revisão for incompleta ou
risco para o feto), B (estudos em se as evidências forem inconclusivas,
animais não demonstraram risco fe- prescrever uma aumenta-se o risco de erros. Assim, é
tal, mas não há estudos controlados
em humanos), C (não há estudos droga para gestantes prudente que, antes de prescrever-se
uma droga para gestantes ou mulhe-
adequados em mulheres; em expe-
riências animais ocorreram alguns ou mulheres res que estejam amamentando, seja
realizada pesquisa em diferentes pla-
efeitos colaterais no feto, mas o be-
nefício do produto pode justificar o
que estejam taformas e pesar-se os riscos e benefí-
cios do tratamento.
risco potencial durante a gravidez),
D (há evidências de risco em fetos
amamentando, ANALGÉSICOS
humanos; só usar se o benefício jus-
tificar o risco potencial) ou X (es-
é preciso pesar Paracetamol. Paracetamol é o
analgésico e antitérmico mais utili-
tudos revelaram anormalidades no
feto ou evidências de risco para o
riscos e benefícios zado durante a gestação e lactação.
Entretanto, a sua utilização antes
feto; os riscos durante a gravidez são do nascimento vem sendo associa-
superiores aos potenciais benefícios) processo de prescrição por meio do da a asma, distância anogenital mais
e utiliza apenas estudos controlados oferecimento de um conjunto de curta em meninos (preditor de bai-
para classificar uma droga como A. informações consistentes e bem es- xo potencial reprodutor), espectro
Os sistemas australiano e sueco não truturadas a respeito do uso de me- autista, problemas neurológicos
utilizam estudos controlados como dicamentos nos períodos da gravidez (desenvolvimento motor, comu-
pré-requisito para classificar uma e lactação, o FDA publicou o “Preg- nicação), transtorno de déficit de
droga como A e ainda estratificam nancy and Lactation Labeling Rule” atenção e hiperatividade, alterações
a categoria B (drogas usadas por um (PLLR), em dezembro de 2014, comportamentais, doenças alérgicas,
número limitado de gestantes) em junto com o “Pregnancy, Lactation, dentre outros. Apesar disso, os estu-
B1, B2, B3, baseados em dados ani- and Reproductive Potential: Labeling dos não são conclusivos e o parace-
mais. Na classificação sueca não há for Human Prescription Drug and tamol é considerado droga sem efei-
categoria X. Entretanto, esses siste- Biological Products - Content and tos teratogênicos, continuando a ser
mas vem sofrendo críticas devido: a) Format”, voltado para a indústria, os considerado o analgésico mais segu-
a categorização em letras ser conside- quais entraram em vigor em junho ro durante a gestação e lactação9. A
rada muito simplista e não expressar de 20156,7. Elas reformulam o con- exposição pré-natal ao Paracetamol
adequadamente os efeitos adversos teúdo e o formato das bulas, remo- pode estar relacionada a consequên-
no feto; b) a categorização em letras vendo as referências às categorias A, cias na saúde reprodutiva da mulher,
passar a falsa impressão que os riscos B, C, D e X. Estas são substituídas decorrentes de alterações no desen-
aumentam de A à X e que drogas por um resumo dos riscos perina- volvimento dos ovários ainda na
na mesma categoria apresentam o tais do medicamento, discussão das vida intra-uterina10. Com relação às
mesmo risco ou potencial de efeitos evidências pertinentes e uma sínte- complicações de origem materna, o
adversos; c) as categorias não fazem se dos dados mais relevantes para a uso do paracetamol pode estar rela-
discriminação entre os potenciais tomada de decisões na prescrição. cionado ao risco aumentado para o
prematuro do duto arterial (poden- cionar qualquer malformação com Em estágios mais avançados da ges-
do levar à hipertensão pulmonar ne- o uso de opioides35,36. Os opióides tação, parece não causar efeitos fe-
onatal), oligodrâmnio (causado por e opiáceos parecem não apresentar tais importantes, a não ser quando
redução do débito urinário fetal), efeito teratogênico importante, mas usado cronicamente, podendo levar
enterocolite necrotizante e hemor- há dúvidas em relação a defeitos car- à Síndrome de Abstinência Neona-
ragia intracraniana. Na mãe, pode diovasculares, sobretudo com opioi- tal. Não há evidência de alterações
estar relacionado a trabalho de parto des sintéticos28. quando usados durante a lactação37.
prolongado, hemorragia pós-par- É considerado Classe C pelo FDA e
to17. Embora a administração por Codeína. Em estudo envolvendo pela ADEC.
curto período dificilmente esteja as- 67.982 gestantes, observou-se que
sociado ao fechamento do ducto ar- a codeína foi utilizada em 2.666 Morfina. Quando utilizada no
terial fetal, é comum a prática de evi- (3,9%) casos. Não foram observadas primeiro trimestre, não há relatos
tar o uso de AINE´s após o período diferenças na taxa de sobrevivência de malformações, devendo ser usada
que se estende entre 28 a 32 semanas fetal ou a incidência de malforma- com cautela. Durante a gestação, a
até o final da gestação30. Em relação ções entre gestantes que usaram ou morfina sofre alterações na farma-
aos inibidores seletivos da COX-2 não codeína. Por outro lado, seu uso cocinética, com aumento da depu-
esperava-se que os mesmos apresen- foi associado à maior incidência de ração plasmática, encurtamento da
tassem menos efeitos adversos do cesarianas eletivas e de emergência e meia-vida, diminuição do volume
que os não seletivos, mas os mesmos hemorragia pós-parto, quando utili- de distribuição, além do aumento da
problemas estão presentes, como oli- zado no final da gestação. Entretan- formação do metabólito 3-glucoro-
godrâmnio e fechamento prematuro to, essas alterações podem ser decor- nido. A morfina e o seu metabólito
do ducto arterial31. Como há poucos rentes da doença de base, e não do atravessam rapidamente a placenta
trabalhos sobre o uso dessa classe uso da droga35. É considerada Classe e estabelecem o equilíbrio materno-
de drogas durante a gestação e são C pelo FDA e Classe A pela ADEC. -fetal em aproximadamente 5 mi-
consideradas classe C até o segundo nutos. Recém-nascidos expostos a
trimestre e D no terceiro trimestre. Tramadol. Em estudo que ava- opióides com meia-vida mais curta
Os anti-inflamatórios não seleti- liou 1.682.846 gestantes, observou
vos apresentam classificação B pelo que 1.751 fizeram uso de Tramadol
FDA até o segundo trimestre, sendo no início da gestação, com 96 re-
classificação D no terceiro5. cém-nascidos apresentando mal-
formação congênita, sendo
OPIÓIDES 70 severas (OR 1,33 IC
Os opióides são uma ferramenta 95% 1,05-1,70). Dentre
importante no tratamento da dor as malformações ob-
aguda durante a gestação, sobretu- servadas, destacam-se
do quando associados ao AINE´s. defeitos cardiovascula-
Entretanto, para dor crônica, os res (OR 1,56 IC 95%
riscos e benefícios do uso crônico 1,04-2,29) e pé torto
devem ser discutidos com a mulher congênito (OR 3,63
e os guidelines da American Pain So- IC 95% 1,61-6,89)36.
ciety recomendam uso mínimo ou o
não uso, se possível32.
O uso dos opioides durante o pri-
meiro trimestre foi associado a al-
terações cardíacas, espinha bífida e
gastrosquise, em alguns estudos33,34,
enquanto outros falharam em rela-
cos mais utilizados para tratamento mações entre 1 a 8,7%, sobretudo 8. Rocha R, Rennó Júnior, Ribeiro HL, Ca-
da dor lombossacra relacionada à quando utilizadas doses acima de valsan AP, Cantilino A,Ribeiro JAM, Valada-
res G, Silva AG. Medicamentos na gravidez
gestação. Apesar de um relato de 1000mg por dia52. Apresenta classifi- e lactação: Novas normas do FDA. Revista
fechamento precoce do duto arte- cação C pelo FDA e B3 pela ADEC. Debate em Psiquiatria. 2015 set/out;28-32.
rial, trata-se de droga já bastante 9. Toda K. Is acetaminophen safe in pregnan-
utilizada em gestantes50. Apresenta Lamotrigina. Não parece au- cy? Scand J Pain. 2017 Oct;17:445-446.
classificação B pelo FDA. Durante mentar a incidência de malforma- 10. Arendrup FS, Mazaud-Guittot S, Jégou
B, Kristensen DM. EDC IMPACT: Is expo-
a lactação, cerca de 50% da droga ções. Quando utilizada em doses sure during pregnancy to acetaminophen/
passa no leite materno. abaixo de 300mg por dia, a incidên- paracetamol disrupting female reproduc-
cia de malformações é de cerca de tive development? Endocr Connect. 2018
ANTICONVULSIVANTES 2,0%. Acima desta dose, a incidên- Jan;7(1):149-158.
11.Rebordosa C, Zelop CM, Kogevinas M,
Os anticonvulsivantes devem ser cia de malformações pode chegar
Sørensen HT, Olsen J. Use of acetaminophen
utilizados com cautela durante a ges- a 4,5%52. Apresenta classificação C during pregnancy and risk of preeclampsia,
tação, pelo risco de malformações pelo FDA e D pela ADEC. hypertensive and vascular disorders: A birth
maiores (cardíacas, urogenitais, sis- cohort study. J Matern Fetal Neonatal Med
tema nervoso central, craniofaciais) REFERÊNCIAS 2010;23:371-8.
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Gabapentina. Existem apenas 14. Alexander FE, Patheal SL, Biondi A,
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fizeram uso de gabapentina, não 3. Schaefer C, Peters P, Miller RK. Drugs Transplacental chemical exposure and risk of
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Prevalência da Síndrome de
Burnout nos médicos residentes
de anestesiologia do Brasil
Por André Carnevali da Silva*
S
índrome de Burnout tem acreditava-se que a particularidade presidente da Yahoo. Em entrevista
sido expressão cada vez de cada indivíduo determinaria se em 2012, a cientista em computa-
mais utilizada. Relaciona- haveria, de fato, algum problema e, ção declarou que “realmente não
da ao esgotamento físico e em caso de ocorrência de prejuízo acredita em Burnout. Muitas pes-
mental, sabe-se que se associa à de- relacionado, cada pessoa apresenta- soas trabalham duro por décadas e
pressão e que está ligada à vida pro- ria uma manifestação distinta. décadas, como Winston Churchill
fissional. Afeta metade dos médicos Embora a comunidade científica, e Einstein”. Relatou ainda que em
residentes de anestesiologia no Bra- a partir de então, tivesse admitido algumas semanas ela teria trabalha-
sil, e outros 20% apresentam alto cada vez mais que o esgotamento do por 130 horas e não teria apre-
risco para seu desenvolvimento. profissional seria capaz de gerar en- sentado nenhum problema.
Quando Herbert Freudenberger fermidade singular com manifesta- O fato é que atualmente, e em
apresentou nos anos 70 o conceito ções clínicas bem definidas, e então nosso caso específico, podemos es-
da Síndrome de Burnout, muitos ser compreendida como doença, na tar vivenciando algo semelhante,
pesquisadores questionaram se o década atual ainda há notáveis per- pois apesar de ser claramente de-
esgotamento profissional poderia sonalidades que discordam, como é monstrado na literatura científica
causar um conjunto típico de sinais o caso de Marissa Ann Mayer, atual a magnitude de tal adversidade, e
e sintomas a ponto de se individu-
alizar um termo particular para tal.
Afinal, apesar de ser evidente que
o trabalhador afadigado apresente
algum prejuízo cognitivo ou físico
causado pelo excesso de trabalho,
havia um entendimento genérico
que atribuía apenas à capacidade
pessoal em lidar com a carga de tra-
balho com suas repercussões. Assim,
específica para Burnout (Quadro Quadro 2 – Segunda Parte do Questionário / Específica para Burnout
2). Ao fim do questionário os resi-
dentes ainda poderiam declarar al-
Para as próximas questões, assinale a frequência do sentimento ou
guma opinião em relação ao tema, afirmação que corresponde à sua própria percepção. Utilize:
de forma livre.
1 para nunca,
As afirmações contidas na se- 2 para algumas vezes ao ano,
gunda parte do questionário, que 3 para algumas vezes ao mês,
são específicas para Burnout, estão 4 para indicar algumas vezes na semana
5 para diariamente.
contidas na íntegra em questioná-
rio cientificamente validado por
Maurício Tamayo em 1997, que Sentimentos / Afirmações:
adaptou o Inventário de Burnout 1. Sinto que meu trabalho está me 11. Creio que consigo muitas coi-
de Maslach para a realidade brasi- desgastando. sas valiosas nesse trabalho.
leira. Atualmente, a combinação 2. Quando termino minha jornada 12. Sinto que posso criar com
das respostas do questionário é re- de trabalho sinto-me esgotado. facilidade um clima agradável
conhecida como a melhor forma de em meu trabalho.
3. Quando me levanto pela manhã
diagnosticar a síndrome ou o alto e me deparo com outra jornada 13. No meu trabalho eu manejo
risco para seu desenvolvimento em de trabalho, já me sinto esgotado. os problemas emocionais com
grupos de pessoas. muita calma.
4. Sinto que estou trabalhando
O principal objetivo da pesqui- demais. 14. Sinto-me estimulado depois de
sa seria quantificar o problema, e o 5. Sinto-me frustrado com meu
haver trabalhado diretamente
com quem tenho que atender.
objetivo secundário seria entender trabalho. 15. Sinto-me muito vigoroso no
quais as possíveis variantes sociais meu trabalho.
6. Sinto-me como se estivesse no
que poderiam proteger ou elevar o limite de minhas possibilidades. 16. Sinto que trato com muita efici-
risco para Burnout. Para isso, as res- ência os problemas das pessoas
7. Sinto-me emocionalmente as quais tenho que atender.
postas da primeira parte do questio- decepcionado com meu trabalho.
nário seriam cruzadas com as res- 17. Sinto que posso entender fa-
postas da segunda parte, de modo 8. Sinto que trabalhar todo dia cilmente as pessoas que tenho
com pessoas me cansa. que atender.
a perceber se há alguma associação
com relevância estatística. 9. Sinto que trabalhar em contato 18. Sinto que me tornei mais duro
direto com as pessoas me estressa. com as pessoas desde que
Cerca de 500 médicos residen- comecei este trabalho.
tes responderam o questionário 10. Sinto que estou exercendo 19. Fico preocupado que este
dentro de um universo de cerca de influência positiva na vida das trabalho esteja me enrijecendo
pessoas, por meio de meu emocionalmente.
2100 indivíduos. O cálculo estatís- trabalho.
tico de tamanho amostral demons- 20. Sinto que realmente não me
trou que o número de participan- importa o que ocorra com as
pessoas as quais tenho que
tes foi satisfatório para garantir atender profissionalmente.
erro máximo de 4%, com nível de
21. Sinto que estou tratando
confiança de 95%. algumas pessoas com as quais
Os resultados da pesquisa mos- me relaciono no meu traba-
lho como se fossem objetos
traram que o residente de anes- impessoais.
tesiologia no Brasil encontra-se
22. Parece-me que os receptores
na faixa etária entre 26 e 30 anos do meu trabalho me culpam
(63,5%, Figura 1), não possui filhos por alguns de seus problemas.
(93,67%), não possui dependentes
financeiros (84,6%), possui ativida-
de profissional além da residência
60,00
50,00
40,00
21,73%
30,00
20,00 8,65%
6,12%
10,00
0,00
Abaixo de 25 anos Entre 26 e 30 anos Entre 31 e 35 anos Mais de 35 anos
44,73%
45,00
33,97%
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00 12,66%
15,00 8,65%
10,00
5,00
0,00
Até 60 horas semanais Entre 61 e 80 horas semanais Entre 81 e 100 horas Mais de 100 horas semanais
semanais
45,00
40,00
28,69%
35,00
30,00
20,46%
25,00
20,00
15,00
6,12%
10,00
5,00
0,00
"República" Com cônjuge Com os pais Sozinho
40,72%
45,00
33,76%
40,00
35,00
23,21%
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00 2,32
5,00
0,00
Sedentarismo Uma a duas vezes por Três a cinco vezes por Mais de cinco vezes por
semana semana semana
risco para o desenvolvimento da 60 horas na semana estão pratica- o senso comum provavelmente
síndrome (Figura 5). mente empatados quanto às chan- admite de forma geral que aqueles
Dentre as principais associações ces de desenvolvimento de Burnout que praticam hobbies, aqueles que
encontradas entre as chances de de- – ambos próximos ao dobro de trabalham moderadamente, e aque-
senvolver Burnout e os quesitos so- chances de apresentarem o pro- les que não possuem históricos de
ciais ou comportamentais, consta- blema, quando comparados com transtornos mentais estarão mais
ta-se que os residentes que praticam aqueles que não possuem transtor- protegidos das enfermidades men-
hobbies possuem cerca de 60% me- no mental e com aqueles que traba- tais relacionadas ao esgotamento
nos chances de apresentar Burnout lham até 60 horas semanais, respec- profissional. Entretanto, ao relacio-
ou alto risco para seu desenvolvi- tivamente (Tabela 1). nar tais achados com as prevalências
mento, independentemente de ou- Parece correto o pensamento de da Síndrome de Burnout e do alto
tros aspectos. Verifica-se ainda que que seria elevada a possibilidade de risco para seu desenvolvimento,
os residentes que possuem algum previsão dos resultados apresenta- cuja soma é 80% dos MEs, cria-se a
histórico de transtorno mental e os dos na tabela 1 com suas respecti- indagação se a sociedade (em amplo
residentes que trabalham mais que vas variáveis dependentes. Afinal, sentido) tem exercido algum cui-
Tabela 1: Associação entre hobbies, transtorno mental e as horas trabalhadas na semana com Burnout e com o alto risco de Burnout
dado a estas variáveis (quantidade objetos de maior atenção no mo- 6- SOBRINO, C. L. N. et al. Médicos de
de trabalho, cuidado com a saúde mento, uma vez que trata de um dos UTI-Prevalência da síndrome de burnout,
mental e práticas de hobbies) que, principais pilares da nossa socieda- características sóciodemográficas e con-
dições de trabalho. Rev Bras Educ Méd,
além de terem apresentado ocor- de. De todo modo, seguramente se-
34:106-15, 2010.
rências preocupantes na pesquisa, rão obtidos maiores benefícios caso 7- RIPP, J.A. et al. Well-Being in Gradu-
parecem inequívocas quanto a suas se consiga o envolvimento de todos. ate Medical Education: A Call for Ac-
relações com as chances de desen- tion. Acad Med, 92:914–917, 2017.
volver a Síndrome de Burnout. Vamos ampliar o debate! 8- DYRBYE, L; SHANAFELT, T. A
narrative review on burnout experienced
Acrescenta-se ainda que estudos
by medical students and residents. Med
mostram que não são apenas os Agradecimentos ao Dr. Arman- Educ, 50:132–149, 2016.
médicos que adoecem quando tra- do Vieira de Almeida, Diretor do 9- PRINS, J.T. et al. Burnout and enga-
balham em demasia. O interesse de Departamento de Defesa Profis- gement among resident doctors in the
estudiosos pelo bem-estar dos médi- sional da SBA. Netherlands: A national study. Med
Educ, 44:236–247, 2010.
cos tem aumentado nos últimos anos
10- RAMA-MACEIRAS, P. et al. Job
devido às suas contribuições para a REFERÊNCIAS satisfaction, stress and burnout in ana-
qualidade do sistema de saúde. Assim, 1- MASLACH, C; JACKSON, E. The esthesia: relevant topics for anaesthesio-
measurement of experienced burnout. J
ao compreender o papel da anestesio- Occup
logists and healthcare managers. Eur J
logia na sociedade, ao considerar que Anaesthesiol, 29(7):311-9, 2012.
Behav, 2:99-113, 1981.
11- DEWA, C., S. et al. The relationship
o médico residente representa parte 2- TAMAYO, M. R. Relação entre a sín-
drome do burnout e os valores organi- between resident burnout and safety-re-
do futuro da relação da especialidade lated and acceptability-related quality
zacionais no pessoal de enfermagem de
com a comunidade geral, e ao conhe- dois hospitais públicos. Dissertação de of healthcare: a systematic literature re-
cer os dados apresentados, parece não mestrado não-publicada, Universidade view. BMC Med Educ, 17(1):195, 2017.
restar outra conclusão – nossa socie- de Brasília, Brasília, 1997. 12- STILLMAN, J. Burnout is a myth.
3- MAGALHAES, E. et al. Prevalence Inc.com, disponível em < https://www.
dade deve atentar para esse problema of burnout syndrome among anesthe- inc.com/jessica-stillman/marissa-mayer-
de modo intenso. siologists in the Federal District. Rev. -says-burn-out-is-a-myth.html>. Acesso
Por fim, esta pesquisa, que será Bras. Anestesiol., Campinas, v. 65, n. 2, em 20 nov. 2018.
p. 104-110, Apr. 2015.
posteriormente publicada na ínte- 4- ZAPF, D. et al. Emotion work and job
gra em revista científica, tem obje- stressors and their effects on burnout.
tivo puramente apoiador ao mais Psychol Health. Sep; 16(5):527-45, O autor é especialista em
2001.
importante, que são os processos 5- SHANAFELT, T. Burnout in anes- administração em saúde,
de acompanhamento e melhoria já thesiology - A call to action. Anesthesio- mestre em políticas públicas
iniciados e que representam um dos logy. 114:1-2, 2011. e doutor em anestesiologia.
O
campo da anestesia outra forma. Além disso, como nor-
foi o que mais avan- malmente quem faz as perguntas é
çou nos requisitos alguém da enfermagem, há uma ten-
de segurança do pa- dência dos médicos não quererem se
ciente se comparado a outras espe- submeter aos lembretes. Outros fato-
cialidades médicas. Por outro lado, res levantados pela médica são a falta
falhas nos processos de checagem de informação sobre a importância
dos itens de segurança no momento do checklist e o fato de esse protocolo
que antecede a cirurgia podem levar ser relativamente recente - menos de
a equipe a pular etapas importantes 10 anos de utilização no Brasil.
e favorecer o esquecimento de algum
item, provocando erros. A avaliação AVIAÇÃO
é da coordenadora do Núcleo de Se- O checklist foi importado do
gurança e Qualidade da Sociedade de setor de aviação e busca fornecer
Anestesiologia do Estado de São Pau- lembretes como fazem piloto e co-
lo e presidente da Fundação para Se- piloto antes de uma decolagem. São
gurança do Paciente, Aline Chibana. perguntas para checar identificação
Entre os requisitos para garantir a do paciente, se o lado da cirurgia
segurança do paciente está a checa- está correto e o antibiótico que vai
gem de medicação, do carrinho de Checklist: cada item é focado ser usado durante a cirurgia, por
anestesia e do lado da cirurgia, entre num ponto que, potencialmente, exemplo. Cada item é focado num
outros itens. O tema tem ganhado pode levar o paciente à morte ponto que, potencialmente, pode
cada vez mais destaque em todo o ou a complicações levar o paciente à morte ou a uma
mundo. “A Sociedade Brasileira de complicação muito séria.
Anestesiologia foi uma das primei- gicos e de anestesiologia.
ras entidades a assinar a Declaração Segundo a médica Aline Chiba- ONG
de Helsinki, de 2010, incentivando na, nos centros cirúrgicos o pro- Além do trabalho junto aos anes-
a anestesia segura por meio da edu- tocolo de segurança do paciente tesiologistas na Saesp, na Fundação
cação continuada, protocolos e trei- aplicado é da Organização Mundial para Segurança do Paciente, Aline
namento”, afirma a médica. de Saúde, que prevê um checklist. Chibana atua levando aos familia-
No Brasil, a Portaria 529, do Mi- A efetividade da aplicação deste res informações para que também o
nistério da Saúde, instituiu no ano de checklist, no entanto, depende da público leigo saiba como agir para
2013 o Programa Nacional de Segu- equipe médica. “Ainda há cirurgi- garantir a segurança do paciente.
rança do Paciente (PNPS), por meio ões e anestesiologistas no Brasil que A organização não-governamen-
do qual ficaram os estabelecimentos se recusam a fazer o checklist, ain- tal utiliza as plataformas Facebook
de saúde obrigados a criar Núcleos de da que dure apenas dois minutos”, e Instagram para dar dicas sobre o
Segurança do Paciente. Um dos itens afirma. Ela atribui essa recusa a uma tema. Também estão sendo produ-
do PNPS diz respeito a protocolos, questão cultural, pois os médicos zidos materiais específicos para se-
guias e manuais voltados à segurança não entendem o valor da checagem, gurança dos pacientes oncológicos
do paciente em procedimentos cirúr- acostumados que estão a fazer de e guia para home care.
A
capital paraense recebeu Superior em Anestesiologia (TSA), O CBA 2018 foi uma co-realização
a 65ª edição do Con- sendo uma oral e outra escrita. da Sociedade Brasileira de Anestesio-
gresso Brasileiro de Alinhada ao tema central, a progra- logia (SBA) e da Sociedade de Anes-
Anestesiologia (CBA). mação científica do CBA privilegiou tesiologia do Estado do Pará (Saepa),
Cerca de 2,6 mil pessoas de vários os avanços científicos da especialida- com o apoio das demais regionais.
estados brasileiros participaram do de, considerando os que comprova- “Este é sem dúvidas um dos principais
evento, realizado de 10 a 14 de no- damente trazem benefícios clínicos à eventos da anestesiologia no mun-
vembro, no Hangar – Feiras & Con- população para utilizá-los da forma do. Podemos perceber a evolução do
venções da Amazônia. Com o tema mais adequada, buscando o bem-estar Congresso a cada ano, seja na progra-
“Humanização, evidências e inova- físico, psíquico e social dos pacientes. mação científica, seja na adesão dos
ção”, o CBA teve uma programação “Contamos com os mais renomados participantes, que vem aumentando.
intensa, que contou com 312 pales- médicos anestesiologistas, profes- Estamos certos de que oportunida-
tras e aulas, 168 convidados nacionais sores, cientistas e pesquisadores do des como esta acrescentam muito aos
e 12 internacionais, 673 trabalhos Brasil e do mundo para trocarmos nossos associados, propiciando atuali-
científicos, seis simpósios, 13 cursos ideias, conhecimento e experiências”, zação profissional e networking, forta-
e workshops, nove reuniões associa- afirmou o presidente do Congresso, lecendo a vida associativa”, destacou o
tivas, além de duas provas de Título Bruno Carmona. presidente da SBA, Sérgio Logar.
CENAS DO CONGRESSO
SBA e CNRM
unificam
programa
para MEs
A
Sociedade Brasileira de competências necessárias a realizar
Anestesiologia (SBA) anestesia aos diversos procedimen-
vem implementando tos diagnósticos, terapêuticos e ci-
estratégias para desen- rúrgicos.
volvimento de avaliações mais ade-
quadas em seus programas para espe- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
cialização médica. Assim, em 2017, 1. Realizar avaliação pré-anestésica
o diretor do Departamento cien- do paciente que será submeti-
tífico da SBA, dr. Rogean Nunes, do a anestesia e/ou analgesia,
apresentou a nova matriz de compe- utilizando o domínio dos con-
tências para avaliação dos médicos teúdos das informações gerais,
em especialização (MEs) durante exame clínico do paciente e in-
plenária da Comissão Nacional de terpretação dos exames comple-
Residência Médica (CNRM), em
Diretor Científico da SBA, mentares.
Rogean Nunes, destacou a im-
Brasília. A proposta foi aprovada por 2. Indicar exames à realização do
portância de unificar a matriz de
unanimidade. procedimento anestésico-ci-
competências em Anestesiologia
Esta nova matriz, elaborada por so- rúrgico.
licitação da CNRM, resultou de um 3. Contribuir no preparo pré-
trabalho conjunto envolvendo a secre- uma matriz única para os dois pro- -operatório dos pacientes com
tária da Comissão, dra. Rosana Leite, gramas. Veja a matriz: a finalidade de diminuir o risco
dr. Rogean Nunes, dr. Marcos Albu- operatório.
querque e dra. Débora Cumino. Esse MATRIZ DE 4. Estratificar o risco anestésico-ci-
trabalho, em conjunto, revela mais COMPETÊNCIAS – rúrgico e decidir sobre a possibi-
uma etapa importante da integração ANESTESIOLOGIA lidade de realização da anestesia.
entre SBA e CNRM, a qual certamen- 5. Dominar as técnicas anestésicas
te gerará ganhos educacionais para am- OBJETIVOS GERAIS e suas variantes específicas.
bos, pacientes e futuros anestesistas. Formar e habilitar médicos na 6. Dominar e aplicar os conheci-
Assim, teremos, a partir de 2019, área da Anestesiologia a adquirir as mentos da anatomia, fisiologia
atento aos detalhes e obedecen- porte como cirurgia cardíaca, trans- anestésicos, os adjuvantes e ou-
do aos princípios da boa prática. plantes em geral, principalmente o tros de uso na anestesia.
4. Dominar a montagem das bom- receptor do transplante hepático e 7. Julgar o uso dos instrumentos de
bas de infusão e as linhas de per- anestesias para cirurgias pediátrica manipulação da via aérea.
fusão. e obstétricas, bem como para proce- 8. Escolher a melhor analgesia in-
5. Avaliar e dominar as técnicas de dimentos diagnósticos e terapêuticos tra e pós-operatória.
tratamento da dor aguda. fora do centro cirúrgico, incluindo os 9. Julgar e otimizar a hemodinâ-
6. Analisar, diagnosticar e tratar de alta complexidade, tais como a ra- mica pré-operatória do pacien-
as complicações anestésicas diologia vascular. Realizar acesso vas- te com cristalóides, colóides ou
intra-operatórias e pósope- cular central e bloqueios periféricos transfusão sanguínea/autotrans-
ratórias a sala de recuperação guiados pela ultrassonografia. Ter ade- fusão, observando as medidas
pós-anestésica. quado comportamento tanto assisten- dos parâmetros fisiológicos e o
7. Dominar o uso do desfibrila- cial, no cuidado do paciente como na comportamento cardiovascular.
dor de pás para tratar arritmias relação com colegas e assistentes. 10. Avaliar arritmias pelo ECG, ins-
e/ou parada cardíaca durante Desenvolver compromisso com tituindo o tratamento.
a cirurgia. sua formação, tanto teórica, quanto 11. Avaliar as vantagens e desvanta-
8. Dominar o manuseio do apa- prática e científica, com a entrega no gens de cada técnica anestésica
relho de anestesia micro-pro- período adequado do trabalho de utilizada.
cessado. conclusão de curso. 12. Decidir, durante a anestesia, a
9. Dominar o manuseio dos moni- necessidade de aplicar variantes
tores básicos e avançados. COMPETÊNCIAS técnicas aceitas cientificamente,
10. Avaliar a via aérea difícil e domi- AO TÉRMINO DO no intuito de resolver dificulda-
nar o algoritmo de controle. TERCEIRO ANO des inesperadas.
11. Conduzir anestesias para re-in- 1. Dominar a avaliação pré-anes- 13. Avaliar, planejar e executar os
tervenção por sangramento no tésica, com orientações ao pa- passos de um determinado pro-
pós-operatório, com e sem com- ciente e elaboração do relatório cedimento de forma sequencial e
prometimento hemodinâmico. final do atendimento. organizada.
12. Conduzir adequadamente o pa- 2. Comunicar-se efetivamente com 14. Comunicar-se de forma clara e
ciente para terapia intensiva. médicos, outros profissionais de objetiva com cada componente
13. Avaliar e realizar bloqueios saúde e serviços de saúde rela- da equipe para obtenção de me-
anestésicos e acessos vasculares cionados, notadamente com o lhores desfechos.
guiados por ultrassonografia. cirurgião durante ato operató- 15. Avaliar e tratar as complicações
rio quanto às variações dos pa- mais frequentes da anestesia.
Terceiro Ano – R3 râmetros fisiológicos capazes de 16. Tomar decisões sob condições
Ter visão global do paciente a ser interferir desfavoravelmente no adversas, com controle emocio-
submetido a procedimentos cirúrgi- resultado imediato da anestesia nal e equilíbrio, aplicando lide-
cos, desde seu preparo, visando oti- ou da cirurgia. rança para minimizar eventuais
mização prévia, até manejo intensivo 3. Avaliar e dominar os diversos complicações, mantendo consci-
pós-operatório, estratificando riscos tipos de técnicas anestésicas. ência de suas limitações;
dos diferentes órgãos e sistemas (ris- 4. Dominar a indicação da técnica 17. Produzir um artigo científico.
co pulmonar; risco renal, delirium, anestésica e conduzi-la opera-
cardíaco e neurológico). Ter domí- cionalizando de forma racional
nio no manejo das vias aéreas, repo- com os recursos disponíveis.
sição volêmica e transfusão de hemo- 5. Dominar o uso de todos os apa- *Secretária Executiva
componentes, bem como adequada relhos e monitores utilizados na da CNRM
correção de coagulopatias. Realizar anestesia. **Presidente da SBA
anestesia para cirurgias de grande 6. Dominar a escolha de fármacos - gestão 2017
O
associado da SBA, no perioperatório. Trezentas pessoas temas-livres (pôsteres).
professor do Departa- estiveram na sessão, com lotação má- Além da sessão na qual fez sua ex-
mento e do Programa xima”, comemora. posição, o professor ressalta que teve
de Pós-Graduação de A sua participação como pales- a oportunidade de assistir a palestras
Anestesiologia da Faculdade de Me- trante é resultado das publicações do importantes sobre financiamento de
dicina de Botucatu e instrutor asso- grupo de pesquisa do CNPq “Estu- pesquisa e artigos científicos com os
ciado no CET/SBA, Leandro G. do epidemiológico de parada cardía- editores do periódico Anesthesiolo-
Braz, participou como palestrante ca e mortalidade na anestesia e cirur- gy. “Apresentei como tema-livre um
do maior e mais renomado evento gia”, do qual é líder. “Isso demonstra trabalho científico como primeiro
científico mundial na área de anes- a importância e o impacto de nossas autor (Perioperative and Anesthesia-
tesiologia: o Anesthesiology 2018 pesquisas na área de epidemiologia -related Cardiac Arrest in a Brazilian
– American Society of Anesthesiolo- de parada cardíaca perioperatória. Tertiary Teaching Hospital) e outro
gists Annual Meeting, realizado na Fiquei muito contente de ser o pri- como coautor (Genetic Damage
cidade de São Francisco (EUA), que meiro professor do Departamento Detected in Medical Residents Occu-
reuniu cerca de 14 mil pessoas de 13 de Anestesiologia da Faculdade de pationally Exposed to Inhalational
a 17 de outubro. Medicina de Botucatu da Unesp a Anesthetics)”, conta ele.
Ao lado de importantes pesquisa- ser convidado neste renomado even- Para o professor, “o evento foi um
dores de todo o mundo, Braz parti- to científico”, afirma, ressaltando momento oportuno de conhecer
cipou da sessão Anesthesia Centered que viajou com apoio do CNPq e pessoalmente renomados pesquisa-
ACLS com mais três palestrantes. da Fapesp. Ele lembra que, na his- dores internacionais além de discutir
“O conteúdo da minha palestra foi tória do evento, também alunos da sobre projetos que estão sendo reali-
sobre o tema The Epidemiology of pós-graduação do programa no qual zados pelo nosso grupo, o que possi-
Perioperative Cardiac Arrest, ou seja, atua, tanto do mestrado como do bilita a internacionalização da nossa
a epidemiologia da parada cardíaca doutorado, já apresentaram vários linha de pesquisa”.
A
atuação da Sociedade que trata de diversos assuntos relacio- cedimentos descritos, servindo como
Brasileira de Anestesio- nados à prática da medicina e às nor- referência para estabelecer faixas de
logia junto à Associa- mas estabelecidas para a prestação de valoração dos atos médicos pelos seus
ção Médica Brasileira serviços”, diz o diretor da SBA. portes. Ela atualiza e substitui as listas
resultou em alterações de portes na O diretor de Defesa Profissional da de procedimentos anteriormente pu-
Classificação Brasileira Hierarqui- Associação Médica Brasileira, Carlos blicadas por esta Associação”, afirma.
zada de Procedimentos Médicos Alfredo Lobo Jasmin, afirma que as Segundo a médica, “os portes re-
(CBHPM), valorizando os atos sociedades de especialidades são “par- presentados ao lado de cada proce-
anestésicos. As alterações constam te integrante da AMB”, não apenas no dimento estabelecem a comparação
na Resolução Normativa 036/2918 que diz respeito à defesa profissional, entre os diversos atos médicos no
da Comissão Nacional de Honorá- mas integrando o sistema que debate que diz respeito à sua complexidade
rios Médicos (CNHM), publicada e trabalha pela saúde brasileira. “Nós técnica, tempo de execução, atenção
em 01 de novembro último. não temos como chegar a cada es- requerida e grau de treinamento ne-
“Neste ano, participamos de todas pecialista, então a sociedade faz esse cessário para a capacitação do profis-
as reuniões sobre defesa profissional da papel. No que diz respeito à Classi- sional que o realiza”.
AMB, que é o órgão que congrega as ficação Brasileira Hierarquizada de Miyuki Goto informa também
sociedades regulamentadas no Brasil. Procedimentos Médicos (CBHPM), que “a pontuação dos procedimen-
Essa atuação resultou no atendimento são as sociedades, que estão próximas tos foi realizada por representantes
de algumas demandas dos nossos asso- aos profissionais, atentas aos procedi- das sociedades brasileiras de especia-
ciados em relação à revisão dos portes mentos, às inovações, que podem, de lidades com assessoria da Fundação
de acordo com a complexidade dos maneira mais eficaz, apontar os parâ- Instituto de Pesquisas Econômicas
procedimentos”, afirma o diretor do metros”, afirma. (Fipe) e está agrupada em 14 portes
Departamento de Defesa Profissional A consultora técnica da CBHPM e três subportes (A, B e C). Os por-
da SBA, Armando Vieira de Almeida. da AMB, Miyuki Goto, lembra que tes anestésicos (AN) permanecem
Ele explica que alguns portes foram no mundo inteiro os procedimentos em número de oito e mantém cor-
alterados com o reconhecimento da médicos precisam estar categorizados respondência com os demais portes”.
complexidade do procedimento. “O e descritos de acordo com sua com-
porte que não foi alterado, mas teve plexidade. “A CBHPM foi elaborada HISTÓRIA
a complexidade reconhecida, obteve com base em critérios técnicos e tem A CBHPM existe publicamente
uma observação de valoração destaca- como finalidade hierarquizar os pro- desde a sua terceira edição, em agosto
da na CBHPM”, afirma. de 2003. É editada e publicada a cada
Variação de portes anestésicos dois anos e lista classificando, sob o
Na sua avaliação, a participação da 2017-2018
SBA, por meio do Departamento de ponto de vista de complexidade de
Porte 1 34,36%
Defesa Profissional, valoriza a espe- forma hierarquizada, os procedimen-
Porte 2 40,79%
cialidade da anestesiologia, ressaltan- tos médicos reconhecidos cientifica-
Porte 3 45,40%
do a complexidade dos procedimen- mente que podem ser realizados pe-
Porte 4 51,28%
tos. “Esse é um trabalho constante. A los médicos em território nacional. A
Porte 5 40,66%
criação de novos procedimentos de- edição vigente é a de 2016, com suas
Porte 6 36,42%
pende da aprovação da AMB. É um atualizações divulgadas por meio das
Porte 7 27,38%
trabalho com interface, ainda, com a resoluções da Comissão Nacional de
Agência Nacional de Saúde (ANS), Porte 8 21,82% Honorários Médicos (CNHM).
1 2
Você é só anestesista?
U
m projeto inovador misturado à depressão, causada realizando atividades relaxantes. A
de três anestesiolo- pela sensação de que nada do que prática dessas atividades pode tra-
gistas cearenses vem você faz é satisfatório. zer mais equilíbrio, tranquilidade
inspirando colegas a Uma das medidas para evitar o e controle emocional para a reali-
buscarem para si o estilo de vida problema é separar um tempo na zação das múltiplas demandas de
que pregam aos seus pacientes. agenda para cuidar de si mesmo uma pessoa muito atarefada.
O ideal médico traz como uma Foi pensando nisso que os mé-
de suas assertivas "ensinar e ajudar dicos anestesiologistas Péricles
o indivíduo a se manter saudável”.
Entretanto, em muitos casos, o O diferencial está Lucena, Max Xerez e Roberto
Ibiapina desenvolveram a iniciati-
"indivíduo" não é aquele que está
classificado como paciente, mas no segundo foco va “Anestesia em Cena – Projeto
INvisível”. Os organizadores pro-
sim o próprio médico.
Deparados com plantões suces-
do debate: revelar movem um evento científico tra-
zendo palestrantes de alto nível
sivos, rotinas exaustivas e dezenas
de compromissos, muitos profis-
outras paixões para discorrer sobre assuntos de
grande relevância para os partici-
sionais abdicam de suas vidas pes-
soais, passando a acumular sofri-
dos palestrantes pantes. Até aí, nada de novo. O
diferencial está no segundo foco
mento físico e psicológico devido
a uma excessiva carga de trabalho
e de como essas do debate: revelar outras paixões
dos palestrantes e de como essas
e estresse. Esse tipo de problema paixões os ajudam paixões os ajudam a encontrar mais
foi diagnosticado como Síndrome prazer, harmonia e capacidade para
de Burnout. O termo em inglês in- a encontrar mais lidar com as pressões do dia a dia.
dica esgotamento e está associado
a um estado de estresse crônico prazer, harmonia... O centro do debate passa a ser
então a busca do equilíbrio e con-
4 1. Palestrantes da 2a edição
do Projeto.
2. Luiz Fernando Falcão na
segunda edição do Anestesia
em Cena.
3. Palestrantes da 1a edição
do Projeto
4. Pericles Lucena apresenta
a ideia do Projeto INvisível
5 7
6 5. A alegria de quem se
prepara para embarcar
numa aventura
6. Médicos anestesiologistas em
passeio pelas praias de Fortaleza
7. Que tal chegar a um even-
to científico e encontrar outra
paixão?
Anestesiologistas
felizes da vida após
bateria de surfe no
Titanzinho
tronomia e especialista em Eno- forma prática o que descobrimos e começar a focar no paciente mais
gastronomia, encheu o ambiente em comum entre os palestrantes e importante de suas vidas.
com o aroma e o sabor de um de- proporcionar alegria aos amigos”. Anestesia em Cena é uma inicia-
licioso mini rocambole desconsti- Para Luiz Fernando Falcão, a tiva dos anestesiologistas cearenses:
tuído, servido a todos os presentes. iniciativa merece continuidade.
E Júlio Rocha, mais um amante da “Nos momentos atuais em que se
mototerapia, acelerou corações ao discute esgotamento profissional
falar de sua paixão pela velocidade. e burnout, o “Anestesia em Cena Cicero Péricles de Lucena
O projeto foi encerrado com um – Projeto INvisível” nos traz um Feitosa Presidente SAEC
passeio de motocicleta pelas praias belo exemplo de como trabalhar- 2015/2016 Membro do Con-
cearenses. Imagens dos participan- mos a profissão e a paixão pessoal. selho Fiscal SBA
tes revelam o sentimento de liber- Parabéns aos colegas idealizadores
Max Gonçalves Xerez
dade experimentado pelos pilotos e vida longa a este lindo projeto!”. Diretor Científico Biênio
durante a prazerosa aventura. Segundo os organizadores, a edi- 2015/2016
Segundo Péricles Lucena, um ção 2019 já está sendo planejada.
dos idealizadores da iniciativa, esta O intuito é ajudar cada vez mais Roberto Cesar Pontes Ibiapina
é a marca do evento. “Finalizar de colegas a repensar suas prioridades Presidente SAEC 2007/2008
J
oão Carlos Xavier Pe- inauguração da BR 101, as idas bolo era sempre decorado com
reira tem 57 anos, for- periódicas a Salvador para tra- desenhos de avião; os brinque-
mou-se em medicina tamento médico eram feitas em dos também tinham relação com
pela Universidade Fede- táxi aéreo, num avião monomo- a aviação. “Na década de 1990,
ral da Bahia, em 1985, e concluiu tor que fazia a rota três vezes por tentei fazer curso de piloto, mas
a residência em anestesiologia no semana. Então isso já despertou não consegui por falta de tempo,
Hospital das Clínicas de Ribei- minha paixão por aviação ainda devido aos plantões. Só em 2006,
rão Preto, São Paulo, em 1988. criança”, conta o médico. Nos com a estabilização da vida aqui
Em 2000, retornou para sua ci- aniversários, ele lembra que o em Eunápolis, tive mais tempo
dade de origem, Eunápolis, no para me dedicar à aviação des-
sul da Bahia, e hoje trabalha no
Hospital Regional e em unidades
"A anestesia é algo portiva”, afirma.
Hoje ele é piloto de ultraleve,
de saúde privadas da cidade. Nas
horas vagas, pilota seu ultrale-
que me dá prazer, com regulamentação pela Agên-
cia Nacional de Aviação Civil
ve, um hobby e também meio de
transporte. Até para congressos
posso ficar no (ANAC). Além dos voos de con-
templação, João Carlos utiliza
de anestesiologia ele vai pilotan-
do seu próprio avião, desde que as
hospital por horas. o ultraleve como meio de trans-
porte. Começou com ultraleve
condições climáticas permitam. Voar é da mesma básico, que é um equipamento
“A aviação faz parte da minha aberto. Hoje tem um ultraleve
vida desde a infância. Antes da forma." avançado, com cabine fechada.
O equipamento tem autonomia
de até quatro horas de voo, com
velocidade de 130 a 160 nós (240
O primeiro avião,
um ultraleve básico
O
projeto Salve uma Vida
foi apresentado para
crianças de 8 e 9 anos
de idade de uma escola
de Florianópolis, em Santa Catarina.
A iniciativa foi do anestesiologista
Marcos Lázaro Loureiro, que levou
as noções de primeiros socorros em
casos de parada cardiorrespiratória e
engasgo para uma turma do terceiro
ano do Ensino Fundamental da escola
Centro Educacional Menino Jesus, na
Os alunos aprenderam como fa-
qual sua filha estuda. “É um projeto
zer massagens cardíacas e foram
pedagógico que convida os pais mé-
orientados a chamar ajuda
dicos para apresentarem algo da sua
especialidade para os alunos. Então
eu pedi à SBA para usar o material do ter sido um piloto de um projeto que
Salve uma Vida. A experiência foi ex- espalhe conhecimento na rede de en-
celente”, afirma o médico. sino”, afirma Lázaro.
Os alunos aprenderam como fazer
massagens cardíacas, usar o desfibrila- RESPONSABILIDADE
dor externo automático, fazer a Mano- SOCIAL
bra de Heimlich para desobstrução das O curso Salve uma Vida está em
vias aéreas e, principalmente, chamar consonância com as ações de respon-
ajuda. “É claro que pelo porte físico, sabilidade social da SBA e objetiva
as crianças não são capazes de fazer os sagem, quem liga para a ambulância, capacitação da população em geral
procedimentos com precisão, mas ter quem pede ajuda a um adulto trouxe (não médicos) para reconhecimento,
o conhecimento é fundamental para a prática através do teatro. acionamento imediato de serviço mé-
conter o desespero, pedir ajuda e até dico especializado e tratamento inicial
orientar um adulto. As crianças absor- PROJETO NAS ESCOLAS de uma parada cardiorrespiratória, ou
vem o conhecimento de uma forma O compartilhamento da experiência seja, o treinamento em Suporte Básico
muito intensa”, afirma Lázaro. no grupo de WhatsApp de anestesio- à Vida. O curso pode ser oferecido para
Segundo o médico, a aula foi em- logistas da Grande Florianópolis, com pequenos grupos, como funcionários
polgante e divertida. “Os alunos são feedback positivo de associados e da de uma empresa ou professores de uma
curiosos, ficaram atentos ao passo a diretoria da Sociedade de Anestesiolo- determinada escola ou para um treina-
passo do DEA (desfibrilador auto- gia do Estado de Santa Catarina – SA- mento em massa, como alunos da rede
mático externo)”, disse. Ao final, a si- ESC, fez surgir a ideia de um projeto pública de uma cidade, membros de
mulação de uma pessoa passando mal local para levar o Salve uma Vida às sindicatos, entre outros. Cada turma é
num shopping, com as crianças assu- escolas da região. “Estamos pensando composta por, no máximo, 50 alunos,
mindo os papéis de quem faz a mas- nisso para 2019. Essa experiência pode e tem a duração de 02 horas.
de R$ 1 milhão
investidos na plataforma
Clinical Key e acervo bibliográfico
de 12 mil
associados no Brasil
de 500 horas de
vídeo aulas disponibilizadas
Suporte ao associado:
10.200 atendimentos
de janeiro a outubro
71 eventos realizados
junto a regionais
de junho a outubro
155 atendimentos da
assessoria jurídica